MundoTRI Magazine - Abril 2011 - nº 8

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MundoTRI

Nº 8 - Abr. 2011

IRONMAN BRASIL evite erros na reta final ALIMENTAÇÃO Treine o que vai comer no Ironman OPINIÃO O polimento em provas de Ironman ENTREVISTA Keegan Williams no Ironman Brasil COMPETIÇÕES Long Distance Caiobá XTERRA Vale do Aço

ISSO É EXTREME SANTIAGO ASCENÇO E ARIANE MONTICELI VENCERAM O 1º DESAFIO 1000/100/10 DO BRASIL MundoTRI.com [abril 2011] 1


A DISTÂNCIA QUE APROXIMA. A Bicicleta, além de ser um meio de transporte não poluente, também é lazer e esporte. Porém nossas cidades ainda não estão preparadas com vias exclusivas e apropriadas para essa prática. Por isso vamos compartilhar as vias públicas respeitando a distância prevista em lei de um metro e meio ao passar por um ou mais ciclistas. Com bom senso e respeito, todos saem ganhando.

Art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro - Lei 9503/97 Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta: Infração - média; Penalidade - multa.

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Long Distance Caiobรก Amadores no rรกpido pedal da prova no litoral paranaense. Foto: Eduardo Rosa

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Editorial A oferta de boas provas de Triathlon está aumentando. Em um período de pouco mais de dois meses temos o novo GP Extreme, o Triathlon Long Distance, SESC Triathlon, XTERRA Vale do Aço, o Ironman Brasil e outras provas regionais. O que está faltando nessa lista? Uma grande prova de Triathlon Olímpico sem vácuo. Com o cancelamento da 2ª etapa do Troféu Brasil, vamos ter que esperar até agosto para ter essa oportunidade. Acredito que haja espaço para mais um circuito olímpico sem vácuo no Brasil, de preferência que abranja outros estados além do eixo sul-sudeste. Por falar em provas em outros estados, a CBTri (Confederação Brasileira de Triathlon) promoveu a 1ª Etapa da Copa Brasil de Triathlon Sprint (750/20/5) em Cuiabá/MT. Isso foi uma ação importante para promover o Triathlon em estados com poucos triatletas. No outro extremo da régua, o Ironman Brasil terá um recorde de competidores este ano: nada menos que 2.000 atletas estão inscritos na maior competição do Triathlon latino-americano. Claro que o número final será menor, pois alguns, como eu, tiveram que desistir da prova. Mas o grande desafio que se coloca para a organização é como controlar o vácuo e tornar a largada segura com tantos atletas. Talvez a largada por ondas (com cada categoria largando em um espaço de tempo) fosse uma opção interessante, mas que não será testada este ano. Enquanto você torce para a organização fazer a sua parte e faz a sua nos treinos, é importante ajustar os detalhes finais de sua preparação. Nesta edição, trazemos dicas preciosas para que você não estrague seus meses de treinamento com algum pequeno detalhe. Vamos ter uma grande surpresa do MundoTRI em Floripa este ano, em breve vamos anunciar em nosso portal.

PUBLISHER Wagner Araújo wagner@mundotri.com.br

COLABORADORES Alexandre Giglioli Amanda Guadalupe Ana Lídia Borba Camila Nassif Felipe “PIPO” Campagnolla Julia Couto Lucas Helal Priscilla Rocha Roberto Lemos Vinícius Santana Wagner Araújo Yana Glaser REVISÃO Rita Oliveira FOTOS Bruno Lima - fotocom.net Delly Carr - triathlon.org Eduardo Rosa Timothy Carlson Wagner Araújo

COMERCIAL midia@mundotri.com.br

ATENDIMENTO AO LEITOR faleconosco@mundotri.com.br

Vejo todos vocês no Ironman Brasil 2011. Wagner Araújo - Triatleta, fundador e publisher do MundoTRI

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28 84 Belas e Feras: Vânia Costa ”Não vou dizer que é fácil, mas sabe como é mulher, pensa e faz

mil coisas ao mesmo tempo.”

destaques do mês

abril 2011

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NUTRIÇÃO Logística de alimentação para o Ironman

GP EXTREME A prova que agitou o interior paulista

ENTREVISTA: KEEGAN WILLIAMS O neozelandês que irá correr o Ironman Brasil 2011

19 BIKE TECH

Qual o tamanho ideal para seu pedi-

55 60

vela?

IRONMAN BRASIL Evite erros desnecessários na reta final

OPINIÃO Como abordar o polimento para o Ironman Brasil

7 REVIEW

Mochila Mynd Transition

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ÍNDICE

Edição Digital nº 8. Ano 2. Abril de 2011

CAPA: Ariane Monticeli pedalando no GP Extreme. Foto: Wagner Araújo

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Review

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Nutrição

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Saúde da Mulher Atleta

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Mochila Mynd Transition Bag

Logística de alimentação para o Ironman

A vida após o esporte

Bike Tech

47

Long Distance Caiobá

55

Ironman Brasil

67

Opinião

68

Brazil Sports Show

71

WCS Sydney

75

Ironman South Africa

77

70.3 Texas

8

Evite erros na reta final

Erramos: Na página 22, da edição de março, dissemos “Lond Distance”, quando o certo seria “Long Distance”

O polimento para o Ironman

A maior feira do esporte brasileiro vem aí

Qual o tamanho ideal para seu pedivela

GP Extreme

Gomez e Findlay venceram na Austrália

Tudo sobre a prova em São Carlos

Entrevista

Cartas para a redação: faleconosco@ mundotri.com.br

Chris Wellington bate o recorde novamente

Keegan Williams no Ironman Brasil

Luiz Renato Topan vence na 45-49

Ciência do Triathlon Carboidratos a la mineira - parte 1

80 43

Confira o que rolou na tradicional prova paranaense

Ciência do Triathlon VO2X: qual a importância para o sucesso no Triathlon?

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XTERRA Vale do Aço Começou a temporada 2011 do Triathlon off-road

Belas e Feras A paraense Vânia Costa

Os artigos dos colunistas são de responsabilidade dos mesmos e não refletem necessariamente a opinião da MundoTRI. Proibida a reprodução de qualquer conteúdo sem autorização. Muitas das atividades citadas e mostradas na Revista envolvem riscos. Não tente realizá-las se não estiver capacitado e com o equipamento correto.


REVIEW Mochila Mynd Transition Bag Por Wagner Araújo

Tudo que você precisa em um só lugar

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REVIEW Para os triatletas que estão se preparando para o Ironman Brasil 2011, que acontece dia 29 de maio em Florianópolis, a Mynd Sportswear lançou a mochila Mynd Transition Bag. Desenvolvida para oferecer praticidade e acesso fácil e organizado aos equipamentos. A mochila contém diversos compartimentos internos que mantêm os produtos organizados, uma extensão confeccionada em tela mesh, ideal para colocar roupas molhadas e sujas e suportes internos para squeezes. Esse espaço também é interessante para colocação de tênis, chinelos e outros calçados, sem sujar as roupas dentro da mochila. Tenho utilizado esta mochila por pouco mais de um mês em treinos, competições e viagens, e ela se mostrou muito versátil. Ela pode ser uma grande bag, onde você simplesmente joga tudo lá dentro, mas pode também organizar todo o seu material de transição. Por falar em transição, uma das funcionalidades mais interessantes é a transformação da mochila em um tapete, seja para colocar seu material ou para enxugar os pés rapidamente. O elástico externo, as costuras reforçadas e o suporte acolchoado, na lombar, ajudam a garantir a segurança do atleta e de seus pertences. Pode-se prender um capacete nesse elástico, sem maiores problemas. Para versões futuras, seria interessante a marca considerar um espaço específico para isso. Fiz duas viagens com a mochila, uma carregando-a como bagagem de mão e outra despachando-a. Nos dois casos, tudo tranquilo, nenhum problema com espaço (ela entra tranquilamente no compartimento de bagagens interno do avião) e nem com zípers estregados (problema comum quando se despacha mochilas).

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A Mynd surgiu com o intuito unir a tecnologia, qualidade e funcionalidade dos artigos esportivos internacionais à facilidade de compras e preços dos brasileiros. Esse produto mostra, sem dúvida, que o fabricante está no caminho certo, pois trata-se da mesma qualidade encontrada nos produtos importados. MT Preço sugerido: R$ 250,00 SAC: (11) 4193-1756


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Ç NUTRICÃO Logística de Alimentação para o Ironman

Foto: Wagner Araújo

POR YANA GLASER

Todos sabem que a alimentação durante o Iron é essencial e que pode decidir o resultado final. Podemos até dizer que o Ironman consiste em Natação, Ciclismo, Corrida e Nutrição. O importante é organizar-se com antecedência e programar toda a logística de alimentação para a prova. O maior erro é não treinar o que vai acontecer durante a prova. A logística alimentar deve ser algo muito pessoal para prorrogar a fadiga, evitar hipoglicemia, hiponatremia, desidratação, mal estar, desconfortos gastrointestinais e outros sintomas que possam prejudicar

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a performance e o resultado final da prova. Se você fizer um plano alimentar certo, com certeza terá energia para os 226 km de prova. Não existem regras e muito menos uma receita de alimentação ideal. A chave para o sucesso durante a prova é ouvir seu corpo. O que funciona para uma pessoa não necessariamente funciona para você. O melhor plano é aquele flexível, que seja possível mudar durante a prova (treine alternativas alimentares e escolha a que melhor se adapte ao seu organismo). Tonturas, arrepios, náuseas, cólicas, câimbras, são sinais que alguma coisa está errada. Reagindo imediatamente a esses sintomas, sua prova pode ser


salva.

CAFÉ DA MANHÃ DO DIA DA PROVA

Seguem aqui algumas dicas básicas para o sucesso de uma alimentação durante um Ironman.

Essa refeição deve acontecer de 2 a 3 horas antes da prova. Muitas pessoas, em virtude do nervosismo da prova ou por falta de hábito, não realizam essa refeição adequadamente. A dica é testá-la semanas antes da prova para que o seu corpo se adapte. O ideal é que essa refeição contenha aproximadamente 1000 calorias.

DICAS DE ALIMENTACÃO NOS DIAS QUE ANTECEDEM A PROVA

FRACIONAR AS REFEIÇÕES: Coma durante o dia a cada duas ou no máximo três horas e não coma volumes maiores aos que já está acostumado. EXEMPLOS DE LANCHES: Frutas frescas e ou secas, iogurtes, cereais, sucos, barras energéticas, bolachas ou biscoitos salgados (excluir os recheados ou com alta concentração de açúcar) EVITAR: Tudo o que tiver gordura em excesso poderá limitar sua capacidade de esforço no dia da prova. Frituras, molho branco com queijo ou creme de leite, empanados, folhados, alimentos à milanesa e queijo amarelo. PRIORIZAR OS CARBOIDRATOS: A energia principal utilizada no Iroman é o carboidrato, por isso devemos acumular o máximo possível. Isso não significa que você precise comer um volume muito grande, mas sim dar preferência para esse grupo de alimentos. EVITAR ALIMENTOS QUE NÃO SEJAM HABITUAIS: Para evitar desconfortos, prefira os alimentos preparados de forma mais simples, sem molhos e sem cremes, como os grelhados ou assados. NÃO SE ESQUECER DE HIDRATAR-SE: Água, sucos, chás etc. Tenha sempre por perto uma garrafinha de água ou isotônico. O importante é manter-se sempre muito bem hidratado. IMPORTANTE: Aumente a ingestão de sal a partir de 48 horas antes da prova e diminua a ingestão de fibras a partir de 36 horas antes da prova.

Evite alimentos de difícil digestão como cereais fibrosos, pão integral, produtos de leite integrais, frios gordurosos (salame, mortadela, etc) e queijos amarelos. As frutas devem ser sem casca, semente ou bagaço. Não ingerir nenhum alimento estranho, que não esteja acostumado. Uma opção é fazer um “shake” hipercalórico que por ser líquido fará com que o esvaziamento gástrico ocorra mais rápido. (Exemplo: banana, leite de soja, mel e carboidrato em gel) DURANTE A PROVA NATAÇÃO De 15 a 20 minutos antes da largada, tome água com gel de carboidrato (NÃO TOME gel que você não esteja acostumado. É muito importante treinar com o gel que você vai utilizar durante a prova). Você estará com seus estoques cheios devido ao café da manhã e a refeição pré prova então não existe necessidade de alimentar-se. Para quem não estiver muito preocupado com tempo ou se estiver com sede, será uma boa idéia tomar um copo de água na metade do percurso (no posto de hidratação). Para os atletas que forem fazer o percurso de natação em torno de uma hora e meia ou mais, deve-se tomar um gel de carboidrato com água na metade do percurso.

CICLISMO O atleta deve consumir água assim que pegar a bike, devido a osmolaridade (redução de H2O nos tecidos causando aumento da pressão osmótica sanguínea

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DICA: NÃO DEIXE PARA PENSAR NESSA LOGÍSTICA UM DIA ANTES DA PROVA! PROGRAME-SE E PENSE NISSO TUDO COM ANTECEDÊNCIA!!

e consequentemente a desidratação desses tecidos) causada pela água do mar que os atletas acabam engolindo. Sua meta deve ser NO MÍNIMO 500 ml de líquidos por hora de prova. Estudos mostram que o ideal é consumir entre 750ml a 1000ml de água, mas isso depende muito do organismo de cada atleta. Um dia antes, programe-se e escolha os postos de hidratação que irá pegar caramanholas com bebida esportiva e os que irá pegar água.

