Na Cuia #10

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Editorial A nossa redação fixa tem um defeito em relação à representatividade negra especialmente na equipe de reportagem. Então, como falar de Consciência Negra com esse déficit? Para ser devidamente debatida e representada, esta edição de novembro (mês escolhido para lembrar e comemorar a cultura negra) foi produzida por repórteres e colaboradores negros, que são estudantes de jornalismo ou alunos de outros cursos que têm conhecimentos, contatos e interesses ligados ao questionamento principal da edição: o que significa cultura e representatividade negra? Nas reuniões, a palavra empoderamento - que vocês vão ler passeando nas páginas das próximas matérias reinava nos temas sugeridos. Porém, o tom dos textos é de começo de conversa, com matérias que debatem arte negra, religiões afro, o papel da Internet no empoderamento dessas pessoas e, principalmente, a necessidade de afirmar que a igualdade é uma dádiva ainda não alcançada, quando é garantida, de forma hipócrita, por lei. Inspirem-se. Gustavo Aguiar e Juliana Araujo Coeditores

o a iç

Ed

4

- RESISTÊNCIA NEGRA por Tani Leal

8

- NHËE - O QUE RESTOU: CONVERSAS SOBRE TRADIÇÃO E RELIGIOSIDADE. por Yasmin Loureiro

16

- REPRESENTATIVIDADE NAS REDES SOCIAIS por Amanda Campelo

24

- MULHER NA CAPOEIRA por Denise Corrêa

30

- SE LIGA NO QUE O PRETO FALA por Argel Sodré e Bruce Morais.

CAPA: Rafael Cardoso


Colaboradores

Amanda campelo Granduanda de Jornalismo

Gustavo Aguiar Graduando de Jornalismo

Rafael Cardoso Graduando de Publicidade E Propaganda Tani Leal Cantora

Denise Correa Granduanda de Jornalismo

´

Argel Sodre GRaduando de Geologia Yasmin Loureiro GRaduanda de Ciencias sociais

Bruce MOrais Graduando de Eng, Sanitaria e Ambiental


ResistĂŞncia

negra Texto: Tani Leal

Foto: Jonas Amador


O enegrecimento do povo preto embranquecido Relato de Tani

Leal

Certa vez, perguntaram-me em que momento da vida eu adquiri o conhecimento do que era racismo. Tentei puxar da minha infância: lembrei da escola, lembrei das brincadeirinhas de rua… eu nunca soube, de fato. Só soube. É complicado falar exatamente do momento em que reconheci o conceito de racismo, mas hoje – tendo esse discernimento – posso dizer que sofri com ele. Por isso, desde sempre, senti a necessidade de me embranquecer, de me esconder, de resistir a quem eu era – para a sociedade, para a mídia, para o branco, ser preta nunca foi bom.


Pensando em responder essa pergunta,

lembrei-me do silenciamento que sofremos. Quando eu ia para as aulinhas de história, no meu ensino fundamental, e abria os livros, não via reis e rainhas negros, não via danças, religiões, vestimentas e músicas trazidas da África até o Brasil – sequer via a África. Ela era citada, rapidamente, mas só para falarem que éramos mercadorias. Essa foi a primeira imagem que tive dos meus antepassados, do meu povo: fomos reduzidos a escravos. E quando o branco nos libertou – mesmo sem termos para onde ir, onde estudar e onde trabalhar – ah... que imenso favor! Obrigada, brancos. Obrigada, princesa Isabel. Dandara... nunca me falaram dessa moça.

E quando fui crescendo, esse desejo de

embranquecer não diminuiu: ainda criança, uma garota mais velha me encheu de hidratantes, prometendo-me que eu iria ficar branca e assim ia ser finalmente bonita. Lembro-me de que, durante toda a infância, deixei minhas bonecas negras de lado. Mesmo com a minha mãe insistindo que aquelas eram as mais bonitas, eu preferia as loiras. Eu queria ser bonita que nem elas – estar dentro dos padrões cruéis (que eu nem sabia direito que existiam) – pelo menos na minha imaginação. Ainda criança, eu me olhava no espelho e já odiava minha cor, já odiava quem eu era sem nem saber ao certo

Foto: Jonas Amador

quem eu era direito: eu não me conformava em não poder ser que nem a Xuxa ou a Sandy, meus “espelhos” na época. Era o que me forçavam a ter como inspiração; era o que a mídia me mostrava como perfeição: gente branca.

