Prisma 59 | nov 2015

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Ano 14 - No 59 novembro 2015

Pisos intertravados convencionais e permeáveis são utilizados para pavimentar as vias do Parque Olímpico, a maior das 34 sedes cariocas da Olímpiada

R$ 15,00

Os pisos intertravados na Olímpiada 2016



nesta edição

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entrevista

O professor-associado do curso de pós-graduação em Sustentabilidade (PPGS) da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do Núcleo de Pesquisa em Política e Regulação de Emissões de Carbono (Nupprec-USP), Sérgio A. Pacca integrou a equipe que desenvolveu, entre 2013 e 2014, a avaliação de ciclo de vida modular (ACV-m) de blocos e pisos intertravados de concreto e fala sobre a sustentabilidade na construção civil brasileira hoje

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revista prisma soluções construtivas com pré-moldados de concreto www.revistaprisma.com.br publicação bimestral novembro 2015

pré-moldados

O edifício Corujas, localizado na Vila Madalena, em São Paulo, recorreu aos pré-moldados de concreto e blocos de concreto, numa solução estrutural mista que agilizou a bela arquitetura desenvolvida pelo escritório FGMF, com uma construção horizontalizada, cheia de varandas, jardins e espaços de lazer para humanizar os ambientes de trabalho

SEÇÕES 6 agenda

7 curtas

10 produtos 28 profissional top

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piso intertravado

O Parque Olímpico, a maior das 34 sedes da Olimpíada 2016 no Rio de Janeiro, está finalizando suas obras na área de 1,18 milhão de m2, na Barra da Tijuca, com suas vias pavimentadas com pisos intertravados de concreto, parte delas, com pavimento permeável

29 caderno técnico Neste artigo, os pesquisadores Alberto Casado Lordsleem Jr. e Victor Amadeu Lopes discutem “A influência do projeto para produção da alvenaria de vedação com blocos de concreto: análise comparativa de indicadores”



EXPEDIENTE Prisma é uma publicação bimestral da Editora Mandarim www.mandarim.com.br ISSN: 1677-2482 DIRETORES

Marcos de Sousa e Silvério Rocha EDITOR RESPONSÁVEL

Silvério Rocha – MTb 15.836-SP EQUIPE TÉCNICA

Abdo Hallack, Cláudio Oliveira, Germán Madrid Mesa (Colômbia), Hugo da Costa Rodrigues, Kátia Zanzotti, Marcio Santos Faria, Paulo Sérgio Grossi, Rodrigo Piernas Andolfato e Ronaldo Vizzoni COLABORADORES

Texto: Marcos de Sousa, Regina Rocha Fotos: Lauro Rocha, Patrícia Belfort PROJETO GRÁFICO

LuaC Designer DIAGRAMAÇÃO/Arte

Vinicius Gomes Rocha - Act Design Gráfico IMPRESSÃO

Van Moorsel Gráfica e Editora REDAÇÃO

Editora Mandarim Praça da Sé, 21, cj. 402, São Paulo, CEP 01001-001 - Tel. (11) 3117-4190 SECRETARIA e ASSINATURAS

Ilka Ferraz, tel. (11) 3117-4190, www.portalprisma.com.br ou pelo e-mail ilka@mandarim.com.br PUBLICIDADE

Diretor Comercial: Silvério Rocha silverio@mandarim.com.br Representantação Comercial: Rubens Campo (Act), (11) 99975-6257 - (11) 4411-7819 rubens@act.ppg.br

APOIO INSTITUCIONAL

Na próxima edição Centro Paraolímpico Brasileiro, em São Paulo Edifícios com alvenaria estrutural Tubos de concreto aeroporto/SP

editorial Os preparativos para adequar o Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016, em relação à infraestrutura de mobilidade urbana e em complexos esportivos, estão transformando a capital fluminense no maior canteiro de obras do país. Nesta edição, destacamos a maior das 34 sedes em construção/reforma no Rio de Janeiro para a Olimpíada, o Parque Olímpico. Situado em megaterreno de 1,18 milhão de m2, o complexo será o palco principal das competições durante os Jogos Rio 2016 – serão 16 arenas olímpicas e nove paraolímpicas. O complexo esportivo estava com 92% de execução das obras no final de outubro último. Ali, os pisos das suas vias e praças estão sendo pavimentadas com pisos intertravados de concreto, com a utilização de pavimento permeável em cerca de 12 mil m2 de áreas estrategicamente posicionadas em frente a praças e mirantes. A escolha, de acordo com a responsável pela área de engenharia do Consórcio Rio Mais, Tomnila Lacerda, dos pisos intertravados de concreto deveu-se às suas vantagens de facilidade de manutenção, resistência, permeabilidade à água da chuva e por ser o mais adequado ao uso pela população, pós-Jogos Olímpicos. Parte das peças empregadas nos pavimentos das vias do Parque Olímpico tiveram de ser especialmente desenvolvidas pelos fabricantes, numa prova da versatilidade dos blocos de concreto e da capacidade da indústria setorial em atender às demandas por formatos especiais. Na mesma vertente, a Prefeitura de São Paulo iniciou, em outubro último, as obras de requalificação de um trecho da tradicional rua Sete de Abril, no Centro paulistano, que também receberá pisos com blocos de concreto especialmente desenvolvidos para atender às especificações da administração da capital paulista. As peças têm grandes formatos e elevada espessura, para oferecer resistência por muitas décadas, e trazem como grande novidade e impacto ambiental positivo o fato de receberem uma capa de dióxido de titânio, que tem propriedades fotocalíticas, ou seja, podem ajudar a diluir a poluição ambiental, além de serem de fácil manutenção. Aprovado o projeto-piloto nesse trecho da rua Sete de Abril, a previsão da prefeitura paulistana é requalificar todos os calçadões do Centro, num total de 60 mil m2, com esse tipo de pavimento, além de adicionar ingredientes inovadores no desenho, na acessibilidade e na manutenção de galerias. Este pode ser mais um exemplo das inovações urbanísticas permitidos pela versatilidade dos blocos de concreto! Boa leitura! 5


agenda Missão Técnica da ArqTours na USGBC GreenBuild Conference & Expo 14 a 21 de novembro, em Washington DC (EUA)

A agência de turismo especializada em missões técnicas e feiras internacionais ArqTours realizará, na USGBC GreenBuild Conference & Expo, uma missão técnica para acompanhamento do mais importante evento para Construção Sustentável e certificação Leed e para visitação de edifícios certificados em território estadunidense. Informações: raquel@arqtours.com.b

Congresso Ibero-Latino-Americano de Métodos Computacionais em Engenharia 22 a 25 de novembro, no Rio de Janeiro

Presidido pelo professor Ney Augusto Dumont, do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), o congresso promovido pela Associação Brasileira de Métodos Computacionais em Engenharia (Abmec) tem por objetivo encorajar cientistas e engenheiros do mundo inteiro a contribuírem com os recentes desenvolvimentos computacionais das diversas áreas de engenharia. Local: Rio Othon Palace (Av. Atlântica, 3264, Copacabana) Informações: http://cilamce2015.swge.inf.br/

VIII Simpósio Brasileiro de Solos Não-Saturados 25 a 27 de novembro de 2015, em Fortaleza

Promovido pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS), o simpósio reunirá convidados para dar continuidade à formulação dos princípios básicos e das aplicações práticas da mecânica dos solos não-saturados, com objetivo de construir uma teoria apropriada aos solos brasileiros. Serão abordados quatro principais temas: técnicas de campo e laboratório e comportamento de solos não-saturados; modelagem constitutiva e numérica; problemas geotécnicos e estudos de caso; e os solos não saturados em obras ambientais e em engenharia agrícola. Local: Av. Beira-Mar 2200, Meireles Informações: www.nsat2015.com.br

21o Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 22 a 27 de novembro, em Brasília

O simpósio traz como tema “Segurança hídrica e desenvolvimento sustentável: desafios do conhecimento e da gestão”, e abordará os desafios dos profissionais que devem lidar com a gestão, conservação e distribuição dos recursos hídricos do País. A proposta é integrar os conhecimentos de ciência, tecnologia e políticas públicas para encontrar soluções para os problemas relacionados à água no Brasil. Local: SDC Eixo Monumental - Lote 5. Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Ala Sul, 1o Andar Informações: www.abrh.org.br

II Congresso Internacional de Habitação Coletiva Sustentável 18 a 20 de abril de 2016, em São Paulo

O evento reunirá palestras, debates e workshops relativos aos eixos temáticos: teoria e história da habitação coletiva; habitação como formadora da cidade; avaliação dos critérios de sustentabilidade; e habitação e inclusão social. O objetivo do congresso é discutir questões contemporâneas sobre a cidade e políticas urbanas, legais e econômicas. Local: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) - Cidade Universitária Informações: http://laboratoriovivienda21.com/congreso2/?page_id=65

CURSOS ABCP Em São Paulo 10 a 12 de novembro Intensivo de revestimento de argamassa 17 de novembro

Produção otimizada e com qualidade de blocos de concreto

18 de novembro

Laboratorista de artefatos de cimento

24 a 26 de novembro Intensivo de Tecnologia básica de concreto Informações: www.abcp.org.br

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curtas A Cury Construtora vai lançar, ainda neste ano, na cidade de São Paulo, empreendimento incluído no novo teto. O Valor Geral de Vendas (VGV) lançado pela Cury vai somar R$ 700 milhões em 2015, segundo o presidente da incorporadora, Fabio Cury, incluindo esse projeto. A Cury - joint venture na qual a Cyrela tem 50% de participação - vai reavaliar alguns terrenos dos quais tinha opção de compra para desenvolver projetos para a faixa 1 em relação à possibilidade de destinação para a faixa 1,5. A Tenda, cujos lançamentos se concentram na faixa 2, considera a possibilidade de atuar também na faixa 1,5. “É um novo potencial que

MCMV: alterações agradam mercado Os aumentos dos preços máximos dos imóveis

se abre”, diz o diretor da Tenda, Felipe Cohen,

disse o representante do Sinduscon-SP. O impacto

ponderando que o limite de preços da faixa

enquadrados nas faixas 2 e 3 do programa

será sentido, principalmente, a partir de 2016.

que está sendo criada é “muito rígido”. Ainda

habitacional Minha Casa, Minha Vida com

“Será uma injeção de adrenalina no setor”, afirma

falta clareza, segundo ele, dos parâmetros

recursos do Fundo de Garantia do Tempo de

o copresidente da MRV Engenharia, Rafael Menin.

para a faixa 1,5, como, por exemplo, se serão

Serviço (FGTS) para famílias com renda mensal

O executivo ressalta que as alterações vão resultar

necessários acabamento de piso e azulejos

entre R$ 2,35 mil e R$ 6,5 mil agradaram à

em aumento da velocidade de vendas em alguns

de determinada especificação. “Assim que o

maior parte das incorporadoras que atuam no

mercados e em melhora de margens em outros.

governo divulgar as especificações, vamos

segmento, embora haja críticas a outras mudanças

Menin conta que em Macaé (RJ), por exemplo, o

testar a atratividade [da faixa 1,5], fazendo

anunciadas, como a alta taxa de juros. A elevação

preço das unidades não estava enquadrado no teto

pilotos”, diz. Cohen ressalta que, no segmento,

do preço pode ser a “mola propulsora para o

antigo do financiamento com recursos do FGTS,

as margens são apertadas, e é preciso ter

crescimento do setor”, segundo o vice-presidente

o que prejudicava a velocidade de vendas. Já em

escala. Os preços da faixa 1,5 - destinada a

de habitação popular do Sindicato da Indústria

Brasília, a MRV reduziu o valor para encaixar os

famílias com renda entre R$ 1,8 mil e R$ 2,35

de Construção Civil do Estado de São Paulo

imóveis no que estava previsto, o que significou

mil -, variam de R$ 120 mil a R$ 135 mil,

(Sinduscon-SP), Ronaldo Cury. “Temos mais é de

perda de margem. Menin espera que o ritmo de

dependendo do local. Conforme o representante

agradecer ao governo de conseguir soltar o Minha

vendas em praças como Macaé aumente e que a

do Sinduscon-SP, o detalhamento da faixa 1,5

Casa, Minha Vida 3 em um momento como este”,

margem melhore em mercados como Brasília.

ocorrerá a partir de janeiro.