ESSE É O MOMENTO MAIS IMPORTANTE DA PROVA PARA MANTER SEUS ESTOQUES CHEIOS. VOCÊ TEM QUE ATINGIR DE 50 A 60g DE CARBOIDRATOS POR HORA DE PEDAL. APROXIMADAMENTE ENTRE 300 E 400 KCAL POR HORA Lembre-se que durante a corrida é mais difícil ingerir e mastigar alimentos, portanto durante o ciclismo prefira alimentos sólidos deixando os géis de carboidrato para a etapa da corrida. O ideal é manter o que vem sendo feito nos treinos. No início da prova o corpo aceita melhor os sanduíches,

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batatas e biscoitos simples. A maneira mais fácil de atingir as quantidades de carboidratos é usar a bebida esportiva associada a um alimento sólido durante todo o percurso. Mas NÃO SE ESQUEÇA DA ÁGUA! QUANTO MAIS ALIMENTOS INGERIR, MAIS ÁGUA VAI PRECISAR! Não se esqueça do sódio para evitar desidratação. Fique atento aos rótulos dos produtos (dê preferência aos que têm maior teor de sódio) e consuma também alimentos salgados. Você pode levar sal puro (aquelas saches individuais) e consumir com água ou usar cápsulas de sal. Mas preste atenção ao que está sendo consumido, pois a soma dos isotônicos + sal + alimentos salgados , devem ficar na faixa ideal que é de 500mg à 800mg de sódio por litro de água. Quanto aos alimentos com alto teor de proteínas (como barra energéticas) é melhor ingerir após 4 horas de prova para que haja uma absorção mais rápida, com melhor aproveitamento e auxiliem também na captação de glicose para o músculo. O Ironman é uma prova em que você não deve priorizar as proteínas, mas sim os carboidratos. O ideal é consumir em uma proporção 4/1 (4g de carboidrato para 1 grama de proteína), tendo assim uma absorção mais rápida e um aproveitamento maior para o fornecimento de glicose sem deixar de preservar o glicogênio muscular.

CORRIDA:


Aproveite todas as águas e bebidas esportivas do percurso.

Tenha como meta entre 560 à 900 ml de água por hora e de 40 à 60g de carboidrato por hora.

Uma dica prática são aquelas mini garrafinhas para colocar gel de carboidrato. Ali dentro você consegue colocar até três géis e ainda colocar um pouco de água. A vantagem é que você não precisa tomar o sachê inteiro de uma vez, pode tomar aos pouquinhos ao longo da hora. Ficando assim, mais fácil o seu organismos absorver e evitar algum possível mal estar. SÓ NÃO SE ESQUEÇA DE TOMAR.

Numa situação de sede extrema, prefira a água e depois outro tipo de bebidas com alguma mistura. Preste atenção na perda de sódio pela sua roupa. Se estiver muito esbranquiçada ingira sal.

Muitos atletas colocam o relógio para despertar a cada 40 minutos. Uma boa idéia, visto que durante a prova tudo acontece tão rápido e que às vezes alguns atletas acabam esquecendo de alimentar-se.MT

O gel deve ser SEMPRE ingerido com água para evitar enjôos, náuseas e mal estar.

Se durante a corrida sentir sinais de tontura, ânsia de vômito e fraqueza generalizada é sinal que se desidratou e/ou está com a taxa de açúcar muito baixa: hipoglicemia. Neste caso, bebidas com alta concentração de açúcar, como os refrigerantes, poderão conduzir esse açúcar no sangue mais rapidamente.

Alimento

Carboidrato (g)

Sport Drink ®(2 medidas) Glicodry ®(2 medidas) Endurox R4® (2 medidas) Maltodextrina (4 colheres de sopa) Accelerade ®(2 medidas) Batata pequena

64 54 52 48 42 36

Banana seca (2 unidades) 5 biscoitos de água e gergelim Banana seca (2 unidades) GU ® gel 2 fatias de pão de forma (de leite) Hammer® gel Gligogel ®(Nutrilatina) Nutry banana diet® Exceed ® Carb up® VO2 ®gel Nature Valley ®frutas vermelhas Club Social® 5 bolachas Maizena® 5 biscoitos cream cracker Goiabinha da Bauduco® 1 colher de sopa de geleia 1 colher de sopa de mel Bisnaguinha Banana prata média

32 30 32 25 24,5 23 22 21 20 20 19 18,4 17g 16,8 16,8 16 13,55 11,7 11,5 9,12

Yana Glaser é Nutricionista e triatleta há 10 anos.

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Circuito Nacional

Foi dada a largada

o i a m e d 2 2 asília, dia

r B a p a t e a Próxim de 19 de abril a 16 de maio pelo site www.sescdf.com.br Inscrições abertas

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www.sesc.com.br MundoTRI.com [abril 2011]

foto Erik Isakson - Getty Images

para mais uma etapa do SESC Triathlon Circuito Nacional. Desta vez, atletas amadores e profissionais vão testar seus limites, na capital federal. Anote na sua agenda.


Saúde da Mulher Atleta A vida após o esporte

A

Foto: Horia Varian

prática de atividades físicas e de esportes em geral sempre foi contemplada pelos humanos de ambos os sexos. Mas houve um período em que as mulheres foram praticamente afastadas dos esportes com alegação de que elas não teriam condições físicas e fisiológicas para tal, além de deixá-las com o corpo masculinizado. Com isso, eram poucas e raras as aparições das mulheres nas competições ou nos ambientes da prática de atividades físicas, o que perdurou até o fim do século XIX e início do século XX. Algumas mulheres foram fundamentais para a inclusão feminina nas competições esportivas e, em especial, nas olimpíadas. Uma das figuras mais importantes para esse processo foi à francesa Alice Melliat, que através da Federação Esportiva Feminina Internacional, reivindicou junto ao Comitê Olímpico Internacional, principalmente, a entrada efetiva das mulheres nas competições de atletismo e de outras modalidades nos Jogos Olímpicos. No Brasil, o processo de exclusão das mulheres

seguiu o mesmo padrão internacional, inclusive com os mesmos discursos e teve em Maria Lenk um ícone na representação feminina nos esporte e nas atividades físicas. A participação das mulheres no esporte adquiriram importância crescente nas últimas décadas. O número de mulheres atletas e praticantes de atividade física têm aumentado consideravelmente, e há trabalhos que indicam um crescimento de 600% na participação feminina em esportes, perfazendo um total de mais de 1,9 milhão de mulheres ativas fisicamente. Apesar da idéia de saúde vinculada aos esportes, a prática intensiva e precoce de atividade física pela menina adoles-

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cente e mulher jovem pode trazer conseqüências graves à saúde das mesmas. Desordem alimentares, amenorréia (ciclos menstruais diminuídos ou ausentes) e osteoporose (redução de massa óssea corpórea) formam o que denominamos Tríade da Mulher Atleta. Este termo foi oficializado em 1992, quando o Colégio Americano de Medicina Esportiva reuniu diversos especialistas da área e publicou o resultado daquela conferência. Ainda pouco esclarecida, a desordem alimentar encontrada nesta síndrome se refere a um espectro de padrões alterados de alimentação, desde uma simples restrição calórica até formas graves de anorexia nervosa e bulimia. A população de atletas mais propensa a desenvolvê-la inclui o grupo das bailarinas e das corredoras de longa distância, geralmente obcecadas por magreza e muito cobradas por parte de treinadores, patrocinadores e mídia especializada. Segundo alguns autores, aproximadamente 25% das mulheres anoréxicas são atletas de elite. No passado, a disfunção menstrual observada em atletas de alta performance era associada ao alto nível de atividade física. Durante muito tempo isto não despertou o interesse dos pesquisadores, pois achavam que com a diminuição da intensidade dos treinamentos, a ciclicidade menstrual voltaria ao normal sem prejudicar a saúde da atleta. Porém, alguns autores observaram que a densidade mineral óssea em atletas amenorréicas era significativamente menor quando comparada a atletas com ciclos menstruais regulares. Após estes estudos, o conceito de fenômeno benigno da amenorréia em atletas de ponta foi revisto, e esta condição passou a ser encarada como uma causa prematura e importante de perda óssea. A amenorréia da mulher atleta é consensualmente reconhecida na literatura científica atual como um fenômeno de causa hormonal. A secreção pulsátil do hormônio hipotalâmico (secretado pelo hipotálamo, glândula presente em nosso cérebro que regula diversas funções hormonais), que promove a liberação dos hormônios estimuladores dos ovários, está alterada, o que resulta na produção diminuída dos esteróides ovarianos estrógeno e progesterona, hormônios responsáveis pela regulação e modulação dos ciclos menstruais femininos.

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A redução na secreção de estrógeno ocasionada pela amenorréia hipotalâmica desta síndrome é responsável pelo desenvolvimento de osteoporose prematura com consequências a curto e longo prazos. Em curto prazo, estas atletas têm apresentado um alto índice de lesões, em decorrência tanto do comprometimento estrutural da microarquitetura do osso como da redução de massa óssea corporal, particularmente fraturas de estresse. Em longo prazo, aquelas que se tornam portadoras de osteoporose desenvolvem um risco aumentado de fraturas com conseqüências potencialmente graves, embora ainda jovens. O principal objetivo no tratamento de atletas portadoras de alterações alimentares e amenorréia é restaurar seu equilíbrio hormonal. A atividade física deve ser prontamente reduzida em 10 a 20% do volume/intensidade/freqüência prévios, e o ganho de peso deve ser adquirido com dietas que ofereçam acima de 2.500 calorias, medidas que geralmente resultam no retorno espontâneo de menstruação. Nos casos em que isso não ocorre, a reposição hormonal passa a ser preconizada para evitar a perda óssea precoce. Essa reposição se dá através de reposição estrogênica da mesma forma que é realizada em mulheres menopausadas, ou quando necessário, da administração de anticoncepcionais orais com altas taxas de estrógeno para aumentar de forma significativa a massa óssea destas atletas. A suplementação com cálcio deve ser feita em todas as portadoras da Tríade da Mulher Atleta, utilizando 1.500 mg diários divididos em duas doses. Além disso é essencial reduzir a pressão sobre as atletas e implantar, desde o início dos treinos, um acompanhamento e suporte psicológico adequado para prevenir e tratar as alterações da imagem corporal. MT

Priscilla Dutra, acadêmica do 12º periodo de Medicina e triatleta.


BIKE TECH

Qual o tamanho ideal para seu pedivela? Felipe Campagnolla

Ainda existem muitas dúvidas sobre o tamanho do pedivela que cada um deve usar, mas vamos ajudá-los a identificar qual a melhor opção. Para uma escolha correta é preciso conhecer um pouco sobre marcas e modelos existentes. Dependendo do modelo em questão, a melhor opção pode ser inviabilizada pela indisponibilidade do produto. Os tamanhos mais encontrados no mercado são 170, 172,5 e 175mm, porém existem modelos que variam de 165 a 180mm com variação de 2,5mm, sendo assim, existem tamanhos e varrições suficientes para atender qualquer ciclista. Cada modalidade requer uma atenção especial na escolha do pedivela, e é muito importante lembrar que MTB, ciclismo e triathlon possuem mecânicas de pedaladas distintas, podendo haver variação do

tamanho do pedivela de acordo com a modalidade mesmo sendo praticada pelo mesmo ciclista. No MTB a escolha é um pouco mais fácil, pois a modalidade exige maior torque no pedal e isso é possível com um pedivela maior. O tamanho 175mm vai atender grande parte desse público, pois o tempo efetivamente pedalado é o menor dentre as modalidades em questão e existe uma grande variação de cadência de acordo com o terreno ou trecho da pista a ser percorrido. O fator aerodinâmico pouco influi no desempenho, sendo a técnica de pedalada muito importante para melhoria dos resultados. O trabalho de força realizado na própria bicicleta também é benéfico, principalmente em trechos de subida acentuada ou de explosão.

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Dentre as três modalidades, o ciclismo de estrada é a mais delicada para determinar a escolha correta do pedivela. Sua mecânica de pedalada pode variar diante de diferentes situações, podendo exigir torque e força em determinados trechos de serra ou uma cadência elevada e distribuição uniforme de força no ciclo de pedalada em trechos de planície ou em uma tentativa de fuga. Sendo assim, é necessário ter conhecimento sobre suas características de pedalada, pois serão importantes na escolha adequada de seu pedivela. Outro fator relevante é a grande variação de cassetes disponíveis no mercado, podendo influenciar nas suas características habituais. Lembre-se que o pedivela deverá lhe atender em todas as situações, não podendo ser analisado somente um item para determinar sua escolha. O Triathlon vive uma mudança recente de conceitos, onde os pedivelas utilizados nas bicicletas atuais são um pouco menores e essa mudança faz sentido, principalmente em provas de longa distância. Nesse caso, o tempo pedalado é grande e pequenos detalhes podem lhe render alguns segundos ou até minutos. Uma pedalada estável e constante é o que se busca no triathlon, não existe necessidade de grande geração de torque, mas sim

uma aplicação uniforme de força durante o ciclo de pedalada, preservando seus músculos para a etapa de corrida. Um pedivela menor facilita a manutenção da cadência, retomadas de velocidade e permite a utilização de um selim um pouco mais alto, gerando um pequeno ganho aerodinâmico sem modificar a mecânica de pedalada. Uma pedalada estável é muito importante, assim como a escolha do cassete a ser utilizado para permitir que a estabilidade se mantenha. Para auxiliar na sua escolha, é importante também uma análise prévia do trecho de ciclismo. O auxilio de um bike fit e de um profissional que identifique suas características de pedalada e lhe auxilie na escolha correta do pedivela é de extrema importância para melhoria de seus resultados. MT Felipe “PIPO” Campagnolla é Diretor da Vélotech e habilitado Retul bike fit

“O Triathlon vive uma mudança recente de conceitos, onde os pedivelas utilizados nas bicicletas atuais são um pouco menores e essa mudança faz sentido, principalmente em provas de longa distancia onde o tempo pedalado é grande e pequenos detalhes podem lhe render alguns segundos ou até minutos.”

