REPRESENTAÇÕES VISUAIS DOS KAAPOR NAS EXPEDIÇÕES DE DARCY RIBEIRO ENTRE 1949/1951

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ser apresentados a partir da leitura dos arquivos sobre a expedição, tais como: utilização de película em formato 35mm e também em 120mm, Preto e Branca; utilização

de

flash

externo;

além

de

elementos

mais

“subjetivos”

como

enquadramento, utilização da luz/contra-luz, obturador em velocidades sempre altas (congelamento das imagens). Porém, é primordial atentar para as orientações sob as quais estas imagens estão sendo produzidas. Orientações essas que irão influenciar nas composições das fotografias, na escolha do objeto e ponto de vista ou mesmo na supressão de certos elementos que não são interessante como registro etnográfico.

Antes de entrar na especificidade do acervo fotográfico, devemos questionar: qual a política governamental adotada ao longo do século XX em relação aos índios? Qual papel o SPI desempenha como órgão responsável pela tutela oficial dos índios? Os termos tutela, proteção, amparo (além de outros sinônimos) deixam transparecer a lógica protecionista do SPI, colocando o Estado como o mediador das relações entre os índios (vistos como vítimas do contato com o mundo) e a sociedade civil (vista como “superior” ou como a forma de vida a qual os índios deveriam aderir). Essa perspectiva está inserida no contexto da influencia positivista no Brasil da 1ª metade do século XX. A partir do Estado Novo (déc. 30), a racionalização burocrática e tecnocratização serão impostas ao SPI (LIMA, 2002, p. 169), começando a mudar o paradigma da política oficial às populações indígenas. As influências teóricas do SPI foram norte-americanas, principalmente o material produzido pelo Bureau of Indian Affairs. Mas a partir da déc. 40, o Indigenismo Mexicano tornou-se “fonte de diálogo e algumas de suas idéias foram incorporadas (...) na origem do modo protecionista de exercício do poder tutelar no Brasil(...)” (Idem, p. 170). Uma das primeiras formas encontradas pelo órgão oficial para aproximar as populações indígenas da civilização será transformando-as em trabalhadores rurais, aderindo ao modo de produção capitalista. Assim, as formas de trabalhos comunitários destinados ao bem coletivo praticados pelos povos indígenas serão, aos poucos, suprimidas.

Nesse sentido, a proteção oficial encaminhou essas

populações para o contato maciço com o modo de vida dominante, provocando a

e, após cursar introdução básica em Cinema e aperfeiçoar-se em fotografia industrial, Heinz Foerthmann é admitido no SPI como “Diretor artístico de cinematografia e sonografia” da Seção de Estudos (SE). Para uma biografia e filmologia mais completa, ver MENDES (1993).


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