Mensageiro do Menino Jesus - 163

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ENSAGEIRO M do Menino Jesus de Praga

QUANTO MAIS ME HONRARDES MAIS VOS FAVORECEREI

G Nº. 163 G MARÇO – ABRIL 2010

A alegria vem depois da Cruz


Domingo das BênçãoS 2010 25 Abril 23 Maio 27 Junho 25 Julho Programa 10.00 a 11.30: – Confissões 11.30 – Missa com Bênçãos – Mães antes do parto – Mães depois do parto – Crianças – Objectos religiosos – Veículos (no recinto) 15.00 – Oração e Procissão pelos claustros do convento com o andor do Menino Jesus de Praga. MENSAGEIRO DO MENINO JESUS DE PRAGA Boletim bimestral Propriedade: Edições Carmelo Director: P. Agostinho dos Reis Leal Redacção e Administração: Edições Carmelo Santuário do Menino Jesus – Apt. 141 4634 – 909 MARCO DE CANAVESES PORTUGAL Telefones: - Mensageiro: 255 531 364 – Fax 255 531 359 - Santuário: 255 538 150 – Fax 255 538 151 E-mail: aleal@carmelitas.pt Sítio: www.santuariomeninojesus.org Assinatura: Portugal 6 e – Europa 17 e Outros Países 24 Dólares Impressão: SerSilito – Ex. 11.000 Reg. na SGMJ nº 116 229 – Dep. Leg. nº 68784/93

Culto no Santuário Missas Domingos – 7.30 – 9.00 – 11.30 Semana

– 8.00

Confissões De terça-feira a sábado: 8.30 – 11.00 15.30 – 18.30

Oração do Terço Todos os Domingos às 16 horas, as famílias rezam o terço neste Santuário, excepto no Domingo de bênçãos.

SUMÁRIO Flores de esperança................... 3 Clube do Menino Jesus.............. 4 Download da fé.......................... 6 Igual e diferente.......................... 8 Programa da visita de Bento XVI 9 1ª Paragem de uma viagem ao mundo da Bíblia........ 10 Jesus de Nazaré, profeta e mestre......................... 12 O gesto de paz........................... 14 A resposta de Jesus faz pensar 16 Santuário com(vida)................... 18 Correntes de pensamento negativas (II)............................... 20 De professor a frade................... 22 Missão 2010............................... 24 A foto escolhida.......................... 25 História de amor......................... 26 Oração escolhida....................... 27 Caixa de correio......................... 28 Lembrete.................................... 29 Graças e Promessas.................. 30 Lagoa (Algarve).......................... 31

Os caminhos do Santuário GPS: 41º 09’ 41.58’’ N 8º010’038.76’’ W


Agostinho Leal, ocd

Editorial

FLORES DE ESPERANÇA Que belo tempo de quaresma para meditar: a terra a tremer, o mar a galgar as margens e a engolir a obra feita pelas mãos do homem… Por acaso, não pensei muito em Deus, mas antes olhei para a morte. A quaresma foi tempo de oração. E, segundo Santa Teresa de Jesus, a oração não consiste em pensar muito mas em amar muito. Talvez esteja aqui um engano de muita gente que reza, ou seja, pensar em Deus. Quem grita, quem se afunda, quem desespera é porque pensa em Deus. Quem ama a Deus não desespera, embora chore; não agride, embora não compreenda; não fica debruçado sobre os escombros, mas levanta-se e segue o seu caminho. Quem ama não faz perguntas. Porque é que o homem se revolta tanto contra Deus quando há um terramoto, e não se revolta contra o homem quando há tanta injustiça, violência e exploração? Acaso é Deus o culpado da crise económica provocada pelos «ladrões» da banca e pelos «super-homens» que ganham milhões em detrimento de quem vive de esmolas! Ninguém vê os terramotos e os tsunamis que são propositadamente provocados para aumentar o fosso entre ricos e pobres? Ninguém se revolta contra aqueles que enriquecem à custa dos caídos e escravizados pela droga, o álcool, o sexo… Quantos mortos e excluídos por estes flagelos! Quantos! E quem se revolta? Hoje a moda é ir contra Deus e andar a tocar caixa atrás dos poderosos. Cada vez sou mais crente em Deus; cada vez ando mais apreensivo com o homem. Nesta passagem do Inverno para a Primavera quase sem me dar conta ia pisando um ramalhete natural de flores

brancas que nasceram no meio do caminho. Estanquei a tempo e encantei-me por elas (ver capa). Então fez-se ouvir dentro de mim um hino de quaresma, rezado todos os dias: «Crescem nas asperezas do caminho/ pequenas flores brancas de esperança; não podem os espinhos afogá-las,/ pois foi o amor quem as chamou à vida». Das cinzas e da morte, o amor faz surgir flores brancas de esperança. A primavera vem depois do inverno; a alegria vem depois da cruz. Desaparecer e ressurgir; morrer e ressuscitar. A vida em plenitude consiste em morrer por alguém, desaparecer em cada oblação, em cada acto de amor, aniquilarse com alegria em cada passo dado. Orar não é outra coisa senão aprender a entregar-se sem reservas, não esconder o rosto às «mortes quotidianas» quando o amor anda pelo meio. A oração é uma história de amizade com Deus. Amar é morrer ao egoísmo atroz que nos envolve e nos mata a vida. Saímos da noite e entramos na aurora. Saímos da morte e entramos na Vida. Saímos da terra e entramos no Céu. Enquanto andar por aqui, vou continuar a ver terramotos (os da natureza e os do homem), vou continuar a assistir a desgraças (as da natureza e as do homem), vou ouvir sempre a perguntar por Deus e ver gente revoltada. Cá por mim, vou continuar a amar a Deus, vou continuar a oferecer a vida, vou lançar sementes de flores brancas nos caminhos da humanidade; vou caminhando para a morte para que, cruzando a soleira do tempo, fique a saber onde Deus estava. Depois só quero lançar sobre a terra flores brancas de esperança, as flores das Páscoa.

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Clube do Menino Jesus de Praga

Feliz aniversário abril:

maio:

Dia 03: Duarte J. C. Magalhães (Avessadas) Dia 06: Mafalda C. Brighton Silva (Setúbal) Dia 07: Guilherme Bronze F. (Cantanhede) Dia 09: Rafael Dinis Soares Guimarães (Rio de Moinhos) Dia 11: César F. Sousa Monteiro; Marlene I. Azevedo Moreira (Avessadas); Brandon Alexandre Meneses Freduay (USA); Matilde Rodrigues Barros (Lixa) Dia 13: Natália Cristina Monteiro Pinto; Francisco Rafael Sousa Monteiro (Avessadas) Dia 14: João R. M. Vital (Entroncamento) Dia 15: Pedro Manuel Evangelho Lopes (A. Heroismo) Dia 16: Herberto M. Vargas Lopes (Horta) Dia 18: Cláudio A. Matos Póvoas (Sabugal) Dia 19: Carlos Henrique Nogueira Pinto (M. Canaveses); Miguel Ângelo Rabaço Nunes (Sabugal) Dia 20: Catarina Teixeira Cunha (M. Canaveses); Mariana S. Martins (T. de Bouro) Dia 21: Diana R. Gonçalves (Orém) Dia 27: Patrícia Raquel Soares Monteiro (Avessadas)

Dia 03: Bruna de Barros Ferreira (Celorico de Basto) Dia 04: Francisco José Bravo Madureira (M. Canaveses) Dia 05: Joana Raquel Moreira Novais (Avessadas) Dia 11: João António Magalhães Moreira; Leandro Vicente de Sousa Mendes (Avessadas); Carlos Miguel Ribeiro Fernandes (Tábua) Dia 12: Rui Alberto Coelho Freitas (Santa Cruz) Dia 14: Henrique Afonso Maia Silva Carvalho (Montemor-o-Velho) Carla Alexandra Duarte Magalhães (Avessadas) Dia 15: Vítor Rafael Pinto Soares (Avessadas) Dia 18: Filipa do Carmo Pinto de Azevedo (Avessadas) Dia 19: Ana Filipa Azevedo Abreu (Amares) Dia 23: Lúcia Patrícia Neves Vieira (Avessadas) Dia 29: Flávia Daniela Rodrigues Amorim (Vila Franca) Dia 31: Pedro Miguel Neto da Costa (Seroa)

Leonor Ferreira Alves Cabeça Santa

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Aníbal José da Silva Monteiro Nasceu a 28/11/2005 Carregal do Sal


Clube do Menino Jesus de Praga

Cátia Filipa Alves Silva Nasceu a 27/06/2005 Carregal do Sal

Maria Antónia

Inês

9 Anos

2 Anos

Vila Franca do Campo

Vila Franca do Campo

Daniel Filipe Amaro Castro Nasceu a 02/07/2005 Delães (V. N. Famalicão)

Diogo António Amaro Castro Nasceu a 23/05/2000 Delães (V. N. Famalicão)

Rúben Andrade Alves Nasceu a 01/07/2002 Carregal do Sal

Oração e sua História “pequenina” Quase todas as noites, o pai vai adormecer o filho, deitando-se junto dele. Mas mal apaga a luz, o pequenino com a sua inocência, e sem dar pelo seu gesto de gratidão e bondade, começa a rezar a simples oração esquecida dos meninos pequeninos, “pelo menos na minha infância”. O pai vai ouvindo o pequenino de 3 anos, a dizer palavras mágicas, pela sua forma ou conteúdo. Mas ele não deixa que a oração termine, mesmo a meio, obriga o pai a falar: Diz comigo pai… Anjinho da guarda Minha companhia Guarda a minha alma De noite e de dia. Menino Jesus Obrigado por este dia Fico comigo esta noite.