(SindusCon-SP). Os custos médios com materiais

os aumentos nos custos com a mão de obra

civil do Estado de São Paulo que considera

de construção recuaram 0,05% em outubro

somam 6,48%, nos materiais de construção

as obras incluídas na desoneração da folha

em relação a setembro, enquanto os de mão

chegam a 1,99% e nos gastos administrativos

de pagamento apresentou leve queda de

de obra indicaram estabilidade. Já as despesas

acumulam alta de 6,33%. Com os resultados, o

0,02% em outubro na comparação com o mês

administrativas aumentaram 0,03%, na mesma

CUB representativo da construção paulista (RN-8)

anterior. As informações foram divulgadas no

base de comparação. No acumulado do ano,

ficou em R$ 1.137,83 por metro quadrado. Em

início de novembro pelo Sindicato da Indústria

o indicador registra alta de 4,58% e, em 12

setembro, a média era de R$ 1.138,05 por metro

da Construção Civil do Estado de São Paulo

meses, a elevação chega a 4,63%, sendo que

quadrado.

CUB/SP: pequena queda em outubro O Custo Unitário Básico (CUB) da construção

Nova edição do livro Blocos e Pavers O engenheiro e consultor Idário Fernandes, sócio-proprietário da consultoria Doutor Bloco e com larga experiência no setor, lançou no Concrete Show 2015 a 6ª edição do livro Blocos e Pavers – Produção e Controle de Qualidade. O livro é um manual técnico, escrito em linguagem clara, simples e de fácil entendimento e que trata de forma prática, com fotos e exemplos de situações reais, dos principais parâmetros que envolvem a produção de blocos de concreto para alvenaria e de pavers (peças pré-moldadas de concreto para pisos intertravados). Informações: www.doutorbloco.com.br 7


curtas Engenheiros sem emprego A profissão considerada fundamental em tempos de crescimento econômico e valorizadíssima durante o boom da construção civil há mais ou menos cinco anos, perdeu força no mercado. Dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) mostram que foram fechadas 8,8 mil vagas até julho. Quase o triplo do registrado durante todo o ano passado, 3,1 mil. O desaquecimento, segundo a pesquisa Perfil Ocupacional dos Profissionais de Engenharia no Brasil feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), começou já em 2013. Aquele foi o último ano que registrou número positivo para o setor, de 2,8 mil vagas abertas, mesmo assim, bastante inferior aos 7 mil de 2012. De acordo com o estudo, entre 2003 e 2013 houve uma expansão de 87,4% nos empregos

Revitalização do Guaíba,em Porto Alegre A prefeitura de Porto Alegre assinou, no

A primeira fase prevê a revitalização de cerca de

de carteira assinada para engenheiros, saltando

início de outubro, a ordem de início da obra de

10 hectares, compreendendo 1.320 metros da

de 127,1 mil para 273,7 mil postos. Esse

revitalização da orla do Guaíba, na Zona Sul

beira do Guaíba, entre a Usina do Gasômetro e

crescimento é superior ao do emprego geral

de Porto Alegre. O contrato com a empresa

a Rótula das Cuias. Serão construídas ciclovias

no Brasil que foi de 65,7%. Enquanto em

vencedora da licitação, o consórcio Orla Mais

e novos passeios, com iluminação em fibra ótica

2003 saíam das faculdades do país 15 mil

Alegre, já havia sido firmado em setembro. A

e lâmpadas LED. Também está previsto um

engenheiros, neste ano, serão graduados 54 mil

previsão da Prefeitura de Porto Alegre é que o

ancoradouro para barcos de turismo e para o

profissionais. Em 2010, ano em que o Produto

trabalho todo seja concluído em um ano e meio. O

Cisne Branco, um restaurante e seis bares, quatro

Interno Bruto (PIB) cresceu 7,5%, chegaram ao

local, que passará a chamar-se Parque Urbano da

deques, duas quadras de vôlei, duas de futebol e

país 4,8 mil engenheiros estrangeiros para dar

Orla do Guaíba, terá áreas para lazer e pontos de

duas academias ao ar livre, vestiário, playground,

conta da demanda, segundo o Ministério do

gastronomia. Além de novas quadras esportivas,

além de duas passarelas metálicas com jardim

Trabalho. Aumento de 39% em relação ao ano

ganhará também restaurantes, quiosques,

aquático. O restaurante e os bares serão

anterior. Era a época de grandes obras para a

belvederes, ancoradouros e nova arborização.

envidraçados. Sobre os bares, serão construídos

realização da Copa do Mundo e Jogos Olímpícos,

A intenção é de que o espaço seja utilizado por

belvederes, em laje de concreto, no nível da

do Programa de Aceleramento Econômico (PAC).

moradores da cidade e turistas durante 24 horas,

avenida, funcionando como mirantes e áreas de

Tempo da euforia da descoberta de jazidas de

em função da nova iluminação e do sistema de

estar. A Praça Júlio Mesquita também ganhará

pré-sal que envolviam vultosos investimentos em

segurança.

uma quadra de futebol em piso de concreto, um

todas as áreas.

O projeto é de autoria do arquiteto Jaime Lerner.

playground e um deque de madeira.

Materiais de construção: vendas sobem os dias 27 e 30 de outubro e a margem de

pesquisadas registraram crescimento

tiveram crescimento de 8% em outubro, na

erro é de 4,3%. Segundo o levantamento, as

de vendas em outubro, principalmente

comparação com setembro. O desempenho,

lojas de porte médio e grande foram as que

revestimentos cerâmicos (11%), cimentos

no entanto, ficou 8% abaixo do registrado

registraram os melhores resultados no mês

e telhas de fibrocimento (10%), tintas (9%),

no mesmo período de 2014. Os dados são

(12% e 13%, respectivamente). Já os pequenos

louças sanitárias (7%), metais sanitários (6%) e

do estudo mensal realizado pelo Instituto

estabelecimentos tiveram, em média, 2% de

fechaduras e ferragens (5%). No levantamento

de Pesquisas da Anamaco com o apoio da

crescimento.

por regiões, o destaque ficou para o Sudeste

As vendas de material de construção

Abrafati, Instituto Crisotila Brasil, Anfacer

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No acumulado do ano, o setor tem desempenho

(10%), seguido do Sul (9%), Nordeste (7%)

e Siamfesp. O levantamento ouviu 530

negativo de 5%, mesmo índice apresentado

e Norte (5%). No Centro-Oeste as vendas

lojistas das cinco regiões do país entre

nos últimos 12 meses. Todas as categorias

ficaram estáveis.



produtos MISTURADORES PLANETÁRIOS: A Cibi tem linha de misturadores de alta eficiência, que proporcionam mistura homogênea de 0,7 a 10 toneladas de material. Também estão disponíveis versões bi e triplanetário. Mais informações: Tel.: (12) 3627-4000, www.cibi.com.br

MOLDES PARA ARTEFATOS DE CONCRETO: A Vibramolde, sediada em Campinas-SP, apresenta ampla linha de produtos para fabricação de artefatos de concreto. Em seu catálogo encontram-se misturadores, vibroprensas, moldes para confecção de blocos e pisos intertravados e diversos outros moldes (pisogramas, meio-fio, guia de jardim, placas retangulares e quadradas etc.). Os moldes para fabricação de blocos de concreto, fabricados em aço, oferecem durabilidade, rigidez e precisão de medidas. São projetados especificamente para cada tipo de vibroprensa, de qualquer porte ou marca. Mais informações: Tel.: (19) 3869-4025 / 3395-3485, www.vibramolde.com.br.

SISTEMA DE PROTENSÃO: A WCH oferece soluções que possibilitam trabalhar grandes vãos e lajes mais esbeltas, entre outras vantagens. O equipamento é composto de unidade motriz (bomba) e macaco automático hidráulico de protensão. O sistema de encunhamento hidráulico garante maior durabilidade às cunhas, menor recuo, e a pré-cravação da cunha no aço, aumentando sua vida útil e diminuindo riscos de acidentes. As unidades hidráulicas estão disponíveis em dois

VIBROPRENSA MBX 975 PLUS: A Trillor oferece uma robusta

modelos: UM 215 (vazão de 9 Ipm e motor 5cv) e UM 216 (vazão

opção para fabricação de artefatos de concreto. Sua vibroprensa

de 19 Ipm e motor 10cv). Os macacos possuem capacidades de

MBX-975 Plus tem máquina hidráulica e automática, novo

3 a 24 toneladas, e a unidade motriz pode acoplar dois macacos

chassi, introdutor de paletes integrado, regulagem de altura da

simultaneamente. Mais informações: Tel.: (19) 3522-5900,

grelha fixa, mesa vibradora com acionamento por eixos cardã,

e-mail: wch@wch.com.br

unidade hidráulica com válvulas proporcionais eletrônicas, motores elétricos de alta eficiência e elevada produtividade. Mais informações: Tel.: (21) 2676-1622 ou 97925-2111, www.trillor.com.br.

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VIBROPRENSA AUTOMÁTICA : A Storrer destaca o modelo VPMS-5 automática, de alta produtividade na

NIVELADORA DE SOLO: A Moinho, representante da alemã

fabricação de blocos para alvenaria e pavimentação.

Optimas, tem vasta linha de soluções para pavimentação

Estrutura em perfis laminados unidos por solda MIG,

com blocos de concreto, para obras de todos os portes.

vibrador superior regulável acionado por motores

A OptimasPlanMatic tem 2 m de largura e é destinada ao

elétricos e acionamento por controle lógico programável

nivelamento do solo. Oferece sistema automático e é utilizada

são algumas das características de destaque do

na construção de estradas, áreas industriais e parques.

equipamento, que produz até 11.520 blocos de vedação

Realiza movimentos para a frente ou para trás e tem sensor

90x190x390 por turno de nove horas. Com 38 anos

ultrassônico de altura do solo. A PlanMatic pode ser instalada

de atuação, a Storrer Máquinas oferece diversos

em carregadeiras, minicarregadeiras e empilhadeiras.

produtos para fabricação de artefatos de concreto, como

Mais informações: Tel: (13) 3877-9923,

centrais dosadoras, silos para depósito de agregados e

www.youtube.com/user/mhbetta/videos.

misturadores planetários, entre outros. Mais informações: Tel.: (47) 3399-2341, www.storrer.com.br.

