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Revista Comunicação Social - FKB

Ano 2013 - Edição 01


Sumário Sumário Companheiro diário, Rádio faz 90 anos no Brasil vislumbrando digitalização e revolução no AM

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Profa. Adriana Martins

A poética no expressionismo e abstracionismo Prof. Davi Gangi

A técnica da animação por Stop Motion na Publicidade e Propaganda

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Profa. Amábile

Transformando Hobby em Ciência Prof. Marcelo Camargo

A criação Poética e Estética na propaganda enganosa Prof. Mario Sérgio

Comunicação Virtual. Facebook, A cortina que não descortina. Prof. Luciana

Entre o Homo sapiens e o Homo semioticus Prof. Celso Ribeiro

“Motivações para Governança de Tecnologia da Informação no processo das avaliações, nas Instituições de Ensino Superior Privado no Brasil” Prof. Marcus Vinicius

A Democracia Brasileira pós 2002 As mudanças na geografia do voto no eleitorado brasileiro Prof. Luiz Fernando

O surgimento de novas oportunidades no mercado regional - para os profissionais da área de Comunicação Prof. Marcos Bueno

Imagem e Gestão da Comunicação Institucional. Prof. Rodrigo Cafundó

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Mantenedora "Fundação Karnig Bazarian" Faculdades Integradas de Itapetininga - FII Curso de Comunicação Social - Coordenadoria de Comunicação Social - Relações Públicas e Publicidade e Propaganda Revista Laboratório do Curso de Comunicação Social produzida na AGECOM - Ano I - Nº 01 - Abril 2013

Expediente: Coordenador Acadêmico: Prof. Dr. Eliel Ramos Maurício Coordenadora dos Cursos de Comunicação Social: Prof. MS Iracema Caritas Muza Soares Maurício Conselho editorial: Profa. MS Amábile Cristina Brugnaro Santos, Prof. MS Mario Sérgio Augusto das Graças, Prof. Luiz Fernando Amaral dos Santos Organização Geral: Prof. Marcelo Camargo, Prof. Marcos Rogério Bueno Editorial: Prof. Dr. Eliel Ramos Maurício, Editoração Gráfica: Prof. Marcelo Camargo e Prof. Marcos Rogério Bueno, Autores: Profa. Adriana Martins, Profa. MS Cristina Brugnaro Santos, Profa. Luciana Rendenta Rosalen Figueira, Prof. Davi Gangi, Prof. Rodrigo Cafundó, Prof. MS Mario Sergio Augusto das Graças, Prof. Mario Celso, Prof. Luis Fernando, Prof. MS Marcelo Camargo, Prof. Marcos Bueno, Prof. Marcus Vinicius. Revisão: Profa. Adriana Martins, Profa. Luciana Rendenta Rosalen Figueira, Prof. Marcelo Camargo Jornalista Responsável: Adriana da Silva Martins -Mtb 30.392 Projeto Gráfico: AGECOM - Agencia de Comunicação - Curso de Comunicação Social Tiragem: 1.000 exemplares - Circulação: Nacional Os artigos assinados podem não refletir necessariamente a opinião da instituição, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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Editorial Editorial Prof. Dr. Eliel Ramos Maurício É uma honra muito grande participar da apresentação e do lançamento da revista do curso de Comunicação Social das Faculdades-FKB, uma realidade que vem ao encontro dos anseios da comunidade acadêmica. Ao mesmo tempo, satisfaz a alma constatar seu corpo docente abraçando, espontânea e definitivamente, a causa da pesquisa e da difusão do conhecimento, uma das missões desta instituição de ensino. Enche o coração de alegria verificar que, com a revista, nossos esforços vêm sendo coroados de êxito. Nada obstante as adversidades, que não têm sido poucas, as quais temos enfrentado até com a paga da injustiça, tem sido possível realizar o sonho coletivo de manter o compromisso com a qualidade em todos os aspectos da instituição. Esta revista é mais uma meta que foi alcançada. Reconforta recordar que quando o apóstolo Paulo está chegando ao final da sua vida, faz um balanço de tudo o que se passou. Constata que muito foi feito. E diz que combateu o bom combate, ideia de uma luta renhida e constante pela causa de Cristo, cuja vida consumiu nisso. Mas combateu sem reclamar, porque aplicou as suas energias numa obra sagrada, por isso que afirma (I.Cor. 9:27): “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado”. Desgastou-se naquilo que valia a pena. É o que se sucede. Nós, professores, despendemos nossos esforços para a formação de pessoas livres. Tudo, na certeza de que virá uma sociedade transformada, que apresente uma melhoria nas relações humanas, que seja mais justa. Queremos semear sementes em solo fértil, o da nossa juventude. Queremos adubá-las com o conhecimento, com a ética, com o profissionalismo, com o desenvolvimento de competências e habilidades forjadas no pensamento crítico. Nesse contexto é que nasce esta revista. Como um objetivo coletivo alcançado. E como o começo de um canal de difusão das pesquisas na área da comunicação, já que seu compromisso é com o desenvolvimento da ciência e com a promoção de uma reflexão crítica sobre os mais diversos temas da área. Isto pode ser comprovado com uma simples leitura do sumário de todos os excelentes artigos que a constituem, bem como pelo fato de ser uma revista científica.


1 Companheiro diário, Rádio faz 90 anos no Brasil vislumbrando digitalização e revolução no AM Profa. Adriana Martins entrevista Magaly Prado, autora do livro lançado este ano “A História do Rádio no Brasil”. Entre sala de aula e os laboratórios de rádio e TV da FKB, a professora Adriana Martins mostra claramente a sua paixão pelo rádio, veículo pelo qual ela também carrega a experiência da prática há 14 anos. A professora e jornalista é hoje gerente administrativo da Rádio Nova Regional FM, com 140 cidades de alcance no interior paulista, e leciona as disciplinas Teoria da Comunicação e Produção em Rádio e TV. Ela realizou entrevista inédita com a radiomaker, pesquisadora e professora universitária Magaly Prado sobre questões pertinentes à história e a evolução do rádio no momento atual. Magaly lançou em 2012 o livro “A História do Rádio no Brasil”, editora Da Boa Prosa, tratando sobre os 90 anos do rádio no Brasil, exclusivamente para a revista Comunix. Profa. Adriana Martins- Como o rádio se iniciou no Brasil em 1922? Magaly Prado - Ele começa educativo, de elite, com música de alta qualidade, principalmente musical, e ele começa com um discurso às pessoas, inaugurando assim a radiodifusão brasileira.

Profa. Adriana - O Rádio AM está fadado a não mais existir com esta digitalização? Magaly - Com a digitalização é o contrário. Para o AM é uma revolução. Porém, vai saber se todo mundo vai conseguir digitalizar. Porque para você trocar um transmissor vai ter que despender de muito dinheiro, e não só isso, na outra ponta, quem vai ouvir, o receptor vai ter que comprar um aparelho que capte o rádio digital. E aí é muito complicado porque a pessoa já tem o seu rádio, analógico, ele já ouve aquela rádio daquele jeito, e pode falar, ah pra que que eu vou comprar... No começo, o aparelho vai custar caro ainda. Lá fora você consegue o aparelho por cem, cento e cinquenta dólares. Aqui não sei por que ainda não temos né? Mas vamos supor que tenha um preço similar, as pessoas vão falar ah porque eu vou gastar dinheiro com isso se eu posso ter o meu radinho aqui. Então também vai ser a questão da cultura do brasileiro de trocar o seu rádio de analógico para o digital. Isso vai demorar. Enquanto houver um ouvinte de rádio, ninguém vai querer perder esse ouvinte, vai querer atendê-lo também. Em alguns países, eles colocam um prazo, até tão ano, depois desse ano não vai ter mais rádio analógico. Então, nesse caso, é preciso se programar, guardar dinheiro para comprar o aparelhinho porque não vai mais haver o rádio analógico. Aqui no Brasil tem esta discussão, enquanto houver rádio analógico vou querer mantê-lo, não vou querer nem pensar em perder esta audiência. Não se sabe ainda se vai ter uma imposição de período para fazer esta transposição, até porque como é muito caro trocar todos os transmissores, muita rádio não vai trocar simplesmente. Então o que está acontecendo com a AM é quando a AM vai clonada para a FM né. O pessoal consegue uma frequência na FM e fica uma rádio simplesmente local e retransmitindo um clone, só transfere a programação para uma frequência FM. Muita gente está fazendo isso em São Paulo.

Profa. Adriana - Havia influência de outros países na produção de rádio brasileira? Magaly - Sempre tem. Não sei dizer ao certo quanto isso influenciou mas sempre tem, obviamente acaba se inspirando no que acontece lá fora em primeiro. Principalmente na música, até hoje, a música é universal e na rádio musical isso tem total influência. Profa. Adriana - Podemos elencar algumas rádios que foram mais marcantes para a história do rádio no Brasil?

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Imagem de uns dos aparelhos de rádio mais antigo do mundo

Magaly - A gente até pode, mas é tão complicado isso, porque tem rádios principais em várias regiões do país, aí tenho medo de falar de uma rádio ou de outra e esquecer algum veículo importante. Uma que é muito forte é a própria Rádio Nacional, no Rio, e não é só ela, uma coisa que é bem forte dizer, é que a gente não pode parar só na Rádio Nacional. A gente sabe da importância dela mas havia na época também uma rádio ou outra tão importante quanto ela. É que a Rádio Nacional realmente tinha muita audiência. Mas tinha a Rádio São Paulo, a Rádio Tupi. A própria Rádio PanAmericana, a rede Jovem Pan, ela foi muito marcante por conta de ser uma rádio pioneira no esporte. Daí temos a Rádio Inconfidência, em Minas Gerais, em Pernambuco tem rádios que até hoje dominam a audiência no Brasil inteiro. Quem tem mais audiência no Brasil? É Pernambuco. E sempre foi historicamente. Não conheço o motivo, mas o quanto a gente sabe de dados que o IBOPE já aferiu sabe-se que a grande audiência é em Pernambuco. Então nem é São Paulo, nem é Rio de Janeiro. O sul do país também é muito forte com seus grupos de rádio, e ganham muitos prêmios, e quem ganha muito prêmio também é o pessoal do nordeste. Então é ruim falar de uma rádio ou de outra porque posso estar esquecendo alguma.

Profa. Adriana - E sobre personagens que fizeram sua história ser marcante? Magaly - O Brasil é muito grande, tem muitas rádios, se for contar todas, passa de 9 mil! Claro que tem alguns que a gente sabe que dominam a audiência, mas como agora que a gente consegue ter audiência nacional ou até internacional pela internet , você consegue ter


mais acessos a radialistas do Brasil todo e de fora do Brasil, mas até então, antes dos anos 90, você não tinha, você só ouvia o que você conseguia captar na sua região, então para mim o principal comunicador ou radialista não é o seu. Também quer dizer muito o fato de ele estar há muito tempo no ar. E às vezes ele está há muito tempo no ar e não é tão importante quanto aquele que tem menos tempo mas que de repente revolucionou. Posso dizer um, o Osmar Santos, que no esporte revolucionou o rádio. Também do Nicolau Tuma, que começou fazendo aquela questão da velocidade, da cobertura lance a lance. Você pode pegar do humor, o pessoal do PRK-30, com a dupla Lauro Borges e Castro Barbosa e até hoje eles fazem escola no humor. Tem o Ari Barroso, que subia no telhado para fazer cobertura de rádio. É preferível falar daqueles que já foram que daqueles que estão até hoje porque daí você pode esquecer de alguém importante.

Profa. Adriana - Podemos dizer que as radionovelas deram o tom das telenovelas no Brasil, que fazem sucesso até hoje pelo público? Magaly - Com certeza, porque o drama no rádio, a ficção, une pessoa, une famílias, une vizinhanças. As pessoas começaram ir à casa um do outro para poder acompanhar um capítulo de radionovela, e aí todo mundo ficava em volta do rádio. Era um momento comportamental também muito importante e que influencia também toda uma literatura dramática do nosso país. As radionovelas já existiam no México, em Cuba, e depois nós começamos a criar nossos próprios dramas, nossas histórias, narradas em capítulos e, claro, quando chega a televisão todo mundo migra para lá. Aí a radionovela vira telenovela e, aos poucos, vai saindo do rádio. Não é só o fato de a telenovela existir que a radionovela acaba, é porque havia outros fatores também, como o tempo, tempo de acompanhar capítulo, muito mais gente começa a trabalhar. E a audiência de rádio sempre foi muito

feminina, sempre a mulher ouvia muito mais rádio do que o homem. E a mulher vai trabalhar e, como boa parte das mulheres vai trabalhar, o rádio perde-se audiência de radionovela.É lógico que não são todas as mulheres que vão para o mercado de trabalho, mas grande parte vai, e isso também diminui a audiência do drama, da ficção.

Profa. Adriana - E sobre personagens que fizeram sua história ser marcante? Magaly - O Brasil é muito grande, tem muitas rádios, se for contar todas, passa de 9 mil! Claro que tem alguns que a gente sabe que dominam a audiência, mas como agora que a gente consegue ter audiência nacional ou até internacional pela internet , você consegue ter mais acessos a radialistas do Brasil todo e de fora do Brasil, mas até então, antes dos anos 90, você não tinha, você só ouvia o que você conseguia captar na sua região, então para mim o principal comunicador ou radialista não é o seu. Também quer dizer muito o fato de ele estar há muito tempo no ar. E às vezes ele está há muito tempo no ar e não é tão importante quanto aquele que tem menos tempo mas que de repente revolucionou. Posso dizer um, o Osmar Santos, que no esporte revolucionou o rádio. Também do Nicolau Tuma, que começou fazendo aquela questão da velocidade, da cobertura lance a lance. Você pode pegar do humor, o pessoal do PRK-30, com a dupla Lauro Borges e Castro Barbosa e até hoje eles fazem escola no humor. Tem o Ari Barroso, que subia no telhado para fazer cobertura de rádio. É preferível falar daqueles que já foram que daqueles que estão até hoje porque daí você pode esquecer de alguém importante.

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Profa. Adriana - Podemos dizer que as radionovelas deram o tom das telenovelas no Brasil, que fazem sucesso até hoje pelo público? Magaly - Com certeza, porque o drama no rádio, a ficção, une pessoa, une famílias, une vizinhanças. As pessoas começaram ir à casa um do outro para poder acompanhar um capítulo de radionovela, e aí todo mundo ficava em volta do rádio. Era um momento comportamental também muito importante e que influencia também toda uma literatura dramática do nosso país. As radionovelas já existiam no México, em Cuba, e depois nós começamos a criar nossos próprios dramas, nossas histórias, narradas em capítulos e, claro, quando chega a televisão todo mundo migra para lá. Aí a radionovela vira telenovela e, aos poucos, vai saindo do rádio. Não é só o fato de a telenovela existir que a radionovela acaba, é porque havia outros fatores também, como o tempo, tempo de acompanhar capítulo, muito mais gente começa a trabalhar. E a audiência de rádio sempre foi muito feminina, sempre a mulher ouvia muito mais rádio do que o homem. E a mulher vai trabalhar e, como boa parte das mulheres vai trabalhar, o rádio perde-se audiência de radionovela.É lógico que não são todas as mulheres que vão para o mercado de trabalho, mas grande parte vai, e isso também diminui a audiência do drama, da ficção.

Profa. Adriana - Você analisa que houve uma mudança muito grande dos anúncios publicitários de rádio de antigamente para agora? Magaly - Existia na verdade até um pouco antes das radionovelas, na verdade nos anos 30 já havia uma abertura para a publicidade, e as radionovelas vêm uma década depois. Havia o anúncio na radionovela como um patrocinador e ele bancava todos os capítulos. Hoje tem uma diferenciação desse aporte financeiro no rádio por diversas formas. Temos hoje patrocinadores de uma rádio inteira, não só de uma radionovela ou capítulo. Pelo menos em São Paulo tem a Sul América Trans, tem a Bradesco, já teve a Mitsubishi.

Locutor Ronaldinho da Rádio Nova Regional FM

Tem rádios com marca que patrocina 24 horas. Então é um pouco diferente da época que patrocinava apenas uma radionovela que na época tinha uns 140 capítulos.


Profa. Adriana - O projeto de flexibilização da Voz do Brasil só precisa ser votado no plenário da Câmara. Qual a sua opinião sobre o assunto? Magaly - Eu não me dedico a estudar muito esse tipo de tema, mas eu sou contra qualquer tipo de obrigatoriedade. Eu acho que é importante ter mas deveria ser melhor produzido. É importante ter sim, mas num horário mais livre, um horário que cada rádio dentro de sua programação escolhesse o horário de transmissão. O único problema é que, se você tem um horário livre para escolher, muitos vão colocar de madrugada. Então teria que ser melhor produzido, mais gostoso de ouvir, para que todo mundo colocasse num horário mais audível. Outra possibilidade é espalhar em cinco minutos, não ficar uma hora direto. Espalha na programação de cinco minutos por hora e você consegue uma audição melhor.

Magaly - É muito importante, principalmente se você considerar quem não tem acesso a outros meios de informação, aquele que trabalha no meio do mato, na roça, pessoas que ficam muito tempo nos ônibus, nos trens, e tem aquele tempo que pode ser perdido, mas não é, porque a pessoa está ali se informando com o seu radinho de pilha, ou com o rádio embutido no celular. E hoje a gente tem 40% dos celulares no Brasil com rádio. Lá fora, nos EUA, você tem 100% dos aparelhos com rádio por conta das catástrofes, foram obrigados a colocar rádio no celular. Então aqui as pessoas ficam ligadas em rádio nos metrôs, nos carros, então é importante para que as pessoas possam se instruir e entender melhor o mundo.

Profa. Adriana - O rádio é considerado um meio de comunicação rápido, barato e de grande penetração. Como analisa suas principais contribuições para a sociedade?

Autor: Prado, Magaly Editora: Da Boa Prosa O rádio é o companheiro diário de milhões e milhões de brasileiros, tem enorme penetração nos domicílios e ainda encontra ouvintes no trânsito e em alguns ambientes de trabalho. O livro de Magaly Prado não apenas resgata uma parte importante da história do veículo, como também destaca e reforça os principais momentos e os profissionais que encantaram plateias e influenciaram diretamente a formação cultural brasileira. Se o Brasil é hoje conhecido internacionalmente por suas telenovelas, é importante dar o crédito correto às radionovelas. No campo esportivo o rádio também tem um papel fundamental. Que outro veículo de comunicação entra nos estádios e sofre junto com o torcedor brasileiro?