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Jovens do Menino Jesus

Delfim Machado

Download da fé Em plena era tecnológica apraz-me abordar um tema a ela associado – o download. Com o advento da internet surgiram novas palavras e expressões que sem nos apercebermos já fazem parte do nosso diaa-dia e assim acontece com este termo. O que vem a ser o download? Resumidamente, entende-se por download a transferência de ficheiros de um computador remoto para outro computador. Abrir uma página na Internet, ver o e-mail, copiar um ficheiro… são tudo exemplos de download. Desta forma temos a possibilidade de guardar determinado conteúdo no nosso computador e usá-lo quando bem entendermos. Os chamados discos rígidos para armazenamento de dados estão a um preço relativamente baixo e são cada vez de maior capacidade, podendo satisfazer as nossas actuais necessidades, ou mais ainda. É bom ter preços baixos, mas quanto mais espaço existe disponível, menos critérios se utilizam no armazenamento de dados e, por vezes, guardamos o que interessa e o que é menos importante. Parece que há um desejo enorme de ter tudo, porque não sabemos se um dia poderá ser preciso: músicas, vídeos, fotos, textos… e um sem número de coisas digitais, que gostamos de possuir, e de que a Internet é uma fonte quase inesgotável. Por vezes há “um azar” – o aparelho avariou! Deitamos as mãos à cabeça porque se perdeu tudo e, “por azar”, não tínhamos feito cópias de segurança. Agora imagina que tinhas a possibilidade de entrar num site e fazer download da fé…

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Repara no interesse que isso podia ter. Descarregar Gigabytes de fé, levála sempre contigo, copiá-la para outros amigos, enfim, um sem número de coisas para te ajudar a viver a fé. Possivelmente com tanta fé era difícil cair em tentação. Agora que leste esta ideia, talvez tenhas ficado a pensar no que farias se de facto houvesse esta opção? Deixa-me ajudar à tua reflexão, com algumas questões: Qual seria o melhor formato de ficheiro para a fé? Tinhas espaço de armazenamento disponível? Estarias interessado ou não nesta ideia? Se é verdade que não podemos fazer o download da fé, podemos, no entanto, usar estes meios modernos para a alcançar ou fortalecer. A Bíblia é uma das fontes genuínas a que podemos recorrer, e nos dias que correm já a podes consultar online. Assim como a Bíblia está online, existe um vasto número de outros sites – credíveis – onde podes aprofundar e rejuvenescer a fé que existe dentro de ti. Deus dá-nos os meios, há que usá-los. E para guardar toda esta informação não há nada melhor que o coração humano. Depois de teres conseguido um bom armazenamento de fé, não te esqueças de a pôr em prática, não vá suceder como ao homem da história que vou contar-te. Certo alpinista, desejoso de escalar uma altíssima montanha, iniciou a difícil subida depois de anos de preparação. Como queria a glória só para si, optou por ir sem companheiros. Começada a ascensão, o tempo foi passando. Desejoso de avançar o mais possível logo no primeiro dia, nem reparou que


se ia fazendo tarde. Em vez de preparar-se para acampar, a fim de recuperar forças e prosseguir o esforço no dia seguinte, tomou antes a decisão de continuar a subida enquanto pudesse ver alguma coisa. Entretanto, fez-se noite muito escura sobre toda a montanha, e o alpinista ficou sem ver absolutamente nada. Tudo era negro à sua volta. Até a lua e as estrelas ficaram escondidas pelas nuvens. Mesmo assim continuou a subir por uma encosta. Quando faltavam apenas alguns metros para atingir o cimo, escorregou e precipitou-se no abismo, caindo a uma velocidade vertiginosa. Com a terrível sensação de estar a ser sugado pela gravidade, continuou a cair. Nesses breves momentos de angústia, passaram-lhe pela mente todos os episódios felizes e não tão felizes da sua vida. De repente, sentiu o fortíssimo aperto da grossa corda que o amarrava da cintura às estacas cravadas na rocha da montanha. Nesse momento de quietude, suspenso no ar, não lhe restou mais que gritar: – Ajuda-me, meu Deus!!! Então, uma voz grave e profunda vinda dos céus perguntou-lhe: – Que queres que Eu faça? – Salva-me, meu Deus – respondeu o alpinista. – Realmente crês que Eu te posso salvar? – Com certeza Senhor. – Então corta a corda... Houve um momento de silêncio..., e o homem agarrou-se ainda mais à corda... Conta a equipa de resgate que no outro dia encontraram um alpinista pendurado, morto, congelado, com as mãos fortemente agarradas à corda... a apenas dois metros do solo!

Não basta dizer que temos fé. É necessário em cada dia dar provas daquilo em que acreditamos. Disso nos fala São Tiago: «De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, está completamente morta» (Tg 2, 14-17). Que o Menino Jesus nos ajude a fazer uma boa gestão da nossa fé para dela darmos boas obras. Menino Jesus de Praga, sê jovem na nossa juventude. R

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Ano Sacerdotal 2009/2010

Eusébio Gomes Navarro, ocd

Igual e diferente Sempre me chamou a atenção a maneira como Deus chama. Conta o P. Duval que chegou à sua aldeia um sacerdote, capelão militar em Marrocos, convalescente de ferimentos graves. Pensava que já estava suficientemente forte para dar um longo passeio pelo caminho solitário que liga a aldeia à sua casa. «Mas, uma tarde, quando regressava, a 300 metros da minha casa, debaixo de umas faias, vi aquele sacerdote caído no chão e a sangrar pela boca. Aproximei-me sem medo, e sabeis o que me disse?: «Vou morrer e estava a pedir a nosso Senhor uma pessoa que me substituísse. Queres ser tu?». O sacerdote morreu. E eu substituí-o» Os sacerdotes são tomados do mundo, do mesmo barro de onde nascem os santos e bandidos, os heróis e os medíocres, do mesmo lugar onde nasce a flor e os espinhos. É o sopro do Espírito que empurra para o enamoramento de Deus e do reino, a fiar-se d’Ele, a amar sem fronteiras nem limites. Deus continua a precisar de pessoas frágeis para continuar a bendizer, salvando, alentando e consolando os que querem chegar à casa do Pai. O sacerdote

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há-de «viver no meio do mundo sem ambição de prazeres, ser membro de cada família sem pertencer a nenhuma, partilhar todos os segredos, em nome do ser humano ir até Deus e oferecer-Lhe as suas orações, e regressar de Deus ao ser humano para trazer perdão e esperança. Ter um coração de fogo para a caridade, e um coração de bronze, para a castidade; ensinar e perdoar, consolar e bendizer sempre» (Lacordaire). Martin Descalzo escreveu nos últimos anos da sua vida: «Tu sabes que é impossível ser padre. Mas também maravilhoso, sei-o eu. É verdade que hoje não tenho o entusiasmo do apaixonado dos primeiros dias. Mas, felizmente, ainda não me acostumei a dizer missa e ainda tremo sempre que confesso. E sei ainda o que é o gozo supremo de poder ajudar as gentes – sempre mais do que pessoalmente saberia – e o de poder anunciar-lhes o Teu nome. Sabes que ainda choro quando leio a parábola do filho pródigo! Ainda, graças a Ti, não posso deixar de me comover quando rezo aquela parte do Credo onde fala da Tua paixão e morte». R


PROGRAMA DA VISITA DE BENTO XVI A PORTUGAL (11 a 14 de Maio de 2010) 11 de Maio - Lisboa 11h00 – Chegada ao aeroporto da Portela. 12h45 – Cerimónia de boas-vindas, no Mosteiro dos Jerónimos 13h30 – Visita de cortesia ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no Palácio de Belém 18h15 – Celebração da Missa, Terreiro do Paço 12 de Maio - Lisboa 10h00 – Encontro com o mundo da cultura, no Centro Cultural de Belém 12h00 – Encontro com o Primeiro-Ministro, na Nunciatura Apostólica 16h40 – Partida de helicóptero para Fátima 12 de Maio - Fátima 17h30 – Chegada a Capelinha das Aparições 18h00 – Vésperas com padres, religiosos, seminaristas e diáconos na igreja da Santíssima Trindade 21h30 – Recitação do Rosario e Procissão das Velas. Eucaristia presidida pelo Cardeal Tarcisio Bertone, Secretario de Estado do Vaticano 13 de Maio – Fátima 10h00 – Missa da Peregrinação Internacional Aniversária 13h00 – Almoço com os Bispos de Portugal 17h00 – Encontro com os membros de organizações da Pastoral Social, na igreja da Santíssima Trindade 18h45 – Encontro com os Bispos de Portugal, na Casa de Nossa Senhora do Carmo 14 de Maio - Fátima 08h00 – Despedida da Casa de Nossa Senhora do Carmo 14 de Maio - Porto 09h30 – Chegada ao heliporto da Serra do Pilar, em Gaia 10h15 – Missa na Avenida dos Aliados 13h30 – Cerimonia de despedida no Aeroporto Internacional do Porto 14h00 – Partida do avião da TAP Site oficial da visita disponível em www.bentoxviportugal.pt


