Mundos em segunda mão

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Mundos em Segunda Mão, vol. I por Aleksandar Zograf [aleksandarzograf.com] Junho 2011

Traduções por Dejan Stankovic e Sara Figueiredo Costa Legendagem DTP por Marcos Farrajota Composto e paginado por Joana Pires Capa de Aleksandar Zograf Impresso na Publidisa Agradecimentos ao autor e Nicolas Leroy (L’Association) Direitos de autor reservados a Sasa Rakezic 15º volume da editora MMMNNNRRRG [gentebruta.pt.vu] Promoção e distribuição pela Associação Chili Com Carne [chilicomcarne.com] apartado 215, 2751-903 Cascais, Portugal Depósito Legal: ISBN : 978-989-97304-0-3 ISBN (e-book) : 978-989-97304-2-7

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PSICONAUTA E PSICOMÉTRICO Aleksandar Zograf (1963, Pancevo) é um autor sérvio de banda desenhada que não deveria ser um nome

estranho ao público português porque já cá esteve presente no Salão Lisboa 2003 e duas no Festival de BD da Amadora. Dessas visitas, pelo menos duas incluíam uma exposição de originais seus e para além disso já foi publicado nas revistas Satélite Internacional, Quadrado, Underworld / Entulho Informativo, mais recentemente em antologias da Chili Com Carne: Crack On (2009), Talento Local (colectânea de bd’s autobiográficas deste vosso escriba publicada em 2010) e Boring Europa (2011). Nos últimos anos, têm havido um interesse de completar a obra do autor. Nos EUA, foi publicado Regards from Serbia (Top Shelf; 2007) que resume toda a “segunda” fase da carreira de Zograf e que (infelizmente) cruza-se com a auto-estrada monstruosa da História, mais especificamente com o desmembramento da Jugoslávia e dos conflitos dos Balcãs dos anos 90. Esta é a melhor e mais completa edição da vida em guerra do autor, incluído relatos dos primeiros conflitos na ex-Jugoslávia até à queda de Milosevic. Zograf e a sua mulher, Gordana Basta, vivem em Pancevo, alvo militar dos bombardeamentos da NATO em 1999 por ser uma cidade industrial e suburbana de Belgrado. O livro inclui bds desses períodos bem como e-mails escritos enviados por Zograf para a sua lista de contactos da comunidade internacional atravessando as “linhas inimigas”. Essas bds e e-mails, foram editadas em várias antologias ou monográfias longe do controlo de ambas partes do conflito - creio até que será a primeira guerra em que se perdeu o controlo de informação devido à Internet. Zograf criou um documento único sobre (um)a Guerra, para além de ter mantido alguma sanidade mental graças ao apoio moral que recebia dos seus amigos estrangeiros. Estes contactos apareceram na “primeira” fase da sua carreira, em que se especializou em fazer bds e desenhos em estado hipnagógico - estado transitório entre o sono e o acordado. O trabalho desta fase é reconhecido pela lógica gráfica de “cartoon” desengonçado e grotesco provavelmente influenciada pelo seu trabalho num estúdio de animação. Publicou em zines editados por si (os primeiros na Jugoslávia?) que serviram para fazer intercâmbio internacional - afinal de contas não são os zines uma Internet avant la lettre? A dada altura passou a ser mais publicado fora da Jugoslávia que no seu próprio país de origem, tendo uma projecção global graças aos “comic-books” da Fantagraphics nos anos 90. Desde 2003 que Zograf passou a desenhar duas páginas de bd a cores para o Vreme - semanário independente de informação que sobreviveu os embargos económicos, as guerras e Milosevic. Esta colaboração têm constituído a sua obra desde então, e curiosamente é o regresso de Zograf à sua língua materna, talvez por isso que é fácil de reparar um certo gosto pelos blocos pesados de escrita nestas bds que continuam a ser crónicas como o autor nos habituou com Regards from Serbia, mas agora afastadas dos conflitos militares e viradas para três vectores de conteúdo. O primeiro, é a adaptação de textos do século XX cheios visões estranhas ou cómicas (para os nossos dias) graças a uma peculiar investigação nos alfarrabistas e Feiras da Ladra do mundo - das três visitas de Zograf a Lisboa, tive sempre o prazer de o poder acompanhar nestas “pesquisas”. Segundo, relatos das suas experiências de viagens, a maioria realizadas graças aos convites de festivais de bd pelo mundo inteiro, aproveitando para encontrar choques culturais. E terceiro, entrevistas a autores, sejam de bd como Will Eisner (1917-2005) ou músicos Rock como Jonathan Richman. A grande parte destas páginas já foi compilada pela L’Association - Vestiges du Monde (2008) - e em Itália, estando também prevista publicação nos EUA. Mundos em Segunda Mão pareceu-nos um bom título para esta colecção a lançar oportunamente na presença do autor no Festival de BD de Beja. Marcos Farrajota, Maio 2011

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