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UNIVERSIDADE DE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

MARIANA SILVA NASCIMENTO FERNANDES

PARQUE DO PENEDO: UMA PROPOSTA ARQUITETÔNICA E PAISAGÍSTICA

VILA VELHA 2014

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MARIANA SILVA NASCIMENTO FERNANDES

PARQUE DO PENEDO: UMA PROPOSTA ARQUITETÔNICA E PAISAGÍSTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado Ao departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha como requisito parcial para obtenção de grau de Arquiteta Urbanista. Orientadora: Simone Neiva

VILA VELHA 2014

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MARIANA SILVA NASCIMENTO FERNANDES

PARQUE DO PENEDO: UMA PROPOSTA ARQUITETÔNICA E PAISAGÍSTICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção de Grau em Arquitetura e Urbanismo.

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________ Profª. Simone Neiva Universidade de Vila Velha Examinadora Interna

________________________________________ Prof. Clóvis Aquino Universidade de Vila Velha Examinador Interno

________________________________________ Eduardo José Ribeiro Bacharel em Direito e estudante de Eng. Ambiental Examinador Externo

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Dedico este trabalho aos meus amores: Daniel, Marineide, Daniel Jr, Alexandra e Gutieres.

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que me auxiliou poderosamente, dando-me tranquilidade e coragem para conseguir vencer mais essa etapa. À meus amados Pais, que são verdadeiros heróis. Sempre estiveram ao meu lado me apoiando de todas as formas possíveis e me incentivando a continuar. Meu querido esposo Gutieres, que é também o meu melhor amigo e companheiro nos em todos os momentos. Sempre ao meu lado, dividindo comigo momentos de dificuldade e de alegria. Aos irmãos e cunhada, Daniel, Alexandra, e Pâmella que apesar da distância, mantém vínculos de amor e cuidado para comigo. Torcendo e vibrando com minhas conquistas. Aos meus colegas de turma, em especial Bia, Lílian, Letícia e Polly com quem compartilhei várias noites viradas, anseios e experiências, foram estabelecidas amizades reais. Passamos por muitos momentos alegres e divertidos juntas durante esses cinco anos, que serão sempre lembrados com carinho. A minha querida orientadora Simone, que é tão paciente e carinhosa, a quem dei bastante trabalho e preocupações. Mas apesar de tudo ela se dedicou a me auxiliar como uma verdadeira amiga. Ao professor Clóvis que me aceitou coorientar e que durante todo o curso se mostrou prestativo, gentil e sempre disposto a ensinar, além de ser um artista admirável. E a todos que me ajudaram de maneira direta ou indireta, com palavras ou pequenos gestos, sem os quais eu não teria conseguido;

Muito obrigada!

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"A

verdadeira

descobrimento

n達o

viagem

de

consiste

em

procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos" Proust.

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RESUMO Entende-se que o turismo ecológico em parques ambientais é uma forma de utilizar os espaços de maneira controlada. Ele se utiliza da implantação de equipamentos de lazer e ao mesmo tempo traz movimento econômico e mostra as belezas naturais da cidade para os usuários do espaço e visitantes. O objetivo da nossa pesquisa é a proposta de um Parque Ecológico para o Penedo de Bacutia na cidade de Guarapari no Espírito Santo. Por meio dele pretende-se estabelecer um maior movimento no bairro, incentivar o seu desenvolvimento, atrair turistas e preservar o meio ambiente; fazendo com que o Penedo torne-se um espaço confortável de lazer e descanso com infra-estrutura planejada, que articule o paisagismo e a arquitetura de forma que os elementos construídos se integrem a natureza e os usuários do espaço entendam a importância da preservação ambiental.

Palavras-chave: Turismo Paisagismo. Arquitetura.

Ecológico.

Meio

Ambiente.

Penedo

de

Bacutia.

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ABSTRACT It is understood that ecotourism within natural parks is a way of using spaces in a controlled manner. It is done by ways of introducing leisure furnishings while offering economic flow, displaying the natural beauty of the city for users of the space and visitors alike. The aim of this work is to propose an Ecological Park for the Hill of Bacutia, in the city of Guarapari. It is intended that this Ecological Park should establish greater movement into the area, stimulating further development, attracting tourists and preserving the environment; transforming the hill of Bacutia into a comfortable and restful leisure space, with planned infrastructure, and articulating the architectural landscape in such a way that the inserted elements consolidate with nature, and the users of the space can appreciate the importance of environmental conservation. Keywords: ecotourism. Environment. hill of Bacutia. Landscape. Architectural.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MAPA DA DIVISÃO POLÍTICA DAS CIDADES DO ESPÍRITO SANTO QUE FAZEM FRONTEIRA COM GUARAPARI. .......................................................................................... 22 FIGURA 2 - PRAIA DE BACUTIA COM VISTA PARA O PENEDO, AO FUNDO, CONECTADO À PRAIA DE BACUTIA. ..................................................................................................................... 24 FIGURA 3 - PRAIA DE PERACANGA COM O PENEDO AO FUNDO. .............................................. 24 FIGURA 4 - PLANTA DO LOTEAMENTO ENSEADA AZUL DE GUARAPARI APROVADO PELA PREFEITURA. .................................................................................................................... 25 FIGURA 5 - VISTA AÉREA DA LAGOA DE NOVA GUARAPARI E LAGOA DA PRAIA. .................... 26 FIGURA 6 - AEROFOTO DE GUARAPARI MOSTRANDO OS LIMITES, AS RODOVIAS E A MANCHA URBANA DO MUNICÍPIO DE GUARAPARI / ES .................................................................... 27 FIGURA 7 - FOTO AÉREA MOSTRANDO O CENTRO DE GUARAPARI E SEU ADENSAMENTO LITORÂNEO. ....................................................................................................................... 28 FIGURA 8 - FOTO AÉREA MOSTRANDO O PENEDO À ESQUERDA E AS PRAIAS DE BACUTIA, PERACANGA E GUAIBURA ................................................................................................. 28 FIGURA 9 - VISTA AÉREA MOSTRANDO LOTEAMENTO ENSEADA AZUL E O PENEDO DE BACUTIA ............................................................................................................................ 29 FIGURA 10 - MAPA QUE MOSTRA DELIMITAÇÃO DOS BAIRROS DE GUARAPARI PRÓXIMOS A ÁREA DE ESTUDO. ............................................................................................................. 30 FIGURA 11 - MAPA MOSTRANDO A POSIÇÃO DE GUARAPARI NO ESPÍRITO SANTO E SUA MANCHA URBANA. ............................................................................................................. 31 FIGURA 12 - IMAGEM DAS LAGOAS PRESENTES EM NOVA GUARAPARI. ................................. 32 FIGURA 13 - AEROFOTO MOSTRANDO VISTA SUPERIOR DO PENEDO DE BACUTIA ................ 32 FIGURA 14 - PLANTA DE LOTEAMENTO DO PENEDO DE BACUTIA. .......................................... 34 FIGURA 15 - MAPA DE ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ..... 36 FIGURA 16 - PLACA COLOCADA NO MORRO DO JUDEU PELA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES AMEAZUL INFORMANDO INDEVIDAMENTE QUE É UM BEM TOMBADO............................. 37 FIGURA 17 - MAPA DO ESPÍRITO SANTO DESTACANDO O MUNICÍPIO DE GUARAPARI ............ 38 FIGURA 18 - LAGOA DE NOVA GUARAPARI E SUA RELAÇÃO COM CONDOMÍNIO VILLAGE DOS PÁSSAROS. ....................................................................................................................... 39 FIGURA 19 - FOTO VISUALIZANDO O PENEDO À PARTIR DA ENSEADA DE BACUTIA. ............... 40 FIGURA 20 - RUA ARBORIZADA PRESENTE NA ÁREA DE ESTUDO. ........................................... 41 FIGURA 21 - FOTO DE RUA TRANSVERSAL ONDE É POSSÍVEL VISUALIZAR O MAR. .................. 42 FIGURA 22 - FOTO DE VIA MOSTRANDO O TRATAMENTO DAS CALÇADAS EM BLOCO DE CONCRETO E GRAMA ......................................................................................................... 42 FIGURA 23 - PRAÇA COM EQUIPAMENTOS URBANOS E PRESENÇA DE VEGETAÇÃO. .............. 43 FIGURA 24 - PRAÇA VAZIA, UTILIZADA COMO CAMPO DE FUTEBOL PELAS CRIANÇAS DO BAIRRO .............................................................................................................................. 43 FIGURA 25 - RESIDÊNCIA PRESENTE NO LOTEAMENTO. .......................................................... 45 FIGURA 26 - RESIDENCIA UNIFAMILIAR PRESENTE NO LOTEAMENTO...................................... 45 FIGURA 27 - EDIFICAÇÃO DE TIPOLOGIA CARACTERÍSTICA PRESENTE NO LOTEAMENTO ENSEADA AZUL. ................................................................................................................ 45 FIGURA 28 -EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR CARACTERÍSTICO DA REGIÃO; USO EXCLUSIVAMENTE RESIDENCIAL. .................................................................................................................... 45 FIGURA 29 - PITA, ARBUSTO RADIAL PRESENTE NO PENEDO.................................................. 46

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FIGURA 30 - EMBAUBA; VEGETAÇÃO NATIVA DA REGIÃO. ........................................................ 47 FIGURA 31 - CAMBARÁS; VEGETAÇÃO NATIVA DA REGIÃO ...................................................... 47 FIGURA 32 - ABANEIRO; VEGETAÇÃO NATIVA DA REGIÃO ........................................................ 47 FIGURA 33 - CARDOS; VEGETAÇÃO NATIVA PRESENTE NO PENEDO. ...................................... 48 FIGURA 34 - COQUINHO GURIRI............................................................................................... 48 FIGURA 35 - BROMÉLIA NATIVA DO PENEDO. .......................................................................... 48 FIGURA 36 - AROEIRA VERMELHA COM FRUTOS ...................................................................... 49 FIGURA 37 - ESPINHO DE JUDEU PRESENTE NO PENEDO ....................................................... 49 FIGURA 38 - ABRICÓ DE PRAIA; NATIVO DA REGIÃO................................................................. 49 FIGURA 39 - AMESCLA DE CHEIRO. .......................................................................................... 50 FIGURA 40 - PLANTA DE IMPLANTAÇÃO DO JARDIM DOS SENTIDOS. ...................................... 57 FIGURA 41 - PLANTA DE AMPLIAÇÃO DE ÁREA DO JARDIM DOS SENTIDOS. ............................ 58 FIGURA 42 - JARDIM DOS SENTIDOS; EIXO ARTICULADOR E MASSAS DE VEGETAÇÃO. ........... 59 FIGURA 43 - RELAÇÃO DO JARDIM DOS SENTIDOS COM O EDIFÍCIO DA UNIVERSIDADE. ....... 59 FIGURA 44 - RELAÇÃO DO JARDIM COM A ÁGUA E VEGETAÇÃO UTILIZADA NO PROJETO. ....... 60 FIGURA 45 - CROQUI DA CIGARRA; FORMATO ORGÂNICO, FEITA DE AMARRAS DE BAMBU..... 61 FIGURA 46 - ELEVAÇÃO EM CROQUI MOSTRANDO O VOLUME DA CIGARRA. ............................ 62 FIGURA 47 - ESTRUTURA DA CIGARRA OBSERVADA DO EXTERIOR. ........................................ 62 FIGURA 48 - A CIGARRA VISTA DA PARTE INTERNA. ESTRUTURAÇÃO E LAYOUT. ................... 63 FIGURA 49 - A CIGARRA DURANTE O ANOITECER. TORNA-SE UM MARCO VISUAL. ................. 64 FIGURA 50 - VISUALIZAÇÃO DO PROJETO PEDRA DE RIO E SUA INTEGRAÇÃO COM A NATUREZA. ........................................................................................................................ 64 FIGURA 51 - TRANSPORTE E MONTAGEM DAS PEÇAS DE PEDRA. ........................................... 65 FIGURA 52 - PEDRA DE RIO E SUA SUPERFÍCIE REGULAR. ...................................................... 65 FIGURA 53 - PROJETO PEDRA DE RIO EM ASSENTAMENTO DIFERENCIADO DAS PEÇAS. ....... 66 FIGURA 54 - OBSERVAÇÃO APROXIMADA; ENCAIXE DAS PEÇAS IRREGULARES. ..................... 67 FIGURA 55 - PIERES FLUTUANTES FEITOS EM MADEIRA E AÇO. .............................................. 67 FIGURA 56 - CORTE HUMANIZADO MOSTRANDO ARTICULAÇÃO DOS PIERES EM RELAÇÃO AO PARQUE. ............................................................................................................................ 68 FIGURA 57 - VISTA SUPERIOR DO PROJETO FRENTE PARA ÁGUA, MOSTRANDO PÍERES ....... 68 FIGURA 58 - FLUXOGRAMA MOSTRANDO AS OPÇÕES DE ACESSO E OS USOS QUE SE CONECTAM ........................................................................................................................ 69 FIGURA 59 - MOSTRANDO DEQUE DE MADEIRA COM ÁRVORE E GOLA-BANCO. ...................... 70 FIGURA 60 - ONIBUS ENTRANDO NO EMPREENDIMENTO PARA DEIXAR EXCURSÃO. ............... 71 FIGURA 61 - MINI-CAR ENTRANDO NO PENEDO. ...................................................................... 71 FIGURA 62 - PRAÇA DAS ARTES E QUADRA POLIESPORTIVA. .................................................. 72 FIGURA 63 - – IMAGEM DA PRAÇA DAS ARTES, OBSERVANDO BANCO, MUSEU E COBERTURA EM FORMA DE FLOR. ......................................................................................................... 73 FIGURA 64 - MOSTRANDO ÁRVORE METÁLICA E SEUS PNEUS TRANSPARENTES ..................... 73 FIGURA 65 - VISTA SUPERIOR DO MUSEU E PARTE DA PRAÇA DAS ARTES. ............................. 74 FIGURA 66 - VISTA SUPERIOR MOSTRANDO LOJAS, PERGOLADOS E PLAY GROUND INFANTIL. .......................................................................................................................................... 75 FIGURA 67 - VISTA DA FACHADA FRONTAL DA LOJA E PLAY GROUND INFANTIL....................... 76 FIGURA 68 - MOSTRANDO FACHADA FRONTAL DE BANGALÔ. .................................................. 77 FIGURA 69 - FOTO MOSTRANDO BANGALÔS E SUA RELAÇÃO COM O MAR. ............................. 78 FIGURA 70 - VISTA DA SAUNA COM PERGOLADO E OFURÔ. ..................................................... 78 FIGURA 71 - VISTA DO BANHEIRO E DOS CAMINHOS. ............................................................... 79

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SUMÁRIO 1.

