OS CAIPIRAS

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OS CAIPIRAS

2009 Capa e Interior: Paisagens de Piracicaba


Poema de Esio Antonio Pezzato 2ª Edição revista e aumentada pg2 de 461


Obras do Autor: Luzes da Aurora, 1978, Poesias Semeadura, 1991, Poesias Caipiracicabanos, 1993, Poema Romaria, 1997, Poesias Viagem Poética, 1998, Poesias Oficina de Sonetos, 1998, Sonetos O Evangelho Segundo Judas Ish-Kiriot, 1999, Poema, Primeira Edição História de um Amor, 1999, Sonetos de Samantha Rios Portal dos Sonhos, 2000, Poesias Colcha de Retalhos, 2002, Poesias Ofício do Silêncio, 2005, Sonetos O Evangelho Segundo Judas Ish-Kiriot, 2008, Poema, Segunda Edição Antologias: O Povo Canta em Versos, Piracicaba, 1978 2o. Concurso de Poesias, Piracicaba, 1979

Antologia de Três Corações, MG, Poesias,1980 É Tempo de Poesias, Piracicaba, 1981 Canto Pleno, Poesias, Piracicaba, 1982 Antologia do CLQ, Piracicaba, 1984 Movimento Água I, São Paulo, 1984 Liracicaba, Poesias, Piracicaba, 1991 Força Motriz, Poesias, Piracicaba, 1994 Clipoetas I, Poesias, Piracicaba, 1996 Clipoeta, II, Poesias, Piraciaba, 1997 Prêmio O Cidadão, Poesias, Limeira, 1997 Taba Cultural, Poesias, RJ, 1998 Antología de Tatuí, Poesias, 2000 Antología em Paranavai, Poesias, 2001 Antologia em Canoas, RS, 2001 Antologia de Descalvado, Poesias, 2001 Antologia de Bragança Paulista, Poesias, 2001 Antologia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, Poesias, 2001

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Antologia da Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2002 Antologia Prêmio Escriba de Poesias, Piracicaba, 2008 Dicionários: Dicionário dos Poetas Piracicabanos, 1800/ 1970, Piracicaba, 1994 Galeria dos Poetas Sonetistas, Florianópolis, SC, 1997 Prêmios Literários em diversos estados brasileiros e Portugal. (Almancil e Seixal) Curadorias: Salão dos Notáveis, Galeria Engenho Central, 1997 Salão do Século, Pavilhão do Engenho Central, 2000 Painel XXI, Pavilhão do Engenho Central, 2003 Temporânea I, Pavilhão do Engenho Central, 2004 Diretor da Galeria do Engenho Central, 1997 a 2004, sendo Curador em mais de 50 Exposições. Coordenador dos Prêmios Escriba de Contos e Poesias, de 1997 a 2006 Idealizador do MEMORIAL DA CULTURA PIRACICABANA, instalado em frente à Biblioteca Municipal, atual Câmara Municipal, em 31 de agosto de 1997, e que somente deverá ser aberto no dia 1o. de Agosto de 2197. (Duzentos anos)

Sócio Fundador do Centro Literário de Piracicaba Presidente do Centro Literário de Piracicaba, 1997, 1998 Presidente do Lions Clube Piracicaba, Independência, 2008/2009 Membro da A:. R:. L:. S:. Esplendor, Oriente de Piracicaba

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Dezenas de Palestras em diversas Cidades Declamação do poema O Evangelho de Judas Ish-Kiriot Lions Clube Piracicaba Independência, 2003 Augusta e Respeitável Loja Simbólica Prudente de Moraes, 2006 Augusta e Respeitável Loja Simbólica em Rio Claro, 2007 Ordem Demoley, Capítulo de Capivari, 2007 Augusta e Respeitável Loja Maçônica Rio das Pedras, Rio das Pedras, 2007 Augusta e Respeitável Loja Simbólica Acácia Barbarense, outubro, 2009

Dedicatória:

Meus Pais: Lásaro Pezzato (in memoriam) Maria Virgínia Rizzi Pezzato Minhas Irmãs, Regina Dalva Maria Helena Meus Filhos: Thaís Thalles Esio

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Meus sobrinhos: Alex Gonçalves, Thati Gonçalves Matheus Pezzato Santiago Augusto Etori do Valle Gonçalves Aos Companheiros e Domadoras do Lions Independência Aos Amados Irmãos da A:. R:. L:. S:. ESPLENDOR À Piracicaba, Terra dos Pezzato há 140 anos Meu amor: Ana Maria Morales Fogaça, pela força, compreensão e carinho e por compartilhar meus Sonhos, meus Gostos e minhas Paixões À Glória do Grande Arquiteto do Universo A todos meus Irmãos Caipiras

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Todos cantam sua Terra, Também vou cantar a minha. Nas débeis cordas da Lira Hei de torná-la rainha.

(Casimiro de Abreu) Canção do Exílio, Primaveras

Minha Terra tem palmeiras!

(Gonçalves Dias) Canção do Exílio, Primeiros Cantos

Oh! Casa de meus pais!...

(Castro Alves) A Boa Vista, Espumas Flutuantes

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Prefácio Esio Antonio Pezzato, mais conhecido como Esio Poeta por sua militância no mundo da Poesia, chega em meu Gabinete e solicita que eu, prefeito da cidade, faça a abertura de seu livro intitulado "Os Caipiras". Ele quer uma palavra do homem público que vive em meio a inúmeros afazeres para prefaciar seu poema. O que um prefeito, um político, um homem ligado aos números poderia escrever num livro de versos? Vejo tudo de forma bastante diferente, mesmo tendo sensibilidade para o belo. Nós homens públicos, apesar de alguns acharem que não, também temos um coração. Não somos insensíveis. Mas Esio me fala de seu poema, aliás, de seu longo poema. Detalha a forma, em oitavas clássicas e tantos outros detalhes. Vou no embalo de sua empolgação e viajo um pouco em suas palavras. Um poema intitulado "Os Caipiras" é algo que não pode passar despercebido. Um poema, um longo e misterioso poema foi o que Esio compôs. Mil cento e uma estrofe! Oito mil, oitocentos e oito versos! Haja fôlego. Pergunto se é um Lusíadas e Esio diz que o imortal poema camoniano é maior, tem 1102 estrofes, 8816 versos. E completa: "o meu tem uma estrofe a menos..." . Acho difícil algo com que compará-lo. Compor um poema exaltando uma cidade, um povo é algo novo... não tão novo assim nesta Piracicaba que adoramos tanto, pois Lino Vitti, também já fez de forma exuberante, sua louvação a Piracicaba. Esio agora como seu discípulo emenda o ponto e vai de Camões! São dez Cantos maravilhoso. Fala da nossa cidade de forma ainda não falada. Canta fatos, narra lendas, exalta nosso rio, nossas festas, enaltece nossos grandes homens. A lista dos feitos que o poeta canta em seu poema é extensa, de qualidade e ternamente piracicabana. Esio tece rimas, versos, estrofes com facilidade tão grande, que não podemos imaginá-lo tendo dificuldade para escrever. Mais fácil construir pontes, estradas e hospitais, penso eu... Que o poema "Os Caipiras" penetre em cada casa, em cada coração do povo piracicabano. Que suas estrofes sejam lidas, entendidas, cultuadas. Que o povo exaltado no poema de Pezzato seja levado às escolas,

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declamado por alunos. Para finalizar: sinto por outras cidades não terem um cantor que os louve! Nós, com Esio, Lino Vitti, Lagreca, Brasílio Machado, e outros tantos, temos esse raro privilégio.