O mundo da Bíblia

Vasco Nuno, ocd

«1ª paragem de uma viagem ao mundo da Bíblia» Riqueza e dificuldade Se recordais, no número anterior, iniciávamos uma viagem ao mundo da Bíblia. Hoje, fazemos a primeira paragem, para, sobretudo, olhar e nos deter na riqueza e dificuldade deste livro. A Bíblia é o livro religioso dos judeus e dos cristãos; os muçulmanos conhecem muitos dos seus textos através do Corão. Qualquer crente sabe que este livro é a Palavra de Deus. Para nós, cristãos, ele divide-se em duas partes: Antigo e Novo Testamento. A Bíblia dos judeus é constituída apenas pela primeira parte. Quanto ao nome «Bíblia», e como já dissemos no estudo anterior, vem dum termo grego que significa «os livros». A Bíblia, mais do que um livro, é uma biblioteca! Se nos dermos ao trabalho de reunir um conjunto de livros de diferentes épocas e estilos da nossa literatura portuguesa (por exemplo, «Cantigas de Amor e de Amigo medievais», Contos de Miguel Torga, Crónicas do Reino, Narrativas de guerra, Sermões do Pe. António Vieira, Autos das Barcas de Gil Vicente, Poemas de Garrett e Alexandre Herculano, Cantos revolucionários modernos, Obras de Camilo e Eça de Queirós, Lusíadas), teremos uma visão geral daquilo que é o nosso património a este nível. Pois bem, a Bíblia também reúne em diversos livros de extensão variável o conjunto da literatura judaica e cristã que foi surgindo ao longo de mais de mil anos. Somos capazes, pois, de descobrir que a riqueza e a dificuldade da Bíblia assentam aqui.

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Riqueza, porque este livro dá-nos a conhecer como um povo foi-se inteirando progressivamente do seu Deus, mediante os acontecimentos da sua história; e depois como os cristãos foram conhecendo, pouco a pouco, quem é Jesus. Este livro não se nos apresenta, portanto, como um manual, onde tudo se encontra bem ordenado, onde só vemos verdades bem provadas; ele é, antes, um “álbum de família”, onde fotografias, cartas ou outro tipo de documentos nos levam a lidar com pessoas profundamente reais, onde detectamos como eles evoluíram e cresceram e onde descobriram o significado da sua vida. Dificuldade, em boa parte, pelo que acabamos de referir. Para nos darmos conta da importância dum «álbum de família», é necessário da parte de todos nós o trabalho de classificação das fotografias, ou seja, situá-las no seu tempo. Para virmos a conhecer a mensagem da literatura que compõe a Bíblia, temos de a situar no contexto da história de Israel e dos primeiros cristãos; de descobrir o modo como ela se encontra ligada ou entrelaçada; necessitamos, ainda, ter a preocupação de conhecer as diversas linguagens de cada época em que os escritos foram redigidos. Bem, mas, retomemos a comparação, o exemplo, que antes fazíamos e colocávamos, a propósito dos diversos livros que formam o Livro, a «Bíblia»: que ordenamento é que lhe vamos dar na nossa estante? Poderíamos ordená-los pelo critério da antiguidade: Cantigas de Amor e de Amigo, primeiras Crónicas do


Reino… Mas podemos ordená-los também por temas: Cantigas de Amor e de Amigo e Poesias de Miguel Torga (tema da poesia); neste caso, acabamos de juntar livros que fazem diferença de mil anos entre si. E é nesta ordem que os livros da Bíblia chegam às nossas mãos! Para o Antigo Testamento temos, assim, a «Lei ou Pentateuco» (princípio do mundo, história de Abraão, de Moisés…); temos, seguidamente, os «Profetas» e os «outros Escritos». Para o Novo Testamento, temos os «Evangelhos», as «Cartas de Paulo e de outros discípulos» e, por fim, o «Apocalipse». Álbum de família Antes dum novo embarque, parece-me importante fazer-vos demorar mais tempo neste recurso explicativo duma realidade. Um casal já idoso, por exemplo, contempla o seu álbum no crepúsculo da sua vida. Ali existe um pouco de tudo: fotografias, umas instantâneas, outras com toda a família, poemas compostos pelos netos, orações feitas por cada um deles, cartas que não quiseram que se perdessem, cartas de promessa de casamento ou outras de diferente género, o contrato de renda da casa, etc.

Todos estes documentos, analisados separadamente, não têm grande significado nem grande valor. O significado e o valor de todos eles estão no conjunto: observados no seu conjunto, estes documentos dãonos a possibilidade de reler uma vida, descobrir as coisas, cujo significado não se tinha atingido no momento em que se viviam. Cito um exemplo que a este respeito encontrei: «Olha, diz-me o avô com um sorriso malicioso: Aqui está a nossa primeira carta de amor (Era o enunciado dum problema de matemática…)! E ele explica-me: “Estávamos no Liceu; Mireille estava doente e eu fiquei encarregado, casualmente, de lhe enviar o trabalho de matemática. Foi a minha primeira carta… Depois houve outras…”». Este exemplo, caros leitores, é também esclarecedor do que, daqui para a frente, iremos dizer. Sob o ponto de vista simplesmente histórico, «do que se passou», trata-se duma carta de interesses. Mas, porque ela despoletou qualquer coisa que terminou com o casamento dos dois, é bem verdade que se trata duma carta de amor. Na Bíblia, tudo isto está patente… Já veremos no próximo número! R

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Orar com S. Lucas

António José, ocds

Jesus de Nazaré, profeta e mestre Texto bíblico «Impelido pelo Espírito, Jesus voltou para a Galileia e a sua fama propagou-se por toda a região. Ensinava nas sinagogas e todos o elogiavam. Veio a Nazaré, onde tinha sido criado. Segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. Entregaramlhe o livro do Profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor”. ... Todos os que estavam na Sinagoga tinham os olhos fixos nele. Começou, então, a dizer-lhes: “Cumpriuse hoje esta passagem da Escritura, que cabais de ouvir”. Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca. Diziam: “Não é este o Filho de José?” Disse-lhes então: “Certamente ides citar-me o provérbio: Médico cura-te a ti mesmo. Tudo o que ouvimos fazer em Cafarnaúm fá-lo também aqui na tua terra”. Acrescentou, depois: “Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria”. […] Ao ouvirem estas palavras, todos, na sinagoga, se encheram de furor». (Lc 4, 14-30)

Meditação Após o tempo passado no deserto, Jesus voltou à Sua terra, cheio do Espírito Santo. O tempo de retiro, de oração e contemplação conduziram-no à acção, por isso, Ele começou a ensinar nas Sinagogas.

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Este exemplo de Jesus serve para nos indicar a importância e o fundamento da oração e da contemplação na nossa vida. Toda a acção deve partir da contemplação e a contemplação, por sua vez, deve conduzir à acção. Se as obras não estão alicerçadas na oração e, por conseguinte, em Deus, correm o risco do vazio e de serem fruto do egoísmo e da vaidade do homem. Mas quando elas são de Deus, e partem da oração, darão bom fruto e em abundância. A oração, por outro lado, não se pode fechar em si mesma, ou no mero sentimentalismo devocional, mas deve conduzir-nos a uma acção concreta em favor do próximo. Qualquer acção apostólica que não se enraíze na oração é estéril e qualquer oração que não tenha eco numa acção concreta é puro egoísmo. Jesus é o Mestre. Ele é o nosso modelo. E como Ele, também nós devemos contemplar para agir, “ensinar” para estabelecer a glória de Deus Pai. Em Nazaré, ao ler o Profeta Isaías, Jesus revela, na Sinagoga, a Sua identidade messiânica. A palavra do Profeta realizara-se n’Ele. As promessas messiânicas do Antigo Testamento cumpriram-se no jovem carpinteiro de Nazaré, filho de Maria e José. Se os seus ouvintes escutassem para além do ouvir, e vissem para além do olhar, facilmente podiam reconhecer em Jesus as funções do Messias: «anunciar a Boa-Nova aos pobres; proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista;