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13

1.1.

UM OLHAR SOBRE O PAISAGISMO E SUA INFLUÊNCIAS .............................. 14

1.2.

RELAÇÃO DO ECOTURISMO COM A PAISAGEM .............................................. 18

2.

CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PENEDO .................................................. 22

2.1.

LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................. 22

2.2.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................................................ 25

3.

ANÁLISES ............................................................................................................... 27

3.1.

ANÁLISE E DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ............................................................... 27

3.2.

INSERÇÃO DAS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO ............................. 34

3.3.

ESCALA DE SETORIZAÇÃO ..................................................................................... 38

3.3.1.

POSIÇÃO DOS MUNICÍPIOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO .............. 38

3.3.2.

BACIAS HIDROGRÁFICAS DA REGIÃO............................................................. 39

3.3.3.

ANÁLISE DA VEGETAÇÃO E RECURSOS PAISAGISTICOS ....................... 40

3.3.4.

ANÁLISE DA OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DE ESTUDO ....................... 43

3.3.5.

TIPOLOGIA CONSTRUTIVA PRESENTE NA ÁREA DE ESTUDO ................ 44 ANÁLISE ÁREA DE PROJETO ................................................................................. 46

3.4. 3.4.1.

DIAGNÓSTICO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ......................................... 51

3.4.2.

ZONEAMENTO AMBIENTAL E PROGRAMA DE NECESSIDADES .............. 51

3.4.3.

ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO ................................................................................... 55

4.

ESTUDOS DE CASO .............................................................................................. 57

4.1.

O JARDIM DOS SENTIDOS ...................................................................................... 57

4.2.

A CIGARRA ................................................................................................................... 61

4.3.

PEDRA DE RIO ............................................................................................................ 64

4.4.

FRENTE PARA ÁGUA ................................................................................................ 67

5.

O PROJETO PARQUE DO PENEDO; ................................................................... 69

5.1.

O ESTACIONAMENTO E ACESSOS ....................................................................... 69

5.2.

A PRAÇA DAS ARTES................................................................................................ 72

5.3.

AS EDIFICAÇÕES; ...................................................................................................... 74

5.3.1.

O MINI-MUSEU COM RESTAURANTE ............................................................... 74

5.3.2.

AS LOJAS.................................................................................................................. 75


5.3.3.

OS BANGALÔS ........................................................................................................ 77

5.3.4.

AS SAUNAS E OS BANHEIROS COLETIVOS ................................................... 78 O LAZER;....................................................................................................................... 79

5.4. 5.4.1.

O PLAY GROUND.................................................................................................... 79

5.4.2.

AS QUADRAS ESPORTIVAS ................................................................................ 80

5.4.3.

O ARBORISMO E A TIROLESA ............................................................................ 80

5.4.4.

AS ÁREAS DE PISCINA ......................................................................................... 81

5.4.5.

O AQUÁRIO E A MARINA ...................................................................................... 82

5.5.

AS VEGETAÇÕES E O JARDIM SENSORIAL ....................................................... 83

5.6.

O PARTIDO ARQUITETÔNICO E O PAISAGISMO .............................................. 84

6.

CONCLUSÃO FINAL .............................................................................................. 86 ANEXOS ................................................................................................................................ 87



1. INTRODUÇÃO Os estudos iniciais feitos na área de estudo foram empíricos, com o objetivo de analisar e através dos diagnósticos, chegar a proposta de uma intervenção urbana arquitetônica e paisagística para o Penedo de Bacutia, voltada para o turismo que é a principal vocação da cidade.

Através das análises, entrevistas, visitas ao local e consultas à legislação vigente, foi observado que houve descaracterização da paisagem ao longo do tempo, mas que apesar disso, é uma área de rara beleza, localização privilegiada e de acordo com o tipo de intervenção suas qualidades podem ser ressaltadas e trazidas para a comunidade e para os visitantes da cidade como um atrativo singular.

Nas análises foram notados os usos e atividades da área de estudo, o adensamento, os acessos, o tipo de pavimentação, a tipologia construtiva e brevemente a história do desenvolvimento do local, que foi loteado de forma planejada com excelente infra-estrutura para atrair novos moradores para a região.

À partir dos resultados obtidos das análises, foi pensada uma maneira eficiente e preservacionista para intervir no Penedo. Lembrando que a área de projeto teve sua vegetação nativa devastada, logo, legalmente não é considerada uma área de proteção permanente (APP). O termo preservacionista aqui, refere-se a reflorestar a área com vegetação nativa da região, porém agora de maneira planejada, propondo novos usos e organizando essa vegetação para que se torne um espaço de atrativo e singular na cidade.

Com base nas concepções apresentadas por Teóricos da área da arquitetura pasisagística e da área do turismo, foram criados os critérios de intervenção, respeitando o meio ambiente e buscando suprir as necessidades do local, de acordo com sua vocação. O embasamento teórico foi feito à partir dos textos de Benedito Abbud (2008), Tabacow (2004). Para a complementação da análise dos mapas, foi utilizada a metodologia de Kevin Linch (1997).

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Após observar que o Plano Diretor Municipal de Guarapari define o Penedo como Zona Preferencial de Interesse Turístico (ZEIT), mas não estipula seus índices, neste projeto de conclusão de curso, serão propostos índices para o Penedo de Bacutia, que sejam compatíveis com a área e com seu contexto urbano.

A intervenção arquitetônica finalmente proposta foi a criação de um parque urbano privado, trilhas com vista para o mar, ciclovia, deques, piers, jardim sensorial, praça com diversos usos e atrativos, play ground infantil, área de lazer com piscina e sauna, mini-museu com auditório, sala de vídeo, restaurante, lojas e serviços dando suporte aos usos, além de bangalôs para hospedagem, área para mergulho, marina, área para pesca e mirante.

O programa proposto resultou das informações obtidas a partir das análises; a vocação do local, o interesse de criar um novo atrativo turístico e ao mesmo tempo, a necessidade de preservar o meio ambiente e apresentá-lo como uma boa opção para as pessoas. Resultaram em um projeto arquitetônico paisagístico com o objetivo final de ser elaborado a nível de estudo preliminar. 1.1 . O PAISAGISMO E SUA INFLUÊNCIA SOBRE O ESPAÇO.

Segundo Benedito Abbud (2008), o paisagismo é uma arte que atua em todos os sentidos humanos: visão; olfato; tato; paladar e audição. É uma estrutura extremamente variável, se modifica de acordo com a hora do dia, com o ângulo do espectador, com as estações do ano e até mesmo com as condições meteorológicas, o que faz com que seja singular e surpreendente. "No jardim sempre se deve ter em mente que as formas especiais são fluidas, livres e instáveis, como uma bolha de ar que se espande com desenho caprichoso e imprevisível" (ABBUD, 2008, p. 19). O espaço paisagístico pode transmitir as mais diversas sensações: aconchego; bemestar; medo; surpresa; beleza ou liberdade. Um percurso deve ser marcado por cheios e vazios, texturas, cores e sensações inusitadas. Abbud (2008) faz um paralelo — Na paisagem, a copa das árvores, os pergolados e caramanchões

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funcionam como o teto para a arquitetura. Já os arbustos, taludes, rochas, dunas, morros e montanhas como paredes. Também ressalta a importância do que vai sob os nossos pés: gramados; pisos; pedriscos; escadas; rampas ou superfícies d'água. Tratar esses espaços paisagísticos associando-os à idéia de arquitetura, facilita o entendimento, pois assim como o arquiteto trabalha em seus projetos com cheios e vazios, cores harmônicas, texturas variadas, tudo dentro de uma lógica e com propósitos em relação a que se destina cada espaço, assim também o paisagismo deve ser pensado. Tanto na arquitetura como no paisagismo pode ser aplicada a tríade vitruviana "firmitas, utilitas e venustas" que observa respectivamente a boa estruturação, a função e utilidade dos espaços e a beleza, que também é entendida por harmonia do conjunto (POLLIO. s/n). Abbud (2008) também ressalta que não há projeto paisagístico sem a definição de lugares. Lugar é todo aquele espaço convidativo e agradável, que pode ser utilizado para o encontro de pessoas ou para estar sozinho em momentos de reflexão ou contemplação. Os lugares estimulam os usuários a permanecerem ou a praticarem alguma atividade. Através de equipamentos ou mesmo da vegetação é possível conferir conforto e aconchego ao lugar. De acordo com o paisagista um "não lugar" é um espaço utilizado para passagem, feito para criar ligação e não para a permanência. Eles existem para conectar os lugares. Podem ser também espaços de contemplação ou para serem vistos de fora como um jardim vitrine, e participam da arquitetura como um cenário. Considerando o conceito de lugar e não lugar, é possível que um espaço projetado para ser um lugar de permanência e recreação, ou de descanso, por falta de uso, apropriação ou por não ser agradável aos usuários, torne-se simplesmente um local de passagem, ou seja, um "não lugar", tendo então, o seu espaço ignorado ou abandonado. Assim, explorando os conceitos dados por Abbud, percebemos como é importante o aproveitamento do entorno para projetos paisagísticos. No caso do Penedo de Bacutia, composto por mar azul e belas praias, é preciso criar e manter as belas visuais ampliando o horizonte do espaço. É necessário criar conexões de maneira com que a parte projetada e o entorno se fundam em um só ambiente agradável.

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É possível aproveitar os elementos da paisagem mesmo quando não pertençam necessariamente a área que está sendo projetada. Isso se chama capturar a paisagem, e permite ampliar virtualmente o jardim além de seus limites físicos ou de propriedade (ABBUD, 2008, p. 31).

Ampliar a paisagem criando visuais estratégicas para o mar, para as praias equivale, no contexto da arquitetura, à utilização de transparências, vão e aberturas que auxiliam na captura da paisagem. Grandes janelas dando vista para um jardim no exterior, por exemplo, é uma forma de integrar o espaço interno e externo e dar a sensação de continuidade visual. Fazendo com que os espaços pareçam maiores. No passado recente, crianças brincavam nas ruas, as praças eram espaços públicos verdadeiramente utilizados pela população e havia maior integração e conhecimento entre as pessoas moradoras de um mesmo Bairro, por exemplo. Todos conheciam os seus vizinhos, e essa proximidade otimizava a vida social das pessoas. Com o crescimento da cidade, o desenvolvimento da tecnologia, o surgimento das redes sociais, o excesso de tarefas cotidianas e a insegurança, as praças foram trocadas por shoppings e "a Rua das crianças", foi trocada pelo playground do condomínio ou por jogos virtuais. Há necessidade de resgate de atividades de convívio interpessoal entre qualquer faixa etária, o ser humano é em essência, um ser social e precisa de espaços de interação. As ruas e espaços públicos foram abandonados pela população, em decorrência disso, se tornam espaços cada vez mais inseguros. Hoje com o ritmo acelerado e o confinamento doméstico causado pela insegurança nas ruas, o paisagismo traz a natureza para perto das pessoas. Nas áreas tratadas paisagisticamente, as crianças e os adolescentes podem crescer, brincar, correr e descobrir plantas. Nelas os adultos e idosos podem relaxar e recarregar suas baterias para enfrentar o dia-a-dia das grandes cidades (ABBUD, 2008, p. 33).

No contexto paisagístico, o papel do arquiteto paisagista é promover essa aproximação de forma eficaz, para que os usuários dos espaços projetados se apropriem, admirem e interajam com a natureza e entre si. Tabacow (2004) defende que fazer jardim não é amontoar árvores e plantas em um espaço. É criar espaços

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equilibrados, com funções definidas, exaltando a arquitetura e possibilitando o fluxo de pessoas. Fazer paisagem artificial não é negar nem imitar servilmente a natureza. É saber transpor e saber associar, com base num critério seletivo, pessoal, os resultados de uma observação morosa, intensa e prolongada (TABACOW, 2004, p. 88).

O Brasil é um país riquíssimo em variedades de espécies, graças a seu clima favorável e ao solo fértil. Tabacow (2004) afirma que foram catalogadas mais de cinco mil espécies arbóreas e mais de cinquenta mil espécies de plantas, ainda pouco estudadas. E mesmo assim, por herança cultural, há uma tendência a importar vegetações de outros países, desconsiderando e ignorando a grande variedade nativa. É interessante que algumas pessoas procurem qualidades ou justificativas, como a origem, às vezes, até o preço, para gostar de uma planta, quando, na realidade, o que interessa realmente é a forma, a cor, o volume, a textura, a estrutura, enfim, suas qualidades intríscecas (TABACOW, 2004, p. 161).

Conhecendo a flora e a fauna brasileira; sabendo de suas potencialidades, e sua diversidade, um dos pontos importantes do projeto proposto para o Penedo de Bacutia é a utilização de flora e fauna locais, buscando exaltar a importância da utilização da vegetação autoctone. Como paisagistas, podemos interferir de maneira positiva do processo de destruição do meio ambiente. Através da especificação de espécies

autoctones.

Tal

postura

é

muito

importante,

pois

estaremos

salvaguardando várias plantas do desaparecimento e conscientizando o cliente da importância dessa ação (TABACOW, 2004). Neste trabalho, buscou-se mostrar de maneira criativa e bem definida uma das possíveis maneiras de atrair usos para uma cidade turística como Guarapari, sem impactá-la de maneira negativa, pelo contrário, o objetivo desde o início, é uma intervenção consciente e fiel à natureza. A criação de caminhos, opções de lazer e uso variado de paisagismo, são algumas das estratégias deste projeto. Apropriar-se

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da natureza e de tudo o que ela pode oferecer e utilizá-la ao nosso favor, tonando-a personagem principal deste enredo no projeto e na escolha das espécies para o Penedo de Bacutia. "O nosso Brasil encontra-se em uma latitude que permite o crescimento da flora numericamente mais rica de todo o globo. Pela configuração e extensão geográfica, e pela variedade de climas, possui plantas de ambientes muito diferentes” (TABACOW, 2004).

1.2 . RELAÇÃO DO ECOTURISMO COM A PAISAGEM "O paisagismo é uma arte altamente elaborada, que resulta de uma trama de concepções e conhecimentos" Burle Marx.

