Desenvolvimento Local na Sociedade em Rede

Page 66

cultura do que na produção cultural, algo que é identificado ao longo das leituras realizadas como uma opção insuficiente em termos de desenvolvimento, considerando-se pelo contrário que o factor produção deve ser primordial e o factor consumo, complementar151.

* Mais informações sobre o National Endowment for the Arts: http://www.nea.gov/

Este investimento nas pessoas talvez represente o maior dos desafios. Será porventura mais fácil a política “xerox” ou simplesmente acreditar no sucesso garantido ao replicar exemplos bem-sucedidos, como é o amplamente conhecido exemplo de Silicon Valley. Mas esta perspectiva ignora ou desvaloriza as questões directamente relacionadas com a construção de identidades, com a vertente cultural de cada território, quando nos parece que a chave para o desenvolvimento dos territórios está no investimento nas pessoas, ao nível da construção de identidades culturais e é claro, na educação. A identidade cultural de uma comunidade, as suas políticas de educação e de promoção da criatividade mas também de participação na vida pública são estratégias de desenvolvimento territorial e devem ser entendidas como tal. E podem ser estratégias de regeneração urbana, para além da regeneração infra-estrutural, dos edifícios. Uma ideia corroborada por António Serrano et al, afirmando que, em relação a Portugal: “A aposta das cidades e dos territórios (…) terá que ser no desenvolvimento de Planos Estratégicos de terceira geração, que incorporem as dimensões de capital intelectual, do conhecimento, das tecnologias de informação e comunicação e da memória territorial no apoio à decisão estratégica e no apoio à construção de redes de cooperação para garantir a competitividade dos espaços territoriais.”

152

Evoluímos desta forma para um conceito de urbanismo humanista. “Ao fim e ao cabo as cidades precisam de um ambiente de pessoas ainda mais do que de um ambiente de negócios. (…) Em vez de financiar empresas, estádios ou centros comerciais, as comunidades precisam de estar abertas à diversidade e investir nos estilos de vida, nas opções e comodidades que as pessoas realmente desejam.”153 Tendo também em conta que todas estas medidas têm como finalidade uma sustentabilidade económica para os territórios, a sua reconfiguração e afirmação num contexto globalizado não poderá ser indiferente ao que as pessoas esperam dele, nem ao que as pessoas desejem concretizar nele. As organizações terão que reflectir estas necessidades, para garante da sua própria sustentabilidade e é claro, dos próprios territórios.

151

Pratt, 2008: 3

152

Serrano et al, 2005: 165

153

Florida, 2002: 283

52


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.