Abav 2014

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FOLHA DO TURISMO

TUDO SOBRE

Agências e Operadoras, Assistência ao Viajante, Aviação, Hotelaria, Cruzeiros, Eventos, Exterior, Locadoras, Parques, Política, Tecnologia e Turismo LGBT Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turismo  Setembro 2014

MERCADO & EVENTOS Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turismo

LEI 12.974 Publicamos, na íntegra, o texto que regulamenta a profissão dos agentes RESULTADOS Empresas e entidades avaliam impactos do Mundial da Fifa NÚMEROS Confira os últimos dados e gráficos do setor

São Paulo 

turismo em evidência

Brasil 

Setembro 2014

Copa do Mundo coloca o Brasil em destaque no cenário global



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Índice 006 Editorial ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

68 Luciano Macagno – Delta 70 Cristian Vieira – Anac 71 Gráficos do setor

134 Kenneth Svendsen – Disney 136 Maurício Alexandre – SeaWorld LOCADORAS

007 008 010 012

Bem-vindo Antonio Azevedo – Abav Nacional Gisele Lima – Promo Inteligência Turística Leonel Rossi – Abav Nacional

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS 13 14 16 18 19 20 22 23 24 26 27 28 30 31 32 34 35

Um ano sem crescimento Marco Ferraz – Braztoa Marcelo Matera – Aviesp Eduardo Nascimento – Sindetur-SP Luis Paulo Luppa – Trend Paulo Castello Branco – Grupo Águia Emerson da Silveira – Avirrp Juarez Cintra Filho – Grupo Ancoradouro Afonso Louro – Visual Viagens Eloi D’Avila de Oliveira – Flytour Plínio Nascimento – Nascimento Turismo Edmar Bull – Abracorp Valter Patriani – CVC Adonai Arruda Filho – BWT / Serra Verde Antônio Gomes – Hotel Urbano Fernando Botelho – Expedia.com Gráficos do setor

ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE 37 38 40 42

Segurança na viagem Marcello Gonçalves – Travel Ace Daniel Prieto – Assist Card Gelson Popazoglo – GTA

AVIAÇÃO 43 44 46 47 48 50 51 52 54 55 56 58 59 60 62 63 64 66

Fim da turbulência Gustavo do Vale – Infraero Eduardo Sanovicz – Abear José Efromovich – Avianca Moreira Franco – SAC Carlos Ebner – Iata Eduardo Bernardes – Gol Antonoaldo Neves – Azul Luiz Mór – Tap Claudia Sender – Tam Gustavo Esusy – Copa Airlines Twee Min Wang – Singapore Olaf Kaehlert – Korean Air Dilson Verçosa – American Airlines Luis Antonio Sobrinho – Air Europa Antonio Sgro – Alitalia Stephane Perard – Emirates Annette Taeuber – Lufthansa

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS 73 74 76 77 78 80 81 82 83 84 86 87 88

Cruzeiros menores Roberto Fusaro – Clia Abremar Renê Hermann – Costa Cruzeiros Ricardo Amaral – Royal Caribbean Adrian Ursilli – MSC Ilya Hirsch – Qualitours Alexandre Zachello – Pullmantur Estela Farina – Firstar Miguel Andrade – Transmundi Thiago Vasconcelos – Pier 1 Mario Trojman – Blue Sea Orlando Giglio – Iberostar Gráficos do setor

REPORTAGEM DE CAPA 91 Da Copa às Olimpíadas Brasil ganha evidência no mundo; setor turístico entra em novo patamar EVENTOS / FEIRAS 101 102 104 105 106 107 108 110 111 112 114 115 116 118

Pavilhões cheios Toni Sando – SPCVB Geninho Goes – BNT Mercosul Cláudia Miranda – Promove Alfredo Lopes – Rio CVB David Scowsill – WTTC Anita Pires – ABEOC Lawrence Reinisch – WTM-LA Simon Press – WTM Arnaldo Nardone – Icca Wellington Costa – GBTA Enrique Pepimo – FIT Roberto Pereira – BNTM Marta Rossi – Festuris

EXTERIOR 119 120 121 122 124 125 126 127 128

Brasileiros pelo mundo Jean-Philipp Pérol – Atout France Maria del Carmen – PromPerú Diana Pomar – CPTM Carlos Enrique Meyer – MTur Argentina Margaret Grantham – DZT Silvia Görlach – Eurail Mark Jaronski – Visit Orlando Alfredo González – Brand USA

ESPECIAL VISIT FLORIDA 130 Paul Phipps – Visit Florida 4

139 140 141 142 143 144 146

De carona na Copa Paulo Nemer – Abla Leandro Aliseda – Hertz Paulo Henrique Pires – Localiza Afonso Celso de Barros – Avis Renato Kiste – Shift Gráficos do setor

MEIOS DE HOSPEDAGEM 147 148 149 150 152 153 156

Alta temporada na hotelaria Enrico Fermi – ABIH Nacional Roberto Rotter – Fohb Daniel Guijarro – Resorts Brasil Guilherme Paulus – GJP Enquete com a rede hoteleira Gráficos do setor

PARQUES 157 158 160 161 162

Montanha-russa de investimentos Marcos Barros – Universal Orlando Resort Alain Baldacci – Sindepat Francisco Donatiello – Adibra Adalgiso Telles – Beto Carrero World

POLÍTICA 163 164 166 167 168 170 171 172 174 175 176 178

Da periferia à prioridade Vinicius Lages – MTur Vinicius Lummertz – MTur José Francisco Salles – MTur Luciana Fernandes – MTur Vicente Neto – Embratur Alexandre Sampaio – CNC/FBHA Luiz Barretto – Sebrae Nacional Luiz Fernando Moraes – Anseditur Salvador Saladino – Bito Michel Tuma Ness Oreni Braga – Fornatur

TECNOLOGIA 179 #conectado 180 Mario Ponticelli – Amadeus 182 Luís Vargas – Travelport TURISMO LGBT 183 Arco-íris em ascensão 184 Marta Dalla Chiesa – Abrat GLS 186 John Tanzella - IGLTA


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Editorial

Novas práticas, antigos desafios >> Num cenário que oscila entre as lições deixadas pelo sucesso na organização da Copa e as incertezas diante do futuro do país (geradas pelo resultado das eleições), o agente de viagem se depara com antigos desafios e novas práticas que deixam um ambiente de dúvidas e uma única constatação: é preciso construir novos caminhos e adotar estratégias que permitam a esse profissional aumentar seus ganhos e manter um padrão de competitividade. Tudo isso num mercado onde a concorrência ganhou, nos últimos anos, novos players, com a chegada das OTAs e as vendas diretas online por parte dos fornecedores.

novas tecnologias para utilizá-las como ferramentas que permitam alavancar os negócios e, sobretudo, fazer uso da criatividade impulsionada pelo espírito empreendedor na idealização das ofertas. É também o momento de cobranças por parte das nossas associações e representações. Exigir das autoridades e governantes o reconhecimento na importância desta atividade que sempre caminhou na periferia dos programas e plataformas de Governo. Em meio a uma crise econômica, capaz de gerar questionamentos e descrédito, o turismo pode, e deve, servir de base no processo de retomada econômica, como aconteceu com outros países, como a Espanha, e até mesmo os Estados Unidos. Para isso, há que se encaminhar pleitos e propostas de modo a fazer desta indústria uma prioridade, não apenas relegada aos discursos, mas que se traduza em resultados por meio de medidas de incentivo e ações práticas, que permitam amenizar o peso da carga tributária e servir de estímulo para fomento aos setores que integram essa máquina de sonhos.

Tido como principal elo de distribuição do mercado, o agente de viagens conquistou, neste ano, por meio da Lei 12.974, o reconhecimento da atividade, mas manteve o peso nefasto das cobranças diante da questão da Responsabilidade Solidária, que ainda impõe o ônus pelos prejuízos provocados por terceiros. Com o fim do comissionamento por parte das aéreas, a alternativa encontrada para manter os ganhos passa, obrigatoriamente, pela transformação do agente num consultor de viagens e também pela ampliação na oferta de uma gama de produtos e serviços, que possam tornar mais convidativa e promissora, a tão esperada viagem de sonhos do seu cliente.

É neste cenário de expectativas de um futuro melhor que o setor tem a oportunidade de dar uma demonstração de força e vitalidade, por meio de uma ampla mobilização de fornecedores e agentes de viagens no processo de construção deste novo amanhã. Um desafio que deve começar pela reflexão da importância do papel de cada um, neste momento de reinvenção e construtivismo movido pela certeza de que juntos podemos mais. Quem sabe, até mesmo, poder deixar de lado o gosto amargo das lamentações e o sentimento de descrédito, para que, imbuídos pela competência criativa e profissional, edifiquemos o sonho de um Brasil melhor a ser deixado para nossos filhos e as futuras gerações.

E como manter essa fidelização e convencer o consumidor diante da perda do poder aquisitivo da população abalada por uma economia que encolhe pressionada pelo impacto da recessão? Essa difícil equação merece ênfase nos debates e painéis deste 42º Congresso da Abav, onde novos produtos e palestras apontam para saídas e estratégias capazes de tornar mais claro e nítido o horizonte dos bons negócios. É também uma oportunidade de se fazer novos relacionamentos e consolidar parcerias no plano profissional. Conhecer

FOLHA DO TURISMO

Presidente Adolfo Martins Vice-presidente Executivo Roy Taylor roytaylor@mercadoeeventos.com.br - (55-21) 3233-6319 Diretora de Marketing Internacional Rosa Masgrau rosamasgrau@mercadoeeventos.com.br - (55-21) 3233-6316 Diretora Geral de São Paulo Mari Masgrau mari.masgrau@mercadoeeventos.com.br - (55-11) 3123-2247 Editora-chefe Natália Strucchi natalia.strucchi@mercadoeeventos.com.br - (55-21) 3233-6353 Editor-executivo Luciano Palumbo luciano.palumbo@mercadoeeventos.com.br - (55-11) 3123-2240 Chefe de Reportagem Luiz Marcos Fernandes luiz.fernandes@mercadoeeventos.com.br - (55-21) 3233-6262

Chefe de Reportagem SP Anderson Masetto anderson.masetto@mercadoeeventos.com.br - (55-21) 3123-2239 Diretor de Internet Fernando Martins Diretora de Planejamento Andréa Martins Diretor Jurídico José Manuel Duarte Correia Gerência de Tecnologia GRM Fotógrafo Eric Ribeiro Designer Daniel Costa

CPM Consultoria Planejamento Mídia Ltda. SHN Quadra 2 - 15º Andar - Salas 1514/1515 Executive Office Tower - Brasília/DF - CEP 70702-905

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Representante Comercial nos Estados Unidos www.braziltm.com / claudio@braziltm.com / +1 (954) 647-6464 Brazil Travel Media - Claudio DaSilva 401 E Las Olas Blvd # 130 - Fort Lauderdale - Florida - 33301 - USA

São Paulo Rua Barão de Itapetininga, 151 - Térreo - Centro - CEP 01.042-001 Telefone (55-11) 3123-2222 - Fax (55-11) 3129-9095

Os artigos e opiniões de terceiros publicados na edição não necessariamente refletem a posição da revista. Mercado & Eventos é uma publicação do


Bem-vindo à Abav Expo Internacional >> Agências, operadoras, assistência ao viajante, aviação, hotelaria, cruzeiros, eventos, exterior, locadoras, parques, política, tecnologia, turismo LGBT. Mais uma vez, o MERCADO & EVENTOS publica uma edição completa, onde você, leitor, encontra entrevistas e gráficos sobre os mais importantes segmentos que compõem a cadeia do turismo, bem como resultados e expectativas. São 184 páginas que revelam os desafios, avanços e preocupações dos dirigentes.

jornal quinzenal e gratuito. Com a maior tiragem entre os veículos especializados em turismo, com 16.400 exemplares a cada edição, o MERCADO & EVENTOS alcança todas as regiões do país.

Roadshow Turismo 2014: capacitação do agente

Nesta edição, CEOs e diretores contam como foram os primeiros meses de 2014 e o que esperam até dezembro. Tudo isso através de uma leitura objetiva e dinâmica. Em cada seção, a matéria de abertura faz um balanço da área. Logo depois, as entrevistas detalham as análises e perspectivas de cada empresa e, por fim, separamos os mais interessantes gráficos para ilustrar tudo o que foi dito. Como tema central, a decisão de explorar os impactos que a Copa do Mundo teve (e ainda terá, por um longo tempo) no turismo e na economia do país. As visões são as mais diferentes possíveis, mas todas entram num consenso: este megaevento contribuiu para divulgar uma imagem positiva do Brasil, com destaque especial para a nossa população. Com o turismo em evidência, levantamos uma questão primordial: qual o papel do agente de viagem nos dias atuais? Como este profissional pode aproveitar o bom momento pelo qual passamos para alavancar suas vendas e fidelizar o cliente? E mais, o que muda, de fato, com a Lei 12.974, que regulamenta a atividade? Todas as respostas estão nas próximas páginas.

O M&E, como player de peso da indústria do turismo, está sempre atento às necessidades dos agentes. Desta forma, idealizou um projeto pioneiro para qualificar os agentes de viagens: o Roadshow Turismo 2014, que capacitou agentes de viagens na Bahia, Recife, Fortaleza, Rio de Janerio, São Paulo e Porto Alegre. Os próximos serão em Belo Horizonte (14/10) e Curitiba (25/11). Organizado em parceria com a Trend Operadora, o evento tem o patrocínio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e do Governo do Estado da Bahia. A correalização é da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) com apoio da Best Western e Avis, tendo a Avianca como transportadora oficial. Até dezembro serão, aproximadamente, quatro mil profissionais capacitados.

M&E, maior tiragem entre os jornais especializados

Para você, agente de viagem que busca estar atualizado, o M&E traz sempre as principais informações do trade através do seu

Personalidade do Turismo

E para prestigiar os que se destacam no setor, o M&E realiza, a cada ano, o Prêmio Personalidade do Turismo. A 13ª edição já tem data marcada. A festa de gala acontece no dia 13 de novembro deste ano no Golden Room do Hotel Copacabana Palace. Na ocasião, dez pessoas e três instituições, eleitas de forma direta pelo trade, irão receber o título.

42ª ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO A feira conta com a participação de representantes de 65 países. São esperados 40 mil visitantes profissionais, que poderão interagir com os mais de 3,5 mil expositores. NÚMEROS DA EDIÇÃO DE 2013

NÚMEROS DA EDIÇÃO DE 2014

Área de Exposição

58.200 m²

Área de Exposição

Mais de 76 mil m²

Visitantes Profissionais

38.706

Visitantes Profissionais

40.000 (esperados)

Marcas Expositoras

2.613

Marcas Expositoras

Mais de 3.000

Hosted Buyers

750

Hosted Buyers

800

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ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO Abav

Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

Abav Nacional Entrevista com Antonio Azevedo

>> A Abav Expo ganha vida nesta semana (24/09 a 28/09). Neste ano a feira apostou em mudanças como a alteração da cerimônia de abertura, que desta vez ocorreu no dia 23; em um novo formato da Vila do Saber, com debates mais dinâmicos e num espaço com melhor aproveitamento; e ainda um Feirão de Viagens, que promete alavancar as vendas de agentes e operadores, agradando também o público final com descontos de “cair o queixo”. MERCADO & EVENTOS - Após o primeiro ano em São Paulo e levando em consideração o resultado da pesquisa que vocês fizeram, quais foram os erros e acertos? O que a Abav tirou de lição da feira de 2013? Antonio Azevedo - Sempre aprendemos muito. Todos os anos fazemos uma avaliação profunda. Detectamos, por exemplo, que houve um número bastante representativo de agências de viagens presentes, mas de São Paulo, propriamente dito, de onde esperávamos uma adesão maior, isso não ocorreu. Tivemos sim uma decepção com a capital. A capital tem 4.800 agências. Se cada agência enviar duas pessoas à Expo de Turismo 2014, e somente metade das agências comparecerem, ainda assim alcançaremos um bom número. M&E - Como surgiu a ideia de realizar um Feirão de Viagem dentro da Abav Expo? Antonio Azevedo - Essa é uma experiência nova para todos. Estamos apostando muito nisso como um momento de incentivar novos negócios para operadores e agentes, na medida em que o visitante se anime e adquira produtos. M&E - A Abav está tentando reverter a decisão do Governo Federal de comprar os bilhetes aéreos diretamente das companhias. Quais as consequências que esta decisão do Governo pode acarretar? Antonio Azevedo - É importante por

diversos motivos. Primeiro porque existe uma centena de agências que sobrevivem praticamente da venda de viagens para o governo. São centenas de empregos que estão em jogo. Segundo, esta é uma questão conceitual. É um verdadeiro absurdo ver a estatização da atividade sendo provocada pelo próprio Governo. Vai haver desvio de função dos funcionários públicos, que ao invés de atender áreas carentes e sociais, como segurança, educação e saúde, vão trabalhar numa atividade sem conhecimento de causa. O que tínhamos debatido com o Ministério do Planejamento era similar às compras corporativas, onde você faz um acordo com as companhias aéreas, mas o operacional é das agências. O Governo está se metendo numa situação que não tem pé nem cabeça. E, claro, inibindo o desenvolvimento de um setor que tem certa fragilidade, por ser composto de pequenas empresas. Vamos até o fim nessa batalha. Estamos agora subsidiando o TCU de números e fatos para que ele analise e se pronuncie. M&E - Qual é o papel do agente neste cenário que se desenha após a Copa? Antonio Azevedo - Esse é um assunto delicado. Tivemos um período pré-Copa

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que foi muito maltratado. O Brasil não fez a lição de casa e a maneira como se promoveu externamente foi muito frágil. Tivemos a sorte de “Deus ser brasileiro” e nosso evento terminou com um índice de aprovação muito grande. O maior destaque do Mundial foi, sem dúvida, o povo do Brasil, com sua alegria. Foi isso que conquistou os turistas estrangeiros, não foram os aeroportos. Agora que a Copa terminou podemos avaliar o legado. E, mais uma vez, temos lição a fazer. Esperamos que os órgãos competentes do Governo possam fazê-lo. Paralelamente, teremos que ter um processo junto às agências de receptivo para que possam ter maior competitividade e qualidade de serviço. De forma geral, temos que trabalhar, não podemos ficar sentados em berço esplêndido. M&E - Falta agressividade ao agente de viagem? Antonio Azevedo - Faltam muitas coisas. O que tem ocorrido no país, ao longo do tempo, e com as mudanças em relação à forma de aquisição dos produtos, é que pessoas sem qualificação e sem espírito empreendedor decidiram abrir agências e se acomodaram com uma simples cartela de clientes. Essas pessoas ficam dependendo quase que exclusivamente dos consolidadores, que hoje são os grandes fornecedores de produtos para os agentes. É claro que as consolidadoras são importantes, mas esse pequeno empresário fica muito paralisado, fica neste pequeno nicho e não se atreve a novos voos. Quem não mudar de postura vai perder muito. M&E - Como você avalia os casos de operadoras fechando as portas e decretando falência? Como isso afeta o trabalho do agente? Antonio Azevedo - É sempre um terror, porque novamente entramos na questão da Responsabilidade Solidária. E quem


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Abav Nacional Entrevista com Antonio Azevedo

vai ‘pagar o pato’, mais uma vez, são as agências. A agência revende um produto no qual ganha uma pequena parcela de comissionamento, mas quando problemas assim acontecem, a agência é obrigada, muitas vezes, a pagar 100% de prejuízo. Uma situação de injustiça. Outro ponto que podemos questionar é que as operadoras deveriam oferecer algum tipo de garantia. Em qualquer país da Europa é assim que funciona. Aqui no Brasil a pessoa abre uma empresa hoje, já se intitula operadora e começa a vender no dia seguinte. O correto seria, por exemplo, avaliar se o acionista majoritário ou

diretor já teve algum problema com o turismo. Vejo a necessidade que isso seja regulamentado. M&E - Como avalia os vetos feitos à Lei 12.974? Antonio Azevedo - Temos que olhar sempre pelo lado positivo. Conseguimos o reconhecimento, o que é muito gratificante e que, por si só, já fez valer a pena toda essa batalha de 13 anos. Dentro dos artigos da nova Lei temos objetos extremamente importantes para as agências. Sim, ficaram de fora pontos relevantes, como a questão da Responsabilidade Soli-

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Abav

Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

dária. Dizem que a Lei é para fazer justiça, mas neste caso não é isso que acontece. A agência entrega um produto que não é dela, ela atua como intermediária na transação. E veja bem, não queremos fugir de nossas obrigações, não é este o ponto, mas o processo tem que ser justo. Uma corretora de seguros te vende um seguro, aí acontece um incêndio. Quem paga é a corretora ou a seguradora? Claro que a seguradora. E ninguém discute isso, sendo que a condição é a mesma. Há uma desigualdade de entendimentos, onde o lado mais fraco acaba sendo sempre o da agência de viagem.


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Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

Promo

Inteligência Turística Entrevista com Gisele Lima

>> A Promo Inteligência Turística assumiu a organização da Abav em 2012. De lá para cá, a empresa vem avançando na estruturação desta importante feira de turismo do Brasil. “Evoluímos muito no que tange à diversidade ofertada aos visitantes, garantindo que eles tenham, não só, a presença de todos os tipos de produtos e serviços do setor turístico, como também uma ampla gama de fornecedores”, avalia Gisele Lima, diretora da Promo. Mas, apesar das conquistas, Gisele acredita que ainda há espaço para crescer. “Não podemos ficar satisfeitos nunca, porque assim não evoluímos”. MERCADO & EVENTOS - Você está satisfeita com o grau de internacionalização da Abav Expo? Neste ano teremos novos países na feira? A quantidade desses países aumentou? Gisele Lima - Acho que a gente ainda tem muito a crescer. Não podemos ficar nunca satisfeitos, senão não evoluímos. O fato é que a feira a vem crescendo numa ação internacional. Isso é refletido até na própria presença dos expositores. É um crescimento efetivo. Apesar disso, sempre podemos melhorar, existem inovações acontecendo a todo momento. E estar antenado a esses processos é o que garante uma posição diferenciada no mercado, no quesito feiras do setor. Neste ano teremos novos países, porém, acho que o ganho esse ano é na diversidade que vem com os países. A gente sabe que, por exemplo, um estande como o do México possui DMC’s, hotelaria, enfim, todos os serviços e principais ofertas do turismo e da iniciativa privada, que vem junto para executar as negociações. O que percebemos é que essa diversidade vem ganhando uma amplitude muito maior dentro dos estandes de países que já tem uma história de participação na feira. M&E - A Promo agora está representando a BTL no país. Vocês estão atrás de outras

investimento. Tudo isso com a facilidade de idioma e com um valor agregado. Este é um olhar que a BTL teve para o mercado brasileiro muito procedente e que a gente conseguiu contribuir na formatação dessa estratégia. Estamos agora apresentando esse diferencial como grande inovação da feira para o ano de 2015.

feiras? A Promo pode vir a representar outras feiras? Gisele Lima - Sem dúvidas, a gente não só pode, como também tem um olhar específico dentro de feiras nas quais gostaríamos de estar atuando. A BTL, além de ter muita sinergia com o mercado brasileiro, traz um dado que é um diferencial e que pode ser explorado pelo nosso mercado com mais força: Portugal é um grande hub para o Brasil. Poder representar a BTL aqui é uma excelente oportunidade pra estreitar os laços entre esses mercados com relações bilaterais. Sabemos que existem turistas que saem das mais diversas localizações da Europa (voando Tap) e chegam ao Brasil via Lisboa. Aproveitar e potencializar isso vai provocar uma guinada de mercado muito grande e vai transformar a BTL em uma das principais feiras de negócios da Europa. M&E - Qual seria a grande novidade da BTL para edição de 2015? Gisele Lima - A BTL implanta nesse ano um programa de compradores convidados, onde a proposta é termos, dentro da feira, cerca de 400 compradores convidados, oriundos de 23 países. Essa negociação já está firmada. Ter o trade brasileiro negociando em uma única feira com 23 países maximiza qualquer

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M&E - Tivemos entre junho e julho a Copa do Mundo. Neste momento, todos debatem os impactos que o evento causou para o turismo. Como você vê isso, pessoalmente? Gisele Lima - A visibilidade mostrou o que nós somos, o que temos de infraestrutura e, principalmente, a forma como recebemos os turistas, que é o nosso grande diferencial. A Embratur, em pesquisas anteriores, já identificava que o primeiro ponto de reconhecimento do turista no nosso país (e o que mais agrada a ele) é o próprio brasileiro. O melhor do Brasil, definitivamente, é o brasileiro. Mas esse momento da Copa do Mundo revelou também que temos muitos outros atributos, diversas regiões. É como se o Brasil fosse redescoberto nesse quesito. Sem dúvida, a gente alcança um patamar de interesse e entendimento infinitamente superior ao que tínhamos antes do Mundial acontecer. M&E - Você acha que o Brasil está saturado em relação à quantidade de feiras e eventos de turismo? Gisele Lima - Eu tive a curiosidade de contar o número de feiras e workshops. E nós temos 34. Se nós temos 34 e dividimos por 12 meses, nós temos praticamente quase três eventos por mês no turismo. Está muito saturado. O expositor não consegue efetivamente estar presente em todos. Porque é uma questão de limitação física, inclusive. Isso certamente exige do expositor uma análise mais crítica de qual evento ele vai participar. Aí vem a necessidade, cada vez maior, da profissionalização dos eventos, do valor agregado


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Entrevista com Gisele Lima

que eles geram. A atenção e o foco que ele dá na qualificação do visitante, na geração de negócios. Esses são fatores primordiais para que um evento seja prioritário na escolha do expositor. Por isso, a preocupação da Abav é gerar um valor agregado diferenciado. Então, nesse ano, nós implementamos para todos os expositores as rodadas de negócios, estamos trazendo, efetivamente, mais de 800 compradores convidados, que vão poder ser vistos na feira, na rodada de negócios. Tudo isso para que o expositor consiga, em um único evento, conversar com compradores convidados que vem de

países com alto poder de compra. E para montar essa base de compradores convidados que estamos trazendo, pensamos nos principais mercados potenciais emissores. Então existe um trabalho estratégico, existe um trabalho de pensar no nível de retorno que o expositor precisa ter, para que continuemos sendo uma feira prioritária na escolha dele. M&E - O fluxo de visitantes que a Abav recebe atualmente é um bom número? Gisele Lima - A qualificação dos visitantes é outro foco de atenção nosso. Porque não adianta somente ter fluxo, é mais

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importante ter a qualificação desse fluxo. Se temos o corredor cheio, mas com zero de geração de negócios, a feira não atinge o objetivo. Mas, efetivamente, quem circula ali é quem gera negócios, e se de cinco reuniões que são executadas por um expositor, três delas gerarem resultados expressivos, o investimento dele foi pago. Isso é uma preocupação que qualquer feira tem que ter e que a Abav tem. É algo continuo no nosso olhar. A imprensa muitas vezes valoriza muito o número de visitantes. E aí é uma posição muito particular minha: mais importante do que o número é a qualificação desses visitantes.


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Abav Nacional Entrevista com Leonel Rossi

>> Formado em sociologia, com vastos conhecimentos antropológicos, e muitos anos de experiência no turismo, Leonel Rossi, vice-presidente de Relações Internacionais da Abav, acompanhou de perto tudo que envolveu a Copa de 2014. Ele chegou a gravar o noticiário internacional para não perder nenhum lance e, assim, descobrir como a mídia estrangeira divulgou o Brasil durante os 30 dias do campeonato. Nesta entrevista ao M&E, ele faz uma análise do que ficou de positivo para o turismo brasileiro e como os agentes podem aproveitar as lições que o Mundial deixou. MERCADO & EVENTOS - Qual é o principal legado da Copa do Mundo para o turismo brasileiro? Leonel Rossi - O principal legado desta Copa é que os estrangeiros que vieram foram bem recebidos. O sentimento que prevaleceu foi de ter as expectativas superadas. Acompanhando o noticiário internacional, percebi que as coberturas foram sensacionais. Ao longo dos últimos anos, o Brasil, por exemplo, deixou de aparecer em revistas internacionais voltadas para o público A, como a Conde Nastler, por exemplo, com 700 mil exemplares (e cada exemplar é lido por cinco pessoas em média). Então você abre a revista e vê a Jamaica, Croácia, Rússia, Riveira Francesa. Nesse período pós -Copa, é preciso que as autoridades de turismo do Brasil continuem uma promoção firme e forte, para que as pessoas não esqueçam o Brasil. Isso é obrigação da Embratur. Esse é o papel dela. M&E - Como o senhor avalia a participação dos turistas da América do Sul na Copa? Como podemos impulsionar o número de turistas internacionais - que hoje é de pouco mais de seis milhões aproveitando os países vizinhos? Leonel Rossi - Já esperávamos que uma

saiu ganhando. O que não apareceu com tamanha clareza foi a estrutura das cidades, que ainda deixou um pouco a desejar.

parte importante dos turistas da Copa fosse composta por sul-americanos ou latino-americanos. Agora temos que aproveitar isso. A imagem do Brasil passada a todos que estiveram em nosso país foi ótima. Temos que jogar firme em cima dos países limítrofes e não limítrofes, como Equador e Chile, para que eles comprem o Brasil.

M&E - Como o agente pode aproveitar esse novo cenário, que deixa o país tão em evidência no mercado internacional? Leonel Rossi - De duas formas. Os especializados em receptivo terão que fazer uma programação, entrar em contato com as agências do exterior e tentar driblar o alto custo do Brasil. Ainda somos um país caro. Uma saída é conquistar esses turistas com alto poder aquisitivo que citei. E, no emissivo, é preciso aproveitar esse clima que a Copa deixou. O contato com os turistas estrangeiros que estiveram no Brasil estimula a vontade do povo brasileiro de viajar. Na verdade esta é uma tendência que já vemos nos últimos anos. As pessoas estão ganhando mais, a economia está estável. Ainda sim, apenas sete milhões de brasileiros viajam por ano, numa população de 200 milhões, é muito pouco ainda.

M&E - Em termos de infraestrutura, como o setor turístico ganhou com a realização do Mundial? Leonel Rossi - Eu estava entre as poucas pessoas que já previam que a Copa seria muito boa para nós. O Brasil, com um povo apaixonado por futebol, merecia estádios realmente preparados para receber esse público. Pode ser que dois ou três deles tenham problemas de aproveitamento daqui para frente, mas os espaços criados são arenas capazes de receber shows e espetáculos. Os aeroportos não ficaram totalmente prontos, mas não tivemos problemas, as coisas funcionaram direto. As Fun Zones foram muito aproveitadas e elogiadas. Quando todas as obras forem realmente concluídas teremos novos e bons aeroportos. A hotelaria também

M&E - Qual a avaliação que se pode fazer da mudança da Abav Expo Internacional para São Paulo? Leonel Rossi - Não há cidade como o Rio de Janeiro, um destino turístico por natureza. Nós sempre agradecemos pelos anos em que a feira foi realizada lá, foi muito importante para nós. Isso não quer dizer que a feira não possa voltar para a “Cidade Maravilhosa” um dia. Essa possibilidade não é nula. Mas o que acabou ocorrendo foi um desgaste natural. O Riocentro é longe, tínhamos dificuldades de locomoção e os custos também são maiores, inclusive de hotelaria. Cerca de 80% dos expositores estão em São Paulo, então não precisam gastar com hospedagem, por exemplo. A localização do Anhembi também é muito boa.

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Um ano sem crescimento Efeito Copa e altos preços derrubam as vendas e setor espera um 2014 com crescimento zero ANDERSON MASETTO >> Vendas em queda no primeiro semestre. Copa do Mundo. Preços altos. Esses foram fatores que influenciaram a indústria de viagens no Brasil na primeira metade do ano, especialmente as agências e operadoras, que esperam um ano sem crescimento. As vendas voltaram a embalar no segundo semestre e a demanda reprimida parece estar dando uma resposta. No entanto, uma retomada, na opinião e entidades e empresários, depende, sobretudo, de um quesito específico: o preço. “Buscamos o equilíbrio. O que perdemos no primeiro semestre, queremos recuperar no segundo e fechar o ano estável”, definiu o presidente da Braztoa, Marco Ferraz. Um ano sem crescimento, mas também sem prejuízo, será comemorado por todos. A queda das vendas teve alguns efeitos, como o desaparecimento de duas empresas que tinham nomes muito forte no mercado: Marsans e Luxtravel. “A temporada do meio do ano é importante para todas as operadoras e a falta dela – porque praticamente não existiu – atrapalhou o fluxo de caixa de muitos operadores”, explicou. A expectativa para o segundo semestre, no entanto, é de retomada. Ferraz acredita que há uma demanda que ficou reprimida e pode acabar voltando mais forte na segunda metade do ano. No entanto, os preços podem atrapalhar. Uma das lições deixadas pela Copa do Mundo, para vários operadores, é que o brasileiro não pagará valores acima do mercado. “O preço tem que ser razoável, porque caso contrário o consumidor não vai

aceitar e não irá comprar. Como somos intermediários, não fazemos preço, apenas mantemos o nosso markup acompanhando a subida e descidados preços. Dependemos muito dos fornecedores. Espero que eles tenham entendido que o consumidor não vai mais pagar preços irreais. Este deve ser um dos legados da Copa para o futuro e não apenas para grandes eventos”, comentou Ferraz. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas, Estudos e Capacitação em Turismo (Ipeturis) apontou que 53% das agências de viagens do país tiveram perda nas vendas por causa da Copa. O estudo foi encomendado pelo Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP) para avaliar o impacto da Copa do Mundo no setor. “Os empresários estão relativamente otimistas quanto ao futuro. Nosso levantamento apontou que 45% dos empresários do setor acreditam que o impacto da Copa de 2014 nas vendas futuras será positivo”, revelou o presidente do Sindetur-SP, Eduardo Nascimento. “Muitas viagens ficaram represadas pela Copa e agora é hora de abrir as comportas e deixar o rio vazar. Então, no curto prazo, deve haver uma recuperação”, complementou. Antônio Gomes, diretor Comercial do Hotel Urbano – que espera vender mais de 4 milhões de diárias neste ano – afirmou que o mercado aponta para uma retomada. Para ele, a Copa represou muitas viagens e os brasileiros estão com a sensação de “não viajei ainda este ano”. “O mercado está bem aquecido para este segundo 13

semestre, com excelentes oportunidades de tarifas e destinos, assim como o início de vendas pra Natal, Réveillon, alta temporada e Carnaval. Estamos apostando muito num crescimento bem vertical”, contou. Uma das maiores operadoras do interior de São Paulo – segundo maior mercado emissor do país – a Ancoradouro espera uma alta não apenas neste segundo semestre, mas estima um novo ciclo de crescimento no setor. “A tendência agora é que o crescimento seja maior. O turismo no Brasil ainda é incipiente. Se olharmos o tamanho da nossa população, de mais de 200 milhões, o número de pessoas que faz turismo não chega a 6%. Se somarmos todas as aeronaves comerciais das três maiores companhias que operam no país, teremos algo perto de 450 aviões. Isso não é nem a metade do que somente a Delta tem nos Estados Unidos, por exemplo”, explicou.

Problemas a resolver

Há, no entanto, outros fatores que podem influenciar no crescimento. Para o presidente da Trend Operadora, Luis Paulo Luppa, o país tem uma série de questões a serem resolvidas e concorda que há ainda um potencial muito grande para o setor avançar. “Temos questões a resolver como a queda abrupta do Nordeste, que é um paraíso, porém tratado como um simples pedaço do Brasil. Precisamos tratar os destinos com um plano diretor debaixo do braço e medindo as ações e resultados. Continuo entendendo que somos embrionários em matéria de estratégia e gestão”, opinou.


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Braztoa

Associação Brasileira das Operadoras de Turismo Entrevista com Marco Ferraz

>> Este foi um ano atípico para o turismo emissivo no Brasil. As vendas no primeiro semestre registraram uma queda por conta da Copa do Mundo e também dos altos preços. A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) espera agora uma retomada, durante a segunda metade do ano. As operadoras têm como meta terminar 2014 sem crescimento e nem prejuízo. “Buscamos o equilíbrio”, definiu o presidente da entidade, Marco Ferraz. Mesmo com vendas menores por conta do megaevento, o dirigente acredita que o país pode encarar agora um novo ciclo de desenvolvimento no setor. MERCADO & EVENTOS - O que os agentes de viagens podem esperar do 42º Encontro Comercial Braztoa? Quais são as novidades desta edição? Marco Ferraz - Estamos indo para a segunda edição junto com a Abav. O formato será praticamente o mesmo, em um espaço onde cabem 66 estandes com nove metros quadrados, além de um lounge e um bar no meio, que é patrocinado pelo Ministério do Turismo. Além disso, temos mais dois lounges, em que os operadores poderão sentar com os seus clientes e fornecedores para fechar negócios. Nas salas da Vila do Saber, temos duas horas e meia de capacitações, durante os três primeiros dias. E no final de semana, teremos a venda direta para os consumidores, coincidindo com a Turismo Week. Neste caso, a venda poderá ser direta ou por meio dos agentes que são clientes dessas operadoras. Isso fica a critério de cada uma delas. Há, ainda, o nosso próprio espaço, onde falaremos sobre o Programa de Sustentabilidade e a Turismo Week. Estamos seguindo a linha do evento do ano passado, que foi um sucesso. M&E - Qual é a expectativa da Braztoa e das operadoras para os dias voltados

a falta dela - porque praticamente não existiu - atrapalhou o fluxo de caixa de muitos operadores. Isso deve ter afetado bastante essas duas empresas.

ao público final? O que as operadoras esperam das vendas? Marco Ferraz - Tivemos a primeira experiência no ano passado e precisamos reconhecer que não foi muito bem. Acredito que faltou divulgação, pois faltou público no final de semana. Estávamos lá para vender, mas não apareceu muita gente para comprar. Esperamos que neste ano, com a divulgação que a Abav fez, o retorno seja maior. Com certeza teremos um público maior do que em 2013. Faremos também uma campanha geral para o Turismo Week, informando que a compra presencial poderá ser feita no Anhembi neste final de semana. M&E - Tivemos neste ano algumas surpresas, como o fim das operações da Marsans e da Luxtravel. Foram apenas casos pontuais, ou há algo acontecendo no mercado? Marco Ferraz - Este foi um ano atípico por conta do Carnaval tardio e da Copa do Mundo. Então, a expectativa de vendas durante a Copa era muito grande e a gente sofreu com os nossos fornecedores que estavam com preços muito acima do normal para esta época do ano. É uma temporada importante para todas as operadoras e

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M&E - Isso mostra uma fragilidade do mercado? Marco Ferraz - Não. Eu diria que as vendas neste ano foram abaixo do ano passado. Então, sempre quando temos uma venda menor é necessário fazer um ajuste de custos. A expectativa é de recuperação no segundo semestre, com esta demanda que ficou reprimida voltando mais forte na segunda metade do ano. Muita gente não tirou férias no primeiro semestre e está guardando para o segundo. M&E - A questão dos preços foi muito discutida antes da Copa do Mundo. Em um certo momento eles caíram pela falta de demanda. Este pode ser um dos legados da Copa para o setor? Marco Ferraz - Sim. O brasileiro é muito sensível a preços. Eles baixaram em um determinado momento, mas sentimos que não deu tempo de todo mundo se organizar e fazer uso deles, ainda mais para os meses de junho e julho. Vimos que não adiantou baixar muito os preços. Isso teria que ser feito com maior antecedência, não tão perto da Copa. Este é um aprendizado. Teremos pela frente os Jogos Olímpicos e não podemos ir com uma fome maior, como foi feito na Copa. O preço tem que ser razoável, porque, caso contrário, o consumidor não vai aceitar e não irá comprar. Como somos intermediários, não fazemos preço, apenas mantemos o nosso markup acompanhando a subida e descida dos preços, dependemos muito dos fornecedores. Espero que eles tenham entendido que o consumidor não vai mais pagar preços irreais. Este deve ser um dos legados da Copa para o futuro e não apenas para grandes eventos. Muito se fala que vai ter uma maior procura, mas não podemos esperar esta procura e aumentar


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Braztoa

Abav

Associação Brasileira das Operadoras de Turismo

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Entrevista com Marco Ferraz

os preços. Temos que ir com calma, pois caso contrário os clientes não irão comprar. M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo? Marco Ferraz - Com o emissivo, a Copa não teve nenhuma influência direta. Mas com relação à infraestrutura, sim. Tivemos os aeroportos privatizados e já estamos fazendo o uso deles. Temos Guarulhos, que estamos acompanhando de perto, e Campinas, que está fazendo com que companhias como a Azul, tragam aviões novos, além de novos voos da American Airlines, por exemplo. Isso tudo é reflexo

de uma infraestrutura maior e de poder oferecer um produto melhor ao nosso cliente. Vamos pegar carona com isso. M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Marco Ferraz - Por enquanto não muda muito em relação à Lei Geral do Turismo. Ela especifica o que é uma agência de viagens e o que é uma operadora. Isso é interessante. Ela deixa bem claro que o operador é aquele que realmente produz o pacote a viagem. Estabelece quem pode

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remeter o dinheiro para fora e fazer uso das ferramentas de operação. E o agente de viagens como aquele que só vende, não opera, mas que está na ponta junto ao cliente. Todas aquelas tentativas de sair um pouco da solidariedade na venda dos produtos foi vetada, então praticamente o que mudou foi isso. Mas o mercado já está acostumado. Todo mundo acaba tomando conta dos seus fornecedores. Às vezes a gente acaba um pouco inconformado quando acontece algo como o da companhia aérea Pluna, que parou de voar. A gente imaginava que o governo brasileiro pudesse tomar as devidas garantias.


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Aviesp

Associação das Agências de Viagens Independentes do Estado de São Paulo Entrevista com Marcelo Matera

>> A profissionalização é, na opinião do presidente da Associação das Agências de Viagens Independentes do Estado de São Paulo (Aviesp), Marcelo Matera, o ponto mais positivo que a Lei 12.974 pode trazer para o setor. Para ele, com a atividade das agências regulamentada, haverá uma necessidade maior do mercado em capacitar e treinar a sua mão de obra. “O Brasil vai aos poucos se adaptando a este novo momento e as empresas terão que se adequar, mesmo com a falta de mão de obra. Cabe agora as empresas e a nós, entidades do setor, proporcionar capacitações e treinar esses profissionais”, afirmou. MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Marcelo Matera - A Lei é muito importante porque regulamentou a atividade. Então, agora, qualquer profissional que queira atuar como agente de viagens tem que ter uma empresa e as coisas serão muito mais formalizadas. O agente de viagens passa a ser reconhecido como um profissional. Ela é positiva também para a imagem perante o mercado e ao consumidor. A partir de agora, o agente de

o receptivo como para o emissivo. O país mostrou todo o seu potencial no setor para o mundo todo. Este é um evento que estimula as viagens, tanto internas como externas. A expectativa agora é que os brasileiros também viagem mais, estimulados a conhecer as cidades mostradas durante a Copa. Acredito que, desta forma, as agências e operadoras de viagens também irão se beneficiar da realização do evento no país, uma vez que ela despertou o desejo de viajar dos brasileiros.

viagens vai poder exercer a sua atividade de uma maneira profissional. No meu entender, a Lei deixa cada um responsável pelo seu serviço. Passa a ficar mais claro qual é a função e o papel de cada um dentro da cadeia. Claro que os artigos vetados poderiam ter deixado isso mais formal, mas também já mostra o papel de cada empresa. M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros? Marcelo Matera - Para o turismo, a Copa do Mundo foi muito positiva tanto para

Feira muda de nome e local em 2015 A entidade apresentou um novo conceito para a sua feira anual. Agora, a Aviestur passa a se chamar Aviesp - Expo de Negócios em Turismo e acontecerá nos dias 10 e 11 de abril de 2015, no Expo Dom Pedro, em Campinas (SP). Matera afirmou que além do local para exposições, o espaço agregará o Seminário da entidade e mais salas para capacitações. “Poderemos até dobrar de tamanho para o próximo ano”, disse. A feira conta com o apoio da Abav Nacional, prefeitura de Campinas, do CVB da cidade e da Azul Linhas Aéreas como transportadora oficial. “Além do espaço

maior para realização da Expo, a logística e a hospedagem favorecem a realização em Campinas, hoje grande polo emissor de turistas no interior do estado”, comentou. “Há muito tempo tínhamos o desejo de voltar a Campinas. Isso agora é uma realidade”, complementou. Para o vice-presidente da Aviesp, Fernando Santos, a mudança atende a necessidade do mercado de feiras de se reinventar. “Buscamos modelos em feiras fora do país e adequamos às necessidades dos agentes brasileiros”, afirmou. Segundo ele, o reposicionamento da marca e modelo ainda trará novidades ao mercado.

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M&E - As empresas do setor estão preparadas para este novo momento do turismo no país? Marcelo Matera - Entendo que a grande expectativa para o setor vem agora, após o evento. Muita gente se preparou, mas quem não o fez deve começar logo. O Brasil vai aos poucos se adaptando a este novo momento e as empresas terão que se adequar, mesmo com a falta de mão de obra. Cabe agora às empresas e à nós, entidades do setor, proporcionar capacitações e treinar esses profissionais. Com a regulamentação da atividade, uma das consequências é que, naturalmente, as empresas vão capacitar mais os seus colaboradores e nós temos que fazer este esforço. Cada vez mais o mercado exige e deverá ter profissionais mais capacitados. M&E - Após a queda nas vendas durante a Copa do Mundo, como está a expectativa do setor para o segundo semestre. Deve acontecer uma retomada? Marcelo Matera - Realmente houve uma queda durante a Copa. Mas existe uma demanda reprimida, que irá aparecer no segundo semestre. Isso certamente acontecerá, até porque historicamente a segunda metade do ano é sempre melhor. A expectativa até dezembro é muito boa e deve haver uma retomada. Já percebemos as consultas e vendas bem melhores.


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Sindetur-SP Entrevista com Eduardo Nascimento

>> Um impacto pequeno para as agências de viagens. Esta é a definição do presidente do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP), Eduardo Nascimento, sobre a Lei 12.974, que regulamenta as atividades das agências de viagens. Embora o dirigente afirme que esta era uma luta antiga da categoria, ele lamenta o veto de alguns artigos, entre eles os que tratavam da Responsabilidade Civil das agências. Já sobre a Copa do Mundo, Nascimento reiterou que o impacto pode ser grande e abranger diversos aspectos do turismo. Veja abaixo a entrevista: MERCADO & EVENTOS - A Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências, entrou em vigor em maio. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Eduardo Nascimento - Deve-se registrar que a aprovação da Lei 12.974 foi uma luta de nossa categoria econômica travada por mais de 13 anos, depois de uma iniciativa meritória da Abav Nacional, em 2001, bem antes da Lei Geral do Turismo. A se lamentar na aprovação da Lei 12.974 foram os vetos da Presidência da República, tais como: sobre os artigos que tratavam da Responsabilidade Civil das agências de viagens e da auto-regulamentação das agências sobre conciliação com o consumidor, veto desnecessário, pois não criava a obrigação. A par dos vetos foram criadas novas obrigações para as agências de viagens, como: dedicar ambiente exclusivo para atendimento do consumidor (regra que não excepciona nem explica como deverão proceder as agências de turismo online); dedicar-se exclusivamente às atividades previstas na lei, o que exclui, inclusive, outros serviços turísticos e deverá estar refletido em seu objeto social; optar entre duas categorias, agências de viagens, que só podem intermediar, e agências de viagens e turismo, que podem exercer todas as atividades; mencionar, em qualquer oferta, o nome e o número de registro do

fornecedor dos serviços; adaptar a denominação social da empresa ao disposto na Lei. Alterações estas que ainda necessitam de regulamentação, seja por meio de decreto da Presidência da República ou portaria do Ministro do Turismo. M&E - Qual o papel deste profissional neste novo cenário do turismo brasileiro? Eduardo Nascimento - Pouco muda ou quase nada no cenário do turismo brasileiro, assim como em relação ao papel do agente de viagens perante a nova lei. Apenas se reiteram as suas responsabilidades de que é dever fundamental da sua profissão fornecer ao cliente sempre a informação correta, completa e bem clara. O atendimento especializado, prestado de forma personalizada para o perfil de cada cliente, a assistência e a orientação técnica aos viajantes, antes, durante e após a viagem, sempre fizeram e farão com que o agente de viagens continue sendo cada vez mais valorizado e reconhecido como o canal de vendas mais indicado para atender as necessidades dos viajantes. M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo? Eduardo Nascimento - O impacto da Copa de 2014 para o turismo no Brasil

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é diversificado e complexo. O país recebeu um grande número de estrangeiros e muitos brasileiros também viajaram por causa dos jogos. No entanto, a Copa também gerou efeitos negativos em muitos mercados. Muita coisa parou para deixar a Copa passar. No mercado de agenciamento de viagens, o efeito foi negativo em razão do regulamento na venda de ingressos. Quem não trabalhou diretamente com a Copa perdeu porque deixou de vender os serviços usuais. Mesmo os brasileiros que viajaram para ver os jogos não compraram por meio das agências. Segundo estudo realizado pelo Ipeturis, a pedido do Sindetur-SP, para medir os impactos da Copa do Mundo no agenciamento turístico, 53% das agências do país tiveram perda nas vendas por causa da Copa. Apenas 13% venderam mais do que o normal. Para os outros 34% o saldo não foi positivo e nem negativo. No mês de junho as vendas totais do setor de agenciamento caíram 27% em razão da Copa. Acredito que no mês de julho a queda ainda seja maior. O impacto negativo foi maior nas viagens domésticas e, tanto o setor de lazer quanto o corporativo, foram afetados. M&E - O prejuízo causado pela queda das viagens no período da Copa pode ser compensado em um longo prazo com o aumento das viagens domésticas? Eduardo Nascimento - Uma parte daquilo que deixou de ser vendido durante a Copa de 2014 foi vendido antes do evento, outra será vendida depois, e uma terceira parte realmente vai deixar de ser vendida. Muitas viagens ficaram represadas pela Copa e agora é hora de abrir as comportas e deixar o rio vazar. Então, no curto prazo, deve haver uma recuperação. No longo prazo, os efeitos são mais difíceis de prever, mas o ganho de imagem do país deve incentivar as viagens de estrangeiros e também de brasileiros pelo país.


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Trend Entrevista com Luis Paulo Luppa

são os ingredientes indispensáveis para quem quer se manter no jogo.

>> Para o presidente da Trend Operadora, Luis Paulo Luppa, há muito a se desenvolver ainda no turismo brasileiro. “A Copa do Mundo sofreu, antes da sua realização, uma forte campanha negativa da mídia e da população, mas é claro que a Copa seria uma boa, já que teríamos tanta visibilidade. E já que não sabemos nos vender, o evento fez isso pelo país, pois quem esteve aqui amou o que viu, sentiu, ouviu, comeu e bebeu”, disse. MERCADO & EVENTOS - A Trend acabou de lançar mais uma ferramenta do Mega Partner: o Vitrine Mais. O que vem por aí nos próximos meses? Luis Paulo Luppa - As outras etapas serão divulgadas aos poucos. A nova ferramenta possibilita a aquisição de um site customizado com logo, cores e dados de contato, e, ainda, exposição de divulgação e vendas no www.passagemaerea.com.br. Este lançamento é uma reafirmação do compromisso com o nosso único canal de distribuição, os agentes de viagens. M&E - O que podemos esperar com a nova Lei 12.974 ?

Luis Paulo Luppa - Profissionalismo, organização, consolidação de ações e inovação. M&E - Qual o papel do agente de viagem neste novo cenário do turismo brasileiro? Luis Paulo Luppa - Independente da regulamentação, o profissional de hoje tem que ser globalizado, ágil e de fácil adaptação. O nosso mercado vem sofrendo profundas metamorfoses, desde a sua essência até a sua forma. Entender, inovar e ter atitude

Sob nova estrutura, Comercial Nacional visa proximidade com fornecedores Sob o comando de Vitor Bauab desde o início de junho, o Departamento Comercial Nacional da Trend Operadora ganhou uma nova estrutura. Agora, com quatro gerências regionais e um número maior de negociadores, o objetivo da área, que reponde por 75% dos produtos comercializados pela empresa, é estar mais próxima dos fornecedores, inclusive com uma série de eventos e ações regionais focadas nos hoteleiros. Na nova estrutura, o departamento ficou dividido em gerências regionais: São Paulo, sob o comando de Leandro Polido; Sul, com Laércio Henrique; Sudeste (exceto São Paulo) e Centro-Oeste, com Ricardo Assalim; e Norte e Nordeste, com Mateus Sena. Eles respondem ao gerente Comercial Nacional,

Osmar Fonte. Essas bases contam com negociadores exclusivos para cada estado ou região. “Dentro desta nova estratégia, os nossos negociadores não ficarão mais dentro da empresa. Eles irão a campo e estarão mais próximos dos nossos fornecedores”, explicou Bauab. Com a reestruturação, o Comercial ganhou também o reforço da área de Planejamento, que passa agora a responder também para Bauab. Segundo ele, o departamento tinha um papel muito mais operacional, focado na reposição de ofertas no sistema da operadora e agora passa a ter função muito mais estratégica. “Com base nos dados gerados por ele, faremos ações pontuais, como a formatação de promoções e produtos específicos”, contou.

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M&E - Como avalia a Copa de 2014? Luis Paulo Luppa - Não tenho dúvidas de que cometemos um erro estratégico que é promover o Brasil ao invés de vender o Brasil e realmente parece que Deus é definitivamente brasileiro, porque mesmo sem as melhores ou básicas estratégias e táticas de vendas, atiramos no que vimos e acertamos no que não vimos. A Copa do Mundo sofreu, antes da sua realização, uma forte campanha negativa da mídia e da população, somente porque não confiamos nas pessoas que lideram as ações, mas é claro que a Copa seria uma boa, já que teríamos tanta visibilidade. E já que não sabemos nos vender, a Copa fez isso pelo país. Venda na veia! M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a Trend vem se preparando? Luis Paulo Luppa - Nós sempre temos o foco nos nossos clientes internos e externos e assim continuaremos. Somos uma empresa de serviços que se preocupa com a excelência, por isso investimos tanto em pessoas e tecnologia e temos como objetivo a saúde empresarial e não o volume de faturamento e números expressivos que deixam transparecer grandeza. Preferimos a solidez à visibilidade. M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumentar a vontade dos brasileiros de viajar e desenvolver ainda mais o mercado doméstico? Luis Paulo Luppa - Muito pouco. Temos questões a resolver como a queda abrupta do Nordeste, que é um paraíso, porém é tratado como um simples pedaço do Brasil. Precisamos tratar os destinos com um plano diretor debaixo do braço e medindo as ações e resultados.


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Grupo Águia Entrevista com Paulo Castello Branco

>> O Grupo Águia - operadora brasileira oficial do programa de hospitality da FIFA - atendeu 67 mil turistas durante a Copa do Mundo do Brasil. Foram 17 mil brasileiros e 50 mil estrangeiros, incluindo uma série de serviços, a venda de camarotes e os pacotes de hospitality. No total, mais de três mil profissionais estiveram envolvidos com as operações. Somente de brasileiros, foram 899 grupos, um recorde para a empresa. Somente para a Final, no Maracanã, o Grupo Águia levou cerca de 12 mil pessoas. Entre os estrangeiros foram dois mil grupos, de aproximadamente 1,2 mil corporações. O CEO da empresa, Paulo Castello Branco, afirmou que o país passou no teste e está pronto para novos saltos. MERCADO & EVENTOS - Durante a Copa do Mundo, o Grupo Águia atendeu quase 70 mil turistas. Como você avalia esta operação? Paulo Castello Branco - Esses números só demonstram do que a Copa do Mundo é capaz. É o maior megaevento do planeta. Conseguimos fazer um trabalho que foi extremamente reconhecido e a Copa do Mundo foi melhor fora do que dentro de campo para o Brasil. Utilizamos a Planeta Brasil para atender os grupos de brasileiros, que foi de quase 20 mil pessoas. E a Match Connections foi a empresa que cuidou dos 50 mil estrangeiros. Estamos falando do corporativo e da imprensa, que vieram do mundo inteiro. M&E - Qual será o papel da Planeta Brasil após a Copa do Mundo? Paulo Castello Branco - A gente entende que esta é uma marca muito forte. Queremos que o mundo corporativo, que atendemos nesta Copa, conheça a Planeta Brasil como uma operadora. Estamos desenhando o modelo da empresa e até o final do ano teremos isso devidamente

um bom contingente. O know-how que adquirimos nos habilita a fazer algo diferenciado e levar a maior quantidade possível de brasileiros para lá. Pela localização, muita gente pode estabelecer outras bases na Europa, como Frankfurt ou Paris, que estarão próximas das sedes.

montado. Estamos avaliando qual será a atuação dela, mas a Planeta Brasil irá atender o mercado Mice. O fato é que o Brasil se habilitou. Se tem um legado positivo nesta Copa do Mundo é a percepção do brasileiro de que o evento é muito mais que o futebol. Os estrangeiros que vieram para cá voltaram encantados. Depois da Copa, se agirmos de forma competente e com o marketing adequado, conseguiremos dar um salto neste número de 6 milhões de estrangeiros, que está parado, e de fato ter mais alguns milhões de turistas aqui. M&E - O Grupo Águia já começou a trabalhar a Copa da Rússia, que acontece em 2018? Já pensam em algum produto diferenciado para os brasileiros? Paulo Castello Branco - Tudo o que aconteceu aqui fez o brasileiro querer assistir a outras Copas do Mundo. Como eu disse, ele percebeu que não é apenas o futebol, mas todo o clima agradável que cerca o evento. Para nós, que já compramos os direitos de 2018 e 2022, isso é muito bom. Para se ter uma ideia, a Copa em que mais levamos pessoas até hoje foi a da Alemanha, com cerca de 9,2 mil. Embora a Rússia seja mais distante, temos a expectativa de levar

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M&E - Além da Copa do Mundo, o Grupo Águia está de olho na operação e nas vendas de outros grandes eventos? Paulo Castello Branco - Todos que pudermos. Primeiro, quando olhamos para a parte de hospitalidade, somos o maior case de sucesso da história da Fifa. Nunca na história de uma Copa do Mundo se vendeu tanto hospitalidade como no Brasil. É algo impressionante. Isso nos permite dizer que podemos organizar qualquer evento. M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. O que esta nova legislação muda, efetivamente, para o mercado? Paulo Castello Branco - A classe em geral precisa insistir muito na desburocratização. O mundo está se tornando cada vez mais ágil e mais simples. Quando se começa a regulamentar demais, dificulta a forma de se trabalhar. Por exemplo, na área trabalhista, precisamos ser mais simples. Imagine esta Copa do Mundo com menos burocracia? Estou me referindo a nossa área, onde há uma dificuldade grande para se fazer contratações. Isso facilita o turismo como um todo, tanto interno quanto para quem vem de fora. A Lei de alguma maneira traz proteções, mas tem que permitir que a gente seja ágil para fazer as coisas. A burocracia faz com que o país perca em competitividade. Estamos vendo que na América do Sul temos países que estão avançando neste aspecto. Se nos tornarmos mais simples, seguramente seremos mais competitivos.


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Avirrp

Associação das Agências de Viagens de Ribeirão Preto e Região Entrevista com Emerson da Silveira

>> A Associação das Agências de Viagens de Ribeirão Preto e Região (Avirrp) passa por um momento de transição. Após novas eleições, uma nova diretoria assumirá e passará a ser responsável pela feira, que acontece em agosto de 2015. O atual mandatário, Emerson da Silveira, destacou as inovações e parcerias que aconteceram ao longo dos últimos quatro anos. Além da feira, ele citou a realização da Oficina Avirrp e do Fórum, ambos com o objetivo de treinar e qualificar os agentes de viagens. Para o dirigente, este é um dos legados de sua gestão. MERCADO & EVENTOS - A edição de 2014 da Avirrp teve um público menor do que no ano passado. Mesmo assim, a entidade avaliou a feira como positiva. A que fatores você credita isso? Emerson da Silveira - O número de agentes foi um pouco menor do que no ano passado. Mas este é um movimento que acompanhou o mercado. Os meses de junho e julho foram muito ruins para todo mundo e isso impacta fortemente na presença dos agentes de viagens. A feira aconteceu em um momento em que estávamos recuperando o fôlego e começando a retomar as vendas. Então,

Feira já tem data para 2015 Em 2015, a Avirrp acontece nos dias 14 e 15 de agosto, no Centro de Eventos Taiwan. A entidade entra agora em um processo eleitoral e o objetivo é que a nova diretoria tome posse em dezembro. Neste ano, a feira recebeu um total de 4.197 agentes de viagens e teve como tema “Brasil para Brasileiros”. O público total foi de 5.992 pessoas, incluindo 1.558 expositores e 237 de staff. O número é inferior ao registrado em 2013, quando o evento contou com a presença de aproximadamente 4,5 mil profissionais e 7 mil pessoas.

viagens. A feira, mais do que a distribuição de materiais, é a grande oportunidade para o agente criar um relacionamento com os os diretores das operadoras, hotéis, companhias aéreas e demais fornecedores. Isso dificilmente seria possível sem uma feira.

alguns optaram por não passar dois dias fora da agência. Mesmo menor, tivemos um número muito bom de agentes nas caravanas, houve também uma redução no número de agentes que vai à feira por conta própria, principalmente da nossa região. Isso também aconteceu em outros mercados, não foi apenas o turismo que passou por um momento ruim neste período. Mesmo assim, o resultado da feira foi muito positivo. M&E - Como você avalia esses quatro anos à frente da entidade e qual o legado deixado para as próximas gestões? Emerson da Silveira - O que a nossa equipe fez foi buscar novas parcerias, alianças e inovações. Essa procura por um relacionamento mais próximo com o expositor nos ajudou muito nas novas ideias. Trabalhamos juntos tentando descobrir as necessidades dos expositores. Para uma feira acontecer é necessário ter os dois lados: expositores e agentes. A partir do momento em que estamos com o expositor e tentamos descobrir o que eles precisam, conseguimos montar uma estratégia eficiente para os agentes de

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M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa do Mundo para o turismo como um todo? Como este megaevento pode contribuir para o crescimento do setor nos próximos anos? Emerson da Silveira - Na minha opinião, a Copa do Mundo não impactou em nada a atividade das agências de viagens. Não pudemos vender ingressos e os turistas que chegaram já tinham receptivo e todos os serviços já adquiridos. No caso do turismo, este foi um evento formatado de fora para dentro. Em se tratando da melhoria dos aeroportos, que também trouxe novos voos, isso vai nos ajudar muito. Este foi o lado positivo da Copa do Mundo para nós, embora alguns aeroportos ainda estejam em obras. M&E - Como você vê a nova postura do Ministério do Turismo, que agora quer estar mais próximo das agências e operadoras? Programas como o #partiubrasil ajudam as agências de que forma? Emerson da Silveira - Este tipo de ação vai motivar o brasileiro a viajar mais e incentivar o turismo interno. Esta nova postura é extremamente positiva, porque antigamente não tínhamos nenhum tipo de suporte. O contato com o MTur era muito distante. Tanto que só fomos vistos como uma categoria há pouco tempo. Estar perto do mercado, das agências, operadoras e da indústria como um todo, para saber como esta máquina funciona, é muito positivo, pois desta forma, o órgão pode fazer ações mais pontuais e efetivas.


AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

Grupo Ancoradouro Entrevista com Juarez Cintra Filho

>> Ex-presidente da Abav-SP e vice-presidente da Abav Nacional, o presidente do Grupo Ancoradouro, Juarez Cintra Filho, afirma que a Copa do Mundo não trouxe nenhum benefício imediato para as agências e operadoras. No entanto, ele acredita que no médio e longo prazo todo o setor sairá ganhando com o sucesso do evento. A reforma e construção de aeroportos e, sobretudo, a divulgação do país interna e externamente, são apontados por ele como alguns dos legados. Sobre a regulamentação da atividade das agências de viagens, o executivo foi taxativo: “não resolveu o nosso problema”. MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes? Juarez Cintra - A Lei regulamentou, mas não resolveu. O maior problema é definir qual a nossa responsabilidade, de fato, na venda de um produto, e isso foi vetado. Acredito que já é um passo grande, mas não é tudo. Claro que é melhor ter alguma coisa regulamentada do que nada, pois pelo menos já é um reconhecimento da profissão do agente como uma atividade, uma grande vitória. Precisamos agora lutar para que, no futuro, a gente consiga definir muito bem quais são as nossas obrigações, as do operador, da companhia aérea, do hotel etc. Hoje, tudo recai nas costas do agente de viagens. O que precisa ser feito agora, e acredito que a Abav e demais entidades já estão fazendo, é tentar regulamentar e definir quais são as responsabilidades de cada um. Isso é 50% do resultado que nós almejamos, a vitória completa será apenas quando forem definidas as responsabilidades. O agente é sempre o elo mais fraco. Por exemplo, para ter o registro Iata, ele tem que dar todas as garantias para as companhias aéreas. E qual é a garantia que a empresa dá para ele? Nenhuma. É só olhar os casos da Pluna, Varig, Transbrasil e Vasp. Cansamos de ver agentes de viagens pagando por esses bilhetes não

- tivemos de positivo durante a Copa. Os aeroportos funcionaram, até porque receberam um número menor de passageiros do que em dias normais. Graças à Copa, temos aeroportos novos e reformados. Isso é um legado. O que aconteceu de mais interessante foi a exposição na mídia mundial das nossas belezas e da simpatia e carinho do povo brasileiro. Isso vai atrair turistas, mas não só estrangeiros. Muitos brasileiros vão querer conhecer o próprio país. O que perdemos na Copa, vamos ganhar depois.

honrados. A responsabilidade deveria ser de quem faliu, e da forma como é hoje, não é. M&E - Então a Lei não deve mudar nada no dia a dia dos agentes? Juarez Cintra - Baseado nesta Lei, eu não enxergo nada que possa mudar a vida do agente de viagens. O que daria tranquilidade é esta definição de responsabilidade. Ele vai continuar exercendo a profissão da mesma forma de antes. É importante ter esta regulamentação, mas para o consumidor, não muda nada, pois ele continua correndo o risco. Com uma profissão regulamentada, fica mais fácil avançar naquilo que queremos. No dia a dia, não muda nada. M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros? Juarez Cintra - A Copa vai ajudar muito. Até agora ela não trouxe nada para o agente de viagens. Muito pelo contrário. Deixamos de vender em um período muito grande. Mas graças às belezas naturais do Brasil, ao povo, que foi um anfitrião nunca visto no mundo todo, o evento foi um sucesso. Nunca os turistas se divertiram tanto em uma Copa como aqui. Tudo o que foi negativo antes - com a mídia internacional massacrando a gente (e com razão)

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Abav

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M&E - Podemos esperar um novo ciclo de desenvolvimento no turismo por conta da Copa do Mundo e da regulamentação da atividade dos agentes? Juarez Cintra - Claro. O turismo no Brasil ainda é incipiente. Se olharmos o tamanho da nossa população, de mais de 200 milhões, o número de pessoas que faz turismo não chega a 6%. Se somarmos todas as aeronaves comerciais das três maiores companhias que operam no país, teremos algo perto de 450 aviões. Isso não é nem a metade do que somente a Delta tem nos Estados Unidos, por exemplo. Com crise ou sem crise, o turismo só tende a crescer. Pode ser mais ou menos, mas o setor vai avançar sempre. A tendência agora é que o crescimento seja maior, desde que o governo não atrapalhe, pois se tivermos inflação alta, o nosso crescimento fica travado. Acredito que o interesse maior das pessoas pelos destinos vai ajudar a divulgar mais e todo mundo vai vender mais por isso. M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a Ancoradouro vem se preparando? Juarez Cintra - Hotéis e agências de receptivo, que são as que mais irão lucrar, já tinham se preparado para a Copa e estão preparadas para o futuro. Na Ancoradouro estamos sempre nos preparando para vender mais. Isso acontece aqui diariamente, então, neste período após a Copa nada vai mudar. Temos treinamentos diários.


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Visual Viagens Entrevista com Afonso Louro

>> Estagnação nas vendas durante a Copa do Mundo, mas uma temporada de verão com vendas acima da média. Este é um dos saldos de 2014 para a Visual Viagens, segundo o seu presidente, Afonso Louro. Ainda sobre o megaevento, o executivo acredita que a ampliação dos aeroportos vai agora beneficiar o turismo emissivo, uma vez que já existem mais slots em horários nobres para serem utilizados em fretamentos. Sobre a Lei 12.974, Louro afirma que a regulamentação da atividade das agências de viagens deve levar um número maior de estudantes a se interessar pela área, o que pode trazer mais mão de obra qualificada para o setor. MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda para os agentes? Afonso Louro - O reconhecimento da profissão certamente vai trazer mais estudantes para esta área. Com isso, vamos ganhar mais mão de obra qualificada, já que hoje existe uma carência muito grande. Fora isso, não vejo grandes mudanças no cotidiano das agências. Acredito que cabe agora às nossas associações de classe fazer um trabalho direcionado no sentido da valorização da profissão. M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros? Afonso Louro - Embora houvesse um posicionamento pessimista antes do evento, a organização acabou sendo um sucesso. Eu acho que a receptividade do brasileiro aos turistas deixou uma impressão muito positiva. Agora, o MTur tem que aproveitar o ensejo e fazer um trabalho de divulgação deste bom momento. M&E - Neste sentido, a Copa acaba beneficiando mais o turismo receptivo. De que forma o evento pode ajudar o setor emissivo? Afonso Louro - Entendemos que a grande

podemos ter fretamentos em melhores horários atraindo um público maior. Este é também um benefício da Copa.

infraestrutura criada são os estádios e alguma coisa de melhoria nos aeroportos. Isso, evidentemente, vai facilitar e beneficiar o aumento das viagens, pois é notável que na alta estação muita gente se preocupa em enfrentar filas nos aeroportos. Isso, pelo menos em Guarulhos, e em outras cidades, está superado. Este aumento de capacidade fará com que as pessoas viagem mais. Os hotéis inaugurados e reformados, e até algumas infraestruturas de acesso e mobilidade, também fazem parte deste legado. A própria divulgação das cidades-sede neste período pode despertar a vontade no brasileiro de conhecer melhor o seu próprio país e curiosidade de ver essas atrações de perto. M&E - A formatação dos produtos ou o perfil das viagens pode mudar a partir da Copa? Afonso Louro - Tem outro ponto que pode favorecer a viagem dos brasileiros. Quando tínhamos necessidade de gerar oferta, só havia a alternativa de se fazer fretamentos à noite ou de madrugada, pois não havia slots. Hoje percebemos que já existe a possibilidade de fazer esses fretamentos em horários mais adequados para o turismo de lazer. Assim, a gente consegue alimentar a oferta e, quando existir demanda,

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M&E - Como avalia os resultados do Workshop Visual 2014? Afonso Louro - O evento contou com a participação de 310 agentes de viagem de todo o país. São 28 anos de parceria com o agente, nosso único canal de distribuição de vendas, que faz parte integralmente da Visual. Durante o Workshop apresentamos o novo portal da operadora aos profissionais: com mais facilidades, mais ágil e mais dinâmico. Agora oferecemos uma ferramenta que vai conseguir competir com as OTAs e White Label, que já são tendências. Apesar do avanço da internet e da autonomia que ela disponibiliza aos passageiros, ela não substitui os agentes e sua solidez e segurança na hora de montar um pacote M&E - Como ficaram as vendas da Visual no primeiro semestre? Afonso Louro - Até abril fomos muito bem. Estávamos com um crescimento acumulado de 22%. No ano passado, a esta altura já tínhamos crescido 26%. Mas em maio e junho ficamos estagnados. Vendemos exatamente o mesmo do ano anterior. O que não é ruim, mas estávamos com uma expectativa um pouco melhor. Houve sim um impacto por conta da Copa, mas não rebaixou as nossas projeções. Temos uma expectativa de crescer 18% neste ano, já considerando este impacto. Historicamente vendemos entre 40% e 45% no primeiro semestre. As vendas sempre são maiores na segunda metade do ano. Achamos que existe uma demanda reprimida. Temos a expectativa de aumento, pois quem não viajou nas férias do meio do ano está se programando para viajar no verão. Inclusive, estamos aumentando a nossa oferta em relação à temporada passada em torno de 30% em bloqueios e fretamentos.