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CAPA

ISSO É EXTREME GP Triathlon aterrisou em São Paulo com um formato único no Brasil: 1000m/100km/10km Fotos por Wagner Araújo

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São Carlos/SP recebeu no dia 03 de abril a primeira edição do GP Extreme, no formato inédito no Brasil de 1000m de natação, 100km de ciclismo em um percurso desafiador e 10km de corrida. Outra característica exclusiva da prova é o formato contra-relógio para a elite, com um atleta largando a cada um minuto. Os vencedores foram Santiago Ascenço e Ariane Monticeli. Santiago fez o melhor pedal da prova, superando até mesmo Oscar Galindez, e garantiu sua vitória na corrida. Já Ariane se manteve à fren-te durante toda a disputa, confirmando que está no rumo certo ao Ironman Brasil 2011. A decisão ocorreu mesmo no ciclismo, que representava a maior porção da prova. A segunda colocação, entre os homens, ficou com o argentino radicado em Santos, Oscar Galindez, seguido de Adriano Sacchetto, Ivan Albano e Chicão Ferreira. No feminino, Sandra Soldan conquistou o segundo melhor tempo,

Ariane combinou o melhor pedal com a 2ª melhor corrida para chegar à vitória

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seguida de Sílvia Fusco, Ana Lídia Borba e Carol Furriela. A prova mostrou ainda que o parque Eco-Esportivo Damha é um local excelente para disputas de Triathlon, com todas as condições para um grande evento, condições as quais a organização soube aproveitar. O duro percurso do ciclismo reduziu o problema de vácuo e deixou tudo mais justo. Assim como as provas do GP disputadas em Balneário Camboriú, a organização da SB5 eventos foi impecável. Uma boa notícia, dada logo após a prova, é que a edição de 2012 já está confirmada. Mais de 300 amadores também fizeram a festa em São Carlos, alguns deles em preparação para o Ironman Brasil 2011. Os primeiros colocados foram Sebastian Castellano e Ana Oliva. O primeiro amador a cruzar a linha foi Ciro Violin, mas o atleta foi penalizado por trocar a roda no ciclismo.


Com um pedal arrasador, Santiago Ascenรงo foi o primeiro campeรฃo do GP Extreme.

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GP Damha Triathlon No sábado, véspera do GP Extreme, foi disputado o GP Damha Triathlon, no fomato de 750m de natação, 20km de ciclismo e 5km de corrida. A prova aconteceu no mesmo local, com a elite também largando em formato de contra-relógio. Adriano Sacchetto foi o vencedor no masculino e Carol Furriela a vencedora no feminino. Santiago Ascenço terminou na 2ª colocação, com Chicão em 3º, Marcos Ornellas em 4º e jovem Edvânio Pereira completando o pódio. No feminino, o pódio foi completado com Carol Galvão (2ª), Luísa Duarte (3ª), Piscilla Rocha (4ª) e Bia Neres (5ª). MT Carol Furriela (abaixo) e Adriano Saccheto (ao lado) vencedores do GP Damha

Com uma grande corrida, Carol faturou o GP Damha

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Adriano Saccheto conquistou a vitória no GP Damha


Equipe do SESI São Paulo

Chicão fez mais uma grande prova

O lendário Marcus Ornellas no pedal

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Ivan Albano com “sangue nos olhos”

Luís Otávio Duarte, o LODD, melhor pedal amador

Daniela Cicarelli participou do GP Extreme

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Sebastian Castellano foi o 1ยบ amador

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Ana LĂ­dia Borba, muito feliz com o resultado

Ana Oliva venceu entre as amadoras

Galindez fez o 2Âş melhor pedal

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Sílvia Fusco, com uma bike emprestada, ficou em 3º

Alegria e descontração marcaram a prova

Novo uniforme da equipe MundoTRI

Famílias reunidas

Sandra Soldan terminou na 2ª posição MundoTRI.com [abril 2011]

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Thiago Vinhal no pedal >

Resultados - GP Extreme 03 de abril de 2011 - São Carlos / SP 1 km de natação / 100km de ciclismo / 10km corrida

Pos.

Nome Feminino

Natação

Ciclismo

Corrida

Total

1

Ariane Monticeli

0:15:17

2:49:55

0:37:42

3:42:54

2

Sandra Soldan

0:13:43

2:55:14

0:41:57

3:50:54

3

Silvia Helena Fusco

0:15:47

2:55:05

0:42:20

3:53:12

4

Ana Lídia Borba

0:14:48

2:55:55

0:42:36

3:53:19

5

Carolina Furriela

0:14:08

3:04:38

0:37:36

3:56:22

6

Carolina Galvao

0:13:11

3:01:16

0:42:05

3:56:32

7

Bruna Saglietti Mahn

0:15:11

3:00:59

0:44:00

4:00:10

8

Alessandra Carvalho

0:15:34

3:07:06

0:43:01

4:05:41

9

Aliane Cruz

0:15:42

3:20:19

0:48:30

4:24:31

Masculino

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1

Santiago Ascenço

0:13:45

2:21:51

0:32:18

3:07:54

2

Oscar Galindez

0:14:01

2:23:27

0:33:28

3:10:56

3

Adriano Sacchetto

0:12:35

2:27:17

0:33:59

3:13:51

4

Ivan Albano

0:14:12

2:27:17

0:36:01

3:17:30

5

Chicão Ferreira

0:12:33

2:32:15

0:33:13

3:18:01

6

Marcus Ornellas

0:12:53

2:29:16

0:36:18

3:18:27

7

Felipe Manente

0:14:41

2:32:11

0:36:08

3:23:00

8

Antonio Manssur

0:13:41

2:41:33

0:34:45

3:29:59

9

Thiago Vinhal

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0:30:38

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Foto: Teaukura Moetaua

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ENTREVISTA

Kee


egan Williams O neozelandĂŞs que vai botar fogo na disputa do Ironman Brasil 2011 Por Wagner AraĂşjo

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Keegan Williams: Eu fiz meu primeiro Triathlon quando estava no colegial e também fazia algumas provas de ciclismo. Minha paixão, no entanto, era o futebol, e eu realmente queria ser um jogador profissional quando adulto. Eu cresci fora do mundo do futebol e quando fui para a Universidade, fiquei mais interessado no Triathlon. Nesse período eu tive várias lesões que me atrapalharam muito. Depois da Faculdade, enquanto trabalhava na Inglaterra, basicamente só surfava e viajava. Quando voltei à Nova Zelândia em 2006, comecei a correr de novo, dessa vez sem lesões. Assim, decidi competir em meu primeiro Ironman, na Nova Zelândia, em 2007: fui o melhor amador e o 10º lugar geral. MundoTRI: Você já correu alguma prova com vácuo da International Triathlon Union (ITU)? Por quê? Keegan Williams: Não, eu nunca corri provas com vácuo da ITU, pois quanto maior a prova melhor para mim. Uma prova da ITU é, definitivamente, muito pequena! MundoTRI: Como você vê o Triathlon hoje em dia na Nova Zelândia? E no Mundo?

“A marca Ironman tem crescido muito como sinônimo de Triathlon, trazendo mais amadores para o esporte. Eu acho que o Ironman ainda pode fazer muito mais para atrair a atenção mundial para nosso esporte.” 34

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Keegan Williams: A Nova Zelândia tem alguns grandes triatletas em todas as distâncias, como Bevan Docherty, Cameron Brown, Andrea Hewitt, Terrenzo… Isso torna o Triathlon bem competitivo no país, o que é muito bom para todos. À medida que os novos talentos têm alguns grandes ídolos para se espelharem, eles percebem o que é necessário para chegar ao topo. MundoTRI: Em sua opinião, qual a contribuição das provas de Ironman para o crescimento do Triathlon no mundo? Keegan Williams: A marca Ironman tem crescido muito como sinônimo de Triathlon, trazendo mais amadores para o esporte. Eu acho que o Ironman ainda pode fazer muito mais para atrair a atenção mundial para nosso esporte. MundoTRI: E a ITU? Keegan Williams: A ITU tem fornecido uma ótima estrutura para que os atletas possam competir em altíssimo nível por diversas provas durante a temporada em todo mundo, tornando bastante elevado o nível dos atletas em relação ao que tínhamos há 15 anos. Isso faz com que as provas da ITU se tornem muito mais emocionantes, o que é ótimo de se assistir. No entanto, seria interessante ver algumas provas da ITU com percursos de bike mais desafiadores, como nas

Foto: Teaukura Moetaua

MundoTRI: Keegan, como você começou no Triathlon? Praticava algum outro esporte antes?


Foto: Teaukura Moetaua

Olimpíadas de Atenas, que permitiram provas mais justas. MundoTRI: O Ironman Brasil está em sua preparação para Kona em 2011. Quais suas expectativas para essa prova e como ela é vista pelos atletas de outros países? Keegan Williams: Na verdade, não planejo ir a Kona este ano. Vou competir na Challenge Roth, a maior prova na distância do Ironman da Europa, depois do Ironman Brasil. Cinco semanas depois embarco para o Challenge Copenhage, prova que fui 2º no ano passado com 8h12. A Série Challenge é muito grande na Europa e também temos um evento na Nova Zelândia, o Challenge Wanaka, que pode ser considerado o Triathlon no circuito mais bonito do mundo. MundoTRI: Você fez uma grande prova no Ironman Nova Zelândia este ano. Por quê correr tantos Ironmans em um espaço de tempo tão pequeno?

Keegan Williams: Bem, na verdade é um espaço até grande para mim (risos). Em 2010 eu fiz 4 provas na distância de Ironman. Fui 4º no Ironman Nova Zelândia e 3º no Challenge Wanaka. Foram 5 semanas entre essas provas. Logo depois competi no Challenge Copenhagen (2º lugar) e 4 semanas mais tarde no Rev3 Cedar Point (4º lugar). Eu gosto muito de competir e, uma vez que entro em forma, gosto de usar essa forma! MundoTRI: Conte-nos um pouco sobre sua experiência no Team TBB. Você treinou com os brasileiros Reinaldo Colucci e Vinícius Santana? Keegan Williams: Eu treinei muito pouco tempo com Reinaldo nas Filipinas. O técnico Brett Sutton foi muito bom me ensinando como treinar e me mostrando o que tinha que ser feito para melhorar meu desempenho. Eu aprendi que não há caminhos fáceis para chegar ao topo, apenas trabalho consistente e contínuo. E não não sinto falta do calor das Filipinas, nem um pouco!

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O Mundo não precisa de mais papel, mas você precisa de mais informação. No PC, no iPad, no iPhone, no iPod Touch, no Android, no smartphone, enfim, onde você estiver.

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MundoTRI: O que você espera encontrar no Brasil? E quem são os principais competidores na disputa? Keegan Williams: Minha madrasta é brasileira, meu pai e ela vivem atualmente em Goiânia. Meu meio-irmão também vive lá. Eles estão trabalhando em fazendas, introduzindo o sistema neozelandês de fazendas de gados leiteiros. Meu irmão vai se casar com uma brasileira na semana anterior ao Ironman Brasil, pena que não haverá muita festa para mim! Eu estou ansioso para visitá-los pela primeira vez e conhecer como é m casamento no Brasil (dizem que as festas são ótimas). Quanto à prova, e não vi o start list ainda, mas sei que os melhores triatletas da América do Sul estarão lá, então tenho certeza que será uma prova muito disputada. MundoTRI: Como é sua semana típica de treino?

Foto: Teaukura Moetaua

Keegan Williams: Costumo nadar de 4 a 5 vezes entre 3 km e 5 km; pedalar de 4 a 7 vezes, entre

1 hora e 5 horas em cada treino; e correr de 4 a 5 vezes, entre 30 minutos e 3 horas. MundoTRI: Quais disciplinas você considera que são suas fraquezas e forças? Keegan Williams: Minha corrida é minha grande força. Corri a maratona do Challenge Copenhagen em 2h46min no ano passado. Minha natação é meu ponto mais fraco, mas eu sempre estou tentando melhorar todas as três disciplinas durante o treinamento. MundoTRI: Você tem um técnico? Quem? Como é sua filosofia de treinamento? Keegan Williams: Eu me treino atualmente, mas meu treinamento é altamente influenciado por Brett Sutton e Arthur Lydiard. Você pode conferir meu portal de treinamento no www.vo2coach.com. Eu acredito que desenvolver a força é a chave no Triathlon e muitos treinadores se esquecem disso. Não a força via musculação, mas a força em treinos específicos do esporte.

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MundoTRI: Você acha que o doping ainda assombra os atletas profissionais do Triathlon pelo mundo? Keegan Williams: Eu acho que o doping é um problema em qualquer esporte profissional, o que é uma pena! Na Nova Zelândia nós temos controles nas grandes competições e controles fora de competição, mas ainda há muito que fazer. Por exemplo, deveria haver testes de sangue nas provas, não somente de urina.

“O técnico Brett Sutton foi muito bom me ensinando como treinar e me mostrando o que tinha que ser feito para melhorar meu desempenho. Eu aprendi que não há caminhos fáceis para chegar ao topo, apenas trabalho consistente e contínuo.”

MundoTRI: Qual material você utiliza hoje? Bike, wetsuits, tênis... Keegan Williams: Eu tenho sorte de ter os melhores materiais que existem no Mercado: - Relógio Timex; - Bike Orbea Ordu com grupo e rodas Shimano; - Wetsuit Orca 3.8; - Vestuário da Sugoi;

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- Tênis Saucony Kinvara. MundoTRI: Keegan, por fim, pode deixar uma mensagem para nossos leitores que correrão no Ironman Brasil pela primeira vez? Keegan Williams: Primeiramente, muito obrigado pela entrevista. Eu espero encontrar alguns de vocês no Ironman Brasil. Lembrem-se, se for sua primeira prova, de curtir o dia e avançar um passo de cada vez! MT


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CIÊNCIA DO TRIATHLON > Carboidratos a la mineira parte 1

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> VO2 Máx: qual a importância para o sucesso no Triathlon?


