1900 - 1909

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Universidade Salgado de Oliveira

1900 – 1909 A moda nesta década

Alunas: Gabriela Castilho Gabriela Naoum Jacqueline Noleto

Goiânia - GO


Sumário

1. Introdução

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2. Contexto histórico

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2.1. Político e econômico

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2.2. Artístico e social

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3. A moda de 1900 – 1909

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4. Grandes nomes

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4.1. Charles Worth: O pai da alta costura

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4.2. Poiret: O magnífico

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5. Referências

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1. Introdução A virada do século foi uma época efervescente. Diversas descobertas científicas revolucionaram os costumes e a vida do cidadão comum, com a aviação de Santos Dumont, o primeiro filme (The Great Train Roberry – 1903) e a arte de Picasso, que renderam à época o título de Belle Époque. Essa época também ficou conhecida como período Eduardiano, devido ao sucessor da Rainha Vitória da Inglaterra, Edward. Além do mais, a consolidação da Revolução Industrial possibilitou a introdução em larga escala de bens de consumo, como roupas, tecidos e calçados. Dentro de um universo mais comunicativo, todo o mundo passou a adotar o estilo europeu para a moda, em todas as camadas sociais, apenas adaptando-as para seus climas e crenças religiosas. Entretanto, o estilo predominante era o rígido vitoriano. As mulheres usavam espartilhos muito justos para conquistar a silhueta em “S”. O ideal de beleza se dividia em dois: o estilo Eduardiano e as “Gibson’s Girls”, popularizado pelo desenho de Charles Gibson sobre a sua esposa. A cintura fina e o cabelo preso no alto da cabeça, aliadas ao espírito esportivo moderno da época, que era andar de bicicleta, foram um referencial para a década. Além da importância de dois costureiros; Charles Worth e Paul Poiret.

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2. Contexto histórico 2.1. Político e econômico A nível político, a década começou com um grande evento, em 1901. Rosevelt é eleito o primeiro presidente dos Estados Universo da América, país que se tornaria a maior potencia mundial, virando, portanto, lançador de tendências. A Inglaterra, por sua vez, passava por outra mudança. Com a morte da Rainha Vitória, seu filho Edward assume o trono inglês. O mundo passa por um momento de alianças, Império Austro-Húngaro, Itália e Alemanha formam a Tríplice Aliança, em 1902. Em 1904, França e Inglaterra formariam a Entente Cordial, que em 1907 se tronaria a Tríplice Entente com a entrada da Rússia. Sete aos antes da guerra, portanto, já tínhamos os dois lados formados. No ramo cultural e artístico tivemos uma década de novidades. Tivemos o surgimento dos fauvistas, dos expressionistas e do cubismo, tendo representação na obra de Pablo Picasso (“Les Demoiselles d’Avegnon” - obra precursora do cubismo, Picasso, 1906-7). Em 1906, Marinette lança no Jornal Le Figaro, em Paris, o Manifesto Futurista. Foi uma época de apogeu à ciência, onde novas descobertas causaram fascínio. Temos Einstein elaborando a Teoria da Relatividade, os irmãos Writght voando 40m em um bimotor, além da criação da máquina de combustão interna, máquinas de costura mais rápidas, carros com motores mais acessíveis. Inovações tecnológicas como o telefone, o telégrafo sem fio, o cinema, inspiravam novas percepções da realidade.

2.2. Artístico e social O fim do século XIX inaugurou uma expressão nas artes decorativas, ansiosa porá novas formas, associada ao conceito de design, que determina o que viria a ser o estilo “Art Nouveau” (Arte Nova). A Arte Nouveau prevaleceu entre 1890 e 1910, valorizando linhas curvas, sinuosas e ondulantes, de nítida inspiração nas formas da natureza, como galhos de árvores, asas de insetos e borboletas, folhas, flores e vegetais, em geral, que muito priorizava aspectos assimétricos. Suas exuberâncias e delicadezas foram expressas na arquitetura, na serralheria, na movelaria, na decoração, na estamparia, nos objetos em geral e, também, nas roupas. A moda desse período, fim do século XIX e começo do XX, de uma maneira geral