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Grupo Flytour Entrevista com Eloi D’Avila de Oliveira

>> O Grupo Flytour segue se consolidando como uma das empresas mais fortes da indústria do turismo no Brasil. Em 2014, quando completa 40 anos de atividades, a empresa aposta no varejo. Com o sucesso da Flytour Viagens, que foi o negócio que mais cresceu no primeiro semestre, o CEO e fundador da empresa, Eloi D’Avila de Oliveira, anuncia uma nova rede de franquias, voltada para o segmento de lazer, a Flytour Serviços de Viagens. A projeção de faturamento para este ano é de R$ 4,7 bilhões, 17% mais do que no ano passado. M&E - Atualmente o grupo é um provedor de soluções para a indústria do turismo como um todo? Eloi D’Avila de Oliveira - Fomos a primeira agência de viagens a consolidar Sabre, Amadeus e Galileo para os agentes de viagens. Fomos a primeira consolidadora a criar um portal. Emitimos o primeiro eticket de uma agência consolidadora para uma companhia aérea no país. Também criamos transferência de tecnologia para as agências de back office e front office. Todas essas coisas foram importantes para chegarmos onde estamos hoje. M&E - Hoje, 40 anos depois do início da Flytour, há em vigor uma nova Lei que regulamenta a atividade das agências de viagens. O mudou neste período e o que esta legislação traz de novo? Eloi D’Avila de Oliveira - A Lei, como foi originalmente criada pelos deputados e pelas pessoas que participaram, como órgãos governamentais, justiça e nós agentes, era excelente. Mas como foi sancionada, ela simplesmente não existe. Continua tudo igual. Os artigos que foram vetados não deveriam nunca ter morrido. Foi tirada a confiança do agente de viagens de que ele não será incriminado sozinho caso ocorra algum problema. Acho que

o agente de viagens deveria esperar pelo próximo governo e novamente lutar pelos artigos que foram vetados. M&E - O Grupo Flytour teve um crescimento de 11% no faturamento no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. A que fatores você credita este desempenho? Eloi D’Avila de Oliveira - Os negócios maduros de business travel e de consolidação ficaram dentro do previsto do mercado. O que realmente evoluiu bastante foi a operadora, com 67% de crescimento, a Flytour Eventos, com 35% e a venda da rede, com 20%. Foram R$ 2,1 bilhões em vendas no primeiro semestre. Estamos esperando um segundo semestre melhor, pois historicamente a primeira metade do ano fica entre 43% e 45%, e no segundo semestre fica entre 55% e 57%. Queremos fechar o ano com um faturamento de R$ 4,7 bilhões. Será um crescimento de quase 17% em um ano difícil. M&E - O grupo pretende entrar no segmento de varejo. Haverá mudanças no sistema de franquias? Eloi D’Avila de Oliveira - Teremos dois modelos a partir de agora. O Flytour Ame-

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rican Express, que já existe, e um outro que estamos desenhando. Estamos no início de uma formatação, que será feita em comum acordo com o conselho de franqueados. A empresa franqueadora terá duas franquias, uma no business travel e a outra, que vai usar apenas a marca Flytour Serviços de Viagens. Esta segunda é para o varejo, onde muitos agentes médios e pequenos terão a oportunidade de participar de uma grande rede. Somente no primeiro semestre já abrimos oito lojas nos principais shoppings do Rio de Janeiro. São franquias da Flytour Serviços e Viagens, mas ainda com o nome Flytour American Express. Quando a empresa franqueadora tiver a formatação, vamos desmembrar. M&E - De acordo com os números do primeiro semestre, a operadora foi o negócio do grupo com o maior crescimento. Este novo modelo de franquias dá ainda mais força para ela? Eloi D’Avila de Oliveira - Sem dúvida, pois ela terá uma rede trabalhando com o nome dela, mais a rede de agências já consolidada. Ela já está preparada para prover produtos para essas lojas porque nos dois primeiros anos de existência criou uma musculatura e uma audiência suficiente para entender o processo e não ter grandes falhas. M&E - Qual avaliação você faz da Copa do Mundo? Que benefícios ela pode trazer para a indústria do turismo no Brasil? Eloi D’Avila de Oliveira - A Copa foi a melhor coisa que aconteceu aos operadores brasileiros que exportam, pois agora podem começar a importar. É isso que a Flytour está fazendo. Entendemos que temos uma operadora local que pode ser simplesmente um incoming. Faremos isso para começar a trabalhar este legado que ficou na Copa e o que vai ficar das Olimpíadas. Neste meio tempo, a Flytour se lança como uma empresa que também importa.


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Nascimento Turismo Entrevista com Plínio Nascimento

>> Uma medida que não traz nenhuma mudança significativa para o mercado. Assim o diretor geral da Nascimento Turismo, Plínio Nascimento, definiu a Lei 12.974, que regulamentou a atividade das agências de viagens no Brasil. Sobre a realização da Copa do Mundo no país, o executivo destacou a reforma dos aeroportos e uma possível reacomodação dos preços, principalmente das passagens aéreas. MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências de viagens. Como avalia? Plínio Nascimento - Na realidade a Lei não trouxe uma mudança significativa. Ela não trouxe o que nós gostaríamos, que é sair do vínculo de co-responsável pelos produtos que vendemos, o que é muito ruim. Por exemplo, eu sou responsável por erros das companhias aéreas - que são regulamentadas pelo Governo - e que no meu negócio eu tenho que vender. Não podemos concordar em arcar com isso. Uma das coisas que foi deixada clara na Lei são alguns atributos que são dos agentes de viagens, mas deixaram de fora, por exemplo, a organização de eventos. Com isso, acredito que as agências que fazem isso terão que abrir novas empresas. Este é um ponto que atrapalha, mas de resto não muda nada. M&E - A nova Lei ajuda, pelo menos, a abrir um caminho para que a co-responsabilidade seja discutida? Plínio Nascimento - Como categoria, estamos tentando trabalhar nisso há algum tempo. Essa briga toda de legislação já tem mais de cinco anos e eu vejo muito pouco avanço. Gostaria muito de ser mais otimista, mas não vejo progresso. A luta continua a mesma. A profissão de agente de viagens não é muito protegida e o profissional que ganha uma mísera taxa

apenas 7% em maio e 3% em junho, em faturamento. Tivemos recorde absoluto nas vendas de Réveillon. Nossos produtos para o Ano Novo em Punta Cana e Caribe estão quase acabando. Quem deixou de viajar no meio do ano já reservou as suas férias. Nas vendas em geral, tivemos um volume bom porque muita gente antecipou a compra.

de R$ 30 para vender um bilhete aéreo corre o risco de ser processado por um cliente que tenha tido uma decepção com a companhia aérea. O agente de viagens é quem vai pagar essa conta. Como a grande maioria é formada de pequenas empresas, esta conta pode ser importante. M&E - Como ficaram as vendas da Nascimento no primeiro semestre? Plínio Nascimento - Do período de Copa até o final de junho a nossa queda foi de 42% em relação ao ano passado no número de passageiros embarcados. Mas isso ocorreu porque no ano passado tivemos operações de charters para Orlando e Punta Cana, com cinco operações cada, e participação em dois voos diretos da Aeromexico para Cancun. Neste ano resolvemos não fazer duas delas por conta da Copa e a Aeromexico também decidiu não fazer. Foram mais de 1,5 mil pessoas embarcadas nesses voos em 2013. Outra questão é que até o meio de abril os preços para as férias de julho estavam proibitivos e o brasileiro, hoje, não compra mais preços irreais. Tivemos uma queda grande de passageiros embarcados neste período, mas que nas vendas foi muito baixa em comparação com o ano passado,

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Abav

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M&E - Você acredita em uma retomada no segundo semestre? O que pode impedir isso? Plínio Nascimento - O segundo semestre tem tudo para ser melhor que o primeiro, como em todos os anos. A única questão é que as companhias precisam entender que o brasileiro não vai mais pagar US$ 2 mil para ir aos Estados Unidos. Ele vai pagar até US$ 1,1 mil no máximo. O mercado mudou e as companhias precisam entender isso. M&E - Um dos legados da Copa pode ser a queda dos preços? Plínio Nascimento - Tomara que sim. Para voos internacionais os preços já estão mais estáveis, mas no doméstico é sempre mais complicado porque o custo Brasil é muito alto. A Bahia anunciou um acordo com a Air Europa para voar para o Chile tendo Salvador como hub. A companhia terá isenção tributária de combustível, que é muito caro no Brasil. Este trabalho deveria ser feito também nos voos domésticos para se ter um preço mais justo. Desde o final de 2012 o aéreo doméstico subiu muito. M&E - Como está a preparação para o Nastur 2014? Plínio Nascimento - O evento acontece entre os dias 9 e 15 de outubro em Cuba, já que este é atualmente o destino com maior percentual de crescimento no Caribe. Esperamos levar cerca de três mil brasileiros ao país até o fim deste ano.


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Abracorp

Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas Entrevista com Edmar Bull

>> A Ilha Corporativa da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) dobrou de tamanho na Abav Expo Internacional 2014. De acordo com o presidente do Conselho de Administração da entidade, Edmar Bull, a expectativa é receber nesta semana cerca de mil gestores de viagens. No espaço, eles podem conferir as principais novidades do mercado de viagens corporativas, bem como o B2B hotéis, desenvolvido pela própria associação. Sobre a Lei que regulamenta a atividade das agências, o executivo comemorou a aprovação do projeto, mas ressaltou que agora são necessários alguns ajustes. MERCADO & EVENTOS - Como funciona a Ilha Corporativa da Abracorp neste ano? Quais são as inovações? Edmar Bull - O número de expositores dobrou em relação ao ano passado. Estamos pretendendo levar para a Ilha Corporativa perto de mil gestores, que são os nossos clientes. Neste ano temos ainda uma sala para reuniões fechadas, tanto com fornecedores como com clientes. E as nossas agências associadas podem utilizá-la mediante um agendamento. São 12 lugares e este será um jeito novo de trabalhar no nosso espaço. Além disso, o tamanho da ilha também terá quase o dobro do ano passado. M&E - Esta é uma ferramenta que contribui para a aproximação dos gestores de viagens com o mercado do turismo? Edmar Bull - Com certeza. Além das ferramentas, que todo ano têm modificações, customizações e versões novas, o nosso B2B para a hotelaria também está ajudando bastante. Ele está entrando no mercado para que a gente possa vender os hotéis independentes e para se ter maior transparência na hora de vender um hotel. O B2B terá um espaço exclusivo na ilha, tanto para apresentá-lo para os gestores,

Se foi possível na Copa, por que não no dia a dia? Esta é a pergunta do mercado. M&E - Como vê o resultados das associadas à Abracorp no primeiro semestre? Edmar Bull - Somente no primeiro semestre de 2014 as vendas representaram R$ 6,45 bilhões, um aumento de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O segundo semestre deve ser ainda melhor, com um avanço de dois dígitos, dada a retomada dos eventos e viagens corporativas após a Copa do Mundo. No ano o incremento deve ficar na casa dos 10%.

M&E - A Ilha Corporativa Abracorp está presente na Abav desde 2012. Como você avalia os resultados gerados por ela? Edmar Bull - Este é o terceiro ano da Ilha e é uma ação que trouxe o nome da Abracorp para junto do cliente corporativo e está trazendo mais visibilidade para as agências que estão associadas. Estamos negociando com a Aviesp e será uma ação muito positiva ter a Ilha Corporativa na Aviestur em 2015. Cada vez mais, a Abracorp está abrindo o seu leque e mostrando porque estamos aqui.

M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes? Edmar Bull - Agora somos mais bem vistos com a profissão regulamentada, mas temos que ter algumas adaptações na Lei para que ela se ajuste a realidade atual. Este projeto foi elaborado há 13 anos e algumas coisas já estão um pouco ultrapassadas. Agora as nossas lideranças e a Abav Nacional, que faz isso muito bem feito, terão que ver onde serão esses ajustes. Isso já está sendo feito pelo presidente da Abav e pelo jurídico. Um desses pontos é referente a co-responsabilidade do agente na venda dos produtos, mas há também outras coisas sendo analisadas.

M&E - Qual o impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros? Edmar Bull - O legado que ficou da Copa do Mundo é muito bom. Temos os aeroportos e novas estruturas. Gostaríamos de ter o mesmo modelo para os nossos clientes corporativos. Não sei se vamos conseguir, mas é o que esperamos. Não tivemos problema nenhum nos aeroportos durante o evento. Queremos este atendimento para os nossos executivos também.

M&E - A partir desta Lei e do legado da Copa do Mundo no país, é possível vislumbrar um novo ciclo de desenvolvimento para o turismo brasileiro? Edmar Bull - Sim, isso muda muitas coisas. Agora o mundo todo está olhando o Brasil e já se sabe que não somos aquilo que eles pensavam. Aqui tem turismo, tem negócios, eventos e estrutura. Quem atende uma Copa do Mundo tem estrutura para atender qualquer tipo de evento e isso será muito positivo para nós.

como para conversarmos com novos hotéis. Hoje os hotéis independentes trabalham com muito papel e é para melhorar este processo que esta ferramenta está aí.

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CVC Entrevista com Valter Patriani

>> Mesmo com a aprovação da Lei 12.974, Valter Patriani, vice-presidente de Vendas, Produtos e Marketing da CVC, acredita que o papel dos agentes de viagens continuará o mesmo. Para ele, a nova legislação tem pouco impacto prático no cotidiano das agências. Já sobre a Copa do Mundo, embora ele afirme que o evento tenha contribuído para uma desaceleração da economia durante junho e julho, ele acredita que ela deve ter um impacto positivo no setor. “O que espero é termos sempre, cada vez mais, gente viajando e vendendo viagens, afinal, o turismo é um dos segmentos mais promissores da economia brasileira”, disse. MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes? Valter Patriani - É mais uma importante conquista para os agentes de viagens, que agora têm sua atividade profissional reconhecida e respaldada por uma Lei, embora, na prática, nada altere o que já era de praxe no setor, como a necessidade da agência ter o Cadastur, que é o cadastro físico ou jurídico dos prestadores de serviço que atuam na cadeia produtiva do turismo, já executado pelo Ministério do Turismo. M&E - Qual o papel deste profissional neste novo cenário do turismo brasileiro? Valter Patriani - O papel do agente de viagens é fundamental e continua sendo muito importante no processo da venda e da consultoria de viagens, com a garantia do atendimento personalizado ao cliente. Por ser ele quem está na ponta, no atendimento direto ao consumidor, o agente de viagens precisa entender cada vez mais de gente, saber traduzir os anseios dos clientes em oportunidades de viagens e, claro, em oportunidades de vendas. E isso eu acredito que seja fundamental para a atividade profissional, independente do cenário.

turismo é um dos segmentos mais promissores da economia brasileira. O setor tem se reinventado ao longo dos anos, sempre desenvolvendo novos destinos e serviços, facilitando a realização das viagens aos brasileiros e, somado a tudo isso, temos um contingente enorme de pessoas que viajam cada vez mais. O que mais queremos?

M&E - Como a CVC sentiu o impacto da Copa? Valter Patriani - São duas as vertentes que podemos usar para analisar a Copa do Mundo no Brasil. Uma é sobre a imagem positiva que o Brasil passou para os demais países, de uma nação que soube bem receber atletas e turistas de todo o mundo, com o estilo e a alegria típica do povo brasileiro, e que, mesmo diante da derrota contra Alemanha, soube reconhecer os erros e admirar a superioridade dos alemães no futebol, dando apoio à equipe alemã até a Final, conforme os próprios jogadores daquele país enfatizaram. A outra vertente é sobre o impacto da Copa, não tão positivo, nos negócios do varejo de forma geral. Os feriados decretados e as interrupções das jornadas de trabalho colaboraram para desacelerar o consumo em diferentes setores, e o turismo também sentiu. Na CVC, em especial, também sentimos um desaquecimento nas vendas no período, como já era previsto, mas as vendas já voltaram à normalidade, com o ritmo positivo de vendas. M&E - O que podemos esperar para a próxima década no turismo? Valter Patriani - O que espero e acredito é que teremos sempre, cada vez mais, gente viajando e vendendo viagens, afinal, o

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M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a CVC vem se preparando? Valter Patriani - Na CVC, não enxergamos como “novo momento” ou algo que vai mudar o que já temos e fazemos. A CVC acompanha as tendências do setor e se renova, gradativamente, nesses 42 anos de história, ao acompanhar a evolução da experiência de compra do cliente, ao traduzir tendências em produtos, ao facilitar as vendas e gerar oportunidades aos agentes e assim por diante. O que temos feito com maior intensidade neste ano é diversificar e ampliar o nosso portfólio, com novos destinos turísticos, acordos comerciais exclusivos e produtos, como a venda de passagens em classe executiva para pacotes de lazer. M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumentar a vontade dos brasileiros de viajar e, consequentemente, desenvolver ainda mais o mercado doméstico? Valter Patriani - A divulgação durante a Copa foi quase toda baseada nos jogos, sem muito destaque para os destinos que os sediaram. Mais do que a Copa, fatores de ordem econômica, por exemplo, como o barateamento das viagens e aumento de renda dos brasileiros, são de fato excelentes impulsos para o aumento do consumo. A divulgação sobre determinado destino também ajuda, é verdade, instigando a curiosidade do cliente em conhecer determinada região, mas o seu desenvolvimento depende de outros fatores além do marketing e divulgação.


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BWT Entrevista com Adonai Arruda Filho

>> A BWT se planejou e não viu as vendas caírem durante a Copa do Mundo. De acordo com o diretor geral da operadora e também da Serra Verde Express, Adonai Arruda Filho, junho e julho foram os melhores meses para a empresa, mas ele credita isso ao trabalho feito de forma prévia, com a participação em diversos eventos internacionais e visitas aos clientes no mundo todo. “Na semana seguinte ao final da Copa, o fluxo de procura em viagens nacionais por brasileiros triplicou na BWT e ainda segue crescendo. Já estamos nos preparando e trabalhando para outras situações de interesse e demanda turística para os próximos anos”, disse. MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Adonai Arruda Filho - Na realidade, a maior parte das mudanças de interesse da classe foram vetadas. Conseguir colocá-las em prática agora é a grande preocupação. Este é um assunto que será levantado de tempos em tempos, mas de maneira geral, vemos como um avanço. M&E - Qual o papel deste profissional neste novo cenário do turismo brasileiro? Adonai Arruda Filho - O profissional de turismo, devidamente qualificado, certificado e formado, é fundamental para o bom desenvolvimento do turismo como um todo. Este profissional irá passar apenas informações corretas e precisas aos seus clientes. Profissionais qualificados não trabalham com armadilhas. Lamentavelmente, no Brasil, muitos clientes passam a valorizar o trabalho de um profissional qualificado somente após ter tido problemas. Aborrecimentos e alterações podem ocorrer, mas quando o cliente tem a assessoria de um profissional qualificado, isto é resolvido rapidamente. M&E - Como a BWT se preparou para não ser atingida negativamente durante

passeios de trem que poderiam certamente fomentar o turismo doméstico como é desejo do Ministério do Turismo. Aqui no Brasil o turismo ferroviário ainda não é considerado em muitos locais como um produto turístico. Precisamos de maior apoio. Isso começa a mudar lentamente.

a Copa? Adonai Arruda Filho - A BWT Operadora realizou um trabalho pré-Copa muito intenso e forte. Estivemos presentes em diversos eventos internacionais e em inúmeras visitas aos nossos clientes pelo mundo afora. Atendemos mais de dois mil clientes internacionais para o Mundial e tivemos, nesse período, o maior resultado na empresa. A visibilidade internacional do Brasil foi muito positiva e acreditamos que vamos colher frutos por muito tempo ainda. Já no mercado nacional, o aumento na procura dos passageiros por destinos internacionais foi surpreendente. M&E - Quais os entraves e desafios que impedem o desenvolvimento e consolidação do turismo ferroviário como produto turístico? Adonai Arruda Filho - A dificuldade hoje começa pelos equipamentos. Temos dificuldades de conseguir novas locomotivas e a alta carga tributária para importação de peças é outro obstáculo para desenvolvimento e crescimento deste segmento. Infelizmente, boa parte das autoridades não têm ideia do grande potencial do transporte de passageiros por trem como acontece em outros países. É uma pena. Temos locais maravilhosos para

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M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento do turismo no Brasil? Adonai Arruda Filho - Investindo constantemente em tecnologia e na qualificação de nossos colaboradores, seja através de cursos dirigidos, de graduação, de pós graduação e mestrado. Tecnologia no turismo é importante, mas uma equipe técnica e qualificada é fundamental. M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumentar a vontade dos brasileiros de viajar e, consequentemente, desenvolver ainda mais o mercado doméstico? Adonai Arruda Filho - O brasileiro gosta de viajar e quer conhecer o próprio país. Certamente viajarão muito mais se tiver segurança nas cidades, atrações que realmente valham a pena, preços justos e serviços de qualidade. Quando isso acontecer, teremos mais brasileiros viajando por este país maravilhoso. M&E - Os frutos da Copa do Mundo poderão ser colhidos ao longo dos próximos anos? Adonai Arruda Filho - No nosso caso, não tivemos prejuízos. Foram os nossos melhores meses em resultados. Mas nós nos planejamos e trabalhamos muito. Acredito que continuaremos colhendo frutos deste trabalho. Na semana seguinte ao final da Copa, o fluxo de procura em viagens nacionais por brasileiros triplicou na BWT e ainda segue crescendo. Já estamos nos preparando e trabalhando para outras situações de interesse e demanda turística para os próximos anos.


AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS Abav

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Hotel Urbano Entrevista com Antônio Gomes

MERCADO & EVENTOS - Qual o impacto da Copa no segmento de viagens? Antônio Gomes - Analisando o ano de 2014 de maneira geral, o impacto da Copa do mundo será positivo. O Mundial trouxe ao Brasil mais de um milhão de estrangeiros, o que beneficiou principalmente a rede hoteleira das cidades-sede e o seu entorno. Por outro lado, o evento freou o chamado turismo de negócios, que está sendo retomado com mais força no segundo semestre. Outro fator relevante é o fato das férias escolares terem sido antecipadas para junho, o que diminuiu a procura por viagens em julho. Para atrair mais turistas, diversos hotéis praticaram preços de baixa temporada em pleno mês de julho. Resultado: viajar em julho ficou mais barato, o que levou mais pessoas a aproveitarem a oportunidade e evitou um possível prejuízo. A Copa do Mundo afetou o turismo de lazer nacional nas cidades periféricas às cidades-sede e outros destinos. Hotéis de lazer, principalmente nas cidades turísticas afastadas das capitais, tiveram grandes promoções para manter boa ocupação durante a Copa.

Ricardo Azoury

>> Com o foco em consolidar o Hotel Urbano como a marca de viagens mais admirada e conhecida no mercado turístico brasileiro, o cofundador e diretor Comercial, Antônio Gomes, destaca o trabalho constante para o aumento do número de parceiros e o crescimento sustentável da Online Travel Agency (OTA). Além disso, o executivo acredita no crescimento ano a ano e espera chegar a 4,1 milhões de diárias vendidas, já que oferece 180 mil opções de hospedagem em mais de 30 mil destinos espalhados por 183 países em todo o mundo. Em entrevista ao M&E, Gomes destaca os principais aspectos comerciais do ano e o panorama para o segundo semestre.

M&E - Qual foi o principal pico de venda no período do Mundial? Antônio Gomes - As vendas se concentraram basicamente nos finais de semana, pois a maioria dos colégios antecipou as férias de julho pra junho, mas os pais não tiraram férias em junho, e aí só puderam aproveitar os finais de semana. Esse movimento foi claro e atípico para o turismo de lazer em junho. Já em julho, as vendas começaram a aquecer pela diminuição de jogos (fase final da Copa). Um movimento nos chamou a atenção no Hotel Urbano, o que chamamos de ‘fuga da Copa’. Notamos um aumento de 20% em relação ao ano passado, na procura por pacotes de viagem e hospedagens com check-in entre os dias 12 de junho e 13 de julho, para municípios num raio de até 300 km das cidades-sede. Esse movimento aponta claramente uma ‘fuga’ de moradores das capitais, além de turistas de passagem por alguma das sedes que aproveitaram para dar uma ‘escapadinha’. M&E - E isso já era esperado? Antônio Gomes - Esperávamos por essa alta demanda e procuramos nos preparar com bastante antecedência. Além de reforçar nossas parcerias com hotéis em cidades próximas às sedes, também

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preparamos diversas opções de pacotes para quem buscava viajar dentro e fora do Brasil durante a copa. M&E - Neste cenário, qual o balanço do primeiro semestre? Antônio Gomes - Nosso primeiro semestre teve um bom resultado e caminhamos para atingir nossas expectativas de 2014. No ano de 2012, vendemos cerca de 1,6 milhão de diárias. Contra pouco mais de 500 mil diárias em 2011. No ano passado, superamos a marca de 2,8 milhões de diárias vendidas, ou pouco mais de 1 diária a cada 11 segundos. Para este ano, esperamos chegar a 4,1 milhões de diárias vendidas, ou seja, uma a cada 8 segundos. Os feriadões ficaram concentrados neste primeiro semestre, o que ajudou muito nas vendas. M&E - O segundo semestre pode ser melhor em vendas e comercialização mesmo com o advento eleitoral? Antônio Gomes - Com certeza. Como disse acima, a população está com aquele ar de “ainda não viajei este ano”. Por isso, acreditamos que muita gente vai viajar no segundo semestre. O mercado deve focar em oportunidades, como grandes descontos e especialmente hospedagens em finais de semana, já que praticamente não teremos mais feriados este ano. A dica que eu daria aos vendedores é agregar valores dentro das diárias, como a inclusão de bebidas cortesia, refeições, late check-out, early check-in, passeios, entre outros. O mercado está bem aquecido para este segundo semestre, com excelentes oportunidades de tarifas e destinos, assim como o início de vendas para Natal, Réveillon, alta temporada e Carnaval. Estamos apostando muito num crescimento bem vertical e já estamos alinhando um canhão de vendas com diversos estabelecimentos. Vem muita novidade até dezembro.


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Expedia.com Entrevista com Fernando Botelho

>> Nos últimos 17 meses, o número de compradores no site brasileiro do Expedia teve um crescimento acumulado de 150%. O portal, que estreou no Brasil em outubro de 2012, já alcançou uma resposta expressiva dos usuários. Com investimentos que somaram cerca de US$ 600 milhões, o Brasil se tornou um mercado de muitas oportunidades para a OTA. Ampliar acordos, estreitar o relacionamento com fornecedores e investir em plataformas tecnológicas ainda são o foco para o país, segundo o gerente de Marketing para o Brasil, Fernando Botelho. “Com o objetivo de criar uma experiência ainda melhor, ao longo de todas as fases da viagem, ou seja, sonhar, planejar, reservar e viajar, nós fizemos um update no mobile website. Agora é possível pesquisar e comprar pacotes”, afirmou. MERCADO & EVENTOS - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens? Fernando Botelho - Os grandes eventos sempre são muito positivos, especialmente para o mercado de turismo. O Mundial atraiu muitos turistas para o Brasil e isso

Parceria mundial A Expedia Affiliate Network (EAN) e o Sabre Corporation assinaram um acordo estratégico, através do qual o Expedia Affiliate Network irá disponibilizar ainda mais opções de hospedagem e conteúdo de reservas no Sabre. O acordo adiciona ao Sabre uma significativa quantidade de propriedades hoteleiras. A Expedia Affiliate Network também testará o aplicativo “ZoomAndGo”, uma ferramenta gráfica de pesquisa e reserva de hotéis através de mapas no Sabre, integrando hotéis de várias fontes online em uma interface intuitiva que simplifica o processo de comparação e compra para os gestores de viagens.

endereços eleitorais para votar, mesmo que o voto para presidente possa ocorrer a partir de qualquer lugar. Na Expedia, bem como nos demais sites locais da marca, o viajante pode planejar a viagem desde a escolha do destino, a melhor opção de voo, hospedagem e atividades em geral. Atualmente, a Expedia conta com 400 companhias aéreas e mais 290 mil hotéis disponíveis em todo o mundo.

impactou diversos segmentos, inclusive o emissivo. Apesar da grande expectativa pela Copa, muitos aproveitaram o momento para viajar a outros países como forma de fugir do campeonato e das mudanças que o mesmo provocaria no cotidiano dos moradores das cidades-sede. Em uma pesquisa da Expedia realizada meses antes da competição em questão, por exemplo, 49% dos entrevistados do Rio de Janeiro e de São Paulo tinham intenção de viajar e 15% tinham certeza de que sairiam de suas cidades durante o período do evento. Quando questionados sobre os possíveis destinos para uma viagem durante o campeonato, os Estados Unidos foi apontado como o local mais cobiçado, na frente do Nordeste brasileiro, em 2º lugar, e da Europa, em 3º lugar. M&E - O segundo semestre pode ser melhor em vendas e comercialização mesmo com o advento eleitoral? Qual o foco de venda para esse período? Fernando Botelho - Devido à proximidade das férias de verão, a tendência para o segundo semestre é de alta nas vendas. Além disso, as eleições podem ser uma boa oportunidade de negócios, já que muitas pessoas podem optar em ir para seus

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M&E - Haverá novos lançamentos e investimentos ainda este ano? Fernando Botelho - A Expedia sempre procura encontrar um equilíbrio entre as funcionalidades e as características que o viajante procura ao acessar o site a partir de dispositivos móveis. E com o objetivo de criar uma experiência ainda melhor, ao longo de todas as fases da viagem: sonhar, planejar, reservar e viajar, nós fizemos um update no mobile website, e agora pode-se pesquisar e comprar pacotes de voo mais hotel, tudo na palma da mão dos turistas. M&E - Quais as novidades e expectativas para 2015? Fernando Botelho - Acreditamos que 2015 continuará sendo um ano importante para o turismo porque nossas pesquisas mostram que o hábito de viajar já está incorporado na vida das pessoas. Além disso, após o Campeonato Mundial de Futebol, o Brasil atraiu os olhares de viajantes de todo o mundo e despertou o interesse dos próprios turistas presentes no evento para eles retornarem ao país. Entre as principais características da Expedia está conhecer profundamente nossos clientes e o mercado no qual atuamos. Por isso, desenvolvemos regularmente pesquisas que revelam o perfil e os hábitos dos viajantes. Essas informações nos ajudam a traçar nossos planos no curto e médio prazo, garantindo um serviço de qualidade e assertivo.


AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

Gráficos do Setor Números da Abracorp

AGÊNCIAS DE VIAGENS CORPORATIVAS

A Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) representa 31 agências especializadas neste segmento que estão entre as maiores do país. Somente no primeiro semestre de 2014 as suas vendas representaram R$ 6,45 bilhões, um aumento de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o presidente da entidade, Edmar Bull, o segundo semestre deve ser ainda melhor, com um avanço de dois dígitos, dada a retomada dos eventos e viagens corporativas após a Copa do Mundo. Ele acredita que no ano o incremento deve ficar na casa dos 10%.

Fonte: Gráficos retirados do estudo da Abracorp

AVIAÇÃO

Um recorte do primeiro semestre das vendas das agências Abracorp mostra que a maior fatia dos serviços ainda corresponde a passagens aéreas, com 71,6% do total. Somente no doméstico foram vendidas 4,5 milhões de bilhetes neste período, o que representou um montante de R$ 2,6 bilhões, cifra 7% maior do que a registrada no mesmo período do ano passado. A tarifa média também está em alta. Ela teve um incremento de 12,2%, chegando a R$ 595. Na primeira metade do ano foram emitidas 644.304 passagens internacionais, a um custo total de R$ 1,9 bilhão, um avanço de 4,9% em relação ao mesmo período de 2013. A tarifa média no período foi de R$ 3.050, um crescimento de 7%.

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Gráficos do Setor Números da Abracorp

HOTELARIA

Também no primeiro semestre, as agências Abracorp venderam 1,2% mais diárias em hotéis dentro do Brasil. O faturamento deste segmento cresceu 13,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os hotéis independentes ainda são a maioria com 50% do total e a diária média foi de R$ 232, 12% a mais do que no primeiro semestre do ano passado. Entre os dados, o que chamou a atenção foi a forma de compra. Houve uma queda de 67,5% nas vendas feitas por meio de brockers. Já no internacional a venda de diárias cresceu 22,2% e o faturamento 18,5%.

EVENTOS E DESTINOS

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Fonte: Gráficos retirados do estudo da Abracorp

A realização de eventos foi também um dos destaques da Abracorp no primeiro semestre deste ano. As agências associadas à entidade realizaram 30,6% mais eventos do que na primeira metade de 2013. Isso demostra a força que o segmento vem tomando no Brasil. Somente esta atividade gerou uma movimentação de R$ 272 milhões, contra R$ 208 milhões no mesmo período do ano passado. Em relação aos destinos mais visitados pelos executivos brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro são os líderes no nacional. Fora do país, a preferência fica por Buenos Aires e Miami.


ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE

Segurança na viagem Para crescer em 2014, segmento une novidades em produtos e parcerias com operadoras. Associação deve ressurgir durante a Abav Expo Internacional de Turismo LUCIANO PALUMBO >> Com uma perspectiva média de crescimento em torno de 20%, o segmento de assistência ao viajante espera um 2014 ainda melhor. No ano passado, com a mesma média de crescimento, o setor acumulou um incremento de 25% em suas operações - essa soma está ligada ao poder de consumo da classe C. No Brasil, nos últimos dois anos, o mercado de assistência em viagem cresceu cerca de 50%. Em janeiro de 2012, o setor movimentou cerca de R$2,7 milhões. Já no ano passado, esse valor subiu para R$3,3 milhões em movimentações e vendas para os canais de consumo, sejam viagens a lazer ou a negócios. De acordo com pesquisa publicada pela Finaccord, o mercado global de seguros de viagem e assistência cresceu cerca de US$ 14 bilhões em 2013, e esse número deverá subir para US$ 18,1 bilhões em 2017. Segundo apurou o M&E, a Copa do Mundo prejudicou as vendas de serviços, mas não a ponto de paralisar ou reter o crescimento planejado para este ano. De acordo com o diretor para o Brasil da Assist Card, Daniel Prieto, a realização da Copa diminuiu um pouco a demanda no setor, tanto no corporativo quanto no lazer. Porém, a Assist Card participou ativamente na recepção de turistas de todo mundo. “Focamos na parceria com a Team Spirit, empresa responsável pela festa de abertura e de encerramento da Copa. Ao longo de três meses, fomos responsáveis por cuidar de todos os participantes, não apenas durante os ensaios, mas, principalmente, durante as apresentações

e seus deslocamentos. A cobertura envolveu mais de 700 pessoas entre bailarinos e equipe técnica, em São Paulo e também no Rio de Janeiro”, afirmou. A Assist Card espera um crescimento entre 35% e 40% neste ano e comemora o aumento de 27% em faturamento com relação ao mesmo período do ano passado. Hoje, segundo Prieto, o market-share da Assist Card Brasil está dividido em 80% na venda de assistência viagem para o lazer e 20% no corporativo. Já a Travel Ace - que também anda na contramão da crise - apresenta índices de crescimento na casa dos 10%, em comparação ao primeiro semestre do ano passado. Segundo o presidente da companhia no Brasil, Marcello Gonçalves, mesmo com a Copa do Mundo, que retraiu o mercado de viagens, a empresa deve crescer e compensar o primeiro semestre já nos próximos meses. “Constatamos um aumento de 10,83% nas vendas quando comparamos o período de julho de 2012 a junho de 2013 com o período de julho de 2013 a junho de 2014”, analisa o executivo. Com o crescimento mais tímido do mercado, a GTA Travel Assistance aposta no segundo semestre para recuperar a demanda reprimida no primeiro semestre por conta - também - da Copa do Mundo. “Com o esfriamento das vendas de viagens, o mercado de assistência sentiu a retração tanto no corporativo quando no lazer. Porém, a esperança de aquecimento do setor, aliada ao histórico de crescimento no período, promete crescimentos na casa de 55% 37

no segundo semestre”, disse o diretor Comercial da GTA, Gelson Popazoglo. Segundo ele, a companhia deve crescer cerca de 8% no embarque de passageiros em 2014, se comparado ao ano anterior. Popazoglo ressalta a penetração da companhia nos mercados de lazer e corporativo e a diversidade de produtos para atender os segmentos de turismo no país.

Diferença

A diferença entre seguro e assistência é simples: enquanto a assistência viagem fornece uma rede conveniada para que o turista utilize os serviços oferecidos no contrato, como, por exemplo, hospitais, clínicas, exames, medicamentos, guias turísticos, informações, entre outros serviços, o seguro viagem reembolsa as despesas que o viajante tiver e que estejam previstas na apólice.

ABCA deve ser relançada ainda este ano

Depois de passar por ajustes estatutários e por uma renovação no corpo diretivo, a Associação Brasileira de Cartões de Assistência (ABCA), que terá como presidente Celso Guelfi, deve ser relançada durante a Abav Expo Internacional de Turismo. Segundo apurou o M&E, a entidade está se reajustando e agrupando as empresas que prestam serviços de assistência em viagem para fortalecer o segmento dentro do setor de turismo. Guelfi afirmou ao M&E que o relançamento pode acontecer durante esta feira de turismo e espera uma adesão completa das empresas do segmento.


ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE Abav

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Travel Ace

Assistance Brasil Entrevista com Marcello Gonçalves

>> Na contramão da crise, a Travel Ace Assistance Brasil já apresenta índices de crescimento na casa dos 10%, em comparação ao primeiro semestre do ano passado. Segundo o presidente da companhia no Brasil, Marcello Gonçalves, mesmo com a Copa do Mundo, que retraiu o mercado de viagens, a empresa deve crescer e compensar o primeiro semestre já nos próximos meses. Em entrevista ao M&E, o executivo destaca ações e produtos como diferencial para o incremento operacional. Além disso, a presença em outros países foi determinante para manter as vendas aquecidas no período do Mundial de futebol. MERCADO & EVENTOS - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens? Marcello Gonçalves - Com certeza a Copa prejudicou. Os números desse ano foram inferiores aos do ano passado. Estudos preliminares indicam que o decréscimo no setor de viagens e turismo variou de acordo com o perfil de cada uma das empresas que compõem a rede de agenciamento de viagens e operação turística no Brasil. Há uma grande variedade de percentuais declarados por diferentes operadoras e agências de viagens no que diz respeito ao volume de emissões realizadas em razão da Copa, comparado a igual período no ano passado. O que ninguém contesta é que a Copa, de fato, prejudicou o mercado emissivo no Brasil. M&E - Você diz isso devido à retração do mercado corporativo no primeiro semestre? Marcello Gonçalves - O mercado de viagens e turismo como um todo foi prejudicado notadamente durante o segundo trimestre de 2014. Porém, algumas em-

aumento de 10,83% nas vendas quando comparamos o período de julho de 2012 a junho de 2013 com o período de julho de 2013 a junho de 2014.

presas do mercado de viagens corporativas até obtiveram ganhos, mas estas foram exceções que confirmam a regra. Como somos uma empresa que atua também no exterior, chegamos a registrar alguns ganhos pontuais, como, por exemplo, com a venda de planos de assistência para todos os torcedores mexicanos que desembarcaram em portos brasileiros, vindos para o nosso país, em navio fretado, para acompanhar jogos da Copa. M&E - Qual o share na venda de assistência hoje para lazer e corporativo? Marcello Gonçalves - Não segmentamos os resultados alcançados a partir deste recorte de análise, mas posso afirmar que tem sido crescente a participação da demanda por viagens corporativas no total da movimentação de vendas da Travel Ace, que é quem, seguramente, ocupa posição de liderança no segmento das viagens de lazer, incluindo o atendimento realizado à demanda por viagens para destinos nacionais e internacionais. M&E - Neste cenário, como foi o primeiro semestre deste ano? Marcello Gonçalves - Constatamos um

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M&E - O segundo semestre pode ser melhor? Marcello Gonçalves - O segundo semestre sempre é melhor que o primeiro, inclusive em anos anteriores em que foram realizadas eleições. As exceções existem, mas em razão de fatos imprevisíveis, como aquele que ocorreu nos EUA, em setembro de 2001. Nós acreditamos sim que existe essa demanda reprimida de viagens, justamente por causa da Copa. Isso pode representar uma significativa procura por viagens nos meses que seguem. Toda a cadeia do turismo precisa recuperar esse primeiro semestre. Acredito que as eleições não vão atrapalhar. M&E - Quais são as expectativas para fechar 2014? Marcello Gonçalves - As expectativas para 2014 são positivas. Acreditamos que existe uma demanda reprimida pela Copa que vai acabar compensando o restante do ano. De uma maneira geral, no segundo semestre a demanda sempre é maior, concentrando cerca de 60% do montante do ano. M&E - O que há de novo na Travel Ace? Marcello Gonçalves - Lançamos algumas coberturas especiais para serem adicionadas como “up-grade” aos nossos produtos de assistência ao viajante: por exemplo, seguro para roubo de bagagem em táxis, hotéis, transportes públicos e parques. Outros produtos voltados para bagagens especiais, compra protegida e o seguro de responsabilidade civil pessoa física internacional, entre outros.


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Assist Card Entrevista com Daniel Prieto

>> Com a expectativa de crescimento entre 35% e 40%, a Assist Card Brasil comemora o avanço de 27% em faturamento com relação ao mesmo período do ano passado. Com uma relação forte com o segmento de lazer - 80% do share se concentra no nicho -, a companhia ressalta a parceria corporativa com empresas como Petrobrás, Grupo Vale e Ambev. Em entrevista para o M&E, o diretor para o Brasil da Assist Card, Daniel Prieto, ressalta a queda nas vendas durante a Copa do Mundo, mas destaca as parcerias de atendimento no país junto à empresas e operadores como Team Spirit, ProtecBag, Abreu, Maktour e Master Turismo. MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em relação às vendas no país? Daniel Prieto - A Assist Card Brasil está indo muito bem. O maior indício é o resultado da nossa campanha mundial, conhecida como “2x1” (Dois por Um), a mais importante ação comercial do primeiro semestre. Pelo quarto ano consecutivo, nós quebramos nosso próprio recorde de vendas. Em 45 dias de promoção, o faturamento aumentou quase 27% em comparação ao registrado no ano anterior, até então nosso melhor desempenho comercial. Em comparação ao primeiro semestre de 2013, nosso crescimento hoje está em 35%. A queda das viagens corporativas também não prejudicou a companhia devido à obtenção de novas parcerias corporativas. Hoje, temos oito das dez maiores agências corporativas que mais faturam no Brasil. Adicionalmente, as três maiores empresas do país em valor de mercado (Petrobrás, Grupo Vale e AmBev) também trabalham, com exclusividade, conosco. M&E - Qual o share na venda de assistência hoje para lazer e corporativo? Daniel Prieto - O market share da Assist

com nossos serviços de assistência ao viajante. Essa movimentação exigiu muito do nosso call center, que ficou praticamente dedicado ao atendimento dos turistas. Em paralelo, fechamos uma parceria com a Team Spirit, empresa responsável pela festa de abertura e de encerramento da Copa. Ao longo de três meses, a multinacional foi responsável por cuidar de todos os participantes, não apenas durante os ensaios, mas principalmente durante as apresentações e seus deslocamentos. A cobertura envolveu mais de 700 pessoas entre bailarinos e equipe técnica, em São Paulo e também no Rio de Janeiro. Card Brasil atualmente está dividido em 80% na venda de assistência viagem para o lazer e 20% no corporativo. M&E - Qual o papel da Copa no mercado emissivo de viagens? Daniel Prieto - Acho que a Copa diminuiu um pouco a demanda no setor, tanto no corporativo quanto no lazer, porque todos queriam acompanhar os jogos no Brasil. Porém, a companhia participou ativamente na recepção de turistas de todo mundo, já que dezenas de milhares de torcedores vieram para cá contando

Alinhamento Mundial A Assist Card tem um alinhamento mundial quando se trata de estratégia de vendas. Como nos anos anteriores, a companhia oferece descontos de 50% nos produtos Privileged, Premium, Classic, Latina, Domestic; nas modalidades Diária (até 120 dias) e Multitrip (30 a 60 dias). Para obter o desconto, ambos os cartões deverão possuir a mesma vigência e destino. Para o segmento corporativo, vale lembrar ainda que os vouchers precisam ser adquiridos na modalidade lazer. Para este público, os descontos chegam até 30%.

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M&E - Quais são as expectativas para 2014? O segundo semestre pode ser melhor mesmo com o advento eleitoral? Daniel Prieto - Este ano está sendo excelente para nós e esperamos fechar o mesmo com crescimento entre 35% e 40%. Esse desempenho se deve a diversos fatores, mas, principalmente, à nossa atuação multicanal (trade, corporativo e vendas diretas), que nos diferencia de nossos concorrentes; das novas parcerias com operadoras, agências corporativas e consolidadoras; e também à entrega de produtos e serviços de excelência para todos os nossos clientes, fruto da atuação pioneira e de liderança absoluta que exercemos hoje no mercado brasileiro. M&E - Está previsto o lançamento de novos produtos ou parceria com operadoras no país? Daniel Prieto - A Assist Card Brasil construiu muitas parcerias recentemente, como a ProtecBag, Abreu, Maktour, Master Turismo, entre outras. Em 2015 devemos atuar com mais força em inovação tecnológica, com produtos cada vez mais customizados a medida do cliente e um serviço de pós-venda cada dia mais personalizado com o nosso conceito anytime, anywhere, any reason.


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GTA Travel Assistance Entrevista com Gelson Popazoglo

>> Com a expectativa de aumentar em 8% o embarque de passageiros em 2014, a GTA Travel Assistance aposta no segundo semestre para recuperar a demanda reprimida no primeiro semestre por conta da Copa do Mundo. Com o esfriamento das vendas de viagens, o mercado de assistência, de acordo com a GTA, sentiu a retração tanto no corporativo quanto no lazer. Porém, a esperança de aquecimento do setor, aliada ao histórico de crescimento no período, promete crescimentos na casa de 55% no segundo semestre. Para o diretor Comercial da GTA, Gelson Popazoglo, o mercado deve responder ao aquecimento econômico mesmo em um ano eleitoral. Os novos produtos e os lançamentos para o próximo ano seguem alinhados às novas contrações e expansão territorial. MERCADO & EVENTOS - A Copa influenciou o mercado de venda de assistência em viagens? Em qual segmento? Gelson Popazoglo - Prejudicou o mercado emissivo de viagens, uma vez que os altos custos fizeram com que as pessoas não se programassem para uma possível viagem no mesmo período. O ano também não ajudou muito com a realização do Carnaval em março, Copa do Mundo e eleições. Em todos os mercados, posso dizer que a economia, de uma maneira geral, sentiu o impacto. M&E - Qual o share da GTA para lazer e corporativo? É possível fazer um balanço

realizadas por nossa equipe comercial, nossos clientes voltaram a cotar e emitir grupos futuros, indicando que as empresas voltaram ao ritmo normal. A expectativa é que o segundo semestre seja melhor para a empresa, mesmo em ano eleitoral. M&E - Quais são as expectativas para fechar 2014? Gelson Popazoglo - Nossa estratégia é expandir a marca contratando novos representantes pelo Brasil e a prospecção de novos clientes, com a meta de fechar o ano com um crescimento de 8% em número de passageiros embarcados, comparado ao ano anterior. do primeiro semestre? Gelson Popazoglo - A GTA dispõe de produtos para os dois segmentos do turismo, sendo o de viagens corporativas representado em 40% e o de viagens a lazer respondendo pela maior fatia, com 60%. Em comparação ao mesmo período do primeiro semestre do ano passado, a GTA identificou uma queda nas vendas, atrelada, mais uma vez, à Copa do Mundo. O medo dos altos custos fez com que o brasileiro não programasse férias para essa época do ano. M&E - O segundo semestre pode ser melhor? Gelson Popazoglo - Analisando o histórico de vendas, identificamos que alcançamos 55% da venda anual no segundo semestre, em comparação a 45% do primeiro semestre e que, com base nas negociações

Caracterizando a diferença A companhia aposta nos Planos-Pré que tem diversos produtos como Euro Max, Full, Global, Planet, Star e Titanium e oferecem coberturas diferenciadas de acordo com a necessidade e o destino buscado. Outra preocupação da GTA é difundir a diferença entre seguro e assistência junto aos agentes de viagens. A ressalva é simples: o seguro é um valor que o viajante contrata para ser reembolsado em todas as despesas, enquanto que a assistência viagem dá total apoio ao viajante em todos os momentos.

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M&E – Vocês estão planejando lançar novos produtos ou parceria com operadoras no país? Gelson Popazoglo - Lançamos recentemente os planos para cobrir doenças pré-existentes e iremos lançar, no final do mês, o produto “Cancelamento Master”, com o objetivo de proteger os agentes de viagens e operadores quando o cliente decidir cancelar a viagem. M&E - Quais os planos e novidades para 2015? Gelson Popazoglo - A GTA tem como plano manter a estratégia de capacitar os agentes de viagens no Brasil, para que todos tenham conhecimento pleno dos produtos de assistência de viagem, garantindo o bem-estar do cliente final e gerando mais receita para suas organizações. Também temos como objetivo abrir novos representantes no país, focando as regiões Norte e Nordeste, e contratar novos gerentes para a companhia, além de investir mais na ferramenta de vendas B2C, disponibilizando para o agente de viagens uma forma de vender para o consumidor final. E, por fim, iremos incrementar em nosso site, na aba “carrinho de compras”, várias novidades para o agente incorporar na venda da assistência.


AVIAÇÃO

Fim da turbulência Aviação supera críticas do período pré-Copa e caminha para um novo patamar de qualidade SAMANTHA CHUVA E RAFAEL MASSADAR >> O mercado de transporte aéreo pode dobrar até 2020, atingindo 211 milhões de passageiros, 976 aeronaves e 795 rotas domésticas, é o que aponta o estudo “Aviação Brasileira – Agenda 2020”, divulgado pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e realizado pela consultoria Bain & Company. Mas, para isso, serão necessários investimentos de cerca de R$ 93 bilhões nos próximos seis anos, destaca a Abear. Esses recursos, provenientes do governo, vão ser destinados à expansão de 49 aeroportos existentes e construção ou reativação de 71 estruturas. Além de melhorias em aeronaves, renovação de frotas e tecnologia para que as empresas atinjam seu potencial e acompanhem o crescimento do setor. Para Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, embora os números de crescimento do setor sejam surpreendentes, o gap de infraestrutura aeroportuária e os custos, principalmente com combustível, ainda representam entraves para o desenvolvimento da aviação. “Nos últimos anos a aviação passou por um crescimento significativo no número de usuários, resultado dos avanços nas políticas tarifárias que permitiram a oferta de bilhetes a valores mais acessíveis. Hoje, são mais de 100 milhões de passageiros, contra 30 milhões contabilizados em 2002. Contudo, um dos principais desafios, e que mais afeta a competitividade do setor, é a redução da tributação do combustível da aviação (QAV), que representa em média 42% dos cus-

tos operacionais”, ressalta Sanovicz. Segundo o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, os investimentos em infraestrutura aeroportuária a serem realizados neste e nos próximos anos contribuirão para diminuir o custo Brasil. “Durante a Copa, fui vítima de bullying, acreditaram que os aeroportos não comportariam o fluxo de passageiros, mas o resultado foi extremamente positivo. Agora, vamos aumentar a capacidade do país de crescer, vamos permitir que a infraestrutura baixe o custo Brasil”, afirmou o ministro. Durante a Copa do Mundo, 17,8 milhões de passageiros circularam pelos aeroportos brasileiros entre os dias 10 de junho a 15 de julho de 2014, um volume 13,13% maior em comparação ao mesmo período no ano passado. Em relação aos atrasos dos voos, o índice foi de 6,94%, bem abaixo de aeroportos internacionais de grande movimento. Em três anos, entre 2011 e 2014, um total de R$ 11,3 bilhões foi investido nos aeroportos brasileiros, contribuindo para um incremento de 70 milhões de passageiros por ano, passando de 215 milhões para 285 milhões. O ministro da SAC afirma que esta é a maior injeção de recursos que os aeroportos brasileiros já receberam num curto período de tempo. Ela atende à forte expansão na demanda no país na última década, quando o uso do avião quase triplicou. “Esse número representa um aumento de 5% em relação ao primeiro semestre de 2013,

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quando registramos a movimentação de 64,9 milhões de passageiros, e condiz com o perfil de crescimento da aviação civil no país nos últimos anos”, destacou Gustavo do Vale, presidente da Infraero. Visando o crescimento da demanda, cada vez mais vigente, a SAC anunciou que vai investir R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais, no âmbito do Plano de Aviação Regional, sendo que 18 serão construídos do zero. Quarenta deles já receberam melhorias nos últimos anos. Em três anos e meio foram investidos R$ 401,6 milhões e outros R$ 378 milhões estão em execução.

Aviação na Copa

Durante a final da Copa do Mundo, os aeroportos do município do Rio de Janeiro (Galeão, Santos Dumont e Jacarepaguá) tiveram o recorde de pousos e decolagem com 1.761 movimentos. O maior número de voos em um mesmo aeroporto foi durante a semi-final do Mundial, no aeroporto de Guarulhos, que contou com 1.040 movimentos em um único dia. No total, 8,8 milhões de passageiros foram transportados pelas principais cias aéreas brasileiras (Azul, Tam, Gol e Avianca) durante o megaevento. De acordo com a SAC, 77,2 mil voos foram operados no país; a taxa média de ocupação das aeronaves ficou em 80%, que tiveram 92% de pontualidade. Além disso, os 15 aeroportos das cidades-sede da competição responderam por cerca de 90% da operação aérea.


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Infraero

Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária Entrevista com Gustavo do Vale

>> Com uma agenda extensa de eventos, os aeroportos brasileiros estão constantemente sendo testados. Depois da Copa das Confederações e da Jornada Mundial da Juventude, a prova de fogo da vez foi a Copa do Mundo. Para o presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Gustavo do Vale, os aeroportos conseguiram atender com tranquilidade e eficiência a demanda do evento, sem registrar problemas operacionais. Segundo o presidente, mais de 68,2 milhões de passageiros passaram pelos aeroportos no primeiro semestre de 2014, um aumento de 5% em relação ao ano passado. MERCADO & EVENTOS - Como foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa? Atingiram as expectativas esperadas? Tiveram problemas? Quais? Gustavo do Vale - Os aeroportos da Rede Infraero, principalmente aqueles localizados nas cidades-sede da Copa, atenderam com tranquilidade e eficiência a demanda do evento. Atingiram todas as expectativas. Não houve registro de qualquer problema às operações. Para que isso ocorresse, a Infraero reforçou, por meio de remanejamento de equipes de outros aeroportos da rede, o efetivo que atua nesses terminais. No período de 10 de junho ao final da Copa, o número de “amarelinhos” - funcionários que trabalham vestidos com coletes amarelos, com a frase “Posso Ajudar?/May I Help You?” - aumentou em 49%, passando de 473 para 704. O efetivo da área operacional também foi ampliado em 18%, passando de 1.424 para 1.675 funcionários. Além disso, as escalas de plantão foram reforçadas para monitorar o funcionamento das escadas rolantes, elevadores, esteiras e sistemas de ar-condicionado. Todo esse esforço coletivo permitiu que o atendimento às delegações, passageiros e demais usuários durante a Copa resultasse em um sucesso.

M&E - Qual o balanço que o senhor faz desse primeiro semestre de 2014? Gustavo do Vale - No primeiro semestre de 2014, os 63 aeroportos administrados pela Infraero registraram 68,2 milhões de embarques e desembarques. Esse número representa um aumento de 5% em relação ao primeiro semestre de 2013, quando registramos a movimentação de 64,9 milhões de passageiros, e condiz com o perfil de crescimento da aviação civil no país nos últimos anos. M&E - O que podemos tirar de lição da Copa do Mundo e o que será feito de diferente para as Olimpíadas? Durante o Mundial, muitos aeroportos operaram em obras e com tapumes, devemos esperar os mesmos resultados para os Jogos Olímpicos? Gustavo do Vale - Para as Olimpíadas, o principal aeroporto do Rio de Janeiro, o Galeão, já estará operando sob administração da concessionária (Aeroporto Rio de Janeiro), que passará a ser responsável também pelos projetos de expansão do aeroporto. Todavia, com as melhorias recentemente concluídas pela Infraero, hoje o Galeão tem capacidade para 30,8 milhões de passageiros/ano, sendo que a

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demanda prevista para 2014, por exemplo, é de 18,9 milhões de passageiros/ano. Ou seja, é um aeroporto que tem plena capacidade de atender a demanda futura do Rio, como ocorreu recentemente na Copa e em outros eventos (Jornada Mundial da Juventude, Rio + 20 etc.). Os demais aeroportos do Rio de Janeiro sob administração da Infraero - Santos Dumont, Macaé e Jacarepaguá - continuarão atendendo a demanda com eficiência. Essa eficiência, na verdade, não é resultado apenas do compromisso da Infraero, mas de todo o setor aéreo, que inclui a Secretaria de Aviação Civil, Agência Nacional de Aviação Civil, Departamento de Controle do Espaço Aéreo, empresas aéreas, Polícia Federal, Receita Federal etc. Essa interação, que foi intensificada em virtude da Copa do Mundo, é um dos grandes legados do evento, pois demonstrou, mais uma vez, que uma operação coordenada entre todos os órgãos do setor traz diversos benefícios aos usuários do transporte aéreo. M&E - Quais são os maiores entraves que a aviação enfrenta atualmente? Gustavo do Vale - Do ponto de vista da infraestrutura, da qual a Infraero é responsável como operadora de 63 terminais, o grande desafio é dar continuidade às obras de reforma, modernização e expansão dos aeroportos paralelamente à operação de passageiros e aeronaves. Todavia, a exemplo do que ocorreu antes da Copa, nossos trabalhos são realizados de forma a causar o mínimo de impacto aos usuários do transporte aéreo. M&E - Como o senhor vê o futuro da aviação? Há algum projeto para expandir a malha aérea nacional e regional? Gustavo do Vale - Vejo com muito otimismo o futuro da aviação no Brasil. Existem diversos projetos no âmbito da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República de expansão da malha aérea nacional, com ênfase especial à Aviação Regional.


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Abear

Associação Brasileira de Empresas Aéreas Entrevista com Eduardo Sanovicz

>> Embora a aviação nacional venha passando por diversas modificações e melhorias, muitos entraves ainda dificultam o desenvolvimento do setor. Segundo Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), em 10 anos (de 2002 a 2012) os preços das passagens aéreas tiveram uma redução de cerca de 43%, posicionando a aviação como um dos meios de transporte mais utilizados pelos brasileiros. Entretanto, o alto valor da tributação do combustível dos aviões e a infraestrutura deficitária dos aeroportos são dois grandes responsáveis que impactam na produtividade das empresas aéreas, atrasando o crescimento do setor. MERCADO & EVENTOS - Como vê a aviação no Brasil e quais as expectativas para o futuro? Eduardo Sanovicz - Nos últimos anos a aviação passou por um crescimento significativo no número de usuários, resultado dos avanços nas políticas tarifárias que permitiram a oferta de bilhetes a valores mais acessíveis. Hoje, são mais de 100 milhões de passageiros, contra 30 milhões contabilizados em 2002. Contudo, fatores como o gap de infraestrutura aeroportuária e os custos, principalmente com combustível, ainda representam entraves para o desenvolvimento do setor. Esse cenário começa a tomar um novo rumo com a entrega dos novos terminais em Guarulhos e Brasília, o de Viracopos - que está em fase conclusão - e o novo aeroporto de Natal. Com isso, já temos um aumento de capacidade que permite dar mais dinamismo às operações, o que vai permitir que o setor continue crescendo com qualidade. M&E - Quais são os principais entraves que impossibilitam o crescimento da aviação nacional e regional? Eduardo Sanovicz - Um dos princi-

ria, serviços, entre outros. Outro entrave é a infraestrutura do setor, que já evoluiu significativamente, mas ainda impacta na produtividade das empresas aéreas.

pais desafios é a redução da tributação do combustível da aviação (QAV), que representa em média 42% dos custos operacionais do setor, sendo um dos fatores que mais afetam a competitividade da aviação. Os impostos são estaduais e aplicados apenas à aviação doméstica, o que reduz diretamente a competitividade do setor. Temos um exemplo prático no Distrito Federal de como a redução da tributação é benéfica. Lá, o ICMS aplicado ao QAV foi reduzido praticamente pela metade, passando dos 25% para 12%. A iniciativa, em um ano, estimulou a criação de 206 voos para o aeroporto de Brasília e resultou no aumento direto do consumo do combustível, que passou de 95 mil metros cúbicos no primeiro trimestre de 2013 para 122 mil no mesmo período de 2014, um aumento de 28%. Mesmo com redução pela metade da alíquota, a arrecadação no Distrito Federal permanece equilibrada se comparada com o primeiro trimestre de 2012, quando a alíquota era de 25% e o total arrecadado foi de R$ 56,7 milhões. No mesmo período de 2014, com a redução para 12%, o montante ficou em R$ 56,2 milhões. Além disso, a medida ajudou a dinamizar outros setores ligados à aviação e ao turismo, como comércio, hotela-

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M&E - Como a Abear vem atuando para ajudar na expansão da malha aérea nacional e regional? Eduardo Sanovicz - A malha aérea vem passando por mudanças que visam tornar as operações mais eficientes, mas isso depende muito da infraestrutura aeroportuária e do espaço aéreo. Quanto à acessibilidade do transporte aéreo, é algo que seguirá crescendo. Se compararmos o número de usuários de hoje, que é de mais de 100 milhões de passageiros/ano, com o do início dos anos 2000, que era de 30 milhões, a utilização do avião como meio de transporte mais que triplicou. M&E - Como diminuir o preço das passagens aéreas no Brasil? Eduardo Sanovicz - Os preços dos bilhetes aéreos no Brasil estão cada vez mais compatíveis com os praticados nos mercados domésticos internacionais que são considerados benchmarking. Entre 2002 e 2012, o valor médio do bilhete nacional teve uma redução de 43%, de R$ 515 para R$ 294. Além disso, 13% dos assentos vendidos têm valor inferior a R$ 100. Em 2002, essa tarifa não era praticada pelo mercado. Agora, se esse valor médio for ampliado para a faixa de R$ 300, vemos maior redução ainda, já que 65% dos assentos vendidos hoje estão nesta faixa de preço. Em 2002, eram apenas 23%. Porém, há, sim, particularidades de determinados mercados internacionais que possibilitam que sejam praticados valores mais baixos se considerar apenas o que é pago pelo bilhete. Mas o preço não inclui franquia para bagagem, serviço de bordo, entre outros serviços, que são pagos separadamente e podem impactar o valor final do bilhete.


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Avianca Entrevista com José Efromovich

>> Fechando 2013 com a ocupação em 82%, a Avianca é uma das companhias aéreas brasileiras que mais cresce no país. Segundo o presidente da empresa, José Efromovich, a expectativa para o final deste ano é chegar em 84%, com um aumento de 40% no número de passageiros. No ano passado a companhia transportou mais de 7,2 milhões de pessoas. O plano de expansão da Avianca visa incluir mais duas cidades, ainda esse ano, na oferta de voos da companhia, que estuda também a possibilidade de novos voos em Belém (PA) e Foz do Iguaçu (PR). Nesta entrevista, José Efromovich ainda destaca que o plano de crescimento da companhia prevê um investimento de US$1,6 bilhão para compra de novas aeronaves. “A expectativa é que, nos próximos dois anos, a frota da companhia salte das atuais 34 aeronaves para 61”, garante Efromovich. MERCADO & EVENTOS - Qual a situação da Avianca hoje com relação ao transporte de passageiros no país? E quais as metas para o futuro? José Efromovich - A Avianca é a empresa que mais cresce no país. Não temos a maior fatia do mercado, mas temos, em comparação com as outras, uma ocupação maior desde 2012. Nossa meta é chegar ao final de 2014 com 84% de ocupação. Fechamos 2013 com 82%. Esse crescimento em ocupação significa que o serviço oferecido pela companhia é aceito nos principais trechos voados no Brasil e que o passageiro não busca somente preço, ele quer serviço diferenciado. Se contabilizarmos esse crescimento, ele chega a mais de 7,2 milhões de passageiros transportados em 2013. Nossa estimativa para este ano é crescer 40% em cima deste número. Neste primeiro trimestre o crescimento chegou a 30%. Nosso plano de expansão prevê voar para mais duas cidades em 2014 - contando com os voos para Goiânia, que abrimos para suprir a demanda da Copa do Mundo. Com relação às novas cidades, pensamos

sim, a realização de um IPO. O negócio da aviação é muito caro, demanda muitos investimentos e necessita constantemente de um aporte de capital intenso para compra de aeronaves, funcionamento, manutenção e treinamento de pessoas. Uma maneira acessível de levantar capital é através de um IPO. Mas, por enquanto, este não é o momento para a Avianca, que tem em seu plano de crescimento metas a serem cumpridas nos próximos dois anos. Mas pensamos sim em um novo momento ir para a Bolsa de Valores.

em Belém (PA) e Foz do Iguaçu (PR). M&E - Quando chega o primeiro A-330 e qual a previsão para o início das operações? Quanto aos MKs-28, quando será feita a substituição da frota? José Efromovich - Nosso primeiro A330 começa a operar este ano, mas no segmento de carga. Faremos a rota São Paulo/Manaus/ Recife/São Paulo com a capacidade máxima de 65 toneladas dependendo do volume de carga. Com relação ao término da operação dos MKs-28, até os meses de junho e julho do próximo ano vamos realizar a substituição de todas as aeronaves por A-319 e A-320. Vale lembrar que este ano já incorporamos novos Airbus A-320 à nossa frota, ampliando a capacidade de transporte de passageiros da companhia nos principais aeroportos do país. Outra estratégia prevista é que, até 2016, a Avianca Brasil deve receber um aporte de US$1,6 bilhão na compra de novas aeronaves, modernização de sistemas de integração e contratação de capital humano. A expectativa é que, nos próximos dois anos, a frota da companhia salte das atuais 34 aeronaves para 61. M&E - A Avianca pretende se tornar uma empresa de capital aberto? José Efromovich - Nós consideramos,

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M&E - Com relação à Tap, a Avianca ainda pensa em adquirir a companhia portuguesa? José Efromovich - Neste momento a Tap não está disponível. O governo abriu um processo de privatização em 2012 e a nossa proposta não foi aceita. Com isso, o processo de privatização da companhia foi encerrado. Hoje, ele não existe. A Tap não está disponível. Nós, como empresa de aviação que acredita nas consolidações, olhamos para as possibilidades que existem no mercado. Mas, no momento, não há disponibilidade para a compra a Tap. M&E - Até o final de 2014 as operações da Avianca Brasil já estarão integradas à Star Alliance? José Efromovich - Não vamos conseguir integrar as companhias em 2014. A Star Alliance é composta por muitas empresas e precisamos ter nossos sistemas [todos eles] habilitados e em pleno funcionamento. Não podemos definir ainda o prazo desta integração. Mas vamos, sim, integrar todas as nossas atividades com a Avianca internacional até o final de 2014. Operações como compra de bilhetes ou troca de milhas poderão ser realizadas entre as duas companhias, mas com relação à Star Alliance, a integração vai demorar um pouco mais. Isso será apresentado nos próximos 60 dias.


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SAC

Secretaria de Aviação Civil Entrevista com Moreira Franco

>> Durante a Copa do Mundo, 17,8 milhões de passageiros circularam pelos aeroportos brasileiros entre os dias 10 de junho a 15 de julho de 2014, um volume 13,13% maior em comparação ao mesmo período no ano passado. Em relação aos atrasos dos voos, o índice foi de 6,94%, bem abaixo do esperado, é o que explica o ministro da Secretaria de Aviação Civil (Sac), Moreira Franco. Segundo o ministro, os investimentos que os aeroportos brasileiros receberam nos últimos três anos elevaram o patamar dos mesmos e os trouxeram para o século 21. O desafio, de acordo com Moreira Franco, é fazer com que a qualidade dos serviços prestados seja melhorada. “Estamos trabalhando para que nossos aeroportos sejam do século 21. E queremos que os passageiros sejam tratados como clientes, coisa que ainda não acontece”, destacou o ministro. MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que o senhor faz do setor nesse primeiro semestre de 2014? Moreira Franco - O setor aeroportuário brasileiro está se modernizando para prestar um serviço de qualidade aos passageiros. Estamos trabalhando para que nossos aeroportos sejam do século 21. E o mais importante é que queremos que os passageiros sejam tratados como clientes, coisa que ainda não acontece. E isso não é um trabalho de sete meses apenas. Nos últimos três anos, os aeroportos brasileiros tiveram uma expansão recorde. Atualmente, os terminais que atendem as capitais têm condições de acomodar por ano mais 70 milhões de passageiros. A expansão se deu graças aos R$ 11,3 bilhões investidos nesse período, tanto na rede Infraero quanto nos quatro aeroportos concedidos à iniciativa privada. Esta é a maior injeção de recursos que os aeroportos brasileiros já receberam num curto período de tempo. Ela atende à forte expansão na demanda no país na última década, quando o uso do avião

mais. Nós vamos partir deste patamar. Se, durante a Copa, tivemos condições de atingir esses índices, não há razão que nos impeça de nos esforçar, mobilizar e organizar para garantir aos brasileiros patamares ainda maiores em suas viagens.

quase triplicou. Para se ter uma ideia, de 2003 a 2013, o número de viajantes passou de 33 milhões para 113 milhões, um crescimento de 200%. Podemos perceber nitidamente que o transporte aéreo brasileiro entrou em outro patamar. Os investimentos feitos pelo Governo Federal, além da iniciativa de conceder aeroportos para administração privada, colocaramnos de vez no século 21. E a tendência é que cresçamos cada vez mais, trazendo conforto, modernidade e segurança para passageiros brasileiros e estrangeiros. M&E - Como foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa? Atingiram as expectativas esperadas? Tiveram problemas? Quais? Moreira Franco - A operação dos aeroportos durante a Copa do Mundo de 2014 foi um sucesso. E os números comprovam isso. Foram 17,8 milhões de passageiros circulando pelos aeroportos brasileiros entre os dias 10 de junho a 15 de julho de 2014. O volume é 13,13% superior ao do mesmo período do ano passado, que foi de 15,8 milhões de passageiros. E o índice médio de atrasos acima de 30 minutos foi de 6,94%, abaixo do índice europeu, que é de 7,6%. A tendência é que, a partir de agora, o nível de qualidade suba cada vez

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M&E - Para as Olimpíadas, o que será feito diferente? Muitos dos aeroportos operaram durante o Mundial com tapumes e obras não finalizadas, qual a previsão de finalização dessas obras? Moreira Franco - É importante ressaltar que não fizemos obras para a Copa do Mundo ou outro evento específico. Estamos modernizando os aeroportos para proporcionar um serviço melhor aos passageiros. Não podemos aceitar que os passageiros fiquem irritados e não tenham os serviços prestados com qualidade. Durante décadas, a infraestrutura aeroportuária foi degradada, sem obras ou inovação tecnológica. Mas com a recuperação da moeda e o controle da crise econômica, tivemos um aumento considerável no número de usuários da aviação. Em 10 anos, o crescimento foi de 200%. Afirmo com tranquilidade: o país está preparado não somente para os grandes eventos, mas também para atender com segurança e conforto a todos. Temos que estar habituados que os aeroportos deverão ser constantemente modernizados. M&E - Como o senhor vê o futuro da aviação nos próximos anos? Quais os pontos críticos da aviação nacional e o que precisa ser melhorado? Moreira Franco - O futuro é promissor. As melhorias que vêm acontecendo vão permitir que a infraestrutura aeroportuária fique adequada ao século 21. A quebra do monopólio do setor foi uma das principais ações do governo federal para garantir a melhoria do atendimento. Um importante avanço foi a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ter criado regras de avaliação para todos os aeroportos e a Sac (Secretaria de Aviação


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Secretaria de Aviação Civil

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Entrevista com Moreira Franco

Civil) ter instituído uma pesquisa trimestral para medir a qualidade do serviço prestado. Estamos provocando não só uma competição, mas também uma mudança de mentalidade. M&E - Como está a situação da aviação regional atual? E o que está sendo feito para fortalecer e ampliar a malha de aeroportos? Moreira Franco - Vamos investir R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais, sendo que 18 serão construídos do zero. Queremos ampliar o acesso da população brasileira aos serviços aéreos, com qualidade. O objetivo é que 96% da população brasileira esteja

a menos de 100 km de distância de um aeroporto apto a receber voos regulares. Quarenta deles já receberam melhorias nos últimos anos. Em três anos e meio foram investidos R$ 401,6 milhões e outros R$ 378 milhões estão em execução. Houve investimento de R$ 145 milhões em reforma ou ampliação de terminais de passageiros de 28 aeroportos. O que permitiu colocar à disposição 79 mil m² de terminais nesses aeroportos. Em 27 deles foram feitas melhorias de pista e pátio, totalizando R$ 88 milhões em investimento. Em se tratando de segurança, cerca de 30 aeroportos receberam R$ 26,1 milhões para aprimorar

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a estrutura de navegação aérea; R$ 8,8 milhões foram usados para compra de novos equipamentos; e R$ 68,3 milhões na compra de veículos de combate a incêndios. Cinco aeroportos tiveram o terminal de carga ampliado. Além destes investimentos, foram realizados estudos de viabilidade em 220 aeroportos regionais. Destes, 101 já estão com projetos em elaboração. Após a conclusão da análise desses projetos, os aeroportos já podem ser encaminhados para o licenciamento ambiental e licitados. No total, já foram assinados 26 contratos com empresas projetistas. Os contratos já assinados e em execução somam R$ 197 milhões.


