Revista Mais Médis

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N.º 10

Faz bem à Saúde.

GRANDE ENTREVISTA ANTÓNIO VILA NOVA

Presidente do Grupo Trofa

MUNDO MÉDIS

José Manuel Silva

Bastonário da Ordem dos Médicos VERÃO 2015

Islândia

Nº10

VERÃO 2015

Semestral

¤ 3.00

Semestral

Qualidade de vida num destino cool

CAMPANHA

A sua saúde merece Médis


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sumário EDITORIAL

SUMÁRIO 4

NOTAS SOLTAS Notícias e propostas para os tempos livres

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GRANDE ENTREVISTA António Vila Nova Presidente do conselho de administração do Grupo Trofa Saúde

Jeroen Meijers DIRETOR DE MARKETING

O DESPORTO FAZ BEM À SAÚDE 13 SIGHTSEEING Terras de Alcácer do Sal 16 MUNDO MÉDIS Campanha “A sua saúde merece Médis” 20 MUNDO MÉDIS Dr. José Manuel Silva Bastonário da Ordem dos Médicos em entrevista 22 GLOBETROTTERS À descoberta da Islândia 27 MUNDO MÉDIS Médis Digital mais perto de si 30 MUNDO MÉDIS Aposta na prevenção 33 MUNDO MÉDIS Faturação eletrónica 36 VIDA ANIMAL Memória de elefante 38 MUNDO MÉDIS Corrida Médis Marginal Douro 42 WEEKEND Regresso ao Douro 46 MUNDO GOURMET A carne está na moda 48 ON THE ROAD XE – A revolução Jaguar 50 ÚLTIMA PÁGINA Os 25 anos do Hubble

O ano de 2015 marca a estreia da 1.ª Edição da Corrida Médis Marginal Douro. Aconteceu em maio, com 3000 pessoas a correrem pela Médis, colorindo de azul a Marina de Gaia. Lotação esgotada, uma vista deslumbrante da beira-rio em ambiente de competição salutar entre pais, filhos, amigos, runners convictos, adeptos da modalidade e entusiastas de hábitos de vida saudáveis. Uma demonstração clara de que, cada vez mais, a Médis é reconhecida como uma marca ativa na promoção de estilos de vida saudáveis, sejam eles ligados à aquisição de conceitos básicos de saúde, a uma alimentação saudável ou à prática de exercício físico. A importância da prática de atividade física e desportiva é o principal motor de qualidade de vida em todas as idades. Por partilhar desta convicção, a Médis procura sempre contribuir para a melhoria das condições de vida e de saúde da comunidade onde se insere, desenvolvendo ações para a promoção da saúde suportadas no seu conhecimento especializado na área. “Fazer bem à Saúde” é um compromisso assumido desde 1996, numa assinatura de marca que não perde atualidade. Estes valores têm tudo que ver com este projeto editorial, que procura promover uma vida ativa e formas de prevenção na saúde, assim como uma aposta no bem-estar. Mas a revista Médis também está atenta ao mundo que a rodeia. É plural e todas as opiniões são importantes para uma seguradora que tem uma base de Clientes sólida e fidelizada, excelentes relações de parceria com prestadores de cuidados de saúde e distribuidores, uma equipa profissional, uma proposta de valor abrangente, com um portfólio de produtos vasto e competitivo. Fomos Escolha do Consumidor, Escolha do Consumidor Sénior, Marca que Marca e, pela 7.ª vez, Marca de Confiança. A campanha publicitária “A sua saúde merece Médis”, num regresso aos códigos próprios do contexto visual da saúde, traduz o que se pretende: seriedade, credibilidade e disponibilidade de uma marca presente em todos os momentos, com informação útil, no momento certo. No dia a dia, na prevenção, 24 horas por dia, 365 dias por ano, diversificando canais e serviços associados ao universo digital, reforçando laços, investindo em soluções que assegurem a proximidade e a familiaridade que queremos manter com os nossos Clientes e Parceiros, desenvolvendo estratégias de diferenciação assentes na inovação e no serviço. Temos a inspiração, temos a vontade, temos os objetivos definidos, partilhamos progressos, damos o nosso melhor. Estamos preparados para a “Corrida”. A meta é já ali.

Diretor: Teresa Thöbe. Direção Editorial: Rui Faria (ruifaria@revistas.cofina.pt). Textos: Cofina Media. Fotografia: Luís Vieira, Mariline Alves, Pedro Catarino, Pedro Ferreira, Getty Images e Cofina Media. Copy desk: Joana Ambulate. Direção de Arte e Paginação: Patrícia Santos. Produção: Cofina Media. Préimpressão: Graphexperts, Lda., Av. Infante Santo, 42 A/B, 1350-179 Lisboa. Impressão: GIO. Propriedade: Médis – Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde SA, Av. Dr. Mário Soares (Tagus Park), Edifício 10 piso 0. 2744-002 Porto Salvo. Redação: Cofina Media, Rua Luciana Stegagno. Depósito Legal: 319892/10. Registo na E.R.C. com o n.º 503 496 944. Periodicidade: Semestral. Tiragem: 9 000 exemplares. Médis — Companhia Portuguesa De Seguros De Saúde, S.A. Capital Social: 12 000 000 Euros. Contribuinte n.º 503 496 944. Sede: Av. Dr. Mário Soares (Tagus Park), Edifício 10 piso 0. 2744-002 Porto Salvo. Esta revista foi redigida em conformidade com a nova norma ortográfica para Portugal resultante do Acordo Ortográfico de 1990. A MÉDIS NÃO SUBSCREVE, NECESSARIAMENTE, AS OPINIÕES VEICULADAS NESTA REVISTA.


NOTAS soltas

New Horizons continua a explorar Plutão Lançada a 19 de janeiro de 2006, nove anos e cinco meses depois chegou perto de Plutão e recolheu 1200 imagens que impressionaram os cientistas. Foi possível observar altas montanhas com cerca de 3500 metros, e a ausência de crateras aponta para que este seja um planeta jovem (100 milhões de anos). O gelo cobre grande parte de uma superfície onde a atmosfera é composta de metano e nitrogénio. Estas são as primeiras reações a uma missão que irá prosseguir vários anos. Os próximos 16 meses serão ocupados na transmissão dos dados já recolhidos. A Cintura de Kuiper, onde se supõe que haja milhões de corpos celestes, será o desafio seguinte num programa que procura ir muito mais longe do que a órbita de Plutão.

Parlamento Europeu contra a poluição O Parlamento Europeu quer endurecer as normas que regulam a emissão de poluentes na atmosfera. A indústria, os transportes e a agricultura estão na mira dos legisladores que, além das condicionantes ao CO2, querem restringir as emissões de metano e partículas, numa altura em que também se fala do mercúrio, um metal tóxico para o sistema cardiovascular e para o cérebro. Segundo os estudos que circulam no Parlamento, a melhoria da qualidade do ar permitirá evitar cerca de 75 mortes anuais na União Europeia.

JAMES BOND REGRESSA EM OUTUBRO Spectre, o novo filme da saga James Bond, tem estreia agendada para o dia 23 de outubro. Daniel Craig volta a ser o protagonista e Sam Mendes o diretor de um trabalho que está orçamentado em 153 milhões de euros. John Logan, Neal Purvis e Robert Wade escreveram um argumento em que o passado se cruza com o presente do agente ao serviço de Sua Majestade, um cenário em que os serviços secretos britânicos procuram ultrapassar pressões políticas que condicionam a sua ação. 4 VERÃO 2015

O Citroën DS foi apresentado em 1955 e impressionou meio mundo com o arrojo da forma. Muitos dos designers atuais já admitiram que o DS é o automóvel que gostariam de ter desenhado, mas não se sabe exatamente quem o fez. O trabalho é atribuído ao coletivo dos designers que trabalhavam na Citroën. “DS”, que em francês se lê “déesse” e significa deusa, volta a estar em foco este ano. Os franceses decidiram criar uma nova marca que irá coexistir com a Citroën, apostando na realização de modelos topo de gama.

Fotografia: Getty Images.

Deusa francesa está de volta


Refúgio no Douro Ébola e desflorestação ameaçam gorilas O alarme é lançado pelo World Wide Fund (WWF) e pelas Nações Unidas: até 2030 apenas restará 10 por cento do habitat dos gorilas e a sobrevivência deste grande primata está, mais do que nunca, em risco. Nos últimos 65 anos, o número de gorilas foi reduzido em 80 por cento e estima-se que a população que habita as altas montanhas cobertas pela floresta tropical entre a Nigéria e os Camarões conte apenas com 250 a 300 indivíduos. A desflorestação e o ébola estão na origem desta situação.

A Quinta do Vallado faz parte da história do Douro. Foi uma das propriedades de Dona Antónia Adelaide Ferreira (a Ferreirinha) e ainda hoje está ligada à família e à produção de vinhos. Para aumentar a sua capacidade, foi adquirida a Quinta do Orgal em Castelo Melhor – Vila Nova de Foz Coa, no Douro Superior. Foi aí que nasceu a Casa do Rio, com apenas seis quartos que partilham uma vista privilegiada sobre o rio. É uma extensão do Wine Hotel da Quinta do Vallado e foi inaugurada recentemente. http://www.quintadovallado.com/winehotel/366/casa-do-rio/pt/

Efeitos de Luz no Museu do Chiado Adriano de Sousa Lopes (1879-1944) foi um dos primeiros artistas portugueses a adotar práticas impressionistas. Sucedeu a Columbano como diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea, cargo que ocupou entre 1929 e 1944. Preocupou-se com a ampliação e com uma política de aquisições. Agora, a sua obra é evocada numa exposição que o Museu do Chiado tem patente até ao dia 11 de novembro.

Shakespeare no Teatro Nacional D. Maria II

Ricardo III é um drama histórico em cinco atos escrito por William Shakespeare. A peça narra as intrigas que deram origem à subida ao trono do Duque de Gloucester e ao seu curto reinado. Serve de mote para o encenador Tónan Quito retomar o seu discurso sobre o exercício do poder, depois de ter recentemente dirigido Um Inimigo do Povo, uma peça de Ibsen com uma forte carga política. Nesta nova produção com estreia agendada para o dia 15 de outubro, o encenador conta com atores como Paulo Pinto, António Fonseca, Márcia Breia e Miguel Loureiro. VERÃO 2015 5


GRANDE entrevista

ANTÓNIO VILA NOVA (GRUPO TROFA SAÚDE)

“TEMOS UMA VISÃO DE FUTURO” Com oito unidades hospitalares na região Norte do País, o Grupo Trofa Saúde é hoje um operador de referência, numa história que começou em 1999, e prepara-se para alargar a sua área de mercado, tanto a nível nacional como internacional. António Vila Nova, presidente do Conselho de Administração, que assumiu a liderança há cinco anos, falou-nos dos grandes desafios que se avizinham.

“Construímos relações de confiança”, o lema do Grupo Trofa Saúde, que nasceu há 16 anos naquela cidade nortenha e não parou de crescer, ganhou um novo fôlego em 2010, com a restruturação e a chegada de António Vila Nova. O novo timoneiro colocou em marcha uma estratégia de crescimento que vai levar a empresa a ultrapassar as suas fronteiras regionais e mesmo nacionais, mas não só. Há uma aposta declarada na prevenção – “tratamos da saúde das pessoas e não apenas da doença”, acentua o presidente do Conselho de Administração – e em projeto avançado está ainda um centro oncológico para responder às necessidades crescentes e complexas deste tipo de doentes. Mas não ficam por aí as novidades… Como se pode caracterizar, hoje, o Grupo Trofa Saúde, no panorama do setor em Portugal? O Grupo Trofa Saúde (GTS) neste momento tem uma grande responsabilidade no panorama nacional. É o quarto maior operador de saúde e um dos pioneiros na hospitalização privada em Portugal. A história do GTS, que se inicia com o Hospital Privado da Trofa, acaba por estar na génese da saúde privada em Portugal. Nos anos 40 ou 50, nasceu um hospital concorrente para servir os funcionários da CUF, e depois, nos anos 90, surgiram os primeiros hospitais privados, entre os quais se inclui o Hospital Privado da Trofa. Este hospital foi uma iniciativa do meu irmão mais velho, José Vila Nova, que é médico. Identificou uma oportunidade e teve uma visão do que seria o futuro da saúde privada em Portugal, a exemplo do que estava a acontecer em outros países. De facto, a saúde privada em Portugal era uma oportunidade e também uma necessidade para as pessoas que careciam de alternativas, de uma segunda escolha, de poder decidir qual o médico que pretendiam consultar, ao invés de serem apenas guiadas pelo Serviço Nacional de Saúde. Na altura, já existiam clínicas privadas, mas enquanto organização hospitalar eram praticamente inexistentes. Era algo inovador. Os seguros de saúde e as organizações como a ADSE estavam a surgir e iriam necessitar de alternativas para os seus segurados e beneficiários. Por isso, a Trofa Saúde tem um papel-chave na saúde em Portugal e é uma referência no setor. Tenho a responsabilidade de dar continuidade a este trabalho e sinto inclusive esta necessidade. 6 VERÃO 2015

Vale a pena mais do que nunca, em termos empresariais, apostar na área da saúde? Penso que sim, é um setor importante e a saúde é um bem muito importante. Para os empresários e negócios que querem ter sucesso, o primeiro objetivo não é o lucro, mas sim servir os Clientes. No caso da saúde, os Clientes são pessoas que precisam do nosso apoio e ajuda. A população vai envelhecendo, e no futuro, segundo dados estatísticos, um em cada três europeus vai ter uma doença grave, como o cancro. Com o envelhecimento da população e com esta previsão, as necessidades passarão a ser maiores. Apostar nesta necessidade futura é apostar num negócio com futuro e dar resposta a esta necessidade é algo que faz todo o sentido e pode gerar resultados para os investidores e empresas. Como analisa, ou antecipa, o futuro do financiamento da saúde? Na atualidade, o financiamento da saúde é, fundamentalmente, através do Estado. O Orçamento do Estado financia a saúde e tem esta responsabilidade, como está consagrado na Constituição, pois todo o cidadão tem direito a cuidados de saúde e todos nós temos de contribuir para que isso seja uma realidade e todos tenham acesso à saúde. Aliás, este é o principal objetivo do Serviço Nacional de Saúde, no qual ainda assenta muito o nosso sistema. O surgimento da iniciativa privada como complemento ao Serviço Nacional de Saúde assume cada vez mais responsabilidade e começa a ter um papel, nomeadamente no financiamento, muito importante. As pessoas percebem que o Orçamento do Estado é escasso e tem tendência a diminuir, mas as suas necessidades aumentam, devido ao envelhecimento, e exigem mais acompanhamento. Como existem dúvidas do que vai acontecer no futuro, cada vez mais procuram, de forma diferenciada, alternativas de cuidados de saúde e optam pelos seguros de saúde, entre outros, como sucede com o contributo de algumas empresas. Isso permite, de alguma forma, aliviar o Orçamento do Estado. Portanto, eu diria que o financiamento dos privados acaba por representar um financiamento alternativo ao Orçamento do Estado, e esta é uma tendência. Qual a relevância do setor privado nesta área? O setor privado surge como uma tendência, algo que é necessário, uma segunda escolha, permitindo às pessoas ter uma alternativa.