Profa. Adriana Martins

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2 A poética no expressionismo e abstracionismo Sempre admirei a poesia escrita, a poesia concreta e a poética visual. Para este texto sobre estética (na Arte) fui logo escolher fazer uma reflexão sobre a relação entre dois quadros e seus títulos. De estilos diferentes, e de diferentes pintores: Matisse, que me impressionou por seu expressionismo ilibado, principalmente no quadro: A DANÇA; e Kandinsky, o pai do abstracionismo por sua singular aplicação e uso das cores. sce de uma rede de relações, não me assusta com as declarações abaixo, proferidas por Kandinsky e Matisse: “Esforço-me por criar uma arte que seja perceptível a todos os observadores” “O titulo só serve para confirmar minha expressão” “As cores tem uma beleza própria que devemos preservar, tal como tentamos preservar o som da música” Henri Matisse. Wassly Kandinsky, em 1937 disse: “O conteúdo da pintura é pintura. Aqui nada há a decifrar: o conteúdo transborda de alegria e fala aquele para quem a forma se tornou viva, isto é, plena de conteúdo”. Matisse em seu NU AZUL IV, coloca em evidência a presença do corpo humano; já Kandinsky na tela de IMPRESSAO III (concerto), com seu abstracionismo lírico, coloca a quase ausência da realidade. FATOS RELEVANTES SOBRE OS PINTORES: Henri Matisse nasceu no Norte da França em 31 de dezembro de 1869. Morreu em 1954 vitima de um ataque cardíaco. Não estava predestinado para ser pintor, mas sim, como ele próprio dizia “filho de um comerciante de sementes, destinado a prosseguir os negócios do pai”. Matisse não foi nenhum talento precoce ou prodígio como Pablo Picasso. Matisse ficou internado quase três meses numa clinica, sendo dois meses com gripe; foi operado e sobreviveu a duas embolias pulmonares. Foi nesse período, que ele fez os nus azuis. Sua técnica de cortar diretamente na cor fazia com que Matisse se lembrasse dos escultores de pedra. “A cor apenas pode alcançar a sua força de expressão plena se for organizada e a sua escala de intensidade corresponder às emoções do artista”. Ao dizer isso Matisse aponta para o uso de um filtro emocional para a escolha do azul na serie de nus. Quanto à arte abstrata, Matisse temia a contestação, mas estava ao mesmo tempo receptivo ao abstracionismo dominante naqueles anos. Sendo que para ele a abstração deveria estar enraizada na realidade. Para Matisse a figura humana deveria ser dominante. Wassily Kandinsky nasce na Rússia em 4 de dezembro de 1866, numa família da alta burguesia. O pai era um comerciante de chá natural da Sibéria. Kandinsky que aos 26 anos diploma-se em Direito, tem uma nova perspectiva de vida ao contemplar os quadros de Rembrandt descobriu nas áreas de luz e sombras um “poderoso acorde duplo” no contraste das cores. A não figuração também era uma de suas “bandeiras”. Outra ideia era a síntese de todas as artes, onde convergem todas as forças espirituais, largamente difundidas na elite intelectual da época. Conforme Cézanne: “A cor é o lugar onde nossa mente e o Universo se encontram”. Wassily Kandinsky, no seu ensaio Sobre a Arte Espiritual (1912), com o qual lança os princípios teóricos da arte abstrata, serviu-se do contraste entre dois pintores como exemplo: Matisse – cor; Picasso-forma. Matisse estabeleceu para si uma regra: cores puras e aplicadas de forma lisa, redução do desenho a linhas arabescas e espaço com superfície plana. Kandinsky não foi o único a

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tentar dissolver a realidade no quadro. Em 1880, Vicente Van Gogh procurava animar os objetos da natureza na tela, empregando as cores com o máximo de intensidade. A libertação da pintura do mundo dos objetos reconhecíveis foi para ela uma forma de se aproximar do segredo do “espiritual na arte”. “A arte abstrata é a mais difícil de todas. Porque para entregar-se a ela é preciso ser um bom desenhista, ter grande sensibilidade para a composição e para as cores. E, o que é mais importante, ser um poeta autentico” Kandinsky, em Reflexões Sobre a Arte Abstrata. 1931. Para o poeta Maurice Maeterlinck: a arte de Kandinsky também é poesia abstrata, num discurso de cores e formas.

As cores e Kandinsky: O amarelo é a cor tipicamente quente, o azul a cor tipicamente fria. Estas duas cores manifestam-se em movimento horizontal, o amarelo avançava na direção do expectador. Acrescentando branco ao amarelo, intensifica-se o efeito, da mesma forma que o azul é intensificado, juntando-lhe o preto. Para Kandinsky as cores também possuem qualidades espirituais: o amarelo é uma cor que se impõe de forma inquietante e possui uma tonalidade estridente, sendo tipicamente terrestre enquanto o azul é a cor tipicamente celeste. Segundo Kandinsky o azul atrai o homem para o infinito, e desperta nele uma nostalgia do mundo puro e sobrenatural. Em termos musicais, o timbre azul é comparável à profundidade do órgão. O verde sendo uma mistura de azul e amarelo anula em si as direções opostas destas duas cores. É uma cor perfeitamente calma e passiva, sendo benéfica sobre os homens fatigados, mas pode se tornar cansativo ou causar aborrecimento ao fim de algum tempo. “Por isso, o verde puro ocupa no reino da cor o lugar ocupado pela burguesia, no reino dos homens: um elemento imóvel, satisfeito consigo próprio, limitado em todas as direções. Kandinsky descreve o cinzento como estando próximo da imobilidade do verde, mas trata-se de uma imobilidade desoladora, na medida em que esta cor assenta na mistura das duas cores não sonoras, o branco e o preto. O vermelho é caracterizado como uma cor extremamente viva, agitada e poderosa, com uma grande profusão de possibilidades, e diversidade de efeitos psíquicos e simbólicos. No plano musical, o vermelho faz lembrar os sons das fanfarras, o escarlate soa como uma tuba, e o vermelho alizarina soa como as notas agudas de um violino. Kandinsky influenciado pelas combinações geométricas do suprematismo russo, Kandinsky faz da analise das relações forma-cor um elemento importante do seu seminário sobre cores na Bauhaus. Ele considerava que certas cores correspondiam melhor que outras a determinadas formas. A melodia faz na música exatamente o que faz o desenho na pintura, é ela que representa os traços e as formas, cujos acordes, ritmos e sons são apenas cores.


Kandinsky considerava a composição VIII um dos seus quadros mais importantes dos anos pós-guerra. Entre 1911 e 1914, Kandinsky manteve com o compositor e pintor Arnold Schoenberg, criador da música atonal, uma correspondência intensa e animada. O que existe numa palavra? Letras, sons, significado e conteúdo. A palavra é um signo linguístico que expressa uma ideia, e existe a serviço da comunicação e da arte. Pode representar um objeto, uma imagem, uma sensação, uma ação, uma percepção, uma qualidade, um ser, é a matéria-prima da expressão. Uma palavra ou signo compreende duas polaridades; o significado (aspecto conceitual, a imagem abstrata) e o significante (aspecto concreto, gráfico, a imagem acústica). Quando desconhecemos o significado de uma palavra, a significação não se completa, pois só o que compreendemos é o significante (conjunto sonoro e/ou gráfico). Reunida ao seu significado, a palavra deixa de ser apenas um fenômeno sonoro ou gráfico (significante). Ao evocarmos ideias através do filtro da nossa emoção, da nossa subjetividade, temos a conotação, que corresponde a uma transferência de significado usual, para um sentido figurado. Qualquer produção discursiva, linguística (oral ou escrita) ou extralinguística (pintura, música, fotografia, propaganda, cinema, teatro, etc.) apresenta funções da linguagem. Enquanto a poética produz efeito estético através da linguagem metafórica; a metonímia nasce, ao contrario da metáfora, de uma relação objetiva entre o plano do conteúdo e o plano de expressão simbólico do termo; já a alegoria (uma figura poética) é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto. Fazendo uma comparação entre os estilos artísticos das obras escolhidas aqui, com as figuras de palavra, temos: uma relação entre o Nu Azul de Matisse e a metáfora, pois a figura, como um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade de quem cria; e outra relação entre o estilo de Kandinsky com uma das formas de metonímia, justamente a que substitui o concreto pelo abstrato. Tanto a poesia visual de Matisse como a de Kandinsky causa no receptor/decodificador (que é quem contempla o quadro) uma sinestesia, ou seja, sensações diferentes para uma mesma expressão. Isso sem levar em conta que a imagem, como no caso das palavras, também é uma forma de narração, é marcada pela temporalidade; a descrição, pela especialidade; e a dissertação pela racionalidade. Quem narra trabalha com os fatos; o que descreve, com características; e o que disserta, com juízos. Independente do suporte, da técnica e do estilo, isso pode ser construído com palavras, com formas e cores, ou por meio de gestos. Uma pintura de Matisse, por exemplo, surgiu a partir de diferentes substancias de expressão – plásticas, cromáticas, recortes e colagens. Quando tomamos contato com a obra, o que vemos são as substancias citadas já “enformadas”, colocadas num sistema de relações: percebemos um fundo claro, por exemplo, um corpo nu feminino “recortado” em azul, e o titulo: O NU AZUL IV. Temos uma semiótica sincrética porque estamos diante de diferentes linguagens (plástica, cromática, gestual e textual) administradas, unidas e hierarquizadas em um único “todo sentido”. Para analisá-lo, devemos procurar entender que há dois planos, o do conteúdo, onde o texto diz o que diz lugar do inteligível (e do passional), e o plano da expressão, pensando não só para “carregar” os conceitos como também para ser o lugar do sensível, dos efeitos de contrastes, movimentos, profundidade, entre outros. Uma das mais importantes conquistas teóricas da semiótica

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foi hierarquizar o plano do conteúdo (mais precisamente a forma do conteúdo) e estabelecer mais níveis de abstração para analisá-lo: o fundamental, o narrativo e o discursivo. A teoria serve, contudo, para investigar níveis de produção de sentido, do mais simples e abstrato até o mais complexo e concreto: é o chamado percurso gerativo de sentido. É importante ressaltar que a semiótica diferencia discurso e texto. Discurso é o nível do percurso gerativo mais superficial e ao mesmo tempo mais enriquecido semanticamente. Texto é a união do plano de conteúdo (níveis discursivo, narrativo e fundamental) com o plano de expressão. Para evitar confusões com a palavra texto, estamos chamando de título à parte verbal escrita e escolhida para acompanhar a obra de arte. O plano de expressão maneja a dimensão do sensível, do que é menos racionalizado, em relação à dimensão inteligível (racional) e emocional ou passional do plano de conteúdo. No plano de expressão podem ser reconhecidos formantes figurativos e formantes plásticos. Detalhemos os formantes figurativos. Em um objeto visual, podemos constatar figuras do mundo: uma mulher, um piano, um sinal de transito, algumas nuvens. Essa constatação já é a “passagem” do plano de expressão para o plano de conteúdo. Reconhecemos as figuras e vamos procurar os “sentidos”, os conceitos que carregam os temas subjacentes. A figura é o significado, não o signo. Voltemos um pouco no tempo para entender o semi-simbolismo. Os sistemas simbólicos são linguagens cujos dois planos estão em conformidade total: a cada elemento da expressão corresponde um – e somente um – elemento do conteúdo, a tal ponto que não é rentável para o analista distinguir ainda o plano de expressão e o plano de conteúdo, pois eles têm a mesma forma. Os sinais de transito são exemplos de sistemas simbólicos. Os sistemas semióticos são linguagens nas quais não existe conformidade entre os dois planos, onde é preciso distinguir e estudar separadamente expressão e conteúdo. As analises semióticas sobre artes plásticas (pintura, fotografia, escultura) e poesia mostraram a importância de um terceiro tipo de sistema, os semi–simbólicos ou poéticos, que se definem não mais pela conformidade entre elementos isolados dos dois planos, mas pela relação entre categorias do plano da expressão e categorias do plano de conteúdo. A função poética ou estética da linguagem tem como referente à própria mensagem, o que compõe sua ambivalência operacional. A mensagem volta-se para si mesma, para sua própria estrutura, para sua própria produção de sentidos. Marcadas por elos, e por relações em todos os níveis – sonoros, gráficos, pictóricos, espacial e rítmico -, a linguagem poética viola o sintagma para encontrar uma nova forma de representar, de fugir aquela representação em que o signo se comporta como mero substituto. Comecemos pelo suporte. No caso de NU AZUL IV, o fundo branco é a primeira substancia da expressão a ser trabalhada, para produzir o suporte para receber a montagem do “guache recortado”. O branco serve de primeira base de construção dos contrastes. Há uma relação entre durável x efêmero. Também no papel recortado, temos já ai relações semi-simbólicas, no branco opaco x o azul (do guache), do plano de expressão, sugerindo uma relação entre saúde x doença. O NU AZUL IV, colado sobre um fundo branco, possui um sentido minucioso da posição da posição espacial dos membros. Os nus azuis de Matisse parecem esculturas feitas de um material abstrato (inatingível). Tem uma presença física escultural e decorativa. Estes recortes exigiram semanas de experiência e erros, antes de


Matisse conseguir encontrar as posições que lhe agradassem, impondo rotas para o olhar, criando muito mais do que efeitos estéticos. Matisse usa grandes extensões neutras (fundo branco circundante) justamente para valorizar e cercar os elementos do corpo feminino (circundado). A categoria: intenso x distenso está relacionado às estratégias emocionais do plano de conteúdo, ou seja, de criação de efeitos passionais, de valores em que se quer fazer crer. Quando Matisse cede mais espaço para a cabeça e membros (formas maiores), está comunicando que deu mais atenção a razão do eu aos sentimentos, em relação às formas menores (tórax e abdome). O que parece mais acertado afirmar é que o efeito geral da objetividade ou subjetividade de um texto sincrético deve ser analisado por meio da soma dos efeitos de sentido de suas diferentes unidades, o que faz relativizar o resultado geral.

Matisse estabeleceu para si uma regra: cores puras e aplicadas de forma lisa, redução do desenho a linhas arabescas e espaço com superfície plana. Seu NU AZUL IV convocou uma semiótica visual por meio da palavra (paradigmática) uma forma visual. A imagem do corpo feminino e azul é figurativa. Já a IMPRESSÃO III (concerto) de Kandinsky, que foi pintado pouco depois do primeiro concerto que Schoenberg deu em Munique, em Janeiro de 1911. Suas cores dominantes são o amarelo e o negro, lembrando à mancha negra a forma de um piano, o instrumento mais importante no concerto de Schonberg. Este quadro é a demonstração da capacidade de percepção sinestésica de Kandinsky: é o som das cores, que pode e deve ser totalmente dissonante, que ele vê a expressão mais intensa. A melodia faz na música exatamente o que faz o desenho na pintura, é ela que representa os traços e as formas, cujos acordes, ritmos e sons são apenas cores. A propósito da cor amarela, Kandinsky escreve: “o amarelo... inquieta o homem, pica-o, irrita-o e mostra o caráter da força expressa na cor, força que atua finalmente sobre a alma de uma forma insolente e importuna”. “Como um eterno silêncio sem futuro nem esperança, soa o negro interiormente...” afirma Kandinsky. A relação sincrética plástica entre dois quadros é complexa, pois há um referencial entre o FIGURATIVO e o POÉTICO.

NATUREZA (Matisse) Valoriza a forma humana; Realidade; Clareza quase monocromática; Figuração; Pregnância da forma; Simplicidade.

CULTURA (Kandinsky) Valoriza o espiritual; abstração; cores relacionadas com a forma e conteúdo da narração plástica; Música; Poética; Complexidade.

Não cultura; Fuga do conhecido; Formas livres; Enfermidade / emocional; Não racionalização; Gesto;

Não natureza; Manchas sem limites e bordas; Mistura de cores intensas; Formas esculturais (recortadas e coladas); Evento musical/espiritual; Pose;

Bibliografia: BECKS – MALORNY, Ultrike – Kandinsky. Ed. Benedikt Taschen Verlag – Itália/Portugal, 1995. BIGAL, Solange. O Estético na Publicidade, São Paulo: Nobel, 2003, 2ª Ed. P. 42-44. ESSERS, Volkmar – Matisse. Ed. Taschen Verlag - Alemanha.

Prof. Davi Gangi

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3 Transformando Hobby em Ciência Mais que um artigo acadêmico, este é o relato de alguém que conseguiu transformar algo que gosta em profissão, e assim, trabalha com o que lhe dá prazer. O objetivo é mostrar que podemos unir vários mundos, criar uma nova realidade e, assim, expandir as possibilidades. O sucesso e a felicidade caminham juntos, e estão em nossas mãos.

Definições e conceitos iniciais O termo hobby, em sua essência, significa ação destinada à ocupação e recreação, para fins de diversão e entretenimento, e que não exige de seu executor a prática eficiente e eficaz. Em certos casos é entendido como método de terapia ocupacional. No dicionário aparece como “atividade de recreio ou descanso praticada nas horas de lazer”. Podemos concluir, portanto, que um hobby é aquilo nos diverte e nos proporciona prazer, mesmo que seja uma atividade profissional. Em contrapartida, a ciência é a “soma dos conhecimentos práticos que servem a determinado fim”. Ainda, é um “ramo de conhecimento sistematizado como campo de estudo ou observação e classificação de fatos atinentes a um determinado grupo de fenômenos e formação das leis gerais que o regem”. Quando deixamos de lado o amadorismo e passamos a levar a sério nossas atividades de lazer e entretenimento, a diversão fica em segundo plano, e ganha espaço a sede pelo aperfeiçoamento, que toma forma e conquista destaque. Abstraindo os conceitos e definições, vejamos um pouco da história, dos passos e tropeços que ao acaso uniram diferentes áreas do conhecimento em função de uma finalidade única.

Tecnologia Adolescente e ainda sem saber ao certo qual profissão seguir durante toda a minha vida, dei ouvidos, acertadamente, aos testes de aptidão, que sempre apontavam para algo relacionado à informática. Os computadores tornaram-se extensão de meu corpo já na época dos monitores monocromáticos verdes e das fitas magnéticas para armazenamento de dados digitais. Os “uns” e “zeros” foram durante muito tempo o meu segundo idioma e a lógica binária era a minha forma de pensar, raciocinar, concluir e decidir (acredito que ainda seja). Muitas primaveras se passaram, e felizmente, o saber tecnológico é, mais do que nunca, um diferencial e fator de seleção no mercado de trabalho. O domínio da Tecnologia da Informação posiciona o indivíduo nos degraus mais altos da escalada profissional, garantindo-lhe distinção e evidência. Conquanto, tal conhecimento isolado pode converter-se em soluções fracas e desfechos ineficientes. A sensação é que falta alguma coisa. Há um espaço, uma lacuna a ser preenchida.