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IATA

International Air Transportation Association Entrevista com Carlos Ebner

>> A demanda pelo transporte aéreo está cada vez mais forte no país. Durante a Copa do Mundo, o avião foi o meio mais utilizado para locomoção. Porém, alguns fatores ainda influenciam o setor negativamente, prejudicando seu desenvolvimento em larga escala. O preço dos combustíveis, problemas de infraestrutura e excesso de regulamentação são alguns dos principais problemas que atrasam o crescimento. É isso que aponta Carlos Ebner, diretor no Brasil da International Air Transportation Association (Iata). Porém, embora os problemas sejam uma constante, Ebner é otimista em relação ao futuro e garante que, finalmente, o governo está correndo atrás do prejuízo. MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que o senhor faz deste primeiro semestre de 2014 na aviação nacional? Quais as expectativas para o futuro? Carlos Ebner - O período foi muito marcado pela realização da Copa do Mundo no Brasil. Havia uma expectativa muito ruim por parte da opinião pública de que pudesse haver um caos na operação dos aeroportos. O que ocorreu não chegou nem perto disso. O setor se saiu muito bem como um todo, se organizou, planejou e executou, envolvendo todos os participantes da cadeia do transporte aéreo, começando pelas autoridades e passando peloas empresas aéreas. Como esperado, houve redução do movimento de passageiros corporativos, mas uma demanda concentrada dos fãs do futebol. Tivemos melhorias significativas de infraestrutura, ainda que parte dos projetos não tenha sido entregue. A estrutura montada no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) contou com um Command Center da Iata e, dessa forma, as associadas que operam no Brasil puderam tomar decisões táticas de forma colaborativa. As regras foram estabelecidas e cumpri-

rior. Nenhum cidadão americano exige que a empresa aérea pague seu hotel por ter o voo cancelado por causa de uma tempestade, no Brasil isso é lei. Tudo isso causa impacto e afeta o crescimento do setor e a saúde das empresas.

das à risca. A expectativa para o futuro é que os investimentos em infraestrutura continuem. Isso será necessário para assegurar o crescimento do setor de forma ordenada e com solidez. O grande legado é a experiência adquirida tanto no planejamento quanto na participação de todos os agentes do setor atuando de forma colaborativa. M&E - Atualmente, quais os principais entraves do setor? O que a Iata está fazendopara minimizá-los? Carlos Ebner - O setor aéreo sofre grande impacto do preço do combustível no Brasil. O valor está acima (muito acima) do razoável. Isso gera distorções e tira a capacidade de competição do país. Por exemplo, viajar de São Paulo para Salvador fica mais caro do que ir para Buenos Aires, apesar da distância ser praticamente a mesma. Os problemas de infraestrutura também são um gargalo importante. Felizmente, as autoridades parecem estar correndo para recuperar um longo período sem investimentos. Há ainda uma questão central que atrapalha o setor: o excesso de regulamentação. A legislação deveria procurar uma harmonização com o que é praticado no exte-

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M&E - Embora seja um dos meios de transporte mais utilizados, o aviação ainda é serviço caro no Brasil. O que é necessário ser feito para que os preços das passagens se aproximem dos valores das companhias europeias de baixo custo, por exemplo? Carlos Ebner - O principal problema é o combustível e sua carga tributária. A forma como o combustível da aviação é calculado no Brasil está ultrapassada. Se refere há mais de 30 anos, quando o Brasil era dependente da importação de petróleo. Hoje o país é grande produtor de petróleo, tem refinarias e infraestrutura logística e não pode ter a mesma faixa de preço de países que importam absolutamente tudo. Hoje o preço do combustível para voos doméstico está entre os cinco mais caros do mundo. M&E - O que tem sido feito para diminuir os custos do setor? Carlos Ebner - Como associação, a Iata procura sempre liderar a busca por soluções que representem ganhos de eficiência. Isso ficou claro na implantação do bilhete eletrônico, que revolucionou o setor. A associação acredita firmemente que o caminho para baixar os custos e poder oferecer condições adequadas para todos os perfis de clientes passa pelo avanço tecnológico do setor. Nesse contexto, entra em cena uma Nova Capacidade de Distribuição (NDC), que permite que os agentes de viagem, sites de viagens e companhias possam oferecer uma ampla gama de opções de serviços cada vez mais específicos.


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Gol Entrevista com Eduardo Bernardes

>> O setor aéreo esperava uma diminuição na demanda de passageiros de cerca de 11% em relação ao ano anterior, durante a Copa do Mundo no Brasil. Contudo, segundo o diretor-executivo de Vendas e Marketing da Gol, Eduardo Bernardes, o impacto negativo foi menor do que o previsto. “A procura foi apenas 5% menor. A operação da Gol foi a maior entre as companhias aéreas brasileiras, com mais de 28 mil trechos voados e 3,4 milhões de passageiros transportados durante o período”, afirma. Nesta entrevista, Eduardo também explica como a companhia tem atingindo o posto entre as mais sustentáveis e como a aérea vê o futuro da aviação. Confira. MERCADO & EVENTOS - Como avalia as melhorias de infraestrutura nos aeroportos em função da Copa? Eduardo Bernardes - Com as obras e melhorias realizadas para Copa do Mundo, a infraestrutura dos aeroportos brasileiros chegou a um novo patamar. Apesar de algumas obras ainda estarem em processo de conclusão, os resultados positivos desses investimentos já são perceptíveis. Estamos confiantes de que estas e outras melhorias do setor continuarão. Nosso foco é aliar segurança, eficiência e operação enxuta, o que possibilita uma operação de baixo custo. E, por consequência, oferecer as melhores tarifas para nossos clientes. Temos a missão de transportar pessoas com excelência no atendimento e conectá-las a cada vez mais destinos. M&E - Como foi o período da Copa para a Gol? Houve um esvaziamento de voos? Eduardo Bernardes - O setor esperava uma diminuição na demanda de passageiros de cerca de 11% em relação ao ano anterior, mas a procura foi apenas 5% menor. A operação da Gol foi a maior entre as companhias aéreas brasileiras, com mais de 28 mil trechos voados e 3,4 milhões

superior ao que comercializamos na Gol.

de passageiros transportados durante o período. Registramos ainda uma ótima taxa de ocupação em nossos voos de 81,2% e fomos a segunda companhia aérea mais pontual no mercado doméstico em junho, com 93,1% segundo dados da Infraero. Além disso, batemos nosso recorde de fretamentos em um único mês, com 631 operações especiais, quando transportamos seleções, patrocinadores, grupos de torcedores, turistas e outras corporações. M&E - A Gol é nacionalmente reconhecida como uma empresa ‘low cost’. Porém, os valores das passagens aéreas continuam muito acima das tradicionais companhias ‘low cost’ europeias, por exemplo. O que dificulta que esse objetivo seja atingido, impossibilitando que o transporte aéreo torne-se cada vez mais acessível? Eduardo Bernardes - Essa análise precisa ser mais profunda, pois as cias aéreas devem considerar a legislação de cada país. No Brasil temos uma forte regulamentação quanto a cobranças do que chamamos receitas auxiliares, o que não acontece na Europa e EUA, por exemplo. Com isso, o preço da passagem é mais baixo, mas os clientes acabam pagando pelos “extras” um valor que composto é muitas vezes

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M&E - A Gol fechou uma parceria de codeshare com a Etihad Airways no início de julho. Como está o processo de aprovação pela Anac e pelo Cade? Eduardo Bernardes - O acordo de compartilhamento de voos, que chamamos de codeshare, entre a Gol e a Etihad Airways ainda está em aprovação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Estamos sempre em contato com outras companhias e analisando novas oportunidades, mas, no momento, não temos nenhuma novidade além do que já divulgamos. M&E - A sustentabilidade é um assunto em alta, que a cada dia ganha mais visibilidade. A Gol é primeira aérea a realizar um voo internacional com biocombustível. Como isso vai impactar o setor no Brasil? Eduardo Bernardes - A Gol consolidou importantes projetos para o uso de biocombustíveis na aviação nos últimos anos. Neste ano, fomos responsáveis pelo abastecimento de 200 voos com biocombustível nos meses de junho e julho. Todos os voos que transportaram a Seleção Brasileira do Aeroporto do Galeão/Rio de Janeiro para os demais destinos que sediaram os jogos do Mundial tiveram um blend (mistura) de 4% de bioquerosene de aviação. A Gol utilizou cerca de 2 milhões de litros de mistura de biocombustível, evitando a emissão de aproximadamente 218 toneladas de carbono (CO2) ou 217.809 quilos de gás carbônico. Para fortalecer os esforços do Governo Federal e da iniciativa privada para a implementação do Programa Brasileiro de Bioquerosene, assinamos um protocolo de intenções para estudos sobre a contribuição do biocombustível na mitigação das emissões de gases de efeito estufa.


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Azul Entrevista com Antonoaldo Neves

>> Com um crescimento expansivo, a Azul tem se tornado uma das companhias aéreas mais importantes do país, sendo uma das mais pontuais, segundo a Infraero. Nesta entrevista, Antonoaldo Neves, presidente da Azul, fala sobre a operação da aérea no mercado internacional. Segundo o presidente, os voos para os Estados Unidos, previstos para o primeiro trimestre de 2015, devem entrar em operação ainda esse ano, em dezembro. MERCADO & EVENTOS - Muitas aéreas reclamaram que as expectativas para a Copa foram altas demais, que muitos voos saíram vazios, e que o mês de julho foi mais fraco que o habitual. Isso aconteceu com a Azul também? Antonoaldo Neves - Conseguimos superar um cenário de retração da demanda nas viagens de negócios e, no final, obtivemos um resultado satisfatório. Estipulamos uma tarifa teto que foi um sucesso, e o investimento serviu para atrair novos clientes. Muitos deles conheceram pela primeira vez a experiência de voar Azul. Para garantir que essa experiência fosse impecável também durante o campeonato Mundial, colocamos mais de 800 voos extras e redobramos o esforço com a pontualidade. O resultado foi que em junho a Azul foi a companhia aérea mais pontual do país, assim como também foi a mais pontual do semestre, alcançando uma média de pontualidade de 93,9%, segundo dados da Infraero. Com fortes investimentos em entretenimento a bordo, a Azul oferece o serviço exclusivo de TV ao vivo. Essa conveniência permitiu aos clientes o acompanhamento das transmissões de partidas de futebol durante os voos. Há registros bem bacanas no Youtube das reações da torcida ao acompanhar as diversas partidas do torneio. O serviço de TV ao vivo está disponível na maioria dos modelos Embraer 190 e 195.

–, com entregas previstas para 2017, e mais sete Airbus A330, que já estão sendo entregues desde junho. As aeronaves ganharão um pacote completo de melhorias, que incluirá total remodelagem em todas as cabines. Já os A350 serão entregues pelo fabricante nos padrões da Azul.

M&E - Como estão os preparativos para o lançamento do primeiro voo internacional da Azul para os Estados Unidos? Antonoaldo Neves - A Azul está trabalhando intensamente para antecipar a nossa estreia no mercado internacional. Os voos diários para Miami/Fort Lauderdale e Orlando, que inicialmente estavam previstos para começar no primeiro trimestre de 2015, devem ter início ainda em dezembro deste ano. Nova York será a terceira cidade a ser atendida pela companhia no país norte-americano, com voos previstos para iniciar em meados de 2015. As operações serão realizadas diariamente e terão saídas do aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas. Inicialmente, cada destino contará com uma frequência diária. Com uma operação doméstica que atende a mais de 100 cidades no Brasil, queremos oferecer aos nossos clientes de Norte a Sul do país muitas possibilidades de conexão ao exterior. Os bilhetes para os voos internacionais já estão sendo disponibilizados para compra. Para viabilizar as operações internacionais, a companhia contará com uma frota de doze aeronaves de grande porte, sendo cinco novíssimos Airbus A350 - a mais avançada aeronave comercial do mundo

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M&E - Para você, quais os maiores entraves da aviação regional atualmente? O que deve ser feito para mudar esse quadro? Antonoaldo Neves - Estamos ansiosos pela ativação do plano de promoção da aviação regional proposto pelo Governo. Essa medida deve trazer melhorias à infraestrutura e à qualidade dos serviços aeroportuários em uma série de localidades, inclusive em regiões onde hoje não há transporte aéreo regular. A Azul sempre acreditou e, consequentemente, investiu na aviação regional, segmento que lidera com larga margem, sendo hoje a companhia com a maior malha aérea do país, atendendo a mais de 100 destinos em todo o Brasil, dos quais 77 são regionais e 38 cidades com atendimento exclusivo. A companhia aposta nesse plano e acredita que propostas como o Plano de Aviação Regional são imprescindíveis para tornar a aviação nacional mais relevante e acessível a todos os brasileiros. M&E - A Azul fechou, no início de julho, um acordo de Interline com a Aerolíneas Argentinas. Podemos esperar novidades nessa estratégia? Há novos acordos em vista? Antonoaldo Neves - Sim, fechamos também uma parceria com a Copa Airlines. Os acordos de interline com as companhias internacionais são importantes, pois possibilitam a Azul disponibilizar mais opções de destinos para os clientes das companhias parcerias, consequentemente, tornando seu produto mais conhecido.


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Tap Entrevista com Luiz Mór

>> Com uma taxa média de ocupação de 80%, a Tap teve um crescimento de 7,2% de tráfego transportado no primeiro semestre deste ano. A companhia ainda inaugurou, no dia 03 de junho, um novo voo no Brasil que conecta Manaus e Belém a Lisboa. Para o vice-presidente da aérea, Luiz Mór, a operação dos novos destinos tem atingido as expectativas. “No primeiro mês e meio de operação [de junho até a metade de julho], a rota operou com 75,2% de ocupação, o que é uma boa performance para o início de um voo. A ocupação para os próximos meses deve evoluir positivamente, apresentando valores próximos da média das restantes rotas do Brasil”, aponta Mór. MERCADO & EVENTOS - Como foi esse primeiro semestre para a companhia? Quais as expectativas de crescimento para esse ano? Luiz Mór - No 1º semestre deste ano, a Tap continuou a crescer, com uma subida de 7,2% de tráfego transportado na sua rede geral e uma taxa de ocupação média dos aviões de 80,1%. Esta tendência de crescimento da companhia mantém-se de forma sustentada, colocando-a neste indicador bem acima da média das companhias da AEA (Associação de Companhias Aéreas Europeias). O crescimento de que falamos neste período é resultado do melhor aproveitamento de meios (lugares de avião) e reforço da oferta em alguns destinos, não tendo ainda em conta a abertura de novas linhas neste verão. Somente Manaus e Belém foram abertas em junho (dia 3), todas as outras foram inauguradas apenas a partir de 1º julho. M&E - O Governo português anunciou que pretende reabrir a privatização da Tap ainda esse ano. Como está o processo? Luiz Mór - Sim, o Governo tem reafirmado

isso, mas até o momento a operação não foi relançada. Foi feita nova análise e reavaliação da empresa, e caberá ao Governo, como acionista único da companhia, escolher o momento mais adequado face à conjuntura do mercado e ao conhecimento de potenciais interessados. M&E - Como está a operação dos novos voos que ligam Manaus e Belém a Lisboa? Luiz Mór - A operação para os novos destinos de Manaus e Belém está indo bem e dentro das nossas expectativas, com três frequências por semana e um total de 30.068 reservas nesta data. No primeiro mês e meio de operação [de junho até a metade de julho], a rota operou com 75,2% de ocupação, o que é uma boa performance para o início de um voo. A ocupação para os próximos meses deve evoluir positivamente, apresentando valores próximos da média das restantes rotas do Brasil. M&E - Somente em 2014 a Tap anunciou 11 novas frequências. Podemos esperar novas rotas da companhia no Brasil? Luiz Mór - Além de Manaus e Belém, foram também abertas operações para

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Bogotá e Panamá, na América Latina, e para mais sete destinos na Europa, nomeadamente: Oviedo (Espanha), Nantes (França), Belgrado (Sérvia), Gotemburgo (Suécia), Talin (Estónia), Hanôver (Alemanha) e S. Petersburgo (Rússia). No Brasil, neste momento, a Tap opera para 12 gateways, cobrindo praticamente todas as regiões geográficas do país e chegando às 81 frequências semanais. No ano passado, a Tap transportou 1.541.723 passageiros nas linhas do Brasil, com uma taxa média de ocupação dos aviões (load-factor) elevada, na ordem dos 84,2%. Além de Manaus e Belém, este ano a companhia reforçou o número de voos para alguns destinos no Brasil, como o Rio (com mais 1 frequência), chegando a 14 voos por semana. Salvador ganhou mais uma frequência, e passou a ser diário; enquanto Natal e Porto Alegre ganharam mais uma frequência cada, passando, respectivamente, para quatro e cinco voos semanais. A Tap acompanha o tempo todo a evolução dos mercados, especificamente o brasileiro, que é uma das apostas fortes da companhia e que tem tido bons resultados, mas, em concreto, neste momento, não está definida a abertura de mais rotas a curto prazo. M&E - Como você vê a aviação brasileira atualmente? Para o senhor, quais os principais entraves que impedem que o setor se desenvolva no país? Luiz Mór - A aviação brasileira é uma das mais fortes e dinâmicas do mundo. Os principais problemas que enfrenta são a infraestrutura aeroportuária e de navegação aérea, com necessidade de modernização e ampliação e que já tem dado sinais importantes de processo de melhora, e fiscais, principalmente o ICMS estadual sobre combustível, que é caro e diferente nos estados.


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Tam Entrevista com Claudia Sender

>> Mais de três milhões de passageiros foram transportados pela Tam durante a Copa do Mundo, em mais de 20 mil voos. De acordo com a companhia, o tráfego geral de passageiros em todo o mercado doméstico no Brasil diminuiu 5,2% durante o megaevento, enquanto a oferta de assentos recuou 5,1%. Como resultado, a taxa de ocupação doméstica da Tam diminuiu 0,1 ponto percentual, chegando a 80,8% - em comparação com o mesmo período do ano passado. Embora a demanda tenha ficado abaixo do esperado, Claudia Sender, presidente da Tam, afirma que está contente com o resultado das operações durante o Mundial. MERCADO & EVENTOS - Em março deste ano, a Tam deixou de fazer parte da Star Alliance para ingressar na Oneworld. Como foi esse processo de adaptação? Que novidades podemos esperar para o futuro? Claudia Sender - Uma das principais razões para a entrada da Tam na Oneworld foi a existência de um intenso fluxo de brasileiros para os Estados Unidos, com diversas conexões para destinos além dos oferecidos pela Tam. A nova aliança trouxe a parceria com a American Airlines, que oferece aos nossos passageiros muito mais opções de conexão partindo de nossos destinos, como Miami e Nova York. Mesmo após a saída da Star Alliance, mantivemos a parceria com a Lufthansa, que conecta nossos clientes a várias cidades da Europa e Ásia. Além disso, a entrada na Oneworld foi mais um importante passo para concretizar o ingresso de todo o Grupo Latam Airlines nesta aliança, já que a Lan Airlines é membro desde 2000, bem como todas as suas filiais - Lan Argentina, Lan Colômbia, Lan Equador e Lan Peru. Com a Oneworld, nossos passageiros possuem ainda mais facilidades em suas viagens, com melhores conexões e mais opções

ano passado, chegando a 80,8%. Ao todo, a Tam transportou cerca de três milhões de passageiros no mercado doméstico em mais de 20 mil voos realizados entre 12 de junho e 13 de julho de 2014.

de destinos. A aliança também trouxe mais sinergias para o Grupo Latam, o que resulta em uma proposta de valor mais coerente e eficaz a seus passageiros. M&E - Como avalia o período da Copa par a Tam? Claudia Sender - A queda da demanda foi menor do que o esperado para o período do evento. No geral, a nossa operação fluiu muito bem e cumprimos a missão de contribuir decisivamente com o sucesso do torneio. O saldo operacional é positivo e resulta do planejamento, da boa coordenação e colaboração no dia a dia com as autoridades. Estamos satisfeitos com a nossa flexibilidade operacional porque conseguimos adaptar drasticamente a nossa complexa rotina para atender ao novo perfil dos viajantes e, mesmo assim, mantivemos altos níveis de excelência nos serviços e na segurança operacional. Segundo estatísticas operacionais preliminares do Grupo Latam Airlines para junho de 2014, o tráfego geral de passageiros da Tam em todo o mercado doméstico no Brasil diminuiu 5,2%, enquanto a oferta de assentos recuou 5,1%. Como resultado, a taxa de ocupação doméstica da Tam diminuiu 0,1 ponto percentual em comparação com o mesmo período do

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M&E - A sustentabilidade é um assunto em alta, que a cada dia ganha mais visibilidade. O que a Tam tem feito para amenizar os impactos ambientais causados pelo setor? Claudia Sender - A estratégia de meio ambiente da Tam está integrada à sua operação. Isto quer dizer que buscamos a otimização dos recursos e dos processos, focamos na renovação da frota e em programas para redução do consumo de combustível. Em 2013, por exemplo, obtivemos resultados positivos com o principal projeto de eficiência da Tam, o Smart Fuel, que trata de iniciativas de economia de combustível relacionadas à redução do peso das aeronaves e toma medidas para a economia de energia em escalas e conexões em aeroportos. O programa Smart Fuel tem como expectativa a redução de 74 milhões de litros de combustível e 119.700 toneladas de CO2 em 2014. Outro trabalho importante é a ampliação do uso da capacidade dos aviões, com foco na ocupação eficiente dos assentos (passageiros) e belly (carga), que impacta diretamente os custos e os indicadores ambientais. M&E - Para você, o que impede que a aviação regional se desenvolva no país? O que deve ser feito para mudar esse quadro e impulsionar o setor? Claudia Sender - O investimento em infraestrutura será muito importante para o desenvolvimento da aviação regional no país. Estamos confiantes no plano de desenvolvimento dos aeroportos regionais, em análise pelo governo, e continuamos estudando a possibilidade de atuar neste mercado no futuro.


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Copa Airlines Entrevista com Gustavo Esusy

>> Ao longo de 2014 a Copa Airlines apresentou novidades para o mercado brasileiro, entre elas, a ampliação das frequências entre Brasília e a Cidade do Panamá, e a implantação do terceiro voo diário a partir do Rio de Janeiro. Em dezembro, a companhia inaugura seu primeiro voo entre Campinas (SP) e o Centro de Conexões das Américas (Panamá), ampliando a presença no território brasileiro e estreitando laços com o interior paulista. “A Copa Airlines iniciará no mês de dezembro a operações a partir do Aeroporto Internacional de Viracopos (Campinas), rumo ao Aeroporto Internacional de Tocumen (Cidade do Panamá). Os voos serão diários e garantirão uma maior proximidade do interior paulista com os principais centros de negócios e lazer das Américas”, disse o gerente regional da Copa Airlines para o Mercosul, Gustavo Esusy. Ainda, de acordo com o executivo, o mercado brasileiro é de grande importância para a companhia, pois apresenta grande potencial em pilares importantes como a infraestrutura, mão de obra e, principalmente, demanda de passageiros. MERCADO E EVENTOS - A Copa Airlines anunciou a chegada de novos Boeings na frota. Isso vai se refletir em um possível aumento de frequências? Gustavo Esusy - A inclusão de novas aeronaves é um processo constante na Copa Airlines, que garante a renovação da frota e viabiliza a operação de novas rotas e aumento de frequências nos principais destinos. M&E - A Copa pretende voar em Viracopos ainda este ano? Gustavo Esusy - Já autorizado pela Anac, a Copa Airlines iniciará no mês de dezembro as operações a partir do Aeroporto Internacional de Viracopos (Campinas)

a Cidade do Panamá e os destinos São Paulo e Rio de Janeiro. Os voos possibilitaram um maior acesso de turistas das Américas do Norte, Central e Caribe às duas principais cidades-sede do evento, garantindo o melhor conforto e facilidades para os passageiros. Além disso, muitos países das Américas obtiveram excelente performance na Copa do Mundo, tais como Colômbia, México, Estados Unidos e Equador e, consequentemente, tivemos um importante papel na logística e oferta de serviços a todos esses torcedores, que puderam comprovar nossa excelente conectividade através do Panamá com as sedes da Copa do Mundo no Brasil. rumo ao Aeroporto Internacional de Tocumen (Cidade do Panamá), onde os passageiros poderão se conectar para mais de 60 destinos nas Américas do Norte, Central, Sul e Caribe, sem a necessidade de passar por filas de imigração e alfândega. Os voos serão diários e garantirão uma maior proximidade do interior paulista com os principais centros de negócios e lazer das Américas. M&E - O Governo Federal anunciou investimentos em aeroportos regionais. Isso pode abrir novos mercados para a Copa? Gustavo Esusy - Os investimentos em infraestrutura dos aeroportos brasileiros são muito importantes para a instalação e operação das companhias aéreas nacionais e internacionais. Esse fator é um dos determinantes para avaliação do mercado, das demandas e das possibilidades para as empresas aéreas. M&E - Qual foi o impacto da Copa do Mundo de Futebol para a companhia aérea? Gustavo Esusy - A Copa Airlines ofereceu aos passageiros que visitaram o Brasil, durante os jogos da Copa do Mundo, duas novas frequências sazonais entre

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M&E - Qual a importância do mercado brasileiro para a Copa Airlines? Gustavo Esusy - O mercado brasileiro é de grande importância para a Copa Airlines, pois apresenta grande potencial em pilares como a infraestrutura, mão de obra e, principalmente, demanda de passageiros. A companhia aérea atua fortemente com viajantes de negócios, que escolhem a Copa Airlines pela possibilidade de desfrutar das rápidas conexões no Centro de Conexões das Américas (Cidade do Panamá), pela excelente gama de destinos oferecidos, além das facilidades, como as bagagens despachadas diretamente para o destino final. Além disso, a Copa Airlines se posiciona como a melhor opção no segmento de turismo para a conexão entre as Américas e o Caribe, ligação que vem crescendo nos últimos anos e que possui excelente potencial, principalmente por turistas que buscam pelas melhores praias e hotéis no Caribe como, por exemplo, Cancun, Punta Cana, Curaçao e Aruba; e centros de compras, lazer e cultura na América do Norte, tais como Miami, Nova York, Tampa, Boston, Las Vegas e muitos outros destinos turísticos nas Américas.


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Singapore Airlines Entrevista com Twee Min Wang

>> A Singapore Airlines registrou lucro operacional de US$ 207 milhões no período 2013 – 2014, o que representa um aumento de 13,1% em relação ao ano anterior. A receita consolidada do Grupo Singapore apresentou incremento de 1% e isso se deve, principalmente, à alta receita obtida com o transporte de passageiros que ficou em aproximadamente US$220 milhões. O gerente-geral da Singapore Airlines no Brasil, Twee Min Wang, afirmou que a companhia sempre está verificando novos investimentos no país. “No momento, manteremos três voos semanais. Temos um comprometimento de longo prazo com o Brasil e a companhia está sempre avaliando a possibilidade de novas frequências”, disse. MERCADO & EVENTOS - A rota SP-Cingapura continua apresentando bons números de ocupação? Qual o perfil dos passageiros? Twee Min Wang - No ano fiscal encerrado em 31 de março de 2014, a Singapore Airlines transportou 18,6 milhões de passageiros em todo o mundo, um aumento de 2,3% em relação ao ano passado. Há um forte interesse e demanda pelos nossos voos de/para São Paulo. O perfil dos nossos passageiros é muito diverso. Atendemos de executivos em viagens a

lançou um site em português, alguma novidade prevista para este ano? Twee Min Wang - A Singapore Airlines sempre busca oferecer a melhor experiência de bordo aos nossos passageiros. Nós estamos constantemente investindo na atualização da frota para oferecer as últimas novidades nas cabines em termos de qualidade e conforto, assim como segurança e eficiência.

trabalho a pessoas e famílias em viagens de turismo. M&E - A companhia vislumbra algum novo destino no Brasil? As Olimpíadas podem ser uma oportunidade? Twee Min Wang - Estamos sempre verificando novos investimentos em paíseschave como o Brasil, mas, no momento, vamos continuar com a rota São Paulo – Barcelona – Cingapura. Sem dúvida, as Olimpíadas serão uma oportunidade para destacar o Brasil, globalmente, como destino turístico. M&E - Em 2013, a Singapore Airlines

M&E - A Singapore Airlines está planejando investir US$ 17 bilhões nos próximos cinco anos, alguma parte desse montante virá para o Brasil? Twee Min Wang - O investimento de mais de US$ 17 bilhões será destinado para as 60 novas aeronaves (A350-900s e B787-10Xs) que irão entrar na nossa frota a partir de 2016/2017. Essa renovação de aeronaves está entre as maiores da história da Singapore Airlines e ajudará a assegurar nossa posição de liderança no mercado. Essas novas aeronaves também proporcionarão uma oportunidade de crescimento, renovação da nossa frota e uma melhora da nossa rede. Nossos clientes poderão se beneficiar de mais opções de viagens e das últimas novidades nas cabines. Sim, eu espero ver algumas das novas aeronaves no Brasil em um futuro “não muito” distante.

Novo Centro de Treinamento A Singapore Airlines e a Airbus assinaram, no início deste ano, uma parceria que resultará em um centro de treinamento para voos em Cingapura. Denominado Centro de Treinamento Airbus Ásia (Airbus Asia Training Centre – AATC), o empreendimento será representado pela Singapore Airlines (45% de participação) e pela Airbus (55% de participação). O investimento inicial para a construção do AATC será de aproximadamente de 80 milhões de dólares de Cingapura, e cada empresa investirá a porcentagem relativa à sua parte no negócio. Sujeita a aprovações regulatórias, a operação deve começar antes do final de 2014. O AATC irá operar, inicialmente, a partir do Centro de Treinamento da Singapore Airlines, próximo ao Aeroporto de Changi, antes de mudar para o Seletar Aerospace Park, onde haverá uma estrutura

dedicada. O AATC irá oferecer treinamento em simuladores de voos para os modelos Airbus A320, A330, A340, A350 e A380. Novo gerente no Brasil Twee Min Wang assumiu a gerencia geral da Singapore Airlines no Brasil no fim de agosto deste ano. Ele será responsável pelas operações da companhia no país. Antes de assumir o cargo, Wang atuava na matriz, em Cingapura, como gerente sênior nas áreas de compras, sistemas e logística. Graduado em Negócios pelo Western Australian Institute of Technology, o executivo integrou a equipe da Singapore em 1982, atuando em mercados como Portugal, Espanha, Japão, Indonésia, África do Sul e Hong Kong.

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Korean Air Entrevista com Olaf Kaehlert

>> Uma das principais companhias do mundo, a Korean Air opera mais de 200 voos diários para 125 cidades em 45 países, inclusive o voo São Paulo - Los Angeles - Seoul, com três frequências semanais. Entre suas 155 aeronaves, a companhia é uma das poucas que opera o Airbus A-380. Nessa entrevista, Olaf Kaehlert, gerente geral para América Latina da Koren Air, explica os diferenciais da aérea, além de pontuar ações para o Brasil e América Latina. Kaehlert ainda destaca a importância dos agentes de viagem na venda das passagens da Korean Air. “Os agentes são um dos nossos principais elos com o consumidor. Posso afirmar que a maior parte da nossa comercialização no país é feita por agências de viagens”, afirmou o gerente geral. MERCADO E EVENTOS - Qual a importância do Brasil para os negócios da empresa? Há previsão de novos voos ou frequências? Olaf Kaehlert - A satisfação dos passageiros brasileiros é muito grande e há uma boa parcela deles viajando em nossos voos. Oferecemos um serviço de qualidade, pontualidade e reputação, que faz com que nossa marca seja reconhecida no país. Na América do Norte, a Korean Air é uma das mais importantes e reconhecidas companhias aéreas, com 12 pontos de saídas e dezenas de voos diretos para a Ásia, partindo de quase todo grande centro urbano dos EUA. No Brasil, porém, temos ainda uma presença limitada a três frequências semanais entre São Paulo - Los Angeles - Seoul. Durante a Copa do Mundo elevamos a frequência dos voos para cinco vezes na semana para atender a demanda. Há sempre a intenção de aumentar frequências e incluir novos destinos nas Américas, entretanto, no momento, a demanda tem se mantido bastante estável, por isso não temos pla-

nejamento, a curto prazo, de começar a operar uma nova rota para o Brasil. M&E - Como é o mercado da América Latina para a companhia? Olaf Kaehlert - América Latina é um mercado importante para a Korean, principalmente México, Colômbia e Peru. Em 2013, com o intuito de aumentarmos nossa presença na América Latina, abrimos novos canais de vendas no Panamá, Costa Rica e Equador. Nosso objetivo foi criar melhores condições de vendas para os agentes e fomentar uma estrutura mais ampla para, no futuro, podermos aumentar a presença no continente. Hoje, a Korean Air já atua dentro do BCP no Chile, Colômbia, Peru, México, Brasil, Bolívia e Argentina. M&E - A Korean Air é uma das poucas companhias aéreas que opera o Airbus A-380. Qual o diferencial dessa aeronave? Existe a possibilidade de que essa aeronave venha para o Brasil? Olaf Kaehlert - Não há nenhuma previsão de trazer o A-380 para o Brasil. O A-380 é uma aeronave que se presta, principalmente, a rotas com uma demanda muito grande de passageiros. Esse ainda não é o caso da operação brasileira. O modelo

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A-380 foi introduzido em 2011 a fim de fornecer mais conforto e espaço do que as outras companhias durante os voos longos como entre América do Norte e Ásia. O diferencial da configuração da nossa aeronave A-380 é que ela possui dois pisos e apenas 407 assentos, distribuídos por três classes, e ainda três bares e lounges, que oferecem drinks e coquetéis exclusivos da marca Absolut criados para a Korean. A configuração normal é de 500 a 600 assentos para um A-380. Além disso, a Korean foi a primeira companhia aérea do mundo a dedicar todo o andar superior do avião para uma única classe. Com 94 assentos, o andar superior é totalmente reservado para a classe “Prestige”, proporcionando uma experiência que não pode ser comparada a outras classes executivas. Outro diferencial do A-380 é o “Duty Free Showcase”, localizado na parte traseira do andar inferior. Esse espaço apresenta uma variedade de produtos livres de impostos. M&E - Como o senhor avalia a importância dos agentes de viagem na comercialização das passagens aéreas? Como a Korean estimula esse relacionamento? Olaf Kaehlert - Os agentes de viagem são muito importantes para a comercialização dos bilhetes da Korean, eles são um dos nossos principais elos com o consumidor. Posso afirmar que a maior parte da nossa comercialização no país é feita por agências de viagens. Dessa forma, pode-se imaginar que o relacionamento com as agências é uma prioridade para a nossa empresa. Além de visitas comerciais frequentes, tentamos manter um diálogo aberto e constante com os nossos principais parceiros nas agências. Estamos sempre dispostos a ouvir o que eles têm a dizer e não existem temas fora de cogitação. Queremos ouvir tanto elogios como críticas porque só podemos melhorar e crescer com o feedback do cliente e das agências.


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American Airlines Entrevista com Dilson Verçosa

>> A American Airlines adicionará um novo voo para o Aeroporto Internacional de Viracopos (VCP), em Campinas, a partir de seus hubs em Miami e no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. A nova rota marca o décimo destino da American no Brasil, fortalecendo ainda mais a posição da companhia como a principal operadora norte-americana no país e a que mais oferece opções para clientes que viajam de/ para São Paulo. O voo diário de Miami para Campinas será lançado em 2 de dezembro de 2014, enquanto o que decola do aeroporto JFK (operado três vezes por semana) estará disponível a partir de 1º de dezembro de 2014, dependendo de aprovação governamental. “Estamos muito empolgados com o lançamento das duas novas rotas para Campinas, uma cidade cosmopolita e movimentada na região Sudeste, centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia do Brasil”, diz o diretor de Vendas da American Airlines no Brasil, Dilson Verçosa. “Este novo destino demonstra nosso compromisso com o país e também em continuar procurando oportunidades para expandir ainda mais a crescente rede de nossa companhia na América Latina”, completa o executivo. MERCADO & EVENTOS - Os turistas americanos foram os que mais visitaram o Brasil durante a Copa do Mundo. Isso representa a possibilidade de novos negócios? Dilson Verçosa - Sim e seria ainda melhor se a política de vistos fosse mais facilitada. A Copa do Mundo foi muito boa para a American, principalmente nas rotas do Norte e Nordeste (Manaus e Recife), onde a seleção americana jogou. M&E - O que AA está oferecendo como diferencial competitivo para conquistar o passageiro brasileiro? Dilson Verçosa - O nosso maior dife-

(T3) ainda neste semestre. Eventualmente, em função de alguma necessidade operacional, a companhia faz uso de um portão disponível no T3 para embarcar os passageiros de seus voos. Porém, os procedimentos de check-in são realizados no Terminal 2 do aeroporto, onde a companhia está instalada.

rencial é ser a companhia aérea que mais oferece voos entre o Brasil e os Estados Unidos. Também temos uma equipe grande e totalmente brasileira voltada para atender o mercado, incluindo comissários brasileiros a bordo. A American, como uma empresa sólida, está comprando novas aeronaves e algumas delas já estão voando no Brasil, como o 777-300ER (de São Paulo para Dallas e Nova York) e o 737-800, que opera o voo Manaus/Miami. M&E - E a importância das novas frequências no aeroporto de Viracopos? Dilson Verçosa - Estamos muito empolgados com o lançamento das duas novas rotas para Campinas, uma cidade cosmopolita e movimentada na região Sudeste, centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia do Brasil. Este novo destino demonstra nosso compromisso com o país e também em continuar procurando oportunidades para expandir ainda mais a crescente rede de nossa companhia na América Latina. M&E - Alguma novidade referente ao Terminal 3 de Guarulhos? Dilson Verçosa - A American Airlines terá sua operação transferida para o novo Terminal do Aeroporto de Guarulhos

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M&E - Qual a importância do mercado brasileiro para a AA? Dilson Verçosa - O Brasil já é a operação internacional mais importante da American Airlines. Atualmente, oferecemos 95 voos semanais a partir de nove cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus, Recife, Salvador, Brasília, Curitiba e Porto Alegre) para Nova York, Miami, Dallas e Los Angeles. O Brasil é tão importante para a American que, em 2013, o 777-300ER, nossa mais nova e moderna aeronave, começou a operar voos de São Paulo (GRU) para Dallas/Fort Worth (DFW) e Nova York (JFK). O 777-300ER também vai operar um de nossos voos de São Paulo (GRU) para Miami a partir de outubro. M&E - A entrada da Tam na Oneworld afeta a parceria com a AA? Dilson Verçosa - Muito pelo contrário. A entrada da Tam fortalece a parceria, pois os passageiros podem usar as duas companhias, por meio do acordo de codeshare e dos programas de fidelidade. M&E - E a fusão com a US Airways? Dilson Verçosa - As duas companhias ainda estão em processo de fusão e aguardam a emissão do certificado único, emitido pelos Estados Unidos, para que possam integrar suas operações e usar um único nome: American. Até lá, as empresas operam como companhias independentes, por meio de acordo de codeshare em suas respectivas rotas.


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Air Europa Entrevista com Luis Antonio Sobrinho

>> A Air Europa trabalha para ter um voo diário entre Madri, a capital da Espanha, e São Paulo (GRU). As informações são do gerente geral da Air Europa no Brasil, Luis Sobrinho. Desde que começou a operar a rota, em dezembro de 2013, a frequência é de cinco voos semanais. Ainda de acordo com o executivo, a companhia aérea estuda a possibilidade de novas frequências na América do Sul após decolar para Santiago. “Estamos analisando as possibilidades, dentro dos acordos bilaterais existentes, para o aumento do número de destinos servidos através de nosso hub no Aeroporto Internacional de Salvador”, afirmou Luis Sobrinho. MERCADO & EVENTOS - Em recente entrevista, o presidente do grupo Globalia, ao qual pertence a Air Europa, Juan José Hidalgo, confirmou um plano “agressivo” de expansão à América Latina via Brasil. O país pode virar um hub da companhia na região? Luis Antonio Sobrinho - Como maior país da América Latina, o Brasil é vital para as operações da Air Europa no continente. Estamos em meio ao desenvolvimento do projeto que visa transformar o Aeroporto Internacional de Salvador num hub entre a Europa, Brasil e América do Sul. M&E - Atualmente, a Air Europa possui uma parceria grande com o trade baiano. A mudança de mão no Governo Estadual assusta a companhia? Luis Antonio Sobrinho - Não, pois qual é o governo que não almeja dar continuidade ao desenvolvimento gerado através da conexão entre seu estado (e região) utilizando os voos da nossa Air Europa para a América do Sul? M&E - A Copa do Mundo superou as expectativas da companhia? Luis Antonio Sobrinho - A Copa do Mundo foi importante para acrescentar

presos com a demanda local e a ocupação de nossos voos neste novo destino Air Europa, já que este também tornar-se responsável pelo aumento da demanda dos turistas chilenos, que passaram a utilizar este acesso direto para visitar a região Nordeste do Brasil.

positivamente a imagem do Brasil como país no exterior. Com certeza isto trará, a longo prazo, uma demanda de investidores e estrangeiros interessados na diversidade turística existente em nosso país, os quais utilizarão nossos voos para aproveitarem a oportunidade de turismo no sentido Europa - Brasil. A respeito de novos destinos, de momento, visamos consolidar os projetos existentes no país. M&E - Como estão os números dos voos Salvador-Madri? Luis Antonio Sobrinho - Os números estão muito bons e atendendo aos interesses de nossa companhia. Com parcerias junto as cias aéreas brasileiras, conseguimos atingir, além do estado baiano, outros grandes centros da região Nordeste, o que nos fortalece e garante o nível desejado de ocupação em nossa operação. M&E - E a perna para Santiago? Luis Antonio Sobrinho - Fator ímpar no país que proporciona aos nossos clientes da região Nordeste desfrutarem do trecho mais curto da viagem aérea entre a região e Santiago (Chile) através do Aeroporto Internacional de Salvador – Deputado Luís Eduardo Magalhães. Estamos sur-

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M&E - E o São-Paulo Madri? Ainda existe a possibilidade dele se transformar em voo diário? Luis Antonio Sobrinho - Nossos voos entre São Paulo/Madri e conexões estão com boa ocupação desde o seu inicio, em 17 de dezembro de 2013. Estamos trabalhando para que esta operação passe a ser diária, este é o desejo de nossa empresa. M&E - Existe a possibilidade de novas frequências? Montevidéu é uma? Luis Antonio Sobrinho - Estamos analisando as possibilidades dentro dos acordos bilaterais existentes para o aumento do número de destinos servidos através de nosso hub no Aeroporto Internacional de Salvador. M&E - A Air Europa voará para novos destinos no Caribe. Existe a possibilidade de voos partindo do Brasil? Luis Antonio Sobrinho - A Air Europa já opera a partir do Aeroporto de Madri voos non stop para Cancun, Havana, Porto Rico, Punta Cana e Santo Domingo. M&E - Existe a possibilidade da Air Europa voar com o B787 no Brasil a partir de 2016? Luis Antonio Sobrinho - Temos um acordo com a Boeing para a entrega de oito aeronaves 787 Dreamliner, dos quais os dois primeiros aviões serão incorporados à frota da Air Europa no início de 2016. Dentro do plano de ação de nossa empresa e chegadas dos novos 787 Dreanliner, há a possibilidade de que também façam os voos entre Brasil e Espanha.


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Alitalia Entrevista com Antonio Sgro

>> Nesta entrevista ao M&E, o vice-presidente de Vendas da América do Sul e Central da Alitalia, Antonio Sgro, falou sobre a compra de 49% do capital da Alitalia pela Etihad Airways. O valor da transação não foi anunciado, mas o ministro italiano dos Transportes, Maurizio Lupi, citou um investimento inicial da Etihad de 560 milhões de euros, aos quais seriam adicionados 690 milhões nos próximos quatro anos para desenvolver e renovar a frota. “Não se trata de um processo de compra e sim de uma participação acionária da companhia aérea de Abu Dhabi na Alitalia. Esta participação será útil não só para as duas companhias, mas também será uma forma de oferecer aos nossos clientes novas escolhas e oportunidades para aqueles de viajam a negócios ou a lazer de/para a Itália”, afirmou. O executivo também diz que, seguramente, a companhia reforçará a sua presença no Brasil. “O mercado brasileiro é de extrema importância para a Alitalia, sendo um dos maiores do mundo e com uma relevante presença de descendentes italianos. O crescimento da economia brasileira nos últimos anos e a organização de grandes eventos, como a Copa do Mundo, e proximamente as Olimpíadas, faz com que a Alitalia continue investindo no país”, comenta. MERCADO & EVENTOS - A Alitalia transportou 311 mil passageiros nas rotas brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro) em 2013, crescimento de 6% na comparação com 2012. Qual a previsão para 2014? Antonio Sgro - O novo plano industrial 2013-2016 da Alitalia prevê um amplo desenvolvimento do network intercontinental graças à abertura de novas rotas potenciais, incremento da presença da companhia nos destinos já servidos, compromisso de investir em áreas com

M&E - A Etihad deve mesmo comprar a Alitalia? Antonio Sgro - Não se trata de um processo de compra e sim de uma participação acionária da companhia aérea de Abu Dhabi na Alitalia. Esta participação será útil não só para as duas companhias, mas também será uma forma de oferecer aos nossos clientes novas escolhas e oportunidades para aqueles de viajam a negócios ou a lazer de/para a Itália.

forte presença da comunidade italiana e a expansão de parcerias já existentes. O desenvolvimento das atividades intercontinentais é apoiado também pelo crescimento da frota com a entrada de seis novos Airbus A330 até 2016. No plano, um dos mercados potenciais e com grande presença da comunidade italiana, onde a Alitalia reforçará a sua presença, será seguramente o Brasil. Vale a pena ressaltar que, graças ao nosso recente acordo de code-share com a companhia aérea Gol, qualquer passageiro pode desfrutar da malha aérea brasileira da Gol em conexão com os voos da Alitalia que saem do Rio de Janeiro e de São Paulo. Com este acordo, certamente os números aumentarão. M&E - A mudança para o Terminal 3 de Guarulhos vai gerar alguma novidade? Antonio Sgro - Em 26 de julho, transferimos nossas operações de check-in, embarque e desembarque do Terminal 1 para o recém-inaugurado Terminal 3 do Aeroporto Internacional de São Paulo, Guarulhos. Isso trará aos passageiros mais comodidade, agilidade no atendimento, além do conforto de um espaço dedicado apenas às companhias aéreas internacionais.

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M&E - Em abril, a Alitalia aumentou os números de voos no Rio de Janeiro e São Paulo. O que os motivou? Antonio Sgro - O mercado brasileiro é de extrema importância para a Alitalia, sendo um dos maiores do mundo e com uma relevante presença de descendentes italianos. O crescimento da economia brasileira nos últimos anos e a organização de grandes eventos, como a Copa do Mundo, e proximamente as Olimpíadas, faz com que a Alitalia continue investindo no país. M&E - A Copa do Mundo abriu novos mercados para a Alitalia? Quais? Antonio Sgro - Reforçamos os nossos voos de São Paulo e Rio de Janeiro e continuaremos com o crescimento no Brasil visando não só as Olimpíadas de 2016, e sim baseados na economia brasileira, com potencial de desenvolvimento para os próximos anos. M&E - Qual a meta para o mercado brasileiro? Antonio Sgro - No Brasil, a meta é alçar o país ao segundo lugar em número de passageiros transportados em três a quatro anos no ranking de destinos fora da Europa. Hoje, o Brasil está em terceiro lugar, atrás de EUA e Japão. Em 2012, foram transportados 357 mil passageiros em voos da Alitalia entre Brasil e Itália, ou 65% do fluxo total entre esses dois países.


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Emirates Entrevista com Stephane Perard

>> Para ter seu nome e imagem associados à Copa do Mundo, a Emirates gastou o estimado por especialistas em R$ 100 milhões ao longo de quatro anos, tornando-se empresa parceira da Fifa. Um número impressionante, mas certamente uma ínfima fatia do orçamento dedicado ao patrocínio esportivo, que virou a principal estratégia da marca para tornar-se globalmente conhecida. “Os patrocínios são parte da estratégia de comunicação global da Emirates. Estamos particularmente ativos no esporte, pois ele tem o poder de transcender fronteiras, inspirar e tocar a todos de maneiras muito pessoais”, explica o diretor geral da Emirates Airlines no Brasil, Stephane Perard. MERCADO & EVENTOS - Com sete anos de operação no Brasil, a Emirates opera voos a partir de São Paulo e do Rio de Janeiro. Como avalia o atual momento da empresa no país? Stephane Perard - A Emirates tem tido uma operação muito bem sucedida no Brasil. Nós começamos com um voo seis vezes por semana para São Paulo, que logo tornou-se diário. Outra demonstração do compromisso com o mercado brasileiro foi o lançamento de um voo diário para o Rio no início de 2012. Mesmo com o aumento da concorrência no mercado brasileiro, a Emirates tem conseguido manter a sua taxa de ocupação em um nível muito satisfatório. Desta forma, o momento é de manter os bons resultados e trabalhar para aumentar ainda mais as taxas de ocupação nos voos para o Brasil. M&E - A companhia foi uma das patrocinadoras da Copa do Mundo 2014, que aconteceu no Brasil. Como o evento foi utilizado para capitalizar visibilidade para a marca? Stephane Perard - Os patrocínios são uma parte integrante da estratégia de

Rio de Janeiro e com extensão a Buenos Aires, mostrando o compromisso com o mercado brasileiro. E como já era de se esperar, as rotas mais populares para o mercado brasileiro permanecem as mesmas: China, Japão, Emirados Árabes e Austrália são os países mais populares.

comunicação global da Emirates. Estamos particularmente ativos nos esportes, de maneira global, pois o esporte tem o poder de transcender as fronteiras, inspirar as pessoas e tocá-los de maneira muito pessoal. A percepção da marca é, provavelmente, um dos principais resultados obtidos com a Copa do Mundo 2014. Durante o torneio foram transportados mais de 18 mil fãs de futebol para o Brasil e transmitidos todos os jogos da Copa ao vivo na TV a bordo da Emirates. Acreditamos que este torneio nos ajudou a conectar-nos ainda mais com os fãs de futebol em todo o mundo e nos deu a chance de promover uma relação muito coerente com as pessoas convidadas a assistir aos jogos ao vivo nas Arenas no Brasil. M&E - Está havendo um deslocamento do turista brasileiro para destinos menos explorados? Stephane Perard - Desde que iniciamos nossas operações no Brasil, em 2007, a Emirates tem visto um aumento no número de passageiros voando com a gente. Após o voo de São Paulo, que tornou-se diário, a companhia lançou, em 2012, um segundo voo para o Brasil, com destino ao

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M&E - A Emirates tem aeronaves A-380, o maior avião do mundo, mas sem operação no Brasil. Qual a previsão para que eles sejam utilizados no país? Stephane Perard - Temos hoje 50 aeronaves A-380 em operação e 40 ainda estão por vir. Como o maior operador deste tipo de aeronave, a Emirates está constantemente avaliando novos mercados para implantar o A-380. A decisão de operar este avião em determinado destino ocorre quando são cumpridos os requisitos comerciais e técnicos mínimos. M&E - Após ingressar na direção da Emirates no Brasil, o senhor pretende reformular algo da companhia no país? Como analisa hoje a relação da empresa com os agentes de viagem? Stephane Perard - Certamente planejamos continuar a fortalecer nosso relacionamento com os agentes de viagens. Isso fica em evidência no super famtrip que estamos preparando para o final do ano em parceria com o DTCM (Departamento de Turismo, Comércio e Marketing) e deverá acontecer em novembro, quando 80 agentes terão a oportunidade de experimentar o que é voar com a Emirates. Essa ação tem como objetivo dar a estes profissionais uma ideia do nosso produto, assim como também reconhecer seus esforços e dar-lhes conhecimento através de uma experiência real do que a Emirates e Dubai têm a oferecer. Também estamos patrocinando a campanha “Vendi Dubai”, que irá premiar os agentes de viagens que vendem o destino.


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Lufthansa Entrevista com Annette Taeuber

surgir para atender essa demanda que só cresce? Annette Taeuber- Operamos com quatro voos diários para o Brasil. Três voos partem de São Paulo: Frankfurt (Lufthansa), Munique (Lufthansa) e Zurique (Swiss). E um voo sai do Rio de Janeiro com destino a Frankfurt e conexões. Tivemos crescimentos constantes nos últimos anos. Em 2012 foram 32.4% a mais de capacidade, em 2013 esse valor foi de 10% e este ano chegaremos a 60% no mercado carioca e 20% com a introdução do Boeing 747-8 em São Paulo. É o momento de consolidar este enorme crescimento.

>> A Lufthansa ampliou a oferta no Brasil. No Rio de Janeiro, o incremento foi de 60% no número de assentos, enquanto em São Paulo houve uma expansão de 10%. Desde o dia 30 de março, a empresa passou a utilizar o Boeing 747-400 na rota Rio de Janeiro-Frankfurt, em vez do atual Airbus 340-300, o que resultou na oferta de quase 8 mil lugares por mês a mais. “Desde que retomamos os voos para o Rio de Janeiro, há pouco mais de dois anos, o movimento só tem crescido, começamos com cinco voos por semana e logo depois já estávamos voando diariamente”, comemora a diretora da Lufthansa para o Brasil, Annette Taeuber. MERCADO & EVENTOS - No início deste ano, a Lufthansa aumentou a oferta e garante agora oito mil assentos do Rio de Janeiro para a Europa. Essa demanda foi atendida? Annette Taeuber - Sim, completamente! O Seat Load Factor esteve até acima das expectativas. Claro que o fato da Alemanha ter chegado à Final da Copa também ajudou. Contudo, não tivemos somente passageiros chegando, mas também brasileiros viajando à Europa, Ásia, Oriente Médio. Nos destacamos no mercado carioca por oferecermos uma First Class 5 Star, única cia aérea europeia a ter este status. Os passageiros estão encantados, cada um tem uma cama e uma poltrona, duplo espaço com um premiado serviço a bordo e em solo. A classe executiva e a classe econômica também têm recebido muitos elogios de nossos clientes. Além disso, em todos os nossos voos intercontinentais - e em todas as classes - oferecemos Flynet - internet de banda larga a bordo. M&E - A Lufthansa trouxe o Boeing 747-8 para São Paulo, uma aeronave nova, que aumenta em 20% a oferta de assentos. Isso será uma tendência no Terminal 3? Annette Taeuber - Acredito que a Luf-

thansa foi pioneira neste sentido. Trabalhamos em cooperação com GRU Airport desde o início, possibilitando assim sermos os primeiros a operar no novo Terminal 3 e com o mais moderno avião utilizado no Brasil atualmente. A rainha dos céus, como é chamado, ganha em eficiência, são 15 % a menos de consumo, 30% a menos de ruído. Além do mais moderno a bordo: nova First Class e a nova Business Class, dividida entre o Main Deck e o Upper Deck, assentos full flat, serviço ampliado e muito conforto. Também a classe Econômica conta com mais espaço entre as poltronas, assentos mais modernos e um programa de entretenimento com mais de 100 filmes em oito idiomas. Com este novo avião passamos também a ser a companhia aérea europeia com maior oferta de assentos a partir do Aeroporto de Guarulhos. E a grande novidade que anunciamos é a introdução de uma quarta classe de reserva: a Premium Economy. O Brasil será a primeira rota a receber este novo produto a partir de 11 de dezembro deste ano. Não se trata de uma Econômica com mais espaço, mas de uma classe totalmente nova. M&E - Novos voos para o Brasil podem

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M&E - Hoje a América Latina representa 5% do faturamento da Lufthansa. Esse número pode aumentar até o fim do ano? Annette Taeuber- Acredito que sim. Com a Copa do Mundo e aumento de capacidade acima da média mundial poderemos crescer ainda mais neste número. O Brasil é o maior mercado da América Latina. Operamos quatro voos diários do Brasil, dois voos diários no México e também diariamente de Buenos Aires, Caracas, Bogotá. M&E - A Lufthansa anunciou que quer ampliar a oferta de voos de baixo custo para a Europa e o resto do mundo com duas novas marcas, uma delas a Eurowings. Como isso pode impactar para o mercado brasileiro? Annette Taeuber- Queremos continuar sendo o maior grupo de aviação do mundo e a maior cia aérea europeia. Queremos continuar líderes na aviação e sermos benchmarking no nosso setor. Neste sentido, há vários projetos em andamento, desde uma continua busca do aumento em eficiência, passando por novos conceitos de crescimento sustentável, qualidade e serviço, até nos tornarmos a única cia aérea cinco estrelas pelo Skytraxna Europa.


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Delta Airlines Entrevista com Luciano Macagno

>> A Delta tem um objetivo claro: ser a melhor companhia aérea dos EUA na América Latina e no Caribe. As informações são do novo diretor da Delta no Brasil, Luciano Macagno. De acordo com ele, o mercado brasileiro é de importância fundamental para o sucesso da companhia, representando praticamente metade dos negócios na América do Sul. MERCADO & EVENTOS - Com investimentos de aproximadamente US$ 3 bilhões programados para os próximos dois anos, quais são os objetivos da Delta no Brasil durante este tempo? Luciano Macagno - A Delta tem um objetivo claro, que é ser a melhor companhia aérea dos EUA na América Latina e no Caribe. A companhia tem um compromisso com cada um de seus mercados, e o Brasil não é exceção. Temos, em cada um de nossos voos, comissários que falam português e que foram treinados para prestar atenção às necessidades dos nossos clientes brasileiros. O feedback que recebemos dos nossos passageiros e a postura da própria indústria falam por si. Representando praticamente metade dos negócios na América do Sul, o mercado brasileiro é de importância fundamental para o sucesso da Delta. Todos os anos, nós nos tornamos ainda mais fortes na região, e parte dessa força é atribuída diretamente à expansão de nossa rede graças a aliança que temos com a Gol. M&E - Há planos de aumentar a parceria com a Gol? Luciano Macagno - A Delta tem um importante acordo de codeshare com a Gol, o que nos permite fortalecer nossos serviços, criando uma melhor experiência para o cliente, por estarmos mais próximos deles, e oferecer uma proposta de maior valor agregado. Em 2011, a Delta anunciou um investimento de US$ 100 milhões na Gol, o que representa 3% de

participação na empresa e garantiu um assento no Conselho de Administração da nossa parceira estratégica. Além disso, a Delta tem joint ventures com a Air France, KLM e Alitalia. M&E - A Copa do Mundo gerou novos negócios para a companhia? Luciano Macagno - A Copa do Mundo foi um evento único e apresentou desafios para a indústria da aviação e para muitos setores no Brasil. É importante levar em conta que o impacto do evento não se nota apenas no curto prazo, mas também em caráter geral. A Copa do Mundo foi bem sucedida em mostrar o Brasil e ao atrair milhares de turistas que ficaram fascinados com a sua cultura, com a beleza do país e, claro, pelo futebol. Se você considerar que a Copa do Mundo na África do Sul rapidamente impulsionou seu turismo em mais de 300% nos anos seguintes à realização do evento, podemos esperar o mesmo para o Brasil. Considerando o quanto o Brasil significa para Delta, não falamos em sucesso individual: o que é bom para o Brasil, é bom para a Delta. M&E - A Delta vai fechar o ano de 2014 com crescimento no Brasil? Luciano Macagno - A Delta vem investin-

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do na América Latina já há algum tempo, especialmente no Brasil. Este ano não é exceção. Registramos crescimento de dois dígitos e estamos dobrando os serviços prestados do Brasil para os Estados Unidos, via Atlanta, melhorando o produto oferecido em Brasília, e melhorando o aproveitamento do Brasil em todos os serviços, além de estarmos otimizando nossa conectividade para o interior do país graças à nossa aliança com a Gol. Estes são alguns dos nossos maiores investimentos e são eles que nos levam em direção ao objetivo principal: fazer da Delta a melhor operadora dos EUA no Brasil. A partir de outubro, quando embarcarem em São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília, os passageiros contarão com aeronaves que oferecerão os mesmos serviços, incluindo os assentos flatbed na categoria Business Elite, as vantagens das poltronas Economy Comfort, e nossos serviços completos e premiados na classe Econômica, com sistema de entretenimento individual. Somos a única companhia aérea a oferecer três classes de serviço em todos os voos do Brasil para os EUA. M&E - O fim da comissão para os agentes de viagens afetou o mercado? É uma tendência? Luciano Macagno - O conceito de comissionamento vem mudando globalmente há algum tempo, no Brasil isso começou há alguns anos. Algumas companhias americanas levaram mais tempo e estabeleceram essa política neste ano. Nós fomos os últimos a anunciar a mudança. O agente de viagens tem uma grande vantagem com esta mudança, pois ela lhe dá o poder de estabelecer o valor do serviço. Nós estimulamos a existência de taxas de serviço, uma taxa extra para os viajantes a ser paga ao agente pelo seu trabalho na assistência e na compra do bilhete, entre outros serviços.


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Anac

Agência Nacional de Aviação Civil Entrevista com Cristian Vieira

>> Nos últimos 14 anos, o transporte aéreo brasileiro passou por uma revolução, é o que aponta Cristian Vieira, gerente de Análise e Estatísticas e Acompanhamento de Mercado da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). De acordo com a Anac, desde 2002, a tarifa aérea média doméstica caiu 40% e a demanda por voos domésticos de passageiros mais do que triplicou. Entretanto, o setor ainda precisa de melhorias, entre elas, na malha aérea regional, que necessita de um grande investimento para se desenvolver. MERCADO & EVENTOS - Como você vê a aviação no Brasil hoje e quais são as perspectivas para o futuro? Cristian Vieira - Nos últimos 14 anos, o transporte aéreo passou por três importantes marcos regulatórios. A gradativa eliminação de barreiras - com a liberdade tarifária (em 2001, para voos domésticos e em 2010, para voos internacionais) e a de oferta (em 2005) - com a intervenção do Estado na gestão do negócio, tornou o mercado mais contestável e competitivo. A concorrência entre as empresas resultou em um setor mais eficiente, que gerencia melhor os seus custos e receitas e oferece serviços e tarifas diversificados para atender às necessidades dos mais variados perfis de usuários. Um segundo importante marco para o setor neste século foi a criação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Por fim, a concessão de cinco dos principais aeroportos do país nos últimos três anos, associados à concessão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) em 2011, representou um terceiro marco para a aviação no Brasil. M&E - Como o senhor diria que foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa do Mundo e como isso influencia no desenvolvimento do setor? Cristian Vieira - Durante o período da Copa, 17,6 milhões de embarques e de-

sembarques de passageiros foram realizados em todos os aeroportos do país por empresas brasileiras e estrangeiras. A demanda por transporte aéreo de passageiros (em RPK) apresentou crescimento de 8,5% em relação ao mesmo período de 2013, com alta de 1,2% no mercado doméstico e 14,3% no internacional. Até mil servidores da Anac estavam envolvidos na Operação Copa, que teve início em 05/06 e aconteceu até o dia 25/07 em 42 aeroportos, dos quais 16 estão localizados nas cidades-sede. Foi a maior operação especial já realizada pela Agência. Além disso, a Anac também monitorou 46 outros aeroportos por meio do Centro de Coordenação e Controle, no Rio de Janeiro. Dentro de todo esse contexto, e com a participação de todos os órgãos envolvidos na Operação, o setor aéreo foi muito bem-visto tanto pelos brasileiros quanto para os estrangeiros. M&E - Atualmente, quais são os principais entraves que impossibilitam o crescimento da aviação nacional e regional? Como a Anac vem trabalhando para melhorar isso? Cristian Vieira - A estabilidade e o crescimento econômico do país na última década têm constituído um fator positivo

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para o crescimento do transporte aéreo. Por outro lado, a recente desaceleração econômica tem levado a um crescimento menor da demanda pelo transporte aéreo. Paralelamente, a flutuação do Dólar em relação ao Real, com valorização da moeda norte-americana a partir do segundo semestre de 2011, e a elevação histórica do preço do barril de petróleo no mercado internacional, impactam mais da metade dos custos e despesas do setor. Além disso, o crescimento da demanda no setor requer planejamento de todos os atores envolvidos e a realização de relevantes investimentos em todas as áreas, como a infraestrutura aeroportuária e de navegação aérea, fiscalização, formação de aeronautas, aeroviários e mecânicos de aeronaves, aquisição de aeronaves etc. Outra questão é que o Código Brasileiro de Aeronáutica é anterior à Constituição Federal e necessita ser atualizado em relação ao atual cenário regulatório e ao arcabouço legal do país. M&E - O que está sendo realizado para expandir a malha aérea e tornar os serviços mais acessíveis? Cristian Vieira - No que diz respeito à ampliação e à melhoria da infraestrutura aeroportuária, os contratos de concessão de Brasília (DF), Guarulhos(SP), Viracopos (SP), Confins (MG) e Galeão (RJ) preveem a obrigação de as empresas realizarem obras para ampliação da capacidade aeroportuária. Em relação à aviação regional, em dezembro de 2012, o Governo Federal lançou o Programa de Investimentos em Logística: Aeroportos. Estão previstos investimentos de R$ 7,3 bilhões para a reforma, ampliação e construção de aeroportos e para estimular a aviação regional. O objetivo é que 96% da população esteja a pelo menos 100 km de um aeroporto apto a receber voos regulares. Os investimentos serão realizados em 270 aeroportos distribuídos nas cinco regiões do país, com recursos do FNAC.


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Gráficos do Setor Números da Abear - Panorama 2013

Número de funcionários em 31 de dezembro de 2012

Número de funcionários em 31 de dezembro de 2013

Fonte: Gráficos retirados do Panorama Abear 2013

Demanda do transporte aéreo (previsões) Demanda doméstica de passageiros no Brasil (pax-km 000)

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Gráficos do Setor Números da Abear - Panorama 2013

Participação de Mercado

Penetração do transporte aéreo no mercado doméstico de passageiros em diversos países Passageiros domésticos e PIB per capita (2012)

Fonte: Gráficos retirados do Panorama Abear 2013

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CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Cruzeiros Menores Setor muda estratégia e aumenta número de roteiros curtos para reter passageiros, alavancar receita e operações LUCIANO PALUMBO E MAYARA MOURA >> Com início previsto para novembro, a temporada 2014/2015 de cruzeiros marítimos terá, até abril do ano que vem, a presença de dez navios no litoral do país. A expectativa da Clia Abremar Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) é de que 640 mil cruzeiristas aproveitem 239 roteiros de viagens. A oferta será até 2% menor se comparada aos 648 mil leitos disponíveis na temporada 2013/2014. O número de roteiros, no entanto, cresceu quase 4% na comparação com a última estação de navios no país. Mesmo com o número crescente de roteiros, a temporada terá um navio a menos do que em 2013/2014. Com isso, o setor deve experimentar, pelo segundo ano consecutivo, uma queda de dois dígitos em receita. “Teremos uma receita 10% menor do que a obtida na temporada passada. Com relação ao número de passageiros, teremos uma queda de 1% a 2 %. Essa queda está ligada aos entraves ainda encontrados no país, tirando a competitividade do Brasil junto aos cruzeiros internacionais”, disse o presidente da Clia Abremar, Roberto Fusaro. “Os entraves estão ligados diretamente aos custos, infraestrutura e regulamentação. Precisamos de uma regulamentação bem clara e uniforme no Brasil. Hoje, a fiscalização nos portos é diferente e os custos de “praticagem” na América do Sul são muito caros”, emendou Fusaro. Segundo ele, isso acontece não só no Brasil, mas, por aqui, as taxas portuárias também influenciam muito,

uma vez que, a maioria dos portos, não possui infraestrutura adequada para receber navios e passageiros.

va é vender os 180 mil passageiros que temos como oferta para o mercado doméstico”, acrescentou.

Por outro lado - contra a corrente os armadores estão otimistas com o ano, principalmente com o segundo semestre. “Tivemos um bom início de ano, antecipamos nossas vendas e mesmo com a Copa não tivemos queda no volume de vendas, ao contrário, tivemos um excelente primeiro semestre”, disse o vice-presidente regional para América Latina da Royal Caribbean, Ricardo Amaral. Ele ressaltou ainda que o crescimento da Royal está ligado ao aumento de oferta de 4% em relação a temporada anterior.

Com o lançamento de temáticos, a temporada 2014/2015 na América do Sul para a Costa Cruzeiros está 43% maior em oferta. “Estamos prevendo o embarque de 128 mil passageiros durante toda a temporada. Segundo o diretor geral da Costa Cruzeiros para a América do Sul, Renê Hermann, como a temporada de cruzeiros tem início somente no final do ano e início de 2015, o brasileiro normalmente demora mais para definir sua próxima viagem. “Este ano, em particular, com a Copa do Mundo no Brasil, as atenções do viajante estavam concentradas em grande parte para os jogos. Por isso, tivemos sim um número menor de reservas efetuadas no período, porém, nada que não possamos recuperar ao longo do segundo semestre”, disse.

Para o diretor Comercial da MSC Cruzeiros, Adrian Ursilli, as vendas devem reaquecer no segundo semestre, já que a Copa esfriou o mercado de uma maneira generalizada. “Teremos cerca de 85 roteiros e uma previsão de 269 mil leitos ofertados. Mesmo com uma queda de 9% na oferta total de leitos em relação à temporada passada, o ano será bom”, afirmou. Com a maior aposta na temporada, a Pullmantur incrementou em 41% a oferta de leitos. “Isso fez com que déssemos um salto de 140 mil e passamos para 180 mil passageiros a serem embarcados no Brasil”, disse o diretor geral da companhia no país, Alexandre Zachello. O executivo afirmou que a companhia já tem 43% da temporada comercializada para os minicruzeiros e temáticos da companhia. “A expectati-

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Água doce

Para o diretor de Vendas e Marketing da Iberostar, Orlando Giglio, o primeiro semestre foi muito bom para o Grand Amazon. “Neste ano houve um aumento de 15% nas vendas se compararmos com o mesmo período de 2013. A Copa do Mundo foi fundamental para esse crescimento. Esperamos manter a ocupação em torno dos 60% ao ano”, disse. Segundo ele, em quase 10 anos de operações no país e após investir R$ 2 milhões em melhorias, o barco já transportou mais de 20 mil passageiros em mais de 724 viagens entre os rios Negro e Solimões.


CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS Abav

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Clia Abremar Entrevista com Roberto Fusaro

>> Eleito presidente da Clia Abremar Brasil por um sistema de rodízio entre as armadoras mantenedoras, no qual uma companhia não pode acumular dois mandatos seguidos, Roberto Fusaro assumiu seu mandato em julho deste ano. A gestão anterior teve como presidente, Ricardo Amaral, vice-presidente regional para América Latina da Royal Caribbean. O novo presidente é diretor geral da MSC Cruzeiros para a América do Sul desde 2006, e trabalha no setor há vinte anos. Entre os desafios, Fusaro destaca a obtenção de uma posição mais independente dos armadores, maior presença no diálogo com as autoridades do mercado de cruzeiros. Ele acredita que o Brasil não concorre com os países vizinhos como Argentina, Chile ou Uruguai. Ele destaca que depois do crescimento acelerado do setor - que aconteceu até 2010, somando 35% de incremento -, hoje o Brasil experimenta uma queda relacionada a embarcações e transporte de passageiros. “O número de passageiros deve cair cerca de 2% em relação ao ano passado”, afirmou, referindo-se ao menor numero de embarcações e ao aumento da oferta de minicruzeiros. “As armadoras reduzem a oferta, mas existe o aumento de roteiros curtos, o que deve manter equiparado o número de passageiros embarcados com a temporada passada”, emendou. MERCADO & EVENTOS - O mercado deve cair ainda mais este ano, se comparado a queda de mais de 17% na temporada passada? Roberto Fusaro - Sim. A temporada é ainda menor. Mas, em termos de passageiros, será praticamente igual. Temos um navio a menos, porém, a quantidade de minicruzeiros é muito maior do que a

mas temos avançado em conversas com a Receita Federal e com o Ministério do Trabalho. Os custos de “praticagem” na América do Sul são muito caros. Não é só no Brasil, mas, além disso, as condições portuárias também influenciam muito mais na costa brasileira, uma vez que a maioria dos portos não possui infraestrutura adequada para receber navios e passageiros.

oferecida na temporada passada. Vamos ter entre 1% a 2% a menos no número de passageiros. Com relação à receita, a capacidade cai em 10% e com isso a contribuição econômica é menor. M&E - A Copa prejudicou a venda de cruzeiros no país? Roberto Fusaro - A Copa prejudicou o turismo de uma maneira geral. Porém, o maior prejuízo foi junto aos cruzeiristas que queriam viajar para o exterior. O forte da temporada do Brasil é no verão. A queda das vendas para dezembro e janeiro já estão sendo recuperadas no segundo semestre, que já se faz positivo junto às armadoras associadas à Clia Abremar. M&E - Quais são os entraves reais ainda encontrados no segmento de cruzeiros? Roberto Fusaro - Os entraves continuam os mesmos. Eles podem ser divididos em custos, infraestrutura e regulamentação. Isso é muito simples, precisamos de uma regulamentação bem clara e uniforme no Brasil. Hoje, a fiscalização nos portos é diferente, não há um padrão no país,

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M&E - A privatização dos portos seria, então, uma saída para estes gargalos encontrados no Brasil? Roberto Fusaro - Nós temos uma nova regulamentação dos portos, mas com a queda do numero de embarcações vindas para o Brasil, eu não acredito que alguma empresa queira participar de alguma licitação. Neste momento não há projetos de privatização, nem de construção de portos privados. Mas, se no futuro a quantidade de navios voltar a crescer no país, isso, provavelmente, deve voltar a ser discutido. M&E - Quais as novidades e planos para 2016? Roberto Fusaro - Todas as companhias têm vontade de crescer e voltar a operar com mais navios no Brasil. Mas para isso, como disse antes, é preciso de adequações em regulamentações, redução de custos e taxas. Isso é muito simples. As empresas colocam os navios onde há rentabilidade. Mas a conta de custo-benefício com este tipo de entrave dificulta os investimentos e o aumento de frota no país. Vamos continuar com o mesmo pleito no Brasil mesmo que haja a troca de governo. Nossas intenções são de crescimento para a economia do país, com tributos e empregabilidade.