CENTRAIS DE CONCRETO PARA ARTEFATOS: A Menegotti Máquinas e Equipamentos desenvolve projetos customizados, com automação parcial ou total. Basicamente, as centrais de concreto são compostas por silos de agregados, silo e balança de cimento, esteira de pesagem, esteira transportadora e dosadores de água/aditivo. Opcionalmente, toda a produção de concreto pode ser monitorada por software gerenciador de produção. Mais informações: Tel.: (47) 2107-2100, www.menegotti.net

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entrevista

Sérgio Almeida Pacca

REPORTAGEM: Silvério Rocha FOTO: Patrícia Belfort

Sérgio A. Pacca é professor-associado do curso de pós-graduação em Sustentabilidade (PPGS) da Universidade de São Paulo (USP). Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Política e Regulação de Emissões de Carbono (Nupprec-USP), é editor-associado da revista Resources, Conservation & Recycling e livre-docente em Energia e Sustentabilidade pela USP (2011). Membro da Sociedade Internacional de Ecologia Industrial, é pesquisador das áreas de energia, sustentabilidade, mudança climática global, ACV e ecologia industrial e integrou a equipe que desenvolveu, entre 2013 e 2014, a avaliação de ciclo de vida modular (ACV-m) de blocos e pisos intertravados de concreto, sob a coordenação do professor-doutor Vanderley John, do CBCS e da Poli-USP. Qual a sua opinião sobre o atual estágio de sustentabilidade geral na construção civil brasileira? Cada vez mais notamos que a construção civil está interessada em sustentabilidade. Vários lançamentos imobiliários exploram a sustentabilidade para atrair clientes. Contudo, a construção civil ainda é a atividade que mais consome materiais e os esquemas de certificação e de marketing adotados pelo setor até o momento têm resultado em baixo impacto no consumo de materiais e nas demais consequências ambientais da fabricação e do uso dos mesmos. Talvez porque muitos desses esquemas de certificação são importados do exterior e, em alguns casos, a aplicação direta no Brasil não faz sentido. Quais são os itens mais importantes para melhorar os índices de sustentabilidade, especialmente entre os fabricantes de produtos para a construção? Uma visão abrangente que contabilize os fluxos de material e energia ao longo de toda a cadeia produtiva é muito importante. A construção envolve uma miríade de serviços e atividades e grande parte deles é terceirizada. O problema é que ainda existe uma carência de informações sobre produtos e processos brasileiros. A existência de ferramentas quantitativas que possam contabilizar de forma clara e transparente os fluxos de materiais e energia ao longo das transformações na cadeia da construção civil é 12

prisma

fundamental para o estabelecimento de benchmarks e a busca por processos e produtos mais sustentáveis. Empresas que estão no final da cadeia produtiva e mais próximas aos consumidores podem exigir a apresentação de informações ambientais sobre os produtos e serviços adquiridos por elas. Elas podem comparar os fornecedores, fazendo com que os mesmos desenvolvam produtos mais sustentáveis. Ao fazer escolhas mais sustentáveis, essas construtoras podem não somente oferecer produtos mais sustentáveis aos seus clientes como também fomentar a competição entre os seus fornecedores para que estes busquem alternativas cada vez melhores. Quais as ferramentas para permitir a melhoria desses índices? Essas ferramentas devem poder contabilizar os fluxos de materiais e energia ao longo de toda a cadeia produtiva. Do ponto de vista do consumo da energia, é importante distinguir os tipos de energia consumidos, se elétrica ou não, e a fonte de energia, se fóssil ou não. Esta tarefa pode ser desafiadora, mas é viável. Já do ponto de vista de consumo dos materiais, e aqui também considerando a massa de poluentes emitidas durante os processos de transformação, uma caracterização precisa de todos os elementos é mais desafiadora. Assim, é importante quantificar os fluxos dos materiais mais consumidos pelo setor e também a massa emitida de alguns poluentes mais tradicionais. Um ponto impor-


tante para garantir o sucesso da aplicação de tais ferramentas é o engajamento das empresas. Por isso, uma característica importante é garantir a transparência e a compreensão por parte dos participantes do setor. Como no Brasil, grande parte dessas informações ainda não está disponível, é importante começar por sistemas de inventário mais simplificados, para que os integrantes das cadeias possam colaborar com a produção de informações. O setor de blocos e pisos intertravados de concreto realizou, entre 2013 e 2014, a Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-M) de blocos e pisos intertravados de concreto. Qual a sua análise sobre essa ACV-M e sua importância para a melhoria dos índices de sustentabilidade desse segmento da indústria de materiais para a construção? Este trabalho contou com a participação de empresas fabricantes de blocos e pavers e, assim, tivemos contribuição importante para conseguir boas informações para o inventário dos fluxos de materiais, energia e poluentes. Também optamos por uma ACV simplificada para coletar informações sobre materiais, resíduos, água, energia e dióxido de carbono. Tais informações permitem a realização de uma avaliação de desempenho mais simplificada, mas que, mesmo assim, é capaz de diferenciar o desempenho dentre os fabricantes. Ou seja, a aplicação da ferramenta de forma contínua permite uma melhoria do setor na busca de produtos e processos mais sustentáveis. A compreensão das necessidades de inventário e análise das informações por parte dos fabricantes facilita a aplicação da ferramenta e contribui para a melhoria das informações. Tal procedimento permite que, no futuro, o espectro de fluxos e a amplitude da ACV-M sejam ampliados. Em sua opinião, além da melhoria dos processos produtivos, visando à melhora dos índices de sustentabilidade, haveria também a possibilidade de utilização de insumos reciclados na produção? A reciclagem sempre foi vista como benéfica do ponto de vista da sustentabilidade. Contudo, quando utilizamos ferramentas de análise como a ACV-M, por exemplo, pode-se verificar que a reciclagem nem sempre é benéfica. No caso da fabricação de materiais, a reciclagem pode ser positiva pela diminuição da quantidade de resíduos descartados. Contudo, do ponto de vista do consumo de água e energia, pode ser que a reciclagem implique em maior pressão sobre tais recursos. O uso de material reciclado pode ainda comprometer as características técnicas dos produtos e das tecnologias construtivas e fazer com que mais materiais sejam consumidos. Portanto, é importante avaliar as possibilida-

Ao fazer escolhas mais sustentáveis, as construtoras podem oferecer produtos mais sustentáveis aos seus clientes e fomentar a competição ambiental entre os seus fornecedores des de reciclagem de forma imparcial por meio de ferramentas analíticas, do tipo da ACV-M, que quantifiquem os potenciais impactos. Dependendo do aspecto ambiental considerado, a reciclagem pode ser ou não benéfica. Isto já está sendo feito no Brasil atualmente? A própria indústria de blocos recicla insumos para reduzir as perdas. Nesse caso o que faz com que isso ocorra é a redução nas perdas econômicas. Certamente, não há prejuízo para a qualidade do material. Contudo, várias empresas vendem máquinas e tecnologias de uso de produtos reciclados que podem não ser vantajosas do ponto de vista da sustentabilidade pelos motivos descritos acima. Por exemplo, a utilização de garrafas para construir paredes não me parece ser uma alternativa ao uso de blocos ou tijolos. Apesar da economia de blocos e tijolos, acredito que o consumo de argamassa seja muito maior e os ingredientes para fabricar a argamassa são importantes para o potencial de impacto ambiental. Assim, o mais sustentável é reduzir o seu consumo. Na área da construção civil, sabe-se que ainda há uma série de desperdícios, gerando grande quantidade de resíduos sólidos. Como isto poderia ser melhorado, diminuindo a geração desses resíduos? A aplicação de tecnologias mais modernas pode reduzir o consumo de cimento na fabricação de materiais para construção. A aplicação de materiais com menos cimento pode reduzir as perdas. A utilização de argamassas pré-misturadas também pode reduzir as perdas, pois a proporção de materiais já é a ideal para a finalidade buscada com a sua aplicação. Porém, quando tecnologias mais tradicionais e rudimentares são utilizadas o desperdício de materiais é maior. Não adianta remediar, tem de agir no planejamento e na fabricação dos materiais e insumos. Se essas etapas forem mais eficientes, as perdas serão reduzidas. Porém, quando o resíduo é gerado, é mais dif ícil de promover a sua reciclagem. Então o foco deve ser na redução da geração por meio de tecnologias mais modernas de construção (uso de concreto usinado, argamassa fabricada, blocos e materiais pré-fabricados).

Para falar com Sérgio Pacca, envie e-mail para: sapacca@gmail.com 13


arquitetura

Prédio de escritórios em São Paulo utiliza estrutura de concreto pré-fabricada como elemento estético. Madeira, vidro, brises metálicos e muitos jardins compõem o aspecto acolhedor da obra

REPORTAGEM: Marcos de Sousa FOTOS: Divulgação FGMF

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prisma

Concreto humanizado Uma construção horizontalizada, cheia de varandas, jardins e espaços de lazer para humanizar os ambientes de trabalho. Em lugar de corredores, há passarelas e escadas abertas para uma “praça” central. É assim o Edif ício Corujas, no bairro de Vila Madalena, em São Paulo, projeto desenvolvido pelo escritório FGMF, dos arquitetos Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcon-

des Ferraz. São três pavimentos com 25 espaços privados em duas edificações, uma de frente para a rua de acesso e outra voltada para o fundo do lote, antes ocupado por casas, entre as Vilas Madalena e Beatriz. Os bairros, aliás, marcam o limite de duas zonas, com características distintas de ocupação: a primeira conhecida pela vida noturna e diversidade de usos, e a segunda claramente residen-


cial. E uma das casas ainda resiste no local, “abraçada” pelo edif ício. De certa forma, o Corujas funciona como um elemento de transição entre as duas regiões: com seu volume discreto, altura de nove metros ajustada ao casario da vizinhança e riqueza de elementos, o edif ício sugere algo entre o comercial e o residencial. E lá dentro há bicicletário para funcionários, local para banho e troca de roupa, além de um café, que é o ponto de encontro matinal dos usuários. Enfim, um ambiente informal, bem diferente dos prédios de caráter corporativo.

Jardins Localizado em um vale, o terreno exigiu que o piso térreo fosse ligeiramente elevado em relação à cota original, para evitar o afloramento do lençol freático, muito alto na região. Essa opção permitiu alocar as garagens em um volume semienterrado, com acesso sem rampas. No térreo, os conjuntos têm pé-direi-

to duplo com varanda e jardins privativos nos fundos. No primeiro pavimento, o pé-direito pode ser duplo ou simples, com varandas entre os conjuntos. Já no último andar, as varandas estão entre escritórios e acessos privativos à cobertura. Os jardins estão presentes em todos os níveis da construção, desde o térreo, nos terraços e ainda no último pavimento, que dá acesso à laje de cobertura, também ajardinada.

