Catálogo Exposição Nós

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PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS

04 DE OUTUBRO A 05 DE NOVEMBRO 2010


UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU FACULDADE DE FILOSOFIA, ARTES E CIÊNCIAS SOCIAIS - FAFCS DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS - DEART

• Reitor • Alfredo Júlio Fernandes Neto • Vice - Reitor • Darizon Alves de Andrade • Pró-reitor de Extensão, Cultura e • Assuntos Estudantis • Alberto Martins da Costa • Diretora de Cultura • Irlei Margarete Cruz Machado • Diretora da FAFCS • Renata Bittencourt Meira • Chefe do DEART • Maria Carolina de Melo Rodrigues

Museu Universitário de Arte MUnA

Ação Educativa

• Coordenador • Paulo Lima Buenoz

• Coordenação: • Luciana Mourão Arslan

• Conselho Gestor • Maria Carolina de Melo Rodrigues • Gustavo Echenique Tarditti • Douglas de Paula • Paulo Faria • Luciana Mourão Arslan • Francesco Luigi de Faria Trotta

• Estagiários: • Karyna B. Novais, Camila L. Ortigosa, Lucas Dilan, • Álvaro F. B. Riul, Fabiola Mamede, Silvia S. P. Cruz, • Lívia S. Medeiros, Simone J. Costa, João Paulo, • Fernanda O.R. da Cunha, Maria Celinda C. Santos, • Patricia Borges, Suziane A. Santos, Lígia M. Dias, • Mara L. F. O. Rezende, Créo M. de Oliveira.

Expografía e Montagem • Coordenação: • Paulo Faria • Equipe de Montagem: • Alexis F. da Silva, Antônio R. Peixoto, • Andressa R. Boel, • Igor A. Pelegrine, Larissa H. Silva, • Luciana Vicente Vidigal Schulgin, • Marilene Prado Santos Silva, • Paulo Rogério Luciano.

Museu Universitário de Arte MUnA Praça Cícero Macedo 309 Bairro Fundinho Uberlândia MG Tel / fax: 34 3231 7708 3231 9121 Segunda a sexta feira 8:30h às 17h www.muna.ufu.br

Programação Visual • Coordenação: • Douglas de Paula • João Henrique Lodi Agreli • Estagiário: • Leonardo Guerin • Museólogo • Francesco Luigi de Faria Trotta • Secretária • Jacqueline Batista


APRESENTAÇÃO

NÓS

O Museu Universitário de Arte - MUnA, órgão complementar do Departamento de Artes Visuais – Deart, da Universidade Federal de Uberlândia - UFU, recebe uma exposição de um grupo de professores do departamento. Uma exposição como essa, é uma oportunidade para alunos da UFU e de outras escolas, a comunidade acadêmica e o público da cidade entrarem em contato com a produção artística e as pesquisas individuais dos professores. Um conjunto de obras com suas singularidades de linguagem que mostra a diversidade e profundidade das pesquisas de cada professor. Podemos ver trabalhos em desenho, fotografia, gravura, escultura, instalação vídeo arte e arte computacional. Participam da exposição os professores: João Agreli, Luciana Arslan, Clarissa Borges, Paulo Lima Buenoz, Maria José Carvalho, Elsieni Coelho, Marcel Esperante, Paulo Faria, Cláudia França, Gastão Frota, Afonso Lana, Carolina Melo e Douglas de Paula. Com a exposição NÓS, Professores do Departamento de Artes Visuais, o Muna mantém seu compromisso com as atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal de Uberlândia.

Paulo Lima Buenoz Coordenador Museu Universitário de Arte

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INTERVALO: a dinâmica descontínua do processo de criação em arte Heliana Ometto Nardin A compreensão do que nos permite a anunciação da obra de arte implica em um mapeamento teórico sobre o seu processo de criação ou construção. A exigência da tarefa solicita mentes sensíveis ao fato de que este processo não se apresenta como um território de fácil delimitação, pois seu contorno contingencial se apresenta como o de um desenho que ainda se desenha, linha em movimento, projeto contínuo. Processo marcado, também, por sua descontinuidade, vale dizer, intervalar, entre - vistas, entre - ações, entre – meios: temos aí o acabado sempre inacabado. Não o elogio do transitório, sim o do em trânsito, transitivo e intransigente. Há que se suportar os paradoxos que se expõem tanto no projeto quanto em seu processar. A tarefa do entendimento se revela, não apenas para os nela já iniciados e nem só para os principiantes, como tarefa sempre iniciática, a ser reiniciada de novo e de novo, devido as perspectivas serem sempre outras. Campo de interlocuções, dicções, interconexões, propício às experimentações e reflexões sem rede de proteção. Ou melhor, a rede que a sustenta ao ser tecida pela livre expressão, deixa-nos em suspensão e em estado de suspeição quanto às nossas verdades. Assim, ao buscarmos a compreensão por meio do pensamento investigativo, rigoroso, esse pensar se revela não como o da ordem da representação das idéias ou da imagem mental modelar, ao contrário, afirma-se como o da reapresentação do paradoxo: o saber consciente e inconsciente do corpo. Corpo que sonha e constrói com os símbolos a realidade psíquica, política e social, tendo em seu horizonte a realidade última, o desconhecido. Em suas práticas e processos ou em sua reflexão e fundamentação teórica, o processo de pesquisa em arte evidencia a inexistência do observador isento, do estudioso resguardado por um método eficaz. Nessa observação, sempre busca de conhecimento, interfere a vida emocional, isto é, um certo sentimento da existência que pressupõe a revelação do imaginário e do desejo como integrantes desse mesmo conhecimento. Apoiamo-nos na teoria psicanalítica para afirmarmos que possuímos em nossa psique, em nosso corpo, portanto, uma força livre e por isso criadora: nossas paixões. Mas, ao clarificarmos os conceitos com os quais investigamos a construção em arte, por um lado, há a necessidade de reconhecermos que devido a esta força, potência geradora de singularidades, a obra é do 4


