MACACAS

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A evolução da informação

Quando o jornalista precisa ir além?

Saiba

Útil e fútil

Cinema

Jornalismo Novas funções cidadão 1


Jornalismo alem ´ do jornalismo

Quando o jornalista ´ precisa ir alem? Emmanuele Macaciel

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tecnologia se aprimora a cada dia e, o que hoje é novo amanhã já se torna obsoleto. A velocidade com que a informação se dissemina faz parte desse novo momento, em que qualquer diferencial se torna importante. Não há um novo jornalismo. O que há são novos hábitos de consumo informacional e, consequentemente, novas formas de se produzir um conteúdo relevante, o que resulta em novos modelos de produção, distribuição e interação quanto ao jornalismo propriamente dito. O conceito do jornalismo como função pública não mudou, mas o profissional de jornalismo vem sofrendo mutações significativas. Há necessidade de que o jornalista, se torne um pouco de tudo e que seja capaz transmitir a informação rapidamente, sempre mantendo a verdade, a ética e a credibilidade. O fato é que o jornalista não vive só da escrita. O jornalista precisou se adaptar para produzir informação para um público com novos hábitos de consumo informacional, um leitor que contém a informação na palma da mão (ou na tela do celular). Não basta mais o domínio – ou a familiaridade – do assunto em questão; os novos jornalistas devem possuir profundos conhecimentos sobre mídia digital. Possuir conhecimentos sobre mídia digital engloba ter ciência sobre mercado, programação, ferramentas, técnicas de produção, fotografia,

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ilustração, infográficos, gestão da comunicação, marketing, entre outros fatores. O jornalista de hoje não só escreve, mas coordena todo um processo informacional.

A nova vida de uma jornalista Vanessa Oliveira sabe muito bem como é ser um “jornalista além do jornalista”. Formada em jornalismo pela UFF, sentiu, desde os primeiros anos de trabalho, a necessidade de se aprimorar ainda mais: “percebi que não bastava ser jornalista. Eu precisava ir além. Na redação onde eu trabalhava me pediam coisas técnicas que não eram da minha competência e eu ficava rendida. Resolvi prestar vestibular novamente e passei para publicidade”. Já com duas formações a “jornal-publicitária” precisou ir mais a frente: “fiz pós em marketing, e diversos cursos de informática, entre eles, cursos avançados em Photoshop, CorelDraw e Dreamweaver, que eram essenciais para edição e montagem das matérias”. Além dos cursos e pós, Vanessa frequenta seminários e participa de workshops.

Assim como Vanessa, o neo-jornalista precisa ser uma “metamorfose ambulante” e, cada vez mais estudantes atentam para isso. O novo mundo que eles atuam pode ser analisado através dos currículos de tais profissionais. Ao analisarmos esses profissionais observamos que muitos trabalham diretamente com marketing, outros atuam no campo de análises de mercado, alguns se dedicam a estudar os impactos do digital na profissão, e ainda há aqueles que são tão complexos que mal conseguem se definir. O novo jornalista vai muito além do jornalismo. As possibilidades de atuação são tão grandes que chegam a dar a sensação de infinitude. Aos que possuem sede por conhecimento, o campo é mais do que fértil. A realidade que nos cerca, mostra que o jornalista não pode se ater aos meros ensinamentos da faculdade. Ele precisa sair da zona de conforto para se tornar um profissional de Comunicação, aquele que entende de tudo e, principalmente, sabe fazer tudo.


Jornalismo alem ´ do jornalismo ´ Um jornalismo alem do convencional: Blogs e redes sociais Carolina Marins

Já houve quem acreditasse que o jornalismo digital seria uma transposição do que era produzido no meio impresso com textos longos, sem estrutura e edição adequadas. Hoje em dia, se percebe que as oportunidades oferecidas pela web são únicas e que o jornalismo digital precisa ir além do jornalismo convencional, suprindo, de forma rápida e eficaz a necessidade do leitor na correria do dia-a-dia. Comunicação é a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo e trocando experiências, ideias, sentimentos, informações, modificando mutuamente a sociedade onde estão inseridas. Sem a co-

municação, cada um de nós seria um mundo isolado. Na internet esse mundo “liberto” é cada vez mais extenso. O fato de querer “tornar comum” uma informação culminou na explosão dos blogs e das redes sociais, onde não há filtro para o que se é dito. “É partindo da premissa de que não podemos considerar ‘comunicação’ apenas uma tarefa de jornalistas e comunicadores dos vários meios midiáticos existentes, que fazemos de nossos blogs um canal para ir além”, afirma a estudante de jornalismo e blogueira Maria Manoela Alves. Para Manu, como é conhecida nas redes sociais, “a internet é muito mais do que um espaço para fofocas. Nesse mundo aberto,

podemos falar o que queremos, expor nossas opiniões e repassar informações, além de nos aprofundarmos muito mais em determinados assuntos”. Maria Manuela comenta que todos os dias visita blogs de grandes jornalistas para saber sobre a opinião deles fora das redações. Ainda existem jornalistas mais conservadores que escrevem apenas para os meios aos quais trabalham, subjulgando o poder das redes sociais, blogs e microblogs. Aqueles jornalistas que fazem uso dessas ferramentas obtém grande número de seguidores, que acessam suas páginas todos os dias para ler a opinião do jornalista fora de seu espaço profissional.

Jornalismo publicitário Karine Florenciano

Com a quantidade de meios de comunicação e informações que são recebidas por um leitor, o jornalismo tem procurado ir além e com isso o profissional procura aprendetr mais e buscar outras alternativas, pois não é apenas escrever uma matéria e publicá-la o desafio hoje é atrair o leitor e detê-lo na sua notícia. E isso o jornal carioca Meia Hora, tem desempenhado muito bem. O jornal é destinado as classes C e D, pois atrai o público falando de sangue, fofoca, futebol e mulheres, porém de uma forma irreverente que se distingue dos outros jornais populares. O Meia

Hora se destaca pelo seus trocadilhos, e sua relação bem humorada com a imagem, que as vezes chama tanto a atenção que acaba enganando o leitor. O tabloide mostra que o jornalismo e a publicidade vem caminhando juntos pois um publicitário tem que criar e vender o seu trabalho, e o jornalista tem que escrever bem a matéria. O Jornal tem conseguido unir as duas faces, mesmo as vezes não tendo uma boa matéria, faz um título descontraído e chama a atenção do público. Com isso consegue vender a notícia. Por isso que em 2011, o Meia Hora foi décimo diário com maior circulação no Brasil, e a venda dele é restrita apenas ao Rio de Janeiro. Ele não é só sucesso

no papel, é também o queridinho das redes sociais, pois vem atingindo com frequência compartilhamento das suas capas. O Meia Hora é o exemplo da multiface do jornalismo e do jornalista.

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Jornalismo alem ´ do jornalismo O jornalismo está curtindo as mídias sociais Ruyter dos Santos

A popularização das redes sociais, dos aparelhos celulares multiusos e da conectividade estão revolucionando a maneira dos seres humanos de se relacionarem. Segundo o estudo IBOPE NetRatings de Setembro de 2012, o Brasil já é o 5º país mais conectado com 83,4 milhões de usuários ou 48% da população nacional. O fácil acesso à internet presente não só nas grandes cidades, mas nas médias e pequenas também, está aproximando cada vez mais o repórter das pautas. As redes sociais são um marco para a comunicação mundial e estão em constante desenvolvimento. O surgimento de novas mídias faz com que todos os jornalistas precisem estar mais conectados e antenados a tudo que está acontecendo. A exposição excessiva da vida já virou rotina, tanto para pessoas comuns quanto para aquelas tachadas de “pessoas públicas”. Só que essa grande proliferação de fontes exige atenção redobrada para a publicação da reportagem. A quantidade de vídeos postados, desabafos publicados e reclamações compartilhadas cada vez mais frequentes podem gerar problemas e divergências na apuração das informações. No entanto, o jornalista deve fazer tudo de uma forma cada vez mais rápida, pois em outros veículos pode haver repórteres com a mesma pauta. Segundo João Matheus Ferreira, de 21 anos, repórter do Jornal Lance, as redes sociais são importantíssimas. “Hoje todos os veículos de imprensa, além de grandes empresas, clubes de futebol e pessoas famosas possuem contas. No caso de uma cobertura esportiva, muitos clubes costumam anunciar contratações na conta oficial do Twitter. Um exemplo é o do presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil. Toda contratação ou renovação é anunciada, antes, no Twitter dele. Outros casos também são comuns, como um Kalil anuncia renovação com Ronaldinho Gaúcho via Twitter desabafo de jogador após derrota. Pode ser um bom instrumento de pesquisa e fonte para se aprofundar em determinado assunto. No entanto, deve-se, sempre, prestar muita atenção se o perfil é verdadeiro ou não, algo que acontece constantemente no Twitter.” Se voltarmos um pouco no tempo, quando os celulares serviam apenas para ligar, o jornalista tinha nessa ferramenta um meio de encurtar o seu caminho com a informação. Porém o avanço tecnológico fez com que o leitor passasse a ser o repórter. Isso é, através de notícias divulgadas em redes sociais e fotos tiradas em celulares, a reportagem passou a ser publicada pelo próprio internauta. Vendo isso, alguns veículos enxergaram que, já que essas notícias estão sendo veicu-