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Costa Cruzeiros Entrevista com Renê Hermann

>> Com uma oferta 43% maior, a Costa Cruzeiros espera embarcar 128 mil passageiros na costa brasileira na temporada 2014/2015. Com os navios Costa Pacifica e Costa Favolosa, a armadora italiana diversifica a oferta em minicruzeiros, temáticos e internacionais. A bordo, lançamentos como o 1º cruzeiro Sênior, com participação da garota de Ipanema, Helô Pinheiro. Segundo o diretor geral da Costa Cruzeiros para a América do Sul, Renê Hermann, a armadora espera um aquecimento da economia e garante que o segundo semestre será melhor para as vendas. Além disso, o executivo destaca o Costa Diadema, opção de lazer internacional para os brasileiros. MERCADO & EVENTOS - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada 2014/2015 no país e quantos navios estarão disponíveis? Renê Hermann - A Costa Cruzeiros terá dois mega navios com mais de 100 mil toneladas na América do Sul entre novembro de 2014 e março de 2015: o Costa Pacifica e o Costa Favolosa (navio que foi destaque na comédia nacional “Meu passado me condena”). É importante ressaltar que nessa temporada os dois estarão em Copacabana na noite de Réveillon. Os passageiros da companhia poderão assistir ao espetáculo dos fogos de camarote nos navios. M&E - O que muda nesta temporada em relação ao ano passado? O primeiro semestre gerou resultados positivos? Renê Hermann - Para esta temporada 2014/2015, a Costa Cruzeiros traz uma oferta 43% maior em relação à temporada anterior. São 23 dias a mais de operação na América do Sul. Consequentemente, teremos um volume maior nas vendas de cruzeiros em

comparação ao ano passado. O mercado neste primeiro semestre, como era esperado, ficou bastante retraído. A economia registrou taxas de crescimento bem baixas que, aliadas à Copa do Mundo e às férias de julho logo em seguida, fizeram com que muitos brasileiros adiassem a decisão de viajar. No entanto, esse cenário de menor consumo já era previsto pela Costa e estamos preparados para aquecer as vendas neste segundo semestre com tarifas e condições especiais. M&E - Podemos dizer que a Copa prejudicou o mercado emissivo de viagens? Renê Hermann - Como a temporada de cruzeiros tem início somente no final do ano e início de 2015, o brasileiro normalmente demora mais para definir sua próxima viagem. Este ano, em particular, com a Copa do Mundo no Brasil, as atenções do viajante estavam concentradas em grande parte para os jogos. Por isso, tivemos sim um número menor de reservas efetuadas no período, porém, nada que não possamos recuperar ao longo do segundo semestre. M&E - Qual a expectativa da temporada

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já no segundo semestre? Renê Hermann - Para a temporada 2014/2015 na América do Sul, a Costa Cruzeiros prevê transportar mais de 128 mil passageiros a bordo dos dois mega navios. Serão, ao todo, 34 cruzeiros visitando localidades como Ilhabela, Angra dos Reis, Porto Belo, Salvador, Rio de Janeiro, Búzios, Buenos Aires e Montevidéu, destinos bem procurados pelo público da Costa Cruzeiros. Na temporada anterior, a Costa embarcou um total de 102.277 passageiros. Com relação ao segundo semestre, embora muitos passageiros prefiram esperar o resultado das eleições para fazer planos futuros, as vendas devem melhorar sim. Esse período eleitoral acaba contribuindo para movimentar a economia e para um alargamento do crédito no mercado. M&E - O que podemos esperar de novidades da Costa? Renê Hermann - Nesta temporada lançamos um novo cruzeiro temático direcionado ao público da melhor idade, cativo em muitos roteiros da Costa. O 1º Cruzeiro Sênior terá como madrinha a eterna Garota de Ipanema, Helô Pinheiro. Teremos aulas de dança de salão, ritmos musicais, bailes noturnos, atividades lúdicas, vivência holística e palestras sobre saúde e bem-estar. Além disso, serão realizados pockets shows com artistas em comemoração aos 50 anos do movimento da Jovem Guarda. Além das parcerias com empresas aéreas nacionais e internacionais como Tap, Avianca e Tam, o destaque fica para a nova ferramenta de apoio às vendas dos agentes de viagens, o portal Costa Trade (www.costatrade.com.br). Para 2016, a Costa Crociere estará a todo vapor com seu maior navio, o Costa Diadema, opção da companhia para os brasileiros descobrirem o Mediterrâneo até início de 2016.


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Royal Caribbean Entrevista com Ricardo Amaral

>> Com uma oferta 4% maior em relação à temporada passada, a Royal Caribbean acredita que - mesmo com a queda dos cruzeiros na costa brasileira - o ano será rentável ao setor. No mundo, a armadora apresentou um incremento recorde com os resultados do segundo trimestre do ano, em que obteve lucro de US$ 137,7 milhões, registrando crescimento acima de 456% se comparado ao mesmo período do ano passado. O balanço, no entanto, mostra ainda aumento de receita na ordem de 5,2%, enquanto os custos de operação subiram apenas 0,5%. Entre abril e junho, a companhia transportou mais de 1,2 milhão de passageiros, o que representou alta de 9,3% em comparação aos mesmos meses de 2013. Neste mesmo período, houve aumento de capacidade de 4,5% e ainda assim a taxa de ocupação registrou crescimento de 1,9%. O panorama, segundo o vice-presidente regional para América Latina da Royal Caribbean, Ricardo Amaral, a Copa não prejudicou as vendas da companhia, que devem crescer neste segundo semestre. MERCADO & EVENTOS - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada 2014/2015 no país e quantos navios estarão disponíveis? Haverá crescimento em relação ao ano passado? Ricardo Amaral - Teremos o Splendour novamente com roteiros de três a 14 noites, incluindo os temáticos Royal Dance, Royal Gourmet e Royal Life. Além dele, também traremos o Azamara Journey para seis saídas na América do Sul, incluindo Natal, Réveillon e Carnaval. Considerando a base de ocupação em cabine dupla e o número de saídas, temos um aumento de oferta de 4% em relação à temporada anterior. M&E - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? Ricardo Amaral - Tivemos um bom início de ano, antecipamos nossas vendas e,

País das Maravilhas. A classe Quantum apresentará ainda um simulador de paraquedismo I-Fly, uma aventura eletrizante que levará os hóspedes para um voo de aproximadamente 270 metros de altura e espaços diferenciados, como a maior quadra de esporte coberta e um complexo de entretenimento em alto-mar. O navio ainda terá ainda o musical Mamma Mia, inspirado nas canções de sucesso da banda sueca ABBA.

mesmo com a Copa, não tivemos queda no volume de vendas, ao contrário, tivemos um excelente primeiro semestre. M&E - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens? O segundo semestre pode ser melhor mesmo com o advento eleitoral? Ricardo Amaral - Tivemos um bom início de ano e mesmo com a Copa não tivemos queda significativa no volume de vendas. Antecipamos as promoções desse ano já considerando que teríamos essas duas importantes ocasiões (Copa e eleições), atingimos nossos objetivos até o momento e estamos otimistas para esse segundo semestre. M&E - Vocês planejam o lançamento de novos produtos ou parceria com operadoras no país? Ricardo Amaral - Teremos em novembro o lançamento do Quantum of the Seas, que revolucionará mais uma vez a indústria com incríveis e inéditas opções de entretenimento e gastronomia. Dentre as opções que prometem revolucionar a gastronomia em alto-mar, estão o Jamie’s Italian, restaurante de cozinha italiana do famoso chef Jamie Oliver e o Wonderland, um lugar com pratos cheios de personalidade inspirados no famoso conto de Alice no

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M&E - Quais os planos e novidades para 2016? Ricardo Amaral - Depois de 10 anos com o Splendour of the Seas, traremos o Rhapsody of the Seas pela primeira vez à temporada América do Sul. Além disso, teremos o retorno do Celebrity Infinity, que também fará roteiros pela América do Sul.

Temáticos, google e terrestre O Splendour of the Seas terá três saídas temáticas. Os hóspedes poderão escolher entre o Royal Life, em fevereiro, Royal Gourmet, apresentando a gastronomia brasileira em alto-mar em março, ou Royal Dance, realizado durante a viagem de travessia em abril, quando o navio retorna para a Europa. Além disso, a armadora colocou o Allure of the Seas no Google Street View, tecnologia que permite aos usuários da internet verem fotos de localizações que estão alinhadas ao Goggle Maps. Com a iniciativa, os agentes de viagens podem mostrar detalhes do navio, considerado um dos maiores do mundo atualmente, aos seus passageiros. Através da ferramenta é possível ver fotos em 360º graus do navio e ter uma real noção de como é o Allure. Outra novidade é que agora a Royal Caribbean está trabalhando no desenvolvimento de uma nova subsidiária, focada em tours terrestres. A empresa será chamada de Tour Trek, terá operação em 90 países e será dirigida por John Weis, que já foi vice-presidente global da companhia.


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MSC Cruzeiros Entrevista com Adrian Ursilli

>> A italiana MSC Cruzeiros está ampliando o leque de entretenimento a bordo dos navios na costa nacional. Além da oferta a bordo, o relacionamento com operadores e agentes de viagens tem sido o diferencial da armadora, que cresce em vendas no país. De acordo com o diretor Comercial da MSC Cruzeiros, Adrian Ursilli, as vendas devem reaquecer no segundo semestre, já que a Copa esfriou o mercado de uma maneira generalizada. “Durante o período da Copa do Mundo, houve, naturalmente, uma queda na demanda e número de reservas, mas que foi compensado pelo período anterior, influenciado pelas excelentes promoções para compra antecipada”, afirma o executivo, nesta entrevista ao M&E. Ele ainda destaca as novidades, números e expectativas da temporada na costa do país. MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? Adrian Ursilli - O primeiro semestre foi positivo, mesmo com a Copa do Mundo em junho/julho, que acabou tirando um pouco o foco do consumidor. Mas, de uma maneira geral, no acumulado, conseguimos registrar uma boa procura pelos nossos cruzeiros na América do Sul devido, principalmente, às promoções para compra antecipada, equiparando assim as vendas com o mesmo período do ano passado e, ao mesmo tempo, registramos crescimento na venda dos cruzeiros internacionais para Europa e Caribe. M&E - O segundo semestre pode ser melhor? Adrian Ursilli - No caso dos cruzeiros, normalmente o segundo semestre é sempre mais aquecido, principalmente por conta dos cruzeiros de verão e de férias. Dessa forma, seguimos confiantes de que a demanda terá os níveis esperados para o período. Além disso, a MSC Cruzeiros oferece um produto diferenciado, de alta

qualidade e repleto de novidades, e que ainda conta com excelentes promoções para compra antecipada e parcelamento em até 10x sem juros. M&E - Com relação aos passageiros, qual o número de embarques na temporada passada se comparada à expectativa para 2014/2015? Adrian Ursilli - A MSC Cruzeiros encerrou a temporada sul-americana 2013/2014 comemorando os grandes resultados obtidos de novembro a abril. Totalizando 89 roteiros entre Nordeste, Argentina, Uruguai e as ilhas tropicais do Sudeste brasileiro, os quatro transatlânticos em operação na América do Sul (MSC Preziosa, MSC Magnifica, MSC Orchestra e MSC Poesia) embarcaram 293 mil hóspedes na região, sendo 78 mil estrangeiros. Na temporada 2014/2015, serão 85 roteiros e uma previsão de 269 mil leitos ofertados na região. A MSC Cruzeiros trará o MSC Poesia pela primeira vez ao Brasil, garantindo novidades aos clientes e hóspedes. Além disso, retornará ao Brasil com os renomados e sofisticados MSC Lirica e MSC Preziosa. Haverá uma pequena redução, de 9%, na oferta total de leitos em relação à 2013/2014, por razão da substituição do MSC Orchestra pelo MSC Lirica no Rio de Janeiro.

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M&E - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada? Adrian Ursilli - Para a temporada 2014/2015, a MSC Cruzeiros espera repetir grandes conquistas e oferecer uma temporada completa de férias em alto mar, com uma frota muito moderna, incluindo quatro embarcações pela América do Sul. O MSC Preziosa retornará, após o sucesso de sua estreia, para embarques em Santos e roteiros pelo Nordeste; o MSC Poesia virá pela primeira vez ao Brasil, também para partidas do Porto de Santos em roteiros de sete noites visitando Punta Del Este, Montevidéu e pernoite em Buenos Aires; o MSC Lirica voltará ao país para minicruzeiros no início da estação e cruzeiros mais longos saindo do Rio de Janeiro, alternando entre Nordeste e Prata; e o MSC Magnifica terá Buenos Aires como porto base. M&E - Quais os planos e novidades para 2016? Adrian Ursilli - A MSC Cruzeiros antecipou o pré-lançamento da temporada na América do Sul 2015/2016, trazendo novos navios e oferecendo itinerários diferenciados. O MSC Splendida virá ao Brasil pela primeira vez para operar a rota do Nordeste; já o MSC Magnifica voltará ao país para roteiros com destino à região do Prata, saindo de Santos; o MSC Armonia será dedicado aos minicruzeiros, sempre saindo do Porto de Santos; o MSC Lirica partirá do Rio de Janeiro para minicruzeiros e cruzeiros pelo Nordeste e Prata; e o MSC Poesia terá como porto de saída a cidade de Buenos Aires. Outra grande surpresa é que o MSC Lirica e o MSC Armonia estarão totalmente renovados e ampliados – com 200 cabines a mais, além de novos espaços comuns, como salões, bares, parques aquáticos e muita diversão. Com essa ampliação e investimentos, a MSC Cruzeiros espera embarcar um total de 315 mil hóspedes na região, o que significará um aumento de 17% sobre o total da oferta na América do Sul em relação à temporada 2014/2015.


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Qualitours Entrevista com Ilya Hirsch

>> Um mercado que está em franco desenvolvimento. Esta é a opinião de Ilya Hirsch, diretor da Qualitours, sobre o cenário dos cruzeiros de luxo no mundo. “Até 2017 temos 24 navios em construção, dos quais 80% são de menor porte, para o mercado de luxo ou premium. É normal que o cruzeirista suba na escala da vida e possa pagar um atendimento especial, personalizado. O fato é que ao provar um serviço de excelente qualidade, a pessoa se apaixona pelo cruzeiro e quer novas experiências”, avalia Ilya.

então promovem o cruzeiro fitness, para que os viajantes façam ginástica, também há o cruzeiro Dança Comigo, com bailes. Para atrair o público segmentado são criadas motivações além do destino, como palestras e programas de degustação de vinho. Um cruzeiro gastronômico, com um chef premiado a bordo, vai chamar a atenção de novos hóspedes.

MERCADO & EVENTOS - Os brasileiros estão fazendo mais cruzeiros de luxo? Como atrair esse público? Ilya Hirsch - Estamos sentindo que sim, mas a nossa demanda não aumenta no mesmo patamar que dos Estados Unidos, por exemplo. Vamos sentir isso no reflexo das tarifas dos cruzeiros internacionais. No período de crise nos Estados Unidos elas estavam baixas, com muitas promoções. Terminada a crise, como o mercado americano voltou a aquecer, as tarifas continuam no mesmo nível, mas não haverá tanta oferta. Hoje, principalmente no mercado brasileiro, jovens bem sucedidos têm 10 dias de férias, querem ter uma ótima experiência e descobrem que os cruzeiros são capazes de proporcionar isso a eles. Nós, como representantes de companhias, não temos verbas para investir pesado na publicidade ao consumidor. Por isso, precisamos trabalhar muito mais o corpo a corpo com os agentes de viagem e também esperar que o passageiro que volte satisfeito comente com os amigos e, assim, atraia novos clientes para a empresa.

M&E - Com a regulamentação da profissão de agente de viagem quais mudanças o senhor prevê no trabalho especializado do segmento de cruzeiros? Ilya Hirsch - A Qualitours está fazendo uma série de treinamentos para os agentes sobre destinos combinando com navios. Temos uma pessoa contratada que fala sobre os destinos “cruzeiráveis” no mundo e eu entro e falo sobre os navios que operam naquele destino e qual a diferença entre eles, já que cada um é para um perfil diferente de viajante. Alguns agentes de viagem saem da faculdade e não sabem nem geografia, por isso temos que ensinar. O agente tem que vender Paris, por exemplo, sem nunca ter sobrevoado a França.

M&E - Existe alguma diferença entre o cliente brasileiro de cruzeiros para o estrangeiro? Ilya Hirsch - A idade média do brasileiro que faz cruzeiro de luxo é entre 40 e 45

M&E - O que o senhor acha dos cruzeiros temáticos? É uma boa forma de atrair um público segmentado? Ilya Hirsch - As companhias têm que focar em segmentos para trazer novos clientes,

anos. Já a do americano é entre 50 e 55 anos. Ele só vai pensar em fazer o cruzeiro quando se aposenta. Algumas companhias têm visão para o mercado brasileiro e já permitem que os hóspedes usem calças jeans nos jantares.

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M&E - Qual foi a influência da Copa no mercado de cruzeiros? Ilya Hirsch - A Copa atrapalhou. Embora algumas companhias, de última hora, terem decidido exibir os jogos a bordo, não tivemos tempo de divulgar. Imagina comunicar: “você vai poder assistir a Copa no Mediterrâneo”. Muitos brasileiros preferiram assistir a Copa em casa, mas as agências tiveram clientes que preferiram viajar durante a Copa. Porém, em função do Mundial, muitos voos para o exterior foram bloqueados, sendo que não estavam lotados. Então as agências não conseguiam confirmar a reserva, o que diminuiu o número de vendas. M&E - Qual será o foco do trabalho da Qualitours até o fim de 2014 e 2015? Ilya Hirsch - A Qualitours representa sete companhias marítimas. Em algumas já atingimos as metas, com saídas já lotadas, e em outras falta pouco. A programação pela Ásia começa com roteiros temáticos pelo Tahiti no navio Paul Gauguin. Uma saída em outubro terá participação do filho do famoso oceanógrafo francês Jacques-Yves Cousteau. Outro terá a presença de dois vinicultores da Califórnia. A francesa Ponant tem iates menores, de 264 passageiros, e vai fazer roteiros passando por Japão e Rússia, por exemplo. Três dos quatro iates da Ponant irão para Antártida com maioria das saídas lotadas com europeus, americanos e até chineses. Essa viagem para Antártida custa, só o cruzeiro, entre 8 a 9 mil dólares por pessoa.


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Pullmantur Entrevista com Alexandre Zachello

>> A Pullmantur, desde 2012, busca novos canais de distribuição no mercado com o objetivo de oferecer, cada vez mais, cruzeiros de curta duração na costa brasileira a bordo dos navios Empress, Sovereign e Zenith. A boa relação com as agências é um dos destaques do diretor geral da armadora, Alexandre Zachello, que comemora a aprovação, mas não acredita em mudanças no relacionamento com os agentes com a nova Lei 12.974. Zachello afirma que a Copa prejudicou as vendas no país, mas não acredita que possa comprometer a temporada, já que mais de 55% deve ser comercializada entre os meses de novembro e fevereiro de 2015. MERCADO & EVENTOS - A Copa do Mundo influenciou nas vendas de cruzeiros no país? Alexandre Zachello - A Copa do Mundo atrapalhou a Pullmantur e acredito que quase todos na cadeia produtiva do turismo. Foi muita especulação antes e pouca procura no período do Mundial. As vendas de Caribe, por exemplo, caíram devido ao deslocamento do navio Monarch para o Brasil, onde hospedamos os chilenos para a Copa do Mundo. Neste período, a estimativa de queda nas vendas era de 30%, mas para a nossa felicidade, a comercialização caiu apenas 10%. Os eventos como o Carnaval, o Mundial de futebol e, futuramente, as eleições, impactam no poder de compra do consumidor, mas o mercado deve logo reaquecer e voltar a expressar bons números. M&E - As vendas do primeiro semestre foram maiores que o mesmo período no ano passado? Alexandre Zachello - Até o mês de junho já tínhamos crescido 20% em relação ao ano passado no que tange às vendas de produtos nacionais. Porém, no final de junho, tomamos uma decisão corporativa: decidimos mudar o embarque dos cruzeiros que estavam previstos para a Argentina, agora eles vão partir do Brasil.

temáticos da companhia. A temporada da Pullmantur é diferenciada pelo tempo de permanência dos navios na costa do país.

Antes, o mercado era literalmente dividido com 50% dos embarques entre os dois países. Hoje, não mais. Trouxemos mais opções para o Brasil e incrementamos a oferta em 41%. Isso fez com que déssemos um salto de 140 mil e passamos para 180 mil passageiros a serem embarcados no Brasil. Outro fato que impulsionou as vendas foi a busca por novos distribuidores, o que acontece desde 2012. Novas operadoras comercializando nossos produtos favorecem também ao crescimento de passageiros e receita. M&E - Qual a expectativa para o segundo semestre? Alexandre Zachello - A expectativa é vender os 180 mil passageiros que temos como oferta para o mercado doméstico. Mas as vendas vão aquecer depois do mês de dezembro. Transformamos muitos programas extensos em minicruzeiros e, com isso, nos tornamos a maior empresa com a oferta de minicruzeiros na costa do país . Isso amplia nosso leque de vendas pelas disponibilidades de embarques. Nossa expectativa é vender de novembro a fevereiro de 2015 cerca de 40% a 50% da temporada ou o equivalente a 90 mil passageiros. Hoje temos 43% da temporada já comercializada para os minicruzeiros e

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M&E - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada? Alexandre Zachello - Além dos cruzeiros Motorcycle e Melhor Idade - o destaque fica por conta do ambiente, tripulação, entretenimento, satisfação dos passageiros, oferta de serviços, facilidade de pagamento e produtos internos a bordo dos navios que estarão na costa brasileira. Além disso, estamos buscando um parceiro para realizar mais um cruzeiro temático com o tema de “Beleza a Bordo” que deverá ser lançado durante esta Expo Internacional de Turismo. Para os próximos anos, com certeza, iremos manter a oferta de produtos na costa e ampliar - em mais uma embarcação - para atender a demanda do crescimento dos cruzeiros no Brasil. Hoje, o mercado sofreu uma retração de oferta com a diminuição dos numero de embarcações, mas a demanda tem crescido, principalmente nos cruzeiros de curta duração, aposta da companhia para esta temporada. M&E - A Pullmantur vai ampliar a equipe no país? Alexandre Zachello - Para reforçar a equipe, com a certeza que é preciso ampliar o leque de empresas que comercializam o Empress, o Sovereign e o Zenith, que estarão aqui nesta temporada, e claro, os demais transatlânticos que operam no exterior, estamos contratando profissionais no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Porto Alegre e em Curitiba. M&E - Outros navios virão ao Brasil na temporada 2015/2016? Alexandre Zachello - Algumas ideias surgem, entre elas o aumento dos roteiros com embarque no Rio de Janeiro. Também estuda-se a possibilidade de trazer ao país o navio Monarch.


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Firstar Entrevista com Estela Farina

>> O aumento de brasileiros fazendo cruzeiros no exterior está atraindo cada vez mais a atenção das companhias marítimas e fluviais. Estela Farina, diretora da Firstar, explica que os cruzeiros no Brasil foram muito úteis para mostrar o modelo de viagem. “Independente do roteiro, o viajante conhecia as vantagens como o conforto, a comodidade, a segurança e a variedade de destinos. Isso mostrou para os brasileiros (ainda que seja um grupo pequeno) como é fazer um cruzeiro. Depois de optar por um roteiro pelo Brasil, eles agora procuram viagens de navio em outros países. Nos internacionais a parte aérea ainda dificulta um pouco, seja pelo custo ou pela disponibilidade, mas a presença dos brasileiros vem aumentando”, avalia. Entre as empresas que a Firstar representa, está a Norwegian Cruise Line. “Foram inaugurados dois navios em um período de nove meses e, ao invés de lançar mais um navio ainda esse ano, a Norwegian decidiu investir US$ 250 milhões em todos os navios da frota para melhorar a experiência a bordo”, revela Estela. Nesta entrevista ao M&E, ela conta novidades e avalia o mercado de cruzeiros no Brasil, assim como o papel do agente de viagens nesta cadeia. MERCADO & EVENTOS - Você acredita que, de alguma forma, com os grandes eventos que o Brasil já recebeu, e com a proximidade das Olimpíadas, haverá algum aumento de investimentos na infraestrutura portuária do país? Estela Farina - Acredito que sim, o potencial de desenvolvimento na costa brasileira para cruzeiros é enorme. Estamos observando um retrocesso por conta do custo de operação e a herança dos eventos esportivos pode ser a melhoria da infraestrutura. Espero que com isso as companhias que eu represento venham para o Brasil. M&E - Como você definiria a relação da

Firstar com os agentes de viagem? Estela Farina - Estamos aqui para servir o agente de viagem. Toda nossa estrutura e distribuição são feitas através do agente de viagens. Julgo que temos um ótimo relacionamento em termos de treinamento e suporte. A capacitação é muito importante e também a adequação de ferramentas. Precisamos sempre manter o contato com a agente e entender qual é a necessidade dele, seja de material ou de informação. M&E - Como é possível aumentar a presença de brasileiros nos cruzeiros internacionais? Estela Farina - Já estamos observando um aumento nos cruzeiros internacionais. Os cruzeiros no Brasil foram muito úteis para mostrar o modelo de viagem. Independente do roteiro, o viajante conhecia as vantagens como o conforto, a comodidade, a segurança e a variedade de destinos. Isso mostrou para os brasileiros (ainda que seja um grupo pequeno) como é fazer um cruzeiro. Depois de fazer um roteiro pelo Brasil, eles procuram cruzeiros para outros países. Nos internacionais a parte aérea ainda dificulta um pouco, seja pelo custo ou pela disponibilidade, mas a presença dos brasileiros vem aumentando.

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M&E - Os cruzeiros fluviais já são uma tendência para os próximos anos? Como avalia esse tipo de viagem? Estela Farina - Sim, este é um processo de evolução. Temos observado que uma parte dos clientes de cruzeiros marítimos está migrando para o cruzeiro fluvial. Geralmente é um cliente mais exigente, com perfil mais voltado para interesses culturais, ele deseja ter uma exposição maior no destino e ter uma experiência mais intimista, já que a média de passageiros nos cruzeiros fluviais é de 150 pessoas. O cruzeiro fluvial tem vários benefícios e acrescenta uma mistura de grandes cidades e vilarejos na mesma viagem, com mais comodidade. Em 2014, contando todas as companhias fluviais, não só as que eu represento, estão sendo inaugurados 21 navios, e mesmo assim não são suficientes para atender a demanda. M&E - Qual é o balanço da Firstar em relação ao ano passado e qual é a expectativa até o final de 2014? Estela Farina - De 2012 para 2013 aumentamos 45% em número de passageiros. Nossa expectativa é obter um crescimento de 15% a 20% até o final do ano. Estávamos pessimistas para esse primeiro semestre, devido à Copa do Mundo, mas surpreendentemente, tivemos um crescimento maior do que o esperado. M&E - Qual será o foco do trabalho da Firstar nos próximos anos? Alguma novidade a caminho? Estela Farina - Em novembro de 2014 a Oceania volta com o Marina, passando pela América do Sul. Ainda em novembro temos um roteiro novo de cruzeiro fluvial da AmaWaterways por Myanmar, no navio AmaPura, com capacidade para somente 56 passageiros. Nos próximos quatro anos serão inaugurados quatro navios da Norwegian Cruise Line, sendo um por ano.


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Transmundi Entrevista com Miguel Andrade

>> A Transmundi está expandindo sua atuação. No início de 2014 uma nova loja foi inaugurada em Ipanema, no Rio de Janeiro. Agora, após a Copa, a operadora também abriu seu novo escritório em Salvador, com o objetivo de oferecer maior apoio às vendas em toda região Nordeste. O diretor da empresa, Miguel Andrade, falou sobre as novidades do segundo semestre deste ano e avaliou o mercado de cruzeiros nos país, assim como a oferta e a demanda que existe neste setor. “O Brasil tem um potencial muito maior do que o que nós atingimos. É preciso que os operadores criem mercado, sobretudo, para novos produtos não tão conhecidos do público, como os cruzeiros fluviais. A Transmundi faz exatamente isso. Criamos um mercado novo para um novo produto. Vendemos cada vez mais os cruzeiros fluviais desde 2007, que foi quando fizemos nosso primeiro fretamento no Rio Reno”. MERCADO & EVENTOS - A realização da Copa no Brasil impactou, de alguma maneira, nas operações da Transmundi? Miguel Andrade - Para as empresas de turismo emissivo ocorreram perdas por falta de tarifas aéreas competitivas e não tivemos a antecedência necessária para que tivéssemos tempo hábil para vender. De última hora surgiram lugares mais baratos, mas que já não puderam ser vendidos.

positiva para o turismo no Brasil e que os investimentos, embora muito elevados, tendem a ser compensados pela vinda de mais estrangeiros ao longo dos próximos anos.

M&E - A enorme divulgação de destinos brasileiros durante o Mundial da Fifa, como Manaus, por exemplo, pode impulsionar as vendas de cruzeiros fluviais? Miguel Andrade - Sem sombra de dúvida a imagem do Brasil como um todo saiu muito positiva depois da Copa. No que tange à venda de cruzeiros fluviais na Amazônia, as vendas experimentaram um importante aumento e, no caso da Transmundi, foi preciso aumentar os bloqueios. M&E - O Brasil mostrou que está preparado para receber turistas estrangeiros? Afinal, na sua opinião, a Copa foi positiva ou não para o turismo? Miguel Andrade - Considero que a Copa foi

Croisi Europe A Transmundi representa no Brasil a Croisi Europe, maior empresa de cruzeiros fluviais da Europa, operando desde 1976. A Croisi Europe, com sede em Estrasburgo, é uma companhia francesa, que transportou, somente em 2013, 220 mil passageiros e atende toda a Europa e Ásia. Sua frota é composta por 30 embarcações, que fazem passeios que os grandes navios não têm como realizar. Os roteiros passam por rios com até 1,5 metros de profundidade, ilhas como as da Croácia, por exemplo. Só no Sena a empresa opera com quatro embarcações. Em 2015 será a única companhia que vai operar o Vale de Loire, na França, e, em 2016, começa a operar na Birmânia. A equipe da Coisi Europe é composta por aproximadamente 1.000 pessoas. Neste ano de 2014, a empresa apresentou o navio MS Lafayette, uma embarcação de luxo com capacidade para transporte de 86 passageiros em suas 44 cabines duplas e 4 single.

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M&E - Como é possível estimular no povo brasileiro a vontade de realizar um cruzeiro, seja ele fluvial ou marítimo? O senhor acredita que falta divulgação dos produtos oferecidos no mercado? Miguel Andrade - O Brasil tem um potencial muito maior do que o que nós atingimos. É preciso que os operadores criem mercado, sobretudo, para novos produtos não tão conhecidos do público, como os cruzeiros fluviais. A Transmundi faz exatamente isso. Criamos um mercado novo para um novo produto. Vendemos cada vez mais os cruzeiros fluviais desde 2007, que foi quando fizemos nosso primeiro fretamento no Rio Reno. Atualmente, oferecemos cruzeiros em todos os rios navegáveis do mundo. M&E - E a oferta, como avalia? Faltam produtos novos e diferentes? Miguel Andrade - Esse é um ponto importante. É preciso manter sempre novidades para os viajantes ávidos. Cada vez mais eles querem conhecer novos destinos e precisamos oferecer mais opções. M&E - Qual será o foco do trabalho da Transmundi até o fim de 2014 e 2015? Alguma novidade a caminho? Miguel Andrade - Para este segundo semestre, faremos os nossos roteiros clássicos: Escandinávia, Croácia e Monte Negro; Leste Europeu, Grécia e Turquia; Terra Santa e cruzeiros nos Rios Reno, Danúbio, Volga, Mekong e Nilo. Também temos duas excelentes novidades, a primeira é a Extraordinária Viagem Épica Pela Rota de Seda, em um trem privativo, e a segunda um ótimo circuito pelo Equador, país interessantíssimo, com preços muito competitivos.


CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS Abav

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Pier 1 Entrevista com Thiago Vasconcelos

>> Apesar da Copa do Mundo no Brasil não ter sido positiva para as empresas que a Pier 1 Cruise Experts representa, como Crystal Cruises, Holland America, Seabourn e Silversea, o número de novos clientes não para de aumentar. A empresa já está investindo em novidades como uma ferramenta de reservas online, que entrou em fase de testes em junho. Para Thiago Vasconcelos, diretor da Pier 1, os cruzeiros já estão inseridos na nova geração de brasileiros e, cada vez mais, eles observam as vantagens de fazer um roteiro internacional. “A vantagem de fazer um cruzeiro no exterior é a mesma de fazer um cruzeiro no Brasil, tem um excelente custo benefício. Há também a comodidade de visitar vários portos sem fazer e desfazer a mala, além das refeições inclusas”. MERCADO & EVENTOS - Qual a maior dificuldade para a expansão de cruzeiros no Brasil? Thiago Vasconcelos - A saturação das companhias que já estão em operação no Brasil e a falta de distribuição e oferta de uma maneira mais massiva das companhias internacionais que não têm operação própria aqui no Brasil. M&E - A Copa trouxe algum benefício para o setor de cruzeiros? Você prevê alguma melhora para as Olimpíadas? Pode haver alguma operação específica para o período? Thiago Vasconcelos - No caso da Pier 1, não trouxe nenhum benefício para nenhum das nossas companhias. O primeiro semestre deixou a desejar, em média, tivemos uma diminuição de 10% a 15% em vendas, dependendo da companhia. Quanto às operações específicas durante as Olimpíadas, posso dizer que para a Copa, por exemplo, nós tivemos algumas solicitações, mas esbarramos em problemas como as taxas e com a indefinição de algumas regras. Espero que a situação melhore para os Jogos Olímpicos.

geração de brasileiros, de 30 anos ou menos, já cresceu com a questão do cruzeiro. Antigamente era fora da realidade, mas para a geração mais nova a cultura já está desenvolvida e o mercado de cruzeiros no Brasil ainda pode crescer bastante. M&E - Quais são os resultados esperados pela Pier 1 ao finalizar o ano de 2014? Thiago Vasconcelos - Vamos focar nas oportunidades de 2014 que ainda estão disponíveis no mercado. Nossa meta para este ano é ter o mesmo faturamento do final de 2013. Também estamos desenvolvendo uma plataforma de cruzeiros online para o trade. M&E - Os agentes brasileiros estão capacitados para vender cruzeiros? Thiago Vasconcelos - No eixo Rio-São Paulo sim, já no resto do Brasil um pouco menos. O mercado evoluiu muito nos últimos dez anos, inclusive a qualificação dos agentes de viagem, porém é preciso investir em todo o país e não focar somente em uma região. Seria muito bom se as Abavs de outros estados fizessem mais eventos e se nós, operadores, estivéssemos mais ativamente nessas outras regiões. M&E - A Pier 1 representa grandes companhias. Quais as vantagens de fazer um cruzeiro no exterior? O brasileiro já possui essa cultura, de embarcar em navios em suas viagens internacionais? Thiago Vasconcelos - A vantagem de fazer um cruzeiro no exterior é a mesma de fazer um cruzeiro no Brasil, tem um excelente custo benefício. Há também a comodidade de visitar vários portos sem fazer e desfazer a mala, além de ter as refeições já incluídas. No caso dos cruzeiros na Europa ou na Ásia, a moeda é o dólar, então o viajante não precisa fazer diversas trocas financeiras. E como o dólar é mais barato que o euro, acaba sendo uma vantagem. O passageiro pode estar a bordo na Europa, mas pagando com dólar. A nova

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M&E - Como funciona essa nova ferramenta online da Pier 1? Quais as vantagens dela? Thiago Vasconcelos - As empresas que já firmaram acordo de utilização com a operadora poderão se familiarizar com a ferramenta, realizar livremente simulações de cotações e reservas. Teremos integração total com 20 companhias na plataforma nos próximos meses. O objetivo principal da ferramenta é oferecer o maior leque possível de produtos, mas cada empresa parceira terá controle total sobre as ofertas e poderá selecionar o que gostaria de integrar ao sistema. Os prazos de implantação da plataforma poderão variar de uma empresa para outra, devido aos diferentes tipos e níveis de customização solicitados. No caso de integrações simples, com apenas alteração de layout, conseguimos realizar a implementação da ferramenta em até quatro semanas. O sistema, pioneiro no Brasil, atua como um buscador de cruzeiros que oferece dois módulos: B2B, para profissionais do trade, e B2C (whitelabel), para consumidores. Ambos possuem as mesmas fases, possibilitando ao agente de viagens (B2B) visualizar exatamente as mesmas informações que o seu cliente (B2C), iniciando pela pesquisa de pacotes e finalizando com o pagamento da reserva.


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Blue Sea Entrevista com Mario Trojman

>> No final de 2013, Mario Trojman deixou o cargo de diretor no Brasil da companhia de cruzeiros de luxo Silversea para se dedicar, exclusivamente, à The Blue Sea Cruises, operadora que representa mais de 20 companhias de cruzeiro, dos mais simples aos mais luxuosos, incluindo a própria Silversea, a Seabourn, a Regent Seven Seas Cruises, a SeaDream e Disney Cruise Line, entre outras. “Já estou há 40 anos na indústria de ‘hotéis flutuantes’. Como diretor, tenho sempre que criar coisas novas para o mercado, porém, nosso foco é investir sempre em qualidade e não em quantidade. O importante é oferecer um serviço de qualidade e incentivar o agente de viagem”, afirma. De acordo com Mario, o ano de 2014 não está sendo tão bom quanto o de 2013, porém, a meta de 1 milhão de dólares em vendas está quase atingida. “Já atingimos até julho US$ 800 mil e acredito que vamos conseguir superar nosso objetivo até o final do ano”, constatou. Com o lançamento de um cartão de fidelidade, a empresa espera conquistar novos clientes. MERCADO & EVENTOS - A Blue Sea lançou neste ano o seu programa de fidelidade, chamado Select Blue. Como funciona? Quais são os benefícios? E como está a aceitação do mercado? Mario Trojman - Todas as pessoas que compram um cabine acima de 8 mil dólares recebem um cartão Select Blue, que dá algumas vantagens como 10% de desconto para a próxima compra e desconto no mês do aniversário, por exemplo. Esperamos que em 2015 todas as pessoas que possuam o cartão de fidelidade Select Blue e que comprem uma cabine, independente do preço, recebam o cartão Select Blue Platinum. A aceitação está avançando muito. Apesar dos problemas que tivemos em 2014, atualmente, 70 pessoas têm o cartão Select Blue e, sendo assim, possuem

da Blue Sea? Mario Trojman - Já estou há 40 anos na indústria de “hotéis flutuantes”. Como diretor, tenho sempre que criar coisas novas para o mercado, porém, nosso foco é investir sempre em qualidade e não em quantidade. O importante é oferecer um serviço de qualidade e incentivar o agente de viagem.

a fidelidade com a Blue Sea. A expectativa é que até o final do ano entre 300 e 320 pessoas tenham o cartão. M&E - Qual foi o impacto do período da Copa do Mundo para a Blue Sea? As vendas foram bem? Mario Trojman - O turismo na Copa foi muito mais interno do que externo, o que não ajudou nos nossos negócios. As vendas durante a Copa foram normais, mas já constatamos que o movimento depois dela aumentou. M&E - O senhor acredita que existe uma massificação dos produtos oferecidos no segmento de cruzeiros marítimos? Como é possível trabalhar o mercado de forma correta, com produtos que tenham apelo junto ao público? Mario Trojman - Acho que tem espaço para todos no mercado. Vemos oportunidade, por exemplo, nos cruzeiros fluviais, em que as embarcações viajam de madrugada e pelo dia param na cidade e já incluem as excursões terrestres. Precisamos oferecer roteiros diferentes, com adequação a cada tipo de público. M&E - Como está o processo de expansão

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M&E - Os brasileiros estão fazendo mais cruzeiros de luxo? Como atrair esse público? Mario Trojman - O passageiro do cruzeiro de luxo não viaja apenas uma vez. Ele repete. E sempre que ele vai repetir, recebe algum desconto, incentivos. Temos passageiros que duas a três vezes por ano repetem a viagem de luxo. Não podemos empurrar o produto para os clientes, porque não vamos vender. O novo passageiro de luxo vem através de amigos, de indicações de quem fez e gostou. A ideia que as pessoas têm é que o cruzeiro de luxo é uma coisa para velho e não para um casal de 20, 30 anos, então temos investido muito em pessoas nessas idades. Queremos que o mais jovem faça o cruzeiro de luxo e já estamos recebendo um retorno muito grande. Hoje o cliente vai com a mulher, depois vai com o filho, o filho vai com a mulher e assim continua, criando uma fidelidade entre a família e a Blue Sea. M&E - Qual será o foco do trabalho da Blue Sea até o fim de 2014 e 2015? Alguma novidade a caminho? Mario Trojman - A Blue Sea vai investir muito em iates, principalmente para as famílias, elas irão poder fazer o roteiro que quiserem neles, montando uma viagem personalizada. Em maio de 2015 será lançado um novo navio marítimo da Ponant e, a partir de 2016, a Seabourn vem com três novos navios.


CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Iberostar

Abav

Grand Amazon

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Entrevista com Orlando Giglio

>> O Grupo Iberostar investiu cerca de R$ 2 milhões em melhorias no Iberostar Grand Amazon, o navio-hotel que faz itinerários a partir de Manaus. Entre as mudanças, destaque para as peças que passam a compor o novo mobiliário, como quadros assinados por artistas locais, além de cortinas e papéis de parede que tornam os ambientes ainda mais luxuosos. Segundo o diretor de Vendas e Marketing, Orlando Giglio, o Iberostar Grand Amazon já embarcou mais de 20 mil passageiros em nove anos de funcionamento. Ao todo, foram realizadas mais de 724 viagens em mais de 58 mil quilômetros entre os Rios Negro e Solimões. MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? E qual a ocupação média desejada para este ano? Orlando Giglio - O primeiro semestre foi muito bom para o Grand Amazon. Até o presente momento já registramos um aumento de 15% nas vendas se compararmos com o mesmo período de 2013. A Copa do Mundo foi fundamental para esse crescimento. Esperamos manter a ocupação em torno dos 60% anual. M&E - Então, em sua visão, a Copa ajudou o mercado emissivo de viagens? Orlando Giglio - A Copa do Mundo foi uma grande oportunidade para o Brasil não só mostrar para os estrangeiros que pode ser um ótimo destino de férias, mas também para os próprios brasileiros viajarem e conhecerem melhor seu país. Durante os jogos, nossos empreendimentos mantiveram a ocupação média do período, tanto no Iberostar Grand Amazon quanto em nossos hotéis no complexo na Praia do Forte. M&E - Qual é o share dos passageiros dentro do Grand Amazon? Orlando Giglio - Temos quase uma divi-

Além disso, teremos uma promoção para o Natal com desconto de 25% para o acompanhante. Nessa semana também abriremos uma exceção e aceitaremos crianças a partir dos 8 anos de idade.

são exata quando falamos de passageiros dentro do navio. A maioria dos passageiros é composta pelo público nacional (55%); enquanto os outros 45% se dividem em diversas nacionalidades estrangeiras, liderados pelos Estados Unidos, seguidos por Alemanha, Cone Sul (Argentina, Uruguai e Chile), Europa, Ásia e África. M&E - O segundo semestre tende a ser melhor? Orlando Giglio - Mesmo com esse ano atípico - Carnaval tardio, Copa do Mundo e eleições no segundo semestre - o rendimento e o desenvolvimento dos trabalhos do Grand Amazon continuam em frequência com o plano anual. Não acreditamos que as eleições vão influenciar a taxa de ocupação. Para o Réveillon já estamos com quase 100% da ocupação. Realmente uma procura excepcional para a época. M&E - Existem lançamentos de novos produtos ou parcerias com operadoras no país programadas para os próximos meses? Orlando Giglio - Sim. Renovamos nossas ações com as principais operadoras que trabalham com o barco em todo o país.

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M&E - Quais os planos e novidades para 2015? Orlando Giglio - O navio está sendo redecorado, as novidades vão abranger desde as cabines até a área de lazer, tudo isso para surpreender e encantar nossos hóspedes. São mais de R$ 2 milhões em investimentos que contemplam, além da revitalização interna, a área externa do navio, com a construção do novo deck de madeira na piscina, que passa a ser de bambu mossô. Outros recursos foram alocados na manutenção de toda parte elétrica – aquisição de novos geradores e revisões técnicas da parte estrutural de toda a embarcação. Tudo para manter o padrão de qualidade dos cruzeiros oferecidos pelo navio. Também estamos planejando um grande Carnaval a bordo em 2015, e estamos pensando em algumas atividades especiais para os outros feriados prolongados no decorrer do próximo ano.

Gastronomia em casa A rede espanhola Iberostar aposta em um de seus pontos altos com o programa Iberostar Chef: a gastronomia. O novo programa é, na prática, a reformulação do conceito gastronômico já existente nos mais de 100 resorts, hotéis e do Grand Amazon. O livro “A Cozinha Iberostar” traz 42 receitas de entradas, pratos principais, sobremesas e drinques de 14 chefs que trabalham nos restaurantes da rede. O livro tem receitas em espanhol, inglês e alemão, misturando receitas tradicionais a ingredientes locais. No Brasil, a rede tem dois resorts na Bahia e o barco Grand Amazon, que faz cruzeiros a partir de Manaus.


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Gráficos do Setor Números da Clia Abremar / FGV

CRUZEIRISTAS E TRIPULANTES

IMPACTO ECONÔMICO TOTAL 2013/2014 e variação percentual em relação a 2010/2011

Resultado da temporada 2013/2014 e variação percentual em relação à temporada 2010/2011

O impacto econômico total sofreu uma queda de 17,9% em relação à temporada 2010/2011, o que significa uma redução de R$ 250 milhões.

NÚMERO DE NAVIOS

NÚMERO DE CRUZEIRISTAS

Fontes: FGV/CLIA ABREMAR BRASIL

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Gráficos do Setor

Abav

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Números da Clia (EUA)

Investimento da Indústria Global de Cruzeiros

Frota Global (CLIA 2014) 410 Navios

Incluindo Cruzeiros Fluviais

29 novos navios com capacidade para mais de 34 mil passageiros na frota da CLIA 2013/2014

R$ 7,2 bilhões em investimentos na temporada 2013/2014

467.629 Camas

Passageiros globais

Outros 20 navios integrarão a frota da CLIA entre 2015/2018, disponibilizando mais 52 mil camas

Capacidade de Market Share

2013 (Estimativa) 21,3 milhões

Europa

2014 (Previsão) 21,7 milhões

TOP 2014 - Tendências

Alasca

 Melhorias na tecnologia e conectividade a bordo  Crescimento de passageiros classificados como “Millennials3”

Mediterrâneo

Caribe

Ásia

 Investimento em luxo  Mais pacotes all inclusive América do Sul

 Aumento de cruzeiros para todas faixas-etárias

Austrália

Outros mercados

 Férias a bordo

TOP 10 - Origem de passageiros por país EUA

Brasil

Reino Unido e Irlanda

Canadá

Alemanha

Espanha

Itália

França

Austrália e Nova Zelândia

Escandinávia e Finlândia

Crescimento global de passageiros América do Norte

Europa

Outros

Total

Destinos de Cruzeiros em alta em 20141  Pacífico  Rios dos EUA e Rios exóticos  América do Sul  Antártica  Cruzeiros Mundiais  África  Oriente Médio  Canadá e Nova Inglaterra (EUA)

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Principais motivações para fazer um cruzeiro2

Valor / Preço

Destino / Itinerário

Reputação da armadora

Porto de origem

Estilo do cruzeiro / amenities

De acordo com CLIA Cruise Line Member Survey / 2 De acordo com CLIA Travel Agent Survey / A Geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet têm a expectativa de ter informação e entretenimento disponíveis em qualquer lugar e em qualquer altura.

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REPORTAGEM DE CAPA

Da Copa às

Olimpíadas Brasil ganha evidência no mundo; setor turístico entra em novo patamar A realização da Copa 2014 no país, entre junho e julho deste ano, abriu os olhos do mundo para o Brasil e, ao mesmo tempo, fez o setor refletir sobre o potencial da cadeia turística. Empresas, autoridades e profissionais traçam agora estratégias para aproveitar os benefícios deste momento.

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REPORTAGEM DE CAPA Novo cenário brasileiro, com maior exposição do país após o Mundial da Fifa, levanta o debate sobre o futuro do turismo e o papel do agente de viagem >> A Copa do Mundo 2014 mexeu com o Brasil e com os brasileiros. Independente de ser um evento esportivo, o fato é que o campeonato de futebol da Fifa levantou questões que pareciam esquecidas e trouxe à tona problemas que até então passavam despercebidos. O Mundial serviu para mostrar a força do país e, principalmente, de sua população, que foi vista pelos estrangeiros como um povo amigável, que sabe receber muito bem os que aqui chegam. No turismo, pelo que pode ser observado através dos depoimentos colhidos pelo M&E, o saldo parece equilibrado.

A favor Um milhão de turistas estrangeiros acolhidos, com 95% deles revelando intenção de retornar ao país. Três milhões

de turistas nacionais. Um fluxo de 16,7 milhões de passageiros nos aeroportos, com taxas de atrasos abaixo das médias internacionais. Um contingente de 3,4 milhões de pessoas nos estádios, com outras cinco milhões de pessoas nas Fan Fests. Esses são alguns dos números oficiais e que trazem com eles esperança para estados e cidades-sede, que viram o evento como um divisor de águas.

Contra Em contrapartida, 53% das agências de viagens do país tiveram perda nas vendas por causa da Copa. O dado faz parte do estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas, Estudos e Capacitação em Turismo (Ipeturis) a pedido do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP). Em todo o Bra-

sil, apenas 13% das agências de viagens venderam mais do que o normal. Para os outros 34%, o saldo não foi positivo e nem negativo. Durante a Copa, as vendas totais do setor de agenciamento caíram 27%. Soma-se a isso a insatisfação dos municípios que não sediaram sequer um jogo.

Saldo Ou seja, a balança ficou estável, já que os ganhos para a imagem do país foram muitos, mas, por outro lado, as vendas dos operadores e agentes registraram queda. Então, como aproveitar essa chamada “década de ouro”, que reserva ainda as Olimpíadas de 2016 para conseguir alavancar os negócios? Qual o papel do agente de viagem nos dias atuais diante deste cenário? E o que estados e cidades podem esperar? Alexandre Macieira/Riotur

Números finais do Mundial Mais de 1 milhão de estrangeiros de 202 países estiveram no Brasil para a Copa Os turistas brasileiros somaram 3,05 milhões Os turistas estrangeiros permaneceram em média 13 dias no país Cerca de 95% dos estrangeiros que vieram ao Brasil pretendem voltar no futuro 64% dos ingressos da Copa foram alocados para brasileiros e 36% para estrangeiros 378 municípios brasileiros foram visitados por estrangeiros Investimento de R$1,1 bilhão em Segurança Pública Espaços das Fan Fests receberam 5,1 milhões de pessoas para os jogos

Perfil do turista brasileiro na Copa De acordo com pesquisa do Ministério do Turismo (MTur), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, a maioria homem (76,2%), tem ensino superior completo (55,3%), idade entre 25 a 34 anos (40,3%) e renda familiar (28,6%) que oscila entre R$ 3.621 e R$ 7.240.

A Copa 2014 teve 517 horas de transmissão sem interrupções Público total da Copa 2014 superou os 3,42 milhões de torcedores Cerca de 16,7 milhões de passageiros estiveram nos aeroportos brasileiros na Copa 2014 Na aviação, o índice médio de pontualidade do período nas cidades-sede foi de 92,54%

Os brasileiros em viagem pelo país movimentaram o mercado interno durante a Copa do Mundo. Uma das características marcantes desse público foi o fato de que cerca de 30% dos viajantes nacionais, o que equivale 904.005 pessoas, se deslocaram de mochila nas costas, sem pernoitar nos destinos turísticos. Os excursionistas, como são chamados os viajantes que voltam no mesmo dia para casa, em geral moradores de cidades próximas às sedes, optaram por assistir aos jogos ou participar de eventos relacionados sem ter de se hospedar no destino. A maioria dos viajantes brasileiros (67,2%) visitou destinos que ainda não conhecia, segundo o estudo. No total, 3.056.397 pessoas se movimentaram pelo país, sendo 2.152.392 turistas e 904.005 excursionistas. O maior grupo foi de paulistas, com 858.825 viajantes, sendo 544.268 de turistas, e outros 314.557 de excursionistas. O segundo estado que mais emitiu representantes foi o Rio de Janeiro, com 260.527. Na sequência vieram os baianos, com 220.021; os mineiros, com 204.425; os paranaenses, com 165.694; os pernambucanos, 160.324; os paraibanos, 142.949; os goianos, 123.928; os catarinenses 123.851; e os gaúchos, 113.208.

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Luis Otávio Neves, secretário de Turismo do Distrito Federal

Márcio Cabral, secretário de Turismo do Rio Grande do Sul

“A Copa do Mundo foi uma grande janela de visibilidade para o turismo em Brasília. Foram mais de 630 mil visitantes e as características peculiares do destino despertaram o interesse do mundo. A capital receberá a Stock Car no próximo ano, será subsede das Olimpíadas de 2016, também receberá o 8º Fórum Mundial da Água em 2018 e o Summer Universidade em 2019. Temos uma missão de cada dia mais inserir Brasília no circuito internacional de destinos turísticos.”

“A Copa do Mundo reafirmou o Rio Grande do Sul como um destino turístico de qualidade receptiva e singular, diferente de tudo que os turistas puderam presenciar no restante do país. A avaliação positiva dos milhares de visitantes que estiveram aqui estimula o estado a buscar novos desafios, uma vez que conseguimos neste período uma exposição mundial que nos qualifica a deixarmos de ser um destino doméstico para alçar voos no mercado internacional.”

Qual o real impacto da Copa de 2014 para o seu destino?

Juliana Vellozo Vosnika, presidente da Paraná Turismo “Nossa capacidade de organizar e receber turistas para grandes eventos evidenciou a vocação do Paraná para o turismo e possibilitou uma maior qualificação dos equipamentos e serviços turísticos. Assim, além das ações voltadas ao turismo de lazer, serão incrementadas aquelas que permitam ampliar a competitividade do estado como destino de negócios e eventos, tanto no mercado nacional como internacional.”

Estados e cidades-sede esperam um boom de visitantes nos próximos anos. Governantes pensam nas melhores formas de alavancar o turismo a partir de agora.

Oreni Braga, presidente da Amazonastur

Pedro Galvão, secretário do Turismo da Bahia

“O Amazonas foi reconhecido como um destino turístico que sabe bem receber e tem a capacidade para recepcionar turistas do mundo inteiro. Agora recai sobre nós a grande responsabilidade de promover mais e melhor o estado para que este turismo que veio possa voltar. A Copa do Mundo representou um marco para o turismo amazonense e nós vamos trabalhar muito para consolidar de vez essa atividade em nossa região.”

“Os jogos da Copa na Arena Fonte Nova proporcionaram visibilidade positiva para a Bahia e Salvador com reflexos excelentes para o turismo. É preciso manter a promoção do destino Bahia para impedir que o efeito positivo proporcionado pela Copa seja volatizado. Temos uma agenda de ações que avança com uma série de iniciativas para qualificação de mão de obra, esforço para atração de novos voos, investimentos e eventos como a Stock Car.”

Romeu Baptista, secretário de Turismo de Pernambuco

Antônio Pedro Figueira de Melo, secretário de Turismo da cidade do Rio de Janeiro

“O pós Copa trouxe um novo ordenamento do crescimento metropolitano em Pernambuco, atraindo investimentos para a Zona Oeste do Recife e criando um novo vetor de desenvolvimento econômico e adensamento demográfico. Um grande destaque do legado da Copa foi a aceleração da modernização urbana, que contou com mais de R$ 2 bilhões de investimentos públicos, os investimentos no setor hoteleiro. Até o fim do ano o estado irá contar com mais de 87 mil leitos.”

“As avaliações positivas de pesquisas realizadas após o evento revelam que entre os turistas estrangeiros, 98,8% dos entrevistados tiveram as expectativas atingidas ou superadas e 98,3% recomendariam o destino a parentes e amigos. Tudo isso comprova que estamos no caminho certo e nos deixam ainda motivados para realizarmos uma festa inesquecível durante as Olimpíadas em 2016. Com os jogos e a final da Copa milhares de telespectadores em todo o mundo puderam ter uma imagem positiva do Rio de Janeiro.”

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Fora do Mundial, destinos têm impactos diferenciados.. A Copa conseguiu extrapolar as cidades-sede?

Fernando Bezerril, secretário de Turismo de Natal “Natal mostrou todo seu potencial aos turistas e às autoridades presentes no período da Copa do Mundo. Agora, os turistas podem ser bem recebidos e acolhidos e desfrutar das belezas de Natal com mais segurança e comodidade. Nesse momento pós-Copa colheremos os frutos da boa realização do evento através de uma divulgação a ser realizada em conjunto com os empresários do setor turístico nos países que vieram para os jogos na cidade e nos estados brasileiros.”

Valdir Walendowsky, presidente da Santur “Se levarmos em consideração que apenas houve um congresso técnico em Florianópolis da Fifa, eu acredito que não houve um ganho para o estado com a realização da Copa. Não hospedamos seleções, apesar de termos uma hotelaria de primeira linha, não tivemos promoção, nem investimentos. Então creio que num balanço geral o estado acabou não sendo beneficiado diretamente.”

Mauro Werkema, presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte – Belotur “O maior beneficiado com a Copa em Belo Horizonte foi o setor turístico. Para manter a capital mineira com boa visibilidade e capacidade de receber grandes eventos, estão em andamento o BH Receptiva e o Programa de Estímulo ao Turismo de Negócios e Eventos, que cuidam do receptivo da cidade e trabalham no incremento do turismo de eventos e negócios para dar sustentabilidade ao fluxo de visitantes e manter a cadeia de prestadores de serviço com bom desempenho.”

Adenauer Góes, secretário de Turismo do Pará “Considero que dentro dos grandes eventos o Governo decidiu dividir o Brasil em duas partes. Aquela que levou em consideração as cidades-sede e, por outro lado, os demais estados e cidades, como foi o caso do Pará. Não creio que possamos ter sido beneficiados nem com qualquer investimento em infraestrutura, ou mesmo de promoção.”

Salmito Filho, secretário de Turismo de Fortaleza “Fortaleza foi uma das cidades-sede com maior fluxo de turistas na Copa do Mundo e também na Copa das Confederações. A cidade seduz o turista com suas belas praias, artesanato, gastronomia, rede hoteleira e pela infraestrutura no turismo de eventos. Mas foi a hospitalidade do fortalezense o que mais chamou a atenção de torcedores e turistas, o que nos deixa otimistas para um crescimento do fluxo turístico além da expectativa nos próximos anos.”

Nilde Brun, diretora presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul “Durante a Copa fizemos uma promoção específica para o público-alvo. Destacamos a região de Bonito-Serra da Bodoquena, principalmente no pré-Copa, onde tivemos um aumento em torno de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Já para a região do Pantanal, o fluxo aumentou consideravelmente durante a Copa.”

Wilson Poit, secretário municipal de Turismo e presidente da SPTuris e SPNegócios

Danielle Novis, secretária de Turismo de Alagoas

“Para São Paulo, a Copa ajudou a mostrar o que há de melhor aqui para pessoas do mundo inteiro e também trouxe para o paulistano mais orgulho de sua cidade. Agora é hora de aproveitar os dividendos e investir em grandes projetos. Estamos sonhando grande e montando projetos, buscando investimentos e parcerias. Queremos que o turismo seja uma das grandes forças dessa cidade, gerando mais negócios, investimento, empregos e renda para toda a população.”

“Se para o Brasil é inegável que os ganhos da Copa foram muitos, tanto em termos de visibilidade como em relação à fantástica hospitalidade, o mesmo não posso afirmar para Alagoas. Creio que o mês de junho e a primeira quinzena de julho foram para o turismo do estado os piores dos últimos dez anos. Exagero ou não, os fracos resultados puderam ser constatados principalmente no setor hoteleiro.”

*O secretário de turismo de Cuiabá foi procurado, mas não respondeu ao M&E.

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REPORTAGEM DE CAPA Agentes não ganharam com a Copa, mas têm um bom motivo para comemorar >> Apesar da Copa de 2014 não ter sido tão especial para os agentes de viagens brasileiros e para grande parte das operadoras, o fato é que esses profissionais tiveram outro motivo para comemorar o primeiro semestre de 2014. Às vésperas do Mundial foi publicada (em 16 de maio de 2014) a Lei 12.974, que dispõe sobre as atividades das agências de turismo. Depois de 13 anos, o PL 5.120 foi aprovado e sancionado pela presidente Dilma Rousseff. Um avanço, levando-se em consideração que a luta já se arrastava há um bom tempo. A nova Lei impede que pessoas e organizações de outros segmentos atuem como se fossem agências e operadoras, tornando expresso que a remuneração pelos serviços por elas prestados é uma prerrogativa exclusiva das agências de turismo, que possuem a atividade regulamentada como seu objeto principal. Apesar disso, nem tudo são flores.

Entre os muitos vetos que foram feitos (grande parte relacionados ao Código de Defesa do Consumidor), destaque para o que estabelece a Responsabilidade Solidária. Esse é o principal ponto defendido pelos agentes e pela própria Abav Nacional, no qual agências de turismo muitas vezes são responsabilizadas por eventuais problemas que não estão diretamente ligados à empresa, como é o caso de atrasos de voos, por exemplo. Portanto, apesar de se tratar de novidade, em princípio a mencionada lei não traz inovações práticas para o dia a dia operacional das agências, mas, sim, consolida e dá contornos mais delineados às atividades desses profissionais no país. Tecnologia como aliada – Com a profissão reconhecida, os agentes devem agir no presente para garantir um futuro promissor. Neste sentido, vale ressaltar a necessidade de

qualificação e capacitações constantes. Palestrantes e especialistas defendem mais agressividade e pró-atividade. E todos entram num consenso quando ao assunto é a tecnologia e o uso dela como aliada e não como ameaça. O professor Marcelo Bispo, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), defende a necessidade – e oportunidade – das agências migrarem do meio físico a para o mundo virtual. “O cenário atual mostra que o turista já fez suas escolhas: atualmente, mais da metade dos bilhetes são vendidos pelos sites das companhias aéreas e já existem bons exemplos de agências de viagem com foco na venda pela internet. O agente de viagem tem de fazer o papel de consultor”. As soluções de realidade aumentada, que unem informações reais, como fotos e vídeos, a gráficos e informações manipuladas pelo computador, podem ser um diferencial na hora de apresentar os destinos aos viajantes.

Co você vê a concorrência com as OTAs? Como O que o agente deve fazer para garantir a fidelização de seu cliente? Laurelina Alcolino, da Novo Mundo Turismo e Viagens

Georgiana Antonina, da GTI Viagens e Turismo “O passageiro geralmente decide comprar diretamente com as OTAs porque acredita que através da agência de viagem haverá um aumento no valor final da passagem. E na compra (com exceção da venda de cruzeiros), as OTAs conseguem sim fazer um preço melhor que as agências, infelizmente. O diferencial é a agência ter um atendimento personalizado, dar todo o apoio ao cliente, as informações, fornecer documentação, isso a compra online não oferece. Se você comprar em uma OTA, você não tem retorno se tiver alguma dúvida. Mas, infelizmente, em relação ao preço, não conseguimos competir”.

“Eu acho que não podemos ignorar as OTAs de forma alguma porque elas têm um potencial muito maior que o nosso. Mas não acredito que as agências de viagem vão deixar de existir por causa das OTAs. Porque temos o nosso diferencial. Oferecemos o corpo-a-corpo, atendimento 24h. Inclusive, muitas OTAs estão partindo para agências físicas também. Acredito que temos que inovar. Oferecer coisas novas, um tratamento diferenciado e exclusivo são alguns dos caminhos para continuarmos no mercado”.

Lia Vieira, da Ashanti Viagens

Mariana Nasser, da MBN Tour

“De um modo geral, acredito que quando o cliente já é fidelizado, ou quando é um público muito específico, como o cliente corporativo, por exemplo, ele dá preferência à agência de viagem pela facilidade de fazer as transações. Não acho que as OTAs vão roubar o nosso espaço e nem que deixaremos de existir. Disseram muito isso sobre o cinema e o DVD, sobre jornal impresso e online, e eles continuam coexistindo. Nós temos é que nos aperfeiçoar e inovar. As agências não podem mais ser contemplativas, esperando que o cliente apareça. Mudou muito a relação consumidor-fornecedor”.

“A proporção de concorrência é muito grande, porque nós fazemos uma cotação de viagem para um cliente e ele faz a comparação com os preços das OTAs. É um pouco desproporcional porque você disponibiliza tempo, conhecimento e expertise para o cliente e ele acaba optando pelo online. Eu tenho tentado, na medida do possível, oferecer informações fundamentais que os passageiros não conseguem através das OTAs, para fidelizar o cliente. Mas é complicado, o mercado está bastante competitivo”.

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REPORTAGEM DE CAPA LEI Nº 12.974, DE 15 MAIO DE 2014 Mensagem de veto dispõe sobre as atividades das Agências de Turismo.

§ 2º A Agência de Viagens e Turismo poderá utilizar-se da denominação de Operadora Turística. Art. 6º (VETADO).

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Esta Lei dispõe sobre as atividades das Agências de Turismo. Art. 2º Entende-se por Agência de Turismo a empresa que tenha por objeto, exclusivamente, a prestação das atividades de turismo definidas nesta Lei.

Art. 7º É vedado o registro como Agência de Turismo à empresa: I - cuja atividade principal prevista no seu objetivo social seja distinta da estabelecida no art. 2º; II - que não preencha as condições previstas nesta Lei e no Regulamento. Art. 8º Constituem prerrogativas das Agências de Turismo registradas na forma desta Lei: I - o exercício das atividades privativas de que trata o art. 3º, observado o disposto no art. 5º;

Art. 3º É privativo das Agências de Turismo o exercício das seguintes atividades:

II - o recebimento de remuneração pelo exercício de suas atividades; e

I - venda comissionada ou intermediação remunerada na comercialização de passagens, passeios, viagens e excursões, nas modalidades aérea, aquaviária, terrestre, ferroviária e conjugadas;

III - a habilitação ao recebimento de incentivos e estímulos governamentais previstos na legislação em vigor.

II - assessoramento, planejamento e organização de atividades associadas à execução de viagens turísticas ou excursões; III - (VETADO); IV - organização de programas, serviços, roteiros e itinerários de viagens, individuais ou em grupo, e intermediação remunerada na sua execução e comercialização; e V - organização de programas e serviços relativos a viagens educacionais ou culturais e intermediação remunerada na sua execução e comercialização. § 1º As Agências de Turismo poderão exercer todas ou algumas das atividades previstas neste artigo. § 2º O disposto no inciso I do caput deste artigo não inclui a organização dos programas, serviços, roteiros e itinerários relativos aos passeios, viagens e excursões. § 3º O disposto no inciso III do caput deste artigo não elide a venda direta ao público dos serviços prestados pelas empresas transportadoras, pelos meios de hospedagem e pelas demais empresas fornecedoras de serviços turísticos, inclusive por meio da rede mundial de computadores. Art. 4º As Agências de Turismo poderão exercer, ainda, e sem caráter privativo, as seguintes atividades: I - obtenção e legalização de documentos para viajantes; II - transporte turístico de superfície; III - desembaraço de bagagens, nas viagens e excursões de seus clientes; IV - intermediação remunerada de serviços de carga aérea e terrestre; V - intermediação remunerada na reserva e contratação de hospedagem e na locação de veículos; VI - intermediação remunerada na reserva e venda de ingressos para espetáculos públicos, artísticos, esportivos e culturais;

Art. 9º São obrigações das Agências de Turismo, passíveis de fiscalização, em conformidade com os procedimentos previstos nesta Lei e nos atos dela decorrentes: I - cumprir rigorosamente os contratos e acordos de prestação de serviços turísticos firmados com os usuários ou outras entidades turísticas; II - disponibilizar e conservar instalações em condições adequadas para o atendimento ao consumidor, em ambiente destinado exclusivamente a essa atividade; III - mencionar, em qualquer forma impressa de promoção ou de divulgação de viagem ou excursão, o nome das empresas responsáveis pela operação dos serviços contratados e o número de registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos; IV - prestar ou apresentar, na forma e no prazo estabelecidos pelo órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos, as informações e os documentos referentes ao exercício de suas atividades; V - manter em local visível de suas instalações cópia do certificado de registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos; VI - comunicar ao órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos eventual mudança de endereço e paralisação temporária ou definitiva das atividades; e VII - apresentar ao órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos cópia do instrumento que altere o ato constitutivo da sociedade, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados do seu arquivamento no registro apropriado. Art. 10. A oferta do serviço prestado pela Agência de Turismo expressará:

VII - (VETADO);

I - o serviço oferecido;

VIII - representação de empresa transportadora, de meios de hospedagem e de outras empresas fornecedoras de serviços turísticos;

II - o preço total, as condições de pagamento e, se for o caso, as de financiamento;

IX - assessoramento, organização e execução de atividades relativas a feiras, exposições, congressos e eventos similares; X - venda comissionada ou intermediação remunerada de seguros vinculados a viagens e excursões e de cartões de assistência ao viajante; XI - venda de livros, revistas e outros artigos destinados a viajantes; e XII - outros serviços de interesse de viajantes. Art. 5º Para os efeitos desta Lei, as Agências de Turismo classificam-se nas 2 (duas) categorias abaixo, conforme os serviços que estejam habilitadas a prestar:

III - as condições para alteração, cancelamento e reembolso do pagamento dos serviços; IV - as empresas e empreendimentos participantes da viagem ou excursão; e V - a responsabilidade legal pela execução dos serviços e eventuais restrições existentes para a sua realização. Art. 11. (VETADO). Art. 12. (VETADO).

Art. 17. (VETADO).

§ 1º É privativa das Agências de Viagens e Turismo a execução das atividades referidas nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 3º.

Art. 18. (VETADO).

Art. 22. O órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos exercerá a fiscalização das atividades das Agências de Turismo, objetivando: I - a proteção ao consumidor, exercida prioritariamente pelo atendimento e averiguação da reclamação; II - a orientação às empresas para o perfeito atendimento das normas reguladoras de suas atividades; e III - a verificação do cumprimento da legislação pertinente em vigor. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, os agentes da fiscalização terão livre acesso às instalações, áreas, equipamentos, arquivos, livros e documentos fiscais da empresa fiscalizada, sendo obrigação desta, nos limites da lei, prestar todos os esclarecimentos e informações solicitadas. Art. 23. A inobservância pela Agência de Turismo das determinações desta Lei sujeitá-la-á às seguintes penalidades, além das sanções penais cabíveis: I - advertência por escrito; II - multa; III - interdição da instalação, estabelecimento, empreendimento ou equipamento; IV - (VETADO); e V - cancelamento do registro. Parágrafo único. As penalidades mencionadas neste artigo serão reguladas e aplicadas pelo órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos. Art. 24. O exercício de atividades privativas de Agência de Turismo, na forma desta Lei, sem o correspondente registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos constitui ilícito penal e sujeita o infrator às penas dispostas no art. 47 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941 - Lei das Contravenções Penais. Parágrafo único. (VETADO). Art. 25. (VETADO). Art. 26. A responsabilidade civil da Agência de Turismo poderá ser objeto de seguro. Art. 27. A Agência de Turismo já registrada como Agência de Turismo, Agência de Viagens ou Agência de Viagens e Turismo deverá adaptar sua denominação ao disposto nesta Lei no prazo máximo de 90 (noventa) dias, contados de sua entrada em vigor. Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 15 de maio de 2014; 193º da Independência e 126o da República.