NÓS signo do individual, mesmo quando coletiva, temos que notificar que, por outro lado, esta não se faz, isto é, não se forma exclusivamente com material fornecido por nossos sentimentos.Tem em seu processo de criação a contrapartida da realidade e do seu conhecimento, de todos os conceitos que medeiam a combinação, a bricolagem das partes integrantes e integradoras da obra em exercício. De acordo com Paulo César Sandler, em A apreensão da realidade psíquica, volume 2, publicado pela Imago: O poeta, o artista,“inspirado pela musa” na metáfora dos gregos, possui uma intuição que lhe fornece simultaneamente a percepção e o contato com os aspectos parciais desta realidade que se vislumbrou parece-me construir o que chamamos de “um artista”, de um modo cuja precisão, felicidade nesta precisão e originalidade continuam sem igual. (2000, p.80). Poderíamos falar de um ato de visão, de intencionalidade entendida aqui como força poética. Característica que significa o artista como aquele que possui “uma intuição” – poder de revelação do imaginário – que lhe fornece simultaneamente a percepção e o contato com aspectos parciais da realidade. Lembramo-nos que Husserl (1859 – 1938), fenomenólogo da intencionalidade da consciência, explicita ser a percepção análoga à expressão na medida em que, sempre que através de um dado nós “visamos” algo não dado, sempre, portanto, que uma certa presença “exprimir” uma determinada ausência. Já Sandler pensa que o trabalho da visão, próprio do artista, vai além desta percepção expressiva, uma vez que remete à “reprodução de um trabalho onírico e simultaneamente uma apreensão precisa da realidade” (2000, p.81). Concordando com este autor, pensamos o ato artístico como urgência, como obra ligada às habilidades e percepções daquele indivíduo em particular, que apreende a sua percepção como intuição, o trabalho onírico e a apreensão dos aspectos parciais da realidade e aprende a respeitá-los e desenvolvê-los. De maneira radical torna-se responsável por sua intuição e por suas obras. Portanto, reafirmamos esse processo de criação em arte como intervalar, feito de continuidade e descontinuidade por ser composto. Contínuo pelo trabalho do pensamento estruturado por meio da reflexão e da percepção. Lembrando que, segundo a teoria da Gestalt, no processo perceptivo não é possível distinguir o que é da sensação e o que é da interpretação imaginativa devido a esses elementos já se apresentam fundidos na própria percepção. A análise não pode separar na percepção os elementos que vêem da memória dos da 5


sensibilidade, sendo impossível, portanto, à análise mental dissociá-los. Descontínuo, pelo trabalho da mente que está sempre “sonhando” as formas inarticuladas, não-articuladas ou, ainda, contra as articulações dadas à consciência, reagentes em estado de deriva. Elementos evasivos que tendem a nos escapar, pois são da parte do inconsciente interferindo nos processos do sentido e da estruturação da percepção. Elementos inconscientes que derivam para as proposições, indo do não senso ao sentido como efeito. Assim, o processo de criação como intervalo é um processo em “outro” tempo, transitivo entre o espaço e o entre-tempo do fluxo, do trânsito entre os sentidos, continuidades e descontinuidades. Para William Janes (1842 – 1910) o estado criativo se assemelha ao devaneio porque tende a ser relembrado mais tarde como “distração”, isto é, lacuna, interrupção da consciência articulada por lapsos e concentração de tempo, gerando esse estado transitivo, flutuação, outras conexões do sentido, composição que resulta no fato artístico. Obra em processo que ecoa, ressoa sentidos e que tem seu tempo de ressumação, de decantação, apuração e patente de sentidos. O fato artístico que tem sua significação na obra exposta tem, entretanto, seu valor como acontecimento e não como fato. Na palavra elucidadora de Gilles Deleuze em Lógica do sentido: “o acontecimento não é o que acontece (acidente), ele é no que acontece o puro expresso que nos dá sinal e nos espera. O brilho, o esplendor do acontecimento, é o sentido.” (2000, p.152). Estas considerações foram despertadas a propósito da exposição Nós, dos professores, artistas e pesquisadores do departamento de Artes Visuais, Universidade Federal de Uberlândia. Exposição esta que encontra no MunA - Museu Universitário de Arte – o seu espaço de realização, lugar de excelência próprio para receber os trabalhos resultantes dos processos dinâmicos do empreendimento artístico. O MunA com sua grande galeria (primeiro piso), a sala de pesquisa visuais (segundo piso), seus corredores e escadas, com seu pátio interno que dá acesso tanto à galeria como ao auditório e às oficinas, é a casa dos “sentidos”. A sensação ao adentrarmos neste espaço, devido às suas peculiaridades arquitetônicas, é a de que entramos em um “templo”, o lugar do “especial”. Sentido dado não pela semelhança com outros templos, mas pela sensação – semelhança dada pelo silêncio denso que ecoa neste sítio.As estruturas de madeira que sustentam o telhado exposto, a brancura de suas paredes que se erguem e recortam o espaço, dão-nos o sentido do pequeno e do monumental. Sentimo-nos significantes por sermos presenteados e apresentados a tantos e diversos sentidos nesse momento de compartilhamento que a arte possibilita. 6