Estrutura A estrutura do edif ício revela-se facilmente aos visitantes que chegam da rua. Trata-se de uma composição de elementos de concreto – alguns pré-moldados, outros moldados in-loco – com peças estruturais de aço. “A própria estrutura é a forma final, a plástica do edif ício” , explica Fernando Forte. Assim, em qualquer ambiente, as lajes pré-fabricadas são visíveis no teto, assim como os elementos de ligação estrutural.

Detalhes dos tubos de aço de ventilação, que funcionam como “esculturas”

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arquitetura

Acima, as etapas de montagem da estrutura prÊ-fabricada, com vedação usando blocos de concreto

Corte A

Corte B 1

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prisma

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FICHA TÉCNICA Edifício Corujas Localização: Vila Madalena, São Paulo Empreendedor: Idea!Zarvos Projeto: 2009 Construção: 2012-2013 Área do terreno: 3.470 m2 Área construída: 6.880 m2 Área privativa: 5.750 m2 Unidades privativas: 25 Projeto de Arquitetura: FGMF Arquitetos (Fernando Forte; Lourenço Gimenes; e Rodrigo Marcondes Ferraz) Equipe: Ana Paula Barbosa, Renata Davi, Sonia Gouveia, Gabriel Mota, Juliana Fernandes, Bruno Milan, Felipe Bueno, Gabriel Ribeiro, Marina Almeida, Rodrigo de Moura Estrutura e fundações: Gama Z Engenharia Projeto paisagístico: André Paoliello Paisagistas Associados

As restrições da área dificultaram a montagem da estrutura pré-fabricada por falta de espaço para uma grua, o que exigiu uma logística particular na construção. Assim, as lajes são majoritariamente pré-fabricadas e protendidas, à exceção da que sustenta o primeiro pavimento, moldada in loco, mas também protendida. As lajes pré-fabricadas são apoiadas em sentidos diferentes em cada um dos pavimentos com o objetivo de buscar o menor vão e também para proporcionar melhor travamento da estrutura. Desta forma, foi possível reduzir o número de pilares e localizá-los na

Projeto de instalações: Tesis

periferia da edificação, com mínima interferência nos espaços internos. A singeleza do prédio também se faz com os materiais utilizados nas vedações e acabamentos: em especial o concreto aparente, os pisos cimentícios, vidro, madeira e elementos metálicos, como os brises de chapas perfuradas, que controlam a entrada da luz, auxiliam na redução do calor interno e criam um belo espetáculo à noite, quando as luzes se acendem e as corujas voam pelo bairro.

Construção e gerenciamento: Citycon Engenharia

Primeiro piso

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piso intertravado

O Parque Olímpico, considerado o “coração” dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, está em fase acelerada de execução das obras das 16 novas arenas olímpicas e nove paraolímpicas, que estão distribuídas pelo 1,18 milhão de m2 do megaterreno situado na Barra da Tijuca. A pavimentação das vias internas do Parque Olímpico utilizou os pisos intertravados de concreto, com parte deles em pavimento permeável

REPORTAGEM: Silvério Rocha FOTOS: Divulgação Concessionária Rio Mais/Dhani Borges e Arquivo Prisma

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prisma

Pisos olímpicos A sensação por quem caminhava entre as vias do Parque Olímpico do Rio de Janeiro no final de outubro último era a de passear por um bairro em fase final de construção. Palco principal das competições durante os Jogos Rio 2016 – serão 16 arenas olímpicas e nove paraolímpicas –, o Parque Olímpico ocupa uma área de 1,18 milhão de m2 localizada na Barra da Tijuca, zona oeste carioca, e estava então com 92% de execução dos trabalhos. Parte importante das obras, as vias do complexo esportivo estão também em fase de finalização e empregam pisos prémoldados de concreto, entre eles, pavers convencionais, pavimento permeável e

pisos especialmente desenvolvidos para atender ao projeto arquitetônico das ruas internas e praças da maior e mais importante entre as 34 sedes da Olimpíada 2016, no Rio de Janeiro. O Parque Olímpico será composto por nove arenas esportivas (Velódromo Olímpico do Rio, Centro Olímpico de Tênis, Estádio Aquático Olímpico, Arena do Futuro, Arenas Cariocas 1, 2 e 3, Arena Olímpica do Rio e Parque Aquático Maria Lenk), além do Centro Internacional de Transmissão (IBC, na sigla em inglês), do Centro Principal de Imprensa (MPC, na sigla em inglês), que acolherá cerca de 20 mil jornalistas, e de um hotel.


O plano geral do Parque Olímpico (Masterplan) foi escolhido em concurso internacional de arquitetura finalizado em agosto de 2011 e vencido pelo escritório internacional Aecom, que participou do projeto do Parque Olímpico de Londres. Além de contemplar a definição dos espaços públicos (ruas, áreas livres e acessos) nos modos Jogos e Legado, a proposta urbanística prevê a transição entre os dois cenários. O projeto inclui a preservação do meio ambiente, com destaque para a recuperação ambiental das margens da lagoa localizada no entorno da área do Parque Olímpico, acessibilidade, uso de inovações tecnológicas e segurança. Para a construção do Parque Olímpico, a Prefeitura utilizou a modalidade da

Parceria Público-Privada (PPP). A vencedora, a concessionária Rio Mais, é a responsável por implantar toda a infraestrutura do Parque Olímpico e manter a área por 15 anos, construir as três Arenas Cariocas, que farão parte do futuro Centro Olímpico de Treinamento, o Centro Internacional de Transmissão, o Centro Principal de Imprensa (MPC), um hotel e a infraestrutura da Vila dos Atletas. Para a construção de quatro arenas (Velódromo, Centro de Tênis, Estádio Aquático e Arena do Futuro), que ficaram fora da PPPP, a Prefeitura carioca assinou acordo de cooperação técnica com o governo federal. A Prefeitura foi a responsável pela licitação da construção e manutenção dessas arenas e supervisiona a execução das obras. 19


piso intertravado

Acima, o pavimento permeável na cor terracota, empregado em 12 mil m2 do Parque Olímpico, no entorno dos jardins e mirantes. Ao lado, a Arena do Futuro, que será desmontada após os jogos e transformada em quatro escolas municipais em diferentes localidades do Rio de Janeiro

Paisagem tropical A proposta dos arquitetos do escritório Aecom buscou transformar o espaço em uma paisagem tropical, que reflete as montanhas e as praias da costa brasileira, incluindo colinas levemente inclinadas e caminhos sinuosos. Pelo projeto, os edif ícios estão alinhados em ambos os lados de um eixo central – cujo piso é listrado em grafismo preto e branco – que percorre todo o parque. 20

prisma

Os pisos intertravados de concreto, em diversos formatos, foram os escolhidos para pavimentar vias e praças do Parque Olímpico, devido às vantagens que oferecem, de acordo com Tomnila Lacerda, gerente de Engenharia da concessionária Rio Mais. “A escolha foi devido à característica de permeabilidade do piso, que permite a passagem da água, evitando a formação de poças durante a época de chuvas. Além disso, este mate-


Moinho: Inovação e produtividade

rial é o mais adequado para o reaproveitamento durante o modo legado, quando o Parque Olímpico passará a ser um bairro aberto à população” , explica. No eixo central de 1 km, batizado de Via Olímpica, os pisos intertravados de concreto formam um desenho denominado Romano Olímpico, com as peças nas cores preta e branca formando “ondas” , referenciando-se no famoso calçadão de Copacabana, um dos símbolos do Rio de Janeiro. Para atender à paginação especificada para esse piso, os fornecedores precisaram desenvolver peças com formatos especiais para essa via, nas dimensões de 10x30 cm, 20x30 cm, 20x20 cm e 10x20 cm, com 8 cm de espessura, compondo um

layout diferenciado. Placas de concreto permeável no formato 40x40x6 cm, na cor terracota, também foram aplicadas em 12 mil m2, no entorno dos mirantes e jardins do Parque Olímpico, garantindo as condições ideais para o crescimento da vegetação e seguindo os critérios determinados pelo Masterplan. “Além disso, os pisos intertravados de concreto possibilitam melhores condições para acessibilidade de pessoas com deficiência, mantendo um nível satisfatório de permeabilidade” , avalia Tomnila. Foram aplicados ainda pavers convencionais, em tons de cinza, com paginação em formato de “espinha de peixe” , em diversas áreas do Parque Olímpico.

O sincronismo da Moinho entre os colaboradores e as tecnologias desenvolvidas há mais de 38 anos na Alemanha pela fabricante dos equipamentos Optimas contribuíram fundamentalmente para integrar uma equipe reduzida de oito colaboradores, com alto índice de conhecimento técnico, operacional que operam com precisão o maquinário adequado para esse serviço no Parque, afirma Betarello. Segundo ele, “o país requer uma mudança radical na execução de assentamento dos pisos intertravados, visando à obtenção de maior produtividade e qualidade nos trabalhos. Não há precedentes quanto à precisão do sarrafeador a laser, que alia a agilidade na execução do serviço, à sua perfeita regulagem, que permite o preciso acabamento dos blocos, evitando poças d’água e acompanhando fielmente os projetos de topografia”.

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piso intertravado

Execução mecanizada e inovadora

Multibloco: Qualidade olímpica Fundada em 1986 e, portanto, prestes a completar 30 anos na mesma data em que serão realizados os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a Multibloco é um dos maiores fabricantes de blocos (estruturais e de vedação), pisos intertravados, tubos e aduelas de concreto. A empresa é detentora do Selo de Qualidade da ABCP para blocos e pisos, além de ser qualificada pelo PSQ de blocos e pisos intertravados do PBQP-H, do Ministério das Cidades. “No ano em que completaremos 30 anos de atuação, oferecendo qualidade ao mercado da construção civil, temos a honra de participar da maior obra para a Olimpíada 2016, o Parque Olímpico”, afirma Marcelo Kaiúca, diretor da Multibloco.

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prisma

A pavimentação dos mais de 150 mil m2 de vias e parques com pisos intertravados de concreto empregou, em sua maior parte, um inovador método de execução com sistemas mecanizados em todas suas etapas, desde o sarrafeamento com sistema de nivelamento a laser, ao assentamento e rejuntamento. Segundo Miguel Betarello, diretor da Moinho, representante no Brasil das máquinas alemãs Optimas, foi utilizado no assentamento de cerca de 100 mil m2 dos pisos intertravados do Parque Olímpico um sistema “único no Brasil” , de nivelamento/preparo do “pano” com o equipamento PlanMatic, que usa os dados da topografia direto no seu sistema informatizado para acompanhar todas as caídas e direções de níveis. Com esse equipamento, afirma Betarello, um único profissional opera o PlanMatic, que é capaz de espalhar todo o material e, depois, fazer o ajuste “fino” do sarrafeamento com precisão na topografia. A instalação dos blocos, explica ele, é feita por duas máquinas Optimas H-88, que podem assentar cada uma em média 700 m2 de piso por dia. Essa produtividade, obtida com apenas oito colaboradores no total, equivale à de pelo menos 40 homens fazendo o mesmo serviço manualmente. A capacidade do equipamento a laser

de sarrafear acima de 2 mil m2 por dia e, assim, abrir uma boa frente de trabalho para as duas máquinas assentadoras em curto espaço de tempo é fundamental, para cumprir os prazos muito apertados, especialmente nas etapas finais da obra. Segundo Tomnila, “essas máquinas garantem maior produtividade, com alta taxa de colocação dos pisos. Para assegurar a qualidade na colocação do piso, é feito acompanhamento minucioso do trabalho, garantindo o posicionamento correto das peças” .