Barjas Negri Prefeito de Piracicaba

Palavras do Autor Desde os idos de 1980, começou a brotar em mim o desejo em compor um poema exaltando minha Piracicaba que eu adoro tanto. Pensava em escrever tal poema em Oitavas Rimas, à maneira de Camões em seu “Os Lusíadas”. Mas pensava, apenas pensava e não agia. Não confiava que pudesse ter fôlego para compor tanto. Até então eu pairava sobre poemas menores em extensão, buscava mais o Soneto e outros tipos de estrofação. Havia composto muita coisa em estilo romântico, havia já publicado um livro, Luzes da Aurora, em 1978, mas o desejo existia adormecido mesmo. E nada de por mãos à massa, de iniciar o que seria este Poema. Vai que Lino Vitti publica seu poema “A Piracicaba – minha Terra”, e ao mesmo tempo que fiquei apaixonado por suas estrofes, tomei um balde de água fria, pois se Ele, o Lino, havia já composto o Poema exaltando nossa Cidade, a mim nada mais restava que aplaudir tal feito e ir beijar-lhe as mãos por tão belo trabalho. Em 1991 dei luz meu segundo livro, Semeadura, e o desejo amainou. Depois em 1992 o desejo compartilhado e a instigação veio fortalecer meu antigo anseio. Queria escrever as Oitavas, mas não sabia direito como fazer que não pudesse ser uma cópia do poema do Lino. Minha sorte foi que o Lino compôs seu poema em Sextilhas. Fosse feito em Oitavas e este Poema não existiria. Certa noite a intimação aconteceu e tomado pela vontade compus um esboço inicial com 80 estrofes em Oitavas. Então a inspiração brotou e fui em busca de uma pesquisa mais profunda sobre nossa cidade para poder fazer o assunto ir se estendendo.

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Em coisa de 15 dias havia composto o poema com 400 estrofes e me dei por satisfeito. Depois, numa releitura, o mesmo foi aumentado em outra centena de estrofes e o resultado final me agradava. Decidi por publicar tal poema, que em sua primeira edição, em 1993, trazia 512 estrofes destribuídas em Oito cantos, com o título Caipiracicabanos. Mas quem escreve nunca está contente com o resultado final daquilo que compõe. E um ano depois, eu lia o poema e o achava imperfeito, mal acabado, mal finalizado, mal feito, enfim achava mesmo um trabalho que deveria ser relido, recomposto, refeito. Mas o resultado estava já impresso em livro e não havia mais o que fazer. Aquietei meu espírito mas a insatisfação pairava firme e forte. Durante os anos seguintes publiquei Romaria, 1997, Viagem Poética, 1998, Oficina de Sonetos, 1998, O Evangelho Segundo Judas Ish-Kiriot, 1999, História de um Amor, 1999, Portal dos Sonhos, 2000, Colcha de Retalhos, 2002, Ofício do Silêncio, 2005 e novamente numa segunda edição, O Evangelho Segundo Judas Ish-Kiriot, 2008, totalmente revisto e aumentado. Era uma outra insatisfação... Entre 2002 e 2004 estudei muito mais sobre nossa Cidade, fui buscar mais assuntos que pudessem ser transpostos em versos e, freneticamente, cheguei das 512 estrofes iniciais, a 1000 estrofes, que somavam um total de 8000 versos. Fiquei satisfeito. Mas fui lembrando alguma coisa mais, e quando me dei conta estava com quase 1100 estrofes. E me lembrei que Camões, em seu imortal Poema, compôs 1102 Oitavas e me impus um limite: 1101 estrofes e não mais. Lembrei aquele velho ditado: “não vá o sapateiro além das correias...” e decidi não ultrapassar o Bardo Luso. Tudo composto e teve início o longo, penoso e eterno labor de revisar o que se escreveu. Insano trabalho. Desde então até hoje, releio o poema e dificilmente deixo de mudar um verso, uma rima, uma ideia, inserir algo que ficou esquecido, enfim agora mesmo com este comentário aqui, o Livro impresso, e se for lê-lo novamente, verei inúmeras mudanças que deveriam ter sido feitas. Mas agora é impossível... totalmente impossível. Se um dia houver uma 3a. edição... mas não quero pensar nisso agora. Não tornarei a ler minhas estrofes até que elas sejam por mim esquecidas quase que totalmente. Então poderei voltar ao mister e ler como se fosse um trabalho alheio. É o interessante: ler algo de autoria própria, como se fosse de outra pessoa. O processo é lento e agradável, mas num exemplar do mesmo vai-se fazendo algumas anotações, algumas

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emendas, riscando aqui, escrevendo acolá. E sendo um trabalho nosso, mesmo parecendo estranho, podemos ir rasurando à vontade. Mas agora falemos do Poema em si: são 10 Cantos de tamanhos variados. Oitavas decassílabas, a grande maioria em versos heróicos, mas não descartei os sáficos. Fiz poucas intervenções na métrica e poucas são as rimas imperfeitas. Descartei as rimas agudas e raramente fiz uso das esdrúxulas. Busquei sempre a musicalidade das palavras, mas por vezes isso se tornou impossível. Tais imperfeições são as minhas limitações. Espero que o paciente Leitor não veja apenas isso. Leia, sim, o poema, e entenda que o intuito foi o de exaltar a cidade de Piracicaba, seus aspectos físicos, sua urbanização, seus recantos naturais, suas construções, seus vultos expressivos, os vultos populares, sua arte em variados segmentos. Enfim, busquei o máximo tirar do que sabia. Ouvi muito diversos amigos, li muito sobre nossa História, busquei saber histórias, lendas, fatos. Enfim enxertei nas minhas estrofes, um pouco apenas de uma rica história. A ideia inicial do Poema continua intacta. Das 512 estrofes iniciais, poucas foram deixadas fora. Algumas outras foram refeitas, outras foram transpostas de lugar. Depois do poema composto, encontrei outras estrofes que havia feito. Eram poucas, talvez umas 10. Gostava delas, mas havia um limite: 1101 estrofes! Decidi sacrificar outras e inserir as encontradas. Simplesmente as retiradas do poema rasguei sem tornar a ler, ou sentiria dificuldade em cumprir o desejo estabelecido em não ultrapassar Camões. Acredito até que muitas outras estrofes poderiam ser tiradas do poema e o mesmo se tornaria mais enxuto, mais preciso, ou talvez eu devesse substituí-las, mas quem escreve sabe o quanto isso é dificultoso. O quanto dói jogar fora um trabalho que consideramos tanto. Enfim seria para mim algo normal: jogar fora versos que fiz e considero de má qualidade. Mas decidi não mais fazer isso depois de longo tempo. Entendo que o poema é longo, hoje não se lê poesia. Ainda mais um longo poema com quase 300 páginas, 1101 estrofes e 8808 versos. Mas é um legado que deixo para minha Piracicaba. É tudo o que consegui fazer. Exigir mais seria querer algo que não possuo: genialidade. Apenas sou rígido com o que faço e busco a sonoridade que a mim se mostra ou soa justa e perfeita. No mais sou um Poeta apenas. Mas acredito que muitos irão se descobrir em minhas