Jogador do fluminense desabafa após o jogo

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ladas para a massa, que sejam pelos nossos portais. Então alguns portais criaram o formato “Vc Repórter”: matérias enviadas pelos leitores e publicadas pelo veículo, em que a notícia não precisa seguir o padrão jornalístico e o crédito é dado à pessoa que enviou, isentando o meio de comunicação de eventuais problemas. Para Thiago Dias, de 30 anos, jornalista do portal Globoesporte.com, um leitor pode dar um "furo" de repor-


Jornalismo alem ´ do jornalismo tagem. “Pelo Twitter, isso acontece diariamente, e os sites/jornais/tvs tentam aproveitar isso criando sessões como ‘vc reporter’. Qualquer um pode estar em um restaurante e tirar uma foto do Luiz Felipe Scolari jantando com o Marin, por exemplo, sem que a imprensa saiba. A nossa missão, como jornalista e veículo, é saber filtrar o que é verdade e o que é mentira de pessoas que não são profissionais de imprensa. Para isso, vale o princípio básico do jornalismo: apurar, sempre, de novo, várias vezes, até ter certeza do que será publicado”. Fato também é que praticamente todos os jornalistas já possuem alguma das ferramentas digitais da atualidade. Mas é necessário ter cuidado com a opinião exposta nessas ferramentas. O fácil acesso do público aos jornalistas fez com que essa relação se aproximasse e, por inúmeras vezes, fosse confundida com intimidade. Situação muito presente quando o assunto exposto envolve esporte, política, religião; resumindo: assuntos em que o fanatismo está presente. Sergio Du Bocage é apresentador do EsporTVisão da TV Brasil e jornalista com mais de 30 anos de experiência. Ele usa seu Facebook para promover enquetes e opiniões respondidas por seus “seguidores”. “Na minha página, volta e meia gosto de provocar discussão e as pessoas acham que sou muito parcial em algumas posturas. Futebol, para mim, não só é profissão como também diversão. Tem gente que não entende isso. Futebol sem discussão vira vôlei ou remo! Gosto do debate. Alguns dizem que não sou ético. Não seria, se me deixasse levar pelas opiniões que Golaço do sueco Ibrahimovic contra a Inglaterra foi compartilhado pelo mundo postam toda hora na minha página. Curioso é que, claro antes mesmo do jogo acabar que a gente não pode agradar a todos, mas recebemos cerca de 300 mensagens por domingo na fanpage do nosso programa, que servem inclusive de pauta durante ele. Acho também que muito importante são as críticas. Eu gosto muito de dar atenção a elas.” O jornalista é uma pessoa como outra qualquer, porém ele tem como obrigação apenas expor a verdade sem inserir a opinião. Mas é fato que a isenção nem sempre é fácil, tanto para o jornalista quanto para o veículo. Interesses editoriais podem também exercer algum tipo de censura na matéria. O principal é que a notícia tem que ser verdadeira e a partir daí formatada. Francisco Aiello é comentarista esportivo na Rádio CBN com mais de 20 anos de experiência no mercado. Para ele, o cuidado com o que é informado pelas redes sociais tem que ser mútuo, tanto para o jornalista quanto para o não profissional de comunicação. “Antigamente, a gente não desligava o telefone e pronto, a matéria está pronta. Então, as redes sociais só são mais uma fonte primária de apuração. Quando uma pessoa trabalha em um veículo de comunicação, ela tem uma responsabilidade muito grande, tem um código de ética a seguir e uma norma de redação a cumprir. E quando simplesmente abre uma conta no Facebook ou Twitter se acha veículo, e a grande diferença está aí! Quando postar uma informação que for prejudicial, somente o usuário sofrerá esse prejuízo, diferentemente de quem trabalha no veículo de comunicação que o maior atingido será a própria instituição.” Assim, o jornalista vem se reinventando para apresentar sempre o seu melhor trabalho. A investigação tem que ser mais apurada, fazendo a matéria mais completa. O “furo de reportagem” vem sendo publicado nas novas mídias como Blogues, Twitter e Facebook e posteriormente analisadas de forma detalhada nos veículos. O fundamental é que a ética e o respeito não sejam extintos com as novas mídias.

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Jornalismo cidadão

Os internautas invadiram a TV

Eduardo Amorim

Ainda podemos sentir os “abalos” que o impacto da internet causa ao jornalismo em geral e na forma de nos comunicarmos pessoalmente. Não é de se espantar que a rede “invada” os programas de TV, não só com participações em chats, mas também pautando programas de informação e entretenimento. Em diversas áreas do telejornalismo podemos sentir essa “invasão”, tanto em programas de esportes, lazer, culinária como nos religiosos. Por exemplo, no “Redação SporTV” do canal por assinatura SporTV, o apresentador André Rizek lê e-mails e “twittadas” durante exibição do programa, que vai ao ar todos os dias ao vivo, das 11:30 ás 13:00, de segunda a sexta-feira. Muitas vezes, as perguntas, sugestões e até correções feitas pelos usuários, mudam o foco das reportagens. Eles também contribuem com informações que há alguns anos atrás seria total responsabilidade da produção. É importante lembrar que este programa tem participação de grandes nomes do jornalismo esportivo, tais como Maurício Noriega, Alexandre Oliveira, Renato Mauricio Prado. Até mesmo o famoso apresentador Galvão Bueno, no programa “Bem,

nha telespectadores fiéis, como o torna mais dinâmico, atualizado e atraente. Devemos ressaltar que essa participação é facilmente manipulada, principalmente porque o apresentador não irá ler duras críticas ou opiniões muito adversas, pois ele seleciona os e-mails e as mensagens, que v ler. Mas é inegável que a interatividade do público e necessária para o sucesso do programa.

Apresentador André Rizek

Eduardo Spohr, jornalista que trabalha a mais de 13 anos em redação de portais, comenta no seu artigo “Credibilidade evolui no jornalismo digital” no site Jornalistas da Web, que “há cinco anos, ninguém levava muito a sério o que se lia na Web. A Internet era muito mais tablóide de notícias bizarras e de entretenimento do veículo de hard news -não que já tenhamos superado isso totalmente. Mas hoje já é possível ver um telejornal divulgando reportagens baseadas em informações da versão eletrônica de algum periódico internacional.”

amigos”, segue a linha de participação dos internautas. A forte participação da internet não só faz com que o programa te-

O jornalista Mario Lima Cavalcanti, em seu livro “Eu mídia”- ( A era cidadã e o impacto da publicação pessoal no Jornalismo) que conta com a parti-

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cipação de jornalistas especializados no assunto. Mario também é fundador do site de grande sucesso na internet o “Jornalistas da Web”, que fala da ligação do jornalista com as novas mídias. Ele explica no livro que o jornalismo cidadão transformou a figura do leitor, quando diz o seguinte: “Por jornalismo cidadão, chamado ainda de jornalismo colaborativo ou jornalismo participativo, entende-se um modelo de jornalismo em que o leitor/ usuário deixa de ser um mero receptor e participa, parcial ou integralmente, do processo de produção de um conteúdo jornalístico. Nesse formato, a participação tem um peso maior a partir do momento em que o produto final, o que é tido como conteúdo noticioso de um veículo e estará disponível para os receptores, tem o dedo destes. È certo que a participação do receptor e canais independentes de expressão são coisas que não nasceram hoje ou nos últimos anos. Espaços como panfletos, fanzines e seções de cartas dos leitores existem há décadas(...) Entretanto não estamos falando apenas de interação, mas também de participa-

ção do receptor no que será consumido por todos em uma ambiente de imenso alcance, o que tem feito algumas pessoas se preocuparem com questões como credibilidade e veracidade da informação”.


Jornalismo cidadão Um outro exemplo, em rede aberta, foi a estréia do quadro “Jovens do Brasil’ do programa Jornal Hoje da TV Globo exibido todos os dias ao meio dia, de segunda a sexta. A pauta é decidida pelos usuários, em uma enquete feita pelo site do programa. O apresentador Evaristo Costa e dois especialista do tema, o qual foi sugerido pelos usuários, comentam , debatem e respondem perguntas, também através de correio eletrônico, lendo e-mails e “twittadas”, fazendo do usuário peça chave para o programa, que exibi a matéria escolhida no Jornal Hoje. Dessa forma, fica claro que o jornalismo hoje só acontece com a “invasão” de internautas. Pelo fato de popularizar e acrescentar uma novidade para o telespectador. Mais do que isso, se tornou uma necessidade de adaptação aos novos telespectadores, devido a mudanças que seus hábito e costumes , isso reflete no jornalismo, que é feito por pessoas para informar pessoas.

No Brasil 83,4 milhões de pessoas têm acesso a internet, segundo o Ibope Nielsen , seja na residência, trabalho, escola, lan house ou em outros lugares. Esse número foi divulgado no dia 29 de Setembro de 2012. Os sites que mais cresceram foram os esportivos, os de fotografia, de eventos, de previsão do tempo, de destinos de viagem, e de vendas de passagens ferroviárias. As páginas de esporte cresceram 2,3% no mês de

Julho, comparado ao mês anterior e chegaram a 21,9 milhões de usuários únicos, enquanto os sites de fotografia ganharam 3,2% mais visitas, atingindo 14,1 milhões de usuários. Segundo a AdRelevance, serviço do Ibope que monitora a atividade publicitária na internet, 7.193 campanhas de publicidade foram veiculadas em Julho de 2012, esse número é 32% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. O volume de banners na internet cresceu 34% neste período, passando de 16.364 para 21.846.

