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RIO DE JANEIRO, TERÇA-FEIRA, 12 DE ABRIL DE 2016 www.metrojornal.com.br

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EDIMILSON MIGOWSKI Novo presidente do Instituto Vital Brazil, o médico infectologista e colunista do Metro jornal comenta sobre os avanços na produção de um fitoterápico contra o vírus zika. Ele ainda alerta quanto aos cuidados contra a gripe A H1N1 e explica, em meio à crise financeira no Estado, os desafios do centro de pesquisas que vem fechando no vermelho há anos

‘A INTENÇÃO É ALAVANCAR O VITAL BRAZIL’ BRUNA PRADO/ METRO RIO/ 01-07-2015

Em que fase estão as pesquisas sobre zika, dengue e chikungunya no Instituto Vital Brazil? O que temos de mais robusto neste momento, que é uma coisa que só depende do Brasil, é um antiviral natural, um fitoterápico que, em estudos de laboratório, teve um resultado bem surpreendente na retificação dos vírus que são transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. Outros estudos são para neutralizar o vírus zika com uma linha de soro fitoterápico, de medicamentos, e uma outra na área de vacinas. A mais avançada é a parte de medicamentos, que já estudamos há alguns anos. Já sabemos que o Vital Brazil tem condições de fazer obtenção de extratos de plantas, de fazer os estudos em cobaias prenhes e até mesmo de cultivar essa planta nas áreas que o instituto tem, essa flor do campo, como a chamamos no projeto. Qual é a expectativa quanto a esses estudos? Estou me articulando bastan-

te com várias pessoas e laboratórios para tentarmos obter o resultado o mais rápido possível e eu acho que nós vamos conseguir. A tecnologia mudou, hoje tem como interagir, mandar a célula infectada para fora do país, fragmentar o vírus e obter os melhores resultados. Então, a esperança que eu tenho, que aquela lógica que a gente vem falando há muito tempo de que uma vacina não sai antes de 5 a 10 anos, mas a minha expectativa em função do que estou vendo em termos de tecnologia nessa área é que a gente consiga obter essa vacina em tempo recorde. São Paulo já tem surto de H1N1. Os cariocas devem se preocupar com um possível surto [a vacinação no Rio começa no dia 30]? A questão é: essa gripe é como outra qualquer. Mas, assim como outra gripes, devemos paralisar a sua gravidade. Destaco que mesmo a gripe como outra qualquer é capaz de causar 1,5

milhão de mortes no mundo. O que as pessoas tendem é acreditar ou achar que resfriado é uma gripe qualquer. Resfriado é provocado por vírus também, como o respiratório e diversos outros vírus, que não têm a gravidade que o influenza tem. Então, mesmo uma gripe sazonal, comum, pode causar morte. Tem que se prevenir: fazendo uma boa higiene das mãos, evitando colocá-las na boca, nariz, olhos... Se segurou um carrinho de mercado, hastes de trem e metrô tem que lavar as mãos, evitar grandes aglomerações, manter uma boa higiene pessoal, distância de 1 metro de quem esteja gripado. E fazer a vacinação. Lembrando que ela está disponível para grupos de risco: gestantes, crianças entre 6 meses a 5 anos, população carcerária, pessoas com mais de 60 anos, as que fazem radioterapia, quimioterapia, profissionais de saúde. Esses têm vacina de graça. Quem não se enquadrar nesse grupo de alto risco pode recorrer à clí-

nica particular e eu acho que vale a pena. Quem puder fazer, faça. A gravidade do risco aqui no momento é igual a de São Paulo. Mas, se considerar que o vírus e a vacina aplicada hoje leva uma média de 10 a 14 dias para se proteger, de repente, se está numa situação razoável, sem grandes impactos, pode se adiantar, porque esse quadro pode mudar. Se deixar para tomar a vacina no momento que esse quadro mudar, pode gastar de 10 a 15 dias para conseguir. A vacina no setor privado protege de até quatro vírus diferentes. Já a do setor público somente três vírus diferentes. Deve-se ter algum cuidado especial com as crianças na prevenção da gripe A H1N1? Com elas é muito mais complicado realmente, porque na escola as pessoas circulam com vírus direto. As crianças levam mãos à boca a toda hora, babam e espirram em cima das outras. Então, não tem muito o

que fazer a não ser evitar as grandes aglomerações, redobrar os cuidados de higiene, passar álcool gel a 70% nas mãos, estar atento à higienização, manter as mãos limpas e vaciná-las. Quais são os desafios em meio à crise do Estado? O Vital Brazil vem fechando no vermelho há muitos anos, ele é dependente de recursos do Estado. E a minha maior missão é fazer com que ele produza os seus medicamentos e possa reverter esse balanço negativo de anos. A minha vantagem em relação ao Estado e à saúde como um todo é que a gente não precisa de um órgão, podemos produzir produtos, fabricar os medicamentos. Então, posso criar parcerias inovadoras e trazer recursos. Temos a convicção de reverter a situação ainda neste ano. Hoje [sexta-feira], pagamos 40 fornecedores que devíamos. Com isso, conseguimos pagar 1/3 dos nossos devedores e agora estamos buscando uma fonte de recurso mais previsí-

vel. Temos muitos clientes, o Estado é meu cliente. Então, se fornecermos bons produtos, eu vou ter clientes e possíveis parceiros. Em relação ao Vital Brazil, estamos identificando aquelas doenças de maior relevância, os medicamentos que são mais consumidos e os mais caros, e a ideia é que o instituto entregue esses produtos com preço mais em conta para que esses recursos que venham a sobrar sejam aplicados em outros segmentos da saúde. Nesses momentos de dificuldade financeira é quando nós fazemos a distinção dos bons gestores, dos medíocres e dos péssimos. Então, é um desafio e esse é o momento para observarmos isso. Montamos um grupo totalmente técnico, não temos filiação com nenhum grupo partidário e vamos fazer aquilo que for correto dentro do ponto de vista técnico. A intenção é alavancar o Vital Brazil. GISLANDIA GOVERNO METRO RIO


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