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estrofes, outros tantos relembrarão fatos que narrei. Muitos personagens de meu Poema ainda andam pelas ruas de nossa cidade, cantam, pintam, tocam, encantam. Muitos deles conheci pessoalmente, o que ficou para mim mais fácil. Outros apenas busquei informações. Se me perguntarem do que mais gosto, direi que gosto do poema em seu todo, mas quando descrevo a cultura da cana, me agrada muito o resultado. Também gosto quando descrevo o Salto e a Piracema. Gostei como consegui me expressar na Lenda da índia e do pescador. Também gosto muito das últimas estrofes do poema. Acho que consegui ser Poeta pleno em tais instantes. Para os mais críticos um aviso: muitas vezes deixo a objetividade de lado e passo a ser subjetivo. Nessas horas o Poema perde sua característica e passo a fazer Poesia. Sei que a objetividade deveria estar mais presente, mas como faço parte do processo e canto algo que me diz tanto respeito, fica mais fácil explicar. Mas digo uma coisa: se é difícil para o Leitor paciente ler todo este Poema, garanto que foi muito mais difícil compô-lo. Tenho comigo uma certeza: meu poema não é para os dias de hoje. Hoje ele será lido por poucas pessoas, mas é um poema que deverá ser lido no futuro, quando tudo se fizer passado e eu já estiver ido para o Oriente Eterno... Muitos dirão que poderia ter me lembrado de algo mais

importante... e irei concordar até, mas o Poema está pronto, lido e revisado e publicado em sua segunda edição. Quanto ao mais que um outro Poeta termine com maior fulgor ao que dei sequência do Poema de Lino Vitti.

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CANTO I EXORTAÇÃO I

Lindas Musas que estais encarceradas, Nas cadeias de pedras – onde o Salto Ronca e troveja, e forma barricadas, Para levar um tenebroso assalto Às casinhas que estão todas pintadas De cal branca, – levai-me, enfim, ao alto, Para glorificar neste meu verso A mais linda cidade do Universo! II Calíope divina aqui me inspira A contar esses feitos, esses fatos, Pois tem no peito um coração Caipira. Mostra ao Poeta todos os retratos Para poder cantá-los nesta Lira Da Inspiração usando os artefatos; Peço que, do Eternal Morro do Enxofre, Deixe luzir florões deste áureo cofre! III Ou desce logo tu, para a cidade, Com teu traje brilhando a muita chita, Desnecessário se vestir de jade Toda Mulher que é simples e bonita. Calíope, no peito ora me invade, Da inspiração uma vontade aflita, Que preciso se faz compor em cantos Uma história maior que mil encantos!

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IV Vamos juntos contar belas Histórias Cantadas e lembradas por seu povo; Mil lembranças retidas nas memórias Sempre contadas como um fato novo. Esta Cidade guarda tantas glórias Que só de ouvi-las com minh’alma as louvo, Se uma relíquia só for esquecida A História há de ficar empobrecida! V De joelhos pedirei ajuda a Clio, Para narrar tão magistrais encantos; Euterpe clamarei, em desvario, Para ouvir sinfonias desses cantos; Polínia e Érato irão fluir do Rio Também para contar, em acalantos Os amores e os sonhos coloridos, E os amores vividos e sofridos! VI O amor do pescador apaixonado Pela índia que nadava em nosso Rio, O amor de Laura – triste e condenado Com destino repleto de arrepio, Ou o amor com desvelo respeitado, Por esta Noiva – em mágico amavio, Dos piracicabanos desta Terra Defendendo-A com ganas numa guerra!

VII Quero cantar a história soberana Deste Povo gentil, honesto, ordeiro,

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Uma história caipiracicabana Do mais lindo recanto brasileiro. Quero louvar a Capital da Cana E que meu canto corra o mundo inteiro, Que esta Terra repleta de beleza É um Paraíso junto à Natureza! VIII Outras existem para outros amores, Mas eu, aqui nascido, aqui criado, Jamais encontrarei tantos fulgores Em outras terras... Hoje, apaixonado, Trago as tintas de todos os pintores Para deixar o meu amor gravado Neste Torrão natal – sublime taba Que traz o nome de Piracicaba! IX Co’o mesmo ardor do bardo lusitano Hoje quero clamar a minha Terra, Mostrar que sou um piracicabano Capaz de provocar e fazer guerra Como o belo poema camoniano. Se houver, mais que o Everest, um’outra serra, Eu nela subirei e, com denodo, Seu nome louvarei ao mundo todo! X Invocarei Camões, Vergílio, Homero, Castro Alves, Dante, Milton e outros tantos, Porque neste poema, enfim espero, Produzir o mais cálido dos cantos! Se ele, marcado for pelo exagero, É que são tantos, tantos, teus encantos, Que minha rima sempre soa pobre Para louvar-te num poema nobre

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XI De inspirações de todos os Poetas Terei razão divina para obtê-las, E, assim cantar, co’as rimas mais corretas Este canto bordado com estrelas. – Que venham todos Deuses e Profetas, O futuro mostrar com formas belas, Todos os Visionários e os Artistas, Que serão necessários às conquistas! XII Vibrai! Vibrai! da Catedral os sinos! Santo Antônio, querido Padroeiro, Abençoai meninas e meninos Que são partes do povo hospitaleiro. Reuni, na vossa Cúpula, os destinos Sublimes deste povo brasileiro, Deste povo viril, honesto e forte, Que o estar aqui – do mundo é a grande sorte! XIII Chegam os barcos! Fortes navegantes Que percorrendo o leito tieteense Venceram as jornadas mais constantes. Muito embora o estrangeiro fale ou pense Que os Poetas daqui são mais amantes, – Co’o espírito e o discurso de um forense Eu irei defendê-la, com orgulho, Como os de Trinta e Dois, Heróis de Julho! XIV Surge “A Piracicaba – minha Terra!” Poema colossal de Lino Vitti, Que em rimas de ouro num sacrário encerra

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As belezas sem fim desta Afrodite. Por isso, no cantar, a voz não erra, (Muito embora ela pobremente imite!) Que canto com prazer este recanto “Cheio de flores” e “cheio de encanto!” XV Ah! Newton Mello que, inspirado, um dia, Disse a “saudade que nos punge e mata!” Também quero que minha alegoria Fique gravada em címbalos de prata, Que desejo, ao compor minha poesia, Ter os acordes de uma serenata Na voz de Alexandrino ou de Cobrinha, Por que minh’alma dela se acarinha! XVI Ah! Miguelzinho, aqui vieste um dia, Colher as cores para encher as telas, Ouvir a rima para uma poesia, Pedras achar para entalhar estrelas! E o Rio ouviu a tua melodia Plena de notas suaves e singelas. E após deixaste ao nosso olhar absorto, O belo Passo do Senhor do Horto! XVII Nadai, Musas, nadai! Vinde cá perto Deste poeta em pensamento absorto, Que ele canta às areias do deserto, Para um oásis que de vida é morto... Vou pensativo por um vale incerto A procurar, talvez, um belo porto, Onde a vida, mais bela se me nutra, Numa paisagem de Archimedes Dutra

