Amazônia Maranhense

Page 101

Os marismas tropicais de água doce ocorrem em áreas onde a drenagem de água doce prevalece e são constituídas principalmente por espécies de Cyperaceae e Gramineae. Na costa maranhense, algumas espécies comuns são Eleocharis mutata, E. cariboea, E. interstincta, Cypreus sp, sendo também encontradas Sporobolus virginicus, Paspalum vaginatum e Fimbristylis sp. Os “apicuns” são áreas hipersalinas, desprovidas de vegetação vascular superior (SANTOS; ZIEMAN; ARAÚJO, 1996) que ocorrem tanto no mesolitoral superior quanto em áreas centrais no interior dos manguezais. A microtopografia é um fator importante para a elevação do terreno e o acúmulo de sais, recebendo apenas as águas da marés mais altas do ano e apresentando intensa evaporação. No Maranhão, os apicuns são extensos e estão relacionados à dinâmica dos manguezais. É comum verificar que muitos apicuns derivaram dos manguezais e que alguns novos manguezais estão recolonizando as áreas de apicum, dependendo das dinâmicas oceanográficas, hidrológicas e geomorfológicas locais. As várzeas de marés representam um outro ecossistema com elevada conectiviade com os manguezais amazônicos. Embora sejam caracterizadas por uma vegetação de água doce, são as marés que controlam os padrões de inundação e a extensão da área exposta. Algumas das espécies arbóreas nas várzeas de marés são Mauritia sp., Euterpe spp., Pterocarpus sp., Symphonia sp, Pachyra aquatica, Montrichardia arborescens, Macherium lunatum, Tabebuia sp. e Theobroma grandiflorum. A presença da salinidade pode influenciar a composição e distribuição das espécies, e possibilitar a co-ocorrência com espécies dos manguezais. No Maranhão, A. germinans pode ser encontrada a montante dos cursos d’água, a mais de 70 km distante da costa, ocorrendo entre as espécies de água doce, indicando a extensão da influência das marés pela cunha salina.

Flora dos manguezais maranhenses As espécies arbóreas nos manguezais maranhenses são o mangue vermelho, representado por Rhizophora mangle, Rhizophora racemosa e Rhizophora harrisonii; a siriba, Avicennia germinans e Avicennia schaueriana; e a tinteira, Laguncularia racemosa (MOCHEL, 1997). O mangue-de-botão, Conocarpus erectus, e a samambaia-do-mangue, Acrostichum aureum, encontram-se associados aos manguezais. A Tabela 1 mostra os ecossistemas costeiros com algumas das principais espécies vegetais que ocorrem em áreas de manguezal. As descrições para as espécies de Rhizophora, com chaves de identificação encontram-se em Santos (1986). A distribuição das espécies não é homogênea. Rhizophora mangle, Avicennia germinans e Laguncularia racemosa ocorrem mais amplamente na costa. Os estudos sobre zonação descrevem diferenças no estabelecimento das espécies sobre a linha de costa (DAMÁZIO, 1980a, 1980b; DAMÁZIO et al., 1986 FRÓIS-ABREU, 1939). Nas reentrâncias maranhenses, R. mangle e L. racemosa podem ser encontradas na faixa externa, diretamente expostas à ação das marés, enquanto que as duas espécies de Avicennia geralmente são encontradas na área mais interna do bosque (FRÓIS-ABREU, 1939; MOCHEL, 1999). Outra espécie, Rhizophora harrisonii, restringe-se a áreas de baixa salinidade, com destaque para as áreas internas do Delta do Rio Parnaíba, e no médio e alto cursos dos estuários dos rios Preguiças, Itapecuru, Turiaçu, entre outros. R. racemosa encontra-se também mais restrita, na transição entre águas oligo e mesohalinas (Figura 2). Nesses ambientes menos salinos há, por vezes, um estrato de A. aureum sob o bosque de manguezal. A distribuição de Conocarpus erectus na costa maranhense é descontínua, formando populações de


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.