mandar em liberdade os oprimidos, proclamar um ano favorável da parte do Senhor». Mas «não é este o Filho de José?». Esta frase denota a incredulidade dos nazarenos em relação à vocação messiânica de Jesus, mas confirma a Sua humanidade. A natureza humana e divina coabitavam no jovem galileu. Mas os seus conterrâneos não conseguiam compreender tal coisa. E nós? Será que compreendemos? Uns vêem Jesus apenas na Sua humanidade e não conseguem reconhecer a Sua divindade. Outros vêem-n’O distante pela Sua divindade e quase se esquecem da Sua humanidade. Jesus é o «Filho Unigénito de Deus, […] Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. […] que por nós homens, e para a nossa salvação desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e Se fez homem». Jesus assumiu a natureza humana para estar sempre perto de nós, nos ajudar e oferecer a salvação. Vê-l’O como Homem, desafia-nos a Ser como Ele, e conforta-nos na nossa debilidade. Contemplá-l’O como o Filho de Deus faz-nos experimentar o amor misericordioso que o Pai manifesta à humanidade. O Evangelho não é letra morta, mas Palavra viva dirigida a cada um de nós. Há que a ler, escutar, meditar e aplicá-la na nossa vida. Vamos, então, a isso. Hoje, somos nós que devemos ser portadores das promessas messiânicas de Jesus. Cada um de nós, por força da condição de cristão, deve ser presença do Messias. Como? Acolhendo os pobres, privilegiando-os na nossa missão evangelizadora, proclamando a liberdade, ajudando a quebrar todo o tipo de prisões

que escravizam; ajudando os irmãos a encontrar a luz, vencendo a cegueira do pecado; anunciar a misericórdia e a bondade de Deus; dando glória a Deus, com a vida, na adoração profunda da oração. Somos chamados a ser profetas dum mundo novo. Só assim poderemos ser fiéis a Jesus, o Messias e o nosso Mestre. Mas, nem sempre a missão profética é entendida e bem aceite. Jesus experimentou-o e, por isso, disse «Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria». Disse-o, e com razão. É algo que temos que enfrentar, pois o «discípulo não é mais do que o mestre». Oração Jesus, Tu és o nosso Mestre! Torna-nos dignos de sermos chamados Teus discípulos. Que tenhamos a coragem de ser profetas neste mundo conturbado, pregando, com a nossa vida, o Teu Evangelho de Amor, valorizando a dignidade humana e recusando tudo o que nos possa escravizar. R

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Símbolos Cristãos

Alpoim Portugal, ocd

O GESTO DA PAZ Aproxima-se o tempo da Páscoa, precedido do tríduo pascal. Na primeira celebração do tríduo ocupa um lugar especial o gesto de que queremos falar hoje, a paz. É um gesto muito significativo, necessário, e presente no coração de todos, embora nem sempre sejamos capazes de o pôr em prática no nosso dia a dia. O gesto da paz na história O gesto da paz tem feito o seu percurso na história. Já os primeiros cristãos nas suas celebrações trocavam entre si o «ósculo da paz». Dele fala S. Paulo nas suas Cartas das quais podemos destacar: Rom 16,16, 1Cor 16,20, 2Cor 13,12. Este importante gesto para as comunidades primitivas tinha lugar ao terminar a liturgia da Palavra e era como a sua conclusão ou selo. Tinha, portanto, uma relação muito profunda com a Palavra de Deus que todos escutavam com atenção e respeito. Além disso correspondia às exortações e exigências da própria Palavra: quem estivesse disposto a seguir os conselhos da Palavra escutada, deveria reconciliar-se ou mostrar que estava em paz com todos. Era, aliás, a concretização da recomendação de Jesus quando ensina que, antes de levar a nossa oferenda ao altar, devemos estar reconciliados com o nosso irmão. No século V, o Papa Inocêncio I transferiu o gesto da paz para depois da Oração Eucarística pois é o «sinal do consentimento dado pelo povo a tudo o que se fez nos mistérios». Um pouco mais tarde S. Gregório Magno converteu-o num gesto de preparação imediata para a comunhão, logo a seguir ao Pai Nosso e como seu prolongamento. Era um gesto de paz entre todos: os

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ministros entre si e a assembleia uns com os outros. Era interessante a prática deste gesto a partir do século XI: o sacerdote beijava o altar – como se recebesse a paz do próprio Cristo – e abraçava o diácono e este os ministros inferiores a ele, e assim sucessivamente; de modo que aos fiéis a paz chegava através do «porta-paz». Era uma paz «descendente», isto é, que procedia de Jesus Cristo, através dos ministros sagrados, até chegar a todo o povo. Porém este rito só se realizava nas missas solenes e, depois, foi-se concentrando praticamente só nos clérigos o que, de certa maneira, levou ao afastamento do povo cristão da participação activa na celebração. Após a nova reforma litúrgica recuperouse o sentido «horizontal» deste gesto de modo que todos nos damos a paz antes de nos aproximarmos da comunhão do Corpo e Sangue do Senhor, como se fazia nos dez primeiros séculos da Igreja. O rito da paz no conjunto da celebração O rito da paz está em íntima conexão com os outros gestos e orações preparatórias da comunhão. Assim, o Pai Nosso é a oração dos filhos de Deus onde sobressai a invocação «perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos…»; depois com o gesto da fracção do pão é simbolizado algo muito expressivo, isto é, o pão que foi partido é agora repartido pelos irmãos como um sinal de unidade; a comunhão do Corpo e Sangue do Senhor aparece como que unindo-nos a todos ao participarmos do mesmo Pão e do mesmo Cálice. Foi seguindo esta dinâmica que o gesto da paz se transferiu para o lugar onde ainda


se encontra hoje: depois do Pai Nosso, como um eco do mesmo e como sinal de obediência ao seu espírito. Quer dizer: só devemos ir comungar com Cristo se estivermos em verdadeira comunhão com o nosso irmão. A comunhão do Corpo eucarístico de Cristo é o sinal e a prova da nossa comunhão dentro do Corpo eclesial. Sentido do gesto da paz O gesto da paz na Eucaristia não é uma simples saudação ou gesto social. Nem sequer um sinal ou manifestação da nossa amizade ou de aproximação dos que estão presentes. A IGMR descreve assim a intenção deste gesto: «a Igreja implora a paz e a unidade para si própria e para toda a família humana, e os fiéis exprimem uns aos outros a comunhão eclesial e a caridade mútua, antes de comungarem no Sacramento…» (nº 82). É a paz de Cristo: não é uma paz meramente psicológica ou humana, mas um dom de Cristo, entregue por nós. Não é uma paz que conquistamos com o nosso esforço mas uma paz que o Senhor nos concede, um dom do Espírito. É um gesto de fraternidade cristã e eucarística: um gesto que trocamos entre nós antes de nos aproximarmos da comunhão do Corpo e Sangue de Cristo; para recebermos Cristo devemos sentirnos irmãos e aceitar-nos uns aos outros. Pois todos somos membros do mesmo Corpo, a Igreja. Todos fomos convidados para a mesma mesa e dar a paz é um gesto profundamente religioso, além de ser humano, porque é motivado pela fé, mais do que pela amizade.

A paz é o fruto principal da Eucaristia: é Jesus Cristo quem nos une na verdade com o dom da sua Palavra e do seu Corpo e Sangue: «sendo muitos, formamos um só corpo, porque participamos do mesmo Pão» (1Cor 10, 17). É uma paz universal: damos a paz a quem estiver ao nosso lado, familiar, conhecido, amigo… ou desconhecido. Superamos o grupo de amigos fazendo-nos mais universais e aprendendo o exemplo de Cristo que se entrega por todos. É uma paz em construção: isto é, que nunca alcançamos plenamente, é um programa de vida: os cristãos imploram a paz e a unidade, mas ao mesmo tempo comprometem-se com ela, como uma tarefa. É oração e compromisso: os que vão à mesa do Senhor expressam a sua vontade de trabalhar por uma fraternidade sempre maior. Queremos que este gesto seja dinâmico, activo, eficaz e não meramente manifestativo. A paz de Cristo está em construção, depende também de nós, por isso o gesto da paz é um significativo gesto profético: no meio de um mundo dividido nós queremos ser fermento de unidade e de paz em Cristo Jesus. R

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Notas de rodapé

João Costa, ocd

A resposta de Jesus faz pensar In memoriam de Paulo Sérgio Pacheco, morto no adro da Igreja de Paredes.