A adolescência chegou e com ela o desejo pela cirurgia

plástica no nariz. E nas férias, pegar sol, jamais. Vamos tentar a sorte de ficar dentro de casa e permanecer “menos preta” – ou moreninha, como sempre me diziam. Na aula de ensino religioso só Jesus salvava! E Oxalá? Chuta que é macumba! Cuidado com essas negonas de turbante, recebem todas o demônio no corpo. Alisa esse cabelo, tá estranho, menina.


direitos, que possamos frequentar os mesmos lugares e que possamos ter a

A sociedade tenta, incansavelmente, nos embranquecer. O

branco tenta colocar na nossa cabeça que nossas características e nossa cultura são coisas ruins e que devemos esconder. Devemos suavizar nossa cor e guardar no fundo do baú de segredos quando somos de alguma religião de matriz africana. Não podemos ficar um dia sem ouvir um comentário que hipersexualize nosso corpo – preto e preta só servem para “trepar”, afinal quem quer apresentar uma preta ou um preto para a família?

Não, segundo a sociedade racista, nós negros não podemos

ser negros. Mas a Eliana pode usar roupas e acessórios que remetem à cultura africana. Nossos reis e rainhas não podem ser mostrados em novelas de horário nobre, a não ser que sejam interpretados por atores e atrizes brancos - como se brancos eles fossem. Afinal, somos apenas escravos. Somos a empregada, a “vagabunda”

mesmas profissões que eles. Queremos nossa cultura de volta e vamos lutar por isso – estamos lutando, até hoje, 500 anos depois. Exigimos nossa identidade restabelecida, nossa cor sendo gritada como nosso motivo de orgulho. Paguem a dívida de vocês. Assumam que ela existe. Vocês, brancos, não podem mais nos evitar. Resistimos – mas não mais à nossa cultura; resistimos a vocês, à vossa vontade de nos fazer desaparecer. Preparem-se: a revolução só está começando e a coisa tá ficando preta.

da favela que só faz barraco, o preto do filme de terror que é o engraçadão e ignorante, a gostosa de bunda de fora, o gostoso de pau grande. Não podemos usar turbante, mas a branca pode. Tá na moda, que mal tem? O mundo agora é globalizado, não é mesmo? Não temos espaço no teatro, na televisão, na moda, na mídia. Porém, pintar o rosto de atores brancos com tinta preta/marrom (usando de black face) para fazer “humor” – de péssimo gosto, por sinal – e colocar apenas modelos brancas para desfilarem em homenagem à África é visto como normal. É aplaudido, é vendível. É bom para a elite. É ruim para nós. O branco nos odeia, odeia que tenhamos cultura, mas nos utiliza de acessório para se fantasiar de nós. Odeia que o ato de assumir nosso cabelo crespo ou cacheado não seja só moda, mas sim uma expressão da identidade que tentam nos tirar todos os dias. Tentam nos embranquecer, mas não querem que tenhamos os mesmos

Foto: Jonas Amador


Nhëe O QUE RESTOU: Conversas Sobre

TRADIÇÃO E RELIGIOSIDADE

Marilu Campelo. Foto: Madylene Barata

Texto: Yasmin Loureiro


Marilu Marcia Campelo é antropóloga, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará, membro do Grupo de Estudos Afro-Amazônico (NEAB UFPA) e líder do grupo de pesquisa Roda de Axé. Yasmin Loureiro é graduanda em Ciências Sociais pela UFPA e bolsista de iniciação científica no Museu Emílio Goeldi, também vinculado à mesma universidade.

Y

asmin Loureiro: O que a sra. define como religião

Yasmin Loureiro: Quais as diferentes for-

afro?

mas que essas religiões são encontradas

Marilu Campelo: O que hoje se chama de religi-

aqui na Amazônia?

ões afro-brasileiras são diversas práticas que vieram junto com os africanos escravizados no Brasil. Elas

Marilu Campelo: Na Amazônia nós te-

não são religiões africanas, mas são reconstruções a partir da

mos, hoje, todas as diferentes formas. Em

memória desses africanos e, também, a partir das trocas cul-

cada região do Brasil nós iremos encontrar

turais, que vão ocorrer tanto com populações indígenas como

uma especificidade, mas existem aquelas

com a própria população europeia, notadamente os portugueses

que são mais gerais como Candomblé e

e o catolicismo. Agora, elas têm uma especificidade para serem

Umbanda, por exemplo, com várias di-

religiões afro, que são: culto a deuses africanos, em sua grande

versidades internas. Temos a Mina, que

maioria, de diversas etnias, não só Orixás, mas Voduns e Inqui-

é uma variação do Tambor de Mina, nós

ces, por exemplo. O transe... são religiões de transe. O processo

vamos ter pajelanças, que ora está dentro

adivinhatório, quase todas ligadas a uma prática mais conhecida

dos cultos afro e ora está muito próximo

como por exemplo jogo de búzios, embora haja outros, e o pro-

do catolicismo, e vamos encontrar tam-

cesso iniciático.

bém essa nova modalidade que está aqui no Brasil que é o culto de Ifá.