Pavibloco: Produção informatizada A Pavibloco está completando 15 anos de atuação no fornecimento de blocos e pisos intertravados de concreto. Com duas fábricas no Rio de Janeiro, a pioneira, em Santa Cruz, instalada em uma área de 65 mil m2, e a segunda, a unidade Japeri, em Engenheiro Pedreira, em terreno de 200 mil m2, tem capacidade produtiva de 170 mil blocos/dia em um turno de oito horas. Detentora do Selo de Qualidade da ABCP e qualificada pelo PSQ de blocos e pisos intertravados de concreto, a empresa aposta na qualidade para ingressar em novo segmento, em 2016: “Passaremos a oferecer ao mercado um piso premium, na linha destinada a atender arquitetos e paisagistas”, revela Eduardo Grey, diretor da Pavibloco.

Qualidade certificada Os fornecedores dos pisos intertravados de concreto empregados na pavimentação do Parque Olímpico têm como principal característica a qualidade de seus produtos, garantida pela certificação pelo Selo de Qualidade da ABCP e pela qualificação pelo PSQ (Programa Setorial de Qualidade), do Simac/ PBQP-H, do Ministério das Cidades. Esse programa é gerenciado pelo Sinaprocim (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento), tendo como gestora técnica a ABCP. Dois dos maiores fabricantes de blocos

e pisos intertravados de concreto do Rio de Janeiro, a Multibloco e a Pavibloco, estão entre os principais fornecedores dessa obra. “É com orgulho que participamos com nossos produtos da obra do Parque Olímpico, de fundamental importância para o Brasil e ao Rio de Janeiro” , afirma Marcelo Kaiúca, diretor da Multibloco, que completará 30 anos no mercado em 2016. Na mesma linha, Eduar­do Grey, diretor da Pavibloco, diz que a empresa se orgulha de participar dessa obra emblemática, “oferecendo produtos de alto nível, certificados e produzidos sob rigoroso controle de qualidade”.


piso intertravado

FICHA TÉCNICA Parque Olímpico dos Jogos Rio 2016 Localização: Barra da Tijuca, Rio de Janeiro Área do terreno: 1,18 milhão de m2 Arquitetura/projeto urbanístico: Aecom (Grã-Bretanha) Contratante: Prefeitura do Rio de Janeiro Data de início da obra: 2012 Previsão de conclusão: abril de 2016 Principais fornecedores pisos e serviços: Pavibloco, Multibloco, Casalit, Intercity (pisos e blocos); Moinho e Liderpav (assentamento mecânico), Eagle (assentamento manual)

O consórcio Rio Mais, para garantir a qualidade dos materiais entregues, também realiza ensaios de qualidade do material, nos quais são testadas a resistência dos blocos e a sua permeabilidade, dentre outros itens. “Também foi feito ensaio dos serviços, para avaliar a compactação, granulometria e a umidade” , explica Tomnila.

Legado O Parque Olímpico será destinado à população depois do evento. Seu bulevar e área de lazer serão abertos ao público, enquanto a Arena do Futuro, onde serão disputadas as competições de handebol e golbol, será totalmente desmontada e 24

prisma

transformada em quatro escolas municipais em diferentes localidades. Já o Estádio Aquático se transformará em dois ginásios, que serão instalados em áreas onde hoje não há opção para práticas de esporte. Outras instalações, como o HSBC Arena, serão destinadas ao treinamento de atletas de ponta. As obras do Parque Olímpico começaram em julho de 2012 e contaram com o trabalho de 4.500 operários no seu pico; atualmente têm cerca de 2.500 trabalhadores envolvidos nos seus trabalhos finais, previstos para conclusão no primeiro trimestre de 2016.





profissional top

“Profissionalismo, inovação e responsabilidade social” Formada em arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco e Universidad de Valladolid, Espanha em 2004, com especialização em gerenciamento de projetos pela FGV em 2008, Renata começou sua atuação profissional na Odebrecht Realizações Imobiliárias como gestora de projetos nas áreas de arquitetura e sustentabilidade, entre 2005 e 2011. Posteriormente, passou a exercer cargos de direção nas empresas da família, inicialmente como diretora de Projetos da Concrepoxi Engenharia e, desde 2011, é diretora executiva da Concrepoxi Artefatos. Ela explica que, “motivados pelo crescimento da Concrepoxi Engenharia, empresa de prestação de serviços com 35 anos de mercado, os sócios que já atuavam na empresa, minha mãe e irmãos, engenheiros civis, estavam com a intenção de abrir um novo negócio dentro da cadeia de construção. Dentre as opções existia uma fabrica de blocos e pavers. Esta idéia me motivou a mudar o rumo da minha carreira, sair do mercado e ingressar na empresa familiar”.

Renata Gaudêncio Pessoa de Melo é arquiteta e sócia-fundadora da Concrepóxi Artefatos

A decisão, segundo ela, nasceu da oportunidade visualizada quanto à necessidade do mercado para esse tipo produto de forma mais profissional e sistêmica, com soluções. “Para isso, resolvemos investir em equipamentos de última geração, 100% automatizados, com moldes variados para peças de concreto com o intuito de atender ao público consumidor com qualidade de padrão internacional”. O projeto para abertura da nova empresa, explica Renata, partiu do tripé: escopo (“o que e como queríamos fabricar”), cronograma (tempo para o vencimento das diversas etapas desde legalização, financiamentos, aquisição e obras) e custo (orçamento disponível). Além destes essenciais, os processos de qualidade e gestão, seleção e capacitação de recursos humanos, além de estudo de localização e gerenciamento de riscos, lista ela. “Iniciei a participação no PDE três anos antes do início da operação da fábrica! Foi fundamental para conhecimento das pessoas que formam o mercado, os fabricantes e os consultores nacionais”, conta.

PARA FALAR com Renata, envie e-mail para: renata.gaudencio@concrepoxi.com.br

A escolha da localização, em Jaboatão dos Guararapes-PE, teve como foco estar próximo dos fornecedores, em forma de cluster, e dos consumidores, por estar na Região Metropolitana do Recife e com fácil conexão para outras cidades do Nordeste pela BR-101. “A otimização da logística foi nosso alvo, o maior gargalo para produtos de concreto”. Para Renata, a capacidade produtiva, qualidade de acabamento do concreto liso e com alta resistência, a pigmentação de peças como meio-fio, arremate com baixo custo devido à tecnologia de dupla camada de prensagem, formatos de pisos inovadores, são os diferenciais da empresa, além de assistência técnica, desenvolvimento de projetos e soluções para o cliente. Também o Selo de Qualidade da ABCP é outro diferencial para o mercado.

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Sistemas Industrializados de Concreto A INFLUÊNCIA DO PROJETO PARA PRODUÇÃO DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM BLOCOS DE CONCRETO: ANÁLISE COMPARATIVA DE INDICADORES

Palavras-chave:

As paredes de vedação em alvenaria são os elementos mais frequentemente empregados no processo construtivo tradicional brasileiro, condicionando fortemente o desempenho e o custo total do edifício. São ainda consideradas responsáveis por parcela expressiva do desperdício verificado nas obras. Por outro lado, é inegável a contribuição do projeto para a produção das vedações verticais em alvenaria, visando à racionalização da construção de edifícios, pois contribui para superar as dificuldades de execução, as incompatibilidades de projetos e a falta de integração entre projetistas e a equipe de execução. O presente artigo vai ao encontro desse contexto, apresentando os resultados da pesquisa de estudo de caso relativa à influência do projeto para produção e para a racionalização da alvenaria de vedação com blocos de concreto, por meio da avaliação comparativa dos indicadores de perdas, produtividade, prazo, custo e satisfação. A pesquisa envolveu duas torres semelhantes de um mesmo empreendimento: uma torre cuja alvenaria foi executada baseada em projeto para produção e a outra executada sob o processo tradicional de elevação de alvenaria. A metodologia contemplou a definição da coleta de dados, a compilação e a análise dos resultados. Comparativamente, os resultados obtidos demonstraram as seguintes diferenças a favor da alvenaria de vedação baseada em projeto para produção: redução de perdas de blocos de concreto de 15,3% e de argamassa industrializada de 10,4%; produtividade do pedreiro no processo tradicional de 11,0 m2/dia e, no racionalizado com projeto, de 9,7 m2/dia; redução de prazo em 10,7%; redução de custo em 3,2% e satisfação da equipe gerencial e de produção acima de 83%.

Indicadores,

Alvenaria de vedação, Bloco de

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30

CT  30

Artigos Técnicos podem ser encaminhados para análise e eventual publicação para alvenaria@revistaprisma.com.br

concreto, Projeto para produção, Construção Civil.

Alberto Casado Lordsleem Júnior e Victor Amadeu Lopes Silva EXPEDIENTE O Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto é um suplemento da revista Prisma, publicado pela Editora Mandarim Ltda. ISSN 1809-4708 Artigos para publicação devem ser enviados para o e-mail alvenaria@revistaprisma.com.br Conselho Editorial: Prof. Dr. Jefferson Sidney Camacho (coordenador); Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian (secretário); Eng. Davidson Figueiredo Deana; Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos; Prof. Dr. Emil de Souza Sanchez Filho; Prof. Dr. Flávio Barboza de Lima; Eng. Dr. Rodrigo Piernas Andolfato; Prof. Dr. João Bento de Hanai; Prof. Dr. João Dirceu Nogueira Carvalho; Prof. Dr. Luis Alberto Carvalho; Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro; Prof. Dr. Luiz Roberto Prudêncio Júnior; Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco; Prof. Dr. Márcio Antonio Ramalho; Prof. Dr. Márcio Correa; Prof. Dr. Mauro Augusto Demarzo; Prof. Dr. Odilon Pancaro Cavalheiro; Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos; Prof. Dr. Valentim Capuzzo Neto; Profa. Dra. Fabiana Lopes de Oliveira; Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere; Profa. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota; Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Sant´Anna Alvarenga. Editor: Silvério Rocha (editor@revistaprisma.com.br) - tel. (11) 3337-5633

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P. 07

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VARANDA

VARANDA

ÁREA SERV.

ESTAR

QUARTO

ESTAR

Apto. 106 a 1206

CIRCULAÇÃO

BWC

QUARTO REVERS.

P. 03

QUARTO

BWC

P. 04

P. 02

P. 01

VARANDA

SUÍTE

SUÍTE

Apto. 107 a 1207

SUÍTE

ESTAR

QUARTO

ÁREA SERV.

SUÍTE

ÁREA SERV.

P. 10

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BWC

Apto. 108 a 1208

QUARTO CIRCUL. BWC

BWC JANTAR

JANTAR

BWC

BWC

BWC

BWC

JANTAR

BWC CLOSET

COZINHA

CLOSET

COZINHA COZINHA

P. 13

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COZINHA ÁREA SERV.

ELEV.

ELEV.

