Contenção do Mínimo

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CONTENÇÃO

DO MÍNIMO Redson Vitorino



CONTENÇÃO

DO MÍNIMO Redson Vitorino



Nota-se respeito o silêncio Ponho os ossos no armário dou um nó na garganta é preciso arrumar tudo para a partida escrevo uma carta com caneta preta vestido de carne perecível, minha última moda contado os trocados que encontro um gole do por favor paciência nunca aprendi a amarrar os sapatos mais um nó? Sem chance... Mudo a estação do rádio que ironia ouvir minha juventude nenhum grilo... Um Dia Apaguei a luz e ante pé fui. Já enterramos nossos sonhos em covas razas para sempre olhar é o cheiro que exala fazendo-nos esquecer uns dos outros esquecendo de tudo permita-se cair levantar que é importante por si só apenas É cinza o fim da tarde enterrando mais um


Eu Acha meu excesso futilidade cruxificado voluntariamente diante de mim o Jesus moderno que aqui não se agrada bebês enfiados numa fenda e pensam ser imperiais tendo a derrota de não ser apenas olham os outros Chumbo nos ossos do papai Abriu as pernas e mamãe disse; Eu te amo naquelas manhã clichês o estômago vazio sempre eterno bebês enfiados numa fenda não aprendem a chorar amarelados sob as luzes da cidade apenas olham os outros


Apenas Rude Não é que eu queira mal mas te querer bem não é pra mim sabe que ando no meio fio junto dos vagubandos apaixonados só eles apaixonados enquanto olho meu umbigo olham minha careca bom sujeito eu não sou mesmo tenho alguns fraseados feitos meus próprios tenha certeza Sem dar a mão Sem sorrir ignorância quem julga Apenas Rude

"Perdeu-se como a fumaça que saiu dos meus pulmões e eu a vi subindo e se desfazendo... Foi melhor olhar para os lados, as coisas estavam no seu melhor"


Pesadelo Dias quentes não exigem poréns muitos indo mais do que vindo e aqui mais uma vez até quando? bocas abertas por todos lados corpos vazios que caem do copo quebra-los e desfazer sonhos que sonhos?

A Alma Indigesta Ergo a alma indigesta que da garrafa nomeia sua igreja e do tal Jesus acha graça Ergo mas sem derramar entre a fumaça que foge a onda que bate forte no pensar Debochando em silêncio alegria dos poucos é maior mas unicamente só


Genitor Enterrado agora um adeus nunca dado Olhe! desperta do teu sono E aqui venha Olhe! um punhado de terra das mãos que uma vez foram minhas Olhe! mais um idiota que do fim faz um começo Petrópolis 169 engana-se Cruel cidade cinza que aborta antes mesmo de pensar Amareladas luzes sob a chuva quem tem mais nem mesmo tem E sob esse cinza que não caio outros dividindo a mesma sina Paranóia ou ossos?" Petrópolis 169 anos. Redson Vitorino 23 anos. Nada.


R.V. Punhos bem fechados Elmo antigo Mova-se igual e não curve-se duas ou mais não faz diferença a mesma terra partida sob os corpos quando cai Saudando os amigos de raíz até alma cubro não é a cor que torna-se qualidade olhe dentro dos olhos monossilábico eu faço saudação Minha terra terra de muitos de terra de poucos terra de ninguém E em todo fim são os ossos mais verdadeiros do que tudo

Pela Rua Dias de mortas existências de egoistas que criam seu próprio mundo ao aveso do aveso e sobre tudo nada. Dias dos silenciosos dizeres lidos ao caso por quem se basta a si mesmo e nada mais. Palavras mortas desde do berço até e para além de um simples pensar e adormeço sob o nada Há outros e há o nada


Igreja Ajoelhe-se sob o estupro da razão o passo dado rudemente Essa serra porém não se encerra do cinza faço minha crucificação mas nada dito amor é sangue que escorre dos iludidos se espera do céu falta a si mesmo Alguns poréns a mais Nota-se Respeito o silêncio Ponho os ossos no armário dou um nó na garganta é preciso arrumar tudo para a partida escrevo uma carta com caneta preta vestido de carne perecível, minha última moda contado os trocados que encontro um gole do por favor paciência nunca aprendi a amarrar os sapatos mais um nó? Sem chance... Mudo a estação do rádio que ironia ouvir minha juventude nenhum grilo... Apaguei a luz e ante pé fui


Pêssego Pêssego tem gosto de quem se ama adciona álcool e se torna paixão entre o fruto recém tirado do pé e a ressaca do dia seguinte eu sinto falta de apenas conversar

Domingo Semi Sol Órbita vazia eu caio me afasto do mar mas o tenho Durmo para anestesiar a morte ainda continua cristã Tão covarde falando de boca cheia deixa o álcool ser orgasmo Nós daremos às mãos as minhas desgraças o primeiro punhado de terra eu nego E não há um pingo caindo do céu