Yasmin Loureiro: É correto afirmar que as religiões afro-brasileiras na Amazônia tomam características diferentes ou isso é geral no Brasil? Marilu Campelo: Isso é geral no Brasil. Em cada uma das regiões brasileiras vem uma base, essas bases estão presentes desde o momento que o primeiro escravo africano chegou - as práticas indígenas são autóctones. Mas no século XIX há uma

Foto: Madylene Barata

organização da sociedade – pós-escravidão e pós-império, a nova república – que permite que esses grupos se organizem. Então você começa a ter a identificação“terreiro” pra essas casas, depois vai mudar um pouquinho por causa de perseguição, vai ser “tenda”, cada um tentando criar o seu espaço. E quando elas se organizam, pegam o que tem no local. O Candomblé leva o Orixá, mas abre pra um caboclo, e junto com o caboclo entra, por exemplo, um juremeiro. Você tem terreiros aqui que fazem Jurema toda quarta-feira, você tem no Candomblé de Angola, por exem-

plo, a festa da Bombogira, que é dia 24 de Agosto, a única no país e só existe aqui no Pará, isso não existe em outra parte do país. E você tem as adequações também de santos católicos, por exemplo, Nossa Senhora são muitas, então Oxum aqui está associada à Nossa Senhora da Conceição. Por outro lado, uma coisa que eu sempre gosto de chamar a atenção é a importância das linhas de cura, e isso tem a ver até hoje com o Brasil – não só no Brasil Colonial, isso é no Brasil Contemporâneo, dito “moderno”.

Na falta de serviços médicos de saú-

de, as práticas de cura foram fundamentais,


é exclusivamente indígena. E aí a gente começa a remexer na história. Hoje o IBGE aponta que o Pará é um estado com 76% de população negra. foram e são ainda a assistência médica que a população tem pra muita coisa. Elas vão se adequando, em alguns lugares a linha de cura é mais forte. Em lugares como Mato Grosso, você quase não conhece, mas lá elas recebem outro nome, estão em outras práticas, como até bem pouco tempo no Pará. Eu cheguei aqui em 1997 e tinha toda uma discussão de que não tinha população negra relevante aqui, até hoje você ainda escuta gente repetindo isso, que ela

Onde estava essa população? Escondida? Não, acontece que as suas práticas não são visibilizadas, então muita coisa que era praticada não era vista como afro-brasileira, foi chamada de indígena.

Yasmin Loureiro: Então a senhora acredita que as religiões afro-brasileiras são mecanismos de empoderamento? Marilu Campelo: São! Mudou muito o perfil de quem pratica essas religiões. Até o início da década de 70 você tinha aquele perfil: populações pobres, analfabetas, geralmente o pai ou a mãe de santo eram analfabetos, hoje não. Os últimos pais, que morreram dessa geração de analfabetos, foram aprendendo na prática, não tiveram escolarização. Basicamente, hoje todos tem escolarização. Você tem uma parcela que tem uma educação básica/ensino médio e uma boa parcela com ensino superior. Tem profissão própria, não vive mais do santo.São pessoas que tem o seu emprego: funcionário público, psicólogo, professor, e tem o terreiro junto. Hoje eles têm uma posição política, eles sabem que não dá mais pra ficar quietinho no cantinho, cultuando verequete. Não dá mais. Ele sabe que se ele não participar das redes, se ele não se antenar, ele não tem como se proteger ou se afirmar frente aos que lhe combatem, há uma tentativa enorme,




por exemplo, de alguns setores da sociedade (sem citar nomes, porque não é só a questão religiosa) que procura criar leis contrariando o que está na constituição – que interferem na dinâmica dos terreiros. Se ele não tiver um conhecimento, ele cai nessa armadilha. Mas, peraí, religião é liberdade e está garantida por lei. Você pode até ter isso como lei municipal, mas você não pode aplicar porque existe uma lei maior, aí aciona o Ministério Público e ganha. Marilu Campelo. e Yasmin. Foto: Madylene Barata

Yasmin Loureiro: Então o povo de terreiro dialoga diretamente com o movimento negro, por exemplo, com os movimentos sociais em geral? Marilu Campelo: Com os movimentos sociais em geral, com os partidos políticos... Aliás, essa aliança com os partidos políticos não é de agora, essa aliança é desde o final do século XIX. Eles descobriram que precisavam ter seus protetores, fosse da polícia, fosse de partido, fosse um jornalista, isso desde o século XIX você tem documentação que mostra essas associações.

