Verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo

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verde

patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade ensaio teórico/fau-unb - 1/2014 matheus maramaldo andrade silva orientadora: flaviana lira barreto


“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas altas podem esconder o inimigo.” Sun Tzu

Ninguém gosta de ervas daninhas. Elas são invasoras indomáveis que destroem com perfeição todo um trabalho refinado de topiaria. Que dirá de tua esquina, rua, casa... de tua rotina. Um jardineiro ou doce senhora falaria que, mesmo assim, melhor seria se todos os dentes de leão da terra germinassem nas pradarias das mansões e dos terrenos baldios, e com um sopro de vento espalhassem vida e plumagem pelo cotidiano. Bem sei como queria isto... mas somente as novas heras e formigas poderão responder...


verde a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade ensaio teórico/fau-unb, 1º/2014 matheus maramaldo andrade silva orientadora: flaviana barreto lira


Maramaldo Andrade Silva, Matheus, 1991 Verde Patológico: A vegetação nos diversos processo de degradação da cidade/ Matheus Maramaldo Andrade Silva – 10/0017916/ Ensaio Teórico/FAU - UnB – Brasília, 1º semestre de 2014.

1. Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo

Diagramação: Matheus Maramaldo Andrade Silva Arte da capa: Matheus Maramaldo Andrade Silva Ilustrações: Matheus Maramaldo Andrade Silva Revisão: Profa. Flaviana Barreto Lira (FAU-UnB) Orientação: Profa. Flaviana B. Lira (FAU-UnB) Coorientação e/ou Banca Examinadora: Profa. Giuliana de Brito Sousa (FAU-UnB) Profa. Juliana Saiter Garrocho (FAU-UnB) Impressão: Copiadora Planalto (CLN 407 BL B - loja 37, Brasília, DF, CEP: 70855-520)


“As moitas e capões de mato onde viviam seres misteriosos tinham sido violados. ” Graciliano Ramos



Agradecimentos A Deus por ter concedido saúde e espírito para encarar toda esta, e tantas outras, empreitadas. Aos meus pais, Maria Arlete e Eurisvaldo, por todo o carinho e apoio, durante os dias de trabalho e durante toda a jornada da vida. A Jéssica e sua família, pelo carinho e apoio incondicional nestes últimos anos. A minha orientadora, Dra. Flaviana Barreto Lira, pessoa exemplar que, mesmo não sendo da área de Paisagismo, nunca desperseverou, e sempre me ajudou com a metodologia, revisão e apoio. As minhas professoras de Paisagismo, as quais fui monitor e que compõem a banca avaliadora, Juliana Saiter e Giuliana de Brito Sousa, pelos textos, monitoria, suporte técnico e amizade. A todos que contribuíram, de forma direta ou não, com este trabalho, com apoio, amizade e crítica.



sumรกrio



1.

apresentação

pág. 11

2.

introdução: quando as heras abrem o

pág. 15

concreto 3.

a vegetação: xilema, floema... e raiz

pág. 33

4.

verde urbano: urbe gramada

pág. 49

5.

metodologia de análise: conversando com as

pág. 81

mangueiras 6.

as diversas fitopatologias na cidade:

pág. 113

oleandros, gameleiras e desgaste 7.

diagnóstico: sementes iguais, árvores

pág. 239

diferentes 9.

considerações finais

pág. 285

10.

índice de imagens

pág. 295

11.

índice de mapas

pág. 307

12.

índice de tabelas

pág. 311


13. bibliografia

pรกg. 315

14. anexos

pรกg. 335

15. glossรกrio

pรกg. 379


apresentação



verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Olá, Leitor, O que está prestes a ler aqui certamente não são minhas memórias ou algum ensaio balizado em fontes inesgotáveis, mas um enredo pouco jocoso de minha paixão travado por pesquisas árduas. Não que eu seja algum Dom Quixote, que enxerga mal os moinhos da vida, - suponho que tenha sido sua primeira impressão ao ler o título do texto – estou são, o bastante como poderão ver a seguir. Peço que também não me olhem achando que sou algum cidadão que odeia a flora, estou muito longe disto, senhores, e os colaboradores desta minha empreitada e minha orientadora poderão confirmar isso. As plantas são mais que uma obsessão machadiana para mim, são um motivo de investigação constante e prazeroso deleite. Mesmo parecendo torpe a denominação deste texto, verás que tenho certa razão. A cada capítulo e linha, verás o que as vinhas da ira podem fazer desde pequenas, mesmo se mostrando macias no primeiro contato. Este ensaio, desenvolvido no âmbito da disciplina obrigatória de Ensaio Teórico em Arquitetura e Urbanismo,

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

nada nada mais é do que um manifesto ao bom senso da produção urbana, um pedido chato, mas necessário para o fomento da vegetação nas cidades, a vegetação que tanto amo. Plantar algo fora de casa é algo muito sério e que incorre a erros faraônicos, por vezes pela nossa própria inexperiência ou mediocridade. Quem nunca se orgulhou de plantar uma árvore? Eu mesmo já fiquei todo bobo ao plantar um pé de feijão, quem dirá uma frondosa espécie arbórea. Mas um dia o abacate que sairia daquele abacateiro não poderia machucar alguém ao cair? A vegetação pode ser uma caixinha de surpresas – inclusive uma caixinha de Pandora, não se esqueça disto. Faço aqui valer então minhas palavras, mesmo que em terceira pessoa, ócios do ofício, sabendo que esta é demasiada científica para se tratar de algo tão belo. Mas espero que a linguagem pouco vulgar do meio acadêmico não esconda a principal mensagem do texto: não plante nada somente pelo código de barras; confira as informações nutricionais, a credibilidade da marca, o fornecedor e vá até a validade. Matheus Maramaldo, 2014

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introdução

quando as heras abrem o concreto



verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

“... e emolduradas por uma larga cinta densamente arborizada...” Lúcio Costa

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

O verde1... como aferir e classificar isso? Seriam as árvores sombreando as áreas antes ensolaradas, os jardins enfeitados e bucólicos que estão em nossas casas ou o tilintar majestoso dos pássaros sobre as galhadas que é o verde? Quando se trata de vegetação logo associamos nossa visão à natureza e a um bucolismo sereno que muito se assemelha às falas do iluminismo francês. Fulgeri (2003) resume este pensamento nesta interpretação de Rousseau: [...] a civilização e a sociedade corrompem o homem, é necessário recorrer ao sentimento, voltar à natureza que é boa. Rousseau entende a natureza como sendo o estado primitivo, originário da humanidade, isto é, entende-a no sentido espiritual, como espontaneidade, liberdade contra todo vínculo antinatural e toda escravidão artificial. Segundo ele a sociedade impõe ao homem uma forma artificial de comportamento que o leva a ignorar as necessidades naturais e os deveres humanos, tornando-o vaidoso e orgulhoso. O homem primitivo entretanto, por viver de acordo com suas necessidades mais legítimas é mais feliz. Ele é auto suficiente e satisfaz suas necessidades sem grandes sacrifícios daí não sente grandes angústias, através do sentimento inato da piedade ele evita fazer o mal desnecessariamente aos demais. (FULGERI, 2003, p.6). Os leitores vão ler bastante esta palavra. O verde será sinônimo aqui de vegetação, a menos que acompanhado de outros adjetivos que mudem completamente este sentido. 1

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Mesmo sendo um pensamento arcaico, que reluz mais ao que é próprio da alma humana que à vegetação em si, não se pode discordar de sua persistência conosco. A natureza, o natural e o verde são coisas que qualificamos como boas; a vida no campo é a tradução da paz, da serenidade e liberdade; pensa-se que podemos melhorar a qualidade de vida das pessoas, principalmente nas cidades, ao colocar em prática medidas que nos aproximam dessa natureza. Isto fica ainda mais claro quando saímos da filosofia e do senso comum e ouvimos especialistas que investigam a cidade, seja para propor modelos ou para mostrar valores do emprego da vegetação nas urbes. Todos os capítulos têm algum jardim, algum parque ou alguma árvore que possa agregar bons valores ao discurso. Veja esta entrevista do renomado paisagista Benedito Abbud quanto do lançamento de um dos seus livros: O verde é fundamental em todas as escalas: dentro de casa, numa varanda, em um parque, em pequenas ou grandes avenidas. O verde melhora a qualidade ambiental, a umidade relativa do ar, ameniza a poluição e as ilhas de calor, já que as plantas o absorvem. Além disso, há um efeito psicológico: a

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

natureza é mais agradável de olhar do que o concreto. O verde estimula nossos sentidos com cores, flores, aromas, formas, sombras, texturas e gostos ... É sabido que uma bela vista sempre foi associada à qualidade de vida, sempre foi chique. Uma avenida de ipês amarelos dá outra impressão da cidade. (GEROLLA, 2006).

A

vegetação

é

tratada

por

ele

como

algo

extremamente importante e infalível. No início da reportagem, o entrevistador ainda é mais enfático: Em tempos de insegurança social, o paisagista [...] diz ter a receita para combater a violência e incentivar o convívio pacífico entre as pessoas: usar mais o verde nos espaços públicos. (Id., ibid.).

Mas o leitor pode estar se perguntando: “Mas esta entrevista pode ser sensacionalista, o entrevistador já começa dizendo que tal coisa é a solução, é uma conversa casual, etc.”; e pode ter realmente razão, por mais crédito que se dê ao arquiteto. Balizando na literatura científica (de paisagismo ou ecologia), vejamos se nos manuais essa fala se confirma. Waterman (2009) assim emprega o valor das plantas: As plantas nos dão conforto nas mais diversas formas, além de suas qualidades essenciais. As árvores nos proporcionam

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

sombra, barram os ventos fortes, limpam o ar poluído, amenizam as temperaturas e enquadram vistas. As plantas também podem ser usadas para proteger o solo da erosão, absorver o excesso de água que escoa durante as tempestades ou retirar contaminantes do solo poluído, entre tantos outros atributos positivos. (WATERMAN, 2009, p.75).

Esse

outro

grupo

de

pesquisadores

europeus

descreve assim os valores do verde: As árvores e as florestas são, por causa de mudanças sazonais e seu tamanho, forma e cor, os elementos mais importantes da natureza urbana. As suas vantagens e utilizações variam desde benefícios psicológicos e estéticos intangíveis à melhoria do clima urbano e mitigação da poluição do ar. Historicamente, os principais benefícios das árvores urbanas e florestas se relacionam com a saúde, estética e lazer - benefícios em cidades industrializadas. Além disso, áreas verdes têm fornecido as

pessoas

subsistência,

fornecendo

alimentos,

forragem,

combustível e madeira para construção. (KONIJNENDIJK et al, 2005, p. 81, tradução nossa).

Percebe-se que não se mudou o discurso. Esta

concepção

de

vegetação

não

é

compartilhada pelos paisagistas acima e pelos ecologistas, ela

é

fortemente

vinculada ao planejamento

urbano,

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

extrapolando

o

conceito

individual,

de

integrante

de

espaços, e conformando-se como o próprio espaço. Isto data já de muito tempo (pode-se considerar o período que se inicia o sedentarismo da humanidade, criando as primeiras polis), mas, como discurso, é mais efusiva a partir do pré-urbanismo (séculos XVIII e XIX), em que os modelos já procuravam o verde como agregadores de valor e de bem estar às ditas utopias: em New Harmony, por exemplo, de Robert Owen, os espaços verdes tinham o papel de inibir a visão e o cheiro das indústrias mecânicas e matadouros; nas propostas de falanstérios de Victor Considérant (discípulo de Charles Fourrier), mais do que barreiras, a vegetação já se mostrava como área verde necessária para o descanso e contemplação em meio à rotina; John Ruskin é direto, descrevendo que as casas-tipo da sua proposta deveriam ter árvores, grama e flores - em todas as casas do modelo (CHOAY, 1965). Essa evolução do papel da vegetação no desenho urbano viria a se confirmar ainda mais com o século XX: os tratados e as experiências se tornavam mais facilmente concretos e as vilas, cidades e metrópoles estavam mudando mais rapidamente, usando muitas vezes de intenções e

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

normas descritas nesses manuais em um processo quase que global. Le Corbusier, arquiteto urbanista, foi o maior expoente dessa nova ordem (Figura 01), que muito persiste até hoje em nosso desenvolvimento urbano. Nas novas vertentes e propostas, o solo pertencia ao movimento e ao verde, e não mais às casas e aos carros, como descreveria: O solo não é mais tocado em seu conjunto. O primeiro piso fica 3 metros acima do solo, deixando livre o espaço, sob a casa, entre pilotis. [...] Desta forma, as coisas estarão novamente na escala

humana.

A

natureza

foi

novamente

tomada

em

consideração. A cidade, em lugar de se tornar uma pedreira impiedosa, é um grande parque, onde o urbanista distribuirá as unidades

de

habitação

de

tamanho

ideal,

verdadeiras

comunidades verticais. [...] Sol. Espaço. Vegetação. Os imóveis são colocados na cidade atrás do rendilhado de árvores. A natureza está inscrita no arrendamento. O pacto foi assinado com a natureza. (Id., 1976, p. 30 e 50).

Seja conforme o pensamento rousseauniano e popular, do início do texto, ou advindo de pesquisas, teorias e vanguardas, essa é a conjuntura da vegetação aplicada ao projeto urbano que temos. Quase sempre se faz uma descrição amplamente positiva desta: plantar mudas e

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Figura 01 - Novo modelo de cidade, Le Corbusier (CORBUSIER, Le. 1976, p. 40 e 41)

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

elementos mais frondosos faz parte de toda a política de embelezamento e bem estar das casas e cidades. Os manuais nos ensinam o que se deve fazer para aproveitar ao máximo as qualidades das plantas nos nossos canteiros. Mas será mesmo que a vegetação é uma fonte inesgotável de prazer e lazer, que traz somente benefícios ao homem, como descrevem os ecologistas e tratados das mais variadas ordens? É delicado falar que as plantas podem ser inimigas das populações e das cidades, mas a realidade não é totalmente aprazível. Já parou para pensar que ao andar pela rua nem sempre a calçada é regular ou ao estar dirigindo quase não se percebe uma ou outra placa por estar encoberta por vegetação? Eis ai alguns dos percalços que não são cogitados pela literatura e pela população até esbarrar diretamente neles. Caso o texto ainda não esteja sendo claro, façamos algumas analogias. Há algumas centenas de anos, antes mesmo do nascimento de Jesus, um guerreiro chinês, que muito escrevia, redigiu mais um adentro ao seu livro de estratégias:

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“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas altas podem esconder o inimigo.” (TZU, 2008, p.77). Quando se para pra pensar nesta frase, é difícil imaginar o que ela tem a ver com nossos dias de hoje, mais, o que ela pode ter a ver com a cidade e o cotidiano urbano de agora. Não há florestas, os bambuzais estão restritos às poucas fazendas que querem se proteger do vento e as prefeituras tentam aparar ao máximo a grama próxima as pistas. Contudo, ao ter um olhar mais minucioso sob os percursos que diariamente são percorridos por todos nós, sejam calçadas, avenidas ou outros caminhos, nota-se que nem sempre o translado

vegetado

é

agradável

como

se

imagina,

chegando por vezes a gerar a percepção de perigo. Atendo-se a esta explicação, leia novamente a frase de Tzu (2008): “As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas altas podem esconder o inimigo.” (Id., 2008, p.77). A possibilidade de se transpor para os dias atuais essa afirmação, rebatendo-a para os espaços livres públicos das nossas cidades, é inquestionável. Um terreno baldio podia muito bem representar qualquer um destes habitats e, tendo

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

isto em mente, perceber-se-ia o risco que um mato alto pode trazer, escondendo desde escorpiões a punguistas. Jane Jacobs, dura crítica do Urbanismo Moderno, dá ainda outro exemplo de como o planejamento ruim do verde pode trazer malefícios a sociedade: No East Harlem de Nova York há um conjunto habitacional com um gramado retangular bem destacado que se tornou alvo da ira dos moradores. Um assistente social que está sempre no conjunto ficou abismada com o número de vezes que o gramado veio à baila, em geral gratuitamente, pelo que ela podia perceber, e com a intensidade com que os moradores o detestavam e exigiam que fosse retirado. Quando ela perguntava qual a causa disso, a resposta comum era: “Para que serve?”, ou “Quem foi que pediu o gramado?” Por fim, certo dia uma moradora mais bem articulada que os outros disse o seguinte: “Ninguém se interessou em saber o que queríamos quando construíram este lugar. Eles demoliram nossas casas e puseram nossos amigos em outro lugar. Perto daqui não há um único lugar para tomar café, ou comprar um jornal, ou pedir emprestado alguns trocados. Ninguém se importou com o que precisávamos. Mas os poderosos vem aqui, olham para este gramado e dizem: ‘Que maravilha! Agora os pobres tem tudo!’ (JACOBS, 2010, p.14)

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 02 - NĂŁo pise Ă grama? Foto: autor

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

O gramado citado parecia ser pela descrição algo exemplarmente polido, mas qual a sua função em meio ao contexto em que se encontrava? Crendo nisto, vê-se que a vegetação, que está por toda a parte, singela ou mais ostensiva, nem sempre dispõe só de benefícios aos moradores de uma cidade. Quando não se há projeto ou cuidados de manutenção, o natural pode ficar fora de controle, ameaçando a saúde, a segurança e até a cadeia social de uma urbe. E isso é o que não está claro nos textos que tratam de vegetação e paisagismo, acadêmicos ou não. Está presente o que se deve fazer, mas não o que ou por que não se deve fazer, geralmente. O que se pretende, então, com este ensaio é avaliar em que medida esses maciços vegetais podem trazer malefícios ao cotidiano urbano. A discussão a ser construída buscará responder a esta questão por meio de revisão da literatura, aparentemente escassa até o momento, e da elaboração/reunião de conceitos e aspectos fitopatológicos nas cidades, que, posteriormente,

serão

organizados

na

forma

de

uma

ferramenta de diagnóstico aplicável a áreas urbanas. Esperase, com a ferramenta proposta, contribuir na tomada de

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

decisão projetual para os novos planejamentos de áreas com verde2 (Figura 02). Para o enfrentamento desta problemática, o estudo se estruturará da seguinte forma: 1.

Primeiramente, buscar-se-á elucidar o objeto de

estudo (vegetação) e seu contexto nas cidades (vegetação urbana); 2.

A partir desta conceituação, partir-se-á para

compreensão e elaboração de um método, analisando e ponderando discursos de alguns estudiosos da análise urbana; 3.

Essas pesquisas (de base metodológica), como

outras fontes ligadas à botânica, jardinagem, geografia física, paisagismo e urbanismo, balizarão uma enumeração dos possíveis malefícios da vegetação nas cidades (espontânea ou por implantação antrópica), as fitopatologias3, e assim permitirá seu estudo em campo; 4.

A partir da categorização das fitopatologias,

será proposta uma ficha de diagnóstico a ser aplicada em áreas urbanas. O recorte físico-espacial para aplicação desta

Áreas verdes e espaços verdes são conceitos que serão mais explorados no capítulo ‘Verde Urbano: a urbe gramada’. 3 Fitopatologia: Aqui foi emprestado este termo da botânica, no qual se refere a doenças, deformações e outros problemas que ocorrem nas plantas, invertendo-o e o empregando como: plantas causando malefícios a cidade. 2

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

ferramenta de levantamento será uma superquadra do Plano Piloto de Brasília, a SQS 308; 5.

Feito o estudo de campo, os resultados deverão

ser diversos mapas e tabelas, os quais darão um razoável panorama de como são encontradas tais patologias e qual a situação da área escolhida em relação a elas; 6.

Por

fim,

serão

brevemente

analisadas

tais

estatísticas, o procedimento metodológico proposto e sua aplicação, como o processo de estudo como um todo. O intuito é que este trabalho, sirva de base para o levantamento do desempenho da vegetal urbana, e, a partir dos seus resultados (estatísticos ou não), possa se fazer recomendações projetuais para as áreas avaliadas. Não é, de forma alguma, um manifesto contra o uso das plantas nas urbes, vejam bem, está justamente no caminho oposto. Para se ter uma cidade saudável, é necessário ter maciços de árvores, forrações e arbustos, mas em equilíbrio, pensando nas demandas e necessidade, nas aplicações e usos, de forma agregadora e sem prejuízos para malha.

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a vegetação

xilema, floema... e raiz


Matheus Maramaldo Andrade Silva

” No momento em que senti vontade de exprimir-me dentro da ordem estética, só tinha à minha disposição um único material: a planta.” Arnaud Maurières

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Poder-se-ia dizer aqui que vegetação é simplesmente um

“conjunto

de

plantas

que

povoam

uma

área

determinada”4, porém, mesmo o presente texto tendo o intuito de ser científico e o mais austero possível nesta posição, falar sobre plantas não é um processo cartesiano. Vejam, basta ler os próprios nomes científicos que nos são apresentados: Plumbago auriculata, Schefflera arborícola, Yucca gigantea, Callisia fragans... e tantos outros; estas denominações estão carregadas de emoções e impressões retidas

nas

íris,

tez

e

brônquios

dos

mais

diversos

pesquisadores. Estes cientistas foram até as florestas mais fechadas e distantes coletá-las, mas, mesmo com todos os seus manuais e congressos, ainda assim nomeiam as flores por características subjetivas. A vegetação é epidêmica, tem diversas cores, formas e tamanhos, e encanta-nos, sendo impossível tratar como um algoritmo ou um pedaço genético que se repete durante as gerações. Hoje não a tratamos mais como mero exemplar do quintal ou como alimento do dia-a-dia. Essa é o centro, direto ou indireto, de quase todas as discussões: está nas pesquisas e

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora Melhoramentos, 1998. 4

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

colheitas da agricultura, chegando a nossas casas como material de construção, tendo em forma de florestas tropicais zelo para as futuras gerações ou servindo como pretexto para as mais diversas falas acerca de sustentabilidade. O

entendimento

do

verde

(mas

também

azul,

vermelho, violeta...) é tão complexo que interage inclusive com nossas cidades. Nossas cidades? Sim, nossas cidades. Por vezes achamos que as urbes em que moramos são “selvas de pedra”, e não se pode tirar a razão, pois o que se enxerga é quase que exclusivamente prédios, cimento e carros. Porém, mesmo que imperceptível, devido a rotina urbana, o vegetal também está nela inserido, por menores ou maiores que sejam seus elementos. Podem

as

plantas

estar

menos

presentes,

se

escondendo atrás de uma única árvore na rua ou podem estar exuberantes em grandes extensões ajardinadas, o que importa é que estão lá. Visto isso, este balanço tende agora a parecer mais sensato. É chegada, portanto, a hora de aprofundar seus elementos.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

O Reino Plantae para carpinteiros e jardineiros: Parece básico e elementar definir este campo: plantas são plantas, abobrinha é um vegetal, cenoura é um vegetal, mangueira é uma planta. Porém, mais do que saber seus nomes ou saber se é uma planta ou uma pedra, por exemplo, é necessário ter conhecimento das tipologias em que estão classificadas, em chaves mais diversas do que a simples diferenciação entre vegetais, animais e minerais. Equalizemos, portanto, o que vem a ser planta: Segundo Raven et al (1992): As

plantas

verdes

incluem

um

amplo

conjunto

de

organismos fotossintéticos que contém clorofilas a e b, são capazes de armazenar seus produtos fotossintéticos como amido dentro de uma membrana dupla de cloroplastos que o produz, e têm paredes celulares feitas de celulose (RAVEN, 1992, sem página, tradução nossa).

Esta já é uma definição mais abrangente do que a lida no dicionário, auxiliando-nos a abrir mais nossa visão. Todos os seres que se encaixarem nesta descrição são plantas, o que irá incluir, para surpresa de muitos, várias algas e musgos. Munidos desta informação, classifiquemos:

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Primeiramente, mais do que se agruparem em florestas, restingas e matas, a vegetação obedece a uma ordem de hábito5 - para os paisagistas, estratos. Para Salviati (1993), divide-se a vegetação em (Figura 03): - Plantas arbóreas: Normalmente acima de 5 metros de altura, com caule autoportante, base única6 - árvores, palmeiras e coníferas7. - Plantas arbustivas: Normalmente abaixo de 5 metros de altura, com caule autoportante, base múltipla e resistência ao menos parcial. - Trepadeiras: Plantas sem caule autoportante que crescem sobre suporte. - Plantas herbáceas: Normalmente abaixo de 1 metro de altura, com caule não resistente e herbáceo – herbáceas, forrações e pisos vegetais.

Hábito, no campo da botânica, trata do porte e sustentação da planta. Há várias palmeiras com caule múltiplo. 7 Coníferas: Pinheiros, araucárias, cedros. Não estão incluídas gimnospermas menores, como as cicas. 5 6

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Há outras que não se encaixam nas descrições, flutuando nas classificações, como bananeiras e sagus. Mais do que estilos, que variam com culturas, há jardins e jardins8 para grupos de vegetação. As plantas se enquadram em xerófitas (Figura 04) (que aguentam bem longos períodos de estiagem), ombrófilas (que preferem regimes mais constantes de chuva) (Figura 05), heliófilas e umbrófilas (que respondem melhor à maior ou menor luminosidade, respectivamente), aquáticas, epífitas, brejeiras e que se adaptam tanto ao regime de chuvas quanto a seca. Vejam que estas se encaixam nos quesitos de água, sol e solo. Já para Gonçalves e Lorenzi (2011), botânicos, a vegetação pode ser dividida em diversos graus, os quais se pode encaixar também o hábito. O primeiro deles é o evolutivo, dividindo as plantas em algas, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas 9 (Figura 06). Como se verá mais à frente no texto, escolher por um tipo de planta ou jardim tem várias consequências. Jardins áridos, por exemplo, são uma ótima forma de economizar água e manutenção, mas incorrem em diversos prejuízos sociológicos e físicos se mal planejado. 9 Resumo geral da classificação botânica. Estes conjuntos são fortemente divididos e complexos, sendo até equivocado chama-los assim, mas, pela noção popular, devese por aqui esta classificação. 8

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

palmeiras

coníferas

herbáceas e forrações

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trepadeiras

atípicas (bananeiras, agaves, cactos, cicas...)

Figura 03 - Os estratos da vegetação. Desenho: autor.


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

árvores

arbustos

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 04 – Piteira do Caribe (Agave vivípara L.), exemplo de planta xerófita e heliófila. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 05 – Orelha de Elefante Gigante (Alocasia macrorrhizos (L.) G.Don), planta ombrófila e umbrófila. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Isto definirá presença de flores, ciclo de reprodução, tamanho, necessidade de água, informações imprescindíveis para um planejamento paisagístico. O segundo é a lenhosidade e ramificação, ou seja, a resistência e composição do caule junto a sua divisão junto da base. Plantas sem lenho são consideradas ervas, as que não

se

auto

sustentam

são

lianas,

as

que

possuem

lenhosidade e são ramificadas na base são arbustos e as lenhosas e de caule único são árvores. Dadas estas formas de crescimento, há, claro, exceções, mistos dessas composições, caso de palmeiras e subarbustos10. Outra variação, que será importante, como veremos mais à frente, é quanto à forma de sobrevivência das plantas. Elas podem ser autótrofas (produzem seu próprio alimento), hemiparasitas (praticam fotossíntese, mas suga água da planta parasitada), parasitas (não praticam fotossíntese e dependem de todos os nutrientes da planta parasitada) e saprófitas (dependem de matéria orgânica do solo ou de cima do seu suporte, fazendo pouca ou nenhuma fotossíntese – não invadem os canais das plantas próximas).

Subarbustos são plantas mais baixas, com até 1 metro de altura, com base lenhosa e restante herbáceo. 10

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

ainda

outros

graus

de

divisão,

segundo

os

botânicos, do Reino Plantae, mas que aqui não são convenientes. A vegetação então, visto isso, pode se constituir em uma árvore bem alta, com mais de cem metros de altura, ou um arbusto de cinquenta centímetros; ter plantas de folhas largas e abundantes por todo o caule ou desprovidas disto; habitar o deserto ou estar somente em cima de uma árvore específica da Amazônia; ser aquela despercebida área verde – totalmente adaptável e com características das mais diversas possíveis.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Pteridófitas** (Licófitas, Equisetos, Psilotos, Samambaias e Samambaiaçus)

Vascularização

Ambiente Terrestre

Briófitas* (Musgos, Hepáticas e Antóceros)

Algas Ancestrais (Provavelmente Clorófitas)

Figura 06 – Cladograma das Plantas (dados: RAVEN, 1992). Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Angiospermas (Todas as plantas floríferas)

Sementes

Gimnospermas (Pinheiros, Ciprestes e Cicas)

*Forma didática de condensar as divisões Bryophyta, Marchantiophyta e Anthocerotophyta. ** Forma didática de condensar as divisões Lycophyta e Monilophyta.

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verde urbano

a urbe gramada


Matheus Maramaldo Andrade Silva

“Prosseguindo, através do Palácio de Cristal, nossa caminhada em direção ao bulevar exterior da cidade, atravessaremos a Quinta Avenida, arborizada, como todas as ruas da cidade, ao longo da qual – olhando em direção ao Palácio de Cristal – encontramos um cinturão de casas bem construídas e levantadas em terreno próprio e espaçoso.” Ebenezer Howard

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Descrito um conceito mais amplo – paisagístico, geográfico e botânico (p. 34 à 40) - do que viriam ser as plantas, cabe agora fazer a seguinte pergunta: onde estará este verde que tanto conceituamos em nossas cidades? A vegetação é um elemento compositivo quase que obrigatório dos espaços livres ao longo do tempo e está distribuída de forma variada nas polis do mundo. Diz-se caótica, por que mesmo planejada e bem plantada, esta não se restringe ao projeto antrópico e se espalha, como no meio natural, por todas as áreas, sem restrição de solo e de uso. Mesmo não sabendo como as plantas se organizam e se organizarão nos territórios de São Paulo, Madri ou Xangai, ainda assim podemos categorizar as ambiências que elas atingem, percorrem e se encontram: de modo análogo aos elementos construídos, elas podem estar inseridas em espaços livres privados, semi-privados ou públicos urbanos. É importante diferenciar onde o verde está nas cidades, por que isto implicará em usos completamente distintos, e, consequentemente, percepções variadas. Ciente disto, antes de passarmos propriamente para suas especificidades, o que viria a ser um espaço livre?

51


Matheus Maramaldo Andrade Silva

No âmbito das urbes, segundo a Professora Magnoli (2006, p. 202) “o espaço livre é [...] todo espaço (e luz) nas áreas urbanas e em seu entorno, não-coberto por edifícios” (Figura 07). Outra definição, que tem um esforço de esmiuçar mais este conceito, é a das Professoras Carneiro e Mesquita (2000), que o descrevem como: Áreas parcialmente edificadas com nula ou mínima proporção de elementos construídos e/ou de vegetação [...] ou com a presença efetiva de vegetação [...] com funções primordiais de circulação, recreação, composição paisagística e de equilíbrio ambiental, além de tornarem viável a distribuição e execução dos serviços públicos, em geral. São ainda denominados espaços livres, áreas incluídas na malha urbana ocupadas por maciços arbóreos cultivados, representados pelos quintais residenciais, como também pelas atuais áreas de condomínio fechado; áreas remanescentes de ecossistemas primitivos – matas, manguezais, lagoas, restingas, etc – além de praias fluviais e marítimas. (CARNEIRO e MESQUITA, 2000, p.2).

Caso haja vegetação, o enfoque desta pesquisa, esses ainda podem ser classificados como áreas verdes ou espaços verdes.