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GRANDE entrevista

AS OITO UNIDADES DO GRUPO TROFA SAÚDE Hospital Privado da Trofa 100 camas de internamento 3 salas de operações 3 salas de bloco de partos 46 consultórios de consulta externa Urgência: adultos e pediátrica Radiologia: RX, ecografia, mamografia, ressonância magnética, TAC, telerradiografia, densitometria, ortopantomografia e radiologia de intervenção. Análises clínicas e anatomia patológica Serviço de fisioterapia com piscina terapêutica

Hospital de Dia de Famalicão 2 salas de cirurgia de ambulatório 20 consultórios de consulta externa Serviço de atendimento urgente: adultos e pediátrica Radiologia: RX, ecografia, mamografia, TAC, telerradiografia, ortopantomografia e radiologia convencional. Análises clínicas e anatomia patológica Serviço de fisioterapia

Hospital Privado da Boa Nova 75 camas de internamento 4 salas de operações 3 salas de bloco de partos e uma banheira de partos na água 67 consultórios de consulta externa Unidade de hemodinâmica Urgência: adultos e pediátrica Radiologia: RX, ecografia, mamografia, ressonância magnética, TAC, telerradiografia, densitometria, ortopantomografia e radiologia de intervenção. Análises clínicas e anatomia patológica Área de exames especiais e endoscopia Serviço de fisioterapia

Hospital Privado de Braga 74 camas de internamento 5 salas de operações e cirurgia de ambulatório 2 salas de bloco de partos 62 consultórios de consulta externa Urgência: adultos e pediátrica Radiologia: RX, ecografia, mamografia, ressonância magnética, TAC, telerradiografia, densitometria, ortopantomografia e radiologia de intervenção. Serviço de análises clínicas e anatomia patológica Área de exames especiais e endoscopia Serviço de fisioterapia com piscina terapêutica

Hospital de Dia da Maia 26 consultórios de consulta externa Serviço de atendimento urgente: adultos e pediátrica Radiologia: RX, ecografia, mamografia, TAC, telerradiologia, densitometria e ortopantomografia e radiologia convencional. Área de exames especiais e endoscopia Análises clínicas e anatomia patológica Serviço de fisioterapia

Hospital Privado de Alfena 97 camas de internamento 6 salas de operações e cirurgia de ambulatório 4 salas de bloco de parto 55 consultórios de consulta externa Urgência: adultos e pediátrica Radiologia: RX, ecografia, mamografia, ressonância magnética, TAC, densitometria, ortopantomografia e radiologia de intervenção. Área de exames especiais e endoscopia Análises clínicas e anatomia patológica Serviço de fisioterapia com piscina terapêutica

Hospital Privado de Gaia 102 camas de internamento 4 salas operações 3 salas de bloco de partos 73 consultórios de consulta externa Urgência: adultos e pediátrica Radiologia: RX, ecografia, mamografia de aquisição digital direta com estereotaxia, ressonância magnética 3 Tesla, TAC 128 Cortes, telerradiologia, ecodoppler, densitometria, ortopantomografia e radiologia de intervenção. Área de exames especiais e endoscopia Análises clínicas e anatomia patológica Serviço de fisioterapia

Hospital Privado de Braga Centro 100 camas de internamento 2 salas de operações 50 consultórios de consulta externa Serviço de atendimento urgente: adultos e pediátrica Radiologia:RX, ecografia, mamografia, ressonância magnética, TAC, telerradiologia, densitometria, ortopantomografia e radiologia de intervenção. Análises clínicas e anatomia patológica Serviço de fisioterapia

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“O Grupo Trofa Saúde neste momento tem uma responsabilidade muito grande no panorama nacional, em termos de ranking é o quarto maior operador em Portugal e na sua história acaba por ser um dos pioneiros na hospitalização privada.” À medida que foi crescendo e que se foi organizando, e isto é mais evidente a partir do ano de 2000 quando surgiram, verdadeiramente, vários grupos organizados em regime hospitalar, começaram a ser, de facto, uma alternativa ao Serviço Nacional de Saúde. É assim que passam a ter um papel-chave, e com um peso importante, na responsabilidade dos cuidados de saúde em Portugal. A evolução é no sentido de desenvolver hospitais cada vez mais complexos e estamos a trabalhar nesta direção, assumindo um papel fundamental na prestação de cuidados de saúde. Como encara o Grupo Trofa Saúde as parcerias público-privadas? As parcerias público-privadas são uma iniciativa dos governos que, de alguma forma, enquadram no Serviço Nacional de Saúde alguma gestão privada. No meu entender, a gestão privada tem maior flexibilidade. Não que os gestores públicos façam mal o seu trabalho porque há bons gestores públicos e bons gestores privados. As regras do Serviço Nacional de Saúde é que são mais difíceis de ultrapassar e limitam, muitas vezes, os gestores públicos, que acabam por se debater com maiores dificuldades, nomeadamente na área dos recursos humanos, para fazer alterações, por pequenas que sejam. A gestão privada permite uma maior flexibilidade, o que gera maior eficiência, permitindo melhores resultados a nível de custos. Neste contexto, encaro as parcerias público-privadas como algo de positivo que alivia o custo da saúde para o Estado, contribuindo com essa maior flexibilidade para a diminuição do custo da saúde, mas com a mesma qualidade nos cuidados prestados. Considera a concentração da prestação de saúde em grandes unidades/grupos uma ameaça ou uma oportunidade?


O setor da saúde tem de ter sempre uma componente de organização, de equipa e de escala. Tudo o que for muito segmentado e não organizado pode não ser suficiente para prestar um bom cuidado de saúde. Daí a necessidade de, cada vez mais, trabalhar a prevenção. Aliás o futuro passa pela prevenção! Até diria que o Serviço Nacional de Saúde não está a valorizar convenientemente esta área, mas se nós o fizermos, tanto na prevenção como no diagnóstico, evitando situações mais complexas, estaremos a tratar da saúde das pessoas e não da doença. O investimento na prevenção, bem como o investimento no tratamento de doenças mais complexas, em consequência das pessoas durarem mais tempo, tendo outro tipo de necessidades, obriga a que haja uma organização hospitalar que acompanhe o indivíduo ao longo da sua vida. Inicia com a prevenção e prossegue, satisfazendo as necessidades decorrentes das dificuldades do envelhecimento, além de proporcionar ajuda no tratamento de doenças mais complexas. Isso só é possível se existir uma grande organização, uma grande capacidade de investimento em inovação, um grande investimento em equipas médicas capazes de fazerem investigação e acompanhar essas duas vertentes. Assim, é possível tornar a saúde num peso menor, mais capaz e mais competitiva para ajudar as pessoas. Qual é a unidade hospitalar mais avançada, em termos tecnológicos, do Grupo Trofa Saúde? O Hospital Privado de Gaia, a última unidade que o grupo inaugurou e ainda se encontra em fase de desenvolvimento. Abriu a 12 de janeiro, mas dentro de dois anos já estará totalmente equipado, com as suas equipas técnicas e médicas constituídas, para dar maior resposta e maior qualidade ao grupo. O que marca hoje, no setor privado, a diferença na prestação de serviços de saúde e em que se distingue, nesse capítulo, o Grupo Trofa Saúde? Temos uma visão de futuro, inclusive de um futuro próximo. Os prestadores de cuidados de saúde, pela sua lógica,vivem da doença, uma vez que as pessoas quando têm uma necessidade de saúde recorrem às nossas equipas médicas, aos nossos hospitais. No fundo, vivemos de quando as pessoas estão doentes, mas tem de haver uma visão mais próxima daquilo que é a organização dos seguros de saúde, daquilo que é a organização das convenções. Tem de haver uma aposta maior na prevenção e é nisso que esta organização hospitalar, que no fundo também faz parte do Serviço Nacional de Saúde, embora numa iniciativa privada mais flexível, capaz e

UMA REDE DE CLÍNICAS MAIS PERTO DAS PESSOAS Para António Vila Nova, a prevenção nos cuidados de saúde vai merecer uma atenção especial do Grupo Trofa Saúde, daí o lançamento, a curto prazo, de clínicas em todos os concelhos da região Norte. “Há que olhar para a saúde em termos de futuro e apostar fortemente em áreas de diferenciação, como a oncologia, entre outras, como já referi, mas não só. O Hospital Privado de Gaia, o Hospital Privado de Alfena e o Hospital Privado de Braga, tanto o que já está em funcionamento como o que vai arrancar, são três unidades da zona Norte em que apostámos na última tecnologia para dar cada vez mais uma resposta à complexidade de algumas doenças. Estamos a implementar a prevenção e esta passa pela proximidade, daí a organização de uma rede de clínicas do Grupo Trofa Saúde, com ambulatório, em todos os concelhos do Norte do País, para trabalhar com a maior eficácia possível na prevenção, ao mesmo tempo que implementamos, nos hospitais, a diferenciação. Ainda em 2015 iremos abrir algumas clínicas, o que continuará a suceder nos anos seguintes.”

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GRANDE entrevista reativa, tem de apostar, acompanhando as pessoas desde o seu nascimento (ou antes) até ao fim dos seus dias de vida. Há que acompanhá-las, prevenindo sempre o que pode vir a acontecer, evitando ao máximo que se chegue tarde a qualquer situação e depois venha o drama e os custos extraordinários. Todos os grupos hospitalares privados que estão agora a assumir a sua maturidade já estarão capacitados e têm dimensão, organização, conhecimento e equipas médico-científicas que lhes permitem atuar desde a prevenção ao tratamento mais complexo. É nestas áreas que os grandes grupos se vão distinguir no futuro e nesse capítulo o Grupo Trofa Saúde tem de apostar e tentar ser pioneiro. Pioneiro na prevenção e pioneiro no tratamento de áreas diferenciadas. Qual o plano estratégico do Grupo Trofa Saúde para os próximos 10 anos, designadamente em termos de expansão? Vai manter-se a Norte do País? Está prevista a abertura de novas unidades? A estratégia de crescimento do Grupo está relacionada com a nossa história. Como lhe disse, na génese do Grupo está uma iniciativa do meu irmão mais velho, o Dr. José Vila Nova, que considero uma pessoa visionária, pois cedo viu a oportunidade de contribuir, como médico, para o desenvolvimento da saúde em Portugal. Nos anos 90 abriu o Hospital da Trofa, e quando tudo é novo, num mercado novo que se está a organizar, é tudo muito mais difícil. As pessoas têm muitas opiniões, algumas divergentes, e há dificuldades acrescidas. Os seguros de saúde e a hospitalização privada apareceram, e entre 2000 a 2010 cresceu a hospitalização privada em Portugal. A crise de 2008, que nada tem a ver com a saúde, colocou a nu muitas coisas na economia mundial, nomeadamente na portuguesa, como se sabe. E trouxe dificuldades acrescidas ao setor da saúde

CENTRO ONCOLÓGICO VAI NASCER EM ALFENA NO PRÓXIMO ANO Um dos novos projetos do Grupo Trofa Saúde, já em andamento, será um centro oncológico, a construir em Alfena, nos terrenos contíguos ao seu hospital, com inauguração prevista para 2017. “Neste momento, temos uma referência importante em Portugal, a Fundação Champalimaud, no tratamento e na investigação de doenças oncológicas. Contudo, pretendemos desenvolver um centro oncológico, porque percebemos, face à estatística – um em cada três europeus terá uma doença oncológica –, que é uma necessidade em termos de futuro. As pessoas que temos a responsabilidade de acompanhar, e neste momento já são milhares, vão precisar de nós, cada vez mais, nesta área da saúde. Por isso, é na diferenciação e na prevenção que o Grupo Trofa Saúde tem de apostar e ser pioneiro.” Quanto ao timing, António Vila Nova fez questão de explicar: “Ao contrário do que sucede noutros setores de negócio, em que consigo planear com exatidão as diversas fases do desenvolvimento de um projeto, na área da saúde existem dificuldades que têm que ver com licenciamentos, como sucede, por exemplo, em relação às autorizações prévias de radioterapia. Trata-se de passos complexos e que demoram o seu tempo, impedindo-nos, muitas vezes, de fixar datas para a abertura. Contudo, planeamos construir a estrutura do centro oncológico durante 2016 e abrir portas no final desse ano ou no início de 2017.”

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e a todo o setor privado, às quais não escapou o Grupo Trofa Saúde que, nessa altura, tinha compromissos de grande expansão a nível nacional e alguns mesmo internacionais. Com um peso de dívida significativo, que é uma das características deste negócio, de capital intensivo e de grande investimento, com retorno a muito longo prazo, essa crise apanhou o Grupo numa fase de crescimento, que seria passar do Hospital da Trofa para um conjunto de hospitais, meia dúzia, num investimento de centenas de milhões de euros. Face às dificuldades resultantes dessa crise, houve que reorganizar e restruturar o grupo, que é quando eu, em 2010, passo a integrar a atual administração, com o objetivo de dar continuidade ao projeto, não à escala que estava dimensionada, mas sim numa escala de eficiência. Já tivemos um hospital em Lisboa, abrimos um no Algarve, tínhamos compromissos internacionais e ramificações para outras áreas resultantes da saúde, como a geriatria, entre outras, só que foi necessário fazer um pouco de marcha atrás, reorganizar-nos a Norte e abrir estes hospitais a Norte, fortalecendo-nos com um projeto de 2010-2015. Todos os objetivos a que nos propusemos de reorganização e de restruturação do Grupo foram alcançados. Foi aliás possível antecipar este plano um ano, e em 2014, passámos a ser um grupo sólido, o maior privado a Norte, mas sem presença em todo o país. Agora, já estamos a trabalhar no plano 2015-2020, e este plano, dado que somos um Grupo saudável e com grande responsabilidade, tem várias vertentes no sentido de expansão que interligam com a estratégia. Um dos objetivos da expansão é passar a ser um Grupo nacional, e por isso estamos a trabalhar em vários projetos, nomeadamente na área de Lisboa, que irão resultar, acreditamos, na abertura em 2018 dos primeiros hospitais em Lisboa, idênticos aos que temos na região Norte. Como caracteriza a relação do Grupo Trofa Saúde com a Médis? É uma boa relação, de fornecedor-cliente. A Médis é uma das grandes seguradoras a operar em Portugal, portanto, tem uma responsabilidade de financiamento, de organização e de cuidar da saúde de muitos portugueses. A nossa parceria funciona muito bem. A Médis tem o seu papel de


HOSPITAL EM LUANDA QUE SERÁ UMA REFERÊNCIA NOS PAÍSES AFRICANOS DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA A internacionalização está nos planos do Grupo Trofa Saúde, designadamente para os países lusófonos, com a abertura, no prazo de três anos, de um hospital privado em Luanda, dotado da mais moderna tecnologia. “Caso se concretize o projeto para Angola, deste resultará uma rede hospitalar, primeiro com uma unidade de grande dimensão e diferenciação que pretendemos que venha a ser uma referência nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. O Grupo Trofa Saúde pretende assim exportar o seu conhecimento e a sua experiência em saúde para Angola, dada a sua centralidade em relação a Moçambique ou à Guiné-Bissau, e em virtude das necessidades do país e de uma cidade como Luanda. Neste sentido, estamos a trabalhar com as autoridades oficiais, nomeadamente para a construção desse hospital que prevemos abrir em 2018/2019. A nível de expansão internacional, é o que estamos a delinear. Contudo, o plano de expansão, tanto nacional como internacional, apenas será visível a partir de 2018, pois daqui até lá há muito a fazer em termos de projetos, construção, constituição de equipas e de organização interna de toda a estrutura, trabalho este que não tem um espelho exterior percetível.”

segurador da ‘não-doença’, das pessoas saudáveis, no sentido de evitar as doenças. Há sinergias entre nós e os nossos Clientes, neste caso a Médis, que podemos desenvolver para prevenir mais, para que o financiamento não seja tão esforçado e, por outro lado, também nos permite garantir uma elevada qualidade de serviços. Na conjuntura atual é indispensável, para quem está na área da saúde, ter parcerias com as seguradoras? É fundamental. A organização da saúde privada está desenhada nesse sentido. Normalmente, as pessoas não tratam de forma direta ou particular com os grupos hospitalares, porque os cuidados de saúde não são baratos e tem de haver um sistema de apoio quando têm necessidade. Por isso, a relação individual com o hospital prestador é feita através de uma companhia de seguros ou de um subsistema. É este modelo de organização que faz sentido, até porque a companhia de seguros consegue ter uma rede prestadora, negociando preços mais competitivos, agrupando o prémio dessas pessoas e garantindo uma maior qualidade e cobertura. Em 2014, o Grupo Trofa Saúde foi considerado marca de eleição dos consumidores de “Hospitais Privados” do Grande Porto e zona Norte, numa iniciativa designada “Marcas Premiadas por Escolha do Consumidor”. Foi uma espécie de cereja no topo do bolo? Na saúde, a qualidade e a confiança são fundamentais. Além dos aspetos técnicos dos equipamentos ou das equipas diferenciadas, é crucial transmitir estes dois atributos. Não podemos andar à procura de um selo de qualidade, mas a saúde tem um padrão de confiança muito elevado e as organizações têm de prestar serviços de qualidade. A saúde é algo de muito importante, por isso a qualidade médica e de organização

têm de estar sempre presentes. Quando recebemos um prémio relativo aos serviços prestados é sinal de que estamos no bom caminho e as pessoas reconhecem esse valor. Aliás, os resultados e o crescimento do Grupo Trofa Saúde são já por si um prémio dessa qualidade, pois as pessoas acreditam em nós e voltam cá. Alternativas há sempre, é um mercado concorrencial, e portanto, se não tivermos qualidade não faz sentido o que estamos a construir. Em relação ao futuro, como é que imagina a prestação de serviços de saúde em Portugal? Com as restrições orçamentais que se verificam, a vida não está fácil e o futuro não será cor-de-rosa. As pensões e as reformas estão comprometidas. Portanto, necessariamente também os cuidados de saúde estão limitados. Os constrangimentos económicos e financeiros fazem com que o Serviço Nacional de Saúde, que deve ser mantido e desenvolvido com o apoio de todos, tenha cada vez mais limitações para investir em equipamento, na formação, no desenvolvimento. A dificuldade de uns é, frequentemente, a oportunidade de outros, e neste caso, falo dos privados. Não se trata da oportunidade de fazer negócio a qualquer custo, nada disso, porque enquanto cidadãos e utilizadores precisamos sempre de crescer e de evoluir. Se o Estado num determinado momento não consegue fazer esse investimento e acompanhamento, os privados, com a sua iniciativa e flexibilidade, acabam por substituir parte dessa responsabilidade e ter aí uma oportunidade. No futuro, vejo o Serviço Nacional de Saúde com grande responsabilidade e o Estado muito mais regulador e a dar, cada vez mais, liberdade de escolha aos cidadãos. Nessas circunstâncias, antevejo um setor privado a crescer e a ocupar um espaço relevante e de

A saúde tem um padrão de confiança muito elevado e as organizações têm de prestar serviços de qualidade. A saúde é algo de muito importante, por isso a qualidade médica, de organização, tem de estar sempre presente. Quando recebemos um prémio relativo aos serviços prestados é sinal de que estamos no bom caminho

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GRANDE entrevista

“Outro aspeto relevante é que a tecnologia se desenvolve a uma velocidade estonteante e a saúde é já outra saúde, que não se compadece apenas com a proximidade física e estrutural, pois, tem um investimento em tecnologia.”

