Nós, a Terra e Eles

Page 1

Trienal de Arquitetura de Lisboa Proposta para Projetos Independentes

Nós, a Terra e Eles Um filme de Vitor Campanario Curadoria e expografía: Matías Gatti


Nós, a Terra e Eles Official selection Istambul International Architecture Urban Film Festival. Official selection 4to. Festcine Pedra Azul Na periferia de São Paulo, uma comunidade envolta pela Mata Atlântica e condomínios, vive o dia a dia do conflito por terra, moradia e direitos. Há mais de 15 anos, os moradores unidos criam soluções criativas de educação ambiental e geração de renda em uma área alvo de interesses de especulação imobiliária.

Exibição do filme e roda de conversa Pátio do Palácio Sinel de Cordes


Nós, a terra e eles é um

emotivo e preciso retrato sobre a luta de uma comunidade, que, como se fosse uma colcha de retalhos, foi construída a partir de pequenas lutas individuais que a certa altura resolveram unir forças, para enfrentar juntos o conflito que originou-se na defesa de sua existência. É, portanto, uma história coletiva de resistência e resiliência diante de narrativas que as tornam invisíveis, silenciam ou criminalizam. É a história da busca de alternativas a um sistema e a um modelo de fazer cidade que se alimenta da urbanização da mata atlântica, transformando a paisagem das periferias brasileiras em ficções aspiracionais e importadas, mas só para quem pode pagar: a cidade das torres genéricas, as rodovias e dos espaços fechados de consumo. Esta construção coral de his-

tórias pessoais é, no entanto, mais resistente do que parece, e talvez seja, sem pretensão, uma resposta real, local, política, ecológica e económica à crise climática e ambiental provocada em grande medida por esta fase tardia do capitalismo liberal. Diante de soluções genéricas, da retórica de dados, gráficos e promessas de 30 anos, que em sua maioria nos chegam do mesmo lugar de onde se originam as crises, este filme dá pistas firmes de como é possível encontrar soluções a partir de outras narrativas, e que existem outras formas de habitar e produzir cidades. Mas também que outros tipos de alianças entre os humanos, as outras espécies e a natureza é possível. Se aprendemos alguma coisa nesses últimos anos de crise, originada em nossos modos de viver e produzir, é que essa

fase tardia do capitalismo sempre encontra novas narrativas para manter sua validade e hegemonia. Todos os dias testemunhamos conflitos e crises que se multiplicam e se sobrepõem, crises com raízes complexas e profundas, conflitos sociais de longa data, emergências humanitárias e de saúde e desastres econômicos cujas consequências são sempre difíceis de calcular. Diante dessas tragédias cotidianas, os poderes hegemônicos já tem suas respostas ensaiadas: não faltam cúpulas de líderes e especialistas do mais alto nível, que ano após ano anunciam acordos, estabelecem objetivos e assinam tratados, que na maioria das vezes ou não saem do papel, ou não se aplicam a todas as realidades, especialmente nas periferias do mundo subdesenvolvido e seus problemas específicos. Diante desse saber experto,

acadêmico e científico, de cunho eurocêntrico, há outro saber, muito menos valorizado, e quase sempre subestimado, e esse saber, advindo da experiência, da necessidade e da luta, nos mostra mais uma vez, que as soluções são em grande parte políticas, e que não parece tão necessário tentar soluções em fantasiosas ficções tecnológicas da terraformação ou do controle do clima, ou em metas de redução de emissões de 30 anos, mas talvez sim na vontade política de desconcentrar o poder e a riqueza, distribuir melhor as rendas ou parar de lucrar com direitos básicos como moradia, alimentação ou saúde. Essas histórias, como a desta comunidade de Vila Nova Esperança, nos ensinam, por sua vez, que esse poder político ganha força e sentido quando o povo se organiza e defende a sua terra. Matías Gatti González


Equipe Filme: Vitor Campanario Projeto expográfico: Matías Gatti Curadoria: Matías Gatti Apoio: Pedro Alves (Portugal) Fernando Américo (Brasil) Um projeto de Softurb

Local

Pátio do Palácio Sinel de Cordes Campo de Santa Clara, 144 - 145, 1100-474 Lisboa

Data

Acesso

Exibições + Conversas: Todos os sábados de novembro de 2022 17:30hs*

Entrada gratuita. Lotação máxima filme e da ronda de conversas: A ser definido pela organização da Trienal.