A meteorologia da notícia previa o seguinte: O fim de semana 27 e 28 de Fevereiro anuncia-se com dias de tempestade em Portugal (pelo que ouvi só a baptizaram quando chegou a França, Xynthia). Os factos da notícia:Nesse fim de semana em Portugal a Xynthia derrubou 2500 árvores. Em França matou 50 pessoas; em Portugal uma, um menino de 10 anos. Morreu em Paredes, no Adro da Igreja Paroquial. Chegada a hora, o pai acompanhouo à catequese. Havia uma caminhada programada, mas o tempo não estava para aí virado; por isso ficaram na igreja para visionar um filme. Antes da catequese, e com o pai por ali, o menino jogava à bola que saltou mais que a conta – o que é natural, pois até a bola do mundo salta mais que a conta nas mãos dum menino! E foi parar junto duma tília centenária onde o Paulo correu a buscá‑la. Entretanto, um enorme ranco de tília saudável caiu e caçou-o. Desprevenido e inocente. Nenhum dos presentes, nem todo o desespero e amor juntos conseguiram erguer o enorme ranco. O menino esvaiu-se e morreu perante a impotência de todos. Morreu no adro da igreja, quando, como qualquer reguila, brincava inocentemente, esperando para entrar na catequese. O estupor revoltado dos presentes, dos familiares e dos que vieram a chorar a tra-

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gédia, declarava, com e sem palavras, com e sem lágrimas, que uma igreja não é lugar para se morrer tragicamente. Uma definição de infância é o acumulado em gérmen de todas as esperanças. Um menino aos dez anos poderá vir a ser um bombeiro, um chopin, um van gog ou um missionário. Por isso dói mais a dor duma morte assim tão fim dum tesouro enorme de esperanças! Dói-me a morte do menino reguila. E dói-me a dor da família açoreana cuja casa esbarrondou encosta abaixou, e a dor das famílias madeirenses, e das chilenas, e das turcas, e das do Haiti, e das... E hão-de seguir doendo‑me muitas outras dores. Umas que a natureza não perdoa, outras que os homens infligirão a outros homens. Mas doer-me-ão sempre mais as inocentes. O Evangelho da Missa do domingo terceiro da Quaresma (Lc 13:1-9) informa-nos que uns desconhecidos comunicaram a Jesus a horrível notícia da matança duns homens galileus no recinto sagrado do Templo. O autor da matança foi Pilatos. A indignação alastra entre a população, porque o sangue dos homens chacinados se juntara ao dos animais sacrificados a Deus. Mas, porque deram essa informação a Jesus? Sinceramente não sabemos. Mas sabemos a resposta: Jesus responde recordando outro acontecimento trágico, a morte de dezoito pessoas esmagadas pela queda dum


torreão da muralha próximo da Piscina de Siloé. Vejamos: em ambos acontecimentos trágicos Jesus declara que as vítimas não eram mais pecadores que os que ficaram vivos, e acrescenta a mesma advertência: «Se não vos converterdes, morrereis da mesma maneira». A resposta de Jesus faz-nos pensar. Jesus recusa sem mais que as desgraças sejam castigo de Deus. Não, Jesus não pensa que Deus, o Bom Deus, seja o Homem do Fraque, ou um justiceiro que anda pelo mundo castigando os seus filhos, semeando doenças e tragédias por aqui e por acolá. Deus não paga o mal com o mal. Deus não serve a frio taças de licor-maldade a nós pecadores! Não, também não. Jesus não é filósofo. Ele não disserta sobre a origem do sofrimento nem proclama nenhuma teoria do mesmo. Não nos amarfanha nos nossos medos. Não confirma a culpa das vítimas nem acentua a vontade de Deus. Jesus não tem medo de olhar olhos nos olhos os homens que O confrontaram, e de lhes propor a sua leitura destes acontecimentos: através deles Deus chama-os à conversão e à mudança de vida. O Pai do Crucificado encontramo-lo na identificação com as vítimas; o protesto contra a sua indiferença ou a negação da sua existência não nos leva ao seu encontro. Mas a luta contra a dor do mundo sim. Só então, de olhos e alma lavados, por entre luzes e sombras, poderemos entrever a

Deus sofrendo com as vítimas e alentando os que se cansam na reconstrução dum mundo melhor. (E na minha fé entrevejo-Lhe, condoídos, os olhos marejados de lágrimas salgadas pela familiaridade com as dores humanas; pelas dores da família do Paulo Sérgio, de Paredes; pelas dores da família do Leandro Pires, de Mirandela. Na minha fé sei que o Pai Bom Deus tem preparada uma bela bola saltitante para jogarem juntos, até ao fim, por entre árvores, e numa jubilosa sinfonia de vitória de quem sabe que já não há derrota a temer. Se choram os pais, já não choram os meninos. Na minha fé entrevejo uma partida de futebol no Céu: ambos são companheiros de recreio. Muda aos cinco, acaba aos dez… Aos dez mil! Oh, eterno recreio!) Máxima «Deixai vir a mim os pequeninos.» (Mt 19:14) Mínima «Sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos duma criança.» (António Gedeão) R

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SANTUÁRIO Peregrinação da Sertã – 27 de Fevereiro – O Concelho da Sertã situa-se na região Centro de Portugal, distrito de Castelo Branco. Berço de homens tão notáveis como D. Nuno Alvares Pereira (agora Santo Nuno), Gonçalo Rodrigues Caldeira, António Lopes dos Santos Valente e Padre Manuel Antunes Conta-nos a lenda que nos tempos de Sertório, a fortificação foi atacada pelos Romanos, tendo morrido na refrega um corajoso Lusitano, cuja mulher, de seu nome, Celinda, ao ter conhecimento da sua morte, e estando a fritar ovos numa sertã

(frigideira), despejou o azeite a ferver sobre o inimigo que assim se viu impedido de tomar de assalto a fortaleza. E para memória de tal façanha se deu o nome de SERTÃ à vila, sede de Concelho. E eles cá vieram ao Menino Jesus de Praga. Eram todos notáveis, pois para Deus esta categoria de pessoas mede-se pela fé, confiança e generosidade. Que o Deus Menino, neste tempo de ressurreição, vos abençoe a todos.

Peregrinação de Coruche – 14 de Março – Foi uma visita muito simpática. Vieram no dia 13 para o jantar. O P. João Luís capitaneava este grupo de peregrinos que se levantaram cedinho no dia 14 para assistir à missa das 7,30h no Santuário. Daquela «bela e vasta planície», que nos faz transitar do Ribatejo para o Alentejo, ficaram os aromas da natureza e o perfume da fé que cada peregrino vai deixando por onde passa. De manhã aqui, de tarde na Senhora da Lapa. Mais uma vez o Santuário do Menino Jesus foi lugar de encontro e oração. Coruche foi das primeiras terras do Sul a organizar peregrinações ao Menino Jesus. Ainda me lembro de algumas crianças virem vestidas com trajes regionais. Que o Menino Jesus de Praga inunde as vossas almas e as fecunde de amor, tal como o Sorraia fertiliza as vossas lezírias.


COM(VIDA) Peregrinação de Lijó (Barcelos) – 13 de Março – Tal como tinha sido combinado pelo telefone, às 10:30h, os 4 autocarros, vindos de Lijó, deixavam junto do Menino Jesus um grupo bem disposto e bem organizado. Eram, como gosta de dizer o Reitor do Santuário, «peregrinos de qualidade». Traziam tudo o que é preciso para uma casa de oração: alegria, silêncio, vontade de participar na oração (Santa Missa) e procissão, sentido de solidariedade e de comunhão visível em gestos e atenções.

O Sr. Padre João Granja, pároco desta paróquia da Diocese de Braga, presidiu à Eucaristia e fez uma bela homilia. Os escuteiros, com a suas violas, cantaram e fizeram cantar toda a Assembleia. No fim da missa, o andor do Menino Jesus Pequenino entrou pela porta lateral da igreja e fêz-se uma procissão pelos claustros do convento carmelita. Foram vivas e louvores, cântico e silêncio para concluir com a recitação comunitária da oração ao Menino Jesus, que o Papa Bento XVI rezou diante do Seu altar, em Praga.

Esta peregrinação foi organizada pelo AGR 528 LIJÓ visando a solidariedade e a vontade de reconstruir. Pelo que me apercebi, as ventanias deste Inverno levaram pelo ar as chapas que cobriam a Sede dos escuteiros da Poça. Ficaram tristes com o sucedido, mas não desanimados. Já partiram para uma dinamização de reconstruir a sua sede com base na angariação de fundos, convívio, desenvolvimento físico, espiritual e psicológico. Sim, porque num horizonte podemos apreciar várias paisagens. Esta fotografia mostra juventude, mãos disponíveis, corações unidos por um ideal que é educar, crescer, lutar e vencer. O Menino Jesus de Praga fica bem convosco e no meio de vós. Que Ele seja o vosso Caminho na descoberta de Horizontes novos. Se Jesus me diz amigo: “Deixa tudo e vem comigo” Minha mão porei na Sua, Irei com Ele. Boa viagem pela vida fora, amigos.