Guido Mantega

Art. 15. (VETADO).

II - Agências de Viagens e Turismo.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos de fretamento de veículo para uso dos associados, mediante simples ressarcimento das despesas realizadas.

José Eduardo Cardozo

Art. 14. (VETADO). Art. 16. (VETADO).

Art. 21. A sociedade civil ou comercial de qualquer natureza somente poderá oferecer a seus integrantes, associados, empregados ou terceiros os serviços turísticos de que trata esta Lei quando prestados ou intermediados por Agências de Turismo registradas no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos.

DILMA ROUSSEFF

Art. 13. (VETADO).

I - Agências de Viagens; e

Art. 20. A Agência de Turismo é diretamente responsável pelos atos de seus prepostos, inclusive os praticados por terceiros por ela contratados ou autorizados, se ao contrário não dispuser a legislação vigente.

Miriam Belchior Vinícius Nobre Lages Anthero de Moraes Meirelles

Art. 19. (VETADO).

Este texto não substitui o publicado no DOU de 16.5.2014

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REPORTAGEM DE CAPA

Contagem regressiva rumo às Olimpíadas

>> Passada a euforia da Copa, o setor turístico volta os olhos agora para o futuro, especificamente para 2016. A Embratur, por exemplo, está em fase de planejamento de novas ações. “Entramos em um novo ciclo, com desafios diferentes, e queremos continuar contribuindo para que o turismo internacional cresça de forma sustentável, atingindo assim a meta dos 10 milhões de visitantes estrangeiros em 2020. Uma nova campanha publicitária deverá ser lançada e novos eventos exclusivos sobre o Brasil, com foco nas Olimpíadas de 2016, também estão previstos para este semestre”, avisa o presidente da Embratur, Vicente Neto. Assim, agentes e operadores também devem começar a pensar e traçar estratégias para o período. Seja para atender os visitantes

internacionais que aqui chegarem através do receptivo, ou mesmo para produzir pacotes e enviar ao exterior os brasileiros que preferirem deixar o país na ocasião. O presidente da Braztoa, Marco Ferraz, alerta para o perigo dos preços altos, que podem acabar assustando o consumidor. “Teremos pela frente os Jogos Olímpicos e não podemos ir com uma fome maior, como foi feito na Copa. O preço tem que ser razoável, porque, caso contrário, o consumidor não vai aceitar e não irá comprar. Como somos intermediários, não fazemos preço, apenas mantemos o nosso markup acompanhando a subida e descida dos preços, dependemos muito dos fornecedores. Espero que eles tenham entendido que o consumidor não vai mais pagar preços irreais. Este deve

Identidade Visual Em agosto deste ano foi divulgada a identidade visual que será utilizada nas Olimpíadas de 2016. O projeto foi desenvolvido pelas equipes de design e gestão de marca do Comitê Rio 2016, demorando cerca de um ano para a conclusão. Segundo a diretora do COI, Beth Lula, o look se inspirou em pontos turísticos da capital fluminense como o Corcovado, o Cristo Redentor e o Pão de açúcar. A imagem é multicolorida, com predominância do verde por ser a cor de destaque da bandeira nacional e lembrar as paisagens do Rio. Para sua realização, foram feitos estudos sobre na identidade do Brasil presente no Rio. Além das quatro outras cidades do futebol: Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Salvador.

ser um dos legados da Copa para o futuro e não apenas para grandes eventos”.

Rio de Janeiro A pouco menos de dois anos para o evento, o Rio de Janeiro corre para cumprir os prazos e fazer jus às expectativas. “Barcelona que me perdoe, mas nenhuma outra cidade se transformará tanto em tão pouco tempo quanto o Rio de Janeiro”, garantiu o prefeito da cidade, Eduardo Paes.De acordo com ele, o investimento total já chega a R$ 37,6 bilhões, sendo que 57% deste valor serão arcados pela iniciativa privada.

Instalações Das 13 instalações olímpicas que irão abrigar os 28 campeonatos esportivos, apenas três estão concluídas: a modernização do estádio do Maracanã e a urbanização de seu entorno, que custaram R$ 1,309 bilhão; a ampliação da capacidade do Sambódromo de 60 mil para 72.500 lugares, para que possa receber provas de tiro com arco e a chegada da maratona; e o Parque dos Atletas. Em relação às hospedagens dos turistas, a cidade chegará ao início dos jogos com 37 mil quartos, dez mil a mais do que acordado com o Comitê Olímpico Internacional (COI).

Números das Olimpíadas Serão quase 100 mil pessoas envolvidas diretamente na organização do evento. São até 60 mil voluntários, 36 mil colaboradores terceirizados e quatro mil funcionários. São esperadas quase 500 mil pessoas no Rio, entre jornalistas e turistas. Estima-se, aproximadamente, 10 mil atletas.

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EVENTOS / FEIRAS

Pavilhões cheios Em dez anos, Brasil registra um aumento de 408% no segmento de eventos PEDRO MENEZES >> O Brasil é o oitavo país no ranking mundial de viagens corporativas e está em vias de ultrapassar a Itália, a França e o Reino Unido, nos próximos dois anos, segundo o estudo da GBTA 2013. Já pelo lado da International Congress and Convention Association (Icca), o Brasil perdeu duas posições para China e Japão no ranking mundial. De fato, o que vai alavancar o aumento de eventos no Brasil é a superação dos desafios que temos quanto à infraestrutura, novos espaços para eventos, políticas de incentivo ao setor, capacitação e um compromisso grande das entidades. O presidente da Icca, Arnaldo Nardone, explica a queda do Brasil no ranking. Para ele, a alta concorrência com mercados asiáticos faz com que o decréscimo seja considerado normal, perto do valor que Japão e China investem por ano em infraestrutura modernizada. Em todo o caso, o Brasil tem de ser aplaudido de pé pelos números apresentados em 2013. De acordo com a Embratur, em estudo divulgado em maio deste ano, em dez anos, os congressos e convenções de negócios realizados no Brasil registraram um aumento de 408%. Conforme os dados divulgados pela Icca, entre 2003 e 2013, o total de eventos passou de 62 para 315. No mesmo período, o número de cidades que sediaram esse

tipo de evento subiu 145%, passando de 22 para 54. O ranking divulgado mostra que o Brasil permaneceu entre os dez países que mais recebem congressos e convenções associativas, liderado pelos Estados Unidos. Um estudo realizado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), em parceria com a Universidade de Oxford, indica que o Brasil é o país com maior previsão de crescimento em investimentos no setor turístico em 2014: 21,8%, ante a média mundial de 5,7%. Ainda de acordo com o WTTC, a estimativa é que daqui a 10 anos, em 2024, o impacto do turismo na economia brasileira possa alcançar 10,3% do PIB (R$ 700 bilhões). E as projeções não param por aí! Em 2015, o país participará da Expo Milano, na Itália, um megaevento mundial, onde o Brasil estará exposto em uma das maiores áreas da feira, durante seis meses. De acordo com Marta Rossi, diretora do Festival de Turismo de Gramado-RS (Festuris), o Brasil está no melhor momento, porque as portas do mercado internacional estão abertas. “Precisamos, no entanto, aproveitar as oportunidades e trabalhar muito para isso, seja através de ações pontuais e ações planejadas a longo prazo entre o poder público e a iniciativa privada”.

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O diretor da BNT Mercosul, Geninho Góes, vai além, e ressalta a necessidade de mão de obra qualificada. Segundo o executivo, se o Brasil quiser se firmar como um destino turístico mundial, esse processo de capacitação da mão de obra tem que ser constante. “Não adianta pararmos para ensinar as pessoas a falarem frases básicas de inglês e espanhol somente nos megaeventos. Tem de ser uma ação continuada, com cursos operacionais e de atendimento ao público internacional. O que não dá, é a gente viver do legado de uma Copa ou de uma Olimpíada”. Legado, este, que deve ser comemorado, mas apenas por enquanto. “Esses grandes eventos, recém realizados no Brasil, criaram uma janela enorme, que se abriu aos olhos do mundo e não deve ser fechada”, afirma Roberto Pereira, secretário-executivo da CTI Nordeste. É nesse ritmo que “o Brasil vem a galope no segmento, ganhando profissionalização tanto na cooptação desses eventos quanto na realização”. Já que “o Brasil tem know-how para grandes eventos”, como afirma a presidente da ABEOC Brasil, Anita Pires, não podemos nos atrelar apenas aos grandes que acontecem por aqui. Devemos acompanhar e participar até dos mais simples eventos.


EVENTOS / FEIRAS Abav

Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

São Paulo

Convention & Visitors Bureau Entrevista com Toni Sando

>> De acordo com a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), em dez anos, os congressos e convenções de negócios realizados no Brasil registraram um aumento de 408%. São Paulo, capital nacional dos negócios, está entre as 10 cidades mais bem colocadas no ranking das Américas. “Somente no 1º semestre de 2014 foram identificados 17,6% mais eventos que no mesmo período do ano anterior”, afirma o presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau, Toni Sando. MERCADO & EVENTOS - Segundo o ranking da Icca, divulgado em maio, o Brasil caiu de sétimo para nono lugar, perdendo posições para China e Japão. Qual fator pode ter sido determinante para esta queda? Toni Sando - O mercado está cada vez mais competitivo e outros destinos estão focados também nesse segmento. Os 315 eventos realizados no ano passado, quando o Brasil ficou em 9º no ranking da Icca, não incluem eventos esportivos e religiosos. Com isso, ficaram de fora a Copa das Confederações, realizada em junho em seis diferentes cidades, e a Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em julho, no Rio de Janeiro. Por ocuparem grande parte e um longo período de tempo a infraestrutura hoteleira, os eventos esportivos e religiosos, sempre com maior número de pessoas, acabam dificultando a realização de eventos com público menor. Isso contribuiu para que, no ano passado, na comparação com 2012, houvesse queda de 12,5% no número de eventos realizados no Brasil. M&E - Em 2013, São Paulo investiu R$ 6 milhões e acabou eliminada, ainda na primeira rodada, da disputa para sediar a Expo 2020, com apenas 13 votos. Quais pontos devem ser evoluídos para que São Paulo possa receber mais eventos

receber turistas de todo o globo. Em minha opinião, precisamos ter um plano institucional para não perdermos a oportunidade e esta janela que foi aberta para o mundo. Muitos destinos estão se equipando com espaços de eventos, exposições e as arenas podem ter um destino para outros tipos de eventos também. O que interessa é que a oportunidade é agora.

e feiras internacionais? Toni Sando - Tínhamos um concorrente muito agressivo em suas ações e com investimento de milhões de dólares. Foi importante a participação e esperamos poder competir novamente. Sob um outro panorama, a cidade de São Paulo recebe anualmente 90 mil eventos. No Calendário de Eventos do São Paulo Convention & Visitors Bureau, foram registrados, no 1º semestre de 2013, 1.396 eventos para acontecerem até o final do ano. Só no 1º semestre de 2014, já foram identificados 17,6% mais eventos que no mesmo período do ano anterior. A expectativa é que haja um crescimento de 10% até o fim de 2014, liderado pelos segmentos de Medicina, Ciência/Tecnologia e Cultura/Educação. M&E - Os fatores debatidos nas duas primeiras questões trazem à tona os desafios que São Paulo (e o Brasil como um todo) tem para ser consolidar internacionalmente no ramo. Como poderíamos classificar as metas e objetivos para alçarmos o resultado planejado e esperado? Toni Sando - O Brasil passou por uma experiência muito positiva com a Copa do Mundo, demonstrando sua capacidade de

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M&E - A construção de um novo centro de convenções em Pirituba, que iria receber a Expo 2020, foi defendida, na época, por Fernando Haddad, mesmo não recebendo mais o evento. Como está a atual situação do espaço? Toni Sando - Considerando que não haverá o Expo 2020, as atenções se voltaram em reformar o Anhembi. Além disso, outros equipamentos como o Imigrantes, estão dobrando de tamanho. O Expo Frei Caneca também passou por ampliação, assim como o Rebouças. Estamos com empreendedores animados com o futuro. E nossa missão é trabalhar esse futuro com a captação de novos eventos M&E - Como você classificaria o setor de feiras/eventos no Brasil? E qual deve ser a importância do agente de viagens? Toni Sando - O mercado passa por transformações e o comportamento do visitante mais exigente e com menos tempo, gera um grande desafio para os organizadores e promotores. O agente de viagem cada vez mais precisa se antecipar às necessidades do cliente e preparar, com antecedência, sua vinda a um evento. No SPCVB, já temos um boletim eletrônico chamado “Visite São Paulo”, que é enviado aos organizadores para que eles encaminhem aos participantes do evento com dois meses de antecedência. Assim, ao se organizar para viagem, o viajante poderá desfrutar do que está acontecendo com/no destino naquele período.


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EVENTOS / FEIRAS Abav

Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

BNT Mercosul Entrevista com Geninho Goes

>> Após deixar o Beto Carreiro, em decisão anunciada no começo de agosto, Geninho Goes agora se dedica integralmente a BNT Mercosul, feira que terá a sua 21ª edição sediada na cidade de Itajaí, em Santa Catarina. A mudança, segundo Geninho, é totalmente proporcional ao desejo de expansão do evento. MERCADO & EVENTOS - A 20ª edição da BNT Mercosul reuniu mais de 6 mil profissionais de turismo, em maio, com participação de 22 estados e 265 cidades. O que já podemos esperar da próxima edição da BNT Mercosul? Em agosto, foi anunciado que a BNT Mercosul não acontece mais no Beto Carreiro, passando a ser em Itajaí. Explique esta mudança? Geninho Goes - Nossos expositores sempre se repetem em todas as edições, já que gostam muito da feira, o que de certa forma nos traz um retorno positivo. Para a próxima edição, iremos levar a feira para Itajaí. Com a mudança de local, ganharemos mais espaço e, consequentemente, iremos aumentar a área comercializada e o número de expositores. Com essa expansão, queremos atingir outros nichos de mercado, como o segmento de cruzeiros marítimos, as operadoras, além de receber festas típicas brasileiras e dar uma outra cara para a BNT. Itajaí é o local certo já que possui um pavilhão bem organizado para feiras, uma rede hoteleira mais preparada e uma maior quantidade de restaurantes, o que coincide mais com nosso planejamento. M&E - Inserido nos moldes atuais do segmento turístico mundial, vemos um crescimento exponencial das OTAs. Qual será a importância do agente de viagem e das feiras ao longo dos próximos anos em meio a essas tendências? Geninho Goes - Comercialmente, eu acredito ser super importante o contato entre o fornecedor e o comprador, no

caso das feiras. Acredito que é de extrema importância esse contato pessoal. O passageiro está cada vez mais na internet, mas o papel do agente de viagem passa a ser como de um consultor de vendas, ele tem de estar sempre bem preparado para atender essa demanda. Os agentes de viagens possuem as opções mais acertadas, já que têm experiências com o envio de outros passageiros. Essa relação entre o agente de viagem e o passageiro passa ser a uma relação de confiança. Por isso, eu acho que é importante esse contato mais pessoal, ou seja, saber com quem estamos falando. As pessoas falam sobre a extinção do agente de viagem, mas eu não acredito. Já em relação ao segmento MICE, acredito que as feiras têm o papel apenas promocional, ou seja, apenas para promover destinos turísticos, então eu vejo que as boas feiras vão continuar ao lado dos profissionais de turismo que acompanham este calendário. M&E - A nova tendência do mercado são as experiências trocadas e compartilhadas na internet pelo público final. Em 2013, você afirmou que “não há propaganda que mude a impressão dos clientes”. Acredita que esta tendência, que caminha a passos largos, pode ser

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um divisor de águas para esclarecer e premiar aqueles empreendimentos que prezam pela qualidade do produto? Geninho Goes - Eu acredito que a opinião do cliente é fundamental, assim como as compartilhadas pelo Tripadvisor. Trata-se de uma pesquisa real para saber o que as pessoas acham. Nos sites das empresas, os empreendimentos podem divulgar o que quiserem. Mas quando você entra em um site de busca, você realmente encontra a opinião do cliente, algo super importante. De fato, é uma tendência que vem pra ficar, já que é uma opinião de quem realmente consumiu. Não dá pra fugir dessa realidade. Por exemplo, mesmo quando meu agente de viagem faz um roteiro pra mim, eu entro nos sites de opiniões de terceiros para conferir a escolha e verificar a opinião das pessoas. Caso exista algum motivo frequente nos comentários, podemos ter certeza que a característica da informação é verdadeira. M&E - As expectativas em relação à Copa do Mundo eram as melhores possíveis, de acordo com entrevista concedida ao M&E em 2013. Qual é o balanço que podemos fazer e quais vantagens aproveitar após o término deste megaevento? Geninho Goes - O que me surpreendeu foi a mudança na mídia mundial com relação à impressão sobre o Brasil. Porque eu acredito que na infraestrutura não mudou muita coisa, já que podemos ver aeroportos e os acessos aos estádios que não foram terminados. Estive em Fortaleza uma semana antes da Copa, e não vi muitas mudanças. Mas acredito que ficou um crédito super positivo ligado ao povo brasileiro, que é a simpatia, a nossa receptividade. No geral, eu vi a Copa do Mundo de uma forma favorável, apenas nesse sentido. Eu acho que a projeção do Brasil internacionalmente foi melhor que o esperado. Agora, quanto as contas e estádios para pagar, isso é uma outra e complicada questão.


EVENTOS / FEIRAS

Promove Entrevista com Cláudia Miranda

esbarrar” na questão da má distribuição de nossa malha aérea. A Copa do Mundo e as centenas de voos extras autorizados pela Anac durante o período, pode ser o primeiro passo para uma possível reorganização de nossa malha aérea? Cláudia Miranda - Com certeza, durante a Copa do Mundo, foi dado o primeiro passo para reorganização de nossa malha aérea. Passo este, reconhecido pelos participantes nacionais e internacionais do Mundial de futebol, algo que era uma incógnita até então. Esta reorganização, de fato, ficará como um legado positivo para a aviação.

>> A evolução no segmento de feiras e eventos no Brasil é totalmente proporcional à infraestrutura que o país oferece para o mesmo. De acordo com a diretora da Promove Eventos, Cláudia Miranda, o impacto que a Copa do Mundo trouxe ao país irá favorecer diretamente o setor de feiras e eventos, já que a revitalização e evolução dos serviços turísticos tem impacto considerável para o setor. Ainda de acordo com Cláudia, esta evolução é apenas o primeiro passo para consolidar o Brasil como um destino oficial e internacional de feiras e eventos. MERCADO & EVENTOS - Na edição divulgada pelo M&E em 2013, a senhora afirmou que falta apoio, infraestrutura e preços competitivos na realização de eventos em todo o território nacional. O impacto da Copa do Mundo 2014 no turismo pode favorecer, também, o setor de feiras e eventos durante os próximos 10 anos? Cláudia Miranda - Acreditamos que o impacto da Copa do Mundo no Brasil irá favorecer os setores de feiras e eventos, devido, principalmente, as melhorias ocorridas nos transportes, com novas vias de acesso; à modernização dos aeroportos; à ampliação da oferta hoteleira com consequente redução de tarifas para os visitantes e participantes dos eventos e feiras; além de melhorias no setor de comunicação, facilitando as divulgações nos setores. Acho que com todos esses fatores unidos e com um trabalho em conjunto, poderemos ter um impacto considerável no segmento. M&E - Os anos passam e os planos de expansão previstos tendem a mudar de acordo com os interesses do setor. Em 2014, como a Promove Eventos se comporta para alavancar, ainda mais, seu crescimento? Cláudia Miranda - A Promove intensificará a participação em outras feiras e

eventos do setor, aproveitando a oportunidade para divulgar as novas facilidades criadas com a Copa do Mundo em termos gerais de serviços turísticos, como as áreas de hotelaria e transporte, por exemplo. Também vamos reforçar a mão de obra qualificada em cada um dos eventos que a Promove realiza. M&E - O número de turistas internacionais no Brasil deve crescer e o país tende a solidificar e qualificar a rede de serviços turísticos nacionais. E no ramo das feiras e eventos: quais são os principais desafios e vantagens para continuar progredindo? Cláudia Miranda - Com o crescimento esperado para o turismo nos próximos anos, teremos que enfrentar o desafio de melhorar ainda mais a qualificação do pessoal da rede de serviços turísticos para receber todos os tipos de público, inclusive o corporativo. Outro desafio será sensibilizar os órgãos governamentais do setor para a importância econômica de seu apoio. M&E - Para o Brasil se beneficiar completamente dos megaeventos que estão sendo realizados, ainda é preciso “não

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Abav

Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

M&E - A última feira realizada pela Promove Eventos, antes da 42ª Expo - Abav, foi a 9ª edição do Minas Tur, que levou mais de mil agentes e reuniu quase 400 expositores no Minascentro, em Belo Horizonte. Qual é o peso que uma feira dessas pode ter para a economia e desenvolvimento turístico local? Cláudia Miranda - O mercado estava precisando de uma feira de negócios como essa. Minas Gerais tem cerca de 800 agências cadastradas na Abav. Estou super satisfeita com a edição deste ano. A feira não evoluiu somente no número de participantes, mas também no volume de negócios e na qualidade do visitante. Estou satisfeita, também, por ter presenciado grandes negócios. As capacitações foram um sucesso. Ao todo, reunimos 382 expositores e 1.156 profissionais do turismo. De fato, eu não tinha esperança de ter um resultado tão positivo, devido ao período pós-Copa, o que é natural.Vejo um interesse real dos profissionais do estado em fazer negócios com os expositores, algo que pode fazer o volume de negócios da última edição ser superado (R$ 12 milhões). Acredito que podemos chegar a R$ 14 milhões no volume de negócios.


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Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

Rio

Convention & Visitors Bureau Entrevista com Alfredo Lopes

>> O primeiro lugar entre as cidade brasileiras que integram o ranking da Icca (International Congress and Convention Association), comprova que o segmento MICE tem cada vez mais importância para o Rio de Janeiro. De acordo com o Rio Convention & Visitors Bureau, a cidade já possui 132 eventos agendados para 2014, que devem gerar uma receita de US$ 266 milhões. Segundo Alfredo Lopes, presidente da entidade, a expectativa para os próximos cinco anos é que o setor tenha um crescimento de 5%. Nesta entrevista, Lopes destaca quais os efeitos dos megaeventos na cidade, além de apontar os principais entraves do setor. MERCADO & EVENTOS - Após sediar a JMJ, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, o Rio vai receber as Olimpíadas. Como isso pode alavancar o setor de feiras e eventos na cidade? Alfredo Lopes - Acredito que essa sequência de eventos internacionais que o Rio está recebendo em um curto espaço de tempo deve ser histórica. Não conheço nenhuma cidade que recebeu tantos eventos a nível internacional em um período tão curto. E isso é muito positivo para a exposição da cidade. Outro ponto que favorece a cidade, em relação aos megaeventos, são as estruturas que estão sendo construídas. E, por fim, esse volume de turistas e congressistas que chegaram à cidade, possibilitou a expansão da rede hoteleira, além de gerar empregos e qualificar a mão de obra. M&E - Devido à expansão da hotelaria, muitos temem o esvaziamento do setor e baixos índices de ocupação após esse período de megaeventos. Isso é uma possibilidade? Alfredo Lopes - Devemos esperar que a hotelaria, com essa expansão de quase 50% - sete mil quartos foram inaugurados para

congressos a nível internacional e atraí-los para a cidade, criando oportunidade para as associações internacionais e nacionais e incentivando o segmento.

a Copa e até as Olimpíadas o setor deverá contar com 16 mil novos apartamentos - consiga manter índices de ocupação acima de 80%. Nossa preocupação é após 2016. O que precisa ser feito? Primeiro é preciso que o Brasil crie uma política de divulgação e promoção do país no exterior com foco em aumentar a vinda de turistas internacionais, que há mais de 30 anos se mantém abaixo de seis milhões de visitantes/ano, o que é muito baixo. É muito fácil ver que estamos longe da nossa meta, uma vez que não temos, por exemplo, praticamente nenhum turista chinês. Paris, por sua vez, tem um número fantástico de turistas chineses. Os países árabes quase não têm presença aqui no Brasil. Então deve ser feito um trabalho, em primeiro plano, pela Embratur, em sequência, os Governos dos estados e dos municípios também têm que ter verbas específicas destinadas para a promoção do destino. Não adianta abrirmos 16 mil novos quartos de hotéis se não tivermos um trabalho junto ao governo. Os hotéis não conseguem fazer essa divulgação por conta própria. Além disso, a iniciativa privada (empresas aéreas, centros de convenções e hotelaria, por exemplo), através dos conventions bureaux, deve perseguir os

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M&E - Atualmente, a cidade recebe cerca de 165 mil visitantes relacionados ao segmento MICE, quais as expectativas para os próximos anos? Alfredo Lopes - Levando em consideração apenas o Brasil, a cidade está em primeiro lugar no ranking da Icca (International Congress and Convention Association), e no ranking internacional é o 26º destino mais procurado no mundo para sediar congressos, feiras e convenções. Para 2014, o Rio já conta com 132 eventos agendados, 82 nacionais e 50 internacionais. Juntos, eles trarão para a cidade 165 mil participantes gerando uma receita estimada de US$ 266 milhões. Acreditamos que com os megaeventos e a visibilidade da cidade, o segmento terá um crescimento de 15% nos próximos cinco anos. M&E - Muitos sugerem a criação de um novo centro de eventos na Zona Sul ou no Centro da cidade, de forma a desafogar o Riocentro. Isso vai se concretizar? Alfredo Lopes - Ainda não há um planejamento, é uma vontade enorme da iniciativa privada. Mas é fundamental que isso aconteça, uma vez que, com a expansão da hotelaria - que será muito acentuada na região da Barra da Tijuca, onde cerca de 11 mil novos quartos serão inaugurados - o eixo hoteleiro do município vai mudar. Hoje, o eixo é super concentrado na Zona Sul, e o que vai acontecer é que, em épocas de feiras e congressos no Riocentro, os turistas passarão a se hospedar na Zona Oeste devido à oferta, mobilidade e facilidade. E faz-se necessário um centro de convenções na Zona Sul ou no Centro da cidade para ancorar a hotelaria existente nesses espaços.


EVENTOS / FEIRAS

WTTC

Abav

World Travel and Tourism Council

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Entrevista com David Scowsill

>> O presidente do World Travel & Tourism Council (WTTC), David Scowsill, acredita que o Brasil não pode se apegar aos megaeventos para desenvolver o turismo. De acordo com o executivo, “as previsões indicam um crescimento significativo para este ano. No entanto, um megaevento de sucesso não se traduz automaticamente em um crescimento do setor a longo prazo. Continuar investindo em infraestrutura é fundamental.” M&E - Quais desafios o setor encontrou no ano de 2014? Durante a WTTC, o senhor afirmou que “os números não apenas comprovam a força do turismo na economia dos países, como revelam também boas expectativas para este ano”. As boas expectativas continuam para 2015? Qual é a perspectiva do segmento de feiras e eventos? David Scowsill - Há sempre os desafios óbvios que provém de alguns fatores externos, devido às várias fontes de insegurança e instabilidade no mundo neste momento (Oriente Médio, Europa Oriental e África). Há, também, alguns desafios econômicos em mercados importantes, com o crescimento econômico dos EUA a ser mais lento do que o esperado, devido ao clima terrível nos primeiros meses deste ano. Ainda assim, as previsões indicam que o segmento de viagens e turismo vai continuar crescendo mais rapidamente do que outros setores. Acreditamos que o setor vai crescer 4,3% em 2014, mais rápido do que a economia global, que deverá crescer 2,8%. M&E - O WTTC deste ano ocorreu na China, no mês de abril. Durante o evento, a organização informou que o segmento de viagens e turismo deve gerar US$2,24 bilhões ao longo deste ano, o que representa um incremento de 4,3% em comparação ao ano passado. A quais

parte maior da audiência do turismo internacional. Para se ter uma ideia, o mercado emissor da China passou de 100 milhões de pessoas por ano. Prestadores de serviços turísticos terão de adaptar os seus produtos e serviços para as expectativas dos hóspedes chineses. Atualmente, 91% dos gastos em viagens e turismo na China é dentro do mercado nacional, com 3,2 bilhões de viagens em 2013. O crescimento é explosivo, mas o governo continua expandindo a infraestrutura à frente da demanda.

fatores se deve esse crescimento? David Scowsill - O segmento tem crescido mais rapidamente do que outros setores durante os últimos anos. Esperamos que o setor obtenha resultados ainda melhores em 2014 do mesmo modo que o crescimento alcança toda a economia global, liderado, principalmente, pela queda do desemprego e o forte consumo. O crescimento internacional será mais forte do que o crescimento interno, impulsionado pelo aumento dos gastos de turistas que viajam através das fronteiras internacionais. Mais de 1 bilhão de pessoas viajaram internacionalmente em 2013. Os indicadores nos mostram que o setor vem desempenhando um intenso trabalho. De fato, o crescimento na Ásia e América Latina são fatores importantes. M&E - Em 2023, a China vai ultrapassar os Estados Unidos com o maior número de visitantes do mundo e como economia de turismo. Como lidar com esse crescimento exponencial da China e o que muda com o país oriental sendo líder no turismo mundial? David Scowsill - De fato, haverá mudanças nos requisitos e nas expectativas com os viajantes chineses se tornando uma

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M&E - Em 2013, o senhor afirmou que existem leves preocupações quanto ao desenvolvimento infraestrutural do Brasil ao classificar o momento atual do país. Após a Copa e seus desafios, acha que o Brasil conseguiu passar no teste e mostrar uma capacidade maior do que era esperada? David Scowsill - Eu sei que todo mundo no Brasil ficou desapontado com a eliminação precoce da seleção nacional. Porém, visto de fora, o evento foi um sucesso absoluto, apresentando o país para o mundo. Os estádios estavam prontos, a infraestrutura de transportes estava pronta e as boasvindas aos torcedores estrangeiros foi espetacular. O Brasil recebeu a Copa do Mundo com grande sucesso. Isso é positivo para o desenvolvimento futuro. Para 2014, as previsões indicam um crescimento significativo. No entanto, um megaevento de sucesso não se traduz automaticamente em um crescimento do setor a longo prazo, sem apresentar alguma estratégia clara de desenvolvimento. Continuar investindo em infraestrutura é fundamental, com a missão de tornar todas as partes do país facilmente acessíveis para o turismo, juntamente com um investimento renovado em comercialização da marca no Brasil. Agora é o momento do país aproveitar o investimento que chegou junto com a Copa do Mundo.


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ABEOC

Associação Brasileira de Empresas de Eventos Entrevista com Anita Pires

>> “O Brasil tem know-how para grandes eventos”. Para Anita Pires, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), não adianta ficar parado. Quem quer continuar evoluindo precisa ter um olhar inteligente para o impacto que os megaeventos trouxeram ao Brasil. Segundo ela, é até possível criar expectativas e visualizar o Brasil em um crescimento a longo prazo no setor de feiras e eventos, mas o país precisa fazer por onde. “Um planejamento dos setores público e empresarial, investimento na infraestrutura, na capacitação, na promoção e no incentivo à captação de feiras e eventos internacionais são apenas alguns passos para uma evolução contínua. Só assim, podemos almejar novas posições no ranking mundial de viagens corporativas, no qual estamos em oitavo lugar atualmente. Mas, isso tudo tem que ser acompanhado de políticas e incentivos do Governo Federal e dos governos estaduais na promoção do destino Brasil e com estímulo e financiamento específico do Ministério do Turismo”. MERCADO & EVENTOS - Ao longo dos anos, o mercado brasileiro vem sendo impulsionado pelos megaeventos e por toda a exposição mundial. Quais são os planos e estratégias para, não só manter, mas continuar investindo no crescimento do mercado de feiras e eventos, após os anos dourados do turismo nacional? Anita Pires - Ter um olhar inteligente para estes eventos e o impacto que eles causam no país é fundamental para perceber as oportunidades, potencializar os negócios e ter uma ação de planejamento de políticas de mercado e de políticas públicas de promoção do Brasil. É muito importante, também, criar estratégias para desenvolvermos um ambiente profissional, de bem receber, com serviços de qualidade

exterior e a forma com que os turistas foram recebidos é a maior garantia de que estas pessoas voltarão para feiras, turismo de lazer e negócios. É possível criar boas expectativas sim, mas desde que haja planejamento dos setores público e empresarial, que haja investimento na infraestrutura, na capacitação, na promoção e no incentivo à captação de feiras e eventos internacionais. Neste cenário, o Brasil pode crescer no ranking Icca, com o setor de eventos e negócios dando uma contribuição ainda maior para o desenvolvimento do país.

para que a gente possa transformar estas oportunidades em negócios e geração de emprego, renda, busca de novos eventos e garantir que estes turistas retornem ao Brasil. A ABEOC Brasil, em parceria com o Sebrae Nacional, com apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), já tem um plano em desenvolvimento, que é buscar a qualificação e profissionalização do mercado através do Programa de Qualificação em Gestão e Certificação de Empresas de Eventos, além de realizar o dimensionamento econômico do setor de eventos, fundamental para traçar qualquer planejamento e estratégia. M&E - Dentro e fora dos gramados, a Copa do Mundo conquistou até os mais pessimistas quanto à realização do evento. Para o mercado de feiras e eventos, o Mundial de futebol pode auxiliar o crescimento do setor a longo prazo? É possível criar expectativas para os próximos 10 anos? Se sim, quais? Anita Pires - Sim, pode auxiliar o crescimento na medida em que a exposição da imagem do Brasil projetou o país no

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M&E - Os mais otimistas acreditam em um crescimento tangencial no número de turistas que chegam ao Brasil devido a sua super exposição durante a Copa do Mundo. No mercado corporativo, o país também deve se consolidar, ainda mais, como um destino favorável a feiras e eventos e seguir no rumo certo? Anita Pires - O Brasil já é um destino entre os grandes de feiras internacionais e no mercado corporativo. Diversas empresas europeias e norte-americanas estão se instalando aqui em busca do mercado brasileiro, que é o oitavo no mundo no ranking mundial de viagens corporativas e está em vias de ultrapassar a Itália, França e o Reino Unido, nos próximos dois anos, segundo o estudo da GBTA 2013. Isso ocorre, principalmente, devido ao potencial do mercado, estabilidade econômica e pelo fato do Brasil ter investimentos em tecnologia e pesquisa, o que é fundamental para o setor. Historicamente, o Brasil tem mostrado vocação e competência para receber grandes eventos, como a Copa, a visita do Papa, e mesmo o Rock in Rio e Carnaval. O Brasil tem know-how para grandes eventos. Mas, isso tudo tem que ser acompanhado de políticas e incenti-


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ABEOC

Abav

Associação Brasileira de Empresas de Eventos

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Entrevista com Anita Pires

vos do Governo Federal e dos governos estaduais na promoção do destino Brasil e com estímulo e financiamento específico do Ministério do Turismo. M&E - Em 2013, o setor registrou crescimento na casa dos 14%. A Copa do Mundo e o pós-Copa, que se desdobra por todo o segundo semestre, podem alavancar ou derrubar essa média? Anita Pires - O que vai alavancar o aumento de eventos no Brasil é a superação dos desafios que temos quanto à infraestrutura, novos espaços para eventos, políticas de incentivo ao setor, capacitação e um

compromisso grande das entidades que compõem a cadeia produtiva de eventos de se modernizarem e agregarem mais inteligência às suas gestões, e, desta forma, organizar melhor este mercado que é muito fragmentado e não tem muito histórico. Iniciativas como a da ABEOC Brasil, através do Programa de Qualidade, têm poder de transformar o mercado. M&E - No ano passado, a senhora afirmou que os “investimentos são modestos em relação às necessidades da dinâmica deste setor”. O panorama continua o mesmo em 2014, ou já existe algum projeto e/

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ou injeção de investimentos para a área? Anita Pires - Estamos na fase de finalização da pesquisa sobre o impacto econômico do setor no PIB brasileiro. Acreditamos que de posse destas informações o setor possa finalmente mostrar para o poder público a sua importância econômica. Isso vai ajudar a direcionar os investimentos. Muita coisa ainda precisa ser feita. Mas, uma boa noticia é a inclusão do setor de eventos e negócios no PAC do Turismo, com visão até 2022. Isso vai instrumentalizar um planejamento do crescimento do setor com garantia de recursos para desenvolvimento, mesmo com mudanças de governo.


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WTM-LA

World Travel Market Latin America Entrevista com Lawrence Reinisch

>> A próxima edição da WTM-LA será realizada pela primeira vez no Expo Center Norte, entre 22 e 24 de abril de 2015. A parceria com a Braztoa continua e o diretor da WTM-LA, Lawrence Reinisch, destaca a importância do órgão, que, segundo ele, desempenhou um papel importantíssimo durante a feira, ajudando a indústria a fechar negócios. Ainda de acordo com Lawrence, “A Braztoa e a WTM-LA acertaram em cheio ao estabelecer uma parceria.” MERCADO & EVENTOS - Já existem mudanças estabelecidas para a próxima edição da WTM-LA? Como você avalia esses dois anos de feira na América Latina? Lawrence Reinisch - A próxima edição da WTM-LA será realizada pela primeira vez no Expo Center Norte, entre 22 e 24 de abril. Além desta mudança, provavelmente teremos outras novidades, já que o mercado turístico é muito dinâmico e a feira é uma vitrine deste dinamismo. Depois de duas edições, consolidamos o papel da WTM-LA no cenário turístico nacional e internacional. Só em 2014, ao longo de três dias, 16 mil profissionais do setor participaram do evento e puderam estreitar laços, firmar novos contatos e realizar negócios. O ambiente é realmente favorável, já que visitantes e expositores são selecionados e extremamente profissionais. Tivemos um feedback bastante positivo dos participantes da WTM-LA 2014: satisfação com os números e a qualidade dos compradores, visitantes e tomadores de decisão, além do aumento do número de negociações comerciais realizados no pavilhão de exposições. M&E - A parceria entre a WTM-LA e a Braztoa entrou no seu segundo ano em 2014. Como podemos avaliar as vantagens dessa parceria durante as

edições da feira? Lawrence Reinisch - A Braztoa é uma associação cada vez mais respeitada e prestigiosa, e o nível de envolvimento de seus associados nas duas edições da WTM-LA demonstra como a feira vem facilitando os negócios para a região. O Encontro Comercial Braztoa - idealizado para estabelecer e fortalecer as relações entre os operadores turísticos brasileiros e a indústria global de viagens e turismo - apoia perfeitamente o objetivo da WTM-LA em promover a América Latina para o mundo e trazer o mundo para a América Latina. Sem dúvida, o órgão desempenhou um papel importantíssimo durante a feira este ano, ajudando a indústria a fechar negócios. A Braztoa e a WTM-LA acertaram em cheio ao estabelecer uma parceria. M&E - Em 2013, você afirmou que os megaeventos não devem ser vistos como um meio de atingir retorno imediato. Após a Copa do Mundo, será possível sentir alguma evolução por parte do setor em quanto tempo? O ano atípico deve afetar os eventos e feiras programados? Lawrence Reinisch - A Copa do Mundo

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da Fifa foi, assim como os Jogos Olímpicos serão, uma grande oportunidade para o Brasil e para a América Latina mostrarem seu potencial turístico e sua capacidade de receber bem, já que os turistas que vieram de outros continentes puderam aproveitar e visitar outros destinos. Mas para que a imagem positiva da região seja mantida e, consequentemente, haja retorno no longo prazo, é necessário o trabalho coordenado dos diversos países, a começar pela promoção em conjunto nos mercados mais longínquos - um exemplo é o Escritório de Promoção do Turismo do Mercosul no Japão. Por ser um trabalho realizado em conjunto, não há como mensurar o tempo necessário para começarmos a sentir os efeitos destes eventos. O que sabemos de antemão é que fizemos um evento de sucesso, reconhecido pela mídia e pelo mercado internacional, e isso com certeza se refletirá nos diversos setores do país. M&E - A Lei 12.974 entrou em vigor e virou assunto nos principais debates sobre o turismo nacional. Qual o papel do agente neste novo cenário e como você classifica a regulamentação deste profissional no atual momento turístico do Brasil? Lawrence Reinisch - O agente de viagem é e continuará sendo extremamente importante para o mercado turístico. O contato direto com este profissional dificilmente será completamente substituído pela internet - e isso se aplica a todos os tipos de turistas, não só aos de primeira viagem. O trabalho do agente, que confere comodidade e segurança aos seus clientes, é essencial para diversos públicos, como famílias, melhor idade e aqueles que procuram roteiros personalizados ou temáticos. Por tudo isso, a regularização deste profissional é extremamente positiva e certamente refletirá nos serviços turísticos prestados no Brasil, com benefícios diretos para os turistas.


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WTM

Abav

World Travel Market

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Entrevista com Simon Press

>> A World Travel Market (WTM), tradicional feira que movimenta Londres a cada ano, gerou US$ 3,3 bilhões em negócios durante a edição de 2013. Esse é apenas um número que exemplifica a marca extremamente forte que se desenvolveu ao longo dos anos, de acordo com o diretor da WTM, Simon Press. Para ele, a WTM-LA, a WTM Àfrica e a WTM, em Londres, fazem parte dos principais eventos globais relacionados à indústria de viagens. De acordo com ele, o sucesso do lançamento da WTM-LA, em São Paulo, mostra a importância da evolução da indústria turística dentro mercado brasileiro. MERCADO & EVENTOS - A WTM 2014 está comemorando 35 anos de negócios na indústria do turismo. Cerca de 40 países, 221 expositores e 9.000 visitantes profissionais participaram da primeira WTM em Londres, em 1980. Após 35 anos, a WTM tem mais de 5.000 expositores de 186 países e regiões e 50.000 participantes. Qual a importância desta marca e qual balanço podemos fazer deste desenvolvimento ao longo das décadas? Simon Press - Nas últimas três décadas e meia, a WTM estabeleceu-se como o evento turístico onde a indústria pode realizar e conduzir seus negócios. A WTM 2013, por exemplo, gerou uma enorme quantia que chegou a 2,2 bilhões de libras esterlinas (US$ 3,3 bi) em negócios no setor de viagens, com a WTM 2014 disposta a gerar ainda mais. Usando a marca extremamente forte que se desenvolveu ao longo dos anos, a WTM tem crescido no portfólio de eventos em todo o mundo, incluindo a WTM Latin America, a WTM África, a Arabian Travel Market e, claro, a WTM em Londres. Estes eventos são os principais eventos globais para a indústria de viagens.

M&E - Na WTM 2014 será possível encontrar mais de 150 novos expositores. Quais são os destaques para esta edição, entre novos e já conhecidos na feira? Simon Press - Este ano temos constatado um forte interesse dos expositores na região do Reino Unido e Irlanda, o que significa dizer que a área está praticamente esgotada, sendo realocada para o meio do North Hall e será encontrada entre a Aldeia Global e a Europa. O movimento é em resposta a pedidos e ao feedback produzido pelos expositores, responsáveis por colocar a região do Reino Unido e Irlanda no centro do evento. Mais de uma dúzia de novos expositores se comprometeram a participar da WTM 2014. Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, serão ainda melhor representados no pavilhão de exposições através do Departamento de Turismo e Desenvolvimento do Ajman (ATDD), que estará acompanhado pelo Ras Al Khaimah Tourism Authority Development, que fez sua estreia na WTM, em 2013, e vai voltar para 2014 com um estande maior, juntamente com outras quatro regiões que vêm frequentando a WTM por muitos anos: Abu Dhabi, Dubai, Fujairah e Sharjah.

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M&E - Como você classificaria a atual situação do turismo mundial? Especificamente no Brasil, é possível constatar alguma evolução nos últimos anos? Simon Press - A economia global está começando a se recuperar após a recente crise financeira. Um número significativo de destinos do mundo todo está abrindo as portas para investir fortemente no turismo, transformando o segmento em um dos principais impulsionadores do progresso socioeconômico através de receitas que incluem exportação, criação de empregos e o desenvolvimento da infraestrutura. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), a chegada de turistas internacionais cresceu 5% em todo o mundo em 2013, atingindo um recorde de 1,08 bilhão de chegadas, após superarmos a marca de 1 bilhão em 2012. Isso também se reflete no mercado de turismo brasileiro, que tem assistido a um crescimento significativo. E o sucesso do lançamento da WTM-LA, em São Paulo, em 2013, também traz à tona a importância da evolução da indústria turística dentro do mercado brasileiro. M&E - Quais são os tipos de desafios que a indústria do turismo ainda vai enfrentar em 2014? Simon Press - Devido à diversidade da indústria, nós somos constantemente confrontados com os desafios do setor, como por exemplo, os desastres de avião mais recentes que tiveram destaque no noticiário. O nosso relatório “The World Travel Market 2013 Industry Report” também concluiu que a instabilidade política e os impostos são considerados os principais fatores que criam as maiores preocupações para as viagens de negócios em todo o mundo. No entanto, apesar de todos os reveses, a indústria turística continua positiva e com boas expectativas para 2015.


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Icca

International Congress and Convention Association Entrevista com Arnaldo Nardone

>> Se o Brasil caiu duas posições no ranking geral da International Congress and Convention Association (Icca), tenha certeza que esse rendimento não dependeu de nós. O motivo principal para a queda é a alta concorrência no mercado mundial, que leva grandes países da Ásia a se desenvolver e investir massivamente na captação de eventos. Não podemos nos culpar: o mercado brasileiro nunca parou e o crescimento sempre foi superior a 10%. A esperança no setor vem através das palavras de Arnaldo Nardone, presidente da Icca. Ainda de acordo com o executivo, eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas são os que geram o maior marketing de destino e promoção, mas, por si só, não garantem um número maior de reuniões ou feiras. Para Nardone, falta investimento em infraestrutura adequada e um maior interesse de cidades secundárias em receber pequenos eventos. MERCADO & EVENTOS - A sétima posição do Brasil em 2013 foi considerada boa para um ranking competitivo como o da Icca. No entanto, neste ano de 2014, o Brasil caiu duas posições. Quais motivos podem ter sido cruciais para esta queda? Arnaldo Nardone - O motivo principal é a alta concorrência no mercado, já que hoje os países da Ásia estão tendo um maior desenvolvimento e maior investimento na captação de eventos, constituindo-se como destinos muito mais agressivos nesse sentido. Por causa deste fator, China e Japão ultrapassaram o Brasil no ranking da Icca. Agora, o país deve organizar e investir em cada destino com o principal objetivo de melhorar a sua oferta e destacar os pontos fortes de cada lugar para obter melhores resultados. E para alcançar esses resultados, você deve garantir que mais cidades tenham uma maior participação internacional (hoje as duas principais cidades são Rio e São Paulo). Além disso, acredito que o Brasil tenha que

continuar com um intenso treinamento na área de recursos humanos para que o setor possa ser capaz de competir em igualdade de condições. M&E - Como podemos avaliar a atual situação do Brasil no que diz respeito à organização de eventos com padrão da Icca? Apesar da última queda no ranking, o número médio de eventos com este padrão tende a aumentar? Arnaldo Nardone - O crescimento deste mercado nunca parou e foi sempre superior a 10%. O Brasil, e em especial as cidades secundárias, devem capturar todos os tipos de reuniões para ingressar e se posicionar melhor na classificação Icca, independentemente de sua dimensão. Talvez o Brasil e seus destinos queiram se dedicar somente a buscar congressos/ eventos de grande tamanho e isso acaba limitando a participação dos mesmos no ranking, uma vez que do total de reuniões que a Icca realiza a nível global, em 92% a média de pessoas não ultrapassa mil. M&E - Nós todos sabemos que a Copa do Mundo pode ser considerada uma alavanca para o ramo de feiras e eventos no mercado brasileiro. Mas como e por quanto tempo um megaevento

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pode ser considerado responsável pelo crescimento da indústria turística? Arnaldo Nardone - Eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas são os que geram o maior marketing de destino e promoção, mas, por si só, não garantem um número maior de reuniões ou feiras. Neste caso, é necessário realizar um trabalho aproveitando a grande difusão mundial que a Copa do Mundo gerou, já que trata-se de um evento extraordinário para conhecer melhor os destinos que recebem os turistas. Mas não é só isso que vai fazer os destinos receberem mais reuniões e eventos. Tem de se trabalhar profissionalmente para usar esta atual vantagem e compartilhar o maior número de indicações, destacando em cada evento o que a Copa do Mundo trouxe ao Brasil e os resultados positivos gerados. Estes eventos são uma ferramenta poderosa para a promoção e publicidade, e agora o Brasil deve aproveitar este momento. M&E - O custo Brasil pode interferir nas políticas e planos para sediar ainda mais eventos? Arnaldo Nardone - O assunto “custos” é atualmente muito analisado pelo mercado corporativo em especial, mas se compararmos os destinos de maior sucesso, em todo o mundo, pode-se notar que não são necessariamente mais baratos do que os locais no Brasil. Eu creio que o assunto “custo” é um ponto, mas existem muitas outras áreas que devem ser trabalhadas para gerar o máximo de captação de reuniões e eventos: aproveitar mais os espaços que o Brasil possui; melhorar a infraestrutura geral do destino em algumas cidades que são bem conhecidas em todo o mundo; e adicionar novos destinos na rota, como por exemplo, a própria capital Brasília, que tem um grande potencial, mas está longe de suas possibilidades reais para a realização de um trabalho mais profissional.


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GBTA

Global Business Travel Association Entrevista com Wellington Costa

M&E - Qual a importância de ferramentas virtuais para o crescimento de eventos corporativos? Wellington Costa - As ferramentas virtuais ajudam não somente no controle dos orçamentos dos grandes eventos corporativos, mas em seu planejamento, operação e satisfação dos participantes através de suas pesquisas.

>> Apesar de dois trimestres de crescimento econômico mais fracos em 2013, a Global Business Travel Association (GBTA) projeta que os gastos totais em viagens de negócios no Brasil vão crescer 12,5% em 2014, atingindo US$ 37 bilhões, e mais 5,9% em 2015. A GBTA estima ainda que os gastos nas viagens de negócios domésticas vão se fortalecer, com um crescimento de 12,3% em 2014, e 5,4% em 2015. “Essa previsão revela a história de um crescimento positivo do Brasil, apesar da volatilidade recente”, afirma o presidente da GBTA Brasil, Wellington Costa. MERCADO & EVENTOS - Quais fatores influenciam no setor brasileiro de viagens de negócios? Wellington Costa - Em primeiro lugar, as perspectivas para a demanda de exportação brasileira começaram a melhorar no final de 2013 e deverão acelerar em 2014 e 2015. Por um lado, a Europa parece estar retomando uma faixa de crescimento, ainda que lenta. Em segundo lugar, a China deverá recuperar o seu crescimento econômico com alguma força. Ambos são os nossos principais parceiros comerciais. Em terceiro lugar, a rápida desvalorização do Real, que começou em meados de 2013, deverá continuar, em até 10% a 15% este ano e outros 5% a 7% em 2015. Isso vai ajudar a enfrentar os desafios da competitividade brasileira e empurrar para baixo os preços de exportação. M&E - No Brasil, especificamente, o que se pode esperar para 2014? Em 2015, a previsão é de um crescimento maior após a boa imagem deixada pela Copa do Mundo? Wellington Costa - Neste momento, nós estimamos que os gastos totais em viagens de negócios vão crescer 12,5% em

2014 e 5,9% em 2015. Este crescimento menor do que o esperado na atividade de viagens de negócios foi estimulado por dois trimestres de crescimento econômico mais fracos, apesar da boa imagem deixada pela Copa do Mundo. Como se pode observar ainda existe uma certa moderação na previsão do crescimento para 2015. As incertezas do ano eleitoral e a desaceleração do PIB reforçam esta moderação. A boa notícia é que devemos ultrapassar o Reino Unido e a Coreia nos próximos três anos, atingindo o 5º lugar em volumes de viagens globais. M&E - A China será a líder no mercado de viagens corporativas? O que eles fizeram para conseguir esse posto? Wellington Costa - A previsão da China ultrapassar os Estados Unidos em volumes de viagens sinaliza para o biênio 20152016 esta meta. Com um volume de US$ 225 bilhões em 2013, a China tem crescido anualmente em media 16% contra 1% dos Estados Unidos. Isto deve-se, em parte, ao crescimento industrial da China, à mudança cultural e à profissionalização na gestão de viagens e fornecedores, ainda assim preservando nos seus hábitos locais.

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M&E - Como avalia a infraestrutura brasileira? Faltam obras neste sentido? Wellington Costa - No relatório sobre Competitividade Global no Fórum Econômico Mundial de 2012-2013, o Brasil se classificou em 107° lugar, entre 144 países, em qualidade da infraestrutura, caindo três lugares em comparação ao ano anterior. O Brasil está promovendo melhorias importantes, incluindo modernização dos portos, a expansão dos aeroportos e o reparo de suas rodovias ruins, e está tentando resolver esses problemas através da privatização. Embora tenha sido um desafio concluir muitos projetos a tempo para a Copa do Mundo, esses esforços devem ter impactos significativos no comércio e nas viagens de negócios no Brasil, na próxima década. M&E - A GBTA espera que as despesas do IOB (International Outbound) avancem 13,1% em 2014, seguidas por mais 8,1% em 2015, atingindo US$ 7,2 bilhões. Vai ser realmente possível alcançar essa meta? Wellington Costa - Essa previsão revela a história de um crescimento positivo do Brasil, apesar da volatilidade recente. A reviravolta encorajadora nos dispêndios com viagens de negócios internacionais e o crescimento doméstico esperado mostram aos fornecedores e aos administradores de viagens que o Brasil é um mercado essencial para se estar, para se expandir os negócios globalmente.


EVENTOS / FEIRAS

FIT

Abav

Feria Internacional de Turismo de America Latina

Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

Entrevista com Enrique Pepino

>> Apesar do otimismo em relação a mais uma edição da Feira Internacional de Turismo, em Buenos Aires, o diretor da FIT, Enrique Pepino, acredita que “as árvores não crescem até o céu”. De acordo com o executivo, apesar dos 90 mil visitantes anuais (em média), fator que é determinante para um bom posicionamento no mercado, a FIT está chegando perto do seu teto de crescimento. Seja pela localização geográfica ou pela alta competição com o mercado internacional, a FIT registra uma leve preocupação quanto ao seu crescimento exponencial. Apesar disso, os organizadores da feira constatam, com o tempo, uma renovação do público. De acordo com Enrique Pepino, o interesse demonstrado, especialmente por jovens profissionais, em todos os aspectos relacionados com a formação, tem chamado a atenção. MERCADO & EVENTOS - A FIT 2013 tinha uma expectativa de receber cerca de 90 mil visitantes. Este número foi ultrapassado, com quase 92 mil presentes. Apesar disso, o número de profissionais foi menor em relação a 2012. Quais são as expectativas para 2014? Enrique Pepino - Nossa expectativa é sempre positiva, mas também sabemos que “as árvores não crescem até o céu”. Isso significa que, após nossos 18 anos de crescimento, podemos constatar que estamos nos aproximando de um possível “teto” dentro dos parâmetros da FIT. Isso faz com que toda a variação do mercado, tanto no nível nacional como no internacional, tenha um impacto direto sobre os participantes da feira, algumas vezes mais, outras menos, sem que essa pequena modificação possa comprometer o sucesso da FIT, já que a “massa crítica” de visitantes está na ordem de 90 mil, fator determinante que nos posiciona muito bem no mercado.

crescimento para o número de expositores e profissionais do turismo para esta edição? Enrique Pepino - Aproveito para reiterar conceitos mencionados na primeira resposta e acrescentar que a posição do país mais ao sul do hemisfério, nos coloca em uma parte “extrema” do mundo, fazendo com que o nosso mercado não detenha um crescimento exponencial e nem alcance um tamanho maior, em comparação com os mercados “centrais”, localizados nos países europeus. Assim, as nossas expectativas são moderadas apenas com a tendência de manter o que foi alcançado nos últimos anos. M&E - Buenos Aires continua no topo das cidades mais influentes e preparadas para receber o segmento de feiras e eventos, de acordo com ranking divulgado pela Icca . E a FIT é uma das mais importantes feiras internacionais que a cidade recebe. Qual é a responsabilidade que a FIT tem ao longo dos anos para sustentar esse posto e receber dezenas de países e seus expositores internacionais anualmente? Enrique Pepino - Bem, acreditamos que, sem dúvida, o que a FIT tem feito e continua fazendo tem a sua devida contribuição a Buenos Aires, em meio às centenas de eventos que são realizados anualmente na capital. Todo esse aporte acontece para que a cidade de Buenos Aires possa alcançar esta posição merecida a nível internacional, uma vez que o trabalho profissional do setor privado sempre teve um apoio significativo, tanto do Governo da cidade quanto da nação argentina, algo que permite um esforço conjunto de sucesso. M&E - A FIT 2013 teve a participação de 35 países segmentados em 1.568 expositores. Neste ano, entre os dias 25 e 28 de outubro, a feira, mais uma vez, abre as portas em Buenos Aires. Qual é a expectativa de

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M&E - Como a Argentina pode aproveitar o fato do Brasil, país vizinho, sediar a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016? Enrique Pepino - Acredito que dois eventos mundiais dessa magnitude, tanto a “Copa do Mundo” como as “Olimpíadas”, que são realizados na região, trazem consigo algumas vantagens para os outros países vizinhos, especialmente a Argentina, que é um dos países que faz fronteira com o Brasil, pois é de conhecimento geral que ambos os eventos são motivadores e geradores de turismo e lazer. E geralmente, os turistas que acompanham esses megaeventos aproveitam a viagem para conhecer mais países e destinos. M&E - É possível constatar uma melhoria na formação dos profissionais de turismo na América Latina ao longo dos anos? Enrique Pepino - Em relação ao crescimento profissional dos participantes da FIT, posso dizer que a melhora é notável na formação profissional, bem como o interesse demonstrado especialmente por jovens profissionais em todos os aspectos relacionados com a formação, incorporação de avanços tecnológicos e as mudanças que eles trazem com eles para o negócio do turismo.


EVENTOS / FEIRAS Abav

Expo Internacional Setembro 2014 Mercado & Eventos

BNTM

Brazil National Tourism Mart Entrevista com Roberto Pereira

>> Se o turismo brasileiro estiver em sintonia com a última edição da BNTM, isso significa um ano exuberante. De acordo com o secretário-executivo da Fundação CTI-Nordeste, Roberto Pereira, a feira assumiu, já há alguns anos, uma relevância no fomento do turismo doméstico e internacional para o Nordeste. Ao todo, 25 países aceitaram o convite e fecharam negócios durante os quatro dias de evento (27 a 30 de março). Em 2015, a BNTM Nordeste desembarca no Ceará. MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que podemos fazer da BNTM ao longo dos últimos anos? Roberto Pereira - A edição da BNTM deste ano foi exuberante no que concerne à satisfação de todos os protagonistas. Mais de 25 países aceitaram os nossos convites para, durante as rodadas de negócios com os empresários nordestinos e brasileiros, terem fechado negócios. Essa Bolsa, há 23 anos realizada pela Fundação CTI Nordeste, atingiu em 2014, em nossa espiral de crescimento, o seu ápice qualitativo, haja vista o elevado contentamento entre os suppliers (vendedores) e buyers (compradores). M&E - O senhor acredita que o número de turistas internacionais no Brasil tende a crescer? Roberto Pereira - Sem sombra de dúvida, são duas as tendências do turismo brasileiro: a do crescimento do seu fluxo turístico e a da qualificação dos protagonistas da cadeia produtiva do nosso turismo. Além disso, a qualificação da nossa mão de obra em toda a cadeia produtiva do turismo é uma tendência ao aperfeiçoamento do turismo. O Brasil, desde que acordou para a importância dos conventions bureaux, começou a obter êxito na cooptação desses eventos, iniciativa que fez soprar ventos favoráveis ao sucesso do turismo. Para continuarmos crescendo, temos que apoiar os conventions bureaux. É indispensável que se tenha, em

cada cidade capacitada à prática desse turismo, espaços como centros de convenções com pavilhões para feiras, auditórios, salas apropriadas para reuniões e workshops. M&E - Já existem novidades estabelecidas para a próxima edição da BNTM de 2015? Roberto Pereira - A BNTM do próximo ano vai acontecer no Ceará (Fortaleza), que é um estado que tem a tradição de sempre realizar ótimos eventos. A BNTM 2015 terá a marca da divulgação prévia, da organização, da cordialidade e da arte de bem receber. A feira já está repleta de inovações e renovações para, cada vez mais, se adequar à modernidade. Para 2015, o Ceará já está se fixando em vários pontos positivos, a exemplo de convites antecipados aos buyers, que serão escolhidos sob critérios rigorosos. Buyers nacionais e internacionais estarão presentes e, entre eles, um novo mercado do Leste europeu, haja vista o fato da próxima Copa se realizar na Rússia. Também estamos com a ideia de continuar com as rodadas de negócios cujas entrevistas sejam solicitadas pelos buyers, mas permitindo aos suppliers espaços para as mesmas, tal e qual se faz no IPW, nos Estados Unidos. Além disso, teremos a realização de seminários. M&E - Em 2013, em entrevista ao M&E,

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o senhor afirmou que o segmento de feiras e eventos ainda está em fase de desenvolvimento no Brasil. Dada essa questão, você acredita em uma solidificação do ramo nos próximos 10 anos? Roberto Pereira - Continuo afirmando o que disse em 2013, com uma diferença positiva: continuamos em desenvolvimento, mas já alcançando números que revelam resultados promissores à prática do turismo de congressos, feiras e eventos, com forte tendência a subirmos no ranking da ICCA, podendo e devendo ultrapassar cidades sul-americanas, até mesmo Buenos Aires. O Brasil vem a galope nesse ramo, ganhando profissionalização tanto na captação desses eventos quanto na realização. Esses grandes eventos recém realizados no Brasil podem ser considerados uma janela enorme que se abriu aos olhos do mundo. M&E - Como o senhor classificaria a importância do agente de viagens nessa nova etapa do turismo nacional, com a Lei 12.974? Roberto Pereira - Acredito que a Lei 12.974/2014, proveniente do Projeto de Lei 5.120, agasalha uma série de avanços no profissionalismo e no empreendedorismo das agências de viagens e turismo. Estas ganharam dimensionamento jurídico e se fortalecem enquanto entidades aptas à prática das viagens e do turismo. Compreende-se, todavia, que os vetos presidenciais foram feitos de forma apressada devido à revelia das entidades de classe que não foram ouvidas para manifestarem as suas realidades. A responsabilidade solidária das agências de viagens vinha dando origem à chamada “indústria das ações e das indenizações”. O Código de Direito do Consumidor é um instrumento legal para regular as compras e os investimentos do cliente. Todavia, penso ser injusta a Responsabilidade Solidária das agências.


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EVENTOS / FEIRAS Abav

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Festuris

Festival de Turismo de Gramado Entrevista com Marta Rossi

>> A edição de 2014 do Festival de Turismo de Gramado (Festuris) terá muitas novidades. De acordo com Marta Rossi, diretora do Festuris, o sistema “Buyers Club” promete potencializar o fluxo de negócios gerados durante o evento, aproximando profissionais do trade e expositores. “O Clube de Compradores é mais uma ação que envolve inovação e aproximação com o trade, pilares necessários para a evolução das feiras”. De acordo com Marta Rossi, o Festuris alcançou todo este sucesso porque, a cada ano, o evento procura se reinventar. MERCADO & EVENTOS - Para o Brasil se tornar um destino de excelência dentro do setor de eventos, a senhora afirmou, em 2013, que é preciso infraestrutura e planejamento. Com a organização da Copa do Mundo 2014 e o legado turístico dos megaeventos, alguma coisa já pode ser feita para mudar esse cenário? Marta Rossi - Sim, acredito que muitas coisas podem ser feitas. Avançamos com a Copa do Mundo, mas ela nos deixou uma lição de casa e só seremos 100% se soubermos executá-lo. É preciso fazer planos e cumprir as metas dentro do tempo estabelecido. Eu acredito que criou-se em torno da Copa uma áurea negativa por esta falta de comprometimento dos setores competentes. Quanto ao legado, é indiscutível que ele ficou. O Brasil provou que tem competência para organizar grandes eventos. A visibilidade internacional que o país teve durante o mundial é impagável. O destaque pela hospitalidade e os elogios para sua então apenas criticada segurança, fortaleceram muito nossa imagem no exterior, além de nossas belezas naturais. Precisamos dar continuidade a este trabalho de promoção do Brasil no exterior. Temos que pensar nas Olimpíadas, mas pensar, também, no pós-Olimpíadas.

M&E - Acredita que a exposição mundial do Brasil pode alavancar uma maior procura do público corporativo para o setor ao longo dos próximos 10 anos? Marta Rossi - Em relação ao mercado de eventos nacional, acredito que é o nosso melhor momento, porque as portas do mercado internacional estão abertas. Precisamos, no entanto, aproveitar as oportunidades e trabalhar muito para isso, seja através de ações pontuais ou ações planejadas a longo prazo entre o poder público e a iniciativa privada. No ano que vem, o país participará da Expo Milano, um megaevento mundial, onde o Brasil estará exposto em uma das maiores áreas da feira, durante seis meses, para o mercado mundial. Com certeza, o país tentará novamente concorrer para ser sede em 2025. Em 2016 teremos as Olimpíadas. Enfim, com o aval e o aplauso que recebemos do mercado internacional através da Copa, precisamos trabalhar e cobrar do Governo Federal uma atenção para a indústria turística. M&E - Após a edição especial de 25 anos, mais uma vez o Festuris traz novidades, principalmente na área de exposição

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internacional. Qual é a expectativa e os detalhes para a edição do Festival que ocorre em novembro? Marta Rossi - Nos últimos anos estamos entrando com força no mercado internacional, estreitando laços com destinos e empresas de todos os continentes. Em 2015, esperamos que mais de 65 destinos estejam representados no evento. A cada ano, buscamos trazer as tendências do mercado turístico e agregar serviços que promovam a agilidade nos relacionamentos e negócios. Neste ano, o foco vai para uma nova ferramenta que será disponibilizada aos participantes, que decidimos chamar de Festuris Buyers Club. O “Clube de Compradores” do Festuris promete potencializar o fluxo de negócios gerados durante o evento, aproximando profissionais do trade e expositores, que poderão fazer um planejamento de reuniões dentro da feira com antecedência. Somos pioneiros neste sistema, e o mais importante é que é um sistema opcional. Esta é mais uma oportunidade de aumentar os negócios de seus clientes. M&E - No novo cenário do turismo brasileiro, os agentes de viagens estão em evidência. A Lei 12.974 pode, de fato, ajudar os profissionais? Marta Rossi - A Lei veio para regulamentar o setor e isso é uma grande conquista. Hoje temos deveres e responsabilidade reconhecidos e legalizados. Este reconhecimento passa a exigir do setor qualificação profissional, atualização permanente, cumprimento de regras, regulando portanto o mercado. Todos ganham com isso, especialmente os agentes de viagens diretamente envolvidos. Há arestas a serem aparadas e a Abav nacional tem questionado alguns itens excluídos da proposta inicial. Agora vem o diálogo, as discussões e o aperfeiçoamento, mais o setor já está regulamentado.


EXTERIOR

Brasileiros pelo mundo Despesas dos brasileiros no exterior batem recorde e já ultrapassam US$ 14,9 bilhões LISIA MINELLI >> Segundo dados do Banco Central, as despesas de brasileiros no exterior bateram recorde nos sete primeiros meses do ano. A soma gasta foi de US$ 14,9 bilhões. Em julho deste ano, foram US$ 2,41 bilhões. Os brasileiros estão descobrindo o mundo e mesmo com alta no câmbio, eleições e Copa do Mundo, eles não deixaram de viajar e gastar no exterior. Um relatório recém divulgado pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos indica que, em 2013, o número de brasileiros também bateu recorde histórico no país, cerca de 2,06 milhões visitando a terra do “Tio Sam”. Estes números representam um aumento de 15% em relação a 2012. O Brasil é hoje a quinta nação do mundo que mais envia viajantes para os Estados Unidos. Segundo Alfredo González, vice-presidente Sênior de Desenvolvimento de Mercado Global do Brand USA, a expectativa é que neste ano o Brasil tenha um crescimento ainda maior que o apresentado em 2013. Dentro dos Estados Unidos, destaque para Orlando. Em 2013, o destino atraiu 768 mil turistas do Brasil – 20% mais do que em 2012. Isso colocou nosso país, pela primeira vez, como o mercado número 1 de longa distância para a cidade. Segundo Mark Jaronski, vice-presidente global de Comunicações do Visit Orlando, a cidade tem investido no Brasil com representação no país e outras ações. Os Estados Unidos são sem dúvida os maiores receptores de turistas do Brasil, motivados, em especial, pelas compras. Mas este não é o único

destino que recebe muitos brasileiros. Em 2013, a França foi o país mais visitado do mundo. No total foram 89 milhões de turistas, e entre eles estavam os brasileiros, somando mais de 600 mil visitantes – crescimento de 5% em relação ao ano anterior. Segundo Jean-Philippe Pérol, diretor geral das Américas da Atout France, o Brasil segue sendo um dos focos do trabalho com objetivo de aumentar o fluxo de visitantes e, para isso, as cidades francesas desenvolvem ações de promoção no país. A meta deste ano é elevar esse número perto dos 700 mil turistas brasileiros e chegar ao ano de 2020 com cerca de 1,5 milhão. Ainda na Europa, outro país muito feliz na visitação de brasileiros é a Alemanha, que desde 2010 dobrou o volume de turistas do Brasil. Segundo Margaret Grantham, diretora para América do Sul do DZT, a expectativa era fechar o ano com os mesmos números de 2013, cerca de 73 mil brasileiros, mas já nos primeiros meses de 2014 o país registrou um crescimento de 4% no volume de visitantes. E a Alemanha segue investindo, apostando no trade com capacitações, mídias e redes sociais para atrair a atenção. Na América latina, o país também se destaca. No México, por exemplo, o Brasil é hoje o quinto mercado mais importante para o destino, tendo enviado em 2013 mais de 267 mil turistas ao destino. De acordo com Diana Pomar, diretora do Conselho de Promoção Turística do México no Brasil, esta posição privilegiada do Brasil se fortaleceu principalmente 119

pelo fato dos brasileiros não precisarem de visto e pelo apoio das companhias aéreas interessadas em abrir mais rotas entre os países. Do total de brasileiros que visitaram o México, 65% viajaram a lazer, 20% para congressos e 15% em viagens corporativas. Segundo ela, a estratégia do destino é focada em ações que diversifiquem o produto e o mercado, mostrando ao turista brasileiro que o México é mais do que sol e praia, que tem também muito valor arqueológico, cultural, artístico, arquitetônico e gastronômico; além de ser um país moderno e em constante evolução em sua infraestrutura turística. Já a Argentina, embora tenha sentido uma queda no número de turistas do Brasil, continua sendo um dos principais lugares escolhidos pelos brasileiros para viajar. Para Carlos Enrique Meyer, ministro do Turismo, as expectativas para fechar 2014 são grandes. Segundo ele, o destino aposta na temporada de inverno, na oferta cultural de Buenos Aires e no turismo de aventura em várias regiões.

Gastos no exterior (histórico)

Em 2013, os gastos de brasileiros no exterior bateram recordes e somaram US$ 25,3 bilhões, contra US$ 22,2 bilhões de 2012 e US$ 21,2 bilhões de 2011. Nem a alta do dólar, que teve início em 2013, nem o aumento do IOF nos cartões de crédito e a implantação das taxas nos pagamentos com cartão de débito, saques, cheques de viagem e cartões pré-pagos, desanimaram os gastos no exterior.