Yasmin Loureiro: E como surgiu a exposição Nós de Aruanda? Marilu Campelo: O Nós de Aruanda vem cumprir essa outra demanda que a gente já tinha iniciado, muito assim tateando, mas se tornou um diálogo novo, porque ele surgiu de uma discussão do curso de especialização, que também é discutida por

muitos pesquisadores que é a questão da cultura dos terreiros. E aí nessa discussão decidiu-se fazer uma exposição com artistas de terreiro, mas o que é essa arte afro-brasileira? E como ocupar um salão? Pois essa produção negra dificilmente entra nos grandes salões, em alguns lugares essas barreiras as vezes são rompidas quando você tem um artista de expressão. Hoje você tem o museu afro-brasileiro, mas antes nem se falava em museu. Esse ano nós tivemos expositores do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, de Pernambuco, Rio Grande do Norte e do Pará. Nós tivemos uma experi-


Yasmin Loureiro:Pra finalizar, gostaria que a sra. avaliasse as perspectivas dessa relação entre a Academia e o movimento negro, a Academia e o movimento que eu poderia chamar de movimento de terreiros ou movimento das religiões afro. Marilu Campelo:Ai ai ai ai ai...Perspectivas? Eu espero que continue. É um trabalho de formiguinha, é um trabalho cotidiano, porque a gente lida – falando dos terreiros – muito com as idiossincrasias dos terreiros, ência muito boa que foi ter ganhado um edital de

das pessoas que os conduzem que têm muito ciúme,

fomento da Galeria Theodoro Braga ano passado,

muita briga. Eu digo pra vocês: o movimento negro é

que é uma outra linguagem, uma outra estrutura,

muito dividido e os terreiros também são muito divi-

de galeria, mas que também dita muito como você

didos. Isso foi a “melhor” intervenção que o sistema

deve fazer.A primeira exposição foi na emoção,

colonial deixou que é o dividir pra reinar. E essa men-

não sabíamos muito o que estávamos fazendo, a se-

talidade não mudou, é um trabalho de formiguinha

gunda foi feita na modelagem exposição de galeria,

o tempo todo, de apagar fogueira ali, de acalmar um

a terceira já foi feita com um sentido mais político,

aqui. Ao mesmo tempo mostrar que é necessário su-

vamos ocupar espaços, por isso ela foi no canto do

perar algumas questões, mas é difícil. Não é só mais

patrimônio, no IPHAN, e foi importantíssima essa

o pesquisador que vai lá, faz a sua tese de doutorado

inserção num local que diz o que é a cultura, não

pra criar um livro e botar na estante. Há uma cobran-

é? O quarto eu não sei qual vai ser a característica,

ça dessas pesquisas, para quê elas servem. Pode até, às

vai depender do lugar.

vezes, não servir muito pra eles, mas o fato de você ainda manter viva essas discussões, de você reconhecer que não é um título acadêmico, que existe um saber especifico nesses terreiros, isso já é um grande ganho e eu espero que a Universidade, a academia como você fala, nunca perca esse viés.


Representatividade

nAs redes sociais Texto: Amanda Campelo


“Representatividade

é ter na sociedade exemplos/modelos de pessoas com as mesmas origens e características que você e que ocupam cargos e posições inspirando seus semelhantes a acreditar na possibilidade de um futuro melhor”, define o carioca Jota C. Angelo, resumindo o que muitos de nós procuramos: a identificação. Buscamos nos enxergar no outro não pelo simples fato de se sentir parecido e sim perceber que também podemos chegar onde estas pessoas chegaram, que também podemos realizar nossos sonhos.

S

egundo o dicionário, representatividade é um substantivo feminino que denota a qualidade de uma entidade ou pessoa representar com

efetividade um segmento ou grupo social. No papel é bem bonito. Quem é branco ou pardo se sente completamente representado quando assiste TV? Compra uma revista, folheia as páginas e consegue se identificar com as pessoas que nela estão? Olha para o quadro de funcionários da sua firma, observa quem são as pessoas que ocupam os cargos de maior importância do país e se sente representado por elas? Certamente, não por inteiro. Imagine um negro.

Assim como Jota C., a baiana Luma Nasci-

mento também é uma blogueira negra e acredita que a falta de representatividade influencia na identidade. “Durante a minha infância e adolescência, lembro que nos ambientes escolares os quais frequentei, a jovem

branca, cabelos claros e escorridos era o padrão da moça bonita. Passei pelo processo de alisar os cabelos para me sentir incluída dentro das relações que estavam em minha volta, para além da escola. Não era fácil, era doloroso e muitas vezes eu chorei sozinha e calada. Hoje reflito e penso o quanto o racismo é estruturado nas construções socais, onde uma criança ou adolescente tem que passar por injurias e questões étnicas e raciais no período de suas construções [de identidade] para ser inserido nessa sociedade”. O depoimento poderia muito bem ser meu ou de muitas outras negras e negros que, de alguma for-


Blogs blogueirasnegras.org/

dresscoracao.blogspot.com.br/

ma, buscaram se adaptar aos padrões estéticos julgados

www.oultimoblackpower.com.br/

como mais “agradáveis”.

