Desenvolvimento Local na Sociedade em Rede

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É claro que não ignoramos o valor da infra-estrutura. Permanecem actuais e muito pertinentes questões como as dos custos com habitação, níveis de segurança, rede de transportes145, de iluminação, enquanto elementos infra-estruturais importantes para atrair e fixar as populações num determinado território. A valorização do “software” traduz porém a necessidade de reforçar o investimento em medidas que permitam desenvolver estilos de vida pautados pelo bem estar, garantindo a atractividade dos territórios, a qual não se resume à existência de infra-estruturas, por melhores que estas sejam. É ao nível da inclusão social que encontramos medidas de desenvolvimento territorial que, tendo por base a cultura, a criatividade e a cidadania, acentuam o valor das experiências de bem-estar na vida de todos os dias. Um estilo de vida que se traduz no fundo numa situação económica estável mas também em níveis de segurança satisfatórios, num trabalho estimulante, em resumo, em vivências diárias que representem uma motivação para a presença num determinado território. A promoção da diversidade passa assim por ter em boa conta as diferentes dinâmicas de vida dos nossos dias. “(…) porque é que o sistema tem sido tão totalmente resistente a novas políticas de planeamento que reflectissem de modo mais adequado a diversidade e a demografia de um lugar?”146 Trata-se simplesmente de considerar mais as pessoas e menos as coisas. O que implica considerar mais as ligações e as redes que vão sendo construídas no contexto da sociedade informacional, sem qualquer prejuízo para as vivências territoriais.

4.3.2. – Creative PlaceMaking – Construção criativa de lugares * O conceito de Creative Placemaking assenta na animação de espaços públicos e privados, pela via das actividades culturais. Tomando como ponto de partida as alterações estruturais dos territórios e o seu declínio, quer devido ao abandono da população, por exemplo, dos centros urbanos, quer pela degradação dos próprios espaços físicos, tais como antigas fábricas ou outros edifícios antigos, considera-se que a aposta em iniciativas culturais e criativas poderão revitalizar estes espaços, promovendo a regeneração urbana e criando novas oportunidades para o desenvolvimento económico. Este conceito, tal como apresentado pelas autoras do “White Paper Creative Placemaking”147, representa uma alternativa ao cluster (do qual o PINC é um exemplo presente neste estudo), considerando que “em vez de um

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A abordagem de Laura Burkhalter e Manuel Castells na obra citada quanto às questões da mobilidade é do

maior interesse, alertando para os custos associados a este aspecto da vida quotidiana e como um sitema de transportes diversificado, que vá ao encontro das diversas necessidades das suas populações, é um factor de desenvolvimento decisivo para a cidade. O artigo dá alguns exemplos concretos de opções urbanísticas que promovam um acesso efectivo a meios de transporte alternativos, como é o caso do recurso à bicicleta, para além de outras propostas de regeneração urbana. 146

Burkhalter e Castells, 2009: 2

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Markusen e Gadwa, 2010

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