NÓS João Agreli Luciana Arslan Clarissa Borges Paulo Lima Buenoz Maria José Carvalho Elsieni Coelho Marcel Esperante Paulo Faria Cláudia França Gastão Frota Afonso Lanna Carolina Melo Douglas de Paula

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Tanto para fazer em tão pouco tempo intervenção recorte em adesivo vinílico 1 de 1 x 2 m e 21 de 15 x 15 cm 2010 8


JOÃO AGRELI

NÓS

Graduado em Design Gráfico pela UEL – Universidade Estadual de Londrina, mestre e doutorando em Arte e Tecnologia pela UnB – Universidade de Brasília. Professor efetivo da UFU – Universidade Federal de Uberlândia, ministrando as disciplinas de Arte Computacional, Desenho Gráfico e História em Quadrinhos. Coordenador do NEART – Núcleo de Estudos em Arte e Tecnologia. Recebeu mensão honrosa no Rumos Itaú Cultural Pesquisa em 2003 e foi contemplado no Programa Municipal Nelson Seixas de Fomento à Produção Cultural em São José do Rio Preto em 2008 com a intervenção urbana “Paca tatu cutia não”.

A proposta se baseia formalmente em um grande adesivo vinílico, com o formato de um QRCode, código de resposta rápida, que nada mais é que um código de barras mais sofisticado, onde o expectador munido de um celular com câmera fotográfica e com um software instalado em seu aparelho, pode decifrar as mensagens contidas neste código. O software é específico para esta função e é baixado gratuitamente na internet. Além do Código maior que estará fixado dentro do museu, haverá outros que estarão espalhados, fixados em postes e sinalizações, na área urbana ao redor do museu. Esta apropriação da área urbana estará marcada em um mapa ao lado do QRCode no museu. A poética está na interação do expectador em descobrir as mensagens codificadas nas imagens abstratas, coladas dentro e fora do museu, sendo levado a fazer um passeio pelas ruas próximas à exposição. Fazendo com que o expectador se dê ao tempo, ou questione o tempo que ele “gasta”, decidindo participar da experiência estética, discutindo, por meio das mensagens, a relação do tempo acelerado na vida contemporânea. O que se pretende questionar com o uso de tecnologias em princípio banais, como as de marcação de preço em produtos industriais, em uma obra de arte, é a de que forma atualmente, tanto na arte quanto na sociedade, se é necessário uma instrumentalização para poder fazer parte ou entender os processos que acontecem ao nosso redor e de que forma a falta dessa instrumentalização ou conhecimento pode nos excluir deste processo.

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Sem Título gravura - água forte e photo etching. 30 x 15 cm cada 1994 a 2006 10


LUCIANA ARSLAN

NÓS

Graduada em Artes Visuais, realizou mestrado em Artes na UNESP e doutorado em Educação na USP, com bolsa de 6 meses para pesquisa em mobilidade internacional na Universidade de Belas Artes de Barcelona. Atualmente trabalha na Universidade Federal de Uberlândia - UFU, onde é professora da Graduação do Curso de Artes Visuais e do Programa de Pós Graduação em Artes, também coordena a ação educativa do Museu Universitário de Arte- MUnA . Como artista, já realizou várias mostras individuais: no Centro Cultural São Paulo, no projeto ocupação da Funarte, na galeria da Universidade Estadual de Londrina.Também se destacam as exposições coletivas: Bienal de Gravura de Santo André, Bienal de Gravura de São José dos Campos, Mostra de Gravura de Curitiba, Bienal de Santos, Salão de Santo André e Museu Lasar Segall.

Apresentarei nesta exposição uma série de gravuras desenvolvidas entre 1994 e 2006. Estas gravuras, (água forte e adaptação caseira de de Photo Etching)nunca foram expostas e ficaram guardadas por muito tempo, período em que distanciei-me de uma figuração mais explícita. Só recentemente, pude olhá-las novamente e organizá-las em uma sequência narrativa: diluindo a figuração e entoando melhor o universo feminino e nostálgico que me interessava. Em cada conjunto. Algumas imagens se repetem e criam um discurso fragmentado e circular que rompe com uma ordem linear.Também resolvi organizar uma composição com as matrizes que estão impregnadas de marcas e imagens invisíveis.