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XVIII Quem, Archimedes, pode contestar-te? Eras a vida transformada em cores! Em cada tela que pintavas a arte Explodia em frenéticos fulgores. Com as tintas fizeste um estandarte E o mundo conheceu nossos amores: – O Rio, o Salto, o Engenho alabastrino, E a nossa bela Festa do Divino! XIX Ah! Pádua, que na velha Itália linda, Co’o sangue o frio a penetrar-lhe a veia, E o coração sofrendo a dor infinda Da saudade chegando em taça cheia, Sentindo estar sua aventura finda E que morria em terra estranha e alheia, Ao perceber que sua vida falha, Faz, de nosso Pendão – sua mortalha! XX Alípio, que vivendo em terra estranha, Nunca pôde esquecer esta cidade... Terras correu – na aventurosa sanha, Para, a todos, mostrar sua verdade... Partiu, mas sempre teve em sua entranha, As lindas cores da felicidade! Quando sentiu seu sono sempiterno, Aqui voltou para ficar eterno. XXI João – sempre vivo em natureza-morta, Fez de nossa cidade, seu recanto, Piracicaba foi excelsa porta

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Onde ao mundo mostrou seu terno encanto. Esta cidade foi-lhe a veia aorta Onde o sangue jorrou em cada canto, Para gravar em fulgurantes telas, As paisagens mais lindas e mais belas. XXII Joaquim, quem mais pintou o nosso Rio, Nossa rua do Porto ou o Mirante? Quem, tendo o coração no eterno cio, Fez de Piracicaba a sua amante? Na Eternidade lanço o desafio Porque sempre serás – e a todo o instante, Aquele que, no amor – todo ansiedade – Mais vezes retratou nossa Cidade. XXIII Da estesia Frei Paulo fez Escola E sendo um visionário, um grande esteta, Da pintura mostrou a mestra mola, Brilhando igual esplêndido cometa! Tu’arte aos tempos largos extrapola Porque mais do que Mestre – eras Profeta! Porque ensinaste tanto e tanto e tanto, Com as cores de terra de teu manto! XXIV Adâmoli, genial malabarista, Tua pintura lembra as áreas planas Por onde segue o lavrador artista Na picada simétrica das canas. Num plano superior, tua conquista, Lembra caudas que brilham espadanas E vão e vem num cromatismo etéreo Até alcançar o azúleo espaço aéreo

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XXV Thomazi, num duelo com as cores, Entre sombras e luz brotava em tinta, E o Araritaguaba em esplendores, Surgia de maneira mais sucinta... – Prados, sítios, montanhas com mil flores, Pintavas de maneira mais distinta, E nesse abismo multicolorido O Artista ressurgia decidido! XXVI Faustino, com tão belas naturezas, Filigranadas com polcãs, com pêras, Uvas, potiches... Tínhamos certezas De pinturas reais, de primaveras Floridas e pintadas com destrezas... Artista! Artista! Acaso tu não eras De trasflor o real significado? – Teu nome – com saudade hoje é lembrado! XXVII Retrata, Ciro, com a sutileza Da arte Naïf, as nossas puras lendas, “Causos” pintados têm tanta beleza Que emoldurados com etéreas rendas, Deixam mais linda a nossa Natureza, Que o entendimento não requer legendas. Por isso que, Poeta mais me inspiro, Quando isso tudo posso ver em Ciro! XXVIII Olavo nas mais líricas paisagens Retratava-te em terno amor profundo, Descobrindo recônditas miragens

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Num cromatismo empírico e fecundo. Com suas telas tínhamos viagens Para levar Piracicaba ao mundo; E ele, com muito amor, muito carinho, Na Noiva da Colina fez seu ninho. XXIX E outros mais surgem, que a Epopeia é imensa!... – Costa, Mattos, Stella, Sêga, Eugênio, Todos imbuídos de uma santa crença, Vendo nesta cidade – seu proscênio, A todos vós eu faço a recompensa, Eis que em cada um de vós brilhou o gênio, Que declarou, de forma alabastrina, O eterno amor à Noiva da Colina! XXX Canta, Aldrovandi, com ternura e graça, A Vila e seus Vilões – escreve a história Do povo rezendino e sua raça Que à Noiva da Colina trouxe glória. Mostra também, o mundo da trapaça, Que carregas retido na memória, Que faz a gente rir às gargalhadas, Com fatos divertidos das ranchadas... XXXI Ai, as ranchadas, onde as pescarias, Regadas com amor, com amizade, Eram hinos de líricas poesias Que turismo traziam na cidade. Histórias onde belas fantasias Misturavam mentira com verdade, Causos fantásticos – antigas lendas, Farras miraculosas, estupendas...

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XXXII Os ranchos vinham ser a beira-rio Casas para passar fins-de-semana, E fizesse calor, ou forte frio, Era uma festa piracicabana. Trucada, pescaria, vozerio, E uma cachaça da mais pura cana, Vinham multiplicar as amizades Com turistas de todas as cidades. XXXIII Na canção modelada de ternura A exuberante Mestra Laudelina Um mundo novo cheio de aventura Para nosso deleite descortina. E todo o seu lirismo em forma pura Faz encantar a Noiva da Colina, Que aureolou o seu nome como um astro, Pois além de Cotrin era de Castro! XXXIV Nascido em São José do Rio Pardo, Veio cedo morar nesta cidade E aqui lutou – fenomenal leopardo – O grande mestre Benedito Andrade. Teve de carregar o duro fardo De negro ser, porém, com humildade, Deixou o seu valor, a sua palma, Mostrando não ter cor, na vida, a Alma! XXXV Ah! Brasílio, de Deus tu foste o Eleito!... Para Piracicaba tu viveste E, hoje, toda a cidade em terno preito,

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Eleva-te ao cenáculo celeste. E este poeta, cheio de defeito, Com rimas pobres quer fazer-te a veste. Contemplando no inverno a alva neblina, Cognominaste a Noiva da Colina! XXXVI Canta, Giannotti, “Gargantinha de Ouro” Tua, de amor, declaração tão linda... Esta cidade foi o teu tesouro, Onde encontraste a grande paz infinda! Canta, Lagreca, forte como um touro, Poemas que ficaram na berlinda, Fala do Monte Alegre, do Saibreiro, Fala de nosso povo hospitaleiro! XXXVII Canta, Pedro Chiquito, a linda prece, Na beleza do verso repentista, De Parafuso a gente nunca esquece Que era um Caipira de primeira vista. Nhô Serra hoje no céu as rimas tece Com talento de um mágico alquimista, No Cururu e na Caninha Verde A alma em ternuras, bem feliz se perde... XXXVIIII Canta, Nhô Chico, com ternura imensa, Tua Missa Caipira em doce arpejo, Que tua viola gema como crença Na carícia de amor de um terno beijo Que Deus te oferta, como recompensa, Tudo o que nesta vida for-te ensejo. Canta em rimas suaves, lavradias, Nossa Terra repleta de poesias...