Chorar e sofrer calado ainda faz parte de algu-

mas rotinas, mas graças à internet muita gente percebeu que não estava sozinho e que já passou da hora de juntar forças para difundir a tal da representatividade.

da, mas sempre presente na

A partir dessa ideia, surgiu “O Último Black Power”,

moda e no geral. O concei-

blog de moda criado pelo Jota C. Angelo, que fala

to da marca é trabalhar com

sobre lifestyle, arte e, é claro, traz muitas inspirações

matérias prima produzidas

quando o assunto é moda afro. “No meu blog eu tento

no Brasil, que tenham ine-

mostrar o protagonismo negro, as possibilidades que os

gavelmente o pé na estética

outros blogs, sites, revistas, jornais e tv não mostram.

e herança africana. Isso que

Tento quebrar estereótipos e mostrar o negro diverso e

chamamos de #BRÁFRICA-

plural. Eu ajudo os leitores na medida em que mostro

EMNÓS, tornando-se refe-

um retrato otimista do negro, em que mostro exem-

rência e inspiração na militância estética”,

plos de profissionais da moda que estão empreendendo

mensagem essa que é compartilhada por

e que são exemplos de sucesso profissional. Os leitores

elas em todas as redes sociais do projeto.

se veem representados”, confirma.

O projeto, que é muito mais do que uma

marca, se tornou um estilo de vida para os

A Luma Nascimento e a irmã Loo se juntaram

para criar o “Dresscoração”. A marca nasceu de um projeto de referências de comportamento e estilo, e se tornou inspiração para aqueles que antes não conseguiam se enxergar na moda. “O Dresscoração, hoje, abriga em seu discurso o empoderamento e inspiração afrofashion e capilar. O ideal sempre foi exaltar nossa herança afro-brasileira adormecida e marginaliza-

seguidores.


Foto: acervo Dresscoração

comunidade; um espaço de acolhimento, empoderamento e visibilidade voltados para a mulher negra e afrodescendente. Acreditamos que a troca de vivências e opiniões em função da negritude partilhada não é apenas desejável, mas um objetivo comum. Queremos celebrar quem somos, quem fomos e quem seremos”.

Caso ainda não tenha ficado claro a im-

portância da representatividade e da internet para promover o empoderamento dos homens e mulheres negras, fica aqui uma última reflexão do porque esta mídia tem sido fundamental para compartilhar vivências: “A importância da reO BOOM

presentatividade é você se ver em espaços de pro-

Não dá pra falar de empoderamento nas

tagonismo e se sentir pertencente, ocupante de

redes sociais sem citar o blog que é uma das maio-

qualquer um deles. O grande aumento de negras

res referências quando se fala em compartilhar

e negros com representatividade ‘étnica e ideoló-

esse conceito pela internet: o Blogueiras Negras.

gica’ vem apontando que as novas configurações

A missão do grupo fica bem clara quando lemos

sociais estão quebrando os paradigmas expostos e

o texto de apresentação do blog “Fazemos de

destinados desde a colonização. O empoderamen-

nossa escrita ferramenta de combate ao racismo,

to negro vem contar a história do novo brasileiro,

sexismo, lesbofobia, transfobia, homofobia e gor-

contribuindo nas diversas relações que proporcio-

dofobia. Porém, também pretendemos ser uma

nam os protagonismos, o empoderamento e desconstruções do racismo”, conclui Luma.


#AFROINSPIRA Mequetrefismos Blog da jornalista niteroense Luiza Brasil, que também estudou na London College of Fashion e que aborda assuntos como moda, música, viagens e muito mais. http://mequetrefismos.com/

Foto: acervo

Negras do Brasil Criado em 2013 pela maquiadora Daniela Damata, o projeto visa promover a valorização da beleza negra oferecendo tutoriais e cursos de maquiagem voltada para tons de pele negros. https://www.facebook.com/damatamakeup


Foto: acervo

Turbante-se Espaço que discute o uso dos turbantes, seu papel social, formas de usos e significados para as diferentes culturas e seu lugar de militância e empoderamento, comandado pela designer Thais Muniz. http://www.turbante.se/

Foto: acervo



“No país rico de beleza misturado com pobreza Meninas se fantasiam negando suas naturezas Cobertas de incertezas com medo se sentem presas Escondem a esperteza sonhando com a realeza A mocinha quer saber por que ainda ninguém lhe quer Se é porque a pele é preta ou se ainda não virou mulher Ela procura entender porque essa desilusão Pois quando alisa o seu cabelo não vê a solução” (...) “Dona Maria levanta cedo de segunda a segunda Segue acostumada com uma rotina que nunca muda De joelhos olhos fechados pede pro santo uma ajuda Que ilumine a cabeça de sua filha caçula

Que sai de saia justa salto alto mini blusa

Se sentindo madura com vergonha da pele escura

Se decepcionando com o reflexo do espelho

E querendo o mesmo visual dourado da modelo

A mocinha quer saber por que ainda ninguém lhe quer

Se é porque a pele é preta ou se ainda não virou mulher Ela procura entender porque essa desilusão

Pois quando alisa o seu cabelo não vê a (Marias – Karol Conka)

solução”