52


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Estes conceitos são complexos, pois há bastante divergências do ponto de vista das definições (BENINI, MARTIN,

2010,

p.66),

principalmente

na

escala

de

abrangência (calçadas arborizadas são ou não áreas verdes, por exemplo?). Dentre os vários autores que refletem sobre esses dois termos, aqui serão reportados os conceitos dados pelos pesquisadores Macedo e Lima et. al. O primeiro define espaços verdes como: Toda área urbana ou porção do território ocupada por qualquer tipo de vegetação e que tenham um valor social. Neles estão contidos bosques, campos, matas, jardins, alguns tipos de praças e parques, etc, enquanto que terrenos devolutos e quetais não são necessariamente incluídos neste rol. (MACEDO, 1995, p. 16).

E áreas verdes como: [...] aos mesmos elementos referenciados anteriormente e ainda [...] toda e qualquer área onde por um motivo qualquer exista .vegetação. (MACEDO, 1995, p. 16 e 17)

No caso de Lima et. al. (1994) áreas verdes se encaixam mais na definição de espaços verdes de Macedo:

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 07 – Espaços livres, Áreas Verdes. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

55


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Onde há o predomínio de vegetação arbórea; engloba as praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros centrais e trevos de vias públicas, que têm apenas funções estética e ecológica, devem, também, conceituar-se como Área Verde. Entretanto, as árvores que acompanham o leito das vias públicas, não devem ser consideradas como tal. (LIMA et. al., 1994, p.10).

Conhecendo estas definições, já é possível esboçar exemplos práticos de onde encontramos o verde em nossas cidades. O primeiro tipo de espaço livre que podemos encontrar vegetação em nossas polis é o privado (Figura 08). Segundo a Professora Leitão (2002, p.18 à 20), seria “o qual, por definição, acolhe poucos [...] de acessibilidade restrita a determinados grupos claramente definidos.” São áreas verdes11 normalmente associados a jardins residenciais, comerciais e institucionais fechados, formando lagos, hortas, maciços, paredes verdes e gramados. Apesar de estarem inseridos dentro da cidade e poderem conter todos os tipos de plantas, tais locais não permitem a qualquer usuário o usufruto. A vegetação que aí se encontra, portanto, influi menos no aporte do conjunto urbanístico, embora 11

Adotaremos principalmente a definição de Macedo (1995).

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 08 – Espaço livre privado. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

contribua com uma porcentagem da drenagem e, caso haja transparência,

com

paisagens

diferenciadas

aos

não

convidados. Já o espaço livre semi-privado12 é um pouco mais democrático. Esta expressão - espaço livre semi-privado - pode ao mesmo tempo assumir a significação de espaço coletivo privado, em que “proporciona um determinado tipo de encontro e convivência, mas ainda entre pessoas de uma determinada camada social” (LEITÃO, 2002, p.18 à 20), (Figura 09.1), como também ser um vestígio ou sobressalência do espaço privado (Figura 09.2). Na primeira significação (Tipo 1) (Figura 09.1), tem-se assim incluídos, por exemplo, shoppings centers, hospitais, museus e

instituições abertas,

supermercados

e

feiras,

ambientes nos quais a vegetação projetada em forma de jardins, gramados, hortas, lagos e paredes verdes estará acessível a todos, embora não sejam áreas definitivamente públicas, nem estejam abertas todo o tempo – determinados grupos sociais se sentirão inibidos ao entrarem em alguns desses locais, à princípio. 12

Ou potencialmente coletivo, segundo Lima et. al. (1994).

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 09.1 – Espaço livre semi-privado – Tipo 1. Desenho: autor.

59


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 09.2 – Espaço livre semi-privado – Tipo 2. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Há ainda que se destacar que os jardins dos espaços livres privados podem interferir mais do que com a simples mudança na paisagem, dialogando também com o plano público. Este é outro tipo de espaço livre semi-privado (Tipo 2) (Figura 09.2). Essa significação pode englobar, dentre outros casos, áreas muradas com cercas-vivas (pois espinheiros e paredes arbustivas mudam drasticamente a forma de andar em uma calçada) ou locais com árvores de copa ou raízes extensas, que ultrapassam o limite do lote. Apesar de estarem em uma delimitação

privada,

a

esfera

de

interferência

dessa

vegetação ocorrerá de forma decisiva no cotidiano extra particular, sendo assim um híbrido de espaço privado que impacta diretamente no espaço público. Seguindo a ordem, a última categoria de espaço livre urbano, no qual estará presente a vegetação, é, para efeito deste estudo, a mais importante, pois agregará a maior parte das ambiências que aqui serão levantadas: são públicos. Os espaços livres públicos são onde a vegetação mais intervêm no cotidiano da urbe. Isto se explica pelo fato deles serem de “uso comum, acessível a todos, em que estão registrados os fatos urbanos que constituem a cidade.” (LEITÃO, 2002, p.18 à 20) (Figura 10).

61


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 10 – Os espaços livres públicos. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Constituem estes tipos de espaços livres: os passeios, os estacionamentos, as ruas e avenidas, as ciclovias, as orlas, os lagos e lagoas, as praças, os parques, os becos, os largos, os pátios, os gramados e os jardins coletivos13, sendo todos passíveis de ter vegetação. Tendo elementos vegetais, estes ambientes ainda poderão ser classificados como áreas verdes de domínio público (similar aos espaços verdes, segundo Macedo (1995)) ou áreas com verde de domínio público (similar ao verde residual e ao verde viário, segundo Lima et. al. (1994) – apropriando espaços sem função social ou acompanhando ruas e avenidas, por exemplo, em que a vegetação é secundária). As áreas verdes de domínio público são todas aquelas áreas com predominância de elementos arbóreos ou espaços [...] que desempenhem função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização” (CONAMA, 2006, p. 150 e 151).

Estes espaços podem ser ainda divididos em: espaços de circulação, recreativos e de equilíbrio ambiental, segundo as autoras, mas isto aqui implicaria em aumentar a abrangência para áreas diferenciadas, como campi universitários, cemitérios, jardins botânicos. 13

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Englobam:

Parques: Pode-se dizer que parque “é uma área verde com

função ecológica, estética e de lazer, no entanto, com uma extensão maior que as praças e jardins públicos.” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014). Estes espaços são normalmente compostos por todo tipo de vegetação e possuem microparcelas semelhantes a praças e jardins devido a sua extensão (Figura 11). Podem também ser hortos, jardins botânicos e reservas florestais,

tomando-se

o

cuidado

de

analisar

se

macroparcelas independentes da urbe.

Figura 11 – Parque da Cidade, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foto: autor.

64

são


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Praças14: São espaços públicos os quais são desempenhados

diversos usos. Essas áreas são facilmente mutáveis e possuem representatividade alterada tanto pelas edificações próximas quanto pelo simbolismo próprio (Figura 12). Por definição é “logradouro público constituído de área arredondada, quadrada etc. com arborização e ajardinamento [...], cortada de vias e alamedas para circulação de pedestres.” (SILVA, 2008, p. 203).

Figura 12 – Praça Dom Pedro II, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor. 14

Para efeito de pesquisa, estenderemos o termo para largos e rossios também.

65


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Nestas, desempenham-se as funções de estar, lazer, esportes,

descanso,

contemplação,

ecológica,

festiva,

educativa, meramente estética e psicológica (LEITÃO, 2002). A vegetação, assim como nos parques é variada, podendo ser de todos os tipos de estratos dependendo do projeto.

Orlas: Mais do que uma margem ou transição entre oceanos,

rios, lagos, lagoas e o continente, orlas urbanas são áreas nas quais há intervenção antrópica e que possuem as funções de lazer, esportes, descanso, contemplação e ecológica (Figura 13).

Figura 13 – Praias Olho d’água, Caolho e Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Normalmente, há palmeiras, árvores e forrações ciliares nesses espaços e esses elementos vegetais estão associados diretamente com a proteção das praias e bordas

segurando aterros, fomentando a drenagem e protegendo as cidades da areia e marés excessivas – ou desempenhando funções secundárias de embelezamento e/ou sombra.

Jardins Coletivos: Áreas ajardinadas públicas com pouco índice de

impermeabilização não associadas a espaços definidos ou vias (Figura 14). Desempenham normalmente funções estéticas, de contemplação ou educativas e alimentícias – caso de hortas – e possuem diversos estratos de vegetação (BENINI, MARTIN, 2010).

Gramados públicos: São áreas públicas projetadas compostas somente por

gramíneas pisoteáveis e ervas daninhas – raras árvores ou arbustos (Figura 15). Estes espaços são de uso igual ao de áreas totalmente pavimentadas, pois se pode andar por toda sua extensão,

67


Matheus Maramaldo Andrade Silva

desempenhando mais as funções de estar, lazer, esportes, descanso e festiva.

Figura 14 – Horta na Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Figura 15 – EQN 106/107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Áreas arborizadas informais e cinturões: Locais públicos, projetados ou não, que não são

propriamente parques, terrenos baldios ou vagos, e nos quais se pode encontrar árvores, arbustos e forrações (Figura 16). Tem importância estética e, dependendo da abertura, podem ser usados como gramados públicos com sombra ou como áreas de lazer e esporte.

Figura 16 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Os outros espaços livres públicos não listados, em que existe vegetação, são as áreas com verde de domínio público. Como descrito na página 52, são os verdes viários, os verdes residuais da cidades. Abarcam normalmente locais com uma maior taxa de impermeabilização, água ou vazios urbanos. Preponderam espaços fortemente pavimentados com pontuais inserções de árvores, arbustos e forrações e que servem principalmente como meios de circulação ou que não estão abarcadas na Lei de Parcelamento de Solo nº 6.766, 19.12.1979):

Rios, Córregos, Lagos e Lagoas: Estes espaços são cursos ou retenções d’água naturais

ou escavados pelo homem (Figura 17). Cada vez mais presentes nas cidades devido à expansão urbana, estes locais desempenham funções de abastecimento d’água ou alimentício, ecológica, estética ou higrotérmica. No caso, a vegetação presente nesses espaços é aquática ou são árvores e forrações ciliares.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 17 – Lagoa da Jansen, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

Vazios Urbanos: Segundo Benini e Martin (2010, p. 66, adaptado), são

locais que “compreendem as coberturas baixas ou medianas. Os lotes vazios, característicos principalmente em áreas urbanas de consolidação recente, caracterizam este grupo.” (Figura 18). São os terrenos baldios, os lotes demarcados para edificações e ainda não ocupados. Por desleixo ou por falta

71


Matheus Maramaldo Andrade Silva

de

proprietário,

é

comum

a

presença

de

plantas

resistentes/daninhas, de pequeno a médio porte (arbustos, herbáceas, forrações e gramíneas).

Figura 18 – Setor N, QNN 12, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Além dos cursos d’água e terrenos não construídos, a estrutura viária, em quase todas as escalas (do automóvel, do ciclista ou do pedestre), é por vezes composta por espaços verdes. São

exemplos

comuns,

em

elementos vegetais os seguintes locais:

72

que

encontramos


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Vias expressas, ruas e avenidas: Apesar das diferenças de hierarquia e as sinonímias,

estes

espaços

aqui

serão

definidos

como

espaços

pavimentados15 os quais suportam as circulações de veículos. A vegetação, quando encontrada nesses espaços, pode estar ladeando as faixas de rolamentos ou ser central, em canteiros. Normalmente constituem o verde das ruas, avenidas e vias expressas árvores ou gramíneas, que as sombreiam, embelezam, identificam ou somente dividem e protegem os espaços. (Figura 19). Tecnicamente,

calçadas,

passeios,

ciclovias

e

estacionamentos podem estar inseridos nas caixas das ruas, avenidas e vias expressas, mas, por possuírem uma estrutura diferente das faixas de rolamento, serão referenciados em tópicos próprios.

Calçadas e Passeios: Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (1997), são

“parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito

Normalmente pavimentados, mas podem incorrer, como em várias cidades do interior do Brasil, em ser vias de terra ou areia. 15

73


Matheus Maramaldo Andrade Silva

de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.” Os

elementos

verdes

associados

a

estes

locais

fortemente pavimentados buscam, em princípio, auxiliar e proteger os pedestres que a usam (Figura 20). Nos espaços reservados à vegetação – gaiolas, poços, recortes e faixas – estão comumente presentes gramíneas e árvores.

Figura 19 – Av. Hélio Prates, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 20 – Calçada, São José do Ribamar, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

Canteiros: Considera-se canteiro as áreas floridas ou cobertas de

forrações normalmente associadas a pistas de rolamento (Figura 21). Com

o

intuito

simbólico, de

orientação

ou

de

organização do sistema de circulação veicular (podendo contribuir com a estética da via), estão comumente em faixas

75


Matheus Maramaldo Andrade Silva

de

serviço

para

colocação de

mobiliário

urbano

ou

arborização de vias expressas e rotatórias.

Estacionamentos: São

as

provisoriamente16.

áreas,

em

Estes

que

se

ambientes

deixam

veículos

são

bastante

pavimentados e quando apresentam vegetação, elas estão ligadas à proteção, ao sombreamento dos veículos ou paralelamente a pisos mais permeáveis, como o pisograma. São, portanto, árvores ou arbustos de maior porte que dividem as vagas e a circulação, ou forrações mais resistentes ao tráfico (como algumas gramas) junto ao pavimento (Figura 22).

Figura 21 – Rotatória das SQN’s 103 e 104 e EQN 303/304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Adaptação da definição do dicionário. MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora Melhoramentos, 1998. 16

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 22 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Ciclovias: Segundo

o

Código

de

Trânsito

Brasileiro

(1997,

adaptado), as ciclovias (Figura 23) são “pistas próprias destinadas à circulação de ciclos, separadas fisicamente do tráfego comum.” Como as calçadas e ruas, são elementos urbanos fortemente pavimentados que podem ter canteiros no

centro

ou

lateralmente.

Estes

espaços

verdes

preferencialmente contem árvores ou gramíneas.

77


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 23 – Via N2, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: Thamires Chácara.

Terminada esta explicação, são basicamente esses espaços livres públicos, semi-privados e privados (Tabela 1), em que a vegetação pode se enquadrar nas cidades. O objetivo mesmo era trazer a miscelância de espaços que as plantas podem estar ocupando na urbe, preparando o leitor, munido já do conceito e do sítio, para o que virá no próximo

capítulo:

as

consequências

vegetação nos nossos centros urbanos.

78

do

mal

uso

da


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 01 – Composição dos espaços livres nas cidades

privado

semi-privado 1

semi-privado 2

público

Dentro dos

Em pátios de

Dentro dos

Em parques,

lotes

shoppings e

lotes privados,

praças permeáveis,

privados e

feiras, jardins

mas com

orlas (como

sem

de edifícios

interferência

calçadões), jardins

interferênci

empresariais,

com o meio

coletivos,

a com o

onde a

externo

gramados públicos,

meio

circulação é

áreas arborizadas

externo

quase pública

(áreas verdes) Em calçadas e passeios, leitos d’água, vazios urbanos, canteiros, estacionamentos, vias expressas, ruas, avenidas, ciclovias (áreas com verde)

Fonte: Autor

79



metodologia de anรกlise

conversando com as mangueiras


Matheus Maramaldo Andrade Silva

“Só não há primavera no meu recinto/ Enfermidades, beijos decompostos/ como heras de igrejas que se pegaram/ nas janelas negras da minha vida,/ só o amor não basta, nem o selvagem e extenso perfume da primavera.” Pablo Neruda

82


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Sabendo o quanto de vegetação as cidades possuem, não mais podemos achar que todo o canto destinado ao verde está realmente bom pelo simples fato de tê-lo. Generalidades normalmente incorrem em erros, assim como paradigmas são verdades absolutas até que se quebrem suas espinhas dorsais. As fitopatologias17 que aqui serão comentadas estão ai para provar esta tese. Elas não têm distinção de raça, classe social ou tipo edificante, avançam conforme a própria razão. Assim, apesar de definidos os problemas causados, são infinitas as possibilidades de degeneração nas cidades, ao mesmo tempo que existem formas mais adequadas para cada situação. São combinações variadas que se conectam, desconectam, fazem simbiose. Partindo desse princípio, qual ferramenta metodológica se prestaria a analisar os impactos negativos do mal planejamento como da espontaneidade da vegetação na urbe? É esta questão que o presente capítulo espera responder. Sabendo da escassa literatura específica (confirmada por pesquisadores como Lúcia e Juan Mascaró (2010)) sobre o tema deste estudo, considerando uma pesquisa focada 17

Vide Nota de Rodapé 3, página 30.

83


Matheus Maramaldo Andrade Silva

somente nos processos maléficos da incorreta implantação de elementos vegetais na cidade, adotou-se como recurso metodológico a analogia com textos e ferramentas advindos de análises urbanas, das tipologias edificantes e dos espaços livres. Foram, portanto, lidas algumas formas de apreensão dos espaços urbanos, dos seguintes autores: Jane Jacobs (2010), Philippe Panerai (2006), Maria Elaine Kohlsdorf (1996). Mais próxima da problemática desta pesquisa, foram lidos os artigos do Grupo de Pesquisa QUAPÁ/FAU-USP (2009) e do NORIE/UFRGS (2003). O primeiro, desenvolvido pelos pesquisadores Ana Cecília de Arruda Campos, Denis Cossia, Silvio Soares Macedo, Maria Helena Preto, Fábio Robba, parte para análise de espaços livres usando do caso de São Paulo, em uma construção também metodológica, algo que já esboçaram em diversas outras pesquisas. Já o segundo, desenvolvido por Beatriz Fedrizzi, Sérgio Luiz V. Tomasini e Luciano Moro Cardoso, propõe critérios de análise

do

desempenho

quantitativo

e

qualitativo

da

vegetação frente a vivência escolar das crianças (no caso, quando tem acesso ao pátio).

84


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Como estes estudos não seriam suficientes para abarcar todas as conjunturas da temática, voltou-se também para uma literatura mais cartesiana, gráfica, que apresenta alternativas de graficação passíveis de serem adotadas neste estudo. As seguintes fontes também foram consultadas: a construção de mapas de dano, nos quais são levantadas as patologias dos edifícios desenvolvida pelo Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada (CECI, 2009), alguns Planos de Arborização (PDAU Goiânia, 2009), os quais são claros estudos de campo; livros, artigos, revistas ou matérias mais específicas de elementos vegetais, que darão maior enfoque em cada subtópico das fitopatologias. Assim,

neste

ponto

da

pesquisa,

após

todo

o

preâmbulo que conceitua o que é vegetação e onde podemos encontra-la nas cidades, inicia-se a sistematização de procedimentos que visam dar uma resposta possível à problemática já posta: Quando e de que forma a vegetação está associada aos diversos tipos de degradação da urbe? Para responder a esta questão, este capítulo está estruturado da seguinte forma:  Primeiramente, tendo em vista a pouca abordagem específica sobre o desempenho patológico físico, ambiental sanitário e psicossocial da vegetação no contexto urbano,

85


Matheus Maramaldo Andrade Silva

recorreremos à análise de caminhos propostos por alguns autores para o levantamento e a compreensão da forma da cidade.  Em seguida, serão identificados os critérios adotados para a análise do desempenho da vegetação, segundo os autores anteriormente descritos, nos pátios das escolas e nos espaços livres.  Notadas as visões desses autores, será moldado o caminho próprio desta pesquisa, amálgama das referências e do reconhecimento preliminar do problema em campo. Assim, a partir do cotejamento e confronto das fontes teóricas com as informações colhidas em campo, será proposto um arcabouço com face teórica e metodológica para o levantamento e a avaliação do desempenho da vegetação na urbe.  Levantamento em uma superquadra de Brasília (SQS 308), com a intenção de perceber as patologias recorrentes, bem como definir quais as formas mais precisas para graficálas;

86


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Frente ao exposto, os tópicos a seguir visam construir e explicitar esses procedimentos acima descritos, culminando com a proposição de um caminho analítico próprio.

A Análise das Cidades: Jane Jacobs, Philippe Panerai e Maria Elaine Kohlsdorf, a partir de um olhar urbano, e o QUAPA/FAU-USP e o NORIE/UFRGS, em temáticas mais próximas a deste ensaio, mostraram estudos que analisam os fenômenos, as cidades, os espaços livres ou o desempenho da vegetação em escolas, com princípios similares aos que poderão ser adotados nesta pesquisa. A

primeira

pesquisadora,

que

relacionamos

a

apreensão do todo, é a jornalista Jane Jacobs (2010). No seu mais celebrado livro, Morte e vida das Grandes Cidades (Americanas), Jacobs traça uma análise pessoal e de campo. Refutando

quase

todos

os

preceitos

urbanísticos

advindos do Modernismo e também do planejamento urbano dado àquele momento, Jacobs vai delineando várias e várias comparações e exemplos do que considera bom e o que

87


Matheus Maramaldo Andrade Silva

considera ruim nas cidades, com um olhar peculiar da vivência, segurança e diversidade dos ambientes urbanos (Figura 24). Mesmo parecendo uma conversa franca entre duas pessoas, a autora e o leitor, na realidade se estabelece uma profunda pesquisa que está dividida em quatro partes: a natureza peculiar das cidades, condições para a diversidade urbana, forças de decadência e de recuperação e táticas diferentes. Começa-se

esboçando

dois

elementos

públicos

presentes (ou que deveriam estar) no espaço da cidade: a calçada e os parques. Nota-se que apesar de introdutório ao repertório urbano de que se está falando, Jacobs já está fazendo sua crítica a como não se deve deixar a participação popular de fora

do

planejamento,

como

áreas

verdes

não

necessariamente trazem bem estar ao bairro, como conjuntos habitacionais não necessariamente produzem ou induzem a um estilo melhor ou mais confortável de vida do que em casas próximas e cortiços. A crítica ao modelo contemporâneo a ela está corrente em todo o texto, por mais que os títulos dos capítulos não ensejem algo do tipo, sempre está sendo feita uma

88


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

comparação entre o ruim (péssimo) e o bom, buscando-se também demonstrar como o planejador moderno está alienado das reais necessidades da população. E assim vai se encampando, no avanço do livro, formas e elementos que contribuem para a pulsação das cidades: diversidade de comércio, tipologias variadas de edifícios, estratos sociais diversificados, densidade populacional. A análise de Jacobs, portanto, é pautada pelo juízo dado aos casos e a comparação. E por que esta visão é importante para o estudo presente? O trabalho de Jacobs é valoroso por ter sido feito basicamente fora dos laboratórios e centros de pesquisa. É um exercício de campo, de observação, questionamento, de casos e estatísticas reais e de menos prognósticos. Jacobs foi a cada rua, parque e centro habitacional que menciona, o que de fato reforça bastante o seu discurso, descreditando o uso exclusivo do lápis para o projeto. Não podemos esquecer também que a forma como a jornalista abordou a cidade, por meio de confrontos entre circunstâncias,

demonstra

o

quão

forte

ou

o

quão

desqualificado é cada lado da avaliação, justificando a problemática da pesquisa.

89


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 24 – O monótono, o deserto de Jacobs. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

O segundo pesquisador mencionado na lista é Panerai (2006). O autor, como em O Urbanismo, de Françoise Choay, procura uma extensa lista de personagens para encaminhar sua lógica. Tal holisticidade promove uma confiança maior em seu método de avaliação. Panerai, em Análise Urbana, traça primeiramente uma evolução da forma edificante e do crescimento das cidades para daí começar a mostrar as leituras possíveis da malha urbana. Como os tentáculos das cidades se estendem e como percebemos as complexas urbes? Com emprego da interpretação de Kevin Lynch, são descobertas algumas das formas de apreensão da malha urbana: pontos nodais, marcos, barreiras, percursos e setores. São pontos mais visuais, que servem bastante para esta pesquisa, no entanto, se limitando por se estreitar a um só sentido, o dos olhos, faltando englobar o olfato, o paladar, o tato e a audição, apreensões necessárias para se apreender a realidade típica dos bairros e também as características da vegetação na urbe. Mais adiante são citados outros autores como Saveiro Muratori, Gianfranco Caniggia, Marcel Poëte, Gaston Bardet,

91


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Patrick Geddes e Raymond Unwin em um denso escrito de como as cidades se comportam quanto ao seu crescimento: radiais, tentaculares, envolvendo limites físicos ou estagnando por barreiras regulatórias; de forma espontânea ou dirigida. Visto isso, exploram-se os termos característicos do tecido urbano, um pequeno dicionário comentado que define e exemplifica vias, lotes e a malha em si, como averigua certos valores dimensionais. Contudo, o que é primordial do livro e do autor para os encaminhamentos deste estudo é a sua proposta de método de avaliação. Panerai faz uma definição de tipo, dá exemplos de tipificação (tipologias), como catálogos de moradias e quarteirões e parte para um método de análise tipológica, organizando nas seguintes etapas: 

Definição de Abrangência:

Muitas tentativas de estabelecer tipologias resultam infrutíferas por que não se toma o cuidado de se definir claramente, de antemão, o que irá ser estudado. Evidentemente, a definição da abrangência está vinculada as questões que se pretende responder.

Escolha de níveis:

92


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Como a tipologia começa por uma classificação, é preferível classificar os objetos que pertencem a um mesmo nível de leitura do tecido urbano18.

Delimitação da Zona de Estudo:

Ela depende da problemática colocada e dos meios disponíveis (tempo, recursos humanos), mas é necessário decidir se será feita uma análise exaustiva, em que todos os objetos serão considerados em detalhe, ou uma análise representativa (como uma sondagem), em que são escolhidas amostras e, após a determinação dos tipos, verificase quão contemplada foi toda a zona.

Classificação prévia:

[...] o caso em que todas as operações são explicadas. Começaremos por um inventário. É uma fase de observação minuciosa do objeto, em que procuramos descrevê-los para deixar claras as propriedades que os distinguem e estabelecer critérios. [...] A partir das respostas a esses diferentes critérios, podemos fazer uma primeira classificação, isto é, agrupar em uma mesma família os objetos que ofereçam a mesma resposta a uma série de critérios. [...] [...] as famílias ainda não são tipos, essa classificação ainda não é uma tipologia: ela constitui apenas um primeiro agrupamento que irá permitir elaborar os tipos.

Elaboração dos tipos:

Nível de leitura do tecido urbano se torna nível leitura das patologias no tecido urbano neste estudo. 18

93


Matheus Maramaldo Andrade Silva

O tipo se constrói. Essa construção por abstração racional pode ser feita em duas etapas. Primeiramente, para cada família estudada, explicitamos as propriedades dos objetos que a compõem. Em seguida reunimos as propriedades em comum dos objetos de uma família para definir o tipo; o conjunto das propriedades não compartilhadas mostra as variações possíveis em relação ao tipo.

Tipologias:

Esses tipos isolados não são de grande interesse e só adquirem sentido quando inseridos em um sistema global. A tal sistema – o conjunto dos tipos e de suas relações – denominamos tipologia. [...] A tipologia conduz a uma compreensão da arquitetura inserida em um tecido. (PANERAI, 2006, 127 à 137).

Apesar de não ser aplicado stricto sensu à vegetação, é um método para uma gama de fatores, nos quais estava encaixada também a cidade. Sua contribuição a esta pesquisa é especialmente de natureza metodológica, pois é uma forma de estruturar as etapas de levantamento e a análise para a identificação:

Definição de abrangência – vegetação urbana;

Escolha de níveis – espaços livres privados, semi-

privados e públicos;

94


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Delimitação da zona de estudo – Quadra do

Plano Piloto (SQS 308);

Classificação prévia – fitopatologias;

Elaboração de tipos - fitopatologias;

Tipologias - aplicabilidade.

Se Panerai define uma linha tipológica genérica para o estudo das cidades, Maria Elaine Kohlsdorf (1996)19 direciona a um caminho, identificando fatores ou dimensões prévias que, como em uma tabela, deverão ser objeto de avaliação na urbe. O seu estudo se esboça por meio da forma como codificamos o espaço urbano. Esta se dá por respostas estéticas (de acordo com grupos sociais), psicossociais ou por

Maria Elaine Kohlsdorf é precursora neste tipo de estudo das dimensões e em suas definições aqui no Brasil. Apesar do livro ser de sua autoria, a pesquisa em si teve a contribuição de outros pesquisadores, que ainda estão em um processo de evolução/complementação do estudo de Kohlsdorf. São eles Benamy Turkienicz, Márcio Villas Boas, Gunter Kohlsdorf e Frederico de Holanda (todos estudiosos que pertencem ou pertenciam ao grupo de pesquisa Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização – DIMPU). Este último ainda agrega três outras dimensões ao estudo: estética, simbólica e afetiva, conforme se verifica em HOLANDA, Frederico de. 10 mandamentos de Arquitetura. Brasília-DF: Editora FRBH, 2013. 19

95


Matheus Maramaldo Andrade Silva

entendimento de informações explícitas ou implícitas que são reconhecidas em determinado local (Figura 25). No andamento do texto, são demonstradas várias maneiras de abordagem da cidade por parte do observador, em dadas hierarquias de percepções e sensações, conforme se anda pelo espaço. Estas se derivam de elementos próprios da construção do ambiente, são efeitos como alargamento, estreitamento, direcionamento, impedimento, etc. A contribuição principal desse estudo é como são agrupadas

estas

sensações

em

forma

de

dimensões/aspectos. Tais aspectos que Kohlsdorf emprega (agregando os demais de Frederico de Holanda) são:

 [...]

Topoceptivo: estudo

de

atributos

da

arquitetura

captáveis

essencialmente pelo sentido da visão, para responder as questões: o lugar tem forte identidade, é facilmente memorável? o lugar tem estímulos visuais em quantidade, qualidade e ordenação capazes de favorecer a boa orientação através dele, i. é, deduzo facilmente onde estou e que direção devo tomar para chegar a meu destino?

Funcional:

[...] concernem respostas da arquitetura a exigências práticas da vida cotidiana em termos de tipo e quantidade de

96


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

espaços para as atividades do corpo e da mente, e a relação dos espaços entre si – de complementaridade, proximidade, distância etc. Bioclimático:

[...] concernem relações entre praticamente todos os atributos dos elementos arquitetônicos listados antes – sítio natural, cheios, vazios etc. – e a satisfação das expectativas do nosso corpo quanto a temperatura, umidade, qualidade, aromas e movimentos do ar, luminosidade diurna ou noturna, som ou ruídos. São examinadas

as

características

do

clima

local

(temperatura,

umidade e qualidade do ar; velocidade e direção dos ventos; intensidade e direção da radiação solar; regime de chuvas) e como a arquitetura reproduz condições favoráveis ou apazigua – ou agrava – as desfavoráveis, pois a arquitetura é um “modificador climático”. 

Sociológico:

Arquitetura como sistema de barreiras e permeabilidades ao movimento, de transparências e opacidades à visão, de cheios e vazios, impregnados de práticas sociais. Lugares são ordenados em sistemas

de

contiguidades,

continuidades,

proximidades,

separações, hierarquias, circunscrições.

Afetivo:

Relativos aos afetos – sensações, estados psicológicos, estados d’alma, emoções – provocados em nós pelos atributos do lugar captáveis por nossos sentidos

97


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 25 – Edifícios, relevo, traçado, perspectiva da cidade. Desenho: autor.

98


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Estético:

Elementos arquitetônicos cujas partes e todo tenham características de claridade, harmonia, unidade, unidade na variedade, integridade etc. a implicarem estimulação prazerosa autônoma dos sentidos para além de questões práticas – o lugar é belo. Configuração arquitetônica que veicula uma visão de mundo, uma filosofia – o lugar é uma obra de arte.