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denominada “La Belle Époque”, se expressou como verdadeiro reflexo do gosto vigente do Art Nouveau. A Belle Époque foi um período de cultura cosmopolita na historia da Europa que começou no final do século XIX e durou até a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914. A expressão também designa o clima intelectual e artístico do período em questão. Foi uma época marcada por profundas transformações culturais que se traduzem em novos modos de pensar e viver o cotidiano. Ela foi considerada uma época de ouro e beleza, inovação e paz entre os países europeus. Novas invenções tornavam a vida mais fácil em todos os níveis sociais e a cena cultural estava em efervescência: cabarés, o cancan e o cinema haviam nascido, e a arte tomava novas formas, como o Impressionismo e a Art Nouveau. A arte e a arquitetura inspiradas no estilo dessa época, em outras nações, são chamadas algumas vezes de “Belle Époque”. Além disso, “Belle Époque” foi representada por uma cultura urbana de divertimento incentivada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação e transportes gerados pelos lucros e necessidades da política imperialista, que aproximou ainda mais as principais cidades do planeta. A Belle Époque, foi uma época onde ocorreram várias mudanças no mundo da arte na Europa, fazendo com que teatros, exposições de telas, cinemas, entrassem no cotidiano das pessoas burguesas. E somente elas tinham acesso a esse mundo da arte. No final do século XIX, o êxodo rural, o desenvolvimento das comunicações e a eletricidade, aliadas ao crescimento urbano, proporcionam o surgimento da cultura de divertimento. Essa categoria ganhou status social na burguesia através dos cabarés, onde era possível encontrar a fusão dos elementos da cultura erudita com os elementos das classes baixas. A indústria do divertimento foi possível devido ao desenvolvimento da eletricidade e a diminuição da jornada de trabalho, fazendo com que os operários tivessem mais horas livres para o lazer. Os parques e os cinemas se transformaram em divertimento de massa, porque o ingresso era barato e esses divertimentos provocavam um desprendimento momentâneo da realidade cotidiana das pessoas. O corpo feminino tornou-se tão sinuoso quanto os galhos e tão frágil como as asas de uma libélula. Acentuou-se, ainda mais, o gosto pelo afunilamento das cinturas por meio do espartilho, que valorizava os seios em proeminência frontal e que acentuavam e arrebitavam os glúteos. De frente, o corpo feminino, tinha a silhueta de uma ampulheta, e de perfil, a silhueta em “S”, ou seja, a valorização total das linhas curvas. Como se não bastasse, o corpo curvilíneo, as roupas e os complementos também valorizavam o sinuoso em longas saias no formato do bordão de um sino, acentuadas nos trocanteres,

afunilada

nas

panturrilhas

e

abrindo

na

base,

além

de

chapéus

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curvilineamente volumosos, ornados com flores e usados sobre coques fofos ou finas nervuras e assimetrias, tudo isso serviu como reflexo de um tempo que ao se reinventar, tornou-se estilo e retrato de uma época.

3. A moda de 1900 – 1909 A moda do início do século XX é conhecida, especialmente na Inglaterra, como período Eduardiano devido ao sucessor da rainha Vitória da Inglaterra, Edward. Até o fim do século XIX, o estilo era o vitoriano, caracterizado pelo uso permanente de espartilhos muito justos para conquistar a silhueta em “S”. Após a morte da rainha, o ideal de beleza foi se modificando influenciado pela preferência do rei por mulheres maduras e cabelos grisalhos. Os trajes masculinos vão dispensavam o chapéu, sobrecasaco, fraque, além da grande variedade de sapatos que passaram a ser considerados acessórios de moda masculina. Mantendo seu prestigio como criadora de moda, a França também influenciou o mundo na virada do século, a Belle Époque com toda sua efervescência, foi considerada uma era de ouro, de beleza e inovação. Em meados da primeira década de 1900, Paul Poiret, revoluciona a moda deslocando a cintura para baixo dos seios, desapertando a silhueta formal e eliminando e assim trazendo um novo conceito de moda pautado no conforto e no luxo dos tecidos leves. É também nesse mesmo cenário que irá despontar em Paris, Charles Worth, pai da alta costura. Com a facilidade de comunicação e intercâmbio cultural, a moda européia passou a ser copiada no mundo inteiro, adaptada a todos os climas e camadas sociais. A renda era largamente usada, estava nos decotes, nos punhos, nas barras, enfim, por todas as partes dos vestidos. As vestimentas eram extremamente fechadas, especialmente para o dia, com luvas que cobriam todo o braço, mas durante a noite usavam-se decotes mais extravagantes. Os cabelos eram presos e com chapéu panqueca que se lançava para frente. Eram usadas também uma ou duas plumas nos chapéus como sinal de status. Era uma sociedade fascinada por plumas e usavam também boás em torno do pescoço e os melhores boás eram feitos de plumas de avestruz. Na era eduardiana, tinham o costume de usar pela manhã um traje para fazer visitas e compras, era um conjunto de alfaiataria composto por uma saia e uma jaqueta ou casaco, às vezes combinado com blusa e cinto. As blusas tinham colarinhos altos, erguidos por suportes de barbatanas de baleia, celulóide ou arame. Os vestidos usados para hora do chá eram os “tea goruns”, que eram essenciais para a vida com graça e os periódicos da moda. Eram trajes longos, fluidos e, as vezes volumosos, dando espaço para o corpo relaxar. Na época que foi definida como a “última divisão das classes altas”, as cores das roupas refletiam o otimismo dos endinheirados, que usavam cores em pastel, como rosa, azul-claro, malva, ou pretos com lantejoulas aplicadas em toda a roupa. Os tecidos eram crepes da China, chifon, mousseline de