Com o crescimento das grandes cidades e com o desenvolvimento do discurso preservacionista, a natureza e o paisagismo tem sido cada dia mais apreciados e valorizados. O ser humano tem de dedicado a encontrar um meio de conviver em paz com a natureza e com o ecossistema, visto que hoje se entende a importância dos mesmos, e se reconhece que somos estruturas interdependentes. A partir disso, o ecoturismo tem se desenvolvido também para que o ser humano se aproxime e conheça o meio ambiente. Atualmente o ecoturismo pode ser entendido por meio de pelo menos duas definições: Ecoturismo é um seguimento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista pela interpretação do ambiente, provendo o bem-estar das populações (SERRANO, 1997, p.7).

Ecoturismo é toda atividade turística realizada em área natural com o objetivo de observação e conhecimento da flora, da fauna e dos aspectos cênicos, (...) prática de esportes e realização de pesquisas científicas (SERRANO, 1997, p.7).

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Com a expansão da mentalidade conservacionista, voltada para a sustentabilidade, vários setores da econômica mundial foram influenciados. Um deles foi o turismo, emerso no conceito de "ecologicamente viável, socialmente justo para as gerações presentes e futuras" (SERRANO, 1997, p.43). A partir dessa premissa popularizou-se o turismo ecológico ou ecoturismo, tornandose um seguimento promissor da grande indústria mundial que está voltada para o consumo e lazer. De acordo com o Ministério do Turismo (2013), o ecoturismo é caracterizado pelo contato dos turistas com ambientes naturais, pela prática de atividades que possam proporcionar a vivência e o conhecimento da natureza e pela proteção das áreas onde ele ocorre. Ou seja, repousa sobre o tripé: interpretação, conservação e sustentabilidade. Logo, o ecoturismo pode ser entendido como conjunto de atividades

turísticas

baseadas

na

interação

sustentável

com

a

natureza,

comprometidas com a conservação e a educação ambiental. Encontrando-se diretamente relacionado com o conceito de turismo sustentável, que relaciona as necessidades dos turistas e das regiões com vocação turística, protegendo e estabelecendo oportunidades mútuas para o futuro. Observa a gestão dos recursos financeiros e sociais, necessidades estéticas e paisagísticas, mantendo a integridade cultural, os processos ecológicos fundamentais, estimulando a diversidade biológica e os sistemas de manutenção da vida (Ecoturismo, 2013). Na atualidade, considerando a degradação da natureza, a conurbação, a superlotação das cidades e a poluição cada dia maior em todo o planeta, resta ao ser humano, inicialmente um desejo de fuga — Sair das cidades, dos trânsitos para repousar, meditar e até mesmo contemplar a natureza. Ele busca um espaço que além de ser diferente da urbanização das cidades, possui atividades que visam incentivar a vivência com o meio ambiente e a importância da conscientização. Nesse sentido, o ecoturismo vem preencher essa necessidade da população das grandes cidades, trazendo um discurso contemporâneo de proteção do meio ambiente, conservação e valorização das culturas e vegetações locais.

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É neste contexto, que a necessidade de espaços voltados para o lazer em meio à natureza foi identificada. No projeto para o Penedo de Bacutia serão inseridos ambientes com diferencial paisagístico, complexo arquitetônico hoteleiro de pequeno porte, voltado para atender as necessidades dos usuários. Os espaços criados serão tratados com o intuito de recuperação da flora e da fauna nativas, áreas recreativas, de descanso e de reflexão, com atividades para públicos de diversas faixas etárias. Hoje reconhece-se que as paisagens são grandes atrativos para as atividades turísticas. De modo geral, são elas que estimulam visualmente as pessoas a se deslocarem para outra cidade, estado ou país; conhecer novas paisagens e visualizar novos contextos. Muitas vezes, essa paisagem tem sido utilizada apenas como um cenário de contemplação. Os turistas vão para hotéis, resorts e fazendas influenciados pelas belezas naturais, mas esses espaços ecoturísticos oferecem toda uma infraestrutura tecnológica, onde o turista não precisa sair dos seus aposentos, e o espaço-paisagem se torna apenas um cenário, pois não é vivenciado e em alguns casos nem contemplado. (SANDEVILLE JR, 2008). Não ocorre apropriação ou interação com essa paisagem, o que faz com que esses espaços sejam como qualquer outro; não pelo espaço, mas pela falta de vivência, os lugares se tornam "não lugares". Pensando nisso, será criando no Penedo diversas propostas de lazer em meio a natureza, como arborismo, tirolesa, mergulho, passeios de escuna e um jardim sensorial, que estimule os usuários a percorrer, cheirar, degustar e interagir com as diversas situações criadas. De acordo com Sanderville Jr. (2008), é importante que no contexto turístico a paisagem não seja apenas um cenário, mas que seja uma experiência vivida nos lugares, descobertas, cheiros e sensações. A paisagem também é parte do patrimônio cultural, deve ser preservada e cuidada. Mas se não há apropriação, não há cuidado para com esse patrimônio. Além de atrair desenvolvimento do turismo, a paisagem tem potencial para acrescentar qualidade à sua prática. Mesmo que a paisagem seja planejada ou artificial, ela também atribui valor ao espaço. De acordo com SANDERVILLE JUNIOR (2008),

20


Paisagens são experiências de vida. Experiências partilhadas. Ignorar a intensidade,

a

tensão

e

a

riqueza,

a

espontaneidade

cheia

de

intencionalidade e contraditória desse partilhar de experiências que constitui uma paisagem, é caminhar por elas de olhos fechados (SANDEVILLE JUNIOR, 2008, p. 7).

Através da padronização do ecoturismo, da forma de gestão e dos tipos de entretenimento oferecidos, tem havido essa falta de vivência dos espaços. E o questionamento que permanece é como aliar o conhecimento da natureza a ideias de conservação, preservação e unidade com a vida humana (SANDEVILLE JUNIOR, 2008). Por esse motivo, o Bairro de Nova Guarapari, em que o parque ecoturístico será inserido, receberá maior demanda de turistas, ascenderá em seu valor imobiliário, visto que é um projeto que integrará belezas naturais e vitalidade ao local em questão. Inserindo uma variedade de usos e lazer no empreendimento e articulando o paisagismo harmonizado com a arquitetura, pretende-se trazer significado e valorização através da apreciação dos espaços criados, para onde anteriormente era apenas um morro amplo e sem uso. "Portanto para se conhecer verdadeiramente um lugar e suas paisagens, é preciso vivenciá-lo para que se consiga interpretá-lo e entendê-lo com autonomia, e não somente através dos olhos dos outros" (SANDEVILLE JUNIOR, 2008). Através do paisagismo integrado com a natureza; reestruturação de um ecossistema com fauna e flora locais, a exploração desse espaço visando a proteção do meio ambiente e estimulando o uso através da criação de diversas atividades, é possível, aos poucos, reeducar a população, para que possam entender a sensação de liberdade, harmonia e aventura que é possibilitada no convívio com a natureza. Contemplação unida a vivência dos espaços é o desafio para esse projeto, e pode ser incentivado através de equipamentos arquitetônicos e paisagísticos, que darão suporte a todas as atividades destinadas ao local.

21



2. CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DO PENEDO

2.1 LOCALIZAÇÂO A área destinada ao estudo para o projeto de valorização turística é o Loteamento Enseada Azul, localizado no Bairro Nova Guarapari em Guarapari, cidade da Região Metropolitana da Grande Vitória 1. Localizada ao Sul do estado do Espírito Santo, Guarapari (Fig.1) faz divisa territorial com Vila Velha, Viana, Marechal Floriano, Alfredo Chaves e Anchieta. E divisa marítima com Vila Velha e Anchieta — Um de seus maiores atrativos turísticos é a extensa área litorânea.

Figura 1 - Mapa da divisão política das cidades do Espírito Santo que fazem fronteira com Guarapari.

1

A região Metropolitana da Grande Vitória foi oficialmente criada pela Lei Complementar n°58 de 1995. Posteriormente foram incorporados Guarapari (LC n°159/99) e Fundão através das leis complementares 318° e 325°, ambas em 2005.

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Guarapari é conectada ao entorno por duas importantes Rodovias: A BR 101, Rodovia Federal e a Rodovia Estadual ES-060, ou Rodovia do Sol. A primeira faz ligação a Vitória ao norte e a Anchieta ao Sul. A segunda passa por todo o litoral espírito-santense e também atravessa Guarapari, conectando de Vila Velha à Anchieta. A parte selecionada como área de estudo é denominado Loteamento Enseada Azul que abrange toda a área circunvizinha ao Penedo de Bacutia e as proximidades, que são áreas de influência ao Penedo, que é o polígono de projeto. A área de estudo confronta-se: ao norte com a Avenida Meaípe e com o Módulo I do loteamento de Nova Guarapari; a leste limita-se com uma propriedade particular pertencente a uma grande empresa; ao sul confronta-se com o Oceano Atlântico, Vila Guaibura e o Morro do Penedo de Bacutia; e a oeste com a propriedade de Eliezér Batista e Manuel Duarte de Matos. O Penedo de Bacutia, que é a área de projeto, está localizado entre duas importantes praias da cidade; Praia de Bacutia (Fig.2) e Praia de Peracanga (Fig.3), que são também de grandes potenciais turísticos, não só da cidade, mas também do estado do Espírito Santo. Documentos confeccionados pela Associação de moradores – denominada AMEAZUL 2 – afirmam que no passado o Penedo era uma ilha, mas devido sua proximidade com a parte seca, foi conectado ao continente por meio de aterro (ver anexo 1).

2

Ofício AMEAZUL 027/2007 (...) No passado, o Morro do Judeu (Penedo de Bacutia) era uma ilha e não tinha acesso de carro, até a prefeitura fazer a ligação da terra com o mar, tornando-o assim ligado ao continente.

23


Figura 2 - Praia de Bacutia com vista para o Penedo, ao fundo, conectado à praia de Bacutia.

Figura 3 - Praia de Peracanga com o Penedo ao fundo.

Através da conformação do Morro e da sua proximidade com a área continental, é difícil crer que houve algum tipo de aterro para ligar o Penedo ao continente, visto que ele é naturalmente ligado a costa e não apresenta motivos para que fosse feita essa intervenção. Ele é semelhante a outras penínsulas da cidade, tais como o Siribeira Clube, Morro da Pescaria e Morro de Setiba, que também não sofreram intervenções de aterro e são naturalmente ligados ao continente.

24


2.2 . EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Figura 4 - Planta do Loteamento Enseada Azul de Guarapari aprovado pela Prefeitura.

Até o ano de 1964, a área onde atualmente é o Loteamento Enseada Azul, era um grande terreno pertencente a um único proprietário, Sr. José Geraldo. Sem infraestrutura urbana, sem edificações, e sem divisão de ruas, a área era composta por terreno coberto de vegetação, remanescente de Mata Atlântica, restinga e fazia fronteira com as praias de Bacutia e Peracanga, que eram desertas. Em 1964 o empresário José Geraldo decidiu inaugurar o loteamento após o parcelamento da área e vender os terrenos em planta, mas a procura era escassa e o empreendimento não se desenvolveu por décadas. Em 1980 o empresário Graciano Espíndula com suas empresas (Força Construtora Ltda, Nova Guarapari Urbanização e Turismo, entre outras) comprou as áreas adjacentes ao loteamento Enseada Azul, que também não eram urbanizadas e fez um grande loteamento, dividido em Módulos; denominando-o de Nova Guarapari. Nessa época, os lotes da Enseada Azul ainda não tinham sido vendidos,

25


aproximadamente sessenta por cento dos lotes da Enseada Azul foram comprados por Graciano e urbanizados junto a Nova Guarapari (ALMEIDA, 2013). No projeto de urbanização, elaborado pelo Escritório Técnico Ary Garcia Rosa e pelo paisagista Burle Marx, foi proposto um cinturão verde em torno dos lagos, mantendo as áreas verdes, foi construído um grande lago artificial; Lagoa de Nova Guarapari (Fig. 5). com água bombeada do mar, e alguns pontos atrativos foram edificados na área do loteamento para atrair novos usos3 e moradores. Foram feitos investimentos altos em marketing4 da região. Esses empreendimentos impulsionaram o desenvolvimento da área e houve um aumento na especulação imobiliária. Muitos dos lotes foram comprados por moradores do Espirito Santo e também por turistas de todo o Brasil para utilizar em épocas de temporada.

Figura 5 - Vista aérea da Lagoa de Nova Guarapari e Lagoa da Praia.

3

O bairro foi completamente parcelado e urbanizado, foi construído um lago artificial, um parque urbano, pista de patinação, a boate Lua Azul, pousada, o restaurante Cata-vento, o condomínio Village dos Pássaros, entre outros. 4 Na época, houve um investimento tão forte na região, que foi patrocinada a apresentação do empreendimento do Bairro Nova Guarapari na novela da Rede Globo, apresentada em horário nobre.

26



3. ÁNALISES

3.1 ANÁLISE E DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Figura 6 - Aerofoto de Guarapari mostrando os limites, as rodovias e a mancha urbana do município de Guarapari / ES

É possível observar através de mapas e imagens de satélites que Guarapari, apesar de ser uma cidade com área urbana consolidada, a parte rural da cidade excede a parte urbana (Fig 6). Esse fato permite que ainda existam áreas de mata densa e até áreas naturais que estão se recuperando após abandono de passadas intervenções agropecuárias, de acordo com entrevista com antigo morador do Bairro, Sr.Manoel Almeida (ALMEIDA, 2013). A maior parte urbanizada da cidade é a área litorânea e seu entorno, devido o potencial turístico como balneário, o lazer nas praias, a visibilidade para o mar e ventilação abundante. Tomada pela especulação imobiliária, as praias de Guarapari tiveram grande adensamento, em relação a outras áreas da cidade (Fig. 7), (Fig 8).

27


Figura 7 - Foto aérea mostrando o Centro de Guarapari e seu adensamento litorâneo.

Figura 8 - Foto aérea mostrando o Penedo à esquerda e as praias de Bacutia, Peracanga e Guaibura

A vegetação presente no município é: Remanescente da Mata Atlântica na região montanhosa; e capoeiras15 nas áreas planas mais próximas a urbanização; restingas nas áreas arenosas, adjacente às praias, no litoral. A cidade possui diversas áreas alagáveis compostas de lagunas e mangues ao longo do litoral. Essas áreas não estão recebendo devida vigilância e proteção. É possível observar as áreas naturais protegidas do estado, e que na cidade não há nenhuma área de mangue demarcada 5

Nota: s.f. Mata que se corta ou derruba para lenha ou outros fins. / Mato fino que cresceu onde foi derrubada a mata virgem.

