O Biólogo nº 8 2008

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ESPECIAL

O Biólogo e as Unidades de Conservação Leopoldo Magno Coutinho e Lilian Beatriz Penteado Zaidan

Casal de veado-campeiro. Foto: Alexandre C. Coutinho

Segundo dados divulgados pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), num site com data de julho de 2008, o Brasil possui 299 Unidades de Conservação (UC), incluindo-se entre elas 56 Reservas Extrativistas, com uma área de 11,92 milhões de ha, 65 Florestas Nacionais, com 19,59 milhões de ha e 63 Parques Nacionais, com 24,40 milhões de ha. Se considerarmos todas as categorias de UC chega-se a uma área total de 77,23 milhões de ha, ou seja, cerca de 9% do território nacional. Sendo esses dados confirmados, é uma área significativa, equivalente a aproximadamente metade do estado do Amazonas. Segundo outras fontes, as UC têm dimensões variadas, desde 3.882.121ha, como a das Montanhas de Tumucumaque, no PA/AP, a do Jaú, no AM, com 2.272.000ha, a do Pico da Neblina, no AM, com 2.200.000ha, até unidades pequenas, como a de Jericoacoara, no CE, com 6.295ha. Considerando-se a distribuição latitudinal de nosso país, sua diversidade climática, geológica e pedológica, bem como a sua biodiversidade, em termos específicos e de formações ou biomas, enfim, sua diversidade de “ambientes”

naturais que devem ser conservados, acreditamos que há muita UC para ainda ser criada. A porcentagem de área conservada como UC não deve nos impressionar em demasia. O que realmente importa é a porcentagem da diversidade protegida nessas UC. Além disso, as UC existentes estão mal protegidas ou conservadas, com falta de pessoal, gerenciamento, material, instalações adequadas a seus funcionários, sem dizer aos seus visitantes. É até mesmo difícil fazer um contato com tais unidades, para se conseguir autorização para visitação. Não se trata de uma “política” conservacionista, mas de falta de gerenciamento adequado. Segundo a mesma fonte do ICMBio, de julho de 2008, 82 (29%) UC não possuem um gestor, 173 (57%) não têm fiscais lotados, 226 (76%) não possuem planos de manejo e, diga-se de passagem, quando os possuem nem sempre seus chefes ou diretores os obedecem. Dividindo-se a área total das UC pelo número total de servidores, conclui-se que caberia a cada servidor cuidar da conservação de 47.235 ha. O próprio Ministro Carlos Minc reconhece que “É um quadro triste, inaceitável e insustentável.”. Segundo ele, grandes modificações serão realizadas pelo atual

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governo nesse quadro. Tomara! Vamos aguardar. Mas iremos fiscalizar e cobrar também. Como o ICMBio tem uma Ouvidoria, mas esta não tem uma forma institucionalizada para receber reclamações, sugestões, descobrimos alguns endereços eletrônicos que poderemos eventualmente utilizar (veja ao final do texto e anote para quando precisar). Talvez por estas razões, em parte, as atuais UC estão literalmente isoladas do público, com exceção de Iguaçu, no Paraná, e Tijuca, no Rio de Janeiro. Em muitas faltam estradas, luz, telefone, internet, veículos, combustível etc., etc. Isto pode ser positivo por um lado, pois assegura de certa forma sua conservação como um ambiente natural. Por outro, Foto: Marcos E. L. Lima

Dr. Leopoldo Magno Coutinho e Dra. Lilian Zaidan


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