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Aqui Jaz instalação fotografia digital manipulada em porcelana sobre granito 40 x 30 cm (cada) 2010 12


CLARISSA BORGES

NÓS

Clarissa Borges cursou Bacharelado em Artes Visuais na UnB, onde também concluiu o Mestrado em 2002. Desde 2008 é docente na UFU-FAFCS-DEART na área de fotografia. Destacam-se em Brasília três mostras individuais, Murais do Corpo em 1999 na CAL, Simulacros do Corpo em 2004, na Galeria do Teatro Dulcina e Com os Olhos do Outro, como parte do evento Foto Arte Brasília, no ECCO, em 2004. Participa do Grupo de Arte ENTORNO, que faz intervenções urbanas desde 2001. Fez parte de várias exposições coletivas em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Uberlândia, Goiânia, Petrópolis e Belém. Em 2003 participou da mostra Eixo Brasília, de curadoria de Teresa Arruda, na feira ArtFrankfurt na Alemanha. Em Buenos Aires participou em 2007 da mostra Con Otros Ojos, curadoria de Fernando Castro. Tem trabalhos nas coleções Gilberto Chateaubriand (MAM-Rio), MAC - Museo de Arte Contemporânea de Salta – Argentina, Karla Osório – ECCO Brasília, Jon Hendricks – NewYork e Joaquim Paiva – Rio de Janeiro.

Este trabalho nasce do incômodo causado por fotografias de pessoas que faleceram e que são tradicionalmente colocadas em túmulos de cemitérios. Tais imagens são marcas de um instante efêmero da vida, imagens de um tempo específico, demarcações claras do “isso-foi”, citado por Barthes em A Câmara Clara (1980), como o noema da fotografia. Mas, ao invés de aceitá-los como passado estes retratos tentam na verdade manter vivos seus retratados, nas imagens, homens e mulheres aparecem sempre de olhos abertos, como se continuassem a olhar para todos que passam entre as lápides do cemitério. Com seus olhos abertos, os retratados continuam a olhar o mundo dos vivos. Mas na tentativa de eterna permanência da imagem, estes rostos nos colocam em contato com a nossa própria finitude. "Sendo capaz de congelar o instante num flagrante eterno, a fotografia acaba apontando para o avesso do eterno: a irrepetibilidade e morte irremediável que está inscrita na passagem de cada instante. A vida aparece para morrer a cada aparição" (Santaella, Lúcia. Imagem: Cognição, semiótica, mídia. 2008, p. 135) A partir destas reflexões, a instalação proposta, tenta, de certa forma, simular a sensação do andar entre túmulos e retratos, mas propõe a interrupção na troca dos olhares entre o retratado e o espectador. Nestas imagens fotográficas os olhos foram fechados, a troca entre olhares é impedida, tornando possível o descanso dos retratados sem o contato com este mundo que não mais lhes pertence.

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Still Life:Vida em Suspensão 14

performance - instalação 2010


PAULO LIMA BUENOZ

NÓS

Paulo Lima Buenoz (Marília-SP, 1955) trabalha como artista plástico e professor, atuando nas áreas de instalação e performance. É doutor pela Pontifícia Universidade Católica, São Paulo e mestre pela State University of New York at Buffalo. Teve mostras individuais no Hallwalls Contemporary Arts Center e The Bhurchfield-Penny Art Center, Buffalo EUA; Centro Cultural São Paulo; Caixa Cultural, São Paulo; Museu de Arte de Ribeirão Preto; Museu de Arte Contemporânea do Ceará; Museu de Arte Contemporânea de Curitiba; Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP; Museu Universitário de Arte MUnA e na Casa da Cultura, Uberlândia. Participou de mostras coletivas no Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da USP, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, ITAU Cultural, Paço das Artes, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires e no Museum of World Culture, Gothenberg, Suécia.

O corpo deve primeiro suportar o insuportável, viver o inviável. David Lapoujade

Venho me interessando pelas múltiplas camadas que compõem a noção de Corpo,Ausência, Memória e Lugar como produção de sentido em arte. O agente mobilizador tem sido o desconforto de um corpo que ao ser deslocado de sua 'normalidade' é impelido a habitar lugares desconhecidos como forma de resistência. Em minha prática estética, venho trabalhando com instalações e performances encontrando aí a chance de abertura ao outro e a possibilidade de inventar lugares, diferentes campos de experiência do sensível. Ausência: evidencia a realidade difusa dos limites de um corpo vivo e me desloca do conhecido de mim em direção a uma multiplicidade de encontros e não se apresentar como falta nem incompletude. Memória: a atualização de marcas e ausências reinventa nesse corpo uma potência que pede a criação de novos lugares e a ocupar cada possível fresta onde essas ausências vazam e tomam os espaços. Lugar: onde o corpo atravessado por forças do presente atualiza sensações vivas que teimam em desestabilizar a linha confortável que insistentemente se apega em contar as horas, dias, meses, anos; desassossegos que se abrem a encontros, territórios mínimos de existência. Sem nome e sem lugar, sem início nem fim, começando em qualquer ponto onde a violência da vida pede passagem e, com a arte, resiste à normatização dos corpos deslocados de si em direção à presença viva da vida.