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XXXIX O grande Flávio de Toledo Piza Com suas Plumas ao sabor do Vento Sempre em linguagem leve como a brisa Para a literatura deu sustento. (Porém a morte, que a ninguém avisa, Veio um dia tombar o Monumento E ele em silêncio, sem adeus dizer-nos, Foi viver n’outros páramos eternos...) XL Oh! Poetas, uni a vossa rima, Num canto Universal, num canto onde a alma, Receba a Inspiração que vem de cima, Cantada com carinho e muita calma. A cidade que o mundo todo estima No coração somente amor empalma; Por isso é necessário um verso novo Para ficar de vez n’alma do povo. XLI “Piracicaba que eu adoro tanto!” Início do refrão do mágico hino – Porém, é necessário que outro canto, Faça na Catedral tocar o sino. Que a rima deste verso seja o manto Para cobrir de luz nosso destino Que surge alvissareiro, nobre, puro, Para todos os dias do Futuro! XLII Desfralda a tua voz, ó Losso Netto! Com que talento tu a defendias Com carinho, com gana, com afeto,

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Em teus Editoriais, todos os dias! Das palavras tu foste um Arquiteto E estavas sempre e sempre entre vigias, Com Sebastião Ferraz foi o soldado, Que na luta jamais foi derrotado! XLIII Salvador de Toledo, eras Cientista, Poeta ou Sonhador?... Que mais tu eras? Tua cabeça branca de alquimista Continha opiniões nobres, severas... Ah! Louco ateu! No império da conquista Floriste mais que belas primaveras; Eras o Sol e teu Saber profundo Fez ideias luzir em todo o mundo! XLIV Jacob e Júlio Diehl, Joaquim do Marco, Ah! Que falta fazeis nesta cidade! Sempre empunhando com a flecha um arco Éreis um hino contra a iniquidade. Se o pensamento para vós é parco, Gravá-lo-ei no Céu da Eternidade, Febeliano, Aquilino, Coriolano, Glórias do povo piracicabano! XLV E como urde a memória na labuta No grande Templo Piracicabano, Quero estampar ao povo a grande luta Travada com a raça de Luciano! Homem de ideia forte, resoluta, Governava igualmente a um soberano... Tudo fazia para o bem daquela Na qual viveu e, após, morreu por ela!

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XLVI Humberto, Nélio, Cássio, e Felisberto! São Panteões que a memória nunca esquece! Sempre co’o pensamento largo, aberto, Para o porvir... (Oh! Musa, nesta messe, Outros mais brilham neste rumo certo: Salgot e Gonzaga ficam nesta prece São gigantes gravados nessa história, E são partes de um Todo nessa Glória! XLVII Romeu Ítalo Rípoli! Teu nome Ligado intimamente ao nosso esporte Jamais o tempo – rápido! – consome, E não se apaga ao vasquejar da morte. Sai do Sono Profundo e vem, com fome, Dizer que teu Espírito ainda é forte, E que podes lutar, (ainda me lembro), Co’o Esporte Clube XV de Novembro! XLVIII Ah! Rocha Netto, que saudade imensa, Quando o XV era forte e era temido! Vinham da Capital, homens da Imprensa, Para ver nosso Escrete decidido Jogar – só para ter a recompensa De por prazer ter o dever cumprido! ... Quando veremos novamente a raça De Idiarte e de Gatão erguendo a taça? XLIX Era o Gomes Pedrosa uma “panela” E a torcida, deixava incandescentes Os jogadores... E era uma aquarela

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De bandeiras no céu, tremeluzentes, Quando saía um gol de forma bela. Adolfinho e Curtinho em sonhos crentes, Faziam sacudir o próprio Estádio, E Ari e Marques gritavam gol na rádio!... L Nós, tristes, percebemos que o Glorioso “Nhô Quim”, imerso em triste adversidade, É apenas um fantasma vergonhoso Daquele que nos deu felicidade. Há sempre um comentário malicioso Que faz empobrecer nossa cidade, Que já viveu com o XV tantas glórias, Em páginas de luz de mil histórias! LI Hoje o Estádio Barão da Serra Negra Não tem, não, o it do campo da Regente... O futebol mudou a sua regra E a violência campeia impunemente... A torcida, calada, não se alegra, De ver o XV tímido, descrente... Atletas sem um mínimo de brio Deixam o Estádio insípido, vazio... LII E quando era o Brasil, com sua ginga, Do futebol o campeão do mundo (Hoje somente uma saudade vinga Daquele jeito de esplendor profundo! – Para vencer se faz até mandinga!) E o talento era tanto e tão fecundo; Que o Brasil era mesmo o bom de bola Com De Sordi, Coutinho e com Mazolla!

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LIII Eles representavam nossa Terra Mostrando a galhardia, o amor e a graça. O bom drible era a arma nessa guerra, Até que conquistaram a áurea Taça. Tanto talento assim não mais encerra Em nosso XV, que hoje não tem raça, Não tem brio, não tem capacidade, E muito menos – força de vontade! LIV Houve também o “Cabecinha de Ouro”, O Baltazar, que foi campeão Paulista, Grande Chicão – potente como um touro Que na bola mostrava ser artista. O “A” Encarnado que era bom no couro, No futebol enchia a nossa vista; Maf, União Porto, Vera Cruz e tantos Outros que só faziam ter encantos!... LV E no basquete o XV era invencível!... Nosso Quinteto era o maior do mundo! Cada partida o show pairava incrível; Pecente e Arruda com ardor profundo: Wlamir – o Diabo Loiro! – era temível; Nascimento – infernal! Tosi fecundo! Eles viam tremer os adversários Quando mostravam ser doidos corsários. LVI Também houve o Quinteto feminino Que encantou o Brasil em rara cena; Paula com puro toque genuíno

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Heleninha e a genial Maria Helena... Cesta bola! E selava-se o destino De um ritual que só o passado acena... Hoje não temos mais essas artistas Que à cidade trouxeram mil conquistas! LVII Cícero, grande na fotografia, Alegre registrava a sociedade; À Noiva da Colina ele vivia Imerso num sorriso de amizade. No carnaval vibrava de folia E mostrava também para a cidade Um Nhô Quim que alegrava as nossas vistas, Simbolizando o XV nas conquistas! LVIII E o que dizer desse maior destaque Que é Luiz de Queiroz? Há algum engano Em proclamar a nossa bela ESALQ Maior orgulho piracicabano? Que para sempre fique, igual decalque, Gravada em letras de ouro em nosso arcano E para toda a geração futura, A Escola Superior de Agricultura! LIX Foi Luiz de Queiroz nesta cidade O maior visionário que tivemos, Pois além de trazer a claridade Nos piracicabanos céus supremos, Ofereceu também, com ansiedade, Às mãos que tão-somente usavam remos, A Fábrica chamada Arethusina, Tecelagem da Noiva da Colina