Mulher

na capoeira Texto: Denise CorrĂŞa


Foto: Divulgação


Berimbau, caxixi, atabaque e agogô são alguns dos instrumentos utilizados nas rodas de capoeira, uma mistura de danças africanas

e que inclusive se caracterizava como crime. Em

adaptadas à luta dos escravizados como forma

um período em que a educação cristã era somente

de proteção e combate nos engenhos do Bra-

dedicada aos ricos, as mulheres negras eram mar-

sil Colônia, e que resistem até os dias de hoje

ginalizadas e as que ousavam praticar a capoeira

como prática fundamental da cultura negra no

eram vistas de forma preconceituosa pela socieda-

Brasil. De lá pra cá, a capoeira foi se diversifi-

de machista e patriarcal da época. Mas para além

cando, encontrando novos espaços de prática,

disso, a capoeira também era uma forma de defesa

como as universidades, ganhou as ruas do país,

da mulher negra e marginalizada que precisava lu-

e tantos outros contornos, sem nunca perder

tar pelo seu espaço na sociedade enfrentando estu-

a sua raiz de luta e resistência. E a presença

pros, prostituição e diversas violências cotidianas

da mulher negra nas rodas de capoeira, que

para conseguir trabalhar e sustentar suas famílias.

se torna cada vez mais constante, é um belo

exemplo disso.

ser considerada crime e passou a ser olhada mais

Apesar de poucas pesquisas históricas

amplamente como aspecto cultural, que concentra

que indicam a presença da mulher negra nas

um forte potencial esportivo. A partir daí, o cará-

rodas de capoeira do século XIX, alguns estu-

ter recreativo da capoeira foi sendo desenvolvido,

dos mais aprofundados apontam que a prática

porém, em contrapartida, a história de garra, força

Ao longo da história, a capoeira deixou de

da capoeiragem existia sim entre as mulheres negras escravizadas e que, do jeito delas, também resistiam e lutavam por meio da capoeira. Um estudo da Universidade Federal do Ceará sobre “A Mulher na Capoeira e a participação no Movimento de Resistência ao Sistema Racista e Patriarcal” destaca que no período republicano (1889-1930) a capoeira era vista como desordem, ato de extrema violência

Foto: Divulgação


e tradição de negras e negros na capoeira foi sendo cada vez mais desvalorizada, sobrevivendo principalmente pelos relatos dos grandes mestres que fazem questão de relembrar e manter viva essa história.

A capoeira como prática cultu-

ral e de resistência ao racismo também une a luta contra o patriarcado quando as mulheres começam a ocupar este espaço. Hoje em dia, dificilmente se acha uma roda de capoeira sem que as mulheres estejam presentes. Elas também ganharam seu espaço nesta cultura, que em tempos coloniais, era dominado pelo homem negro escravizado.

O Grupo Senzala Capoeira,

que existe desde 1963, com sede no Rio de Janeiro, e tem diversos núcleos espalhados por todo o Brasil e até no exterior, conta com cerca de 20 mil participantes e, deste total, acredita-se que 30% sejam mulheres. É o que diz

Foto: Divulgação

Mestre Adalto, que há 15 anos representa o Grupo Senzala em Belém. “Nós, do Grupo Senzala, buscamos aumentar cada vez mais a participação de mulheres na capoeira. Acreditamos que esta é parte intrínseca para que a mesma fique mais completa [...]. A participação das mulheres deixa a roda mais completa, diversificada, harmoniosa, bonita e equilibrada”, comenta.

Integrante da Equipe Capoeira Brasileira (E.C.B),

Karla Cristiane Silva do Carmo, de 28 anos, conta que seu primeiro contato com essa prática foi aos 12 anos de idade. Conquistada pela musicalidade, ela praticou capoeira por dois anos, mas por falta de tempo não pôde continuar. Após alguns anos, ela conseguiu superar as dificuldades rotineiras e se dedicou ao que sempre gostou: “Eu nunca consegui deixar ou esquecer a capoeira, sempre que ouvia o Berimbau tocar, meu corpo arrepiava e sentia uma sensação super agradável”, comenta.

Karla Cristiane destaca ainda que a vivência da capo-

eira traz um conhecimento histórico que muitas vezes não se aprende em sala de aula, como parte da História do Bra-


sil. “A capoeira é uma joia que ainda precisa ser conhecida pelos brasileiros, pois muitos destes desconhecem sua origem, sua essência e suas lutas. [...] Ela foi umas das mais diversas formas de resistência em nosso país, e ao mesmo tempo, ela é capaz de agregar uma diversidade muito grande do povo brasileiro. [...] A resistência permanece até os dias atuais, porém os “vilões” são outros. E o interessante são os artifícios e “disfarces” que a capoeira usava para não ser punida ou oprimida”.