SOCIAL

SERVIÇO

HALL SERVIÇO

P. 15

ÁREA

HALL SOCIAL

LIXO

P. 18

COZINHA

SERV.

JANTAR

P. 19

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ESTAR VARANDA

Apto. 102 a 1202

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QUARTO REVERS.

VARANDA

Apto. 101 a 1201

ELEV. SOCIAL

ESCADA

HALL SOCIAL

ESTAR

JANTAR

POÇO

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QUARTO SERV.

COZINHA CLOSET

CLOSET BWC

BWC

BWC

BWC

JANTAR COZINHA

Apto. 104 a 1204

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ESTAR

ÁREA SERV.

BWC ÁREA SERV.

CIRCUL.

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ESTAR

QUARTO

QUARTO 01

ÁREA SERV. QUARTO REVERS.

SUÍTE

VARANDA

VARANDA

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VARANDA

QUARTO

Apto. 103 a 1203

SUÍTE

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3

QUARTO

SUÍTE

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Apto. 105 a 1205 ESTAR

SUÍTE

BWC

JANTAR

JANTAR

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CIRCULAÇÃO

BWC

COZINHA

BWC

P. 28

BWC

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Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30 30

A INFLUÊNCIA DO PROJETO PARA PRODUÇÃO DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM BLOCOS DE CONCRETO: ANÁLISE COMPARATIVA DE INDICADORES

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Figura 1 – Planta de 1a fiada do projeto para produção do pavimento-tipo: disposição das vedações verticais do edifício

1 INTRODUÇÃO

• são os elementos mais frequentemente e

cindível, pois exige a definição prévia de

Frente às situações recorrentes de au-

tradicionalmente empregados na constru-

ações a serem implementadas, que contri­

mento da competitividade e redução de cus-

ção, sendo muitas vezes responsáveis por

buam para o desenvolvimento das atividades

tos, as empresas de construção de edifícios

parcela expressiva do desperdício em obra;

de planejamento, execução e controle.

buscam sistematicamente alternativas que

• possuem profunda relação com a ocor-

Os projetos para produção têm o pro-

atendam à melhoria da organização, o au-

rência de patologias, pois são os elementos

pósito de detalhar tecnicamente o produto,

mento da produtividade e do nível de produ-

mais suscetíveis à fissuração e, não raras

detalhar todo o processo produtivo e defi-

ção; além da introdução de inovações tec-

vezes, verificam-se em edifícios concluídos

nir indicadores de tolerância e de controle,

nológicas como solução à complexidade dos

ou não as recuperações das alvenarias, seja

subsi­diando as informações de suporte téc-

novos projetos, ao atendimento às exigên-

por aspectos estéticos, psicológicos ou de

nico e organizacional da obra, tornando-se

cias relativas ao desempenho e à sustenta-

desempenho;

assim uma ferramenta de gestão da produ-

bilidade das edificações.

• podem influenciar em até 40% do custo

ção e da qualidade (DUEÑAS PEÑA, 2003).

A racionalização construtiva coloca-se nes-

total da obra, considerando-se as inter-re-

Muito embora seja inegável a relevan-

te cenário como um elemento diferencial na

lações com o conjunto das esquadrias, das

te contribuição do projeto para produção à

estratégia das empresas (BARROS; SABBATI-

instalações elétricas e hidrossanitárias e dos

aproximação entre o produto e a produção,

NI, 2003; CEOTTO, 2008; PINHO, 2013).

revestimentos;

de maneira a promover a melhoria do pro-

Particularmente, a racionalização por in-

• determinam grande parte do desempenho

cesso produtivo das alvenarias de vedação,

termédio das alvenarias de vedação do edifí-

do edifício como um todo, por serem respon-

há ainda poucos e sistematizados estudos

cio, pode significar uma vantagem relevante

sáveis pelos aspectos relativos ao conforto, à

que exprimam quantitativamente os ganhos

para se alcançar o sucesso (DUEÑAS PEÑA,

higiene, à saúde e à segurança de utilização.

decorrentes do seu desenvolvimento e uti-

2003; AQUINO, 2004; MAGALHÃES, 2004;

Nesse contexto, a racionalização da pro-

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO

dução das alvenarias de vedação por meio

PORTLAND, 2007), pois:

do projeto para produção torna-se impres-

lização (CORRÊA; ANDERY, 2006; MANESCHI; MELHADO, 2008). Sendo assim, este artigo busca apresen-


O processo construtivo do edifício é ca-

1, a disposição das vedações oriundas do

à influência do projeto para produção da al-

racterizado pela produção da estrutura em

projeto de arquitetura apresentou potencial

venaria de vedação com blocos de concreto,

concreto armado com fôrmas de madeira e

favorável à produtividade na execução do

através da avaliação comparativa dos indica-

vedações verticais em alvenaria de blocos

projeto para produção de alvenaria, pois as

dores de perdas, produtividade, prazo, custo

de concreto (largura x altura x comprimento:

alvenarias eram retilíneas e os apartamentos

e satisfação de duas torres semelhantes de

9x19x39, 9x19x19, 9x19x9 e 9x19x4 cm).

com terminações 1, 6, 7 e 8 são espelhos

um mesmo empreendimento, na qual a alvenaria de vedação de uma torre (1) foi executada sob as características do processo

dos apartamentos com terminações 2, 5, 4

3 COLETA DE DADOS 3.1 Indicador de perdas

e 3, respectivamente. Por outro lado, a área pequena dos ambientes associada a uma

Nesse indicador quantificou-se a arga-

quantidade elevada de paredes de alvenaria

massa industrializada de assentamento em

foi considerado um fator de dificuldade para

Não faz parte do escopo deste artigo dis-

quilogramas e os blocos de concreto em uni-

a obtenção de melhor produtividade.

cutir o conteúdo do projeto para produção da

dades utilizadas na etapa de elevação das al-

Seguem nas Tabelas 1, 2 e 3 as quantida-

alvenaria de vedação com blocos de concre-

venarias externas e internas das torres 1 e 2.

des de materiais consumidas nas torres 1 e

to, visto que já foi o alvo de outros trabalhos

O projeto para produção da alvenaria de

2; além do quantitativo estabelecido no pro-

vedação foi desenvolvido para ser utilizado

jeto para produção voltado à racionalização

na torre 2, visto que a torre 1 já havia inicia-

da alvenaria de vedação.

tradicional e, na outra torre (2) foi executada baseada em projeto para produção.

(SOUSA, 2009; LORDSLEEM JR., 2012).

2 METODOLOGIA A consecução desta pesquisa contem-

do a execução da alvenaria quando da contratação do referido projeto. Assim, pôde-se

3.2 Indicador de produtividade

plou três etapas, descritas na sequência:

realizar um comparativo entre o material uti-

A unidade de medida utilizada para o in-

• etapa 1: definição do método para coleta

lizado nas duas torres e entre cada torre e o

dicador de produtividade da equipe de ele-

de perdas, produtividade, prazo, custo e sa-

quantitativo do projeto para produção.

vação de alvenaria foi de m2/dia para cada

tisfação relativos à alvenaria de vedação;

Conforme pode ser observada na Figura

profissional. Para tanto, fez-se necessária a

• etapa 2: realização da coleta de dados em empreendimento da cidade do Recife com

Tabela 1 – Quantitativos de argamassa (kg) e blocos (unidade) da torre 1

duas torres idênticas, cuja alvenaria de vedação foi executada com e sem o projeto para produção; • etapa 3: compilação e análise comparativa dos resultados obtidos. O empreendimento-alvo da pesquisa é constituído por duas torres de edifícios residenciais idênticas, aqui denominadas de 1 e 2, cujas alvenarias de vedação do pavimento-tipo foram executadas sem e com projeto para produção, respectivamente. Cada edifício é constituído de térreo, 12 pavimentos-tipo, cobertura e reservatório

Quantitativo torre 1 (sem projeto para produção) Torre 1

Argamassa de assentamento

Bloco inteiro

Meio bloco

Compensador de 9 cm

Compensador de 4 cm

Alvenaria externa

72.621

24.792

5.208

7.980

7.785

Alvenaria interna

229.500

121.620

22.740

35.472

39.375

Total da torre 1

302.121

146.412

27.948

43.452

47.160

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30

tar uma pesquisa de estudo de caso relativa

Tabela 2 – Quantitativos de argamassa (kg) e blocos (unidade) da torre 2 Quantitativo torre 2 (com projeto para produção) Torre 2 Alvenaria externa

Argamassa de assentamento

Bloco inteiro

Meio bloco

Compensador de 9 cm

Compensador de 4 cm

66.778

19.224

4.908

4.932

6.528

Alvenaria interna

204.000

104.760

21.624

16.128

19.200

Total da torre 2

270.778

123.984

26.532

21.060

25.728

superior. Cada pavimento-tipo dispõe de oito apartamentos, cada qual constituído de sala (estar/jantar), cozinha, três quartos (uma suíte), banheiro social e de serviço. O esquema da disposição das vedações verticais

Tabela 3 – Quantitativos estabelecidos no projeto para produção de argamassa (kg) e blocos (unidade) Quantitativo do projeto para produção

Argamassa de assentamento

Bloco inteiro

Meio bloco

Compensador de 9 cm

Compensador de 4 cm

pode ser observado na Figura 1, cuja lâmina

Alvenaria externa

40.662

17.736

4.728

4.068

2.736

do pavimento-tipo do edifício tem 38,32 m

Alvenaria interna

124.212

92.940

19.776

14.520

16.332

de comprimento e 18,05 m de largura.

Total do projeto

164.874

110.676

24.504

18.588

19.068

31


Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30

coleta de dados referente à quantidade de

Tabela 4 – Área (m2) e pontos de elétrica (unidade)

funcionários pertencente a cada equipe de

Indicador de Produtividade

elevação das torres 1 e 2, às áreas de alvenaria interna e externa, aos pontos de elétrica pertencentes às alvenarias internas e externas e aos ciclos em dias para a execução de cada serviço de elevação. Logo, a fórmula adotada para o cálculo da produtividade (P) foi: P = (área/ciclo) / no de profissionais Onde: • a área em m2;

• o ciclo em dias. Na Tabela 4, tem-se a quantidade de área e

pontos elétricos da alvenaria. Na Tabela 5, tem-se a produtividade da elevação de alvenaria externa e interna da torre 1. Na torre 1, o número de profissionais (equipe considerada para o cálculo da produtividade) não está inteiro, pois o serviço de instalações elétricas, caixas e quadros foi

m2/pavimento-tipo

%

Pontos de elétrica

%

225,9

24,7%

36

11,0%

Elevação de alvenaria interna

690,1

75,3%

292

89,0%

Total em alvenaria de vedação vertical

916,0

100,0%

328

100,0%

Elevação de alvenaria de periferia, escada e poço do elevador

Tabela 5 – Produtividade da mão de obra na torre 1 Torre 1

Equipe (no de profissionais)

Ciclo (dias)

Área (m2)

Produtividade (m2/dia)

Elevação de alvenaria de periferia, escada e poço do elevador

3,4

3,0

225,9

21,9

Elevação de alvenaria interna

9,6

6,0

690,1

12,0

Instalações elétricas, caixas e quadros

4,0

5,0

-

-

Serviços

Tabela 6 – Produtividade da mão de obra na torre 2 Torre 2 Serviços Elevação de alvenaria de periferia, escada e poço do elevador Elevação de alvenaria interna + instalações elétricas, caixas e quadros

realizado com uma equipe posterior à elevação da alvenaria. Com isso, o número de profissionais de elétrica que trabalhou nas instalações da elevação foi dividido de forma proporcional aos pontos de elétrica per-

Torre 1

Ciclo (dias)

Área (m2)

Produtividade (m²/dia)

Observação

4,0

3,0

225,9

18,8

---

9,0

9,0

690,1

8,5

3 Pavimentos (1o ao 3o)

9,0

7,00

690,1

10,9

9 Pavimentos (4o ao 12o)

9,7

---

Método executivo convencional e execução simultânea dos serviços Início

Término

Ciclo (dias/ pavimento)

Duração (dias)

Elevação de alvenaria de periferia, escada e poço do elevador

08/12/2010

11/03/2011

3

36

-

Elevação de alvenaria interna

17/12/2010

11/04/2011

6

72

-

Instalações elétricas, caixas e quadros

13/01/2011

18/04/2011

5

60

-

Total

168

Dias trabalhados

83

Intervalo entre início e término dos serviços

somado aos pedreiros que trabalharam nas

elevação de alvenaria externa e interna da

Equipe (n° de profissionais)

Tabela 7 – Início e término de alvenaria da torre 1

Serviços

Na Tabela 6, tem-se a produtividade da

Método executivo racionalizado e execução separada dos serviços

Média elevação de alvenaria interna+instalações elétricas, caixas e quadros

tencentes às alvenarias externa e interna e respectivas elevações das alvenarias.