Econômico:

Custos de construção e manutenção dos lugares. Padrões de uso do solo relativos à ociosidade, intensidade ou continuidade no uso da infraestrutura urbana – redes de circulação para todos os modais

(veículos

motorizados,

ciclistas,

pedestres

etc.),

de

abastecimento d’água, coleta de esgoto, distribuição de energia etc. Forma, dimensões e materiais constitutivos da edificação.

Simbólico:

Elementos arquitetônicos que evocam o lugar onde estão (uma fonte escultórica como símbolo de uma praça ou um bairro); ou lugares mais amplos em que se inserem (a Torre Eiffel com o símbolo de Paris ou mesmo da França); ou valores, ideias, história (o Congresso Nacional, Brasília, como símbolo da cidade e da democracia representativa brasileira). (HOLANDA, 2013.)

Algumas dessas dimensões, em especial aquelas relacionas a percepção mais visual e sensorial da cidade, têm potencial para serem adaptadas à avaliação das

99


Matheus Maramaldo Andrade Silva

fitopatologias e os efeitos que podem provocar nos usuários do espaço. No próximo capítulo, de uma forma referencial, devido à complexidade deste estudo do DIMPUJ, serão listados parte desses aspectos, pois são maneiras de também apreender a vegetação disposta na urbe, positiva ou negativamente. A vegetação faz parte dos elementos compositivos das cidades, como um prédio, uma lixeira ou uma pavimentação, sendo assim é propensa a instigar reações do público usuário. Afunilando, o grupo de pesquisa QUAPA/FAU-USP (2009) já se atém a uma parcela desse contexto urbano. O principal foco da pesquisa, que ainda não está concluída, foi a elaboração de mapas da cidade de São Paulo os quais permitiriam analisar as relações entre o espaço construído e os espaços livres (estudo o qual não somente traria resultados para São Paulo, como conclusões para o urbano como um todo). Em resumo, o método da pesquisa consiste em fazer graficações das porcentagens de áreas sem edificações e a verticalização

das

áreas

e

as

analisar

quantitativa

qualitativamente a partir dos mapas elaborados.

100

e


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Os desenhos dessas manchas e a sobreposição dos mesmos, mostraram vários parâmetros que reafirmam o quão diversificada é a cidade paulistana. Foram visualizadas zonas de

maior

concentração

de

moradias,

de

maior

concentração de empreendimentos de grande porte ou espaços vazios, a direção do crescimento urbano e da apropriação das áreas da cidade (Figura 26) Da leitura podem ser tiradas conclusões de como se deu

o

processo

de

esvaziamento

de

construções,

urbanização ou de eliminação de áreas verdes nestas zonas, junto da observação do cotidiano urbano, as razões pelas quais ocorreu isso (a faixa de renda e as leis de ocupação do solo traduzem a qualidade destes espaços livres, uma nova via expressa no bairro X modifica os parâmetros urbanísticos lindeiros, novas normas de gabarito para o Centro criam novas possibilidades de ocupação, etc.) e avaliar também a qualidade desses espaços (mais áreas livres intralote igual maior permeabilidade do solo e visual, por exemplo): “O

conjunto

desses

fatores

termina

por

ratificar

e

potencializar a demanda e a importância dos espaços livres públicos, tanto para lazer e recreação urbanos como para o conjunto da cidade, melhorando as condições locais em relação à insolação e ventilação, e permeabilidade do solo. A criação de

101


Matheus Maramaldo Andrade Silva

espaços livres públicos,

devidamente tratados,

extrapola

os

aspectos funcionais, e eles devem ser entendidos nas esferas ambiental, estética e simbólica.” (CAMPOS et. al., 2009, p.207)

Figura 26 – Sobreposição – Espaços livres x Verticalização. Mapa: QUAPA/FAU-USP, 2009.

102


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Esta pesquisa é interessante para o presente ensaio, por que grafica para fazer a análise, produz um método que tem como base mapas, estabelecendo relações, comparações, diálogos. Não qualifica propriamente a vegetação dos espaços livres, mas já traduz um arcabouço mais próximo do que será aqui levantado, pois estaremos relacionando o tempo todo o objeto (vegetação) à zona de estudo (espaço – espaço livre – cidade). Saindo do contexto mais global, uma percepção mais próxima, ou elucidativa, que foi encontrada, com o elemento vegetal incluído, vem da pesquisa de Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, da NORIE/UFRGS (2003). Seus estudos são interessantes, por que, apesar de trabalhar com os aspectos positivos da presença da vegetação nos pátios escolares, constrói a análise com base em parâmetros classificatórios (similar a Kohlsdorf, mas mais cartesiano). Após busca na literatura sobre em que medida é necessário às crianças o contato com a natureza, e como isso favorece o seu desenvolvimento, os pesquisadores esboçam uma metodologia quase que inteiramente de campo, na

103


Matheus Maramaldo Andrade Silva

qual, por meio visual classificam os pátios escolares (Figura 27). Assim, os pesquisadores elaboraram as tabelas ou fichas a seguir: Tabela 2: Pontuação quanto ao estrato vegetal: Estrato

Pontuação

Árvores e grama

3

Outros

1

Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 Tabela 3: Conceitos e notas - níveis de vegetação existentes no pátio: Conceito Inexistente

Nota 0

Observação Nível de vegetação avaliado não está disponível no pátio Ruim 1 Nível de vegetação avaliado, porém em quantidades muito pequenas e/ou condições muito ruins Regular 2 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou condições razoáveis Bom 3 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou condições relativamente boas Muito 4 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou bom condições muito boas Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 Tabela 4: Classes de pátio - a vegetação em função da pontuação obtida: Classe

Pontuação Final De 31 à pontos De 21 à pontos De 11 à pontos

I II III

104

Conceito 40

Pátio com boa vegetação

30

Pátio com relativa vegetação

20

Pátio semiárido ou com vegetação ruim/insuficiente


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

IV

De 0 à 10 pontos

Pátio árido, com vegetação muito ruim ou praticamente inexistente

Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003

A pontuação da tabela 1 é multiplicada pela da tabela 2 e o resultado é conferido na tabela 3. Os pesquisadores foram a 15 escolas de Porto Alegre (dentre 44 municipais) e utilizaram esse método para avaliar a vegetação em seus pátios. O resultado foi majoritariamente ruim, com as classes III e IV sendo as mais encontradas. Também não será um método a ser aplicado sensu stricto neste estudo, porém, é um exemplo já factível de como outros estudiosos já tentaram compreender a qualidade (ainda que não pública e geral) advinda da inserção de vegetação nos espaços. Seu

sistema

de

pontuação

e

tabelas

é

um

procedimento também factível, pois auxilia no entendimento de comparações e outras avaliações. Contudo,

deve

ser

bastante

ponderado,

principalmente pela escala e por se ater a existência ou não dos elementos vegetais, o que não é o propósito desta pesquisa, que é verificar os malefícios do mau planejamento da vegetação nos espaços.

105


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 27 – Diferenças na pesquisa dos pátios escolares. Desenho: autor.

106


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Os procedimentos estruturados: A vegetação não é, conforme dito nos primeiros capítulos, um elemento comum capaz de ser tipificado de maneira restrita e a avaliação (Figura 28) de sua apreensão não é fechada no campo visual ou psicológico. Para compreender de fato os processos que podem estar associados à presença de plantas na cidade, é preciso esboçar características também físicas e ambientais, por exemplo. Sendo assim, buscou-se qualificar a pesquisa com os métodos descritos, sem necessariamente se amarrar a eles, propondo uma ideia mais sutil e desenvolta dos problemas causados pelos erros de implantação da vegetação nas cidades. O que se tornou viável e mais interessante foi revisar textos ligados ao verde urbano, como específicos de botânica e jardinagem, e sair a campo para coletar o máximo de amostras sensitivas (negativas) dos arbustos, palmeiras, árvores, etc, em diálogo com a urbe (em espaços públicos ou semi-públicos, principalmente), tentando assim reunir em categorias e subcategorias os problemas vistos. O que se verificou foi a presença de três grandes tipos de

107


Matheus Maramaldo Andrade Silva

avarias provocadas pelas plantas quando mal planejadas em sua implantação ou devido à própria espontaneidade de seus

ciclos

vitais:

Ambientais

sanitárias,

Físicas

e

Psicosociológica). Após as descrições das fitopatologias, é feita uma síntese em tabelas, uma para cada, com uma listagem em tópicos de tudo que foi comentado. Isso se tornará a espinha dorsal do diagnóstico, pois é semelhante a um check-list e estará incorporado a todas as graficações futuras. Terminada as tipificações, optou-se por averiguá-las em conjunto em um espaço pré-determinado, limitado na cidade. Foi então escolhida a SQS 308 do Plano Piloto de Brasília, para ser feito esse levantamento. Para tanto, foi preciso elaborar um documento, o qual guiaria tanto o estudo de campo, como reuniria todos os resultados: a ficha diagnóstico. Em seu cabeçalho há lacunas em que são descritos o endereço, a área edificada, a área pavimentada e a área vegetada, já no seu corpo são postas as fotos, os mapas e as tabelas elaboradas. Estes são, portanto,

os

resultados,

visuais

e

quantitativos

das

fitopatologias encontradas na área escolhida. Os resultados são, então, discutidos, sem ainda grandes recomendações, posto que esse não era o exercício

108


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

proposto, mas sim a elaboração de um método de diagnóstico (categorias fitopatológicas e suas distribuições pela malha urbana).

109


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 28 – Diagrama da pesquisa. Desenho: autor.

110


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

111



as diversas fitopatologias na cidade

oleandros, gameleiras e desgaste


Matheus Maramaldo Andrade Silva

“Uma cidade deve ser construída de modo a proporcionar a seus habitantes segurança e felicidade.” Aristóteles

114


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Dando

início

à

análise

proposta,

dar-se-á

a

categorização dos processos de degradação regidos pelos elementos vegetais na cidade. As plantas estão longe de serem iguais ao que se mostra nos desenhos e fotos: estáticas. Essas são exigentes e cobram o que lhes é de direito na natureza – espaço, luz, nutrientes, reprodução. Nessa busca incessante por vida, acompanhada ou não pelas mãos antrópicas, cria-se um contexto que por diversas vezes não é cogitado – seja em manuais ou no diálogo cotidiano – a destruição, o incômodo e os miomas de diversos tipos que o verde pode causar nas teias sociais e psicológicas da cidade. Essas inconveniências ao ambiente urbano são o grande problema que este texto tenta alertar: não há justificativa do verde pelo verde, e se deve ter noção de todas as possibilidades ao plantar uma muda e dos impactos, sejam estes positivos e/ou negativos que trazem ao meio urbano. Observando isso, serão aqui listadas as pequenas e grandes doenças que a vegetação traz às veias da urbe. Esta pesquisa dispôs em três categorias os problemas causados pelo verde mal empregado, os quais chamaremos

115


Matheus Maramaldo Andrade Silva

de fitopatologias20. Estas, por sua vez, poderão ou não estar subdivididas em subtópicos, devido à abrangência de situações que podem acometer. Considerou-se, então, estas ordens de fitopatologias na cidade: Ambiental-sanitárias (problemas relacionados ao microclima,

intoxicações

e

pragas),

Físicas

(problemas

relacionados à destruição de elementos construídos e outros transtornos

de

natureza

material)

e

Psicosociológicas

(problemas relacionados à forma de apreensão dos espaços, quando a vegetação causa desconforto – medo, distorção de beleza – e aos ciclos de atividades da cidade). Cada uma destas categorias pode possuir origens semelhantes ou distintas e estar associadas a toda a gama vegetal, desde gramíneas até árvores frondosas. Terminado o preâmbulo, façamos uma descrição mais pormenorizada dos termos:

20 Vide Nota de Rodapé 3, página 30.

116


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Fitopatologias 1: Ambiental-sanitárias

117


Matheus Maramaldo Andrade Silva

O uso indiscriminado e/ou popular das plantas, como a própria natureza atuando com seu ciclo intrínseco, pode gerar conflitos de ordem micro ou macroclimática nas cidades, como na saúde dos seus habitantes. A falta de planejamento e o contraditório desejo por natureza e desnatureza permitem, uma ampla gama de problemas

de

ordem

ambiental-sanitária,

que,

negligenciados,

podem

comprometer

somente

não

caso o

cotidiano, como aumentar a mortalidade nas urbes. Estão relacionados a este conjunto fitopatológico: 1. Aspectos de conforto térmico, luminoso e acústico; 2.

Toxidades

(plantas

com

conteúdo

venenoso,

entorpecente, alergênico, urticante ou corrosivo); 3. Plantas que servem de abrigo, alimento ou espaço reprodutivo

para

uma

fauna

hostil

(peçonhentos

ou

transmissores de doenças); 4. Relações tróficas competitivas entre a própria vegetação; 5. Riscos de incêndio potencializados pelo verde.

118


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

1. Calor, ruído e escuridão: As plantas interferem em todos os campos de conforto que são estudados pelos cientistas, arquitetos e engenheiros, térmico, acústico e luminoso, como revela Mascaró (1996, p.2): A vegetação atua nos microclimas urbanos contribuindo para o controle da radiação solar, a temperatura e a umidade do ar, a ação dos ventos e da chuva e para amenizar a poluição do ar e, em determinadas situações a poluição sonora.

Assim como o controle tende para o equilíbrio climático, quando este é perdido o conforto diminui, podendo ser em pequena ou grande escala. Normalmente, associamos a perda desse controle climático a falta ou destruição das plantas em determinada área, contudo, a presença de uma árvore, arbusto, etc. pode também desfavorecer essa qualidade. 1.1. Conforto térmico: É

usada

extensivamente

a

vegetação

para

arrefecimento das altas temperaturas e umidificação do ar

119


Matheus Maramaldo Andrade Silva

nas zonas urbanas (Figura 29): A vegetação em relação à radiação atua como um filtro das radiações absorvidas pelo solo e pelas superfícies construídas, refrescando os ambientes próximos, uma vez que a folhagem das árvores atuam como anteparos protetores. (ROMERO, 2013).

Isso é amplamente benéfico, com inúmeros estudos atestando a eficácia do uso correto da vegetação como boa refletora e absorvedora de calor. Porém, ao ponderar sobre a qualidade do fluxo dos ventos, umidade e irradiação solar, há vários eventos, em que a vegetação está relacionada ao desconforto térmico dos usuários. O primeiro ponto é o fluxo de vento. Segundo Romero (2013): O movimento do ar no meio urbano está em relação direta com as massas edificadas, a forma destas, suas dimensões e sua justaposição. O movimento do ar numa escala microclimática afeta especificamente os pedestres e as edificações (aumentando as perdas de calor por convecção ou levando calor e poeira).

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 29 – Benefícios da vegetação; aspectos climáticos. Desenho: autor.

121


Matheus Maramaldo Andrade Silva

É importante frisar, que não somente massas edificadas interferem no percurso dos ventos, como qualquer tipo de barreira implicará mudanças em seu trajeto e força, sendo que quanto menos poroso e mais alto, mais difícil se dará seu percurso. No caso da vegetação, os fatores que implicam alteração da qualidade do vento (intensidade e sentido), são massa foliar, distância entre os elementos vegetais e altura das plantas (Figura 30) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 29, 30, 43 À 50). Em climas de calor muito intenso, seco ou úmido, é importante a passagem do ar da rua para as edificações, pois o vento tende a diminuir a temperatura ambiente e melhorar a sensação térmica. Quando se deseja receber um bom fluxo de ar, elementos vegetais de pequeno porte podem ocasionar um prejuízo

considerável

nesta

circulação

a

pequenas

edificações, pois o acúmulo vegetativo, pela quantidade de folhas ou troncos, impedirá a passagem do vento (barreira) (Figura 31).

122


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 30 – Elementos que modificam a qualidade do vento. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Em

prédios

mais

verticais,

vale

as

mesmas

considerações, mas restringindo a gama vegetal a árvores mais altas, palmeiras mais robustas e a trepadeiras. Caso haja muita densidade vegetal, a passagem do vento pode se tornar impossível (barreira) (Figura 31). Não somente como barreira vertical, a vegetação também pode se tornar barreira horizontal. No caso de ambientes com muita radiação solar durante o dia, o ar quente fica acumulado nas superfícies e tende a se dispersar a noite. O verde pode obstruir essa passagem quando forma dosséis densos, principalmente nas ruas das cidades. A pesquisa de Mestrado do Professor Caio Frederico e Silva (2009), em que analisa várias avenidas de sua cidade natal, Teresina, comprova isso. Em dada via, fechada por copas de árvores, se dá uma dispersão bem mais vagarosa do ar quente a noite, o que é bastante desagradável para os moradores, que já convivem durante o dia com temperaturas normalmente acima de 28ºC (Figura 33): No caso da formação da ilha de calor, no horário noturno, quando o acúmulo de calor recebido durante o dia é devolvido para a atmosfera, um local densamente arborizado [...] apresenta-

124


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

se como um cenário negativo para as trocas térmicas, conforme é demonstrado nas simulações no horário noturno. (SILVA, 2009).

Vendo o oposto, quando não se deseja a passagem de ar, por ocasião de temperaturas baixas ou cidades/bairros com ventos muito fortes devido a própria natureza do lugar ou a morfologia edificada, a vegetação também pode contribuir negativamente neste controle. Dependendo do porte e disposição das plantas, estas tendem a criar pólos de pressão que atraem o fluxo de ar ou o aceleram (Figura 32 e 34). Os principais efeitos não desejados relacionados com o verde podem ser o de barreira, o de canalização ou o de redemoinho (ROMERO, 2013). O Efeito Barreira/Redemoinho é ao mesmo tempo solução e problema, pois, caso as plantas bloqueiem o vento, estarão auxiliando os usuários (efeito barreira), mas caso o prédio seja a barreira e a vegetação não permita a saída vertical do vento, cria-se uma diferença de pressão que pode causar transtornos ali (efeito redemoinho) (Figura 34).

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 31 – Interrupções do fluxo de ar. Desenho: autor.

126


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 32 – Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.Fonte: http://g1.globo.com/

Figura 33 – Avenida Santos Dumont, Teresina, Piauí, Brasil. Fonte: http://farm5.staticflickr.com/4066/

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

O Efeito de Canalização se dá por convergência dos fluxos de ar. Caso os renques arbóreos estejam próximos e diminuindo o ângulo do espaço, estes unirão as massas de ventos

locais,

podendo

aumentar

perigosamente

a

velocidade dos ventos (Figura 34). Outro fator que está muito atrelado aos ventos e ao contexto climático é a umidade (ROMERO, 2013, e MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 43 À 44). As

plantas,

como

os

animais,

transpiram.

Elas

contribuem significantemente para o regime de chuvas no mundo e estão estritamente ligadas à qualidade da umidade das cidades (Figura 35). Em climas quentes e secos, é extremamente desejável o acúmulo dessa umidade, pois melhora a sensação térmica e a respiração. Conforme exposto, em áreas com esse tipo de clima, ou somente secos, é importante evitar a perda de umidade. Dependendo da vegetação escolhida e da forma com que ela está disposta, esta não entrará em um regime favorável de trocas de umidade com a atmosfera próxima, como pode favorecer a ventilação e retirar o pouco de água dali.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 34 – Corrente negativa de vento. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

No caso de climas úmidos e quentes, se opera o contrário. Precisa-se aumentar o fluxo de ar para amenizar o excesso de umidade. Uma reclamação recorrente em Belém e Manaus, cidades do Norte Brasileiro, é o fatigante calor que não cessa. Devido à umidade e temperaturas muito elevadas não nos sentimos confortáveis. A vegetação que ai encontramos deve ser pensada para trazer o máximo de circulação e o mínimo de transpiração (nota-se que é mais fácil favorecer a circulação de ar, pois as plantas normalmente aumentam a umidade). Árvores com copas muito densas, como qualquer elemento vegetativo de folhagem mais rugosa e grossa, irão piorar a situação se estiverem muito próximos às edificações. No oposto, em locais de clima frio, os maciços vegetais tendem a transpirar menos, mas ainda assim devem ser planejados para evitar um acúmulo de umidade (que ainda pode criar gelo em casos extremos e causar prejuízos físicos ao entorno). Caso não haja constância climática, quase sempre frio, ou quase sempre calor, a exemplo de Brasília, as plantas pouco pensadas não dialogarão com o a amplitude térmica e com ritmo das chuvas ou secas. A probabilidade de não

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 35 – Variantes de umidade. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

haver folhagem no inverno seco (típico do Centro Oeste) ou haver excessiva umidade no verão úmido será grande. Além do vento e da umidade, resta mencionar a radiação solar (ROMERO, 2013 e MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 29 à 50). O verde está diretamente imbricado com a proporção de calor que recebemos todos os dias, podendo absorver os raios solares, como nos proteger com sua sombra. Em cidades frias ou com estações prolongadas de temperaturas baixas, não é desejável evitar nenhum tipo de radiação solar, pois esta é a principal e mais barata fonte de calor existente. Árvores, palmeiras e trepadeiras de folhagem densa ou copa extensa, caso estejam muito próximas das edificações ou sombreando áreas muito grandes das ruas e calçadas tendem a proteger em demasia estes locais do calor desejado (Figura 36). Diametralmente opostas, as cidades com temperaturas altas ou com estações prolongadas quentes, desejam evitar os raios solares que incidem sobre seus moradores. Aqui deve-se atentar em massificar ao máximo a folhagem, pois esta protegerá os habitantes da radiação. O

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 36 – Interrupção da radiação solar. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

erro mais comum é se atentar aos aspectos estéticos do espaço e esquecer de sombrear as áreas de circulação e estar. Elementos baixos, pouco densos ou esparsos não criarão uma cobertura que evite a insolação (Figura 37). Deve ser considerada também a caduquice, pois há meses de grande radiação solar e calor, em que várias plantas não poderão contribuir com sombra por essa razão. 1.2. Conforto luminoso: O verde é um elemento compositivo que vai além da cor,

ele

é

uma

barreira

que

qualifica,

positivo

ou

negativamente, a intensidade luminosa recebida nos espaços (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 32 e 33). Quando é necessária uma maior luminosidade, o que de fato é o mais recorrente, tanto para economia energética como para

uma

contribuição com

a luz artificial, a

vegetação mal pensada pode se tornar um estorvo completo ou parcial. Vista a densidade foliar, a quantidade plantas, o diâmetro do tronco e a disposição, os elementos vegetais influenciam decisivamente a quantidade e o foco luminoso.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 37 – Passagem forte da radiação solar. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 38 – Vegetação x Luz. Desenho: autor.

Um flamboyant (Delonix regia (Hook.) Raf.), com sua estrutura de copa horizontal e rala, permitirá a entrada de bastante luz, contudo, devido aos ecos sem folhagem, esta tende a ficar desproporcional no espaço, deixando a área maculada (vários pontos de luz ao invés de contínuo), enquanto que uma gameleira (Ficus benjamina L.) será uma barreira ostensiva à luz, tendo densa sombra, devido a sua disposição e quantidade foliar compacta e alta. Assim, é importante observar que até mesmo uma fileira de palmeiras esguias pode atrapalhar a qualidade lumínica da rua, das edificações e dos passeios (Figura 38).

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Quanto a proteção dos raios solares, deve-se tomar os cuidados contrários (Figura 38). O mesmo flamboyant continuará não impedindo os raios solares de chegarem a área, como plantas esparsas, esguias e com pouca vigorosidade foliar e de tronco. Quanto ao ofuscamento, o cuidado tem de ser maior, principalmente quanto a via pública, por estar além do conforto.

Figura 39 – Ofuscamento às 7hs – SQN 106, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Em horários de sol baixo (início da manhã e final da tarde), a vegetação, principalmente árvores frondosas, quando esparsas nos canteiros ou calçadas, implicam sérios prejuízos a visão dos motoristas. A sombra criada por estes

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

elementos vegetais modifica a percepção visual, em uma espécie de polarização focal, a qual impede quem está dirigindo o carro de enxergar da forma devida antes e durante o trajeto sombreado. Isso traz um risco alto tanto para os pedestres, como para os automóveis próximos, pois são metros de completa cegueira por parte do motorista (Figura 39) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 27). 1.3. Conforto sonoro: Mesmo que possa parecer esdrúxulo, a vegetação também se aplica as variantes acústicas (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 51 e 57). Estudos comprovam que a correta distribuição vegetal, junto

ao

elemento

terra

e

ao

distanciamento

posicionamento correto das edificações e

e

ruas, pode

arrefecer os ruídos. Quando não é pensado corretamente, os maciços vegetais, junto desses outros fatores, podem não funcionar para este fim. Por outro lado, o verde é também um chamariz de diversos sons pouco pensados quando se está no meio

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

civilizado. A fauna, ameaçada pelo homem, utiliza as plantas como alimento e abrigo (Figura 40). Com o avanço atroz do meio antrópico às florestas, é cada vez mais comum encontrarmos animais em nossas cidades e com isso, seus sons típicos. A maioria vai gostar dos assobios dos sabiás e canarinhos e outros vão odiar o tilintar das cigarras e os berros de algumas aves. O planejamento vegetal implica também pensar na fauna que utilizará aquela planta como suporte.

Figura 40 – Dilemas dos cantos dos pássaros. Desenho: autor.

141


Matheus Maramaldo Andrade Silva

2. Urticárias, espirros e dores crônicas: Quando os animais surgiram na Terra (seja qual for das versões que procure, a bíblica ou a evolucionista), este ambiente já estava permeado pelas plantas. Antes ou conjuntamente, se deu a escalada, em que vieram as Algas, os musgos, samambaias, os grandes pinheiros e as plantas com flor e fruto (Figura 06, pág. 45). Nessa

evolução

esteve

configurado

também

o

aprendizado contínuo e ininterrupto dos seres vivos quanto a sobrevivência frente aos outros viventes: alguns animais maiores devoram todos os outros, uns minúsculos comem somente os restos de outras refeições, e a extensa maioria se alimenta das plantas. Estas, obviamente, tiveram que se adaptar a isso, senão seriam alvos muito fáceis e acabariam dizimadas. Umas adotaram

regimes

de

reprodução

baseados

em

“recompensas”, tendo o caçador que somente distribuir seu pólen ou suas sementes para poder se alimentar delas, outras preferiram buscar barreiras maiores para não serem atingidas, tendo cascas mais espessas ou espinhos e, embora esses dois tipos de evolução tenham sido comuns, algumas se

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 41 – Potencialmente venenosas. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

adaptaram com um contra-ataque mais imediato: a toxidade (Figura 41). Segundo o dicionário21, toxidade é próprio de tóxico, que por sua vez é o mesmo que veneno: “Substância que, quando absorvida em determinada quantidade, provoca perturbações funcionais mais ou menos graves. ” Sendo

assim,

algumas

plantas,

no

ato

de

se

protegerem, começaram a produzir substâncias nocivas, como:

seivas

tóxicas,

alcaloides

venenosos,

oxalatos,

paralisantes, alucinógenos, etc. E estão aqui até hoje, sem data para partirem. O homem, desde que surgiu, também não esteve a parte dessa evolução, é animal acima de tudo, e, com o passar dos anos, aprendeu mais e mais o quanto várias plantas são importantes para ele... e com quais se deve ter maiores precauções em seu manuseio. Mesmo com as pesquisas avançando tanto, e com menos pessoas morrendo por envenenamento que em séculos anteriores, ainda hoje somos de certa forma aliteratos frente às flores dos nossos próprios jardins.

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora Melhoramentos, 1998. 21

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Não é claro para os habitantes de nossas cidades o perigo potencial ao qual estão sujeitos a enfrentar caso toquem ou façam um chá com certas folhas ou respirem um estranho pólen. Visto isso, deve-se alertar novamente o quanto o planejamento da vegetação nas cidades é importante, como descreve Link e Alvares Filho (2010): Diversas plantas usadas nos projetos de arborização e paisagismo [...] possuem substâncias tóxicas. Apesar de vistosas, servindo como motivo ornamental pela beleza, presença ou qualidade da flor, apresentam perigo para a sociedade. As crianças têm sido alvo da maioria dos casos de intoxicação. (LINK, ALVAREZ FILHO apud MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 113.)

O conteúdo tóxico dos elementos vegetais pode estar em qualquer parte de suas estruturas (das raízes até as folhas mais altas) sendo de extrema importância seu conhecimento, pois auxiliará no projeto, como também permitirá um diagnóstico mais rápido quanto à causa de intoxicação, caso precise de atendimento.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Essas

substâncias

estão

relacionadas

ao

envenenamento, entorpecimento, irritação da pele e das vias aéreas ou corrosão. 2.1.

Envenenamento direto, Hiperdose e Medicação Popular:

A literatura e a história do mundo são muito ricas quanto aos episódios de envenenamento: Sócrates e a cicuta, Romeu e Julieta, a maçã envenenada da Branca de Neve, dentre tantos outros. Aqui no Brasil também são relatados casos de intoxicação na literatura: Andaram cerca de meia hora pela prainha e encontraram mais adiante um cacho de bananas ainda verdes... De repente Eduardo foi ficando pálido e pôs a mão no estômago; fez uma careta. (DUPRÉ, 2005, p. 45) Ele então foi ficando para trás, entrou na roça, escavacou com um pauzinho o chão, numa cova, onde um tronco de manipeba apontava... e enterrou os dentes na polpa amarela, fibrosa, que já ia virando um pau nos extremos... Ele contou a história da manipeba. Cordulina levantou-se assustada: - Meu filho! Pelo amor de Deus! Você comeu mandioca crua? Assombrado, e

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

sentindo a dor mais forte, o pequeno começou a chorar. (QUEIROZ, 1979, p. 38 e 39)

Visto isso, é plausível pensar que todos estão propensos a ter algum risco de envenenamento por alguma planta, inclusive em nossas cidades (veja Anexos, Tabela 5). Como descrito por Link e Alvarez Filho nas páginas anteriores, um dos erros mais comuns da implantação da vegetação nas urbes é a do puro apreço estético. Ao plantar uma árvore, uma forração ou qualquer outra espécie e estrato, não é observado, normalmente o quão fácil é o acesso de um cachorro, um gato ou uma criança, e até mesmo adultos àquele elemento.

Figura 42 – Chapéu de Napoleão (Cascabela thevetia (L.) Lippold). Foto: autor.