Comunicação A área da comunicação entrou de forma tardia em minha vida profissional, porém, como um instrumento de reavaliação das necessidades e possibilidades do mercado de trabalho. Até então apenas analista de sistemas e programador, descobri como comunicólogo um novo mundo, repleto de ferramentas úteis e fundamentais para o exercício de qualquer profissão. Rapidamente, passei a embasar todas as minhas decisões e apoiar meu ofício nas teorias de comunicação. O estudo científico da comunicação é bastante amplo, o que nos leva a um conhecimento aprofundado da natureza humana. Conhecer e dominar os sistemas de informação e da comunicação é

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Hexacópetro em plano de vôo


indispensável no mundo globalizado. Como professor tive a oportunidade de absorver métodos e técnicas de mídia, pesquisa, planejamento, gestão, e mais recentemente, a incrível arte da produção de cinema e vídeo. Gradativamente, os estudos foram se tornando mais abrangentes, até o instante em que as áreas de Tecnologia e Comunicação fundiram-se em uma nova e poderosa ferramenta.

Tecnologia e comunicação Por algum tempo, busquei situações para a utilização deste recurso ainda virgem. A junção de duas técnicas distintas estava à disposição e em busca de problemas a serem resolvidos. Mas, onde? Como? A ascensão e intensa aceitação da Internet em nosso cotidiano logo se apresentaram como excelente candidata e voluntária para os testes de aplicação, munido e armado com as teorias somadas de comunicação e tecnologia. E o resultado não poderia ser melhor. O tiro foi tão certeiro que, atualmente, na Era da Informação, é praticamente impossível realizar trabalhos dirigidos à Internet sem contemplar as Teorias da Informação e Comunicação.

Aviação Desde a infância me interesso pela aviação e direciono minha atenção para tudo que voa. Isso certamente é influência familiar, ou ainda um traço genético, pois meu pai sempre foi piloto desportivo, e também, apaixonado por aviões. Cresci vendo fotos e filmes de incríveis máquinas voadoras, com acrobacias fantásticas, ouvindo os ensurdecedores e apaixonantes roncos dos motores e acompanhando a rápida evolução da tecnologia aérea. Por diversos motivos acabei seguindo outros caminhos profissionais, o que definitivamente me afastou da possibilidade de ser piloto, engenheiro ou técnico relacionado à aeronáutica. Mesmo assim, mantive acesos o interesse e a curiosidade. Vencidas as fases de estudo, formação profissional, conquista e garantia de espaço no mercado de trabalho, passei a dispensar parte do meu tempo a atividades extras, em busca qualidade de vida emocional, e assim como muitos, resgatei minha paixão da infância. A aeronáutica é agora o meu hobby. Aeromodelismo O ingresso nesse maravilho e complexo mundo das miniaturas voadoras aconteceu naturalmente, tanto pela condição familiar, quanto por questões de saúde, momento em que optei, como terapia, pela prática salutar de esforços físicos e mentais. Muitos ainda classificam a atividade como “brincar de aviãozinho”, mas há muito conhecimento envolvido neste esporte. Sim, esporte! O aeromodelismo é um conjunto de atividades que envolvem a construção e o vôo de modelos de aeronaves e espaçonaves, geralmente em escala reduzida, e passou a ser considerado esporte a partir da fundação da ABA - Associação Brasileira de Aeromodelismo em 1959, atualmente denominada COBRA - Confederação Brasileira de

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Equipamento de controle de vôo em primeira pessoa

Aeromodelismo - que regula, coordena, organiza, dirige e difunde o aeromodelismo no país, além de representá-lo interna-cionalmente. Mais do que apenas uma brincadeira de adultos, trata-se de um esporte dividido em diversas modalidades, com campeonatos realizados periodicamente em todo o território nacional. Envolve também outras áreas de conhecimento como engenharia, mecânica, eletrônica, mecatrônica e robótica.

Tudo junto e misturado O interesse por assuntos completamente diferenciados e sem relação direta, em algum momento, pode gerar a convergência, produzindo algo essencialmente novo. Uma novidade não se caracteriza apenas pelo ineditísmo, mas também, pelo uso de algo já existente em uma situação não convencional. Como pioneiro no Brasil, incluí a computação, a teoria da comunicação, os métodos de captação cinematográfica e a tecnologia aeronáutica em uma única aplicação. Todo esse conhecimento embarcado em uma plataforma com possibilidades limitadas apenas pela imaginação e criatividade. Na mesma linha, seguindo uma tendência mundial que se iniciou de forma despretensiosa na Alemanha, trouxe para o Brasil a modalidade de vôo FPV (First Person View - Visão em primeira pessoa), onde o piloto controla sua aeronave de forma remota, utilizando como referência a imagem de uma câmera embarcada. Até então, esta tecnologia era restrita a órgãos militares, devido ao alto custo dos equipamentos. Como forma de divulgação e popularização, há três anos criei uma rede social de pesquisadores e desenvolvedores, o FPVBrasil, que hoje é composto por quase 4.000 membros ativos, espalhados por todo o país.


O fruto dessa mistura tecnológica e científica é a criação de uma ferramenta para produção de imagens aéreas, que estará disponível no mercado, em breve, como um modelo eficiente, seguro e com baixo custo de investimento. A indústria cinematográfica, organizações midiáticas, empresas de segurança e monitoramento, órgãos governamentais e instituições militares poderão fazer uso desta novidade, sem grandes investimentos.

Conclusão Como um indivíduo metódico e sistemático, tenho em mim a constante busca pela perfeição, em tudo o que faço, até mesmo nas tarefas cotidianas e corriqueiras, e como já era de se esperar, o esmero passa a ser característica marcante na prática do lazer e entretenimento. Com o tempo, um simples passatempo transformou-se em um novo ofício, digno de pesquisa e desenvolvimento. Em outras palavras, para o bem ou para o mal, transformei meu hobby em ciência.

Marcelo na AFA - Academia das Forças Aéreas em Pirassununga demonstrando seu equipamento para oficiais da Aeronáutica

Marcelo Camargo é professor universitário, formado em Publicidade e Propaganda pelas Faculdades FKB de Itapetininga, e Análise de Sistemas pela UNIMEP de Piracicaba. Especialista em Desenvolvimento em Ambiente Web, pela UNISO de Sorocaba e mestre em Ciência da Computação e Realidade Virtual. Prof. Marcelo Camargo

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4 A Criação Poética e Estética na propaganda enganosa O que é Publicidade? Se alguém produz algum bem ou se presta algum serviço e quer dar continuidade, ou seja, quer continuar produzindo ou prestando serviço, fatalmente ele não atingirá seu intento sem fazer uso da publicidade. Costuma-se dizer que nós essencialmente consumimos ovos de galinha e não de pata, porque aquelas fazem enorme alarde quando acabam de botar o ovo, o que não acontece com a outra. Certamente, a galinha sabe anunciar seu produto. Podemos, então, dizer que a publicidade tem como base a necessidade da circulação e do consumo de bens e serviços, pois se trata da influência exercida pelo surgimento e propagação de mercadorias produzidas para serem vendidas de modo massivo (Haug). Conceitualmente, publicidade pode ser definida como um “conjunto de técnicas e atividades de comunicação, informação e persuasão, destinadas a influenciar as opiniões, os comportamentos e as atitudes do público com o objetivo de divulgar as vantagens, as qualidades e a superioridade de um produto, de um serviço, de uma marca ou uma instituição”. Na verdade a publicidade é, fundamentalmente, a comunicação de uma mensagem com o propósito de, através da persuasão, convencer o público da necessidade de determinado bem ou serviço. Essa comunicação é feita utilizando-se os mais diversos meios, não importando quais sejam empregues desde que a mensagem seja transmitida, ou melhor, comunicada já que transmissão não implica em resposta emitida. Lembremos que em comunicação o silêncio do receptor é resposta também. Assim, o que cabe à mensagem publicitária é tornar familiar o produto ou serviço que se está vendendo, ou seja, aumentar sua trivialidade, e ao mesmo tempo valorizá-lo com certa dose de diferenciação, a fim de destacá-lo do lugar comum.

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´´Uma boa ideia faz uma fortuna. Sugestões de efeito seguro e absolutamente originais para anúncios ilustrados, procurem a Agência Moderna de Publicações”. 1 de julho de 1930. Confira a edição no Acervo Estadão. http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19300701-18586-nac-0012-999-12-not


Linguagem e Mensagem Quando falamos linguagem em publicidade não estamos colocando limites à língua falada ou escrita, nem à linguagem visual. Estamos, sim, dando a mais ampla e ilimitada ideia de fazer comunicação. Daí acima termos dito que a publicidade utiliza de todos os meios de comunicação sejam eles quais forem. Até alguns poucos anos atrás não se imaginava fazer publicidade via internet, o que nos leva pensar que não há limites para a comunicação. Assim, quando se vai criar uma mensagem, a publicidade adota procedimentos de vanguarda, desde que já tenham sido testados e experimentados em outras áreas, tais como poesia, música popular, teatro, cinema, TV, visando provocar interesse, informar, convencer e, por fim, transformar essa convicção no ato de comprar ou simplesmente de possuir ou ainda usufruir. É difícil, para não se dizer inconveniente, estabelecer-se qual linguagem é, potencialmente, mais importante. O publicitário vai precisar saber qual linguagem melhor expressa a mensagem que ele quer comunicar. Um texto escrito pode provocar maior impacto, melhor comunicação do que uma foto, apesar de a linguagem imagética falar por si só. É nesse sentido que todos os meios de linguagem são empregados na comunicação publicitária. Quanto à mensagem, a publicidade trata o público de forma comum, com valores comuns e iguais, não há praticamente idade pois, todos são tidos como jovens, dinâmicos, bem sucedidos. Assim, a mensagem consiste em louvar a juventude, as máquinas, o movimento, a energia e a velocidade, talvez uma tentativa de reunir em um quadro, coisas que acontecem simultaneamente no tempo: som, luz e movimento. A mensagem visa provocar impacto, sensação no sentido mais literal de sentir. Mas, depois dessa sensação, a parte mais importante do processo de percepção da mensagem publicitária é a seleção da informação nela contida, onde se pode distinguir a interpretação da informação até se chegar à percepção seletiva e até mesmo o que ela classifica de “percepção subliminar”. Também não podemos esquecer que a publicidade tem um discurso de sedução. É nesse sentido que o discurso publicitário é um dos instrumentos de controle social e, para bem realizar essa função, simula igualitarismo, remove da estrutura de superfície os indicadores de autoridade e poder, substituindo-os pela linguagem da sedução.

A Manipulação Eis aqui uma excitante e inesgotável questão da arte e da técnica publicitárias, que não poderemos esgotá-la aqui. A manipulação é empregada como arte através, principalmente, das imagens estejam elas em segundo plano, desfocadas, ou por símbolos aplicados sobre objetos de fundo. A sensação é a mais “inocente”, sem qualquer sentido aparente. A percepção em nível subliminar é muitas vezes “catastrófica”, no sentido de agir involuntariamente à consciência do público. A arte de mostrar sem ser visto conscientemente é tão antiga quanto a própria arte. Todo artista sabe disso e nos períodos em que não podia ou não devia expressar claramente suas ideias, emitia (= comunicava) suas mensagens usando a arte subliminar. O emprego de fundo difuso das imagens é uma das maneiras. Quanto à manipulação empregada através da técnica,

também, ela não é tão recente, todavia os meios eletrônicos oferecem um espectro muito mais amplo, apesar de os meios tradicionais ainda o empregarem. Dissemos acima que a publicidade tem um discurso de sedução, o público receptor é e deve ser jovem, amante do que é novo, do que é veloz, de movimento. Não se pode negar que hoje uma mulher de 50 anos aparente ter muito menos do que há 30 ou 40 anos atrás ela aparentava, fosse pelo vestuário, pelo penteado, pela maquiagem, mas principalmente pelo seu comportamento e desempenho na sociedade. Muitos valores e padrões de comportamento foram transformados. Não se pode atribuir essa transformação à publicidade, mas pode-se seguramente responsabilizá-la pela comunicação das novas mensagens. Seguindo o raciocínio acima, a mulher hoje deixou de ser a dona-de-casa com as atribuições e valores sociais de esposa e mãe, para transformar-se também na mulher dinâmica, integrada, consciente, politizada. A publicidade através da mídia veicula sua mensagem e manipula o comportamento e a vontade do público. Uma das formas mais empregadas é o merchandising visto nas telenovelas. A personagem tem força e envolve o telespectador que passa a identificá-la consigo ou com alguém de seu conhecimento. Essa personagem só dirige automóvel da marca X, usa perfume da marca Y, bebe tal refrigerante, etc. Sem dúvida o ator ou atriz estão dentro do texto da telenovela fazendo propaganda, merchandising e o público está subliminarmente recebendo essas mensagens sem saber. Essa é,

“Porque os ovos de galinha são mais procurados, se os ovos das patas são maiores e mais nutrientes? É que as galinhas cantam, anunciando cada ovo que põem, tornando-o artigo procurado. A todo industrial ou comerciante que não anuncia, acontece o mesmo que aos patos, pois a propaganda é o incentivo da procura e o prestígio da mercadoria”.

Anúncio da Associação Paulista de Propaganda publicado no dia 10 de setembro de 1947.

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Fonte: http://blogs.estadao.com.br/ reclames-do-estadao/category/publicidade/


talvez, a forma mais contundente de manipulação de mensagem publicitária. Existem, no entanto, outras maneiras de manipulação com as quais estamos constantemente em contato sem nos aperceber. O uniforme com o nome da loja, o logotipo estampado na roupa do atendente da lanchonete, as placas colocadas em volta dos campos de futebol, para citar apenas algumas das técnicas usadas para comunicar as mensagens publicitárias e manipular a opinião pública. A arte e a técnica da manipulação da mensagem publicitária fazem parte do processo de criação da publicidade. São elas apenas parte do processo criativo que tem como fim seduzir e despertar desejos e necessidades não necessariamente prioritárias no consumidor

A Criação A publicidade não dispõe de apenas uma linguagem, como já dissemos acima, pois se compõe ela de um sistema semiótico complexo com diferentes semióticas atuando em paralelo, o qual é chamado de discurso plurisignico. O uso de várias linguagens atuando concomitantemente no discurso publicitário faz com que fique fortalecida a eficácia argumentativa, bem como aumenta a facilidade de decodificação da mensagem pelo receptor. Assim, a linguagem verbal pode ajudar o receptor a decodificar melhor a linguagem não verbal. O repertório de anúncios publicitários é pródigo ao utilizar discursos plurisignicos. O emprego de linguagens denotativa e conotativa dentro de um mesmo discurso servem para o receptor melhor entender a mensagem comunicada. Podemos mesmo dizer que é no aspecto linguístico que se concretiza o sentido da potencialidade libertária da imagem, uma vez que cabe ao texto escrito transformar o exotismo ou a poesia da imagem em apelo à compra. Ao contrário de outros meios de comunicação, a publicidade possui em si um discurso eufemístico, metafórico, metassemiótico. É por essa razão que muitos a criticam dizendo que ela não retrata a realidade, dando preferência ao irreal e incomum. Mas como a Ilha da Fantasia, a mensagem publicitária é o reino da felicidade e da perfeição. Por princípio, a publicidade pertence à indústria dos sonhos - mais do que o cinema e a televisão -, por isso, nunca apresentará a sociedade tal como ela é. Baseia-se, contudo, no que vai no íntimo das pessoas. Assim, por exemplo, enquanto a maioria das mulheres fizer de si mesmas a ideia de dona-de-casa (mesmo que seja independente

e tenha um emprego), as mensagens que se dirigem a elas continuarão a tratá-las como tal. Dentro dessa ótica, a mensagem publicitária pode parecer enganosa. Deve-se, no entanto, estar atento para a linguagem semiótica implícita no anúncio. Antigamente pensava-se que o conhecimento da verdade levava à virtude. Hoje, o conhecimento da informação conduz a um juízo crítico da realidade. A comunicação tem a função, também, de satisfazer as necessidades materiais e espirituais da pessoa e de explorar o mundo dentro ou fora dos indivíduos. Para isso é importante a leitura crítica das mensagens, habilidade que consiste em identificar o seu grau de denotação-conotação, acompanhada de uma atitude de desconfiança sobre as intenções e os conteúdos ideológicos embutidos nos textos e nas imagens (Bordenave). A criação, desta forma, é tão complexa que não pode ser resumida por um quadro sinóptico, ou por uma simples fórmula ou equação. Deve o publicitário estar atento a tudo e a todos os movimentos do universo que o cerca. Deve ele estar consciente do grande papel de comunicador de mensagens, seja em forma de sonho ou fantasia, mas não abusar da ingenuidade das pessoas enganando-as convictamente.

Conclusão A criação publicitária, muito mais que em outros meios de comunicação, tem na mensagem a ser comunicada seu mais alto mérito e por isso mesmo sua missão mais perigosa, pois trabalhando com necessidades, sonhos e ilusões molda e manipula o público. Tanto as palavras, as imagens, os sons tornam-se coisas ou representação de objetos, que a linguagem publicitária pode até ser comparada a uma atividade de dominação, de controle, de sedução. A força da mensagem publicitária, fundamentada na motivação e na persuasão, pode operar mudanças comportamentais, usando para isso da mídia. Isso porque no discurso publicitário cada signo tem um significado e uma função específicos. A mensagem publicitária é uma necessidade ou uma consequência do desenvolvimento industrial e está imbuída da ideia de consumo. Aliando-se a linguagem eufemística, que pode levar a terras de fantasia e sonho, à necessidade ou despertar de desejo de consumo, podemos ter uma mensagem tida como enganosa. Será ela, no entanto, enganosa a ponto de o público ser enganado, ou ele deixar-se-á enganar conscientemente para, em sua fantasia, satisfazer seu desejo de consumo.

Bibliografia: Carvalho, Nelly de, Publicidade A Linguagem da Sedução, São Paulo, Editora Ática, 1996 Calazans, Flávio Mario de Alcântara, Propaganda Subliminar Multimídia, São Paulo, Summus Editorial, 1992 Key, Wilson Bryan, A Era da Manipulação, São Paulo, Scritta Editorial, 1993 Fernandes, Francisco A. M.,Mídias e mediações do discurso publicitário, in Comunicação para o Mercado, Correa, Tupã G., São Paulo, Edicon, 1ª edição, 1995 Imagem: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/category/publicidade/

Prof. Mário Sérgio

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5 Entre o Homo sapiens e o Homo semoticus Por uma retomada da percepção do ´´texto´´ das ruas

Vamos imaginar esta cena caricatural. Um Homo sapiens, na sua típica morfologia ancestral, transportado pelo túnel do tempo até nossos dias, sentado diante de um computador. Perplexo, ele olha para a tela, o teclado, e tem o maior de todos os choques culturais. Mas forcemos a analogia, esta metáfora com vida própria: o símio semiótico, em estado de encantamento, sente que as extensões do seu corpo, dos seus sentidos, funcionam em harmonia com a interatividade multimixer do aparelho eletroeletrônico. Ali está a síntese da evolução da espécie - do homem da caverna primitiva ao homem da caverna tecnológica dos novos tempos, dominador de múltiplas linguagens. O Homo semioticus. As inscrições rupestres, primeiras manifestações de linguagem representativa, início do mundo virtual, ganham uma nova versão. Estamos, sim, no limiar de uma nova era, cujos sinais e ícones neoprimitivos anunciam uma dimensão que ainda não sabemos onde vai parar.