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Agora eu era... fotografia 135 x 137 cm (cada 20 x 25 cm) 2010 16


MARIA JOSÉ CARVALHO

NÓS

Maria José é natural de Belo Horizonte, graduada em arte com Habilitação em Desenho, pela Escola de Belas Artes/UFMG. Possui especialização em Ensino de Arte e mestrado em Teoria Literária. É professora de cerâmica no Curso de Artes Visuais/UFU e desenvolve trabalhos nas áreas bi e tridimensionais. Participou, dentre outras, das seguintes exposições coletivas: 17º Salão Nacional de Arte, Museu da Pampulha/Belo Horizonte, 1985; 6º e 7º Salão de Cerâmica do Paraná, 1985 e 1986; Tercer Encuentro Internacional de Cerámica Artística, Florianópolis, 1994; O grande círculo das pequenas coisas, Palácio das Artes/BH, 1998;Arte em pesquisa, Muna, 1998; Panorama da produção artística, Uberlândia, 1998; 1º Salão de Artes Visuais, Uberlândia, 2005; Conceito em ato, Muna, 2006; Eu, a arte e a cidade, Espaço Cultural do Mercado/Uberlândia, 2010. Principais exposições individuais: Montanhas, Galeria Ido Finotti, Uberlândia, 1997; Ideografia da emoção, Sala de PesquisasVisuais/Muna, 2001; Do plano ao espaço, Galeria do Muna, 2007.

Este trabalho aborda a condição de transitoriedade do ser, tanto em seu aspecto físico quanto identitário. Parte de duas linguagens distintas – um retrato em fotografia analógica e um autorretrato em pintura – e, através de sucessivas transformações das imagens, remete à multiplicidade e movência inerente à identidade, esta coisa sempre incompleta e em processo de construção. Nesse sentido, o trabalho, ao mesmo tempo que desnuda a impermanência do sujeito, pretende situá-lo no plano do imaginário como cópias imperfeitas de si mesmo. As imagens que dão origem e sustentam esta ideia representam dois momentos opostos da vida de uma mesma pessoa e traduzem a ruptura com uma noção diacrônica da constituição do sujeito. O entrecruzamento dos tempos é reforçado pela referência aos recursos expressivos da fotografia, como a solarização e o alto-contraste, largamente explorados nas produções gráficas das décadas de 60 e 70 e trazidos para o contexto tecnológico da contemporaneidade, através da digitalização das fotos. Desse modo, “Agora eu era...” fala também da memória, lembrando-nos que cada um de nós é inevitavelmente um pouco do que vivenciou e um pouco do que viu. O título é um resgate da linguagem da criança que vive em cada indivíduo e que, em seus jogos fantasiosos, penetra no reino do faz de conta para inventar a identidade que mais lhe seduz.

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Doces Lembranças tÊcnica mista 50 cm altura x 50 cm largura x 2,60 m comprimento 2010 18


ELSIENI COELHO

NÓS

Doutoranda em Educação pela UFG, GO, Mestre em Educação pela Unicamp, SP, graduada em Educação Artística – Habilitação em Artes Plástica – UFU em 1990. A produção poética tem se constituído em exercícios, apresentados ao público esporadicamente. Segue uma linha de produção de objetos instalados, com apropriação e/ou produção de formas em série, num diálogo entre o urbano e o rural, trabalhando a arte como representação sócio-cultural.

Nossa poética tem se construído a partir de conflitos sócio-culturais entre o rural e o urbano. No ambiente da cozinha, predominantemente, buscamos a materialidade estética junto com outros identificadores rurais, enquanto na tecnologia urbana a transparência e a luminosidade.As cidades objetuais, produzidas e instaladas por nós, até então, estão imbuídas de ambiguidades como destruição e construção, feiúra e beleza, pesado e leveza, opacidade e transparência. Hoje apresentamos “Doces lembranças” que traduz um olhar romântico e uma nostalgia se insinua sobre uma infância sertaneja. Essa volta à infância parece um simples recuo em direção ao passado, mas com um pouco de reflexão revela significados diferentes nos colocando questões e valores diversos. “Doces lembranças” se apresentam numa mesa, uma alusão à cultura rural, como palco de sabores, de longas histórias, de decisões importantes de poderes estabelecidos. Mais que a base de sustentação para o arranjo que a compõe, ela é um convite a hospitalidade, um hábito mineiro de zelo com seus visitantes. O forro branco que a cobre, representa o símbolo de pureza. Os garfos ali sobrepostos, já não os são mais, transformaram-se em pincéis açucarados, cristalizados pelo tempo. Enrolados em tecidos estampados, expressam romantismo, entretanto, simbolizam força e resistência diante de tudo que foi sucumbido pela vida urbana, na dinâmica de um tempo voraz, que se cruza e se fecha com os pequenos garfos.

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Tópicos utópicos

I

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1

Tópico I Algum lugar... grafite sobre papel 53 x 67 cm 2008

2

Tópico II Qualquer lugar... grafite sobre papel 70 x 53 cm 2008

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Tópico III Nenhum lugar... grafite sobre papel 55 x 68 cm 2008

4

Tópico IV Todos os lugares... grafite sobre papel 53 x 56 cm 2008

2

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MARCEL ESPERANTE

NÓS

Artista plástico com Graduação em Bacharelado em Artes plásticas pela (UNESP) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000) e Mestrado em Artes pela UNESP (2004). Leciona no ensino superior desde 2003, atualmente é professor efetivo da Universidade Federal de Uberlândia na área de gravura. Tem experiência na área de Artes com ênfase em gravura e desenho.

