Revista da ABCSEM

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REVISTA

ED. 4 – IV TRIMESTRE DE 2015

ABCSEM promove Encontro de Viveiristas em Santa Catarina e Goiás ENTREVISTA Dra. Eloísa Dutra Caldas, pesquisadora da UnB

NOTAS Confira os últimos eventos e acontecimentos


ÍNDICE

NOTAS DA ASSOCIAÇÃO

CAPA - ESPECIAL

Confira os últimos eventos e acontecimentos

ABCSEM promove Encontro de Viveiristas em Santa Catarina e Goiás

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ENTREVISTA

Dra. Eloísa Dutra Caldas, especialista e pesquisadora da UnB Página 7

EXPEDIENTE Conselho Editorial Marcelo Pacotte Jornalistas responsáveis Isabella Monteiro – MTB: 57224/SP Daniela Mattiaso – MTB: 47861/SP Projeto Editorial e Gráfico MyPress & Co.

A Revista da ABCSEM é uma publicação digital da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas, que tem como objetivo divulgar informações sobre o mercado de hortaliças e flores. Este veículo de comunicação possui periodicidade trimestral, com visualização gratuita e circulação livre na WEB. As opiniões aqui expressas não refletem necessariamente a visão da ABCSEM. © Todos os direitos são reservados. É proibida a reprodução total ou parcial de textos e imagens sem autorização prévia.


NOTAS DA ASSOCIAÇÃO OUT

Curso Embrapa Hortaliças

Luís Eduardo Rodrigues, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da associada Feltrin, representou a ABCSEM no XV Curso sobre Tecnologia de Produção de Sementes de Hortaliças, organizado pela Embrapa Hortaliças, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na ocasião, o profissional apresentou o Levantamento de Dados Socioeconômicos da entidade para os participantes. DEZ

Visita Laboratório Agronômica

O vice-presidente da ABCSEM, Edmilson Bagatini, e o secretário executivo, Marcelo Pacotte, se reuniram com a diretoria da empresa Agronômica para trocar informações sobre a coleta de amostras para análises em cumprimento à legislação fitossanitária e, também, para conhecer as instalações do laboratório em Porto Alegre (RS). DEZ

NOV

4º Seminário Ibraflor

A ABCSEM foi uma das patrocinadoras do 4º Seminário de Lideranças, realizado pelo Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), em Holambra. O objetivo foi apresentar um panorama atualizado do setor, além de definir gargalos e ações necessárias para solucionar estas questões. DEZ

Reunião ANVISA

A ABCSEM, juntamente com outras entidades do setor, participou de uma reunião com a Diretoria de Autorização e Registro Sanitário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para discutir a questão dos defensivos agrícolas para minor crops e a forma de divulgação dos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) e seus impactos na sociedade.

DEZ

Assembleia da ABCSEM

No dia 11, a ABCSEM realizou a Assembleia Geral Ordinária (AGO), na qual apresentou o balanço do trabalho desenvolvido ao longo de 2015 pela entidade e também aprovou os projetos e o orçamento previstos para 2016. Estiveram presentes os membros da diretoria, associados e parceiros.

Workshop da Abrasem Inês Wagemaker, diretora setorial de Mudas e o secretário executivo da ABCSEM, Marcelo Pacotte, estiveram presentes no Workshop Internacional de Fitossanidade promovido pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), em Brasília (DF). O evento foi importante para a troca de experiências entre o governo e o setor privado, com foco na discussão de temas estratégicos para a pesquisa e também nos próximos passos quanto a IN 16/2015, que trata do comércio internacional de sementes.

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Reunião SFA/RS

O vice-presidente da ABCSEM, Edmilson Bagatini, e o secretário executivo, Marcelo Pacotte, estiveram em reunião com o interventor da Superintendência Federal da Agricultura no Rio Grande do Sul (SFA/RS), Roberto Schroeder, para apresentar a entidade e seu histórico de ações ligadas à agricultura nacional e agradecer o apoio do órgão durante o período de greve deste ano, minimizando problemas aos associados da região Sul.