Análise Cultural

Equipas de Nª Senhora - Tema de estudo para 2009-2010

Correntes de pensamento negativas (II) 4. Corrente do Relativismo “Hoje em dia nada é absoluto, tudo é ‘relativo’... pode mudar. Esta mesa não é mesa por ela, mas porque eu entendo que é uma mesa. A minha verdade pertenceme, os outros têm que a respeitar, têm que ser tolerantes”. Dificilmente existem valores universais; a moral deduz-se consoante o número dos que estão ou não de acordo com alguma coisa. Conta Peter Kreeft que um dia, numa das suas aulas de ética, um aluno lhe disse que a moral era algo de relativo e que ele como professor não tinha o direito de impor os seus valores. Pois bem - respondeu Kreeft - para iniciar um debate sobre esta questão, vou aplicar à turma os teus valores e não os meus. Tu dizes que não há valores absolutos e que os valores morais são subjectivos e relativos. Ora, como as minhas ideias pessoais são um tanto singulares em alguns aspectos, a partir deste momento vou aplicar esta: todas as alunas ficam reprovadas. O aluno ficou surpreendido e protestou, dizendo que aquilo não era justo. Keeft perguntou: Que significa para ti ser justo? Porque se a justiça é só um valor teu ou meu, então não há nenhuma autoridade comum a nos dois. Por conseguinte, eu não tenho o direito de te impor o meu sentido de justiça, mas tu também não podes impor-me o teu... Assim, só se houver um valor universal chamado justiça que prevaleça sobre nós é que podes apelar a ele para julgar injusto

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que eu reprove todas as alunas. Mas se não existissem valores absolutos e objectivos exteriores a nós, só poderias dizer que os teus valores subjectivos são diferentes dos meus e nada mais. No entanto - prosseguiu Kreeft - não dizes que te desagrada o que eu faço, mas que é injusto. Ou seja, quando desces à prática, acreditas em valores absolutos. 5. Corrente Secularista De um lado estão as questões de Deus e do outro as questões humanas. São duas linhas paralelas, que não se tocam. Muita gente considera a religião como alguma coisa de arcaico que se opõe ao modernismo. Não é a família moderna que educa para a fé; quando muito, esta educação é deixada à opção da escola, mas, neste caso, a religião fica fragmentada porque não é vivida em casa. 6. Corrente Niilista Niilismo é uma palavra que deriva do latim n i h i l , que significa “nada”. Não tratamos aqui das elaborações filosóficas de autores como Nietzsche, Heidegger ou Sartre, que mereceriam um tratamento mais especializado, mas do niilismo materialista corrente. Muitos milhões de pessoas não são niilistas, mas também há muitos milhões que o são, mais ou menos explicitamente, porque, no fundo, pensam que o homem vem do nada e volta para o nada. Entre nada e nada temos a matéria e nada mais. Esta crença é um vírus muito contagioso que é preciso rebater, porque


mergulha o homem em pessimismos ou optimismos infundados, bem longe da alegria profunda para que fomos criados; por outro lado, aproximam-no das diversas formas de violência que invadem o planeta: violência física, moral, verbal, psicológica, masoquista, profissional, familiar, politica, etc. O homem comporta-se como aquilo que acredita ser. E, se acredita que é um mero produto da matéria e nada mais, desconhece a sua própria dignidade e a dos outros e, certamente, atentara de alguma maneira contra a sua própria dignidade ou a dos outros. Daí que muitas esperanças sejam postas em viver o máximo de tempo possível, o mais comodamente possível, haja o que houver: “Comamos e bebamos... que amanhã morreremos”. Esta “filosofia” tão difundida interpreta-se geralmente como uma negação da fé ou, pelo menos, como falta de fé. A fé em que há alguma coisa mais do que matéria e tempo seria uma postura não científica, gratuita, própria de tempos passados. (Antonio Orozco Delclós). 7. Corrente da “Supermulher” Se, como mulher, não competes em tudo com o homem, és uma fracassada. Dantes os papéis estavam claramente definidos: o homem era o ganha­-pão, aquele que provia ao sustento da família, era o “tudo” (superhomem), a mulher geria o lar, a atenção aos filhos. Hoje em dia, a mulher continua a gerir o lar e atende ao marido e aos filhos, mas, além disso, contribui para o sustento do lar, quando não é a única que tem essa responsabilidade. E pode fazê-lo porque esta claramente demonstrado que na mulher funcionam simultaneamente ambos os hemisférios do

cérebro, ao passo que no homem funcionam alternadamente, um após o outro. Esta é a razão pela qual a mulher pode guiar o carro e, ao mesmo tempo, pintar os lábios, falar pelo telemóvel e acalmar o filho que chora no banco de trás. O homem que está a ver o jogo de futebol não pode responder a uma pergunta porque está concentrado no jogo. Não podemos, nem pretendemos, voltar aos tempos antigos (do super-­homem). É bom que a mulher se cultive, que contribua para a sociedade com os seus conhecimentos, que se desenvolva também como profissional; o que esteve mal foi a mulher ter saído do seu mundo privado e se ter adaptado totalmente ao mundo do trabalho do homem, copiado o seu estilo, em ambientes públicos, nos meios políticos, sem contribuir com a sua natureza, com o seu carácter feminino. R

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Página Vocacional

De professor a Frade No dia 20 de Fevereiro de 2010, às 12h00, na Igreja Stella Maris, Foz do Douro, o João Ricardo Costa Rego, filho de Domingos Lima Rego e Maria Rosa Gajo Costa Rego fez a sua profissão solene na Ordem dos Padres Carmelitas Descalços. Nascido em Massarelos (Porto), cresceu, no entanto, em Viana do Castelo. Fez os estudos secundários na Escola Secundária Santa Maria Maior (Viana do Castelo) e os estudos superiores na Universidade de Aveiro (Engenharia do Ambiente) e na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo (Professor de Educação Musical). Leccionou na Escola EB 2, 3 de Sobreira e na Escola EB 2, 3 da Maia. No ano de 2003 iniciou o postulantado em Avessadas, em 2004 o noviciado, no Deserto de las Palmas e os dois primeiros de teologia em Salamanca, Espanha. Regressou a Portugal em 2007 onde prosseguiu o seu curso teológico na Faculdade de Teologia do Porto. Inevitavelmente fica uma pergunta que todos gostamos de saber a resposta.

“Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8) 22

Pergunta: Porquê carmelita? “Por essa altura, eu tinha terminado o curso e começado a dar aulas. Nesses primeiros anos, fui-me tornando mais consciente do chamamento. Já antes havia sinais, mas não era ainda capaz de os compreender. Quando comecei a fazer mais silêncio, pude escutar uma Palavra dirigida a mim. Uma Palavra que é resposta às minhas perguntas e aos desejos mais profundos de cada ser humano. A vocação? No fundo é uma questão de Amor. Como todas as vocações. Há um Amor que te chama. E nós somos livres para responder. “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir” - dizia eu com Jeremias (20, 7). Havia outros jovens que tinham escutado a mesma Palavra e decidido viver o Evangelho. A sério. Coisa rara, neste e em todos os tempos. Já conhecíamos um pouco do mundo. Um mundo que promete muito e dá bem pouco. Que te acena com uma felicidade de “shopping”. Liberdades e amores que te atam e não te salvam. E nós queríamos verdadeira liberdade. Amor sem condições. Sonhávamos e sonhamos que outro mundo é possível, porque o Reino já está no meio de nós, dentro de nós. Carmelita? Sem dúvida. Porquê? A espiritualidade e os grandes mestres Teresa de Jesus, João da Cruz, Teresinha, Isabel da Trindade, Edith Stein... A oração contemplativa, o estilo de vida fraterno e simples, o apostolado. Estou convencido de que esta forma de viver e anunciar o Evangelho de Jesus é resposta para o nosso mundo”. R fr. João Rego do Menino Jesus


– Da homilía do Provincial – Frei João Rego, aquele trabalho que realizaste por um tempo como profissional não encheu as redes do teu coração e o barco da tua vida ficou disponível para o Mestre que a requisitou. Ele entrou no barco da tua vida e fez as maravilhas que os teus olhos viram, dando-te em pleno dia o que habitualmente se encontra de noite. Na escola do Carmelo encontraste o que procuraste na Escola Profissional. Daqui em diante serás professor doutras músicas: as melodias celestes executadas por instrumentos que Deus toca para enamorar o coração dos homens e os mover à tal paixão por Cristo e pela humanidade. Paixão por Cristo que morreu por nós e paixão pela humanidade carente do amor que Deus derramou no teu coração. Do muito que recebeste dá com generosidade Continuamos a oração da tua consagração. E uma vez consagrado, considera a oração como a fonte e o objectivo da tua consagração religiosa e carmelita descalça. Esta assembleia é o sinal da Igreja que te consagra e te desposa para tomares parte na sua santidade de vida e na sua missão no mundo. Pela consagração religiosa tu deixas de ser teu para seres da Igreja nas pessoas dos irmãos que hoje aqui se fazem representar na sacramentalidade desta celebração. Doravante, a tua castidade, a tua pobreza e a tua obediência dizem-nos respeito: são nossas e queremo-las dedicar ao serviço da Igreja a quem o Senhor Jesus consagrou a sua vida. Junta-te a nós, conta connosco e unidos será mais fácil a subida ao monte Carmelo por este caminho de perfeição que Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz nos deixaram como herança,

Nas vossas mãos, Padre Pedro Lourenço Ferreira, prometo a Deus castidade, pobreza e obediência cujo património não devemos esbanjar mas enriquecer ainda mais, a exemplo de tantos dos nossos ilustres irmãos e irmãs carmelitas. Ser carmelita descalço é um privilégio na Igreja. Bendita mãe que tais filhos gera. Senhora do Carmo, Stella maris, sedenos propícia e intercedei por nós para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Cristo. Amen. R

João Rego com seus pais e irmã 23


A Diocese do Porto quer fazer deste ano um momento especial na vida da Igreja local, por força da dinâmica implementada pelo Bispo da Diocese e os seus mais directos colaboradores, através da iniciativa “Missão 2010. Corresponsabilidade para a Nova Evangelização”. Segundo D. Manuel Clemente, esta iniciativa não procura nada de extraordinário, apenas mostrar à sociedade aquilo que já acontece na Diocese do Porto, lembrando nas suas 477 paróquias e em centenas de associações, movimentos e congregações religiosas, todos os dias.