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como área de proteção permanente (APP) nem outras categorias. Apenas o Plano Diretor Municipal (PDM) prevê as áreas de mangue de Guarapari como áreas de proteção permanente, porém muitas dessas áreas já foram invadidas por moradores e não há vigilância efetiva para que se faça cumprir a lei. Assim como as áreas de mangue, o Penedo de Bacutia após reflorestado, poderia ser considerado uma área de proteção ambiental, visto que é um ecossistema frágil, que já sofreu desmatamento e está inserido em um contexto de especulação. Uma área de belezas naturais e visibilidade. Dando o uso turístico e de lazer, ele teria uma função social, atrairia usuários, tendo suas matas genuínas, parcialmente restauradas dentro do projeto.

Figura 9 - Vista aérea mostrando loteamento Enseada Azul e o Penedo de Bacutia

29


Figura 10 - Mapa que mostra delimitação dos bairros de Guarapari próximos a área de estudo.

O Bairro Nova Guarapari está localizado próximo a divisa com o município de Anchieta (Fig. 6). Faz divisa ao norte com o Bairro Concha D'Ostra (Lameirão), ao Sul faz divisa com o mar através das praias, à oeste confronta-se com o Balneário de Meaípe (Fig. 10), possui belas lagoas e grande área vegetal nas proximidades das lagoas. Analisando o Bairro Nova Guarapari do ponto de vista ambiental, através de entrevista (ALMEIDA, 2013), entende-se que na época de seu desenvolvimento as áreas eram em sua maioria pastagens, e devido a urbanização feita na região, foi abandonada a atividade agropastoril, e muitas matas locais estão se recuperando. No mapa de posição de Guarapari no estado (Fig.11) Nota-se que ainda há uma grande área vazia entre a mancha urbana da cidade de Guarapari e a mancha do Bairro Nova Guarapari (Fig. 6). Isso acontece devido o desenvolvimento "planejado" do Bairro, que foi incentivado pela iniciativa privada.

30


Figura 11 - Mapa mostrando a posição de Guarapari no Espírito Santo e sua mancha urbana.

No processo de desenvolvimento de bairros, há um crescimento espontâneo da mancha urbana de acordo com a necessidade, que geralmente são fatores que estimulam a expansão e a conurbação. A ocupação de novas áreas ocorrem de forma espontânea. No Bairro Nova Guarapari, foi feito um empreendimento imobiliário para influenciar a ocupação dessa área. Anteriormente a área era rural, pouco ocupada e distante da parte urbanizada de Guarapari, aos poucos foi recebendo moradores e têm crescido bastante, mas Atualmente a área ainda se encontra distante da sede de Guarapari, onde estão localizadas as sedes administrativas e numerosos pontos comerciais. Recentemente urbanizado, o Bairro Nova Guarapari ainda possui muitos vazios urbanos e muitas áreas verdes com restingas e capoeiras que foram mantidas. A lagoa de Nova Guarapari adquiriu importância social e ambiental para a identidade local, como afirma a Associação de Moradores e Amigos de Nova Guarapari, denominada AMANG:

31


Uma das lagoas mais belas do Espírito Santo, a Lagoa de Nova Guarapari está completamente degradada devido ao desmatamento indiscriminado da mata ciliar. A lagoa é o nosso principal cartão postal, junto com as praias; Guaibura, Bacutia, Peracanga dos Padres e Meaípe (Nova Guarapari, Blogspot, 2013).

Figura 12 - Imagem das Lagoas presentes em Nova Guarapari. .

Figura 13 - Aerofoto mostrando vista superior do Penedo de Bacutia

32


O Penedo de Bacutia é uma rocha com cobertura orgânica (solo arenoso e vegetação), e em seu entorno existem algumas pedras, separadas pelo mar, que compõem sua área. Ligado ao continente por porção de terra seca. Está completamente cercado pelo Oceano Atlântico e ao lado de belas praias: de Bacutia; Peracanga e Guaibura. Sua vegetação é composta por capoeira rala; floresta remanescente da Mata Atlântica, ainda em recuperação (ZANOTTI, 2014) (Fig. 13). De acordo com informações obtidas pela entrevista (ALMEIDA, 2013), no passado, o Penedo foi utilizado para cultivo agrícola de ciclos curtos; milho, feijão, cana de açúcar, batata doce, o que provavelmente fez com que fosse desmatado. Possui trilhas em seu interior, e de diversos pontos no Penedo é possível observar as praias e o mar. De outros locais, há impedimento devido a barreiras visuais criadas pela própria vegetação do local. Hoje não há uma intensa utilização do espaço. Todavia, em épocas de alta temporada o espaço é utilizado como banheiro público, criando odores desagradáveis e influenciando na proliferação de insetos e até de doenças. Ainda não há proteção estabelecida para o espaço, a associação de moradores local, denominada AMEAZUL, luta para torná-lo área de proteção integral junto a SECULT, mas ainda não foi estipulada oficialmente nenhuma lei de proteção do mesmo. Houve a tentativa de criar um loteamento na área do Penedo para que os lotes fossem vendidos separadamente, mas não houve prosseguimento com o projeto (Fig. 14).

33


Figura 14 - Planta de Loteamento do Penedo de Bacutia.

3.2 INSERÇÃO DE ÁREAS DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO Mapa de Áreas Naturais Protegidas do estado do Espírito Santo No mundo europeu, com uma flora altamente domesticada, guardava o homem um relativo equilíbrio em relação à arvore e à floresta. Ao conquistar o Novo Mundo, a floresta, sobretudo a floresta tropical, o encheu de pavores. Ela era o refúgio do índio e dos serem agressivos: A onça, a serpente, a aranha, o jacaré e o mosquito. Então criaram-se na mente dos habitantes, a necessidade de abrir clareiras estratégicas e o complexo de derrubar e destruir (TABACOW, 2004, p. 93).

O Brasil é riquíssimo em variedade de fauna, flora, e diversidade de climas, o que estimula o desenvolvimento dos diferentes ecossistemas. Mesmo tendo sido devastado na colonização e posteriormente, o país ainda possui extensas áreas de grande importância ambiental. O estado do Espírito Santo se comparado a outros estados, como da região Amazônica, o Pantanal Mato Grossense e o Cerrado, possui poucas áreas de importância ambiental protegidas. No mapa (Fig.15), podemos observar onde estão identificadas as reservas, áreas naturais, parques nacionais, estaduais, municipais e áreas de proteção permanente (APP).

34


Nota-se que as áreas protegidas estão presentes em todas as regiões do estado, distribuídas em algumas cidades. As reservas da biosfera da Mata Atlântica podem ser analisadas da seguinte forma: Na parte norte do estado, estão localizadas principalmente nas áreas litorâneas e extremidades do estado; e na parte sul, estão principalmente no seu interior (Fig.15). As maiores áreas protegidas do Espírito Santo são: a Reserva do Sooretama, que abrange a cidade de Linhares, ao norte do estado e o Parque Nacional do Caparaó na cidade de Ibitirama a oeste. Dentro do parque localiza-se o Pico da Bandeira, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. O pico é considerado o Terceiro Pico mais alto do País com 2892 metros de altura, atrai muitos turistas e possui acesso pelos dois estados (Fig.15). Na cidade de Guarapari há uma extensa área de biosfera da Mata Atlântica, localizada principalmente no interior do município. As áreas naturais protegidas são: Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba, Parque Estadual Paulo César Vinha, Morro do Cruzeiro, Morro da Pescaria e Três Ilhas. O Morro da Pescaria, o Parque Paulo Cesar Vinha e as Três Ilhas são abertos para visitação e possuem trilhas internamente e conduzem à belas praias. De modo similar aos exemplos acima, o Penedo de Bacutia tem grande potencial turístico e ao mesmo tempo, características naturais peculiares e preocupantes em relação a sua utilização. Semelhante ao Morro da Pescaria, tendo a mesma conformação e mesmo tipo de vegetação presente, é uma região importante visualmente, ambientalmente e funcionalmente para o contexto onde ele está inserido.

35


Figura 15 - Mapa de Ă reas Naturais Protegidas do estado do EspĂ­rito Santo

36


A associação de moradores presente em Nova Guarapari, denominada AMEAZUL, luta para tombar o Penedo de Bacutia (também conhecido como Morro do Judeu) em uma Área de Proteção Integral (API) pelo Conselho Estadual da Cultura (SECULT), mas atualmente ele é uma área particular. Embora não seja tombado por nenhuma medida administrativa, a comunidade insiste em tratá-lo como tal (Fig. 16). De acordo com o Plano Diretor Municipal de Guarapari (PDM), o Penedo se enquadra como Zona Especial de Interesse Turístico (ZEIT), onde há incentivo para implantação de empreendimentos que atraiam turistas.

Figura 16 - Placa colocada no Morro do Judeu pela associação de moradores AMEAZUL informando indevidamente que é um bem tombado.

37


3.3 . ESCALA DE SETORIZAÇÃO 3.3.1

POSIÇÃO DOS MUNICÍPIOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Figura 17 - Mapa do Espírito Santo destacando o município de Guarapari

Localizado no Centro-Sul do estado do Espírito Santo, o município de Guarapari possui formato parcialmente triangular, alargando ao longo do litoral (o que permite a presença de diversas praias em seu território). Ocorre um estreitamento na região montanhosa próxima ao município de Marechal Floriano (Fig. 17). Nas áreas montanhosas do município de Guarapari, estão presentes diversos rios, quedas d'água e cachoeiras de grande belezas naturais, a maioria propícios para banho. Possui topografia: plana e levemente ondulada na região litorânea e com altitudes de zero à cinquenta metros; e topografia acidentada com altitudes que ultrapassam oitocentos metros, nas proximidades da divisa com Marechal Floriano. De acordo com dados do IBGE (Censo 2010), Guarapari possui uma população de aproximadamente cento e cinco mil, duzentos e oitenta e seis habitantes, em uma área de 594Km², tendo uma densidade demográfica de 177 habitantes por Km².

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480000

7880000

7880000

MINAS GERAIS

360000

400000

341000

341100

341200

±

340500

341000

341500

±

0 25 50 340800

340900

341000

341100

100

m

7706300

341200

7706500

7706500

7706500 7706400

7706600

7706500 7706400

7706600

7707000

7706700

7700000

480000

7707500

340900

360000

7706700

340800

km

7708000

320000

340000

20

7707500

240000

km

7708000

160000

320000

100

5 10

7707000

RIO DE JANEIRO

0

7640000

0 25 50

7700000

7800000 7720000

7720000

7800000

ESPÍRITO SANTO

340000

7740000

7960000

BAHIA

320000

7720000

400000

7740000

320000

7720000

240000

8040000

160000

7960000

8040000

LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E ÁREA DE PROJETO

0 340500

341000

0,1 0,2

0,4

km

341500


3.3.2 MAPA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DA REGIÃO ANÁLISE DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DA REGIÃO (RIOS E MAR) De acordo com informações fornecidas pela CESAN, a cidade de Guarapari é abastecida por três Rios: Conceição, localizado em Alto Cachoeirinha; Jabuti, localizado junto ao contorno da Rodovia do Sol; Também é captada água do Rio Benevente, à 18 Km de Guarapari na Vila de Jabaquara, junto à BR101, no município de Anchieta. Apesar de possuir vários pequenos rios e córregos, o volume de água dos outros rios não viabiliza a captação de água. Próximo ao bairro Nova Guarapari, estão presentes o Rio Meaípe, Um braço do Rio Salinas, que nasce em Anchieta e o Rio Aldeia Velha. Todos esses Rios são pequenos e pouco representativos para o Bairro. A lagoa artificial criada simultânea ao surgimento do Bairro, é importante para o contexto da área, possui residências no entorno e é vista inclusive por quem passa pela Rodovia.

Figura 18 - Lagoa de Nova Guarapari e sua relação com condomínio Village dos Pássaros.

As praias de Bacutia e Peracanga, que estão adjacentes ao Penedo, são enseadas6 banhadas pelo Oceano Atlântico, com águas transparentes azuladas e de temperatura estável. Serpenteadas de areias finas, claras e com remanecente 6

Enseada: Curvatura da costa, reentrância que forma pequeno porto abrigado; recôncavo. / Angra, abra, pequena baía.

39


vegetação reestinga em seus territórios e algumas árvores de pequeno e médio porte. As praias são amplamente utilizadas por turistas em alta temporada, suas águas são tranquilas. As preferidas para banho são a praia de Bacutia, Peracanga e Praia dos Padres. Observando as belezas naturais presentes no local, e a articulação do bairro que é bem planejado, com casas de alto padrão, entende-se que é o contexto ideal para a implantação de um Parque Ecoturístico, apropriar-se do entorno e criar usos atrativos com restaurante, lanchonete, lazer, descanso e contemplação.

3.3.3

ANÁLISE DA VEGETAÇÃO E RECURSOS PAISAGÍSTICOS NA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo, é composta por vegetação presente nas calçadas das Ruas. Algumas ruas são mais arborizadas que outras. As espécies presentes são; Palmeira, Castanheira, Espirradeira, Pata-de-vaca, Flamboyant, Dombeia, Papoula e Casuarina, Aroeira, entre outras. Também há vegetação presente nas orlas. Características de restingas, com algumas palmeiras e árvores. Avistado a partir da orla, o Penedo é a maior massa de vegetal presente no polígono. Cria uma imagem paradisíaca para os usuários das praias e da orla (fig. 19).

Figura 19 - Foto visualizando o Penedo à partir da Enseada de Bacutia.

40


O loteamento Enseada Azul antes do empreendimento imobiliário era uma área de restinga com diversas espécies de vegetação nativa, tais como: Cajueiros, cardos, cactos, araçás, aroeiras, camambarazeiros e várias espécies de bromélias, que foram suprimidas para dar lugar as ruas e lotes. Atualmente esta região é adensada, devido o grande incentivo a ocupação urbana, infra-estrutura, e a proximidade e visibilidade às praias. Na área de estudo foi possível observar a presença de ruas bem arborizadas, tornando os espaços bonitos e criando sombreamento. Não existem muitos equipamentos urbanos, mesmo nas praças da área, a região é bastante precária de lixeiras, bancos, mesas, e os pontos de ônibus não possuem cobertura para abrigar da chuva. As belas praias e a Lagoa de Nova Guarapari são recursos paisagísticos bem marcantes da região, que devem ser aproveitados de forma positiva nos projetos.

Figura 20 - Rua arborizada presente na área de estudo.