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Se tiver substâncias nocivas, como muitas aráceas e alamandas os tem, deve-se observar a facilidade de contato das mesmas com os usuários (LORENZI, SOUZA, 2012). Vegetação de pequeno porte (até 5 metros) com propriedades intoxicantes estará criando riscos à saúde dos que estão próximos a elas, caso não tenham barreiras, por serem elementos vegetais de acesso muito fácil, com o simples ato de se estender a mão, podendo ser ingeridas (Figura 42). Árvores e palmeiras maiores (acima de 5 metros) ou trepadeiras altas intoxicantes também podem trazer riscos aos usuários próximos, pois ainda assim podem ter frutos, folhas e flores com substâncias venenosas, que, ao caírem, voltam a ter total facilidade de acesso. Outro fator preponderante é evitar que se crie, principalmente em hortas e jardins públicos, riscos de se errar a identidade de uma planta inofensiva com uma tóxica. Um exemplo é dispor taros (Colocasia esculenta (L.) Schott) (Figura 43) e taiobas (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott) próximos. Com folhas exuberantes, são muito similares, mas sendo um extremamente venenoso e a outra usada por completo em nossa culinária. Sem um olhar clínico, ambos

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

parecem iguais, potencializando as chances de um acidente (GONÇALVES apud Portal Bonde, 2012). Não somente as plantas com venenos graves são motivos de risco aos usuários. Quando as mesmas têm propriedades culinárias ou medicinais conhecidas, essas se tornam potencialmente perigosas:

Figura 43 – Taro (Colocasia esculenta (L.) Schott) – SQN 402, Brasília, Distrito Federal, Brasil Foto: autor. Cordulina, aturdida, topando o madeirame do chão, andou até ao terreiro limpo, procurando na terra varrida umas folhas para um chá. (QUEIROZ, 1979, p. 39)

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Por serem temperos ou de uso popular no tratamento dos

mais

variados

sintomas,

não

o

por

vezes

um

uso

indiscriminado. Tecnicamente,

que

falar

quanto

à

implantação, pois poucas tem efeitos colaterais diretos, devendo os usuários se atentarem à hiperdose, a falsos efeitos medicinais e tomar os mesmos cuidados com grávidas, crianças, incapazes, e animais, preferencialmente impondo barreiras físicas para os três últimos. 2.2. Entorpecentes: As substâncias tóxicas podem extrapolar a esfera da simples intoxicação, o que por si só já é grave e pode levar a morte,

tendo

também

efeitos

colaterais

associados

à

alucinação e à estimulação do corpo (veja Anexos, Tabela 6). São alcaloides, aminas, amidas, que quando ingeridos, injetados na corrente sanguínea ou inspirados, perturbam principalmente o sistema nervoso. (ALMEIDA, MARTINEZ e PINTO, 2009).

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Nas cidades, o planejamento e o cuidado de manutenção deve preservar os transeuntes de ter contato com tais substâncias. As leis são rígidas no Brasil e em vários países quanto à existência de certas plantas dentro do meio urbano, como a maconha

(Cannabis sativa

L.)

e

a

coca

(Erythroxylum coca Lam.), porém, outras plantas nocivas e menos

conhecidas

ou

com

princípios

ativos

menos

conhecidos podem estar permeando e embelezando as calçadas e jardins dos nossos bairros (como a espatódea (Spathodea campanulata P.Beauv.) e o jasmim-manga (Plumeria rubra L.) (Figura 44) (PDAU Goiânia, 2009, p.82).

Figura 44 – Jasmim Manga (Plumeria rubra L.) – SQN 303, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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Novamente, plantas de pequeno porte (até 5 metros) com essas propriedades estarão criando riscos à saúde dos que estão próximos a elas, caso não tenham barreiras físicas, e os elementos mais altos (acima de 5 metros) com tais princípios ativos também poderão trazer riscos aos próximos, pois ainda assim podem ter frutos, folhas e flores com substâncias entorpecentes, que, ao caírem, voltam a ter total facilidade de acesso. 2.3. Alergia nas vias aéreas: Outro problema, que só pode ser evitado pelo bom planejamento, é a disposição de plantas com pólen nocivo (Figura 45).

Figura 45 – Lírio do Amazonas (Eucharis x grandiflora Planch. & Linden) – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Certas espécies têm toxinas ativas presentes no pólen (veja Anexos, Tabela 7), outras não são necessariamente tóxicas, mas desencadeiam processos alérgicos pelas suas estruturas diminutas, caso do pólen de muitas palmeiras e forrações, em pessoas já pré-dispostas a tal. O plantio não associado ao regime dos ventos, a falta de diagnóstico quanto aos usuários, como a proximidade exacerbada dessas espécies com os transeuntes em espaços livres expõem-nos a alergias desnecessárias. 2.4. Urticárias: Nas cidades, não estamos tão longe das heras venenosas (Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) dos filmes e desenhos animados o quanto pensamos. Muitas espécies, sendo que quase todas muito ornamentais e espalhadas pelos jardins, possuem propriedades irritantes para a pele (veja Anexos, Tabela 8). O equívoco comum, novamente, é não se atentar a dualidade

usuário

x

vegetação.

Plantas

com

valores

urticantes não devem ter acesso, até mesmo para adultos.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Quando estão dispostas em calçadas, parques, praças, orlas e jardins públicos, o controle por vezes é negligenciado, faltando

grades

reprodução

ou

vegetal

deixando fazer

a

nascer

espontaneidade espécies

com

da

essas

propriedades sem controle. Esta irritação na pele pode ser de vários graus, sendo: leve, moderada ou grave. As plantas com propriedades irritantes leves ainda criam certa tolerância ao seu acesso. A grama batatais (Paspalum notatum Flüggé) (Figura 46), por exemplo, é usada amplamente em Brasília em gramados públicos, canteiros, áreas de lazer de clubes e casas, mas, se não se estiver usando calças, causa coceira leve com seus diminutos pelos. Não há razões para criar tantas barreiras, pois este tipo de irritação é levemente desagradável. Já no caso das plantas com propriedades urticantes maiores (moderadas ou graves), deve-se ter um cuidado maior de implantação. Esse tipo de vegetação tem que estar mais afastado, bloqueado ou ausente dos espaços livres urbanos, pois levam a dermatites fortes ou a outros problemas graves em vários sistemas do corpo. Quando isso não é observado, ocorre casos como o descrito no jornal:

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Parecia que uma tragédia havia ocorrido na manhã de ontem em Brasília. [...] Os setores de clínica geral e de pediatria do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) ficaram lotadas de crianças e adolescentes [...]. Alguns choravam, outros riam e todos se coçavam. Eles tiveram uma reação alérgica causada pelo fruto de uma planta popularmente conhecida como palmeira rabo de peixe, que causa irritação e ardência quando entra em contato com a pele. Segundo contagem dos bombeiros, 80 estudantes [...] foram transportados para o Hran. [...] Segundo o diretor do CASEB,

Figura 46 – Grama batatais (Paspalum notatum Flüggé). Foto: autor.

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Edmilson Rodrigues, dois alunos, um de 13 e outro de 16 anos, colheram os frutos de cinco árvores em frente ao colégio, plantadas curiosamente no jardim de uma clínica de dermatologia, e começaram a esfregar nos colegas, que se preparavam para entrar na escola, por volta das 7h15. Outros quatro alunos, incluindo uma menina, acharam graça e passaram o fruto nos colegas. Antes do início das aulas, a sala da direção estava lotada de estudantes. (JORNAL DE BRASÍLIA apud UnB Clipping, 2009)

2.5. Queimaduras: Dermatites

ainda

tem

tratamento,

contudo,

queimaduras literalmente corroem o tecido dos que a tiveram como ocorrência. Várias espécies vegetais, além de sua beleza e utilidades medicinais, culinárias e de configuração urbana, trazem consigo substâncias corrosivas (veja Anexos, Tabela 9). Algumas seivas, principalmente das plantas da família Euphorbiaceae (LORENZI, SOUZA, 2012, p.355 à 365), são cauterizantes, podendo fazer desde leves manchas na pele a orifícios irreversíveis em qualquer parte do corpo, levando ao comprometimento dos órgãos, cegueira, perda do cabelo, etc, dependendo de onde foi o contato. Como algumas estão presentes na medicina popular, em ritos religiosos, ou são barreiras ostensivas por possuírem

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

muitos espinhos (caso da coroa de Cristo (Euphorbia milii Des

Moul.)) (Figura 47), não é fácil retirá-las do contato com a cidade. Assim, é imprescindível evitar o contato direto, dando distanciamento dos usuários por meio de barreiras ou a ausência de tais elementos vegetais, principalmente no espaço livre público ou em ambientes de circulação intensa (um dos fatos mais comuns é o de calçadas x muros, onde um escorregão já propicia ter contato com a planta, quebrar alguma estrutura e liberar sua seiva).

Figura 47 – Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) – SQN 704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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3. Amigos da natureza: Como na questão dos ruídos, percebe-se que há limites ao contato com a natureza desejado pelos habitantes das cidades. Um dos problemas comuns da urbanização é o de destruir os habitats naturais de vários animais e com isso trazêlas para as urbes. Eles poderão se refugiar em qualquer canto, incluindo nas árvores, arbustos, ou palmeiras das cidades. Não só isso, a fauna (não mais silvestre) se alimenta, buscando restos espalhados pela urbe, e se reproduz. Assim, é cauteloso pensar que, além de proteger mais nossas matas e promover um ciclo menos devastador de urbanização, devemos também pensar em como não permitir que uma parcela destes animais (principalmente os nocivos ou potencialmente nocivos (Figura 48)) estejam próximos de nós. Estão envolvidos nas questões de abrigo, alimentação e ciclo reprodutivo as espécies de plantas e o cuidado de poda e limpeza, principalmente. Em caso de colmeias e teias de aranha, os moradores normalmente já querem se ver livres, mas é difícil diagnosticar

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 48 – Aranhas, ratos, formigas, cobras, mosquitos, escorpiões, vespas. Desenho: autor.

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onde elas surgirão e assim, dizer se há algum erro de implantação ou uso da vegetação. Contudo, quanto a outros insetos e artrópodes, cobras e roedores, há já algumas medidas que os atraem (veja Anexos, Tabela 10). Vegetação com acúmulo de folhagem seca, caso da palmeira washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex

André) H.Wendl. ex de Bary ) (Figura 49), permitem o abrigo de vários animais, principalmente roedores e cobras, por serem ambientes escuros, secos, com oferta de comida, protegidos do solo e do ataque de outros animais (GILMAN, WATSON, 1994).

Figura 49 – Palmeira Washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex André) H.Wendl. ex de Bary) – SQS 107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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Além folhas secas persistentes, há as caídas. Quando no chão, terão o mesmo papel de esconderijo e alimento que as persistentes para outros animais. Há ainda plantas que se especializam, permitindo o abrigo de uma espécie que lhe irá proteger ou lhe irá polinizar. É o caso do pau-formiga (Triplaris americana L.), o qual possui ócreas (orifícios), em que as formigas criam formigueiros (MUNHOZ, 2013) (Figura 50). Outras

plantas

ornamentais,

como

bromélias,

acumulam água e tornam seu centro um ambiente perfeito para anfíbios e larvas (VARELLA, sem data).

Figura 50 – Pau-formiga (Triplaris americana L.) – SQN 303, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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Restringindo a alimentação, cada planta tem um fruto, uma flor ou uma folha que atrai certo tipo de animal. Se é feito plantio de uma árvore frutífera que atrai morcegos e a população envolta se incomoda, teremos ai um primeiro equívoco; se temos uma vegetação caduca e não

uma

boa

limpeza,

principalmente

em

zonas

suburbanas mais próximas de matas nativas, certamente animais peçonhentos surgirão; se

plantas próximas de

espaços de circulação deixam cair muitos frutos e flores, assim permitem

toda

uma

fauna,

principalmente

moscas

e

mosquitos, avançarem. Servindo

de

abrigo,

tendo

ou

não

alimento

subsidiando, a vegetação pode servir como amparo de reprodução da fauna. O maior perigo é permitir que roedores, cobras, escorpiões,

aranhas

e

insetos

infectados

(com

vírus,

plasmódios, bactérias) procriem nas cidades. Havendo a mesma palmeira washingtônia ou plantas que possam acumular água externamente, facilitar-se-á a reprodução dos mesmos (Figura 51). Os problemas, então, estão mais relacionados à manutenção do que propriamente à implantação, pois as

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

mesmas plantas podadas e sem água/com água tratada já deixam de ser potenciais criadouros.

Figura 51 – Bromélia Imperial (Vriesea imperialis Carrière) – Clube do Exército, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor

4. Degeneração: O projeto, a intervenção e o cultivo dos elementos vegetais nas cidades também possibilita interferências entre eles mesmos (veja Anexos, Tabela 11). Há uma parcela de

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culpa do nosso plantio, como também um processo natural de sobrevivência (RAVEN, 1992). Não avaliando ainda tais responsabilidades, quando há relações de cobertura, parede e piso entre as plantas, estas estarão propensas a competirem por luz e nutrientes, por melhores relações com o fluxo de vento e visibilidade para reprodução (competição). Quando são formados dosséis muito densos, estes não permitem que o que esteja abaixo receba ou faça com qualidade os itens citados no parágrafo acima (Figura 52). Há a necessidade, caso se queira ter outras vegetações embaixo, de se espaçar adequadamente esses elementos altos ou podá-los de forma a chegar luz, água e até mesmo adubo em níveis mais baixos, senão tudo que estará ali será barro nu ou plantas de sombra resistentes. Também fazem parte dessa relação trófica as ervas daninhas (Figura 53). Muitas vezes elas não liberam nenhuma substância no solo, mas, são altamente reprodutivas e rústicas, conseguindo se espalhar facilmente pela área, impedindo o surgimento de outras plantas. A espontaneidade, o controle de manutenção fraco, a escolha equivocada de certas espécies e a pequena

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 52 – Espaços fechados para a luz. Desenho: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

variedade de plantas nos jardins, nesse caso, são os principais fatores que permitem a invasão de ervas daninhas. Observando

isso,

outra

relação

natural,

que

é

semelhante, mas ainda menos benéfica, é o parasitismo (vegetal x vegetal). É difícil ter um controle inicial, pois muitas plantas parasitárias surgem por sementes espalhadas por pássaros e pelo vento, mas, se não forem controladas, por sugarem os nutrientes e/ou água da espécie parasitada, fadigam-na, podendo levar a sua morte. Isso nos direciona a riscos que vão além do apreço estético, como veremos mais adiante (Figura 54).

Figura 53 – Capim-Estrela (Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler) – Campus Darcy Ribeiro, Unb, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

A última relação nociva que se estabelece entre as próprias plantas é o amensalismo. Problemático, este ocorre naturalmente nas florestas, em que se encontram eucaliptos (Eucalyptus sp.), pinheiros (Pinus sp.) e outras plantas que, com suas raízes, folhas, flores e frutos caídos no chão liberam inibidores (CASTRO, s/d, p. 254 e 255):

Figura 54 – Cipó Chumbo (Cuscuta racemosa Mart.) – SQN 105, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor.

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Onde aquelas casas estavam agora havia uma pequena plantação de carvalhos, onde as árvores haviam crescido tão juntas que eram todas muito altas e finas e, na primavera, o chão abaixo delas ficava juncado de anêmonas. (ORWELL, 1978, p.176).

São plantadas nas cidades por acharmos belas, cheirosas ou importantes para datas festivas, porém, onde estiverem, pelo próprio ciclo vital, dificultam o crescimento dos elementos vegetais que estão em volta, devendo ser cauteloso no plantio (Figura 55).

Figura 55 – Pinheiral, próximo a cidade de Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

5. Fogo: Não é somente pela razão e estima associado à madeira que estamos mais propensos a ter incêndios caso próximos de vegetação, muitos materiais, quando expostos a fiações elétricas, a raios ou a chamas tendem a se desmanchar

e

a

propagar

o

fogo,

e

as

plantas,

principalmente as dotadas de lenho, contribuem com essa afirmativa (Figura 56). Madeira por madeira, folha por folha, elas irão torrar em um tempo próprio, conforme diversos outros materiais, contudo há fatores de risco. O importante de ser notado é o quanto elas podem aumentar ou facilitar a distribuição desse fogo. Algumas

plantas,

como

os

pinheiros,

produzem

substâncias (normalmente óleos) fortemente combustíveis. Em zonas de clima temperado, exemplo da Europa e da América do Norte, dotadas de muitos pinheirais, incêndios costumam ser devastadores por essa razão (veja Anexos, Tabela 12). Enfeites de

festa

com

energia, fiações

elétricas

próximas e aglomerações dessas plantas, portanto, são potenciais catástrofes.

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Figura 56 – Fogo. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Outro fator que pode acelerar a propagação do fogo é

o próprio ciclo de

queda

das folhas. Apesar

da

recomposição nutricional do solo, as folhas secas são meios fáceis de combustão e propagação de incêndios. Jardins descuidados, principalmente os públicos, são alvos fáceis para as chamas com mínimas faíscas (Figura 57). Também ligado a um ciclo vital da vegetação, certas espécies ou biomas (caso do Cerrado e da Savana africana) instigam o fogo (Figura 57). As próprias cascas e o interior das plantas, por diferenças eletroestáticas, começam a produzir faíscas e, consequentemente, fogo. Uma parcela das sementes dessas atingir temperaturas altas para sair da dormência e poder crescer. Outras, já crescidas, precisam eliminar concorrentes próximas, dando assim início a queimada (MUNHOZ, 2013). Não é comum, nem é fácil de ser evitado, mesmo assim, o projeto, o plantio e a manutenção devem ser consoantes. Caso esse tipo de vegetação fique próxima de fiações elétricas ou materiais inflamáveis, o risco aumenta de uma pequena diferença eletrostática causar um incêndio.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 57 – Cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) e a secura do Cerrado – SGAN 607, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. Foto: autor.

Visto

todos

estes

tipos

de

situações

de

ordem

ambiental sanitária que se originam da vegetação (por projeto/plantio antrópico ou por surgimento espontâneo), cabe fazer uma síntese, em forma de tabela, dos aspectos a serem observados no meio urbano vegetado que podem se constituir em fitopatologias dessa natureza. A tabela a seguir, junto às tabelas 18 e 19, constituem a ferramenta de levantamento e diagnóstico das fitopatologias observadas no meio urbano proposta por este ensaio:

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 13: Síntese Fitopatologias Ambiental Sanitárias 1.

Quanto ao conforto térmico:

1.1.

Vegetação alterando a passagem do ar (contrariamente ao

desejado); 1.2.

Plantas em regime de transpiração deficiente/exagerado (em

relação ao ambiente); 1.3.

Plantas altas decíduas em períodos secos ou de maior radiação

solar; 1.4.

Vegetação alterando a passagem dos raios solares (contrariamente

ao desejado); 2.

Quanto ao conforto luminoso:

2.1.

Vegetação alterando a passagem dos raios solares (contrariamente

ao desejado); 2.2.

Ofuscamento ou penumbra ocasionado por elementos vegetais;

3.

Quanto ao conforto sonoro:

3.1.

Barreiras vegetais ineficientes ao som;

4.

Quanto aos riscos de envenenamento:

4.1.

Há plantas venenosas sem proteção (barreiras, avisos);

4.2.

Há plantas venenosas com proteção (barreiras, avisos);

4.3.

Plantas similares, sendo uma tóxica;

4.4.

Presença de plantas medicinais;

5. Quanto aos riscos de entorpecimento: 5.1.

plantas

com

substâncias

entorpecentes

sem

proteção

(barreiras, avisos); 5.2. Há plantas com substâncias entorpecentes com proteção (barreiras, avisos); 6. Quanto aos riscos de alergias: 6.1. Presença de plantas com pólen nocivo próximas a circulação e a locais

173


Matheus Maramaldo Andrade Silva

de estar; 6.2.

Presença de plantas urticantes (grau leve);

6.3.

Presença de plantas urticantes fortes com proteção (barreiras,

avisos); 6.4.

Presença de plantas urticantes fortes sem proteção (barreiras,

avisos); 7.

Quanto aos riscos de corrosão:

7.1.

Presença de plantas com substâncias corrosivas sem proteção

(barreiras, avisos); 7.2.

Presença de plantas com substâncias corrosivas com proteção

(barreiras, avisos); 8.

Quanto às relações com animais peçonhentos, agressivos ou

transmissores de doenças: 8.1.

Vegetação com reserva externa de água;

8.2.

Vegetação com persistência de folhas secas;

8.3.

Vegetação adaptada como esconderijo para fauna nociva;

9.

Quanto às relações tróficas:

9.1.

Vegetação considerada daninha ou invasora;

9.2.

Presença de plantas amensais;

9.3.

Presença de plantas parasitárias;

10.

Quanto ao perigo de fogo: Aglomerações de coníferas ou

proximidade com fiações elétricas Fonte: autor

174


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Fitopatologias 2: Físicas

175


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Lembramos mais das plantas de nossas cidades certamente pelo contexto físico, tratando dos prejuízos que podem causar por ter crescido no local ‘errado’. Isso é comum pelo fato de observarmos bastante as ervas daninhas e as raízes das árvores crescendo nas calçadas ou asfalto. Contudo, as plantas estão relacionadas somente a isso? Mesmo no recorte das fitopatologias físicas, há uma esfera maior de análise, do que somente o esfarelamento das vias públicas. Assim, podemos dividi-la em pelo menos duas frentes de análise: as de agressão direta e as de agressão indireta. Na gama direta, encontramos a deterioração física dos elementos construídos e de outras plantas ocasionada diretamente pelo crescimento da vegetação (raízes, troncos, galhos, etc) (tópico 1 deste capítulo). Já na indireta, há a elevação dos riscos de incidentes ocasionadas pelos frutos, baixa resistência, pioneirismo, e pragas/fortes ações naturais sobre as plantas, como as potenciais agressões aos transeuntes (espinheiros) e as barreiras visuais e concretas erguidas pela vegetação (tópicos 2, 3, 4 e 5 deste capítulo).

176


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

1. Elementos vazados: A extensa maioria dos manuais e artigos relacionados ao projeto e a implantação de vegetação nas urbes trata de forma pontual os fatores de destruição física ocasionados pelas plantas. São razões ligeiras pelas quais se deve ter uma gola de tamanho y em uma calçada ou uma relação w com os edifícios e as fiações elétricas, pois os usuários desejam mais verde em suas cidades. Contudo, este texto pretende plurificar tais justificativas, saindo da expressão sintética “por ter raízes superficiais”. Quanto ao potencial agressor físico do verde, há três tipos22: horizontal, vertical e de movimento, sendo este último potencial/indireto. 1.1.

Agressão horizontal:

Trata de todas as ações nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação no plano do piso, subterrâneas ou com pouca altura (até 1 metro), estando principalmente relacionadas as raízes e as bases dos caules (MASCARO, Juan Categorização feita a partir da leitura das interferências nas infraestruturas urbanas, ‘aéreas’ e ‘subterrâneas’, escrita pelos pesquisadores Mascaró (2010, p. 135 à 149). 22

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 58 – Agressão Horizontal. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 136 à 138; PDAU Goiânia, 2008, p.82) (Figura 58). O

primeiro

evento

a

ser

considerado

é

a

espontaneidade das gramíneas, ervas daninhas ou plantas invasoras (normalmente poáceas ou asteráceas). Por serem quase todas rústicas, sem necessidade de muitos nutrientes e profundidade de solo, com um ciclo reprodutivo muito acelerado, são extremamente habilidosas em surgirem nos pavimentos urbanos. Estando lá, temos um percalço (Figura 59). Essas ervas, quando aderidas às calçadas, blocos ou asfalto, criam desníveis desagradáveis, corroem ferragens, afastam elementos, formam buracos e deformam a estética da via. Claro que há projetos que equilibram vegetação e pavimentos, como embaixo de degraus de escadas, porém, nos casos não projetados, isso se torna um estorvo para o caminhar dos transeuntes e mesmo para os automóveis. Como é algo não programado e natural, somente o ritmo regular de podas e manutenções pode afastar ou diminuir a quantidade de tais plantas nos espaços livres pavimentados.

179


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Este caso, apesar de regido pelo ritmo da natureza e com a necessidade de uma observância constante, é menos complexo, pois as forrações e herbáceas tem pouco ou nenhum lenho, sendo fácil sua retirada e manejo.

Figura 59 – Ervas daninhas – Rua no Bairro do Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

No entanto, quando tratamos de elementos maiores, principalmente árvores, tem-se um problema mais difícil de se resolver: Expliquei ao principezinho que os baobás não são arbustos, mas árvores grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse

180


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

consigo toda manada de elefantes, eles não chegariam a destruir um único baobá (SAINT-EXUPÉRY, 2000, p. 22).

Árvores, palmeiras e arbustos mais altos não trabalham somente no plano horizontal, como as herbáceas e forrações. Elas interagem também com os edifícios, com os postes, com as fiações, com o mobiliário, com o céu (conforme será exposto no tópico 1.2. das fitopatologias físicas). Assim, quando tais elementos perturbam de alguma forma

o

contexto

urbano,

mais

fatores

precisam

ser

considerados (Como ficará a sombra? Há animais? Há vínculo dos moradores? Etc.), e ser usado no mínimo um podador ou um motosserra.

Figura 60 – Destacamento do pavimento – Rua 4, Setor Central, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tratando especificamente do que este tópico está disposto, no plano horizontal, essa vegetação mais vertiginosa por vezes não se desenvolve com um sistema radicular axial. Certas árvores possuem raízes com geotropismo negativo, tendo-as

distribuídas

também

acima

do

solo

(aéreas)

(MUNHOZ, 2013). As que nos compete mencionar são as com raízes tabulares (veja Anexos, Tabela 14), pois são as mais viris e que causam mais danos físicos quando mal pensadas no cotidiano urbano (Figura 60). Quando a localização dessa vegetação não é bem planejada, estas criam desníveis desagradáveis ou impossíveis de serem percorridos, corroem ferragens, afastam elementos, formam buracos, deformam a estética das vias e, devido a vigorosidade, podem afetar tubulações subterrâneas. Isto ocorre quando plantamos, por exemplo, uma canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.) próxima a uma calçada ou nas divisões de um estacionamento. Jovem, as raízes ainda pouco se desenvolveram, mas, na medida em que

cresce,

seu

exponencialmente

sistema

pela

radicular

superfície,

se

podendo

espalha cobrir

um

diâmetro de até 25 metros, espelhando a copa (CARVALHO, 2002 e MACHADO et al. Apud CECONI et al., 2003, p. 101).

182


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Ao se atentar a estética, projetar golas diminutas ou não se observar fatores como o desenvolvimento das plantas e as distâncias necessárias das vias, incorre-se a erros deste tipo, e as cidades estão repletas dessas situações, com ondulações

perigosas

nas

pistas,

destacamentos

de

pavimentos, e muitas calçadas intransitáveis. Não somente as raízes, mas também os caules destas plantas mais vigorosas podem agredir

similarmente

os

materiais das urbes. O equívoco comum é o plantio não agregar em seu planejamento o contraste jovem x adulta, incorrendo ao desgaste dos elementos construídos próximos com o passar dos anos pelo engrossamento dos troncos ou dos

estipes.

Sutilmente,

Saint-Exupéry

(2000,

p.22)

faz

referência a isso em um trecho de O Pequeno Príncipe: “Os baobás, antes de crescer, são pequenos”. Assim, deve-se fazer sempre um estudo preliminar das espécies a serem usadas, para um devido dimensionamento de canteiros ou distanciamento de elementos construídos, para depois não ser necessário podá-las ou extingui-las dos espaços que nasceram.

183


Matheus Maramaldo Andrade Silva

1.2.

Agressão vertical:

Trata de todas as ações nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação em alturas superiores a 1 metro, estando principalmente relacionadas aos galhos e folhas, como ao crescimento em planos verticais (paredes, muros, pilares) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 135 à 149; PDAU Goiânia, 2008) (Figura 61). Os elementos vegetais mais altos (árvores, trepadeiras e uma parcela dos arbustos e palmeiras) podem interferir decisivamente na constituição física dos postes, fiações elétricas e edificações. Sem

o

correto

posicionamento,

com

um

distanciamento conveniente dos elementos construídos, ou uma poda bem feita, tais plantas, com suas raízes, galhos e folhas, tendem a cortar ou a empurrar o que veem pela frente. Um exemplo é plantar a mesma canafístula do tópico anterior em uma rua de prédios de seis andares sem recuo e com calçadas de 3 metros. Apesar de ser necessária a vegetação, a planta escolhida possui uma copa que não é comportada pela rua,

184


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 61 – Agressão Vertical. Desenho: autor.

185


Matheus Maramaldo Andrade Silva

pois seus galhos estarão em crescimento constante na direção dos prédios. Não é algo rápido, mas se

postergado,

como

descrevem os pesquisadores Mascaró (2010, p.135), prejudica a população, cortando os cabos de energia, danificando as esquadrias e os telhados ou mesmo invadindo e deslocando casas, prédios e muros (Figura 62).

Figura 62 – Intervenções para proteger a fiação elétrica – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor.

Novamente,

o

correto

plantio

e

manutenção

garantirão não somente a permanência das plantas em questão

como

186

evitarão

problemas

maiores,

inclusive


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

estruturais e de morte, como com o destacamento de peças de acabamento em cima dos transeuntes.

2. Efeito de Gravidade: A agressão de movimento já está inscrita na gama de fitopatologias físicas indiretas. Esta trata de todas as ações nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação em deslocamento ágil (o que exclui o próprio crescimento) devido aos seus próprios elementos constituintes ou sua própria natureza (o que exclui pragas, vento e cortes) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 135 à 149; PDAU Goiânia, 2008) (Figura 63). Nesta categoria, podemos incluir os frutos e folhas, principalmente os pesados, e a fadiga das plantas, por serem pioneiras, de pouca resistência ou de período vital curto, caindo ou se rompendo com facilidade e com pouca interferência do meio externo. Quanto aos frutos e folhas, há de se diferenciar suas qualidades, pois não são todos que causam danos físicos a cidade. Podem ser classificados como: inofensivos ou de mínimo risco (a maioria das folhas, com até 40 centímetros de

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 63 – Agressão de movimento. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

comprimento, ou frutos pequenos e sem substâncias com potencial corrosivo – ingá, jabuticaba, eucalipto, vagens em geral, etc); de médio risco (folhas com comprimento entre 40 e 100 centímetros e com peso relevante (algumas palmeiras e árvores umbrófilas), frutos pequenos, mas que

podem

comprometer com o tempo o substrato que se encontram, ou frutos de médio porte – jamelão, oiti, caju, goiaba, etc); ou de grande risco (folhas maiores e pesadas (acima de 1 metro, caso da maioria das palmeiras) e frutos grandes, pesados ou espinhentos – abacate, manga, jaca, etc). Os elementos descritos como inofensivos ou de mínimo risco caem e não machucam os transeuntes, secam com facilidade e pouco modificam o cotidiano além da limpeza (Figura 66). Os de médio risco, dependendo do tamanho e localização das plantas que os produzem, podem também não atrapalhar a rotina urbana, mas já podem machucar os transeuntes ou danificar o mobiliário e os veículos, pelo peso e aceleração dados pela altura. Também são considerados desta categoria aqueles frutos que com o tempo afetam quimicamente (e a posteriori fisicamente) os substratos que se acomodam. Um jamelão, por exemplo, ao cair em cima da lataria de um automóvel,

189


Matheus Maramaldo Andrade Silva

além de sujar de roxo, com o tempo corrói a tinta e o metal. Isso varia com a fruta, material e tempo transcorrido de contato (Figuras 64 e 66).

Figura 64 – Sujeira ocasionada por jamelão – SQN 303, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

Tanto por apreço alimentar, quanto por apreço estético e bioclimático, essas plantas por vezes não estão devidamente distanciadas dos passeios, como não recebem uma manutenção apropriada.

190


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Ainda

mais

danosos,

quando

equivocadamente

posicionados, são os de grande risco (Figuras 65 e 66). Estas folhas e frutos ao cair sempre danificam o que atingem, mesmo que levemente. Por serem grandes, pesados ou com espinhos, podem quebrar

calçadas

e

telhados,

danificar

mobiliários

e

automóveis, machucar transeuntes, mesmo que a planta não tenha uma altura vertiginosa (veja Anexos, Tabela 15): A cidade era bonita, muito verde, mangueiras e outras árvores frondosas sombreando as principais ruas e avenidas. Em certas épocas do ano devia ser perigoso andar debaixo delas, quando ficavam carregadas de frutas (MINEV, Ilko, 2014, p.74 e 75).