*Datas e horários a serem confirmados com a organização da Trienal.


Projeto expográfico A instalação decorrerá no Pátio do Palácio do Sinal de Cordes e será composta por duas partes. Primeiro, a exibição do filme Nos, a terra e eles, e segundo, uma roda de conversa livre após cada exibição. O suporte dessas atividades será realizado na parede ao pé das escadas do patio, mediante a confecção de uma manta que ficará apoiada no pavimento, enquanto uma de suas pontas é levantada na parede, tornando-se a tela onde o filme será projetado. Portanto, a inter-

venção será realizada na parede da escada, seguindo o eixo de simetria do palácio. (ver as imagens). A parte do tapete será feita tecendo pedaços entre sim dos sacos de batata que, cheios de terra, são utilizados como técnica de bioconstrução, confeccionadas pela comunidade de Vila Nova Esperança. Será assim definido um espaço para o público assistir ao filme de um jeito relaxado. Posteriormente terá lugar a roda de conversa, que será moderada pelo roteirista brasileiro Fernando

Américo e contará com a presença do diretor do filme. Haverá 4 projeções com seus respectivos encontros para conversar. Cada encontro terá como foco os diferentes aspectos e visões sobre a luta pela terra, a moradia e a alimentação, incluindo o auto cultivo de alimentos nas cidades, nas grandes periferias das cidades Brasil. Mas também da América Latina toda, seus desafios atuais e seus possíveis futuros num momento de crises e profundas mudanças.

Financiamento: A instalação será financiada com recursos próprios, e através de uma campanha de crowdfunding a ser realizada no primeiro semestre de 2022. As despesas de deslocação e alojamento ficarão a cargo dos proponentes, sendo o crowfunding exclusivamente destinado a financiar a instalação e aluguel dos equipamentos de imagem e som.


Projeto expográfico esquema de montagem Tela de projeção. Tipo White Flex. Costurado ao tapete. Pendurado da parede das escadas Tapete. Sacos de batata reutilizados e costurados entre sim. Feito pela comunidade de Vila Nova Esperança.

8 - 10 m

5m



Página anterior e atual. Fotomontagens da instalação. Pátio do Palácio Sinel de Cordés.


Ficha tecnica do filme 25:00 minutos Digital Cor Direção: Vitor Campanario Roteiro: Ricardo Biaobock e Vitor Campanario Produção: Ricardo Biaobock e Vitor Campanario Produtores Associados:Bruno Pires, Pedro Saviolli, Vicente Otávio Direção de Fotografia: Vicente Otávio Montagem: Pedro Saviolli Trilha Original: Marcio Silva Execução musical: Joaquin Rebollo e Marcio Silva Assistente produção: Karen Serra Som direto: Pedro Saviolli Colorista: Leandro Lamezi Edição de som: Arthur Gazeta Imagens aéreas: Pedro Galvão Assessoria de imprensa: Beatriz Lourenço Designer: Manoela Massuchetto Still: Lucas Prada Tradução inglês: Sofia Biaobock Tradução espanhol: Ricardo Biaobock Instagram: @nosaterra_doc

Cartaz oficial


Biografías

Vitor Campanario. São Paulo - SP, Brasil. 1992 Arquiteto e realizador audiovisual, formado em Arquitetura pela PUC-MG com pós-graduação em Geografia, Cidade e Arquitetura pela Associação Escola da Cidade, São Paulo-SP. Desenvolve projetos fotográficos documentais desde 2012, entre os temas abordados em suas pesquisas estão cidades, arquitetura, movimentos sociais e culturais. Em 2014-2015 estudou cinema digital e arquitetura na Politecnico Di Torino no norte da Itália, neste período assinou a direção de fotografia do curta-metragem Un caffé – 2015 – dirigido por