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Jornalismo cidadão

A autobiografia da favela Lohana Hastenreiter

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mídia tradicional está lentamente dando espaço para novos tipos de abordagem da notícia. O jornalismo cidadão torna-se, cada vez mais, a democratização da informação e um novo recorte da realidade. Do leitor para o próprio leitor, esse novo tipo de mídia quer que suas impressões sobre os fatos seja levada em conta, assim como seu lugar no cotidiano da população.

e conta com, além de jornalistas cidadão de todo o país, animadores e produtores de conteúdo multimídia e lideranças locais.

A falta de um gatekeeper ou de anseios corporativistas conhecidos da grande mídia fazem o jornalismo cidadão parecer mais puro e engajado com suas causas reais. Além do público, a utilidade social do jornalismo cidadão chama a atenção da grande mídia nacional e internacional.

O VivaFavela conta também com uma revista multimídia, também produzida pelos correspondentes que é enviada a cada dois meses para cerca de quinze mil assinantes. Os autores são remunerados e postos em contato com os editores do número, sempre que possível através de oficinas e cursos presenciais.

E a favela vive! Com a temática sobre favelas, para o projeto VIVAFAVELA o importante é poder veicular o olhar “de dentro” da comunidade com correspondentes naturalizados com o ambiente. O projeto visa a expor o cotidiano dessa população

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O projeto, que tem mais de dez anos de existência, é referência nacional na categoria. Na internet, é um site colaborativo com 1,7 mil usuários cadastrados e mais de 200 correspondentes ativos que produzem e compartilham conteúdo.

Fora da web, além de se tornar uma rede de voluntários que atuam como correspondentes em uma plataforma colaborativa, o projeto também vem tendo visibilidade com formação de comunicadores multimídia, por meio de oficinas que o VivaFavela oferece para líderes locais e futuros correspondentes terem mais facilidade em aprender como funciona esse tipo de mídia.

Desde sua criação, em 2001, o VivaFavela coleciona prêmios - inclusive internacionais - como o Documentary Photography Distribution Grant, da Open Society em NY, e foi finalista do prêmio Stockholm GKP, participando da cerimônia de premiação na malásia. Além disso, inspirou dois livros: O “Viva Favela”, que foi lançado em 2009, que reúne cerca de 50 imagens do acervo de quase 50 mil fotografias de favelas cariocas feitas desde o início do projeto, e o livro “VIVA FAVELA! - Quand les démunis prennent leur destin en main” que apresenta o projeto na França.


Jornalismo cidadão

De olho nas olimpíadas O RioOnWatch (abreviação para Rio Olympics Neighboorhood Watch/ Comunidades do Riode Olho nas Olimpíadas) é um site do projeto das Comunidades Catalisadoras, ONG que lutapela destigmatização das favelas do Rio. É o único site de notícias em inglês que veicula a perspectiva de líderes comunitários, moradores de comunidades e observadores internacionaisacerca das mudanças que acontecem na cidade durante a contagem regressiva para osgrandes eventos da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O site, que é feito de forma colaborativa com voluntários brasileiros e estrangeiros, foi criadoem 2010 com a finalidade de repercutir o cotidiano das favelas durante a preparação da cidadepara receber os jogos e, com isso, procura gerar mudanças em prol de um desenvolvimentoconjunto e sustentável nas comunidades cariocas. Obter uma visão mais fiel da realidade e dar voz à vivência urbana na periferia da cidade é o que o projeto mais valoriza. O projeto teve seu reconhecimento internacional cerca de nove meses após sua criação. Tudoteve início quando observadores internacionais da ComCat filmaram agentes da prefeituraderrubando as casas dos moradores da comunidade Vila Taboinha, na zona oeste do Rio. Nove meses depois, o projeto foi contatado pela Associated Press, uma das maiores agências de notícias do mundo, conseguindo que a matéria sobre as remoções nas favelas atingisse a grande imprensa. Depois, deu seguimento à matérias no The Guardia, BBC, Telegraph, The Independent, entre outros veículos internacionais. Theresa Williamson, fundadora do site, quando questionada sobre

o conteúdo que mais interessa aos jornalistas internacionais, disse em entrevista ao portal de noticias O Dia “Recebemos questionamentos de jornalistas sobre UPPs, obras do PAC na urbanizaçãodas comunidades e também a respeito de remoções de moradores para obras das Olimpíadas. O ‘New York Times’ já publicou uma matéria sobre as desapropriações no Morro da Providência”. A linha editorial do site questiona se o Rio aproveitará a chance de se reerguer como cidade global pelos grandes investimentos que recebe no momento, e conseguir consolidar suaeconomia, ou se continuará sendo a “cidade partida” que nós, cariocas, nos acostumamos a viver. As desigualdades sociais serão reduzidas? A boa imagem internacional tão preservada pelo governo e pela grande mídia se concretizará? Esses são os temas defendidos pela RioOnWatch.

das todos mês. Além de repórteres, ainda já necessidade de tradutores de inglês e português. Foram publicados, em 2011, cerca de 111 artigos cobrindo eventos em favelas do Rio. No mesmo ano, realizaram a formação de 30 jovens de comunidades no Rio de Janeiro Jornalismo Comunitário e 8 em vídeo jornalismo, para produzirem conteúdo para o site ao longo desse ano. Além disso, 50 jovens de outras três comunidades ingressaram no curso de “Video Jornalismo: Vozes da Juventude”, em parceria da RioOnWatch com a Adobe Youth Voices.

Para quem comprou a ideia e deseja fazer parte do voluntariado, o processo é muito simples. Qualquer pessoa pode enviar sua matéria para os editores do site. Quatro matérias de jornalistas comunitários são remunera-

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Jornalismo cidadão

Revolução sem cara Anonymous aproveitam a obscuridade da internet para lançar uma nova luz a velhos fatos, por vezes batidos ou ignorados pela grande imprensa Gustavo Magalhães

“Compromisso com a verdade. Isenção. Um time de formadores de opinião que não têm medo de mostrar a cara”. Essas palavras não foram retiradas de uma vinheta de fim de ano, promovendo a programação jornalística de um canal de TV. Mas bem que poderiam. De modo geral, os grandes veículos de comunicação de massa têm essa tendência a exacerbar o que, como e, em especial, quem faz o jornalismo que chega às TVs, jornais e revistas de milhares de pessoas. Talvez por esse motivo, um movimento que defende abertamente a livre circulação e o livre uso da informação e, na contramão da grande mídia, não quer formar opinião, prefira esconder-se por detrás de uma máscara. Nascido no lado B da internet, os Anonymous são hoje um movimento de mobilização política. Por um lado, rejeitam a forma de grupo ou organização ideológica e preferem a definição de ideia. “Nós não somos uma organização e não temos líderes. Oficialmente nós não existimos e não queremos existir oficialmente”, explica o Anonymous em uma apresentação na internet que completa: “se alguém lhe disser que representa ou lidera Anonymous, este alguém não conhece a ideia Anonymous, porque nós não podemos ser representados ou liderados, porque isto é o que somos: uma ideia”. De uma forma ou de outra, há, de fato, um trabalho coordenado – eles já assumiram a autoria de diversos ataques digitais que derrubaram sites de corporações e governos envolvidos em atos que os anônimos julgaram estar relacionados com a supressão de liberdades – o termo é ativismo hacker.

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A morte do redator Mas e a relação entre a ideia do anonimato e a nova forma do jornalismo? Primeiro é preciso refletir sobre quem é dono da informação. Se uma notícia ou reportagem traz uma carga de dados, informações e, quando bem feitas, pontos de vista diferentes sobre um fato qualquer de interesse público, o conteúdo é de direito de quem apurou, produziu e publicou. Não é bem assim.

Anonymous apenas pede que você se informe e busque infor-mações por você mesmo, e ape-nas isto. Somos pessoas comuns, de todas as cidades e de diversos lugares do Brasil e do mundo”

Aceitar que a matéria jornalística é um pacote de informações articuladas leva à conclusão que este mesma articulação vai continuar na cabeça do leitor, ouvinte ou espectador. A edição final do jornal só acontece na mão do leitor para o qual o texto tem alguma relevância. O anonimato, então, funciona como uma despersonificação da informação. Desapego possível, apenas, em contextos nos quais mercado, empresa ou lucro não têm espaço ou até são rejeitados. Sem líderes, a intenção é utilizar as ferramentas disponíveis para divulgar o máximo de informação e devolver ao público a responsabilidade pela formação de sua opinião. Iniciado por pessoas íntimas das ferramentas digitais, inclusive, de comunicação, os anônimos brasileiros estão nas mídias sociais, têm seu próprio site de notícias e, bem como os re-

pórteres, estão nas ruas, cobrindo fatos de interesse público – porém são parte intríscica da notícia, o que o jornalista também é, mas não admite.