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LX Ai, chora o coração numa ansiedade, Perdida já num mundo de distância... É que meu coração chora a Saudade Da minha tão querida e amada Infância. E choro por lembrar Thales de Andrade Que em livros magistrais traz a fragrância De um tempo que lembramos como prece E que jamais o coração esquece... LXI Conta-nos Thales, mágicas histórias, Dos sítios, das cidades, das fazendas, Aviva nossas tímidas memórias Em páginas sublimes, estupendas... Canta Piracicaba e suas glórias, Os fatos de um passado e suas lendas, Conta suas verdades de mentira Entesouradas em preciosa Lira!... LXII Thales de Andrade, a tua fantasia, Vive no coração sempre criança. Se, preocupavas com a ecologia, E com ela travavas aliança, Sabias tu que dia menos dia Por ela iríamos erguer a lança E defender num forte desafio As agruras que estão em nosso Rio. LXIII E também nossas matas dizimadas Pelo progresso fúnebre e cruento. Em quais perdidas, negras madrugadas,

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Teve início o processo atroz, violento, Que dizimou paisagens encantadas? A Filha da Floresta num lamento Chora, Thales, num vale denso e escuro, Por ver as matas mortas no futuro. LXIV Crianças do Brasil, do mundo inteiro, Thales vem convocar nossas crianças Que tragam n’alma um sonho verdadeiro E sorrisos repletos de bonanças, Para mudar o sonho de guerreiro Num mundo colorido de esperanças, Com amor, muita paz, muita verdade, Com alegrias de fraternidade! LXV A modular a imagem com ternura Portante de su’arte o barro amassa, E tanto o deus-criador e o deus-criatura Tem beleza no olhar, nas mãos a graça. Em cada estátua magistral fulgura O delírio de amor que nunca passa. Seu legado maior de maravilha É no Lar dos Velhinhos que rebrilha! LXVI Rontani cria vida aos personagens E o Nhô Quim, nosso símbolo querido, Passa a viver em sucessão de imagens Com seu jeito Caipira de atrevido. Através dessas lúcidas viagens Nosso viver se torna mais querido; E depois na sessão do Jornalzinho, Tece Curiosidades, com carinho.

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LXVII Diz, Alfredo Cardoso, na verdade, O que é ser um Caipiracicabano; Canta, Godinho, com intensidade, Mesmo que vivas hoje em outro plano. Soletra, doutor Lula, com saudade, Um novo canto que não haja engano, – E sempre com cuidados e carinho Temos nós os afetos de Zezinho! LXVIII Querida Mestra Jaçanã Guerrini, O Saber foi teu guia e teu anseio, Nos páramos celestes te ilumine Teu Negrinho que co’a alma em prantos leio... E de alegrias juvenis nos mine Que a alma fica melhor no devaneio, E a realidade – transmudada em sonho – O nosso coração deixa risonho! LXIX Leandro Guerrini, com sabedoria, Era Porta-Estandarte, que ensinava, E era Léo Guerra, eterno na poesia, Que, os Caminhos Ocultos, desvendava... Tinha por este chão a idolatria Que deixa, em puro amor – toda a alma escrava! Teu nome ficará sempre constante, Na Força de um Primeiro Vigilante! LXX Mestre Leandro Guerrini, tua “História Em Quadrinhos” é rima neste Poema, Relicário que guarda a nossa glória

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Cada tópico é a pérola suprema, De áureo colar que temos na memória E qual sol brilhará como diadema Pelos confins de toda a Eternidade, Que é o registro maior desta Cidade. LXXI Ah, Passarella, que saudade imensa, Do Politheama e da Calçada de Ouro! A juventude ali, de forma intensa, Fazia obrigatório ancoradouro E em festas declamava a sua crença... A tua bombonière era um tesouro: Pequenina por fora, mas cabia, O coração de toda a freguesia. LXXII Hoje o encanto da Praça além se perde, Os casarões deram lugar aos bancos... Talvez nosso futuro já não herde (Pois o progresso chega aos solavancos) Aquele sonho idolatrado e verde Que teima em pintalgar os muros brancos Junto às floridas heras da esperança, E tudo fique apenas na lembrança... LXXIII João Chiarini, mestre do folclore, Com disparates loucos, alquimista Dos neologismos, nossos céus colore... Ideia em turbilhão sempre imprevista, A Argamassa talvez, sangrando chore Tua partida... Se eras comunista, Já não importa, pois com ansiedade, Piracicaba foi sua cidade!

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LXXIV Ubirajara Malagueta Lara! Lindo Poeta que morreu tão cedo. Em ti o verso era uma joia rara E o modernismo foi o teu brinquedo. Tua voz em silêncio ainda declara Que o Poema contém muito segredo; Desvendando apalavradoEUpoeta, Em Queda Livre traço a minha meta. LXXV Mil versos no silêncio estão guardados Que justamente foi tua vontade. Contudo, se eles fossem publicados, Iriam agradar uma cidade. Ubirajara, os versos são brocados, E devem cintilar mesmo em saudade. – Que num raio de luz abram-se os cofres Mostrando-nos tesouros com estrofes! LXXVI Velho Mandy e trovador Lourenço, Com seu singelo tom primitivista E com a alma cantando em sonho denso, Sonhos caboclos, eras mais que artista; Tinhas nas cores um carinho imenso, Que vibram com ternura em nossa vista. Cantando sempre co’o Sorocabinha, Um pináculo foste na Terrinha! LXXVII Canta, Frei Marcelino, com encanto, “Piracicaba, Noiva da Colina!” Exulta em doce voz o terno canto

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Que com amor, ao coração se ensina. Teu hino também vibra sacrossanto À Noiva que se faz sempre menina. Quando a neblina as suas formas cobre, Ela se faz mais lírica e mais nobre! LXXVIII Tadeu José Francisco é uma saudade Que foi tragada pelo mar insano, Tinha a ternura e a sensibilidade Esse cantor caipiracicabano. Mas foi, porém, cantar na Eternidade, Nas sibilantes ondas do atro Oceano; Era tão jovem, lírico, e trazia, Para nos dar – a música e a poesia! LXXIX Zorline com talento exuberante Moldava, dos Morganti, as esculturas, E Castilho, co’o peito sempre amante, Com versos dava imagens raras, puras. Luísa Stipp na escrita exuberante, E Nogueira em fatias de aventuras, Ana Bertozzi com soberbo orgulho, Exaltava os Heróis do mês de Julho! LXXX Luiz Guidotti, mestre do gatilho, Mostrava toda a sua pontaria. Suas exibições tinham o brilho Da perfeição profunda da magia. Tal como um trem correndo sobre o trilho O seu tiro veloz também corria. Como Rei do Gatilho conhecido, Na cidade jamais será esquecido.

