Desenvolvimento Local na Sociedade em Rede

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3. Cultura e Identidade, Criatividade e diversidade, Cidadania e inclusão.

A par da argumentação anteriormente desenvolvida, julgamos importante associar a esta reflexão em torno das políticas de desenvolvimento territorial no contexto da sociedade em rede, três eixos que consideramos fundamentais: a Cultura, a Criatividade e a Cidadania. Começamos por sublinhar a importância do papel da Cultura e da construção das identidades, associadas à criação de sentimentos de pertença. “Há dois tipos de construções da identidade que são aqui relevantes: a identidade individual entendida no sentido de si próprio enquanto indivíduo, (…) e a identidade colectiva, entendida como o sentido de si próprio enquanto membro de um grupo social. Trata-se do sentido de pertença, da noção de fazer parte de uma colectividade.”52 Por outro lado a Criatividade, muito directamente ligada a políticas de estímulo à diversidade, consubstanciadas em diferentes vivências dos espaços, num congregar de energias essenciais para uma maior competitividade económica dos territórios. Neste âmbito, iremos abordar especificamente as indústrias culturais, tradicionalmente associadas a actividades que têm na criatividade o seu principal alimento. A partir destas, procuraremos partir para uma visão mais abrangente que promova a criatividade para outras áreas de actividade, mantendo presente a importância da diversidade. Importa assim clarificar aquilo que entendemos por criatividade. Numa conferência inspiradora em múltiplas vertentes, proferida em 200653, Sir Ken Robinson associa a criatividade à capacidade de pensar lateralmente, bem como a uma disponibilidade para assumir riscos, sem receio de cometer erros. O autor considera que a criatividade é “um processo de produção de ideias originais, dotadas de valor”54. Corroboramos esta perspectiva, consubstanciada também por Charles Landry no seu conceito de cidade criativa: “Os actores-chave nestes lugares que demonstram crescimento, partilham determinadas características: abertura de espírito e vontade de correr riscos; uma concentração clara em objectivos a longo prazo (…); a capacidade para trabalhar com as distinções locais e para encontrar forças em fragilidades aparentes; e vontade de ouvir e aprender. Estas são algumas das características que tornam as pessoas, os projectos, as organizações e em última análise, as cidades, criativas.”55 Num mundo global cada vez mais esgotado naquilo que são os seus recursos materiais, no qual os próprios recursos humanos têm sido explorados de forma desigual naquilo que são as suas vertentes e potencialidades, emerge esta particular atenção sobre a criatividade como o alimento de base para novas dinâmicas de evolução social. “A competitividade já não está nos recursos imóveis e físicos 52

Tubella, em Castells e Cardoso, 2005: 281

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Link para a conferência “TED Talks”, “Escolas matam a Criatividade?” disponível em “Fontes”.

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Parte 2, 3’38’’

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Landry, 2000: 4

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