A gente se vê por aqui (?) Na esteira do movimento que levou milhares de pessoas às ruas de Nova York, a partir de setembro de 2011, o diretor canadense Corey Ogilvie iniciou um projeto (Occupy – The Movie, com lançamento previsto para 2013) pelo qual dissemina a prática do Jornalismo Cidadão. O roteiro é costurado em três pontos-chave da manifestação: a necessidade ter câmeras nas mãos dos manifestantes todo o tempo, a cobertura da violência policial contra a liberdade de reunião e de expressão e papel desempenhado pela grande imprensa. Aqui no Brasil, os anônimos também começam a enfatizar a prática e, em outubro deste ano um policia militar foi preso após ser flagrado agredindo uma manifestante, no Centro do Rio. O caso começou quando dezenas de pessoas fechavam parcialmente a Avenida Presidente Vargas, via coronária da cidade – na altura da Prefeitura do Rio – em uma manifestação contrária ao aumento no valor das passagens de ônibus, anunciado para 2013. Em dado momento, um PM agrediu uma manifestante com uma arma de choque – no vídeo, a garota aparece de costas para o policial, segurando um cartaz, quando a cena de violência é flagrada por um dos integrantes da passeata. E os jornais? Repercutiram e precisaram dar o crédito das imagens ao Youtube, onde as cenas foram divulgadas, no dia seguinte a passeata (25 de outubro, http://youtu.be/hC03T7Z5Of4). Nas imagens é possível no-


Jornalismo cidadão Se uma imagem vale mais que mil palavras elas também podem valer a segurança de todos em um protesto e valer de prova em caso de abuso policial”

tar, ainda, que vários outros manifestantes filmavam a passeata e que um fotojornalista profissional corre, mas perde o flagrante da agressão. A depender do fluxo convencional da informação, talvez fossem publicadas noticias sobre a agressão, mas elas viriam sem o apoio das imagens. De acordo com assessoria da PM, o policial foi preso pelo batalhão de São Cristóvão (4º BPM) e o caso é investigado pela Polícia Civíl (6ª DP). Este não o único caso de flagrante, mas os diferentes ângulos, de câmera ou reflexão, também não são as únicas pautas do jornalismo anônimo.

Foco no que interessa Na página Anonymous Brasil.com,

não é preciso ter Facebook, Twitter ou estar habituado com a linguagem da internet e seus jargões. Os anônimos produzem um site de notícia muito similar a qualquer outro e a diferença está apenas na escolha das pautas. Claro que não há preocupação com créditos de matérias replicadas de outros veículos, muito menos com o nome dos jornalistas – eles defendem a informação livre, sem dono, mas também não têm anunciantes ou promovem grupos específicos ou partidos políticos. O foco é na notícia. No formato portal, é possível encontrar em um único lugar informações sobre movimentos sociais, reportagens investigativas feitas por agências do Brasil e do Mundo, temas socioambientais, como o uso de recursos naturais, educação e corrupção. Ou seja, sem editoriais específicas, o portal Anonymous Brasil.com é, em parte, um agregador de conteúdo jornalístico sobre Direitos Humanos e Cidadania. E, além disso, funciona como ponto de encontro com o Anonymous Brasil, pois de

lá é possível entrar em contato com os participantes e, claro, contribuir e participar das ações organizadas pelo grupo – vão desde ataques digitais a sites e campanha de disseminação de informação nas ruas a ações de recolhimento de bens para doação. No mento da edição desta matéria, capa do site chamava a atenção para a convocação de associações brasileiras de imprensa e mídia à Argentina, em defesa do movimento contra a Lei de Meios. No país vizinho, o governo de Cristina Kirchner pressiona pela aprovação da regulação dos meios de comunicação. De um lado, acusações de censura e intervenção estatal na iniciativa privada. Do outro, denúncias de concentração econômica e uso abusivo da máquina de informação. Isso no continente das ditaduras militares e da promiscuidade entre a máquina de comunicação e o poder econômico. O velho debate do Laissez-faire, mas para quem? O Anonymous Rio e o Brasil foram procurados, mas não concederam entrevista até o fechamento desta matéria.

Outras versões

Confrontos com polícias, durante protestos, divulgados na página do Facebook do Anonymous Rio, com apoio de imagens feitas pelos próprios manifestantes.

4 de outubro, Porto Alegre (RS), contra o tatu da copa. Protesto terminou em cenas de violência com 14 feridos hospitalizados.

Momento em que um policial agride o manifestante que filmava o protesto

Manifestantes param o trânsito na tarde do dia 24 de outubro aos gritos de “ei, Dudu, vai tomar no cu”. Alusão ao Prefeito do Rio, Eduardo Paes

31 de outubro, Rio de Janeiro (RJ), contra o aumento no valor das passagens de ônibus.

Policial corre, agride e derruba câmera de jovem que filmava confrontos a distância. Em seguida, a mulher corre e é derrubada. Três policiais Cinegrafista anônimo detido pela PM completam o cerco

Momento no qual PM dá choque em manifestantes que protestravam na baia de parada dos ônibus. Anônimos flagraram, imprensa repercutiu

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Cinema

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Maria Júlia Alves

Do papel às telas

batida nas teclas é a primeira semelhança da máquina de escrever e do computador. Numa máquina de escrever não se pode copiar, colar e nem ao menos pesquisar. Nessas condições, é um pouco difícil os jovens jornalistas imaginarem como era trabalhar há 20 anos atrás. Adequar-se a um novo tempo, com novos instrumentos requer ao profissional “das antigas” perseverança e paciência. Para o cinema, a internet trouxe mais espaço para quem vivia limitado somente aos televisão, jornais e revistas. Para comentar um assunto amplo e detalhista, críticos se viram mais a vontade e dispostos a manter suas percepções e adequações com relação aos filmes e seus lançamentos. Além disso, novidades com relação a esse meio também surgiram como novas profissões e páginas voltadas somente para cinemas. Mesmo sendo veículos de comunicação diferentes, jornal e internet mantém o mesmo objetivo, informar aos leitores sobre vários assuntos. Tratando-se de críticas, há comparações sobre os meios que as veiculam. Para Sérgio Alpendre, crítico de cinema das revistas eletrônicas Contracampo e Paisá, as críticas sofreram adaptações com o tempo em ambos os veículos: “Quando começou a crítica de filmes na internet, os textos eram enormes, por mais que dissessem que a internet era um lugar de tex-

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tos curtos, de pouco espaço para a reflexão, já que tudo é mais ágil e rápido. Os textos eram mais intelectualizados, pensavam um pouco mais sobre a linguagem do cinema, diferindo das características daqueles dos jornais, mas agora, com a proliferação de sites sobre isso, eu notei uma aproximação maior desses textos com os de jornal”, revela. Como vantagem, a internet traz mais liberdade para o escritor, já que não há número limite de caracteres. Mesmo assim, o texto se torna cansativo e exaustivo para o leitor, que pode ser rapidamente dispersado pelo bombardeamento de informação que contém nesse espaço virtual. Sérgio explica essa comparação: “Vejo um problema nas publicações para a internet. Às vezes, não se impõe um limite de tamanho ao texto e a ideia acaba menor do que o espaço. O mais importante, na verdade não é o tamanho, mas a ideia, pois cabe ao editor definir isso. O importante é escrever o texto de acordo com a ideia, sem pensar no resto”. Para Bruno Morieval, jornalista e produtor da Sexta Filmes, a internet traz mais benefícios, comparados a outos veículos: “A televisão é um local de onde tem que ter uma programação mais genérica e, por incrivel que pareça, o cinema tem um público específico. A internet, sem o compromisso com audiencia, pode expor mais esse tipo de conteúdo e critica, assim o público específico pode ir até o que procura”.

Mas não foi só a internet que mudou a maneira de ver cinema. Os filmes em 3D são um atrativo a mais para fazer espectadores irem às salas de cinema. Infelizmente, as produções brasileiras não são privilegiadas com essa tecnologia. Para Bruno, os brasileiros prestigiam as produções nacionais mas o reconhecimento vem de outros países: “Acho sim que o cinema brasileiro é prestigiado aqui, porém o grande reconhecimento vem de fora. O brasileiro, como grande parte de sua personalidade, tem o mau hábito de depreciar tudo que é seu, que o que vem de fora é sempre melhor. Isso acaba refletindo também no cinema e sofremos com essa cultura ainda.” Independente da produção ser nacional, internacional ou em 3D, os jornais ainda tem grande influência na escolha. As críticas são como um ponteiro na hora de guiar os espectadores na escolha dos filmes, como o bonequinho do jornal O Globo. O personagem é uma Criação de Luiz Sá e foi publicado pela primeira vez em 21 de junho de 1938, quando apareceu na edição das 17 horas. O bonequinho ainda tem grande influência sobre os cinéfilos. No Rio de Janeiro é muito comum o uso da expressão “aplaudido de pé pelo bonequinho” para referir-se a bons filmes. Entre os 10 melhores filmes avaliados pelo bonequinho, a única produção brasileira é o filme Cidade de Deus, de Fernando Meireles.


Cinema

O burburinho da sétima arte: A crítica cinematográfica influencia na repercussão dos filmes?