Método executivo convencional e execução simultânea dos serviços

torre 2. Na torre 2, a execução das instalações

Total

elétricas, caixas e quadros foi realizada em conjunto com a elevação da alvenaria; logo, os profissionais de elétrica foram somados aos pedreiros, resultando em um número inteiro de profissionais (equipe considerada para o cálculo da produtividade). Cabe considerar que a equipe (profissionais) que atuou na torre 2 recebeu treinamento prévio relativo ao emprego do projeto para produção, tendo em vista que nenhum

Tabela 8 – Início e término de alvenaria da torre 2 Torre 2 Serviços Elevação de alvenaria de periferia, escada e poço do elevador Elevação de alvenaria interna + instalações elétricas, caixas e quadros

Método executivo racionalizado e execução separada dos serviços Início

Término

Ciclo dias/ pavimento)

Duração (dias)

1o/3/2011

07/06/2011

5

60

-

9/6/2011

18/07/2011

9

27

3 Pavimentos (1o ao 3o)

19/7/2011

17/10/2011

7

63

9 Pavimentos (4o ao 12o)

Total

150

Dias trabalhados

150

Intervalo entre início e término dos serviços

profissional havia trabalhado com os princípios da racionalização construtiva. 32

Observação

Total

Observação


Indicador de custo Torre 1

Argamassa de assentamento

Bloco inteiro

Meio bloco

Compensador de 9 cm

Compensador de 4 cm

Equipe de produção

Total

Alvenaria externa

14.164,8

31.488,4

3.470,4

3.035,1

2.960,4

11.845,1

66.964,2

Alvenaria interna

44.763,7

154.460,4

15.091,56

13.479,8

14.869,0

68.765,0

311.429,5

---

---

---

---

---

28.402,4

28.402,4

58.928,5

185.948,8

18.562,0

16.515,0

17.829,4

109.012,5

406.796,1

Equipe de instalações elétricas, caixas e quadros Custo torre 1

Tabela 10 – Custos (R$) da alvenaria na torre 2 Indicador de custo Torre 2

Argamassa de assentamento

Bloco inteiro

Meio bloco

Compensador de 9 cm

Compensador de 4 cm

Equipe de produção

Total

13.024,9

24.418,3

3.196,6

1.875,0

2.480,6

20.213,6

65.209,1

Alvenaria externa Alvenaria interna

39.790,0

133.045,2

14.056,9

6.128,6

7.296,0

128.468,2

328.784,9

Custo torre 2

52.814,9

157.463,5

17.253,5

8.003,6

9.776,6

148.681,8

393.994,0

Tabela 11 – Avaliação das ações voltadas à racionalização da alvenaria disponibilização dos pedreiros da torre 1.

Indicador de satisfação Engenheiro

Mestre de obra

Pedreiro 1

Pedreiro 2

Servente

Resposta satisfatória

1 - Experiência anterior com projeto

Sim

Não

Não

Não

Não

1 - Sim

Respostas

O sentido decrescente foi uma proposta do projetista de vedação.

2 - Dificuldade de adaptação

Não

Não

Não

Não

Não

2 - Não

3 - Apresentação do projeto pelo projetista

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

3 - Sim

Para obtenção dos valores de custos dos

4 - Treinamento da equipe

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

4 - Sim

serviços de elevação de alvenaria das torres

5 - Percepção da eficiência da logística de materiais

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

5 - Sim

1 e 2, foi realizado um levantamento com o

6 - Entendimento das elevações e detalhes

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

6 - Sim

7 - Controle da qualidade da execução

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

7 - Sim

8 - Melhoria comparativa entre as torres 1 e 2

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

8 - Sim

9 - Percepção de diminuição da produtividade na torre 2

Não

Não

Não

Não

Não

9 - Sim

10 - Contribuição na diminuição de perdas

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

10 - Sim

11 - Satisfação final no uso do projeto

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

11 - Sim

12 - Uso futuro de projeto

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

12 - Sim

3.4 Indicador de custo

quantitativo gasto em aquisição de argamassa industrializada de assentamento, blocos e seus submódulos e salários dos funcionários

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30

Tabela 9 – Custos (R$) da alvenaria na torre 1

no período de execução do serviço. Nas Tabelas 9 e 10, estão contidos os custos dos materiais e os somatórios totais das torres 1 e 2, respectivamente.

3.5 Indicador de satisfação A maioria dos profissionais que pertenceram à equipe de elevação da alvenaria não havia trabalhado ainda sob os princípios da

3.3 Indicador de prazo

Na torre 1, a execução da alvenaria ocor-

racionalização com a utilização do projeto

A partir do cronograma da obra e linha

reu no sentido crescente dos pavimentos e

para produção, como os operários da torre

de balanço, foi observado o prazo de início e

de forma simultânea, com um pavimento de

2, onde cada parede teve sua paginação e

término dos serviços de elevação de alvena-

diferença entre a alvenaria externa e interna.

detalhamento definidos.

ria externa e interna dos torres 1 e 2.

Na torre 2, a execução da elevação da al-

Para obtenção do indicador de satisfa-

Na Tabela 7 são apresentadas as datas de

venaria externa seguiu o sentido crescente

ção, foi elaborado um questionário com 12

início e término e durações dos serviços de

dos pavimentos. Ao término do último pa-

perguntas, cujas respostas podiam ser sa-

alvenaria da torre 1. Na Tabela 8 são apre-

vimento teve início a elevação da alvenaria

tisfatórias ou não, com uma coluna para o

sentadas as datas de início e término e du-

interna e seu sentido foi decrescente ao dos

registro de observações. Esse questionário

rações dos serviços de alvenaria da torre 2.

pavimentos, decisão tomada em função da

foi aplicado junto à equipe de cinco funcioná33


Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30

rios envolvida com o serviço de alvenaria da torre 2: engenheiro, mestre, dois pedreiros e

Torre 1

Torre 2

Diferença

Percentual

302.121,2

270.778,2

31.343,0

10,4%

servente. Cada pergunta tinha uma resposta,

Argamassa de assentamento

satisfatória ou não, a partir da qual se con-

Bloco inteiro

146.412,0

123.984,0

22.428,0

15,3%

seguiu chegar a um percentual de satisfação

Meio bloco

27.948,0

26.532,0

1.416,0

5,1%

individual de cada entrevistado e um percen-

Compensador de 9 cm

43.452,0

21.060,0

22.392,0

51,5%

tual global.

Compensador de 4 cm

47.160,0

25.728,0

21.432,0

45,5%

Na Tabela 11, tem-se a avaliação indivi­ dual do sistema de racionalização.

Tabela 13 - Perdas de argamassa (kg) e bloco (unidade) da torre 1 versus projeto para produção da alvenaria Torre 1

Projeto para produção

Diferença

Percentual

Argamassa de assentamento

302.121,2

164.874,0

137.247,2

45,4%

Bloco inteiro

146.412,0

110.676,0

35.736,0

24,4%

Meio bloco

27.948,0

24.504,0

3.444,0

12,3%

perdas estão apresentados na Tabela 12 e

Compensador de 9 cm

43.452,0

18.588,0

24.864,0

57,2%

estão expressos em kg para argamassa e

Compensador de 4 cm

47.160,0

19.068,0

28.092,0

59,6%

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS 4.1 Indicador de perdas Os resultados relativos ao indicador de

unidades para os blocos e seus submódulos, além da diferença percentual. Considerou-se o consumo de materiais para as elevações

Tabela 14 - Perdas de argamassa (kg) e bloco (unidade) da torre 2 versus projeto para produção da alvenaria Torre 2

Projeto para produção

Diferença

Percentual

Argamassa de assentamento

270.778,2

164.874,0

105.904,2

39,1%

Bloco inteiro

123.984,0

110.676,0

13.308,0

10,7%

Meio bloco

26.532,0

24.504,0

2.028,0

7,6%

tou consumo de materiais inferior àquele da

Compensador de 9 cm

21.060,0

18.588,0

2.472,0

11,7%

torre 1. Destaca-se o máximo de 51,53%

Compensador de 4 cm

25.728,0

19.068,0

6.660,0

25,9%

externa e interna de ambas as torres. Analisando-se os resultados da Tabela 12, tanto para a argamassa quanto para os blocos, percebe-se que a torre 2 apresen-

na diferença percentual de compensadores de 9 cm, representando uma economia de

• no confronto entre as quantidades de mate-

reposição dos blocos quebrados (quebras

22.392 unidades.

riais realmente consumidas da torre 2 e aque-

oriundas do transporte externo) pelo forne-

Também foi realizada a análise comparati-

las informadas pelo projeto para produção,

cedor, fato que ajudaria a diminuir ainda mais

va relativa ao consumo real de materiais en-

ainda ocorre uma perda razoável; porém mui-

o índice de perdas da torre 2 em relação ao

tre a torre 1 e o quantitativo estabelecido no

to menor do que aquela resultante da torre 1;

projeto. Estimativas dos autores deste artigo,

projeto para produção desenvolvido para a

• considerando-se a torre 2 e o projeto para

considerando uma reposição em torno de 5%

torre 2; além da comparação relativa ao con-

produção, a maior diferença percentual de

e, tomando-se como referência o bloco intei-

sumo real de materiais entre a torre 2 e o seu

perda foi encontrada para a argamassa de

ro, o indicador de perda cairia para 5,73%,

projeto para produção, conforme as Tabelas

assentamento, provavelmente pelo incipien-

mais próximo de 3% estabelecido pelo TCPO

13 e 14, respectivamente.

te emprego de blocos de concreto e da pa-

14 (2012).