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Os efeitos da ingestão de carboidratos durante o exercício têm ocorrido desde o início da década de 70, onde profissionais do esporte começaram a questionar os possíveis efeitos da desidratação no desempenho físico. Após me afastar temporariamente da rotina triatlética e me dedicar inteiramente à carreira acadêmica, estou retomando meu envolvimento, tanto na prática quanto na teoria, com o objetivo de contribuir cada vez mais para o desenvolvimento desse esporte. As recomendações e os objetivos da ingestão de carboidratos antes e após os treinos e competições possuem evidências claras do seu papel na capacidade do indivíduo de acumular energia para o exercício como também auxiliar na fase de recuperação pós exercício. Muitos estudos científicos podem ser encontrados discutindo os efeitos da ingestão de carboidratos durante o exercício apesar das inúmeras controvérsias ainda existentes sobre seus efeitos. Ingestão de carboidratos, ou seja, bebidas esportivas, bananas, barrinhas, gel entre outros, além de manter os níveis de energia durante o exercício, até que ponto exerce um efeito positivo no desempenho final? Carboidratos a la Mineira foi o nome dado a sequência de estudos realizados pela Universidade Federal de Minas Gerais com colaboração de atletas mineiros na linha de pesquisa desenvolvida nesta instituição conhecida como “Carboidrato e Fadiga”, orientada pelo Prof. Dr. Emerson Silami Garcia. O primeiro estudo desenvolvido teve um toque cearense, ja que a linha de pesquisa se iniciou com um aluno que desejava pesquisar o efeito da água de coco no desempenho de longa duração. Este estudo teve algumas limitações e acabou não sendo publicado. O Segundo estudo a la Mineira contou com a participação de atletas mineiros para determinar se o uso de bebidas carboidratadas contribuiriam para o desempenho do sprint ao final de uma competição. Neste estudo, atletas pedalaram durante 90 minutos em um ambiente quente e depois realizaram um sprint de 30 segundos, similar às provas de ciclismo como o Tour de France, avaliando a potência produzida durante o sprint. Esse estudo mostrou que a ingestão de carboidratos durante o exercício não exerceu uma melhora no desempenho do sprint na reta final de chegada, ou seja, ingerir carboidratos durante o exercício não

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Carboidratos a la mineira parte 1 Por Camila Nassif

melhorou a produção de potência durante o sprint final. A alimentação durante o treinamento e competições possui um papel importantíssimo no sentido de permitir que o atleta desenvolva o seu melhor desempenho, mas até que ponto esse é o fator principal? Deve-se considerar que fatores fisiológicos, ambientais, biomecânicos e psicológicos, assim como o nutricional, podem afetar o desempenho do atleta. Ate que ponto o uso de bebidas esportivas poderá influenciar seu desempenho? Se considerarmos as horas de dedicação aos treinos, o sono como principal meio de recuperação fisica e a alimentação balanceada como fatores nos quais o atleta tem total controle de decisão, e a interação desses fatores na determinação do desempenho, ate que ponto a ingestão de carboidratos durante uma competição será o fator que determinará o desempenho? Não podemos deixar de reconhecer o papel importante da ingestão de carboidratos durante o exercício com o objetivo de manter os níveis de glicose no sangue. Isso irá proteger o individuo de interromper o exercício devido o aparecimento da hipoglicemia, baixa de glicose no sangue, o que pode facilmente ocorrer nas longas provas de Triathlon. Se a ingestão de carboidratos não influenciou a capacidade do atleta produzir potência num sprint final, quais fatores poderiam influenciar esses resultados?

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Por que tantas controvérsias em relação aos estudos que tentam avaliar o benefício da ingestão de carboidratos durante o exercício? Quais as razões pelas quais alguns estudos mostram melhora no desempenho e outros não? Como fica então a questão psicológica na ingestão de carboidratos durante as competições? Aguarde nosso Carboidratos à la Mineira 2! MT _______________ Camila Nassif, PhD. Doutora pela Charles Sturt University, Australia Mestre em Ciencias do Esporte pela UFMG, Brasil Professora de Fisiologia do Exercício, Waikato Institute Technology, New Zealand Contato: canassif@yahoo.com.au REFERÊNCIAS UTILIZADAS PELA AUTORA ACSM. (2007). American College of Sports Medicine Position stand: exercise and fluid replacement Medicine in Science Sports and Exercise, 377-390. NATA. (2000). Position Statement: Fluid Replacement for Athletes. Journal of Athletic Training, 35(2), 212224. Burke, L. M., Hawley, J. A., Schabort, E. J., St Clair Gibson, A., Mujika, I. & Noakes, T. D. (2000). Carbohydrate loading failed to improve 100-km cycling performance in a placebo trail. Journal of Applied Physiology, 88, 1284-1290. Clark, V. R., Hopkins, W. G., Hawley, J. A. & Burke, L. M. (2000). Placebo effect of carbohydrate feedings during a 40-km cycling time trial. Medicine and Science in Sports and Exercise, 32(9), 1642-1647.

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and Science in Sports and Exercise, 28(11), 1380-1387. Gomes, T. M. (1999). Estudo dos efeitos da ingestão de água ou solução carboidratada e eletrolítica durante a atividade física prolongada realizada em ambientes termoneutro ou quente e úmido. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brazil. Hargraves, M. and Howley, J. (2003). Physiological Bases of Sports Performance.McGraw Hill Australia, North Ryde, NSW, Australia. Nassif, C., Ferreira, A. P., Gomes, A. R., Silva L. de M., Garcia, E. S. & Marino, F. E. (2008). Double blind carbohydrate ingestion does not improve exercise duration in warm humid conditions. Journal of Science and Medicine in Sport, 11(1), 72-79. Noakes, T. D., Norman, R. J., Buchk, R. H., Godlonton, J., Stevenson, K. & Pitts, G. C. (1990). The incidence of hyponatremia during prolonged ultraendurance exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, 22, 165-170.

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Silami-Garcia, E., Rodrigues, L. O. C., Faria, M. H. S., Araujo-Ferreira, A. P., Nassif-Leonel, C., Oliveira, M. C., Sakurai, E., Stradioto, M. A. & Cançado, G. H. C. P. (2004). Efeitos de carboidratos e eletrólitos sobre a termorregulação e a potencia anaeróbia medida após um exercício prolongado no calor. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, 18, 179-189.

Febbraio, M. A., Murton, P., Selig, S.E., Clark, S.A., Lambert, D.L., Angus, D.J & Carey, M.F. (1996). Effect of CHO ingestion on exercise metabolism and performance in different ambient temperatures. Medicine

Tsintzas, O. K., Williams, C., Boobis, L. & Greenhaff, P. (1996). Carbohydrate ingestion and single muscle fiber glycogen metabolism during prolonged running in men. Journal of Applied Physiology, 81(2), 801-809.

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Um dos componentes mais discutidos para desempenho em atividades aeróbicas é o consumo máximo de oxigênio – VO2máx, que pode ser definido como o valor máximo de oxigênio captado, transportado e utilizado pelo corpo para a geração de energia – usualmente também definido por capacidade aeróbica. Quando falamos em capacidade, podemos entender a disponibilidade total de energia a ser convertida em trabalho. Sugere-se que o sucesso em esportes como o triathlon, corridas de fundo e meio-fundo, ciclismo, natação, esqui, remo etc. têm relação com os valores de VO2máx encontrados. Para que possamos discutir sobre a sua importância no triathlon, as características de cada modalidade e do formato da prova de triathlon em questão devem ser consideradas, pois diferem consideravelmente em suas particularidades. O formato da ITU - que é uma prova olímpica com vácuo liberado no ciclismo - ou uma prova de Fast Triathlon, com baterias curtas, reservam características completamente diferentes do que uma prova de Ironman. Do ponto de vista da produção de energia, quanto mais próximo do VO2máx for o esforço, maior é a dependência deste valor para obter-se bons resultados. Deve-se considerar que para atingir o consumo máximo de oxigênio não são necessários esforços máximos que levem à exaustão. Quanto maior for a quantidade de músculos envolvidos, maiores são também os valores absolutos de VO2máx para medir o custo energético do movimento. Com esses dados, já podemos caracterizar diferenças em relação à natação, o ciclismo e a corrida. Numa escala crescente, os maiores valores de VO2máx encontrados em atletas de elite das três modalidades (sexo masculino) se ordenam da natação – 62 a 65 ml/ kg/min, passando pelo ciclismo – 73 a 78 ml/kg/min e depois para a corrida – acima de 78 ml/kg/min. Isso se explica, em parte, pela contribuição de outros aspectos fisiológicos em cada modalidade, como força e seus vários tipos (máxima, dinâmica, pura, resistência de força), potência, flexibilidade, assim como diferenças na eficiência do movimento, resistência ao meio (ar, água) e o gesto técnico em si. Entretanto, o triathlon é a soma das três modalidades, e, na situação de prova, o corpo fica submetido, em

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VO2 Máx: qual a importância para o sucesso no Triathlon? Por Lucas Helal e Roberto Lemos

geral, a esforços que superam os 50 minutos. Alguns aspectos táticos também são consideráveis – por exemplo, as provas do formato da ITU podem criar cenários tendenciosos para atletas com altos valores de VO2máx, por possuir muitos momentos decisivos em que o atleta se encontra próximo do seu VO2máx nas três etapas, em comparação a um Ironman por exemplo. Em provas de longa distância, considera-se que a contribuição de muitos outros fatores possa ter o peso semelhante de alguns índices fisiológicos, tais como capacidade nutricional, execução, atitude mental e, principalmente, dois aspectos básicos da carga – a intensidade e a duração. Na prova de Ironman, que têm durado em torno de 8h à 17h, a principal fonte de energia utilizada é a gordura, já que os estoques de carboidrato não podem suprir a demanda de tempo, moldando assim um perfil de atletas que precisam ser muito econômicos e eficientes nas três modalidades. Ainda, devemos considerar que a natação, por ser a primeira etapa de prova é realizada usualmente

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entre 48min e 1h20, pode ser realizada numa intensidade relativa do esforço maior, com maior participação da via dos carboidratos em relação à duração total da prova.

todos os formatos de triathlon usuais, a condição de prova parece ter forte correlação com o limiar anaeróbico e com a capacidade de trabalho na zona aeróbica.

Para a etapa do ciclismo – 180km de contra-relógio, atletas com boa endurance muscular, dependem também do componente força e potência, e da boa capacidade de ingerir calorias e líquidos compatíveis com a intensidade de esforço pretendida - vale ressaltar também a importância do aspecto aerodinâmico para pedalar em velocidades maiores e também para fazer uma corrida mais econômica.

O limiar anaeróbico, ou máximo estado estável, é uma faixa de intensidade onde a demanda de energia ainda pode ser suprida, de forma equilibrada e linear, pelo metabolismo aeróbico e sem acúmulo de lactato. O consumo de oxigênio nessa faixa (VO2limiar) parece ser um dado extremamente importante para qualquer triatleta.

Atletas de elite experientes conseguem realizar um Ironman por volta de 70 a 75% do VO2máx, que é próximo de 80 a 85% da freqüência cardíaca máxima. Mesmo os atletas de olímpico ou de provas mais curtas, durante a prova, encontra-se normalmente distantes da sua velocidade de VO2máx. Em intensidades submáximas, que é o caso de praticamente

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Em termos gerais e não-específicos, a condição aeróbica de um triatleta de elite de provas olímpicas, por exemplo, se assemelha muito com o de maratonistas de elite, pois o tempo total de prova e a velocidade de corrida se aproximam bastante, guardando mais diferenças para as solicitações musculares, e para a dinâmica da prova. O valor médio de VO2máx para maratonistas de elite do sexo masculino é em


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torno dos 80 ml/kg/min, e para os triatletas por volta dos 65 a 70 ml/kg/min. Existem relatos de desempenhos abaixo das 2h20 em provas de maratona em atletas com VO2máx inferior a 70 ml/kg/min, mas com um alto consumo de oxigênio no limiar; evidencia-se a relação entre o desempenho em zona aeróbica (abaixo do limiar) e o limiar anaeróbico. Em síntese, tanto para triatletas de curta como para de longas distâncias, a dependência de altos valores absolutos de VO2 no limiar parece ser mais importante que o VO2 máximo. Os triatletas de curta distância e de provas com vácuo podem necessitar de um valor de VO2máx maior em relação aos triatletas de longa distância, por situações específicas na prova. Ainda assim, para o desempenho em esportes de predominância aeróbica em geral, tem se fortalecido a correlação entre o limiar anaeróbico e o desempenho. Um atleta com mais capacidade de captar e utilizar oxigênio em seu limiar anaeróbico pode suportar uma intensidade maior de esforço e terá uma velocidade maior para o mesmo espaço de tempo. Provas que estão mais próximas do tempo para se atingir o VO2máx (de 5 a 8 minutos) podem depender mais de altos valores absolutos, como os 3.000m com obstáculos do atletismo, 800m na natação, provas de pista de ciclismo ou baterias de um fast triathlon. Alguns autores relatam aumentos de até 20% no VO2máx com o treinamento aeróbico, porém, o seu teto é definido principalmente pela carga genética do atleta. O limiar anaeróbico possui maior treinabilidade e menor dependência do componente genético. Para o sexo feminino, a abordagem é a mesma, com a diferença que as mulheres em geral possuem valores absolutos de VO2máx e VO2limiar menores do que os homens, principalmente pelas diferenças anatômicas que possuem.

Lucas Helal é triatleta, estudante do último ano do curso de Bacharelado em Educação Física e membropesquisador do Núcleo de Pesquisa em Gestão do Esporte-NUPEGE, com ênfase nas áreas de Fisiologia e Bioquímica do Exercício e Cineantropometria. Roberto Lemos, treinador e proprietário da Ironmind Assessoria Esportiva em Florianópolis-SC, triatleta, e Mestre em Ciências do Movimento Humano-UDESC. REFERÊNCIAS UTILIZADAS PELOS AUTORES ASTRAND, P.O. Tratado de Fisiologia do Trabalho. 4ª. Edição, Ed. Artmed, 2006. DENADAI, B. S. Limiar Anaeróbico – Considerações Fisiológicas e Metodológicas. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. 1995. MAUGHAN, R.; GREENHAFF, P.; GLEESON, M. Bioquímica do Exercício e do Treinamento. Ed. Manole, 2003.