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CAPA - ESPECIAL

ABCSEM promove Encontro de Viveiristas em Santa Catarina e Goiás

Eventos focaram em temas técnicos, como nutrição, prevenção de doenças e enxertia para o gerenciamento adequado de viveiros Com o objetivo de contribuir para aprimorar a capacitação técnica e a profissionalização dos viveiristas, por meio de informações atualizadas e ferramentas para gestão dos negócios, a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM) promoveu dois encontros: um em Florianópolis (SC) e outro em Anápolis (GO), nos meses de outubro e novembro. Os dois eventos foram inéditos localmente e reuniram ao todo um público de 87 participantes, dentre produtores de mudas da região, pesquisadores, estudantes e demais profissionais da área. As três palestras que compuseram a programação dos eventos abordaram as temáticas: Nutrição, Enxertia e Prevenção de Doenças.

engenheiro agrônomo e sócio da consultoria agrícola Conplant. Segundo o especialista, a produção de mudas em substrato é uma tendência que têm crescido muito no País, pois proporciona um sistema de cultivo semi-hidropônico bastante eficiente, oferecendo suporte para a planta, além de água e nutrientes, permitindo trocas gasosas para as raízes. Durante a palestra, Furlani explicou sobre os diferentes tipos de substratos, que podem ser naturais, sintéticos ou residuais, de origem mineral ou orgânica. Dentre os naturais estão as turfas, já entre os

PALESTRAS Uso de substratos e nutrição adequada “Obtenção de mudas de alta qualidade por meio da nutrição” foi o tema da palestra proferida por Pedro Furlani, Pedro Furlani


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sintéticos há espumas de poliuretano, de ureia formaldeído e poliestireno, no caso dos residuais estão a casca de arroz carbonizada, estercos, casca de árvore, serragem, fibra de coco, dentre outros. Segundo Furlani, “a fibra de coco é um tipo de substrato cujo uso aumentou muito no Brasil, por existir grande quantidade deste tipo de resíduo no País”. O profissional ressaltou ainda que “é importante que o substrato apresente pouca atividade biológica, ou seja, mantenha o mesmo padrão de comportamento durante o manejo, para que não haja interferência na composição e nem na absorção de nutrientes pela planta”. Benefícios da Enxertia Na palestra “Mudas enxertadas com qualidade”, de Sebastião Azevedo, coordenador de Melhoramento Genético do Tomateiro da Sakata Seed Sudamerica, foram destacados os benefícios proporcionados pela adoção da enxertia em mudas de hortaliças. Dentre as vantagens estão a maior produtividade e longevidade da colheita, além da precocidade, vigor e rusticidade da planta, com melhor sistema radicular e, consequentemente, absorção dos nutrientes e resistência a doenças de solo.

proporcionados pelo método, que podem atender inclusive necessidades específicas de cada realidade de produção, considerando local, condições de clima e solo, bem como doenças que afetam as culturas em questão”. De acordo com o palestrante, a maioria dos processos de enxertia no Brasil são realizados em estufa, sendo pouco adotados em campo aberto, com exceção do estado do Espírito Santo, em virtude do alto índice de Furasium 3. “Atualmente, apenas na cultura do tomate, há mais de 5 milhões de plantas enxertadas no País, e este número só tende a crescer”, revelou. Segundo Azevedo, há alguns fatores que devem ser levados em consideração para se obter sucesso na realização da enxertia. Como, por exemplo, compatibilidade de espessura entre os tecidos que serão enxertados; luminosidade adequada (reduzida a 50% ou mais); temperatura ideal (entre 15°C a

Sebastião explicou que “o custo do investimento em enxertia compensa diante dos diversos benefícios Sebastião Azevedo

Participantes do I Encontro de Viveiristas do Estado de Santa Catarina


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30°C); e umidade relativa do ar controlada (entre 80% a 90%), bem como controle da irrigação, para que não haja excesso ou falta de água. A assepsia também é fundamental neste processo, de acordo com o profissional. Outros fatores a serem observados é a altura da enxertia, o uso de clipe ou prendedor próprios, dentre outros. Prevenção de doenças Evelyn Araújo, especialista em fitopatologia da consultoria Conqualy, ministrou a palestra “Mudas sem doenças: prevenção e proteção”. A profissional destacou que a qualidade sanitária das mudas está diretamente relacionada à integração de processos no manejo. Isto porque, segundo ela, a falta de sanidade na produção de mudas pode propiciar problemas como: morte precoce das plantas; introdução de patógenos em áreas isentas; antecipação de epidemias; aumento de custo no manejo de doenças; diminuição do estande, produção e rendimento da planta.