maior responsabilidade na saúde em Portugal. É nessa evolução que eu acredito e na qual estamos a apostar. O Estado tem sido um parceiro cooperante nesta caminhada do Grupo Trofa Saúde? Sim, penso que o Estado ocupa o seu papel, fundamentalmente, de regulação e creio que a sua função principal será essa e a de garantir a prestação de cuidados de saúde aos portugueses. Claro que possui uma máquina que é o Serviço Nacional de Saúde, cujo funcionamento tem de assegurar, além de ser responsável pela sua gestão. Quanto a mim, é um regulador com grande capacidade, um prestador e não um concorrente dos operadores privados que podem continuar a crescer. Por isso, vejo o Estado não como o gestor do Serviço Nacional de Saúde, mas como gestor do Sistema Nacional de Saúde no qual se incluem também os privados, com um papel que vai sendo cada vez mais relevante e, com naturalidade, se vai desenvolvendo. Qual deveria ser, na sua opinião, o papel do Estado na área da Saúde? Acima de tudo, a principal responsabilidade do Estado é garantir cuidados de saúde e que estes sejam de qualidade. Quando a iniciativa privada tiver espaço para ajudar a cumprir com este papel, deve permitir que tal aconteça. Mas quando entender que, em determinadas áreas, deve ser o Estado, como prestador, a fazê-lo, deve fazer com que assim seja. Contudo, o principal papel será como regulador e como garante da prestação de serviços de saúde a todos os portugueses. Até onde pretende chegar, daqui para a frente, o Grupo Trofa Saúde? Queremos ser um grupo que se distinga pela qualidade e pela diferenciação na prestação de serviços de saúde de qualidade. Assim, visiono um grupo que vai crescer, ser líder na zona Norte, ser uma das principais referências nacionais e também uma referência a nível internacional, principalmente entre a comunidade lusófona. Frequentemente, em conversa com o meu irmão, José Vila Nova, procuro imaginar como será a saúde daqui a 10 ou 20 anos. Na próxima década, acredito que em Portugal e na Europa, nomeadamente nos países mais desenvolvidos, se consiga, com a longevidade das pessoas, dar resposta a doenças cada vez mais complexas, por um lado, mas que fundamentalmente incida na deteção prematura dos problemas de saúde, de modo a permitir uma maior qualidade de 12 VERÃO 2015

vida. Para já, a saúde ainda assenta em estruturas físicas, hospitais centrais e clínicas de proximidade, com ambulatório e rede de referenciação, como estamos a montar para melhorar a qualidade do serviço prestado aos nossos Clientes. No entanto, no futuro vão querer aceder à saúde a partir da sua casa. Há aliás um vídeo que circula na Internet em que se vê um casal, cuja esposa, grávida, usa o seu telemóvel como ecógrafo, online com o médico assistente que acompanha essa família, em que este lhe diz que o bebé está bem, entre outros detalhes do seu estado de saúde. Ou seja, tudo acontece muito cedo e na grande comunidade individual de cada um porque a tecnologia nos leva para lá. Outro aspeto relevante é que a tecnologia se desenvolve a uma velocidade estonteante e a saúde é já outra saúde, que não se compadece apenas com a proximidade física e estrutural, pois, tem um investimento em tecnologia. O meu filho, que tem agora 17 anos, se quiser fazer negócios terá de ter, no futuro, uma visão completamente diferente da nossa, porque tudo acontece muito rápido. Imagine todos os médicos do Grupo Trofa Saúde, de Portugal e do mundo, a armazenar, cada vez que fazem um diagnóstico, as informações numa central informática específica, bem como todos os pormenores relativos ao tratamento do doente e respetivos resultados. No futuro, o doente poderá informar o médico que estará no seu consultório, ou eventualmente à distância, de quais os seus sintomas, e ele, através do sistema, receberá sugestões, face aos dados disponíveis, do tratamento a prescrever, decidindo depois o que fazer. No tempo dos nossos avós, o médico apalpava o doente para diagnosticar. Portanto, a evolução vai ser muito grande, a uma velocidade elevadíssima, e por muito inteligente que seja o médico, se não se conseguir ligar a essa rede de informação tão detalhada, provavelmente não será o melhor médico para acompanhar o doente. Ainda estamos numa fase muito física, mas diria que no prazo de 10 a 15 anos o tratamento da saúde vai ser muito diferente. Haverá necessidade de ir na mesma aos hospitais, porque haverá intervenção, mas vai ser muito mais virtual, muito mais preventiva. Acho que é essa preparação que temos de fazer, designadamente investir em formação, em tecnologia, em organização. Em suma, teremos por um lado de garantir o dia a dia, mas por outro, investir no futuro para que esse futuro vá chegando e o Grupo Trofa Saúde esteja sempre um passo à frente.


sight SEEING

ALCテ,ER DO SAL

parece esquecida no tempo com as sombras do seu casario branco de cal espelhando nas テ。guas do Sado. Nas suas ruas e vielas respira-se tranquilidade, que contrasta com o bulテュcio de um passado feito de riqueza Por Rui Faria

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SIGHT seeing

“O PASSEIO NUM SAVEIRO É UMA DAS MELHORES FORMAS DE OLHAR A CIDADE, ONDE O CASTELO SE DESTACA ALTIVO NA

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rio deu origem à cidade ou a cidade cresceu graças ao rio?... Por mais pertinente que seja a pergunta, a resposta é inequívoca: o Sado fez a riqueza de Alcácer do Sal, sendo uma “estrada” fluvial que chegava a Setúbal e a cidade rentabilizou o potencial que estava nas suas raízes. No rio cruzavam-se civilizações e, num passado mais recente, os saveiros, barcos à vela geridos pelos varinos, a população que integrou o movimento migratório que partiu do Norte para se estender ao longo das zonas ribeirinhas do Sul. Um passeio num saveiro é uma das melhores formas de olhar a cidade, onde o castelo se destaca altivo na margem direita da encosta, que forma um labirinto de ruas estreitas e vielas que sobreviveu ao tempo. Ao longo da margem, sobretudo para nascente, várias casas recordam a opulência de outros 14 VERÃO 2015

tempos, denotando que mereciam um melhor estado de conservação. Olhando em redor encontramos a explicação para o nome da terra: “Alcácer” significa castelo, fortaleza, e refere a praça de armas que os árabes (715 d.C.) tornaram numa das mais fortes da Península Ibérica; e “Sal” tem que ver com uma das artes que cimentou a economia local. O nome é muito mais do que uma coincidência. Faz-nos recuar ao tempo da reconquista cristã e leva-nos num passeio ao longo dos séculos onde o comércio deu lugar ao mercantilismo e por aí fora... Além da extração do sal, o vale foi uma terra rica na produção de arroz e de tomate. Ganha dinheiro com a cortiça dos montados adjacentes, onde ainda hoje se cria gado. O pinheiro manso marca presença na paisagem e continua a ser fonte de riqueza. Além da madeira que fornece, das suas pinhas saem os pinhões

que estão na origem de um dos doces regionais mais apelativos: a pinhoada. Durante demasiado tempo, a pinhoada foi a única memória que ficava a quem passava por Alcácer do Sal a caminho, ou no regresso, do Algarve, já que depois da ponte sobre o Sado a paragem era obrigatória. Mas hoje vale a pena regressar e conhecer esta região feita de contrastes. Alcácer do Sal está diferente. A ponte sobre o Sado ainda é um ícone, mas a requalificação da área ribeirinha permitiu criar várias zonas feitas à medida de quem gosta de passear. É por aqui que surge o restaurante Hortelã da Ribeira (Av. João Soares Branco, 15), um espaço onde todos os pratos são de assinatura, mesmo os mais tradicionais. Vale a pena provar a açorda de garoupa, os espinafres com amêijoas ou o manjar de Alcácer. O interior da cidade é feito de ruas estreitas, becos e escadinhas, onde se

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sight SEEING

MARGEM DIREITA DA ENCOSTA, QUE FORMA UM LABIRINTO DE RUAS ESTREITAS E VIELAS QUE SOBREVIVEU AO TEMPO”...

respeita o silêncio. Não se deve perder a Rua Marquês de Pombal, que por ali é conhecida como “rua Direita”. É o caminho para o castelo, que passa por alguns vestígios romanos, e para a Igreja Matriz, provavelmente construída pela Ordem de Santiago (séc. XIII). De regresso à zona ribeirinha, a beleza de antigas casas a nascente justificava que também tivessem sido recuperadas. Isso não aconteceu e o passado continua presente em lojas sem idade como acontece com a Correaria Machado & Goucha (marginal), onde a tradição artesanal dos artífices do couro perdura em objetos de grande qualidade. Esta loja tradicional pode não ter o “chique” de uma griffe, mas quem ultrapassa a sua porta é recebido pelo perfume do couro que marca a nobreza dos produtos com que se produz as mais diversas selas, arreios e até vestuário e acessórios de moda que, como não

podia deixar de ser, surgem lado a lado com os botins, polainas e samarras. Um local a visitar... Quem quiser ir mais longe, atrás do apelo do mar, pode seguir para sul, cruzar a ponte sobre o Sado e seguir a estrada em direção à Comporta. São cerca de 20 km onde o pinhal segura as areias e as várzeas lutam pelo espaço que partilham com os arrozais e o sapal, tudo sob o olhar sobranceiro das cegonhas que não perdem pitada do alto dos seus ninhos. Com o aproximar do Atlântico, as dunas de areia antecipam o ondular do oceano, que banha um areal a perder de vista e onde praias da moda se misturam com outras de difícil acesso. Estamos numa zona onde se come do bom e do melhor. Quem não dispensa o caráter cosmopolita tem alguns restaurantes de praia que pecam pelo seu caráter sazonal, embora haja sempre a

alternativa dos valores seguros de locais onde o passar do tempo só garantiu mais clientes. É o caso do Dona Bia, na estrada que segue para o Carvalhal, onde o arroz local é tratado com esmero num menu onde surge a acompanhar pratos como os filetes de peixe-galo ou os linguadinhos. Mas, quem optar por toda a informalidade, não pode perder O Rola, na Carrasqueira, uma aldeia que nasceu ao lado dos cais palafíticos utilizados na pesca artesanal. Por ali, os petiscos, o arroz de lingueirão ou de marisco fizeram fama. É certo que uma refeição na região da Comporta justifica a viagem, mas nos dias de sol não se pode perder um bom banho de mar, da mesma forma que no meio de um ambiente que ainda permanece selvagem, o pôr do sol é um espetáculo imperdível na simplicidade da areia ou na comodidade de uma das esplanadas que têm vindo a surgir... VERÃO 2015 15


MUNDO mテゥdis

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A SUA SAÚDE MERECE

MÉDIS

Médis é muito mais do que um Plano de Saúde, e a sua nova campanha divulga as principais vantagens de uma proposta pioneira em Portugal ao nível do conceito managed care. Sob o lema “A sua saúde merece Médis” abre-se uma nova linha de comunicação...

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Médis “Faz bem à saúde”. É uma assinatura que assume um compromisso de proximidade com o Cliente numa dimensão que vai além do âmbito curativo da saúde. Mais do que um seguro, a Médis é um sistema integrado de prestação de cuidados de saúde, que ao longo de 19 anos manteve sempre uma relação de proximidade com os seus Clientes, garantindo respostas rápidas, apostando na promoção de hábitos de vida saudáveis e na projeção de valores ligados à saúde e ao bem-estar. Uma atitude proativa no campo do esclarecimento e na informação, antes do financiamento da cura que marca a diferença. As mensagens das campanhas da Médis vão além da mera promoção publicitária da imagem da marca, assumindo os códigos que fazem parte do ADN da seguradora. Foi assim no passado e voltou a ser assim em 2015, numa nova campanha multimeios que remete para a capacidade de resposta de um Plano de Saúde que está disponível 24 horas por dia, 365 dias por ano, ao mesmo tempo que relembra as vantagens de ser Cliente Médis, a acessibilidade das suas propostas, a confiança e o reconhecimento que os portugueses depositam na Médis, manifestada em diversos prémios que o atestam (ver em separado), muitos deles sucessivamente reafirmados ao longo dos anos. Estes prémios servem para reafirmar os laços de proximidade estabelecidos, mostrando que a seguradora consegue marcar uma presença ativa em todos os ciclos da

vida dos seus Clientes, atuando na prevenção, no esclarecimento e na informação. “A Médis conhece os seus Clientes, sabe o que é relevante para eles e responde com soluções, produtos e serviços concretos… Porque a ‘A sua Saúde merece Médis’”, como sublinha Jeroen Meijers, diretor de marketing da Médis.

Uma nova campanha A nova campanha que surgiu em 2015 recorda que a Médis oferece um Plano de Saúde completo, disponível em várias opções, proporcionando um serviço de excelência, assistência médica de elevada qualidade e apoio permanente. “2015 foi um ano de estreia num suporte de comunicação que garante grande visibilidade (com a presença em redes de múpis nos principais centros urbanos) e em simultâneo na rádio e na Internet, dois meios por excelência drive to store. Nos spots de rádio há uma forte aposta nos elos que garantem a proximidade entre a Médis e os seus Clientes. Paralelamente, continuaremos a estar presentes em programas com forte afinidade com a marca e em termos de patrocínios rendemo-nos ao running. Quando mais de 1,45 milhões de portugueses são já adeptos da corrida, a Médis como participante ativo na comunidade e na vida dos seus Clientes, envolve-se, incentiva,… e participa. A Corrida Médis Marginal Douro (ver pág. 39) teve lotação esgotada na sua primeira edição. Em setembro, a Corrida da Linha em Cascais será igualmente um sucesso”, acrescentou Jeroen Meijers. “Queremos que a proposta de valor da

RECONHECIMENTO PELOS CLIENTES “Escolha do Consumidor” A Médis voltou a receber o prémio “Escolha do Consumidor” na categoria de Sistemas de Saúde, tendo este ano sido distinguida como “Escolha Sénior” na iniciativa levada a cabo pela Consumer Choice – Centro de Avaliação de Satisfação do Consumidor, um sistema de avaliação do nível de satisfação e aceitabilidade de produtos e serviços pelos seus atributos individuais, com a garantia de que os mesmos são avaliados, sempre, por consumidores com experiência corrente de consumo e de acordo com os seus critérios específicos de satisfação. A Médis atingiu a pontuação mais elevada em Satisfação, Intenção de Adesão/Recomendação. Para este resultado, a sua relação de proximidade com os Clientes foi determinante, assim como a qualidade do apoio telefónico, credibilidade e abrangência das especialidades disponíveis na rede, que tiveram um peso determinante. Não é a primeira vez que a Médis recebe este prémio, mas este ano também venceu a “Escolha Sénior”, no primeiro ano de existência da categoria.

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MUNDO médis

MARCA DE CONFIANÇA Em 2015, a Médis foi eleita pela 7ª vez “Marca de Confiança”, na votação promovida junto dos leitores das Selecções do Reader’s Digest.

MARCA QUE MARCA Pelo terceiro ano consecutivo, a Médis surgiu no primeiro lugar na categoria de Seguros de Saúde do estudo realizado pelo Diário Económico, em parceria com a QSP – Consultadoria de Marketing, em 2014.

A proximidade com o Cliente faz parte do ADN da Médis Hoje, como no início, o foco principal da atividade da Médis é centrado nas pessoas. A Médis cresceu com os seus Clientes, guiada pelos seus valores fundacionais de inovação, qualidade, transparência e serviço, enriquecendo a sua oferta, antecipando necessidades, flexibilizando a escolha e consolidando aspetos distintivos. Foi pioneira em Portugal no conceito de managed care, aposta continuamente em customer experience, e vai continuar a desenvolver estratégias de diferenciação mais assentes na inovação e no serviço: desenvolvendo ações na área da promoção da saúde e reforçando a proteção mediante um investimento em soluções que garantam a melhor cobertura quando ocorrer uma situação grave de saúde em que o Cliente necessite de um acompanhamento e apoio diferenciados.

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A Médis é mais do que um seguro de saúde. Começa por ser um sistema integrado de prestação de cuidados de saúde, que ao longo de 19 anos manteve sempre uma relação de proximidade com os seus Clientes, garantindo respostas rápidas a todas as preocupações relacionadas com a saúde. Jeroen Meijers Médis, enquanto sistema integrado de prestação de cuidados de saúde, seja conhecida e reconhecida em toda a sua abrangência: Rede de Prestadores, Médico Assistente Médis, Linha Médis, Espaços Médis, site, app. Temos já mais de 518 mil Clientes sob gestão e um trajeto de notoriedade reconhecido pelo mercado que queremos continuar a perseguir. Queremos que o mercado não esqueça o pioneirismo, a inovação

e a qualidade que sempre marcaram a oferta e os serviços da Médis e que irão continuar a marcar”, referiu Jeroen Meijers, ao mesmo tempo que reconheceu que “a nova campanha da Médis pretende transmitir saúde, seriedade, credibilidade, disponibilidade.” Estes são valores que servem para potenciar a afinidade e a ligação entre a seguradora e os seus Clientes.


mundo MÉDIS

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crise e os consequentes cortes na despesa pública abanaram os alicerces do Serviço Nacional de Saúde (SNS), abrindo caminho ao crescimento da prestação privada de cuidados. O bastonário da Ordem dos Médicos defende que o equilíbrio só é possível se o setor público estiver de boa saúde. José Manuel Silva contesta um setor de saúde a duas velocidades que parece estar a desenhar-se em Portugal e com o qual, por questões éticas e humanas, a Ordem dos Médicos não pode concordar. Como vê a ascensão das entidades privadas na prestação de cuidados de saúde em Portugal? Vejo sem qualquer tipo de problema. Nunca tive nenhuma reserva intelectual quanto ao setor privado. No entanto, não concordo que essa ascensão seja feita à custa de uma redução artificial da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde, ou seja, que as pessoas estejam a procurar o setor privado por uma questão de necessidade e não por uma questão de afirmação proativa do setor privado em termos de maior e melhor capacidade de resposta.