SLEIVERT, G.G. ROWLAND, D.S. Physical and Physiological factors associated with triathlon success. Sports Med, 1996. TANAKA, K. MATSUURA, Y. Marathon performance, anaerobic threshold, and onset of blood lactate accumulation. Journal of Applied Physiology, 1983.

Por fim, podemos concluir que valores elevados de VO2máx certamente caracterizam um atleta potencial, já que pode ser entendido como o teto máximo, podendo ser útil, juntamente com outros parâmetros a serem analisados, para detecção de talentos e seleção de futuros atletas. Porém em termos de capacidade aeróbica, o triathlon em geral depende mais de uma boa eficiência submáxima do que de valores extremos de VO2máx, do olímpico ao Ironman. MT

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Chicão Ferreira venceu e quebrou o recorde da prova no Paraná

G N LO CE N A T S DI OBÁ I A C

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SĂ­lvia Fusco fez a melhor corrida do dia para vencer a prova feminina

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O dia começou nublado e chuvoso na praia mansa em Caiobá, para a disputa do Triathlon Long Distance, organizado pela Cia. De Eventos. Mais de 500 atletas se alinharam na areia para a largada do desafio de 1,9km de natação, 84km de ciclismo e 21km de corrida. Entre as mulheres, Vanessa Cabrini foi a primeira a sair da água em Caiobá, seguida de Sílvia Fusco. Sílvia assumiu a liderança na primeira volta de ciclismo. Com um bom ritmo no pedal, Sílvia conseguiu se distanciar de Vanessa. A grande surpresa do pedal, e da prova, foi a amadora Lívia Bustamente, que liderou a disputa no geral por muito tempo, até que Sílvinha a alcançou na corrida. Como sempre, Fusco fez uma grande corrida, não dando chance para as adversárias reagiarem. Lívia acabou com uma excelente segunda colocação geral. Em segundo na elite e terceira geral veio Vanessa Cabrini, seguida de Talita Saab. Na prova masculina, como era esperado, Chicão Ferreira nadou o tempo inteiro na frente, com Manocchio em sua esteira. No meio da segunda volta,

Chicão apertou e abriu uma boa vantagem sobre o paranaense. Na T1, Chicão foi o primeiro a montar na bike, já imprimindo um ritmo alucinante. Em pouco tempo Chicão conseguiu abrir de seus adversários, passando a primeira das duas voltas de 42km com 1:30 de vantagem sobre Manocchio, Balman e Felipe Guedes. Balman e Guedes sentiram no km 60 e Manocchio assumiu a segunda colocação isolada. Chicão continuava esmagando os pedais e abrindo a cada quilômetro. Segundo o atleta, “a ida estava com vento a favor e, como estava empolgado com a bike nova, procurei fazer o máximo de força para garantir uma folga para corrida, pois sei que o Manacchio é um grande corredor.” Ao final dos 84km de ciclismo, Chicão tinha pouco mais de 3 minutos de vantagem sobre Manocchio. Na corrida, Guilherme Manocchio fez uma primeira volta muito forte, correndo próximo da marca de 3 minutos por quilômetro, o que fez a diferença para

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Muitos problemas com vácuo na prova.

Chicão cair em 20 segundos. Na segunda volta de 7km, Manocchio continuou apertando e conseguiu diminuir a diferença para pouco mais de 2 minutos. Na perna final, contudo, Manocchio não conseguiu sustentar o ritmo e Chicão aproveitou para apertar o passo e fazer a diferença voltar para a casa de 3 minutos, vencendo de ponta a ponta o Triathlon Long Distance Caiobá.

“Fui para Caiobá para fazer uma prova forte na natação e no pedal para sentir como estavam meus treinos para o Ironman Brasil 2011. Senti muito bem no pedal, não tive nenhum tipo de dor e, quando coloquei o pé no chão, per50

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cebi que poderia correr forte também. Segurei um pouco na primeira volta, pois sabia que os que vinham atrás teriam que sair muito forte e talvez pagariam o preço depois. Com isso, consegui correr as três voltas com o mesmo tempo e fechar acima das expectativas iniciais”, disse Chicão, que também quebrou o recorde da prova em pouco mais de dois minutos, fechando em 3h36’. MT


A amadora Lívia Bustamante fez bonito e ficou no 2º lugar geral

Resultados ELITE – Triathlon Long Distance Caiobá Caiobá – PR – 10 de abril de 2011 1,9km natação / 84km de ciclismo / 21km corrida Pos.

Atleta

Natação Ciclismo Corrida

Total

MASCULINO 1

Chicão Ferreira

00:23:28 01:59:57 01:12:45 03:36:08

2

Guilherme Manocchio

00:23:52 02:02:45 01:12:22 03:38:59

3

Alexandre Gomes

00:25:39 02:02:22 01:18:14 03:46:14

4

Felipe Guedes

00:25:35 02:01:57 01:24:47 03:52:19

5

Rodrigo Pereira

00:28:46 02:08:58 01:16:18 03:54:02

FEMININO 1

Silvia Helana Fusco

00:29:38 02:17:50 01:32:56 04:20:24

2

Vanessa Cabrini

00:26:54 02:22:16 01:43:22 04:32:32

3

Talita Saab

00:30:27 02:21:11 01:44:29 04:36:07

4

Mariana Martins

00:30:22 02:31:17 01:41:11 04:42:50

5

Rebeca Falconi

00:28:38 02:27:54 01:47:35 04:44:07

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P贸dio feminino

P贸dio masculino

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Rebeca Falconi estreou na Longa Distância

O editor do MundoTRI, Wagner AraĂşjo, estava na prova

Manocchio no pedal

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Foto: Eduardo Rosa

IRONMAN BRASIL

Evite erros na reta final Por VinĂ­cius Santana

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Existem diversas práticas realizadas nas semanas antes da prova, que podem acabar com o sonho de sua prova perfeita. Conheça os 6 erros mais comuns.

Erro 1) Descansar demais e muito cedo O polimento, assim como a periodização do ironman é algo muito único. Grande parte dos atletas adota a periodização tradicional, e começam a descansar cedo demais antes da prova. Mas de uma forma geral, para o ironman você não precisa estar no auge de sua velocidade ou forma, mas sim manter uma excelente endurance, e forma física. Por esse motivo, se você começar a descansar 1 mês antes da prova, vai chegar na linha de largada se sentindo descansado, mas com certeza vai pagar por isso na parte final da prova pela falta de endurance. O polimento do ironman deve começar entre 1 e 2 semanas antes da prova. Dependendo da individualidade e histórico de treinos de cada atleta. Cuidado também para manter um certo volume, pois ao contrário das provas curtas, você não quer fazer treinos intensos na semana da prova, mas quer deixar seu corpo familiar com o sistema de energia utilizado no ritmo de prova.

Erro 2) Corpo desligado na semana da prova Mantenha-se ativo e relaxado! Quando você chegar na semana da prova, seu objetivo é descansar mas sem deixar seu sistema aeróbico e muscular desligar. Faça treinos curtos e frequentes, 20 a 40 minutos com algumas acelerações em ritmo de prova para ativarem sua musculatura e manter sua técnica específica, mas nada muito longo ou muito forte que vá lhe tirar muita energia. Evite fazer um descanso total no dia antes da prova. A melhor opção é fazer o day off, 2 dias antes da prova, e no dia anterior faça algo leve apenas

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para acordar seu corpo, seja um giro de 20min, ou 2-3 treinos curtos de 10-15min, um em cada disciplina.

Erro 3) Fadiga mental, resultado da empolgação com o Ironman Controle a empolgação pré-ironman. O “circo” do ironman é parte da prova, é a “disneylandia” dos triatletas. Mas isso não significa que você precisa respirar ironman o dia inteiro na semana da prova. Outra maneira de manter sua empolgação sobre controle é quando você tem algum familiar ou amigo lhe acompanhando. Por mais que essa pessoa entenda e apoie seus objetivos, tenha certeza que conversar de qualquer coisa que não seja triathlon vai ser um alívio quando saírem para jantar. Isso também irá lhe economizar forças mentais para os últimos 10km da corrida, quando só o fato de correr, mesmo que devagar já exige uma enorme concentração, e só estando focado e mentalmente descansado, conseguirá fazer seu melhor.

Erro 4) Fadiga física na semana da prova Por quantas vezes, você se deitou na noite anterior a uma prova e pensou: “Minhas pernas estão cansadas, fiquei andando demais hoje!” – Mais uma vez, passear pela expo e conversar com os amigos é parte da prova, mas tenha bom senso e evite exageiros, principalmente se você estiver em busca de um recorde pessoal ou objetivos de classificação em sua categoria. Caso seja sua primeira prova, tire um dia, de preferência na sexta, para andar pela feirinha, fazer suas compras, e se divertir com os amigos. Mas use o sábado para descanso e concentração. Já se você é um atleta experiente, eu recomendo chegar em Florianópolis o mais em cima possível da prova (ex: Sexta a tarde), e evite ficar hospedado perto da EXPO, dessa maneira você só vai lá uma vez para pegar seu kit, passe rápido pela EXPO apenas


para dar aquela olhada, e volte para casa, voltando para a ironman city apenas no dia da prova.

Erro 5) Mudanças Radicais em sua dieta ou sono Se você tem o hábito de se deitar, digamos à meia noite, é muito pouco provável que consiga dormir às nove da noite na véspera da prova. Vai ficar decepcionado, nervoso, e rolando na cama por horas. Para a maioria dos atletas, se conseguir administrar um bom polimento, com boas noites de sono na semana da prova, a noite anterior não tem tanto impacto em sua performance como parece. A mesma dica vale para sua nutrição. Mantenha-a simples e rotineira. Trate a prova como um final de semana de treinos importantes. Se alimente com o mesmo café da manhã que ingere antes de seus treinos longos de ciclismo e o mesmo vale para o jantar na noite anterior. Mudanças bruscas no cardápio não terão um grande impacto em sua performance, mas elas podem lhe causar problemas. A famosa prática da super compensação, é algo que geralmente acontece de forma natural na semana da prova, pois com os volumes de treinos reduzidos, você acaba comendo mais do que precisa, por isso evite os exageiros com alimentação na véspera da prova.

Foto: Eduardo Rosa

Foto: Eduardo Rosa

Outra prática também conhecida é evitar tomar café ou outros estimulantes algumas semanas antes da prova, para diminuir a tolerância à cafeína, e ter um melhor resultado quando voltar a ingerir o café no dia da prova. Essa é uma péssima idéia, pois caso você esteja acostumado a treinar com cafeína, seu desempenho vai cair, assim como sua confiança; o nível de fadiga irá subir e isso tudo resultará em um atleta questionando seu treinamento e atual forma física, afinal, Ironman também é confiança! O outro ponto negativo é estar acelerado demais na manhã da prova com o efeito dessa prática. O Ironman é uma prova longa, e você quer aumentar seu esforço à medida que a prova passa e não sair forte adrenalizado, para pagar o preço no final da prova.

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Erro 6) Problemas com Logística O pior dos pesadelos para um triatleta é ter sua bike extraviada a caminho da prova. Esse é um problema quase que impossível de controlar, portanto gaste suas energias onde sua ação e organização podem lhe salvar de dores de cabeça com relação à logística da prova. Uma grande dica é organizar suas sacolas da prova, já quando for arrumar suas malas rumo a Floripa. Isso lhe economizará tempo e energia na véspera do Ironman. Por exemplo, separe em uma sacola todos os gels e capsulas de sal que pretende deixar no special needs da corrida e coloque uma etiqueta, faça o mesmo para o special needs do ciclismo e para a sacola da bike. Dessa maneira você evita o estresse de procurar gels na EXPO, na véspera da prova, da marca e sabor que está acostumado a usar. Assim você evita de experimentar coisas novas, principalmente estratégia de nutrição, no dia da prova. De uma forma resumida, mantenha-se em forma, fique calmo, controle a empolgação e se organize. Combine isso com um corpo bem treinado, uma estratégia de prova bem elaborada e sua prova será um sucesso! Bons treinos! MT

Vinícius Santana é técnico da Ironguides, empresa que oferece soluções esportivas para atletas e praticantes de atividade física de todos os níveis, com treinamento online ou presencial, planilhas espefícas por eventos, training camps, curso para treinadores, programas de incentivo a promoção da saúde em empresas, e produtos para a saúde e o bem-estar que propiciam um estilo de vida saudável aos atletas. www.ironguides.net/br

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O polimento para o Ironman > Ana Lídia Borba

[p.62]

> Alexandre Giglioli [p.65] > Ciro Violin [p.66]

OPINIÃO * A coluna “Opinião” também traz a visão de atletas experientes, mas que não necessariamente possuem conhecimento técnico e formal sobre o assunto abordado.