EXTERIOR Abav

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Atout France Entrevista com Jean-Philippe Pérol

>> A França foi em 2013 o país mais visitado do mundo. No total foram 89 milhões de turistas, e entre eles estavam os brasileiros, somando mais de 600 mil visitantes - crescimento de 5% em relação ao ano anterior. Para Jean-Philippe Pérol, diretor geral das Américas da Atout France, entre os motivos que levaram o sucesso da França na atração de turistas está a prestação de serviços, além da diversidade nas opções de roteiros e destinos. O Brasil segue sendo um dos focos do trabalho com objetivo de aumentar o fluxo de visitantes e, para isso, as cidades francesas desenvolvem ações de promoção no país. A meta deste ano é elevar esse número perto dos 700 mil turistas brasileiros e chegar ao ano de 2020 com cerca de 1,5 milhão. MERCADO & EVENTOS - Em 2013, a França foi o país mais visitado do mundo, com 89 milhões de turistas. Qual o segredo para esse sucesso unânime entre os turistas? Jean-Philippe Pérol - Acredito que são três principais motivos. Primeiro, a qualidade da prestação de serviços para os turistas. Segundo, os lugares a serem visitados e a gastronomia. A diversidade do produto França é grande. É um país que tem toda a oferta turística possível com praias, montanhas e muito mais. E em terceiro, a França está numa posição estratégica, cercada de grandes mercados emissores, como Alemanha, Inglaterra e Itália. E para quem vem para Europa de outros pontos, a França é porta de entrada. Acho que esses três pontos são importantes para o sucesso. M&E - Ainda em 2013, a França recebeu 660 mil turistas brasileiros. Qual a expectativa para 2014 e quais ações estão sendo feitas no Brasil para o incremento desse volume de turistas? Jean-Philippe Pérol - O ano começou bem, com um movimento forte de turistas do Brasil. Mas com a Copa o volume caiu entre os

Alem disso, muitas regiões francesas estão programando ações no Brasil como Bordeaux, Bourgogne, Champagne e Alsácia. Temos muita coisa a fazer para mostrar o que está acontecendo na França e que o país tem vários lugares que vale a pena visitar.

meses de maio e junho. Ainda não sabemos se conseguiremos recuperar isso. Nossa expectativa inicial era termos mais turistas que no ano passado, mas agora nossa intenção é chegar perto dos 700 mil turistas. Esse foi um ano muito atípico e a Copa atrapalhou, em especial, porque os preços das passagens aéreas subiram e apesar de terem sido corrigidos, não deu mais tempo de alavancar as vendas para França. E ainda temos no segundo semestre as eleições, que também podem atrapalhar de alguma maneira o fluxo, em especial para o segmento de negócios. Mas nossa meta é ter um leve crescimento. M&E - Quais as ações estão sendo direcionadas para que a França retome o crescimento no fluxo de turistas do Brasil? Há ações programadas ainda para 2014? Jean-Philippe Pérol - Estamos preocupados porque não conseguimos ver ainda uma recuperação do fluxo de brasileiros que perdemos com a Copa. Uma das ações que estamos trabalhando é a nossa volta à Abav. Quando a feira era no Rio de Janeiro não participávamos, mas agora que ela está em São Paulo - o nosso maior emissor de turistas - estamos com presença já confirmada. Eu acho que a Abav tem condições de voltar a ser o grande salão do turismo brasileiro.

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M&E - Além de Paris, quais outras cidades francesas têm potencial para atrair turistas brasileiros? Jean-Philippe Pérol - A região dos vinhos é muito atrativa. Mas temos muitas outras como Nice, Côte d’Azur e Lyon. Tem ainda Marselha, que cresceu muito culturalmente, onde foi feita uma renovação da cidade e a inauguração de um museu que abriu recentemente no Porto. Mas, em minha opinião, a cidade de Bordeaux tem um potencial enorme de atração de turistas. É uma cidade lindíssima, que foi renovada nos últimos anos. Foi feito um trabalho fantástico no centro histórico e novos hotéis foram abertos. Muitas coisas acontecem nessa cidade e tem tudo para se tornar um grande destino para os brasileiros. Ainda estamos muito focados em Paris, que é uma cidade fantástica, mas podemos ampliar as opções. M&E - Existe algum segmento em especial que está sendo trabalhado pela França? Jean-Philippe Pérol - Um dos pontos principais para se aumentar o fluxo de turistas brasileiros na França são as compras. A França ainda tem uma imagem muito focada em perfumes, mas na verdade pode-se comprar qualquer coisa no país. E os preços são competitivos. Inclusive, se comparado com os preços dos EUA, que cobram taxas. Na França você tem sua taxa reembolsada se gastar um determinado valor. Ou seja, muitos produtos saem o mesmo preço dos americanos ou até mais baratos. Outro setor que estamos trabalhando é o MICE, além do religioso, que tem se destacado bastante.


EXTERIOR

PromPerú Entrevista com María del Carmen de Reparaz

>> Em 2013, o Peru recebeu 3,2 milhões de turistas internacionais e já registra um crescimento de 3,7% no primeiro trimestre de 2014. Na América do Sul, o Brasil é um dos principais emissores. Em 2013, foram 141 mil brasileiros. A meta é aumentar esse volume. Veja a entrevista feita com María del Carmen, diretora de promoção da PromPerú, onde ela conta como o destino irá atingir esse resultado. MERCADO & EVENTOS - O Brasil é hoje o sexto maior mercado para o Peru. A meta é subir o país no ranking. Quais ações estão sendo promovidas para atingir esse objetivo? María del Carmen - De acordo com os objetivos da instituição, continuamos trabalhando para fortalecer o posicionamento do Peru nos mercados emissores de turistas que consideramos estratégicos, com a finalidade de manter o crescimento sustentável de chegada de turistas e de divisas internacionais. A América Latina é um desses mercados, representa mais de 50% das chegadas internacionais ao Peru há cinco anos. O Brasil é o sexto país emissor de turistas para o Peru em nível mundial e o quinto da América do Sul. O plano de promoção para este ano envolve atividades dirigidas tanto à cadeia comercial como ao consumidor final. Buscamos gerar uma maior penetração na cadeia comercial através de relações “one-to-one”, de uma participação maior em feiras e eventos mais relevantes, do desenvolvimento de alianças estratégicas com o setor privado para promoção conjunta, do fortalecimento de estratégias digitais para nos aproximarmos do consumidor final, exploração de novos segmentos ou nichos de mercados, entre outros. M&E - Quantos brasileiros ingressaram no país em 2013 e qual a expectativa para 2014? María del Carmen - Durante o ano de

2013 foram registradas cerca de 141 mil chegadas de brasileiros em nosso país, um aumento de 14% em relação a 2012. As estratégias de promoção que estamos trabalhando têm como objetivo fazer com que em 2015 recebamos mais de 162.500 turistas brasileiros. Para este ano, nossa meta é crescer aproximadamente 8%. Para isso está sendo desenvolvida uma estratégia de promoção integral, a fim de fazer o Peru ser lembrado pelo potencial consumidor de viagens brasileiro nas datas chaves. Da mesma forma, as divisas geradas pelos turistas brasileiros durante o ano de 2013 foram de cerca de US$ 151 milhões. Esperamos que em 2015 esse número chegue a US$ 171 milhões. M&E - Cusco e Lima lideram o interesse dos brasileiros. Quais outros destinos o Peru pretende trabalhar para desenvolver junto ao turista brasileiro? María del Carmen - De acordo com estudos realizados pela PromPerú, 35% dos turistas brasileiros querem conhecer Cusco e Machu Picchu. O Peru é um destino eminentemente cultural e a cultura Inca, com Machu Picchu, representa hoje um ícone do turismo. Entretanto, nossa missão é fomentar a diversificação de produtos

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Abav

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turísticos. Para isso, focamos nossos esforços de promoção em mostrar e estimular os brasileiros a conhecer outros destinos peruanos, outras civilizações milenares e a viver experiências únicas. Nós o convidamos a ficar mais tempo em Lima, uma cidade moderna, que não só foi considerada o melhor destino gastronômico do mundo, como também tem muitas opções de entretenimento, atividades culturais e urbanas. Além disso, na cidade de Ica, a três horas de carro do sul de Lima, é possível desfrutar a Bahía de Paracas e as misteriosas Linhas de Nasca; para os amantes da natureza e da aventura, a cidade de Arequipa os espera com sua zona rural. Não podemos deixar de mencionar Puno, região que possui o lago navegável mais alto do mundo, o Lago Tititaca, e onde se pode realizar turismo rural comunitário, pernoitar em comunidades e realizar atividades como sessão de leitura de coca, oferendas à terra, narração de mitos e lendas, assim como contemplar o amanhecer ou o pôr do sol nos miradores naturais. M&E - Quais são os principais mercados brasileiros para o Peru? María del Carmen - São Paulo e Rio de Janeiro são os principais estados emissores de turistas brasileiros para o Peru, representam 54% e 16% das chegadas, respectivamente. M&E - O Peru continua a investir na estrada do Pacífico? María del Carmen - Claro que sim, consideramos que há um grande potencial para aumentar as chegadas de turistas brasileiros ao Peru. A grande maioria de chegadas provenientes do Brasil são pelo Aeroporto Internacional Jorge Chávez, mas também percebemos que existe um crescente número de chegadas provenientes da fronteira que ingressam no Peru por meio da estrada do Pacífico.


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CPTM

Conselho de Promoção Turística do México Entrevista com Diana Pomar

>> O Brasil é hoje o quinto mercado mais importante para México, tendo enviado em 2013 mais de 267 mil turistas ao destino. Segundo Diana Pomar, diretora do Conselho de Promoção Turística do México no Brasil, este é um grande potencial que tem sido explorado e, em termos de números, vem crescendo nos últimos cinco anos. Do total de brasileiros que visitaram o México, 65% viajaram a lazer, 20% para congressos e 15% em viagens corporativas. Veja abaixo a entrevista concedida pela diretora.

uma maior procura de turistas do Brasil para o destino? Diana Pomar - Definitivamente o sistema de autorização eletrônica ajudou bastante quando foi implementado, mas ainda é um processo burocrático. Com a liberação do visto, o crescimento de turistas tem sido constante e nos coloca entre os destinos favoritos dos brasileiros. Em 2013, encerramos o ano com aproximadamente 267.500 turistas que viajaram para o México, que representou um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior.

MERCADO & EVENTOS - O México quer receber 500 mil turistas brasileiros por ano até 2019. O que está sendo feito para alcançar esse resultado? Diana Pomar - O Brasil ocupa atualmente o quinto lugar no ranking dos países de maior emissão de turistas para o México. Os primeiros quatro são: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Espanha. Esta posição privilegiada do Brasil se fortaleceu, principalmente, pelo fato dos brasileiros não precisarem de visto e pelo apoio das companhias aéreas para abrir mais rotas entre os países. Além disso, temos uma estratégia focada em ações que diversifiquem o produto e o mercado, mostrando ao turista brasileiro que o México é mais do que sol e praia, que tem também muito valor arqueológico, cultural, artístico, arquitetônico e gastronômico. Além de ser um país moderno e em constante evolução em sua infraestrutura turística. Sem esquecer em falar do fortalecimento das alianças com nossos parceiros comerciais, por meio de investimentos, capacitações, apoio para viagens de familiarização, lançamentos e novos produtos.

M&E - O México conta com 19 voos diários do Brasil, sendo dois diretos. Em função do crescente aumento no fluxo de turistas, o México tem planos para aumentar a conexão aérea entre os países? Diana Pomar - Nosso objetivo é apoiar o Grupo Aeromexico e a Latam com as novas frequências entre México e Brasil. Assim como Copa Airlines e Avianca, que atendem mais de 10 cidades do Brasil para o México com conexão no Panamá e Bogotá, respectivamente, e servindo as principais cidades turísticas e de negócios, como a Cidade do México, Cancun, Guadalajara e Monterrey. Além disso, a CPTM, no período da Copa do Mundo, lançou o Plano Brasil, dirigido ao público final com a campanha “México: Viva para Acreditar”. Na ocasião, foram colocados cartazes nos aeroportos nacionais e internacionais de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Marcamos presença nos shoppings Leblon Shopping Center (Rio de Janeiro), JK Iguatemi Shopping e Shopping Iguatemi (ambos em São Paulo), nos grandes jornais como Folha de São Paulo e Estado de São Paulo e ainda tivemos um espaço de 250 metros quadrados do México na Fifa Fan Fest, que forneceu atividades interativas aos visitantes com objetivo de aproximar as pessoas do México por meio de redes sociais.

M&E - A procura de brasileiros é direcionada, preferencialmente, para regiões como Cancun, Cidade do México e Riviera Maya. O que a CPTM planeja para

promover as demais regiões do México? Há algum destino em especial que tenha potencial atrativo para os brasileiros? Diana Pomar - Desde 2011 começamos a posicionar estrategicamente o México como um destino com um mosaico de oportunidades. E os nossos parceiros de negócios também têm impulsionado outros destinos além de Cancun, Riviera Maya e Cidade do México, dando ênfase às cidades coloniais e a Ruta Maya, e ainda a outros destinos de praia como Los Cabos, Riviera Nayarit, Puerto Vallarta e Acapulco. Estes destinos têm uma diversificada oferta turística que permite aos turistas terem experiências inesquecíveis, não só de sol e praia, mas também a oportunidade de experimentar a variedade cultural e gastronômica de cada lugar. Atualmente temos destinos mexicanos como Puerto Vallarta, Riviera Nayarit e Los Cabos que estão investindo no mercado brasileiro. Para isso, eles contam com o apoio da CPTM, a fim de reforçar a presença, a promoção e divulgação destes destinos. M&E - Depois de um ano da não exigência de visto para brasileiros, já deu para sentir um efeito positivo? Houve

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MTur Argentina Entrevista com Carlos Enrique Meyer Cleo Bouza - Virgen Films

>> Embora a Argentina tenha tido uma queda no número de turistas do Brasil visitando o destino, o país continua sendo um dos principais lugares escolhidos pelos brasileiros para viajar. Em especial no período de férias de julho, que coincide com a alta temporada de neve deles. A Copa pode ter atrapalhado o início da temporada de neve, com menos turistas viajando, mas o país espera uma retomada significativa até o final do ano. Veja, a seguir, uma entrevista com o ministro do Turismo, Carlos Enrique Meyer. MERCADO & EVENTOS - Entre os anos de 2012 e 2013 houve uma queda no número de brasileiros visitando a Argentina. Para o ano de 2014, como estão as expectativas? Carlos Enrique Meyer - Temos grandes expectativas para 2014. Acreditamos que o número de brasileiros aumentará significativamente. A recém-iniciada temporada de inverno já se apresenta com números favoráveis e esperamos que continue dessa maneira. A oferta de neve em nosso país é muito importante para os brasileiros. Por isso, todo ano, fazemos questão de promover os destinos de neve em eventos no Brasil. Da mesma forma, todos os atrativos turísticos da Argentina, vivenciados em todas as épocas do ano, também têm grande receptividade entre os brasileiros, como a oferta cultural de Buenos Aires e o turismo aventura em várias regiões. M&E - No início desse ano foi firmado um acordo de cooperação entre Argentina e Braztoa. Como andam os projetos em conjunto? Carlos Enrique Meyer - O trabalho em conjunto com o setor privado é sempre de vital importância para manter o fluxo de turistas para nosso país. Com a Braztoa estamos trabalhando há muito

tempo e já consolidamos a oferta turística da Argentina no Brasil através dos operadores, que são a peça vital para atingirmos nosso objetivo. Recentemente implantamos uma ferramenta destinada exclusivamente aos operadores denominada “E-Academy”. Através dela, todos aqueles que desejarem poderão capacitar-se sobre a oferta turística argentina com o objetivo de vender mais e melhor os pacotes turísticos. O convênio firmado há alguns meses com a Braztoa concretiza nosso compromisso de fazer do turismo uma ferramenta de inclusão e desenvolvimento para ambos os países. M&E - Um aporte de US$ 1,2 milhão será injetado no mercado brasileiro. Quais ações serão feitas a partir desse investimento? Carlos Enrique Meyer - Nos últimos meses temos realizado intensos trabalhos de promoção no mercado brasileiro. A promoção argentina durante a Copa do Mundo foi uma das ferramentas chaves para garantir nosso posicionamento durante2014. Organizamos uma série de encontros com operadores turísticos e a imprensa durante as partidas da seleção argentina. Esses eventos tiveram como

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objetivo divulgar, com maior profundidade, cada um dos nossos atrativos, nossa paixão pelo futebol e todas as experiências que serão vivenciadas pelos turistas que nos visitam. A participação em feiras de turismo, a realização de workshops e de missões comerciais em distintos destinos do Brasil são também importantes para manter o vínculo com o mercado brasileiro e reforçar o trabalho que realizamos há muitos anos. Acreditamos também que a grande conectividade que existe entre os dois países é fundamental para o fortalecimento do setor turístico. Os voos da Aerolíneas Argentinas que conectam nosso país a destinos como Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e outros permitem que os turistas encontrem facilidades para chegar ao nosso país. A isto se soma a conectividade que a companhia mantém não somente com Buenos Aires, mas também com as províncias do interior do país, como Mendoza. M&E - Quais os principais destinos visitados pelos brasileiros na Argentina e os principais atrativos desses locais? Carlos Enrique Meyer - A Argentina conta com grande quantidade de experiências pensadas para as necessidades de cada um dos turistas que nos visitam. Os brasileiros desfrutam muito da oferta cultural do nosso país, dos destinos de neve durante o inverno, das atividades de aventura, de nossa gastronomia e nosso indispensável vinho. Para a já citada recém-iniciada temporada de neve, o Inprotur criou um micro site especial para que os turistas encontrem todas as informações que necessitam sobre os Centros de Ski e Parques de Neve. Do mesmo modo, a oferta completa se baseia em experiências que os turistas podem desfrutar em cada uma das regiões do nosso país com serviços turísticos que se ajustam a cada uma de suas necessidades.


EXTERIOR

DZT

Abav

Centro de Turismo Alemão

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Entrevista com Margaret Grantham

>> Apesar de um ano incerto para o turismo do Brasil, a Alemanha não tem do que reclamar. A expectativa era de fechar o ano com os mesmos números de 2013, cerca de 73 mil visitantes brasileiros. Mas já nos primeiros meses de 2014 o país registrou um crescimento de 4% no volume de visitantes do Brasil. Para Margaret Grantham, diretora para América do Sul do DZT, a atuação da Alemanha no Mundial - principalmente fora do campo - conquistou os brasileiros e fará com que muitos escolham o destino em uma próxima viagem. Além disso, o DZT trabalha forte com o trade mostrando a diversidade do país, seus atrativos e vantagens. O destino aposta no turista brasileiro e investe em capacitações, mídias e redes sociais para atrair a atenção e mostrar todos os encantos da Alemanha. MERCADO & EVENTOS - O turismo do Brasil na Alemanha vem crescendo desde o ano de 2010, quando houve um recorde de pernoites de 482 mil brasileiros. Quantos brasileiros estiveram na Alemanha em 2013 e qual a expectativa para 2014? Margaret Grantham - Os números dobraram desde 2010. Grande parte desse crescimento se deve ao Mundial de futebol realizado em 2006, que serviu como uma vitrine da Alemanha para o mundo e mostrou a imagem de um país alegre e de um povo que adora receber bem o turista. Apesar das crises financeiras no mundo nos últimos anos, os números de brasileiros continuam crescendo. Em 2013, o número de pernoites cresceu 5,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que corresponde a 732.888 pernoites. Para 2014, devido ao Mundial de futebol no Brasil e ao fato de ser ano de eleições, nossa expectativa não era de crescimento, mas de manter o número estável. No entanto, já nos primeiros meses do ano registramos um crescimento da

ordem de 4% no número de pernoites de brasileiros. M&E - Durante três anos seguidos a Alemanha foi o segundo destino europeu mais visitado pelos brasileiros. O Brasil continua com essa colocação? Margaret Grantham - De acordo com dados compilados pelo nosso Departamento de Pesquisas na Alemanha, o país tem 13% de market share e é o quarto destino mais visitado por brasileiros na Europa, atrás de Portugal (23%), Espanha (18%) e Itália (15%). A perspectiva para esse ano é manter essa posição. Sabemos que o idioma ainda é considerado uma barreira para o viajante brasileiro, embora, na verdade, aqueles que visitam o país voltam com outra impressão. Os alemães estão sempre prontos a ajudar os turistas. Além disso, estamos trabalhando continuamente com os operadores de turismo alemães a importância de guias que falem português em seus programas. M&E - A meta do DZT é que até 2020 o volume de turistas brasileiros cresça em média 8,5% ao ano. Quais ações estão sendo feitas no país para que esses resultados sejam atingidos? Margaret Grantham - No Brasil nosso

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foco é o trade. Junto aos operadores trabalhamos a importância da diversificação dos destinos. Notamos que o brasileiro aprendeu nos últimos anos a viajar e não quer mais aquele produto comum, quer algo diferente, e isso a Alemanha tem muito a oferecer. O destino é rico em atrações culturais, gastronomia, vida urbana e os brasileiros começaram a descobrir que também é um excelente destino para compras. Junto aos operadores alemães trabalhamos para que cada vez mais ofereçam ao mercado brasileiro produtos e roteiros adaptados com guias e materiais em nosso idioma. Trabalhamos ainda com os agentes de viagem, um canal extremamente importante de comercialização do destino. Uma série de treinamentos está programada até o final do ano para que possamos mostrar não só todas as possibilidades que a Alemanha oferece, mas também as ferramentas que o Centro de Turismo Alemão coloca à disposição deles. M&E - Com o tetracampeonato da Alemanha na Copa de 2014, você acredita que isso será um incentivo para que mais turistas visitem o país? Margaret Grantham - Sem dúvida, não diria o tetracampeonato, mas a atuação do time alemão dentro e, principalmente, fora de campo pode, sim, ser um incentivo para que as pessoas visitem o país. Os jogadores ajudaram a quebrar uma grande barreira que temos hoje (além do idioma) que é a imagem de frieza do alemão. A mesma simpatia que os alemães espalharam por aqui é a simpatia que os turistas são recebidos na Alemanha. Quando se trata de diversão, são extremamente animados e adoram uma festa. A paixão do brasileiro pelo futebol é também um motivo para visitar a Alemanha, agora mais ainda. Um programa imperdível é conhecer a casa do Bayern de Munique, que acaba de inaugurar um museu interativo.


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Eurail Entrevista com Silvia Görlach

>> As viagens de trem ainda não fazem parte do dia a dia dos turistas brasileiros quando o roteiro é doméstico. No entanto, quando a opção é por conhecer a Europa, é cada vez maior o número de visitantes oriundos do Brasil que escolhe viajar pelos trilhos. De acordo com a diretora de Marketing do Eurail Group, Silvia Görlach, o Brasil é hoje um mercado muito importante para a empresa. “Atualmente 9% de todos os Eurail Passes são vendidos na América do Sul e o Brasil representa um terço das vendas do continente, seguido pela Argentina. Acreditamos que há um enorme potencial no mercado brasileiro e o país terá certamente uma presença ainda mais relevante na nossa estratégia para os próximos anos”. MERCADO & EVENTOS - O viajante brasileiro não tem o hábito de viajar de trem. Como podemos mudar essa cultura? Como convencer o turista brasileiro sobre as vantagens de viajar de trem? Silvia Görlach - Nosso objetivo é fazer com que os brasileiros entendam que, enquanto os trens são o elemento de ligação que torna a Europa acessível e menor, os Eurail Passes são muito mais do que bilhetes de trem. Nós nos esforçamos para oferecer aos nossos clientes uma experiência única na Europa. Hoje, temos muitos serviços de valor agregados disponíveis, como acomodações e viagens gratuitas de barco ou de ônibus. Nosso objetivo é rejuvenescer e enriquecer a marca com serviços muito além do transporte ferroviário. Um bom exemplo é a promoção de roaming gratuito que está sendo executada até o dia 30 de setembro deste ano. Nós estamos oferecendo um card SIM com créditos pré-pagos para manter os clientes conectados enquanto viajam na Europa. M&E - Qual é a participação do Brasil para o Eurail Passes? Silvia Görlach - O Brasil é um mercado

fólio e simplificar a escolha do cliente.

muito importante para nós. Atualmente 9% de todos os Eurail Passes são vendidos na América do Sul e o Brasil representa um terço das vendas do continente, seguido pela Argentina. Acreditamos que há um enorme potencial no mercado brasileiro e o país terá certamente uma presença ainda mais relevante na nossa estratégia para os próximos anos. M&E - Qual é o produto Eurail mais atraente para o turista brasileiro? Silvia Görlach - O produto favorito para o turista brasileiro é o Eurail Global Pass, válido em 24 países. Isso reflete o que os brasileiros esperam da Europa: a possibilidade de visitar vários países em uma pequena área e experimentar culturas diferentes em um curto período de tempo. Temos uma oferta ampla e abrangente, que corresponde a cada plano de viagem. Além do Eurail Global Pass temos o Select Pass, que dá a possibilidade de combinar quatro países. Já o Regional Pass é válido em dois países e o One Country Pass permite que os viajantes explorem um único país em profundidade. O próximo passo é entender os diversos segmentos de mercado, a fim de ser capaz de atender às diferentes necessidades de viagem, otimizar o port-

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M&E - Quais são as vantagens de comprar as passagens no Brasil, antes de viajar para a Europa? Silvia Görlach - Estamos conscientes de que viajar para a Europa é um grande investimento e que precisa ser uma experiência especial. O planejamento é um passo essencial para uma viagem suave. Adquirir um Eurail Pass antes de ir para a Europa dá ao viajante mais tempo para planejar, para consultar o seu agente de viagem, para ter o apoio em sua própria língua e fazer as reservas nos trens que ele gostaria de utilizar. Os preços também são mais atraentes fora da Europa e nem todos os passes estão disponíveis para venda no continente europeu. M&E - Como a senhora avalia o papel do agente de viagens na cadeia de turismo. Qual é a relação da Eurail com esses profissionais? Silvia Görlach - Nós não vendemos passagens diretamente para os clientes. Isso é feito por nossos agentes de vendas e sua rede de distribuição em todo o mundo. Isso torna o papel dos agentes de viagens de varejo ainda mais decisivo. A capacitação dos agentes que lhes permite agir como promotores para os destinos, mas também como um conselheiro sobre a melhor maneira de explorar a Europa. Produtos ferroviários precisam de mais explicações do que outros modos de transporte, já que são mais complexos e incluem mais vantagens. A venda de Passes Eurail é mais do que a venda de um meio de transporte, vendemos, na realidade, “uma maneira de viajar”. Estes são os nossos agentes gerais de vendas: ACP Rail International (www.acprail.com), Eurail.com (www.eurail.com subsidiária do Eurail Group); Rail Europe (www.raileurope. com.br); STA Travel (www.statravel.com).


EXTERIOR

Visit Orlando Entrevista com Mark Jaronski

>> Orlando é de longe o destino mais popular dos Estados Unidos para os brasileiros. Em 2013 atraiu 768 mil turistas do Brasil - 20% a mais do que em 2012, de acordo com os dados divulgados pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Isso colocou nosso país, pela primeira vez, como o mercado número 1 de longa distância para a cidade, ultrapassando o Reino Unido. Entre os fatores que podem explicar esses boom de brasileiros estão a boa situação da economia do Brasil e a quantidade de voos que facilitam a ligação aérea entre ambos os países. E, segundo Mark Jaronski, vice-presidente global de Comunicações do Visit Orlando, a cidade tem investido no Brasil com representação no país e outras ações. Além disso, ainda em 2013, Orlando recebeu um total de 59 milhões de visitantes, estabelecendo um novo recorde para os destinos turísticos americanos. Veja abaixo a entrevista que o M&E fez com o executivo onde ele conta mais sobre os números da cidade, assim como as novidades dos parques temáticos, que recentemente lançaram diversas novas atrações. MERCADO & EVENTOS - O Brasil bateu recorde em número de turistas estrangeiros (delonga distância) para Orlando em 2013. O que isso representa para o destino? Mark Jaronski - Enquanto o Canadá continua sendo o maior mercado internacional de Orlando, com 1,14 milhão de visitantes (5,1% mais em relação ao ano anterior), o número de visitantes do Brasil cresceu 20,2%, chegando a 768 mil em 2013. Visitantes internacionais são uma mistura valiosa para qualquer grande destino como o nosso, dada a sua propensão para ficar mais tempo e gastar mais em suas experiências de férias. Como uma comunidade de turismo, precisamos continuar lutando incansavelmente para

tal de 59 milhões de visitantes, um novo recorde para os destinos turísticos americanos. Quais as expectativas para 2014? Mark Jaronski - Nosso objetivo é anunciar um novo recorde de visitação para um destino nos EUA, tornando-se o primeiro a ultrapassar os 60 milhões de visitantes.

atrair e encantar os convidados que recebemos oriundos de mais de 150 países ao redor do mundo. M&E - Nos últimos anos, o turismo brasileiro em Orlando tem tido grande crescimento. A que você atribui esse crescimento? Mark Jaronski - Há vários anos o Visit Orlando e a comunidade de turismo de Orlando em geral têm-se centrado no crescimento vindo dos mercados emergentes da América Latina e no Brasil, especificamente. Vemos o aumento da renda na América Latina e a ampliação do serviço aéreo, como razões para o crescimento que temos registrado do Brasil. M&E - Quais ações foram feitas no Brasil para que esse volume de turistas aumentasse tanto? Mark Jaronski - Desde o início do ano passado, nós colocamos um foco maior sobre o Brasil, com representação no país, fortes parcerias com operadores turísticos e companhias aéreas parceiras, publicidade, relações públicas e promoções. E os nossos esforços têm recebido forte apoio de parceiros de marketing e representantes. M&E - Em 2013, Orlando recebeu um to-

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M&E - Orlando é um destino que se renova todos os anos. Quais as novidades os turistas poderão encontrar em suas próximas visitas? Mark Jaronski - A cidade está passando por um dos períodos mais significativos de expansão em sua história. O Universal Orlando Resort abriu recentemente The Wizarding World of Harry Potter Diagon Alley. O SeaWorld Orlando está comemorando o aniversário de um ano da Antarctica: Empire of the Penguin - a maior expansão na história da empresa. E o Walt Disney World Resort completou recentemente um projeto de vários anos que dobrou o tamanho da Fantasyland com a estreia da Seven Dwarfs Mine Train. Além disso, o destino continua a crescer e evoluir com muitas novas atrações, varejo, restaurantes e opções de entretenimento e experiências. M&E - Como foi a repercussão da Copa do Mundo no Brasil para os americanos? Acredita que o evento ajudará a desenvolver o turismo no Brasil? Mark Jaronski - Muitos norte-americanos assistiram a Copa do Mundo de perto. Foi uma oportunidade para o nosso país para saber mais sobre o Brasil e o futebol. Orlando foi recentemente selecionado pela Major League Soccer para se juntar a sua liga. Esperamos que a recente chegada do jogador brasileiro Kaká em Orlando aumente ainda mais o interesse em nosso destino e estamos em contato com a equipe sobre como podemos aproveitar a presença do jogador aqui para aumentar as nossas conexões com o Brasil.


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Brand USA Entrevista com Alfredo González

>> Um relatório divulgado em julho deste ano pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos indica que, em 2013, o número de visitantes brasileiros no país de Barack Obama bateu um recorde histórico: cerca de 2,06 milhões de viajantes do Brasil estiveram na nação norte-americana. Estes números representam um aumento de 15% em relação a 2012. O Brasil é hoje a quinta nação do mundo que mais envia viajantes para os Estados Unidos, ficando atrás apenas de Canadá (23,3 milhões de visitantes), México (14,3 milhões), Reino Unido (3,8 milhões) e Japão (3,7 milhões). No total, os Estados Unidos receberam 69,8 milhões de visitantes internacionais em 2013. Segundo Alfredo González, vice-presidente Sênior de Desenvolvimento de Mercado Global do Brand EUA, a expectativa é que neste ano o Brasil tenha um crescimento ainda maior que o apresentado em 2013. De acordo com ele, além dos tradicionais destinos como NY e Orlando, os brasileiros estão descobrindo outros destinos americanos. Para ele, as ações promovidas pelo escritório do Brand USA no país têm ajudado a divulgar e promover os Estados Unidos, atraindo mais atenção e, com isso, mais turistas. MERCADO & EVENTOS - O Brasil é um dos principais emissores de turistas para os EUA. Em 2013 foram mais de dois milhões de brasileiros nos destinos. Qual a expectativa para o ano de 2014? Alfredo González - Em 2013, o Brasil foi o terceiro maior mercado emissor internacional para os Estados Unidos. O Departamento de Comércio de Viagem Nacional e Secretaria de Turismo dos Estados Unidos preveem um aumento de 9% nas chegadas do Brasil em 2014, com o Brasil permanecendo entre um dos mais importantes mercados da América do Sul. Por meio do nosso trabalho no mercado, prevemos que os brasileiros

promover os novos e incríveis destinos que os viajantes brasileiros não estão familiarizados. Os parceiros de indústria do Brand USA são essenciais para promover os Estados Unidos e fazer dos nossos esforços um sucesso. Nosso trabalho no Brasil continua a crescer, com diversas parcerias no caminho, e esperamos incentivar os viajantes brasileiros a descobrir essa terra como nunca antes.

continuarão a descobrir os locais únicos e diversificados que os Estados Unidos têm a oferecer em nossas cidades de entrada e nas demais. M&E - NY e Orlando são os principais destinos visitados pelos brasileiros. Além desses, quais outros também são bastante procurados? Alfredo González - Além de Nova York, Orlando e Miami, estamos vendo um aumento no número de viagens para cidades como Los Angeles e, mais recentemente, Las Vegas, que tem se tornado mais acessível para os brasileiros por meio de voos diretos e com conexões. Também temos visto um aumento na popularidade em destinos como Colorado e Havaí. Este último sentiu um crescimento de 16.9% de visitantes brasileiros entre 2012 e 2013. M&E - Nos últimos anos, o Brasil apresentou os maiores números de crescimento no envio de turistas para os EUA. Após a implantação do escritório do Brand USA no país, já houve alguma sinalização positiva das ações já realizadas? Alfredo González - O Brand USA tem recebido uma calorosa recepção de boas vindas da indústria do turismo no Brasil e tem sentido uma grande disposição para

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M&E - Comente um pouco a respeito das ações já realizadas e do planejamento para o futuro. Alfredo González - O Brasil sempre foi um importante mercado para o Brand USA, e foi um dos primeiros mercados em que lançamos nossa campanha voltada para o consumidor. O Brand USA participou da WTM esse ano e estamos ansiosos para estar com nossos parceiros na WTM em 2015. Nós também estamos participando desta Abav. Ao estabelecer um escritório no Brasil, nós temos trabalhado para estar conectados à indústria de turismo no Brasil. M&E - Qual o perfil dos brasileiros que visitam os EUA? O Brand USA pretende trabalhar algum público em especial, como jovens, LGBT, entre outros? Alfredo González - Por muitos anos, as famílias brasileiras tem sido o maior segmento de viajantes para os Estados Unidos. Recentemente, temos visto um crescimento de outros segmentos como esporte e grupos religiosos, reuniões e viagens de incentivo e, também, viajantes LGBT. Nós sabemos que a atividade mais popular entre os brasileiros que viajam para os Estados Unidos é passear para fazer compras e visitar parques de diversões. No Brand USA, queremos que os viajantes conheçam a grande variedade de atividades disponíveis para eles por todo o país e que se inspirem a desfrutar de tudo que os Estados Unidos têm a oferecer.


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Visit Florida Entrevista com Paul Phipps

tão atrativos para os brasileiros? Paul Phipps - Miami é o hub para a América Latina. É uma bela cidade que, ao mesmo tempo, é cosmopolita e tropical - uma mistura que permite a Miami oferecer muitas experiências que você não pode encontrar em qualquer outro lugar. Orlando promete uma experiência mágica e faz isso com fantasia e ação em seus parques temáticos e atrações.

>> A Flórida é a região mais procurada pelos brasileiros nos Estados Unidos. Orlando é o destino mais popular. Em 2013, o Brasil foi o segundo maior mercado internacional para a Flórida, com 1,8 milhão de visitantes. Porém, o Brasil passa a ocupar a liderança entre os destinos de longa distância, já que o Canadá - primeiro no ranking emissivo - está localizado bem próximo aos EUA. Veja abaixo a entrevista concedida por Paul Phipps, diretor de Marketing do Visit Florida, onde ele comenta sobre o crescimento no fluxo de brasileiros para o destino e ainda fala das expectativas para este ano. MERCADO & EVENTOS - Em 2011, o Brasil foi o primeiro mercado internacional para Flórida. Quantos brasileiros visitaram o destino em 2013 e qual a expectativa para o ano de 2014? Paul Phipps - Em 2013, o Brasil foi o segundo maior mercado internacional para a Flórida, com 1,8 milhão de visitantes. O Canadá ainda mantém o primeiro lugar de emissor internacional de turistas para o destino. O principal motivo é a

De trem pela Flórida O Florida East Coast Industries anunciou o desenvolvimento de um serviço ferroviário de propriedade privada, operado e mantido de maneira intermunicipal, onde residentes e turistas terão uma solução para passear pela Flórida. Esta iniciativa ferroviária de passageiros é chamada de All Aboard Flórida. A nova rota contará com serviço de passageiros ao longo da costa leste da Flórida, corredor existente entre Miami e a Costa Espacial. Serão criadas novas faixas na Flórida Central. Estações estão previstas para serem instaladas nos centros urbanos de Miami, Fort Lauderdale, West Palm Beach e no Aeroporto Internacional de Orlando. Informações: www.allaboardflorida.com.

proximidade, mas o Brasil é o primeiro mercado de longa distância (vindo de outros continentes). O Brasil tem mantido seu crescimento constante e é o que esperamos para 2014. Dos principais mercados internacionais, cinco são da América Latina: Brasil, Argentina, Venezuela, México e Colômbia. M&E - Muitos brasileiros visitam a Flórida anualmente. Entre os destinos principais estão Miami e Orlando. Além desses, quais outros tem potencial de atrair os turistas do Brasil? Paul Phipps - Temos visto muitos outros destinos da Flórida promovendo ativamente seus atrativos no Brasil, com campanhas publicitárias e representações de mercado. Destinos como Fort Lauderdale, Palm Beach, Tampa, St. Pete / Clearwater e Kissimmee, estão definitivamente, vendo resultados desses esforços. A Flórida é um estado diverso com muitas coisas a oferecer aos viajantes brasileiros. Temos lindas praias em duas diferentes costas, os mais procurados parques temáticos do mundo, natureza, história, cultura, ambiente internacional, uma enorme variedade de gastronomia e, claro, compras sem fim. M&E - Por qual razão esses destinos são

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M&E - O Visit Florida tem investido na promoção de Kissemmee no Brasil. Este é um destino que recebe muitos brasileiros? Quais seus principais atrativos? Paul Phipps - O Visit Florida apoia as ações promocionais de Kissimmee no Brasil assim como faz com outros destinos na Flórida que solicitam o nosso apoio. Kissimmee, que está localizado a poucos minutos de Orlando, pode oferecer aos visitantes brasileiros muitas opções nos parques temáticos, lojas, jantares com espetáculos, atividades ao ar livre, hotéis fabulosos e muito mais. M&E - O Visit Florida possui parcerias com outros escritórios de turismo para promover de forma integrada os destinos americanos? Paul Phipps - O Visit Florida trabalha muito próximo e em colaboração com o Brand EUA, que promove todos os estados incríveis da América. Temos apoiado e continuaremos a apoiar as ações em cooperação com eles. M&E - Por ser um mercado estratégico, quais os futuros investimentos que serão feitos no Brasil? Paul Phipps - O escritório de turismo continua a investir no Brasil. Estamos presentes Abav e na WTM, em São Paulo. Além de sales mission com parceiros em diversas cidades brasileiras. Também participamos de muitas campanhas e programas com operadores turísticos.


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Relaxe e descontraia-se no Epicurean Hotel and Evangeline Spa

Por Kara Franker

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ecentemente, estive no Epicurean Hotel, classificado como Hotel de Quatro Diamantes pela AAA e voltado à gastronomia, localizado no sofisticado bairro histórico de Hyde Park, em Tampa. Fiquei impressionada com a atenção aos detalhes – da decoração à gastronomia, ao serviço e aos tratamentos no spa. O Epicurean foi desenvolvido pelos gênios que idealizaram o legendário Bern’s Steak House (um dos meus restaurantes preferidos em Tampa) e o Mainsail Lodging & Development, sendo o primeiro hotel recém-construído nos EUA a fazer parte da prestigiosa marca Autograph Collection. Tive a vantagem de curtir o hotel ao lado de alguns dos meus amigos, incluindo duas peritas do VISIT FLORIDA, Rachelle Lucas e Ginger Harris. Rachelle postou um blog delicioso que você tem de conferir: 8 Fotos que Vão Fazer com que Qualquer Fã da Boa Mesa Queira Hospedar-se no Epicurean. Você também não vai querer perder o artigo de Ginger intitulado Minha Aventura no Epicurean, repleto de fotos incríveis.

UMA EXPERIÊNCIA FANTÁSTICA NO EVANGELINE SPA

Localizado no andar térreo do hotel, o Evangeline Spa oferece uma experiência verdadeiramente suntuosa. Batizado com o nome da icônica estátua situada próximo ao vizinho Bern’s Steak House, esse spa de 260 m² possui cinco salas de tratamentos e um salão de relaxamento, além

de oferecer serviço de manicure e pedicure. Você poderá trabalhar junto com um sommelier do spa para criar produtos personalizados usando frutas frescas, óleos essenciais e ervas cultivadas localmente. Esses produtos podem ser utilizados durante o tratamento no spa ou ser levados para casa. Há no spa um muro vivo de ervas cheias de fragrância, de onde os terapeutas retiram coentro, menta e outros ingredientes frescos colhidos no local para aplicá-los em tratamentos selecionados. Para tornar tudo ainda mais convidativo, peça um copo de vinho ou uma taça de champanhe Moët & Chandon. Alguns tratamentos selecionados também incluem uma deliciosa sobremesa da Chocolate Pi, a pâtisserie do hotel.

LINHAS DE PRODUTOS EXCLUSIVAS, INCLUINDO FARMHOUSE FRESH E CAUDALIE

O spa oferece duas linhas de produtos fabricadas exclusivamente na região: FarmHouse Fresh e Caudalie. FarmHouse Fresh cria produtos naturais e orgânicos para o corpo e o banho, confeccionados com o famoso talento sulino e usando ingredientes típicos da região. Em harmonia com o tema culinário do Epicurean, a FarmHouse Fresh oferece produtos de polimento do corpo cuja base são bebidas destiladas ou alcoólicas, como, por exemplo, Butter Rum, Bourbon Bubbler, Watermelon-Basil Vodkatini e Whoopie! Cream, o mais vendido da linha. Você pode experimentar todos esses produtos nos mais diversos tratamentos do spa, tais como o serviço de pedicure Dulce Delight.

Caudalie, a segunda linha de produtos da Evangeline, criou a Vinothérapie e foi fundada bem em meio aos vinhedos de Bordeaux, França. Vinothérapie combina os atributos da água naturalmente rica em minerais e microelementos com as mais recentes descobertas científicas relacionadas aos benefícios proporcionados pelas vinhas e pelas uvas. Os serviços de spa como, por exemplo, a refinada massagem esfoliante Crushed Cabernet e o tratamento facial Vinoperfect, que usam os produtos da Caudalie, se mesclam com perfeição às outras ofertas culinárias do spa do Epicurean Hotel. O spa também possui uma série de tratamentos para cavalheiros, incluindo o facial Fine as Wine, a massagem Hot Whiskey Scour (ao fim da qual o hóspede ganha uma dose de uísque) e o serviço de pedicure Bern’s Bourbon on the Rocks. Depois do delicioso relaxamento vivido no spa, confira algumas das demais incríveis comodidades oferecidas pelo hotel: • Assista a uma aula na sofisticada sala de culinária conhecida como Epicurean Theatre • Jante no Élevage, o restaurante que recria receitas clássicas • Curta drinques artesanais no EDGE, o bar situado no topo do prédio • Delicie-se com as sobremesas da pâtisserie Chocolate Pi • Visite a loja de vinhos Bern’s Fine Wines & Spirits • Pegue uma das bicicletas disponíveis no hotel para dar um passeio pela vizinhança. Se você pretende ir, o spa está aberto ao público, permite afiliação e disponibiliza cartões de presente. Para reservar e obter mais informações sobre o spa Evangeline do Epicurean Hotel, ligue para (813) 999-8742 ou visite o site SpaEvangeline.com. Para reservas no hotel, ligue para (813) 999-8700 ou visite o site EpicureanHotel.com. Quer obter mais dicas de viagem de ‘Por Dentro do Entretenimento e do Luxo’ no site VISIT FLORIDA? Siga Kara Franker no Twitter, no Facebook e no Instagram.

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Disney Entrevista com Kenneth Svendsen

>> Com o lançamento da atração Seven Dwarfs Mine Train, inspirado no filme “A Branca de Neve”, a Nova Fantasyland, maior expansão do Magic Kingdom, em Orlando, na Flórida (EUA), está concluída. Porém, os parques da Disney não param de apresentar novidades. A expectativa está por conta da nova área do Avatar, que deve ser inaugurada em 2017, no Animal Kingdom. Para Kenneth Svendsen, vice-presidente sênior de Vendas Globais da Disney Destinations, a escolha do Animal Kingdom para o Avatar foi mais que natural. Ele ainda destaca outras novidades nos parques e a importância dos agentes de viagem e do mercado brasileiro; principalmente após o Brasil ter alcançado a primeira posição entre os países de longa distância que mais emitem turistas para Orlando. MERCADO & EVENTOS - Como o senhor avalia a recepção do público em relação a mais recente atração lançada “Seven Dwarfs Mine Train”, no Magic Kindom? Kenneth Svendsen - O feedback tem sido incrivelmente positivo. Com a Seven Dwarfs Mine Train nós forçamos os limites da criatividade e inovação e desenvolvemos um sistema de brinquedo completamente diferente. Inspirada no clássico animado da Disney ‘A Branca de Neve’, é uma montanha-russa voltada para família, e é a primeira a possuir um movimento de balanço vai-e-vem que surpreende as pessoas de forma positiva. Desde sua grande abertura, em 2012, a New Fantasyland provou ser um grande sucesso para nossos visitantes. M&E - Como estão os preparativos para o lançamento do Avatar, no Animal Kingdom? Kenneth Svendsen - Estamos muito animados com a nova área que começou a ser construída esse ano no Animal Kingdom. O parque temático é uma escolha natural para o Avatar devido à ênfase de viver em

de sua expertise em nossos produtos, ofertas especiais e eventos e celebrações que acontecem o ano todo.

harmonia com a natureza, algo muito presente no filme. Mas a nova área do Avatar não será a única novidade no parque. Como parte da maior expansão da história do Animal Kingdom, vamos adicionar experiências de entretenimento completamente novas, incluindo um espetáculo noturno com música ao vivo, lanternas flutuantes, imagens refletidas na água e imagens rotativas de animais. Tudo isso no Discovery River, encantando os visitantes. M&E - Qual a importância dos agentes de viagem na comercialização dos parques do complexo? Quanto eles representam nas pré-vendas de ingressos? Kenneth Svendsen - A Disney realmente aprecia o relacionamento que possui com os agentes de viagem e os vê como parceiros de vendas vitais. Investimos neste relacionamento oferecendo aos agentes poderosas ferramentas e treinamentos para ajudá-los a melhor servir seus clientes. Sentimos que trabalhar com uma agência de viagem experiente é a melhor opção para planejar uma viagem para o Walt Disney World ou para qualquer um dos outros parques da Disney. Como o cliente possui uma enorme variedade de opções para considerar, o agente tem a oportunidade de agregar valor através

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M&E - No início de julho, o Brasil atingiu a primeira posição entre os países ‘overseas’ que mais emitem turistas para Orlando. Tendo em vista esse ranking, a Disney prevê alguma ação voltada para os brasileiros a fim de incentivar o aumento do número de turistas? Kenneth Svendsen - O Brasil continua a ser um dos nossos mercados internacionais mais importantes. Através do investimento no país, em tempo e esforço, temos visto um crescimento contínuo e significativo desse mercado no Walt Disney World. O encorajamento constante que nossa equipe recebe para participar de feiras de turismo como Abav, Festuris, WTM-LA e Braztoa, nos dão a oportunidade de crescer no mercado e nas relações-chave ainda mais. Vamos continuar nos esforçando para oferecer aos nossos parceiros brasileiros do setor de turismo treinamentos importantes e apoio aos agentes de viagem para estimular, ainda mais, essa tendência positiva ao longo dos anos que estão por vir. M&E - O filme “Frozen” foi um verdadeiro sucesso da Disney. A companhia estuda a possibilidade de lançar uma atração com as mais novas princesas? Kenneth Svendsen - Frozen tem tido uma presença nos nossos parques desde que o filme foi lançado, em novembro de 2013. Temos um grande número de visitantes que são fãs da história, dos personagens e das músicas de Frozen, e o índice é crescente. Dessa forma, estamos respondendo ao desejo dos fãs oferecendo mais formas de experimentarem a história. As personagens principais, Anna e Elsa, por exemplo, estão presentes em todos os nossos parques ao redor do mundo, e ainda a bordo dos navios da Disney Cruise Line.


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SeaWorld

Parks & Entertainment Entrevista com Maurício Alexandre

para o futuro? Maurício Alexandre - Nossos parques investem constantemente em novas atrações e, neste ano, já inauguramos a Ihu’s Breakaway Falls, no Aquática, e a Falcon’s Fury, no Busch Gardens, em Tampa. Já no SeaWorld Orlando foi inaugurado, em 21 de junho, um novo show noturno, o Shamu’s Celebration: Light Up The Night nighttime Shamu Show.

>> Um dos parques preferidos dos brasileiros, o Discovery Cove, do SeaWorld Parks & Entertainment, foi eleito, mais uma vez, o melhor parque de diversões no Mundo pelo TripAdvisor Traveler’s Choice na categoria Parques de Diversão e Aquáticos. Nessa entrevista, Maurício Alexandre, diretor de Vendas e Marketing do SeaWorld no Brasil, fala sobre os diferenciais que fizeram com que o parque chegasse no primeiro lugar do ranking. Maurício ainda destaca a importância dos brasileiros para os parques e explica alguns projetos desenvolvidos especificamente para o público. MERCADO & EVENTOS - Pela segunda vez, o Discovery Cove, em Orlando, foi nomeado como o melhor parque de diversões do mundo pelo TripAdvisor Traveler’s Choice. Qual o diferencial do empreendimento em relação aos outros? Maurício Alexandre - O Discovery Cove foi reconhecido como o melhor parque do mundo por oferecer aos visitantes uma experiência única: a oportunidade de se conectarem com animais marinhos como golfinhos, arraias, peixes tropicais e também pássaros. Além disso, o parque é limitado a somente cerca de 1.300 visitantes por dia, operando no sistema all inclusive, com café da manhã, almoço, bebidas e petiscos à vontade. O Discovery Cove fornece todos os equipamentos de mergulho como máscaras, snorkel, coletes salva vida e roupas de neoprene curtas e compridas. Pensamos em todos os detalhes, como no protetor solar que não agride animais marinhos que entregamos gratuitamente aos visitantes. Os brasileiros adoram o Discovery Cove e o Brasil é um dos principais mercados internacionais do parque. M&E - O SeaWorld tem investido, cada vez mais, em ações voltadas para brasileiros - como entrada antecipada nos parques, por exemplo - a fim de incentivar o aumento do número de turistas. Que

outras ações o parque têm planejado especificamente para esse público? Qual a importância do público brasileiro para os parques da Flórida e da Califórnia? Maurício Alexandre - O mercado brasileiro é um dos maiores mercados internacionais para nossos parques da Flórida e tem crescido consideravelmente ao longo dos últimos anos para o SeaWorld San Diego, na Califórnia. Temos aumentado nossos investimentos no Brasil, focando no treinamento dos agentes de viagens em todo o país (no desenvolvimento de novos produtos, como a entrada antecipada para grupos no SeaWorld Orlando) e também ampliando os produtos que podem ser vendidos antecipadamente pelos agentes de viagens. Destacamos os tours como o Serengeti Safari, do Busch Gardens, onde os visitantes fazem um Safári e alimentam girafas, o Dine with Shamu, no SeaWorld, atração em que os visitantes fazem sua refeição bem perto das baleias, além de produtos que melhoram a experiência no parque, como o Quick Queue, do SeaWorld e do Busch Gardens, que permitem otimizar seu dia no parque indo às principais atrações sem ter que pegar filas. M&E - Como o público recebeu as novas atrações que o complexo lançou neste ano? Quais os planos de lançamento

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M&E - Como estão sendo recebidas as comemorações de 50 anos do SeaWorld? Maurício Alexandre - As comemorações dos 50 Anos do SeaWorld começaram em meados de março e irão até a metade do próximo ano nos três parques SeaWorld: em San Diego, na Califórnia; em San Antonio, no Texas e em Orlando, na Flórida. Nestes parques há um esquadrão de surpresas que proporcionam aos visitantes experiências e encontros inesperados com animais. No SeaWorld San Diego renovamos a entrada do parque proporcionado emoções desde o momento em que o visitante chega ao parque. M&E - Qual a importância dos agentes de viagem na comercialização dos parques do complexo. Quanto eles representam nas pré-vendas de ingressos? Maurício Alexandre - Os agentes de viagem são nossos grandes parceiros históricos e sempre os prestigiamos, oferecendo todo o apoio para que possam vender nossos ingressos e demais produtos com segurança e tranquilidade. Oferecemos treinamentos constantes ao trade em todas as regiões do Brasil, materiais promocionais em português, itens de decoração para as agências e todo o suporte necessário, além de participarmos de quase todas as feiras de turismo do país. Nossa estratégia visa alcançarmos 100% de ingressos vendidos antecipadamente aos brasileiros que visitam nossos parques e acreditamos que somente atingiremos este objetivo através dos agentes de viagem.


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LOCADORAS

De carona na Copa Evento impulsiona locações nas cidades-sede, mas gera queda no resto do país LISIA MINELLI >> Em relação aos legados que a Copa do Mundo deixou para o setor de locação, a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) avaliou que há mais prós do que contras, principalmente no segmento do lazer. Segundo dados da associação, em termos financeiros e de negócios, a Copa acabou sendo deficitária para o setor como um todo. “O movimento nas locadoras que não atuam nas capitais onde houve jogos caiu entre 15% e 20% durante o evento”, avaliou Paulo Nemer, presidente do Conselho Nacional da Abla. “Nas cidades em que houve jogos, subiu só, em média, 10%”, complementou. Ele ainda lembrou que praticamente não houve feiras de negócios, congressos e seminários, e isso fez o volume de locações cair. Na Localiza, o fator Copa do Mundo se manteve dentro das expectativas, com alta nas viagens de lazer e queda no corporativo – tendo uma compensação entre os segmentos. No entanto, a vinda de turistas de diversas nacionalidades durante os meses do Mundial foi grande e alavancou as vendas para algumas locadoras. Como foi o caso da Shift Mobilidade Corporativa (especializada em logística e transporte executivo e para eventos), que obteve um movimento 30% maior neste período do Mundial e disponibilizou mais de 400 profissionais para atendimento exclusivo. A Hertz também viu o número de reservas de carros crescerem seis vezes durante a Copa do Mundo no país.

Os pedidos de reservas aumentaram mais de 500% no período. “Embora o número de contratos corporativos tenha diminuído, o crescimento no segmento de clientes pessoa física muito mais que compensou esta perda de volume”, disse Leandro Aliseda, diretor sênior de Vendas e Terceirização de Frotas da Hertz no Brasil. O mesmo aconteceu com a Avis Rent a Car, que registrou um crescimento de 131% nos contratos de aluguel de carros durante a Copa do Mundo de futebol, se comparado ao mesmo período do ano anterior, época em que foi realizada a Copa das Confederações. Para os dirigentes do segmento, o Mundial mostrou ainda que o Brasil pode organizar grandes eventos; que é um país com um potencial turístico enorme, e com uma população que genuinamente gosta de receber. Para eles, a exposição positiva durante a Copa ajudou a reverter toda a exposição negativa pré-evento e, assim, quem sabe, irá contribuir para que muitos estrangeiros considerem o Brasil em sua próxima viagem internacional. Para o setor de locação no geral, outro legado importante deixado foi o fato de muitos turistas estrangeiros terem vindo pela primeira vez ao país, ampliando o conhecimento do Brasil e deixando a vontade de voltar outras vezes e conhecer ainda mais. “Isso pode motivá-los a voltar em breve e, em tese, inclusive incentivar seus amigos e parentes a nos visitarem”, disse

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Paulo Nemer, da Abla. Além disso, os integrantes da cadeia produtiva do turismo, entre eles o setor de locação, investiram na qualificação da mão de obra, também um importante legado pós-Copa para o turismo. E por falar em qualificação, no primeiro semestre do ano foi aprovada a Lei que regulamenta a profissão do agente de viagem. Para o segmento de locação, apesar da notícia ser boa, ela não interfere diretamente nas relações de negócios do setor. “Eu não acho necessariamente que a regulamentação do setor promova uma maior profissionalização. Acho que o mercado das agências de viagens já é um mercado profissional, a maioria das empresas é extremamente séria, e acho que na prática, para o consumidor final, vai mudar pouca coisa. Se o cliente escolhe as agências sérias e tradicionais ele já tem um bom atendimento e continuará tendo”, disse Afonso Celso de Barros, presidente da Avis. Para o presidente da Abla, Paulo Nemer, a regulamentação foi uma vitória para os agentes de viagem. “Torcemos para que a Lei ajude a dificultar a atividade de aventureiros, ou seja, gente não capacitada para atuar como agente de viagem. As locadoras têm todo o interesse em atuar com os bons agentes de viagens, que são importantes vendedores da locação de automóveis. Isso pode gerar boas comissões aos agentes e, nesse sentido, é essencial trabalhar somente com agências sérias, que cumprem as normas referentes à Lei”, finalizou.


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Abla

Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis Entrevista com Paulo Nemer

>> A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) registrou em 2013 um crescimento duas vezes maior que o PIB brasileiro. Segundo Paulo Nemer, presidente do Conselho Nacional da Abla, os números representam o tamanho do setor dentro da economia do país. Para ele, o aumento não está na média dos 10% dos últimos dez anos, mas ainda assim o setor atingiu um faturamento de R$ 6,52 bilhões e a elevação de 4,73% em relação ao ano anterior. Para o ano de 2014 a expectativa é de superar os números apresentados. O setor hoje gera 309 mil empregos diretos e indiretos, arrecadando R$ 2,51 bilhões de impostos. MERCADO & EVENTOS - Quais os principais perfis de consumo de locação de automóveis? Paulo Nemer - Conforme nosso Censo, concluído ao final de 2013, do total da frota das locadoras, 58% é utilizada para contratos de terceirização, que é o aluguel de frotas para pessoas jurídicas. Outros 23% foram para o turismo de negócios, que implica em profissionais locando veículos para suas atividades de trabalho, principalmente para participarem de feiras de negócios, congressos, reuniões e etc. E há 19% da frota destinada para o turismo de lazer, que são as viagens de férias. No caso das locações para pessoas físicas, tanto para turismo de lazer como para negócios, o público ainda é majoritariamente masculino (77%), mas temos sentido crescer a procura feminina, também em função de mais mulheres estarem no mercado de trabalho e ocupando posições de comando nas empresas públicas e privadas. M&E - Quais os principais mercados no país e quais os que possuem potencial? Paulo Nemer - Sobre isso, nosso setor tem características muito especiais e positivas, pois é marcado pela pulveri-

na casa dos bilhões de reais por ano.

zação e pela capilaridade. Quero dizer com isso que, hoje, há locadoras em praticamente todas as cidades do Brasil, de Norte a Sul. Assim, se é verdade que os mercados do Sudeste seguem sendo os mais significativos em termos de volume de negócios, também já é possível notar que o crescimento em ritmo mais avançado ocorre exatamente fora dos grandes centros, fora das capitais. Os mercados do interior dos estados têm muito potencial para crescer no nosso setor.

M&E - Qual o atual cenário com seus principais desafios e também as perspectivas para o futuro? Paulo Nemer - Eu diria que atualmente estamos enfrentando dificuldades em função das constantes mudanças das regras relacionadas ao IPI dos automóveis, que dificultam o movimento de vendas dos nossos carros seminovos. Com o IPI reduzido para os veículos 0 km, o preço dos seminovos cai em ritmo acelerado. Não somos revendedores, mas também não somos colecionadores de carros. Precisamos vender os seminovos e, nesse sentido, também é importante que as regras do jogo não mudem repentinamente. Sobre o futuro, somos otimistas. Com mais apoio de nossos parceiros de negócios, principalmente os bancos e também as montadoras, poderemos comprar muito mais veículos nos próximos anos. Temos expectativa de que haja a redução nas taxas dos financiamentos para as locadoras. Nenhum setor gera caixa como o nosso. Isso, por si só, já implica em excelente garantia para os bancos.

M&E - Qual a importância e o crescimento do setor dentro do cenário econômico atual brasileiro? Paulo Nemer - Entre vários outros motivos, para explicar isso, gosto de dizer que basta imaginar a importância que a indústria automobilística tem para a geração de empregos e para o recolhimento de impostos, para entender o quanto o setor de locação tem importância para o PIB do Brasil. Nosso setor é o maior cliente das montadoras, pois juntas, as locadoras compram aproximadamente 10% de todos os veículos vendidos no Brasil. É muita coisa. Com isso, ajudamos a gerar e a manter quase 300 mil empregos diretos e indiretos. Além disso, as empresas do nosso setor já recolhem impostos

M&E - A Copa do Mundo teve algum impacto no segmento de locação? Paulo Nemer - Teve impacto deficitário. O movimento nas locadoras que não atuam nas capitais onde houve jogos caiu entre 15% e 20% durante o evento. Nas cidades em que houve jogos, subiu 10%. Durante a Copa, o custo das passagens aéreas e dos hotéis subiu, inibindo as viagens de brasileiros dentro do próprio país. Ou seja, essa geração de demanda pelos nossos serviços, mesmo com as tarifas de locação sendo mantidas, sem aumentos, deixou de ocorrer. E, ainda, praticamente não houve feiras de negócios, congressos e seminários durante a Copa. Perdemos também a demanda do público que aluga o veículo a trabalho.

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Hertz Entrevista com Leandro Aliseda

>> Com mais de 100 lojas no Brasil, a Hertz viu o número de reservas de carros crescerem seis vezes durante a Copa do Mundo no país. Os pedidos de reservas aumentaram mais de 500% no período de 1º de junho a 15 de julho em relação ao mesmo período de anos anteriores. Além disso, só neste ano, a locadora fez o maior investimento em frota para consolidar o seu crescimento. Sua receita global em 2013 foi de US$ 10,8 bilhões; e no Brasil a expectativa é crescer dois dígitos neste ano. Veja abaixo a entrevista com Leandro Aliseda, diretor sênior de Vendas e Terceirização de Frotas da Hertz no Brasil. Ele fala um pouco sobre a locadora, resultados, expectativas e, claro, sobre Copa do Mundo. MERCADO & EVENTOS - A meta da Hertz é ter meio milhão de carros disponíveis até 2016. Como anda esse projeto? Leandro Aliseda - A Hertz possui mais de 20 mil carros no Brasil e investimos continuamente em sua renovação. Somente nesse ano, renovamos 30% de nossa frota, fazendo o maior investimento da história da empresa no país. A empresa continua crescendo de maneira consistente e sólida e tem tudo para alcançar seus objetivos. No Brasil, não divulgamos nossas metas específicas, contudo, acreditamos que a Hertz Brasil tem todas as condições para dobrar seu volume de carros alugados nos próximos 24 meses. Atuamos em todo o Brasil e nossos mercados principais são: São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília. Atualmente, são mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil. Constantemente estamos abrindo novas lojas, sendo as últimas inauguradas em Santo André, São Bernardo, Recife e Jundiaí. M&E - A Hertz anunciou há algum tempo um plano de disponibilizar carros para aluguel em diferentes pontos, além das tradicionais lojas em aeroportos. Como anda esse projeto? Leandro Aliseda - Nos Estados Unidos e

Europa, lançamos o Hertz 24/7. Uma nova maneira de alugar carros em que o cliente encontra automóveis 24 horas, sete dias por semana, disponíveis em milhares de localidades parceiras. O processo de aluguel é extremamente simples e automatizado, permitindo agilidade e simplicidade total na retirada e devolução do veículo. M&E - Em 2013, a Hertz lançou o programa de fidelidade Gold Plus Rewards. Como foi a recepção dele pelo mercado? Quantos clientes já estão cadastrados nele e quais os principais benefícios? Leandro Aliseda - Nossos clientes têm recebido extremamente bem nosso programa de fidelidade, compreendido rapidamente que não é só uma maneira eficiente de acumular benefícios, inclusive com a parceria com a Multiplus. É também uma oportunidade de ser atendido de maneira diferenciada, sem filas, com a velocidade que nossos clientes esperam de uma locadora moderna e de reconhecimento global como a Hertz. Além disso, a inscrição no programa é gratuita e pode ser feita através do www.hertz.com.br. M&E - Quanto foi o faturamento da empresa em 2013? Há expectativa de crescimento e quanto de share de mer-

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cado a Hertz possui no Brasil? Em relação ao mercado internacional, como o nosso país se posiciona? Leandro Aliseda - A receita global em 2013 foi de US$ 10,8 bilhões. No Brasil, após um momento de transição da gestão local, estamos prontos para crescer sempre nos dois dígitos pelos próximos anos. Em termos de share, a Hertz mantém-se na segunda posição no segmento de aluguel de carros. No Aluguel de Frotas, encontrase entre as cinco maiores do mercado. Já no mercado exterior, a empresa tem uma posição muito privilegiada. É a maior locadora do mundo, como mais de 8.800 pontos de atendimento, presente em todos os continentes do mundo. Os brasileiros alugam carros em todos os países em que a Hertz está presente, com destaque para as localidades nos EUA e na Europa. M&E - Com a Copa do Mundo no Brasil, a Hertz teve um incremento de vendas no país? Houve algum esquema especial para atender esses clientes? Leandro Aliseda - Sim, a Copa foi muito positiva. Embora o número de contratos corporativos tenha diminuído, o crescimento no segmento de clientes pessoa física muito mais que compensou esta perda de volume. Os clientes, nas cidades-sede e em Campinas, entraram no clima da Copa, sendo atendidos em lojas temáticas (com a decoração da Copa do Mundo) e assessorados em várias localidades por voluntários Hertz que os apoiavam nos momentos de maior movimento no balcão, especialmente nos aeroportos. O Mundial mostrou que podemos também organizar grandes eventos, que somos um país com um potencial turístico enorme e com uma população que genuinamente gosta de receber. Esta exposição positiva durante a Copa ajudou a reverter toda a exposição negativa pré-evento e, assim, quem sabe, irá contribuir para que muitos estrangeiros considerem o Brasil em sua próxima viagem internacional.


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Localiza Entrevista com Paulo Henrique Pires

>> Em 2013 a Localiza teve um faturamento de R$ 3,5 bilhões e já no primeiro semestre de 2014 apresentou um crescimento de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre os meses de abril e junho deste ano, a empresa registrou um total de 24.184 carros comprados e vendeu 15.889, o que representou investimento líquido de R$ 260,8 milhões. Segundo Paulo Henrique Pires, diretor Comercial da Localiza, o investimento é feito, em especial, para ampliação e renovação da frota, que atualmente possui 118 mil carros. A idade dos veículos da frota é em média de um ano. Para o diretor, a intenção é ter sempre um produto novo e adequado para oferecer aos clientes. Ainda em relação ao faturamento, a empresa teve no segundo trimestre deste ano lucro líquido de R$ 100,6 milhões. A receita líquida consolidada de abril e junho foi puxada pelo aumento de 13% no faturamento líquido da divisão de aluguel de carros, que somou R$ 316,7 milhões. De acordo com a Localiza, esse avanço foi influenciado pelo maior volume de diárias, em 10,6%, e pelo valor da diária média. MERCADO & EVENTOS - A Localiza investiu neste ano R$ 260 milhões em frota. Como foi feito esse investimento? Paulo Henrique Pires - Investimos todo esse valor por dois motivos: expansão e renovação da frota, que tem no máximo 36 mil km ou até 12 meses de uso. Portanto, renovamos nossa frota anualmente. E o investimento é feito em função da demanda e eventual necessidade de renovação para mantermos a frota sempre nova para os clientes. A Localiza possui hoje 118 mil carros distribuídos em 534 lojas, sendo 470 lojas no Brasil e mais 64 no exterior. Além disso, possuímos 74 lojas de revenda de nossos carros, que são aqueles substituídos pelos novos modelos adquiridos. E dentre os prin-

um volume muito expressivo em nossas vendas e é responsável pela maior fatia do nosso faturamento. Mas no segmento de lazer é onde temos a maior oportunidade de crescimento. Estamos trabalhando para o lazer e temos algumas novidades por vir. Estamos esperando chegar mais próximo ao período de alta temporada para divulgar algumas ações.

cipais mercados nacionais, a região Sudeste é o maior volume de rent a car da empresa. M&E - Quanto foi o faturamento da empresa em 2013. Qual o share da Localiza no mercado brasileiro? Paulo Henrique Pires - Como a Localiza é uma empresa de capital aberto, eu não posso divulgar projeções. Posso afirmar que as expectativas são muito boas. Nosso faturamento em 2013 foi de R$ 3,5 bilhões e se considerarmos o primeiro semestre de 2014, a Localiza já registrou um crescimento de 15% em relação ao ano anterior. Estamos muito felizes com esses resultados por se tratar de um ano atípico com Copa do Mundo e eleições. M&E - A Localiza atende clientes de lazer e corporativo. Há como mensurar qual o segmento tem maior importância para a empresa? Paulo Henrique Pires - O mercado de viagens no Brasil é dividido em 80% corporativo e 20% de lazer, e por estarmos inseridos nesse contexto, - junto com as companhias aéreas e os hotéis, por exemplo - nosso resultado pode ser dividido dessa mesma maneira. O corporativo tem

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M&E - A empresa teve algum incremento de vendas com a Copa do Mundo no Brasil? Paulo Henrique Pires - Nós não podemos reclamar da Copa. Primeiro houve um incremento nas viagens de lazer, mas por outro lado, tivemos uma perda no corporativo. As empresas pararam nesse período e as viagens caíram. O que aconteceu foi que o lazer acabou compensando o corporativo. O resultado foi positivo, mas não tivemos um crescimento real nas locações. Nós nos preparamos para a Copa e montamos um atendimento especial para os estrangeiros em nossas lojas das cidades-sede. Contratamos atendentes bilíngues e, de uma maneira geral, a experiência com o Mundial foi positiva. M&E - O Mundial foi positivo para o Brasil? Quais os benefícios do evento em longo prazo para o país? Paulo Henrique Pires - Antes da Copa as previsões eram ruins, todos achavam que daria tudo errado. Mas a Copa mostrou que o Brasil tem capacidade de realizar grandes eventos. Os turistas ficaram bem impressionados com o atendimento que receberam no país. As pessoas se encantaram com o Brasil e com seu povo. Acho que esse foi o maior legado que tivemos do evento. Mostramos ao mundo que somos capazes e que nosso país é bom para se visitar. Com isso temos a oportunidade de incrementar a vinda de turistas estrangeiros e aumentar o volume de negócios por aqui.