Estudo recente conclui que foi a partir do momento em que os homens passaram a cozinhar, a combinar os elementos crus da natureza para produzir algo mais apetecível, que o cérebro se expandiu. Mas por essa lógica, dá para se concluir também que a partir do momento em que o homem começou a criar linguagens, a produzir representações para as coisas do mundo exterior, para o domínio do seu meio ambiente e para formar a consciência racional de suas sensações, o

cérebro se desenvolveu, inclusive fisiologicamente. Assim como se desenvolveram as relações interneuroniais, enfim, as primeiras sinapses- estas comunicações que existem entre os neurônios e que formam os níveis de consciência e o pensamento.

Pedra de Toque A partir do momento em que o homem descobriu que podia usar a pedra como arma e como utensílio, estava dado o passo inicial para a tecnologia, para o domínio da natureza e para a produção de cultura. Ou seja, a cultura é a própria expressão da linguagem, tudo o que homem criou, produziu, inventou, organizou, cultuou, se consolida na linguagem. Não existe cultura sem linguagem e vice-versa. O acúmulo de todo esse conhecimento ao longo dos milênios é a nossa maior herança. Quando a criança nasce, tudo isso já está pronto para ela aprender e usufruir, sem precisar criar tudo de novo. A experiência humana já fez isso por ela. Imaginemos agora se de uma hora para outra acontecesse um "bug" que apagasse toda a memória externa da humanidade: gravações, bancos de dados, arquivos, fotos, livros, documentos, museus, todo esse patrimônio organizado da cultura que é a base de nossa civilização. Sobraria apenas o que existe nas memórias de todas as pessoas do mundo. Como transcrever essa relíquia toda, documentar, reorganizar,

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disponibilizar? Que caos viraria o mundo do conhecimento! Mas vamos imaginar agora algo ainda pior. Um "bug das consciências". De repente, toda a nossa memória mental é deletada por um fenômeno qualquer de domínio extraterrestre ou algo assim. Teríamos um mundo cheio de construções, carros, sistemas, indústrias, comércio, obras públicas, rodovias, todo o resultado da ação humana transformada em sucata, inúteis fantasmas tecnológicos que ninguém mais sabe usar. Tudo à disposição das pessoas, mas estas não contam mais com as informações e as linguagens capazes de traduzir e orientar a mobilização desse complexo cultural. Nesse caos, os homens, a despeito de sua conformação física evoluída, diferente do Homo sapiens trazido para diante do computador, seriam novamente seres primitivos, desprovidos do domínio dos signos, sinais, códigos, tendo à disposição apenas a linguagem dos instintos. Ou seja, teriam que aprender tudo de novo. Mas será que sua estrutura corporal e mental teria guardada a memória atávica


anterior ao despertar da razão, ferramenta indispensável, esse chip indutor para um longo recomeço? São questões aqui colocadas, ao exagero, apenas para chocar e chamar a atenção da importância das linguagens enfeixadas que formam as competências, habilidades e a desenvoltura do ser humano, não importa a região do planeta em que viva.

Natureza e Razão Sem linguagens que formam a cultura, o homem não é homem, é um ser despreparado para viver. E só o homem é capaz de produzir cultura, nesse sentido consciente e mutante. O galo chinês canta igual ao galo que vive numa tribo brasileira qualquer. Ele só dispõe da linguagem instintiva, garantida pela transmissão do código genético. Isso nos leva a pensar o mundo como o convívio de dois tipos de linguagens: a linguagem natural e a linguagem criada pela ação humana. Há uma sincronia cósmica, que faz a Terra girar em torno de si mesma, garantindo nossos dias e noites, com incrível regularidade. Há o código genético, a linguagem da vida, que garante a reprodução com os indicadores marcantes da espécie. A evolução nessa área é demorada, com a lógica da existência e da sobrevivência incorporando, ao longo de milênios, novas características adquiridas. O passarinho constrói o ninho sempre a uma altura do rio onde a enchente não vai atingir. As aves sabem que se voarem em delta terão mais segurança e eficiência. As aves de arribação, que no inverno atravessam oceanos para a procriação, são capazes de, no ano seguinte, pousarem na mesma região e até na mesma árvore ou casa. Existe uma linguagem fundamental que dá sentido à vida animal, vegetal e até mineral. O que são as combinações químicas entre metais senão uma linguagem da natureza aperfeiçoada pela ação humana?

Jogo de Espelhos No mundo racional dos homens, além das linguagens formais - as línguas, os códigos, a lógica dos programas de computador - existem as linguagens não-formais, espontâneas. Tudo o que é produzido, criado, desenvolvido, palpável, observável, sentido, é uma linguagem. Do que vestimos às nossas casas, dos carros aos usos e costumes, dos hábitos aos gestos. Se a linguagem está presente em todas as manifestações, objetos, corpos, utensílios, formas e construções, pode-se dizer que tudo na vida "representa" alguma coisa, está no lugar de alguma coisa, é referencial e ao mesmo tempo referente, numa sequência de significados sem fim, porque a "coisa" tem também seu valor de código, é ícone de si mesma. Aí temos esse jogo de espelhos, onde um reflete o outro, na representação, da representação, da representação... Da mimesis aristotélica à reprodução em massa e ao simulacro do faz de conta da vida moderna, em que se manipula a forma, o conteúdo e o significado.

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‘’Comer’’ com os Olhos Intelectuais e acadêmicos, de uma forma geral, gostam de usar a expressão "um novo olhar" quando desenvolvem seus estudos, monografias, ensaios e teses. O "olhar", aí, por certo, não é simplesmente um novo jeito de enxergar determinada coisa, privilegiando a visão, mas uma nova abordagem sobre determinado tema, uma nova constatação importante na observação ou compreensão de certo fato social, artístico ou científico. Numa provocação sensorial, com vistas aos cinco sentidos, não seria o caso de desenvolvermos também, além do olhar, um novo cheirar, um novo apalpar, um novo degustar, um novo ouvir? Mesmo no mundo moderno de tantas sensações virtuais, propiciadas pela tecnologia, nossos sentidos primitivos continuam sendo os canais mais abertos e perfeitos para mandar e receber mensagens, porque o velho corpo de guerra ainda é o nosso melhor sistema de comunicação integrado. A estrutura corporal é o mais completo, misterioso e ainda desconhecido mecanismo natural colocado à nossa disposição para alimentarmos o cérebro com informações e emitirmos sinais, ainda que com as extensões do corpo que a tecnologia da comunicação, por nós criada, colocou à disposição do ser humano. A língua humana tem, em suas papilas degustativas, algo talvez superior ao código de barras do comércio, capaz de reconhecer com exatidão e incrível rapidez os sabores mais típicos guardados no banco de dados das delícias alimentares. Quando se experimenta uma feijoada, por exemplo, o código do sabor logo é decifrado pelo paladar. Reconhece-se na hora se tem aqueles ingredientes e gosto que só a querida mamãe sabe codificar na linguagem do fogão. O código de barras da língua sabe decodificar se aquele doce provoca a mesma sensação degustativa da tradicional receita da vovó. E assim por diante. E a memória olfativa, então! Certos perfumes ou cheiros naturais guardam lembranças da infância. Ao serem cheirados na vida adulta, provocam um retorno à meninice, como se o filme da vida estivesse sendo rebobinado e rodado de novo. Ah, esses códigos sentimentais e seu poder de mexer com a nossa psicologia! O repertório de músicas gravadas na nossa memória é um patrimônio afetivo. Um "novo escutar" de um velho disco faz girar a linguagem musical, e vêm à tona as lembranças queridas, nessa admirável associação que fazemos das coisas, das linguagens e dos símbolos com a nossa satisfação pessoal. E por que não "um novo apalpar"?, um redescobrir das sensações tácteis das superfíceis, estruturas, texturas, e sentir o que isso nos provoca? Uma boa experiência seria passar um dia inteiro com os olhos vendados. Sem enxergar nada, a mente e o corpo tentam redescobrir as relações das coisas por meio de outros sentidos, que não o da visão. Avaliam-se as distâncias que separam as coisas, aguça-se a audição, valoriza-se o toque para materializar e avaliar espaços, redescobre-se o faro como grande guia e orientador, reencontra-se algo meio primitivo e perdido. O enriquecimento da percepção dos cinco sentidos por certo nos traz novas ideias e soluções, inclusive na criação de peças publicitárias, como produzir fotos que criem sensações de textura, de pratos que sugiram aromas e sabores. Ou até mesmo o uso de palavras que mexam e despertam no consumidor essas sensações primitivas e totalmente vivas em todos nós. É a estética fundamental dos cinco sentidos.


O "Texto" da Realidade As teorias, os conhecimentos, as grandes descobertas estão nos livros e no imaginário popular. Elas se completam com as experiências vivenciais, com o conhecimento empírico, do erro e acerto, do bom senso, da lógica comum da vida. Ler é bom, discutir ideologias enriquece a dialética do saber, mas há o perigo de ficarmos prisioneiros do mundo ideal dos livros, como se fosse uma nova República de Platão, uma dimensão que só existe no mundo das ideias, das teorias, do universo acadêmico. Aí viramos caixas de ressonância livresca, o que pode nos afastar do real, do concreto, da teoria aplicada à prática, da prática que leva à compreensão da teoria. Ser criativo é desenvolver a capacidade de observar a vida e as coisas por seus diversos ângulos, pontos de vista, enfim, perceber aquilo que está por trás das aparências e suas relações com o contexto. Só ter algo em foco e observar o óbvio, sem articulação e amplitude holística, ou pela limitação de uma teoria, não é garantia de uma percepção avançada. "Ler o texto" do cotidiano, ouvir os sons das ruas, as conversas, tocar as coisas, apreciar os cheiros e sabores, ver os movimentos e traduzir a linguagem da vida urbana ou da natureza, é tarefa, além de prazerosa, altamente enriquecedora da linguagem humana. É fonte inesgotável de inspiração e conhecimento que, combinada com a verdade dos livros, dos pensadores e dos sábios, dá a nós um conhecimento equilibrado e uma capacidade maior de entender o ser humano e suas manifestações. Tudo isso é fundamental, principalmente para quem trabalha com Comunicação Social.

tempo e das mudanças é uma pesquisa natural em decadência. Estamos perdendo o jeito para essa relação espontânea com o meio ambiente e nos baseando em “leituras” feitas por instrumentos. Nosso faro já não é o mesmo, perdidos que estamos nos carreiros da vida urbana. Viramos “urbanejos”, temos origem roceira, mas atrofiamos o uso dos instintos. E esses continuam sendo muito importantes para nos situarmos, prevermos os perigos e ficarmos em paz com a natureza. A existência corre solta ao vivo, para ser "lida", vivida e absorvida. A vida segue lá os seus padrões, as suas regras, mas não é controlada pela ABNT... O homem caminha rapidamente para ser um Homo semioticus, que valoriza muito mais suas extensões de linguagens artificiais, envolventes e integradas, do que os limites do seu corpo, neste mundo que ficou pequeno. Perdemos as sensações vitais do corpo animal e evoluímos para um corpo semimecânico. Não demora muito, e nossos neurônios biológicos serão combinados com neurônios eletroeletrônicos, produzidos pela nanotecnologia.Talvez os diálogos ainda serão feitos apenas de downloads de arquivos de uma mente para a outra e que raciocinemos não mais a partir de palavras e frases, mas de arquivos-conceito. Talvez a própria palavra esteja com os dias (ou séculos) contados.Quem pode prever? Quem poderia acreditar que o Homo sapiens, que gravou na parede da caverna suas primeiras inscrições para sair para fora de si e criar a linguagem iconográfica, chegaria tão longe? Enquanto der, é importante não perdermos o faro, o instinto, essas ferramentas básicas que a natureza nos deu, mesmo nestes tempos em que viramos bichos da cidade.

O Novo Homem Redescobrir os cinco sentidos e fazer deles canais agudos e desenvolvidos de percepção propicia manter um convívio saudável, criativo e natural com a realidade palpável. Estamos perdendo certas referências da vida rural. Como olhar para a Lua e perceber que, se tem um halo em seu redor, é sinal de que vai chover. Ou perceber nuvens em forma de carneirinho e deduzir que vem chuva forte no dia seguinte. Se o grito dos bugios ecoa lá na grota, é temporal que se avizinha. Molhar o dedo com saliva e esticar para o alto, perceber o lado que esfria e para descobrir a direção do vento, quem ainda faz isso? Observar o comportamento da natureza ou dos animais para saber das condições do

Prof. Celso Ribeiro

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6 A técnica da animação por Stop Motion na Publicidade e Propaganda No universo pós-moderno em que estamos inseridos - tempos de grandes avanços tecnológicos nas áreas de Multimeios e Comunicação, a sociedade global é impactada por número enorme de acontecimentos e de informações. Isso acarreta mudanças significativas no fazer artístico, no potencial estético de uma obra, na assimilação e aceitação pelos diferentes públicos. Uma criação ou produção será bem sucedida somente se conseguir de alguma forma se destacar em meio ao “caos da informação” que flui em alta velocidade entre as massas, composta por pessoas com diferentes formações sócio-culturais, desde uma parcela mínima mais intelectualizada até as multidões menos esclarecidas.

Desde as primeiras décadas do século XX, a fotografia e o cinema experimental já começavam a se afirmar como novas formas de arte. A partir da década de 1960, essas artes receberam um grande impulso: novas tecnologias surgiram com a revolução eletrônica, colocando-se como ferramentas à disposição do imaginário artísticocriativo. Paralelamente à arte, diversas áreas como, por exemplo, a Publicidade e Propaganda, também articulam devido esse complexo universo que se estabelece com a cibercultura.[1] A palavra “cyber”, etimologicamente, é prefixo do grego “kubernan”, que significa dirigir, governar. Nobert Wiener, fundador da cibernética, acrescentou ao termo o significado de controle e mecanismos de feedback, conduzindo ao atual significado de rede de informações dirigidas por interfaces. Para Pierre Lévy, a rede não está no espaço, na verdade, ela é o próprio espaço. Publicitários em particular buscam incessantemente por métodos, ferramentas, idéias, entre outros, que eventualmente possibilitarão que produtos tenham esse destaque no mercado, aproveitando os apelos audiovisuais e as novas linguagens estabelecidas pelos meios de comunicação e pela cibercultura, atingindo principalmente o público jovem e adolescente. Estudos de campo, pesquisas acadêmicas e de mercado, fazem-se necessários para compreendermos possíveis maneiras de empregarmos determinadas técnicas e formas de produção artística em produções que poderão ser mais aceitas pelo público. A própria área de Publicidade e Propaganda, apropria-se de elementos, linguagens, técnicas, entre outros antes mais utilizados para fins de criação artística como, por exemplo, a área de animação em Stop Motion[2]. A animação, nas origens do termo, é o processo de dar alma ou vida, a desenhos e seres inanimados. Diferente das outras artes, a animação nasce sob o signo da arte e da técnica. Resultado da união do desenho e da pintura com a fotografia e o cinema, a animação pode fazer uso ilimitado das artes gráficas explorando as características cinematográficas do filme. No início do século XX, o cinema de animação recebeu forte influência de histórias em quadrinhos, que neste momento, já possuíam esquemas narrativos próprios e uma linguagem consolidada e bastante desenvolvida. Dos quadrinhos, os cineastas aproveitaram as estórias, as temáticas, o ritmo e as gags (piadas rápidas) em seus filmes. O cinema de animação vem se desenvolvendo então, através das mais variadas técnicas e dos aparatos advindos da