ORDEM DOS

MÉDICOS NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE, A QUALIDADE É O QUE MAIS INTERESSA José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, assume que, num sistema de saúde em que se esgrimam interesses públicos e privados, há algo que não pode de forma alguma ser ignorado: o supremo interesse do cidadão e o seu acesso inequívoco a cuidados de saúde de qualidade. Por Luísa Dâmaso

Considera que este cenário deriva diretamente da crise e da política de redução de custos? Sem dúvida. É absolutamente paradoxal que quando um país e a sua população empobrecem se assista a um crescimento do setor privado. É um crescimento feito em contraciclo. A realidade é que as pessoas deixaram de ter resposta do Serviço Nacional de Saúde. O SNS sofreu com os efeitos da crise, mas também com uma opção política clara de índole neoliberal, que não é favorável ao Serviço Nacional de Saúde de acordo com os seus preceitos constitucionais. A verdade é que em todos os países do mundo a forma mais barata de disponibilizar serviços de saúde de qualidade a toda a população é através de um serviço público de saúde. A falta de resposta é o que está a aproximar a população do setor privado de saúde? Não faz sentido dizer que as pessoas estão a procurar um serviço privado, que tem mais custos, numa altura em que perderam poder de compra. Assim sendo, o crescimento explosivo do grande setor privado não foi uma opção das pessoas pela qualidade de forma positiva, mas de forma negativa, porque deixaram de ser acompanhadas no setor público. Existem mecanismos que permitam medir este crescimento da procura do setor privaVERÃO 2015 19


MUNDO médis

do? E avaliar a idoneidade deste sistema de prestação de cuidados? Não temos. Mas o Conselho Nacional Executivo autorizou a contratação de um economista para que a Ordem possa começar a constituir o seu próprio núcleo de estudos e, proativamente, produzir informação. Esta pessoa terá a incumbência de ir ao encontro dos dados, colhê-los e trabalhá-los de modo a disponibilizar informação. Que objetivos pretendem alcançar com este núcleo de estudos? Queremos ter um centro de estudos na Ordem dos Médicos que produza, antecipadamente, informação para que a Ordem tenha uma intervenção mais proativa e atempada sobre todas as questões da saúde em Portugal. Este centro terá uma equipa própria? Pessoalmente acho que deveria ser uma estrutura que tivesse no mínimo um economista, um jurista e um médico a trabalhar a tempo inteiro. No entanto, temos de dar um passo de cada vez e vamos começar por contratar um economista. Este profissional deverá funcionar como um interface entre a ordem e outras entidades e as universidades, que não têm propriamente de atuar na área da saúde, mas em todas as áreas com ela relacionadas como a política e a economia de saúde. O objetivo é que a Ordem se afirme como um parceiro mais proativo em todas as políticas da saúde nacionais. Em relação aos profissionais de saúde e à tutela, a dicotomia entre o setor privado e o público tem sempre sido alvo de inúmeras contestações e questões. Como gere a Ordem esta contenda? Tutelamos médicos. Quer estejam no setor público, quer estejam no setor privado. Temos a responsabilidade, delegada pelo Estado, de zelar pela qualidade dos médicos e da saúde em Portugal. Para nós é indiferente onde eles trabalham. E a questão do Código de Nomenclatura e Valor Relativo de Atos Médicos que tem sido tanta vez referida. As atualizações introduzidas pelos vários colégios da especialidade têm conseguido harmonizar o relacionamento entre o público e o privado? Relativamente ao Código, tem-se vindo a proceder à sua atualização. A Ordem tinha um indicador de preço máximo e mínimo para os vários atos, cujo objetivo era proteger os cidadãos das cobranças excessivas e para evitar o desprestígio do ato médico e a perda de qualidade, como noutras áreas e setores da economia. No entanto, após sermos multados pela Autoridade da Concorrência por termos 20 VERÃO 2015

uma tabela com um padrão máximo e mínimo para os diferentes atos médicos, o valor K, tivemos de anulá-la. Agora existe a tabela, mas com valores relativos e sem o valor de K, ou seja, o valor quantitativo foi eliminado. Esta tabela continua, ainda assim, a ser a referência, ou há espaço para novas formas de avaliação? Esta tabela continua a ser de referência e usada quer pelo setor público,

quer pelo setor privado. E por isso temos o cuidado de solicitar a sua atualização periódica aos vários colégios. A tabela analisa o ato em si, não o resultante do ato e a qualidade do mesmo, ou seja, os outcomes. Gostaríamos que isso fosse feito e por isso colaborámos com a Direção-Geral da Saúde na elaboração de normas de orientação clínica e na auditoria dessas normas. Propusemos também ao Ministério da


“A Ordem não distingue setores, a Ordem defende que a população tenha acesso a cuidados de qualidade tendencialmente gratuitos no ato da prestação. Defendemos um sistema de saúde que respeite os preceitos constitucionais e a única forma de o conseguir é através de um Sistema Nacional de Saúde.” Saúde que fossem divulgadas estatísticas de morbilidade e mortalidade por grandes patologias em todas as instituições de saúde, algo que o Ministério recusou. É difícil harmonizar o relacionamento entre os setores público e privado? Não temos competências neste tipo de harmonização. O que fazemos é tutelar a qualidade dos médicos e defender, por uma questão cien-

tífica, a existência de um Serviço Nacional de Saúde, independente e desprovido de roupagens ideológicas. Cientificamente está provado que a forma mais barata e com melhor qualidade de prestar serviços de saúde a toda a população é através de um Serviço Nacional de Saúde. Portanto, defendemos algo que tem fundamentação científica e não por qualquer roupagem ideológica. Defendemos a manutenção do SNS sem atacarmos o setor privado. É evidente que achamos que deve haver indicadores de qualidade semelhantes nos dois lados. Por exemplo, considero que os indicadores que são utilizados para avaliar as PPP, o setor público não PPP, os hospitais EPE e os hospitais privados deveriam ser os mesmos, porque a qualidade tem de ser igual em todos os setores, as exigências têm de ser iguais. A Ordem não distingue setores, a Ordem defende que a população tenha acesso a cuidados de qualidade tendencialmente gratuitos no ato da prestação. Defendemos um sistema de saúde que respeite os preceitos constitucionais e a única forma de o conseguir é através de um Sistema Nacional de Saúde. Como reage às comparações que sempre se fazem entre o sistema de saúde português e o de outros países? Quando se fazem comparações com outros sistemas de saúde, como se fez recentemente com o holandês, temos de ter presente que se trata de um sistema baseado em seguros ditos competitivos, que exigem um sistema de regulação extraordinariamente sofisticado e caro, coisa que nós não temos em Portugal. Os holandeses gastam o dobro per capita do que gasta o sistema de saúde português. Quando oiço dizer que o Estado deveria deixar de ser prestador e ser só financiador e regulador, quem o diz sabe que o Estado não tem capacidade de regulação. Na prática queria um Estado a financiar sem regular. Não temos uma verdadeira capacidade de regulação, como aliás se verifica noutros setores da economia. Não temos entidades reguladoras independentes? Verdadeiramente eficientes, não. A que ainda vai funcionando melhor é a Entidade Reguladora da Saúde. Por isso quando fazem depender um sistema da hipotética existência de um regulamento eficaz, quem o afirma sabe que essa regulação não será eficaz e quer beneficiar dessa ineficácia. Não vale a pena estar com preconceitos ideológicos, porque simplesmente basta avaliar o que se passa com os vários exemplos de sistemas de saúde no mundo. Considero que o nosso SNS era o melhor do mundo na relação qualidade ou acessibili-

dade custo per capita. É evidente que o setor privado presta o seu contributo, isso não está em causa para os bons indicadores do País, mas até há poucos anos era uma contribuição mínima. Neste momento, um terço da despesa da saúde já é de financiamento privado, o que significa que as famílias portuguesas estão cada vez mais oneradas com as suas despesas em saúde. Como é vista a ocupação do espaço público pelas entidades privadas na saúde? Os privados ocupam o espaço que está a ser forçosamente desocupado pelo SNS. As seguradoras fazem o que têm a fazer e, como outras instituições, não são misericórdias. O que critico é o facto de o Ministério da Saúde às 2ª, 4ª e 6ª defender o mercado liberal e às 3ª, 5ª e sábados, criticá-lo. Não pode haver essa dicotomia porque indicia um bipolarismo. Deve haver um equilíbrio. E neste momento não é possível aos portugueses continuarem a aumentar a sua despesa com a saúde, até porque os mais necessitados já estão a ser prejudicados na acessibilidade aos cuidados. As seguradoras disponibilizam a sua oferta no âmbito do serviço privado, mas quem deveria dar essa resposta é o SNS. Sabemos que o lucro deve ser aceite e é inerente ao exercício de qualquer setor da economia. Não posso aceitar é que Portugal tenha uma saúde a duas velocidades. Haverá espaço para o setor privado continuar a ganhar terreno? O privado tem o seu papel, no entanto, tem de ter a concorrência do setor público, até para manter o estímulo e preservar a qualidade, ou seja, para não deixar a qualidade submergir face ao objetivo do lucro. A única forma de o Estado ser um verdadeiro regulador é manter o SNS. O cenário 2/3 do setor público contra e 1/3 do setor privado é que é inaceitável. Não se pode continuar a emagrecer o setor público, até porque um sistema de saúde baseado num setor privado é mais caro. O Estado em termos económico-financeiros não tem nenhum interesse em desistir da prestação pública de cuidados de saúde, porque se assim for perde capacidade da regulação da prestação de cuidados de saúde. Quem quiser optar pelo setor privado pode fazê-lo e deve ter essa opção, mas tê-la com qualidade. Deve haver uma regulação desse setor, até porque é dos que tem mais queixas. Mas, pessoalmente não me move nenhuma reserva intelectual ou política contra a prática privada. Não se deve desequilibrar o frágil equilíbrio atual, porque isso resultaria em mais despesa e menos qualidade na saúde em Portugal. VERÃO 2015 21


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A ISLÂNDIA É COOL...

A Islândia surge no primeiro lugar do top ten dos destinos mais cool de 2015, elaborado pela revista Forbes... Por Rui Faria.

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NATUREZA A Islândia vale pela força da sua paisagem, que muda de cor ao longo das estações do ano. As pequenas cidades (à direita) surgem enquadradas num cenário grandioso feito de montanhas escarpadas

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um planeta onde a proximidade é cada vez maior e as fronteiras perdem muito do seu significado, ainda há paraísos perdidos e não é necessário sair do espaço geográfico europeu para os encontrar. Basta alguma imaginação e sobretudo a vontade de fugir das rotas excursionistas que marcam os fluxos migratórios que assumiram o nome de férias, abdicando dos estereótipos que nos acorrentam e condicionam. Esta é a melhor forma de descobrir novos horizontes, mesmo quando eles não estão no centro das atenções. É o caso da Islândia, uma ilha que preservou a sua identidade e vida calma que só é possível encontrar em locais afastados dos grandes centros metropolitanos. Escondida pela agressividade do mar do Norte, manteve a sua identidade e cultura alicerçadas no cruzamento de rotas comerciais entre a Noruega e a Gronelândia, que remontam ao primeiro milénio. Foi porto de passagem da expansão viking no seu caminho para ocidente na rota que chegou ao continente americano. Tal como no passado, a Islândia de hoje é um espaço agreste feito de paisagens que podem ser românticas ou selvagens e agressivas. Uma terra onde a palavra natureza encontra o seu verdadeiro significado. Mais do que em qualquer outro local, ela condiciona os ritmos da vida numa ilha onde o tempo ainda tem tempo, porque é gerido de forma inteligente. Não podia ser de outra forma num país onde é possível descobrir o sol da meia-noite ou almoçar em companhia da lua do meio-dia. Tudo depende das estações do ano... VERÃO 2015 23


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ATÉ A ÓTICA AJUDA AO ESPETÁCULO Além das belezas naturais da Islândia, os fenómenos óticos também contribuem para garantir memórias inolvidáveis a todos os que passam pela ilha. “Foss” é o sufixo islandês que refere uma queda de água, algo que é mais do que comum num país onde o degelo alimenta os cursos de água. Podem ser grandes e majestosos ou pequenos e discretos, mas quase todos dão origem a arcos-íris por efeito da refração da luz. AURORAS BOREAIS Mas o fenómeno ótico mais espetacular que pode ser visível na Islândia é a aurora boreal, um espetáculo de luz e cor originado pelo impacto das partículas arrastadas pelos ventos solares nas altas camadas da atmosfera. Podem surgir em qualquer momento, apesar de serem mais comuns entre setembro e janeiro. Poder assistir a este fenómeno numa viagem à Islândia é como a cereja em cima do bolo, mas nunca há certezas. Mesmo assim, para aumentar as possibilidades de poder fazer a observação, procure um hotel longe das luzes da noite de Reykjavik. Elas não são fortes, mas a escuridão de um céu limpo de poluição melhora a qualidade da imagem que todos querem observar.

Onde comer Humarhusid Restaurant Amtmansstíg 1, Reykjavik. www.humarhusid.is Tel.: + 354 561 3303. É o local ideal para quem procura cozinha tradicional islandesa com uma variedade que vai da lagosta à carne de cavalo, e do pato aos fumados e marinados. La Primavera Austurstræti 9, Reykjavik. www.laprimavera.is Tel.: +354 561 8555. Fusão entre Itália e Islândia num espaço fashion com um chef próximo de Jamie Olivier, com propostas interessantes como o bacalhau com pinhões e o tagliatelle com açafrão.

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QUANDO IR?

TERRA DE CONTRASTES

Quem parte tem de decidir o que pretende. Esta altura do ano é a mais propícia para aqueles que apreciam paisagens verdejantes que se estendem pelos planaltos, bordejando os cursos de água sem fim que caem de alturas impressionantes dos penhascos que não conseguem travar a sua corrida em direção ao mar ou que ficam retidos em majestosos lagos. Os cavalos islandeses, pequenos e robustos, tomam conta da paisagem desfrutando de um espaço que outros não têm. Diz-se que, numa ilha onde há cerca de 250 mil habitantes, vivem cerca de 80 mil cavalos que foram trazidos pelas migrações vikings da Idade Média e hoje são uma raça protegida. Entre junho e agosto os dias são muito longos e as noites claras. A temperatura pode ser amena, mas tudo depende da força do vento. Por esta altura, a norte da ilha, o sol raramente cede o protagonismo à lua quando ela surge no céu. Mas o satélite da Terra vinga-se no inverno, quando as noites parecem não ter fim. Os dias são curtos, mas o espetáculo do frio que toma conta da ilha é avassalador. O verde dá lugar ao branco. As quedas de água transformam-se em esculturas cintilantes e as auroras boreais invadem o céu com uma beleza tal que, quem já viu (mais habituais entre setembro e janeiro), nunca esquecerá. É por estas e por outras que podemos afirmar que vale a pena ir à Islândia seja quando for, o que importa é conhecer a ilha...

Segundo os cientistas, a Islândia emergiu do fundo do mar há 20 milhões de anos. É o resultado de um lento processo motivado por um cataclismo telúrico. As montanhas escarpadas que se erguem em direção ao céu são testemunhas desse processo. Marcam a paisagem de forma agreste, formando planaltos e criando os fiordes que surgem na costa. Na Islândia, o passado e o presente coexistem ao longo de cada quilómetro que se percorre. Além da imponência das formações geológicas, o verde que surge no verão contrasta com o ocre e o negro das rochas de lava, e as fumarolas que se estendem pelo ar a partir das furnas da água a ferver recordam-nos que, milhões de anos depois, ainda há um conflito vulcânico que ferve no interior da Terra. É uma força tão grande que nem os gelos invernais conseguem acalmar. Os islandeses aprenderam a conviver com as forças da natureza e a tirar partido dela. Grande parte da energia utilizada na ilha tem origem nas fontes geotérmicas. São elas que movem a indústria, garantem o fornecimento de água quente, asseguram os sistemas de aquecimento no inverno e dão origem a verdadeiras atrações turísticas como a Blue Lagoon (lagoa azul) em Grindavik, a 39 km de Reykjavík. Talvez seja o maior cartaz turístico da Islândia, porque, além da cor azul-turquesa das suas águas, o cenário de rochas de lava é fascinante. A lagoa aquecida pela atividade vulcânica tem proprieda-

Tal como no passado, a Islândia de hoje é um espaço agreste feito de paisagens que podem ser românticas ou selvagens e agressivas.


Onde ficar 101 Hotel Hverfisgata 10, Reykjavik. www.101hotel.is Tel.: + 354 580 0101. É um boutique hotel com muito charme e bem localizado. Hotel Borg Posthusstraeti 11, Reykjavik. www.hotelborg.is Tel.: + 354 551 1440 Um edifício art déco de 1930, reformulado. Está perto da catedral.

CONTRASTES Desde os majestosos lagos (em cima à esq.) à simetria da capital (em cima), a ilha é um país onde as auroras boreais (em cima à dir.) são mais difíceis de encontrar do que as manadas de cavalos, que fazem parte da tradição do passado que contrasta com a modernidade da arquitectura da capital (em baixo)

marcas de modernidade como o Harpa – Concert Hall, que foi reconhecido pela União Europeia (2013) com o prémio Mies van der Rohe pela qualidade da sua arquitetura, para já não falar na qualidade de muitos restaurantes e bares onde é possível encontrar fantásticas cervejas artesanais, uma herança de um severo controlo na importação/produção de cervejas que vigorou até 1989 e, como o proibido era o mais desejado, os resultados que se podem encontrar hoje são excelentes... Um passeio pela marginal ao longo da cidade, em direção a noroeste, leva-nos à zona residencial de Seltjarnarnes e à ilha de Grotta. É um ponto privilegiado para olhar os picos do Esja e um desafio para partir à descoberta do interior da ilha.

GLACIAR IMENSO O majestoso parque natural de Vatnajökull é o maior glaciar da Islândia e a mais ampla superfície gelada da Europa, um local de peregrinação para quem aprecia desportos radicais: passear sob o sol da meia-noite, praticar escalada, e até passear em veículos 4x4. Não sabemos se Ian Fleming, o criador dos livros de James Bond, andou por ali, mas o glaciar foi cenário para algumas cenas do filme View to a Kill (1985) e

des curativas e de rejuvenescimento, e está sempre cheia de gente mesmo nos dias em que as temperaturas descem abaixo de zero. Ao lado funciona não só um moderno spa, como também uma central termoelétrica...