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Avis Rent a Car Entrevista com Afonso Celso de Barros

>> A Avis Rent a Car registrou um crescimento de 131% nos contratos de aluguel de carros durante a Copa do Mundo de futebol se comparado ao mesmo período do ano anterior, época em que foi realizada a Copa das Confederações. Os brasileiros foram responsáveis por 62,5% das locações. Estados Unidos (13%), México (3%), Argentina (2,3%) e Colômbia (2,1) vêm na sequência. Diante deste cenário, Afonso Celso de Barros, presidente da Avis, fala sobre as perspectivas para o futuro. MERCADO & EVENTOS - A Copa teve um resultado positivo para a Avis? O que você pode comentar a respeito e quais os benefícios do evento para o Brasil? Afonso Celso de Barros - Para nós foi bom, porque vieram muitos turistas estrangeiros para o país e a Avis, como uma marca internacional, soube aproveitar muito bem isso. Tivemos um movimento bem expressivo e um crescimento de 100%. Podemos dizer que foi o melhor mês do ano. Embora o mês de julho seja bom por se tratar das férias, julho de 2014 foi historicamente o melhor mês da empresa. Em relação aos legados, acho que o país ganha bastante. A imagem que o Brasil passou para o mundo é de um país que pode realizar eventos de grande porte de forma organizada. As expectativas eram baixas, mas conseguimos superar todas elas. M&E - Quanto representa hoje o canal de distribuição dos agentes de viagens para as vendas da Avis? Afonso Celso de Barros - É um canal fundamental. Temos relacionamento muito grande com as agências. Acho, inclusive, que os agentes têm no aluguel de carros uma oportunidade de rentabilizar seu negócio, mas isso ainda é pouco explorado pelas agências. Fizemos um estudo recente que mostra que há dez anos uma diária de aluguel de carro equivalia a 53% do salário

Abracorp e já tivemos bons resultados. Conseguimos incrementar em 56% nosso volume de vendas no corporativo.

mínimo. Hoje essa diária esta entre 10% a 12%. O preço do aluguel de carro ficou muito competitivo e hoje cerca de 55% das nossas vendas vem desse canal dos agentes. É um volume bem representativo e que trabalhamos constantemente. Temos uma equipe comercial que visita sempre essas agências, através de relações comerciais e de comissionamento. M&E - Como se segmenta as locações na Avis? O corporativo é maior que o lazer? Afonso Celso de Barros - Apesar de sermos mais fortes no lazer, este ano pretendemos desenvolver mais o canal corporativo. Estamos com foco muito grande nas agências da Abracorp, assim como nas empresas e operadoras que trabalham com o mercado corporativo. Isso não significa que vamos abandonar o lazer, mas esta é uma mudança que esta acontecendo na companhia com direcionamento para o segmento corporativo. O lazer está sendo bem atendido, mas queremos incrementar também o turismo de negócios. E estamos fazendo isso através da aproximação com as agências e operadoras que possuem esse relacionamento com as empresas e que conhecem bem seus clientes. Recentemente fizemos uma parceria com a

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M&E - O que esta sendo feito para suportar esse crescimento? Afonso Celso de Barros - Vamos abrir até o final desse ano mais seis ou sete lojas. Nossa equipe comercial também foi reforçada. Trouxemos um novo gerente para trabalhar conosco, o Ricardo Kaiser. A frota também vem crescendo para sustentar essa atividade. A empresa era mais focada na terceirização de frota no passado e agora estamos mais voltados ao rent a car. Devemos dobrar a nossa frota para o aluguel diário em 2014, chegando ao final do ano com cerca de 11 mil carros. Temos, inclusive, a frota mais nova do mercado com um tempo médio de uso de seis a sete meses. A intenção com isso é sempre deixar os clientes satisfeitos com o produto. O mercado brasileiro é interessante. O perfil de carros que temos é igual ao perfil dos carros que os brasileiros compram. Quando o cliente chega ao balcão ele não pergunta qual carro temos e sim qual o mais barato. Então nossa frota é composta em 60% por carros populares e mesmo antes de ser Lei, a Avis já comprava sua frota com airbag e freios ABS, que são de fundamental importância para a segurança dos usuários. M&E - E as locações no exterior? Afonso Celso de Barros - Também estamos crescendo uma média de 7% ao ano. O mercado internacional tem crescido ano após ano. Os preços de passagens aéreas estão muito convidativas e com isso mais turistas estão viajando. Sendo muitas vezes mais barato viajar para o exterior que no Brasil. O destino preferencial é a Flórida, onde temos atendido muitos brasileiros e a maioria deles viajando pela primeira vez. É um mercado crescente e que tem apresentado bons resultados.


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Shift

Mobilidade Corporativa Entrevista com Renato Kiste

>> Enquanto muitos segmentos no turismo brasileiro reclamam de queda nas vendas durante a Copa do Mundo, a Shift Mobilidade Corporativa só tem a comemorar. A empresa teve um movimento 30% maior neste período do Mundial e disponibilizou mais de 400 profissionais para atendimento exclusivo. Além disso, a Shift investiu recentemente mais de R$ 2 milhões em novas aquisições de carros. Somente nos primeiros seis meses deste ano, a empresa já teve um faturamento 90% maior que o mesmo período do ano anterior. Veja a seguir uma entrevista com o diretor Renato Kiste. MERCADO & EVENTOS - Qual a atual frota da Shift no Brasil? Como anda o planejamento para novas aquisições (já que foi anunciado em 2013 um investimento de R$ 2 milhões)? E quais os principais mercados nacionais? Renato Kiste - Atualmente, possuímos 50 veículos na frota distribuídos entre carros executivos, vans, micro-ônibus e ônibus. Porém, as aquisições são constantes. Isso significa que a tendência da frota é aumentar. Agimos de acordo com o nosso crescimento. O maior volume de vendas da empresa é em São Paulo (50%), seguido por Rio de Janeiro (20%) e outras localidades do país (30%), além de 5% de volume de operações internacionais. M&E - A Shift possui algum tipo de parceria com associações como a Abracorp? Há planos de se criar um programa de fidelidade ou algo parecido? Renato Kiste - Somos associados a algumas entidades: São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) e Associação Latino-Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev). Recentemente fizemos uma parceria com a Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) para transporte em algu-

a logística do cliente em poucos minutos, disparar nossa confirmação com o voucher eletrônico, e o cliente tem um status “online” do seu processo. O cliente recebe avisos do nosso CRM a cada passo, da confirmação da leitura de seu pedido, indicação do consultor responsável pelo atendimento, confirmação de voucher e dados do motorista até o fechamento do processo.

mas visitas ao Aeroporto de Guarulhos. M&E - Há intenção de abertura de novos pontos de vendas no país? A Shift também tinha a intenção de abrir um departamento com foco nas redes hoteleiras. Esse plano já foi executado? Renato Kiste - Nossos escritórios estão localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Atibaia (Hotel Bourbon) e Campinas (Hotel Royal Palm Plaza ), esses dois últimos no interior de São Paulo. Existia uma possibilidade de investirmos no Sul do país, porém, canalizamos os investimentos nos postos de atendimento dos hotéis Hyatt e Hilton, na capital paulista. A Shift ainda possui parcerias comerciais com os hotéis Paradise Golf & Lake Resort (Mogi das Cruzes), Tauá Hotel Atibaia e Sofitel Guarujá Jequitimar. Em relação ao departamento, ele não foi criado, mas direcionamos esforços para captação de parcerias, o que nos deu um grande retorno. M&E - E em relação à personalização das operações, falando da experiência que a Shift pode oferecer aos clientes. O que já foi implantado e está em operação? Renato Kiste - Personalizamos e customizamos ainda mais nosso sistema. Hoje nossos consultores conseguem personalizar

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M&E - Qual o resultado da empresa em 2013 e as expectativas para 2014? Em relação ao mercado internacional, como o Brasil se posiciona nas vendas para o exterior? Renato Kiste - Nosso share dentro da Abracorp foi de 30% em 2013, somos líderes dentro da associação. Colocamos como meta para 2014 um crescimento de 25%, porém, ainda estamos na metade do ano e já ultrapassamos a casa dos 90% de crescimento. Isso significa que nos primeiros seis meses faturamos quase que o valor do ano passado inteiro. No mercado exterior, operamos em mais de 100 países com parceiros homologados. Eles possuem o mesmo padrão de qualidade que a Shift no Brasil. Sempre com veículos novos, motoristas uniformizados, seguro contratado, telefone móvel, plantão 24 horas e muito mais. Oferecemos aos nossos clientes a mesma comodidade e tranquilidade que eles têm conosco no Brasil. O atendimento internacional é uma realidade dentro dos nossos serviços e queremos crescer ainda mais nesse segmento. M&E - Com a Copa do Mundo no Brasil, a Shift teve um incremento de vendas no país? Renato Kiste - Tivemos um incremento de 30% em nossas vendas considerando a Copa do Mundo. Foram quase 400 profissionais trabalhando exclusivamente para transportar, monitorar e coordenar nossos serviços. Se considerarmos todos os grupos e profissionais envolvidos, foi o maior evento que já realizamos.


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Gráficos do Setor Números do Anuário Abla

Faturamento do setor Apesar das oscilações nos índices econômicos que afetam o desempenho de vários setores (bolsas de valores, variação do real frente ao dólar, rebaixamento do país quanto ao grau de risco) aqueles que analisam o segmento de locação de veículos constatam o crescimento constante nos últimos anos. No ano passado os investimentos continuaram, e o crescimento também. Em relação a 2012 a expansão do faturamento foi de 4,73%. O valor atingiu R$ 6,52 bilhões!

Perfil do negócio

Frota do setor Fonte: Gráficos retirados do Anuário Abla

No ano passado, as locadoras permaneceram com os veículos, em média, por 17,5 meses. Com relação à quantidade, a frota cresceu mais uma vez. Fechou 2013 com 529.890 unidades, expressando crescimento de 8,24% em relação ao ano anterior. A motorização 1.0 predomina, com 58% da frota; os compactos somam 18%; os carros considerados de luxo são 6%.

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MEIOS DE HOSPEDAGEM

Alta temporada na hotelaria Cidades-sede que receberam jogos do Mundial tiveram ocupação média de hospedagem superior a 77% LISIA MINELLI >> A Copa do Mundo de 2014 proporcionou um período de alta temporada para o setor hoteleiro. Das 12 cidades-sede que receberam jogos do Mundial, dez tiveram média superior a 82% na taxa de ocupação. No ranking das cidades-sede com maior taxa de ocupação nos dias de jogos e vésperas, o Rio de Janeiro e Recife lideram com 92%, Cuiabá ficou como a segunda colocada com 90%, seguidas de Belo Horizonte e Natal, com 87%. E, embora São Paulo tenha tido o maior volume de comercialização de diárias do período – 155 mil diárias, a cidade registrou apenas 66% de taxa de ocupação (principalmente por ter sido a cidade que ofereceu a maior oferta de leitos dentre todas as que receberam o Mundial). Durante a Copa do Mundo foram vendidas 970 mil diárias. Para Enrico Fermi, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) Nacional, o resultado geral foi positivo. Na opinião dele, algumas cidades ganharam enquanto outras perderam na ocupação, mas esse panorama já era esperado. “A Copa esteve dentro das expectativas. Sabíamos que teriam destinos que ganhariam enquanto outros perderiam momentaneamente sua ocupação. Como foi o caso de São Paulo, especificamente, por ser um destino

muito focado em eventos e turismo de negócios”, explicou. Quem comprova que a Copa foi realmente boa para a hotelaria é a GJP. Segundo Guilherme Paulus, presidente da rede, a Copa do Mundo foi bastante boa para o setor hoteleiro, especialmente nas cidades-sede. “Nos períodos de jogos, chegamos a 100% de ocupação nestas unidades”, disse. Roberto Rotter, presidente do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), afirma que o Brasil mostrou que sabe receber bem o turista, tanto que 95% deles querem voltar ao país. De acordo com pesquisas feitas pelo Ministério do Turismo, 85% dos turistas estrangeiros nunca estiveram antes no país e a maioria têm expectativas de um dia voltarem. Para Guilherme Paulus, o maior legado será a infraestrutura e a divulgação internacional. “O país precisa agora saber tirar o máximo proveito deste momento, unindo a iniciativa privada e órgãos governamentais”, advertiu. Outro segmento que teve altas taxas de ocupação no período do Mundial foi o de resorts. De acordo com Daniel Guijarro, presidente da Resorts Brasil, a ocupação dos resorts brasileiros ficou acima da média para o período, registrando 42% de taxa de ocupação. “No geral, a Copa foi positiva, principalmente para os resorts do Nordeste, e os que receberam de-

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legações estrangeiras. A ocupação em junho ficou em 42%, contra 39,5% no mesmo mês do ano passado”, disse. Num panorama geral, segundo os hoteleiros, o momento é ideal para trabalhar mais a imagem do Brasil no exterior, criando novos atrativos turísticos para as cidades, aproveitando os estádios e seus entornos, elaborando uma intensa agenda de eventos que mantenha o fluxo de turistas durante o ano todo e garanta a manutenção desses novos e modernos equipamentos e a ocupação dos hotéis por todo o Brasil. O momento é ainda ideal para o setor do turismo como um todo, com a aprovação da Lei que regulamenta a profissão do agente de viagens. Um dos principais canais de distribuição de todos os produtos da cadeia produtiva do turismo. A aprovação da Lei foi um grande avanço para o setor, apesar de alguns vetos, que estão sendo debatidos e, agora, abre-se espaço para um maior entendimento entre as agências e o Governo. “Há de se comemorar, pois depois de uma década, a atividade está finalmente regulamentada. Os agentes de viagens são nossos grandes aliados e merecem todo o respeito dos órgãos públicos”, disse Rotter. O Fohb apoia qualquer reivindicação do setor junto ao poder público e está diretamente engajado em parcerias público-privadas


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ABIH Nacional Entrevista com Enrico Fermi

>> O setor da hotelaria registrou bons resultados com a Copa. Algumas cidades ganharam enquanto outras perderam na ocupação, mas, segundo Enrico Fermi, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) Nacional, esse panorama já era esperado. Veja abaixo a entrevista com o dirigente onde ele fala desses resultados, assim como planos e projetos da associação. MERCADO & EVENTOS - Que balanço a hotelaria brasileira faz da Copa do Mundo? Enrico Fermi - A Copa em si foi dentro das expectativas. Sabíamos que teriam destinos que ganhariam enquanto outros perderiam momentaneamente sua ocupação. Como foi o caso de São Paulo, especificamente, por ser um destino muito focado em eventos e turismo de negócios. A cidade teve um primeiro semestre melhor, com a antecipação de muitos eventos. Mas, no período da Copa, tivemos uma ocupação média de 60% enquanto o esperado era de 72%. Houve uma perda no período, que foi compensada nos meses anteriores. Isso aconteceu em diversos destinos que tem maior presença de eventos. Mas no geral a Copa foi muito boa. Tudo isso já era previsto então podemos dizer que a Copa manteve os planos do setor. M&E - Os hotéis independentes tiveram uma boa taxa de ocupação nesse período? Enrico Fermi - Se pegarmos os hotéis independentes do Brasil que fazem parte da ABIH Nacional, 98% deles fazem parte da rede do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil(Fohb) - que fez uma pesquisa bem detalhada da ocupação hoteleira no período da Copa. A pesquisa aponta que, na véspera, e em dias de jogos ,a ocupação nas cidades-sede chegou a 77%. Em Cuiabá tivemos o menor volume de

diárias vendidas, totalizando apenas 4 mil diárias, já em São Paulo o volume foi muito maior, embora as taxas tenham sido abaixo do esperado, registrando 155 mil diárias vendidas no período. M&E - Em sua opinião, o Mundial deixará algum legado para o Brasil? Enrico Fermi - Sim. Ele fez com que muita gente conhecesse o nosso país. Foi muito bom porque o boca a boca desses estrangeiros em seus países de origem irá reverberar. Agora, cabe a Embratur colocar nossos produtos na prateleira e reforçar esse discurso positivo. Sabemos que ainda há deficiências e que precisamos melhorar, em especial, a fluência em um segundo idioma e na qualificação da mão de obra. Sabemos que isso é um entrave e que o processo de qualificação parou no MTur e precisa ser retomado. Precisamos treinar quem está trabalhando e atuando na área. Precisamos ainda dar continuidade as obras de mobilidade urbana e infraestrutura que, em função do tempo, deixaram de ser concluídas. M&E - Muitos hotéis foram construídos para atender a demanda da Copa e também outras demandas. Com esses

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novos empreendimentos há risco de existir uma oferta exagerada em alguns mercados? Enrico Fermi - Se fala muito em super oferta em alguns destinos, em especial Belo Horizonte, onde tivemos pouco mais de 30 hotéis inaugurados e outros ainda a serem abertos. Mas acontece que ninguém constrói hotel para 30 dias. Acredito que, com a base na econonomia do Brasil hoje, onde muitos brasileiros estão aptos a viajar, não teremos uma super oferta. Esse é um novo mercado que temos que trabalhar. A situação econômica, com o país crescendo a menos de 1% ao ano, não é boa para o segmento. A classe C precisa continuar crescendo e viajando para ajudar a garantir boa ocupação. M&E - A ABIH quer crescer sua representatividade e chegar a 10 mil associados em dois anos. Como será feito esse processo? Enrico Fermi - Passamos dos 4.200 associados e continuamos o trabalho de regionalização. Abriremos mais duas bases em Barreirinhas e Imperatriz, no Maranhão; e estamos preparando as quatro regionais de Minas Gerais. Ou seja, o projeto está andando. M&E - Quais os principais desafios da hotelaria brasileira? Enrico Fermi - Queremos continuar a ter um crescimento acima dos 10% ao ano. Esse ano, com o desaquecimento da economia e com os eventos que aconteceram, acredito que fecharemos 2014 com um crescimento de, pelo menos, 8%. Continuaremos a buscar a qualificação da mão de obra, que é um item muito importante para a hotelaria, e tentar diminuir nossa carga tributária, que é a maior do mundo para o setor. Contamos que o nosso novo governante faça a reforma tributária.


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Fohb

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Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil

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Entrevista com Roberto Rotter

>> Durante a Copa do Mundo, o setor hoteleiro obteve um excelente desempenho e a hospitalidade foi um dos itens mais bem avaliados pelos turistas em uma pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo. No total, foram comercializadas 980 mil diárias somente entre os associados do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), mantendo a taxa de ocupação em 77%. Para Roberto Rotter, presidente do Fohb, o Brasil mostrou que sabe receber bem o turista, tanto que 95% deles querem voltar ao país. Veja abaixo a entrevista com o presidente onde ele conta os resultados da hotelaria no período do Mundial e ainda fala das perspectivas para o futuro depois do evento. MERCADO & EVENTOS - Qual é o balanço que hotelaria brasileira faz da Copa do Mundo? Em sua opinião, o evento trará benefícios para o Brasil? Roberto Rotter - O balanço é positivo para o setor. Uma pesquisa recente, divulgada pelo Ministério do Turismo, apontou que o item “hospitalidade” foi um dos mais avaliados pelos turistas estrangeiros, sendo que 95% deles disseram que pretendem retornar. O Brasil é um país de dimensões continentais e nem por isso os turistas deixaram de se locomover e se hospedar com tranquilidade durante a Copa do Mundo. Um grande exemplo são os novos hotéis, aeroportos e terminais inaugurados para o evento, que surpreenderam na capacidade de operação, além de serem muito bem planejados e estéticamente impressionantes. A partir de agora, assim como a médio e longo prazo, esperamos um trabalho conjunto entre a iniciativa privada (redes hoteleiras) e os governos Federal, Estadual e Municipal para a exposição dos destinos nacionais em todo o mundo. M&E - Quantas diárias foram comercializadas no período? Quais foram as cidades-sede que mais receberam hóspedes nesse período? Roberto Rotter - As redes hoteleiras asso-

estão sendo investidos pelas redes associadas ao Fohb até 2016, ano das Olimpíadas. Serão mais de 150 novos empreendimentos e cerca de 30 mil novas Unidades Hoteleiras (UHs). As regiões com mais aberturas de UHs no período (2014 a 2016) são Sudeste e Sul. Já os estados são RJ, SP e MG. Entre as cidades, destaque para Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Goiânia (GO) e São Paulo (SP).

ciadas ao Fohb apresentaram índices que superam 980 mil diárias comercializadas durante todo o período da Copa, entre 11 de junho e 14 de julho. E ainda 77% de ocupação média em todas as cidades-sede em dias de jogos e vésperas. As cidades com maior ocupação foram: Rio de Janeiro, Recife e Cuiabá, com média de 92% de ocupação. M&E - Além dos hotéis, outros meios de hospedagem também se beneficiaram do Mundial? Roberto Rotter - Sim, houve espaço para diversos meios de hospedagem durante a Copa do Mundo. Assim como em qualquer outro evento, o consumidor tem o direito de escolher qual a melhor forma de hospedagem. No caso dos hotéis associados ao Fohb, há variações de classificação para todos os tipos de gostos e orçamentos, sejam hotéis econômicos, midscales, upscales ou resorts. Todos os segmentos tiveram bons índices de ocupação e foram muito elogiados pelos turistas nacionais e internacionais. M&E - De todo o investimento anunciado pela hotelaria, cerca de R$ 7 bilhões, o que foi realmente concluído? E quais foram os destinos que mais receberam investimentos? Roberto Rotter - Os R$ 7 bilhões anunciados

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M&E - Já há dados para avaliar se os novos hotéis construídos resultarão em uma super oferta no mercado? Como anda o Placar da Hotelaria? Roberto Rotter - É possível avaliar, por enquanto, com base na última edição do Placar da Hotelaria (Placar da Hotelaria 2015 - Projeção da taxa de ocupação nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo no Brasil). A cidade de Belo Horizonte talvez seja o caso mais delicado neste sentido. Com a lei municipal que incentivou a construção de empreendimentos hoteleiros para a Copa do Mundo, a oferta hoteleira cresceu na capital mineira, mas não acompanhada pelo aumento da demanda. Outro caso específico é o da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A região concentra um grande número de projetos, pois ainda abriga terrenos disponíveis para construção, o que não ocorre em outros bairros da cidade. Passados os Jogos Olímpicos, haverá uma grande concentração de hotéis na Barra, uma área da cidade que não concentra a maior parcela da demanda. No entanto, o Rio de Janeiro é uma cidade extremamente atrativa para os turistas, por isso não deverá ser tão afetada. Espera-se uma maior oferta também em mercados como Brasília, Cuiabá e Manaus, cidades em que houve um crescimento grande da oferta, nem sempre acompanhada pelo aumento da demanda, ainda menor com a desaceleração do crescimento da economia brasileira. Uma nova edição do Placar da Hotelaria deverá ser lançada no final deste ano.


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Resorts Brasil Entrevista com Daniel Guijarro

>> A Copa do Mundo foi um sucesso. Os estrangeiros que vieram ao Brasil se encantaram e se apaixonaram pela receptividade do povo brasileiro. Os hotéis lotaram e os resorts também viram suas vendas alavancarem. Segundo Daniel Guijarro, presidente da Resorts Brasil, a ocupação dos resorts brasileiros ficou acima da média para o período, registrando 42% de taxa de ocupação. A expectativa é que o ano feche com 56%. Para o presidente, a Copa teve um resultado muito positivo, e que, em longo prazo, trará um aumento no fluxo de turistas para o país. Na entrevista concedida ao M&E, ele aborda assuntos como os desafios dos resorts em se tornarem competitivos no Brasil. MERCADO & EVENTOS - Para este ano, apesar da Copa, a expectativa é que os resorts registrem ocupação de 58%, podendo chegar a 60%. Essa expectativa se confirmará? Daniel Guijarro - Sim, a expectativa deverá se confirmar. Tivemos um primeiro semestre com crescimento em praticamente todos os meses. O segmento certamente fechará o ano com desempenho acima dos 56% de média de ocupação registrado no ano passado. M&E - Durante a Copa do Mundo os resorts tiveram algum incremento, se comparado ao mesmo período do ano anterior? O Mundial foi positivo para os resorts de uma maneira geral? Daniel Guijarro - No geral, a Copa foi positiva, principalmente para os resorts do Nordeste e os que receberam delegações estrangeiras. A ocupação em junho ficou em 42%, contra 39,5% de junho do ano passado. M&E - De acordo com pesquisa da Resorts Brasil, o setor corporativo está crescendo dentro dos resorts e ajudou a alavancar os resultados do ano de 2013. Quais as expectativas para esse ano em relação ao segmento?

Daniel Guijarro - O mercado corporativo continua sendo muito importante e segue merecendo investimentos dos resorts em infraestrutura para eventos, incremento de atividades destinadas a esse público e divulgação entre as empresas que promovem eventos. O fortalecimento do mercado corporativo é, ao lado da retomada do mercado estrangeiro, uma das bandeiras da Resorts Brasil. M&E - Segundo pesquisa feita em 2011, os resorts brasileiros são em média 60% mais caros que os resorts caribenhos, por exemplo. Isso ainda é uma realidade? Como tornar os resorts no Brasil mais competitivos e atrativos para os turistas? Daniel Guijarro - Apesar da desoneração da folha de pagamento obtida pelo segmento por meio da inclusão no programa Brasil Maior, o “custo Brasil” ainda é imenso e faz com que os resorts brasileiros tenham um ônus na competição com os similares caribenhos. Para que os resorts sejam mais competitivos e atrativos, será necessário não apenas diminuir o peso dos tributos, mas também os custos de energia elétrica (o segundo maior custo dos resorts), bem como facilitar o acesso a linhas de financiamento para investir na renovação de suas instalações, entre

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outras medidas. Há uma preocupação com uma possível crise da energia elétrica e a elevação do custo inflacionário. Na área da promoção, o governo precisa retomar as ações dos escritórios de turismo, que apenas recentemente foram reinaugurados. O momento, imediatamente após a realização da Copa, é favorável para essa retomada da promoção nos mercados estrangeiros. Algumas ações de incentivo que poderiam ser implementadas são: a isenção do visto, a isenção de impostos para estrangeiros gastarem no Brasil (política do tax free ou tax refund), o incentivo aos voos charters com isenção do imposto sobre combustível e uma política permanente de promoção internacional e nacional na baixa temporada. M&E - Em relação à recente aprovação da Lei que regulamenta a profissão do agente de viagem, como isso ajudará no desenvolvimento do turismo no país? Qual a importância dessa Lei? Daniel Guijarro - Será mais um passo para a profissionalização do setor. A Resorts Brasil acredita na atuação do agente de viagem, por isso, incentiva e promove ações de qualificação destinadas a esse público. M&E - E como este novo cenário no Brasil (pós-Copa e com a regularização da profissão), como o agente se posiciona? Daniel Guijarro - O agente de viagem é um elo importante nesta cadeia de promoção. Ele precisa entender as demandas de seu público. O brasileiro tem comportamento diferente de acordo com a situação: se vai para o exterior ou viaja em seu próprio país. As comparações de destinos nunca são equilibradas. As pesquisas indicam que 94% dos estrangeiros que estiveram na Copa do Mundo pretendem retornar. Isso mostra que a hospitalidade brasileira, aliada com a beleza dos destinos e a infraestrutura dos resorts, pode acolher o estrangeiro e o turista brasileiro que ainda não conhece o país.


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GJP Hotéis & Resorts Entrevista com Guilherme Paulus

>> A rede de hotéis e resorts GJP tem um plano ambicioso de expansão para os próximos quatro anos. No total, o projeto terá aporte de R$ 1 bilhão, verba proveniente de investidores. Desse total, R$ 300 milhões serão aplicados até 2016. Segundo Guilherme Paulus, presidente da GJP, o objetivo é chegar a 2018 com 48 unidades de hotéis em operação no Brasil e se tornar uma das cinco maiores operadoras hoteleiras do país. Hoje, são 14 hotéis no portfólio da empresa. O foco dos investimentos será nos empreendimentos em aeroportos e polos industriais. Nos aeroportos, a rede já ganhou a licitação de Confins (MG) e Santos Dumont (RJ) e já se prepara para participar das novas concessões de Porto Alegre e Curitiba. A empresa também foca na expansão no Sul do país, onde serão abertos 19 novos hotéis em pequenas cidades. Em 2013, a GJP faturou cerca de R$ 150 milhões. Para 2014 a expectativa é atingir um resultado ainda maior, chegando a R$ 180 milhões; um crescimento de 20%. MERCADO & EVENTOS - A GJP Hotéis & Resorts passa por uma expansão com investimentos de mais de R$ 1 bilhão até 2018. O que contempla esse projeto? Guilherme Paulus - Temos um projeto, em parceria com a M. Stortti, para o desenvolvimento de 19 novos hotéis na região Sul do país, com condo-hotéis em cidades do interior, somando R$ 20 milhões em investimentos. Além disso, temos em desenvolvimento projetos em Brasília e Juiz de Fora, e também nos aeroportos de Vitória, Confins (Belo Horizonte) e Santos Dumont (Rio de Janeiro). Também estamos investindo na implantação do sistema de gestão TOTVS, além de estarmos atentos a qualquer outra oportunidade. Nosso objetivo é chegar em 2018 com 48 empreendimentos e mais de 7 mil apartamentos.

do Galeão (RJ). Além desse, a GJP tem contrato de concessão para construção nos aeroportos Santos Dumont (RJ) e Confins (MG). Como andam esses projetos, qual investimento, bandeiras e a previsão de inauguração? Guilherme Paulus - Nosso plano é iniciar a operação dos hotéis em construção em 2015. O total de investimentos supera os R$ 200 milhões. O hotel de Confins terá as bandeiras Linx e Prodigy - econômica e midscale, respectivamente. Em Vitória, será uma unidade Linx e, no Santos Dumont, Prodigy. M&E - Quantos hotéis a GJP tem hoje no Brasil e em quais localidades? Há projeto de novas aberturas? Guilherme Paulus - A GJP atualmente administra hotéis em Gramado (Hotel Alpenhaus, Serrano Resort Convenções & Spa e Hotel Saint Andrews), Aracaju (Prodigy Beach Resort & Conventions Aracaju), São Paulo (Prodigy Grand Hotel & Suites Berrini), Salvador (Sheraton da Bahia Hotel), Foz do Iguaçu (Iguassu Resort), Rio de Janeiro (Linx Hotel International Airport Galeão), Porto de Galinhas (Hotel Marupiara), Maceió (Village Pratagy Resort e Hotel Sete Coqueiros) e Natal (Yak Hotel Natal). Além disso, comercializamos o Hotel Brisamar, em São Luis (MA), e o Hotel Coliseum, em Beberibe (CE). Entre os projetos em andamento estão unidades em Brasília e Juiz de Fora, e também nos aeroportos de Vitória, Confins (Belo Horizonte) e Santos Dumont (Rio de Janeiro). Nosso objetivo é continuar investindo onde acreditamos haver demanda, como capitais, grandes cidades e o litoral nordestino, entre outros. M&E - Em 2013 foi inaugurado o primeiro hotel da rede junto ao Aeroporto

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M&E - A GJP tem planos de abrir IPO ou ainda de expandir seus negócios para o mercado internacional? Guilherme Paulus - Não temos planos de abrir capital. Claro que nos interessa expandir nossos negócios para o exterior, mas por enquanto não temos nenhum projeto em andamento. M&E - Durante a Copa, os hotéis da GJP tiveram uma maior procura? Na sua opinião, o Mundial deixará algum legado para o país? Guilherme Paulus - A Copa do Mundo foi bastante boa para o setor hoteleiro, especialmente nas cidades-sede. Nos períodos de jogos, chegamos a 100% de ocupação nestas unidades. Outros destaques foram os hotéis de Gramado (o Serrano Resort recebeu delegações, inclusive a do presidente de Honduras) e o de Porto de Galinhas (o Marupiara também recebeu um bom volume de turistas estrangeiros como mexicanos e alemães). Certamente a Copa do Mundo deixará um grande legado para o Brasil, tanto em divulgação internacional quanto em estrutura e qualidade dos serviços. O país precisa agora saber tirar o máximo proveito deste momento, unindo a iniciativa privada e órgãos governamentais.


Annie Morrissey, vice-presidente de Vendas e Marketing da Atlantica

Tomás Ramos, diretor Comercial do Othon

“O Revpar está com saldo positivo em 4% e a Atlantica Hotels com crescimento de 13% em relação ao mesmo período de 2013. A média diária teve alta de 9%. Assim, em geral, a Copa do Mundo foi excelente! Superou até os mais otimistas em termos de imagem internacional e isso vai ajudar a captação de eventos e viagens corporativos. O segundo semestre está lento, porém já sinalizamos agosto com mais solicitações para eventos. Uma vez que, historicamente, a segunda parte do ano é melhor, devemos retomar o mesmo crescimento de 2013.”

“A taxa de ocupação da rede em 73% mostra que as atividades no período da Copa foram ótimas e excederam as expectativas. Em relação ao ano passado, o mercado cresceu 26%. Especificamente no Rio de Janeiro, a movimentação de turistas foi durante o mês inteiro e só consolidou o fato de que os brasileiros são muito receptivos. Nos próximos seis meses, com certeza haverá impacto na movimentação do mercado nacional, devido às eleições e para os próximos anos podemos esperar a consolidação do Brasil com o turismo internacional.”

Jeferson Munhoz, diretor de Vendas da Bourbon

Enquete com m a rede hoteleira eira

“No primeiro semestre conseguimos um crescimento em todos os segmentos da empresa. O faturamento de 2014 foi 18% maior em relação ao ano anterior. A hotelaria no geral sofreu com a redução dos seus clientes habituais para um cliente específico. Cidades, como o Rio de Janeiro, tiveram resultados acima da média, enquanto outras foram prejudicadas. As empresas tiveram suas vendas reprimidas e esta dificuldade impulsionará ações para recuperar o tempo perdido. Em 2015 o mercado pode sofrer devido às eleições e possíveis medidas necessárias para a correção da economia.”

Quais foram os reais impactos pactos da Copa do Mundo para os hotéis do Brasil? A visibilidade que e o país ganhou com o evento poderá oderá se refletir nas taxas de ocupação ção dos hotéis nos próximos anos? s?

Marco Oliva, diretor Comercial do Club Med

Carolina Abud, gerente Comercial Brasil do Palladium Hotel Group

“Com a Copa do Mundo e as eleições, 2014 tem sido um ano atípico. O primeiro semestre para a rede teve um resultado excelente, com 23% de crescimento. Na segunda metade do ano, mesmo com o ritmo mais lento, conseguimos manter uma razoável taxa de ocupação em função dos diferentes grupos estrangeiros que recebemos nos Villages do Brasil. Com o bom adiantamento das vendas para 2015 e, se a economia e a situação política permanecerem sem grandes sobressaltos, tudo indica que teremos resultados ainda mais expressivos que 2014.”

“O Grand Palladium Imbassaí teve excelente taxa de ocupação, atingindo 75%. Em relação à Copa do Mundo, a hotelaria esperava um cenário mais otimista. Os estrangeiros não estavam dispostos a investir muito em hospedagem e optaram por estadias mais econômicas. Já os brasileiros, optaram por melhores hotéis, mas como foram exclusivamente conferir os jogos, não estenderam a viagem. No 2º semestre acredito que possamos recuperar as baixas ocupações e já tivemos um retorno com solicitações para o final do ano, férias e outros períodos do 1º semestre de 2015.”

André Tamboisi, diretor de Vendas e Marketing da BHG

Sérgio Souza, diretor Comercial do Casa Grande Hotel & Resort

“A Copa do Mundo teve um impacto positivo, fechamos mais de 9.600 quartos. Além das taxas de ocupação satisfatórias, fomos selecionados pela FIFA para receber delegações e fomos beneficiados pelas emissoras de televisão internacionais que se hospedaram para cobrir o evento. Os investimentos promoveram uma modernização e fortalecimento do mercado hoteleiro. A expectativa é grande para o segundo semestre; estamos com produtos já reformados e em pleno vapor operacional, com rápido reposicionamento dos nossos hotéis no mercado de eventos, lazer e corporativo.”

“Fechamos com crescimento de 18% no faturamento e 10% na ocupação. A Copa deixa a experiência em recepcionar um evento de grande porte, além de todo o conhecimento em planejamento para receber as delegações. Ainda tivemos a possibilidade de trabalhar intensamente em treinamentos para os colaboradores e na melhoria da infraestrutura hoteleira. Nossas expectativas futuras se consolidam na manutenção do crescimento do primeiro semestre e na ampliação da captação de eventos corporativos.”

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Antônio Dias, diretor Executivo do Royal Palm Hotels & Resorts

Orlando Giglio, diretor Comercial e Marketing do Iberostar no Brasil

“O balanço do Royal Palm Hotels & Resorts foi positivo. Com a antecipação dos eventos, a hospedagem da seleção portuguesa e o aumento de hóspedes, o crescimento foi de 5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao pós-Copa, Campinas será uma das cidades mais beneficiadas, devido ao projeto de expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos. Para o restante do ano, com o término do Mundial, as solicitações para eventos voltaram a aparecer e a promessa é de que os meses de agosto e setembro sejam movimentados.”

“O primeiro semestre foi positivo. Vale destacar a Arena Iberostar, na qual os hóspedes acompanharam a Copa do Mundo e o funcionamento do IGA como hotel flutuante; que ofereceu passeios à parte, para que todos pudessem assistir aos jogos. O legado desse grande evento, além da modernização e do crescimento da hotelaria, é a profissionalização do setor em receber turistas internacionais. Para 2015, temos a previsão de inaugurar o Iberostar Magia Maceió, em Alagoas, que fará parte da categoria Premium Gold da rede.”

Ricardo Aly, diretor Comercial do Paradise Resort

Enquete com m a rede hoteleira eira

“Em relação ao legado deixado pela Copa do Mundo 2014, notei que temos condições de oferecer atendimentos muito melhores do que suponhamos. Agora, mais do que nunca, devemos atentar para a constante melhoria de processos, serviços e qualificação de colaboradores. Para o segundo semestre deste ano, enxergamos uma elevação no volume de eventos e hospedagem. Por conta do mundial, muitas viagens de lazer e ações corporativas foram adiadas para esse período.”

Quais foram os reais impactos pactos da Copa do Mundo para os hotéis do Brasil? A visibilidade que país ganhou com o evento poderá oderá se refletir nas taxas de ocupação ção dos hotéis nos próximos anos? s?

Roland Bonadona, vice-presidente da Accor

Francisco Garcia, diretor de Operações do IHG

“No primeiro semestre de 2014, a taxa de ocupação foi menor que no ano anterior, mas se olharmos para algumas cidades-sede, houve um aumento no período. Além disso, inauguramos mais de dez hotéis e assinamos novos contratos com investidores parceiros. Com o Mundial, destaco o legado de modernização e ampliação do parque hoteleiro no país. Até o fim de 2017, temos um forte plano de expansão, totalizando um investimento de R$ 2 bilhões no Brasil por meio desses parceiros.”

“No primeiro semestre, a IHG teve um crescimento de 4,62% em ocupação e de 16% em receita. Acredito que o principal legado da Copa foi uma hotelaria mais preparada e atualizada. No segundo semestre, devido às eleições, esperamos um movimento de deslocamento semelhante ao primeiro, no qual as empresas evitaram realizar eventos e viagens durante o Mundial. Para os próximos anos, esperamos uma manutenção ou pequena queda nos níveis de ocupação na cidade de São Paulo e apenas o reflexo da inflação no que diz respeito à diária média na cidade.”

Regina Rocha, gerente de Marketing do Portobello Resort & Safári

Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels

“Sem dúvida a Copa trouxe benefícios para a hotelaria, principalmente com relação à exposição que ganhamos no cenário mundial. O Portobello Resort & Safári, por exemplo, que recebeu a delegação italiana de futebol, ganhou uma maior visibilidade nos serviços oferecidos, nos atrativos, nas instalações e nos diferenciais que possui como empreendimento hoteleiro no Brasil. A divulgação espontânea, ligada a um dos maiores torneios esportivos do mundo, foi, e continua sendo, positiva, tanto para a hotelaria quanto para o turismo do país.”

“Acredito que o setor hoteleiro foi beneficiado durante a Copa do Mundo. Foi uma oportunidade de ouro em que mostramos o que temos de melhor e apresentamos a riqueza da cultura brasileira que superou a expectativa em qualidade e em diversidade. Os turistas se encantaram e com certeza voltarão. Na Blue Tree, estamos colhendo bons frutos. Nossos hotéis nas cidades-sede apresentaram ocupação de até 100% em dias de jogos, além de um crescimento de 13,5% na receita bruta geral dos meses de junho e julho comparado ao mesmo período do ano anterior.”

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Ana Luiza Masagão, diretora de Experiência em Marketing e Venda do Grupo Rio Quente

Helida Cristina, diretora de Vendas do Porto Bay Resort “Tivemos um 1° semestre muito bom. O ano tem sido muito bom, principalmente com a influência da Copa do Mundo, que alavancou a hotelaria nesses últimos meses e ajudou a fechar o período com altos índices de ocupação. Atingimos 80.15% de ocupação durante o 1º semestre. Já o 2º semestre é uma incógnita. Tivemos um mês de agosto ótimo, o que foi contra o mercado, uma vez que o setor está caminhando devagar. Esse é um período marcado por Eleições, então nossas expectativas é que seja um semestre mais lento, a exemplo desse mês de setembro. Nossa meta é fechar o ano com 82% de ocupação.”

“O ano de 2014 vem se caracterizando em um período de crescimento, em que atingimos alta de 7% no primeiro semestre e acreditamos fechar o ano com 10% de alta, na comparação com o ciclo anterior. Assim, acompanhamos o avanço médio do turismo no País dos últimos anos. Cientes dos efeitos que a Copa do Mundo poderia promover para o turismo nacional, desenvolvemos mecanismos comerciais de manutenção do crescimento médio da empresa, focando em nichos pouco sensíveis ao futebol.”

Gerson Teixeira, gerente Comercial da Rede Mar de Canasvieiras

Flávio Andrade, gerente geral do Holiday Inn Parque Anhembi

“Não vejo que o evento foi positivo para Florianópolis, capital de Santa Catarina. Todas as ações com mercado internacional foram através das Online Travel Agencies (OTAs). O mercado nacional, no turismo lazer e eventos, parou, sendo o pior trimestre dos últimos cinco anos! A Copa do Mundo só foi boa para cidades-sede, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, outros estados e cidades com certeza levaram um grande prejuízo.”

“Com 12 cidades sediando os jogos da Copa do Mundo no Brasil, a demanda hoteleira foi pulverizada. Com o recesso dos eventos durante o período dos jogos, a ocupação ficou concentrada no turista de lazer e no público que veio assistir aos jogos da Copa. Para nós, essa mudança no perfil dos hóspedes (que tradicionalmente é composta pelo segmento corporativo) durante o Mundial foi bastante positiva, pois tivemos a oportunidade de difundir nossa marca e a excelência dos nossos serviços e gastronomia para os turistas que visitam São Paulo a lazer e não somente para clientes corporativos.”

Luigi Rotunno, diretor geral do La Torre Resort

Silvio Pessoa, diretor do Sol Express Hotéis & Resorts

“Ano passado fechamos a ocupação em 77%. Para 2014, a meta é bater os 70% de ocupação e atingir os 80%. E estamos indo bem, desde o final da Copa, o La Torre está com 100% de ocupação e a procura para os próximos meses está alta. O hotel realizou diversos investimentos para receber a Seleção, a Federação e TVs Suíças. Também oferecemos vários cursos aos colaboradores e compramos novos equipamentos. A infraestrutura foi outro setor que se beneficiou. Nesse ano, devido ao Campeonato de Futebol, aceleramos o investimento da infraestrutura dedois anos em 10 meses.”

Durante os jogos da Copa do Mundo em Salvador, a ocupação ficou entre 72% e 95%. Encontramos também 83 nacionalidades diferentes que vieram para nossa capital, e este vai ser nosso grande legado, a exposição midiática será inestimável. Com as eleições, os próximos ministro do Turismo e presidente da Embratur terão que saber como capitalizar para que a Copa tenha um efeito multiplicador no número de visitantes. Devemos continuar investindo na capacitação de novos colaboradores, pois a falta de pessoas falando idiomas foi um dos grandes problemas encontrados.”

Dilson Fonseca, diretor do Catussaba Hotéis & Resorts

Andrea Natal, diretora geral do Belmond Copacabana Palace

“O resultado da Copa do Mundo foi imediato e acima da expectativa. A taxa de ocupação em 80% mostra um excelente crescimento. O Brasil saiu com a imagem fortalecida, devido à propaganda que as próprias delegações fizeram, foi algo natural, todos voltaram para casa satisfeitos. Só a nossa rede hospedou cinco delegações: Alemanha, Espanha, Suíça, Bósnia e Holanda. Com isso, as expectativas, não só para o restante do ano, mas para 2015 também, são tão boas quanto durante a Copa.”

“O Rio de Janeiro tornou-se protagonista do Mundial de Futebol, apresentando uma alta taxa de ocupação ao longo de todo o torneio e a menor variação quando comparado o mês completo com os dias de jogos, conforme esperado. O impacto expressivo na demanda hoteleira foi muito positivo para a cidade, que contou com dias ensolarados, mistura de nacionalidades e a hospitalidade festeira dos cariocas. O Belmond Copacabana Palace atingiu 98,9% de ocupação durante toda Copa do Mundo.”

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MEIOS DE HOSPEDAGEM Abav

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Gráficos do Setor Números do Fohb

Cidades-sede com maiores taxas de ocupação

Cidades-sede com mais diárias comercializadas

Dias de jogos e vésperas durante todo o período da Copa do Mundo.

Dias de jogos e vésperas durante todo o período da Copa do Mundo.

Panorama de ocupação nas cidades-sede Taxa de ocupação em vésperas e dias de jogos durante a Copa do Mundo da FIFA

Fonte: FOHB | Amostra composta por 278 hotéis e 47.115 UHs

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PARQUES

Montanha-russa de investimentos Parques sofrem com falta de incentivo e legislação deficitária LUIZ MARCOS FERNANDES E SAMANTHA CHUVA >> Os parques temáticos têm um grande potencial de crescimento no Brasil. Com visitação anual de 12 milhões de pessoas e faturamento de cerca de R$ 1,5 bilhão, eles são objeto de um estudo do Ministério do Turismo que visa propor estratégias para torná-los mais competitivos no cenário global. Os parques temáticos aparecem em evidência no Plano de Ação do MTur. Atualmente, 18 empreendimentos fazem parte do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas do Brasil (Sindepat). De acordo com Alain Baldacci, presidente do Sindepat, o setor teve, nos últimos anos, um crescimento modesto, muito abaixo do seu potencial. Para ele, um dos maiores entraves é a falta de uma política de incentivo, o que diminui a oferta. Francisco Donatiello, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), explica que é necessário perceber a importância do turismo não apenas como atividade de lazer, mas como gerador de emprego e renda. “Há que se ter um novo olhar sobre a importância dos parques por parte das autoridades e isso significa entender que, com redução da carga tributária e medidas de incentivo, o universo dos parques poderá ganhar maior representatividade e ser uma opção de lazer e entretenimento que venha favorecer o turismo doméstico neste país”. Na visão Marcos Barros, diretor sênior para América Latina do Universal Orlando Resort, a criação de polos ajudaria muito na consolidação do

setor no Brasil. “Essa era a ideia por trás da criação do Hopi Hari e do Wet’n Wild, de Vinhedo, mas outros projetos acabaram não vingando, dificultando assim o desenvolvimento desse polo”, mencionou. Barros concorda com o Sindepat e a Adibra, e afirma que o crescimento da economia como um todo, e da classe média, em particular, é fundamental para que a atividade seja sustentável a longo prazo. “Como em vários outros setores da economia, é essencial que seja determinada uma nova política fiscal para o setor, facilitando a importação de atrações de tecnologia de ponta, que não temos condição de desenvolver, por enquanto, no Brasil. É preciso atrações sofisticadas, política fiscal favorável e massa crítica suficiente para sustentar economicamente os empreendimentos”, conclui.

Normas e legislação

O presidente da Adibra lembrou que a falta de normas e uma legislação deficitária também prejudicam o setor. “É preciso abrir uma frente em parceria com o Ministério do Turismo para uma política de expansão. Do mesmo modo que o Governo deve estabelecer normas técnicas para o funcionamento dos parques, com uma fiscalização mais efetiva, seguindo o mesmo modelo já adotado no exterior”, apontou Donatiello. Faltam outras opções de entretenimento e mais hotéis para que o turista permaneça mais tempo nos destinos. É o que afirma Alain Baldacci. Segundo o presidente da Sindepat, isso criaria um destino turístico e beneficiaria toda a cadeia produtiva do turismo, incluindo 157

o agente de viagens. “A realidade atual é outra, e o empresário acaba deixando de fazer investimentos diante das dificuldades encontradas, como falta de linhas de financiamento e altas taxas”. Dessa forma, visando obter um destino mais completo e integrado, Adalgiso Telles, presidente do Beto Carrero World (BCW), alegou que pretende construir um hotel dentro do parque, como já é costume nos grandes parques temáticos internacionais. A previsão, de acordo com Telles, é que o novo empreendimento comece a ser construído em 2015. Considerado o melhor parque temático da América Latina e o sexto melhor do mundo, segundo o Trip Advisor, o presidente do BCW declarou que o parque ainda tem um potencial muito grande de crescimento, e a expectativa é alcançar oito milhões de visitantes até 2024.

Exterior

No âmbito internacional, os parques da Disney, Universal e SeaWorld continuam em constante expansão, inaugurando novos brinquedos, atrações e hotéis. Em relação ao mercado brasileiro, os representantes dos complexos asseguraram que os agentes de viagem ainda são muito importantes para o segmento. Segundo a Associação de Entretenimentos Temáticos, que analisa o setor de parques no mundo, houve um crescimento global geral de 5,4%, com destaque para os parques asiáticos, que tiveram taxas de até 7,5% em média, e das Américas, entre 4% a 5%. O parque Magic Kingdom, de Walt Disney World, na Flórida, é o campeão de visitações, com 18,5 milhões de pessoas no ano passado.


PARQUES Abav

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Universal

Orlando Resort Entrevista com Marcos Barros

>> Entre os grandes parques e complexos de lazer da Flórida, a Universal Orlando Resort tem lugar de destaque. O complexo tem desenvolvido, junto ao trade, uma estratégia que visa ampliar cada vez mais a capacitação dos agentes de viagens, como forma de multiplicar o número de visitantes, por meio das vendas. Neste sentido, Marcos Barros, diretor sênior para América Latina da Universal Orlando Resort, destaca que o uso das novas tecnologias têm sido uma importante ferramenta para fomento nas vendas e comercialização de pacotes, bem como para promoção das novidades junto ao mercado brasileiro. MERCADO & EVENTOS - Como vê a importância da capacitação dos agentes de viagens em relação aos produtos da Universal e qual a estratégia para que os parques possam receber um número maior de brasileiros? Marcos Barros - A proposta de capacitar o agente de viagens tem feito parte da nossa estratégia desde a abertura do escritório no Brasil, há 15 anos, através de seminários e treinamentos presenciais e virtuais. Mesmo nas novas agências online, o programa de capacitação continua a ser uma ferramenta importante, já que mais de 70% dos pacotes internacionais são fechados por telefone, através dos profissionais de call-centers. E o agente de viagens deve tomar consciência de que quanto maior o conhecimento, maiores são as chances para incremento das suas vendas. M&E - A nova área do Universal Studios - o Beco Diagonal - pode se tornar um marco na história do empreendimento? Marcos Barros - De uma só vez ela dobra o espaço da saga de Harry Potter, agrega uma nova atração, a Fuga de Gringotts, e interliga o parque com o Islands of Adventures. O brinquedo é um simulador

da viagem entre Londres e Hogsmead é diferente da experiência da volta, entre Hogsmead e Londres, ou seja, a dica é fazer os dois trajetos. É Imperdível! Isso tudo irá se refletir nas vendas das agências de viagens e operadoras do Brasil. Além de nos ajudar a vender a Universal como um destino de férias, a nova área reforça que temos dois parques e dá a oportunidade aos agentes de vender o Bonus Ticket, ideal para quem vai às duas atrações e que não pode ser comprado na hora, pois só é vendido para os mercados internacionais. Esperamos um impacto como o que tivemos em 2010, com a inauguração da primeira atração do Harry Potter. com tecnologia de ponta, que leva nossos visitantes a uma nova dimensão em termos de atrações de parques temáticos. Agora, nossos visitantes podem viajar de Londres a Hogsmead, como faziam os personagens dos livros e filmes, através do trem Hogwarts Express. Ou seja, viajar de trem entre as duas áreas do The Wizarding World of Harry Potter (Beco Diagonal, no parque Universal Studios e Hogsmead, no parque Universal’s Islands of Adventure). Basta apresentarem o ingresso “Park to Park” para entrar no trem (os ingressos vendidos pelas operadoras do Brasil têm essa característica Park to Park). Lembro que a experiência

Novo hotel em 2016 A Universal Orlando Resort abrirá no verão de 2016 um novo hotel. O Loews Sapphire Falls Resort terá estilo caribenho e oferecerá 1.000 quartos, sendo 77 suítes, além de um ambiente descontraído construído ao redor de uma lagoa e uma cachoeira. O novo hotel,i anunciado pelo Universal Orlando Resort e o Loews Hotéis & Resorts, estará localizado do outro lado da Adventure Way, vindo do novo Cabana Bay Beach Resort. Ele se tornará o quinto hotel resort do complexo.

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M&E - A que atribui o diferencial da Universal em relação à concorrência? Marcos Barros - Os dois parques temáticos da Universal Orlando proporcionam a oportunidade das pessoas se divertirem juntas. Não se trata de olhar os filhos se divertirem, mas de se divertir com eles. Não basta tirar férias em família, mas como família. Conseguimos isso com personagens e atrações que são verdadeiros ícones da cultura pop atual, tão relevantes como Harry Potter, Transformers, Minions, Simpsons, Homem Aranha, Bob Esponja e muitos outros. M&E - Em termos de hospedagem, o que os agentes poderão incluir nos seus pacotes já a partir deste verão? Marcos Barros - O novo hotel econômico Universal’s Cabana Bay Beach Resort, que conta com 900 suítes familiares (para até seis pessoas) e 900 quartos standard para até quatro pessoas. Esse hotel foi uma das grandes novidades da Universal Orlando para esse ano. M&E - Na sua visão profissional, como o Brasil poderia explorar mais o segmento de parques? Marcos Barros - A criação de polos aju-


PARQUES

Universal

Abav

Orlando Resort

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Entrevista com Marcos Barros

daria muito. Essa era a ideia por trás da criação do Hopi Hari e do Wet’n Wild, de Vinhedo, mas outros projetos acabaram não vingando, dificultando assim o desenvolvimento desse polo. O crescimento da economia como um todo, e da classe média, em particular, é fundamental para que a atividade seja sustentável a longo prazo. E, como em vários outros setores da nossa economia, é essencial que seja determinada uma nova política fiscal para o setor, facilitando a importação de atrações de tecnologia de ponta, que não temos condição de desenvolver, por enquanto, no Brasil. Com atrações sofis-

ticadas, política fiscal favorável e massa crítica suficiente para sustentar economicamente os empreendimentos, esse é um setor que tem um futuro muito promissor no nosso país. M&E - Como a Universal tem feito uso das novas tecnologias para fazer uma linha direta de comunicação com os agentes de viagens? Marcos Barros - Não quero entrar em detalhes, por questões estratégicas, mas o uso da tecnologia está no centro da nossa visão mercadológica de longo prazo. A maneira como trabalhamos hoje não será a maneira

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como trabalharemos em cinco ou dez anos. M&E - Que estratégia a Universal tem utilizado para enfrentar a concorrência de mercado? Marcos Barros - Orlando talvez seja um dos lugares do mundo onde a concorrência seja mais acirrada, o que é bom. Ganha sempre o consumidor. Nos preparamos entendendo o nosso consumidor e entregando a ele algo além do que ele quer. Se ele quer uma experiência em parques temáticos, ele encontra isso na concorrência. Na Universal Orlando, entregamos férias como elas devem ser.


PARQUES Abav

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Sindepat

Sistema Integrado de Parques Temáticos e Atrações Turísticas Entrevista com Alain Baldacci

>> Com o objetivo de conhecer as propostas no programa de Governo dos candidatos a serem eleitos em outubro, o Sistema Integrado de Parques Temáticos e Atrações Turísticas (Sindepat) encaminhou à assessoria de cada um deles, um documento de consulta pedindo informações sobre seus planos relacionados ao setor. Segundo o presidente do Sindepat, Alain Baldacci, a iniciativa se justifica pela falta de investimentos vivenciada atualmente. Nesta entrevista ao M&E, ele identifica os gargalos que impedem o desenvolvimento do setor e faz um parâmetro de comparação com outros países para comprovar o atraso do Brasil na exploração deste segmento turístico de lazer. MERCADO & EVENTOS - Como analisa a situação dos parques temáticos no país? E de que forma o setor pode aproveitar os resultados positivos obtidos com a Copa no Brasil para ter um crescimento significativo? Alain Baldacchi - Eu diria que o nosso setor teve, nos últimos anos, um crescimento modesto, muito abaixo do que poderia ter. Estamos muito atrasados no setor de parques e o volume de equipamentos não condiz com o grande potencial deste nosso imenso país. Tenho procurado as autoridades e o próprio Ministério do Turismo para mostrar que poderíamos ter um crescimento bem mais significativo e isso não acontece justamente pela ausência de uma política de incentivos. A Malásia é um exemplo de uma política de turismo bem sucedida. Isso decorre em função da isenção de impostos para importação de equipamentos e linhas de financiamento com prazos de pagamento em até 10 anos. Faltam investimentos, mas não há como o empresariado se motivar com as atuais condições. Citei a Malásia porque, há alguns anos, eles tinha o mesmo número de parques que nós, ou seja, dez. Hoje, nós temos 16 e eles têm 30, e isso se reflete

no fluxo turístico diretamente. Creio que é mais do que o momento de se ver o turismo sob o seu potencial econômico. Precisamos mudar a nossa cultura e a imagem de que turismo é só lazer. Espero que, com a Copa, nossos governantes compreendam a real importância de se investir neste setor que dá retorno garantido. Veja o caso da França, que se rendeu à realidade dos parques temáticos e hoje é o país que mais recebe turistas do exterior. Lá, o Governo investiu 1 bilhão de euros para ter a Disney, que hoje dá um retorno fantástico em termos de renda, emprego e recebe 15 milhões de turistas por ano. M&E - Como os agentes de viagens podem se beneficiar com a inclusão dos parques temáticos nos seus programas e pacotes de viagens? Alain Baldacci - Isso já acontece com frequência, mas praticamente se restringe aos pacotes internacionais. Quando o agente vende Flórida, certamente irá incluir Universal, SeaWorld ou Disney na programação, porque recebe comissões. Essa cultura já começa a dar resultados aqui no Brasil, embora que de forma tímida, com alguns parques como Beto Carreiro e Hot Park (do Rio Quente Resorts), por exemplo. Isso poderia mudar, caso

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houvesse em nosso país uma política de investimentos para fazer com que o turista aumentasse sua permanência, motivado por novas atrações locais. Isso não acontece ainda. Temos complexos turísticos como o próprio Wet’n Wild, mas faltam outras opções de entretenimento e mais hotéis para que o turista permaneça mais tempo na região. Isso criaria um destino turístico e beneficiaria toda a cadeia produtiva do turismo, incluindo aí o agente de viagens. A realidade atual é outra, e o empresário acaba deixando de fazer investimentos diante das dificuldades encontradas, como falta de linhas de financiamento e altas taxas. Veja o caso de Cingapura, um destino com apenas quatro milhões de habitantes onde foram investidos US$ 500 milhões nos últimos anos e cujos resultados são fantásticos. M&E - Como o Sindepat tem direcionado suas ações para fortalecimento do setor e desenvolvimento dos parques no país? Alain Baldacci - Neste momento, nosso foco é buscar parcerias e apoio para mudança desta cultura no que diz respeito aos parques. Apesar do apoio inegável do Ministério do Turismo, percebemos que esse setor precisa ser mais ouvido e respeitado. Já encaminhamos números e estudos ao Governo que comprovam a necessidade de implantação de uma política de fomento para os parques temáticos no país. Agora, com as eleições, muitas mudanças vão acontecer e a nossa esperança é de que os novos governantes possam ter um novo olhar sobre o turismo e esse setor dos parques. Lembro que no momento em que o Governo busca alternativas para fomentar o turismo doméstico, os parques temáticos não podem ser esquecidos e a redução da carga tributária e aumento das linhas de financiamento com condições especiais poderiam ser o primeiro passo neste sentido. Basta observar que tirando os parques indoor não há novos projetos de grandes parques temáticos para o país.


PARQUES

Adibra

Abav

Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil

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Entrevista com Francisco Donatiello

>> A alta carga tributária que incide na importação de equipamentos e a inexistência de uma política de incentivos fazem com que os parques temáticos no país não sejam valorizados e reconhecidos pelas autoridades e pelo Governo, restringindo uma política de novos investimentos no setor. A conclusão é do presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), entidade que reúne cerca de 300 parques no país, Francisco Donatiello. Nesta entrevista ao M&E, o dirigente admite que o setor necessita de uma normatização que garanta segurança aos usuários e lembra que os parques poderiam ser incluídos na cesta de produtos para fomentar o turismo doméstico. MERCADO & EVENTOS - O Brasil realizou, em julho, um megaevento como a Copa do Mundo. No caso dos parques, houve algum benefício para esse setor? Francisco Donatiello - No caso específico dos parques, posso afirmar que a realização da Copa no Brasil não teve nenhuma influência direta no fluxo de visitantes. Não agregou em nada para o nosso setor. Até pelo contrário, durante os jogos, aconteceu uma pequena retração no movimento. Claro que a divulgação da imagem do país foi positiva e para o turismo em geral acabou sendo benéfica. Mas isso pouco representa para o nosso setor. O importante é que os nossos governantes percebam a importância do turismo não apenas como atividade de lazer, mas como gerador de emprego e renda. Neste sentido sim, há que se ter um novo olhar sobre a importância dos parques por parte das autoridades e isso significa entender que com redução da carga tributária e medidas de incentivo, como acontece em outros países, o universo dos parques poderá ganhar maior representatividade e ser uma opção de lazer e entretenimento que

venha a favorecer o turismo doméstico neste país. Quando se importa uma montanha-russa, ela entra no quesito de bens de consumo e não como bem de capital. Isso encarece o custo para o investidor. Além do mais, faltam linhas de financiamento. A exceção fica com os parques indoor. Parques como Hopi Hari e Beto Carrero surgiram em períodos de maior isenção de impostos. Vemos, com tristeza, parques como o Playcenter, em São Paulo, fechar suas portas depois de 39 anos de funcionamento, ou mesmo o Terra Encantada, no Rio. Falta uma política para o setor. M&E - Como fazer com que os parques temáticos sejam incluídos na carteira de ofertas dos agentes de viagens? Como trabalhar uma parceria com esse segmento? Francisco Donatiello - É costume dos agentes de viagens oferecerem sempre em pacotes para o exterior destinos que tenham parques. É o caso da Disney e da Universal, nos Estados Unidos, e da Eurodisney, na França. Lembro que na França a Eurodisney recebe mais visitantes do que a Torre Eiffel ou o Louvre, de Paris. Aqui no Brasil essa cultura começa a mudar, e alguns destinos como Beto Carrero, na

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Penha (SC), o Hot Park, no Rio Quente Resorts (GO) e até o Beach Park, em Fortaleza (CE), são comercializados junto com pacotes turísticos. Claro que essa é uma cultura que precisa ainda ser absorvida pelo agente de viagens. Cabe a ele buscar sim, por meio das novas tecnologias, conhecer melhor o que os parques oferecem e, havendo oportunidade, incluir essa opção de lazer no programa, principalmente de famílias com crianças. Os parques indoors já têm um movimento maior, mas são equipamentos de menor porte. O ideal é que o mercado tivesse uma oferta maior, mas isso no Brasil depende dos chamados incentivos fiscais e outros fatores como normas estabelecidas pelas prefeituras. M&E - Além da questão dos impostos, o que falta ao setor para uma expansão maior no Brasil e como a Adibra tem se posicionado junto ao Governo? Francisco Donatiello - Em outubro teremos eleições. Nossa esperança é que o Governo comece a ver o turismo com outros olhos, como uma atividade econômica. Lembro que 10% do turismo mundial passa pela Disney. No Brasil é preciso que haja uma nova percepção das autoridades em relação aos parques. Mercados e destinos poderiam agregar produtos e serviços com a instalação de parques e aumentariam até a permanência do turista na cidade. Veja o caso de destinos como Foz do Iguaçu, onde existe espaço para um parque temático relacionado à natureza. Seria mais uma atração. É preciso abrir uma frente em parceria com o Ministério do Turismo para uma política de expansão do setor. Do mesmo modo que o Governo deve estabelecer normas técnicas para o funcionamento dos parques, com uma fiscalização mais efetiva, seguindo o mesmo modelo já adotado no exterior. Não há uma legislação com normas que sirvam de parâmetro.


PARQUES Abav

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Beto Carrero World Entrevista com Adalgiso Telles

>> O Beto Carrero World (BCW) recebe dois milhões de visitantes anualmente, com crescimento de 20% ao ano entre 2008 e 2013. Segundo Adalgiso Telles, presidente do parque, a expectativa é que o BCW (que foi considerado o sexto melhor do planeta e o primeiro da América Latina pelo TripAdvisor) continue a crescer e atinja oito milhões de visitantes anuais nos próximos 10 anos. Para o presidente do parque, o diferencial do BCW é que o local conta com uma grande diversidade de atrações. Nesta entrevista, Telles ainda explica as estratégias de mídia e marketing para atingir o público nacional e internacional, fala sobre o novo hotel que deve ser construído dentro do BCW e ressalta que o objetivo é ver o público internacional ultrapassar os 10% atuais. MERCADO & EVENTOS - Que atrações podemos esperar ainda esse ano? E para o ano que vem? Adalgiso Telles - Em novembro desse ano, lançaremos uma nova área, uma atração de gelo chamada Beto Carrero On Ice, que vai contar com uma pista de patinação. Também teremos um Outlet, em outubro, que vai completar a experiência das pessoas no parque. Pois quando a família vem ao parque, enquanto as crianças se divertem nos brinquedos, os pais também podem aproveitar e fazer compras. E, para o Natal, teremos um novo show do Shrek, que deve começar a ser encenado em novembro, com os personagens da DreamWork. Já para 2015, temos projetos de lançar uma a área temática: Betinho Carrero e sua Turma, que vai contar com novos show e brinquedos. Esse espaço vai ser voltado para o público infantil e infanto-juvenil. M&E - O parque é bem reconhecido em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul. Quais as estratégias de divulgação e mídia o empreendimento tem adota-

do para se consolidar no Brasil inteiro? Adalgiso Telles - Percebemos que 70% do público do parque é muito concentrado nos três estados do Sul. O que estamos fazendo a partir de agora é focar mais especificamente no nosso público-alvo, que são dois: a família, normalmente um casal com dois ou três filhos com idades entre 3 e 13 anos; e os jovens, de 13 a 35 anos. Para isso, estamos querendo ampliar nossa divulgação do alcance regional para o alcance nacional e internacional. Dessa forma, começamos a investir em mídia impressa, nas principais revistas do país, TV aberta e TV a cabo e estamos começando a trabalhar, de forma mais estruturada, a questão da web e redes sociais. Além de estarmos revisando nosso website para torná-lo mais interativo. Em relação à comunicação, nosso objetivo é cobrir o Mercosul e outros países da América Latina. Atualmente, a região representa 10% do nosso público. Enquanto no nacional, estamos focando na região Sudeste e Centro-Oeste. Com esse investimento em mídia e divulgação, esperamos que o número de público internacional e nacional, com exceção do Sul, represente mais de 50% dos visitantes. M&E - Com relação à hotelaria dentro do parque, podemos esperar alguma

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novidade até o final do ano? Adalgiso Telles - Nossos projetos em relação ao hotel avançaram muito. Neste momento temos quatro propostas - de grupos regionais, nacionais e internacionais - estruturadas para instalação do hotel no parque. Atualmente, estamos analisando as propostas e acredito que até outubro já teremos definido quem ficará responsável pela construção do empreendimento, ou se vamos desenvolver um hotel próprio, que também é uma possibilidade. E assim, dependendo da opção que fizermos, poderemos começar as obras ainda esse ano, mas a expectativa é que as obras dos três blocos de prédios tenham início no começo de 2015 e durem entre 18 a 24 meses. M&E - O Beto Carrero World foi considerado o sexto melhor parque de diversões do planeta e o primeiro da América Latina segundo pesquisa do TripAdvisor. O parque planeja uma expansão para o exterior? Adalgiso Telles - Foi fantástico ficar em sexto lugar na lista mundial. Em relação ao diferencial, o que posso ressaltar é que possuímos uma grande diversidade de atrações em um mesmo lugar. Em relação à expansão, hoje recebemos dois milhões de visitantes ao ano e estamos com uma taxa de crescimento de 20% ao longo dos últimos cinco anos. Dessa forma, temos a capacidade de continuar crescendo até 2024 e chegar a 8 milhões de visitantes ou mais. Se analisarmos os 10 maiores parques do mundo, que são principalmente os norte-americanos e europeus, vemos que estes recebem entre 15 e 20 milhões de visitantes por ano. Então, temos um potencial de crescimento muito grande ainda, por isso nosso foco é aumentar a quantidade de atrações e brinquedos. E planejar qual seria o momento ideal para um segundo parque. Porém, provavelmente, este ainda seria aqui no Brasil e não no exterior.


POLÍTICA

Da periferia à prioridade Sucesso da Copa exige mudanças que levem o turismo a um novo patamar LUIZ MARCOS FERNANDES >> Governo e iniciativa privada reconhecem o sucesso da Copa realizada no Brasil. A grande questão é como aproveitar esse legado e traduzir isso em resultados que venham a fomentar o setor e, ao mesmo tempo, fazer com que o turismo entre na pauta da agenda econômica como fator de desenvolvimento e inclusão social. As propostas são muitas. A questão é saber se este novo olhar sobre a força desta indústria pode levar à medidas que permitam o setor a alcançar um padrão de qualidade mais elevado, expresso em números e resultados. Ao mesmo tempo em que destaca a boa imagem do país no exterior, o ministro do Turismo, Vinícius Lages, reconhece que é preciso definir uma estratégia de ação para transformar as nossas vantagens comparativas, em vantagens competitivas. Ou seja, transformar em negócios o nosso ganho de imagem. Entre as mudanças propostas está a transformação da Embratur numa agência com recursos próprios. Já para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, é preciso aproveitar os bons resultados obtidos com a Copa para definir com os players e atores desta indústria a criação de uma plataforma

com um grande programa conjunto de ações, para que, assim, não se percam as oportunidades geradas com o sucesso do Mundial como grande evento catalisador e instrumento de divulgação do nosso país. Nesse contexto, o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Turismo (Fornatur), entidade que defende uma política de fomento para os estados, alerta para as mudanças decorrentes das eleições nas esferas federal e estadual, e que possam representar alguma interrupção nos programas de desenvolvimento do setor. Oreni Braga, presidente do Fornatur, reconhece que as indicações para cargos no país deixam de lado o critério técnico para colocar a questão política como prioritária. Já a Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes de Turismo das Capitais e Destinos Indutores (Anseditur), associação que busca valorizar os destinos turísticos, lembra que já é hora dos governantes entenderem o turismo como indústria de serviços capaz de impactar em diferentes áreas. Na opinião de Luiz Fernando Moraes, vice-presidente da Anseditur, a partir da Copa o turismo deve ser visto pelas autoridades e futuros governantes como uma ferramenta capaz de contribuir efetivamente para

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o desenvolvimento econômico e gerar maior integração. A discussão sobre os rumos do setor e as políticas de promoção no exterior passam, obrigatoriamente, pela questão da competitividade. O presidente da Brazilian Incoming Travel Association (Bito), Salvador Saladino, alerta que é preciso rever o chamado “Custo Brasil”. Sem medidas de incentivo e sem redução da carga tributária, ele acredita que o país não tem como vir a competir com outros destinos internacionais em condições comparativas, uma vez que não tem preços competitivos e nem um padrão de qualidade no turismo receptivo. Já Luciana Fernandes, diretora de Marketing do Ministério do Turismo (MTur), destaca a força do turismo doméstico e a necessidade de se reinventar produtos e programas de incentivo que levem o brasileiro a trocar as viagens internacionais pelos roteiros nacionais. Governo e iniciativa privada têm, diante de si, um grande desafio: levar o setor a ser um gerador de renda, emprego e investimento, de modo a fazer com que o turismo deixe de ocupar uma posição periférica para assumir um papel estratégico na retomada do desenvolvimento econômico.