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tecnologia. No século XXI, novas categorias do audiovisual são criadas no contexto do cinema, onde as técnicas de animar 2D e 3D, propiciam a integração do cinema com a realidade virtual e anunciam caminhos do gênero. Atualmente, o cinema de animação[3] é uma enorme indústria que engloba filmes, séries para TV, conteúdo para sites, aparelhos de telefone móvel e demais meios de comunicação audiovisuais. Foi com o aparecimento das técnicas computadorizadas que a animação sofreu a revitalização que necessitava. Segundo Lev Manovich, os “velhos” dados são representados pela realidade visual e pela experiência humana baseadas em texto e audiovisuais e entendidos como “cultura”; os “novos” dados são digitais. Assim, “novas mídias” podem ser compreendidas como o mix de antigas convenções culturais de representação, acesso e manipulação de novos dados. Dessa forma, alguns autores sugerem que todas as mídias modernas como a fotografia, o telefone, o rádio, o cinema, a televisão, entre outras tecnologias de telecomunicações, passaram um dia por etapa em que foram consideradas “novas mídias”. O Rádio, primeiro meio ou veículo de comunicação de massa - capaz de atingir milhões de pessoas a um só tempo, influenci-


ou o teatro e, em seguida, tornou-se fonte autônoma para criações. No século XX, como exemplo, o rádio foi responsável pelo nascimento de uma nova estética musical quando Walter Ruttman criava o “filme acústico” na década de 1920. A técnica de animação por Stop Motion, foi inventada nos primórdios da história do cinema. Trata-se de uma ilusão de ótica que possibilitou diversas técnicas para se fazer um filme de animação. O princípio da técnica aplica-se também como recurso para efeitos visuais especiais no cinema, pois possibilita dar vida a diversos objetos, tais como recortes, bonecos, massa de modelar, utensílios, etc, ou ainda atores vivos. A trilha sonora como um todo interage com a imagem de maneira a “dar vida” aos objetos e modelos esculpidos. Softwares, mapeamentos de movimento e cálculos diversos são utilizados para que os resultados sejam precisos em produções mais profissionais. As categorias de técnicas Stop Motion são consideradas bastante didáticas e amplas. A criação poderá ser simples ou extremamente complexa e meticulosa. Pela facilidade de realização em sua forma simples, é comum encontrarmos profissionais vivenciando a técnica em festivais de animação, criando vídeos em claymation ou pixilation, como exemplo, no Anima Mundi[4]. A característica marcante das técnicas de animação conhecidas em geral como Stop Motion, consiste em sua natureza espacial, ou seja, os objetos a serem animados são dotados de volume, contrariamente ao que ocorre, por exemplo, com o desenho animado produzido tradicionalmente em mesas de luz e com outras técnicas 2D ou animação plana. De maneira semelhante a estas, o Stop-Motion pode ser desenvolvido segundo algumas técnicas diferenciadas de manipulação, que vão desde o simples deslocamento quadro a quadro de pequenos objetos inanimados até a animação praticada com atores vivos - conhecida como pixilation, em que adquire extrema importância a memória muscular. Encontramos exemplos na publicidade audiovisual, desde os mais antigos anúncios aos recentes, onde os produtos aparentemente se movem, ganham “vida” ou embalagens se abrem revelando seus conteúdos. Animar em Stop Motion de maneira mais minuciosa exige que o profissional recrie ou componha movimentos precisos quadro a quadro. Mapeamentos de movimento acabam necessários para haver a exatidão no controle de cada modelo, personagens ou objetos. A trilha sonora como um todo, interage com a imagem de maneira a “dar vida” ao que é movimentado a cada foto. Softwares são utilizados para controle da quantidade de fotos, que se tornarão nos frames para os vídeos ou filmes. Alguns desses programas, por exemplo, permitem a sobreposição em marca d´água de uma foto disparada com a próxima foto que virá após a movimentação dos modelos. Outros realizam o cálculo de “borrões” para inserção em movimentos mais rápidos que tornam a sensação de movimento mais natural. Esses são exemplos de recursos que atualmente viabilizam o sucesso durante o processo de composição da simulação otimizada do movimento. Softwares possibilitam também marcações especiais nos picos sonoros das articulações da fala ou dos tempos musicais, objetivando viabilizar a sincronização entre os movimentos nas imagens e os sons. Devido a complexidade e o trabalho envolvido, a quantidade de produções internacionais de longas-metragens utilizando a técnica stop motion é relativamente pequena, concentra-se principalmente

em países mais desenvolvidos, possuidores de mais recursos para investimentos que se fazem necessários; diz-se, por exemplo, da construção cenográfica, dos personagens - modelos ou bonecos e dos demais objetos, todos extremamente planejados por equipes especializadas, para que haja a maior mobilidade, profundidade na fotografia, possibilidades de movimentos panorâmicos, entre outros. Apesar das dificuldades envolvidas na produção de um stop motion, a técnica acabou absorvida pela Publicidade e Propaganda, para a produção de Vídeos Publicitários ou Comerciais Televisivos. Um olhar mais desatento ou superficial consideraria essa apropriação paradoxal: “Por que uma área que, a princípio, objetivaria o lucro e a facilidade dos processos adotaria uma técnica artística tão minuciosa como suporte para o lançamento de produtos?”. Essa pergunta poderia ganhar ainda mais força se considerarmos que o emprego de modelagens em 3D Digital é bastante recorrente em comerciais televisivos, devido às facilidades trazidas pelos softwares de criação gráfica digital. O uso desses meios digitais poderia até ser mais barato e menos trabalhoso, entretanto, a absorção do stop motion aconteceu mesmo assim. No caso de produções mais mercadológicas o processo de produção de um stop motion poderia ser desvantajoso por se tratar de uma criação que pode ser mais demorada e necessitar investimento mais pesado em artes, em animação, em equipes, etc. Apesar disso, há pontos atualmente facilitadores para o emprego da técnica. Alguns deles são: - Maiores chances de destaque do anúncio entre os demais através do emprego de linguagem diferenciada - o potencial de apreciação estética é grande e atinge públicos e faixas etárias distintos; - A criação publicitária torna-se um vídeo procurado para entretenimento, para apreciação artística ou reflexão, o produto acaba enobrecido ou desejado para compra; - As tecnologias multimediáticas de difusão pela mídia acabam contribuindo para que o anúncio chegue ao público que se interessa - por iniciativa própria - em acessar vídeos diferenciados nos espaços virtuais, recebê-los e retransmiti-los através de compartilhamentos por mensagens de e-mail, redes sociais, links, entre outros, além das mídias convencionais, como a televisão, os telões digitais instalados em espaços públicos, as salas de cinema, entre outros. - Possibilidade de ser criativo utilizando poucos materiais na cenografia; - Os avanços tecnológicos de hardwares e softwares

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facilitaram os processos de produção e o nível de aprimoramento técnico que se pode chegar, além de causar cada vez mais o barateamento para se produzir um filme com a técnica. Hoje existem lentes mais potentes, recursos digitais e resoluções altíssimas e barateadas que permitem cenários econômicos ajustados às necessidades de determinada produção.

A soma dessas vantagens, desde o potencial de apreciação estética diferenciado aos aspectos de produção como o aprimoramento técnico; o uso das tecnologias multimidiáticas impactantes de difusão, o barateamento das ferramentas digitais de criação - hardwares, edição - softwares e propagação - meios de comunicação, são atrativos para que empresários invistam na realização de vídeos publicitários de seus produtos através da técnica. A área de publicidade e propaganda tem como objetivo vender ou tornar conhecidos produtos, marcas, serviços ou idéias. Com uma infinidade de informações competindo pela atenção dos telespectadores, os publicitários almejam destacar seus comerciais dentre tantas outras peças publicitárias. Uma alternativa para se conseguir o diferencial na mídia será o de produzir comerciais que sejam distintos dos demais por sua estética, idéias ou métodos criativos. A animação em stop motion, desta forma, pode ser uma aliada neste processo.

Concluímos que, essa investigação objetivou ampliarmos os conhecimentos técnicos e teóricos sobre esse tipo de produção e compreendermos melhor a assimilação da linguagem artística de animação Stop Motion pelas áreas de Publicidade, Propaganda e Marketing. Neste artigo, relacionamos pontos negativos e positivos sobre o emprego da técnica por essas áreas audiovisuais que buscam a visibilidade de seus produtos pelo mercado consumidor. Vídeos publicitários diferenciados são disponibilizados e procurados em diversos meios de comunicação pelo público. Constatamos que há forte interferência dos meios digitais mais emergentes como a internet, pela acessibilidade e compartilhamento facilitados, pelo barateamento e aperfeiçoamento tecnológico de equipamentos. O Stop Motion apresentou-se durante as análises como uma linguagem de interesse para emprego pela Publicidade e Propaganda em seus vídeos publicitários e comerciais televisivos. Esses e outros fatores facilitadores estão relacionados com a Cibercultura, com a digitalização, o maior acesso à edição, aos softwares, às técnicas e ao compartilhamento dos dados e das informações.

[1] LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 4ª ed., 2003. [2] Algumas de suas subcategorias são Claymation, Brickfilm, Go Motion, Pixilation, animação de recortes; com fantoches e bonecos, Puppetoon inventada por George Pal, entre outros. [3] No século XXI, novas categorias do audiovisual são criadas no contexto do cinema, onde as técnicas de animar 2D e 3D, propiciam a integração do cinema com a realidade virtual e anunciam caminhos do gênero. [4] Festival brasileiro de animação que ocorre anualmente no mês de julho nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, reconhecido internacionalmente por sua importância de público, alcance e qualidade. iste em louvar a juventude, as máquinas, o movimento, a energia e a velocidade, talvez uma tentativa de reunir em um quadro, coisas que acontecem simultaneamente no tempo: som, luz e movimento. A mensagem visa provocar impacto, sensação no

Bibliografia:

Referências Bibliográficas AUMONT, J. L'image. Paris: Nathan Université, 1990. (A imagem, 3. Ed. Campinas: Papirus, 1999). BARTHES, R. "Rhétorique de L' image", em Comunications, n. 04. Paris: Seuil, 1964. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 4ª ed., 2003. MANOVICH, L. Novas mídias como tecnologia e idéia: dez definições. In: LEÃO, L (org.). O chip e o caleidoscópio: Reflexões sobre as novas mídias. São Paulo: SENAC, 2005. OLIVEIRA, R. de C. A. Cibercultura, cultura audiovisual e sensorium juvenil. In: LEÃO, L. (org.). O chip e o caleidoscópio: Reflexões sobre as novas mídias. São Paulo: SENAC, 2005.

Profa. Amábile Brugnaro

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7 Comunicação Virtual Facebook, a cortina que não descortina. A qualquer momento alguém acessa o FACEBOOK, Rede Social ou amigo virtual. Mas será que isto é verdade? Será que se acessa a rede ou é a única ponta de um Iceberg escondido?

O que quero dizer com Iceberg escondido é que embaixo destes amigos virtuais existem itens, que nem sempre são visualizados ou revelados. Por isto, por todos e por tudo, é interessante observar que dentro deste mundo tão religado, as pessoas estão, realmente, desligadas e identificadas por imagens, figuras, nomes fantasias ou até mesmo por vontades, que nem sempre foram ou nunca foram realizadas. Mas, elas acreditam que estão dentro de uma rede com determinados números de AMIGOS, uns com mais outros com menos. Só que cada um nunca se relaciona com todos ou talvez com nenhum. Observe que, determinadas palavras que são mostradas no Facebook tem a função de obter sua opinião, mesmo que por um instante, mesmo que sem compreensão delas. É só clicar mesmo, e aí? Que ou o quem saberá? Pensamos assim, mas? Por exemplo: Curtir significa: sentir prazer ou satisfação; gostar muito de. = APRECIAR, DELEITAR-SE, DESFRUTAR Compartilhar significa: Ter parte em; participar de; Partilhar com alguém. Enquanto que a palavra comentar, nem imagine clicar nela! Observe que nem todos a utilizam, somente alguns, alguns que estão ligados a um dispositivo chamado comunicação real e que expõem suas opiniões ao risco de críticas ou elogios. Desempenham, corajosamente, a atitude de dizer o que pensam ou o que sentem, ou até mesmo nada. Será que a Comunicação está tão comunicativa? Será que compartilhamos mesmo? Será que curtimos mesmo? Ou a cortina fica a meio palco, até que os personagens se apresentem para o espetáculo da vida? De fato a internet é uma ferramenta excepcional que derruba barreiras ao longo do tempo e do mundo, que liga, religa, conecta, desconecta, Cai, levanta, leva, devolve todos os momentos de magia desta tecnologia, a qual veio para derrubar, definitivamente, os muros do mundo interpessoal e intrapessoal. Só que a barreira da verdadeira comunicação, não, está não é derrubada, pois atrás dela está aquele ser chamado de humano. Onde através de um monitor e uma tecla ele pode se comunicar da forma que mais lhe convém, da forma que mais lhe aprouver, da forma que lhe seja conveniente, e, para aquele momento de solidão e de pura negação, onde, realmente, ele acredite ter amigos. Bela experiência esta, onde todos se vêem e todos não se vêem, atrás da cortina da vida onde esta não se abre devido aos medos, anseios, dúvidas e incertezas que ficam somente nas palavras Curto, Compartilho, Comento.

Onde? O que? Quando? Como? Se for assim, porque você está na rede? Se quem cai na rede é peixe, e peixe você não é.

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Você é alguém que quer na realidade compartilhar a presença, a conversa, a vontade de saber. Você vai bem? Ou não? Você pode me ouvir, sim ou não? Por que eu talvez possa te ouvir. Ouvir o quê?

Aquilo que tenho para dizer como ser humano, e que já não faz parte da verdadeira comunicação do mundo, é que as frases estão soltas, curtas, poucas letras e diversas palavras nas entrelinhas, que todos tem para pensar e dizer, mas como ninguém ouve , então compartilha-se fotos, imagens, frases, textos, informações, anúncios, fotos do passado. Fotos estas de onde veem memórias que cabem para uns e para outros não, ou até mesmo minhas memórias, só minhas de mais ninguém, lembranças de tristezas e de muitas alegrias. Pedidos de ajuda, também são constantemente feitos. Este por si só, também está nas entrelinhas da comunicação, pedido de ajuda para o mundo que, embora não tenha barreiras, tem muros

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de Berlim caídos, Estátuas de fantasmas e Nazistas, que lágrimas derramaram durante muitos anos. Embora, tudo isto não exista mais porque se derrubou, existe sim aquela barreira que este ser, ser humano, não derruba, a virtual. Escolho com quem quero falar, fico off-line ou, se quero, on line, tudo para ser visto ou não. Mostrar-me não é o quero, porque não sei o que vão ver, o que vão dizer, o que vão pensar. Ponho-me conectado à rede social, para ver e saber o que acontece, nos fins do dia e de semana, nem nos fins do dia, muitas vezes no início do dia, e aí acredito que estou online, onde tenho muitos ou poucos amigos, onde alguns acham que sou ótimo e que meus relacionamentos de amizade são excelentes, tudo pela quantidade. Quantificar nova palavra da vida, quanto mais tenho melhor e assim vamos navegando pela rede ou pelo mar? Só que no fundo do meu Eu sei que compartilho comigo mesmo a distância e a ausência da presença, fundamental que é para ser ser humano.

Tão perto e tão longe ao mesmo tempo... ... Al di la del bene piú prezioso, ci sei tu,...... Al di la del limiti del mondo Al di la della volta infinita,....... al di la della vita, ci sei tu, Al di la della volta infinita,...... al di la della vita. Unforgetable........As time goes by…….. Non me olvides mas ....... Deixe recado, talvez uma resposta, deixe mensagem, deixe fotos, deixe lembranças ou até mesmo atualize a vida, sua e de todos, derrube o Muro, mas me ligue, fale comigo, porque eu ainda sei esperar por uma frase que não tem rede, mas atravessa o mundo. São fáceis veja só...

Oi, Tudo bem? Como Vai você? .... Olá que tal, Como estás? Yo estoy bien? Hi, How are you? I am fine. And You? Ciao , come stai? Bene e tu? Mesmo assim ainda nada de resposta e desta forma, segue-se a rede virtual de muitos e poucos amigos, de tantos e de outros Amigos, conhecidos, imaginários e ao longe se vai...... Convidam, solicitam negam e até cancelam. Tudo por uma única tecla. Que alguém moveu, inventou, criou e definiu como sendo rede social. Só que de social ficam poucos convidados para o jantar, para o cinema, para a festa e até para o ombro amigo que continua sendo aquele que não preenche os dedos de uma mão.

As time goes by…….. And now… And so I face the final curtain. My friend…. I say it clear... Regrets, I’ve had I faced it all and stood tall ______________ I did it my way……..

Profa. Luciana Rusalen

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8 Programas de Proteção e Adesão Política no Brasil Este ensaio está inserido na ampla área de estudos acerca das percepções dos cidadãos sobre democracia e faz parte, também, do escopo das pesquisas de Cultura e Política que se utilizam das técnicas de análise de surveys[1]. O cenário político que escolhemos para estudo compreende o início do primeiro governo Lula, em 2002, até 2010 - passando pela sua reeleição em 2006. As eleições de 2002 e 2006 apresentaram a confirmação de tendências já deflagradas de dois fatores politizadores: a valorização das eleições diretas para presidente da república, e a criação de níveis de identificação e parâmetros de avaliação de governo através de políticas econômicas (MENEGUELLO, 2005). Neste sentido, é o fenômeno da adesão política, que, aliado à nova configuração espacial do voto para presidente da república em 2006[2], nos despertou o interesse em um estudo desta natureza. (MENEGUELLO, 2007). Ademais, a partir do final de 2003, o governo Lula lançou o Programa Bolsa Família (PBF)[3], que, juntamente a outros programas de acesso a crédito, bem como ao aumento real do salário mínimo, dinamizaram a economia de alguns locais, inclusive, ativando setores ainda inexistentes na economia de determinadas regiões (SINGER, 2009). Intelectuais de diferentes orientações defendem, ora, que este programa está ligado a um projeto de populista de troca de benefício por votos (OLIVEIRA, 2006)[4], ora, que estes programas configuram a realização de um completo programa de representação de classe (SINGER, 2010)[5]. A intenção deste ensaio consiste em apresentar as bases teóricas que fundamentarão alguns índices de avaliação[6] que testem até que ponto o PBF pode estar se tornando um fator de desenvolvimento de um sentido de adesão política em seus beneficiários – entendendo-se por adesão política a escolha por algumas formas de intermediação institucional sobre as quais o sistema se estrutura, principalmente a participação política. A Adesão à Democracia (Democracia e Participação Política) Estudos como o de Meneguello (2009), sobre a realidade contemporânea brasileira indicam que a “Hipótese de Churchill”— a democracia como um mal menor frente aos regimes anteriores – ainda figura como uma escolha consciente daquela população que vivenciou os anos de regime militar. Ainda de acordo com Meneguello (2009), a construção de um ideário democrático no Brasil esteve arraigada ao estabelecimento de eleições periódicas para presidente da república, e a dinâmica da participação eleitoral concentrou em grande parte as ações das dimensões do que poderíamos chamar de engajamento cívico na transição democrática. No entanto, as referências partidárias dos eleitores acompanharam de forma frágil a reorganização do quadro institucional definido ainda no início do período (MENEGUELLO, 2009). Valemo-nos aqui da definição de adesão à democracia como associada tanto à sua escolha como regime político ideal, como a algumas formas de intermediação institucional sobre as quais o sistema se estrutura possibilitando a participação dos cidadãos. Neste sentido, este ensaio leva em consideração as questões relacionadas à adesão à democracia pelo viés da participação política dos cidadãos.