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Foto: Eduardo Foto: JonRosa Tunnell


Opinião

Ana Lídia Borba

A

palavra polimento tem seu significado esportivo vinculado à expressão inglesa taper – que significa cônico, afilado. O termo foi cunhado em 1947 pelo fisiologista australiano Frank Cotton, em trabalho com seu discípulo e lendário técnico de natação Forbes Carlile, no qual mostraram que os nadadores obtinham melhores performances quando a carga de treinamentos “afunilava” com a proximidade da competição alvo. Atualmente, o polimento é aplicado a todos os esportes de endurance e consiste na diminuição gradativa do volume de treinamentos no período que antecede uma prova em que se deseje atingir o pico de performance. Essa redução na carga de treinos permite que o organismo do atleta se recupere adequadamente e absorva todo o trabalho realizado nos períodos de construção e manutenção da forma física, de maneira que ele chegue à competição com 100% do seu potencial disponível. O planejamento e a execução de um período de polimento são tarefas ardilosas, pois os envolvidos trabalham na tênue linha que divide a total recuperação do destreinamento. Enquanto o técnico faz a programação baseado em experiências próprias e, em alguns casos, dados objetivos como testes de sangue com dosagens hormonais a fim de evitar que qualquer parte da capacidade física alcançada seja perdida pela falta de estímulos, o atleta tem a difícil tarefa de controlar o ímpeto de testar os limites do corpo descansado antes da hora devida e, ao mesmo tempo, manter-se motivado para realizar sessões regenerativas. A duração do polimento varia de acordo com o tipo e a importância da disputa. No caso do Ironman, que normalmente exige de três a seis meses de treinamento orientado para a prova, o polimento costuma durar cerca de quatro semanas, e variar na intensidade e duração das sessões principais em função do nível e da base histórica

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do atleta. O polimento, mais do que uma simples diminuição da carga de treinos, deve ser fundamentado em cinco aspectos: diminuição gradual dos volumes, manutenção do trabalho de intensidade de prova, repouso, adequação da alimentação e preparação mental. A combinação da redução do volume, do máximo de repouso possível e da manutenção dos trabalhos de “ritmo de prova” permite que o organismo se recupere e absorva todo o treinamento realizado sem, no entanto, se esquecer dos padrões de movimento e das intensidades a serem desenvolvidas no dia da competição. Porém, para compensar a diminuição do consumo energético e evitar o ganho de peso, é importantíssimo que sejam feitas adequações à rotina alimentar, diminuindo o aporte calórico. Além disso, a estratégia nutricional da semana do Ironman também deve ser diferenciada, de maneira que o atleta chegue ao dia da prova bem hidratado e com as reservas de glicogênio completas. Com relação à preparação mental, é interessante que o atleta comece a visualizar as diferentes possibilidades da prova, a traçar suas estratégias e planos alternativos e a preparar todos os materiais para a viagem. É possível que depois de algum tempo o atleta se sinta sem energia, com preguiça de realizar os treinos regenerativos e até fora de forma. Isso é absolutamente normal, apenas um sinal de que seu corpo está se recuperando. Neste ponto, o mais importante é manter o foco e ater-se ao planejamento – as semanas finais da preparação trarão a energia e as motivações necessárias para a prova. Agora, a parte prática: o que fazer e o que esperar do polimento para o Ironman?


Foto: Eduardo Rosa

Assim como quase tudo no triathlon, não existe uma fórmula ou número mágico – cada atleta se adapta a uma abordagem e, depois de algum tempo e vários testes, acaba encontrando a sua rotina ideal pré-prova. Sendo este um artigo de opinião, vou defender um programa que funciona muito bem para mim – mas nem pense em segui-lo sem consultar seu técnico! Já disse antes: o polimento depende das características de cada atleta, sendo uma delas (dentre várias) o seu histórico esportivo.

Assim, os volumes de corrida (tanto semanal, quanto da sessão mais longa) devem atingir o pico cinco semanas completas antes da prova, enquanto o ciclismo atinge o ápice quatro semanas antes do evento e a natação, até três semanas antes. A partir da semana de pico de cada modalidade, os volumes são reduzidos gradativamente a uma razão mais ou menos constante, como se fossem atingir o “ponto zero” (ou próximo disso) na semana imediatamente após a competição. Por exemplo: um atleta que nada 20 km na fase de pico poderia nadar 15 km a duas semanas do evento e 10 km na semana da prova. Ainda: se o mesmo atleta corre 100 km no ápice do treinamento específico, ele pode correr 80 km na se-

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Opinião

Para o Ironman, a duração aproximada do polimento é de quatro semanas – aproximada porque esse período varia entre os esportes, em função dos diferentes tempos de recuperação exigidos por cada uma das atividades: a corrida, por exemplo, provoca um desgaste substancialmente maior

do que a natação.

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Opinião

Ana Lídia Borba mana seguinte, depois 60 km e 40 km, até chegar a 20 km na semana do evento. A mesma regra vale para a principal sessão da semana: se o último “longão” de ciclismo, a 28 dias do Ironman, tiver 6h de duração, os treinos seguintes podem ter 5h, 4h e 3h, respectivamente – mas procure deixar sete dias completos de recuperação após seu último treino longo. Vale lembrar que reduzir a carga de treinos não quer dizer que o atleta deve passear em todas as sessões nos dez dias que antecedem a prova. Os trabalhos de intensidade moderada, no ritmo previsto para o Ironman, devem ser incluídos nas sessões-chave, com os objetivos de manter a forma física e acertar a estratégia de competição.

que isso é normal, e na terceira semana é provável que você volte a se sentir um atleta. E este é o ponto crítico: se você conseguir manter o foco só mais um pouquinho e não exagerar nos “testes”, a quarta semana fará com que você se sinta como um bicho enjaulado, com energia saindo pelos poros. Pensando bem, o que mais você poderia querer no dia do Ironman? MT

Ana Lídia Borba é atleta Asics, com apoio de Aqua Sphere, Pacific Health, Clínica 449, Velotech e Cia Athletica. RM Elite Team. triborba.blogspot.com

É importante, também, que o tempo extra adquirido pela diminuição do volume seja utilizado para a recuperação: podem ser incluídas massagens, sessões regenerativas e, principalmente, puro e simples repouso. Atenção para esse detalhe na semana do Ironman: por mais tentadores que sejam a expo do evento e os convites para socializar com outros atletas, exagerar no “bateperna” pode acabar com qualquer polimento bem feito.

Por fim, controle-se! O polimento é, acima de tudo, um teste de paciência. Você se sentirá bem na primeira semana, quando a diminuição dos treinos te deixará com energia sobrando, mas depois seu corpo entenderá o recado: já que você quer descansar, ele vai descansar – e, na segunda semana, você se sentirá pesado, preguiçoso, quase como se estivesse gripado. A boa notícia é

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Foto: Wagner Araújo

Com relação à alimentação, o ideal é consultar um nutricionista esportivo, que pode fazer a adequação da rotina alimentar às necessidades dos treinos. Além disso, esse profissional é capaz de elaborar uma estratégia nutricional para a prova, que deve ser preferencialmente testada nos treinos específicos, longos e em ritmo de competição.


Alexandre Giglioli

E

sse é um importante tema a ser abordado porque, de certa maneira, acaba sendo ignorado por muitos atletas por terem “medo” de perder o condicionamento adquirido ao longo dos treinos. Atletas acostumados com um intenso volume de treinos semanais, quando se deparam com a redução desse volume (seja um terço ou metade do que estavam acostumados a fazer) ficam se perguntando se isto é certo, se não irá ficar mais lento, se irão conseguir terminar a prova, dentre outras perguntas. Já me deparei inúmeras vezes com atletas treinando além do que foi proposto. Eles não conseguem acreditar que o organismo precisa de um tempo grande para assimilar todos os estímulos e se recuperar de todo o desgaste de semanas de treinos mais intensas. Em todos os esportes de performance, o polimento é tratado de forma rígida e é compreendido por seus praticantes. Temos como exemplo a natação, onde sempre ouvimos, seja por um treinador ou por um atleta que está em fase de polimento, que quando está próximo de sua competição alvo, os treinos ficam mais curtos. Pode ter até alguma intensidade, mas sempre de curta duração.

tão importante quanto as semanas de volume e intensidade. Por diversas vezes, vi atletas super treinados que na hora da prova não conseguem desenvolver o que vinham fazendo nos treinos chaves. O que é isso? Cansaço e falta da fase de polimento. Nessa fase, também podem ser verificados, através de exames sanguíneos, os níveis de cortisol, que são marcadores dos níveis de estresse no organismo. Às vezes por fora você acha que pode estar bem, porém por dentro... Pense nisso. Grande abraço, e bons treinos! MT

Alexandre Giglioli, é Diretor Técnico A. GIGLIOLI ASSESSORIA ESPORTIVA www.agiglioli.com.br

Considero também como polimento a concentração do atleta, pois será neste período mais curto onde ele ficará realmente focado.

Opinião

O polimento para uma prova de Ironman dependerá muito do número de semanas treinadas e como isso se desenrolou ao longo desse tempo. Alguns atletas treinam 16, 12 ou menos semanas específicas para a prova. Uns necessitarão de maior e outros de menor tempo, em função da carga de treinos, do trabalho e da família. Para se definir a quantidade de dias ou semanas de polimento, ter-se-á que olhar ao redor da vida do atleta, e ele terá que acreditar que esta fase é

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Opinião

Ciro Violin

T

odos que estão próximos a mim, sabem que não canso de dizer que condicionamento é tudo! Todo ser humano se condiciona a qualquer atividade que se faça por um determinado período. Uns se adaptam mais rápido e mais facilmente e outros levam um tempo a mais. Mas no final o resultado é o mesmo para todos, e 99% das pessoas se adaptam. Não canso de dizer também, que cada ser humano é único, e não se pode dar “receitas de bolo” para que todos façam suas adaptações igualmente. Cada um é cada um, e por isso devemos nos conhecer muito bem para que possamos nos avaliar, nos sentir e nos testar para termos uma adaptação mais eficiente a cada tipo de exercício.

Isso está errado! É você quem deve se conhecer, e é você quem deve saber até onde pode ir. Esses profissionais vão lhe tirar do zero, te dar um norte e um acompanhamento tirando as dúvidas. O resto é com você. Polimento para um Ironman? Faça o que você esta acostumado. Eu por exemplo, já tenho uma bagagem e uma base muito grande. São anos

Isso não vale só para o triathlon, mas também para toda e qualquer atividade da vida. No triathlon, tudo sempre fica um pouco mais difícil, pois esse esporte é tão desafiador, justo, injusto, motivador, desmotivador, e cansativo. A idéia do como abordar o polimento para uma prova de Ironman, depende de como você é atualmente. Você precisa se conhecer o suficiente para saber o quanto longe pode ir.

Por isso é preciso se conhecer. Nenhum médico, fisioterapeuta, nutricionista, educador físico ou técnico pode fazer isso por você. É você quem deve se conhecer para saber o quanto longe pode ir. Acontece isso? Não! As pessoas se entregam aos médicos, aos fisioterapeutas, educadores físicos e técnicos para que cuidem delas.

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Foto: Wagner Araújo

Treinos longos até quando ? Estímulos? Tiros até quando? Treinos leves de quando até quando? É muito simples, não tem segredo. Todo polimento, não só para um Ironman, mas para uma prova de 5 km de corrida depende do quanto você está treinado para suportar cada atividade na atualidade.


e anos de corridas e mais corridas, de natação e mais natação, de kms, e mais kms na bike. Isso somado ao meu desejo me levou até o Hawaí por duas vezes. Lá, ano passado, treinei todos os dias da última semana, sendo natações com séries, longos de bike de 70 km e corridas com estímulos até na sexta, um dia antes da prova. Eu estou acostumado a isso. Eu estou condicionado a isso. Resultado? 8h54min.

Não se meta a fazer nada que você não esteja acostumado nem condicionado. Não siga o que esta dando certo para outros triatletas, pois você é você, e eles são eles. Abraço e bons treinos. MT

Ciro Violin www.ciroviolin.com.br

Opinião

Minha dica é: Não faça nada que você não esteja condicionado. Competições antes da prova-objetivo devem ser feitas sempre. São nelas que você precisa se testar. Simulados de alimentação, equipamentos e condicionamentos devem ser feitos bem antes. Não teste nada na semana da provaobjetivo.

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São Paulo receberá entre os dias 11 e 14 de agosto a primeira edição do Brazil Sports Show. O maior salão nacional do ramo esportivo será realizado no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, e reunirá diversos esportes olímpicos, como corrida, ciclismo, futebol, natação e tênis. Além dos 70 mil visitantes esperados, o evento receberá ainda organizações públicas e privadas de diversas modalidades esportivas, que apresentarão produtos e serviços.

Brazil Sports Show Primeira edição do salão nacional de esportes será realizada em agosto, na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo

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Os visitantes também terão a oportunidade de discutir e avaliar o desenvolvimento das atividades esportivas no Brasil em tempos de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. As principais atrações ficam por conta da Running Show, já tradicional em São Paulo e que é direcionada para os corredores, do Bike Show, para os apaixonados por ciclismo e do Universo Futebol, que reunirá entusiastas do esporte mais popular do Brasil. “As características de cada feira serão mantidas, só que agora, debaixo de uma grande marca que é BRAZIL SPORTS SHOW. Desta forma, nossa expectativa é atrair não apenas empresas que têm no esporte seu business, mas companhias que pretendem investir em modalidades esportivas nos próximos anos, inclusive as internacionais, uma vez que nosso objetivo é transformar o salão em referência na América Latina” , disse Felipe Telles, diretor da Esfera BR Mídia e idealizador do Brazil Sports Show. Para saber mais sobre a feira, acesse o site: www.brazilsportsshow.com.br. MT


Diário até o Ironman Brasil 2011 4 atletas amadores, 2 atletas profissionais, um único objetivo.

Semanalmente, no MundoTRI.com [abril 2011]

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Foto: Delly Carr / triathlon.org

P R O V A S

> WCS Sydney > Ironman South Africa > Ironman 70.3 Texas > XTERRA Vale do Aรงo

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WCS SYDNEY Javier Gomez e Paula Findlay venceram a primeira etapa da Série Mundial A prova feminina A Canadense Paula Findlay mostrou que sua performance em 2010 não foi por acaso, batendo a chilena Bárbara Riveros Diaz para ganhar a primeira etapa da Dextro Energy Triathlon ITU World Championship Series da temporada de 2011, em Sydney. Em um final emocionante! Um grupo de seis mulheres que permaneceram na liderança por mais da metade da prova de corrida, foi com tudo para tentar a vitória na última volta. A veterana americana Laura Bennett tinha liderado a disputa a maior parte do tempo, ao lado de Findlay, Riveros Diaz, Andrea Hewitt (NZL), Carole Peon (FRA) e Tomoko Sakimoto (JPN). Mas foi a canadense, de 21 anos de idade, que tinha mais energia para no final levar a rodada de abertura de 2011. Findlay disparou nos metros finais, o suficiente para segurar o Riveros Diaz de reivindicar o título em Sydney pela segunda vez. A estrela chilena vencera a corrida no ano passado. Hewitt chegou em terceiro lugar, seu segundo pódio consecutivo em Sydney.