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LXXXI Olênio Veiga – mago do violino, Dedilha com amor seu instrumento, Brasiliense ao piano mais divino, (Que a música tocada ao som do vento Preenche de canções nosso destino). E junto de Fabiano em sortimento, Faz que Piracicaba fique mística, Co’a Sociedade de Cultura Artística! LXXXII Virgínia em seu silêncio vai embora No canto matinal do galo preto. Em três quartos de século, Senhora, Mil rimas engastaste no soneto. Quando um dia estiver-me em frente a esta hora, “Os Caipiras” serão meu amuleto. “Judas” há de esperar-me em aventura E ensinar-me a fazer a “Semeadura”. LXXXIII O doutor Preto é nossa referência Na ternura, no amor e na bondade. Irmãos Rebouças mostram competência Na grande arquitetura da cidade. Tais Histórias Noedi nos traz a ciência Rendilhada na força de vontade: Brancos, negros, mulatos, amarelos, Cuidando de criar sonhos mais belos! LXXXIV Dando um brilho de sol a esta cidade No Karamba’s que sempre acontecia A reunião de nossa Mocidade;

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No Grill Dog era o Caio que sorria, E na Inca havia um canto de amizade. Pansa vibrava em mágica euforia E os jovens no Daytona em cantos belos, Arquitetavam sonhos e castelos! LXXXV O sonho de uma antiga serenata Na voz de nossos ternos seresteiros Soa ainda no luar denso de prata E sacode rosais pelos canteiros... A música mil sonhos arrebata E deixa corações alvissareiros. Tanto que Jorge e Anuar iguais meninos, Do Bom Jesus fazem tocar os sinos... LXXXVI Penezzi, faz acordes encantados, Belluco, ao violão se faz um mago, Marco Abreu, tece sons apaixonados, Coimbra, vem do céu num doce afago. Fábio, faz reviver sonhos alados, Em cada coração, num sonho vago, Alarcon com imensa suavidade, Viaja pelos Caminhos da Saudade LXXXVII Bolão todo ternura, alma criança, Modula sonhos com a voz – e encanta! E em nossos corações pulsa a esperança Que até Deus, inspirado, no céu canta. É incerto de onde veio tal herança Que essa voz tem ternura sacrossanta Também a nossa vida se ilumina Com acordes da Essência Feminina

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LXXXVIII Largo dos Pescadores, e a seresta, Entre noites de encantos acontece... No Bar Cruzeiro Jayme Cúrsio empresta A sua voz para sentida prece. Teresa, Sueli, Chaddad em festa Enquanto que Zezé mais doce tece Quando a lua no céu escorre em prata, Os acordes de velha serenata... LXXXIX Lúcia Krug e Celisa e Bernardete, Cecília e Débora com terno encanto, Com Egídio e Bonilha o eco repete As mais belas canções que amamos tanto! Raul e Raphael num só verbete Cínthia faz o coral num terno canto, Com Hélio e Justo a música é mais vida; Piracicaba fica mais florida! XC Zé ABC mestre do jornalismo Cria mais uma Crônica do Dia, Nela semeia o mágico lirismo Para aguçar a nossa Fantasia. Com Barreiros em grande patriotismo Desta cidade mostra mais poesia Com passos de Aprendiz mil sonhos herdo E com Maurício piso o pé esquerdo! XCI Chega de Minas, e antes que eu me esqueça, De Cocenza recordo uma anedota.

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Papo mineiro com virado à beça É amizade Caipira que mais brota. Qualquer encontro e acaba logo a pressa E a gente olhando-o com carinho, nota, Que ele parece, antes de ser mineiro, Caipiracicabano verdadeiro. XCII Bela Síria também nos trouxe Elias Com arabescos modos e costumes, Salamaleiko! diz todos os dias Quando seus olhos brilham tais dois lumes. Imerso em suas belas fantasias Fala de nossa terra e causa ciúmes, Pois um sírio ter alma de Caipira É inspiração que faz brotar a Lira. XCIII Athayde chega de Tupi Paulista E traz poesia para nosso encanto. No palco se transforma em grande artista Quando solta a Palavra com seu canto. Declama versos a perder de vista E entre Colunas nunca eu o suplanto No Navio Negreiro os seus reclamos, Do Poeta baiano, que adoramos. XCIV E assim cantando com tamanho afeto Meu coração feliz fica sorrindo. Aqui nasci e tenho o céu por teto! Neste solo que está sempre florindo Tive o conhecimento do Alfabeto Num sonho de magia puro e infindo. Com Terezinha Kraide, carinhosa, Mestra querida, amada e dadivosa

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XCV Se Guerrini, Samuel, Chiarini e Neme, Em capítulos contam nossa História, Foi Manoel Marques o primeiro leme Quem deu início a toda a nossa glória. Joaquim Silveira Mello e, a mente treme Por citá-lo de forma merencória, No “Almanaque” de mil e novecentos Começou a narrar tantos portentos. XCVI Mário Sampaio exalta a Agronomia, Jair Toledo Veiga também canta. Nair Barbosa em Mosaicos faz poesia Com Rossini a cidade mais se encanta. Newton Costa conserva a melodia E Acary de Oliveira se quebranta. De escritores buscando novos fatos, Adriano compilou novos retratos. CVII Como Terra de exímios escritores Quantos livros já foram publicados Narrando fatos, lendas e valores, Ou, ternos corações apaixonados, Versos contendo cálidos amores Dos Poetas divinos e inspirados! Piracicaba mostra neste vulto Amor às Letras num enorme culto! XCVIII Com descendência de duzentos anos Marly nos conta histórias fascinantes... Recorda fatos piracicabanos

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E Ypié brilha em todos os quadrantes... Desvenda a história elucidando enganos E do passado mostra seus semblantes; Registra tudo com intensidade Para fazer valer nossa verdade! XCIX Às vezes são retalhos de folclore, Ou nossa história em inspirada crença... David, Maynard, Guilherme, Carradore, Mostram trabalho de vontade imensa. Outras vezes, o céu de luz colore, E mostra toda a sua recompensa: Guerrini e Iglésias, com geniais histórias, Gravam as nossas lendas, nossas glórias! C Pichina em belos textos nos convida A dar lindos passeios no passado, Cezário com ternura comovida Mostra a vida existente do outro lado. Myria nos mostra uma estação florida Tendo no peito um coração dourado. Denny põe luz nos mais formosos sonhos Sacconi os nossos dias faz risonhos. CI Na crônica Libânia é insuperável, Fala das tradições desta cidade. Sendo por vezes dura, ou sendo amável, Escreve tudo com sinceridade. Com sua verve esplêndida, indomável, Dominando o vocábulo à vontade, Na perfeição do ourives, com insânia, Rebrilha, sempre incógnita, Libânia.