Dançante Na gota clichê pendurada no pescoço fortifica o fim de uma geração beleza do último dia em que estamos eu dancei sozinho no salão de festas 1... 2... 3... Rodei e pirei 1... 2... 3... Derretia e meu melhor saía Enlatados numa caixa não podemos sonhar perca o chão por um segundo e ele abraça Não mais consciente e tudo para baixo eu continuei dançando quando a música parou 1... 2... 3... Eu não via ninguém 1... 2... 3... Permanecia contando um e outro


Você sozinho conta pedras revira lixos espalhados pelos cantos ganha feridas infecciosas como um jardim fala sozinho no meio de todos dopa-se mesquinhamente em buracos tendo seu próprio paraíso e seu deus se afastam os "amigos" nas cadeiras altas e tudo é olhado com desconfiança faca de açougue no bolso um livro com páginas amarelas o retrato do seu único amor mais uma vez o chão é o segundo berço


Petrópolis Nunca Mais Vou alto além das montanhas pisando firme na coroa do rei meu gole é tradição clichê dá tristeza eu continuo sorrindo para um tempo bom nós o ouvimos e aprendemos até aqui eu deixei de ser seco viamos o brilho dos olhos e questinavamos a felicidade era tão eterna que partiu brancura da pele estúpida na minha vida decorada com meus ossos recém saídos eu me perdir no meio do caminho e ninguém mais via ninguém eu resolvi partir para bem perto onde eu ainda podia sentir todo gosto. sem conselhos ou aplausos eu digo adeus mesmo aqui eu amo mesmo tendo Perdido-a eu parto e quem sabe eu volte...

Melódica Eu olho meus bolsos e há notas o copo estala na mesa no batuque eu gosto do som frenético da mágoa Meu refrão é silenciar o dizer


O Homem Próspero Você sozinho conta pedras revira lixos espalhados pelos cantos ganha feridas infecciosas como um jardim fala sozinho no meio de todos dopa-se mesquinhamente em buracos tendo seu próprio paraíso e seu deus se afastam os "amigos" nas cadeiras altas e tudo é olhado com desconfiança faca de açougue no bolso um livro com páginas amarelas o retrato do seu único amor mais uma vez o chão é o segundo berço Peito de Frango No peito magro como de um frango os lirios dados embebidos com trocados um bebê recém partido em uma gota quem nunca o ouviu chorar em silêncio? mas quando soube amar não soltou Nos aprendemos uma oração algodãos no nariz um começo fechamos a porta 44 em silêncio ... em silêncio...


16 horas e 42 minutos Pensava no meu velho me erguendo alto Encarando-me com olhos de vidro Era uma espécie de troféu por alguma coisa Talvez eu fosse uma oposição acontecida havia apatia contra mim eu chorava balançando as pernas miudas no ar em algum ponto ele tinha me dado algo

Não há fome nos Ossos? Nada de zelo esticado no balcão não olhe e não venha medir conversas Sou eu contra esse eu de carne perecível que me julga por dentro me negando por fora nada me segura quando caio vejo de cima para baixo sorrisos brancos que nunca esbocei abraços que neguei enquanto seco O que ganhei?


Nossa Juventude

Adeus

Que continue as estações do ano por que ao velho senil há a sorte de babar em si mesmo câncer cotidiano abstinência do comum aqueles olhos que tinham seu brilho opacos namoram a cidade que p rejeita

do lixo boca para a felicidade amanhecido em qualquer ponto a porra que não escorria não havia datas o que comemorar? fome no interior dos ossos inferno no estômago malditos assuntos com estranhos eu não contava uma gota havia um desejo a infância vinha empoeirada na tosse todo fim eu andava pela rua algo espreitava sussuarana meu pior inimigo me olhava ao acordar


Em um Dia Quente contra o Sol Insiste lagrimejar o crânio preso nas mãos o mar pouco visto por um momento aqui não há quem não saiba dá história toda mas é melhor calar e assistir a queda deseja boiar num bolde de ácido mas as mãos não o soltam lágrimas enfim! Lágrimas de chumbo que furam o chão pede um gole de vida que não tinha porém Na parede há a parede contra a parede dia azul clichê dor de ser

Meu sorriso colado em 1988 Junto os pedaços e me vejo refletido no fragmento mínimo do copo eu tangei o útero Enfiei as mãos nos bolsos Homens modernos dessa vez ninguém chorou Cabeças cortadas guardadas em sacos de lixo às vezes olho para acreditar uma lágrima maior do que a sina?


Eterno ser Enquanto se deseja o paraíso sem sofrer enganou-se meu velho me guarde na lixeira e não olhe para baixo recém esculpido aos 24 anos numa tela branca há meus ossos enquanto olham espantados eu sou todo amor que só ela pode ter ela me vê numa céu completamente cinza eu a vejo todos os dias como meu bebê famélico só ela devora me devora Anunciando as boas novas Num pote sem rotulo era eu coberto com banha de porco ainda eu o esperma era triste solitário no meio da noite contra a saudade aumentei as doses e o fim insistia o desespero em silêncio eu tinha o mar na cara famélica



Redson Vitorino facebook.com/redson.vitorino petropolisnuncamais.blogspot.com




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