A Avenida Vina Del' Mar, que é na orla, as vegetações presentes são algumas palmeiras na calçada da praia e a vegetação de reestinga presente na areia da praia. A visibilidade para o mar, e a beleza das praias atrai turistas e moradores para

41


a região, tornando-se um elemento de importância para o paisagismo. As visuais não são aproveitadas só por quem passa pela orla, das ruas transversais é possível visualizar o mar (Fig. 21).

Figura 21 - Foto de rua transversal onde é possível visualizar o mar.

O revestimento presente em todas as ruas do loteamento é asfaltico. Não há padronização nos revestimentos de calçada, nem seguem normas de acessibilidade, com pisos podotáteis, rampas e guarda-corpo.

Figura 22 - Foto de via mostrando o tratamento das calçadas em bloco de concreto e grama

42


3.3.4 ANÁLISE DA OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DE ESTUDO

Foram criadas duas praças no Loteamento Enseada Azul, mas ambas estão em condições precárias. Uma se localiza de frente à Avenida Meaípe: Esta possui um pequeno playground infantil, e espaço para jogos, uma quadra de areia e bastante vegetação, está em melhores condições de conservação, e possui equipamentos urbanos (Fig. 23); a outra é uma área bastante extensa e não possui nenhum tipo de equipamento urbano além de traves, é utilizada pelas crianças do bairro como campo de futebol, não é gramada nem possui vegetação em sua área (Fig. 24).

Figura 23 - Praça com equipamentos urbanos e presença de vegetação.

Figura 24 - Praça vazia, utilizada como campo de futebol pelas crianças do bairro

Através dos mapas de Usos do Solo e de Gabarito é possível observar que o Loteamento Enseada Azul é predominantemente residencial, sendo mais de noventa por cento de suas edificações com essa finalidade e tantos por cento de uso comercial e de serviço, que predominam na área de frente para a Avenida Meaípe. Uso institucional foi identificada apenas uma pequena escola presente da área estudada. Existem muitos terrenos são construídos e algumas edificações abandonadas.

43


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ME

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LEGENDA

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Na orla, pode ser observada a grande quantidade de edifícios de cinco e seis pavimentos, sem uso comercial e/ou de serviço nem mesmo no térreo. Na área, onde há maior quantidade de edifícios de comércio e serviços é em frente para a Avenida Meaípe, onde a maioria das edificações possui três pavimentos, sendo maioria de uso misto; comércio ou serviço presente no térreo. É notória a falta de equipamentos de suporte comercial básico para o Loteamento, há áreas muito extensas sem nenhum tipo de serviço como; padarias, supermercados, restaurantes, lanchonetes, sorveterias, quiosques, academia, creches, o que impede o conforto e comodidade da população, fazendo com que tenham que ir longe para buscar produtos ou serviços básicos do dia-a-dia. Muitas edificações presentes na área são de proprietários que moram fora dali, o que faz com que o Bairro seja pouco movimentado em épocas de baixa temporada turística e por não oferecer infra-estrutura de comércio e serviços, o que traz movimento para a região, torna-se uma área bastante insegura do ponto de vista do usuário.

3.3.5 TIPOLOGIA CONSTRUTIVA PRESENTE NA ÁREA DE ESTUDO Na área de estudo, foram observadas as tipologias de edificações (Fig.25), (Fig.26), (Fig.27), (Fig.28). Há grande quantidade de casas térreas, de dois e três pavimentos, principalmente na parte interna do Loteamento, em volta das praças e nas ruas locais de bairro. Em geral, possuem muros altos, alarme, cerca elétrica e câmera de segurança. Nota-se a presença de casas de alto padrão construtivo (Fig.25), (Fig.26), geralmente com estética e acabamentos diferenciados. As classes predominantes de moradores da área são: classe média alta e alta, levando em conta o alto valor dos terrenos e dos apartamentos da região, que atualmente é bastante valorizada.

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Figura 25 - Residência presente no loteamento.

Figura 27 - Edificação de tipologia característica presente no Loteamento Enseada Azul.

Figura 26 - Residencia unifamiliar presente no Loteamento.

Figura 28 -Edifício multifamiliar característico da região; uso exclusivamente residencial. .

É possível observar no Mapa de Gabaritos a presença de prédios na orla da praia, casas mais baixas no interior do bairro e de frente para a Avenida Meaípe. Os edifícios também são bastante resguardados com equipamentos de segurança, mas a ausência de uso misto na região e no térreo das casas provoca insegurança nos transeuntes, principalmente em períodos noturnos. O uso de telhado colonial é abundante, granito e grandes fechamentos em vidro, abrindo visuais para o exterior, principalmente em edifícios presentes na orla.

45


A ocupação do terreno ocorre na maioria dos casos, respeitando os afastamentos e deixando um afastamento frontal maior do que o exigido pela lei. Os afastamentos frontais maiores são utilizados para jardins ou como áreas de lazer.

3.4 . ANÁLISE ÁREA DE PROJETO 3.4.1. ANÁLISE DE VEGETAÇÃO DE RECURSOS PAISAGÍSTICOS Na área de intervenção que é o Penedo de Bacutia, não existem elementos paisagísticos construídos, ou seja, tudo o que há, é concernente a própria natureza; a vegetação presente no local, as visuais para o mar e para as praias do entorno que são belíssimas e a trilha estreita que foi criada em meio a vegetação, que circunda toda a área do Penedo. A trilha é de terra e pedra aflorada em alguns pontos. Não há nenhum revestimento executado na área. A vegetação presente no Penedo é capoeira rala, ainda não é uma vegetação densa nem consolidada. É composta por diversas espécies. Algumas delas são as seguintes:

Nome Cietífico: Agave americana Nomes

populares:

Pita,

Alcivara,

Acíbara,

Mangue e Azabara. Planta herbácea arbustiva, com folhas organizadas radialmente,chegando a medir 1,8m de diâmetro. Nativa da América do Sul e América Central. Se desenvolve em pleno sol. Apesar de ser natural no Penedo, é amplamente utilizada em paisagismo. Figura 29 - Pita, arbusto radial presente no Penedo.

46


Científico: Cecropia pachystachya Nomes

populares:

Embauba,

Embaúva

e

imbaíba. É uma planta da medicina popular, também conhecida como árvore-da-preguiça. Se desenvolve em pleno sol. Encontrada com muito frequência nas matas e como pioneira em áreas degradadas. Atrativa para fauna, oferece alimento à mamíferos como o bicho preguiça, vários tipos de insetos como formigas, cupins e morada para pássaros. É utilizada na medicina Figura 30 - Embauba; vegetação nativa da região.

popular no combate a pressão alta.

.

Nome Científico: Gochnatia polymorpha. Nome popular: Cambará, camará Com tronco tortuoso, que varia entre 40 e 50 centímetros de diâmetro, é uma planta arbórea que, chega a 8 metros até de altura. Possui folhas simples e flores em tom pastel, do bege para o branco. Nativa no Brasil, é uma árvore robusta e tem sua madeira muito utilizada no campo para a confecção de moirões de cerca e como madeira naval, também é utilizada na medicina popular. Figura 31 - Cambarás; vegetação nativa da região

Nome científico: Clusia Hilariana Nomes populares: Abaneiro, Abano, Manga-dePrata, ou Mangue-da-Praia. Planta encontrada em toda a restinga, variando o porte, podendo ser um pequeno arbusto ou uma árvore de aproximadamente 3 metros. Esta planta é muito usada em jardinagem e decoração de interiores.

Figura 32 - Abaneiro; vegetação nativa da região

47


Nome cietífico: Cereus fernambucensis Nome popular: Cardo ou Cacto. É uma vegetação nativa do Espírito Santo, que pode chegar a 3 metros. Se desenvolve em climas moderados e quentes e são pouco exigentes em relação a solo, podendo se desenvolver em pedras e locais sem solo orgânico. Produz um fruto

comestível

de

cor

rosa,

e

branco

internamente. Figura 33 - Cardos; vegetação nativa presente no Penedo.

Nome Científico: Allagoptera arenaria da família Arecaceae. Nome popular: Coquinho da praia, coquinho guriri. Palmeira nativa das dunas e praias litorâneas brasileiras. Inflorescência em haste longa e fina. Frutos carnosos, de polpa fibrosa, aromáticos e comestíveis, reunidos em cachos, semelhantes a espigas.

Figura 34 - Coquinho Guriri. As bromélias são plantas herbáceas de folhas ora largas ora estreitas, lisas ou serrilhadas, por vezes com espinhos, de cor verde, vermelhas, vinho, variegadas, com manchas, listras e pintas. Só florescem uma vez somente no estado

adulto,

depois

emitem

filhotes

e

terminam o ciclo. As flores variam conforme a espécie e o gênero, mas são pequenas e podem apresentar-se saindo de espigas, em Figura 35 - Bromélia nativa do Penedo.

racemos.

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Nome científico: Schinus Therebentifolius A aroeira-vermelha é uma planta perene de porte médio com 5 a 10 metros de altura, sua copa é arredondada, tronco grosso, tortuoso e cheio de fissuras. Ela tem um forte cheiro de terebintina. As plantas se desenvolvem bem em diferentes locais como em: beira de rios, córregos, várzeas úmidas e em terrenos secos e pobres. A propagação é feita através de sementes. É muito apreciada na culinária francesa e brasileira. Figura 36 - Aroeira vermelha com frutos Nome científico: Xylosma salzmanni Popularmente como Judeu, espinho de judeu, Árvore Espinho-de-judeu, árvore de até 5 m da família das flacourtiáceas, nativa do Brasil (MG, RJ ao RS), armada de espinhos, com casca fina, aromática e adstringente, folhas crenadas, flores pálidas em umbelas e bagas pretoavermelhadas;

guaiapá,

guaipé,

quaiapá,

quarenta-feridas, sessenta-feridas. Figura 37 - Espinho de Judeu presente no Penedo

Nome científico: Labramia bojeri O Abricó-de-praia é uma árvore da família Sapotaceae,

também

conhecido

como

abiurana, abi, abieiro, caimito. Árvore de crescimento lento que pode atingir entre 7 e 10 metros de altura. Sua copa é densa e as folhas, em tom verde-brilhante, têm formato oval. Planta de clima tropical é típica do litoral, possui diversos fins medicinais e produz fruto comestível. Figura 38 - Abricó de praia; nativo da região.

49


nome científico: Protium heptaphyllum Amescla de cheiro, Amescla, Almecega, breubranco. Árvore de aproximadamente 7 metros de altura.

Produz

madeira

de

cor

marrom

acinzentado a marrom avermelhado claro; É utilizada na manipulação de cosméticos.

Figura 39 - Amescla de cheiro.

3.4.2 DIAGNÓSTICO FÍSICO AMBIENTAL

Embora o Penedo já tenha sido uma área degradada ambientalmente no passado, atualmente sua vegetação se encontra em recuperação, pois as áreas que foram desmatadas para utilização agrícola, foram abandonadas e a natureza tende a recuperar-se de forma espontânea. Por isso na área de projeto são encontradas centenas de espécies de vegetação e pequenos animais que estão retomando a área como habitat natural. Muitas das vegetações presentes no Penedo, inclusive que são mostradas neste trabalho, servem como alimento para diversas espécies de animais como: bicho preguiça, sagui, macacos, diversos pássados, ouriço cacheiro, coelhos selvagens, entre outros. Foi observada a presença de inúmeras espécies de vegetação, de diversos portes, formatos, cores e utilidades. À partir disto, entende-se que é possível trabalhar o Penedo paisagísticamente aproveitando seu potencial botânico que é autoctone de diversas maneiras no projeto (ZANOTTI, 2014). Algumas espécies presentes na região além das citadas acima são: Camboatã, Goiambê, Pindoba, Almescla, diversas espécies de bromélias, Trombeta, Araçá, Assa-peixe, castanheiras, entre outras.

50


As espécies identificadas no presente trabalho possuem fins alimentícios, medicinais, criam sombreamento, podem ter fins estéticos, aromáticos e artísticos (ZANOTTI, 2014).

3.4.3 DIAGNÓSTICOS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO O Penedo de Bacutia, não possui nenhum tipo de ocupação. A única edificação presente no local é uma caixa d'água instalada pela CESAN (Companhia Espírito santense de Saneamento), que atualmente está desativada. E uma trilha presente no Penedo que funciona como caminho. Ela segue a conformação de estrada proposta por Hugo Nietsch no projeto do loteamento. É uma área particular, o proprietário é o Engenheiro que projetou o Loteamento Enseada Azul; Hugo Nietzck. Os lotes provavelmente seriam vendidos em separado para particulares. Mas não houve a implantação deste projeto. Os moradores lutam pelo tombamento da região, dada a importância ambiental para o entorno e o impacto que um grande empreendimento ali poderia gerar. O loteamento (Fig. 14) foi feito pelo mesmo Engenheiro que projetou o loteamento Enseada Azul. Na planta, é visto que devido o formato arredondado do Penedo, os lotes foram traçados a maioria irregularmente, possuindo dimensões variadas.

3.4.4 ZONEAMENTO AMBIENTAL E PROGRAMA DE NECESSIDADES

Através dos levantamentos feitos: das análises; fotografias; da entrevista; entendese que o Penedo de Bacutia ou Morro do Judeu, é uma área ecologicamente frágil e de grande potencial ambiental. Considerando sua extensão, sua localização, seu formato peculiar e a variedade de ecossistemas que abriga. Possui características que devem ser preservadas, levando em conta que é uma área particular; passível de intervenções de qualquer escala e inclusive por não ser uma Área de Proteção Ambiental prevista no Plano Direto Municipal.

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Neste projeto, o Penedo foi observado através da lente da arquitetura e do paisagismo, buscando a valorização turística da região, sem agredir o meio ambiente. À partir disso, chegou-se ao programa de necessidades. Esse programa visa trazer movimento para o entorno bem como para o empreendimento, de forma controlada buscando torná-lo um ícone de ecoturismo, na cidade e no Estado. Nosso objetivo é projetar um parque paisagístico, trazendo para junto da natureza e de seus elementos, arquitetura e equipamentos construídos, buscando causar impactos mínimos, se considerados os benefícios de ter um espaço aprazível de convivência com a natureza e ao mesmo tempo conscientizar a população da importância do meio ambiente para a humanidade. Serão utilizados materiais presentes na região, buscando uma arquitetura limpa, pouco impactante, levando em conta o contexto em que será inserida, sem edificações de grande porte. Utilizando a sustentabilidade de forma integrada; reaproveitamento de águas cinzas, aquecimento solar das águas, captação de águas da chuva e coleta seletiva, para que seja um empreendimento modelo de ecoturismo na cidade de Guarapari.

PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades pode ser caracterizado como conjunto de necessidades para determinado uso de uma edificação, levando em conta os usuários, o objetivo deste projeto, a finalidade e também suas características peculiares. Para o Penedo de Bacutia, o programa de necessidades será planejado, partindo das conclusões pós-análises e entrevistas presentes neste trabalho, somado ao objetivo que é criar um projeto paisagístico, integrado ao meio ambiente que aproveite a área do Penedo de Bacutia de maneira consciente. Levando em conta a legislação vigente, o bom senso arquitetônico e a atratividade para o uso turístico chegou-se a esta proposta que torna o Penedo semelhante a uma vila, disponibilizando diversos serviços aos usuários do espaço e também aos moradores do entorno.

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A edificação será horizontal, e possuirá diversos blocos, distribuídos na área interna de projeto utilizando a logística para trazer conforto e funcionalidade à edificação, utilizando paisagismo, dentro e fora dos espaços.

- Contemplação : espaços com vistas para o mar ou para as praias, dentro de belos jardins onde a natureza possa ser apreciada. Uso de bancos e iluminação para possibilitar o uso. - Descanso: espaços fechados, abertos ou parcialmente fechados que sejam planejados para possiblitar a leitura, relaxamento e cochilos sempre mantendo visuais para a natureza. - Transporte para dentro do empreendimento: será criado um acesso de veículos, que já existe, mas está fechado pela vegetação. - Estacionamento: Será criado na parte externa o mais próximo possível do empreendimento. - Placas informativas e orientativas: para as pessoas se localizarem e se orientarem em mais de um idioma.

ÁREAS DO SETOR HOTELEIRO E SERVIÇOS: - Recepção: pequena, para receber hospedes - Bangalôs: Presentes na área interna do Penedo, de pequenas dimensões, feitos de madeira, vidro e telhas cerâmicas, modelos variados. - Serviços: Em pequenas edificações, serão oferecidos serviços como padaria, farmácia, lanchonete, restaurante, sorveteria, minimercado, café, loja de artesanato para dar suporte ao turismo e também ao bairro. - Trilhas: aproveitar as existentes e criar novas trilhas em meio a natureza. - Mirantes: criar na parte mais alta do Penedo um mirante. -Museu Educativo: fauna e flora Imagens de animais presentes naquele ecossistema.

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- playground: infantil, adolescente e adulto. - Áreas de banho: com piscina de estética integrada a natureza. - Ancoradouro, pequena marina - Piers: para mergulho, acesso ao mar. - Lugares de convívio: cantinhos; espaços de baixo de árvore, com bancos e mesas, ombrelones e pergolados. - Rota pacialmente acessível: Utilização de materiais que possibilite a passagem de crianças e idosos; buscando tornar os espaços acessíveis, considerando que em meio a natureza nem sempre é possível ou viável. - Jardim sensorial: rota planejada em meio a natureza; feita para os usuário explorarem ao máximo todos os sentidos, através de plantas coloridas, aromáticas, com variedade de texturas e diversos sabores.

INFRAESTRUTURA DE SUPORTE: - Manutenção: Áreas de apoio ao projeto arquitetônico para suporte à essas atividades. - Segurança Vigilância: áreas inclusas no projeto arquitetônico, como guaritas. - Comunicações Externas: suporte de Telefonia. - Comunicação interna: ramal interligado para acesso aos serviços. - Rede wifi: internet livre para funcionários e usuários. - Abastecimento de água e energia: infra-estrutura suporte às demais atividades. - Recolhimento de resíduos sólidos: reciclagem através da separação de lixos. - Tratamento de águas residuais: sistema de reaproveitamento da água da chuva e águas cinzas. - Aquecimento solar das águas: piscinas e chuveiros.

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3.4.5 LEGISLAÇÃO O entorno no Penedo possui as seguintes zonas: Zona de Proteção Ambiental I (ZPA I) e III (ZPA III); Zona de Uso Turístico II (ZUT II); Zona de Uso Residencial III (ZUR III), além disso, o próprio Penedo e a praia dos Padres, que são classificados como Zona Especial de Interesse Turístico (ZEIT). De acordo com o Plano Diretor Municipal de Guarapari, nota-se que o Penedo de Bacutia é classificado em duas zonas: Zona de Proteção Ambiental III (ZPA III) e Zona Especial de Interesse Turístico (ZEIT), área reservada para atrair usos que dinamizem o turismo. A área classificada como ZPA III no Penedo é composta pelos 30 metros de afastamento do mar, legalmente considerado Terreno de Marinha, bem como as pedras soltas no mar que rodeiam o Penedo. As praias e suas vegetações de restinga são classificadas como ZPA I. Já as edificações à beira mar, compõem a ZUT II, onde prevê edificações com gabarito de no máximo cinco pavimentos, o que não é observado em muitas das edificações da beira mar, que possuem gabaritos que variam de quatro a seis pavimentos em sua maioria. É notório que o plano diretor de Guarapari necessita uma revisão, levando em conta o tempo em que foi feito e as novas dinâmicas urbanas. E por falta dessa atualização existem informações pendentes como os índices urbanísticos da ZEIT e das ZPA’s que ainda não foram estabelecidos com clareza, os tipos de atividades permitidos nessas áreas, taxa de ocupação, índices de aproveitamento, entre outras. Como estudante de arquitetura e urbanismo e interessada em melhores soluções para o desenvolvimento da cidade, neste trabalho, serão criados índices que respeitem as características locais e ao mesmo tempo incentive o desenvolvimento da zona. Foram observadas as necessidades da área de estudo e através do projeto no Penedo, pretende-se auxiliar no melhoramento do entorno, na valorização e na apropriação das áreas, trazendo diversidade e dinamismo para área que atualmente não está sendo utilizada. Como foi observado no diagnóstico de uso e ocupação do solo, a ausência de serviços básicos nas proximidades da área de estudo, dificulta que moradores se

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estabeleçam naquela região, tornando-a uma área de uso intensivo apenas durante o verão, no projeto, Penedo será trabalhado paisagisticamente e funcionará como uma pequena vila, dando suporte de serviços aos usuários e também atendendo a demanda dos moradores do entorno.

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4. ESTUDOS DE CASO Os Estudos de Caso escolhidos, foram selecionados de acordo com a afinidade dos projetos com o que será feito em nossa proposta para o Penedo de Bacutia. São modelos de inspiração para a proposta do Parque de Ecoturismo. Nas análises serão expostas e traçaremos relação entre os projetos e o contexto do Penedo. 4.1 O JARDIM DOS SENTIDOS O projeto do Jardim dos Sentidos possui planta Linear. Através desse eixo articulador foram trabalhados lugares de estar e contemplação que estimulam os diversos sentidos (Fig.33).

Figura 40 - Planta de implantação do Jardim dos Sentidos.

O Jardim dos Sentidos se localiza no Campus da Universidade JAUME I, na cidade de Castelló de la Plana, na Espanha. O arquiteto desenvolveu uma idéia de composição com o objetivo de definir um espaço de ensino que transforme experiências sensoriais em um veículo de conhecimento. Um dos objetivos estabelecidos foi que o espaço se tornasse um atraente local de encontro para os alunos, com espaços para caminhadas, descanso, leitura e para aquisição de conhecimentos.

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Pode ser observado o preciosismo e o cuidado tido pelo arquiteto, estudando os eixos visuais, marcando-os em planta para que fossem preservados e a escolha de cores, materiais e distribuição espacial através da ampliação (Fig.41).

Figura 41 - Planta de ampliação de área do Jardim dos Sentidos. .

A forma racionalizada de compôr o jardim. A escolha das espécies e suas disposições criam ambientes legíveis, contemporâneos e harmônicos. O estilo de vegetação é típico de lugares frios. A perspectiva e profundidade do eixo foi estruturado usando espécies botânicas que se elevam desde o início até o fim em um crescimento contínuo, auxiliado pela inclinação, terminando com as espécies mais volumosas, mais altas, colocadas de uma forma equilibrada de ambos os lados, mas sem cair em simetria formal (Fig.42).

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Figura 42 - Jardim dos sentidos; eixo articulador e massas de vegetação.

O autor afirma que o projeto desenvolve e constrói uma nova paisagem ao longo do eixo central do Campus da Universidade. É uma paisagem contemporânea que visa combinar a condição de espaço de ensino com o de seu próprio lugar para o prazer dos sentidos, em uma interpretação única da geometria axial existente e material vegetal nativa do Mediterrâneo para a área.

Figura 43 - Relação do Jardim dos Sentidos com o Edifício da Universidade.

Visão, audição, olfato, paladar e tato são representados por esquemas que são independentes, mas botanicamente e formalmente ligado com as seções adjacentes. A presença de água é uma constante que aparece em diferentes formas, dependendo se a intenção é ouvir, ver, tocar, cheirar ou provar, e desaparece quando passar por determinados lugares.

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Os efeitos sonoros, texturas diferentes e uma grande variedade de sabores e aromas aparecem sucessivamente, sobre toda a superfície da avenida, culminando na seção oposta a Ágora com as plantas que têm as cores mais marcantes e contrastantes (VAM10, 2012).

Figura 44 - Relação do jardim com a água e vegetação utilizada no projeto.

É notória a diferença do tipo de vegetação utilizada no projeto, feito para a Espanha, que é de clima mediterrâneo, para o clima do Brasil que é tropical. A presença de pinheiros e vegetações mais contidas e o uso de topiaria. Há grandes espaçamentos entre as vegetações e é observado um rigor na disposição das plantas, tanto em questão de alinhamento, cores e alturas (Fig. 44) Todavia, esse projeto nos serve de estudo pois auxilia no amadurecimento do que é o como pode ser feito um jardim sensorial e seus estilos e aplicações diversas.

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Criar um jardim sensorial dentro do Parque Ecológico do Penedo surgiu da necessidade dos usuários vivenciarem os espaços. A contemplação não gera a intimidade com a natureza que surge apenas pela vivência. Somente a vivência e o conhecimento estimulam a apropriação dos espaços naturais. O Jardim sensorial do parque terá maior integração com o meio ambiente do que o observado no projeto. Visto que está localizado em um contexto urbano, também por esse motivo, a abordagem dos volumes, formas e usos é bastante diferenciada do que será feito no Penedo de Bacutia. Contudo, a proposta nos inspira pela idéia de sensorialidade e pela diversidade que esse uso possibilita. O tipo de vegetação utilizado no jardim sensorial do Penedo, será mais livre e orgânica, formando massas com vazios menores entre elas. Ele se integrará a vegetação que já existe e serão utilizadas plantas autoctones de importância ambiental já observada de acordo com Tabacow (2004).

4.2 A CIGARRA

Figura 45 - Croqui da Cigarra; formato orgânico, feita de amarras de bambu.

Construída em Taiwan, a cigarra é, segundo Casagrande (2012), um vazio orgânico na textura mecânica da cidade moderna. Um casulo que representa a metamorfose pós industrial. A arquitetura é baseada no conhecimento local, trabalhada com bambus flexíveis.

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A cigarra está situada no centro de Taipei. De acordo com o autor do projeto o arquiteto Marco Casagrande (2012), ela funciona como um espaço público para descanso, reflexão ou leitura.

Figura 46 - Elevação em croqui mostrando o volume da cigarra.

Ao mesmo tempo que é um espaço público e aberto, é também recluso e isolado. Quando o usuário entra no espaço, a cidade desaparece. Cigarra é a arquitetura de casca de inseto e o espaço é uma esfera pública. O casulo da cigarra é um mediador acidental entre o homem moderno e a realidade, pois não há outra realidade além da natureza (CASAGRANDE, 2012).

Figura 47 - Estrutura da Cigarra observada do exterior.

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Figura 48 - A cigarra vista da parte interna. Estruturação e Layout.

A casca formada pela cigarra possui uma volumetria diferenciada em relação a arquitetura presente no cotidiano das cidades. Internamente possui o espaço de 270 metros quadrados, um volume arredondado que dialoga com a linguagem da natureza e dos animais. Mais se assemelha com uma oca indígena ou uma caverna. Além de ser feita de material simples e facilmente encontrado; que é o bambu, a cigarra é uma estrutura efêmera, que mostra o quanto a vida, a matéria e o tempo são passageiros. Através das frestas criadas por sua estrutura vasada de bambu trançado, durante o dia no interior do espaço é projetada uma sombra dinâmica, que varia de acordo com o horário e com a luminosidade, tornando o espaço ainda mais singular, se apropriando dos fatores externos para trazer beleza a estrutura. Durante a noite, com sua iluminação artificial, a cigarra se destaca do entorno e se mostra exuberante; como um vagalume. Transmite um belo efeito de luz e sombra, com a iluminação passando pelos espaços vazios entre a estrutura de sua casca (Fig.49).

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Figura 49 - A Cigarra durante o anoitecer. Torna-se um marco visual.

É um espaço onde há uma imersão; o usuário entra na cigarra e é engolido por ela, o entorno deixa de existir. Ali ele se comunica com a natureza de forma reflexiva. É uma obra que interage com a natureza. É uma proposta que se encaixaria no contexto do penedo. A arquitetura natural modelada pelo homem interagindo com o meio ambiente.

4.3 PEDRA DE RIO River Stone no leste do Estado de Nova York foi projetado por Jon Piasecki , ganhador do ASLA Honor Award 2011 para o projeto. A idéia é simples, de execução mais sutil, mas muito eficaz (PIASECKI, 2011).

Figura 50 - Visualização do Projeto Pedra de Rio e sua integração com a natureza.

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O formato do calçadão, sinuoso que serpenteia um caminho entre a natureza conectando espaços se integra muito bem a natureza, principalmente pelos elementos utilizados para sua construção que são pedras naturais cortadas em tamanhos e formados variados com acabamento rudimentar, mas justapostas de maneira que criam superfícies planas e contínuas.

Figura 51 - Transporte e montagem das peças de pedra. .

Figura 52 - Pedra de Rio e sua superfície regular.

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Neste projeto, Jon Piasecki constrói um caminho no qual foi aplicado grande esforço para se juntar pedras. É uma tentativa de oferecer ao visitante a oportunidade de experimentar um sentimento de fusão com a natureza. O objetivo deste projeto é unir a cultura com a natureza. Este caminho fornece uma trajetória ao longo da qual as pessoas podem reintegrar com o mundo natural ao seu redor (PIASECKI, 2011). Segundo Piaseas pedras colocadas no entorno do caminho, ajudam a delimitá-lo, além de dar acabamento e auxiliar na fixação dos blocos de pedra para que as intempéries não criem burracos ou fissuras em seu entorno.

