Televisão e Realidade

Page 212

nacional. Por outro lado, o centro da operação política interna ao governo e na sua interface com a sociedade, a Casa Civil, não conseguiu, no período da amostra, ir além da outorga de uma visibilidade mediana à sua titular, Dilma Roussef (87 audiossegundos de sonoras, 35 segundos de declarações e 5 menções). É notável, ademais, a quase completa ausência de atores fora do triângulo presidente-ministros-senadores no centro da audioesfera política brasileira. O ator de maior destaque, neste âmbito, o Presidente da Petrobras, é retirado do padrão de visibilidade baixa apenas nas declarações (4º lugar, com 79 segundos). E é claro que há muito de circunstancial nisso: estamos, no período da amostra, num momento em que a “questão Petrobras” é parte importante da agenda da política internacional (o episódio da Bolívia) e nacional (o pacote de “boas notícias” do governo Federal relacionado à descoberta de novos poços). E curiosamente, para o padrão comum no Brasil nos últimos anos, não teve particular destaque o Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (54 audiossegundos em sonoras, 12 segundos em declarações e uma menção nominal). O que mais chama a atenção, contudo, é o fato de os integrantes do quarto componente do quadrado do poder político institucional no Brasil, a Câmara dos Deputados, ocuparem em geral apenas as faixas de média e baixa visibilidade em todas as dimensões. No caso das sonoras, por exemplo, apenas cinco deputados ocupam a faixa média na distribuição de audiossegundos: o presidente do Congresso e as lideranças básicas do governo, da oposição, do PT. O mais destacado deles, Arlindo Chinaglia (que foi presidente em exercício), com apenas 5 sonoras em 100 edições. Por fim, a elite da visibilidade deve ser contrastada com aqueles atores políticos que foram absolutamente desprovidos de visibilidade na audioesfera política no período. Para cinco ministros que pertencem à elite da audioesfera e um conjunto total de 19 ministros que alcançaram quotas em alguma das categorias de que esta se compõe, 14 ministros ficaram totalmente invisíveis no período. Os sem-sonoras foram 15, dentre eles algumas figurinhas carimbadas da política brasileira, como Hélio Costa, Luiz Dulci, Marta Supliciy e Reinhold Sthepanes. Os sem-declaração foram 21, incluindo-se, além do conjunto citado dos ministros calados, também Marina Silva, Celso Amorim e Gilberto Gil. O conjunto dos sem-menção foram 18. Quinze dos ministros

212

Wilson Gomes


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.