Vivemos um tempo em que a única utopia possível é a utopia do consumo, utopia circular que nunca se realiza completamente.A abolição do espaço em função do tempo vem se tornando uma realidade a cada dia, viagens mais rápidas comunicação simultânea em texto e imagem, imagens satélite. A falência das utopias religiosas e do comunismo criaram um vácuo que foi ocupado com extrema rapidez e violência pelos interesses do capital. Porém como o consumo nunca se satisfaz posso concluir que os tempos são “não-utópicos” ou privados de utopia. Uma utopia só tem valor se existe a possibilidade de que ela se realize, ela deve ser factível ou do contrário será apenas uma “quimera”. É preciso resgatar essa utopia concreta. Ernest Bloch nos fala dos “sonhos diurnos” que exprimem construções imaginárias relacionadas com o cumprimento de um desejo, mas diferentemente dos “sonhos noturnos” os “sonhos diurnos” estão sempre orientados para o futuro. Se os “sonhos noturnos” tem a função de liberar as pulsões do subconsciente o “sonho diurno” se dá com o eu consciente e nesta lógica é definido como um topos interior, como lugar de nascimento do desejo e da imaginação como guia de “algo que ainda não é” tendo portanto uma qualidade antecipadora. O mundo é um todo aberto às diversas possibilidades de realização, ele tem em si toda a potência.A utopia do consumo (que é uma utopia disfarçada) não é a utopia final nem mesmo definitiva. É preciso imaginar algo além deste horizonte plano e árido em que nos encontramos.Talvez seja este o sentido destes tópicos utópicos.

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Memórias de Chuva da série “paisagens médias” # 01 ao 05 desenho 32,5 x 75 cm (cada) 2010 22


PAULO FARIA

NÓS

Paulo Faria nasceu em Anápolis-GO, graduou-se como Bacharel em Artes Plásticas, no ano de 2005 pela Universidade de Brasília. Em 2009 torna-se mestre em Artes, na linha de pesquisa de Poéticas Contemporâneas, também pela Universidade de Brasília. Já participou de várias exposições coletivas e individuais, especialmente em Brasília e Uberlândia.Atualmente mora e trabalha em Uberlândia-MG.Tanto em sua pesquisa teórica, quanto em seu trabalho artístico, tem como foco de interesse poético as questões referentes ao desenho, ao tempo e à memória.

O trabalho Memórias de Chuva vem sendo desenvolvido há dois anos. Neste período tenho experimentado diferentes dimensões e suportes, mas sustentando o mesmo princípio que é manter, entre o desenho e o observador, um vidro irregular que deforma a imagem e tira dela a nitidez. Esta escolha gera um tipo de visualidade que compõe grande parte do meu universo poético. O apagamento, embaçamento, desfoque, veladuras, tornam-se tipos diferentes de estratégias de obliteração, são subterfúgios de difusão e perda da imagem. Isto se dá, pois, minha atenção está voltada aos estudos do tempo e da memória; não como eternidade e lembrança, mas como impermanência e esquecimento. Olhar a paisagem em chuva por meio de uma janela fechada, das gotas que se acumulam na janela.Todo este esforço para revelar a imagem é parte fundamental deste trabalho. O desejo de ver através, de descobrir o que está por detrás, remonta a um exercício de devolver a nitidez ao mundo. Devolver o foco e tentar restaurar uma suposta permanência das coisas. Uma imagem desfocada, diáfana é uma imagem em vias de desaparição. Mas nossa existência, também não está sempre em vias de desaparição? Não se trata de pessimismo, mas do contrário, por meio dessas imagens de incerteza que caminham rumo ao provisório, a intenção é gerar espaços para dúvida e para imaginação, logo, oportunidades de repensar nosso estar no mundo.

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Identidades incompletas: estratégia de exposição. instalação aproximadamente 4 m³ 2010-2006 24


CLÁUDIA FRANÇA

NÓS

Artista plástica natural de Belo Horizonte, MG. Bacharel em Desenho e Escultura pela UFMG, Mestre em Artes Visuais pela UFRGS e Doutora em Artes pela UNICAMP. É Professora Adjunta na Faculdade de Artes, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (FAFCS/UFU), atuando no ensino de Graduação em Artes Visuais e no Mestrado em Artes. Atua também como professora convidada da Especialização em Artes Visuais do Instituto de Artes da UNICAMP, desde 2008. Já participou de diversas exposições coletivas, individuais e salões de arte de âmbito local, regional e nacional, obtendo alguns destaques e premiações. Nesses, tem apresentado majoritariamente trabalhos em Arte Objetual e Instalações, tendo o Desenho como base de seu pensamento visual. Cláudia França também atua na produção reflexiva, escrevendo artigos e textos sobre Processos de Criação em Artes Visuais, linha de pesquisa na qual atua academicamente. http://lattes.cnpq.br/3462886315780014