POLÍTICA Abav

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MTur

Ministério do Turismo Entrevista com Vinicius Lages

>> A Copa do Mundo permitiu que o Brasil fosse consolidado como um destino internacional de referência. Com base nos resultados apresentados nas pesquisas oficiais, o ministro do Turismo, Vinicius Lages, diz que é hora do Governo, em parceria com a iniciativa privada, otimizar as ações estratégicas de promoção. Nesta entrevista ao M&E, Lages voltou a defender a transformação da Embratur numa agência reguladora e diz que a mudança é fundamental, não apenas, pela capacidade de ampliar seu leque de atuação, como também para adotar uma nova ação estratégica de promoção. Segundo ele, é hora do Brasil buscar ferramentas para se tornar um destino mais competitivo. MERCADO & EVENTOS - De que modo o Brasil pode aproveitar a experiência da Copa do Mundo para garantir o fortalecimento da indústria do turismo? Vinicius Lages - O Mundial de futebol atraiu a atenção da imprensa internacional para o nosso país. Mais de 19 mil profissionais de mídia se cadastraram para cobrir os jogos. Metade da população mundial, em algum momento, olhou para o Brasil ao longo dos últimos 30 dias. A vocação turística do país ficou escancarada para o mundo. Os estrangeiros ficaram encantados com a nossa hospitalidade, gastronomia e nossos ativos naturais. É preciso, agora, pensar neste novo ciclo do turismo junto com parceiros estratégicos, como a iniciativa privada. Depois de mais de 11 anos desde a criação do MTur e com o fim da Copa do Mundo, temos de otimizar os nossos instrumentos de promoção e precisamos repensar o modelo da Embratur, por exemplo. Toda a visibilidade que tivemos com o Mundial ajuda nesse debate. M&E - O que os novos governantes devem priorizar para que o Brasil venha a receber mais turistas e ganhe uma

viagens, como um importante elo entre o turista e o mercado, têm papel fundamental e precisam estar antenados. O Mundial foi rico em experiências que podem ser consolidadas no pós-Copa. Cada vez mais, as agências de viagens e os profissionais que nela atuam tendem a ser mais consultores de experiências turísticas, ajudando a customizá-las. Mas também devem atuar no perfil da classe média que faz sua primeira viagem, com serviços de ‘concierge’ de baixo custo, mas de forma eficiente.

posição de destaque no cenário internacional? Vinicius Lages - Temos de transformar as nossas vantagens comparativas em vantagens competitivas. Ou seja, transformar em negócios o nosso ganho de imagem com a Copa do Mundo. Os nossos ativos naturais, por exemplo, devem ser melhor trabalhados como atrativo turístico. É preciso repensar o turismo como um setor estratégico para o desenvolvimento econômico, uma área que vem apresentando, nos últimos anos, crescimentos acima dos registrados pela economia global brasileira. Turismo é um setor atraente para novos empreendedores, gera emprego, renda e divisas. M&E - Como os profissionais de turismo devem aproveitar o conhecimento e as novas tecnologias para obter um ganho maior em seus negócios, como o caso específico dos agentes de viagens? Vinícius Lages - Nossas pesquisas revelam que, cada vez mais, os turistas tomam as decisões em ambientes digitais. É preciso intensificar a presença nesses meios, buscar qualificação para melhor se posicionar na web. O turismo é um setor dinâmico, em processo constante de evolução. É preciso estar atento às novas tendências, ao turista hiper-conectado. Os agentes de

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M&E - Quais as ações prioritárias do MTur para fomentar o turismo doméstico com o início da baixa temporada? Vinicius Lages - O Ministério do Turismo e Embratur têm trabalhado de forma integrada para ajudar a diminuir os efeitos da sazonalidade no setor. Também temos conversado com a cadeia produtiva para somarmos esforços e ampliarmos a promoção doméstica e internacional, atraindo visitantes para os nossos destinos turísticos. A iniciativa mais imediata é a construção conjunta das ações de venda, usando os canais que o trade dispõe, e ações promocionais compartilhadas. M&E - O bom momento atual deve levar o setor a repensar seu posicionamento com medidas mais efetivas? Vinicius Lages - Primeiro temos que buscar melhorar o ambiente de negócios. Com a regulamentação das parcerias público-privadas para investimentos em portos e aeroportos, e, com a flexibilização das contratações, já teremos um avanço considerável. São pontos em que estamos trabalhando. Outra coisa é a criação de uma agenda de qualificação e educação contínua. Por fim, temos que reposicionar os nossos esforços de marketing e trabalhar mais o mercado interno. Pretendemos ainda criar zonas especiais de serviços e incluir de forma definitiva o turismo no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


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POLÍTICA Abav

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MTur

Secretaria Nacional de Políticas de Turismo Entrevista com Vinicius Lummertz

>> A necessidade de criar maiores facilidades para que haja um volume crescente de investimentos no setor é vista como condição básica para levar a indústria do turismo a se transformar numa verdadeira “locomotiva”, que venha a liderar e contribuir, efetivamente, para a recuperação econômica do país na crise econômica. Com base neste pensamento, o secretário Nacional de Políticas de Turismo do MTur, Vinicius Lummertz, reconhece que o sucesso na realização de megaeventos, como ocorreu durante a Copa do Mundo, pode fazer com que o setor deixe de ocupar apenas uma posição periférica, para ganhar maior representatividade. Nesta entrevista ao M&E, Lummertz admite que a experiência da Copa serviu para avançar neste processo. Para ele, agora, basta que o país se estruture melhor e possa adotar os ajustes necessários para se tornar mais competitivo junto aos destinos emissores. MERCADO & EVENTOS - Que lições positivas podemos tirar desta experiência de um megaevento como a Copa e como aplicar isso para melhoria na qualidade do nosso setor? Vinicius Lummertz - A Copa superou as expectativas dos visitantes, na medida em que trouxe uma vivência do estilo de vida do brasileiro, compartilhada durante todo o evento, coisa que não acontece em outros países, na maior parte das vezes. Isso cria um ambiente favorável, que permite ao turista conhecer de perto a riqueza e diversidade da nossa gastronomia, da nossa cultura. Daí os 98% de aprovação na pesquisa realizada junto aos turistas. Essa movimentação em torno da Copa acabou gerando reflexos em diferentes setores da economia que não tinham percepção do grande potencial do turismo. Do lado doméstico, pudemos ver que o brasileiro precisa encontrar condições mais propícias para estimular a cultura de viagens,

principalmente, no segmento regional. Estamos trabalhando para isso e lançamos recentemente a campanha #PartiuBrasil. Claro que é apenas uma ferramenta. Não resta dúvida que precisamos aumentar a competitividade para tornar os produtos e serviços mais atraentes, mas isso depende também do crescimento na demanda. Há um movimento geral de melhorias tanto em hospedagem como na gastronomia e nos serviços. Agora mesmo, empresas começam a investir na aviação regional, como é o caso da Azul. Tudo isso deve ser aplicado e pensado para elevar o turismo a um novo patamar.

adoram o ecoturismo. São possibilidades que temos de pensar. Temos que tornar os destinos mais atraentes e, para isso, uma ideia é a criação de parques temáticos em destinos como o Amazonas, por exemplo. Creio que temos de avançar e vencer desafios numa realidade econômica marcada por altos juros e impostos que pesam no consumo. O Brasil vive um momento único de transformação neste pós-Copa. O turismo, que antes era pensado apenas como atividade de lazer, começa a ser visto também como atividade econômica. Foi um longo caminho para que isso ocorresse. Junto vieram os investimentos e estamos mudando o patamar desta percepção. Nossa esperança é que o turismo deixe a posição periférica e venha a ser pensado como gerador de empregos, investimentos, numa posição mais central e de maior relevância. Veja o caso de Gramado, onde o turismo acabou beneficiando toda a cadeia produtiva, agregando serviços e valor. Temos que aprender a vender melhor o Brasil, aproveitando essa boa imagem. Os investimentos no país ainda são baixos. Investimos apenas 17% do PIB e a média em outros países é de 25%. Temos que colocar mais recursos e atrair também investidores internacionais.

M&E - Aproveitando esse bom momento da imagem gerada durante a Copa, como fazer com que esse fluxo de turistas internacionais se mantenha aquecido? Vinicius Lummertz - Não basta ter uma boa imagem no exterior. É preciso criar condições para atrair o turista. É o caso de oferecer incentivos a fim de atrair grandes cadeias hoteleiras internacionais para cidades como Belém, Florianópolis, Brasília e tantas outras. Também temos que captar novos voos no exterior. Imagine ter voos regulares da Lufthansa para a região Norte trazendo alemães que

M&E - Como os agentes de viagem podem se inserir neste processo e aumentar seus ganhos? Vinicius Lummertz - Temos que ter produtos e serviços mais qualificados e nisto os agentes de viagens e operadores têm também o seu dever de casa a realizar para melhorar seus ganhos. É preciso que usem as novas tecnologias e diversifiquem sua carteira de produtos. Já o Governo pretende ajudar essa disseminação do conhecimento por meio de parcerias com o setor privado, trazendo novos players que possam ajudar neste processo.

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POLÍTICA

MTur

Abav

Departamento de Estudos e Pesquisas

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Entrevista com José Francisco Salles

>> Dentro do planejamento estratégico das políticas de fomento do MTur, um dos setores que tem papel fundamental tem sido o Departamento de Estudos e Pesquisas, liderado por José Francisco Salles. Para ele, é preciso que haja um novo ciclo de investimentos e se adote as novas tecnologias para melhorar o aspecto qualitativo das pesquisas, de modo a propiciar dados e informações essenciais na elaboração de políticas públicas do setor. Veja, nesta entrevista ao M&E, sua opinião sobre as mudanças necessárias nos programas de promoção do país junto aos principais destinos emissores. MERCADO & EVENTOS - Como fazer com que todo o legado da Copa não se perca, mas venha a se transformar num fator de fortalecimento do turismo como atividade econômica? José Francisco Salles - Temos que considerar a boa imagem que o país deixou aos nossos visitantes durante a Copa e o fato de que o Brasil esteve na mídia internacional durante 40 dias, no exterior, com uma audiência de 3,6 bilhões de pessoas em todo o mundo. Temos que aproveitar isso, sem deixar que se perca essa imagem positiva alcançada junto aos torcedores, para buscar novas estratégias com o objetivo de comercializar e promover nossos produtos e atrativos. Lembro que os turistas, quando estiveram aqui durante a Copa, visitaram 368 cidades durante essa estada, conhecendo de perto o que o Brasil tem a oferecer de melhor. Findo esse ciclo, cabe a nós, tanto da parte do governo como da iniciativa privada, entender a necessidade de realizar novos investimentos para dotar nossos atrativos de uma melhor estrutura, que seja mais adequada, de modo a fomentar ainda mais o turismo nestas regiões. Precisamos tirar do balanço resultados que venham a possibilitar a elaboração de um programa de trabalho

ao país, na Copa, aqui estiveram pela primeira vez. Cabe aos futuros governantes adotarem uma política de promoção e captação para vender o Brasil como um todo. Temos pela frente as Olimpíadas 2016 e isso será, sem dúvidas, mais uma oportunidade para que o nosso país esteja em evidência. O turista que aqui chega não se limita a assistir aos jogos, mas quer conhecer o país e toda sua riqueza. Precisamos multiplicar o trabalho de promoção dos países andinos como Peru, Colômbia e Equador pelo grande potencial que apresentam.

a ser implantado a médio e longo prazo numa parceria público-privada. Os dados obtidos pelo nosso departamento no Ministério do Turismo ajudam o ministro a nortear ações e todo o planejamento para os próximos anos. Temos ainda que melhorar também o aspecto qualitativo das pesquisas, pois isso é essencial na formação de políticas públicas. M&E - Qual deve ser a proposta dos governantes a serem eleitos em outubro para fortalecer ainda mais a indústria do turismo? José Francisco Salles - Já neste Governo, o turismo tem estado muito em evidência. A partir de um evento deste porte, como a Copa, fica comprovada a importância de um setor que já atinge 3,7% do PIB, mas certos de que esse volume pode, e deve, ser multiplicado. Creio que todo planejamento estratégico deva ser fundamentado nos números e estudos que o MTur tem realizado. Isso já vem acontecendo em relação a determinadas regiões, como é o caso da América do Sul, onde os números comprovam que, nos últimos três anos, mais do que dobrou o volume de visitantes destes países. A verdade é que há muito que crescer ainda. Basta lembrar que 61% dos que vieram

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M&E - Quais os critérios que o Ministério do Turismo tem se baseado para elaboração de políticas de fomento ao turismo interno? José Francisco Salles - O nosso departamento tem desenvolvido, junto a sete regiões do país, um contínuo monitoramento sobre intenções de viagem. Esses dados são utilizados permanentemente pelos nossos técnicos na formatação de programas de fomento ao turismo regional. M&E - Como o agente de viagens e outros players do mercado podem aumentar seus ganhos num mercado cada vez mais competitivo? José Francisco Salles - Eu diria que hoje em dia o cliente que entra numa agência ou operadora já chega ali com o destino definido e informações coletadas na Internet. Temos, no mercado, um consumidor muito mais esclarecido em relação ao programa de viagem que planeja realizar. Diante disso, cabe também aos agentes de viagens buscarem, junto à Internet e outras fontes, informações que possam ter um poder de convencimento baseado na equação custo e benefício. O agente de viagens tem que fazer uso do seu conhecimento de mercado para oferecer ao cliente produtos e serviços que venham a superar suas expectativas. Para isso ele deve sempre estar atualizado.


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MTur

Diretoria de Marketing Entrevista com Luciana Fernandes

>> O sucesso da boa imagem do Brasil durante a realização da última Copa levou o Ministério do Turism (MTur) a rever suas ações e estratégias de Marketing. Em entrevista exclusiva ao M&E, a diretora de Marketing do MTur, Luciana Fernandes, anunciou o lançamento, neste mês, do Plano de Marketing, um programa que pretende reforçar ações do turismo regional e, ao mesmo tempo, explorar a grande diversidade gastronômica, cultural e de atrativos junto aos principais destinos emissores, com ênfase maior nos países da América Latina. MERCADO & EVENTOS - Apesar dos números extremamente positivos para o setor nesta última Copa, o Brasil ainda tem que avançar. Como fazer desta experiência um legado capaz de elevar o turismo do país a outro patamar? Luciana Fernandes - A partir deste interesse maior, tanto por parte dos brasileiros como dos estrangeiros, temos pela frente um grande desafio, que é alimentar esse sonho e mostrar que o Brasil de hoje tem uma melhor infraestrutura. Para isso, existem aspectos a serem explorados, como a riqueza da nossa cultura, a gastronomia e tantas outras coisas. É justamente essa diversidade que tem de ser formatada em produtos e serviços. Para os estrangeiros, o importante é fomentar esse interesse despertado no estilo de vida dos brasileiros, que cativou a muitos durante a Copa. Vamos, inclusive, colocar como grande foco das futuras campanhas no exterior esse estilo de vida dos brasileiros. Todo esse legado despertou no próprio brasileiro o interesse maior em conhecer novos destinos no país. Isso dá um novo posicionamento a programas como o #PartiuBrasil, que tem por objetivo justamente estimular o brasileiro a viajar. Decidimos estendê-lo até o próximo verão, pois a adesão das companhias aéreas, hotéis e operadoras foi muito grande. Vamos dar continuidade a essas campa-

parte dos prestadores de serviços na área do turismo. Essa cultura tem que ser mudada. Precisamos de investimentos e uma integração maior entre governo e setor privado.

nhas promocionais sempre com pequenos ajustes, de acordo com a época do ano, e a ideia é usá-la até nas férias de final de ano. M&E - Em outubro, teremos eleições nas esferas federal e estadual. De que modo os governantes devem tratar o setor e tornar o país mais atraente para os visitantes estrangeiros? Luciana Fernandes - Devemos procurar explorar nossos produtos e segmentos econômicos relacionando-os ao turismo. Isso representa vender a moda, a gastronomia, a produção de bens e serviços atrelando-os ao turismo. Produtos como café ou a cachaça, por exemplo, podem ser comercializados trazendo consigo uma imagem capaz de despertar nos estrangeiros um interesse no nosso país. Claro que precisamos avançar em alguns aspectos, como na qualidade do nosso turismo, e isso passa também pela melhor qualificação da nossa mão de obra. Nós temos que trabalhar cada vez mais essa qualificação do nosso receptivo, com treinamentos, cursos e todo um trabalho de médio e longo prazo. Tudo isso é responsabilidade tanto do Governo como do setor privado. Podemos observar que muitas vezes são oferecidos programas e oportunidades para que o setor se qualifique melhor, mas essa oferta nem sempre tem uma resposta por

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M&E - Como os agentes de viagens podem aproveitar o crescimento na demanda do turismo interno para ter um ganho maior em suas vendas? Luciana Fernandes - Nas novas campanhas que o MTur está elaborando estamos reforçando em muito a importância do turismo regional. Neste sentido, as operadoras e agências de viagens têm que procurar se integrar a essas ações com a formatação de produtos e serviços, de modo a despertar no cliente o desejo cada vez maior de viajar. E isso se consegue com pacotes que tenham produtos que atendam à expectativa do cliente e, ao mesmo tempo, sejam competitivos em comparação com os praticados nas viagens internacionais. M&E - Quais as ações que, a partir de agora, devem merecer uma atenção maior para que o setor possa obter mais representatividade e qualidade? Luciana Fernandes - Creio que vivemos, nesta primeira década, um ciclo de consolidação e estruturação do setor. A partir de agora, nossa meta é voltar as ações para a comercialização e novas parcerias, aproveitando o bom momento da imagem do país. Para isso, contamos com o apoio do trade e do setor privado, num trabalho articulado conjunto, que possa, efetivamente, dar resultados não apenas para o setor, mas também para a economia do país, já que houve uma maior percepção de como o turismo pode trazer consigo investimentos e geração de renda e emprego. Isso não pode ser esquecido e o sucesso dos megaeventos mostra que o país tem condições de realizá-los com competência. Os resultados beneficiam não apenas a cadeia produtiva do turismo, mas a sociedade como um todo.


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Embratur

Instituto Brasileiro de Turismo Entrevista com Vicente Neto

>> Responsável pela política de promoção e comercialização do Brasil, a Embratur deu início, após o término da Copa, à implementação de uma nova estratégia visando mostrar a diversidade de atrativos do país por meio de campanhas e ações. Nesta entrevista, o presidente da Embratur, Vicente Neto, destaca como principal legado o fato do Brasil ter se consolidado como grande organizador de eventos internacionais e defende a transformação do Instituto em agência, bem como um diálogo permanente com setores de hotelaria e aviação para manter a competitividade do país no exterior. MERCADO & EVENTOS - Qual foi o grande legado do Brasil com a realização da Copa para a indústria do turismo? Vicente Neto - Para o turismo brasileiro, o torneio foi uma oportunidade de milhares de visitantes estrangeiros conhecerem o país, de vivenciarem a diversidade da nossa cultura, da nossa gastronomia, de conhecerem o nosso povo. Temos alguns resultados fáceis de mensurar, como o faturamento de R$ 500 milhões das micro e pequenas empresas durante o evento e as obras que modernizaram nossos aeroportos. Há outros difíceis de medir, como a qualificação de milhares de trabalhadores. Os visitantes estrangeiros que estiveram no Brasil em junho e julho gastaram US$ 1,58 bilhão. Lembro que em julho, a entrada de divisas, também recorde para o mês desde 1947, somou US$ 789 milhões, valor pouco abaixo dos US$ 797 milhões de junho. Na comparação com o mesmo período de 2013, houve aumento de 60%. Os números mostram que o turismo é uma importante fonte de divisas para o Brasil. Estamos trabalhando para melhorar ainda mais esses resultados. M&E - O que muda no processo de comercialização e nas campanhas da Embratur em função do sucesso da Copa?

de promoção turística do país como sede de grandes eventos esportivos começou em 2010, sempre buscando ampliar o conhecimento do Brasil e de toda sua diversidade, mostrando os nossos atrativos para viagens de negócios, lazer, família, esporte, aventura e natureza. Se tivermos mais recursos e liberdade de ação, certamente isso contribuirá, e muito, para ajudar na promoção e divulgação do nosso país junto aos destinos emissores.

Vicente Neto - A imagem do Brasil foi modificada após a realização do evento. Pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo revela que 95% dos visitantes internacionais têm intenção de retornar ao país e que 61% dos turistas brasileiros visitaram as cidades pela primeira vez. Além disso, a experiência turística superou ou atendeu plenamente as expectativas de todos que estiveram no Brasil durante o Mundial. Não restam dúvidas que a Copa ajudou a consolidar o Brasil como grande organizador de eventos internacionais. Posso afirmar que o sucesso na realização do evento nos permitiu oferecer ao mundo e ao Brasil uma experiência turística fantástica. Temos uma diversidade de produtos que deve ser valorizada. M&E - Recentemente, o ministro do Turismo, Vinícius Lages defendeu um novo papel para a Embratur e a transformação do Instituto numa agência de promoção. Como vê essa ideia? Vicente Neto - Sou favorável a ideia que vai dotar a Embratur de maior agilidade e meios para atrair investimentos e promover a comercialização de serviços do setor. Isso certamente facilitaria o trabalho já realizado na promoção do Brasil como destino turístico. O trabalho

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M&E - Um dos desafios para atrair mais turistas diz respeito ao alto custo da hotelaria, da aviação e outros serviços. Como mudar esse quadro e tornar o país mais competitivo? Vicente Neto - Eu diria que os altos preços são um obstáculo sim. No ano passado a Embratur liderou, dentro do Governo Federal, uma iniciativa de combate a preços fora do padrão. Isso resultou na criação de um comitê nacional de acompanhamento, que hoje é coordenado pelo Ministério da Justiça. Criamos um canal de diálogo com os diversos segmentos da cadeia para evitar que o Brasil fique marcado como um destino caro. Recentemente, por ocasião da Copa, operadores da Argentina sinalizaram para a Embratur a dificuldade da venda de pacotes por conta dos preços. Então, estamos em um processo de diálogo permanente, especialmente com companhias aéreas e redes hoteleiras para evitar este tipo de problema. O Governo Federal recebeu, dos segmentos organizados, uma pauta para desoneração. Parte dela já foi atendida e estamos discutindo agora outros temas. No caso das companhias aéreas, não foi possível ainda tratar da temática relativa ao combustível, que elas alegam ser algo que dificulta a redução dos preços. Mas o debate em si já provocou a sensibilização de duas das maiores aéreas do país. Buscamos um diálogo permanente.


POLÍTICA

CNC/FBHA Entrevista com Alexandre Sampaio

>> Diante das mudanças no quadro político do país, em função das eleições em outubro, o Conselho Empresarial de Turismo e a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) discutem propostas para uma reavaliação do papel do Ministério do Turismo junto ao mercado, bem como propostas para o fortalecimento do setor. Com base nestes argumentos, Alexandre Sampaio, presidente do Conselho de Turismo da CNC e também da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), alerta que o país não deve perder mais tempo e propõe que as operadoras de turismo venham a colocar o produto Brasil nas prateleiras dos destinos emissores. MERCADO & EVENTOS - Dentro da experiência do Brasil com a Copa do Mundo, qual deve ser a estratégia do setor diante desta maior visibilidade do país no exterior? Alexandre Sampaio - O mais importante neste chamado legado foi comprovar que o Brasil tem plenas condições de receber bem o turista internacional, e mais do que isso, apresenta condições, e até uma razoável infraestrutura, como destino turístico. A partir de agora é preciso consolidar os destinos emissores e colocar na prateleira de venda das operadoras internacionais os nossos produtos e destinos. Com a Copa se despertou no mercado internacional um maior interesse pelo nosso país, principalmente da parte daqueles que não vieram, e estão curiosos. Precisamos discutir com as associações como a Bito, a Abav e a Braztoa estratégias de comercialização de modo a criar mecanismos que possam levar esse processo de captação de turistas a se materializar. Não vejo possibilidades da Embratur fazer esse trabalho sozinha e de modo ágil. Todo esse processo tem que envolver um planejamento estratégico e até se repensar o papel da Embratur para que

venha a atuar como uma Apex do turismo. M&E - Em relação ao receptivo, como melhorar o padrão de atendimento? Qual o papel das agências e operadoras neste contexto com o uso das novas tecnologias? Alexandre Sampaio - A questão hoje é não interromper o trabalho iniciado com o Pronatec empresa. Há que se buscar uma continuidade com os ajustes que se fizerem necessários. Temos as Olimpíadas, em 2016, e precisamos aprimorar alguns quesitos, como é o caso da dificuldade de comunicação do brasileiro com os estrangeiros em função da deficiência no uso de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, uma língua universal. Essa foi uma deficiência constatada principalmente na mão de obra de alguns serviços como táxis e no atendimento em bares e ambulantes. É preciso buscar soluções ou aplicativos que facilitem a comunicação. No caso dos agentes e operadores, creio que este segmento vem desenvolvendo um trabalho consolidado usando novas tecnologias e toda a expertise. Ninguém, hoje em dia, se limita mais a ficar apenas na expectativa de uma comissão. M&E - O mercado doméstico ainda não

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Abav

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tem um leque variado de produtos, preços e serviços que possam estimular o brasileiro a conhecer melhor seu país. Qual a saída? Alexandre Sampaio - Antes de mais nada é preciso que o Governo faça campanhas estimulando o brasileiro a viajar. Mas, isso, apenas não basta. É preciso buscar linhas de financiamento que deixem as viagens ao alcance do bolso do brasileiro. Temos inúmeros programas na economia com parcelamentos e facilidades de pagamento e essa estratégia deveria também ser adotada no turismo. Creio que é preciso formatar produtos e torná-los mais acessíveis numa parceria com o setor privado. O programa #PartiuBrasil já é uma boa iniciativa, mas não basta. Temos que envolver os players e fornecedores para um trabalho estratégico que possa estimular o brasileiro a conhecer sua região e outros estados que não o seu. M&E - A Copa do Mundo mostrou que o turismo pode gerar renda e emprego. Os futuros governantes devem aprender essa lição e olhar o nosso setor como estratégia de desenvolvimento econômico? Alexandre Sampaio - Sem dúvida que há um novo olhar sobre o nosso setor. Em algumas regiões essa percepção até já existe, como é o caso do Nordeste. Mas creio que o mais importante em todo esse processo foi perceber de que modo o setor pode influenciar outras áreas da economia de modo positivo. Os novos governantes devem se atentar para uma dotação orçamentária satisfatória. É preciso criar no país instrumentos para que o turismo venha a ser um fator de desenvolvimento da economia. É preciso criar um ambiente favorável e propício, mas com base em dados e estatísticas. Sabemos muito pouco sobre o impacto do turismo em outros setores da economia.


POLÍTICA Abav

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Sebrae Nacional Entrevista com Luiz Barretto

>> O presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, ex-ministro do Turismo, considera que os agentes de viagens e demais profissionais do setor devem buscar sempre se atualizar e utilizar as novas tecnologias para conhecer melhor o mercado onde atuam. Para ele, é preciso aproveitar a experiência bem sucedida do Brasil durante a Copa fora dos gramados para tirar lições importantes. MERCADO & EVENTOS - Com o término da Copa, de que modo o Brasil pode aproveitar essa experiência para o fortalecimento da indústria do turismo? Luiz Barretto - O Brasil recebeu milhões de turistas durante o megaevento e superou as expectativas de outras Copas quanto ao conforto e segurança dos estádios, boa qualidade dos transportes e a hospitalidade dos brasileiros, que encantou todo o mundo. Segundo estimativas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), R$ 30 bilhões devem ser injetados na economia de nosso país, dos quais R$ 6 bilhões no turismo. Isso significa que temos potencial para atrair mais turistas a partir desse legado econômico e de toda a estrutura gerada, buscando ampliar a nossa posição em captação de eventos não só de caráter esportivo, mas em outros segmentos importantes, como os científicos, da educação, dos esportes náuticos, da saúde e lazer, da cultura e entretenimento e da gastronomia. Eu diria que todo o trabalho realizado em parceria com os pequenos empresários, tanto no setor de serviços (onde se inclui o turismo) como em outras áreas, trouxe experiências bem sucedidas. Até pequenos negócios, como os hostels, acabaram descobrindo um mercado até então pouco explorado no país. Foram geradas muitas oportunidades. M&E - Como tornar o país mais atraente para os turistas estrangeiros e como aumentar o fluxo de visitantes? Luiz Barretto - Já na Copa das Confe-

especial nos programas de promoção e comercialização.

derações, no ano passado, tivemos um pré-vestibular para os empresários e agora, com a Copa da Mundo, um resultado expressivo, principalmente ao colocar o país com maior visibilidade no mercado internacional, atraindo assim o interesse de empresas internacionais. A Copa acabou se transformando numa verdadeira vitrine ao colocar o país, com sua cultura e tradições, em exposição. Isso se estende também a outras áreas, como a gastronomia e o artesanato. Tudo isso, sem sombra de dúvidas, serve para que o mercado use os cases de sucesso para explorar nichos de mercado e promover nosso destino no exterior. As próprias agências e operadoras também poderão se beneficiar criando novos roteiros e produtos. Creio que a experiência da Copa foi um grande vestibular onde fomos aprovados e temos que aproveitar tudo isso para fortalecer a economia do setor. Toda essa exposição despertou nos turistas estrangeiros maior interesse pelo nosso país. Por isso, devemos aproveitar o legado da Copa, que gerou maior competitividade e melhor qualificação, com empresas que passaram a contar com certificações. Creio que com a Copa houve uma grande integração dos países da América do Sul e que devem continuar a merecer uma atenção

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M&E - Quais devem ser as prioridades dos novos governantes que serão eleitos em outubro? Luiz Barretto - É fundamental a implementação de políticas públicas voltadas para explorar o potencial turístico nos diversos destinos de nosso país, estimulando a atração de investimentos externos, bem como investir na qualidade da formação profissional e na melhoria da infraestrutura turística, com ênfase na mobilidade como um vetor de inclusão. Adicionaria a construção de um plano estratégico considerando a avaliação do Índice de Competitividade dos Destinos Nacionais, ferramenta desenvolvida pelo Ministério do Turismo, Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, para mensurar o nível de desenvolvimento do turismo nacional. Os novos governantes vão receber esse Brasil do pós-Copa, que ganhou uma nova imagem no exterior. Temos toda a logística e um imenso potencial a ser explorado neste país e o Sebrae tem dado também sua contribuição nesse processo de melhoria do produto e dos serviços, fatores fundamentais para que venhamos receber mais e mais turistas. M&E - Como os profissionais de turismo devem aproveitar o conhecimento e as novas tecnologias para obter um ganho maior em seus negócios? Luiz Barretto - A presença nas mídias sociais é fundamental para a sobrevivência dos pequenos negócios. O Google aponta que 105 milhões de brasileiros estão conectados à internet e deste total 82% usa a internet como fonte de informação para fechar uma viagem. Logo, novos modelos de negócios virtuais aparecem como forte estratégia de fidelização do viajante. O e-commerce surge como uma forma de agregar vantagens competiti-


POLÍTICA

Sebrae Nacional Entrevista com Luiz Barretto

vas às pequenas agências de viagens que precisam se adaptar rapidamente ao mercado digital, inovando, não somente por meio do preço e canais de distribuição mais baratos, mas também por meio de produtos, tempo para comercializar e na forma de relacionamento com o viajante. No Sebrae, disponibilizamos soluções educacionais voltadas para a inclusão dos pequenos negócios no ambiente digital e apoio a projetos de startups no setor de serviços. Creio que, com a experiência destes megaeventos, os profissionais de turismo e de outras áreas da economia puderam perceber os inúmeros benefícios

gerados pelo crescimento na demanda. Creio que o conhecimento do produto e das ferramentas para uso das novas tecnologias é fundamental tanto no caso do agente de viagens como para profissionais deste setor. Cada vez mais é importante que o mercado se capacite, se qualifique para aproveitar melhor as oportunidades geradas. É preciso se atualizar constantemente e a internet facilita muito o acesso a informação. M&E - Quanto o Sebrae vem investindo em capacitação e empreendedorismo? Luiz Barretto - De olho no segmento

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de turismo, serviços e artesanato, entre outros, o Sebrae Nacional investiu este ano R$ 90 milhões em programas de capacitação e empreendedorismo do micro e pequeno empresário. Foram beneficiadas no Programa Sebrae 2014, ao todo, 43.910 micro empresas e que acabaram gerando negócios acima da marca dos R$ 500 milhões. Essa alavancagem mostrou que setores como áreas de turismo, artesanato, serviços tiveram resultados expressivos. Já o Sebrae/RJ lançou o Programa Sebrae Inteligência Setorial, portal de informações estratégicas destinado a apoiar os empresários de turismo em tomadas de decisões.


POLÍTICA Abav

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Anseditur Entrevista com Luiz Fernando Moraes

>> Na defesa dos interesses dos principais destinos turísticos nacionais, a Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes de Turismo das Capitais e Destinos Indutores (Anseditur) reconhece que é hora dos dirigentes e governantes reverem seus conceitos e buscarem a adoção de uma política estratégica capaz de elevar o setor a um patamar mais alto. Nesta entrevista ao M&E, o vice-presidente da Anseditur, Luiz Fernando Moraes, secretário de Turismo de Porto Alegre, reconhece a importância na elaboração de uma política de fomento junto aos destinos emissores. MERCADO & EVENTOS - Com o término da Copa, como o Brasil pode usar essa experiência para fortalecer o turismo? Luiz Fernando Moraes - Temos que aproveitar toda essa experiência positiva da Copa para um processo de aprendizagem em vários níveis. Passamos muito tempo errando na governança deste processo, com políticas equivocadas e até de competição entre áreas que trabalham com um mesmo objetivo. Com a Copa se percebeu a importância de um trabalho articulado para realização de grandes eventos beneficiando todo o setor e a economia, num nível de comprometimento altamente profissional. Neste quesito, o brasileiro demonstrou a capacidade de se adaptar e adotar medidas de receptivo diante de uma nova realidade, com a chegada de um grande volume de turistas estrangeiros. Creio que o grande legado foi mostrar que o país tem plenas condições de realizar megaeventos, e obter maior credibilidade para realização das Olimpíadas. Houve um aumento no padrão de atendimento mas precisamos aprimorar ainda mais esse atendimento aos estrangeiros. M&E - Em outubro haverá eleições. O que os novos governantes devem priorizar para que o setor ganhe maior representatividade? Luiz Fernando Moraes - A maior visibilidade do Brasil deve ser trabalhada por todos

na Copa. O turismo, como indústria de serviços, passou a ter uma visibilidade maior nos diversos setores da economia e da sociedade, impactando em muitas áreas e deve ser visto pelos futuros governantes como uma ferramenta capaz de contribuir efetivamente para o desenvolvimento econômico e maior integração.

aqueles que realizam ações de promoção e comercialização no exterior, possibilitando, assim, a vinda de mais turistas ao Brasil. Havia muitas dúvidas, tanto aqui como no exterior, sobre a capacidade do nosso país de receber bem turistas em megaeventos como a Copa, e isso foi superado com o sucesso do evento. Lembro que todas essas experiências acabaram se concentrando nas cidades-sede e, com isso, se permitiu aumentar e melhorar os serviços de receptivo. Muitos não acreditaram no potencial destes megaeventos e acabaram perdendo a oportunidade de fazer bons negócios

M&E - Como os profissionais de turismo devem aproveitar o conhecimento para ganhar mais nos negócios? Luiz Fernando Moraes - Creio que os profissionais de turismo devem sempre se atualizar e formatar produtos. O que observamos é que não são apenas agências, operadoras e outros segmentos que investem muito pouco para melhorar e qualificar seus produtos. Falta ao empresário e aos profissionais acreditarem neste segmento e investirem mais. Veja o caso específico de um destino como Gramado, onde mais de 90% de seus produtos e serviços são privados. Há um espírito de empreendedorismo no setor, a exemplo do que acontece em outros destinos e países. Lembro que nos Estados Unidos não existe um Ministério do Turismo. Precisamos mudar essa cultura de que toda a estratégia do turismo depende do Governo.

Mudança de estatuto para maior representatividade De acordo com Claudia Pessoa, presidente da Anseditur, a associação deve buscar ampliar seu papel em defesa do desenvolvimento dos municípios com potencial turístico. Ela lembra que a associação é uma entidade que reúne dirigentes e secretários municipais de turismo. “Nossa grande conquista são as trocas de experiências positivas de cada cidade e compartilhamento destas ideias com objetivo comum de fortalecer o turismo brasileiro. Temos tido uma ótima interlocução com o Ministério do Turismo, acompanhando e propondo programas e ações à política nacional do setor. Durante a Abav, devemos discutir a mudança de estatuto para

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que o nosso programa de ação não fique restrito apenas aos 65 destinos indutores”, revela. Claudia lembra que a Anseditur já ressalta a brasilidade, a diversidade e a riqueza das cidades em idiomas para serem distribuídos em feiras e eventos. Para ela, o turismo é um setor importante da economia e deve entrar na pauta de todo gestor. “O Nordeste é uma região de destaque no cenário nacional e tem ações de promoção específicas para o mercado exterior, como é o exemplo da BNTM, organizada pela CTI/NE”. Ela destaca também as parcerias com a Embratur para apoiar a captação e promoção de eventos internacionais no Brasil.


POLÍTICA

Bito

Abav

Brazilian Incoming Travel Organization

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Entrevista com Salvador Saladino

>> O sucesso da Copa no Brasil permitiu ao país uma demonstração de competência e hospitalidade em relação aos turistas, gerando, com isso, uma imagem positiva. Mas a comercialização do nosso destino junto aos operadores internacionais esbarra no alto custo e na comparação com outros destinos concorrentes, inviabilizando assim um crescimento do turismo internacional num ritmo mais acelerado. A constatação é do presidente da Brazilian Incoming Travel Organization (Bito), Salvador Saladino, que no próximo mês encerra sua atual gestão. Nesta entrevista, Saladino cita, entre os obstáculos para o crescimento do fluxo internacional, o alto preço das passagens aéreas, bem como de fornecedores (como a hotelaria), e a necessidade na melhoria do padrão de atendimento do nosso turismo receptivo. MERCADO & EVENTOS - Como o Brasil pode aproveitar a boa imagem gerada do país no exterior? Teremos ganhos no turismo internacional? Salvador Saladino - Não restam dúvidas de que a Copa, como evento mundial, gerou uma ótima imagem do país. Mas lembro, uma vez mais, que a Copa do Mundo foi um evento estritamente corporativo. Um evento que tinha suas normas, apoiadores e patrocinadores. Ou seja, empresas que conduziram todo o processo e, por isso mesmo, geraram pouco em resultados para o mercado. Basta observar os resultados, seja por parte dos organizadores de eventos, das operadoras, das agências de viagens. O que quero dizer é que o grande fluxo de turistas durante o evento já tinha toda uma programação específica, previamente organizada. Claro que existem casos e casos, mas no geral, o resultado para as operadoras de receptivo não se traduziu em números. Mais de 60% das operadoras em São Paulo não tiveram ganhos com a Copa. Claro que houve alguns resultados isolados.

M&E - Acredita que já é hora dos futuros governantes terem um novo olhar para essa indústria do turismo? Como incluir o setor na pauta da economia do país e tornar o país mais competitivo no cenário internacional? Salvador Saladino - Essa é a nossa esperança. Até hoje o governo não reconheceu o turismo como fator de desenvolvimento sócio-cultural. Tanto é assim que não existe ainda um plano (a curto, médio e longo prazo) sustentável que possa fazer com que o setor venha a ser contemplado e possa atuar de forma independente dos governos e dirigentes. Hoje, o quadro é pouco animador e o MTur tem um leque de atuação limitado. Mas a questão não é bem essa. O grande problema para se vender o Brasil como destino é que, apesar de estarmos nas prateleiras das operadoras, somos um país caro. Eu lembro que há um ano, criamos uma comissão para discutir esse tema. Basta você traçar uns comparativos com outros destinos, como é o caso de Cuba. Estive lá neste ano e pude comprovar que um europeu gasta, por uma semana, num belo de um resort com aéreo, cerca de US$ 1 mil. Entaõ você compara com os nossos preços e vê que estamos muito acima disso. O mesmo acontece com o nosso receptivo, que

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precisa melhorar seu padrão de atendimento e ter um maior profissionalismo, como acontece em outros países que oferecem uma infraestrutura invejável no atendimento ao turista. O preço do transporte aéreo é outra problemática. Na época da Varig tínhamos o Brasil Air Pass, que era um sucesso e permitia ao turista visitar diversas capitais do país pagando tarifas econômicas. Hoje isso já não acontece mais. Não temos sequer mais uma companhia de bandeira como era o caso da Varig, que criava todas as facilidades para promover e divulgar o país. O governo não dá subsídios para a aviação, mas o faz para outros setores da economia. Em outros países as companhias aéreas receberam ajuda nos períodos da recessão, mas aqui, não. M&E - Em relação aos agentes de viagens e operadores, qual deve ser o posicionamento destes profissionais na conjuntura atual? Salvador Saladino - Eu diria que hoje, com as novas tecnologias, vivemos novos tempos. Uma mudança que veio para ficar e que obriga aos profissionais do setor a se adaptarem rapidamente, tanto no que se refere aos novos conhecimentos, como na sua carteira de produtos. No confronto com as OTAs temos uma questão maior a refletir, que é a questão cultural. Houve um tempo em que havia produtos e serviços que atendiam ao turista que vinha ao Rio de Janeiro de modo exemplar. Só que as mudanças econômicas afetaram diretamente a qualidade dos serviços. O turista hoje em dia está em busca de diversão e entretenimento e conta com a internet como fonte de informações. Veja na Europa, o modelo de vendas buscou se atualizar e agora o turista encontra numa loja que comercializa pacotes, informações do destino e um leque de operadoras que trabalham com o mesmo. Vende quem tem melhor produto e melhor qualidade.


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Fenactur

Federação Nacional de Turismo Entrevista com Michel Tuma Ness

>> A aprovação da lei que regulamenta a atividade dos agentes de viagens e a realização da Copa do Mundo foram assuntos que movimentaram o turismo nos últimos meses. Para Michel Tuma Ness, presidente da Federação Nacional de Turismo (Fenactur), a nova Lei ajuda a separar o profissional do amador. Ao mesmo tempo, ele lamenta os artigos vetados, que fizeram com que a legislação continue a não garantir a defesa dos legítimos direitos dos agentes. Sobre a Copa, Michelão é enfático ao dizer que poderia ter sido melhor, apesar dos bons resultados e da avaliação positiva dos turistas estrangeiros em relação ao Brasil. MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Qual o papel deste profissional nesse novo cenário do turismo brasileiro? Michel Tuma Ness - A sanção da Lei resgatou a dignidade da atividade de agente de viagens. Deixamos de ser marginalizados e passamos a ser reconhecidos como profissionais de turismo. Poderíamos comemorar ainda mais se a presidente Dilma não tivesse vetado artigos que mantiveram inalterada a responsabilidade solidária das agências de viagens. Se a intenção do Legislativo era “delimitar” a atuação dos agentes de viagens, ela acabou sendo frustrada com os vetos da presidente. Estes vetos nos mostram que se faz necessária uma revisão do Código de Defesa do Consumidor. M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros? Michel Tuma Ness - A avaliação foi bastante positiva, em especial pela hospitalidade com que recebemos os turistas estrangeiros. Para o turismo, a Copa ob-

nos diferenciados níveis, os roteiros, a gastronomia e principalmente o bom e eficiente atendimento em cada uma das etapas da viagem. Se praticarmos tudo isso, tenho a certeza que as agências de turismo farão a sua parte.

teve excelentes resultados financeiros, pois tivemos hotéis e aviões com altas ocupações e o setor da gastronomia “bombando”. Apesar da Copa ter sido iniciada com canteiros de obras nos estádios, das gambiarras feitas nos aeroportos e do não cumprimento das metas de infraestrutura estabelecidas pelo Governo; o êxito do torneio foi positivo. Espero que a Copa tenha deixado, como maior legado, a reflexão e aprendizado para que erros não se repitam. M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Michel Tuma Ness - Devem fazer a lição de casa! Devem se profissionalizar e automatizar, seguindo as tendências do mercado. No momento atual, não existe espaço para amadores. Devem ser criativos. É necessário praticar excelência de serviços. Afirmo, sem medo de errar, que investir e acreditar no turismo é se preocupar com o país como um todo. Bem receber, seja o visitante interno ou estrangeiro, é cuidar para que a experiência desse viajante seja única. Desde a chegada, não importando o meio de transporte utilizado, sem contra tempo ou dissabores, passando pela hospedagem

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M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumentar a vontade dos brasileiros de viajar e consequentemente desenvolver ainda mais o mercado doméstico? Michel Tuma Ness - É visível a crescente demanda doméstica/regional por viagens, o que, sem dúvida, gerará um grande volume de negócios. Cabe às grandes operadoras criarem alternativas de pacotes com grande apelo promocional, com baixo custo e que motivem os turistas brasileiros a conhecerem o Brasil. Porém, para que isto aconteça, deve haver investimentos crescentes, tanto por parte da iniciativa privada como pelo governo, visando garantir que o desenvolvimento da infraestrutura acompanhe as novas exigências e o momento atual. Outros pontos fundamentais para incrementar o desejo de viajar pelo Brasil são os preços das diárias da hotelaria e das passagens aéreas domésticas, por vezes, mais caras do que as passagens internacionais. M&E - O prejuízo causado pela queda das viagens no período da Copa pode ser compensado, em longo prazo, com o aumento das viagens domésticas? Michel Tuma Ness - Cabe ao Governo criar alternativas que venham a facilitar o exercício das atividades dos agentes de viagens e que permitam aos mesmos o direito sagrado de receber pelos serviços prestados e que lhes possibilitem pagar e honrar seus compromissos. Caso isto não aconteça, vamos assistir ao fim do nosso negócio, com o encerramento e fechamento de agências tradicionais, fato este que já está acontecendo.


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Fornatur

Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo Entrevista com Oreni Braga

>> Responsável pela elaboração de políticas de fomento nos estados, o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur) vê de forma positiva o sucesso nas cidades-sede pela realização da Copa. Ao mesmo tempo, Oreni Braga, presidente do Fornatur, manifesta sua preocupação com as eleições nas esferas federal e estadual, já que isto representa novas políticas de Governo e, talvez, a interrupção de programas que favorecem o setor. Segundo ela, o aspecto técnico deve superar a questão política na indicação dos novos secretários de Turismo. Oreni vai além, e defende a flexibilização dos vistos, o impulso na aviação regional e a redução na carga tributária de setores essenciais para o desenvolvimento da indústria do turismo. MERCADO & EVENTOS - A partir do sucesso da Copa, como os estados podem multiplicar essa boa imagem do país e melhorar seu receptivo e infraestrutura? Oreni Braga - Acredito que a lição deixada pela Copa foi muito positiva para o turismo brasileiro, em especial para os estados. O fato de termos realizado, com competência, um evento desta magnitude, tanto no quesito receptividade como em hospitalidade, mostra que estamos no caminho certo. Claro que precisamos evoluir, principalmente na qualificação de pessoal. Em especial, para o Amazonas, nem se discute o legado que a Copa deixou porque, primeiro, a cidade de Manaus foi eleita pelas pesquisas do Ministério do Turismo como a melhor cidade-sede da Copa do Mundo, isso já é um ponto positivo, além da estrutura turística, do trabalho que os governos Federal, Estadual e Municipal fizeram. M&E - Com as eleições governamentais em outubro, qual o olhar que os novos secretários estaduais devem ter sobre a indústria do turismo? Oreni Braga - Obviamente a gente sabe

que a maioria dos secretários de Turismo do Brasil ocupa os cargos por indicação política, assim como os ministros e como qualquer outro cargo que demande responsabilidade. Existem estados que, em apenas um ano, registraram três, quatro cinco secretários. Isso é péssimo para o turismo brasileiro, porque não permite uma política de continuidade. O ideal era que houvesse uma relação de técnicos competentes, compromissados, éticos, para estarem à frente das secretarias de Turismo fazendo um trabalho a médio e longo prazo. Não se constitui e não se define um destino turístico em quatro anos, é preciso que seja, no mínimo, uma década, para começarmos a colher os frutos. Sem dúvida nenhuma, o nosso olhar é de muita preocupação, porque se não houver continuidade no trabalho daqueles secretários nos estados onde a coisa está dando certo, daremos um passo para trás. Aí, sem dúvida, o turismo será extremamente prejudicado. M&E - Como fazer para que o Brasil venha traduzir em divisas e volume de turistas o grande potencial que o país tem? Oreni Braga - Temos dois problemas para resolver. O primeiro é a questão da exigência do visto para o mercado

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americano. Um estudo que fizemos há uma década e apresentamos ao Ministério do Turismo (na época o ministro era o Walfrido dos Mares Guia) mostra que 119 países pobres e miseráveis exigem visto para os Estados Unidos, dentre eles está o Brasil, que é um país emergente. Já 89 países ricos e poderosos e que estão na linha da riqueza não existem visto para os EUA, que é o maior emissor de turistas do mundo. Então, por que vou querer reciprocidade com um país que hoje conversa com 89 países no mundo? O segundo desafio é a questão do custo Brasil. É importante que haja uma política de desoneração das taxas públicas e dos custos, que são altíssimos. É preciso que a Infraero reveja a taxa de embarque, que é a maior do mundo. É preciso que venha a ser trabalhada, também, a desoneração do querosene, do combustível da aviação, ou seja, uma série de tributos que oneram agências de viagens, hotelaria e outros setores, para que realmente essa cadeia possa criar musculatura, ter braços e fazer com que os preços possam ser atrativos e, aí sim, tornar o país mais competitivo. M&E - Como os agentes de viagens devem se posicionar diante do aumento da concorrência e das novas tecnologias para aumentar suas vendas? Oreni Braga - Fontes jornalísticas e de publicidade revelam que ainda se busca as agências de viagens não só para consultas, mas também para compras de pacotes turísticos. Obviamente que a tecnologia, em especial, a questão da compra direta nos sites, reduziu o ganho do mercado. Porém, 75% dos turistas ainda procuram orientação do agente de viagem e 50% fecha a viagem com a agência, ou seja, existe ainda um potencial muito grande para que as agências de viagens possam se verticalizar e se adaptar a esse mercado tecnológico.


TECNOLOGIA

#conectado Meios digitais têm se consolidado como a principal fonte de informações dos turistas RAFAEL MASSADAR >> A internet está presente em todas as fases de uma viagem: da pesquisa à reserva, do registro das imagens ao compartilhamento de informações. Para turistas estrangeiros e brasileiros, os meios digitais têm se consolidado, nos últimos anos, como a principal fonte de informações, de acordo com pesquisa do Ministério do Turismo (MTur). A cada hora, internautas de todo o mundo realizam 625 mil buscas no site Google sobre viagens, de acordo com dados da empresa. Segundo Leonardo Vieira e Vinicius Landucci, da área de Novos Negócios do Google, 105 milhões de brasileiros estão conectados à Internet. Deste total, cerca de 82% a utilizam como fonte de informação para fechar a viagem. “É importante que os consultores de viagens estejam atualizados em relação às ferramentas utilizadas no mercado, como, por exemplo, a própria Internet, mecanismos de busca, mídias sociais, aplicativos focados no mercado de turismo, entre outras ferramentas que possam auxiliá-lo a potencializar seu atendimento, fornecendo uma consultoria mais abrangente, com informações mais completas e apropriadas para cada perfil de cliente”, afirma o country manager da Amadeus Brasil, Mario Ponticelli. “Apesar da quantidade de informações disponíveis, o agente de viagem bem informado e adaptado a esta tendência global, continuará sempre sendo relevante no processo de compra de uma viagem”, completa o country

manager da Travelport, Luís Vargas.

Internet agregando valor

Como principais oportunidades, verifica-se que a Internet permitiu aos agentes de viagens reservar seus serviços de forma muito mais rápida, segura e econômica, pois esse profissional pode agora “visualizar” com mais facilidade o serviço que está intermediando, como um hotel ou casa de espetáculo através de suas homepages. Além disso, o agente de viagens pode se comunicar com meios de hospedagem, transportadoras, operadoras de viagens e destinos turísticos de forma mais simples e barata, através de e-mails.Outro ponto favorável propiciado pela Internet aos agentes de viagens consiste na rapidez e facilidade de informações, que estão disponíveis na rede de forma mais organizada, rápida e clara, tornado desnecessário o armazenamento nas agências de infinitos folders empoeirados, que se desatualizam e se deterioram em pouco tempo. Além disso, os GDSs puderam oferecer o acesso ao seu banco de dados pela Internet, sem a necessidade de disponibilizar seus terminais nas agências de viagens. Tal fato reduziu sensivelmente os custos de operação e manutenção de um GDS em uma agência de viagens, tornando esse produto mais acessível para essas empresas. Os custos de comunicação também reduziram-se sensivelmente nas agências de viagens através da utilização mais intensa da Internet.

OTAs x agentes

No turismo, a Internet, pela suas próprias características inerentes,

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representa uma mudança na distribuição dos produtos por meios diretos, excluindo, muitas vezes, os intermediários, como as agências de viagens, pois a Internet permite que os grandes fornecedores de turismo (operadoras internacionais, cadeias hoteleiras, destinos internacionais, empresas aéreas) comercializem diretamente seu produto ao consumidor. Um tema que vem causado polêmica. As empresas aéreas tomaram a dianteira e passam a oferecer opções de compra direta de seus produtos pela Internet. Prova disso, são os grandes portais de viagens idealizados pelas empresas aéreas americanas e europeias. Esses portais permitem ao turista comparar os preços das empresas aéreas, além de reservar serviços inerentes às agências de viagens reais e virtuais, como hotéis, locação de carros e contratação de seguros. As agências de viagens devem se adaptar ao avanço dessa nova tecnologia, transformando esse potencial concorrente em uma poderosa ferramenta de trabalho.

Redes Sociais e Aplicativos

O Ministério do Turismo do Brasil investe em suas nove mídias sociais, um meio importante de troca de informação com o cidadão e com o viajante. O MTur ultrapassou o número de 630 mil conexões, entre fãs, seguidores e assinantes. Significa que uma informação divulgada pelas redes eletrônicas do MTur atinge meio milhão de perfis de usuários, sem considerar os milhares de compartilhamentos. O número de seguidores no Instagram do Visit Brasil, por exemplo, cresceu 189% entre julho e agosto deste ano.


TECNOLOGIA Abav

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Amadeus Entrevista com Mario Ponticelli

>> Para o country manager da Amadeus Brasil, Mario Ponticelli, a mudança de comportamento do consumidor sofreu uma reviravolta após o início da Internet. De acordo com ele, as ferramentas de busca como fonte de pesquisas antes de fechar negócio, as compras online, as diversas opções de formas de pagamentos, os cuidados com fraudes e, por fim, a expansão das redes sociais, são propagadores de informações, além da recomendação de marcas e serviços. “A entrada no mercado de novos players agressivos, que possuem grande capacidade de investimento, e com plataformas altamente tecnológicas é um fator que afeta o mercado de turismo diretamente, e também seus respectivos canais, como agências, companhias aéreas, hotéis e serviços complementares.”, disse o executivo. MERCADO & EVENTOS - Um profissional que sabe usar as novas tecnologias possui um diferencial no mercado? Mario Ponticelli - É importante que os consultores de viagens estejam atualizados em relação às ferramentas utilizadas no mercado, como, por exemplo, a própria Internet, mecanismos de busca, mídias sociais, aplicativos focados no mercado de turismo, entre outras ferramentas que podem auxiliá-lo a potencializar seu atendimento, fornecendo uma consultoria mais abrangente, com informações mais completas e apropriadas para cada perfil de cliente. Com o advento da Internet, ressaltamos a importância de adicionar o fator conhecimento do consultor de viagens, pois ela os obriga a ampliarem ao máximo suas capacidades para poderem atender um cliente mais bem preparado, que já possui acesso às informações de sua viagem antecipadamente e, muitas vezes, chega a conhecer mais que o próprio consultor. O consultor de viagens precisa estar preparado, não só tecnologicamente,

mas de todas as maneiras possíveis para atender essa nova demanda de clientes. M&E - Como a Amadeus pode ajudar neste sentido? Mario Ponticelli - A Amadeus disponibiliza as ferramentas e conteúdos necessários para que os agentes se mantenham atualizados. Há dicas de mercado disponíveis nos canais sociais da empresa, consulta de estudos de mercado via website, além de cursos e treinamentos gratuitos para os clientes Amadeus via extranet (Amadeus Direct). Os conteúdos oferecidos atualmente estão relacionados com a funcionalidade do GDS, inclusive com o gerenciamento de usuários no sistema – o objetivo é permitir que os usuários otimizem o uso da ferramenta e os diferentes recursos que a Amadeus oferece. Isso é útil para o profissional de viagens, permitindo-o aconselhar os clientes da melhor forma possível, agilizar o tempo de trabalho e prestar um melhor serviço. M&E - O projeto Executivos 2.0 da Amadeus é uma dessas ferramentas? Mario Ponticelli - Trata-se de um projeto inovador, que consiste em um novo

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modelo de atendimento aos clientes Amadeus, visando transformar o modo de ação no mercado para uma venda mais consultiva. A ideia é que os executivos da Amadeus possam atuar como consultores para os clientes, de forma que os mesmos tenham uma orientação correta e personalizada em suas diferentes necessidades. Para isso, incentivamos o autoconhecimento da equipe e uma compreensão abrangente dos produtos, do perfil de cada cliente e do mercado, além de um domínio das técnicas de vendas. É preciso ouvir e entender o cliente, adquirir sua confiança, para depois identificar as necessidades e apresentar possíveis soluções. No modelo antigo, o típico vendedor orienta, de forma simples, o cliente. Já no projeto Executivo 2.0, atuando com o perfil consultivo, o executivo de Vendas entende a realidade em que o cliente está inserido: seu mercado de atuação e seus objetivos de negócios. Tudo isso é utilizado para orientá-lo de modo a identificar suas necessidades reais, oportunidades e melhorias, para, ao final, sugerir novas ideias para o negócio que contribuam para o seu crescimento. M&E - Como as funcionalidades do uso do GDS podem fomentar as vendas? Mario Ponticelli - Com o advento do GDS, a reserva passou a ser feita em tempo real. Além disso, o GDS unifica o ponto de contato das agências, principalmente com os fornecedores, possibilitando em uma única consulta, avaliar diversas possibilidades disponíveis no mercado, o que aumenta e melhora a entrega de ofertas. Pode-se oferecer reserva de assentos e serviços auxiliares na parte aérea, reserva de carros, hotéis, otimizando assim o tempo de consultor de viagens, e possibilitando a entrega de um serviço muito mais completo, rápido e personalizado para o cliente final.


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Travelport Entrevista com Luís Vargas

>> A Travelport acaba de se assumir como “a plataforma que está redefinindo o comércio de viagens”, ao afastar-se da terminologia tradicional Global Distribution System (GDS). Desta forma, a Travelport esperar definir, de forma mais precisa, o papel único que oferece hoje à indústria do turismo, o qual difere do conceito assumido há 40 anos, quando a empresa foi criada, com foco nos processos básicos de transações de viagens. “A mudança ocorreu para descrever mais precisamente o papel único que a Travelport desempenha na cadeia de distribuição mundial, na qual ela tem concentrado todos os seus investimentos ao longo dos últimos anos. A nova visão é uma mudança significativa da histórica terminologia e linguagem do GDS”, disse o country manager da Travelport, Luís Vargas. As soluções inovadoras de pagamento eNett, que permitem pagamentos eletrônicos seguros entre agências de viagens e fornecedores, e as melhorias do conteúdo oferecido na plataforma (a multinacional é a única empresa que oferece conteúdos de todas companhias áreas do Top 10 mundial), são duas das grandes evoluções registradas que refletem o crescimento sustentado da empresa. MERCADO & EVENTOS - A Internet está redefinindo o comércio de viagens para os agentes de viagem? Luís Vargas - Sim, totalmente. Entendo que o agente de viagem já se conscientizou que a Internet é um meio de consulta acessível ao consumidor final, sem falar nas redes sociais, que avaliam e compartilham experiências de viagens. Estas são fontes de informações valiosas não só para o cliente, mas também para o próprio agente, que pode prestar um serviço diferenciado e cobrar por isso. Apesar da quantidade de informações disponíveis, o agente de viagem bem informado e adaptado a esta tendência

global, continuará sempre sendo relevante no processo de compra de uma viagem. M&E - Recentemente, a Travelport divulgou uma nova visão de marca. Quais são as mudanças? Luís Vargas - A mudança ocorreu para descrever mais precisamente o papel único que a Travelport desempenha na cadeia de distribuição mundial, na qual ela tem concentrado todos os seus investimentos ao longo dos últimos anos. A nova visão é uma mudança significativa da histórica terminologia e linguagem do GDS. A nova visão da empresa foi desenvolvida para melhor corresponder ao que a Travelport oferece hoje para a indústria, diferente de 40 anos atrás, quando foi projetada por companhias aéreas e tinha como foco apenas processos básicos de transações aéreas. A nova visão, “a plataforma que está redefinindo o comércio de viagens para nossos clientes”, reflete esta evolução. M&E - E na estratégia? Também mudou alguma coisa? Luís Vargas - Como parte do relançamento de marca, a Travelport também aproveitou a oportunidade para definir mais claramente suas atividades comerciais através da renomeação de suas duas

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principais áreas operacionais que, combinadas, formam o Travelport Travel Commerce Marketplace. Primeiro, o Travel Commerce Platform, que inclui merchandising, reservas, pagamentos e gerenciamento de fluxo de trabalho, que corresponde a 95% de seu rendimento no primeiro trimestre deste ano. Segundo, o Technology Services, através do qual são fornecidos serviços cruciais de TI para companhias aéreas. A plataforma de comércio de viagem Travel Commerce Platform é dividida em dois fluxos de receita: a Air (aéreo) e a Beyond Air (além do aéreo). A Beyond Air, que inclui rendas geradas por hospedagem, publicidade e pagamentos, agora corresponde a aproximadamente 19% da receita da Travel Commerce Platform e continua a crescer em ritmo sólido. M&E - Como a Travelport vai entender as tendências que estão surgindo e adaptar o trabalho com os Global Distribution Systems e desenvolvedores? Luís Vargas - Nossa Travel Commerce Platform (originalmente conhecida como sistema de distribuição global ou “GDS”), facilita o comércio turístico conectando as principais empresas mundiais com consumidores online e offline em nosso próprio negócio Business to business (B2B). Com o crescimento da demanda da indústria turística, utilizamos nossa Travel Commerce Platform para redefinir a distribuição eletrônica e o merchandising dos produtos principais e adicionais de companhias aéreas, também ampliando nossa atuação no setor de viagens para serviço de hospedagem, aluguel de carros, trens, cruzeiros e operadores de viagem. Além disso, melhoramos nossa especialidade na área para desenvolver uma solução de pagamento pioneira B2B, que atenda às necessidades dos intermediários para efetivar transações de maneira eficiente e segura.


TURISMO LGBT

Arco-íris em ascensão Turismo LGBT cresce mais do que o dobro da média do setor RAFAEL MASSADAR >> A organização líder em estudos de mercado do turismo LGBT em termos mundiais, Out Now Global, anunciou que o segmento atingirá uma despesa superior aos US$ 200 bilhões pela primeira vez em 2014. Os Estados Unidos respondem por US$ 56,5 bilhões desses gastos, de acordo com os números, seguidos pelo Brasil, com US$ 25,3 bilhões. Já os europeus devem gastar US$ 66,1 bilhões em dólares em turismo.

de viagens voltados ao público LGBT e, principalmente, especializados em sites orientados ao público gay, que são a principal fonte de informações para os viajantes.

Neste ano, o Brasil e os Estados Unidos serão os dois países mais procurados por turistas LGBT internacionais, de acordo com a pesquisa, com previsão de que quase metade do lucro com o turismo LGBT mundial será faturado pelos dois países.

O fato é que o Brasil é o destino LGBT mais importante da América Latina, recebendo principalmente cidadãos norte-americanos, britânicos, alemães, franceses e holandeses. De acordo com o aplicativo gay Grindr, a cidade do Rio de Janeiro tem a melhor praia gay do mundo e a cidade de São Paulo tem a melhor Parada Gay do mundo. A cada ano, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo tem a participação de cerca de 3,5 milhões de pessoas, atraindo 400 mil turistas LGBTs, movimentando cerca de US$ 70 milhões.

Cerca de 26% dos visitantes de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Manaus (AM) são turistas LGBTs. O Brasil tem mais de seis mil hotéis e albergues registrados em agências

Na “Cidade Maravilhosa”, o turista LGBT gerou impacto econômico direto de R$ 461 milhões durante o Carnaval 2014, respondendo por 30,75% da receita da folia no Rio de Janeiro, apesar de serem apenas 15% do público que

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visitou a cidade no período, de acordo com pesquisa da Riotur. O levantamento foi feito pela primeira vez neste ano, e contou com a colaboração da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do município, e do Observatório de Turismo da Universidade Federal Fluminense. Enquanto o turista médio gastou R$ 198 por dia na cidade, os turistas homossexuais e bissexuais brasileiros deixaram R$ 302,10, e os estrangeiros R$ 548,82, ou seja, 270% a mais que a média do público geral. Além de consumirem mais, os LGBTs também ficaram mais dias: enquanto o turista teve permanência média de sete dias, os gays brasileiros ficaram 9,4 dias e os estrangeiros 12,4 dias.

Além do Brasil

De acordo com uma pesquisa da Out Now Consulting, realizada em 2010, os turistas LGBT da Argentina gastaram um total de US$ 4 bilhões em viagens de lazer. No México,o valor foi de US$ 8 bilhões, já no Brasil, mais de US$ 20 bilhões, o maior valor da América Latina.


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Abrat GLS Entrevista com Marta Dalla Chiesa

>> Um ranking divulgado no início deste ano pela consultoria Out Now Global, especialista em análises do mercado LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), aponta que Estados Unidos, Brasil e Japão são os maiores mercados emissores do turismo LGBT, respectivamente. O Brasil aparece como o segundo colocado, com mais de US$ 20 bilhões em gastos em turismo, superando países como França e Alemanha. Porém, parece que as agências e operadoras brasileiras ainda não se atentaram à importância do turismo LGBT. “Temos um grande déficit de operadoras envolvidas no segmento. Creio que as grandes empresas ainda não acordaram para o potencial deste segmento ou realmente não acreditam em segmentação”, afirma a presidente da Abrat GLS, Marta Dalla Chiesa. Ela diz ainda que o Ministério do Turismo (MTur) também não desenvolve ações efetivas para o setor. “Temos tido menos sucesso, mas continuamos dialogando, pois este trabalho interno de capacitações e desenvolvimento de políticas para o segmento tem que ser feito com urgência.” Em contrapartida, ela destaca o trabalho da Embratur com participações em eventos fundamentais para o segmento. MERCADO & EVENTOS - Pode-se dizer

Impacto LGBT no Carnaval do Rio Com um impacto econômico direto de R$ 461 milhões, os turistas LGBT responderam por 30,75% da receita do Rio de Janeiro com turismo no Carnaval 2014, apesar de serem apenas 15% do público que visitou a cidade, de acordo com pesquisa da Riotur. O levantamento foi feito pela primeira vez neste ano, e contou com a colaboração da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do município, e do Observatório de Turismo da Universidade Federal Fluminense.

que o público busque nossos associados na hora de viajar, pois estão melhores preparados. Temos um grande déficit de operadoras envolvidas no segmento. Parece que as grandes empresas ainda não acordaram para o potencial deste segmento ou realmente não acreditam em segmentação.

que o Brasil é de verdade um “país gay friendly”? Marta Dalla Chiesa - Temos destinos no Brasil que desenvolveram políticas públicas para a comunidade LGBT, e outros que estão buscando, através do marketing, criar esta imagem de ser um destino turístico gay friendly. Quando estas duas coisas acontecem juntas, realmente temos um destino friendly. Infelizmente, isto não está acontecendo de forma igual em todo o Brasil e em algumas partes de nosso país a homofobia ainda mata, portanto, não se pode falar que o Brasil é um destino amigável aos LGBTs. Vamos ter um país totalmente gay friendly quando tivermos estas políticas implantadas a nível federal e estes avanços políticos criarem mudanças na sociedade como um todo. Mas o turista LGBT, em geral, tem a tendência de se informar e visitar apenas destinos que o acolhe bem e, principalmente, onde se sente seguro. M&E - A Abrat GLS acredita que as agências e operadoras de viagem estão preparadas para esse segmento de turismo? Marta Dalla Chiesa - De maneira geral, não. Temos feito feiras em muitas partes do país e vejo a falta de conhecimento e a falta de preparo dos agentes de viagem. Por isso fazemos uma campanha para

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M&E - E o Ministério do Turismo (MTur) e a Embratur? Marta Dalla Chiesa - Nestes últimos dois anos fizemos ações importantes com a Embratur para colocar o Brasil no mapa do turista LGBT internacional, e isso tem dado certo. Participamos de eventos fundamentais para o segmento como o Gay & Lesbian Pavillion da ITB e também das convenções e feiras da International Gay & Lesbian Travel Association. Do lado do MTur temos tido menos sucesso, mas continuamos dialogando, pois este trabalho interno de capacitações e desenvolvimento de políticas para o segmento tem que ser feito com urgência. M&E - Algumas cidades como Viena e Las Vegas procuram, cada vez mais, os turistas LGBTs brasileiros. Isso é uma tendência? As cidades brasileiras fazem isso? Marta Dalla Chiesa- Este ano a Abrat GLS fez parceria com três grandes destinos internacionais: Las Vegas, Viena e Berlim. Estamos fechando uma parceria com a Espanha. O potencial do setor LGBT brasileiro é de ser um dos maiores mercados emissivos do mundo- somos 12 milhões de consumidores. Isto não passa despercebido por destinos que estão apostando no segmento há anos. Destinos brasileiros, infelizmente, não estão neste nível de promoção com relação ao segmento, mas existem alguns investindo, ainda que modestamente, em campanhas em revistas especializadas como a Via G. Vale salientar Pernambuco, Bahia e Santa Catarina. Os cinco destinos top no Brasil são o Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Recife e Salvador.


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IGLTA

International Gay & Lesbian Travel Association Entrevista com John Tanzella

>> Os viajantes gays estão cada vez mais importantes no radar das empresas de viagem, que têm gastado milhões para atrair esse público. Mas John Tanzella, presidente da International Gay & Lesbian Travel Association (IGLTA), alerta que nem todas elas merecem o rótulo de ‘empresa amiga dos homossexuais’. “Por exemplo, não adianta nada um hotel fazer uma campanha publicitária para o público LGBT, mas não tratar com igual respeito os seus funcionários gays”, alerta Tanzella. “Você tem que estar com a sua casa em ordem antes de começar a ir atrás desse mercado”, completa. De acordo com ele, a América Latina se destacou bastante nos últimos anos, principalmente oMéxico, Peru e Brasil. No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro são os destinos principais, mas Florianópolis tem surgido como um destino gay importante. MERCADO & EVENTOS - Qual é a importância do turismo gay para o PIB Mundial? John Tanzella - O segmento LGBT definitivamente contém um elevado número de viajantes frequentes. Estudos realizados nos Estados Unidos demonstraram que é o maior nicho de mercado em termos de gastos de viagem. Junto com a Organização Mundial do Turismo (OMT), um estudo de caso foi realizado em 2012 sobre a importância deste mercado a nível mundial e ressaltou o crescimento nos destinos e

de viagens, hotéis, companhias aéreas, empresas de cruzeiros, serviços de aluguel de carros, restaurantes e bares. As companhias que pagam para estar em nosso site devem seguir nosso código de ética, que exige que os viajantes LGBTs sejam bem acolhidos e tratados com respeito, assim como qualquer outro cliente.

empresas de turismo que estão chegando aos viajantes LGBTs. Essa tendência continuou. O boom vivido pelo turismo gay deve-se, principalmente, à aprovação de leis que reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A agência Community Marketing estima que o impacto econômico produzido por viajantes do grupo LGBT é de US$ 70 bilhões, só nos EUA. No primeiro ano em que essas leis entraram em vigor, Nova York faturou US$ 260 milhões, mais US$ 16,5 milhões em impostos que ficaram nos cofres da cidade. M&E - Como os viajantes gays podem avaliar se uma empresa ou destino turístico é receptivo ao público LGBT? John Tanzella - Você pode começar checando o nosso site, que lista tudo, agências

Parada LGBT de São Paulo A Parada LGTB de São Paulo reúne, a cada ano, milhares de pessoas na avenida Paulista. Conhecido como um dos maiores eventos da cidade, a Parada Gay vem crescendo em média 20% ao ano. Em 2013, o evento movimentou R$ 3,2 milhões. Durante todo o ano, o segmento gay injetou R$ 60 milhões na economia, segundo a estimativa da SPTuris. O Observatório de Turismo de São Paulo aponta que há 80 estabelecimentos voltados para o público LGTB, entre bares, restaurantes e casas noturnas. Às vésperas do evento, o número de pessoas nestes estabelecimentos chega a dobrar, alcançando 95 mil pessoas. Segundo a SPTuris, quase 40% do público participante é turista, sendo 2,6% de estrangeiros. Argentinos, americanos, peruanos e holandeses são os mais assíduos.

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M&E - Que empresas estão se destacando no atendimento ao público LGBT? John Tanzella - As companhias aéreas Delta e American Airlines são algumas das empresas que merecem ser destacadas, elas têm sites próprios para os viajantes LGBTse apoiam ONGs envolvidas na causa gay. As redes de hotéis de luxo Hilton, Hyatt e Kimpton também são bastante envolvidas com o nosso público. A Kimpton faz promoções especiais nos destinos que têm semanas do Orgulho Gay, e produz também informativos especiais LGBT. M&E - Quais são as recomendações para os viajantes gays que vão para o exterior? John Tanzella - Se você está indo para algum local que não é um destino turístico popular, é importante fazer uma pesquisa na internet para descobrir quais áreas desse lugar são amigáveis e seguras. Se a pessoa ou o casal tem filhos, é importantíssimo levar os documentos que comprovem parentesco ou a custódia deles. Também é importante consultar o site da Associação Internacional Gay e Lésbica (ILGA, na sigla em inglês). Lá você pode saber quais países não recebem bem o público LGBT e pior, ainda criminalizam as relações entre pessoas do mesmo sexo. Aliás, todos os viajantes, heterossexuais e gays, devem observar as leis e costumes do país que vão visitar. Quando o lugar parecer perigoso, é melhor evitar.



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