Figura 65 – Castanhas pesadas perto da avenida – 506 Norte, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 66 – Tipos de frutos segundo sua agressividade física. Desenho: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Também por levar em consideração vários valores, essa vegetação muitas vezes se encontra em locais de grande circulação, como estacionamentos, passeios e canteiros de vias pavimentadas, o que é um risco recorrente a cada época de frutificação e queda da folhagem (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 143 e 144). Além dos danos causados por esses elementos uma parcela da vegetação também podem causar danos físicos pela queda de estruturas maiores ou por inteiro nas cidades, devido ao seu simples ciclo vital. Para entender isso, vale lembrar os processos de formação das florestas. Na natureza, há uma ordem de surgimento e crescimento das plantas.

Figura 67 – Árvore pioneira de área de circulação – Outlet, Alexânia, Goiás Brasil. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Primeiro vem as ervas e subarbustos, depois os arbustos, palmeiras, trepadeiras, para daí chegarem as primeiras árvores (GANDOLFI e RODRIGUES, 1996). Atendo-se a estas últimas, tais são chamadas de pioneiras (veja Anexos, Tabela 16) (Figura 67) e são as que começam a de fato sombrear a área, permitindo o surgimento de plantas umbrófilas e protegendo as sementes e mudas das árvores secundárias ou de clímax do sol escaldante nos primeiros anos de vida. Sendo este seu papel, são também as primeiras a perecerem, criando lareiras onde caem, tornando possível o crescimento de outras plantas e das árvores já mais maduras e aptas ao sol direto contínuo (Id., ibid.). As pioneiras normalmente têm madeira leve, raízes não tão estruturantes ou fortes, e por vezes são finas e altas, como descrevem os Mascaró (2010, p.115 e 118). Mesmo assim estão espalhadas nas cidades principalmente pelas suas qualidades estéticas. Embora belas, é comum não serem levados em conta seus fatores de perenidade e resistência. Assim, quando postas próximas de edificações e ambientes de estar, sem outras árvores em volta, algumas podem com o tempo cair e destruir os espaços em questão, como

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

machucar e levar a óbito os transeuntes. Caso, se tenha ventos mais fortes, o risco fica ainda maior. Há também plantas que continuam visualmente viris após a morte, caso da palmeira rabo de peixe (Caryota

urens L.). Esse tipo de vegetação continua de pé durante muito tempo depois de morta, parecendo estar ainda viva. Mesmo assim, a qualquer momento pode cair, criando riscos acidentes (SILVA, 2014).

Figura 68 – Fileira de palmeiras vivas e mortas – SQN 105, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tanto para as pioneiras, quanto para outras árvores de madeira menos resistente ou plantas mortas persistentes, deve-se pensar em um correto distanciamento dos espaços livres de estar e circulação e na periódica manutenção, ficando próximas de árvores mais fortes, e preferencialmente menos presentes em cidades de vento forte.

3. Eventos terceiros: Há fatores que não estão diretamente associados às plantas, mas que mesmo assim podem causar prejuízos sérios, os

eventos

terceiros:

pragas,

queimadas,

terremotos,

inundações e ventos fortes. Quando plantamos uma árvore, uma trepadeira, um arbusto ou uma palmeira de grande porte nas cidades, devemos prestar atenção também a eventos que estão fora do nosso controle imediato, pois as mesmas, assim como os pavimentos e prédios, podem não resistir e entrar em colapso. No planejamento vegetal, normalmente não prevemos tsunamis, encontros de placas tectônicas, incêndios ou furacões, e isso ocorre devido à pequena incidência desses fatos durante os anos. Contudo, quando ocorrem tais

197


Matheus Maramaldo Andrade Silva

hecatombes, ou casos mais leves, sempre vemos uma grande quantidade de plantas arrancadas do chão: “De repente viram uma árvore inteira que também vinha em direção à ilha; ficaram tão admirados que se levantaram para ver melhor; era uma árvore com flores amarelas e raízes à mostra. Ela rodopiou e foi mais longe fazendo redemoinhos, depois a correnteza empurrou-a outra vez para o lado da ilha; nesse instante os dois meninos deram um grito de susto: a árvore vinha na direção da canoa (DUPRÉ, 2005, p. 36). Os trovões roncavam, ao longe. O vento aumentava. As grandes árvores estremeciam na galharia e estalavam brutalmente (VASCONCELOS, 1969, p.58).

Figura 69 – Carro quebrado por árvore em Barueri, São Paulo, Brasil. Foto: http://s.glbimg. com/jo/g1/f/original/2012/01/05/arvore_carro.jpg

198


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Nos eventos fortes, realmente, pouco pode ser salvo, mas, em casos mais leves (que ainda assim causam destruição e mortes), podem ser evitados parte dos danos ocasionados pela vegetação. Primeiramente, algo muito positivo para as cidades, cultural, estética e bioclimaticamente, mas potencialmente frágeis em casos de eventos naturais maiores, são os elementos vegetais mais antigos. Pela idade, podem já estar comprometidos em sua resistência e saúde, sendo mais fáceis de serem arrastados por uma enxurrada, por exemplo. Outra

circunstância

a

ser

evitada

é

o

plantio

exagerado, com o mal posicionamento de plantas grandes já pouco resistentes, como as pioneiras, por serem também fáceis de serem quebradas ou arrancadas do chão. Em avenidas e calçadas, estas plantas certamente criarão danos ao piso quando caírem, estendendo-se às pessoas e às edificações dependendo do ângulo de queda (Figura 70). Por

último,

elementos

vegetais

isolados

são

plasticamente belos e se destacam na paisagem, porém, levando em consideração os eventos naturais maiores, são os primeiros a serem atingidos (Figura 70). Renques e maciços são mais fortes nestas situações, por dividirem as cargas de um deslocamento feroz de ar, por exemplo.

199


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Em menor proporção, mas igualmente séria são algumas das relações entre o verde e seus inimigos naturais. Os parasitas ou predadores, normalmente insetos, bactérias, fungos e outras plantas, podem ameaçar não somente a vegetação das quais estão se alimentando, como as pessoas que estão em volta do elemento vegetal em questão (Figura 71).

Figura 70 – Elementos frágeis. Desenho: autor

200


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tratando da periculosidade no contexto urbano, quando esses seres estão comendo ou sugando nutrientes das plantas, enfraquecem-nas ou as matam por completo. Isso é muito prejudicial em locais de circulação e estar das cidades, pois, as vezes sem sinal, uma árvore pode cair.

Figura 71 – Pragas e a iminência de um acidente. Desenho: autor

201


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Plantas

como a

sibipiruna

(Caesalpinia

pluviosa

(Benth.) G.P.Lewis), por exemplo, não podem estar em áreas muito expostas a cupins (CAMPO et al., 2011), enquanto que árvores adaptadas da caatinga brasileira normalmente não devem estar em vias de Manaus, pois o ritmo de chuvas certamente permitirá uma forte incidência de fungos nas mesmas. Mesmo se tomando os devidos cuidados na escolha da espécie e no local de plantio, é humanamente impossível tratar de toda a vegetação que já existe nos jardins das urbes, pois seriam no mínimo toneladas de herbicidas (o que não é correto, podendo ameaçar os lençóis freáticos e a saúde da população). Deve-se intervir somente em casos de risco de queda ou quando se achar conveniente retirar uma planta afetada, por questões estéticas ou sanitárias.

4. Elementos de corte: A vegetação, além de veneno, pode tentar se defender

de

outras

maneiras,

sendo

muitas

vezes

complementares a essas substâncias. Diminutas ou bem visíveis, chamamos

uma

parcela

destas

proteções de

espinhos e acúleos, conforme explica Munhoz (2013):

202


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Os espinhos são estruturas endurecidas e pontiagudas. Podem ser de diversas origens: encontramos espinhos que são modificações caulinares (neste caso são ramos modificados), foliares, radiculares e até mesmo, espinhos que são modificações do pecíolo de folhas, de estípulas e de segmento de folhas. O espinho difere do acúleo (do latim aculeus – o aguilhão das abelhas), pois o espinho é de natureza endógena, não se separando do local onde se encontra, sem romper os tecidos mais profundos; o acúleo, ao contrário é superficial e não tem ligações com o sistema vascular do caule. A roseira e a paineira são exemplos de plantas que possuem acúleos.

Independente da origem, o fato principal relacionado a essas estruturas é o da dor física que podem provocar em caso de contato. Nas cidades, são comumente usadas plantas dotadas de espinhos (ou acúleos) como cercas e muros, no intuito de proteger edificações ou restringir usos, como são plantadas vegetações espinhosas para ornamentação de espaços (Figura 72). Há também as que surgem de forma espontânea, sendo os espinhos uma forma de continuarem lá: Corri, mas só encontrei um capinzal crescido. Um bando de laranjeira velha e espinhuda... Não gostava de nenhuma mesmo... Todas tinham muito espinho (VASCONCELOS, 1968, p. 31 e 32).

203


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Mesmo

sendo

potencialmente

perigosas,

quando

presentes nas urbes (podendo causar lesões leves até cegueira e perfurações graves), é comum a implantação dessas plantas como barreiras ou muito próximas de áreas de estar e circulação.

Figura 72 – Canivetes (Erythrina velutina Willd.) próximas ao passeio – Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

204


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Os principais exemplos vêm de jardins áridos, com cactos, furcréias, iucas e agaves e das cercas-vivas, feitas de plantas como a coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) (veja Anexos, Tabela 17). Além dos espinhos, causam a mesma preocupação a galharia e as folhas cortantes que o verde pode ter. Quando

os

elementos

vegetais

são

baixos

e

caducifólios, a vegetação alta é frágil, deixando cair muitos galhos e troncos, ou as folhas são finas e serrilhadas (caso da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) (Figura 73)), incorre-se em danos semelhantes aos dos espinheiros: Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só algum juazeiro ainda escapo à devastação da rama; mas em geral as pobres árvores apareciam lamentáveis, mostrando os cotos dos galhos como membros amputados e a casca toda raspada em grandes zonas brancas. E o chão, que em outro tempo a sombra cobria, era uma confusão desolada de galhos secos, cuja agressividade ainda mais se acentuava pelos espinhos (QUEIROZ, 1979, p. 8).

- Logo vi. Quem é marinheiro de primeira viagem, vem sempre assim: camisa de manga comprida, lenço e chapelão... Às vezes as folhas da cana cortam... (PUNTEL, 2002, p. 55).

205


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Apesar da justificativa da beleza associada a estas plantas, o pouco critério na escolha e na implantação, ou mesmo o surgimento espontâneo, fazem dos espaços livres dotados desse tipo de vegetação locais menos agradáveis de se estar e circular. Ausentes de certas barreiras, de um correto distanciamento ou de uma limpeza periódica, essas plantas sujeitam os usuários a acidentes, sendo prejudicial principalmente às crianças, que brincam, rolam e correm por perto sem notar isso, cortando-se facilmente.

Figura 73 – Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) próxima ao parquinho e escola – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

206


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

5. Olhos que não veem: A urbe está regrada não somente pelos edifícios que possui, mas também pelas vias que a organizam. Tais vias, norteadoras

e

divisoras

da

cidade,

dão

aporte

aos

movimentos diários e são nelas onde ocorrem os principais eventos urbanos. Pistas pavimentadas, passeios e até mesmo pátios e áreas denominadas como praças podem ser caracterizados como vias de circulação (BENINI e MARTIN, 2010, p.68), públicas ou não. Sendo assim, para

um

caminhar ou movimento

aprazível e correto, com o mínimo esforço e o máximo de segurança, é importante não haver empecilhos visuais ou barreiras bloqueando o passeio (Figuras 74 a 78). Parte dos problemas que encontramos nesse sentido se origina da equivocada implantação de arbustos e árvores por perto, sem o cuidado necessário para se evitar sustos e acidentes (IBAM/CPU, 1996, p.68 à 74; MACEDO, 1992, p.25 à 40; ABBUD, 2006, p.57 à 108 e 172 à180; MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p.123 à 149). No âmbito visual, além da vegetação poder cobrir visuais de janelas, o que vemos de mais comum são

207


Matheus Maramaldo Andrade Silva

vegetações de médio e

grande porte

impedindo os

motoristas, ciclistas e pedestres de visualizarem tanto a sinalização (semáforos e placas de trânsito), como a continuidade da via (rotatórias e curvas) e das faixas de pedestre. Quando o verde encobre as visuais ou o mobiliário de aviso urbano, está dificultando ao transeunte saber o que virá pela frente, o que está por perto, diminuindo seu tempo de reação. Nos

espaços

livres

com

menor

presença

de

automóveis, como em jardins, praças e parques, esconder ambientes e objetos com plantas é um artifício lúdico bastante usado, criando uma surpresa positiva para pedestres e ciclistas. Porém, em espaços de maior circulação ou conflitantes com o trânsito de carros, como em calçadas e faixas de pedestres, isso se torna impraticável, imbricando cuidados ainda maiores ao se atravessar pistas, por exemplo (Figuras 74 e 75). Quanto aos motoristas, não conseguir enxergar o que vem a frente é ainda mais perigoso, devido a velocidade que seus veículos podem estar. Em curvas, cruzamentos e rotatórias, o capim alto ou arbustos e troncos de árvores muito próximos das pistas, também em ângulos que impedem a

208


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

visualização do final da conversão, minimizam o tempo de reação por estar, tecnicamente, cegando-os, não vendo carros, cones e pessoas à frente (Figuras 74 e 75). Esse fato pode ser percebido similarmente nas faixas de pedestre e semáforos, quando a vegetação, com sua copa ou tronco, encobre o caminhar dos transeuntes próximos a eles (Figuras 74 e 75). No âmbito dos impedimentos concretos, quando a vegetação é implantada, esta pode comprometer o livre andar das pessoas. Por vezes, isso é proposital e agradável, caso das cercas vivas e extensas áreas forradas sem gramíneas, que servem de barreira bela e direcionam os fluxos.

Figura 74 – Árvores e arbustos escondendo pedestres e carros próximo a via. Foto: autor

209


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 75 – Visuais x vegetação. Desenho: autor.

210


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

211


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 76 – Impedimentos. Desenho: autor

212


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Outras vezes isso vai de encontro às leis e ao próprio desejo dos transeuntes, não permitindo andar por onde realmente desejam. O

excesso

desses

muros

vegetados,

como

a

espontaneidade e a falta de planejamento podem criar circunstâncias desagradáveis, devendo os usuários percorrer maiores distâncias ou desviar dos obstáculos (Figuras 76 a 78).

Figura 77 – Jardineira pouco gentil – Rua no Bairro do Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.

213


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Além das cercas vivas e dos maciços de vegetação, estão

dentro

crescimento

destas

circunstâncias

desproporcional

presentes

as

plantas

nas

vias

com e

as

agressões fortes aos pavimentos devido às raízes e aos caules, pois no mínimo obstruem os passeios e pistas de rolamento.

Figura 78 – Uma pista de rolamento a menos – SQN 406, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

Hoje, século 21, as prefeituras e companhias de manutenção e embelezamento das cidades já estão mais cientes de tais problemas, como estão sendo construídos planos diretores específicos para a arborização, diminuindo parte desses equívocos. Visto todos estes tipos de situações de ordem física que se originam da vegetação (por projeto/plantio antrópico ou

214


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

por surgimento espontâneo), cabe fazer uma síntese, em forma de tabela, dos aspectos a serem observados no meio urbano vegetado que podem se constituir em fitopatologias dessa natureza. A tabela à seguir, junto as tabelas 13 e 19, constituem a ferramenta de levantamento e diagnóstico das fitopatologias observadas no meio urbano proposta por este ensaio: Tabela 18: Síntese Fitopatologias Físicas a.

Quanto às agressões horizontais (direta): a.1. Desníveis desagradáveis, corrosão de ferragens, elementos afastados, buracos ocasionados por ervas daninhas e plantas invasoras de pequeno porte; a.2. Presença de árvores com raízes superficiais próximas a edificações, mobiliários urbanos e pavimentos; a.3. Presença de plantas com caule não suportado para a área implantada;

b.

Quanto às agressões verticais (direta): b.1. Elementos vegetais interferindo em fiações elétricas, outras plantas, mobiliário urbano e superfícies mais altas (>1m) de edificações;

c.

Quanto às agressões de movimento e fragilidades (indireta): c.1. Vegetação com folhas ou frutos de médio risco próxima a edificações, espaços livres de estar e circulação; c.2. Vegetação com folhas ou frutos de grande risco próxima a edificações, espaços livres de estar e circulação; c.3. Árvores pioneiras ou de madeira frágil próximas a edificações,

215


Matheus Maramaldo Andrade Silva

espaços livres de estar e circulação; c.4. Árvores e palmeiras muito velhas próximas a edificações, espaços livres de estar e circulação; c.5. Plantas de grande porte mortas, mas ainda de pé, próximas a edificações, espaços livres de estar e circulação; c.6. Plantas com grande quantidade de predadores e parasitas (agredidas ou não); d.

Quanto à presença de elementos cortantes e perfurantes (indireta): d.1. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a espaços livres de estar e circulação sem proteção (barreiras, avisos); d.2. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a espaços livres de estar e circulação com proteção (barreiras, avisos); d.3. Vegetação com densa galharia próxima a espaços livres de estar e circulação sem proteção; d.4. Vegetação com densa galharia próxima a espaços livres de estar e circulação com proteção; d.5. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços livres de estar e circulação sem proteção; d.6. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços livres de estar e circulação com proteção;

e.

Quanto às barreiras concretas e problemas de visibilidade (indireta): e.1. Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade das edificações; e.2. Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade dos motorista, pedestres e ciclistas; e.3. Vegetação obstruindo a livre circulação; e.4. Vegetação impedindo a livre circulação; Fonte: autor

216


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Fitopatologias 3: Psicosociológicas

217


Matheus Maramaldo Andrade Silva

No início do texto, no capítulo ‘Introdução’, foi transcrita uma entrevista de Benedito Abbud sobre o valor que tem o verde nas cidades. Lá, ele descreveu como é importante esse contato, pois “há um efeito psicológico: a natureza é mais agradável de olhar do que o concreto” (GEROLLA, 2006). Nas ‘selvas de pedras’ que são as urbes, isso tem se mostrado cada vez mais fundamental para as pessoas. Porém, apesar dos cidadãos normalmente se sentirem acolhidos pelas flores e pelas folhas, essas também podem potencializar sensações avessas, como a de insegurança ou até de desagrado pela falta de beleza. Esta

seção

tratará

justamente

dessas

possíveis

interações negativas estabelecidas entre a vegetação e os espaços livres urbanos, quando implantadas de forma equivocada, que afetam tanto as percepções/sensações das pessoas, como o uso efetivo dos espaços livres urbanos. Serão comentados como esses elementos vegetais podem criar barreiras e separações sociais, intensificar a percepção de medo, tornar ambientes menos aprazíveis e ainda diminuir a vitalidade urbana.

218


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

1. Segregação e Medo: É notório o quanto a arquitetura tem evoluído em um processo de encasulamento das edificações e dos espaços, algo

que

se

revela

bastante

através

da

expansão

desenfreada das áreas compreendidas por condomínios privados, horizontais e verticais, e shoppings centers, nos quais a convivência é quase restrita a um cumprimento na portaria ou no elevador. Há

nisso

questões

de

gosto

e

conforto,

pela

comodidade de se ter um porteiro, vagas exclusivas e encontrar tudo em um só lugar, por exemplo, mas as principais razões que dão vazão a este processo de ‘introspecção’ tem sido mesmo as de segurança. Apesar de ser normalmente um pensamento nobre, por parte dos residentes, consumidores e construtores, no intuito de se protegerem e aumentarem sua privacidade, esta prática ostensiva de envelopamento (com consequente emuralhamento) não é positiva para o urbano como um todo, como descreve Lúcia Leitão (2005, p.13): Do ponto de vista da produção da paisagem edificada da cidade brasileira, a distinção que esses ambientes, segregados e segregadores como poucos, perseguem se expressa em espaços

219


Matheus Maramaldo Andrade Silva

que não se integram com o entorno onde estão fisicamente inseridos, que não se misturam com o resto da cidade. No que diz respeito à configuração urbanística constituem-se, portanto, em espaços guetos, em enormes bolsões edificados, apartados dos espaços que os circunda, assentados, muitas vezes, no ambiente construído, como elefantes em lojas de louça. [...] Na realidade brasileira, com as exceções de praxe, a implantação de espaços-bloco, quer sejam condomínios habitacionais quer sejam shopping centers, favorece, frequentemente, a exclusão dos demais espaços da cidade, notadamente quando a vizinhança não lhes é conveniente social e economicamente falando.

Assim, espalhados pelas cidades, esses espaços têm promovido a criação de muros e cercas como primeira forma de resguardo/segregação dos usuários. E o que a vegetação tem a ver com isso? Pois bem, muitos destes ambientes são cercados com plantas. As vezes altas, as vezes baixas ou sobre um substrato vertical, elas substituem os muros de concreto e as cercas metálicas simples com o intuito desta proteção (TELES, 2005, p.130). É fácil entender por que elas têm sido tão empregadas na substituição dos elementos construídos. Entre o cinza nu do cimento e as folhas verdes, a segunda traz uma sensação bem mais confortável aos transeuntes que passam próximos.

220


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 79 – Muros verdes – SQN 704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

Contudo,

embora

mais

aprazíveis

do

que

os

cercamentos construídos ou com material aparente, as cercas-vivas altas continuam sendo muros fechados, e seu o exagero leva a ‘espaços cegos’ (HOLANDA, 2013), que geram a sensação desconfortante de imprevisibilidade sobre o que acontece a seguir (Figuras 79 e 80).

221


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Um exemplo disto são as ruas do Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Lá há um forte vazio nas calçadas e quase todas as bordas são preenchidas por figueiras topeadas de 3 metros de altura. Em cem metros, a única coisa que se vê são as barreiras, surgindo pontualmente os clarões das entradas dos conjuntos. Apesar

de

‘belo’,

este

verde

potencializa

uma

sensação de medo, pois sem janelas e portas, como comércios e pessoas, parece que ninguém poderá ajudar em um caso de roubo ou briga, como evidencia Jacobs (2010, p.35 e 36): Uma rua movimentada consegue garantir a segurança; uma rua deserta não. [...] Devem existir olhos para a rua [...] Os edifícios de uma rua preparada para receber estranhos e garantir a segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados para a rua. Eles não podem estar de fundos ou com um lado morto para a rua e deixa-la cega.

222


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 80 – Elementos segregativos. Desenho do autor

223


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 81 – Pequenas florestas e seus labirintos. Desenho do autor

224


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Esse efeito é similar, apesar de não segregativo, quando se fazem bordos muito densos de arbustos e árvores dentro da cidade, no intuito de criar ‘áreas verdes similares as florestas’ que estão fora das urbes. Embora criem bolsões interessantes para a fauna e respiros para o cinza das construções, tais fenômenos também podem potencializar sensações de insegurança quando mal planejados, devido as sombras e as próprias estruturas físicas dos elementos vegetais, que podem muito bem encobrir meliantes ou animais peçonhentos (Figura 81): Os montes florestados, os lagos debruados de juncos, os muitos pântanos e charcos abrigavam bandos de comerciantes ladrões e assassinos (TZU, 2008, p. 128).

Já quando há barreiras vegetais mais baixas, cria-se uma segregação branda, que permite a visualização dos espaços

ajardinados

e

construídos

(não

criando

uma

sensação de medo). Mesmo assim, esses elementos ainda impedem o livre acesso, continuando o ciclo de segregativo. Em Brasília, isto implica na redução do conceito primordial dos pilotis livres. Os moradores dos blocos residenciais não desejam que cães sujem seus jardins, como também não acham favorável

225


Matheus Maramaldo Andrade Silva

à sua segurança a passagem constante de pessoas por debaixo dos prédios (esses pensamentos provavelmente se aplicam a todas as cidades). Como não podem fazer muros altos, burlam as leis da urbe modernista e põe pequenos impedimentos, como arbustos. O clássico é o uso do pingo de ouro (Duranta erecta var.aurea L.) (TELES, 2005, p.130 à 137) (Figura 82). Tal separação, como frisou Jacobs, é prejudicial. Apesar de preservar os jardins (materialmente), diminui a vitalidade da cidade, obriga a se fazer percursos mais longos (como será descrito no tópico 5 das fitopatologias físicas) e potencializa

preconceitos

que

poderiam

ter

sido

ultrapassados.

Figura 82 – As pequenas barreiras verdes – SQN 307, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

226


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

2. Não agradabilidade: Não só de segregação, insegurança e bordaduras são feitos os encontros entre a vegetação e a cidade, há outros tipos de ocorrências que modificam negativamente nossa apreensão do espaço. Quando

não

nos

sentimos

confortáveis

em

um

ambiente com vegetação, temos, portanto, um efeito avesso a sua proposição natural, que é, quando plantamos, de tornar o espaço mais aprazível. Em dias de temperaturas altas, a sombra das árvores próximas parecem já nos satisfazer, mesmo que ainda não tenhamos chegado embaixo delas: Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala (RAMOS, 2006, p. 9).

Algo similar ao que descrevem os pesquisadores Mascaró (2010, p.52 e 53), quanto ao efeito de proteção acústica das plantas:

227


Matheus Maramaldo Andrade Silva

É reconhecido que as árvores e a fauna a elas associada produzem um efeito de mascaramento sobre outros ruídos ambientais [...] Isto provoca um efeito psicológico benéfico aparentemente amenizando os efeitos irritantes dos ruídos, mesmo que a cortina protetora não proporcione efetivamente tal efeito.

Porém, em dias de temperaturas mais amenas, isso pode

se

tornar prejudicial, principalmente

quando há

excessos de maciços altos de folhagem densa, pois podem aparentar, mesmo que de fato não ocorra, estar diminuindo as temperaturas próximas a eles (Figura 83). O contrário também vale. Em dias de temperaturas mais baixas, árvores caducifólias e palmeiras espaçadas potencializam

uma

sensação

de

calor.

Quando

as

temperaturas sobem ou há grande radiação solar, tratar os espaços livres dessa forma certamente afastará os transeuntes de perto. Além

do

desconforto

psicológico

ambiental,

os

cidadãos também podem preterir espaços livres por eles não serem belos, tendo como principal argumento o estado de conservação da vegetação local.

228


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 83 – O efeito oposto. Desenho do autor

Com o tempo, a maioria das plantas perecem, perdem o brilho e as floradas ou as folhas amarelam e caem, se

229


Matheus Maramaldo Andrade Silva

tornando ainda mais latente com a baixa manutenção e o regime solar inadequado (Figura 84). Assim, quando os espaços livres estão permeados por uma vegetação neste estado, tendemos a querer nos distanciar, como fazemos quando estamos próximos de canalizações de esgoto ou prédios

denegridos.

O

planejamento

vegetal,

com

a

adequada escolha das plantas para os regimes de cuidados que

irão

receber,

como

a

periodicidade

das

regas,

adubagem e podas, já diminuiria tais ocorrências.

Figura 84 – No aguardo de uma nova primavera – Teatro Nacional, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

230


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Outro fator estético que nos leva a um afastamento, este ainda mais espontâneo e de difícil controle, são áreas invadidas por ervas daninhas e outras espécies resistentes, como em terrenos baldios e lotes vazios. Esse tipo de vegetação pouco apraz e facilmente nos faz associá-las a um espaço mal cuidado, querendo novamente distância (Figura 85):

Figura 85 – Ervas daninhas – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiàs, Brasil. Foto: autor

231


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Todo o mato à sua volta era muito espesso, cheio de espinheiros, silvados e matagal apodrecido (as faias haviam cedido lugar aos carvalhos ali em volta, o que tornou a vegetação rasteira mais espessa) (ORWELL, 1978, p. 210).

Mais que segregadores e potencialmente inseguros, os espaços livres vegetados podem ser hostis aos que estão próximos. Isso muito ocorre quando temos excessos de vegetação espinhosa (Figura 86). Essas áreas, como as dotadas de ervas daninhas e plantas invasoras, são facilmente apreendidas como locais onde não devemos estar, tocar ou estar próximos.

Figura 86 – Como arame farpado – SQN 506/507, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

232


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Desde bem jovens, ao nos espetarmos com vidro, agulha ou qualquer objeto perfurante, habituamo-nos a ter cautela, pois tais elementos machucam. Assim, quando estamos diante de um muro erguido com coroas-de-cristo ou de uma palmeira fênix, que são notáveis pelos seus elementos perfurantes, temos a reação natural de nos preservarmos e nos distanciarmos. Os espaços livres, portanto, que desejem um fluxo maior de pessoas e que tenham a intenção de garantir conforto aos seus usuários, devem afastar tais plantas das zonas de circulação e estar, ficando distanciadas em zonas mais contemplativas.

Figura 87 – O verde contínuo – QI 23, Lago Sul, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

233


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Os espaços e as áreas verdes podem também se tornar desconfortáveis pela monotonia que invocam. É chato estar em um ambiente em que tudo é igual (Figura 87). Assim, voltemos ao exemplo do Lago Sul. As extensas áreas muradas por figueiras topeadas por lá não só causam imprevisibilidade, como se tornam o que se propunham a não ser: muros opacos sem vida. É tudo verde, é a mesma planta se repetindo em planos iguais por grandes percursos, sem diferenciação de alturas, texturas e cores. O uso extensivo de uma só planta por longos trechos, como este, diminuem a vitalidade urbana, como se observa em grandes zonas com o mesmo tipo de uso (JACOBS, 2010). Áreas dotadas somente de habitações, sem espaços de lazer e

comércio próximos, normalmente

tem

seus espaços

públicos vazios, e, consequentemente, desinteressantes.

3. Inatividade: A última categoria de fitopatologia psicosociológica que podemos encontrar nas cidades é justamente a atrelada aos grandes vazios vegetados urbanos. Não se trata de zonas arborizadas públicas espalhadas pela cidade ou canteiros centrais floridos, pois estes têm

234


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

funções

importantes/imprescindíveis

como

sombrear

e

bloquear percursos transversais em vias de trânsito de automóveis, mas, sim, grandes gramados contemplativos e enormes jardins desconexos ou sem uso. Comecemos pelos gramados. Quando essas áreas verdes estão em parques e outras áreas públicas, permitem aos cidadãos transitar por entre, fazer piqueniques e se divertir de ‘n’ maneiras. Contudo, quando não são acessíveis, caso de muitos jardins residenciais, os mesmos se tornam espaços ociosos.

Figura 88 – Sem acesso, sem uso – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor

235


Matheus Maramaldo Andrade Silva

O incrível é que, apesar de não terem uso efetivo, estes espaços são exigentes. Normalmente dotados daquelas plaquinhas de ‘não pise na grama’, tais áreas demandam grande manutenção, com podas e regas regulares, sem promover sombra, sem possibilitar percursos e ainda se tornando fortes barreiras (mesmo tendo no máximo vinte centímetros de altura e boa resistência ao pisoteio), para no fim

serem

somente

admirados,

diminuir

levemente

a

temperatura local e substituírem o concreto do piso (Figura 88). Jardins com muitas forrações partem do mesmo princípio, porém, são realmente intransponíveis e podem ser ainda mais exigentes quanto à conservação. O planejamento vegetal deve ficar atento para que esses maciços não criarem bolsões-barreira, e também se tornem elementos muitos extensos e sem uso, devendo ter moderação no enfoque do efeito contemplativo. Por fim, jardins dotados de cercas-vivas baixas, como as de pingo-de-ouro, acabam por também se tornarem espaços inativos. Pelo cercamento, se evita que os usuários excedam a contemplação, não podendo os mesmos usufruírem

236

por

completo

do

espaço

livre,

passeando,


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

colhendo flores, folhas e frutos ou, simplesmente, sentarem (Figura 88). Visto

todos

psicosociológica

estes

que

se

tipos

de

originam

situações da

de

ordem

vegetação

(por

projeto/plantio antrópico ou por surgimento espontâneo), cabe fazer uma síntese, em forma de tabela, dos aspectos a serem observados no meio urbano vegetado que podem se constituir em fitopatologias dessa natureza. A tabela a seguir, junto às tabelas 13 e 18, constituem a ferramenta de levantamento e diagnóstico das fitopatologias observadas no meio urbano proposta por este ensaio: Tabela 19: Síntese Fitopatologias Psicosociológicas Quanto à segregação e insegurança: I.