Thaysa Silva e Jéssica Semedo

Q

uem poderia acreditar que os maiores amantes da tela grande fossem virar aficionados pelo monitor e teclado? O fato é que. na era digital, os críticos, profissionais conhecidos e respeitados pelo público do cinema, migraram para o meio virtual e conquistaram novos e inusitados seguidores. Uma pesquisa realizada em 2011 pela comunidade virtual Habbo Hotel com cerca de 20 mil jovens de 13 a 17 anos revelou que 80% dos entrevistados consideram a opinião dos críticos determinante na hora de assistir a um filme. O interesse pela sétima arte vai além da exibição: o público na internet busca cada vez mais informações sobre diretores, atores, filmagens, críticas e resenhas em sites especializados. Na pesquisa, cerca de 40% jovens afirmaram que frequentam o cinema pelo menos uma vez por semana, indicando o quanto a indústria cinematográfica é fomentada pela opinião desses profissionais. No entanto, o crítico de cinema da Folha de S. Paulo e roteirista, Inácio Araújo, discorda: “a crítica está perdendo sua relevância, como por exemplo, as críticas que são um estorvo para grandes lançamentos, basea-

das na publicidade massiva”. Inácio complementa: “O desejável seria que a crítica não tivesse influência alguma sobre a bilheteria. Não é porque eu acho um filme ruim que ele não deva ser visto. Com frequência, você aprende mais com um mau filme do que com um bom. É tão importante saber o que é certo fazer quanto o que é errado”, revelou o crítico em a Revista Língua Portuguesa. A grande maioria dos críticos concorda também que a influência sobre o público é muito maior em obras de produções mais baratas, como algumas nacionais, ou circuitos de arte independentes, em que o investimento em divulgação é bem menor e o interesse está mais focado na arte do que na bilheteria. No caso das produções independentes, o sucesso de bilheteria é uma consequência de uma boa obra, e não o único objetivo, como nas superproduções hollywoodianas no estilo blockbusters. Como declara David Mendes, ex-crítico do Jornal do Brasil e, atualmente, roteirista: “Quanto mais recursos publicitários um filme tem, menos importância tem a palavra dos críticos”. Para Eliana Coelho, professora universitária com especialização em imagens, a crítica de cinema independe do veículo e tem a missão de orientar. “Ela é ou não é uma boa crítica, independentemente do suporte (online ou impresso). O olhar do crítico para o filme deve ultrapassar

o ‘gosto ou não gosto’, a crítica é bem maior que isso. Logo, uma boa crítica traz nela elementos para que o leitor possa decidir ir ou não ao cinema.” E quanto à relevância dos críticos atualmente ela declara: “Grande parte da crítica contemporânea parece estar voltada para o mercado consumidor. As críticas nas mídias de massa falam de cinema como se falassem de feira livre”. A jornalista e estudante de cinema Ellen Ferreira, diretora do documentário Bárbara em cena, primeiro lugar na quinta edição do U.FRAME, Festival Internacional de Vídeo Universitário, diz não considerar a crítica um fator determinante na escolha do filme: “Eu leio a crítica porque acho válido saber os pontos de vista de diferentes profissionais da área, mas isso não invalida a minha opinião ou me impede de ver um filme”. Ellen Ferreira também alerta sobre o crescente espaço dado às crítica de cinema e a quantidade de informação na rede. “Aumentou o espaço, mas não a qualidade da crítica. Acredito ser válido ter sites especializados e espaço para expor a opinião, mas é preciso filtrar o que se lê. Há muita crítica sem fundamento e sem base teórica ou bagagem.”

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Cinema

O espetáculo social dá mídia O avanço da cobertura jornalística nos grandes acontecimentos

Camilla Bispo

V

iolência, corrupção e tráfico de drogas estão estampados todos os dias nas páginas dos jornais, mas a sociedade não reflete sobre essas questões e apenas registra o que foi transmitido pelos meios de comunicação. Quando os mesmos assuntos são enfocados em obras de ficção, como filmes e novelas, aí sim conseguem levar os brasileiros a pensar e discutir, tendo como exemplo claro desse fenômeno o próprio filme Tropa de Elite II. “O sistema é comandado pela política, e a política só respeita a mídia”. Assim define o personagem de Wagner O aprofundamento na abordagem do episódio do ônibus 174 e da trajetória de vida de Sandro Barbosa do Nascimento ocorreu pelo cinema. Em 2002 o diretor José Padilha, de “Tropa de Elite”, transformou a história no documentário “Ônibus 174”, que trouxe ao grande público informações

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Moura, o Coronel Nascimento, no momento em que ele percebe que a violência não é apenas uma questão de polícia, mas também uma questão de política. E percebe, nesse caminho, a influência que tem a mídia no dia-a-dia político. Conforme publicado em outubro de 2007 pelo Observatório da Imprensa, a obra é “uma ficção que espelha muito a realidade ou o que as pessoas imaginam que é a realidade”, por isso a sociedade usou o filme como material para discutir o tempo presente. O filme responsabiliza quem está no asfalto, a sociedade, o Estado, e não só as comunidades carentes dominadas pelo tráfico de drogas e pela violência urbana. Já o noticiário jornalístico fragmenta as ações, levando a uma percepção seletiva da violência, ao passo que a ficção apresentaria um começo, meio e fim para os conflitos. A dramaturgia obriga o espectador a criar um sentiinéditas e esclarecedoras. Seis anos mais tarde, em 2008, um filme brasileiro dirigido por Bruno Barreto, “Última Parada 174” é uma ficção baseada na história verídica de Sandro. O filme foi escolhido pelo Ministério da Cultura como representante do Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro na cerimônia de 2009.

do entre os fatos e enfoca o aspecto emocional dos acontecimentos, o que não ocorre com o simples reportar de fatos. Ao se fazer um filme, pega-se uma determinada realidade, que neste caso é a violência urbana, e a transforma em um objeto. Já Ônibus 174 - episódio marcante ocorrido no Rio de Janeiro, em 12 de junho de 2000, às quatorze horas e vinte minutos, onde o ônibus da linha 174 (atual 158)/(Central–Gávea), ficou detido no bairro do Jardim Botânico por quase 5 horas, sob a mira de um revólver, por Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelária - trouxe à tona e, de uma só vez, colocou à frente do espectador, parte da problemática social brasileira, sem que pudéssemos fugir ou virar o rosto. O resultado foi estarrecedor. O personagem principal do fato, Sandro, teve durante quatro horas, câmaras de televisão apontadas contra o seu rosto, exibindo para todo o país e o mundo as suas ações. A exposição de Sandro às lentes da televisão contribui, portanto, para a sua “demonização”. O erro de um policial num seqüestro de ônibus é respondido por uma intensificação das atividades policiais em áreas consideradas “perigosas” da


cidade, onde as drogas associadas às armas pesadas representariam uma fórmula “perigosa”. Segundo o artigo de Leonardo Coelho Rocha, graduado em Comunicação com ênfase em Jornalismo, o caso de Sandro ajudou a definir uma estratégia de combate ao crime, pois sua figura representava todas as imagens das minorias urbanas marginalizadas: menor de rua, usuário de drogas, morador de favela e armado com armas pesadas. • Em relação à cobertura da mídia, Sandro do Nascimento foi um dos seus personagens centrais, por causa das imagens de terror que protagonizou ao longo do episódio e dos discursos de condenação veiculados nos jornais contra ele. A mídia não procurou investigar a vida de Sandro, na tentativa de contextualizar o momento vivido por ele e que o levou à tarde fatídica de 12 de junho. Antes, buscou explorar suas imagens aterrorizantes, condená-lo à morte e exercer de maneira nada profissional a prática jornalística. E é justamente neste instante que nos impressionamos, como há pouco tempo, mais especificamente 12 anos, a polícia tenha se mostrado tão diferenciada em sua maneira de abordar casos como o de Sandro. É gritante o despreparo da corporação durante o acontecimento, ficou evidente que não havia qualquer estratégia que fosse, para enfrentar o que era até então, inesperado. Após o fato e a massante mobilização de todas as partes, uma outra posrtura passou a ser assumida pela PM e a partir daí, esta força

se mostrou com outra roupagem em acontecimentos posteriores. É valido lembrar que não só a polícia, mas também a mídia, se mostrou sem o menor preparo para cobrir um fato tão chocante como aquele. A abordagem feita pelos meios impressos, a banalização no tratamento das imagens sendo transmitidas em tempo real, a linguagem agressiva utilizada pelos meios ao se dirigirem a Sandro, sem ao menos investigar o que de fato tinha ocorrido no momento dos disparos. A tragédia apresentou um papel fundamental, quase como um divisor de águas, no tratamento da cobertura jornalística aos fatos chocantes e inesperados como o ocorrido. Como exemplo dessa nova abordagem midiática aos casos de extremo destaque, podemos citar a ocupação do Complexo do Alemão pelas forças militares, em novembro de 2010 e como a cobertura jornalística desta vez, ocorreu de maneira eficaz e profissional. O Jornal Nacional por exemplo, ganhou o prêmio Emmy

Internacional, na categoria notícia, pela cobertura da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O prêmio é considerado o Oscar da televisão mundial, sendo a maior premiação da televisão internacional, que engloba produções de 50 países e 500 empresas de mídia. Não se trata de se aproveitar de uma situação lamentável e triste para muitos moradores daquela comunidade, mas sim, de destacar como o acompanhamento da tv, do rádio e outros meios de comunicação, foi fundamental para que a população que estava de fora, pudesse acompanhar detalhadamente, e até mesmo, servir como auxílio para as forças armadas, todas as movimentações suspeitas captadas pelas câmeras dos helicópteros. Desta vez não teve sensacionalismo, não teve exposição e abuso a dor alheia. As cenas apenas foram mostradas, cumprindo o papel de manter informada toda a população e autoridades que estavam diretamente ligadas ao fato.

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Novas funções do Jornalismo Do papel para o touchscreen: a tecnologia a favor da informação Mateus Melo

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cordar cedo e ir a uma banca ou buscar o jornal na porta de casa não é uma tarefa que está mais no dia-a-dia das pessoas. O que está na moda agora é ler uma fofoca pelo Twitter e compartilhar no facebook, tudo em questões de segundos. As pessoas não precisam mais esperar pela manhã do dia seguinte para saber o que aconteceu no Brasil e no mundo. Para isso basta um toque nos aparelhinhos cada vez mais tecnológicos, a venda aos montes por aí.