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Percepção Pública da democracia no Brasil pós-1985. A partir dos anos 90, estudos sobre a percepção pública do brasileiro demonstram a crescente percepção da legitimidade dos processos eleitorais incorpora garantia ao funcionamento deste sistema (MENEGUELLO, 2006, 2007; MOISÉS, 2005). As pesquisas realizadas nesse período mostram que, apesar da relativa consolidação de mecanismos e procedimentos de participação[7], persiste no funcionamento democrático brasileiro a presença de uma forte desvalorização das instituições representativas (MOISÉS, 2005). Outro dado importante foi a constatação do aumento considerável da cognição, por parte do eleitor brasileiro, sobre o funcionamento da democracia[8] que convive com a insatisfação e a desconfiança no regime (MOISÉS, 2005). Esta constatação vai em direção ao que Dahl (2000) aponta como as “evidências do paradoxo” em países de democracia estável. Tal paradoxo seria indicada pela convivência de baixos níveis de satisfação em relação ao desempenho democrático, com altos níveis de apoio e preferência pela democracia . Como alertam Meneguello (2007) e Mishler e Rose (2001), nos países em democratização esse “paradoxo” também é observado, mas, nesses casos, as bases do apoio político e legitimidade são cruciais para construção da estabilidade. No Brasil, a democratização ocorreu em um cenário de crise econômica e social, sendo que a retórica da transição se deu privilegiando a lógica das eleições diretas como o mecanismo essencial para o resgate da democracia (MENEGUELLO, 2009). Dando continuidade à nossa análise da redemocratização brasileira, podemos observar que depois de mais de 20 anos da esquerda buscando o poder em nosso país, em 2002 e, depois, em 2006, temos duas eleições que marcaram a alteração no mapa eleitoral do voto nacional para eleições presidenciais. O peso exercido pela clivagem urbano-progressista X rural-conservador — que até 2002 marcou presença na realidade da dinâmica eleitoral brasileira — deu lugar a uma nova configuração, invertendo tanto estas tendências regionais, quanto o peso exercido pela clivagem urbano-rural (MENEGUELLO, 2007). A lógica das eleições do período pós-85 respondiam aos efeitos de dois fatores politizadores: a valorização das eleições diretas para a presidência da república, e a criação de níveis de identificação e parâmetros de avaliação de governo através de políticas econômicas. Porém, em 2007, novos estudos demonstraram como a estas categorias de análise devemos adicionar o fenômeno da adesão política, pois a eleição de 2002 marcou, como veremos a seguir, a dinâmica das eleições diretas brasileiras desde a posse de Fernando Collor de Mello em 1990 (MENEGUELLO, 2007). Com mais de 50 milhões de votos, a ascensão de um extorneiro mecânico à presidência da república evidenciou uma ruptura com a alternância das elites no poder; porém, para além disso, tal fato representou o início da aproximação simbólica de um


estrato específico da população à esfera da política. De acordo com Meneguello (2007) a chegada de Lula ao poder em 2002 concebeu na cultura política do eleitorado brasileiro a aceitação da esfera política e dos cargos públicos como espaços inclusivos dos setores populares, superando preconceitos consagrados, como a associação entre escolaridade e competência política: Este ensaio está inserido na ampla área de estudos acerca das percepções dos cidadãos sobre democracia e faz parte, também, do escopo das pesquisas de Cultura e Política que se utilizam das técnicas de análise de surveys[1]. Este capital político inicial de Lula quando eleito se traduziu já nos primeiros meses de governo em altos índices de aprovação e desempenho, apesar dos indicadores modestos de crescimento. Em 2006, o governo apresentava índices de redução da desigualdade da distribuição de renda, resultantes de mudanças no mercado de trabalho, aumentos reais do salário mínimo, além das redes e programas de proteção social, como os programas de distribuição de renda tal qual o PBF (SOARES, 2006). Mesmo durante a crise política[9] que se abateu no Congresso, onde o PT (partido do presidente) fora o núcleo das denúncias, a permanência dos altos índices de confiança no presidente (em média 43% durante o segundo semestre de 2005, segundo o Datafolha) é um dado digno de nota. Estes índices iriam permanecer em altos patamares até a reeleição de Lula em 2006. As mudanças na geografia do voto. Estudos sobre o comportamento do eleitorado já apontavam (antes de 2006) as especificidades do eleitor brasileiro. Foi diagnosticado que este eleitor não acompanhava as tendências encontradas nas democracias ocidentais —onde as preferências eram marcadas pelas clivagens de idade, gênero, raça e religião. As clivagens, no caso brasileiro, estavam mais direcionadas a recortes ligados à renda familiar, e principalmente, à escolaridade (MOISÉS, 1993; MENEGUELLO, 2005). Porém, é através dos estudos pós-eleitorais realizados em 2006 que se nota o início de uma redistribuição geográfica do voto brasileiro (MOISÉS e MENEGUELLO, 2006). Assim, as bases sociais do voto em Lula adquirem nova face socioeconômica, ampliando a sua votação em estratos socioeconômicos salariais mais baixos; ou seja, diferente do que se observava até 2006, a diferença econômica entre os apoiadores de Lula e Alckmin (candidato à presidência pelo PSDB, na ocasião) expressaram uma disputa socialmente polarizada em termos socioeconômicos, havendo uma crescente inclinação a “(...) manter no Palácio do Planalto o ex-retirante pernambucano que tinha as mesmas origens dos seus recém-apoiadores” (SINGER, 2009, p. 85). Autores como Almeida (2005) e Oliveira (2006) defendem que o voto em Lula se coloca como uma resposta imediata a programas como o PBF sem contornos de adesão ou representação política. Podemos verificar através de outras investigações que sugerem que o PBF teve influência direta no voto a Lula em sua reeleição. Seja pela diferença da média de votação entre os que recebem ou não o benefício (LICIO et all, 2009), pela coincidência geográfica (CARREIRÃO, 2009) ou pelo controle de variáveis como gênero e renda (NICOLAU e PEIXOTO, 2006), estes autores revelavam um cenário interessante para a análise na área da Cultura Política. Dando continuidade à nossa problematização, uma linha de pensamento diferente de Almeida (2005) é apresentada Shikida

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(2009), segundo a qual não podemos alegar que o aumento da votação de Lula em 2006 nestes “grotões”, fosse causada pelo PBF. Este autor ataca a interpretação monocausal que associa o voto lulista às regiões atendidas pelo PBF. Shikida (2009) argumenta que falta robustez nos dados que associam o PBF à votação de Lula. Para o autor, mesmo se significativo fosse, o valor do estimador seria bem menor do que o necessário para que essa fosse a variável-chave para a compreensão da reeleição de Lula. Hunter & Power (2007), assim como Shikida (2009) e Singer (2010), argumentam que o controle dos preços, como um componente central do aumento do poder de compra da população, poderia ser mais explicativo dessa redistribuição do voto em Lula do que apenas a relação direta com o PBF. De acordo com tais autores, o aumento real do salário mínimo e o PBF, somados, puderam dinamizar as economias locais menos desenvolvidas - pois estas dependem muito mais de despesas pessoais de pequena escala para o seu sustento e desenvolvimento. Ademais, o que pode também ter contribuído para a alta média de índice de aprovação de Lula foi a criação do crédito consignado aberto aos aposentados. Tal recurso[10] fez muitas vezes o papel de principal fonte de renda em pequenas comunidades (SINGER, 2009) Singer (2009) ainda reitera que uma série de programas focalizados, como o “Luz para Todos”, regularização de propriedades quilombolas, construção de cisternas no semi-árido etc. favoreceram estes segmentos de baixíssima renda a que nos referimos. A intenção de voto em Lula se transformou de 39%, na média, para 62% quando o entrevistado participava de algum programa federal (CARREIRÃO, 2009). Neri (2009) ainda afirma que a partir de 2004, com a diminuição significativa da pobreza, somada à volta do crescimento da economia e do emprego, a proporção de pessoas abaixo da linha da miséria caiu 19,18%. Esses dados tornam evidentes como a prioridade do governo Lula era atender às camadas da população que até então haviam de certa forma sido negligenciadas pelas políticas públicas de governos anteriores, governos estes que, de acordo com Singer (2009), favoreciam outras frações de classe que estavam mais interessadas agora (2005) nas denúncias do “mensalão” do que as “camadas da sociedade que não apareciam nas revistas”: Irritados, os supostos ‘formadores de opinião’ não percebem que Lula não está se dirigindo a eles e insistem na tecla de que a história não começou com Lula, o que é verdade, mas ouvido vários degraus abaixo, o bordão (“nunca na história desse país...etc.etc.”) adquire outro sentido. (SINGER, p.85) Como vimos, Singer (2009), defende que a opção do voto em Lula representa um projeto constituído sobre uma plataforma, no sentido de traçar uma trajetória política que represente os anseios de certa fração de classe. Este argumento é construído em cima da idéia de que o direcionamento das políticas de inclusão social foi capaz de aumentar a capacidade de consumo de milhões de pessoas da “classe C” - principalmente porque este fenômeno foi constituído através da manutenção da estabilidade econômica com expansão do mercado interno, sobretudo para os setores de baixa renda. Carreirão (2007) apresenta a tese de que após o primeiro mandato do presidente Lula ocorreu “uma diluição das diferenças ideológicas entre os partidos” na percepção do eleitorado (p.46). No entanto, se por um lado houve este esvaziamento ideológico, os


“sentimentos partidários” (tanto a preferência quanto a rejeição a um determinado partido) mostraram-se associados à escolha do candidato. Hunter & Power (2007) defendem também que a mudança de perfil do eleitorado de Lula[11] o distanciou das suas antigas bases eleitorais, que, como já havia sido destacado por Meneguello (2007), eram até 2002 constituídos por segmentos mais jovens, mais escolarizados e concentrados na região de origem do partido, o Sudeste do país. O enfoque que mais se aproxima das hipóteses que levantamos neste ensaio é a da argumentação de Singer (2009), que defende que mais do que um efeito da ‘desideologização’ e despolitização de uma fração de classe, houve a emergência de outra orientação ideológica, que antes não era apresentada como opção. “Parece-nos que o lulismo, ao executar o programa de combate à desigualdade dentro da ordem, confeccionou nova via ideológica, com a união de bandeiras que não pareciam combinar” (SINGER, 2009, p. 96). E aqui voltamos o debate sobre a relação entre variáveis socioeconômicas e espectro ideológico. Durante muito tempo, como já fora dito anteriormente, o Brasil foi marcado pela clivagem urbanorural/esquerda-direita. (SANTOS, 2006). Como esta tendência foi observada ao longo do período (mesmo tendo o eleitorado brasileiro apresentado certa inflexão destes dados nas eleições de 2002, e 2006), defendemos aqui que algumas características e percepções deste eleitorado — que apresentou um pensamento conservador - dificilmente teriam se modificado por completo. Em certa medida, os problemas a serem trabalhados nesta pesquisa têm conexão com a nossa pesquisa de mestrado, onde trabalhamos com a identificação da

matriz do discurso conservador em relação ao apresentado por uma candidatura de esquerda (SANTOS, 2006). Esta conexão pode ser identificada no fato de que uma das hipóteses levantadas pela bibliografia recente utilizada neste artigo, indica que houve, no período entre 2002 e 2006, uma reorientação daquele eleitorado que antes era mais sensível a estímulos discursivos próprios da direita brasileira. É neste ponto que Singer (2009) sugere que a partir do momento que Lula apresenta uma proposta de mudança acompanhada da manutenção da ordem, aspectos deste eleitorado outrora conservador, podem ter sido ativados/sensibilizados. O Presidente vocalizou, então, o discurso conservador de que o seu governo não adotaria qualquer plano que pudesse pôr em risco a estabilidade, preferindo administrar a economia com a ‘prudência de uma dona de casa’. Se ao fazê-lo estabelecia um hiato em relação ao seu próprio partido, em troca criava uma ponte ideológica com os mais pobres. (SINGER, 2009, p.85) Neste sentido, Singer (2009) aponta para o fato de que os estratos médios do eleitorado brasileiro acabaram por “ficar de lado” na reestruturação do discurso oficial que agora surge, pois, antes, a esquerda organizava segmentos baixos e médios da classe média; o centro agregava as classes médias a favor da modernização do capitalismo e o subproletariado era sensível aos chamados da manutenção da ordem e de temas ligados ao conservadorismo da vida privada.

Bibliografia:

Referências Bibliográficas ALMEIDA, Maria Hermínia Tavares. 2004. A Política Social do Governo Lula, Novos Estudos, n 70. CEBRAP. CARREIRÃO, Yan de Souza. 2007. Evolução das opiniões do eleitorado durante o governo Lula e as eleições presidenciais brasileiras de 2006. <www.waporcolonia.com>, acessado em 30/08/2009. HUNTER, Wendy e POWER, Thimoty J., 2007. Rewarding Lula: executive power, social policy, and the brazilian elections of 2006. Latin American Politics and Society, vol. 49, nº 1, p. 4. LICIO, Elaine Cristina, Rennó, Lucio R. e Castro, Henrique Carlos de O. de. Bolsa Família e voto na eleição presidencial de 2006: em busca do elo perdido. Opinião Pública, vol. 15, nº 1, jun. 2009, p. 43. MENEGUELLO, Rachel , 2006, Aspects of democratic performance: democratic adherence and regime evaluation in Brazil, 2002; International Review of Sociology Vol16, n.3. NICOLAU, Jairo e PEIXOTO, Vitor. 2006. As bases municipais da votação de Lula em 2006. mimeo. OLIVERIA, Francisco, 2007. Hegemonia às avessas, Revista Piauí. n7. São Paulo. SANTOS, Luiz Fernando Amaral, 2006. A identidade malufista: bases da proposta politica de Maluf na eleição de 2000 em São Paulo. SHIKIDA, Cláudio Djissey e outros. “'It's the economy, companheiro!': an empirical analysis of Lula's re-election”, 2009, <http:// works.bepress.com>, acessado em 30/08/2009. A citação é da versão em português do mesmo artigo. SINGER, André, 2009, Raízes sociológicas e sociais do lulismo, Revista Novos Estudos, 85, CEBRAP.

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9 “Motivações para Governança de Tecnologia da Informação no processo das avaliações, nas Instituições de Ensino Superior Privado no Brasil” O presente trabalho tem como objetivo discutir o processo de Governança de Tecnologia da Informação potencializando e facilitando a adoção de métodos para avaliação do Ensino Superior Privado no Brasil. Para entender este problema iniciaremos discutindo os processos de avaliação e sua recente evolução, mostrando um suposto amadurecimento do processo. Falaremos um pouco sobre o cenário de Tecnologia da Informação nas Instituições de Ensino e também trataremos da Governança em Tecnologia da Informação das melhores práticas e suas consequências e finalizando trataremos do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) como uma tendência metodológica de boas práticas. Importante destacar que o sistema em evidência usa como recurso de comunicação a Internet, desta forma é fundamental para o funcionamento do mesmo a disponibilidade deste recurso, assim como primeira condição realçamos a capacidade de acessar os sistemas desde que os sistemas estejam disponíveis para o acesso. Nossa proposta é demonstrar que este processo deve criar uma nova forma de abordagem nos métodos de avaliação hoje adotados, saindo de uma cultura punitiva, quando se compara através dos vários indicadores as Instituições de Ensino, para um olhar necessário de melhoria continua.

A Avaliação da qualidade do Ensino Superior Brasileiro uma breve história. O Processo de avaliação na Nova República Em 1985, no governo José Sarney, Marco Maciel foi nomeado ministro da Educação, criando a Comissão Nacional para a Reformulação do Ensino Superior. No Relatório produzido por essa Comissão (Ministério da Educação, 1985), a questão da avaliação da qualidade institucional extensível a toda a comunidade universitária aparece pela primeira vez, mostrando que o país ainda estava longe de formular um instrumento político que agradasse a todos os setores nacionais. Esta Comissão produz um relatório, que deixa a desejar por conta da heterogeneidade da equipe. Depois das viravoltas e dos desencontros iniciais, ao final da década de 1980, o processo da avaliação do Ensino Superior se insere finalmente como instrumento de ação política do Estado, refletindo o momento internacional em relação às instituições educacionais como um todo. Em 1987, o Encontro Internacional de Avaliação do Ensino Superior (Encontro, 1988), promovido para discutir e analisar os modelos implantados em outros países. As conclusões desse importante evento internacional resumem-se em oito pontos principais: 1) A avaliação do Ensino Superior brasileiro é considerada uma providência inadiável e procedimentos urgentes deveriam ser adotados para efetivá-la; 2) A avaliação deverá ter por objetivo inicial cada um dos cursos de graduação, cabendo às universidades a definição das áreas prioritárias e a fixação de critérios indicadores de qualidade; 3) O MEC deverá promover e estimular o processo de avaliação interna e de avaliação interpares externa; 4) A avaliação do ensino tem como consequência a busca da qualidade nas atividades acadêmicas afins, como a pesquisa e a extensão; 5) Os indicadores de avaliação devem ser adequados às especificidades de cada instituição e às diferentes áreas de conhecimento; 6) Os resultados devem ser divulgados e publicados para

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amplo conhecimento da sociedade; 7) A avaliação deverá revestir-se de elevado grau de seriedade e correção para corresponder a níveis desejáveis de eficácia; e 8) O governo deverá destinar recursos específicos por meio do MEC para apoiar os projetos de avaliação das universidades públicas. (Dias, C.L.; Horiguela M.L.M; Marchelli, P.L., 2012) Aqui se desenha a linha mestra que deve nortear vários estudos e processos que levaram aos atuais sistemas de avaliação, verifica-se que alguns pontos foram obedecidos de fato e outros nem tanto. O processo de avaliação nos anos 1990 Com as políticas neoliberais em supremacia na década de 1990 verifica-se um forte impacto sobre a Educação, conduzindo os agentes internacionais de suporte financeiro, notadamente o Banco Mundial, a elaborar propostas compreendendo a avaliação do ensino como parte das estratégias que seriam aplicadas para a concessão de financiamentos. As universidades públicas precisavam ser mais autônomas e ser mais condescendentes com as forças do mercado, produzindo conhecimentos úteis e rentáveis como condição de sobrevivência na competitiva sociedade global. (Dias, C.L.;Horiguela M.L.M;Marchelli, P.L., 2012) A avaliação era vista como instrumento de medida e controle para responder às expectativas de eficiência e produtividade no Ensino Superior, massificado pela explosão das matrículas e compelido a se tornar mais produtivo em situações de crescentes restrições orçamentárias. Em 1994, uma proposta do Banco Mundial resume-se nas seguintes diretrizes como condição de financiamento para a Educação Superior: [...] incentivar a diversidade das instituições educacionais superiores e competitividade (não a solidariedade) entre elas; estimular a ampliação e a expansão de instituições privadas; levar as universidades públicas a produzirem cada vez mais sua sobrevivência pela venda de serviços e cobrança de taxas de alunos; e,


vincular os financiamentos dos organismos oficiais a critérios de eficiência e produtividade em termos mercadológicos. (Sobrinho, 1996, p. 16) Nesse contexto, surge o Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB –, concebendo a auto-avaliação como etapa inicial de um processo que se estenderia a todas as instituições e se completaria com a avaliação externa. O princípio básico do PAIUB encontra-se na globalidade com que as IES deveriam ser avaliadas, de forma que: [...] todos os elementos – ensino, pesquisa, extensão, qualidade das aulas, laboratórios, titulação dos docentes, serviços, etc. – que compõem a vida universitária deveriam fazer parte da avaliação, para que a mesma seja a mais completa possível. (Dias, 2001, p. 79) Além disso, o PAIUB partiu em busca de uma linguagem comum para todas as IES do país, por meio da criação de uma tabela mínima de indicadores institucionais para o ensino de graduação. Destacam-se também as seguintes idéias presentes nos subsídios que sustentaram o programa: respeito à identidade institucional, de forma a levar em consideração as diferenças entre as IES avaliadas; não-punição ou premiação pelos resultados alcançados; adesão voluntária; busca de legitimidade ética do processo; e continuidade das ações avaliativas com vistas a integrá-las à cultura institucional. (Dias, C.L.; Horiguela M.L.M; Marchelli, P.L., 2012) Logo após a publicação do Decreto nº. 2.026/96, foi aprovada em 20 de dezembro de 1996 a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – (Brasil, 1996b), que veio reforçar a importância dos processos de avaliação do Ensino Superior como forma de promover a regulação do setor e realizar a acreditação de instituições e cursos. Os anos 2000 Surge agora avaliação no formato Exame Nacional de Cursos ENC, convergindo para uma massificação do sistema de ensino, pois este tem sido um dos objetivos centrais da política oficial para o ensino superior, tal massificação foi promovida a partir da montagem de procedimentos de avaliação que têm por objetivo gerar, por um lado, informações específicas sobre o desempenho das instituições, para reestruturar e promover o mercado da educação superior, por meio da competição institucional pelos estudantes e do fortalecimento do poder dos estudantes-consumidores, que passam por sua vez a competir pelas instituições melhores avaliadas, a partir das informações produzidas pelo Exame Nacional de Cursos; por outro lado, o estabelecimento dos procedimentos de avaliação tinha por objetivo desafiar o abuso da desqualificação da maioria das instituições de ensino superior, particularmente no setor privado, predominantemente por intermédio da Avaliação das Condições de Oferta de Cursos de graduação. (Gomes, 2002, p. 284) O aspecto da auto-avaliação é uma novidade que repercutiu bastante, gerando posteriormente as Comissões Próprias de Avaliação – CPAs –, com a finalidade de produzir indicadores capazes de mensurar os programas e projetos desenvolvidos pelas instituições, ajuizar sobre a realização de seminários, reuniões e consultas, medir a eficiência dos órgãos acadêmico-administrativos e colegiados, analisar a pertinência do Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI –, avaliar os conhecimentos dos ingressantes e verificar os resultados das metas pedagógicas estabelecidas para a aprendizagem dos alunos durante a sua permanência na IES (Ministério da Educação, 2004b).