Elementos segregativos baixos (impedem a passagem e o uso do espaço livre);

II.

Elementos segregativos médios e altos (impedem a passagem, aumentam a sensação de insegurança/imprevisibilidade, diminuem o tempo de percurso e uso);

III.

Espaços inseguros (vegetação contribuindo para uma sensação de medo); Quanto à agradabilidade:

IV.

Presença de vegetação esteticamente feia (morta, desnutrida, excesso de ervas daninhas, etc.);

237


Matheus Maramaldo Andrade Silva

V.

Presença de vegetação hostil (espaços com excesso de plantas espinhentas, por exemplo);

VI.

Espaços ambientalmente desconfortáveis devido ao mau planejamento vegetal;

VII.

Espaços monótonos (excesso de um tipo de vegetação, por exemplo); Quanto à inatividade:

VIII.

Grandes extensões inativas (gramados e jardins sem uso efetivo); Fonte: autor

238


diagn贸stico

sementes iguais 谩rvores diferentes


Matheus Maramaldo Andrade Silva

“Só não há primavera no meu recinto Enfermidades, beijos decompostos Como heras de igrejas que se pegaram Nas janelas negras da minha vida, Só o amor não basta, nem o selvagem e extenso perfume da primavera.” Pablo Neruda

240


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

São inúmeros os fatores malignos que permeiam nossas casas, percebidos ou não, como pudemos observar nos capítulos passados. Dado este fato, convém-se tentar mostrar tais casos de uma forma ainda mais direta no intuito de reforçar o debate, fazendo um diagnóstico de algumas áreas urbanas. Por questões logísticas e simbólicas, foi escolhida uma quadra do Plano Piloto (bairro de Brasília, Distrito Federal) para se fazer esses estudos de campo: a SQS 308. Esta é certamente a que pode melhor representar os conceitos fundamentais da cidade, sendo uma das primeiras a ter ficado pronta, com toda a aparelhagem descrita no Relatório de Lúcio Costa próxima, e também tendo sido a primeira regrada pelo paisagismo de Burle Marx. Isso também é interessante, porque permite notar a evolução do edificado no início da construção de Brasília até a contemporaneidade, com o uso cotidiano. A análise da área, conforme descrito no capítulo de metodologia, foi elaborada a partir de um levantamento presencial e da elaboração de uma ficha diagnóstico, com a tomada de fotos e a execução de mapas e tabelas. Está dividida da seguinte maneira:

241


Matheus Maramaldo Andrade Silva

1. Breve histórico e caracterização da área de estudo; 2. Ficha diagnóstico: 2.1.

Cabeçalho - endereço, área edificada, área

pavimentada, área vegetada; 2.2.

Mapas - geral, de substratos, de vegetação, das

fitopatologias (com a divisão das glebas de trabalho23), glebas (nesta pesquisa: A, B, C e D, acompanhadas de fotos, tabelas e descrição das fitopatologias encontradas); 2.3.

Tabelas – Ocorrências discriminadas Ambiental

sanitárias, Físicas e Psicosociológicas, síntese; 3. Levantamento e preenchimento da ficha; 4. Discussão dos resultados.

Superquadra Sul 308 Inaugurada oficialmente em 1962 (com todos os edifícios já construídos) e tombada pela Governo do Distrito Federal por meio do Decreto n.º 30.303/2009 em seu conjunto urbanístico, arquitetônico e paisagístico em 2009, a SQS 308 pertence a única Unidade de Vizinhança24 que foi realmente

Pode-se dividir em mais ou menos quadrantes, ficando a critério do pesquisador. Unidade de Vizinhança: modelo urbanístico modernista primeiramente idealizado por Clarence Perry, na década de 1920 (FERREIRA, GOROVITZ, 2008, p.1). São 23 24

242


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

concretizada em Brasília, com todos os equipamentos previstos no projeto de Lúcio Costa, destacando-se a Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima (Figura 94), a Escola Parque (Figura 100) e o Cine Brasília (este último mais afastado). Contando com a entrequadra e a zona comercial, são nove edifícios residenciais com pilotis, três escolas, uma igreja e quatro blocos comerciais (a maioria, projetos de Oscar Niemayer, Sérgio Rocha e Marcelo Graça Couto) (TELES, 2005, p.46) (Figura 89 à 101). Além dos projetos de arquitetos de renome, há pelo menos cinco projetos paisagísticos de Roberto Burle Marx, sendo os mais conhecidos a Praça dos Cogumelos

e

o

Jardim

Aquático

(Figura

101

e

99,

respectivamente). É uma quadra antiga, para os padrões da cidade, mas preservou grande parte de sua originalidade, e é bastante frequentada, por todas as faixas etárias, entre a 7 e às 19 horas, sendo comum, além da circulação, o uso das praças e pilotis para descanso e bate-papo, como dos parquinhos para diversão das crianças.

unidades habitacionais com princípios de autossuficiência, dotadas também de comércio básico e espaços religiosos, de educação e entretenimento. Em Brasília, estes equipamentos deveriam estar permeando quatro quadras por vez, mais um grande cinturão verde (COSTA, 2003, p.131 À 134).

243


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Há bastante vegetação, principalmente elementos arbóreos, arbustivos e gramíneas, espalhados pelos jardins (TELES, 2005, p.46 à 48).

Figura 89 – 308 Sul. Foto: Joana França (fonte: http://www. welcometobrasilia.com/)

Figura 90 – Bloco D. Foto: autor

244


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 91 – Clube Vizinhança. Foto: autor

Figura 92 – Bloco A. Foto: autor

245


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 93 – Palmeiras Imperiais. Foto: autor

Figura 94 – Igrejinha. Foto: autor

246


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 95 - Blocos C e D. Foto: autor

Figura 96 – Estacionamento do Bloco A. Foto: autor

247


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 97 – Espaço Renato Russo. Foto: autor

Figura 98 – Escola Classe. Foto: autor

248


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 99 – Jardim Aquático. Foto: autor

Figura 100 – Escola Parque. Foto: autor

249


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 101 – Praça dos Cogumelos. Foto: autor

250


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Ficha Diagnóstico de Fitopatologias Urbanas Pesquisador: Matheus Maramaldo Andrade Silva Empresa/Órgão/Laboratório/Faculdade: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, FAU-UnB Endereço do levantamento: Superquadra Sul 308, Asa Sul, Plano Piloto, Brasília, Distrito Federal, Brasil Tipo de espaço levantado: Espaços livres públicos Áreas: Valores aproximados Edificadas

%

17250

19,5

40000

45,5

30500

35

87750

100

(incluindo pilotis)

Pavimentadas (excluindo pilotis)

Vegetadas (dentro de circuncisões gramadas)

Total

251


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa geral esc. 1/2500 N

0

25

100

(base SICAD, desenho do autor)

legenda: edificações vias e praças vegetação água quadras esportivas

252


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

253


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa de substratos esc. 1/2500 N

0

25

100

(base SICAD e SILVA apud TELES, 2005, p.46. Desenho do autor)

legenda: edificações pavimentações vegetação

254


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

255


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da vegetação esc. 1/2500 N

0

25

100

(base SICAD, desenho do autor)

legenda: edificações pavimentações árvores

*

palmeiras arbustos forrações e herbáceas grama/predomínio de grama

* trepadeiras não foram incluídas (estão suportadas em árvores), como plantas atípicas foram encaixadas em ‘forrações e herbáceas’ ou ‘arbustos’.

256


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

257


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa das fitopatologias e de glebas de análise esc. 1/2500 N

0

25

100

(base SICAD, desenho do autor)

legenda: edificações divisão das glebas fitopatologias ambiental sanitárias fitopatologias físicas

*

fitopatologias psicosociológicas

* Plantas altas decíduas em períodos secos ou de maior radiação solar e árvores e palmeiras muito velhas próximas a edificações, espaços livres de estar e circulação não foram representadas.

258


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

259


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba A esc. 1/1250 N

0

12,5

50

(base SICAD, desenho do autor)

legenda: edificações x

fitopatologias fluxo de pessoas fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

260


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

261


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 20: Fitopatologias encontradas na gleba A 4.1

Há plantas venenosas sem proteção;

4.2

Há plantas venenosas com proteção;

4.4

Presença de plantas medicinais;

5.1

Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;

6.1

Presença de plantas com pólen ... estar;

6.2

Presença de plantas urticantes (grau leve);

a.1

Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas e plantas invasoras de pequeno porte;

a.2

Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1

Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2

Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

c.3

Árvores pioneiras ou de madeira frágil ... circulação;

d.1

Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;

d.5

Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

I.

Elementos segregativos baixos;

VIII.

Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 102 – Poinsétias ao alcance da mão (4.1). Foto: autor

262

Figura 103 – Tão interessante de pisar (VIII). Foto: autor


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 104 – O abacate na iminência de cair (d.1 e d.5). Foto: autor

Figura 105 – Alarmantes espinhos fáceis (c.2). Foto: autor

263


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba B esc. 1/1250 N

0

12,5

50

(base SICAD, desenho do autor)

legenda: edificações x

fitopatologias fluxo de pessoas fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

264


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

265


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 21: Fitopatologias encontradas na gleba B 4.1

Há plantas venenosas sem proteção;

5.1

Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;

6.1

Presença de plantas com pólen ... estar;

7.1

Presença de plantas com substâncias corrosivas sem proteção;

8.2

Vegetação com persistência de folhas secas;

a.1

Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas ... porte;

a.2

Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1

Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2

Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

d.1

Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;

d.3

Vegetação com densa galharia ... sem proteção;

d.5

Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

e.2

Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade ...;

e.3

Vegetação obstruindo a livre circulação;

II.

Elementos segregativos médios e altos ...;

IV.

Presença de vegetação hostil ...;

VII.

Espaços inseguros ...;

VIII.

Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 106 – O que há ai atrás? (e.2 e VII) Foto: autor

266

Figura 107 – Animais na tamareira (8.2). Foto: autor


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 108 – Cercado sem sentido (VIII).

Figura 109 – Hostil toque na parede (d.1 e IV). Foto: autor

267


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba C esc. 1/1250 N

0

12,5

50

(base SICAD, desenho do autor)

legenda: edificações x

fitopatologias fluxo de pessoas fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

268


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

269


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 22: Fitopatologias encontradas na gleba C 4.1

Há plantas venenosas sem proteção;

4.2

Há plantas venenosas com proteção

6.1

Presença de plantas com pólen ... estar;

8.3

Vegetação adaptada como esconderijo para fauna nociva;

a.1

Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas e plantas invasoras de pequeno porte;

a.2

Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1

Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2

Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

c.3

Árvores pioneiras ou de madeira frágil ... circulação;

d.1

Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;

d.5

Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

I.

Elementos segregativos baixos;

VIII.

Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 110 – Oleandros próximos da calçada (4.1 e 6.1). Foto: autor

270

Figura 111 – Visível destacamento do piso (a.2). Foto: autor


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 112 – Jardineiras com plantas tóxicas (4.2). Foto: autor

Figura 113 – Jasmim Manga com fácil acesso (4.1). Foto: autor

271


Matheus Maramaldo Andrade Silva

mapa da gleba D esc. 1/1250 N

0

12,5

50

(base SICAD, desenho do autor)

legenda: edificações x

fitopatologias fluxo de pessoas fluxo de automóveis

* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.

272


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

273


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 23: Fitopatologias encontradas na gleba D 4.1

Há plantas venenosas sem proteção;

4.2

Há plantas venenosas com proteção

5.1

Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;

6.2

Presença de plantas urticantes (grau leve);

8.2

Vegetação com persistência de folhas secas;

a.2

Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;

c.1

Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;

c.2

Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;

d.3

Vegetação com densa galharia ... sem proteção;

d.5

Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;

I.

Elementos segregativos baixos;

VIII.

Grandes extensões inativas sem proteção;

Fonte: autor

Figura 114 – Não são taiobas, mas... (4.1). Foto: autor

274

Figura 115 – O roxo urticante (6.2). Foto: autor


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 116 – As árvores são antigas. Foto: autor

Figura 117 – Pode estar sufocando a árvore (4.1). Foto: autor

275


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 24: Fitopatologias Ambiental Sanitárias 1. Quanto ao conforto térmico: 1.1. Vegetação alterando a passagem do ar

Ocorrências: 0

(contrariamente ao desejado); 1.2. Plantas em regime de transpiração

0

deficiente/exagerado (em relação ao ambiente); 1.3.

Plantas altas decíduas em períodos secos ou de

X

maior radiação solar; 1.4.

Vegetação alterando a passagem dos raios solares

Y

(contrariamente ao desejado); 2. Quanto ao conforto luminoso: 2.1. Vegetação alterando a passagem dos raios solares

Y

(contrariamente ao desejado); 2.2. Ofuscamento ou penumbra ocasionado por elementos

0

vegetais; 3.

Quanto ao conforto sonoro:

3.1. 4.

Barreiras vegetais ineficientes ao som;

0

Quanto aos riscos de envenenamento:

4.1.

Há plantas venenosas sem proteção (barreiras,

31

Há plantas venenosas com proteção (barreiras,

9

4.3.

Plantas similares, sendo uma tóxica;

0

4.4.

Presença de plantas medicinais;

1

avisos); 4.2. avisos);

5. Quanto aos riscos de entorpecimento: 5.1. Há plantas com substâncias entorpecentes sem

6

proteção (barreiras, avisos); 5.2. Há plantas com substâncias entorpecentes com

276

0


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

proteção (barreiras, avisos); 6. Quanto aos riscos de alergias: 6.1. Presença de plantas com pólen nocivo próximas a

4

circulação e a locais de estar; 6.2. Presença de plantas urticantes (grau leve);

0

6.3.

0

Presença de plantas urticantes fortes com proteção

(barreiras, avisos); 6.4.

Presença de plantas urticantes fortes sem proteção

0

(barreiras, avisos); 7. 7.1.

Quanto aos riscos de corrosão: Presença de plantas com substâncias corrosivas sem

1

proteção (barreiras, avisos); 7.2.

Presença de plantas com substâncias corrosivas

0

com proteção (barreiras, avisos); 8.

Quanto às relações com animais peçonhentos, agressivos ou transmissores de doenças:

8.1.

Vegetação com reserva externa de água;

0

8.2.

Vegetação com persistência de folhas secas;

16

8.3.

Vegetação adaptada como esconderijo para

2

fauna nociva; 9.

Quanto às relações tróficas:

9.1.

Vegetação considerada daninha ou invasora;

0

9.2.

Presença de plantas amensais;

0

9.3.

Presença de plantas parasitárias;

0

10.

Quanto ao perigo de fogo: Aglomerações de

0

coníferas ou proximidade com fiações elétricas Fonte: autor

277


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 25: Fitopatologias Físicas a. Quanto às agressões horizontais (direta): a.1. Desníveis desagradáveis, corrosão de ferragens,

Ocorrências: 6

elementos afastados, buracos ocasionados por ervas daninhas e plantas invasoras de pequeno porte; a.2. Presença de árvores com raízes superficiais próximas

34

a edificações, mobiliários urbanos e pavimentos; a.3. Presença de plantas com caule não suportado para

0

a área implantada; b.

Quanto às agressões verticais (direta):

b.1. Elementos vegetais interferindo em fiações elétricas,

0

outras plantas, mobiliário urbano e superfícies mais altas (>1m) de edificações; c.

Quanto às agressões de movimento e fragilidades (indireta):

c.1. Vegetação com folhas ou frutos de médio risco

22

próxima a edificações, espaços livres de estar e circulação; c.2. Vegetação com folhas ou frutos de grande risco

11

próxima a edificações, espaços livres de estar e circulação; c.3. Árvores pioneiras ou de madeira frágil próximas a

3

edificações, espaços livres de estar e circulação; c.4. Árvores e palmeiras muito velhas próximas a

X

edificações, espaços livres de estar e circulação; c.5. Plantas de grande porte mortas, mas ainda de pé, próximas a edificações, espaços livres de estar e circulação;

278

0


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

c.6. Plantas com grande quantidade de predadores e

Y

parasitas (agredidas ou não); d.

Quanto à presença de elementos cortantes e perfurantes (indireta):

d.1. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a

22

espaços livres de estar e circulação sem proteção (barreiras, avisos); d.2. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a

0

espaços livres de estar e circulação com proteção (barreiras, avisos); d.3. Vegetação com densa galharia próxima a espaços

56

livres de estar e circulação sem proteção; d.4. Vegetação com densa galharia próxima a espaços

0

livres de estar e circulação com proteção; d.5. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços

47

livres de estar e circulação sem proteção; d.6. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços

0

livres de estar e circulação com proteção; e.

Quanto às barreiras concretas e problemas de visibilidade (indireta):

e.1. Presença de plantas que estão perturbando a

0

visibilidade das edificações; e.2. Presença de plantas que estão perturbando a

1

visibilidade dos motorista, pedestres e ciclistas; e.3. Vegetação obstruindo a livre circulação;

2

e.4. Vegetação impedindo a livre circulação;

0

Fonte: autor

279


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 26: Fitopatologias Psicosociológicas Quanto à segregação: I.

Ocorrências:

Elementos segregativos baixos (impedem a

5

passagem e o uso do espaço livre); II.

Elementos segregativos médios e altos

1

(impedem a passagem, aumentam a sensação de insegurança/imprevisibilidade, diminuem o tempo de percurso e uso); Quanto à vitalidade e agradabilidade: III.

Presença de vegetação esteticamente feia

0

(morta, desnutrida, excesso de ervas daninhas, etc.); IV.

Presença de vegetação hostil (espaços com

1

excesso de plantas espinhentas, por exemplo); V.

Espaços ambientalmente desconfortáveis

0

devido ao mau planejamento vegetal; VI.

Espaços monótonos (excesso de um tipo de

0

vegetação, por exemplo); VII.

Espaços inseguros (vegetação contribuindo

2

para uma sensação de medo); VIII.

Grandes extensões inativas (gramados e jardins

5

sem uso efetivo); Fonte: autor X – Não foi possível mensurar, devido ao número quase que total de árvores nesta situação (c.4 e 1.3) e o tempo de pesquisa. Y – Não foi possível mensurar, devido à ausência de materiais adequados e o tempo de pesquisa.

280


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 27: Síntese Fitopatologias

Ocorrências:

Fitopatologias Ambiental Sanitárias

70*

Fitopatologias Físicas

204*

Fitopatologias Psicosociológicas

14

Total

288*

*Conforme dito, com ausências dos números de alguns tópicos, como o c.4 e o 1.3

Fonte: autor

A análise dos mapas e das tabelas resultantes das visitas mostraram que, apesar das 288 ocorrências*, a SQS 308 está em um patamar diferente das outras quadras da cidade, principalmente quanto às fitopatologias psicosociológicas (somente 14 casos). É comum verificarmos um excesso de forrações, muitas cercas vivas e pouca variação de árvores dentro das superquadras, mas a 308 quebra um pouco esse paradigma, principalmente devido aos habitantes bastante politizados, à proteção governamental e ao planejamento que nasceu com ela. Mesmo assim, há de se comentar que, devido a sua idade (52 anos em 2014) e ao perfil arbóreo encontrado, deve-se fazer uma renovação da arborização, tendo em vista que quase todas as árvores são datadas da década de 60, e já podem estar sofrendo de fadiga. A extensa maioria das árvores também são caducifólias (canafístulas, paineiras e

281


Matheus Maramaldo Andrade Silva

ipês) e de folhas diminutas, provocando muito acúmulo foliar pelo

chão

da

308,

e

provavelmente

protegendo

minimamente os pavimentos e edifícios que estão cobrindo em temporadas quentes. Por estarem em quantidades muitos elevadas

(no

mínimo

200),

tais

árvores

antigas

e/ou

caducifólias não serem levantados. Outros pontos relevantes do levantamento foram: Pontos POSITIVOS ou de pouca interferência: 

Poucas figueiras na quadra, algo surpreendente em Brasília;

Há pouquíssimas cercas vivas impedindo a passagem, protegendo, na maioria das vezes, as garagens;

A vegetação pouco perturba a visibilidade dos edifícios, pedestres, ciclistas e motoristas, como pouco diminui a luminosidade dos postes por sua altura e disposição, algo extremamente positivo;

Não foram encontradas muitas mangueiras, jameloeiros e abacateiros na 308, árvores comuns da arborização de Brasília e comumente mal implantadas;

Quase não existem plantas medicinais e com uso alimentar na 308, algo raro em Brasília;

282


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Os pilotis e os jardins em quase toda a quadra são realmente livres, com poucas obstruções, algo raro em Brasília (há, na maioria das quadras, taludes, jardins cercados, grama intocável ou forrações em demasia que impedem o livre acesso do solo); Pontos NEGATIVOS:

As paineiras: são quase todas altas e velhas, tendo seus espinhos da base desaparecido. Seus frutos de médio risco (c.1), como as raízes superficiais levantando as calçadas (a.2)

foram

as

principais

perturbações

vistas

(seria

interessante a substituição destas árvores por outras de raízes axiais, mais jovens, sem espinhos e frutos de risco); 

O piso da quadra, principalmente em suas bordas, está bastante desgastado, com a invasão de gramas, ervas daninhas e raízes superficiais (o piso certamente não é renovado a décadas, devendo ser refeito, aumentando a resistência contra forrações. Se possível, substituir as árvores que prejudicam os calçamentos com suas raízes ou aumentar suas covas);

Plantas dotadas de elementos perfurantes (espinhos, acúleos, folhas navalhadas, galhada excessiva baixa) não tem proteção, estão em grande quantidade e estão muito

283


Matheus Maramaldo Andrade Silva

próximas do público (primaveras, caliandras, palmeiras fênix e agaves) (o mais aconselhável é o replantio das que estiverem muito próximas dos passeios e o uso de elementos que impeçam o contato com as mesmas (forrações, cercas, pedras, etc, sem perturbar o livre trânsito onde ele for necessário)); 

Poucas foram as plantas dotadas de veneno achadas com proteção, sendo que a maioria estava muito próxima do público e com fácil acesso. Em grande quantidade também, principalmente poinsétias e aráceas (filodendros, jiboias, lírios da paz) (o mais aconselhável é o replantio das que estiverem muito próximas dos passeios e o uso de elementos que impeçam o contato com as mesmas (forrações, cercas, pedras, etc, sem perturbar o livre trânsito onde ele for necessário));

Os custos de manutenção da quadra devem ser altos, pois há muita grama, bordaduras e árvores caducifólias (algo quase inevitável com tanta vegetação, mas com redução de custos na medida em que se plantar mais plantas adaptadas ao bioma, menos cercas vivas e grama).

284


consideraçþes finais


Matheus Maramaldo Andrade Silva

“Uma chuva de amores-perfeitos, papoulas e miosótis abatera-se sobre os contingentes dos Voulás, que haviam respondido inundando os Vaitimboras de gerânios, margaridas e beijos. Um general tivera o quepe arrebatado por um buquê de violetas. ” Maurice Druon

286


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Pois bem, após três meses e meio de trabalho, temos aqui um exercício cumprido, dentro do que foi proposto, que era

apresentar

fitopatologias

urbanas

e

elaborar

uma

ferramenta para sua análise. Embora tenha parecido ser um trabalho de refutação ao uso da vegetação, pelo apelo dado, reforço novamente nesta conclusão que o mesmo está na direção contrária, buscando ser mais um instrumento de aporte e promoção do verde em nossas cidades. E por que isso? Vejam, os elementos vegetais estão em quase toda a parte: nas calçadas, próximos aos edifícios, nos pequenos e grandes parques urbanos, como pudemos perceber no decorrer do texto, e, por isso, é bastante provável que em um ou outro momento eles estejam agindo de forma contrária ao nosso desejo. Assim, para se implantar elementos vegetais e se evitar/diminuir tais degenerações, é necessário compreender suas características como um todo e ponderar acerca de várias dimensões, que vão muito além da estética, vendo também

as

bioclimáticas,

as

sanitárias,

as

físicas,

as

psicológicas, as sociais e até as econômicas. Como visto no capítulo ‘As diversas fitopatologias da cidade’, uma árvore

287


Matheus Maramaldo Andrade Silva

pode crescer até alturas vertiginosas, ter raízes agressivas, frutos pesados, galhos espalhados que podem cortar a fiação dos postes, possuir folhas venenosas e que caem com facilidade, sendo assim imprescindível levantar todas suas qualidades para não a dispor em uma rua de cinco metros de largura ou ao lado de uma escola, por exemplo. Nesse caminho, o esforço desse trabalho foi o de buscar ao máximo esses pontos em que a vegetação possa interagir de forma destoante a nossa vontade, ou pelo menos da maioria. A intenção foi a de se abordar a vegetação urbana através dos possíveis malefícios que esta poderia causar quando mal posta ou quando surge espontaneamente pelos nichos da urbe, reforçando os diversos discursos dos manuais existentes, tanto de urbanismo, quanto de paisagismo e jardinagem, que, normalmente, apresentam as plantas e trazem algumas regras de posicionamento e cuidado, sendo bastante sintéticos nas suas justificativas de uso (ou não uso). Nisso, a pesquisa obteve bons resultados, a prova maior foi ter terminado com uma ficha diagnóstico que conseguiu resumir tudo o que foi apresentado, servindo de base para diversas aferições.

288


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Houve percalços e dificuldades grandes, mas as recompensas foram ainda maiores, pelas certamente

inéditas

para

a

arquitetura

contribuições e

para

o

planejamento vegetal, o que será relatado a seguir:

O percurso e seus desafios: Essa tarefa não foi fácil, tendo se tornado árdua principalmente devido a escassa literatura específica sobre o assunto, obrigando a pesquisa a fazer recortes e colagens de várias ordens e textos para se embasar, como sair bastante a campo para se ter noção do problema. Desde o começo do texto, foi-se costurando discursos, os quais aos poucos iriam revelando o assunto do trabalho e fomentando as ideias que surgiriam. Nesse

início,

como

eram

procedimentos

mais

descritivos e com conceitos já bastante fortes na literatura, com bastantes referências, não houve tantas dificuldades, mas a partir do momento em que se estava buscando uma metodologia para o exercício, viu-se os primeiros obstáculos. Não são comuns pesquisas que estabeleçam relações da

vegetação

com

os

espaços

livres

além

da

agradabilidade. Então, o estudo se viu obrigado a buscar

289


Matheus Maramaldo Andrade Silva

meios de se averiguar a qualidade dos espaços vegetados a partir de uma ferramenta nova. Foi preciso examinar referências do urbanismo e do paisagismo, quase sem contato com o verde propriamente dito, para elaborar a ferramenta. Daí ele surgiu, montado como um quebra-cabeças, dividido nestas etapas: CONCEITUAÇÃO TIPIFICAÇÃO TRADUÇÃO DOS TIPOS EM VARIÁVEIS OBSERVÁVEIS EMPIRICAMENTE DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO LEVANTAMENTO Após ser pensada a forma de abordagem que se daria na pesquisa, o próximo passo foi tratar da tipificação, ou das fitopatologias. Foi um processo de intenso estudo em campo, pois novamente o que havia de artigos e textos era muito

290


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

sintético, pontual ou raso, perante as pretensões deste trabalho. Por fim, levantadas no texto várias categorias e subcategorias fitopatológicas, chegava a hora de aplicar o estudo a prática, e analisar uma área urbana com a pauta descrita. Essa última etapa, foi-se construindo desde quando a pesquisa

ainda

estava

em

sua

introdução,

e

se

foi

modificando paulatinamente. A cada novo parágrafo, foram vencidos receios e dúvidas quanto a essa fase, cortando-se cada vez mais, pelo tempo principalmente, processos: a área de análise, que já foram quatro superquadras, virou duas e terminou sendo uma; questionários, que poderiam ter sido elaborados e aplicados, foram deixados de lado; boas práticas de projeto e desenho não foram enumeradas, tendo em vista o tempo e rumo que o estudo estava indo. Esse processo de recorte foi muito importante para intensificar o olhar nos pontos principais e torna-los mais robustos, do que se tivessem mais elementos. Visto isso, a ferramenta proposta para tal diagnóstico fechou em uma ficha, a qual teria uma descrição ligeira de áreas e do endereço, e depois vários mapas, fotos e tabelas

291


Matheus Maramaldo Andrade Silva

com a apresentação das fitopatologias encontradas somado a alguns comentários gerais. Seu uso foi bastante direto por quase se tratar de um mapa de danos de patrimônio acrescido de um check list, contudo, pelo curto prazo disponível e pela ausência de aparelhagem suficiente, foram feitas somente quatro visitas de três horas a área delimitada, não sendo possível completar totalmente as lacunas. O estudo de campo foi laborioso, principalmente por não terem sido encontradas pesquisas semelhantes no período deste trabalho para dar suporte, merecendo ainda um

devido

refinamento

dos

procedimentos.

Contando

somente com um pesquisador nesse exercício, pouco tempo, apenas prancheta, papel e canetas, como também uma grande

diversidade

e

quantidade

florística

na

área

delimitada, parecia que não se chegariam aos resultados esperados. Felizmente, a aplicação da ficha deu certo, como a ferramenta

se

provou

eficiente

no

diagnóstico

degenerações de áreas vegetadas urbanas.

292

das


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Contribuições e propostas futuras: O estudo aqui feito serve tanto como referência para futuros plantios, tratando com mais cautela da implantação de elementos vegetais, como é um dos primeiros a trazer uma proposta de diagnóstico da vegetação em relação aos possíveis problemas por elas causados na escala da cidade (espontaneamente, como por mau planejamento). Por ser ainda incipiente e por se tratar de uma pesquisa de graduação elaborada em pouco tempo, esta traz mais aberturas do que conclusões em definitivo, o que é extremamente

benéfico, visto que

abre

o leque

das

discussões para esferas maiores (laboratórios de pesquisas, pós-graduações e entidades governamentais), que possam vir a desenvolvê-la, em todos os níveis. Apesar

de

ainda

carecer

de

mais

técnicas,

principalmente para facilitar o diagnóstico, seus produtos já podem subsidiar a elaboração de diretrizes de boas práticas projetuais a serem aplicadas nas urbes e nos biomas onde estão inseridas, como servem para avaliar o quanto os espaços urbanos ainda podem melhorar em suas relações com a vegetação.