A venda de smartphones cresceu 84% no Brasil em 2011 De acordo com uma pesquisa da empresa IDC, a venda de smartphones cresceu 84% no Brasil em 2011, e até o fim deste é esperado outro avanço de mais de 70%. Em números, a pesquisa mostra que há 15,4 milhões de “celulares inteligentes” no Brasil. Nesse ‘boom’ tecnológico, a venda de tecnologia 3G, ou internet banda larga

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Novas funções do Jornalismo móvel, também aumentou este ano, passando a ter 47,2 milhões de usuários, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Todos esses dados só mostram que o cidadão brasileiro está cada vez mais digital e integrado com a tecnologia. Nesse moderno cenário, as informações e os meios pelos quais elas passam se modificaram, e agora ela deve ser feita adaptada à plataforma onde está inserida. Ou seja, uma reportagem para um portal de celular tem o texto diferente daquele impresso em revistas ou jornais. Até porque no celular não há o mesmo espaço disponível que um jornal de grande circulação. Nas plataformas móveis, as matérias jornalísticas tendem a ficar cada vez mais simples e informais, além de estarem em tamanhos menores. Se alguém quiser buscar uma informação mais detalhada com certeza procurará em outro meio. O fato da informação em aparelhos ‘mobile’ ser direta e descontraída é justamente para ter um público fiel, que diariamente recorrerá a seu conteúdo na hora que estiver em um engarrafamento ou longe de uma banca de jornal ou internet. Os Assuntos devem permitir certa brincadeira para prender o leitor. Nesse novo meio de comunicação vale investir em temas como fofoca, futebol, celebridades e até mesmo banalidades, além de assuntos relacionados ao comportamento ou dicas em geral, seja elas profissionais ou domésticas. Esses assuntos chamam a atenção de leitor e até divertem dentro do possível. Mesmo sendo lidos rapidamente, elas garantem um freqüentador assíduo no portal. Sendo assim, o novo modelo de texto jornalístico, para conteúdos móveis, tem sua característica comum. Ser direto e mostrar aquilo relevante o leitor. Afinal, o celular ou qualquer outro meio móvel é usado para mil e uma utilidades, entre elas o acesso a informação.

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Novas funções do Jornalismo A informação em 140 caracteres: o desafio do Twitter Por Edilson da Rocha Novaes Filho

E

m meio ao trabalho em excesso e à correria do dia-a-dia, está cada vez mais difícil para as pessoas encontrarem tempo para a informação. Ou seja, para se atualizarem. Antigamente ainda era possível sentar para ler um jornal, discutir as notícias, se abalar ou comemorar uma novidade. Mas não mais. O texto impresso, apesar de estar mais curto ultimamente, continua grande para todo esse turbilhão de tarefas às quais todo mundo se rende: trabalhar muitas horas por dia, cuidar da casa, educar os filhos, dar atenção e suporte aos amigos, viajar e ainda procurar muitas outras oportunidades de lazer. Com o avanço da tecnologia, com as novas profissões que surgiram – inclusive dentro da área do jornalismo –, viu-se uma chance de se atualizar de maneira rápida e confiavelmente. Os analistas de mídias sociais são aconselhados a manterem-se sempre muito bem informados, independente de quais temas as suas mídias abordem. Bruno Lacerda, analista de mídias sociais da agência de propaganda “Publicidade Interativa”, na Barra da Tijuca, RJ, diz que a mídia social mais difícil de se trabalhar é o próprio Twitter, exatamente porque reduzir uma informação a 140 caracteres não é função para qualquer jornalista. Perguntado sobre ter algum critério para adaptar a notícia para o espaço proposto pela mídia, Bruno afirma que não possui nenhum critério específico, apenas vai adaptando o conteúdo ao número. Ele ainda afirma que o Facebook é a melhor ferramenta para se trabalhar e propagar toda e qualquer informação. “No Facebook, há leitores para todas as editorias, qualquer infor-

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mação postada é rapidamente compartilhada, comentada e curtida”, afirma o analista. O Twitter torna-se realmente um desafio para os jornalistas e analistas de mídias sociais porque nem toda informação pode ser resumida sem perder parte de seu conteúdo, e quando pode, torna-se uma informação muito pura, quase um resumo do resumo.


Novas funções do Jornalismo No entanto, como tudo, a mídia contemporânea também tem o seu saldo positivo. Como o mundo anda sem tempo para gastar, o Twitter acaba sendo muito mais procurado – e por isso, divulgado – por causa do mesmo motivo que para jornalista torna-se ainda uma dificuldade, um empecilho. As pessoas estão à procura de rapidez, do que antes foi chamado de resumo do resumo. A parte da sociedade trabalhadora – e mais que isso, batalhadora – precisa estar informada ao mesmo tempo em que precisa dirigir, se equilibrar dentro de um ônibus lotado, ao mesmo tempo em necessita dar janta aos filhos, pagar contas, digitar um trabalho importantíssimo no computador, etc. Os profissionais de comunicação também amam e odeiam, como toda a gente. E em relação aos seus instrumentos de trabalho não seria diferente. Aos analistas, coube este paradoxo: amar e odiar quase ao mesmo tempo. Amar e odiar o quê? O Twitter. Bruno Prates: analista de mídias sociais.

Nesta curta entrevista com o Bruno Prates, analista de mídias sociais, pode-se entender bem o que se passa pela cabeça de um deles. Bruno, do que você mais gosta no Twitter? Da possibilidade que ele dá à notícia de poder se espalhar. Esta mídia acaba jogando à nosso favor, nos poupando de trabalho. De qual mídia você gosta mais: Twitter ou Facebook? Cada uma tem o seu lado positivo e o seu lado negativo. São mídias diferentes, ao meu modo de ver as coisas. O Facebook é muito mais amplo em relação ao público, mas o Twitter é muito mais informativo. Mais sério, eu diria. Defina o Twitter em uma palavra e explique? Possibilidades. Vários textos são escritos sobre a mesma coisa antes do melhor ser postado. Conclui-se então que o desafio de escrever uma informação pertinente, importante e relevante em 140 caracteres é de extrema importância para os profissionais da área. Primeiro, porque induz à tentativas, o que sugere experiência. Depois, porque a tendência é termos notícias cada vez mais reduzidas e em muito mais quantidade. Para os sem tempo, um prato cheio.

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Novas funções do Jornalismo Por Tainá Carvalho

Analista de Redes Sociais: o cargo de um futuro não muito distante

Eles nem sempre têm hora certa para entrar na empresa, muito menos para sair, usam roupas despojadas e informais, e o trabalho é visto por alguns como mera diversão, enquanto para muitos é o emprego dos sonhos. Os analistas de mídias ou redes sociais, apesar de não demonstrarem, carregam uma grande responsabilidade. São eles que determinam o conteúdo que será publicado no perfil da empresa, em cada canal de mídia. Com o crescimento da internet, fazer parte dela se tornou algo indispensável. Muitas empresas têm utilizado as grandes redes sociais, tais como (Facebook e Twitter) como canais de Marketing, para potencializar os negócios. Grande parte das companhias – pequenas e médias – já atuam com departamentos específicos nesta área, ou seja, já possuem os Analistas de Redes Sociais. Segundo uma pesquisa recente, feita pela Deloitte no Brasil, apurou que as áreas que comandam ações de mídias sociais nas empresas são: marketing em 73% dos casos, tecnologia da informação 16% e vendas 13%. O segmento possui tamanha importância, que segundo a revista Forbes as 100 maiores empresas do mundo possuem um departamento voltado para as redes sociais, separado do marketing e do marketing digital. O empresário Rodrigo Menezes, diretor do site Concurseiro Urbano, diz que o trabalho do analista de mídias sociais hoje é imprescindível. Em sua empresa, dos nove funcionários, dois são da área. Para ele, monitorar as redes sociais e saber usá-las a favor de sua marca é uma questão de sobrevivência do negócio. A internet tem a capacidade de fazer a empresa ter boa imagem ou, ao contrário, queimá-la, de forma muito rápida - completa Menezes. - Precisamos monitorar as redes tanto para

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vender bem nossos produtos quanto para descobrirmos as necessidades do nosso público. Menezes destaca que os consumidores hoje preferem reclamar dos serviços de uma empresa no Twitter ou no Facebook, antes mesmo de fazer contato com o setor de serviço ao cliente. Muitos se perguntam, qual é a formação de um analista de redes sociais? A grande parte é da área de comunicação, especialmente de marketing. Mídias sociais é um meio novo, cheio de peculiaridades e armadilhas. Os analistas estão sendo muito requisitados, mas a maioria precisa se aprofundar num planejamento estratégico da marca como um todo - explica. - Se a estratégia de mídia social for muito descolada da estratégia de comunicação da marca, existe o risco de uma esquizofrenia, completa Eduardo Barbato, publicitário e professor de interatividade e novas mídias da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio (ESPM-RJ), O conselho de Barbato, portanto, é que aspirantes a analistas e profissionais da área se aprofundem em conhecimentos de marketing para não caírem “num trabalho apenas braçal e operacional”. Não basta ser um nativo de web. Tem que ter mais substância. Umheavy user não necessariamente vai saber ser um bom analista de mídias sociais - afirma. - O ideal é que este profissio-

nal saiba também fazer uma análise da rentabilidade das ações em mídias sociais, ou seja, estabelecer metas e saber medir resultados, para ver se está no caminho certo. Aos interessados, é bom ficar atento às dicas da Simone Medeiros, que deixou a área de moda, na qual se formou, para ser analista de mídias sociais. Agora, ela cursa publicidade, com especialização em marketing digital. No Twitter, por exemplo, é muito fácil de se disseminar as coisas. Você tem que ser ágil e dar uma resposta certeira, ou então já era conta ela, sobre as reclamações de internautas. Algumas ferramentas, como o tweetdeck (que permite gerenciar várias contas de Twitter e de Facebook, ao mesmo tempo) e o klout (que mede a influência da empresa sobre as pessoas), ajudam no dia a dia do trabalho. Mas estar antenada com o que acontece no mundo, entender muito sobre a empresa na qual trabalha e escrever bem são aspectos fundamentais. Já para Vitor Mendes, estudante de Publicidade, os analistas de redes sociais devem ter bastante atenção, pois na maioria dos casos eles são responsáveis por mais de cinco perfis nas grandes midias, eles precisam se habituar ao planejamento e ter sempre um plano B. Pois, o ramo da internet é bastante vulnerável e o conteúdo postado e que agradou ontem, talvez não agrade amanhã.