REYKJAVÍK A capital não tem o impacto das grandes metrópoles europeias. O centro é formado por casas pequenas, algumas das quais em madeira e quase todas pintadas de cores garridas. A melhor vista da cidade surge no alto da torre da Hallgrimskirkja, uma austera igreja que contrasta com a paleta de cores circundante. Também há

PAPAGAIO-DO-MAR O papagaio-do-mar é uma imagem da Islândia. É uma ave muito comum ao longo da costa e também pode ser vista no nordeste dos Estados Unidos. Tem um bico vermelho e uma membrana amarela que se destaca face ao peito branco e ao negro do dorso e das asas. Pode ser uma imagem do país, mas não é por isso que consegue escapar da cozinha. É uma iguaria comum na região mais a norte da Islândia, mas, se querem um conselho, passem ao lado da experiência... Mas cada um sabe de si....

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GLOBE trotter

EXPLORAR UM VULCÃO A atividade vulcânica faz parte do quotidiano da Islândia. As erupções do Eyjafjallajökull e do Grímsvötn abalaram a Europa num passado ainda recente, mas há outros que estão adormecidos. É o caso da cratera do Thrihnukagigur, que pode ser visitada de maio a setembro numa exploração que, caso as condições o permitam, pode chegar às chaminés por onde circulou a lava e às imensas cavernas escavadas pelo magma. Para mais informação, ver em www.insidethevolcano.com

Num país muito a norte e onde o sol não é uma constante, a dieta é pobre em vegetais e rica em peixes, como o salmão ou o bacalhau, e carne (basicamente cordeiro), que também podem surgir fumados ou marinados. Os mais apreciados são a truta, o salmão fumado ou marinado (gravlax), o arenque marinado com pickles (sild), mas também o cordeiro fumado (hangikjot). As bebidas são na maioria importadas, apesar de existirem várias marcas de cerveja artesanal.

COMO IR Não é fácil chegar a Reykjavik. A Nordictur (www.nordictur.pt) tem programas organizados, mas para uma viagem mais orientada para a descoberta da ilha o melhor é aproveitar um voo a partir de Inglaterra, articulado com uma companhia aérea local: Icelandair (0870 787 4020; www.icelandair.co.uk) ou Iceland Express (01279 665220; www.icelandexpress.com). Ambas voam para Keflavik onde há autocarros para Reykjavik, que param nos principais hotéis da cidade.

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Polar Ártico. A pouca população que vive por ali espalha-se ao longo da costa onde surge Akureyri, a cidade mais importante da região, rodeada por montanhas no alto das quais o branco da neve é eterno. A costa que segue até Húsavík é muito procurada pelos observadores de baleias. Mais a sul, o lago Mývatn é um santuário para as aves migratórias, num cenário onde a lava emerge da água em formas que desafiam a imaginação de quem as observa. Um pouco mais a este, o parque natural de Jökulsárgljúfur estende-se ao longo de um majestoso desfiladeiro onde a cascata de Dettifoss, que impressiona nos meses em que o degelo liberta enormes massas de água tornando-a na mais poderosa queda de água da Europa. Mais larga e igualmente impressionante, a cascata de Gullfoss está associada à mitologia viking, mas – deuses à parte – é a força da natureza que mais impressiona quando a atenção não se dispersa no colorido dos arco-íris criados pela refração da luz.

O GRANDE NORTE

EM CONCLUSÃO

Seguir mais para norte só é possível durante o verão. Quando chegam os nevões tudo se complica. É certo que a Islândia consegue manter abertas a maioria das suas estradas, mas há limites que ultrapassam as capacidades logísticas. A face da ilha que está virada para o círculo polar é uma zona ainda mais agreste, mas com paisagens de rara beleza. Não é fácil chegar à ilha de Grímsey, o único território islandês que ultrapassa o Círculo

Natureza e beleza natural são as melhores palavras para definir a Islândia e, talvez por isso, o país seja referido como um destino cool. Mas não nos podemos esquecer da simpatia das pessoas, que, contrariamente a muitos outros habitantes de ilhas, estão abertos ao exterior e atentos ao que lá se passa. Reykjavik é uma cidade moderna, com galerias de arte e design interessantes e uma vida cultural intensa...

Natureza e beleza natural são as melhores palavras para definir a Islândia e, talvez por isso, o país seja referido como um destino cool.

Fotografia: Getty Images.

A COMIDA ISLANDESA

Die Another Day (2002) da saga 007, mas também de Tomb Raider. Fjallsjokull e Jökulsárlón são lagos de águas profundas que surgem nas extremidades do glaciar, e por ali surgem icebergs de formas peculiares que são arrastados ao sabor do vento. Em Jökulsárlón, o seu acesso ao mar é cortado por uma praia de areia preta, que contrasta com o azulado do gelo. A areia não é mais do que o pó da lava, que cobre a costa, cujas enseadas e promontórios, como o de Dyrhólaey, acolhem muitos dos que não perdem a passagem cíclica das baleias ou as migrações das aves. Em Jökulsárlón, não é difícil encontrar um barco para entrar mar adentro à procura dos icebergs que vagueiam ao longo da costa ou descobrir uma piscina natural de água quente no interior de uma gruta gelada. Seguindo para norte, entramos na zona dos fiordes, rodeados de altas montanhas. É um espetáculo de rara beleza que tem o seu apogeu na chegada a Djúpivogur, uma pequena vila piscatória feita de casas multicolores.


mundo MÉDIS

MÉDIS MAIS DIGITAL… MAIS PERTO DE SI

“O primeiro objetivo é estar onde os Clientes estão e proporcionar-lhes uma experiência de utilização de excelência”, sublinha Ângelo Guerra Vilela, diretor do Departamento da Área Digital

A

Médis aposta na área digital como uma forma de se aproximar das necessidades dos seus Clientes. Querendo estar na linha da frente da inovação tem, desde finais do ano passado, um departamento dedicado em exclusivo a esta área, gerido por Ângelo Vilela, que define o trabalho da sua equipa em três objetivos estratégicos: “o primeiro é estar onde os Clientes estão, em segundo proporcionar aos Clientes uma experiência de utilização e, por fim, ser relevante no que respeita a conteúdos e funcionalidades”. E o que significa estar onde os Clientes estão? A resposta, sublinha Ângelo Vilela, é simples: “Significa proporcionar-lhes condições para adquirirem o produto ou recorrerem a serviços Médis a qualquer hora e onde quer que estejam, usando um dispositivo fixo ou móvel.”

O site da Médis surgiu em 2000 e foi o primeiro site transacional de seguros em Portugal, sendo cada vez mais uma plataforma de fidelização dos Clientes. O Cliente pode fazer uma simulação na Internet e ali comprar o seu seguro. O site tem uma imagem moderna e, além da simulação e subscrição, os Clientes podem ter acesso a uma série de informações e serviços: efetuar o pré-registo das despesas, consultar o seu Plano de Saúde, rede de prestadores, o status dos processos de pré-autorização, efetuar o pré-registo das despesas e atualizar os dados pessoais, entre outras funcionalidades. Atualmente existem cerca de 135 mil Clientes registados. Segundo o mesmo responsável, hoje em dia o percurso de compra de um seguro é muito diferente: “As pessoas passam necessariamente pela Internet. Vão fazer uma simulação, vão informar-se e comparam VERÃO 2015 27


MUNDO médis

produtos e serviços, pesquisam nas redes sociais, onde a Médis marca presença. Estamos no Facebook, no Google+ e no Youtube”, explica Ângelo Vilela, acrescentando que, atualmente, a Médis está apenas à distância de um clique num smartphone ou tablet através da App Médis, disponível para iOS e Android. O Cliente tem acesso ao guia de serviços médicos, com pesquisa por georreferenciação, código postal, cidade/concelho ou por nome, sendo fornecidas indicações de como chegar a cada um dos prestadores de cuidados de saúde, bem como os seus contactos e serviços disponíveis. Além disso, pode consultar o Guia da Rede de Saúde & Bem-estar e informar-se sobre os descontos e as vantagens que pode usufruir em mais de 800 parceiros. É possível encontrar os contactos da Médis e conhecer todas as novidades da marca. A App Médis inclui ainda um Cartão Médis digital pessoal. As principais funcionalidades estão disponíveis tanto no site como no telemóvel através da app ou da versão mobile do site Médis. As funcionalidades são todas desenhadas partindo da perspetiva do Cliente. Segundo Ângelo Vilela, a equipa procura a todo o tempo simplificar os processos e a linguagem, para evitar ao máximo termos específicos da área de seguros, e permitir que o Cliente aceda à informação que procura com o mínimo de cliques possíveis. “Na Médis estamos a acompanhar ou a antecipar a evolução tecnológica, não somos followers, temos sido sempre líderes desde o lançamento da marca”, subli28 VERÃO 2015

nha o responsável pela área digital, acrescentando o facto de a “Médis ter sido pioneira ao lançar o conceito de managed care em Portugal, a Linha Médis disponível 24 horas por dia com triagem clínica, o Médico Assistente e ainda um site transacional”.

O Cliente Médis tem acesso a meios que lhe permitem contactar com autonomia a seguradora. Tem ao seu serviço diferentes canais e serviços associados ao universo digital e conteúdos multimédia que continuam a inspirar a familiaridade. Para cumprir os objetivos, a Direção Digital conta com uma equipa jovem e dinâmica. Diana Mendes, web designer, é exemplo disso e explica o trabalho nos bastidores para alcançar a excelência: “Nesta área dedicamo-nos a conhecer os nossos Clientes.” Segundo a web designer, este é o passo mais importante para evoluir e acompanhar melhor os Clientes durante todo o processo que começa com a disponibilização da informação e termina na subscrição. “É essencial para podermos inovar e

O CARTÃO MÉDIS DIGITAL Ao descarregar a App Médis, o Cliente tem acesso a um cartão digital que pode usar sempre que seja solicitado o seu Cartão Médis por um dos prestadores.


Leila Gato

Diana Mendes

AS REDES SOCIAIS E A MEDIS LEILA GATO, responsável pelas redes sociais na Direção Digital da marca Médis, explica que a página de Facebook Médis Kids surgiu em 2013 como um subproduto da marca direcionado para pais, oferecendo conselhos e dicas no que se refere à saúde e prevenção dos mais pequenos. A Médis também está presente no Youtube para veicular as campanhas e vídeos, que depois são dinamizadas em todas as redes. Além disso, a marca está também no Google+: “O Google+ não é uma rede social tão usada em Portugal, mas em termos de indexação ao Google funciona muito bem e, por isso, tem sido uma das nossas apostas a nível editorial”, explica Leila, sublinhando que seguem sempre uma linha focada no tema da saúde. “Por exemplo, maio é o Mês do Coração e a nossa aposta foi dar algumas sugestões para que as pessoas tenham hábitos mais saudáveis”, afirma, acrescentando que a página conta já com mais de 18 mil seguidores no Facebook.

Ângelo Vilela

Segundo Ângelo Vilela, a equipa procura simplificar os procedimentos, para que quem não seja versado no jargão do mundo dos seguros possa entender, acedendo à informação que procura ou que lhe dissipe dúvidas com um mínimo de cliques. estar à frente em toda esta evolução que é o digital. Quer-se tudo muito fácil, muito rápido, e a evolução tecnológica acontece de um dia para o outro”, explica, sublinhando que a equipa com a qual trabalha “procura conhecer as necessidades do Cliente e desenvolver através do design esta estratégia multicanal: proporcionar uma melhor experiência ao utilizador e garantir a facilidade no acesso à informação, que deve ter relevância aos olhos do Cliente.” Tudo porque hoje o tempo é limitado. As pessoas procuram aquilo que lhes facilite a vida e poupe tempo. Por isso, o site e a app que a Médis oferece são muito intuitivos. Para Diana Mendes, há vários tipos de utilizadores da Internet: “Há um segmento tradicional que recorre à Internet com apoio de outros, um segmento híbrido composto pelos baby boomers que combina os meios online e offline no seu processo de compra, e há um segmento native digital que são os que já nasceram com o digital. Neste momento, o segmento que maioritariamente adquire seguros de saúde online ainda é o híbrido, mas o

panorama vai mudar rapidamente. É isso que estamos já a antecipar.” No entanto, não é apenas a facilidade de aceder à informação que conta. A imagem também é importante: “O design do site, por exemplo, influencia em muito, quer no processo de compra, quer na maneira como as pessoas absorvem a informação. Tudo é desenhado tendo em conta a ótica do Cliente”, explica Diana Mendes, acrescentando que até a escolha das cores é cuidada. “O site da Médis remete para toda a linguagem visual da marca e é absolutamente consistente com todos os restantes suportes, sejam os de apoio ao Cliente ou os de venda. Temos uma preocupação em ter sempre imagens muito claras e com pessoas”, argumenta Diana Mendes. O Cliente Médis tem acesso a meios que lhe permitem contactar com autonomia a seguradora. Tem ao seu serviço uma diversificação de canais e serviços associados ao universo digital e conteúdos multimédia que continuam a inspirar a familiaridade, a proximidade e a acessibilidade que sempre fizeram parte do ADN da Médis. VERÃO 2015 29


MUNDO médis

MÉDIS

FAZ BEM À SUA SAÚDE E APOSTA NA PREVENÇÃO “A Médis é mais do que um Plano de Saúde, a Médis é um sistema integrado de gestão de prestação de cuidados de saúde.”

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mundo MÉDIS

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Médis atua não só nas situações de doença como está um passo antes, apostando na prevenção e na promoção de estilos de vida saudáveis acompanhando desta forma o ciclo de vida dos seus Clientes. Existe uma aposta clara no esclarecimento e na informação de saúde. O conceito de proteção Médis está a acompanhar a evolução da procura dos Clientes. Segundo Teresa Bartolomeu, responsável de desenvolvimento do Produto Médis, os Clientes pretendem mais do que o pagamento de despesas de saúde. “Os Clientes estão mais exigentes”, acrescenta Teresa Bartolomeu, sublinhando que “não veem as seguradoras apenas como entidades que pagam "despesas" de saúde e querem que contribuam para melhorar a sua saúde”. Uma mudança do paradigma e por consequência do mercado. “Estas alterações são já notórias lá fora e muitas seguradoras a nível internacional mostram esta tendência apostando na resposta às necessidades nas áreas da prevenção e promoção da saúde, o que nos leva também a pensar na sua aplicação à realidade portuguesa”, refere a responsável pelo produto Médis, sublinhando o movimento que se verifica relativamente à preocupação com o bem-estar físico, como a prática da corrida, outras atividades desportivas e os cuidados com a alimentação. “Nós próprios temos observado nos Clientes esta necessidade de que lhes seja oferecido mais. E é neste contexto que achamos que devemos seguir. Em função das suas necessidades.” A aposta na prevenção não é nova para a marca, é o seguimento de um trabalho que

se iniciou em 1996. O conceito de managed care, a Linha Médis e o Médico Assistente Médis são disso exemplo, valorizados por quem procura a Médis, sempre com o objetivo de estar mais próximo do Cliente e das suas necessidades. Com estes serviços há uma

A Médis criou uma Rede de Saúde & Bem-estar que conta já com mais de 800 parceiros.

TERESA BARTOLOMEU RESPONSÁVEL DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO MÉDIS

deteção precoce de potenciais problemas de saúde. Teresa Bartolomeu explica que, além destes serviços de cuidados de saúde, a Médis criou uma Rede de Saúde & Bem-estar com benefício no acesso a serviços que poderão melhorar o estado de saúde. São serviços que se enquadram na área da promoção da saúde. “Dois exemplos concretos: os serviços na área da nutrição e os ginásios. Para quem queira melhorar a alimentação e investir no exercício físico. São dois exemplos, mas há mais…”, sustenta a responsável, adiantando que a Médis criou “uma rede de prestadores que oferece aos Clientes

A LINHA MÉDIS TRIAGEM Está disponível 24 horas por dia. É um serviço prestado exclusivamente por enfermeiros que recebem as chamadas de Clientes com dúvidas de saúde ou sintomas. Decorrente da triagem da situação que a pessoa apresenta no momento, resulta uma recomendação com o encaminhamento de saúde mais adequado. A triagem é suportada por um conjunto de algoritmos certificados.