293


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Assim, este estudo, coroado com sua ficha diagnóstico, possibilita aos planejadores e todas as pessoas que gostam de plantas, reduzir seus custos de manutenção, diminuir os acidentes causados pela vegetação e tornar os espaços vegetados mais aprazíveis e vitais nas cidades. Espero que todo esse discurso tenha levantado alguma mudança na escolha e local da próxima árvore a ser plantada, com ferramentas e conceitos mais completos e seguros do ‘por que plantar’. Foi um prazer imenso, mesmo com todas as barreiras, ter feito este ensaio, pois, de alguma forma, sinto que foram descritos passos para um futuro melhor. A vegetação, que é uma das minhas paixões, se tornou base de uma pesquisa que certamente não parará por aqui. Torço para que mais e mais projetos reflitam, como eu comecei a refletir, as implicações de vegetar e que as cidades se tornem, assim, mais seguras e belas... com mais flores do que com espinhos. Matheus Maramaldo, 2014

294


Ă­ndice de imagens



verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 01 - Novo modelo de cidade, Le Corbusier (CORBUSIER, Le. 1976, p. 40 e 41) ........................................................................ 24 Figura 02 - Não pise à grama? Foto: autor ................................. 28 Figura 03 - Os estratos da vegetação. Desenho: autor. .......... 40 Figura 04 – Piteira do Caribe (Agave vivípara L.), exemplo de planta xerófita e heliófila. Foto: autor. ........................................ 42 Figura 05 – Orelha de Elefante Gigante (Alocasia macrorrhizos (L.) G.Don), planta ombrófila e umbrófila. Foto: autor. ............ 43 Figura 06 – Cladograma das Plantas (dados: RAVEN, 1992). Desenho: autor. .............................................................................. 46 Figura 07 – Espaços livres, Áreas Verdes. Desenho: autor. ....... 54 Figura 08 – Espaço livre privado. Desenho: autor...................... 57 Figura 09.1 – Espaço livre semi-privado – Tipo 1. Desenho: autor. ................................................................................................ 59 Figura 09.2 – Espaço livre semi-privado – Tipo 2. Desenho: autor. ................................................................................................ 60 Figura 10 – Os espaços livres públicos. Desenho: autor. ........... 62 Figura 11 – Parque da Cidade, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foto: autor. ............................................................................ 64 Figura 12 – Praça Dom Pedro II, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor. ...................................................................................... 65 Figura 13 – Praias Olho d’água, Caolho e Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor. ....................................................... 66

297


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 14 – Horta na Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ............................................................. 68 Figura 15 – EQN 106/107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.................................................................................................. 68 Figura 16 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ........................................................................................................... 69 Figura 17 – Lagoa da Jansen, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.................................................................................................. 71 Figura 18 – Setor N, QNN 12, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ....................................................................................... 72 Figura 19 – Av. Hélio Prates, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ....................................................................................... 74 Figura 20 – Calçada, São José do Ribamar, Maranhão, Brasil. Foto: autor. ....................................................................................... 75 Figura 21 – Rotatória das SQN’s 103 e 104 e EQN 303/304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .................................. 76 Figura 22 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ........................................................................................................... 77 Figura 23 – Via N2, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: Thamires Chácara. ......................................................................... 78 Figura 24 – O monótono, o deserto de Jacobs. Desenho: autor. ........................................................................................................... 90 Figura 25 – Edifícios, relevo, traçado, perspectiva da cidade. Desenho: autor. ............................................................................... 98

298


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 26 – Sobreposição – Espaços livres x Verticalização. Mapa: QUAPA/FAU-USP, 2009. ................................................... 102 Figura 27 – Diferenças na pesquisa dos pátios escolares. Desenho: autor. ............................................................................ 106 Figura 28 – Diagrama da pesquisa. Desenho: autor. .............. 110 Figura 29 – Benefícios da vegetação; aspectos climáticos. Desenho: autor. ............................................................................ 121 Figura 30 – Elementos que modificam a qualidade do vento. Desenho: autor. ............................................................................ 123 Figura 31 – Interrupções do fluxo de ar. Desenho: autor. ....... 126 Figura 32 – Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.Fonte: http://g1.globo.com/ ................. 128 Figura 33 – Avenida Santos Dumont, Teresina, Piauí, Brasil. Fonte: http://farm5.staticflickr.com/4066/ ................................ 128 Figura 34 – Corrente negativa de vento. Desenho: autor. .... 130 Figura 35 – Variantes de umidade. Desenho: autor. ............... 132 Figura 36 – Interrupção da radiação solar. Desenho: autor. . 135 Figura 37 – Passagem forte da radiação solar. Desenho: autor. ......................................................................................................... 137 Figura 38 – Vegetação x Luz. Desenho: autor. ........................ 138 Figura 39 – Ofuscamento às 7hs – SQN 106, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .......................................................... 139 Figura 40 – Dilemas dos cantos dos pássaros. Desenho: autor. ......................................................................................................... 141

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 41 – Potencialmente venenosas. Desenho: autor. ...... 143 Figura 42 – Chapéu de Napoleão (Cascabela thevetia (L.) Lippold). Foto: autor. .................................................................... 147 Figura 43 – Taro (Colocasia esculenta (L.) Schott) – SQN 402, Brasília, Distrito Federal, Brasil Foto: autor. ................................. 149 Figura 44 – Jasmim Manga (Plumeria rubra L.) – SQN 303, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 151 Figura 45 – Lírio do Amazonas (Eucharis x grandiflora Planch. & Linden) – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ......................................................................................................... 152 Figura 46 – Grama batatais (Paspalum notatum Flüggé). Foto: autor................................................................................................ 155 Figura 47 – Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) – SQN 704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ........................ 157 Figura 48 – Aranhas, ratos, formigas, cobras, mosquitos, escorpiões, vespas. Desenho: autor. ......................................... 159 Figura 49 – Palmeira Washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex André) H.Wendl. ex de Bary) – SQS 107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .............................................. 160 Figura 50 – Pau-formiga (Triplaris americana L.) – SQN 303, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 161 Figura 51 – Bromélia Imperial (Vriesea imperialis Carrière) – Clube do exército, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor ...................................................................................... 163 Figura 52 – Espaços fechados para a luz. Desenho: autor. .... 165

300


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 53 – Capim-Estrela (Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler) – Campus Darcy Ribeiro, Unb, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. ..................................... 166 Figura 54 – Cipó Chumbo (Cuscuta racemosa Mart.) – SQN 105, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. .. 167 Figura 55 – Pinheiral, próximo a cidade de Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil. Foto: autor. ............................................................ 168 Figura 56 – Fogo. Desenho: autor............................................... 170 Figura 57 – Cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) e a secura do Cerrado – SGAN 607, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. Foto: autor. ................................................... 172 Figura 58 – Agressão Horizontal. Desenho: autor. .................... 178 Figura 59 – Ervas daninhas – Rua no Bairro do Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor. ..................................................... 180 Figura 60 – Destacamento do pavimento – Rua 4, Setor Central, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. .............................. 181 Figura 61 – Agressão Vertical. Desenho: autor. ....................... 185 Figura 62 – Intervenções para proteger a fiação elétrica – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. .... 186 Figura 63 – Agressão de movimento. Desenho: autor. ........... 188 Figura 64 – Sujeira ocasionada por jamelão – SQN 303, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .............................................. 190 Figura 65 – Castanhas pesadas perto da avenida – 506 Norte, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 191

301


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 66 – Tipos de frutos segundo sua agressividade física. Desenho: autor. ............................................................................. 192 Figura 67 – Árvore pioneira de área de circulação – Outlet, Alexânia, Goiás Brasil. Foto: autor. ............................................. 194 Figura 68 – Fileira de palmeiras vivas e mortas – SQN 105, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 196 Figura 69 – Carro quebrado por árvore em Barueri, São Paulo, Brasil. Foto: http://s.glbimg. com/jo/g1/f/original/2012/01/05/arvore_carro.jpg................. 198 Figura 70 – Elementos frágeis. Desenho: autor ......................... 200 Figura 71 – Pragas e a iminência de um acidente. Desenho: autor................................................................................................ 201 Figura 72 – Canivetes (Erythrina velutina Willd.) próximas ao passeio – Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ...................................................................................... 204 Figura 73 – Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) próxima ao parquinho e escola – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............................................................ 206 Figura 74 – Árvores e arbustos escondendo pedestres e carros próximo a via. Foto: autor............................................................ 209 Figura 75 – Visuais x vegetação. Desenho: autor. ................... 210 Figura 76 – Impedimentos. Desenho: autor .............................. 212 Figura 77 – Jardineira pouco gentil – Rua no Bairro do Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor. ..................................... 213

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 78 – Uma pista de rolamento a menos – SQN 406, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ................................. 214 Figura 79 – Muros verdes – SQN 704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ........................................................................... 221 Figura 80 – Elementos segregativos. Desenho do autor ......... 223 Figura 81 – Pequenas florestas e seus labirintos. Desenho do autor ............................................................................................... 224 Figura 82 – As pequenas barreiras verdes – SQN 307, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............................................... 226 Figura 83 – O efeito oposto. Desenho do autor ....................... 229 Figura 84 – No aguardo de uma nova primavera – Teatro Nacional, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............... 230 Figura 85 – Ervas daninhas – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiàs, Brasil. Foto: autor .............................................................. 231 Figura 86 – Como arame farpado – SQN 506/507, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............................................... 232 Figura 87 – O verde contínuo – QI 23, Lago Sul, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ........................................................... 233 Figura 88 – Sem acesso, sem uso – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ........................................................... 235 Figura 89 – 308 Sul. Foto: Joana França (fonte: http://www. welcometobrasilia.com/) ............................................................ 244 Figura 90 – Bloco D. Foto: autor .................................................. 244 Figura 91 – Clube Vizinhança. Foto: autor ................................ 245

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura 92 – Bloco A. Foto: autor .................................................. 245 Figura 93 – Palmeiras Imperiais. Foto: autor .............................. 246 Figura 94 – Igrejinha. Foto: autor ................................................. 246 Figura 95 - Blocos C e D. Foto: autor .......................................... 247 Figura 96 – Estacionamento do Bloco A. Foto: autor .............. 247 Figura 97 – Espaço Renato Russo. Foto: autor .......................... 248 Figura 98 – Escola Classe. Foto: autor ........................................ 248 Figura 99 – Jardim Aquático. Foto: autor .................................. 249 Figura 100 – Escola Parque. Foto: autor ..................................... 249 Figura 101 – Praça dos Cogumelos. Foto: autor ...................... 250 Figura 102 – Poinsétias ao alcance da mão (4.1). Foto: autor ......................................................................................................... 262 Figura 103 – Tão interessante de pisar (VIII). Foto: autor ......... 262 Figura 104 – O abacate na iminência de cair (d.1 e d.5). ..... 263 Foto: autor ...................................................................................... 263 Figura 105 – Alarmantes espinhos fáceis (c.2). Foto: autor..... 263 Figura 106 – O que há ai atrás? (e.2 e VII) Foto: autor ............ 266 Figura 107 – Animais na tamareira (8.2). Foto: autor ............... 266 Figura 108 – Cercado sem sentido (VIII). ................................... 267 Figura 109 – Hostil toque na parede (d.1 e IV). Foto: autor .... 267 Figura 110 – Oleandros próximos da calçada (4.1 e 6.1). Foto: autor................................................................................................ 270

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Figura 111 – Visível destacamento do piso (a.2). Foto: autor 270 Figura 112 – Jardineiras com plantas tóxicas (4.2). Foto: autor ......................................................................................................... 271 Figura 113 – Jasmim Manga com fácil acesso (4.1). Foto: autor ......................................................................................................... 271 Figura 114 – Não são taiobas, mas... (4.1). Foto: autor ........... 274 Figura 115 – O roxo urticante (6.2). Foto: autor ........................ 274 Figura 116 – As árvores são antigas. Foto: autor ...................... 275 Figura 117 – Pode estar sufocando a árvore (4.1). Foto: autor ......................................................................................................... 275 Figura a – Figueira de jardim (Ficus auriculata Lour.) – Rua Ap 3, Bairro Aruanã 3, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. ............ 374 Figura b – Figueira (Ficus elastica Roxb. ex Hornem.) – SQN 705, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 376 Figura c – Templo no Camboja. Foto: http://i.ytimg.com/vi/ZbtLFSXkmog/0.jpg. ................................ 377

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Ă­ndice de mapas



verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Mapa 01: Mapa geral, (Base: SICAD), Desenho do autor, pág.253. Mapa 02: Mapa de substratos, (Base: SICAD e SILVA apud TELES, 2005, p.46), Desenho do autor, pág.255. Mapa 03: Mapa da vegetação, (Base: SICAD), Desenho do autor, pág.257. Mapa 04: Mapa das fitopatologias e das glebas de análise, (Base: SICAD), Desenho do autor, pág.259. Mapa 05: Mapa da gleba A, (Base: SICAD), Desenho do autor, pág.261. Mapa 06: Mapa da gleba B, (Base: SICAD), Desenho do autor, pág.265.

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Mapa 07: Mapa da gleba C, (Base: SICAD), Desenho do autor, pรกg.269. Mapa 08: Mapa da gleba D, (Base: SICAD), Desenho do autor, pรกg.273.

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Ă­ndice de tabelas



verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 01 – Composição dos espaços livres nas cidade. Fonte: autor ............................................................. 79 Tabela 2: Pontuação quanto ao estrato vegetal. Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 ............ 104 Tabela 3: Conceitos e notas - níveis de vegetação existentes no pátio. Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 104 Tabela 4: Classes de pátio - a vegetação em função da pontuação obtida. Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 104 Tabela 5: Plantas tóxicas. Elaboração: autor 337 Tabela 6: Plantas com princípios entorpecentes. Elaboração: autor .............................................................. 344 Tabela 7: Plantas com pólen alergênico. Elaboração: autor ........................................................................ 347 Tabela 8: Plantas urticantes ou irritantes. Elaboração: autor ........................................................................ 349 Tabela 9: Plantas com ácidos, álcalis e outras substâncias corrosivas. Elaboração: autor .................... 352 Tabela 10: Plantas e animais nocivos. Elaboração: autor ........................................................................ 354 Tabela 11: Plantas parasitárias, daninhas ou invasoras e que promovem amensalismo. Elaboração: autor 356 Tabela 12: Plantas com substâncias fortemente combustíveis. Elaboração: autor ....................................... 359 Tabela 13: Síntese Fitopatologias Ambiental Sanitárias. Fonte: autor .............................................................. 173 Tabela 14: Árvores com raízes superficiais (pequena e grande extensão). Elaboração: autor ................... 361

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Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 15: Palmeiras e Árvores com frutos pesados. Elaboração: autor........................................ 364 Tabela 16: Árvores pioneiras e/ou de madeira frágil. Fonte: SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, s/d 366 Tabela 17: Plantas dotadas de espinhos/acúleos. Elaboração: autor............................................................... 371 Tabela 18: Síntese Fitopatologias Físicas. Fonte: autor. ........................................................................ 215 Tabela 19: Síntese Fitopatologias Psicosociológicas. Fonte: autor............................................................... 237 Tabela 20: Fitopatologias encontradas na gleba A. Fonte: autor............................................................... 262 Tabela 21: Fitopatologias encontradas na gleba B. Fonte: autor............................................................... 266 Tabela 22: Fitopatologias encontradas na gleba C. Fonte: autor............................................................... 270 Tabela 23: Fitopatologias encontradas na gleba D. Fonte: autor............................................................... 274 Tabela 24: Fitopatologias Ambiental Sanitárias. Fonte: autor ........................................................................ 276 Tabela 25: Fitopatologias Físicas. Fonte: autor 278 Tabela 26: Fitopatologias Psicosociológicas. Fonte: autor ........................................................................ 280 Tabela 27: Síntese Fitopatologias. Fonte: autor 281

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paisagístico

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334


anexos



verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 5: Plantas tóxicas Vegetação:

Toxidade:

Forrações e Herbáceas: Abacaxi Roxo

Toda a planta

(Tradescantia spathacea Sw.) Agapanto

Toda a planta

(Agapanthus africanus (L.) Hoffmanns.) Alpínia Vermelha

Toda a planta

(Alpinia purpurata (Vieill.) K.Schum) Aspargo Plumoso

Saponídeos

(Asparagus densiflorus (Kunth) Jessop)

(Toda a planta)

Áster do México

Toda a planta

(Cosmos sulphureus Cav.) Estrelízia

Sementes

(Strelitzia reginae Banks) Fórmio

Folhas

(Phormium tenax J.R.Forst. & G.Forst.)

Sanseverias

Toda a planta

(Sanseveria sp.) Lírio do Amazonas

Toda a planta

337


Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Eucharis x grandiflora Planch. & Linden) Calanchoês,

Mães de

Milhares,

Folhas da

Toxinas que afetam o

Fortuna

sistema cardíaco

(Kalanchoe sp.)

(Toda a planta)

Moreias

Toda a planta

(Dietes sp.) Papiros, Sombrinhas chinesas

Toda a planta

(Cyperus sp.) Palmeiras: Areca Bambu

Toda a planta

(Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf.) Areca Dourada

Toda a planta

(Areca vestiaria Giseke) Corifa

Frutos Maduros

(Corypha umbraculifera L.) Pescoço Marrom

Palmito

(Dypsis lastelliana (Baill.) Beentje & J.Dransf.)

Rabo de Peixe (Caryota urens L.)

338

Frutos


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Rabo de Peixe entouceirada

Frutos

(Caryota mitis Lour.) Rabo de raposa

Sementes

(Wodyetia bifurcata A.K.Irvine) Arbustos: Trombeteira

Alcalóides

(Brugmansia suaveolens (Humb. & Bonpl. ex

(Toda a planta)

Willd.) Bercht. & J.Presl) Algodão

Sementes

(Gossypium barbadense L.) Arálias, Árvores da Fortuna

Toda a planta

(Polyscias sp.) Azaleia

Toda a planta

(Rhododendron sp.) Bela Emília

Toda a planta

(Plumbago auriculata Lam.) Cinerária

Alcalóides

(Senecio flaccidus var. douglasii (DC.) B.L.Turner

(Toda a planta)

& T.M.Barkley) Dama da noite

Alcalóides

(Cestrum nocturnum L.)

(Flores e frutos)

339


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Dracenas

Saponídeos

(Dracena sp.)

(Toda a planta)

Oleandro

Toda a planta

(Nerium oleander L.) Hortência

Folhas e flores

(Hydrangea Macrophylla (Thunb.) Ser.) Iucas

Toda a planta

(Yucca sp.) Leias

Toda a planta

(Leea sp.) Ligustros

Toda a planta

(Ligustrum sp.) Pingo de ouro, Violeteiras

Toda a planta

(Duranta sp.) Urtigas

Toda a planta

(Fleurya

aestuans L.

e

Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) Lantana

Hepatoxinas

(Lantana camara L.)

(Toda a planta)

Árvores:

340


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Ficus, Figueiras, Seringueiras, Unha de Gato

Seiva

(Ficus sp.) Cinanomo

Saponídeos e alcaloides

(Melia azedarach L.)

(Frutos e folhas)

Chapéu de Napoleão

Toda a planta

(Cascabela thevetia (L.) Lippold) Amora

Partes que não os frutos

(Morus nigra L.) Aroeira Vermelha

Toxicodendrol

(Schinus terebinthifolia Raddi)

(Folha)

Árvore Guarda Chuva

Oxalatos

(Schefflera actinophylla (Endl.) Harms)

(Toda a planta)

Mulungus, Eritrinas

Alcalóides

(Erythrina sp.)

(Sementes)

Plátano

Frutos

(Platanus acerifolia (Aiton) Willd.)

Árvore Machineel

Toda a planta

(Hippomane mancinella L.) Trepadeiras: Heras

Toda a planta

341


Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Hedera sp.) Outras: Aguapé

Cianetos e Nitratos

(Eichhornia crassipes (Mart.) Solms)

(Toda a planta)

Árvore do Viajante

Toda a planta

(Ravenala madagascariensis Sonn.) Bambu imperial

Brotos (Anti-enzimaticos)

(Bambusa vulgaris Schrad.) Aloes, babosas

Toda a planta (em caso

(Aloe sp.)

de ingestão)

Toda a família ARACEAE (Anturium sp., Alocasia

Oxalatos (quase toda a

sp., Aglaonema sp., etc, com raras exceções) –

planta)

Antúrios,

Comigo

Ninguém

pode,

Taros,

Singônios, Filodendros. Toda a família EUPHOBIACEAE (Euphorbia sp.,

Seiva

Codiaeum sp., Ricinus sp., etc, com raras

substâncias tóxicas

exceções) – Coroa de Cristo, Crótons, Avelóz,

(em toda a planta)

tóxica

ou

Candelabro, Mamona, Pinhão Roxo, Mandioca, Poinsétia. Toda a família APOCYNACEAE (Plumeria sp.,

Seiva

Alamanda sp., Catharanthus sp., etc, com raras

substâncias tóxicas

exceções)

(em toda a planta)

342

Alamandas,

Vincas,

Jasmim

tóxica

ou


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Manga. Coníferas (Juniperus sp., Pinus sp., Araucaria sp.,

Normalmente

Cycas sp. etc.)

óleos e cones tóxicos

possuem

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/;

Instituto

http://www.ibflorestas.org.br/: http://www.cnpf.embrapa.

Jardineiro. Brasileiro Embrapa

br/index.htm;

Primefact:

nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0008/112796/

net: de

Florestas: Florestas:

http://www.dpi.

garden-plants-poisonous-

to-people.pdf; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

343


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 6: Plantas com princípios entorpecentes Vegetação:

Princípio Ativo:

Palmeiras: Areca Bambu

Alcalóides (Sementes)

(Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf.) Arbustos: Flamboyanzinho

Alcalóides (Sementes)

(Caesalpinia pulcherrima (L.) Sw) Mancaá de cheiro

Alcalóides

(Brunfelsia uniflora (Pohl) D.Don)

(toda a planta)

Jasmim Manga

Alcalóides

(Plumeria rubra L.)

(Flor e Látex)

Maconha*

THC, CBD, CBN, THCV

(Cannabis sativa L.)

(Folha)

Coca*

Cocaína

(Erythroxylum coca Lam.)

(Folha)

Tabaco

Nicotina

(Nicotiana tabacum L.)

(Folhas)

Chacrona

DMT

(Psychotria viridis Ruiz & Pav.)

(Caule e folhas)

Figueira do inferno

Atropina

344


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

(Datura Stramonium L.)

(Toda a planta)

Beladona

Atropina

(Atropa belladonna L.)

(Frutos)

Árvores: Espatódea

Alcalóides

(Spathodea campanulata P.Beauv.)

(Flor)

Noz-Moscada

Miristicina, IMAO

(Myristica fragrans Houtt.)

(Fruto)

Jurema

DMT

(Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.)

(Cascas e raízes)

Trepadeiras: Cipó Mariri

DMT

(Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) Morton)

(Caule)

Outras: Cacto Peyote

Fenetilamina (Flor)

(Lophophora williamsii (Lem. ex Salm-Dyck) J.M. Coult.)

*Proibido o cultivo no Brasil Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de

345


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk);

Andando

com

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Paisagismo

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Instituto

http://www.ibflorestas.org.br/: http://www.cnpf.embrapa.

Digital:

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Jardineiro.

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Brasileiro Embrapa

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 7: Plantas com pólen alergênico Vegetação: Forrações e Herbáceas: Lírio do Amazonas (Eucharis x grandiflora Planch. & Linden) Arbustos: Oleandro (Nerium oleander L.) Ligustros (Ligustrum sp.) Urtigas ((Fleurya aestuans L., Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) e Parietaria judaica L.) Árvores: Árvore do Céu (Ailanthus altissima (Mill.) Swingle) Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at

347


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Risk);

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Digital:

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Jardineiro.

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Brasileiro Embrapa

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Florestas: Florestas:

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348


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 8: Plantas urticantes ou irritantes Vegetação:

Propriedades Urticantes:

Gramas Grama batatais

Pelos

(Paspalum notatum Flüggé) Grama bermuda

Pelos

(Cynodon dactylon (L.) Pers.) Forrações e Herbáceas: Abacaxi Roxo

Folhas

(Tradescantia spathacea Sw.) Grama-azul

Folhas

(Poa pratensis L.) Trapoeraba roxa

Folhas

(Tradescantia pallida (Rose) D.R.Hunt) Trapoeraba zebra

Folhas

(Tradescantia zebrina Bosse) Cambará

Toda a planta

(Lantana montevidensis (Spreng) Briq.) Crino Branco

Folhas

(Crinum asiaticum L.) Cravo

Caule, flores folhas

349


Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Dianthus caryophyllus L.) Narciso

Caule, flores folhas

(Narcissus cyclamineus DC.)

Jacinto

Caule, flores folhas

(Hyacinthus orientalis L.)

Palmeiras: Rabo de Peixe

Frutos

(Caryota urens L.) Rabo de Peixe entouceirada

Frutos

(Caryota mitis Lour.)

Arbustos: Urtigas

Folhas

((Fleurya aestuans L., Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) e Parietaria judaica L.) C贸leus

Folhas

(Plectranthus scutellarioides (L.) R.Br.)

Lantana (Lantana camara L.)

350

Toda a planta


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Cróton

Toda a planta

(Codiaeum variegatum (L.) Rumph. ex A.Juss.) Érica

Toda a planta

(Cuphea hyssopifolia Kunth) Outras: Banana d’água

Toda a planta

(Typhonodorum lindleyanum Schott) Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/; http://www.ibflorestas.org.br/:

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351


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 9: Plantas com ácidos, álcalis e outras substâncias corrosivas Vegetação:

Substâncias Corrosivas:

Palmeiras: Coco do Vaqueiro

Estipe

e

Folhas

com

(Syagrus flexuosa (Mart.) Becc.)

algumas substâncias de leve corrosão

Arbustos: Comigo Ninguém Pode (Dieffenbachia amoena

Seiva

Bull.). Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.).

Seiva

Erva Andorinha

Seiva

(Chelidonium majus L.) Avelóz

Seiva

(Euphorbia tirucalli L.) Poinsétia

Seiva

(Euphorbia pulcherrima Willd. ex Klotzsch) Caracasana

Substâncias do caule e

(Euphorbia cotinifolia L.)

das folhas Substâncias do caule e

Cabeleira de Velho (Euphorbia leucocephala Lotsy)

352

das folhas


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Árvores: Cajueiro

Seiva da Castanha

(Anacardium occidentale L.) Árvore Machineel

Toda a planta

(Hippomane mancinella L.)

Outras: Candelabro

Seiva

(Euphorbia trigona Mill.) Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas, principalmente da família EUPHORBIACEAE. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/; http://www.ibflorestas.org.br/:

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Jardineiro. Brasileiro Embrapa

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353


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 10: Plantas e animais nocivos Vegetação:

Animais relacionados:

Palmeiras: Washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex

Ratos, cobras, morcegos

André) H.Wendl. ex de Bary). Tamareira das Canárias

Ratos, cobras, morcegos

(Phoenix canariensis Chabaud) Leque da China

Ratos, cobras, morcegos

(Livistona chinensis (Jacq.) R.Br. ex Mart.) Árvores: Pau-formiga

Formigas

(Triplaris americana L.) Trepadeiras: Unha de Gato

Baratas

(Ficus pumila L.) Outras: Bromélias, Agaves e Orquídeas

Mosquitos,

sapos,

pererecas Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to

354


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

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355


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 11: Plantas parasitárias, daninhas ou invasoras e que promovem amensalismo Vegetação:

Relações tróficas:

Forrações e Herbáceas: Trapoeraba roxa

Invasora (competição)

(Tradescantia pallida (Rose) D.R.Hunt) Trapoeraba zebra

Invasora (competição)

(Tradescantia zebrina Bosse) Áster do México

Invasora (competição)

(Cosmos sulphureus Cav.) Capim-Estrela

Daninha

(Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler)

(competição)

Dentes de Leão em geral (Taraxacum sp., Tridax

Daninha

sp., Emília sp., etc.)

(competição)

Erva Capitão

Daninha

(Hydrocotyle bonariensis Comm. ex Lam.)

(competição)

Cambará

Invasora (competição)

(Lantana montevidensis (Spreng) Briq.) Capim do Texas (Pennisetum setaceum (Forssk.) Chiov.)

356

Invasora (competição)


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Damiana

Invasora (competição)

(Turnera sp.) Papiros, Sombrinhas chinesas, Tiriricas

Invasora (competição)

(Cyperus sp.) Capim elefante

Invasora (competição)

(Pennisetum purpureum Schumach.) Capim Colchão

Daninha

(Digitaria sp.)

(competição)

Arbustos: Ipê de jardim

Invasora (competição)

(Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth) Mamona

Invasora (competição)

(Ricinus communis L.) Árvores: Eucaliptos

Amensalismo/

(Eucalyptus sp.)

Invasora (competição)

Pinheiros

Amensalismo/

(Pinus sp., Araucaria sp.)

Invasora (competição)

Trepadeiras: Aráceas trepadeiras* (Cipó Imbé, Costela de

Parasitismo/

adão, Singônio, Filodendros, Jiboias)

Competição

Cipó Chumbo

Parasitismo

357


Matheus Maramaldo Andrade Silva

(Cuscuta racemosa Mart.) Erva de Passarinho

Parasitismo

(Struthanthus flexicaulis (Mart. ex Schult. f.) Mart.) Outras: Bambu imperial

Invasora (competição)

(Bambusa vulgaris Schrad.) *Algumas aráceas são trepadeiras. Por vezes elas não sugam nenhum nutriente, mas sufocam a árvore hospedeira. Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/; http://www.ibflorestas.org.br/:

Instituto

Jardineiro. Brasileiro Embrapa

net: de

Florestas: Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

358


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 12: Plantas com substâncias fortemente combustíveis Vegetação:

Substância Inflamável:

Arbustos e Árvores: Pinheiros e Cedros

Terebintina

(Pinus sp., Cedrus sp., Araucaria sp.) Tuias

Terebintina

(Thuja sp.) Juníperos

Terebintina

(Juniperus sp.) Ciprestes

Terebintina

(Cupressus sp.) Podocarpos

Terebintina

(Podocarpus sp.) Samaúma, Paineiras

Fibras

e

(Ceiba sp.)

inflamáveis

sementes

Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira

359


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/; http://www.ibflorestas.org.br/:

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Florestas: Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

360


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 14: Árvores com raízes superficiais (pequena e grande extensão) Vegetação: Abacateiro (Persea americana Mill.) Aleluia (Senna multijuga (Rich.) H.S.Irwin & Barneby) Amendoim Bravo (Pterogyne nitens Tul.) Cadamba (Anthocephalus cadamba (Roxb.) Miq.) Cajá Manga (Spondias dulcis Parkinson) Cambará (Vochysia divergens Pohl) Canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.) Canafístula de Besouro (Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby) Carolina (Adenanthera pavonina L.) Cássia-rósea (Cassia grandis L.f.) Chapéu de Sol (Terminalia catappa L.) Cinamomo (Melia azedarach L.) Espatódea (Spathodea campanulata P.Beauv.) Flamboyant (Delonix regia (Hook.) Raf.) Gamelina (Gmelina arborea Roxb.) Guapuruvu (Schizolobium parahyba (Vell.) S.F.Blake) Jambo Branco (Syzygium jambos (L.) Alston) Jambo do Pará (Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M.Perry) Jameloeiro (Syzygium cumini (L.) Skeels) Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.) Jatobá (Hymenaea courbaril L.) Jatobá do Cerrado (Hymenaea stigonocarpa Hayne) Jenipapo (Genipa americana L.) Jenipapo de Cavalo (Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum.)