O espaço físico do MUnA comporta uma série de singularidades que têm me estimulado em diversos exercícios de ocupação, desde sua inauguração, em 1998. Sempre que exponho objetos e instalações neste sítio, o pensamento gráfico busca alojar-se nas suas dobras e desdobras, nos seus cantos e espaços “cegos”. Entendo como espaço “cego” a qualidade agregada ao lugar quando não houve encontro de olhares entre o objeto artístico a ser instalado e o próprio espaço. Diante desse desencontro, o espaço permaneceu como região exclusivamente funcional ou mesmo residiu no intervalo dos interesses de nossas percepções. Para essa exposição, escolhi o guarda-corpo de alvenaria que está ao nível da entrada principal do Museu. Se este plano de pouco mais de 8 metros de extensão cumpre a função de resguardo e proteção do corpo, descendo até o nível inferior da galeria, o mesmo elemento acontece como parede, plano em paisagem que oculta a parte inferior dos corpos recém-chegados ao Museu. Minha ideia-base parte da sensibilização deste plano, ao nível de seu ser guarda-corpo, pensando que agora, ele guarda e ao mesmo expõe uma série de experimentações autorrepresentacionais realizadas entre 2006 e 2010. Nesse sentido, posso pensar que o guarda-corpo em alvenaria “guarda-meu-corpo” representado, reapresentando-o no conjunto que nomeei de “identidades incompletas” (porque estão em processo, porque imprescindem do outro) e, por fim, reapresentando-as por meio de uma estratégia expositiva: contração temporal de quatro anos em quase quatro metros cúbicos.

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Auto-alimentação / Feeding-back Vídeo em loop, espelhos, cadeira, monitor de televisão, fone de ouvido e DVD 2003 26


GASTÃO FROTA

NÓS

Mestre em Fine Arts pelo Pratt Institute de NY, com ênfase em New Forms, via bolsa Apartes-CAPES, nasceu em 1971 e cresceu em Belo Horizonte. Estudou e lecionou na Belas Artes da UFMG, na Escola Guignard e no Parque Laje, entre outras instituições, e atualmente é Professor do Departamento de Artes Visuais da UFU, onde desenvolve a pesquisa Artes Mídia em Código Aberto. Seus vídeos mais conhecidos são:A Vida na arte de Jeanne Milde, com Dudude Herman e Ana Lúcia Guimarães, e Antena, exibido na mostra A nova geração do vídeo brasileiro durante o Festival Internacional de Curtas Metragem de BH-2004, na Rede Minas e outras mostras. Trabalha desde Desenho e Pintura à proposições colaborativas em multimeios, como o Abraço do Mundo, publicado via o jornal El Gazzetino de Veneza, e realizado em diversas cidades:Williansburg Historical Society-NY, Castelinho do Flamengo - RJ, Centro Cultural Belo Horizonte, Festival de Artes de Porto Alegre, Galeria do Mercado em Uberlândia etc.

A liberdade é cometimento absoluto, na História.A história está sempre morrendo. O problema da identidade dá-se em uma linguagem. I =1, English e latim me refletem. No crossing-over dos códigos, sou nome a quem me desconhece: Gastão da Cunha Frota. O primeiro soa francês mas significa big spender, Cunha is a concavity, e Frota sugeri similaridade em função, ordenadamente distribuída [fleet]. O `Á, da paixão pelo desvio, o é desde que o boi Aleph, de cabeça pra baixo, virou som. Partilhas do sensível: Há-ver que se abre do som à matemática, da língua do “P” ao 01; 0,1; 0,01; 0,001 ad infinitum... como o desenho : P deita entrementes uma outra lingüinha no texto, desde a tenra infância metamorfoseando sinesteticamente os universos de sentido. Quem decide o método? E o constrangimento? À duração aproximamos a visão porque a única simulação sensorial razoável do ato de ver é sonhar. E a luz do dia permanece inconfundível aos olhos, como são os impulsos nervosos que disparam o movimento no corpo.“Talvez toda existência é apenas essa superfície em que o mesmo e o outro se tocam e se convulsionam sem cessar.”

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Caixa de ossos escultura 80 x 80 x 80 cm 2010 28


AFONSO LANNA

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Afonso Lanna nasceu em Rio Casca, MG, em 1944. Estudou artes plásticas na Escuela de Bellas Artes em Santiago de Chile (1971-1973) e formou-se pela Hochschule Für Bildende Kunst, em Dresden, Alemanha. Desde 1982 é professor no Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal de Uberlândia, com mestrado em literatura pela UFU. Principais exposições individuais:As Quatro peles, 2009, Galeria Ido Finotti, Uberlândia; Casulo, 1998, Galeria Ido Finotti, Metamorfose, 1991, Galeria de Arte da UFU; Der Bedrohte Mensch, 1982, Galerie Neue Zeit,Alemanha. Principais exposições coletivas: 1° Salão de Artes de Uberlândia, 2005; Panorama da Produção Plástico/Visual do Triângulo Mineiro, 1998, Uberlândia; Acervo e Fragmento, 1996, Câmara Municipal, Uberlândia; Coletiva de Artes Plásticas, 1993, Museu Ferroviário, São João Del Rey; Onze dias de Arte Mineira, 1985, Casa da Cultura, Uberlândia; Exposição dos Artistas do Depto. de Artes, 1985, Galeria de Arte da UFU; Lateinamerikanische Künstler, 1981, Museu de Freiberg, Alemanha; Ausstellung der Jugend Künstler, 1981, Museu Zwinger,Alemanha.