Figura 53 - Projeto Pedra de Rio em assentamento diferenciado das peças.

Um ponto interessante de ter uma trilha como essa no Penedo é a facilidade gerada para o percurso, e a acessibilidade parcial, pois criam caminhos mais fáceis de percorrer do que trilhas de terra batida, que podem ter buracos ou mesmo desníveis que servem como obstáculos tanto para crianças como para pessoas em idade avançada. Além de ser esteticamente muito agradável.

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Figura 54 - Observação aproximada; encaixe das peças irregulares.

4.4 FRENTE PARA ÁGUA Hornsbergs Strandpark é o projeto vencedor do prêmio paisagem sueca Sienapriset 2012. É o lugar onde a água e a terra se encontram em um litoral cheio de curvas e design contemporâneo, forma orgânica e linhas limpas.

Figura 55 - Pieres flutuantes feitos em madeira e aço.

Localizado à beira-mar, Water Front possui três piers flutuantes longos para dar ao visitante uma sensação de flutuar sobre a água. Especialmente nas tardes quentes de verão, quando o parque se torna um oásis para os moradores do entorno sendo

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usado para natação. Os usuários do espaço costumam parar ali para tomar sol e se aquecerem em dias ensolarados, aproveitando a bela visual.

Figura 56 - Corte humanizado mostrando articulação dos pieres em relação ao parque.

Os píeres flutuantes são elementos úteis e apropriados para serem utilizados no Penedo: Para mergulho; para ancoramento de pequenas embarcações; e para contemplação, conectam a parte continental com o mar, permitindo que os usuários interajam com os mesmos. Através deles, são criados acessos e abertas novas visuais.

Figura 57 - Vista superior do projeto Frente para Água, mostrando píeres

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5. O PROJETO PARQUE DO PENEDO; 5.1 O ESTACIONAMENTO E ACESSOS O acesso ao penedo de Bacutia se dá pela conexão das praias de Bacutia e Peracanga, que é o único acesso por terra. Logo na chegada devido sua topografia, foi criada uma escada rampeada que leva ao nível mais alto do penedo que é de aproximadamente 15 metros. Mas para que a subida seja suave e tranquila, também é possível acessá-lo através da trilha, que o circunda, levando até sua parte central, que é a praça das artes. Toda a área do penedo pode ser acessada através das trilhas. Em sua parte central que é grande e plana, foram criados caminhos que conectam os usos e os articulam de forma pensada, dando maior proximidade a usos compatíveis.

Figura 58 - Fluxograma mostrando as opções de acesso e os usos que se conectam

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O material escolhido para revestimento de piso para acesso de veículos foi o piso intertravado, que permite que o solo permaneça parcialmente permeável. A trilha e a ciclovia, que estão lado a lado, são de pedra natural em cortes desiguais e acabamento rustico, montadas lado a lado como um quebra-cabeça. O acesso aos bangalôs se dá através de um deque suspenso. Em alguns pontos, esse mesmo deque conduz a pontos mais amplos com banco e árvore, próprios para descanso ou leitura.

Figura 59 - Mostrando deque de madeira com árvore e gola-banco.

O estacionamento foi locado na parte externa de frente para a rua de acesso para o Penedo, estimulando os usuários a caminharem pelo empreendimento, observando a paisagem e para melhor aproveitamento do espaço do Penedo para projeto de áreas de lazer. Para que o empreendimento não se tornasse um espaço cheio de carros, optou-se por privilegiar os pedestres dentro do empreendimento, sendo criado internamente apenas um estacionamento excepcional para ônibus e microonibus dando a possibilidade que o ônibus entre e deixe os passageiros confortavelmente na parte mais interna que é próximo as hospedagens e lazer.

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Figura 60 - Onibus entrando no empreendimento para deixar excursão.

Foi criado um local de carga e descarga dentro do parque, para que atenda os comércios e serviços ali presentes. Para os visitantes com malas, ou com dificuldade de locomoção foi proposto o transporte para dentro do Penedo com o mini-car que ficará a disposição para atender a estes fins, melhorando a conexão da área externa/ interna.

Figura 61 - Mini-car entrando no Penedo. .

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5.2 A PRAÇA DAS ARTES A praça das artes está localizada em frente ao museu e ao restaurante. Em uma área que pode ser considerada central pois está na parte mais alta e mais plana do parque e é um articulador dos espaços, já que é cercada pelos demais empreendimentos.

Figura 62 - Praça das artes e quadra poliesportiva.

Ela foi trabalhada com pisos em cerâmica extrudada coloridas em tons tropicais como laranja, vermelho, ocre, marrom. Seu revestimento cria desenhos sinuosos e dinâmicos no piso e marca a frente do museu. No meio da praça, há um grande banco, vermelho, que compõe o paisagismo e segue o desenho sinuoso do piso. Há também uma árvore metálica central; uma brincadeira com o entorno, pois faz uma releitura da realidade. A praça cria em meio a toda aquela vegetação um vazio para a entrada de cores e para que cada usuário possa se apropriar dela de maneira diferente.

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Figura 63 - – Imagem da praça das artes, observando banco, museu e cobertura em forma de flor.

No estilo modernista a praça, saindo do previsível, na árvore metálica há pneus transparentes pendurados, que servem de balanço, ou bancos inusitados. Para que não se tornasse um espaço muito árido levando em consideração o clima da cidade, foram projetadas duas flores gigantes, ainda dentro da praça, que criam um belo sombreamento, que se move com o sol, e uma grande área de sombras com bancos embaixo. As flores trazem leveza ao espaço e trazem a sensação de pequenez humana; como se as pessoas fossem pequenas para a flor artificial, assim como uma abelha é pequena para uma flor natural, incentiva reflexões sobre a natureza.

Figura 64 - mostrando árvore metálica e seus pneus transparentes

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Para que a praça não seja apenas um vazio, seu espaço foi pensado visando que seja utilizado por artistas para exposições externas ao museu, assim podem ser abertas visitações; dando sentido ao nome; praça das artes.

5.3 AS EDIFICAÇÕES;

5.3.1 O MINI-MUSEU COM RESTAURANTE O mini-museu foi pensando com o intuito de atrair estudantes, pesquisadores e até congressos para o empreendimento. Internamente dividido em um grande lobby, dois auditórios e uma sala de vídeo e uma ampla área de exposição e banheiros, incluindo PNE. Ele tem um formato diferenciado; com várias lajes inclinadas unidas e um teto verde que funciona como mirante por ser o ponto mais alto do empreendimento.

Figura 65 - Vista superior do museu e parte da praça das artes.

Sua arquitetura foi inspirada nas montanhas presentes no horizonte espíritosantense cobertas de verde, dessa forma, o museu faz uma releitura delas e se integra com a praça; através da grama que desce de sua cobertura inclinada e abraça a praça das artes, fazendo um movimento arredondado. Para unir a área interna a externa, foi feita a fachada voltada para a praça em vidro, mas por ser

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voltada para o noroeste, foi necessário um brise horizontal para diminuir a incidência solar dentro da edificação. O edifício possui formato arredondado e um rasgo no meio que é acesso para as diversas partes do edifício; foi proposta uma cobertura em shed para ventilar a edificação e proteger da chuva. A mesma edificação abriga o restaurante. Amplo e com cozinha industrial. O restaurante foi planejado para dar suporte a todas as atividades propostas para o parque e para atrair clientes moradores do entorno para sí.

5.3.2 AS LOJAS As lojas não fariam parte da proposta inicial para o penedo, mas após observar a ausência de comércio e serviços básicos no entorno, foi proposto essa atividade, para que os usuários do espaço não precisem sair ou ir longe para obterem as principais necessidades como padarias, cafés, lanchonetes, farmácias, dessa forma, até os moradores das proximidades poderiam obter esses produtos dentro do empreendimento. Foram criadas quatro lojas que dividem o mesmo espaço externo de varanda, que é amplo podendo ter mesas.

Figura 66 - Vista superior mostrando lojas, pergolados e play ground infantil.

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Figura 67 - Vista da fachada frontal da loja e play ground infantil.

Sua arquitetura segue o mesmo conceito dos bangalôs; uso de madeira, vidro e telhas de barro. Todo o guarda-corpo tem altura para ser utilizado como banco e a edificação possui pé direito duplo para possibilitar a exitencia de uma sobreloja para aumentar a área útil ou estoque de materiais das lojas. Localizada em frente ao play ground infantil, próximo a área de piscinas, a praça das artes, ao museu, as quadras e aos bangalôs, possui uma visual privilegiada pois está locada em uma área plana e alta do terreno.

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5.3.3 OS BANGALÔS Interligados por um deque suspenso de madeira, que em alguns momentos possui árvores com gola banco para descanso e contemplação. os bangalôs foram pensados para visitantes com a intenção de pernoitar ou passar alguns dias no parque. São edificações compactas, sendo seu principal uso, o de dormitório. Para isso, foi projetado em forma de casa geminada, ou seja, cada edificação, á na verdade, dois dormitórios, que oferece: quarto suíte, sala, e uma espaçosa varanda. Foram locados todos voltados para leste, para receber o sol da manha. Todos são suspensos do chão no mínimo 0,60m,

Figura 68 - Mostrando fachada frontal de bangalô.

variando de acordo com sua localização e de acordo com a topografia. Essa elevação impede que a edificação absorva a umidade do solo e aumenta a permeabilidade, possibilitando que as forrações entrem por baixo das edificações, também amplia a visibilidade para o mar. Todos os bangalôs foram projetados com vista para o mar.

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Figura 69 - Foto mostrando bangalôs e sua relação com o mar.

5.3.4 AS SAUNAS E OS BANHEIROS COLETIVOS Junto a áreas de piscinas e próximo aos banheiros coletivos foi projetada a área de saunas; que é composta por saunas femininas, masculinas com ofurô feminina e masculina. Há um pergolado sinuoso com banco que atravessa as saunas, criando área parcialmente sombreada nos ofurôs.

Figura 70 - Vista da sauna com pergolado e ofurô.

Dentro das saunas, há um vidro fixo amplo que cria visibilidade para a área externa, permitindo que o usuário ao mesmo tempo que toma um banho de sauna contemple a visual para a praia.

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A arquitetura das saunas segue a mesma linguagem dos bangalôs, dos banheiros coletivos e das lojas; uso de madeira, vidro e telhas de barro. Para dar suporte a parte de lazer que é o arborismo, as piscinas, as saunas, as quadras e o play ground, foram criados banheiros coletivos amplos, com ducha e cabine para PNE (portadores de necessidades especiais). Na parte externa aos banheiros, foram locados bebedouros. A arquitetura dos banheiros segue o mesmo estilo dos bangalôs, como acabamento em madeira e telhado colonial.

Figura 71 - Vista do banheiro e dos caminhos.

5.4 O LAZER;

5.4.1 O PLAY GROUND O play ground infantil é de conformação redonda e foi estabelecido de frente para as lojas, que serão utilizadas como lanchonetes, cafés, padarias, entre outros. Com isso, a criança brinca no play enquanto os pais o vigiam sentados na varanda tomando um refresco. Seguindo a mesma linguagem de todo o empreendimento, os brinquedos do play ground são rústicos, em madeira de reflorestamento, na cor original da madeira e o piso é em areia branca. Com árvores na parte interna, para que seja sombreado. O play ground infantil ocupa uma área grande dentro do empreendimento.

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Figura 72 - Play Ground infantil e suas vegetações.

5.4.2 AS QUADRAS ESPORTIVAS Pensando no espaço de um parque e suas funções, possui grande importância as atividades recreativas, para isso foram estabelecidas três quadras esportivas dentro do empreendimento. Próximo a praça das artes, as lojas, ao play grond e ao arborismo, estão na parte central plana do empreendimento. Um delas poliesportiva, que é ampla e atende a grande variedade de esportes e outras duas de vôlei que é um esporte bastante difundido no estado. Ambas quadras possuem três lances de arquibancada em madeira e alambrado em seu entorno. Para que funcionem corretamente, as quadras foram implantadas no sentido norte/ sul, para que o trajeto solar não cause ofuscamento aos jogadores em nenhum horário do dia. Seu revestimento de piso é em epóxi.

5.4.3 O ARBORISMO E A TIROLEZA Próximo ao play ground infantil está o lazer adulto; uma área com árvores distribuídas com trilhas entre elas, com escaladas, pontes suspensas, cordas, ripas, labirintos. O arborismo foi locado na área plana e está junto com a tirolesa e ao lado da área de piscinas. O piso da área de arborismo é em chão batido, é o mais adequado para esse uso.

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Figura 73 - Ponte do arborismo.

. A tirolesa desce de uma grande árvore e conduz até uma pequena piscina de acabamento em pedras naturais, destinada para este uso.

5.4.4 AS ÁREAS DE PISCINA Localizada onde inicia o desnível do terreno, a área de piscina possui quatro piscinas, sendo uma grande, sinuosa e com variação de profundidade e as menores, redondas de profundidades únicas. A piscina maior interage com o paisagismo do parque, é de borda infinita em um dos lados e passa por baixo do deque de madeira e de um bangalô.

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Figura 74 - Mostrando a área de piscinas e o deque dos bangalôs.

5.4.5 O AQUÁRIO E A MARINA Levando em consideração as riquezas subaquáticas da cidade de Guarapari, foi pensado para o parque um aquário dentro do mar, onde é possível acessar através do píer em madeira. Esse aquário permitiria o visitante mergulhar com os peixes sem ter que ir para alto mar.

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Figura 75 - Mostrando toda área do Penedo; incluindo os dois deques; ao fundo o deque da marina e a frente do deque do aquário.

Saída e chegada de passeios de escuna, de lanchas, barcos e mergulhos. O píer com marina foi inserido para trazer mais possibilidades ao empreendimento. Deque em madeira que conduz a parte interna no Penedo, chegando a praça das artes.

5.5 AS VEGETAÇÕES E O JARDIM SENSORIAL Como foi citado no decorrer do texto, esta proposta buscar melhorar as condições do espaço existente e dar novos usos, de maneira que não entrem em conflito com o meio ambiente, mas que sejam harmônicos entre sí. Através das análises e com a ratificação de uma profissional da área da botânica, professora Solange, optou-se por reflorestar o penedo com espécies originárias das restingas, e de terrenos arenosos, como o próprio penedo, além da utilização das espécies que foram encontradas lá e analisadas neste trabalho. Locando as espécies de maneira pensada; criando canteiros, jardins e caminhos. No jardim sensorial, serão dispostas juntamente com os canteiros, plantas medicinais, para chás, plantas frutíferas, plantas de cheiro, vegetações com flores coloridas para que todos os sentidos sejam aguçados e desperte a curiosidade nos usuários do espaço.