361


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Jequitibá (Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze) Laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck) Ligustro (Ligustrum lucidum W.T.Aiton) Mangueira (Mangifera indica L.) Munguba (Pachira aquatica Aubl.) Murici Rosa (Byrsonima coccolobifolia Kunth) Muxiba comprida (Erythroxylum tortuosum Mart.) Orelha de Macaco (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong) Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna) Pajeú (Triplaris gardneriana Wedd) Pau de Balsa (Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.) Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.) Pau Mulato (Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook.f. ex K.Schum.) Pau Santo (Kielmeyera coriacea Mart.) Pau Terra (Qualea sp.) Sombreiro (Clitoria fairchildiana R.A.Howard) Tipuana (Tipuana tipu (Benth.) Kuntze) Gêneros Ficus sp. e Clusia sp. normalmente são agressivos, com raízes superficiais grandes: Figueiras, clúsias, Unhas de Gato, Gameleiras. Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; Andando com Formigas:

362


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http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/; http://www.ibflorestas.org.br/:

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Jardineiro. Brasileiro Embrapa

net: de

Florestas: Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; SILVA JR., 2005; SILVA JR., PEREIRA, 2009; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

363


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 15: Palmeiras e Árvores com frutos pesados Vegetação: Coqueiro (Cocos nucifera L.) Abacateiro (Persea americana Mill.) Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.) Jenipapo (Genipa americana L.) Mangueira (Mangifera indica L.) Munguba (Pachira aquatica Aubl.) Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna) Flor de Abril (Dillenia indica L.) Graviola (Annona muricata L.) Mamoeiro (Carica papaya L.) Castanha do Pará (Bertholletia excelsa Bonpl.) Mogno Brasileiro (Swietenia macrophylla King) Sapucaia (Lecythis pisonis Cambess) Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; Andando com Formigas: http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/; http://www.ibflorestas.org.br/:

Instituto

Jardineiro. Brasileiro Embrapa

net: de

Florestas: Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Silva Jr., 2005; Silva Jr., Pereira,

364


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

2009; Secretaria De Meio Ambiente De São Paulo, S/D; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

365


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Tabela 16: Árvores pioneiras e/ou de madeira frágil Vegetação: Lithraea molleoides

Aroeira-brava

Schinus terebinthifolius

Aroeira-mansa

Tapirira guianensis

Peito-de-pomba

Annona cacans

Araticum

Annona glabra

Araticum-do-brejo

Peschiera fuchsiaefolia

Leiteiro

Rauwolfia sellowii

Casca-d’anta

Gochnatia polymorpha

Cambará

Vernonia polyanthes

Cambará-guaçu

Cybistax antisyphilitica

Ipê-verde

Jacaranda macrantha

Caroba

Jacaranda micrantha

Caroba-miúda

Jacaranda puberula (Jacaranda semisserrata) Carobinha Zeyheria tuberculosa

Ipê-felpudo

Chorisia speciosa

Paineira

Eriotheca candolleana

Embiruçu-do-litoral

Eriotheca gracilipes

Paineira-do-campo

Eriotheca pentaphylla

Sapopemba

Pseudobombax grandiflorum

Embiruçu-da-mata

Pseudobombax longiflorum

Embiruçu-do-serrado

Cordia ecalyculata

Café-de-bugre

Cordia sellowiana

Chá-de-bugre

Cordia superba

Babosa-branca

Patagonula americana

Guaiuvira

Jacaratia spinosa (Jacaratia dodecaphylla)

Jacaratiá

366


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Caryocar brasiliense

Pequi

Cecropia hololeuca

Embaúba-vermelha

Cecropia pachystachya

Embaúba-branca

Alchornea glandulosa (Alchornea iricurana)

Tanheiro

Croton floribundus

Capixingui

Croton urucurana

Sangra-d’água

Hyeronima alchorneoides

Aracurana-da-serra

Mabea brasiliensis

Canudo-de-pito

Mabea fistulifera

Canudeiro

Pera glabrata

Tamanqueira

Sapium glandulatum

Pau-de-leite

Casearia sylvestris

Guaçatonga

Bauhinia forficata

Unha-de-vaca

Bauhinia holophylla

Pata-de-vaca

Cassia ferruginea

Cássia-fístula

Dimorphandra mollis

Faveiro-doce

Peltophorum dubium (Peltophorum vogelianum)

Canafístula

Pterogyne nitens

Amendoim-do-campo

Schizolobium parahyba

Guapuruvu

Senna macranthera

Fedegoso

Senna multijuga

Pau-cigarra

Acacia polyphylla

Espinho-de-maricá

Albizia edwallii (Pithecellobium edwallii) Albizia hasslerii

Farinha-seca

Albizia polycephala

Albizia

Anadenanthera colubrina

Angico-branco

Anadenanthera falcata

Angico-do-cerrado

367


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Anadenanthera macrocarpa

Angico-vermelho

Enterolobium contortisiliquum

Orelha-de-negro

Inga edulis

Ingá-de-metro

Inga marginata

Ingá-feijão

Inga uruguensis

Ingá-quatro-quinas

Mimosa bimucronata (Mimosa sepiaria)

Maricá

Mimosa scabrella

Bracatinga

Parapiptadenia rigida (Anadenanthera rigida)

Angico-da-mata

Piptadenia gonoacantha

Pau-jacaré

Pithecellobium incuriale

Chico-píres

Bowdichia virgilioides

Sucupira-preta

Centrolobium tomentosum

Araribá

Erythrina crista-galli

Corticeira-do-banhado

Erythrina falcata

Corticeira-da-serra

Erythrina speciosa

Mulungu-do-litoral

Erythrina verna

Suinã

Lonchocarpus campestris

Embirinha

Lonchocarpus guilleminianus

Embira-de-sapo

Lonchocarpus muehlbergianus

Embira-de-sapo

Machaerium aculeatum

Pau-de-angú

Machaerium nictitans

Jacarandá-bico-de-pato

Machaerium stipitatum

Sapuva

Machaerium villosum ( Machaerium lanatum)

Jacarandá-paulista

Platycyamus regnelli

Pau-pereira

Pterocarpus rohrii

Aldrago

Lafoensia glyptocarpa

Mirindiba-rosa

Lafoensia pacari

Dedaleiro

Byrsonima verbascifolia

Murici

368


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Miconia candolleana

Jacatirão

Miconia ligustroides

Jacatirão-do-brejo

Tibouchina mutabilis

Manacá-da-serra

Tibouchina pulchra

Manacá-da-serra

Cedrela fissilis

Cedro-rosa

Cedrela odorata

Cedro-do-brejo

Guarea guidonia

Marinheiro

Chlorophora tinctoria (Maclura tinctoria)

Taiúva

Ficus guaranitica

Figueira-branca

Ficus insipida

Figueira-do-brejo

Rapanea ferruginea

Capororoca

Rapanea guianensis

Capororoca

Rapanea umbellata

Capororoca

Psidium cattleianum (Psidium littorale)

Araçá-da-praia

Gallesia integrifolia (Gallesia gorazema)

Pau-d’alho

Phytolacca dioica

Cebolão

Seguieria langsdorffi

Agulheiro

Rhamnidium elaeocarpum

Saguaragi-amarelo

Prunus myrtifolia (Prunus sellowii)

Pessegueiro-bravo

Dictyoloma vandellianum

Tingui-preto

Helietta apiculata

Canela-de-veado

Zanthoxylum rhoifolium

Mamica-de-cadela

Zanthoxylum riedelianum

Mamica-de-porca

Allophylus edulis

Chal-chal

Diatenopteryx sorbifolia

Correeiro

Acnistus arborescens

Marianeira

Solanum granuloso-leprosum

Gravitinga

Guazuma ulmifolia

Mutambo

369


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Heliocarpus americanus

Jangada-brava

Luehea divaricata

Açoita-cavalo-miúdo

Luehea grandiflora

Açoita-cavalo

Trema micrantha

Crindeúva

Aegiphila sellowiana

Tamanqueiro

Aloysia virgata

Cambará-de-lixa

Cytharexyllum myrianthum

Pau-viola

As coníferas em geral (CUPRESSACEAE, ARAUCARIACEAE, PINACEAE, etc.) Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Instituto Brasileiro de Florestas:

http://www.ibflorestas.org.br/:

Embrapa

Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; SILVA JR., 2005; SILVA JR., PEREIRA, 2009; SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, s/d; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

370


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Tabela 17: Plantas dotadas de espinhos/acúleos Vegetação: Palmeiras: Palmeira Fênix (Phoenix roebelenii O’Brien) Palmeira Macaúba (Acrocomia aculeata a (Jacq.) Lodd. ex Mart.) Palmeira Pupunha (Bactris gasipaes Kunth) Palmeira Ráfia (Raphia farinifera (Gaertn.) Hyl.) Tamareira das Canárias (Phoenix canariensis Chabaud) Gênero Phoenix sp. em geral Palmeira Tucumã (Astrocaryum vulgare Mart) Palmeira Washingtônia (Washingtonia Robusta H.Wendl.) Palmeira Washingtônia de Saia (Washingtonia filifera (Linden ex André) H.Wendl. ex de Bary) Palmeira Homem Velho (Coccothrinax crinita (Griseb. & H.Wendl. ex C.H.Wright) Becc.) Arbustos: Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) Iucas (Yucca sp.) em geral Rosa (Rosa x grandiflora hort.) Minirosa (Rosa x chinensis Jacq.) Ora-pro-nobis (Pereskia grandifolia Haw.) Marmelo-japonês (Chaenomeles speciosa (Sweet) Nakai) Palo-verde (Parkinsonia aculeata L.) Espinho-de-fogo (Pyracantha coccínea M.Roem) Primavera (Bougainvillea sp.) Árvores: Mulungus, Eritrinas (Erythrina sp.)

371


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.) Acácia (Acacia farnesiana (L.) Willd.) Laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck) Mamica de Porca (Zanthoxylum rhoifolium Lam.) Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna) Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.) Outras: Aloes, babosas (Aloe sp.) em geral Abacaxi (Ananas comosus (L.)) Agaves (Agave sp.) em geral Furcréias (Furcraea sp.) em geral Sagu de Espinho (Encephalartos ferox G.Bertol.) Membros da família CACTACEAE em geral Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não listadas. Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; Andando com Formigas: http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http:// www.paisagismodigital.com/port/; http://www.jardineiro.net/; http://www.ibflorestas.org.br/:

Instituto

Jardineiro. Brasileiro Embrapa

net: de

Florestas: Florestas:

http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.

372


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

A.1. O gênero Ficus sp.: Visto os três modos de agressão física vegetal é importante fazer um adentro quanto ao gênero Ficus sp., de uso extensivo nas cidades, principalmente como muro, por estar em um patamar mais alto de agressão (Figura a). As

árvores

e

trepadeiras

desse

gênero

são

extremamente competitivas, vigorosas e as mais comuns no meio urbano vem de zonas tropicais com muita chuva (LORENZI, SOUZA, 2012, p.324). Estão adaptadas a muita pluviosidade e suas raízes buscam água e nutrientes de forma intensa. Apesar da maior parte de suas espécies serem formadas por elementos de grande porte, são tratadas como arbustos, sendo comumente topeadas e restringidas a pequenas alturas para servirem de barreiras nas urbes devido ao seu rápido crescimento. Pensando se tratar de qualquer planta ou que o sistema radicular não crescerá, pela poda constante dos galhos, os usuários deste tipo de vegetação estão se enganando, trazendo riscos não só para eles, como para toda a cidade.

373


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Primeiramente, as

raízes

dessas plantas podadas

crescem no mesmo ritmo das completas (pensem em uma árvore de 30 metros de altura e copa sempre podada, se restringindo a 2,5 metros de altura acima do solo. Mesmo assim ela poderá chegar aos 30 metros abaixo do substrato) (MACHADO, 2008), podendo um “arbusto” estar desnivelando uma extensa faixa de calçada ou até algumas edificações distantes.

Figura a – Figueira de jardim (Ficus auriculata Lour.) – Rua Ap 3, Bairro Aruanã 3, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor.

374


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Além do que pode ser visto pela ação raízes tabulares, parte do desenvolvimento fica escondido no solo e só aflora mais tarde. Em várias situações, com a proximidade das manilhas de esgoto e água, tais espécies podem perfurá-las e continuar crescendo, como comenta este senhor: Eu tive a infeliz ideia de plantar um Ficus no meu rancho, bem perto do banheiro. Ai começou a estourar toda as calçadas em volta da construção e as raízes começaram a sair pelo vaso sanitário (comentário de Nilton C. Lucílio em 29 de julho de 2010 a matéria ‘Ficus benjamina: ele é um perigo!’ do blog Ana Vilhana).

São comuns nas urbes brasileiras as figueiras Ficus benjamina L. e Ficus elastica Roxb. ex Hornem. (Figura b), como a trepadeira unha de gato (Ficus pumila L.), usada para esconder muros. Esta última, segundo Franco (2011), além da agressão perceptível, também se adere ao substrato que se encontra (parede, muro, pilar, etc) disfarçadamente, expandindo-se. Isso tende a afetar a estrutura e criar ocos, formando fissuras leves sem maiores danos ou com retirada de material estrutural, tornando possível o colapso daquele elemento (riscos de acidentes e mortes).

375


Matheus Maramaldo Andrade Silva

Figura b – Figueira (Ficus elastica Roxb. ex Hornem.) – SQN 705, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.

No exterior, são mais conhecidos os exemplos que surgem

espontaneamente,

com

árvores

literalmente

devorando antigos templos budistas. Como descreve Alves et al. (s/d), no Sudeste Asiático é comum vermos figueiras sagradas

(Ficus

religiosa

L.)

crescendo

em

cima

de

construções antigas e ruínas (Figura c). Lá elas são veneradas, mas no resto do mundo, exóticas ou não, tornam-se um

376


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

estorvo destrutivo, por mais belo que seja o evento e a sua completitude, danificando patrimônios.

Figura c – Templo no Camboja. Foto: http://i.ytimg.com/vi/ZbtLFSXkmog/0.jpg.

Assim, nas cidades, a precaução gira em torno de não plantar tais espécies ou tornar possível sua convivência em meio urbano, afastando-as de canalizações, edificações, outras plantas e pavimentos e fazendo a manutenção periódica com podas e extrações, pois os Ficus sp. estão

377


Matheus Maramaldo Andrade Silva

próximos da exagerada descrição dos baobás de SaintExupéry (2000, p. 23): Ora, havia sementes terríveis no planeta do pequeno príncipe: as sementes de baobá... O solo do planeta estava infestado. E quando não se descobre que aquela plantinha é um baobá, nunca mais a gente consegue se livrar dele, pois suas raízes penetram o planeta todo, atravancando-o.

378


glossรกrio



verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Acúleo – Similar aos espinhos, mas se tratando de uma estrutura exógena perfurante não ligada ao sistema vascular da planta. Ou seja, quando se rompe, não deteriora a planta. Adubação, recomposição física e química – Parte da manutenção das plantas, a qual se dá nutrientes as plantas, em uma recomposição orgânica e física (N, P, K). Aeração do solo – Parte da manutenção das plantas, a qual se ara ou infla o solo, para aumentar sua porosidade. Agressão direta – Deterioração física dos elementos construídos e de outras plantas ocasionada diretamente pelo crescimento da vegetação (raízes, troncos, galhos, etc). Agressão indireta – Elevação dos riscos de incidentes ocasionadas pelos frutos, baixa resistência, pioneirismo, e pragas/fortes ações naturais sobre as plantas, como as potenciais agressões aos transeuntes (espinheiros) e as barreiras visuais e concretas erguidas pela vegetação. Agressão de movimento – Trata de todas as ações nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação em deslocamento ágil (o que exclui o próprio crescimento) devido aos seus próprios elementos constituintes ou sua própria natureza (o que exclui pragas, vento e cortes). Agressão horizontal – Trata de todas as ações nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação no plano do piso, subterrâneas ou com pouca altura (até 1 metro), estando principalmente relacionadas as raízes e as bases dos caules. Agressão vertical – Trata de todas as ações nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação em alturas superiores a 1 metro, estando

381


Matheus Maramaldo Andrade Silva

principalmente relacionadas aos galhos e folhas, como ao crescimento em planos verticais (paredes, muros, pilares). Amensalismo – Relação trófica que promove a inibição por parte de uma planta, através de substâncias liberadas por ela, do crescimento e surgimento de outras plantas (no caso da vegetação). Angiospermas

Todas

as

plantas

que

estão

dentro

da

Divisão

Angiospermae. São as plantas que produzem flores. Aquáticas – Plantas adaptadas a superfícies alagadas e a leitos aquáticos. Arbustos – Plantas de caule sublenhoso a lenhoso, com muitas ramificações na base. Normalmente não superam 5 metros de altura. Áreas arborizadas – Áreas dotadas de árvores. Áreas arborizadas informais – Locais públicos, projetados ou não, que não são propriamente parques, terrenos baldios ou vagos, e nos quais se pode encontrar árvores, arbustos e forrações. Áreas Verdes – Podendo ter várias definições, umas mais abrangentes e outras mais fechadas. A mais comum é a de espaço livres dotados de vegetação. Áreas com verdes de domínio público - Áreas dotadas de vegetação qualificadas como espaços livres públicos. Áreas verdes de domínio público - Áreas dotadas de vegetação em que a mesma tem uma função social (o que excluí canteiros de avenidas e árvores de calçadas) qualificadas como espaços livres públicos. Árvores – Plantas de caule lenhoso, pouco ou não ramificadas na base. Normalmente superam 5 metros de altura.

382


verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Aspectos fitopatológicos Ambiental Sanitários – Aspectos que envolvem a perturbação do cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, no âmbito ambiental e/ou sanitário. Aspectos fitopatológicos Físico – Aspectos que envolvem a perturbação do cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, no âmbito físico. Aspectos fitopatológicos Psicosociológicos – Aspectos que envolvem a perturbação do cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, nos âmbitos psicológico e/ou sociológico. Autótrofas – Seres vivos que produzem seu próprio alimento. Barreira – Todo aquele elemento que obstrui ou impede uma ação. Barreira Física – Todo aquele elemento concreto que obstrui ou impede uma ação. Barreira Visual – Todo aquele elemento que obstrui ou impede uma ação visual. Bioclimatismo – Estudos relacionados a aspectos ambientais, como confortos térmico, sonoro e luminoso. Brejeiras – Planta adaptada a superfícies alagadas, como pântanos. Briófitas – Todas as plantas que estão dentro das Divisões Bryophyta, Marchantiophyta e Anthocerotophyta. Podem ser resumidas só a musgos também. Caduca ou caducifólia – Planta que deixa, em algum momento do ano, todas as folhas caírem. Igual a Decídua. Calagem – Parte da manutenção das plantas, a qual se melhora a acidez do solo com uso de cal.

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Calçadas – Passeios para pedestres feitos de materiais resistentes ao trânsito. Estão inseridos em uma parcela das vias ou são a própria via. Canteiros – Espaços vegetados ou não centrais ou que margeiam vias, dividindo-as, embelezando-as ou protegendo outras escalas de trânsito. Caule – Estrutura de suporte, onde estão as principais redes vasculares (floema e xilema). Se estendem até as folhas, podem fazer fotossíntese e podem ser de vários formatos e estar aéreos (haste, tronco, estipe, prostrados, lianas, etc) ou subterrâneos (tubérculo, bulbo, xilopódio). Cerca viva – Muramento de qualquer tamanho erguido através de plantas. Cerrado – Bioma do Centro brasileiro similar as savanas africanas. Ciclovias – Vias de trânsito exclusivo de ciclistas. Clímax – Plantas de crescimento tardio na sucessão ecológica. Competição – Relação trófica em que as plantas brigam entre si por espaço, nutriente e luz (no caso da vegetação). Coníferas – Englobam a Divisão Gminospermae, mas normalmente se restringem no discurso aos pinheiros, ciprestes, cedros e tuias. Conservação – Preservação e cuidados com a vegetação. Copa – Parte mais alta das plantas arbóreas e arbustivas, onde está a galharia e as folhas normalmente. Corrosão – Destruição de tecidos e materiais por conta de ácidos e álcalis presentes em secreções das plantas. Decídua– Planta que deixa, em algum momento do ano, todas as folhas caírem. Igual a Caduca ou caducifólia.

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verde patológico a vegetação no processo de degradação da cidade

Divisão – Segunda categoria na classificação botânica (caso se esteja começando

pelo

Reino).

Representada

por

Angiospermae

e

Gminospermae, por exemplo. Dossel – Copas se entrelaçando. Entorpecente – Tóxico alucinógeno, de ação direta no sistema nervoso. Epífitas – Plantas adaptadas a ficarem em suportes acima da terra, como em cima de árvores e palmeiras. Erva daninha – Plantas rústicas, altamente propagativas, invasoras que podem liberar substâncias nocivas as plantas próximas ou serem muito agressivas na absorção dos nutrientes. Espaços Livres – Espaços não edificados urbanos. Espaços Livres Privados – Espaços não edificados urbanos de uso exclusivo. Espaços Livres Semi-Privados – Espaços não edificados urbanos de uso aparentemente público ou que aceitam muitos usuários. Igual a Espaços Livres Semi-Públicos. Espaços Livres Semi-Públicos – Espaços não edificados urbanos de uso aparentemente público ou que aceitam muitos usuários. Igual a Espaços Livres Semi-Privados. Espaços Livres Públicos – Espaços não edificados urbanos de uso total, por parte de qualquer usuário sem restrição. Espaços Verdes - Podendo ter várias definições, umas mais abrangentes e outras mais fechadas. A mais comum é a de espaço livres dotados de vegetação em que a mesma tem uma função social (o que excluí canteiros de avenidas e árvores de calçadas).

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Espécie – Última categoria na classificação botânica (caso se esteja começando pelo Reino). Representada por Ficus sp. e Aloe sp., por exemplo. Espinho – Se tratando de uma estrutura endógena perfurante ligada ao sistema vascular da planta. Quando se rompe, deteriora a planta. Espontaneidade – Surgimento natural, sem intervenção antrópica. Estacionamentos – Espaços onde se param por períodos longos automóveis. Estipe– Tipo de caule aéreo. É o caule das palmeiras. Estrato – Porte e tipo de vegetação (arbóreas, arbustivas, herbácea, etc. Exóticas – Plantas que não são daquele bioma ou daquele país. Família – Quinta categoria na classificação botânica (caso se esteja começando pelo Reino). Representada por Asparagaceae e Cycadaceae, por exemplo. Fitopatologia – O termo botânico se refere a doenças, deformações e outros problemas que ocorrem nas plantas. Neste texto, foi invertido seu sentido e é empregado como: plantas causando malefícios a cidade. Flor – Estrutura de reprodução das angiospermas. Pode ser simples ou composta (inflorescências), de diversas cores e tamanhos, ter brácteas, sépalas, pétalas, anteras, estigmas, ovários, estames e filetes, dentre outras estruturas secundárias. Folha – Estrutura que normalmente é a responsável direta pela fotossíntese das plantas. Tem diversos formatos e também pode ter diversas cores. Dotada ou não de nervuras, bainha e estípula. Forrações – Plantas de caule herbáceo e pouco visível, bastante ramificadas na base. Normalmente não superam 50 centímetros de altura.

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Fruto – Estrutura que protege as sementes das angiospermas. É o resultado final da reprodução e possui endocarpo, mesocarpo e exocarpo. Podem ser comestíveis. Galho – Parte de caules lenhosos ou sublenhosos que se ligam as folhas. Gênero – Penúltima categoria na classificação botânica (caso se esteja começando pelo Reino). Representada por Agave e Hibiscus, por exemplo. Gimnospermas

Todas

as

plantas

que

estão

dentro

da

Divisão

Gminospermae. São as plantas que já produzem sementes, mas ainda não tem flores. Gola – Elemento preso as calçadas que protege a vegetação e o pavimento, como cria um respiro para receber nutrientes. Gramados públicos – São áreas públicas projetadas compostas somente por gramíneas pisoteáveis e ervas daninhas – raras árvores ou arbustos. Gramas – Plantas de caule herbáceo e pouco visível, bastante ramificadas na base. Pertencem necessariamente a Família Poaceae e tem resistência ao pisoteio. Normalmente não superam 50 centímetros de altura. Com menos restrição, englobam também capins de outras famílias e alturas não pisoteáveis. Heliófilas – Plantas adaptadas ao regime de sol mais contínuo. Hemiparasitas – Plantas parasitárias que sugam uma parcela dos nutrientes que necessitam da planta parasitadas, mas fazem fotossíntese. Herbáceas – Plantas de caule herbáceo e normalmente mais visível, não necessariamente ramificadas na base. Normalmente não superam 1,5 metros de altura. Herbáceo – Tipo de caule com pouca lignina e bem moldável.

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Impedimento – Quando não é possível o movimento de um local para o outro. Invasoras – Plantas normalmente rústicas que se estabelecem facilmente em locais onde não foram destinadas a estar. Jardim Árido – Tipo de jardim elaborado a partir de plantas adaptadas a estiagens ou sem planta alguma. Jardins coletivos – Áreas ajardinadas públicas com pouco índice de impermeabilização não associadas a espaços definidos ou vias. Látex – Secreção de algumas plantas semelhante ao leite. Um tipo de látex é a base da borracha e a maioria é fortemente venenoso e corrosivo. Leitos aquáticos – Rios, córregos, açudes, lagos, lagoas e riachos. Lenhoso – Tipo de caule com muita lignina e bem rígido. Lianas – Ver Trepadeiras. Manutenção – Cuidados com a vegetação, como podas e regas. Mapa de dano – Normalmente associados ao patrimônio ou a investidas de reforma. É uma graficação que expõe a localização de pontos danificados de alguma obra. Nativas – Plantas inseridas no mesmo país ou bioma que são originárias. Nome científico – Termo de identificação dos seres vivos na literatura científica. É preciso. Na Botânica, possui gênero com primeira letra maiúscula e epíteto específico todo em letras minúsculas. Está em destaque em qualquer frase, ex: Ficus benjamina. Obstrução – Quando é possível o movimento de um local para o outro, mas com algum tipo de dificuldade.

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Ócrea – Estruturas de algumas plantas que são pequenos buracos, os quais alguns animais, como formigas, podem se abrigar. Ombrófilas – Plantas adaptadas ao regime de chuvas mais contínuo. Orlas – Mais do que uma margem ou transição entre oceanos, rios, lagos, lagoas e o continente, são áreas nas quais há intervenção antrópica e que possuem as funções de lazer, esportes, descanso, contemplação e ecológica. Paisagismo – Estudo dentro da Arquitetura, que analisa e projeta todo o âmbito das paisagens. Paisagista – Aquele que trabalha com o paisagismo. Palmeiras – Plantas de estipe simples ou múltipla coroadas por folhas em seu ápice. Normalmente produzem inflorescências em formato de cacho e tem folhas pinadas ou costapalmadas. Parasitas – Entes que promovem o parasitismo. Podem ser fungos, insetos, outras plantas, por exemplo. Parasitismo - Relação trófica em que uma planta ou outro tipo de praga suga nutrientes e água da planta parasitada. Não fazem fotossíntese (no caso da vegetação). Parques – É um espaço livre, dotado de vegetação normalmente, com funções amplas, desde a ecológica até a de lazer e estética. São grandes (mais de 2 quarteirões) em sua maioria. Passeios – Onde o pedestre circula. Pode ser uma calçada ou parte de um parque ou uma praça. Patologia – Estudo de sintomas de doenças ou o próprio caso danoso.

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Pioneira – Plantas que estão no início da sucessão ecológica. São normalmente frágeis e esguias. Pisos vegetais – Normalmente compostos por gramas, são plantas mais resistentes ao pisoteio e de pouca altura, menor que 50 centímetros. Planejamento Vegetal – Estudos e planos da implantação da vegetação nas cidades. Plano de Arborização Urbana – Projeto e metas de implantação de árvores em cidades. Plano Diretor – Instrumento de planejamento urbano. É comum delimitar áreas, impor regras e trazer princípios e recomendações para a evolução da cidade. Plantas (desambiguação: planta de forma, planta topográfica, planta arquitetônica, etc, são desenhos em vista aérea) – As plantas são todos os seres vivos que reúnem todas estas características: fazem fotossíntese, contém clorofila a e b, armazenam amido e possuem parede celular de celulose. Plantas atípicas – Plantas que não se encaixam exatamente em outras categorias. São por exemplo cactos, agaves, samambaias, cicas, etc. Poda – Parte da manutenção das plantas, a qual se faz cortes na planta. Pólen – Estrutura diminuta que está relacionada a reprodução vegetal. Ao encontrar o ovário, poliniza-o e daí começa o surgimento das sementes e frutos. Praças – São espaços públicos os quais são desempenhados diversos usos, desde lazer a contemplação. Essas áreas são facilmente mutáveis e possuem representatividade alterada tanto pelas edificações próximas quanto pelo simbolismo próprio.

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Praga – Ser vivo que parasita, inibe ou preda (em um processo diferente da caça) outro ser vivo. Pteridófitas – Todas as plantas que estão dentro das Divisões Lycophyta e Monilophyta. Podem ser resumidas só a samambaias também. Queimadura – Efeito ocasionado pela corrosão ou irritação do tecido. Pode ser leve a mais grave. Raiz – Estrutura de suporte normalmente subterrâneo, onde são obtidos água e nutrientes do solo. Podem ser de vários formatos e estar aéreos (tabulares, fulcréias, pneumatóforos, etc) ou subterrâneos (tuberosas, comuns, etc), fasciculadas ou pivotantes. Raiz tabular – Ou sapopemas, são raiz superficiais, ex: raiz das figueiras. Rega – Parte da manutenção das plantas, a qual se dá água as plantas. Reino – Primeira categoria na classificação botânica (caso se esteja começando pelo Reino). Representada por Plantae e Monera, por exemplo. Relação Trófica – Relações estabelecidas entre os seres vivos, podendo ser amistosas (ex.: simbiose) ou competitivas (ex.: parasitismo). Saprófitas - Plantas que dependem de matéria orgânica do solo ou de cima do seu suporte para sobreviver, fazendo pouca ou nenhuma fotossíntese – não invadem os canais das plantas próximas. Secreção – Todo o líquido, seiva ou pasta que pode ser expelido pelas plantas. Secundárias – Plantas que surgem depois das pioneiras ou que crescem depois das pioneiras. Segregação – Aquilo que separa.

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Seiva – Secreção de algumas plantas, normalmente branca e venenosa. Há outros tipos de seiva usadas na alimentação. Subarbustos – Plantas de caule sublenhoso na base e herbáceo no restante, com muitas ramificações na base. Normalmente não superam 1,5 metros de altura. Sublenhoso – Tipo de caule com mediana quantidade de lignina e medianamente rígido. Substrato – Igual a Suporte, pode ser a terra ou uma parede. Também pode ser específico ao tipo de terra. Sucessão ecológica – Processo de evolução da vegetação em ambientes naturais. Suporte – Onde se apoia. Topoceptivo – Estudo de atributos da arquitetura captáveis essencialmente pelo sentido da visão, para responder as questões: o lugar tem forte identidade (HOLANDA, 2013). Tóxico – Aquilo que envenena. Toxinas – Igual a Veneno. Trepadeiras – Plantas que avançam sobre seu suporte em busca de nutrientes e luminosidade. Podem somente se apoiar, como podem estrangular e sugar o suporte, caso vivo. Tronco – Tipo de caule lenhoso ou sublenhoso. Pode ser ramificado na base. É o caule das árvores e arbustos. Umbrófilas– Plantas adaptadas ao regime de sombra mais contínuo. Urticária – Irritação da pele que pode gerar coceira ou queimaduras. Tem graus leves ou mais graves.

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Vazios Urbanos – Onde não há uso na cidade, como lotes ainda não ocupados. Vegetação – Conjunto de plantas que povoam uma área determinada (MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora Melhoramentos, 1998). Veneno – Toxina que pode estar presente em plantas, animais e minerais. Verde – Além da cor, pode denominar elementos e ações sustentáveis ambientalmente (economia de energia, carros menos poluidores, etc) ou ser sinônimo de vegetação. Vias – Por onde se circula. Pode ter o sentido de ser avenida ou rua, tratando do trânsito de automóveis. Vias de trânsito de automóveis – Por onde circulam automóveis. Podem ser ruas, avenidas, corredores expressos. Xerófitas – Plantas adaptadas ao regime de chuvas menos contínuo.

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