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soie e tule. As mulheres usavam vestidos de cetim bordados com flores ou mesmo pintados à mão, era um trabalho meticuloso e belíssimo.

4. Grandes nomes A história da alta-costura começa na rua de Paris, Rue de La Paix, durante o 2º Império de Napoleão. No século XIX, com a ascensão da burguesia industrial e os benefícios decorrentes do professo, os lucros financeiros passaram a ter, entre outras, a função de mudar a imagem da própria burguesia, com trajes que exprimiam um novo gosto. Nesse contexto, dois costureiros se destacam: Worth e Poiret. O primeiro transformou sua assinatura numa marca rentável, impondo respeito à profissão. Em pouco tempo tronou-se um ditador da moda, prestigiando o estilo e o conforto. Pouco mais tarde, Paul Poiret sepultaria o espartilho, bem como todos os excessos de tecidos e detalhes, inaugurando uma faz de roupas mais leves e mais sensuais e mais simples, que valorizavam as silhuetas femininas.

4.1. Charles Woth: pai da alta costura Worth foi o primeiro a utilizar modelos vivos para apresentação de suas roupas, redefiniu as formas femininas, da crinolina e da anquinha, além de redefinir e eliminar grade parte dos exageros, dos babados e dos adornos bem ao gosto da nobreza. Embora especialista em modelos para a nobreza, na década de 1860, ele aboliu a crinolina e elevou a saia na parte de trás, formando uma calda. Mais tarde, elevou a cintura e criou uma anquinha. Retirou os excessos, mas utilizou tecidos luxuosos. Worth ficou famoso pelos vestidos-toallete, em geral de tule branco. Ele possuía uma visão clara da época em que viveu e conseguiu vestir com o mesmo bom gosto tanto a alta sociedade quanto a burguesia.

4.2. Poiret: o magnífico Paul Poiret impulsionou a alta costura e mudou os costumes no início deste século. Deixou a silhueta mais feminina: livrou-as do espartilho, substituindo-o por uma peça de gorgurão com barbatanas (mais tarde transformada na cinta), inventou o sutiã de bojo flexível, a cinta-liga e revitalizou drapeados inspirados na Grécia antiga, conhecidos ainda hoje como estilo Império. Seu ateliê é considerado o primeiro da alta-costura nos moldes atuais, devido à preocupação com a pesquisa, com a necessidade de inovar e com vários funcionários.

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Poiret também foi o primeiro a imprimir seu nome em objetos de decoração, o primeiro estilista a ter um perfume e o primeiro a fazer um desfile em capitais européias. Era talentoso e ambicioso, porém tinha o espírito egocêntrico e, desde pequeno, julgava-se um gênio. Ele mudou o conceito tradicional de espartilho (e atraiu a ira dos fabricantes): afroxou a silhueta até obter uma forma mais confortável, estendeu a peça até os quadris e reduziu o numero de roupas intimas. Na moda, introduziu cores vibrantes, como o amarelo e o vermelho, quando os tons pastéis estavam no auge. Em 1908, mostrou vestidos longos e simples, elegantes e ajustados, turbantes egretes (enfeites de plumas), adornos de pele, lenços e calça odalisca, bem diferentes dos trajes apertados e com muitos ornamentos. Poiret criava roupas de sedas, brocadas, veludos, lamês, de cores ousadas e modelagem simples, mas rica em textura. “A mulher bem vestida é a que escolhe o vestido e os enfeites porque eles a tornam sedutora, e não porque os outros se vestem dessa maneira ou porque isso indique o valor da conta bancária do marido” (Paul Poiret)

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5. Referências

TAMBINI, Michael. O design do século. Ed Ótica. Revista eletrônica – História, 2009. Revista Manequeim.

Site: HTTP://www.modapoint.br

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