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Foram pensados canteiros nas pedras, mantendo as vegetações que já existem, foram propostos canteiros de plantas que nascem em pedra; rupícolas, como cactos, bromélias e pita, entre outras. O paisagismo foi explorado através da sinuosidade dos caminhos, da dinâmica das cores das cerâmicas e do uso de pergolados em madeira, com trepadeiras.

5.6 O PARTIDO ARQUITETÔNICO E O PAISAGISMO

A proposta de ocupação do penedo visa à valorização do local, bem como cumprir a função social pela qual foi designado, de maneira coerente e realista. O partido arquitetônico escolhido foi a utilização de materiais pouco impactantes no meio ambiente, a criação de edificações de baixo gabarito que não disputem a atenção com o paisagismo, mas se harmonize com ele e a baixa taxa de ocupação. Para isso, os materiais escolhidos foram madeiras de reflorestamento, uso de vidro, pedras naturais e telhas de barro. Foram escolhidas técnicas de ventilação natural como o formato diferenciado dos telhados, o uso de venezianas na parte alta e grandes janelas, para que os espaços criados sejam arejados e não necessitem de ventilação artificial. Na primeira fase deste trabalho, foi definida a área de estudo e de projeto. Foram desenvolvidas diversas análises sobre região e sua história. A partir dessas análises, foram sendo estabelecidas as condicionantes e traçadas as diretrizes de projeto, respeitando as informações pertinentes ao espaço, que dá-se através do PDM. Na segunda etapa, foram escolhidos os usos, trabalhados os volumes de ocupação e definidas suas tipologias. Nesta fase, surge o partido arquitetônico e fica perceptível a direção para o qual o trabalho se direcionou. Sabe-se que na arquitetura, cada decisão projetual deve ser pensada, pois tem um propósito. Para que os itens do projeto sejam coerentes e harmônicos, tanto em si mesmos, quanto ao seu entorno. A partir deste pensamento, as intervenções feitas para o penedo de bacutia teiveram o intuito de trazer usos para o espaço, compatibilizar esses usos com a vocação da cidade e do bairro. Considerando que nas análises deste trabalho foram feitas sob

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diversas áreas; paisagismo, arquitetura, turismo e ecologia, tornando o tema muito abrangente no primeiro momento, na segunda parte, foi optado por focar no paisagismo, para que haja maior aprofundamento no tema. O tema escolhido foi o paisagismo, pois constatou-se através dos teóricos citados que através dele, é possível tornar a área de projeto em um ícone na cidade mostrar sua importância na criação de espaços aprazíveis e relaxantes sem ter necessariamente que destruir o meio ambiente, no caso do penedo, articulando-o da melhor maneira, considerando o contexto da área de projeto.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram estabelecidos alguns critérios intervencionistas para o polígono, que influenciam diretamente o entorno. A intervenção teve por objetivo a manutenção do meio ambiente, a conscientização da importância da natureza para a vida humana e a real vivência e integração dos usuários com o meio ambiente. Desse modo, acredita-se que a apropriação e posteriormente valorização da região do Penedo de Bacutia ocorra em consonância com as questões ambientais.

Essa consonância só pode ser alcançada após o conhecimento da área, através de um projeto coerente com o contexto estudado, que se adeque as necessidades do entorno e do meio ambiente. Utilizando o paisagismo racionalizado e autoctone, buscou-se restaurar a fauna e flora naturais da Mata Atlântica e Mata de Restinga que são vegetações locais nativas do Penedo de Bacutia, trazendo para o contexto arquitetônico do lazer, do descanso e da contemplação.

A partir de todos os estudo e análises, desenvolveu-se o projeto para o Penedo, buscando lembrar de todas essas questões pilares. Uma área bastante extensa para de terreno, que possibilitariam uma infinidade de possiblidades.

Através do resultado final de projeto, pode-se considerar que o programa foi cumprido e os objetivos gerais alcançados, pois foram mantidas as ideias iniciais, trabalhadas e adequadas para que atendessem a todas as condicionantes.

Foi alcançado um nível bom de desenvolvimento e de acordo com a proposta inicial, as necessidades foram atendidas. Considerando o prazo e a amplitude da área, além de observar a legislação, o entorno e os possíveis usuários. A proposta do Parque do Penedo, satisfaria inclusive os ortodoxos que têm medo de que o Penedo seja destruído como os da associação de moradores, pois nela toda a parte

do

meio

ambiente

é

respeitada

e

preservada.

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ANEXOS: OFÍCIO AMEAZUL 027/2007

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OFÍCIO AMEAZUL 027/2007 Guarapari, 07 de novembro de 2007 Referência: TOMBAMENTO DO MORRO DO JUDEU E GUAIBURA

Prezado Senhor A AMEAZUL é uma ASSOCIAÇÃO, sem fim econômicos, fundada em Março de 1990 que tem por objetivo a defesa pública dos moradores e dos interesses do Bairro Nova Guarapari, da Cidade de Guarapari, especialmente no que tange a preservação do meio ambiente, inclusive das enseadas e praias de Bacutia, Peracanga e Guaibura e da lagoa adjacente . Objetiva ainda a representação dos interesses do Bairro junto às autoridades competentes no sentido de preservar o sossego e a tranqüilidade , bem como a moralidade e a segurança dos moradores, podendo firmar convênio com órgãos públicos neste sentido. Localizada a 54 km de Vitória, Guarapari é caracterizada por um belíssimo litoral banhado por águas claras, tem praias para atender aos gostos mais diversos e exigentes. GUAIBURA - Significa, em tupi-guarani , enseada que surge. Localiza-se no final da Praia do Riacho e possui 800 metros de extensão . PERACANGA (Mucunã) nela é possível encontrar muita privacidade . É a maior da enseada , possui 960 metros de extensão . O nome de origem indígena e significa planta trepadeira . BACUTIA - Em tupi-guarani , significa: mudar de direção adiante . Possui 450 metros de extensão . A AMEAZUL vem alcançando êxito em muitos de seus projetos e reivindicações através de um trabalho árduo, sério e permanente junto às autoridades municipais, estaduais e federais na busca de instrumentos eficazes para a solução dos problemas graves de Nova Guarapari, tais como:( ver site www.ameazul.com.br, documentos).


Preocupados com a situação do MORRO DO JUDEU, situado entre as praias de Peracanga e Bacutia, e o MORRO DA GUAIBURA, solicitamos a esta Câmara Técnica de Unidade de Conservação, Ecoturismo e Proteção a Paisagem a articulação com o CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA o TOMBAMENTO dos mesmos.No passado o Morro do Judeu era uma ilha e não tinha acesso de carro, até a Prefeitura fazer a ligação da terra com o mar tornando-o assim ligado ao continente.O mesmo é de relevante beleza cênica e uma área de preservação ambiental, devendo ser preservado das especulações imobiliárias que vem acontecendo em Guarapari nas áreas de proteção ambiental (APP) Atenciosamente,

NANCY LOBATO LEMOS Presidente da AMEAZUL

Ilustríssima Senhora Gerusa Bueno Câmara Técnica de Unidades de Conservação, Ecoturismo e Proteção a Paisagem


BIBLIOGRAFIA ABBUD, Benedito. Criando Paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. 3 ed. São Paulo: Senac.2008. Brasil. Ministériodo Turismo. Ecoturismo: Orientações Básicas / Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turísmo, Departamento de Esruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação geral de Segmentação. - Brasília Ministério do Turismo, 2008. 60 p. BERSUSAN, Nurit. Conservação da biodiversidade em áreas protegidas.1 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. SANDERVVILLE JUNIOR, Euler. SUGUIMOTO Flávia Tiemi. A Natureza do Ecoturismo In: V Semitur - Seminário em Turismo do Mercosul. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2008. p.1 - 12. SERRANO, T de M, Célia. et al. Viagens à natureza: Turismo, Cultura e Ambiente. 2 ed. São Paulo: Papirus, 1997 TABACOW, José. Roberto Burle Marx:Arte e Paisagem. 2 ed. São Paulo: Studio Nobel, 2004. Universidade Federal do Espírito Santo. Biblioteca Central. Normatização de Referências: NBR 6023, 2002/ Universidade Federal do Espírito Santo, Biblioteca Central - Vitória ES. Universidade Federal do Espírito Santo. Biblioteca Central. Normatização e apresentação de trabalhos científicos e acadêmicos / Universidade Federal do Espírito Santo, Biblioteca Central - Vitória, ES. POLLIO, Vitruvius, Marcos. De Architectura ECOTURISMO ( 2013) Fonte: (Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/estrutu racao_segmentos/ecoturismo.html> Acessado em abril de 2013).


VAM10, Arquitetura. O Jardim dos Sentidos;Fonte: Disponível em <http://www.landezine.com/index.php/2012/06/the-garden-of-thesenses/16_seccion1_sentidos_ampliacion/>Acessado em maio de 2013. CASAGRANDE, Marco. A Cigarra; Fonte: (Disponível em <http://www.landezine.com/index.php/2012/01/cicada-by-marco-casagrande/> Acessado em maio de 2013). PIASECKI, Jon. Pedra de Rio; Fonte: Disponível em <www.landezine.com/index.php/2011/11/stone-river-by-jon-piasecki/> Acessado em maio de 2013 (tradução nossa). NYRENS, Arquitetura. Frente para Água; Fonte: Disponível em <www.landezine.com/index.php/2013/02hornsbergs-strandpark-by-nyrensarchitects/> (tradução nossa)

Entrevista feita a Manoel de Almeida, no mês de maio de 2013 por Mariana Silva Nascimento, um dos primeiros moradores do bairro Nova Guarapari, abordando assuntos referentes a área de estudo.

Entrevista feita no mês de maio de 2014 por Mariana Silva Nascimento Fernandes com a professora de botânica da Universidade Vila Velha, Solange Zanotti Schneider, especialista em Biologia Vegetal; prestou esclarecimentos e trouxe referências de espécies vegetais que pertencem ao clima tropical e são nativas do litoral e de solos arenosos. Prestou revisão das espécies escolhidas para este trabalho de pesquisa.


FONTES DE FIGURAS: Figura 1- Fonte: arquivo pessoal (2013) Figura 2- Fonte: (Disponível em <http://www.imoveisemguaraparies.com.br/enseadaazul-guarapari.htm> Acessado em maio de 2013). Figura 3- Fonte: (Disponível em <http://www.imoveisemguaraparies.com.br/enseadaazul-guarapari.htm> Acessado em maio de 2013). Figura 4- Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 5- Fonte: (Disponível em <www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/decorar/files/2012/10/1350066006_445847771 _3-Reserva-Amary-Lotes-de-420-mt-em-loteamento-na-Enseada-Azul-em-NovaGuarapari-Guarapari.jpg> acessado em maio de 2014). Figura 6- Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 7 – Fonte: (Disponível em < www.vocerealmentesabia.com/2013/11/guarapari-paraiso-das-aguas-cristalinas.html > acessado em maio de 2014) Figura 8- Fonte: (Disponível em <http://www.imoveisemguaraparies.com.br/enseadaazul-guarapari.htm> Acessado em maio de 2013). Figura 9- Fonte: (Disponível em <http://www.imoveisemguaraparies.com.br/enseadaazul-guarapari.htm> Acessado em maio de 2013) Figura 10 – Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 11 - Fonte: LIMA, de Arruda, Jaciana (2013) Figura 12 - (Disponível em < es.quebarato.com.br/guarapari/terrenos-emloteamento-guarapari-lotes-enseada-azul-nova-guarapari-financie__AA6BE3.html > acessado em maio de 2014) Figura 13 – Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 14 – Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 15- Fonte: SEAMA, (2013) Figura 16 – Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 17 – Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 18 - Fonte: Disponível em :<http://guarapari.olx.com.br/apartamento-nocondominio-village-dos-passaros-nova-guarapari-iid-418908135> Acessado em abril de 2013.


Figura 19 – Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 20 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 21 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 22 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 23 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 24 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 25 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 26 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 27 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 28 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 29 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 30 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 31 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 32 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 33 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 34 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 35 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 36 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 37 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 38 - Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 39 – Fonte: Arquivo Pessoal (2013) Figura 40 - Fonte: VAN10, (2012) disponível em www.landezine.com acessado em maio de 2013. Figura 41 - Fonte: VAN10, (2012) disponível em www.landezine.com acessado em maio de 2013. Figura 42 - Fonte: VAN10, (2012) disponível em www.landezine.com acessado em maio de 2013. Figura 43 - Fonte: VAN10, (2012) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013.


Figura 44 - Fonte: VAN10, (2012) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 45 - Fonte: CASAGRANDE (2012) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 46 - Fonte: CASAGRANDE (2012) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 47 - Fonte: CASAGRANDE (2012) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 48 - Fonte: CASAGRANDE (2012) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 49 - Fonte: CASAGRANDE (2012) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 50 – Fonte: PIASECKI (2011) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 51 - Fonte: PIASECKI (2011) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 52 - Fonte: PIASECKI (2011) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 53 - Fonte: PIASECKI (2011) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 54 - Fonte: PIASECKI (2011) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 55 - Fonte: NYRENS (2013) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 56 - Fonte: NYRENS (2013) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 57 - Fonte: NYRENS (2013) disponível em <www.landezine.com> acessado em maio de 2013. Figura 58 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 59 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 60 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 61 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014)


Figura 62 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 63 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 64 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 65 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 66 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 67 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 68 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 69 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 70 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 71 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 72 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 73 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 74 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 75 – Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Capa capítulo 01- Fonte: (Disponível em < www.osmais.com/index.php?wp=Mjk1> acessado em maio de 2014). Capa capítulo 02- Fonte: Disponível em <www.landezine.com/index.php/2011/11/stone-river-by-jon-piasecki/> Acessado em maio de 2013> (tradução nossa). Capa capítulo 03 –Fonte: (Disponível em < http://diariograsiela.files.wordpress.com/2010/08/8845mar.jpg > acessado em maio de 2014). Capa capítulo 04 - Fonte: (Disponível em <http://www.landezine.com/index.php/2012/01/cicada-by-marco-casagrande/> Acessado em maio de 2013). Capa capítulo 05 – Fonte: (Disponível em < www.hiperativos.com.br/os-5-melhorespicos-no-brasil-para-mergulho/> acessado em junho de 2014). Capa capítulo 06- Fonte: Arquivo Pessoal (2013)



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