controle adequado e gestão da produção”, esclareceu. Outro ponto importante destacado pela especialista é em relação à organização dos viveiros, que devem ter as mudas separadas por idade e também por espécies, para facilitar o manejo e a inspeção, evitando a contaminação de patógenos. Dentre os demais itens e procedimentos que precisam ser praticados, visando à sanidade na produção de mudas, apontados por Evelyn, estão: a utilização de sementes isentas de patógenos; irrigação adequada, manipulação de substratos em locais limpos; desinfecção de mãos; ferramentas e recipientes; utilização de água de irrigação de qualidade; uso de telas nas estufas; eliminação de plantas invasoras; controle de entrada de pessoas nos viveiros; limpeza dos viveiros; local para descarte de mudas, substratos e restos de cultura.

Por isso, de acordo com Evelyn, é necessária a adoção de medidas de prevenção para evitar a entrada de patógenos, sendo fundamental o manejo integrado. “Esta é a forma mais eficiente de controle, pois uma vez instalada a doença, é difícil combatê-la, seja no campo ou no próprio viveiro. Neste sentido, o registro e histórico de todas as operações são essenciais para fazer o Evelyn Araújo

Participantes do I Encontro de Viveiristas do Estado de Goiás


DEPOIMENTOS DE ALGUNS PARTICIPANTES Cláudio Will, proprietário do Viveiro Horto Colina, de Orleans (SC)

“A troca de informações e experiências entre nós viveiristas, propiciada por este evento, foi fundamental para ver o que está dando certo na prática de outros profissionais do segmento.”

Elizandro Fioresi, sócio-proprietário da Agrofior Produção de Mudas Ltda., de Colombo (PR)

“A profissionalização dos viveiros é essencial. Aqueles que não buscarem orientação, não sobreviverão, pois este é um mercado dinâmico, que precisa de medidas urgentes e técnicas, além de atualização constante e treinamentos.”

Nilton Tomisawa, proprietário do Viveiro Tomi, de Piraí do Sul (PR)

“O ramo de viveiros tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Acredito que nós viveiristas devemos nos unir cada vez mais para aproveitar oportunidades como esta que está sendo oferecida pela ABCSEM.”

Ricardo Schmitt, proprietário da RC Mudas, de Florianópolis (SC)

“Hoje, um dos grandes entraves é a deficiência de assistência técnica localmente, que muitas vezes só é prestada pelas revendas, o que torna importante a participação em eventos como este, para acesso a informações atualizadas e adequadas sobre a produção de mudas.”

Emílio Rios, proprietário do Viveiro Emílio Mudas, de Anápolis (GO)

“A palestra de enxertia chamou muita atenção, porque estamos querendo ampliar este projeto em nosso viveiro. Neste sentido, foi muito bom para esclarecer dúvidas e aprender a aperfeiçoar ainda mais a nossa técnica.”

Eneas Xavier da Cunha, proprietário da Estufa de Mudas Rancho Alegre, de Hidrolândia (GO)

“Atualmente, os viveiros mais profissionalizados e tecnificados ficam no exterior, mas acredito que isso deve se estender e crescer também no Brasil - tanto a enxertia, quanto a produção em estufas -, pois o mercado exige uma qualidade cada vez maior nos produtos hortícolas.”

Jean Carlos de Azevedo, proprietário do Viveiro Qualy, de Aparecida de Goiânia (GO)

“Os palestrantes foram excelentes e, por serem especialistas nos assuntos, conseguiram esclarecer muitas dúvidas, além de apontar algumas questões que podem ser melhoradas nos viveiros.”

Sérgio Martins da Silva, proprietário do Viveiro Casa Verde, de Araguari (MG)

“Há alguns viveiristas que ainda têm resistência em buscar novas informações, mas acredito que quem fizer isto estará fora do mercado. Gostei de conhecer um pouco mais sobre a enxertia, que é uma prática que acreditamos ser uma oportunidade futura de Mercado.”