Novas funções do Jornalismo A fragilidade de um jornalismo adulterado

Por Suelen Gomes

O jornalista tem como função verificar, checar, confirmar e refletir sobre as implicações e consequências da divulgação de suas notícias, porém, não é isso que vem acontecendo. A era digital trouxe rapidez e agressividade para o noticiário, que deram margem para os jornalistas usarem o poder de alcance e as facilidades que as mídias sociais possuem. O resultado disso é um profissional que não verifica suas fontes e leva em consideração tudo que esta na rede. No começo de outubro de 2012, o

à pressa generalizada da sociedade mo-

jornalista italiano Tomasso Debene-

derna e a ingenuidade do público para

detti confirmou para o jornal mexi-

divulgar e justificar esse “novo gênero

cano Excelsior, ser o autor das men-

jornalístico”, o de notícias falsas.

sagens falsas veiculadas pelo Twitter

O que se demonstra com esse tipo

sobre a morte de Fidel Castro. Muitos

de acontecimento, é a fragilidade e

veículos de comunicação deram a in-

vulnerabilidade do atual jornalismo

formação sobre a morte. Embora já te-

diante da era digital.

nham retirado do ar, as versões online

As redes sociais, como o nome já su-

do jornal Globo e do Extra, por exem-

gere, deveriam ser utilizadas somente

plo, deram o furo. Já Debenedetti, em

como forma de socialização e confra-

entrevista para o jornal espanhol El

ternização. Elas não foram feitas para

Pais, chegou a se vangloriar por ser o

serem tomadas como principais fon-

“campeão da mentira” e ainda afirmou

tes, às vezes, únicas fontes de notícias

que inventou um novo gênero e espera

para parte sociedade.

poder publicar novas falsidades e juntar toda coleção em um livro.

O jornalista e profissional de Social Media, Paulo Tristão, é bem íntimo da rede

Com contas falsas no Twitter, Tomas-

e responde algumas de nossas perguntas

so conseguiu “anunciar” a morte de Pe-

sobre a fragilidade do atual jornalismo

dro Almodóvar e de Fidel Castro. Além

diante da revolução cibernética:

disso, ele também conseguiu publicar falsas entrevistas com Philip Roth, Gore Vidal e Bento XVI. Para o italiano, as mídias sociais são fontes de informação mais incontroláveis no mundo, e a mídia acredita nela por causa de sua necessidade de velocidade. O pior é que muitos se baseiam e divulgam falsas mensagens como verdade científica. Na era digital, é mais fácil enganar quem quer ser enganado. O poder das redes sociais foi associado

Macacas: O que você acha dos jornalistas que usam as mídias como única fonte de pesquisa? Paulo Tristão: Qualquer fonte de pesquisa que seja usada de forma única é prejudicial ao resultado da apuração. As mídias sociais são, sem dúvidas, uma fonte de conteúdo extraordinária. Por outro lado, o profissional do jornalismo precisa redobrar a atenção quanto à veracidade deste conteúdo. As facilidades propiciadas pelas redes sociais, como encontrar um personagem para uma matéria, ou mesmo

um assunto em discussão que pode se transformar em pauta, acabam por deixar o jornalista talvez “preguiçoso”, boicotando um processo de apuração mais minucioso. Quais as vantagens que as mídias trouxeram para o jornalismo? Nesse espaço é possível realizar apurações, descobrir pautas e, talvez o mais interessante, acompanhar a repercussão do seu texto e a impressão causada no público leitor. E em que prejudicou? Acredito que as redes sociais, ou melhor, a internet, de forma geral, gerou um comportamento “preguiçoso” e acomodado nos jornalistas. Como você usa as redes sociais ao seu favor? Alguma vez elas tornaram-se inimigas? Como disse anteriormente, as redes sociais são ótimos espaços para apurações e para compreensão do impacto de um texto sobre um determinado público. Por outro lado, pessoalmente, preciso redobrar a atenção quanto à dispersão. Pela vastidão de conteúdo encontrado, não é difícil perder o foco.

Paulo Tristão: Jornalista e Analista de ídia Social

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Útil e fútil Desnecessário? Nem tanto

“Leia menos, veja mais TV”, House sempre mostrou sua preferência pelo audiovisual

Tamiris Pires

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esde sempre existiram inutilidades, que para alguns não eram tão inúteis assim. Com a explosão da internet na década de 90, e a facilidade de compartilhamento de tudo, as inutilidades que até então eram reclusas aos quartos de muitos adolescentes, simplesmente estão em toda a parte. A internet tornou-se a fonte de absolutamente todo o tipo de informação. Dificilmente alguém em pleno século XXI abre um livro para estudar sem o computador ao lado, o papel já não é mais suficiente, não há interatividade, movimento, em grande parte não há estímulo visual. Com a internet sendo esta nascente interminável de conteúdo, o que alguém que almeja ser visto e ouvido faz? Migra para a mesma. Hoje pro-

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gramas, novelas, cantores, editoras e mais um infindável número de segmentos da sociedade possuem endereço eletrônico. A internet por ser extremamente democrática permite que qualquer um fale o que quiser, é suscetível a todo tipo de dados. Informações preciosas podem ser encontradas sobre saúde, emprego, política, economia, porém inutilidades sobre todo tipo de assunto também são facilmente encontradas. Pode-se descobrir como montar uma bomba, ou comprar um avião, a como salvar alguém que está tendo um infarto, ou seja, o terreno é bem diversificado. Com o advindo das redes sociais, primeiramente o Orkut virando febre, principalmente entre os mais novos, surgiram as comunidades sobre os temas mais bizarros que se

possa imaginar, alguns anos depois, já no Facebook as chamadas Fan pages em que várias imagens são compartilhadas diária e massivamente, propagando e divulgando algo, são mania entre os usuários. O Facebook é a ferramenta principal para vários episódios de fatos aparentemente sem nenhum propósito, terem se tornado febre nacional e depois serem totalmente esquecidos. Por exemplo, a imagem do personagem Mussum com as mais diversas frases bem humoradas foi compartilhada por praticamente todos os usuários do site, milhares de montagens com a o sucesso televisivo Avenida Brasil também. Agora qual a utilidade disto? Com certeza muitas páginas lucram com este fenômeno e no caso dos produtos da chamada indústria cultural adquirem uma notoriedade que nenhuma outra ferramenta poderia proporciona-lhes. Ainda na novela Avenida Brasil, seu último capítulo foi assunto em praticamente todos os meios de comunicação, no Twitter foi o assunto mais comentado pelos internautas, com a chamada hashtag, a novela ganhou uma popularidade assombrosa. A linha que separa a utilidade


Útil e fútil

pública da completa improficuidade é muito tênue. Os perfis no Facebook, por exemplo, podem ser um grande celeiro de bizarrices, porém para a publicidade é uma mina preciosa: marcas de refrigerantes, tênis, cervejas e muitas outras têm uma página que pode ser curtida ou compartilhada. Outra utilidade do Facebook é testar a popularidade de determinada marca ou campanha. Um caso real de uma ferramenta de utilidade pública que a princí-

pio foi criada para auxiliar o carioca para fugir dos engarrafamentos e informações sobre o trânsito, é o Twitter da Lei Seca, que hoje é usado por alguns para saber onde estão as blitz e fugir das mesmas. De blogs de unha a dicas de português, as ofertas são sempre úteis, mesmo que a demanda pareça pequena, aquelas informações interessam e de alguma forma farão parte da vida de alguém, afinal aquela adolescente de 14 anos quer e precisa saber sobre a vida e carreira de

seu ídolo teen. Assim como em todo empreendimento, sempre existem os que apenas consomem e os que produzem. Só existem futilidades, porque existem consumidores de futilidades, e não há para onde fugir, pois a cada dia a quantidade de informações se multiplica monstruosamente. Não há o que fazer, apenas tentar filtrar a avalanche que nos acomete diariamente, tentar porque é praticamente impossível não se render a algumas bobeiras cibernéticas.

O blog “lista10” listou os dez sites mais inúteis do mundo: davidbowieisverydisappointedinyou.com

www.myinternetdiploma.com www.instantrimshot.com

www.worlds-highest-website.com

www.pudim.com.br www.deathclock.com

www.instantsilvio.com

Lalalalalalalalalalalalalalalalalala.com

www.guimp.com www.zombo.com 23


macacas.com.br/utilefutil

O MENSALÃO DA MODA

BLOGUEIRAS DE MODA VÃO PARAR NA JUSTIÇA POR VENDER

Diga não ao jabá!