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Em 2003, foi instituída a Comissão Especial de Avaliação da Educação Superior – CEA –, que elaborou uma revisão crítica dos instrumentos, das metodologias e dos critérios até então utilizados e propôs reformulações com base na construção de um sistema capaz de aprofundar os compromissos e as responsabilidades sociais das instituições. A CEA realizou audiências públicas com entidades representativas de vários setores sociais e propôs o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES –, redigindo um documento cujo objetivo foi estabelecer princípios com base no conceito de que, fundamentalmente, é a função social das IES que deve ser destacada como medida de sua eficiência. Surgiu, dessa forma, uma nova metodologia de avaliação do Ensino Superior, aperfeiçoando os procedimentos e os instrumentos de avaliação até então utilizados. Não há, no país, subsídios claros e bem formulados sobre o que as instituições devem fazer, dentro de um conjunto factível de opções, para melhorar a qualidade de ensino. O modelo atual A proposta de avaliação da Educação Superior produzida na gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dá no âmbito da revisão da política forjada no mandato anterior do Presidente Fernando Henrique Cardoso: "uma das críticas mais constantes que se fazem às práticas avaliativas vigentes nestes últimos anos consiste no uso de instrumentos aplicados a objetos isolados e que conduzem a uma visão parcial e fragmentada da realidade" (Ministério da Educação, 2003a, p. 62). Em 14 de abril de 2004, entra em vigor a Lei n. 10.861 (Brasil, 2004a), que institui o SINAES com o objetivo de "assegurar o processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes" (Art. 1º). O SINAES é estabelecido, dessa forma, por três subsistemas integrados: 1) a avaliação institucional, que será realizada em duas instâncias, interna e externa, e "terá como objetivo identificar o seu perfil [das instituições] e o significado de sua atuação, por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores, considerando as diferentes dimensões institucionais [...]" (Art. 3º); 2) a avaliação dos cursos de graduação, destinada a "identificar as condições de ensino oferecidas aos estudantes, em especial as relativas ao perfil do corpo docente, às instalações físicas e à organização didático-pedagógica" (Art. 4º); e 3) a avaliação dos alunos, que "será realizada mediante aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE" (Art. 5º) e terá como função aferir o domínio dos estudantes sobre os "conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para ajustamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e suas competências para compreender temas exteriores ao âmbito específico de sua profissão [...]" (Art. 5º, § 1º). Pela Lei n. 10.861/04, foi instituída também a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES –, "órgão colegiado de coordenação e supervisão do SINAES" (Art. 6º), com a atribuição de "propor e avaliar as dinâmicas, procedimentos e mecanismos da avaliação institucional, de cursos e de desempenho dos estudantes" (Art. 6º, Inciso I). A CONAES é composta por 13 membros com mandatos diversificados de dois e três anos, incluindo representantes dos seguintes segmentos: INEP, CAPES, MEC, corpo


docente, corpo discente, corpo técnico-administrativo e cidadãos com notório saber científico, filosófico, artístico e competência reconhecida em avaliação ou gestão educacional superior. Finalmente, "cada instituição de ensino superior, pública ou privada, constituirá uma Comissão Própria de Avaliação – CPA – [...] com as atribuições de condução dos processos de avaliação internos da instituição, de sistematização e de prestação de informações solicitadas pelo INEP [...]" (Art. 11). As informações e os documentos examinados pelas Comissões de Avaliação Externa serão os seguintes: Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI –, relatórios do processo de autoavaliação, dados constantes do Censo da Educação Superior e do Cadastro das Instituições de Educação Superior, dados sobre o desempenho dos estudantes no ENADE, entre outros (Art. 15, Incisos I a IX). Assim em um comparativo rápido com as politicas organizacionais, os instrumentos PDI, PPI e PPC podem ser considerados análogos ao Planejamento Estratégico Organizacional e suas vertentes, assim como os Avaliadores Externos podem ser considerados como Auditores Externos, cumprindo uma certificação. Que no caso das Instituições de Ensino são as de credenciamento e recredenciamento no caso dos cursos as certificações seriam de autorização de curso, reconhecimento e renovação de reconhecimento. Conforme verificado, através das portarias, regulamentos e outros no passar dos anos verifica-se uma evolução nos processos, mas existe ainda uma grande distancia dos modelos ideais de mercado ou que estão no mercado. De certa forma as Instituições de ensino que preparam profissionais para o mercado, devem olhar este como um modelo com métodos e processos que devem ser copiados no sentido de melhoria continua. - O cenário de Tecnologia da Informação nas Instituições de Ensino – uma necessidade. Inicialmente com o grande aumento no volume de dados e a necessidade de respostas rápidas impostas pelo novo perfil do cliente, só resta as Instituições de Ensino adotar a Tecnologia da Informação (TI) como aliada para a manutenção dos seus Sistemas de Informação, é notório que nos primeiros momentos esta tecnologia trouxe mais problemas que soluções, mas com o passar do tempo e após uma sucessiva quebra de paradigmas chegamos a uma situação interessante, onde já temos uma forte dependência da TI. A TI passou a ser extremamente importante para o sucesso de qualquer empresa, pois ela proporciona o alinhamento estratégico dos negócios. Na verdade o modelo ideal de é o de alinhamento entre o Planejamento Estratégico e a TI, pois desta forma temos a informação certa na hora certa para a pessoa certa, na Educação não é diferente. Pois aliados a necessidade do cliente surge uma forte concorrência de mercado obrigando as Instituições de Ensino a adotar soluções para melhorar sua qualidade para continuar sobreviver. E isso só se mostra possível através do uso consciente da TI. A TI passa a ser uma das áreas mais importantes e estratégicas das empresas na atualidade. Com isto, o gestor de TI necessita ter conhecimento de diversas áreas e fundamentalmente interagir com elas. A TI passou a ser extremamente importante para o sucesso de qualquer empresa, pois ela deve proporcionar o alinhamento estratégico dos negócios, trabalhando para garantir um retorno do investi-

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mento, aqui realçamos principalmente as Instituições de Ensino Superior Privadas. - O Processo de Governança em Tecnologia da Informação. O processo de Governança pode ser entendido de forma rápida como a Gestão da Gestão. Uma boa governança de TI deve conduzir a redução de "surpresas," melhora na confiança e credibilidade, execução alinhada com a estratégia - faz a TI gastar menos esforços com seus próprios problemas e, consequentemente, ser mais responsável ao negócio. A intenção deste tópico é trazer um pouco de experiência integrada a ferramentas de baixo custo e que auxiliam a garantir a qualidade final do produto e/ou serviço ligado a área de TI. Ferramentas de TI que auxiliam e não burocratizam o processo. A única forma de controlar as atividades é utilizando ferramentas que proporcionem o controle, este é o papel das metodologias e softwares de gerenciamento de projetos. Metodologia: é um conjunto estruturado de práticas que pode ser repetido durante o processo de produção de software. Existem muitas metodologias, cada uma com um enfoque e um modelo de aplicação diferente, os Métodos Ágeis são os mais abrangentes e flexíveis atualmente. Muitas vezes o mix de mais de um modelo é a melhor opção, o uso de SCRUM, RUP e XP é uma excelente combinação. Esta combinação proporciona um processo pré-definido que pode controlar através de documentos de apoio os marcos do projeto (cronograma), atividades e atribuições de cada perfil envolvido, estimativas de tempo, e uma série de outros controles. Gestão de projetos: é a aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas na elaboração de atividades relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré-definidos. Alinhado a metodologia, a gestão de projetos é fundamental, pois é ela que garante as entregas e a qualidade do produto final. A gestão de projetos pode ser feita através de documentos auxiliares a metodologia, integrada com softwares de terceiros ou até mesmo por aplicativos desenvolvidos especificamente para a necessidade da corporação. Existem alguns softwares gratuitos que podem auxiliar muito, ambos com códigofonte aberto, e com uma arquitetura simples para implementações personalizadas. Colaboração: é feita através de softwares colaborativos que permitem a edição coletiva de documentos através dos participantes de uma rede. Esta é uma ferramenta muito eficaz e de extremo valor entre os utilizadores, porque são eles que a alimentam com a descrição do negócio que a empresa faz a fim de difundir a informação para todos, tornando-a de conhecimento comum e útil a todos integrantes. Mas o sucesso do funcionamento destas ferramentas depende diretamente da equipe que as utiliza. As melhores práticas e suas consequências. "Melhores Práticas" os modelos identificados como melhores para executar uma ação, processo ou projeto, com vistas à eficiência e eficácia e, consequentemente, à excelência em gestão. Existe já uma tendência através do projeto Melhores Práticas do Ministério da Educação focado na rede federal de educação. (http://melhorespraticas.mec.gov.br/)


O termo "IT governance" ou Governança de TI é definido como uma estrutura de relações e processos que dirige e controla uma organização a fim de atingir seu objetivo de adicionar valor ao negócio através do gerenciamento balanceado do risco com o retorno do investimento de TI. Para muitas organizações, a informação e a tecnologia que suportam o negócio representa o seu mais valioso recurso. Além disso, num ambiente de negócios altamente competitivo e dinâmico é requerido uma excelente habilidade gerencial, onde TI deve suportar as tomadas de decisão de forma rápida, constante e com custos cada vez mais baixos. Não existem dúvidas sobre o benefício da tecnologia aplicada aos negócios. Entretanto, para serem bem sucedidas, as organizações devem compreender e controlar os riscos associados no uso das novas tecnologias. O CobiT (Control Objectives for Information and related Technology) é uma ferramenta eficiente para auxiliar o gerenciamento e controle das iniciativas de TI nas empresas. CobiT ajuda a estabelecer uma ponte entre os riscos do negócio, as necessidades de controle e questões técnicas. Provê as melhores práticas, através de um framework para domínio e processos, e apresenta atividades em uma forma lógica e gerenciável. - CobiT(Control Objectives for Information and related Technology) CobiT: · Inicia com os requisitos de negócio · É orientado a processo, as atividades de TI da organização dentro de um modelo de processo geralmente aceito. · Identifica os maiores recursos de TI a serem estabilizados · Incorpora os maiores padrões internacionais · Tem como foco o padrâo “de fato” para todos os controles de TI. CobiT possibilita as seguintes vantagens quando da implementação de Governança de TI: · Mapeia os objetivos de TI com os objetivos do negócio e viceversa · Melhor alinhamento, baseado no foco em negócio · Uma visão de que o que TI faz é compreendida pela Gerência · Clara propriedade e responsabilidade baseado na orientação a processo · Geralmente aceito por terceiros e órgãos reguladores · Compartilha entendimento de todas as partes interessadas, baseado em uma linguagem comum · Compatível com os requisitos estabelecidos pelo COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission), quando do controle do ambiente de TI - CobiT X Sinaes O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) analisa as instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes. O processo de avaliação leva em consideração aspectos como ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social, gestão da instituição e corpo docente. O Sinaes reúne informações do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e das avaliações institucionais e dos cursos. As informações obtidas são utilizadas para

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orientação institucional de estabelecimentos de ensino superior e para embasar políticas públicas. Os dados também são úteis para a sociedade, especialmente aos estudantes, como referência quanto às condições de cursos e instituições. Os processos avaliativos do Sinaes são coordenados e supervisionados pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes). A operacionalização é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Dentro do Sinaes, estabelecido pela regulamentação atual a Portaria Normativa nº 40, de 12 de dezembro 2007 institui o e-MEC que é um sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação da educação superior no sistema federal de educação. O e-MEC foi criado para fazer a tramitação eletrônica dos processos de regulamentação. Pela internet, as instituições de educação superior fazem o credenciamento e o recredenciamento, buscam autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos. Em funcionamento desde janeiro de 2007, o sistema permite a abertura e o acompanhamento dos processos pelas instituições de forma simplificada e transparente. Como pré-requisitos para o preenchimento do formulário eletrônico temos a formulação do PDI, PPI e PPC de cada curso, criando condições para o desenvolvimento de boas práticas na Instituição. Claro que não podemos generalizar o modelo, pois apesar da regulamentação legal, a legalidade não garante a implantação de uma cultura. Além deste fato, também regulamentadas estão a CPA e o ENADE como já demonstrado e discutido, assim temos – em tese – um processo de auto-avaliação e uma avaliação do que podemos chamar “produto final” . Assim existe tendência a levar a Instituição ao um processo de boas práticas e consequente maturidade, que poderá levar a Governança. - Como levar uma Instituição de Ensino aos patamares de maturidade que o processo de Governança exige. Como se sabe para que uma organização apresente condições para a Governança ela precisa ter passado por algumas fases, ou melhor, deverá ter chegado a um patamar de maturidade, assim com demonstrado neste estudo no item que trata “A Avaliação da qualidade do Ensino Superior Brasileiro uma breve história”. Nas empresas temos que ter desenvolvido uma cultura de Planejamento, tendo em seus processos o Planejamento Estratégico Organizacional e mais do que isso tendo o Planejamento Estratégico Organizacional alinhado a Tecnologia da Informação, em sequencia e quase como uma consequência desenvolvida uma cultura de Segurança de Dados e da Informação e posterior desenvolvimento de uma cultura de Auditoria, onde se inclui uma a Auditoria de Sistemas Computacionais. Desta forma a organização verifica uma busca pela melhoria continua, chegando – com o uso das melhores práticas a uma situação de Governança. Da mesma forma, situações de mercado, que exigem das Instituições Privadas, uma busca pela melhoria continua, que como já


dito cria uma situação de sobrevivência que somadas as exigências legais regulamentadas pelo SINAES, resultam num grupo de processos e metodologias como o Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI (que é um Planejamento Estratégico Organizacional), Projeto Pedagógico Institucional – PPI e um Projeto Pedagógico de Curso – PPC para cada curso existente. Boas práticas como a Comissão Própria de Avaliação – CPA, o passando trienalmente pelo Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes (ENADE), que gera indicadores como Índice Geral de Cursos e outros, que uma vez consolidados levam a Instituição a avaliações externas e continua avaliação interna onde se usa o sistema e-MEC (formulário eletrônico do MEC https://emec.mec.gov.br/ies/) , criando condições semelhantes as boas práticas que levam uma organização a Governança, que neste caso poderíamos denominar de Governança Institucional.

Assim fica aqui uma recomendação para um aprofundamento neste estudo, para que as Instituições de Ensino Privadas em sua busca de sobrevivência no mercado busquem instrumentos que levem a processos de melhoria continua, com a mesma motivação que as empresas perseguem a Governança, conseguindo: - Menores Custos; - Alinhamento da Tecnologia com o Negócio; - Segurança; - Tendo a Tecnologia da Informação disponível; - Fazendo Gestão da Complexidade; - Obedecendo a uma conformidade regulatória. E conseguindo sobreviver a este mercado cada vez mais hostil.

Referências: . Lei n. 9.394, 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial, Brasília, n.248, p.27833-41, 1996b. Seção I. . Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. 2001a. Disponível em: <http://www.adunesp.org.br/download/PNE%20-%20Lei%2010172-%2009-01-01.pdf>. Acesso em: 07 mar.2006. . Decreto n. 3.860, de 09 de julho de 2001. Dispõe sobre a organização do ensino superior, a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências. 2001b. Disponível em: <http://www.ead.ufsc.br/profor/disciplinas/textos/texto008.pdf>. Acesso em: 12 out. 2004. . Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional da Avaliação Superior – SINAES e dá outras providências. 2004a. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/legis/pdf/l10861.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2004. . Portaria n. 2.051, de 9 de julho de 2004. Regulamenta os procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), instituído na Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004. Diário Oficial, Poder Executivo, Brasília, n. 132, p. 12, 2004b. Seção I. Dias, C.L.; Horiguela M.L.M; Marchelli, P.L. Titulo: Os modelos políticos para avaliação da qualidade do Ensino Superior no Brasil, disponível em: http://www.scientificcircle.com/pt/88828/politicas-avaliacao-qualidade-ensino-superior-brasil-balanco/ , acesso em: 01/10/2012. DIAS, C. L. Avaliação da capacitação pedagógica do docente de ensino superior através de uma escala de atitudes. Marília, 2001. 262f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual Paulista, Marília, 2001. ENCONTRO Internacional de Avaliação do Ensino Superior. Anais... Brasília: MEC/SESu, 1988. GOMES, A. M. Política de avaliação da educação superior: controle e massificação. Educação e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, p. 275-298, set. 2002, . Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Bases para uma nova proposta de avaliação da educação superior. Brasília: MEC, 2003ª. . Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior. Relatório do Exame Nacional de Cursos – 2003. Brasília: MEC, 2003b. . Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior. Resumo Técnico do Exame Nacional de Cursos – 2003. Brasília: MEC, 2003c. . Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior. Censo da Educação Superior – 2003: resumo técnico. Brasília: MEC, 2004ª. . Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES). Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Orientações gerais para o roteiro da auto-avaliação das instituições. Brasília: MEC, 2004b. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Avaliação externa de instituições de Ensino Superior: diretrizes e instrumento. Brasília: MEC, 2005. Donini, R. Titulo: Governança de TI: a união de ferramentas e conceitos, Disponível em:http://www.tecmedia.com.br/novidades/artigos/governanca-de-ti-a-uniao-deferramentas-e-conceitos, acesso em: 01/10/2012. MOREIRA, C. O.; HORTALE, V. A.; HARTZ, Z. A. Avaliação da pós-graduação: buscando consenso. Revista Brasileira de Pós-Graduação (RBPG), Brasília, v. 1, n. 1, p. 26-40, jul. 2004. SINAES, MEC 2012; disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12303:sistema-nacional-de-avaliacao-da-educacao-superior-sinaes&catid=270:sinaes&Itemid=609, acesso em: 30/09/2012. SOBRINHO, J. D. Avaliação institucional: marcos teóricos e políticos. Avaliação, Campinas, v.1, n.1, p.15-24, jul. 1996. RISTOFF, D. Princípios do programa de avaliação institucional. Avaliação, Campinas, v. 1, n. 1, p. 47-53, jul. 1996.