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ENTREVISTA

Dra. Eloísa Dutra Caldas, especialista e pesquisadora da UnB Graduada em Química pela Universidade de Brasília (UnB), Dra. Eloísa Dutra Caldas possui doutorado em Agricultural and Environmental Chemistry pela Universidade da Califórnia e pós-doutorado pelo Institut National de la Recherche Agronomique, de Paris. Desde 1997 é membro do grupo de peritos em resíduos de pesticidas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização para Alimentação e Agricultura da ONU (FAO/WHO JMPR). Confira, a seguir, a entrevista com a especialista sobre a questão dos resíduos de defensivos agrícolas em frutas e hortaliças e a segurança do consumo destes alimentos produzidos no Brasil. Como você analisa o impacto das repercussões das notícias sobre os altos níveis de agrotóxicos nos alimentos, sobretudo, nas hortaliças? Existe algum problema de comunicação com as informações divulgadas à sociedade?

Cerca de 50% das amostras analisadas nos programas de monitoramento no Brasil têm algum resíduo de pesticidas, percentual similar ao encontrado em outros programas de monitoramento no mundo, como nos Estados Unidos e Comunidade Europeia. Menos de 10% desses resíduos estão acima do LMR. Então, definitivamente, a comunicação feita naqueles termos não é boa e só traz insegurança para a população. Você acredita que a distorção na interpretação do Limite Máximo de Resíduos (LMR) das frutas e hortaliças, muitas vezes, impacta negativamente no hábito alimentar do consumidor? O LMR é um parâmetro agronômico, que reflete a aplicação do produto no campo de acordo com as boas práticas agrícolas, isto é, seguindo as orientações do rótulo. Porém, a população geral, e mesmo alguns


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pesquisadores, não têm esta informação correta, e fica a percepção de que se trata de um parâmetro de segurança à saúde humana. A população pode deixar de consumir um alimento se receber a comunicação de que a maioria ou um grande número de amostras destes alimentos tinham resíduos acima do LMR. De acordo com seus estudos, os resíduos encontrados em frutas e hortaliças estão em níveis que não representam risco para a saúde dos consumidores brasileiros. Quais foram as referências utilizadas para esta conclusão? Utilizamos dados dos programas de monitoramento para fazer estudos de avaliação de risco da exposição a pesticidas. Estudos anteriores com dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) entre 2002-2004 (Caldas et al., 2006a,b) levaram a esta conclusão, mas tínhamos dados de somente 9 culturas. Atualmente estamos atualizando este estudo com dados de resíduos entre 2005 e 2013 para 22 culturas e alimentos preparados, totalizando mais de 90 alimentos crus ou processados. Os resultados iniciais confirmam que a relação risco/benefício do consumo de alimentos tratados com pesticidas no Brasil é baixa e que os benefícios do consumo de frutas e legumes, alimentos que mais aportam resíduos, são altos. Qual é o posicionamento do Grupo de Resíduos de Pesticidas, do qual você faz parte, em relação à segurança dos alimentos e ao uso de defensivos agrícolas? Qual é o parâmetro adotado em outros países? Os estudos de avaliação de risco a

pesticidas na dieta, conduzidos pelo nosso grupo de pesquisa, seguem os mesmos princípios usados pelo JMPR (Joint Meeting on Pestide Residues da FAO e WHO), Estados Unidos e Comunidade Europeia, entre outros. Você acredita que o investimento em novas pesquisas e a aprovação de defensivos mais modernos, associados à celeridade dos órgãos responsáveis pela aprovação dos mesmos, seriam medidas benéficas para toda a cadeia? Em geral, os novos pesticidas são mais seletivos em relação às pragas que combatem e menos tóxicos aos mamíferos, inclusive o homem. É claro que acelerar a aprovação destes produtos é benéfico, na medida em que eles podem substituir os mais antigos, vários deles muito tóxicos. Além de aprovar novos produtos, é importante que a inclusão de novas culturas num produto aprovado também seja avaliada com celeridade pelo órgão competente. O tratamento de sementes pode ser uma solução em relação às alternativas convencionais para proteção das produções agrícolas? O uso de pesticidas em semente, na maioria das vezes, não deixa resíduo no produto final a ser consumido/processado. Porém esta aplicação é específica para alguns pesticidas/culturas* e não pode ser vista como uma solução à problemática dos resíduos. * Mais informações e estudos sobre o tema podem ser encontrados no site: www.toxicologia.unb.br


Todo o setor brasileiro de sementes e mudas de hortaliças, flores e ornamentais se reúne aqui


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