Jéssica Mateus, selecionado para o Corto Movie Festival Torino 2015, e também a direção de fotografia do curta-metragem Sotto L´ombra di una Guerra-2014, dirigido por Antônio Augusto Teixeira, exibido no festival Cento Ore Torino 2014. ​De volta ao Brasil, em 2016 inicia o projeto Pela Terra, registro documental do dia-a-dia de pessoas que lutam pelo direito à terra no Brasil. Em 2018, cursou direção de fotografia na na Academia Internacional de Cinema em São Paulo - SP e em 2019 no Ateliê Bucareste de Cinema. No ano de 2019 assina direção do curta-metragem documental Nós, a Terra e Eles, selecionado para os festivais Fest Cine Pedra Azul 2021, PlanetaDoc 2021 e Istanbul International Architecture and Urbanism Films Festival, e a direção de fotografia do documentário As Camadas das Águas Invisíveis do diretor piauiense Antônio Augusto Teixeira- Exibido no o 6º Santos Film Festival e UIA 2021. Em 2020 participou como assistente de edição nos curtas Ninguém Entra Ninguém Sai e Ocupagem, ambos dirigidos pelo cineasta Joel Pizzini. No mesmo ano dirigiu e fotografou o curta Se Piscar Já Era - sele-

cionado no programa Respirarte da Funarte. Em 2021 participa como montador da versão cinematográfica do espetáculo AKA que tem a performer Emilie Sugai como protagonista. No mesmo ano finaliza como diretor o curta Um Pequeno Quarto Estreito(prêmio de melhor direção de fotografia na Mostra Sampa DOC 2021), com atuação da artista Síria Yara Ktaish e também atua como primeiro assistente de direção no longa-metragem Depois do Trem, de Joel Pizzini. Hoje atua no audiovisual como diretor, fotógrafo e assistente de câmera, realizando projetos que transitam entre fotografia, cinema, arquitetura, urbanismo e artes visuais.

Matías Gatti. Montevideo, Uruguay. 1983 Arquiteto e urbanista formado pela FADU-UDELAR em Montevideo, Uruguay. De 2013 a 2015 foi professor assistente de Projeto na mesma faculdade. Atualmente residente em São Paulo, Brasil. Desde 2016 dirige Oficina Matías Gatti, uma prática transdisciplinar, que transita entre a arquiteturam, o micro urbanismo e o ativismo politico-urbano, com noções em agricultura urbana, cidades sustentáveis e direitos humanos. Em 2019 funda a Softurb, iniciativa de ações sócio-urbanas premiada no Concurso Internacional Beyond Bauhaus, em

Berlim, Alemanha. Softurb é um mediador entre as comunidades e o contexto ambiental. Seus projetos foram premiados em diversos concursos e convocatórias nacionais e internacionais. Destacando os prêmios obtidos no concurso Skycity em 2018 em Changsha, na China, e no concurso Wikitopia, em Ginza, no Japão. Bem como o 2º lugar no concurso de ideias pós covid-19 organizado pelo CAF e a Fundação Avina, entre outros. Ele co-organizou workshops de arquitetura no Brasil e no Uruguai, e atualmente é embaixador no Architecture in Development.


Sobre Softurb A Softurb surge como uma iniciativa de ações socio-urbanas que busca ser um mediador entre a comunidade e o seu contexto ambiental (prefeituras, empresas e meio ambiente). Propondo ações concretas, desde a acupuntura urbana até o placemaking. Em 2019 a Softurb foi premiada, junto com outras 14 ideias, no concurso internacional Beyond Bauhaus, realizado em Berlim e organizado pela agência alemã Land der Ideen. As propostas da Softurb têm sido premiadas e reconhecidas local e internacionalmente: o Montevidéu Comestível, iniciativa selecionada pela iniciativa pública Montevidéu Decide da Prefeitura de Montevidéu, a ser realizada em 2021; Make The Streets Green Again! e Take-a-grow, ambos com reconhecimento no Concurso de iniciativas urbanas inovadoras: Wikitopia realizado em 2018 e 2019 no Japão. Em 2020, dois novos reconhecimentos são adicionados dentro da iniciativa: O projeto Use in case of..People! é selecionado como finalista do Concurso Ideatón, ideias para voltar à rua, organizado pelo laboratório de cidades do BID, a iniciativa Ciudades Comunes

e Placemaking Latinoamérica. E ja no final de 2020 obteve o segundo prêmio, entre mais de 320 ideias, com a proposta ERES: Espaços de Resiliência Urbana, no concurso internacional de ideias Covid-19: novas oportunidades para cidades sustentáveis organizado pelo Banco de desenvolvimento CAF e a Fundación Avina.


Contacto

softurb@gmail.com +59891320651 São Paulo, Brasil. Novembro 2021


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.