S

er blogueira virou caso de polícia. Pela primeira vez na história da internet, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu, de uma vez, quatro processos contra blogueiras de moda para investigar a denúncia de propaganda velada em seus blogs. De acordo com o órgão, a loja francesa Sephora pagou para que algumas blogueiras veiculassem material publicitário como se fossem conteúdo jornalístico. Em setembro, a empresa divulgou uma nota em que diz respeitar "a integridade editorial dos blogs que citam a empresa e entende que os mesmos têm liberdade de publicar e dar opiniões sobre produtos e marcas, sejam elas positivas ou negativas". O estopim da investigação começou com outros 'companheiros de profissão'. Cansada de testemunhar blogueiras de moda enganando seus leitores através de propagandas disfarçadas de "dicas de amiga", a ex-blogueira de moda Priscila Resende criou um blog de sátira e crítica a esse mundo que ela chama de 'fake'. Daí surgiu o "Shame On You, Blogueira" que, traduzindo, significa "que vergonha, blogueira", justamente para tentar fazer com que essas "re-pro-

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dutoras" de conteúdo tratem seus leitores com mais dignidade: No entanto, a semelhança de texto entre posts dos três blogs chamou a atenção do Conar. De acordo com o órgão, toda publicidade deve ser claramente identificada e percebida como tal pelo consumidor. Como esses sites possuem conteúdo opinativo, a confusão dos publiposts como "dicas de amiga" pode manipular os leitores: -Se uma blogueira na qual ela confia disser que tal batom "é a coisa mais linda e eu não posso mais viver sem ele", ela compra no mesmo dia. Mesmo não sabendo que a blogueira foi paga para escrever aquilo e que não é a opinião dela. As leitoras são totalmente manipuláveis pelas empresas e blogueiras- declara a blogueira Shame, que já denunciou todo tipo de absurdo no que chama de "blogs de muóda". Recheado de denúncias agressivas, mas bem-humoradas, o "Shame on you, blogueira" conta, hoje, com mais de 40 mil likes no Facebook, além de mais de um milhão de visitas diárias no blog. Priscila Resende, a mulher por trás das denúncias, tem provas de que essa turma endorsa até produtos que não gostam, por puro interesse financeiro: - As mais "pobrinhas" se conten-

tam em receber amostras das marcas. As "maiores" vendem sua opinião e trocam de ideia a cada patrocinador novo que aparece. Se hoje elas odeiam certo produto, amanhã elas já não vivem sem. Exemplos não faltam. A marca Melissa foi alvo de muita discórdia no início do ano, por convidar para o lançamento da loja em Nova York (com passagem e hospedagem pagas pela empresa!) blogueiras que nunca foram fãs da marca. Uma delas, Camila Coutinho, do blog 'Garotas Estúpidas', chegou a dizer uma vez em seu blog que "jamais usaria plástico no pé". “A blogueira escreve: “meninas, o que mais gosto de fazer nesse blog é dar dicas para vocês! Faço isso como se estivesse conversando com uma grande amiga, podem ter certeza”. Na linha seguinte, ela diz “você TEMMMM que comprar a nova maquiagem do fabricante tal” porque “é tudo de mais maravilhoso do mundo”. Seis meses depois, ela escreve outro post dizendo que não usava o mesmo tipo de maquiagem há dois anos. Falta de memória ou mera publicidade disfarçada?- reclama Pri, que coleciona exemplos como esse sob as tags "Desmemoriada do dia" e "Jabá".


REM PRODUTOS COMO “DICAS DE AMIGA”

Raphaella Avena Avenaa.com

“No meu blog eu faço propaganda sim, mas só do que eu uso, escolho meus anunciantes”

Juliana Ali Juliana e a Moda “Para ter credibilidade, então o produto anunciado tem que ter a ver com você e com o público do seu blog”

Lalá Noleto Blog da Lalá Noleto “Não recomendaria nada às minhas leitoras que eu não usaria”

Um pouco sobre os blogs de moda Motivadas pela possibilidade de fama, dinheiro e os famosos 'jabás', milhares de meninas se aventuram a criar páginas pessoais para falar sobre moda e beleza. Tudo começou em 2007, com a mineira Cris Guerra, que criou o blog "Hoje vou assim" para expor os 'looks do dia'. Em 2009, a grife Dolce & Gabbana convidou blogueiros de moda influentes para a primeira fila de seu desfile de moda. A notícia se espalhou e, no mesmo ano, grifes brasileiras fizeram o mesmo, transformando o hobby em profissão cobiçada. Em 2010, duas blogueiras brasileiras são alçadas ao estrelato internacional ao aparecerem na lista do Signature 9, um dos sites do ramo mais influentes do mundo. Em 2011, a empresária Alice Ferraz lança uma rede que agencia a venda de publicidade para blogs de moda, o F*Hits. No mesmo ano, a atenção que esse nicho de mercado recebe exaltou algumas pessoas, que criaram anonimamente o "movimento hater", que passa a fazer denúncias de publicidade não identificadas em blogs, encabeçados pela Titia Shame. Em 2012, as buscas por "blog de moda" são 2275% maiores do que em 2007, um crescimento 1000 vezes maior do que o do próprio setor de moda. Aproveitando a boa maré, o F*Hits lança sua própria plataforma de e-commerce, com acesso restrito às clientes cujo cadastro foi aprovado.

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Útil e fútil Onde está a notícia?

Matérias confusas e irrelevantes veiculadas na Internet pelos grandes portais de jornalismo.

Uma das montagens feitas durante a passagem da Supertempestade Sandy Marcos David de Oliveira

N

o dia 29 de outubro, a segunda notícia mais lida no portal de notícias G1 não era sobre o Segundo Turno das eleições municipais, muito menos sobre o tão repercutido Julgamento do Mensalão. Pasmem: era sobre uma “foto assombrada” que causa espanto e medo no município de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais. Pensando bem, não é algo tão surpreendente já que para a grande maioria de usuários de Internet no Brasil, a rede é mais usada para entretenimento do que para obter informações. O título da matéria era até interessante: “Quadro ‘amaldiçoado’ vira lenda urbana no Sul de Minas”; o texto, no entanto, deixava muito a desejar. Escrito de forma confusa e sem uma informação relevante, parecia ter sido extraído de qualquer blogue amador que fale casos sobrenaturais. Nos comentários, alguns leitores expressaram a insatisfação por estarem lendo uma notícia tão sem propósito através de frases como “Que boba-

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gem” e “G1, me devolva o 1min da minha vida que perdi lendo essa porcaria de matéria” (sic.). O portal Globo.com tem até uma seção sobre casos estranhos, chamada de Planeta Bizarro, mas essa matéria foi publicada por uma editoria regional do G1.

“Ela (Sandy) tornou-se um estudo de caso sobre como a Internet pode gerar desastres informativos” Os sites de conteúdo gratuito arrecadam dinheiro através de publicidade. Quanto maior o número de acessos, mais atraente para o anunciante será a página. Isso faz com que, cada

vez mais, sites de notícias se preocupem em atrair o leitor com furos e reportagens sensacionalistas. O clique vale dinheiro e o internauta, atraído pelo título, seleciona a matéria apenas para descobrir que ela não traz as informações desejadas. Os grandes portais de notícia não conseguem se sustentar apenas com o dinheiro da Internet, suas principais fontes de renda estão no meio impresso e audiovisual, os jornais, emissoras de televisão e de rádio. Talvez por isso não haja tanto critério para se fazer matérias na Internet. Naquela mesma semana, ocorreu, nos Estados Unidos, a passagem da Supertempestade Sandy, que causou 32 bilhões de dólares em danos só no Estado de Nova Iorque. Enquanto pessoas estavam isoladas, sem energia e água na Costa Leste, na Internet se multiplicavam as montagens e notícias falsas sobre a catástrofe, muitas delas sendo divulgadas em sites, no Twitter e no Facebook de grandes agências de notícias como Reuters, Washington


Útil e fútil Post e CNN. “Ela (Sandy) tornou-se um estudo de caso sobre como a internet pode gerar desastres informativos”, escreveu Carlos Castilho em um artigo para o site do Observatório da Imprensa. Então, na cabeça dos internautas que ainda se interessam por noticiários Online com conteúdo confiável, surge a seguinte pergunta: onde estão as notícias de verdade? A Internet ainda é muito recente, e a Imprensa não conseguiu encontrar a linguagem perfeita para se comunicar através dela. Enquanto os sites de notícias ficam divididos entre dar a informação correta ou serem sites de mero entretenimento, boatos se espalham pelas redes sociais. As pessoas comuns, que disponibilizam informações pela Internet, têm seus próprios interesses aleatórios e, em muitos casos, não têm compromisso nenhum com o que dizem. Mesmo assim, o que publicam interfere e muito na vida dos outros. Um exemplo disso seria o boato falso que circulou na Grande Rede sobre a inundação da Bolsa de Valores de Nova Iorque durante a passagem da Supertempestade, uma informação errada que poderia prejudicar vários investidores ao redor do mundo. Como disse o editor do The Huffinton Post, T. J. Ortenzi, sobre os boatos que circularam sobre Sandy “Os trolls são parte da cultura da internet. Alguém está se divertindo disseminando essas coisas”. Sim, o hábito de trollar é algo que vai acontecer sempre, e enquanto os veículos de comunição não assumirem seu papel de protagonistas na

Suposto quadro da matéria do G1

Internet, e entre os usuários continuará o clima de desconfiança sobre os noticiários Online. Tentando encontrar a solução para este enigma, A Macaca enviou um e-mail ao G1 fazendo algumas perguntas sobre a estranha matéria do

Quadro Fantasma: quais os critérios para a publicação de determinados conteúdos, e qual justificativa para a divulgação de um fato tão irrelevante? Duas semanas se passaram, e até a publicação desta matéria o G1 não deu nenhuma resposta.

Imagem falsa de tubarao nadando em rua de Nova Jérsei durante a tempestade

Endereço virtual da matéria do G1: http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/20 12/10/historia-de-quadro-amaldicoado-vira-lenda-urbana-no-sul-de-minas.html

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