As famílias rezam o terço todos os Domingos no Santuário do Menino Jesus de Praga às 16 horas. Seja de perto ou de longe, incentive a sua família para orientar esta oração Mariana. Prepare os cânticos e as meditações para cada mistério. Indique ao Santuário o Domingo do ano em que a sua família quer orientar o terço. Contactos: Telf. 255538150 e-mail: aleal@carmelitas.pt


A foto escolhida

Testemunhas da Verdade, N達o podeis ficar caladas: Ide proclamar bem alto O Senhor ressuscitado.


Parábolas

História de Amor

Era uma vez uma ilha onde moravam os seguintes sentimentos: a Alegria, a Tristeza, a Vaidade, a Sabedoria, o Amor e Outros. Um dia avisaram os moradores da ilha que ela ia ser inundada. Apavorado, o Amor tratou em salvar todos os sentimentos. Então disse: - Fujam todos, porque a ilha vai ser inundada. Todos correram e entraram no seu barquinho a fim de se refugiarem num cerro bem alto. Só o Amor não se apressou, pois queria ficar mais um bocado de tempo na sua ilha. Porém, quando já estava quase a afogar-se, correu a pedir ajuda. A Riqueza ia a passar, e ele disse-lhe: - Riqueza leva-me contigo. Ela respondeu: Não posso, o meu barco está cheio de

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ouro e prata e tu já não cabes. Passou então a Vaidade e ele pediu: - Oh! Vaidade, leva-me contigo... - Não posso porque tu vais sujar o meu barco. Logo atrás vinha a Tristeza. - Tristeza, posso ir contigo? Ah! Amor, estou tão triste que prefiro ir sozinha. Passou a Alegria, mas estava tão alegre que nem ouviu o amor chamar por ela. Já desesperado, julgando que ia ficar sozinho, o Amor começou a chorar. Então passou um barquinho, onde vinha um velhinho que lhe disse: - Sobe Amor, que eu levo-te. O Amor ficou tão contente e cheio de felicidade que até se esqueceu de perguntar o nome do velhinho. Chegando ao cerro mais alto onde estavam todos os sentimentos, ele perguntou à Sabedoria: - Sabedoria, quem era o velhinho que me trouxe aqui? Ela respondeu: - O Tempo. - O Tempo, mas porque é que só o Tempo me trouxe para aqui? - Porque só o tempo é capaz de ajudar a entender um grande Amor. R


A oração escolhida

Dá-me as Tuas sandálias, Maria Quero sentir o pó do caminho para chegar até Deus desprendido de tudo. Quero confiar na Palavra e não me alimentar só do alimento quotidiano. Dá-me as Tuas sandálias, Maria Para transformar o meu caminho em encontro pessoal e definitivo com Deus … para confiar n’Aquele que fala do céu quando eu teimo em olhar para o chão. Dá-me as Tuas sandálias, Maria Para ser e viver um pouco como Tu sem mais nada que a tua fé, nem mais amparo que a luz da lua. Dá-me as Tuas sandálias, Maria Para dizer a Jesus que, apesar das minhas debilidades, a Sua ressurreição é para mim motivo de alegria, oportunidade para uma vida nova, água fresca na minha existência sedenta. Dá-me as Tuas sandálias, Maria E, se queres e podes, diz-me qual é o teu passo e o teu número para caminhar como Tu caminhas. Amém.


Caixa do Correio

Carmelita Contemplativo Carmelita, que vês sem ver? Que pensas sem entender? As plavras que meditastes Inflamaram o teu olhar. Agora só pensas em amar Sem pensar. O teu interior deseja descanso Mas não pede descansar. Procuras esse lugar Donde repousa o Escondido. Já sabes por onde íres. Não é preciso andar Para achar. Já te perdestes para te encontrares. A escuridão tranquila Que arde e brilha É luz que ilumina a Face do Ser dos seres Que habita em teu ser sem ser. Carmelita, Quem vês sem ver? A Quem contemplas sem entender? Não sabes mais que amar, E amas mais sem saber. Descansa, já estás nesse doce lar Secreto. Já não é preciso ler Esse livro fechado, Porque já tens Outro aberto. Frei Danny do Divino Espíritu Santo noviço, carmelita descalço Reverendíssimo Sr. Padre Agostinho Sou Zeladora do Mensageiro do Menino e gostava de o felicitar pelo visual da nossa bela Revista bem como os seus conteúdos com máxima qualidade doutrinal, moral, ética... Que o Menino nos ilumine nesta época em que tanto necessitámos de boa leitura e bons ensinamentos.

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Estava eu, grávida da minha filha, há 33 anos, quando me fiz assinante e apaixonada pelo Menino – Rei que tanto conforto tem dado, nos momentos bons e menos bons da minha vida. Agora é esta minha filha que está grávida para um bebé do sexo masculino por isso estou a rezar e a pedir a sua intercepção para que este netinho venha perfeitinho e que seja são de corpo e alma. Também pedia-lhe o favor de publicar esta foto das duas netinhas, Antónia de 9 anos e Inês de 2 no cantinho dos Amigos do Menino. Já são sócias e amigas desde o nascimento. Vai aqui uma pequena prendinha para o Menino Reizinho a quem peço todos os dias por elas e ensino-lhes a rezar a coroínha e a oração do Menino com muito Amor. Que o Senhor proteja todas as crianças do Mundo e as livre de todo o mal. Um abraço afectuoso para si Padre Agostinho, em Jesus, nosso Salvador. Conceição Cravinho Vila Franca do Campo Querido Menino Jesus, aqui te envio esta oferta para o Teu Santuário e para pagar a anuidade do Jornal. Eu nunca me esqueço de Ti e fico toda contente quando recebo o Teu jornal lendo-o com muita alegria do princípio ao fim. Peço-te que me ajudes na minha vida assim como a minha família, pois encontrome adoentada e velhinha precisando que me dês coragem para continuar a minha jornada e para continuar a rezar-te por tudo o que me concedes. Despeço-me com muitos beijinhos e pedindo a tua bênção para mim e para a minha família. Beijinhos desta velha amiga. Emília do Espírito Santo Neto Reguengo do Fetal


– CONVITE –

Lembrete

Consagração

ao Menino Jesus de Praga

D

25 de Abril Bênção dos universitários Não fiques em casa. A aula é no Santuário. Traz o teu traje e vem pedir a bênção para os exames. Eucaristia às 11:30 horas Coroinha às 15:30 horas

6 de junho peregrinação anual ao santuário do menino jesus

ivino Menino Jesus, Senhor da minha vida, eu Vos ofereço todo o meu ser e me consagro a Vós, para o presente e para o futuro: recebei a minha alma e enchei-a com o vosso amor; acolhei o meu coração e guardai-o junto do vosso; guardai a minha boca e fazei da minha vida um louvor; sede a luz dos meus olhos e iluminai os meus passos; falai aos meus ouvidos e convertei o meu coração; estendei a vossa mão e amparai a minha vida; escutai o meu pensar e seja feita a vossa vontade; vede a cruz da minha vida e vinde em meu auxílio; consolai-me na tristeza e abençoai-me na alegria; aliviai-me na doença e conservai-me em saúde. onsagro-me ao vosso serviço nas coisas do Pai para estar vigilante nas boas obras. azei que eu me perca só em Vós e me encontrem sempre os que Vos procuram. quando chegar a minha hora concedei-me, Jesus bendito, o conforto da Virgem Mãe para que, vencida a morte, triunfe a vida e se estabeleça para sempre o vosso reino de paz e de amor.

C F E

A

men.