Foto: Delly Carr / triathlon.org

A vitória confirmou Findlay como uma estrela do Triathlon, depois que ela venceu as duas provas em Kitzbühel e Londres, em seu primeiro ano na Dextro Energy Triathlon ITU World Championship Series. Findlay agora tem três títulos da série mundial, apenas uma vitória a menos da atual campeã Emma Moffatt (AUS) que tem um total de quatro vitórias. “Acho que minha confiança realmente ajuda, porque depois de ter uma boa prova, fico mais motivada para ir ainda mais forte”, disse ela. “Estou animada para ir para casa e fazer mais alguns meses de treinamento e acho que o Madrid vai ser a minha próxima disputa, e estou realmente ansiosa para isso.”

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WCS SYDNEY

“Eu estava apenas tentando manter-me segura e dentro do grupo. Depois, na corrida, me senti muito bem e as últimas voltas foram muito boas. As meninas com as quais estava correndo eram tão fortes que, realmente, não estava esperando vencer.” A melhor brasileira foi Carla Moreno, na 52ª colocação, seguida de Flávia Fernandes (55ª) e Pâmella Oliveira (56ª).

A prova masculina O espanhol Javier Gomez venceu a rodada de abertura do Dextro Energy Triathlon ITU World Championship Series em Sydney, como uma das mais duras disputas de sua carreira e após um acidente de bike que quase o tirou da prova. Uma chuva torrencial assolou os atletas na segunda volta de bike, a partir daí a prova virou uma disputa pela sobrevivência e Gomez acabou sofrendo uma queda. Mas o Campeão do Mundo, não desistiu e foi buscar o pelotão. Gomez ainda teve fôlego para correr com atletas como Jonathan Brownlee (GBR), Alistair Brownlee (GBR), Sven Riederer (SUI), Brendan Sexton (AUS) e David Hauss (FRA). Por um tempo parecia que os irmãos Brownlee iriam trabalhar juntos para tentar vencer, mas Alistair teve uma surpresa desagradável quando caiu ao contornar uma curva na chuva, perdendo o ritmo dos líderes. Jonathan Brownlee lutou para acompanhar Gomez, mas ele não podia correr como o bicampeão mundial, que se desgarrou e terminou cintilante com sua corrida em 30m09seg nos 10 km. Brownlee terminou em segundo lugar e Sven Riederer em terceiro. “Foi definitivamente uma das mais difíceis”, disse Gomez. “Isso não acontece muitas vezes: você falhar, se levantar e pegar o primeiro grupo de novo

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e, então, ser o corredor mais rápido. Eu estou realmente orgulhoso. Eu sempre me lembrarei dessa prova”. Ele também disse que isso o ajudou a perceber o quão boa está a sua forma. “Eu percebi que estava mais treinado do que eu pensava”, disse ele. “Eu pensei que talvez eu devesse desistir após o acidente, o tempo foi um pouco grande e eu não tinha certeza se iria pegá-los ou não.” No geral, os atletas da equipe britânica tiveram um dia forte, com Jonathan Brownlee no pódio, Tim Don vindo na sexta posição (11 anos depois que ele competiu no Jogos Olímpicos de Sydney), e Will Clarke terminando em nono. Alistair Brownlee terminou em 29º lugar, mas se ele não tivesse caído, os ingleses teriam provavelmente quatro atletas dentro do top dez. O vencedor do ano passado, Bevan Docherty terminou em 18 º, o campeão olímpico de 2008, Jan Frodeno terminou 45º, enquanto o vencedor Mooloolaba 2011 e medalha de bronze no mundial do ano passado, Brad Kahlefeldt não terminou. Entre os brasileiros, a melhor participação foi de Reinaldo Colucci, no 24º lugar, seguido de Juraci Moreira (37º), Bruno Matheus (47º) e Diogo Sclebin (48º). MT

Foto: Delly Carr / triathlon.org

Findlay disse que ficou em uma posição segura nos grandes pelotões do ciclismo. A australiana Annabel Luxford tentou uma fuga no percurso levemente montanhoso, mas foi logo deixada para trás na T2.


Foto: Delly Carr / triathlon.org

WCS SYDNEY

RESULTADOS - 2011 Dextro Energy Triathlon - ITU World Championship Series Sydney Sydney - Austrália - 10 de abril de 2010 1,5km natação / 40km ciclismo / 10km corrida Pos

Atleta

País

Total

Natação

T1

Bike

T2

Corrida

U 2 3 4 5 6 7 8 9 10 52 55 56

Paula Findlay Barbara Riveros Diaz Andrea Hewitt Carole Peon Tomoko Sakimoto Laura Bennett Ai Ueda Liz Blatchford Lisa Norden Lauren Campbell Carla Moreno Flávia Fernandes Pâmela Oliveira

CAN CHI NZL FRA JPN USA JPN GBR SUE CAN BRA BRA BRA

02:01:21 02:01:23 02:01:29 02:01:38 02:01:40 02:01:59 02:02:02 02:02:32 02:02:36 02:02:43 02:08:04 02:11:18 02:13:47

00:22:13 00:22:21 00:22:05 00:22:18 00:22:16 00:21:55 00:22:45 00:22:00 00:22:18 00:22:28 00:22:46 00:22:42 00:22:05

00:00:49 00:00:50 00:00:47 00:00:50 00:00:49 00:00:50 00:00:50 00:00:50 00:00:47 00:00:48 00:00:52 00:00:49 00:00:49

01:03:12 01:02:59 01:03:18 01:03:05 01:03:10 01:03:27 01:02:39 01:03:22 01:03:06 01:02:59 01:05:13 01:05:23 01:09:04

00:00:21 00:00:18 00:00:18 00:00:21 00:00:21 00:00:18 00:00:21 00:00:21 00:00:19 00:00:17 00:00:21 00:00:19 00:00:26

00:34:43 00:34:54 00:35:00 00:35:04 00:35:01 00:35:27 00:35:25 00:35:56 00:36:05 00:36:10 00:38:48 00:42:04 00:41:22

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Foto: Delly Carr / triathlon.org

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RESULTADOS - 2011 Dextro Energy Triathlon - ITU World Championship Series Sydney Sydney - Austrália - 10 de abril de 2010 1,5km natação / 40km ciclismo / 10km corrida

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Pos

Atleta

País

Total

Natação

T1

Bike

T2

Corrida

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 24 37 47 48

Javier Gomez Jonathan Brownlee Sven Riederer Brendan Sexton David Hauss Tim Don Jonathan Zipf Joao Silva William Clarke Dmitry Polyansky Reinaldo Colucci Juraci Moreira Bruno Matheus Diogo Sclebin

ESP GBR SUI AUS FRA GBR ALE POR GBR RUS BRA BRA BRA BRA

01:50:22 01:50:29 01:50:34 01:50:40 01:50:49 01:50:58 01:51:04 01:51:17 01:51:19 01:51:26 01:52:13 01:53:22 01:54:37 01:54:58

00:19:35 00:19:32 00:19:40 00:19:57 00:19:25 00:20:03 00:19:57 00:19:59 00:19:39 00:19:32 00:20:03 00:19:55 00:19:38 00:19:53

00:00:43 00:00:41 00:00:43 00:00:43 00:00:43 00:00:46 00:00:43 00:00:45 00:00:46 00:00:43 00:00:46 00:00:48 00:00:45 00:00:46

00:59:31 00:59:26 00:59:16 00:59:01 00:59:32 00:58:51 00:59:04 00:58:57 00:59:18 00:59:32 00:58:57 00:59:06 00:59:27 00:59:24

00:00:21 00:00:17 00:00:21 00:00:18 00:00:17 00:00:21 00:00:17 00:00:20 00:00:19 00:00:27 00:00:19 00:00:17 00:00:17 00:00:20

00:30:09 00:30:31 00:30:32 00:30:39 00:30:48 00:30:52 00:31:00 00:31:15 00:31:16 00:31:09 00:32:07 00:33:13 00:34:29 00:34:32

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IRONMAN SOUTH AFRICA Chrissie Wellington vence Ironman South Africa com a melhor maratona geral e novo recorde mundial Aconteceu no dia 10/04, na Baía Nelson Mandela – África do Sul, o Spec-Savers Ironman South Africa. No masculino, o vencedor foi o atleta local Raynard Tissink, que conquistou seu terceiro título na prova. Tissink chegou na segunda transição com 2 minutos de desvantagem para o belga Marino Vanhoenacker, que quebrou o recorde de bike da prova com 4:18:14. Marino segurou a liderança até o km20, mas Tissink o alcançou e passou à frente para não perder mais. Pouco depois, Marino abandonaria a disputa. O argentino Eduardo Esturla estava na disputa e terminou na 6ª colocação.

Foto: Timothy Carlson

O grande destaque do dia, contudo, estava na prova feminina. Chrissie Wellington, tricampeã no Havaí, saiu na água três minutos das líderes, mas com 120km de ciclismo já tinha uma vantagem de mais de 10 minutos sobre as adversárias. A atleta completou os 180km em 4:45:23. Mas o melhor ainda estava por vir. Chrissie começou sua disputa com os homens na maratona. Em um ritmo alucinante de 4:06 por quilômetro, Chrissie foi buscando vários homens da elite, terminando a prova em 8º lugar geral, com a melhor corrida do dia geral: 2:52:54, realmente impressionante! Chrissie fez mais história. Seu tempo, 8:33:56, foi o novo recorde de provas da marca Ironman, quebrando sua própria marca do Ironman Arizona 2010. MT

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Foto: Timothy Carlson

Atleta

Natação

Bike

Corrida

Total

00:51:40 00:51:06 01:02:21 01:03:50 00:48:55

04:45:23 05:02:29 04:55:16 05:01:08 05:07:45

02:52:54 03:10:30 03:18:45 03:15:31 03:24:23

08:33:56 09:08:23 09:20:37 09:24:31 09:25:50

00:48:53 00:47:42 00:51:10 00:48:53 00:51:05 00:51:23 00:49:01 00:54:58 00:54:46

04:19:41 04:21:19 04:25:39 04:30:35 04:30:15 04:36:20 04:30:09 04:42:23 04:43:02

02:53:21 02:55:57 02:53:16 02:56:00 03:05:20 03:01:13 03:10:09 02:58:58 03:00:04

08:05:36 08:08:36 08:13:18 08:18:51 08:30:42 08:32:52 08:33:39 08:40:36 08:41:57

FEMININO 1 2 3 4 5

Chrissie Wellington Rachel Joyce Diana Riesler Silvia Felt Amanda Stevens

MASCULINO 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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Raynard Tissink Andreas Bcherer James Cunnama Daniel Fontana Cyril Viennot Eduardo Sturla Uwe Widmann Petr Vabrousek Trevor Delsaut

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Spec-Savers Ironman South Africa Nelson Mandela Bay, África do Sul / 10 de abril de 2011 3,8km natação / 180km ciclismo / 42km corrida

Pos


Memorial Hermann Ironman 70.3 Texas Brasileiros se detacam na disputa Foi disputado no domingo 10/04 o Memorial Hermann Ironman 70.3 Texas. Os vencedores da disputa foram Chris Lieto (EUA) no masculino e Catriona Morrison (GBR) no feminino. A prova contou com nomes de peso do Triathlon mundial e foi marcada por pequenas margens entre as colocações. Vários brasileiros estavam presentes na prova. Na elite, Raul Furtado terminou a prova na 24ª colocação e Ariane Monticeli conquistou o 15º lugar, marcando pontos preciosos para o ranking do Ironman do Havaí. Nos amadores, os brasileiros conquistaram dois pódios: Luiz Renato Topan venceu a 45-49 e Luíza Tobar foi a 5ª colocada na 18-24 anos. MT Confira o relato de Topan sobre a prova: “Fui para o Texas com o compromisso de fazer uma boa natação e um pedal forte, pois estou me recuperando de uma periostite na canela direita. Assim, por orientação médica e fisioterápica, começaria a correr, mas ao menor sinal de dor deveria parar. A largada era em waves, sendo na minha categoria duas saídas com intervalo de 5 minutos. Este tipo de largada para quem nada bem é péssimo, pois, além de haver um tráfego terrível das outras categorias, tem que se nadar sozinho e na frente sem usar nenhuma esteira.

Foto: Arquivo pessoal

Apesar de sair na 2ª wave da categoria, 5 minutos depois da primeira, sai da água já na frente de toda a 45/49. O pedal foi de vento contra toda a ida (45k) e de vento a favor toda a volta. Plano, porém duro! Na corrida, comecei a correr sem dor e fixei como objetivo o pace de 4min30seg, pois, já se vão 12 semanas sem correr. Qualquer tentativa de correr mais forte seria suicídio e não fecharia a prova. Depois dos 10 km, apesar do aeróbio estar bem, senti dores musculares pela falta de treino especifico de corrida.

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Memorial Hermann Ironman 70.3 Texas Porém, “mind in charge”, segui e completei a prova na média pretendida.

Nossa KONAPODIUM LUIZA TOBAR também foi pódio na 18/24 obtendo o 5º lugar.

No final, consegui completar mais uma prova e de bônus inaugurei a 45/49 com uma vitória.

Na profissional a vitória foi do Cris Lieto, que tietei e tiramos uma foto.”