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MUNDO médis

Médis benefícios, que por sua vez se materializam em descontos nos serviços que prestam”. Além disso, a Médis também participa em eventos desportivos. Tem a sua própria corrida que conta com uma edição em Lisboa e outra no Porto. “Estes eventos não só estimulam as pessoas a melhorar a atividade física, como atuam na prevenção”, diz Teresa Bartolomeu, explicando que para estes eventos são deslocadas equipas que fazem avaliações de saúde e aconselhamento de comportamentos para uma vida saudável. A marca, na área da prevenção, conta ainda com programas de saúde da Linha Médis Triagem. “São três: o programa apoio materno, apoio nascimento e apoio infantil”, sublinha, acrescentando que o objetivo destes programas é disponibilizar aos Clientes um serviço que “contribua para a identificação de situações de risco e que garanta o aconselhamento”. O programa materno destina-se às grávidas. É feito um contacto por enfermeiros, para despistar situações em que a grávida possa necessitar de aconselhamento. O programa nascimento é feito para as crianças. Vai desde o nascimento até ao primeiro ano de idade. E o mesmo para o apoio infantil até aos 3 anos. São feitas duas chamadas, desde um ano de idade aos três anos e também são despistadas todas as situações de risco e dado o devido encaminhamento. Risco de 32 VERÃO 2015

acidente, problemas com o choro, alimentação, com o sono, por exemplo, entre outros. Estes programas, segundo Teresa Bartolomeu, têm por missão também ajudar os pais que passam parte do dia nas empresas. “Todos conhecemos a preocupação crescente das empresas na oferta de proteção de saúde para os seus colaboradores”, explica, destacando o facto de 50 por

A MÉDIS EM NÚMEROS Tem mais de 500 000 pessoas sob o seu cuidado, 14 000 médicos em cerca de dez mil locais de prestação de cuidados de saúde. Através dos seguros Médis realizam-se anualmente cerca de 730 000 consultas, 850 000 meios complementares de diagnóstico, 14 300 cirurgias e 2 200 partos. A Linha Médis Triagem recebe anualmente 76 000 chamadas. A Linha Médis Administrativa recebe 570 000 chamadas.

cento das pessoas com seguros de saúde obterem o seguro através da empresa onde trabalham. A responsável de desenvolvimento do produto Médis acredita, mesmo, que estes programas em conjunto com a Triagem Clínica

vão contribuir para que os pais que trabalham nessas empresas se sintam acompanhados e mais bem apoiados perante as naturais preocupações com a saúde dos filhos. Considerando a aceitação dos Clientes em relação aos programas da Linha Médis Triagem e do Médico Assistente Médis, Teresa Bartolomeu refere que os próprios Clientes dão nota positiva. “É visível a satisfação e está a decorrer um grande estudo novamente na Médis, realizado por uma entidade externa, em que estes dois serviços são muito bem avaliados. As pessoas que experimentam o serviço ficam fidelizadas. Foi uma aposta que se fez e que continua a dar resultados. Tanto que estamos a potenciar e vamos potenciar ainda mais tudo que estamos a fazer quer com a Linha, quer com o Médico Assistente Médis.” A Médis vai, assim, continuar a apostar nesta área, sempre em linha com tudo o que tem estado a desenvolver. No futuro, para Teresa Bartolomeu, a Médis quer ter mais soluções, mas dar novamente um passo pioneiro: “De ser a pessoa também a participar e a envolver-se na sua própria monitorização e desempenho. No futuro queremos também que as pessoas tenham uma participação ativa na obtenção dos melhores níveis de saúde, explica a responsável pelo produto Médis.


mundo MÉDIS Pedro Correia, diretor coordenador da Direção de Redes e Clínica da Médis

A inovação integra o ADN da Médis e a agilização de processos com a sua rede de parceiros é uma vantagem que se alia à qualidade do serviço prestado. Por Luísa Dâmaso

MÉDIS E JOSÉ DE MELLO SAÚDE

ELIMINAM ARRITMIAS NA FATURAÇÃO

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uando se contabiliza o tempo útil de análise de uma fatura pela via tradicional, que poderá rondar os 18 a 20 dias, e se pondera o período que demora a mesma análise de uma fatura por via eletrónica, que tem tudo para que seja analisada num espaço de cinco a dez dias, está firmada a principal base do sistema de faturação eletrónica que a Médis pensou e implementou. “A faturação eletrónica já está parcialmente implementada desde janeiro de 2015 e as principais vantagens são libertar as entidades com quem nós temos acordo – bem como a própria estrutura da companhia de seguros – das tarefas administrativas que são mais pesadas”, admite Pedro Correia, diretor coordenador da Médis. De acordo com este responsável, o facto de existir um processo de faturação eletrónica permite às partes que nele estão envolvidas aliviar a carga administrativa e reduzir custos da própria operação, podendo dedicar-se a outras funções que são mais importantes e que trazem maior eficiência a todo o processo de relação entre financiador e prestador de cuidados de saúde, e naturalmente também o Cliente. “Todos os movimentos acontecem mais rápido, e se houver uma diver-

gência na fatura que o prestador nos apresenta, é mais fácil interagir com o prestador, reduzindo tempo em termos de estar a analisar a fatura, o que também acaba por se refletir no Cliente final”, acrescenta o responsável.“O objetivo é desmaterializar a circulação de papel”, diz Pedro Correia. O que é que isto significa? Que toda e qualquer fatura, independentemente do nível de detalhe que tenha, e numa fatura de hospital o detalhe é muito grande. Tudo o que até hoje vinha em papel e que implica algum tempo de análise por parte dos serviços da Médis, interações com os prestadores para esclarecimento de dúvidas, pedidos de informação adicional, entre outras questões, ao ser completamente desmaterializado, permite que na reta final seja necessário menos tempo para analisar uma fatura. “Até janeiro de 2015, o prestador teria de comunicar os dados da faturação através do site ou web service e depois enviar uma fatura para a seguradora. Agora ao estar certificado pela Autoridade Tributária, o prestador fica dispensado do envio dessa fatura porque para todos os efeitos o envio eletrónico é suficiente e substitui o papel”, desmistifica Pedro Correia. Segundo o pró-

prio, a relação que têm com os prestadores significa 90% da sinistralidade da Médis, o que representa que a fatura eletrónica abrange a esmagadora maioria dos sinistros que têm sob gestão. “Falar em sinistros que estão a ser geridos é falar de cerca de 1 milhão e 800 mil sinistros por ano. É um passo grande ao nível da eficiência ao desmaterializar o papel e em tempo útil de análise de uma fatura”, esclarece o diretor coordenador da Médis. O passo seguinte já está definido. Pedro Correia diz que vão entrar também nos atos médicos mais complexos como internamentos e cirurgias. “O espaço temporal previsto é que até ao final do primeiro semestre de 2016 seja possível que toda a rede de prestação funcione connosco sem haver interação em papel. É essa a ideia e é esse o objetivo”, avança o responsável. Em causa está uma rede de aproximadamente cinco mil prestadores, tendo o processo de rollout começado pelos principais prestadores, aqueles que têm maior representatividade da sinistralidade Médis. Pouco a pouco, Pedro Correia assegura que vão “facilmente” atingir os 100% da sinistralidade ou ficar muito próximo desta meta. VERÃO 2015 33

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MUNDO médis

E o Cliente final? Para ser eficiente, os processos querem-se eficazes a todos a todos os níveis do negócio. Neste tipo de serviço, Pedro Correia explica que o Cliente também beneficia de toda a desmaterialização obtida nos processos de facturação. Desta forma, ao identificar-se num qualquer local da rede de parceiros Médis, o Cliente apresenta-se com o seu cartão Médis ou com a App Médis, é validada a elegibilidade daquele Cliente, se a apólice está ativa, se o Cliente tem direito a usufruir daquele serviço, o Cliente acede aos cuidados de saúde clinicamente adequados. No final o prestador envia para a Médis os códigos dos atos médicos dos vários procedimentos médicos que o Cliente tenha feito. “Até à data isto era feito via web service no nosso site e posteriormente teria de enviar para Médis a fatura física em papel que, ao fim e ao cabo, fechava o ciclo. E a partir daí iríamos pagar ao fornecedor do serviço. Com a faturação eletrónica é tudo igual, o Cliente não vai sentir nenhuma perturbação por passarmos a ter este tipo de processo de faturação”, explica o diretor coordenador da Médis. Outra vantagem para o Cliente é o facto de ter acesso mais facilmente ao site, na zona reservada, ou na App da Médis, ao sinistro e verificar o movimento financeiro efetuado. “Se fizer uma cirurgia hoje, só terá daqui a um mês o documento financeiro já contabilizado na sua apólice, com a faturação eletrónica será mais rápido porque nós pagamos mais rápida e eficientemente”, exemplifica Pedro Correia.

Um caso prático Francisco Reymão, diretor comercial da José de Mello Saúde

FATORES PARA O SUCESSO Aspetos como o envolvimento e a disponibilidade de todos os stakeholders (IT, rede médica, configuração e gestão de sinistros); o estabelecimento de prazos para validação de entregáveis e respostas a questões; os pontos de situação semanais com o Cliente; e um forte entendimento com o IT Médis no sentido de concretizar e ajustar a integração dos componentes na infraestrutura do Cliente foram desde logo identificados como críticos de sucesso deste projeto.

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A agilização de processos é cada vez mais importante e as tecnologias de informação são fundamentais. Um exemplo é o projeto de faturação eletrónica desenvolvido pela Glintt para a José de Mello Saúde e para a Médis. Na prática, este projeto consubstancia-se na transação imediata de todos os documentos financeiros (faturas e notas de crédito) inerentes à prestação de cuidados a pessoas seguras da Médis, respeitantes a episódios realizados no âmbito de internamento hospitalar e de ambulatório.“Numa primeira fase, o projeto arrancou com a atividade realizada em ambulatório, para em seguida evoluir também para os episódios de internamento e urgência”, esclarece Francisco Reymão, diretor comercial da José de Mello Saúde. De acordo com este responsável, o catalisador deste projeto foi a ambição conjunta das entidades envolvidas em quererem desmaterializar a faturação, bem como os processos de suporte, nomeadamente as autoriza-

ções. Aliada a esta ambição, pretendia-se igualmente uma maior facilidade e rapidez na conciliação de contas correntes, já que até aqui, em termos de interação automática, apenas eram validados via web services as condições contratuais do Cliente (validade do cartão, cobertura e plafonds). “O processo de envio de informação de faturação não era em tempo real. Até à implementação deste projeto, o processo de tratamento de elegibilidade era distinto do processo de faturação. O primeiro totalmente eletrónico e o segundo sem um processo de faturação desmaterializado”, sustenta Francisco Reymão. A solução foi desenhada conjuntamente entre as equipas operacionais da Médis e da José de Mello Saúde, sempre com suporte da Glintt no que respeita ao desenho e implementação da solução. De acordo com o diretor comercial, o processo demorou cerca de cinco meses, dividido em duas fases: ambulatório e internamento. Incluiu um mês de levantamento de processos e análise, um mês de desenho da solução final, um mês de testes técnicos e cerca de dois meses de implementação, prazo no qual se incluíram os testes funcionais. “O processo de implementação teve como ponto de partida um piloto numa das unidades CUF, o Hospital CUF Torres Vedras, com representatividade para todas as funcionalidades que foram necessárias testar; concluída esta fase com sucesso, foi depois implementado o mesmo processo sucessivamente nas restantes unidades CUF”, sustenta Francisco Reymão. À frente da parte técnica, Mécio Afonseca, project manager & client manager da área de IT consulting da Glintt, explica que na primeira fase do projeto, denominada Visão do Sistema, o principal objetivo foi o de dotar a Médis de um suporte funcional, técnico e legal, com vista à implementação da futura solução de autofaturação eletrónica e que durou quatro meses. “Nesta fase, foram levantados todos os processos de negócio e sistemas envolventes no contexto da autofaturação eletrónica, e compilado num documento todos os aspetos legais e fiscais que regulamentam a implementação destes sistemas”, destaca o gestor de projeto. A segunda fase, Definição e Conceção, consistiu na concretização e clarificação dos aspetos funcionais, que não ficaram totalmente definidos/detalhados na fase anterior, encerrar os requisitos funcionais e passar para uma linguagem técnica, por forma a poder servir de input à fase seguinte (Construção e Transição). No decorrer desta fase, Mécio Afonseca explica que foi concebida uma arquitetura de referência


Mécio Afonseca, project manager & client manager da área de IT consulting da Glintt

para a solução, definindo os requisitos técnicos e interfaces com os vários sistemas externos que fazem parte do ecossistema Médis. Esta fase teve uma duração de dois meses e meio. Por último, a fase de Construção e Transição consistiu na codificação dos processos de negócio/mecanismos especificados e aprovados nas fases anteriores. Nesta fase, “optou-se por adotar uma metodologia ágil, onde separámos o projeto num total de oito sprints mais um sprint de estabilização e preparação com vista à entrada em produção. Esta fase teve uma duração total de nove meses”, assinala o responsável, esclarecendo ainda que a Construção e Transição foi dividida em dois grandes módulos funcionais implementados em momentos temporalmente distintos: a faturação eletrónica e o processamento automático de faturas (EDI) enviadas por via eletrónica, substituindo o tradicional envio das mesmas em papel; e a autofaturação electrónica, que consiste na elaboração e emissão de documentos – autofaturas, autonotas de crédito/débito e autorecibos – pela Médis, a partir dos movimentos previamente registados, nos quais existam montantes a cargo da entidade pagadora. “Com este mecanismo, a Médis substitui-se aos seus prestadores, procedendo à emissão dos autodocumentos supra referidos, após

receção de faturas eletrónicas, a serem enviadas pelas unidades do Grupo José de Mello Saúde”, sustenta a manager da área Saúde da Glintt. Com o fim do ano como limite, o projeto ainda caminha para a conclusão, estando em falta a fase da faturação eletrónica para internamento. De acordo com Francisco Reymão, o fluxo de documentação em papel diminui significativamente e, no que respeita às contas correntes, ainda há afinações a serem feitas. “Estamos firmemente convictos de que os principais indicadores ao nível da conta corrente vão melhorar, mas para isso temos de proceder a algumas afinações processuais, as quais já foram identificadas pelas equipas e estão em curso”, assume o responsável. O envio por parte da Médis de forma automática das atualizações aos pedidos de autorização e a comunicação bilateral entre a José de Mello Saúde e a Médis de forma eletrónica de toda a informação necessária desde a geração do pedido, aprovação, até à faturação do mesmo, onde se inclui a possibilidade de anexar documentação, são os próximos passos a seguir pela equipa de projeto. Com as áreas de faturação e de gestão da conta corrente a retirarem créditos deste

Na prática, este projeto consubstancia-se na transação imediata de todos os documentos financeiros (faturas e notas de crédito) inerentes à prestação de cuidados efetuados nas unidades CUF para pessoas seguras da Médis serem validados e aceites pelos respetivos prestadores”, esclarece Mécio Afonseca. Por parte da José de Mello Saúde estiveram alocados ao projeto, dois a três recursos a tempo parcial, que apoiaram nos esclarecimentos processuais e validações funcionais necessárias à correta implementação deste tipo de projetos. Da parte da Glintt, a alocação de consultores ao longo das três fases do projeto não foi uniforme, tendo oscilado entre os três e os sete consultores, refere Mécio Afonseca. De acordo com Célia Ribeiro, manager da área Saúde da Glintt, a implementação deste projeto permitiu à Médis e à José de Mello Saúde a evolução do processo de elegibilidade de autorizações do pagamento total ou parcial de determinado conjunto de movimentos em faturação para determinado doente. “Passou a ser possível o envio em tempo real da informação de faturação associada a cada doente e a transação e desmaterialização do processo de faturação, permitindo a

projeto, Francisco Reymão destaca o grau de inovação deste projeto que segundo ele reside no pioneirismo da Médis na implementação do SIA, um Sistema Integrado de Autorização, que será fundamental para que a José de Mello Saúde obtenha ganhos substantivos no processo de faturação eletrónica de internamento. Destaca-se também a solução desenvolvida pela Glintt para permitir a gestão integrada de forma eletrónica de autorizações para a realização de assistências clínicas entre as unidades de saúde privadas e as seguradoras de saúde. “Graças a disponibilização do Sistema Integrado de Autorizações, passa a ser possível acompanhar o estado de cada episódio que carece de autorização prévia da Entidade Financeira Responsável (EFR) do Cliente, desde o momento da proposta cirúrgica até à faturação por parte da unidade de saúde e pela seguradora”, esclarece o diretor comercial da José de Mello Saúde. VERÃO 2015 35


VIDA ANIMAL

Memória de ELEFANTE Estudos científicos mostram que, tal como os humanos, os elefantes ficam traumatizados após testemunharem a morte violenta de membros do seu grupo. Perdem a orientação e o respeito pelas regras sociais da manada.

O comércio ilegal A morte violenta de elefantes é cada vez mais comum, não só pela caça ilegal fomentada pelo comércio ilícito do marfim, mas também devido a políticas (ditas) de conservação assumidas em algumas reservas e parques naturais africanos. O estudo colocou em confronto 39 famílias de elefantes do Parque Nacional de Amboseli, no Quénia, onde os animais vivem há muitos anos protegidos num ambiente que respeita a biodiversidade, e 14 famílias do Parque Nacional de Pilanesberg, na África do Sul, onde foram acolhidos muitos elefantes salvos da política de abate seletivo levada a efeito por parques sul-africanos entre os anos 60 e 90. Por um lado, temos um ambiente estável e consolidado e, por outro, a construção artificial de uma reserva de vida selvagem, com recurso a animais deslocados do seu habitat, muitos dos quais recuperados das políticas de redução e controlo da população de paquidermes, cujo espaço vital tem vindo a ser reduzido pela expansão de terrenos agrícolas e não só... Estes animais eram (ou são) afugentados e conduzidos por ação de helicópteros que os assustam e os encaminham para zonas pre36 VERÃO 2015

definidas onde caçadores abatem de acordo com critérios discutíveis os elementos mais velhos dos grupos onde se incluem as matriarcas, que têm um papel fundamental na hierarquia social. Alguns dos animais com idades entre os quatro e os 10 anos são conduzidos para outras reservas onde a sua população é escassa, ou até para jardins zoológicos espalhados por todo o mundo. Os abates indiscriminados, ou com critérios discutíveis, estão na origem de muitos problemas. Pode admitir-se que o excesso de animais em alguns territórios pode ser um problema. Isso acontece em países como o Botswana, uma vez que uma manada pode vaguear por uma área com a extensão de dois mil quilómetros quadrados. Os elefantes necessitam de espaço e sobretudo dos pastos que ajudam a saciar a fome destes mastodontes e, por isso, vagueiam em busca de alimentos. É fácil perceber que estas migrações colidem com o crescimento da pegada humana que invadiu territórios até aqui selvagens e isso levou ao confronto entre o homem e o elefante. É um conflito insanável, que os animais nunca poderão vencer.