Prof. Marcus Vinícius

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10 O surgimento de novas oportunidades no mercado regional - para os profissionais da área de Comunicação A evolução do mercado interno brasileiro está impulsionando o comércio regional, tanto nas pequenas empresas quanto nas grandes empresas brasileiras. Com isso o poder de compra do brasileiro é quem dita o ritmo desse mercado aquecido. Os profissionais de Comunicação nunca estiveram em tanta evidência como nestes últimos 10 anos. Como podemos aproveitar esse cenário, desenvolver novos negócios e fomentar a economia local? Qual a importância da formação acadêmica para o profissional que pretende se destacar em um cenário promissor, porém concorrido? Nessa linha de pensamento abordaremos sobre o futuro do profissional de Comunicação.

Mercado Nunca se falou tanto em consumo como temos visto, acessado e ouvido nos últimos tempos. São empresas que a todo o momento disponibilizam seus produtos e serviços para o consumo imediato, com fácil acesso ao crédito e ao produto em tempo real. A economia brasileira na contramão das economias mundiais, salvo Asiática - China, tem sido destaque no cenário mundial, não pelo seu crescimento em relação aos outros mercados, mas sim por ter sustentado sua política econômica a frente de uma crise que atinge os países desenvolvidos. São negócios acontecendo a cada segundo, empresas surgindo com novos conceitos de produtos e serviços para o consumidor, e com isso, a cadeia de consumo funcionando a todo vapor. Diante desse momento, que defendo ser uma ´´bolha eufórica´´ - pois se levarmos em consideração todo o momento da economia mundial nos últimos 20 anos, com o avanço da tecnologia possibilitando o acesso, de maneira fácil, aos meios de comunicação, como internet, TV, Rádio, celulares, etc., nunca o consumidor teve tanta informação em suas mãos como agora -, e com tudo isso, ainda não sabe de que forma utilizar esses dados a seu favor, levando a crer que o consumo desregrado é um efeito da quantidade de oferta e facilidade de compra no que diz respeito a própria necessidade de se obter aquele determinado produto, a fim de atender às suas reais necessidades de consumo. Sendo assim, creio que estamos entrando em uma curva descendente, onde os consumidores começam a entender o seu papel no mercado de consumismo e passa a pensar na sua função enquanto detentor do poder de compra e que daqui há pouco tempo - curto prazo -, o processo de consumismo passará a ser mais regrado e consciente, de forma a fazer com que as empresas passem a gerar diferenciais não somente agregados ao valor e oferta, mas sim o por quê esse produto é importante para o público consumidor. É a partir desse ponto que pretendo abordar o mercado futuro para os profissionais da área de comunicação, tendo um governo fomentando e incentivando o mercado consumidor e de outro lado os consumidores repensando de

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que forma agir de maneira consciente para não deixar se levar para facilidade da oferta. Aí se dá o papel do comunicador, entender os dois lados.

A formação do profissional O papel do professor na formação do profissional é de suma importância na cadeia construtiva do desenvolvimento econômico. Com demandas de consumo cada dia mais intensificadas, empresas de todos os portes, buscam por profissionais que dominam o conhecimento sobre conhecimentos específicos e estratégias mercadológicas, formas eficientes de se comunicar com seu público de interesse, a fim de atender aos objetivos da organização no que diz respeito a introduzir seus produtos no mercado consumista, de forma sólida e permanente. Os profissionais que irão fazer a diferença entre o sucesso ou insucesso do produto será aquele que se destacar no cenário acadêmico já nos seus primeiros contatos em sala de aula, onde são abordadas as teorias sobre determinadas áreas específicas que abrangem o processo comportamental do consumidor mercadológico e as diversas formas de se estabelecer um processo de comunicação eficiente. Entender o cenário em que estamos inseridos é um dos fatores que considero ser fundamental nesse processo. A partir da leitura desse cenário passamos a entender de que forma se aplica a teoria abordada em estudos no cenário acadêmico, projetando-o para a realidade local. O grupo de alunos que compõem uma sala de aula, na sua grande maioria tem contato com empresas, onde trabalham ou seus pais são proprietários, nem sempre todos estão inseridos no mercado de trabalho, porém não se faz necessário estar inserido na área de estudo para se tornar um profissional capacitado. A partir do momento que o aluno passa a compartilhar suas vivências e curiosidades sobre o mercado, ele poderá trazer para dentro da sala de aula cases que aconteceram no ambiente de convivência profissional, isso


se torna um grande instrumento de estudo para co-relacionar às teorias abordadas em sala de aula, e com isso, tornando-os um processo de aprendizagem teórica/prática. A transformação do profissional tem que se dar a partir da sua origem, onde é seu ambiente de convivência, fazendo com que ele possa identificar processos práticos a fim de ter efeitos de aprendizagem e assimilação teórica. As empresas buscam profissionais que tenham a capacidade de assimilação da informações e a pró atividade de tomada de decisões com bases no cenário vivencial. A busca por informações em redes expansivas é muito importante para a identificação de casos, mas a leitura do ambiente é o elemento transformador na capacitação dos profissionais. A evolução do mercado regional Já há algum tempo que se fala da falta de condições, incentivos e espaços para a instalação de empresas próximos aos grandes centros econômicos em função dos altos custos operacionais. Com isso, o que temos presenciado em nossa região? Não é mais novidade ouvirmos que empresas de grande porte, multinacionais estão migrando para o interior a fim de desfrutar de melhores condições de trabalho, incentivos fiscais oferecidos pelo municípios e a oferta de mão de obra qualificada. Em nossa região temos um exemplo desse cenário, onde a instalação de uma emissora de TV em 2002, com isso o cenário publicitário da região se tornou crescente deste então, e consequentemente o surgimento de novas agências de publicidade focadas no empresariado local e regional.

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Não muito distante, quando uma empresa estava na programação de uma emissora de TV era considerada como uma empresa de destaque, pois estava num veículo de comunicação destinado a poucos empresários devido o seu alto custo. Atualmente, a empresa que está inserida no mercado de consumo e não pensa em expandir suas linhas de atuação em comunicação, com certeza está fadada a sofrer sérias intervenções da sua concorrência em relação ao seu ramo de atividade e seu produto. É improvável que uma empresa tenha vida longa se não apresentar seus produtos ou serviços aos seus públicos de interesse de maneira eficiente. Isso nos leva a acreditar na força da expansão do mercado regional em que estamos inseridos. Com a instalação de novas indústrias, empresa de consumo varejista fez com a demanda por profissionais especializados na área da comunicação aumentasse, e muito! É considerável a abertura de novas oportunidades para os profissionais de comunicação, pois as empresas participam da exigência estabelecida pelo mercado consumidor, não se aceita mais ficar de fora desse mercado evolutivo, que a cada dia rompe novas fronteiras, ou melhor, para esse mercado não existe mais fronteiras basta o consumidor clicar que está estabelecida a relação empresa e consumidor. Já não existe mais a fase em que só podíamos comprar aquilo que as empresa ofereciam, hoje é o contrário, as empresas focam naquilo que o consumidor quer comprar. Outro fator para a ampliação dessa área foi a instalação do curso de Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda, que veio a somar com o já consolidado curso de Relações Públicas das Faculdade Integradas de Itapetininga. Essa oferta fez com que os empresários regionais pudessem contar com


profissionais qualificados e entendedores do mercado regional e que dessa forma atuassem junto a sua marca ou produto com eficiência. Os profissionais de comunicação têm por frente um grande mercado a ser explorado, desde a pequena empresa que ainda não tem a filosofia de trabalhar a comunicação da sua marca ou produto, mas que já sentem a necessidade de se inserir nesse cenário, em função do surgimento de novos concorrentes e também, empresas que se estabelecem em nossa região e buscam pela contratação de mão-deobra especializada, para atender as suas demandas internas e externas de comunicação. Esse processo de desenvolvimento regional na área de comunicação está apenas iniciando, visto a abrangência e quantidade de cidades que formam esta região. E se levarmos em conta que estamos próximos as grandes centros, nos tornamos profissionais diferenciados nesse mercado, pois temos acesso e referências aos acontecimentos dos grandes centros e também a oportunidade de transformá-los, com suas devidas considerações, em ações para o mercado local/regional. Basta realizarmos um estudo de quais cidades oferecem a oportunidade de absorver o profissional de comunicação a partir das empresas nela instaladas.

Futuro promissor. Como aproveitar esse momento? Sabemos que as empresas se estabelecem no mercado através da vendas de seus produtos e serviços e também da construção da sua imagem perante seu público de interesse. O papel do profissional de comunicação é primordial para que isso se concretize que se transforme, pois sem o conhecimento específico deste profissional é praticamente impossível que se possam alcançar os objetivos estabelecidos pela organização, tanto no relacionamento com o seu público interno quanto externo.

A base acadêmica é a plataforma que impulsionará o egresso ao mercado de trabalho com as capacitações necessárias para exercer suas atividades enquanto comunicólogo. Entender as necessidades e oportunidades oferecidas dará a chance de se inserir nesse mercado promissor no qual estamos inseridos, também diante deste cenário favorável em que a economia brasileira se encontra com incentivos governamentais para a evolução industrial, a força da economia agrícola que a região sustenta, todos esses elementos prosperam novos horizontes a fim de exercer a profissão escolhida. Cabe a nós docentes, qualificar nossos alunos e apresentálos as melhores oportunidades para se desenvolverem nesse mercado promissor, oferecendo conhecimentos que os farão profissionais respeitados e requisitados pelas empresas aqui instaladas. A força de desenvolvimento não está localizada nos grandes centros somente, a concorrência é maior, todos buscam esse lugar, porém a chance de engrandecimento profissional pode se dar a partir do pequeno empresário que nos confia a sua empresa para desenvolver um trabalho de comunicação, com os objetivos de posicionar a sua empresa no mercado. E qual a diferença existente em trabalhar no projeto de uma pequena empresa em relação a uma empresa de grande porte? Podemos pensar que as cifras são outras, o grupo de pessoas envolvido são maiores, porém, se não tiverem o mesmo nível de conhecimento específico teórico de nada adiantará estar à frente de uma conta gigantesca. A diferença entre um profissional e outro não está nas dimensões dos projetos em que ele está envolvido, mas podemos distinguir um do outro em relação ao seu envolvimento com o desafio a ele creditado, não importando o rótulo do seu cliente, mas sim o seu comprometimento com a sua profissão.

Marcos Bueno é professor universitário, formado em Publicidade e Propaganda pelas Faculdades FKB de Itapetininga, Pós-Graduando em Gestão de Marketing Diretor de Planejamento e Criação - AG6 Comunicação

Prof. Marcos Bueno

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11 Imagem e Gestão da Comunicação Institucional No cenário atual, algumas organizações possuem uma imagem muito negativa perante a opinião pública. Isso é fato, e ocorre em várias instituições, independentemente do seu porte e ramo de atuação.

Quando surgem situações emergenciais, nem as chamadas personalidades (atores, apresentadores, músicos, entre outros) estão livres dos “ataques” da opinião pública. Sim, eles também precisam trabalhar a sua imagem, mas essa é outra história (ou oportunidade?). O empresariado não foge à risca e isso não se trata de um fato isolado. No globo todo, essas organizações são alvos dos estereótipos e das “crendices” criadas pela sociedade. É preciso que haja consciência de que a imagem “mal trabalhada” gera consequências significativas – muitas vezes decisivas – e é necessário que exista um controle desse processo. No Brasil isso ainda não ocorre definitivamente, e a situação é agravada pelo conceito distorcido (ou preconceituoso) que as camadas profissionais carregam. Parece bobagem, mas ainda ocorre, e com uma preocupante frequência. O processo de legitimação da imagem é complexo, árduo e requer a soma de esforços de todas as áreas da comunicação, bem como de seus gestores e de todos os envolvidos no processo. O plano estratégico de gerenciamento de imagem, muitas vezes esbarra em “forças” contrárias à renovação, ao novo mundo. Para a sociedade, as empresas e seus empresários são do “mal”, só visam o lucro, exploram empregados, sonegam impostos, poluem o ambiente e são insensíveis aos problemas sociais. Sempre que alguma empresa está envolvida numa denúncia ou num escândalo esses conceitos ressurgem na cabeça da população, comprometendo a imagem e, por consequência, todo o processo de desenvolvimento da organização. Será que você mesmo já não pensou assim? Nesses casos, é comum empurrar o problema para a assessoria de imprensa, que muitas vezes nem sabe o que se passa dentro da empresa, quanto mais fora dela. Mas será que cabe a apenas um departamento o trabalho de preservação da imagem? Não!

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O gerenciamento da imagem é um processo que depende da organização como um todo, começando pela alta cúpula, acionistas e do seu grupo de gestores. O processo de comunicação integrada deve acontecer progressivamente. Num primeiro momento, é necessário reunir todos os departamentos que possuam relação direta com públicos (diversos), ou seja: Relações Públicas, Marketing, Vendas, Recursos Humanos, Advogados, Telemarketing e Agências de Publicidade, mesmo que desempenhem funções estratégicas independentes, para que os próximos passos estejam focados na criação do Plano Estratégico da Imagem e Gestão da Comunicação Institucional. Enfim, a soma de esforços das diversas áreas da comunicação constituem um “mix” realmente completo de estratégia comunicacional e proporcionam ao empresariado ferramentas sólidas, bem fundamentadas para a tomada de decisão. Faz-se necessária, para os fins do Planejamento Estratégico da empresa, apostar na comunicação integrada e nos vários benefícios da atuação segmentada, altamente focada, de cada profissional. Cada um deve estar atento à integração de sua área com as demais, para que os projetos apresentados sejam aplicados adequadamente e, finalmente se transformem em processos que tragam benefícios às instituições e claro, tragam rentabilidade e um significativo crescimento da imagem institucional. Profissionais que desejam realizar uma gestão moderna de comunicação organizacional terão de focar seu trabalho nos fundamentos e nas teorias da Comunicação Social, mantendo uma postura estratégica, focada no negócio principal e amparada em questões éticas e de responsabilidade social, sabendo realizar uma análise clara do plano de negócios da organização, identificando problemas e oportunidades.


É necessário que o profissional saiba planejar e administrar estrategicamente a comunicação, sabendo interagir com outros setores da organização, investindo no relacionamento e claro, buscando soluções criativas que auxiliem na construção, e/ou na manutenção da boa imagem institucional. Os principais objetivos da Comunicação Institucional estão no estabelecimento de relações duradouras com seus públicos. Isso é possível através de ações personalizadas e segmentadas, tomando como base à análise periódica das informações obtidas através de questionários e relatórios aplicados na empresa (e/ou junto aos públicos de interesse), objetivando identificar as reais necessidades. As ferramentas da comunicação institucional buscam atingir todos os públicos envolvidos na organização (internos e externos). Após a utilização dessas ferramentas, devem ser elaboradas ações de acordo com os objetivos da empresa, e as necessidades do momento.

A influência das Relações Públicas para a gestão organizacional. A Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP) apresenta Relações Públicas como: Esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização pública ou privada e seu pessoal, assim como entre a organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente. (Pinho 2001, pp. 83-84) Andrade (2003, p. 41) diz que “são funções básicas de Relações Públicas: Assessoramento, Pesquisa, Planejamento, Execução (Comunicação) e Avaliação”. Para Pinho (2001, p, 83), “as relações públicas podem ser entendidas como uma função de administração estratégica dos contatos e do relacionamento entre uma organização e os diferentes públicos que a constituem ou que com ela se relacionam e interagem”.

As ações, uma vez que desenvolvidas, devem ser monitoradas facilitando a sua avaliação através dos resultados identificados. As ações devem ser aplicadas de forma ininterrupta ou ter uma periodicidade definida, caso contrário seu desenvolvimento cai no esquecimento e os resultados ficam obsoletos. As relações públicas ativam ou mantém as relações existentes em uma determinada organização. De maneira geral os públicos de interesse não estão suficientemente informados sobre o que deve fazer; o que pode fazer; o local onde fazer; o local onde se informar; como satisfazer; as razões que justificam as exigências; as taxas e os preços cobrados; as razões dessas taxas e preços. Contudo, cabe aos profissionais de comunicação identificar as necessidades através de análises dos relatórios e resultados das pesquisas realizadas com os diversos públicos da organização e buscar saná-las com ações determinadas após um profundo diagnóstico que norteará todo o plano de ação da organização. É de extrema importância que os futuros comunicólogos utilizem cada instrumento de forma sistematizada para poder aplicar as ferramentas corretas. Hoje na maioria das vezes utiliza-se uma ferramenta padrão com o mesmo conteúdo para as mais diferentes áreas de uma organização, muitas vezes não se leva em consideração o grau, o nível de instrução de quem compõe o organograma da organização e onde a informação precisa ser assimilada. Podemos concluir que o profissional de comunicação precisa ser antes de tudo, um estrategista que saiba trabalhar de forma integrada e consiga antever problemas e administrar crises. Precisa ter uma nova forma de comportamento, conhecer muito bem o ambiente organizacional e ter uma visão globalizada que o leve a organizar uma comunicação eficaz que dê legitimidade aos projetos e processos da comunicação, não se esquecendo porém, de utilizar (exercitar) a sua infinita capacidade criativa, sempre.

Analisando o cenário, podemos afirmar então, que atingir os objetivos propostos vão além de uma boa política de relacionamento, é necessário planejar. E o planejamento realizado pelos profissionais de Relações Públicas norteiam as ações institucionais para que as diretrizes organizacionais, bem como, a política da instituição sejam efetivamente aplicadas.

Rodrigo Cafundó Professor universitário, formado em Publicidade e Propaganda pelas Faculdades FKB de Itapetininga

Prof. Rodrigo Cafundó

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