“Hoje em dia a mulher vem

conquistando cada vez mais seu espaço dentro da capoeira, jogando, tocando os instrumentos, cantando e compartilhando conhecimento. Além de atletas, temos, também, dentro da capoeira, advogadas, biólogas, assistentes sociais, enfermeiras, professoras de educação física, administradoras, contadoras, etc.; muitas destas profissões também estão a serviço da capoeira. A mulher tem que conquistar o seu lugar dentro da roda, porque somente assim ela irá viver a capoeira, e não apenas praticá-la, pois

dentro dela tem muitos fundamentos e conhecimentos que são necessários para entendê-la. E muitas mulheres em nosso Estado têm tido essa visão e têm buscado e conquistado seus lugares. Eu sigo minha caminhada!”, diz Karla, orgulhosa de si e das outras mulheres capoeristas.

Jambú Carol é o nome de batismo na capoeira de Ana

Carolina Martins dos Santos, de 25 anos. Convidada por uma amiga para conhecer a roda, Jambú Carol encontrou, neste espaço, vivências e conhecimentos que se somaram a outras experiências adquiridas pela capoeira, e que há 11 anos fazem com que ela continue seguindo na roda. “Acredito que a capoeira é uma atividade que compreende vários aspectos, podendo ser exercida pela parte histórica, com


a responsabilidade de cuidar dessa manifestação de cultura e resistência do povo negro brasileiro. E a capoeira tem se espalhado por todos os continentes ganhando novas e novos adeptos. Karla Cristiane e Jambú Carol, assim como outras capoeiristas de Belém, vão longe. Estão preparando o primeiro encontro feminino de capoeira chamado “Vem Mendigar” para o mês que vem como prova de que a mulher está se apropriando cada vez mais desse espaço.

E para aqueles que ainda reproduzem

preconceitos raciais e machistas devido a presença da mulher negra na capoeira, uma bela curiosidade: A “ginga”, base da capoeira vem Foto: Divulgação

de Njinga ou Nzinga, nome da rainha angolana que, durante décadas, enfrentou povos como

músicas que contam o passado e vivências, como atividade física, como parte educacional, explorando, por exemplo, a prática através da atividade lúdica. É uma arte que nos proporciona diversas oportunidades de conhecimento”, acrescenta Jambú Carol.

Em 2014, a Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) deu à Capoeira o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade fazendo com que o mundo ganhasse

os portugueses e espanhóis. A ginga expressa, portanto, o conflito e a resistência da rainha angolana frente aos seus inimigos, além de simbolizar a resistência da mulher negra. E como diz a música do Capoeirista Pedro Abib: “Vem jogar mais eu, mulher... Vem jogar mais eu… Que na roda de capoeira, o espaço também é seu!”


Se liga no que

o preto fala!

Pelé no rock ‘n rio Guamá. Créditos na imagem. Texto: Argel Sodré Bruce Morais


“Acha que preto é ladrão desde que mama no peito/ É o X da questão, ninguém explica direito/Porra! Minha descrição sempre bate com a do suspeito”, canta o MC Pelé do Manifesto, um dos atuais representantes da cultura hip-hop no Pará. O verso é um dos mais fortes da música “Sou Neguinho”, que ganhou enorme visibilidade após a gravação de um vídeo na Batalha de São Braz, tendo mais de 1 milhão e meio de visualizações no Facebook, vários compartilhamentos e sendo postado na página “Frases Racionais MC’s”, a qual é considerada um importante veículo de difusão da cultura hip-hop no Brasil, tendo quase 4 milhões de seguidores. A repercussão levou Pelé a ser convidado para participar da gravação do DVD do MC Nocivo Shomon, em São Paulo.

A

llan Roosevelt Miranda Conceição tem 24

tros MC’s, como os Racionais MC’s e o

anos, é morador do bairro da Cremação, es-

Marcelo D2. “Depois que eu vi o DVD

tudante universitário, pedreiro, MC, poeta e

do D2, eu deixei o meu cabelo crescer

músico. “Pelé” por seus dotes com a bola nos pés e “Do

pra fazer trança. Até então eu não tinha

Manifesto” pelo grupo Manifesto Negro, o qual parti-

noção do cabelo afro. Então foi uma coi-

cipava quando adolescente. Atualmente, possui um CD

sa que foi construindo a minha identida-

gravado pela Di Roxa Produções, com 11 faixas, o Gam-

de ao longo dos anos. Começou com o

biarra Periférica, de 2014. É um cara que fala com todos

Gabriel, o Pensador e hoje em dia tá co-

e trata todo mundo com a mesma simpatia, assim como

migo. Eu me sinto orgulhoso de poder

nos tratou – dois intrometidos envergonhados que atra-

estar sendo pros outros o que o Gabriel

palharam suas conversas para trocar umas figurinhas.

fez comigo. Como ele diz numa música:

Pelé conheceu o rap através do Gabriel, o Pen-

ele viciou uma galera em rap. Eu me or-

sador, quando ganhou um DVD do seu pai, tendo sua

gulho, hoje, de estar viciando uma galera

atenção voltada principalmente para a música “Racis-

em rap também”. Com certeza já nos vi-

mo é Burrice”. Foi a partir daí que tomou conhecimen-

ciou!

to da cultura hip-hop e passou a pesquisar e ouvir ou-

Quando adolescente já era letris-


ta, mas decidiu mudar os rumos da caneta e começar escrever rap. Passou a cantar pros amigos da escola, de brincadeira, como também fazia o rapper Sabotage. Logo essas letras chamaram a atenção de outras pessoas. “Eles pegaram minha letra e levaram pro professor de geografia, era uma letra bem politizada. Já curtia outras coisas mais politizadas, como Legião Urbana e RPM. Aí, o professor leu lá, pra todo mundo ouvir e todo mundo gostou, fiquei com vergonha pra porra, mas todo mundo curtiu, aí eu falei: cara, acho que dá!”, lembra.

Pelé tem influência de grandes artistas do

rap Nacional, como Racionais MC’s, Nocivo Shomon, Emicida e principalmente o MC Marechal, o qual define como um divisor de águas na sua carreira, por ser um exemplo de letras fortes e pela emoção que possui ao cantar. Porém, também escuta outros artistas fora do rap, desde o samba de Bezerra da Silva até o rock do Barão Vermelho. Assim como os MC’s que o influenciam, tem sua proposta musical baseada no seu cotidiano: “Hoje, eu uso muito o meu cotidiano, raramente vocês vão ver uma música em que eu não cite o que eu vivo e o que eu vejo. Eu procuro trazer isso, porque a música, quando tu vive, traz muito mais sentimento, não só na parte da escrita, mas na parte de cantar.”

Pelé agita a galera no rock ‘n rio Guamá. Créditos na imagem.


Indagado sobre o que achava acerca do retorno financeiro que o rap traz, comenta que “só do fato de a galera estar dando play no meu som, eles não sabem o quanto eu gastei. No mínimo eu gastei 500 reais em cada música, 300 pra gravar e 200 em cada beat. Então, isso tem um custo, querendo ou não, isso é um investimento, cara. Eu tenho que me alimentar, eu tenho que me vestir. E o rap, além de movimento social, é um estilo musical como todos os outros”. Contudo, destaca que o envolvimento com a favela não pode acabar e que esse dinheiro pode ser usado a favor da população, através de movimentos culturais e ONG’s, usando o acesso à educação como arma para afastar crianças e jovens da criminalidade.

NEGUINHO SIM Pelé conta que a música “Sou Neguinho” repercutiu tanto porque grande parte da população do país que é negra, sofre com o preconceito, desde ouvir piadas racistas como “preto é foda” até ser considerado, a qualquer momento, suspeito por algum crime não cometido. A identificação com a letra foi inevitável. “Essa música é de 2009, não é uma música recente. Desde a primeira vez que eu cantei essa música, eu vi o brilho no olho das pessoas, porque que-


rendo ou não, pelo menos uma vez elas já passaram por aquilo”.

Assim como o Pelé do Manifes-

to tem ganhado notoriedade no Brasil, a cena do hip-hop paraense também figura como uma das mais promissoras do país. “Cara, a cena do hip-hop em Belém, pra mim, deu um salto muito Foto: acervo Do Artista

grande. Não sou só eu que to falando, é a galera de fora que tá observando”. Outros MC’s do cenário local vêm ganhando destaque nessa atual produção do rap paraense, “como o Everton MC, o Gabriel GB, o Daniel ADR, o Morais, o B1 e o Ricardin”, cita. Porém, “o que falta é o reconhecimento das próprias pessoas daqui, que fazem evento e pagam valores absurdos pros caras de fora e quando trazem os caras daqui não pagam nada,


sendo que as vezes nem trazem. Dizem que tão divulgando o cara. Divulgar como? Internet ta aí pra isso e de graça”, critica.

Pelé viu sua vida dar um “boom” após fo-

car completamente no rap. Passou uma temporada de aproximadamente 4 meses em São Paulo, participou de eventos do Hip-Hop e cantou com figuras importantes do rap Nacional, como Mano Brown, Facção Central e Nocivo Shomon. “Eu não sou mais o moleque doido que faz rima. Eu sou, hoje, o Pelé, o cara que cantou com o Brown, o cara que aparece na TV, o cara que tem músicas boas, o cara que todo mundo quer falar, o moleque bacana que tem ideia boa, entendeu?” diz.

A partir de agora Pelé tem muitos projetos

em andamento, como a gravação de videoclipes e de um novo CD com 7 faixas. Ele admite que vive um momento muito bom na carreira, e é nesse patamar que ele quer se manter, apenas evoluindo cada vez mais quanto aos beats e as letras. “Estar se reformulando, pra mim, é fundamental, e eu tô procurando isso”, finaliza. Foto: Créditos da imagem.


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