Caos social Ao olhar dos observadores menos atentos, o comportamento dos elefantes que encontraram um refúgio forçado no Parque Nacional de Pilanesberg pode parecer normal, mas ao nível social a sua vida é uma desordem. Os investigadores registaram alterações nas vocalizações que garantem a unidade do grupo e notaram modificações comportamentais nos grupos, concluindo que a vivência social destes elefantes foi alterada. Não respondem aos chamamentos da manada e mostram reações pouco comuns face aos mais velhos e aos mais jovens. Os laços solidários modificaram-se, da mesma forma que se alteraram as relações afetuosas com os amigos e as agressivas com os inimigos. São sinais evidentes das modificações comportamentais de grupos até aqui estáveis ao nível das relações sociais, bem patentes na capacidade de reação dos animais, que se tornou muito imprevisível. Os elefantes, com um passado problemático ao nível do stress, mostram sinais evidentes da degradação do tecido social, mesmo

Fotografia: Getty Images.

Testemunhar o massacre de um membro da família ou da comunidade provoca traumas que podem perseguir um indivíduo ao longo da sua vida e motivar comportamentos anti-sociais. Isto é tão válido para o ser humano como para os elefantes, como é revelado num estudo conduzido pela Universidade de Sussex, que faz luz sobre os traumas causados pela caça sistemática a estes animais que se organizam em sistemas sociais complexos. A memória dos elefantes é muito mais do que um mito. Estes animais são capazes de recordar um amigo ou uma ofensa. Segundo os investigadores, os paquidermes são capazes de recordar a morte de um familiar, de elementos da sua “tribo” ou até mesmo os traumas de uma separação forçada. Este estudo, como outros anteriores, conclui que as consequências psicológicas nos animais são semelhantes aos distúrbios pós-traumáticos sentidos pelos humanos após a vivência de situações de violência extrema e dramática, como a guerra.


quando os “traumatismos” ocorreram décadas antes. Os elementos mais jovens são geralmente hiperagressivos e chegam a atacar rinocerontes, uma atitude pouco habitual nesta espécie. É um sinal da falta de conhecimento das regras sociais que os mais jovens recebiam dos mais velhos, sobretudo das matriarcas que foram sempre o elo de transmissão da “cultura social” dos elefantes. Estas sociedades animais tiveram sempre uma orientação matriarcal, mas as fêmeas foram as maiores vítimas da política de abate seletivo e sem elas os grupos ficaram privados das suas capacidades cognitivas e de comunicação. Os efeitos traumáticos também são superiores entre as fêmeas, o que agravou ainda mais o problema, condicionando a reprodução e o papel pedagógico das matriarcas. Em média, uma fêmea tem uma cria em cada quatro ou cinco anos (depois de 22 meses de gestação), mas este período está a aumentar: as novas matriarcas que estiveram sujeitas a situações stressantes transmitem às suas crias comportamentos inadequados, que foram monitorizados ao longo do estudo.

Drama continua Apesar deste alerta, como de muitos outros, a situação não parece evoluir num sentido positivo. É verdade que a sociedade tomou medidas de proteção. É indiscutível que foram assumidas políticas para prevenir e controlar o comércio de marfim, ou seja, a principal causa da caça aos elefantes. Mas, mesmo assim, segundo a Wildlife Conservation Society, 96 elefantes africanos são abatidos diariamente, na sua grande maioria por caçadores furtivos, que perseguem um lucro fácil nos mercados asiáticos e no Médio Oriente. Só para se ter uma ideia da dimensão do problema basta recordar que, em 2013, as autoridades alfandegárias dos Estados Unidos destruíram seis toneladas de marfim apreendido nas suas fronteiras e, cerca de seis meses depois, a China realizou uma operação semelhante. Estas ações merecem aplauso e podem ser vistas como um alerta para os traficantes e para os menos atentos, mas foram ações puramente mediáticas porque a perseguição aos elefantes não abrandou. As imagens foram difundidas a nível global pelas

cadeias de televisão, algumas consciências foram apaziguadas, mas nada se alterou. Segundo o World Wildlife Fund, desde 2008 foram comercializadas 13 toneladas de marfim de elefantes africanos só na Tailândia. Este país autoriza o comércio de marfim de elefantes asiáticos criados em cativeiro, mas as quantidades transacionadas mostram que o seu abastecimento tem de ser global. O número de elefantes aba-

Testemunhar o massacre de um membro da família ou da comunidade provoca traumas que podem perseguir um indivíduo ao longo da sua vida e motivar comportamentos anti-sociais. Isto é tão válido para o ser humano como para os elefantes. tidos legalmente na Ásia para assegurar este comércio não chega para o volume de marfim comercializado num país onde, ainda de acordo com o Wildlife Fund, entre janeiro de 2013 e maio de 2014 o número de lojas especializadas abertas ao público em Banguecoque cresceu de 61 para 120. É um exemplo esclarecedor de uma realidade tão grave como ignorada a nível global. A sociedade civilizada gosta dos elefantes e é capaz de aplaudir o esforço de alguns países africanos na defesa destes com os poucos recursos que conseguem desviar para este efeito, mas a esmagadora maioria da população assume uma posição de indiferença face a este grave problema, com a mesma neutralidade que encara a política de abates seletivos, que podem vir a ter consequências nefastas a médio prazo. Estas políticas apenas têm por base a frieza dos números e, para os combater, o genocídio de uma espécie animal é encarado como uma opção lícita, mas segundo muitos especialistas, se atualmente os principais afetados são os elefantes, este tipo de raciocínio poderá vir a colocar em perigo muitas outras espécies. Vale a pena pensar nisto... VERÃO 2015 37


MUNDO médis

MÉDIS PINTOU DE AZUL A MARGINAL DO DOURO Cerca de 3000 participantes animaram a 1.ª Corrida Médis Marginal Douro num percurso que teve início na Marina de Gaia e seguiu pela avenida do Mar na direção do oceano Atlântico, e a Médis esteve presente…

A

Médis tem cada vez mais experiência nas corridas que anualmente se disputam no nosso país. Já participou em muitas e não poderia faltar à partida da 1.ª Corrida Médis Marginal Douro que encheu por completo a zona circundante à Douro Marina de Gaia, ponto de partida para uma competição que reuniu cerca de 3000 participantes, que aproveitaram os favores do Sol para correr ou simplesmente passear num percurso que seguiu na direção da Afurada, lado a lado com a beleza do rio Douro. Havia duas formas de participar: uma prova com 10 quilómetros homologada pela Federação Portuguesa de Atletismo aberta aos atletas que assumem a competição, e um percurso com cinco quilómetros pensado para as famílias e os grupos de amigos que, mais depressa ou mais devagar, percorreram a zona pedonal do 38 VERÃO 2015


A Médis esteve presente, tendo sido o patrocinador principal desta iniciativa que se enquadra na perfeição na sua política de promoção de estilos de vida saudáveis. Canidelo e a avenida do Mar no caminho que os levou até ao oceano Atlântico.

Médis à partida A Médis esteve presente, tendo sido o patrocinador principal desta iniciativa que se enquadra na perfeição na sua política de promoção de estilos de vida saudáveis, porque a atividade física “Faz bem à Saúde” e essa é a assinatura da Médis. “O nosso envolvimento cumpriu dois objetivos essenciais: o apoio a uma atividade que reúne um número crescente de adeptos em todas as faixas etárias e o incentivo à prática regular de exercício físico”, referiu-nos Jeroen Meijers, responsável do marketing da Médis, que admitiu que este tipo de iniciativas “está perfeitamente alinhado com o nosso posicionamento e compromisso como marca ativamente participante na promoção de hábitos saudáveis”. A franca adesão dos participantes garantiu o

INTERAÇÃO COM OS PARTICIPANTES Fazendo parte do ADN da Médis desde a sua constituição, a inovação e a necessidade contínua de melhorar a customer experience não poderiam deixar de estar refletidas neste evento. Para esta prova foi apresentada uma nova plataforma pré-corrida que aliou a aposta ativa numa modalidade desportiva que atrai mais de 1,45 milhões de portugueses em todas as faixas etárias, com o incentivo à prática regular de exercício físico. Esta plataforma ajudou os participantes a prepararem-se para o desafio Médis Corrida Marginal Douro, disponibilizando planos de treino adequados às diferentes distâncias e objetivos, bem como conselhos de uma treinadora certificada sempre disponível para responder às dúvidas e às questões levantadas pelos runners. E porque o “Fazer bem à Saúde” significa estar sempre presente, além da inovadora plataforma, foi também apresentado um novo palco digital para as Corridas Médis com a criação de uma página no Facebook, onde serão partilhadas informações e dicas de uma marca que pretende continuar a marcar a diferença. Veja em www.corridadouromedis.pt

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MUNDO médis

A franca adesão dos participantes garantiu o sucesso da 1.ª Corrida Médis Marginal Douro, pelo que a Médis fez um balanço muito positivo do seu envolvimento nesta prova

SUPER MÉDIS KIDS Na corrida, além da vertente competitiva que reuniu os atletas que percorreram 10 quilómetros, também houve a vertente lúdica aberta a todos aqueles que quiseram fazer uma corrida em ritmo mais pausado ou simplesmente uma boa caminhada de cinco quilómetros. Grupos de amigos e famílias acompanhadas por crianças responderam à chamada e os mais jovens puderam encontrar a mascote do Super Médis Kids, um dos protagonistas de uma página do Facebook virada para uma faixa etária infanto-juvenil, onde a Médis disponibiliza vários tipos de aconselhamento para uma vida mais saudável e para a prevenção das vários tipos de doenças numa linguagem adequada aos mais novos.

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sucesso da 1.ª Corrida Médis Marginal Douro, pelo que a Médis fez um balanço muito positivo do seu envolvimento nesta prova, que pode ser visto como uma sequência natural da presença em 2014 na Corrida da Linha Médis, disputada em Cascais e onde também marcaram presença os atletas e as famílias, muitas acompanhadas por crianças, que optaram por um passeio saudável.

Aposta com futuro Esta é uma aposta com futuro, porque “a prevenção e a promoção de hábitos de vida saudáveis vão continuar a marcar as ações de comunicação e a política de patrocínios da Médis”, como acrescentou Jeroen Meijers. Em setembro, a Médis volta a “alinhar” em mais uma edição da Corrida da Linha em Cascais, esperando repetir o sucesso de Gaia com lotação esgotada.


IMPORTANTE É PARTICIPAR A vertente competitiva da 1.ª Corrida Médis Marginal Douro teve vencedores. É certo que neste tipo de eventos o mais importante é participar. A presença da Médis na 1.ª Corrida Marginal do Douro foi além do apoio direto à iniciativa. Os participantes não poderiam ser esquecidos, tendo recebido apoio e informação relevante para quem quer fazer exercício físico. Nesse sentido, foram realizados rastreios onde era possível medir a massa muscular e facultar todo o aconselhamento no sentido da prevenção ao nível da saúde.

Em setembro, a Médis volta a “alinhar” em mais uma edição da Corrida da Linha em Cascais, esperando repetir o sucesso de Gaia com lotação esgotada. Classificação geral FEMININO 1.ª Doroteia Peixoto (Amigos da Montanha) 2.ª Justyna Wojcik 3.ª Marta Martins (Sra. do Desterro)

Veja as imagens da 1.ª Corrida Médis Marginal do Douro em: http://www.youtube.com/watch?v=Ii2UHY4duv0

MASCULINO 1.º Daniel Pinheiro (Maia A/C Criobaby) 2.º Luís Mendes (Sra. do Desterro) 3.º Delfim Conceição

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WEEK end

POR TERRAS DO

DOURO As estradas que ziguezagueiam pelo Vale do Douro, no meio dos degraus onde as vinhas surgem como jardins suspensos, são uma rota de beleza que importa (re)descobrir Por Rui Faria

AO AO LONGO LONGO DO DO DOURO DOURO As As vinhas vinhas são são como como jardins jardins suspensos suspensos que que se se refletem refletem nas nas águas águas

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PASSADO E FUTURO A estação do Pinhão é um ícone e a Quinta da Pacheca (à dir.) perto da Régua, um local que merece uma visita

A

região duriense esteve muitos anos escondida pelos acessos aos vales onde é produzido um dos vinhos mais afamados do

mundo. Pode dizer-se que o vinho do Porto foi sempre conhecido pelos portugueses. Podiam apreciá-lo ou não, conhecer as suas nuances e variedades, ou nem por isso, mas a maioria considerava que as suas vinhas estavam para lá do fim do mundo. Tudo mudou com o reconhecimento de parte da sua paisagem ímpar como Património da Humanidade por parte da UNESCO e, com ele, abriram-se estradas e as portas de várias quintas que são verdadeiros tesouros de tradição e arquitetura, para já não falar na hospitalidade que faz parte das gentes da região ou daqueles que por ali se instalaram desde que nasceu uma das regiões demarcadas mais antigas do mundo. Também por isso, vale a pena ir e regressar ao Vale do Douro, uma região onde as cores da paisagem mudam com as estações do ano como se de um caleidoscópio se tratasse. A paisagem pode ser sempre diferente, mas é sempre deslumbrante. É possível partir do Porto, rio acima, nas águas que os velhos barcos rabelos faziam no seu caminho para as adegas de Vila Nova de Gaia, tanto mais que as barragens acal-

maram o temperamento irascível do velho Douro. Mas, por nossa parte, optámos por partir de automóvel e é esse o desafio que lhe propomos: venha daí...

Régua é tradição Ao longo de séculos, a Régua foi o local para onde confluía toda a produção vinícola da região, que seguia rio abaixo na direção das caves em Vila Nova de Gaia, antes de ser exportado para os quatros cantos do mundo. Hoje a história é diferente, mas a cidade continua a ser um local privilegiado para partir à descoberta da região, tanto mais que sempre foi o seu epicentro. Por ali a oferta hoteleira deu resposta à procura e, além dos hotéis, vale a pena descobrir o charme das antigas quintas onde, a par do vinho do Porto, se produzem atualmente excelentes vinhos de mesa. É o caso da Quinta da Pacheca, localizada em Cambres, na margem sul do Douro, mesmo em frente da Régua. É uma das mais conhecidas propriedades do Douro e surge referenciada em documentos de 1738, que recordam a propriedade de D. Mariana Pacheco Pereira, a “Pacheca”. Foi uma das primeiras a engarrafar vinho com a sua própria marca. A propriedade foi comprada em 1903 por D. José Freire Serpa

Onde Dormir QUINTA DO VALLADO Enoturismo. Vilarinho dos Freires, Peso da Régua. Tel.: 939 103 591. www.quintadovallado.com. QUINTA DA PACHECA Enoturismo. Cambres, Lamego. Tel.: 254 313 228. www.quintadapacheca.com. QUINTA DO PORTAL Enoturismo. Celeirós, Sabrosa. Tel.: 259 937 000. www.quintadoportal.com.

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WEEK end

PALÁCIO DE MATEUS Um passeio pelo Alto Douro pode ir até às portas de Vila Real

Pimentel e mantém-se nesta família até aos dias de hoje, sendo possível visitar a sua adega, os lagares e desfrutar do conforto dos 15 quartos da sua unidade de enoturismo, onde não falta um restaurante de gosto tradicional que faz as honras a especialidades como os pratos de cabrito ou de bacalhau. Outra opção surge às portas da Régua, no local onde as águas do rio Corgo encontram as do Douro. A Quinta do Vallado faz parte do património histórico do vinho do Porto, tendo sido uma das 35 propriedades de D. Antónia Adelaide Ferreira, que o povo carinhosamente apelidou de “Ferreirinha”. Foi uma das personalidades mais marcantes e esclarecidas no século XIX, tendo desempenhado um importante papel como empresária tanto nos períodos de fartura como nos da recessão motivados pela praga da filoxera, que ameaçou acabar com a produção vinhateira. A Quinta do Vallado surgiu em 1716 e ainda hoje pertence à família da “Ferreirinha”, contando com uma pequena mas elegante unidade de enoturismo onde não falta o conforto. Quem escolher a Quinta do Vallado para pernoitar, ou quem esteja de passagem, não pode perder a oportunidade para degustar os seus vinhos nem deixar de visitar a sua adega, desenhada por Francisco Vieira de Campos, um discípulo de Souto Moura. 44 VERÃO 2015

Vinho com história No centro da Régua, o edifício onde funcionou a Companhia Geral da Agricultura e das Vinhas do Alto Douro, que geria a região demarcada criada pelo Marquês de Pombal, foi adquirido pelo Estado à Real Companhia Velha e recebeu o primeiro museu de território criado em Portugal. Paredes-meias surge o arrojo da forma de uma construção que alberga os serviços de museologia e restauro. Quem quiser ficar a saber mais sobre o Douro e a sua tradição vinhateira, conhecer a homérica tarefa que deu origem aos socalcos onde foram plantadas as vinhas e acompanhar todo o processo da produção do vinho do Porto pode visitar o polo museológico que ocupa um antigo armazém da Companhia do Douro. É um verdadeiro centro interpretativo que ajuda a compreender melhor a região. Quase todas as quintas durienses têm as portas abertas a visitas e à degustação dos seus vinhos. Antes de se pôr ao caminho, pode recolher um mapa nas instalações da Rota do Vinho do Porto, instalada no Largo da Estação da Régua. Se for guloso, vá mesmo até à estação porque vai encontrar por ali uma das muitas senhoras que produzem e comercializam rebuçados caseiros, que são uma delícia.