O artista Afonso Lanna desenvolve há alguns anos um trabalho plástico no mínimo original, no qual utiliza como matéria prima a terra, misturada com folhas, raízes e, principalmente ossos de animais, tinta acrílica, entre outros ingredientes pouco convencionais. Essa alquimia plástica resulta em surpreendentes visuais que misturam matérias orgânicas com inorgânicas, buscando assim uma poética associada a todo fenômeno de transformação decorrente do processo de vida e morte, que ocorre na superfície da terra. As composições lembram os vestígios fósseis ou, em outras palavras, são resíduos da memória que insistem em permanecer através do tempo. A terra encrespada, a ruptura do solo, pegadas humanas, esqueletos de animais são componentes mágicos na busca de imagens capazes de sintetizar a reflexão sobre a efemeridade da vida. O trabalho atual, Caixa de ossos, exposto na Galeria do Muna, propõe uma libertação do plano pictórico para assumir integralmente o espaço tridimensional. Trata-se de um cubo construído com ossos de carcaças de animais encontrados e coletados no meio rural.A solução formal do trabalho aponta para a dicotomia entre a racionalidade inerente ao sólido geométrico e a dramaticidade decorrente do material utilizado. Por outro lado, o cubo remete também a um sarcófago enquanto os ossos pressupõem os elementos constituintes de uma estrutura na construção de um espaço de tensão dialética entre a vida e a morte.

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da fratura desenho e vĂ­deo 3,86 m x 5 m 2010 30


CAROLINA MELO

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Artista Plástica e professora Assistente da Universidade Federal de Uberlândia. Possui graduação em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Uberlândia e mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Participou de exposições coletivas, salões e mostras individuais. Desenvolve pesquisa sobre o processo de mudança da imagem – a efemeridade e o processo de perda no qual as coisas existem e desaparecem.

Notas sobre o entre (onde as coisas não sabem o que são) da fratura é um trabalho na busca ou no encontro da matéria ou para fora dela. O instigante foi o percurso no âmbito da mesma e sua relação com o espectador. O que queria dizer que toda a noção de limite era relativo à outra coisa, que era não somente ela mesma mas, pedaços do outro e dela, não podendo ser uma medida, mas algo como se tornar visível a cada encontro com outro algo que olhava e ao mesmo tempo estava sendo olhado. Filosofia das imagens.

Notas sobre as zonas de sombra 2 (da fratura) • Pensar nas coisas. O tempo está lindo. O azul escuro da água é a mais pura certeza. E em mais alguns minutos, eis o que surge; é azul, preto, denso, transparente, se estende até perder de vista. Do outro lado se vê. Dispomos ainda de algum tempo, ficaremos até o cair da noite. As coisas se deterioram. Talvez algum dia digam, mas e o texto? • Investigando a matéria. A noite cai, sem dúvida, quando o sol desaparece, a escuridão é o primeiro fato. Mas, se há uma coisa em que até ontem sabemos é o que o sol não se põe, mas na realidade é a terra que gira em torno de seu próprio eixo. Antes, porém, convém examinarmos a coisa mais de perto. Eis uma coisa que dava a pensar! Como é possível isso? Indagava-se aqui e ali. Que força era aquela? Como puderam deixar que isso acontecesse? Teria eu dormido demais? 31


Consumação_2 interface gráfica interativa dimensões variáveis 2010 32


DOUGLAS DE PAULA

NÓS

Douglas de Paula é artista e professor efetivo do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal de Uberlândia - UFU, é Mestre em Arte pela Universidade de Brasília – UnB - e Bacharel em Ciência da Computação pela UFU. Entre 2002 e 2010, destacam-se sua participação em coletivas artísticas de âmbito nacional e internacional, como a itinerante Brasil, Brasília e os Brasileiros (Palácio do Itamarati, Brasília, DF, Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG) duas edições do FILE - Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (Paço das Artes, Galeria de Arte do Sesi, São Paulo, SP), Cinético_digital (Instituto Itaú Cultural, São Paulo, SP), Instinto Computacional (Galeria Espaço Piloto, UnB, Brasília, DF) e a Mostra de Arte e Design do 8º Congresso Íbero-americano de Gráfica Digital (São Leopoldo, RS), na qual recebeu prêmio de melhor trabalho. Destacam-se também as exposições individuais I-Ludens (Galeria da UnB, Brasília, DF) e Baricentro Zero (Casa da Cultura de Uberlândia, MG).

O choque entre a experiência como designer de interfaces e programador e o conhecimento sobre a experiência duchampiana desafiou o artista a trabalhar poeticamente uma das mais pragmáticas entidades do universo empresarial: o software. Sua obra é marcada pela criação de interfaces gráficas interativas que convidam o espectador a simplesmente experimentá-las sem nenhum compromisso para além da fruição da forma pura, abstrata, concreta. Consumação_2 é a segunda interface do projeto Consumações ou Interfaces Predatórias, que prevê a criação de interfaces visuais traduzidas por programas disfuncionais ou promíscuos na utilização de recursos computacionais. Busca sugerir a noção de participação do espectador como dispêndio, insinuando a idéia de consumir como rastro irremediável e intrínseco do existir, gerar, afetar...

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Créditos João Agreli, Maria José Carvalho, Elsieni Coelho Fotos: Paulo Faria Paulo Faria, Cláudia França, Gastão Frota, Afonso Lanna, Paulo Lima Buenoz, Clarissa Borges Fotos: Clarissa Borges Luciana Arslan Fotos: Luciana Arslan Marcel Esperante Fotos: Marcel Esperante Carolina Melo Foto: Carolina Melo Douglas de Paula Foto: Douglas de Paula

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