Foto: Arquivo pessoal

Topan com Lieto após a prova

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Memorial Hermann Ironman 70.3 Texas Memorial Hermann Ironman 70.3 Texas Galveston, Texas - EUA / 10 de abril de 2011 1,9km natação / 90km ciclismo / 21km corrida BRASILEIROS Categoria MPRO M45-49 FPRO M40-44 F18-24 M18-24 M50-54 M30-34 F50-54 M40-44

Pos. na cat. 24 1 15 33 5 17 19 134 -

Natação 00:26:37 00:24:39 00:32:33 00:27:05 00:35:43 00:30:28 00:40:08 00:33:49 00:40:56 00:49:01

Ciclismo 02:13:33 02:23:00 02:32:29 02:45:22 02:58:40 02:49:31 02:49:42 02:46:55 03:16:03 03:16:03

Pos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Atleta Chris Lieto Rasmus Henning Timothy Odonnell Terenzo Bozzone Frederik Van Lierde Marko Albert Sebastian Kienle Ronnie Schildknecht Jozsef Major Joe McDaniel

Natação 00:23:39 00:22:20 00:22:41 00:22:42 00:22:39 00:22:18 00:26:30 00:25:01 00:26:46 00:23:20

Ciclismo 02:02:15 02:07:12 02:11:28 02:06:56 02:05:46 02:09:52 02:05:46 02:04:33 02:06:25 02:10:30

Corrida 01:16:56 01:14:47 01:11:57 01:18:11 01:19:49 01:16:46 01:17:06 01:21:27 01:18:35 01:18:55

Total 03:45:37 03:46:47 03:48:16 03:50:00 03:50:54 03:51:26 03:52:03 03:53:33 03:54:55 03:56:09

Pos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Atleta Catriona Morrison Angela Naeth Karin Thuerig Mary Ellis Kelly Williamson Desiree Ficker Margaret Shapiro Meredith Kessler Tyler Stewart Sonja Tajsich

Natação 00:26:47 00:27:29 00:30:52 00:24:29 00:25:38 00:28:31 00:26:20 00:25:18 00:30:52 00:29:08

Ciclismo 02:18:34 02:17:02 02:12:24 02:24:10 02:28:16 02:18:14 02:22:15 02:24:07 02:20:28 02:26:51

Corrida 01:18:18 01:22:18 01:23:46 01:23:04 01:18:20 01:26:21 01:25:55 01:25:05 01:24:29 01:21:11

Total 04:06:43 04:09:40 04:10:30 04:14:39 04:14:53 04:16:16 04:17:05 04:17:35 04:19:03

Corrida 01:23:35 01:33:22 01:24:51 01:47:03 05:17:20 02:06:37 01:57:15 02:40:07 00:00:00 00:00:00

Total 04:06:38 04:24:26 04:32:52 05:05:18 05:17:20 05:30:27 05:31:24 06:05:38 00:00:00 00:00:00

FEMININO

Atleta Raul Furtado Luiz Topan Ariane Monticeli Mauro Giorchino Luiza Tobar Guilherme Niece Aldo Neto Erik Coser Ana Lícia Piacentini Vladimir Zaccariotti

MASCULINO

Pos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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XTERRA Vale do Aço

Muita festa e animação nas provas do XTERRA Vale do Aço, que aconteceu neste final de semana (2 e 3/4), em Ipatinga(MG). Abrindo o evento, a disputa de triathlon reuniu cerca de 110 triatletas na Lagoa Silvana. Com muita disposição, os competidores enfrentaram 1,5 km de natação, 30 km de mountain bike e 9 km de corrida. Entre os homens, vitória de Alexandre Manzan, atual campeão do circuito XTERRA. Já no feminino, foi a neozelandesa Jennifer Smith quem levou a melhor. “O XTERRA Vale do Aço foi um sucesso. Abrimos muito bem o calendário do XTERRA Brazil Tour 2011” diz Bernardo Fonseca, da X3M Sports Business, empresa detentora dos direitos do XTERRA na América Latina. Pra conquistar o título da prova, Manzan teve que suar a camisa. Durante todo o percurso, Felipe Mo-

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Foto: Bruno Lima/fotocom.net

Disputa no Vale do Aço abre em grande estilo a temporada do XTERRA Brasil

letta, terceiro colocado no ranking de 2010, marcou duro em cima do brasiliense, chegando a assumir a primeira posição e abrir 1m30s no começo da corrida. Mas, também foi neste trecho, especialidade de Manzan, que ele retomou a dianteira da prova e cruzou a linha de chegada em primeiro, com 2h03m56s. Moletta ficou em segundo, com 2h05m52s e Rodrigo Altafini completou o pódio (2h10m18s). “O Moletta evoluiu muito no pedal. Ele ficou na minha cola por muito tempo, cheguei a pensar que ele ia cansar. Mas, quem cansou fui eu. Ele abriu uma grande distância na minha frente, pensei que ele fosse vencer. Continuei no meu ritmo e consegui recuperar na corrida”, conta Manzan, que além de atual campeão brasileiro, é TOP 10 no mundial de triathlon. No feminino, a neozelandesa Jennifer Smith levou a


XTERRA Vale do Aço

Já na Mountain Bike Cup, que aconteceu no domingo, cerca de 350 bikers enfrentaram as trilhas da cidade mineira. Entre as mulheres, vitória emocionante da carioca Manuela Villaseca, que ultrapassou Cristiane Pereira (MG) no último quilômetro, cruzando a linha de chegada com 2h13m36s. No masculino, foi Thiago Aroeira quem levou a melhor, com 1h35m51s. Moises Santos, com 1h37m18s, e Geraldo da Silva, 1h38m21, completaram o pódio. “Não estou acreditando até agora. A Cristiane é especialista em ciclismo de pista e eu a ultrapassei quando já estávamos na reta final, no asfalto. No quilômetro 25 soube que estava a um minuto e meio da segunda colocada e a menos de cinco minutos da primeira colocada. Pensei que não ganharia. Ter vencido foi realmente inacreditável”, vibrou Manu, que ficou com a quarta colocação na prova de triathlon

Além da provas de triathlon e mountain bike, o XTERRA Vale do Aço teve a animada Night Run, tradicional corrida noturna, que levou mais de 600 corredores para o percurso. A prova largou do Parque Ipanema, na noite de sábado e passou pelos trilhos do trem da cidade. Na disputa de 5 km vitória de Isaac Custódio e Sabrina Custódio. Nos 10 km, Hudson Nascimento e Marlene Gonçalves levaram a melhor e garantiram o lugar mais alto do pódio. Para encerrar a etapa o XTERRA com chave de ouro, o XTERRA Vale do Aço colocou 500 crianças em contato com o esporte, na Kids Running. Espírito esportivo e muita competitividade não faltaram para a criançada com idades de 01 a 12 anos. De Minas, o circuito se muda para o meio da selva amazônica, aonde acontece a etapa brasileira do XTERRA GLOBAL TOUR. A disputa, que reunirá grandes nomes do triathlon mundial dentro da maior floresta do planeta, acontece no dia 11/6. MT

Foto: Bruno Lima/fotocom.net

melhor e venceu Luzia Bello, atual campeã do circuito, por oito minutos. Jennifer completou a prova em 2h29m08s, seguida por Luzia, com 2h37m. Sabrina Gobbo ficou em terceiro, com 2h41m11s.

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Foto: Bruno Lima/fotocom.net

XTERRA Vale do Aço

Resultados TRIATHLON Masculino Primeiro lugar: Alexandre Manzan – 02h03m36s Segundo lugar: Felipe Moletta – 02h05m52s Terceiro lugar: Rodrigo Altafini – 02h10m18s Feminino Primeiro lugar: Jennifer Smith – 2h29m08s Segundo lugar: Luzia Bello – 2h37m43s Terceiro lugar: Sabrina Gobbo – 2h41m11s MOUTAIN BIKE Masculino Primeiro lugar: Thiago Carvalho – 1h35m51s Segundo lugar: Moises Santos – 1h37m18s Terceiro lugar: Geraldo da Silva – 1h38m21s

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Feminino Primeiro lugar: Manuela Villaseca – 2h13m36s Segundo lugar: Cristiane Pereira – 2h13m49s Terceiro lugar: Jennifer Smith – 2h16h08 NIGHT RUN 5 km Masculino Primeiro lugar: Isaac Custódio - 18m17s Feminino Primeiro lugar: Sabrina Ruela – 22m19s 10km Masculino Primeiro lugar: Hudson Nascimento – 27m18s Feminino Primeiro lugar: Marlene Gonçalves – 38m22s


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Foto: Wagner Araújo

Belas e Feras Quem disse que há idade para começar no Triathlon. É o que prova a história da paraense Vânia Costa. Por Júlia Couto

MundoTRI: Como você começou sua vida esportiva? Vânia Costa: Infelizmente bem tarde, eu era sedentária e vivia em barzinhos. Quando cheguei aos 34 anos notei que meu corpinho já não era mais o mesmo. Estava ficando com pneuzinho e barriguinha saliente. Decidi começar a fazer atividade física. Na época eu trabalhava em uma empresa perto do SESC Doca (Pará). Escrevi-me para fazer musculação. Achei um tédio e parei, mas a barriguinha ficou ali me lembrando que eu tinha que voltar. Voltei! A academia

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que eu freqüentava lançou o dia do desafio. E fui convidada a caminhar ou trotar, e lá fui eu! Nunca vou esquecer-me deste dia. Foi muito bacana, me senti livre, leve e feliz. Prometi que na próxima corrida que tivesse na cidade eu iria participar e dois meses depois eu fiz meu 1º desafio de 10 km. Daí em diante uma corrida atrás da outra e quando ela acabava eu queria mais e mais. Dois anos após começar a correr fui apresentada para o triathlon e faz dois anos que estou nele, se Deus quiser fico até meu corpo aguentar.


MundoTRI: Como você concilia a vida profissional, mãe e triatleta?

cado e tecnicamente confesso ainda tenho muito a aprender.

Vânia Costa: Não vou dizer que é fácil, mas sabe como é mulher, pensa e faz mil coisas ao mesmo tempo. Tenho planilha para os treinos e também monto uma planilha do dia-a-dia onde encaixo trabalho, filha, casa e minha mãe, que me cobra muita atenção. Confesso que “quase” tudo dá certo. O negócio é se disponibilizar.

MundoTRI: Como sua filha encara esse seu lado triatleta? Ela chegou a se interessar pelo esporte?

MundoTRI: Como é sua rotina de treinos? Vânia Costa: Aí o bicho pega. Acordo todos os dias 04h30min, até mesmo nos dias de descanso. Têm dias que faço treinos nas ruas, corrida ou pedal e quando treino é na academia vou cedo, faço uma modalidade, tomo banho e vou trabalhar. Volto para a academia às 11h faço outra modalidade, saio às 13h30, almoço e volto a trabalhar até as 18h00min. Isso de segunda a sexta. Sábado faço os treinos mais longos em estradas e domingo, às vezes, faço corrida de rua quando não tem descanso. MundoTRI: Qual foi a maior dificuldade ao começar a praticar triatlhon? Teve problema com algum esporte em especial?

MundoTRI: Quais seus próximos objetivos no triathlon? Vânia Costa: Quero fazer mais uma longa distância e ser novamente campeã geral de triathlon Feminino 2011 (fui 2010). Acredito que muitas outras conquistas virão!! MundoTRI: Existe algum atleta que te inspira? Se sim, quem é ele e por quê? Vânia Costa: O que me inspira são as grandes histórias de superação de atletas portadores de deficiência física e também as aventuras e as amizades que ganhamos através do esporte. Isso que me dá alegria e me faz acreditar que todos, profissionais ou não, merecem cada conquista.

Foto: Wagner Araújo

Vânia Costa: Sim! Natação foi complicada, mas gosto de desafios. Fui e me joguei, literalmente, na água. Juntar as três modalidades também é muito compli-

Vânia Costa: Ela acha muito bom, pois é um esporte que exige muita força de vontade, por isso admira bastante e me incentiva sempre. Mas não se interessa a ponto de praticar porque diz ser complicado, principalmente pela questão do tempo que ele exige do atleta.

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“Não vou dizer que é fácil, mas sabe como é mulher, pensa e faz mil coisas ao mesmo tempo.”

Vânia Costa: Eu lido bem com isso!! Se forem realmente meus amigos vão entender. Convido-os para assistirem os eventos, quem sabe assim não se estimulam. Alguns dizem: “quem diria! você atleta. Ops!! Triatleta!” e “Ta maluca! Com essa idade?” Eu sempre digo: “É agora que o show vai começar”. MundoTRI: Qual seu conselho para as pessoas que querem começar no triathlon mas acham que estão velhas para isso? Vânia Costa: Falo, primeiramente, bem vindos!, 2º não é moleza, mas qualquer um pode participar independente da idade. É necessário gostar do esporte para entender essa adrenalina toda, gostar de desafios e ter interesse por tudo que parece ser difícil de ser conquistado. E preciso ainda ter disciplina. MundoTRI: Quais os motivos te levam a seguir em frente mesmo com todas as dificuldades? Vânia Costa: Quero muito continuar porque acredito que idade, classe social e cultural se misturam com força total no esporte. E isso é lindo! Aprendemos, ensinamos, nos emocionamos e somos uma família, querendo ou não, claro que cada um com seu objetivo, mas todos pelo bem comum. Eu, como cheguei tarde, posso incentivar os jovens, mostrando que se eu posso porque eles não? E aí quem sabe não ajudo a descobrir futuramente um grande atleta. Difundir o triathlon para mim é muito importante. Tenho orgulho do esporte que escolhi. E acredito que um triatleta que respeita seus limites e tem uma boa alimentação com certeza vai alcançar bons resultados. Viva o Triathlon! MT

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Foto: Arquivo pessoal

MundoTRI: Como você lida com as criticas dos seus amigos não-triatletas? O que eles exatamente dizem?


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Próxima edição: Os favoritos para o Ironman Brasil

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Foto: Eduardo Rosa

O que fazer após o Iron? 87


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