Ao longo do rio Virando as costas à Régua pela ponte que atravessa o rio na direção da margem sul, a

Ao longo de séculos, a Régua foi o local para onde confluía toda a produção vinícola da região, que seguia rio abaixo na direção das caves em Vila Nova de Gaia, antes de ser exportado para os quatros cantos do mundo.


Vale a pena ir e regressar ao Vale do Douro, uma região onde as cores da paisagem mudam com as estações do ano como se de um caleidoscópio se tratasse. A paisagem pode ser sempre diferente, mas é sempre deslumbrante...

ONDE COMER? DOURO IN Av. João Franco, Peso da Régua. Tel.: 254 098 075. Sobre o Douro. Cozinha contemporânea com inspiração regional. Não encerra.

MEMÓRIAS Nas ruas da Régua são visíveis as indicações da altura das águas nas grandes cheias do Douro (em cima).

estrada que segue para o Pinhão serpenteia a margem ao longo do rio. As quintas repetem-se ao longo do caminho. Se passar por ali à hora de uma refeição é obrigatório parar em Folgosa do Douro, o local onde está o restaurante DOC do chef Rui Paula. É difícil dizer se a localização é melhor do que a carta, mas a simbiose entre a localização sobranceira ao rio e as iguarias propostas tornou este restaurante num local de culto.

TABERNA DO JÉRÉRÉ Rua Marquês de Pombal, 38, Peso da Régua. Tel.: 254 323 299. Cozinha tradicional, nas traseiras do Museu do Douro. Encerra ao domingo. QUINTA DA PACHECA Cambres. Tel.: 254 313 228. Cozinha regional, em frente à Régua. Não encerra. DOC. EN 222, Folgosa do Douro. Tel.: 254 858 123. www.ruipaula.com. Cozinha de autor com traços regionais. Não encerra. RABELO Vintage House Hotel. EN 222, Lugar da Ponte, Pinhão. Cozinha contemporânea em ambiente requintado. Não encerra.

de vinhos de mesa, do Porto, espumantes e moscatel, tendo-se afirmado como um caso de sucesso ao nível do enoturismo. A Casa das Pipas é um local aprazível, capaz de dar resposta aos mais exigentes. A decoração é inspirada na produção vinícola e a notável sala de estar oferece uma deslumbrante vista panorâmica sobre as vinhas. Esta quinta é um convite à preguiça. Quem gosta de apreciar um bom vinho pode embrenhar-se na biblioteca vínica para conhecer mais sobre o néctar dos deuses. A piscina com a sua esplanada é outra alternativa, e quem não dispensa o fitness até tem disponível um ginásio. Favaios fica perto e o seu Museu do Pão e do Vinho é curioso, na recordação de uma terra onde houve sempre muitas padarias e onde a produção de moscatel levou o nome da vila a diversos cantos do mundo. Alijó é mais uma alternativa, tanto que, se a povoação reivindica a sua fundação em 1226, na região há diversos vestígios de castros, que provam que a região já era habitada muitos séculos antes. Quem optar por pernoitar na Quinta do Portal não deve perder um passeio até ao Palácio de Mateus, perto de Vila Real. O edifício, projetado pelo italiano Nicolau Nasoni, é tido como um dos melhores exemplos da arquitetura civil barroca em Portugal. A beleza do edifício e a exuberância dos jardins desenhados a bucho tem recantos de rara beleza como as cameleiras centenárias, o exótico “túnel” formado por cedros e os magníficos espelhos de água. No interior, importa apreciar a beleza dos tetos em madeira de castanheiro, o mobiliário e as pinturas do século XVIII para já não falar na magnífica biblioteca. Visitas como esta, aliadas à beleza das paisagens e aos sabores da cozinha duriense, não podem deixar de ficar na memória de quem passa por estas terras. Nós voltámos a ser conquistados pelo Douro e estamos seguros de que, se seguir o nosso exemplo, também será contagiado...

Pelo Alto Douro Mais à frente surge o Pinhão, onde no verão ainda vai parando o comboio histórico que liga a Régua ao Tua. Por aqui surge um dilema: subir rio acima ou optar por rumar mais para norte no caminho do chamado Alto Douro. Optámos pela segunda hipótese e por um caminho onde a paisagem se altera com o aparecimento das oliveiras, que fazem companhia às vinhas. Também por aqui encontrámos grandes quintas como a Noval, uma das mais premiadas na produção de vinho do Porto graças às suas vinhas velhas e a um terroir de eleição. A estrada da Régua para o Pinhão foi eleita a melhor estrada do mundo para conduzir, mas nunca ninguém se lembrou de eleger as mais belas estradas panorâmicas do nosso país, mas este trecho que segue para Favaios seria certamente um candidato com grandes hipóteses de vitória. Em Celeirós surge a Quinta do Portal. É uma vasta propriedade que se dedica à produção

Nunca ninguém se lembrou de eleger as mais belas estradas panorâmicas do nosso país, mas este trecho que segue para Favaios seria certamente um candidato com grandes hipóteses de vitória. VERÃO 2015 45

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MUNDO gourmet

Mais do que um novo restaurante, Sala de Corte aponta uma nova tendência que surge no setor…

CARNE

ESTÁ NA

MODA

A

abertura – a um ritmo alucinante – de restaurantes dedicados exclusivamente a carnes é uma tendência. Aliás, gente bem informada sobre as novidades da gastronomia garante que a próxima moda em Portugal será a dos assadores, termo muito usado em Espanha para restaurantes especializados em carnes, regra geral grelhadas com muita ciência. Neste país até há cursos dedicados à grelha por se tratar de um assunto sério. Ora, uma das últimas novidades carnívoras em Lisboa é a Sala de Corte, restaurante localizado no Cais do Sodré (por detrás do Mercado da Ribeira) e com o apoio de Henrique Sá Pessoa, embora no dia a dia quem trate das picanhas e dos entrecôtes seja Luís Gaspar, um miúdo que já trabalhou com figuras gradas da restauração (Aimer Barroyer). O espaço é bonito, funcional e despretensioso. Podemos comer ao balcão ou nas poucas mesas dispostas na sala. Ainda antes de chegar a carne propriamente dita convém prestarmos atenção aos croquetes com mos-

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tarda Dijon, à burrata, ao presunto 5J ou ao carpaccio de novilho temperado superiormente com azeite de trufa e pistácios. É difícil dizer qual deles o melhor. Depois, em matéria de carnes, os cortes são variados: vazia (13,5€), picanha (11,5€), entrecôte (14,5€), lombo (19€), chateaubriand (29€) e chuletón (32€). Estas carnes são provenientes da Irlanda ou do Uruguai porque, no entender dos responsáveis da casa, em Portugal não se produz carne de qualidade com regularidade ao longo do ano. É um ponto de vista polémico, mas é bem capaz de ser certeiro. O que mais se estranha neste espaço é a ausência de carnes maturadas, servidas hoje em qualquer tasco (com qualidade muito variável, é certo). E a resposta é a mesma: a irregularidade dos fornecedores. Seja como for, convém dizer que todas as peças são tratadas num Josper, que é o grelhador da moda. Trata-se de uma caixa estanque com um grelhador a carvão dentro e cuja temperatura pode atingir os 500 graus (faz uma pizza em menos de um minuto).


O facto de ser estanque faz com que a assadura das peças seja perfeita, uniforme e, como dizem os brasileiros, no ponto. Mas há mais, depois de a peça ter sido assada vai descansar para uma outra caixa fechada (tipo micro-ondas), que se chama Hold-o-mat. Ao contrário do que se pensa, quando a carne descansa alguns minutos depois de ser grelhada, fica mais tenra. Mas como não deve arrefecer abruptamente nem voltar a grelhar, o Hold-o-mat mantém-na a 65 graus. Em matéria de vinhos podemos estar descansados porque a seleção (há muitas referências) é feita por Rodolfo Tristão, que é um escanção de mão-cheia. De maneira que, caros carnívoros, a Sala de Corte é um espaço obrigatório.

Uma das últimas novidades carnívoras em Lisboa é a Sala de Corte, restaurante localizado no Cais do Sodré e com o apoio de Henrique Sá Pessoa.

SALA DE CORTE Rua da Ribeira Nova, 28, Cais do Sodré Tel: 213 460 030 Horário: das 12h às 15h e das 19h às 24h. Sábados e domingos das 12h às 24h Lotação: 28 lugares Preço médio: a parir de ¤25 Cartões: sim Fumadores: não

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ON THE road

Jaguar XE

FÉNIX

RENASCIDA O Jaguar XE é o novo rival do BMW Série 3 e do Mercedes Classe C. Tem tudo para agradar, até mesmo um preço que começa abaixo dos 44 mil euros... Por Rui Faria.

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A

Jaguar é um ícone do passado, mas está cada vez mais próxima de se afirmar como uma referência do futuro. Foi uma das imagens de tradição e requinte que ajudou a criar padrões da indústria automóvel britânica e, se ao longo da sua história passou por graves aflições, acabou por ser salva pelas rupias indianas do Grupo Tata. A história da Jaguar poderia servir de argumento para uma saga ao estilo “Downton Abbey”. Tudo começou em 1922, num período de euforia e riqueza após a I Grande Guerra quando Sir William Lyons e William Walmsley se juntaram para criar a Swallow Sidecar Company em Whitley, perto de Coventry. Foi uma aposta industrial numa região rural onde o formalismo

Mesmo assim, a Jaguar foi sobrevivendo. Passou pelas mãos de um consórcio criado pelos britânicos (British Leyland), que não deu resultados, e foi resistindo até ser adquirida pela Ford Motor Co., que mostrou não ter o talento para gerir uma marca premium europeia e uma das joias da coroa da indústria automóvel britânica optando por vendê-la. Nessa altura, a Jaguar garantiu o jackpot. Foi comprada pelo Grupo indiano Tata. Os britânicos ficaram chocados. Depois de perderem muitas das suas marcas para grupos alemães, cederam a sua última joia a uma multinacional oriunda de uma ex-colónia. Mas a gestão esclarecida dos novos proprietários mostrou que estavam engana-

O design deste familiar é sóbrio, mas elegante, e a estrutura monobloco que utiliza 75 por cento de elementos em alumínio permite reduzir o peso e aumentar a rigidez estrutural. britânico assume todo o seu peso. Oxford não está longe e Stratford-upon-Avon, a terra de Shakespeare, também não... A produção de motos com side car foi um sucesso e o salto para a construção de automóveis acabou por ser um passo natural de uma empresa que assumiu a sigla SS, no entanto, o seu crescimento foi condicionado com o eclodir da II Guerra Mundial. No final do conflito, o nome SS estava longe de ser politicamente correto num país que combatera os nazis e a marca adotou a designação Jaguar. Foi o recomeçar de um ciclo que tem tudo a ver com a tradição da indústria automóvel britânica, assente no requinte, no luxo e no caráter desportivo.

Tradição desportiva A Jaguar encarnou todas estas facetas em modelos de prestígio e automóveis de competição, que colecionaram sucessos em provas míticas, como as 24 Horas de Le Mans, que projetaram o seu nome ao longo da década de 50. Depois, surgiu o Jaguar E, um dos mais icónicos desportivos da história do automóvel, que foi o resultado da evolução natural. Mas se ainda hoje é um automóvel cobiçado, na época foi o carro errado para o momento errado. No final dos anos 50, as convulsões geopolíticas no Médio Oriente condicionaram o abastecimento de petróleo no Ocidente. O mundo mudou. Os construtores de grandes desportivos passaram de ricos a pobres em pouco tempo, numa altura em que a indústria automóvel descobria novos caminhos e novas soluções, como o Mini.

dos. Recapitalizada, a Jaguar investiu no futuro. Apostou na tecnologia, em novas unidades de produção e numa estratégia de futuro. Tudo começou com um desportivo que rapidamente conquistou mercados – o FType, que deu origem a uma versão coupé que diversificou a oferta com modelos que têm tudo a ver com a herança do passado, contribuindo para reabilitar a imagem de uma marca moribunda. Mais do que o apuro da forma, da qualidade de construção e do requinte, os F-Type inovaram com a adoção do alumínio para a construção do chassis monobloco, mas também das suspensões. Também houve um forte investimento no campo dos motores, numa aposta que passa pela diversificação da gama. É este o caminho para aumentar o volume de vendas e foi por isso que a Jaguar apostou num downsizing com o lançamento do familiar XE, que está a chegar ao mercado.

Jaguar XE Este modelo perfila-se como o novo concorrente do Audi A4, do BMW Série 3 e do Mercedes Classe C. O objetivo é mais do que ambicioso, mas os responsáveis da marca britânica assumem que se até aqui se costumava falar das três marcas alemãs, no futuro deverá falar-se das quatro marcas europeias do segmento premium. Quem já guiou o novo Jaguar XE pode testemunhar que argumentos não lhe faltam. O design deste familiar é sóbrio, mas elegante, e a estrutura monobloco que utiliza 75 por cento de elementos em alumínio

permite reduzir o peso e aumentar a rigidez estrutural. A eficácia do chassis garante um excelente comportamento dinâmico e o baixo peso contribui para atingir uma boa relação peso/potência em qualquer dos motores. Estão disponíveis (para já) duas opções diesel com um motor 2.0 litros de 163 ou 180 cv e três propostas a gasolina com motores 2.0 de 200 e 240 cv, além de um V6 3.0 com 340 cv. Os XE são agradáveis de conduzir, garantindo um excelente compromisso entre o dinamismo e o conforto. Pode-se dizer que não é tão seco como o BMW Série 3, nem tão sereno como o Mercedes Classe C. Em termos de dimensões, o XE tem um comprimento semelhante ao do Mercedes Classe C. É ligeiramente maior do que o BMW Série 3 e mais largo e mais baixo do que os seus concorrentes, mas não oferece mais espaço do que qualquer um deles, nem no habitáculo nem no volume da bagageira. O interior é requintado e bem construído, mas a Jaguar poderia ter ido mais além no desenho da consola central, cujo design é demasiado conservador. Há alguns anos seria impensável comprar um Jaguar por menos de 44 mil euros, mas o preço do novo XE começa nos 43 176 € do 2.0 D de 163 cv, que custa menos 700 € do que a versão de 180 cv, talvez a mais adequada à realidade do mercado nacional. Não tivemos oportunidade de conduzir a opção menos potente, mas o motor de 180 cv é honesto e responde bem nos regimes intermédios. No campo das versões a gasolina, o preço do 2.0i de 200 cv começa nos 45 316 € e o de 240 cv nos 50 020 €. Em qualquer dos casos é elástico e agradável. O 3.0 V6 é um verdadeiro desportivo com um comportamento exemplar, mas o preço começa nos 73 757 €. Face a estes preços, não há dúvidas de que a Jaguar se democratizou, mas esta aposta para potenciar o volume de vendas não condicionou o carácter destes modelos. Reassumem um estilo “very british”, que não irá deixar indiferentes todos aqueles que procuram um automóvel deste segmento, mas que não querem ter um carro igual aos que toda a gente conduz...

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PARABÉNS, HUBBLE C

alguns pequenos exemplos da observação de mais de 30 mil corpos celestes. Ao fim de 25 anos o Hubble continua em boas condições, mas deixou de ser possível realizar missões de manutenção e reparação desde 2009, quando a NASA retirou de serviço os space shuttles. O telescópio ficou à mercê de elementos como as radiações, que afetam os sistemas eletrónicos, e das variações de temperatura, que provocam o stress dos materiais e a redução da força da gravidade, o que está a provocar uma redução da altitude do telescópio, levando os cientistas a estimarem que em 2037 ele poderá reentrar na atmosfera, a menos que a NASA decida colocá-lo em órbita estacionária. A última missão de reparação em 2009 (a quinta visita de um space shuttle) permitiu prolongar a vida ativa do Hubble, que se deverá manter operacional até 2020, tendo aumentado a sua capacidade de observação do espaço próximo e profundo, até aos confins do espaço temporal, que pode chegar aos 500 milhões de anos após o Big Bang. Por isso continua a ser considerado pelos astrónomos como um instrumento de vanguarda e insubstituível. É certo que alguns dos mais modernos telescópios que foram surgindo na Terra garantem níveis de resolução semelhantes, mas a atmosfera cria barreiras de infravermelhos e ultravioleta. Por isso está programado para 2018 o lançamento do James Webb Space Telescope, que irá trabalhar em paralelo com o Hubble, para poder vir a substituí-lo quando for necessário.

Fotografia: Getty Images.

olocado em órbita em 1990, o telescópio já completou 25 anos ao longo dos quais alterou a nossa visão do universo. Em abril de 1990 o space shuttle Discovery colocou no espaço o telescópio Hubble, batizado com o nome do astrónomo americano Edwin Hubble (1889-1953), que descobriu que as até então chamadas nebulosas eram galáxias fora da Via Láctea. A operação decorreu na pefeição mas rapidamente se percebeu que o Hubble era “míope” devido a um erro na produção do seu espelho principal. O problema foi resolvido em 1993, ao longo de 10 dias de intenso trabalho da tripulação do space shuttle Endeavour. Resolvido o problema, as imagens recolhidas permitiram descobrir “que o universo estava a acelerar”, como refere Howard Bond, investigador e co-fundador do Hubble Heritage Program. Também não se sabia que existiam planetas em torno de estrelas diferentes do Sol. O Hubble recolheu imagens da colisão entre o cometa Shoemaker-Levy 9 e o planeta Júpiter, em 1994, e ajudou a descobrir uma galáxia a 13,2 milhões de anos da Terra. Passou a ser a mais longínqua que se conhece e deu uma imagem de como seria o universo 480 milhões de anos depois do Big Bang. Em 2008, recolheu imagens do primeiro planeta fora do nosso sistema solar (Fomalhaut b) e um asteroide (P/2013 R3) em fase de destruição entre Marte e Júpiter. Mas estes são apenas

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