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Graças e Promessas

AGRADECIDOS AO MENINO

NOVOS ASSINANTES

ALMEIRIM, Mª Leonor S. Nunes Santos; AMADORA, Mª Belmira P. Sérvolo; Mª José Costa Iglésias; Rosa Margarida Barbedo Leite; AMORA, Adelaide Maria Coelho; ARCO DA CALHETA, Dolores Nunes Luz Agrela; ARRIFANA PRS, Mª do Céu H. Carvalho Vidal; AVEIRO, Mª Conceição J. Pereira; BAIÃO, Edite Augusta; BARREIRO, Clotilde Caldeira Pinheiro; CALHETA (S. JORGE), Esmeralda Augusta Reis; CANADÁ, Cármen Pimental; Clara Rendeiro; Mª Fernanda Borges; CARREGAL DO SAL, Mª Etelvina Pais dos Santos Antunes; CARVALHOSA PFR, Palmira Gomes Coelho; CASTELO BRANCO, Mª Graça S. Martins Cruz; CEIRA, Mª Anunciação Carrito; COIMBRA, Mª Almerinda Lopes Rodrigues; CUNHEIRA, Francisca E. Simões Guia; ELVAS, Mª Claudina M. Silva Cravidão; Mª José Santana Pires; ÉVORA, Manuel António Santos; F. DE CASTELO RODRIGO, Mª José Soares Madeira Cruz; FIGUEIRÓ DOS VINHOS, Mª Madalena Bruno Portela; FRATEL, Ana Pires Silveiro; FREIXO DE CIMA, Mª Fernanda Freitas Pinto Guimarães; FUNCHAL, Carlota França Jardim; Emília Manuela Barreto Gomes; Mª Alice Correia de França Góis; Mª do Rosário Vieira; JOANE, Manuel Morais Guimarães; LISBOA, Armindo Chaves; Catarina R. Costa Santos; Hermenegilda Conceição Ferreira; Isabel Cortes Silva Capela; Mª Adelaide F. Agostinho; Mª Amélia Santos Mendonça; Mª Helena Carrasqueiro de Brito; MACEDO DE CAVALEIROS, Rute Teixeira; MIRANDELA, Alice Mª Rafael V. P. Sargento; MIRE DE TIBÃES, Rosalina F. Silva Capa; MONTE DA CAPARICA; Belmiro Luís Rodrigues; NELAS, Associados da Zeladora Mª Fátima Pinto Tavares; OEIRAS, Mª Conceição Araújo; PALMELA, Deolinda Maria Silva Soares Costa; Mª Genoveva L. Sousa Marques; Rosa Maria Cacoete de Almeida Antunes; PALMEIRA STS, Mª Amélia Araújo Cruz; PAREDES, João Vieira Soares; PERRE, Rosa Gonçalves Nicolau; PORTALEGRE, Rita Vintém Dias Andrade; PORTO, Luzia L. Lima Guerra Soares; Mª Alice Correia da Rocha; Conceição de Lourdes Silva; PÓVOA E MEADAS, Mª Tomázia Grilo Miranda; QUELUZ, Narcisa Rosa Pereira; RAIMONDA, Mª da Costa e Silva; REGUENGO DO FETAL, Emília do Espírito Santo; RIBAS, Mª Emília Sousa Campos; ROSAIS, Deolinda S. A. Soares; S. CATARINA DA SERRA, Arminda Gomes Vieira; Lucília Vieira Neves; S. MARIA DA FEIRA, Paula Cristina de Paiva; S. MARIA DE SARDOURA, Mª Céu Alves Oliveira; S. JOÃO DOS MONTES, Ana Isabel Fontes; S. MATEUS DA CALHETA, Mª Lurdes Sousa Ludovina; S. DA HORA, Manuel Saraiva; Mª Nascimento; Maria Cecília; U.S.A. Mª Fátima Azevedo; Mª Silva; VALOURA, Esperança Céu Esteves Ferreira Regadas; VÁRZEA DA SERRA, Mª Lucinda Pinto Monteiro; VELAS, Lídia Silva; V. DO CASTELO, Enedina Costa Pacheco Serrão; Judith Fernandes N. Tavares de Almeida; Mª Adelina Fernandes Sá; Mª das Dores Silva Ferreira; Rogélio Carvalho Martins da Cruz; V. FRANCA DE XIRA, Deolinda Silva Pedro Santos; Mª Ivone Lopes da Silva; VILA FRANCA DO CAMPO, Mª Conceição Soares Cravinho; VILA PRAIA DE ÂNCORA, Teresa Maria Lopes Maciel; VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO, Mª Clara Ferreira Leiria.

AGRELA STS, Mário Neves Corticeiro; ALPENDURADA E MATOS, Célia Josefa Araújo; AMADORA, Mª Natividade Pereira; ARGONCILHE, Luzia Mª Prêda; Mª Lurdes Nogueira; ARIZ MCN, Mª Fátima Almeida; AVEIRO, Eneida Rodrigues; AVESSADAS, Joaquim Madureira Silva; Mª Luísa Cardoso; BANHO E CARVALHOSA, Mª Isaura Pinto; CABEÇA SANTA, Ana Rosa Alves; CACIA, Sandra Isabel Pinheiro; Mª Vasconcelos Ribeiro; CANADÁ, Rosinda Felizardo; CAPELUDOS, Célia Pinto Machado; CARCAVELOS, Júlia Pais; CARREGAL DO SAL, Aníbal José Monteiro; Cátia Filipa Silva; Rúben Andrade Alves; COMENDA, Zélia Vieira Martins; ELVAS, Ana Mª Canhoto; Mª Isabel Cachucho; FARO, Leonor Ferreira Alves; FÁTIMA, Ana Mª Sousa; FELGUEIRAS, Mª Leonor Lopes; FENAIS DA LUZ, Mª Estrela Freitas; FETEIRA AGH, Matilde Parreira Sales; FONTELAS, Joaquim Pereira Borges; FOZ DO SOUSA, Mª Ilídia Coelho; FUNCHAL, Bárbara Mª Barros; Francisco Chaves Pereira; GONDOMAR, Ana Conceição Magalhães; IDANHA-A-NOVA, Mª Santos Silva; LAMEGO, Gravelina Barroco; LANHELAS, Mª Céu Senra; LISBOA, Mª Jesus Mota; LIXA, José Melo Sousa; MAIA, Adelaide M. Marques; Mª Auxiliadora Gonçalves; MACIEIRA DE RATES, Joaquim Oliveira Silva; M. DE CANAVESES, Carlos Carneiro Pinto; Joana Magalhães Teixeira; Mª Fernanda Magalhães; Natália Pinto; MEÃS DO CAMPO, Purificação F. B. Jorge; MIRANDELA, Pedro Araújo Ferreira; MIRE DE TIBÃES, Joaquina Fernandes Ferreira; Mª Amélia Barbosa; Mª Lurdes Costa; Rosa M. Duarte; Rosa M. Rocha; Teresa Jesus Araújo; MONTIJO, Mª Isabel Lages; MORAIS, Amélia Monteiro; NELAS, Ana Isabel Santos; Mª Antonieta Jesus; Teresa M. Martins; OLALHAS, Mª Luz Nunes; Mª Lúcia Silva; OUTEIRO SECO, Mª Lucília Barrocas; PENAFIEL, Teresa Margarida Soares; P. DA RÉGUA, Paula M. Fonseca; PINHEIRO DA BEMPOSTA, Ângela Rosa Silva; PONTA DELGADA, Águeda Guedes; Helena Paula Cabral; Nélia Conceição Marques; PORTO, Amélia Teixeira; António Salgueiro Dias; Mª Adelaide Caetano; Mª Margarida Silveira; PORTO DE MÓS, Jacinta Jesus Sousa; RANS, Mª Fernanda Ribeiro; RIO DE MOINHOS PNF, Ana Beatriz Moreira; Daniela Filipa Moreira; RIO TINTO, Arminda Conceição Silva; SABUGAL, Albino Pardal Ribeiro; Marinete Neves Ferreira; SALVATERRA DE MAGOS, Mª Conceição Magalhães; Mª Joana Santo; S. EULÁLIA ARC, Francisco Alexandre Azevedo; S. MARINHA DO ZÊZERE, Elisabete Fernanda Monteiro; SANTO TIRSO, Estela Rocha Pimenta; Mª Teresa Sanches; SÃO COSMADO, David Gonçalves Costa; S. DA HORA, Pedro Miguel Figueiredo; V. B. DO BISPO, Francisco José Madureira; Mª Rosa Cerqueira; V. DE REI, Mª Bela Moura; V. FRANCA DE XIRA, Mª Antónia Santos; V. MAIOR VFR, Sara Raquel Silva; V. N. DE GAIA, Mª Conceição Cardoso Coelho; V. R. S. ANTÓNIO, Mª Lizette Leiria.

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Uma família do Algarve

Imagens do Menino Jesus

Lagoa (Algarve)

Uma vez recebi uma carta de uma senhora algarvia a queixar-se de que eu escrevia muito pouco sobre a devoção ao Menino Jesus no Algarve. Dizia: «aqui também há muita devoção!». Ora, nem de propósito, o meu amigo Joaquim Paulo, de há muitos anos meu colega de armas em Faro, mandou-me na semana passada umas fotos com esta referência: O MEU MENINO! E, de facto, reparando bem, Ele é o Menino Jesus de Praga. E juro que o Paulo não sabia da queixa justa da tal senhora.

Estou mesmo a ver o lugar. Entra-se na casa desta família amiga e algarvia de gema, em Lagoa. Vira-se à esquerda e estamos numa sala ampla e multi-usos. Recordações e objectos com histórias para contar são muitos. Num lugar de destaque, numa espécie de oratório bem lindo e artístico, está este TESOURO de Deus. A família é a «Igreja doméstica», é um santuário familiar, onde Jesus não é somente uma peça de arte, mas a ARTE de conviver e viver por causas nobres. Abençoa, Senhor as famílias. Amém. R

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Grande mal é uma alma encontrar-se só no meio de tantos perigos... Eu aconselharia aos que têm oração, sobretudo ao princípio, que procurassem ter amizade e relação com outras pessoas que tratam do mesmo (V 7, 20)

“Livro da Vida” - Santa Teresa de Jesus


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