Analisando-se os resultados das Tabelas

34

Tabela 12 – Perdas de argamassa (kg) e bloco de concreto (un.) entre as torres 1 e 2

lheta (desempenadeira estreita de madeira)

4.2 Indicador de produtividade

13 e 14, pode-se depreender que:

pela equipe de produção. Entre os compo-

• no confronto entre as quantidades de ma-

nentes de bloco de concreto, a maior perda

Os resultados relativos ao indicador de

teriais realmente consumidas da torre 1 e

do compensador de 4 cm pode ter origem na

produtividade estão apresentados na Tabela

aquelas informadas pelo projeto para pro-

necessidade de melhoria das condições de

15 e estão expressos em m2/dia, além da di-

dução, ocorre uma perda bastante expres-

armazenamento, assim como nos cortes de

ferença percentual.

siva. A maior diferença encontrada foi de

componentes para ajustes de modulação.

Analisando-se os resultados da Tabela

28.092 unidades do compensador de 4 cm,

Ressalta-se ainda a não fiscalização ade-

15, tanto na elevação das alvenarias inter-

resultando em 59,57% de diferença percen-

quada no recebimento dos blocos de con-

nas quanto nas alvenarias externas da torre 1

tual em relação ao projeto;

creto e, consequentemente, a ausência de

percebeu-se uma melhor produtividade em


Tabela 18 – Resultados da satisfação

Torre 1

Torre 2

Diferença

Percentual

Elevação de alvenaria de periferia, escada e poço do elevador

21,9

18,8

-3,1

-14,0%

Elevação de alvenaria interna + instalações elétricas, caixas e quadros

12,0

9,7

-2,3

-19,0%

Tabela 16 – Resultados do prazo Dias trabalhados Intervalo em dias entre o início e término dos serviços

Quantidade de acertos

Percentual

Engenheiro

11,0

91,7%

Mestre-de-obra

10,0

83,3%

Entrevistados

Pedreiro 1

10,0

83,3%

Pedreiro 2

9,0

75,0%

Servente

10,0

83,3%

Indicador de satisfação final

83,3%

Torre 1

Torre 2

Diferença

Percentual

168

150

18

10,7%

economia total de R$ 12.802,11, equivalente

-80,7%

a 3,15%.

83

150

-67

Ressalta-se a exceção da equipe de pro-

Tabela 17 – Resultados do custo (R$)

dução, profissionais que trabalharam na

Torre 1

Torre 2

Diferença

Percentual

execução da alvenaria, os quais apresenta-

Argamassa de assentamento

58.928,52

52.814,88

6.113,64

10,4%

ram custo superior na torre 2 em relação à

Bloco inteiro

185.948,76

157.463,52

28.485,24

15,3%

torre 1. Isto se deve ao intervalo em dias en-

Meio bloco

18.561,96

17.253,48

1.308,48

7,1%

tre o início e término dos serviços, visto que

Compensador de 9 cm

16.515,00

8.003,64

8.511,36

51,5%

na torre 2 a duração da execução da alvena-

Compensador de 4 cm

17.829,36

9.776,64

8.052,72

45,2%

ria foi cerca de 80% superior ao da torre 1,

Equipe de produção

109.012,48

148.681,81

-39.669,33

-36,4%

conforme programação estabelecida pela

Total

406.796,08

393.993,97

12.802,11

3,2%

própria gerência da obra. Cabe destacar ainda que não foram con-

relação à torre 2. Provavelmente, esse re-

ção das alvenarias externas e internas da tor-

siderados nos custos apropriados alguns ou-

sultado reflete a situação existente, na qual

re 1 ocorreu de forma simultânea; enquanto,

tros itens vantajosos no emprego da raciona-

nenhum profissional da equipe de elevação

na torre 2 de forma separadas, isso explica

lização construtiva ao projeto para produção,

havia trabalhado com os princípios de racio-

o atraso de 67 dias da torre 2 em relação à

os quais aumentariam ainda mais a economia

nalização baseados no desenvolvimento do

torre 1 entre o início do primeiro serviço e o

obtida pela torre 2, como por exemplo: os ras-

projeto para produção.

fim do último serviço, gerando uma diferença

gos para embutimento de instalações, a limpe-

percentual negativa de 80,72%.

za e o transporte de resíduos, a quantidade de

Na elevação externa houve uma diferença m2/dia

entre a torre

Entretanto, ao se levar em consideração

caçambas e de uso de aterro; além dos custos

1 e a torre 2; já na elevação interna executada

os dias trabalhados de cada equipe executo-

intangíveis oriundos do ambiente desorganiza-

posteriormente à externa essa diferença caiu

ra dos serviços de elevação de alvenaria até

do e custos indiretos da administração.

de produtividade de 3,07

para 2,29

m2/dia.

Acredita-se que o efeito

a conclusão do produto final, a torre 2 obteve

aprendizagem, o qual diminui a produtividade

uma economia de 18 dias, gerando uma dife-

no início de um serviço ainda desconhecido

rença percentual positiva de 10,71%.

sultados obtidos.

4.4 Indicador de custo Os resultados relativos ao indicador de custo estão apresentados na Tabela 17 e es-

4.3 Indicador de prazo Os resultados relativos ao indicador de

4.5 Indicador de satisfação Os resultados relativos ao indicador de satisfação estão apresentados na Tabela 18

– baseado no projeto para produção – e a localização interna contribuíram para os re-

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30

Tabela 15 - Resultados da produtividade (m2/dia)

tão expressos em reais, além da diferença percentual.

e estão expressos em unidades positivas de satisfação (quantidade de acertos), além do percentual positivo de satisfação. Analisando-se os resultados da Tabela 18, percebe-se um indicador de satisfação

prazo estão apresentados na Tabela 16 e es-

Analisando-se os resultados da Tabela

acima de 83%, tendo-se o maior percen­tual

tão expressos em dias, além da diferença

17, percebe-se que a torre 2 obteve econo-

atribuído pelo engenheiro da obra e com to-

percentual.

mia em quase todos os elementos avaliados

dos os demais participantes da pesquisa sa-

Analisando-se os resultados da Tabela

em relação à torre 1, fazendo com que ao fi-

tisfeitos com o resultado obtido com a utili-

16, faz-se necessário salientar que a execu-

nal dos processos executivos houvesse uma

zação do projeto para produção. 35


Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos resultados obtidos na pesquisa realizada, pode-se atestar a importância do projeto para produção da alvenaria de vedação com blocos de concreto como elemento contributivo para a racionalização da construção. Os resultados alcançados são bastante satisfatórios quando comparados às perdas e aos custos do processo construtivo tradicional; porém, podem ser ainda melhores

Referências BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, J. P. R. Análise do desenvolvimento e da utilização de projeto para produção de vedação vertical na construção civil. São Paulo, 2004. 184p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. BARROS, M. M. S. B; SABBATINI, F. H. Diretrizes para o processo de projeto para a implantação de tecnologias construtivas racionalizadas na produção de edifícios. São Paulo, 2003. 24p. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, BT/PCC/172. CEOTTO, L. H. Projetos coordenados. Téchne, São Paulo, n. 135, p.40-45, 2008.

com a experiência e a efetiva implementação

CORRÊA, C. V.; ANDERY, P. R. P. Dificuldades para a implementação de projetos para

do projeto para produção.

a produção de alvenaria: um estudo de caso. Gestão & Tecnologia de Projetos, São

A análise comparativa entre as torres 1 e 2 mostrou resultados satisfatórios em relação aos indicadores pesquisados a favor da existência e aplicação do projeto para produção. A produtividade mostrou potencial de melhoria, considerando ainda que a equipe de

Paulo, v. 1, n. 1, p. 104-125, nov. 2006. DUEÑAS PEÑA M. Método para a elaboração de projetos para produção de vedações verticais em alvenaria. São Paulo, 2003. 160p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. LORDSLEEM JR., A. C. Melhores práticas - alvenaria de vedação com blocos de concreto. São Paulo: Associação Brasileira de Cimento Portland, 2012.

produção era iniciante no uso do projeto para

MAGALHÃES, E. F. Fissuras em alvenarias: configurações típicas e levantamento de

produção da alvenaria, com resultados pró-

incidências no estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004. 177p. Dissertação

ximos entre as duas torres. Quanto à satis-

(Mestrado em Engenharia Civil) - Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio

fação, considerando a utilização do projeto

Grande do Sul.

para produção, todos os profissionais entrevistados aprovaram os resultados de racionalização dos serviços; além de outros benefícios encontrados na sua execução, como a logística de abastecimento, detalhamento das paredes, melhor qualidade no serviço, menor quantidade de retrabalho e uma obra mais limpa e sustentável. As mudanças organizacionais ocorridas

MANESCHI, K.; MELHADO, S. B. Escopo de projeto para produção de vedações verticais e revestimentos de fachada. In: VIII WORKSHOP BRASILEIRO DE GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS, 8., 2008, São Paulo. Anais. São Paulo: PCC/EPUSP, 2008. CD-ROM. SOUSA, R.V.R. Interface projeto-obra: diretrizes para a preparação da execução de vedação em obras de edifícios verticais. Recife, 2009. 174p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de Pernambuco. PINHO, S. A. C. Desenvolvimento de programa de indicadores de desempenho para

em função do desenvolvimento e aplicação

tecnologias construtivas à base de cimento: perdas, consumo e produtividade.

do projeto para produção permitiram, em

Recife, 2013. 268p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade de

um mesmo empreendimento, atingir um pa-

Pernambuco.

tamar tecnológico mais evoluído na segunda torre, cuja alvenaria de vedação foi executada sob os princípios da racionalização cons-

TCPO. Tabelas de Composição de Preços para Orçamentos. 14. ed. São Paulo: Pini, 2012.

trutiva. Ficaram comprovadas, sem contar os benefícios intangíveis, as melhorias resultantes na redução dos custos e aumento da qualidade, além da expectativa da diminuição dos custos e das solicitações de reparos após a entrega.

AUTORES Alberto Casado Lordsleem Júnior é graduado em engenharia civil pela UFPE (1994); com mestrado (1997), doutorado (2002) e pós-Doutorado (2010) em Engenharia de Construção Civil e Urbana pela Escola Politécnica da USP; LivreDocência pela Universidade de Pernambuco (2012). É professor associado; docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PEC), docente de cursos de especialização e coordenador do MBA em Tecnologia e Gestão da Construção de Edifícios da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco. Coordenador do Politech Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia e Gestão da Construção de Edifícios. E-mail: acasado@poli.br Victor Amadeu Lopes Silva é engenheiro civil, mestrando na Universidade Federal de Pernambuco

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Foto: divulgação Rio 2016

Centro Paraolímpico Brasileiro, em São Paulo

Destinado à prática de 15 modalidades paraolímpicas, o Centro Paraolímpico Brasileiro, em São Paulo, localizado em área de 65 mil m2 no início da Rodovia dos Imigrantes, zona sul paulistana, exigiu investimentos do PAC, no valor de R$ 264,7 milhões para obras. O complexo esportivo paulista, que começou a ser construído em 2013 e deverá ficar pronto até o final deste ano, tem parte de suas vias e áreas comuns pavimentadas com piso intertravado de concreto.




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