Artigo "Teleconferências com tradução simultânea" (Mz group)

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O que dizem investidores e analisas estrangeiros sobre teleconferências com tradução simultânea? Por Suelen Miura - Analista do MZ Group As companhias de capital aberto normalmente realizam teleconferências trimestrais após a divulgação de seus resultados, com prazo de até 45 dias após o fechamento do primeiro, segundo e terceiro trimestres e 90 dias após o fechamento do quarto trimestre. Além dessas teleconferências regulares, também são comum teleconferências relacionadas a fatos relevantes (fusões, aquisições, joint-ventures, novos projetos etc.). A teleconferência não é uma obrigação da empresa, mas se tornou comum por ser considerada uma boa prática de Governança Corporativa, quando o mercado tem a oportunidade de fazer perguntas diretamente ao management. Dentre as teleconferências, há o modelo com tradução simultânea, onde o management faz o discurso em português (ou inglês, em alguns casos) e um intérprete traduz em tempo real. Devido ao aumento de teleconferências realizadas com esse modelo – apenas no último ano elas cresceram 90% – o MZ Group decidiu realizar um estudo para verificar a opinião do mercado. Dentre os clientes do MZ Group, 29% já utilizam esse formato.

Clientes MZ Group

Clientes que fazem teleconferência

15% Tradução simultanêa

29% Fazem tradução simultanêa

36% Faz call

71% Não fazem tradução simultanêa

49% Não faz call O estudo foi realizado em abril de 2013, por meio da análise das opiniões de analistas e investidores estrangeiros que participaram de teleconferências com tradução simultânea nos últimos quatro trimestres. Dentre os entrevistados, 59,38% são analistas e 31,25% são investidores.

Tipo de usuário 9,38% Outros 31,25% Investidor 59,38% Analista

Atlanta

Chicago

Hong Kong

New York

Rio de Janeiro

San Diego

São Paulo

Sydney

Taipei

Vancouver


O estudo demonstrou que a maioria dos participantes estrangeiros das teleconferências, ou 68,75%, prefere escutar o management da companhia em vez de uma intérprete, por acreditarem que teleconferências com tradução simultânea requerem muita atenção, uma vez que os tradutores não passam emoção e falam como máquinas, dificultando a compreensão.

Qual você prefere?

31,25% Teleconferência com tradução simultânea 68,75% Teleconferência ao vivo com o management

Segundo a opinião de mais da metade dos entrevistados (53,13%), a teleconferência com tradução simultânea para o inglês não é útil. Alguns desistem de ouvir depois de cinco minutos e aqueles que têm algum conhecimento da língua portuguesa dizem até preferir ouvir o Q&A em português para evitar erros de entendimento na tradução simultânea. Em depoimentos, dizem não ter palavras para expressar o quão ruim são as teleconferências traduzidas.

Você acha útil quando as empresas conduzem suas teleconferências com tradução simultânea para o inglês?

Sim 46,88% Não 53,13%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Mesmo no caso de teleconferência em inglês com tradução simultânea para o português, o estudo revela que essa modalidade não é bem aceita. 48,39% dos entrevistados não recomendam esse formato.

Qual a sua opinião sobre teleconferências com tradução simultânea para o Português?

Bom 29,03% Ruim 48,39% Indiferente 22,58%

0%

Atlanta

Chicago

10%

Hong Kong

20%

New York

30%

Rio de Janeiro

40%

San Diego

50%

São Paulo

60%

Sydney

Taipei

Vancouver


Para os analistas e investidores brasileiros, essa mudança de hábito pode parecer neutra ou até positiva, uma vez que não precisam se preocupar em entrar na teleconferência em inglês para garantir a absorção de todas as informações divulgadas ao mercado. Porém, o estudo demonstra que a tradução simultânea não é muito bem vista por analistas e investidores estrangeiros, que julgam a qualidade técnica das transmissões ruim, prejudicando, assim, o acesso às informações. Os entrevistados mostraram-se insatisfeitos com o fato de muitas empresas brasileiras não terem nenhum executivo que fale bem inglês e comentam que, em muitos casos, as companhias optam por fazer teleconferência com tradução simultânea mesmo quando o management fala inglês por uma questão de economia de tempo, reforçando que não recomendam essa prática. Como exemplo de modelo ideal, foi citado o das empresas europeias, que realizam uma teleconferência no idioma local e em seguida a teleconferência para analistas sell side em inglês, prática que já vem sendo adotada por muitas empresas brasileiras. Outro alvo de críticas pelos participantes foi a baixa qualidade do som na tradução simultânea. Além disso, muitas vezes se escuta o áudio em português ao fundo com o tradutor falando em inglês em cima, o que dificulta ainda mais o entendimento. Um dos entrevistados, bastante incomodado com esse modelo, alerta que uma empresa não deve pensar em economia no momento de prover seus acionistas com informações relevantes, salientando que os problemas causados pelo mau entendimento do que foi dito pode prejudicar, inclusive, o acompanhamento da empresa por analistas e investidores. Do lado das companhias, a razão para a adoção desse modelo, além da divulgação de informação de uma maneira simultânea para os dois idiomas, é que a prática facilita a organização da agenda do management, principalmente quando há a participação da maioria dos diretores da companhia na teleconferência. Em conclusão, o estudo apontou diversos pontos negativos relacionados ao modelo de teleconferências com tradução simultânea, incluindo a qualidade ruim do som, a comunicação “indireta” com o management e a falta de emoção no speech, o que torna a teleconferência cansativa e de difícil entendimento e pode prejudicar o acompanhamento da empresa por parte dos analistas estrangeiros. Dessa forma, os RIs das empresas brasileiras precisam avaliar com muita cautela a escolha desse modelo, lembrando que a participação dos investidores estrangeiros no volume total do segmento Bovespa da BM&FBOVESPA no mês de abril de 2013 foi de 44,87%, segundo a própria BM&FBOVESPA, número bem relevante para que suas opiniões sejam deixadas de lado.

Participação de investidores na BM&FBOVESPA

44,87% Investidores Estrangeiros 31,85% Institucionais 16,05% Pessoas físicas 0,03% Outros 6,47% Instituições fInanceiras 0,71% Empresas publicas e privadas

Suelen Miura Analista do MZ Group suelen.miura@mzgroup.com + 55 11 3529-3767 www.mzgroup.com

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