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CII E há também o Jornal, na grande prece, De Losso Netto, publicando Versos. A Tribuna, do Evaldo, em loura messe, A encher de luz os largos Universos. O bom verso, o nosso âmago abastece, Dos de amor os eflúvios mais diversos; Assim Piracicaba em alegria, Amanhece rimada de Poesia! CIII Ah, Poetas divinos, sois por certo, O elo de Deus que liga o Céu à Terra; Vós floresceis na areia do deserto, Fazeis vibrar no píncaro da serra. Ficais desta cidade sempre perto Que cada coração amor encerra, Exaltai esta Noiva em vossos versos, Nos recantos dos vastos Universos! CIV Cantai o nosso Rio tão divino, E a beleza sem par de nosso Salto, Deixai cheio de luz nosso destino Para que nossa Noiva, num assalto, Possa ter seu futuro purpurino... Oh, Poetas, louvai-a em tom bem alto, Que assim os vossos corações frementes, Desta Noiva serão súditos crentes! CV Vós todos inspirais em Newton Mello, Quando fordes criar o vosso canto, E o som de vossa rima seja belo

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Para ao mundo causar tremor e espanto. Mas que diga de modo bem singelo Piracicaba que adoramos tanto! Assim a estrofe pura do poema Terá o brilho da jóia mais suprema! CVI Se um Príncipe Divino nos inspira Através do Soneto e da Balada, É natural que tanja a nossa Lira Em devaneios n’alta madrugada. Se noss’alma de joelhos tanto o admira Sentindo-se ficar mais inspirada, Com suas mãos ele nos ceda a bença – Dourada rima como recompensa! CVII Lino Vitti é esse Príncipe Divino Que rendilha de amor seu principado. Acolheu os meus sonhos de menino Remendou o meu verso pé-quebrado. Devo a Ele toda a luz de meu Destino Que, co’as Musas, ficou iluminado; Se Ele tanto ajudou em minhas messes, Em versos lhe ofereço ternas preces! CVIII Com palavras Cecílio Elias Netto Mostra talento esplêndido e invencível. Outrora no “O Diário” era o arquiteto E na Província ainda se faz terrível. Dominando os segredos do alfabeto Tece o seu parecer de modo incrível. E sempre com repentes de poesia Mostra-se majestoso em seu “Bom Dia”.

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CIX Recolheu nossas pérolas exóticas Num folclórico e estranho Dicionário. Tal compêndio de frases tão caóticas Definem bem nosso falar diário. Dialeto de palavras estrambóticas Desta cidade traça o itinerário. Ao ler tantos verbetes em assomos, Percebemos quão ricos todos somos. CX Em taças de cristal, canta, Marina, A Receita de Amor num verso puro. Também exalta a Noiva da Colina Para todos os dias do futuro. Porque tu’alma eterna de menina Jamais cantou sequer um canto duro. E no segredo secular da trova Sempre inventaste uma mensagem nova. CXI As grandes tradições desta cidade Tem também sua marca registrada. Seria, resistir, calamidade, A uma piapara no tambor assada; E a gulodice vem, com ansiedade, Quando aqui, com carinho, é degustada, Puro creme de milho – ai, ânsia louca! – As pamonhas que adoçam nossa boca! CXII Dentro de nossas tradições tão belas, Surgem os mais sublimes personagens, Em nossos céus são magistrais estrelas,

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Perpetuados em mágicas tatuagens Das formas mais sublimes e singelas. Todos eles cintilam como imagens Imortais ao passar por nossas ruas De formas simples, rebuscadas, nuas... CXIII O Carlão conta histórias fabulosas E, Maestro da Energia, doma os raios, Madalena em risadas audaciosas Vive, do carnaval, fazendo ensaios... Dentro dessas lembranças tão gostosas, Ressurge o Bruno envolto em seus balaios A gritar, a gritar, vermelho e afoito, De forma pura e peculiar: bis-coi-to! CXIV No teatro a cidade exulta e brilha: Tan-tan, Metamorfose, Andaime, Ceta... Em cada peça vibra a maravilha Que mais encanto traz para o Poeta. E Carlos ABC segue na trilha Com Rodrigo mil sonhos arquiteta. Lyson Gaster fulgura em grandes planos, Chapéu exalta os piracicabanos! CXV Piracicaba com as Musas dança Em grandes sonhos de carícia plena. Jussara faz brilhar verde esperança, Cristina magistral fulgura em cena. Em passos tais o coração criança Para o Infinito azul a mão acena. Túbero vibra em mágico domínio! Nina e Tutu envolvem-se em fascínio!

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CXVI Zé Maria Ferreira era a presença Obrigatória nos eventos d’Arte. Era seu elogio pura crença, Era sua bandeira um estandarte Para a Cultura aqui, de forma intensa, Vibrar perseverante em toda parte. Crítico – muitas vezes foi ferido, Porém, perdoava ao soco recebido. CXVII A sua ausência – mais que uma saudade Deixa Piracicaba mais vazia. O seu verbo era um hino de verdade, Seu silêncio hoje é rima de poesia. Calmo e tranquilo, ao certo esta cidade Não soube dar valor a Zé Maria. Mas ainda este silêncio – em forte estrídulo, Traz nitidez explícita ao falso ídolo! CXVIII O piracicabano íntegro e honesto, Orgulhoso de ser um brasileiro, E sempre carinhoso com seu gesto, Quando precisa ser hospitaleiro, Atento para um útil manifesto, – Se necessário – torna-se guerreiro! Sai para a luta, faz a sua glória, E fica perpetuado nessa história! CXIX Salve, Torrão Natal! Pátria que um dia Nos legou homens fortes e briosos, Que erguendo gládios foram à porfia

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E voltaram soldados valorosos. Salve, Terra sagrada da Poesia! Se já tivemos dias procelosos, Hoje vivemos com a paz e a calma, Trazendo risos puros dentro d’alma! CXX Esta Piracicaba sempre bela De nosso coração merece a crença, Tanto já foi pintada numa tela (Pois a sua beleza é tão intensa!) Que se convive enamorado dela. E ela que oferta como recompensa Para que de maneira apaixonada, Erijamos aqui nossa morada. CXXI Piracicaba é Terra-Mãe, por isso, Recebe, pondo a voz num estribilho, Como sublime e puro compromisso De qualquer outra terra um nobre filho. E aqui lhe oferta um lar, lhe dá serviço, E lhe dá chances para que haja brilho De vencedor – e mostra ao mundo inteiro Que aqui louvores tem todo o estrangeiro. CXXII Esta é nossa Cidade, é nosso Mundo, Neste nosso País – é nossa Terra! A amamos com amor puro e profundo Pois nosso coração amor encerra. Tanto desejo torna-se fecundo Também a nossa crença jamais erra: E por isso ressoo a voz no encanto: Dizendo simplesmente que A amo tanto!

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CXXIII Esta Piracicaba que adoramos É com certeza a nossa Mãe querida. – Árvore onde florescem belos ramos Onde a paisagem fica mais florida. Cidade que ouve mágicos recamos Para que mais feliz se torne a vida; E com gestos nos dá – irresolutos, Os mais dourados e mais raros frutos! CXXIV Tudo brilha e fulgura em tal encanto, Nesta cidade eternamente bela. Piracicaba soa como canto Nos brasileiros céus é grande estrela. Às vezes chega a provocar espanto Quando vai retratada numa tela. Sua beleza, em êxtase, impressiona, Que a alma dela em instantes se apaixona. CXXV Contemplemos em luz as suas praças, Suas ruas e largas avenidas, Novos bairros surgindo em tantas graças, Abrigando, a sorrir, muito mais vidas. Nas comemorações erguem as taças E as esperanças tinem coloridas, As amizades neste santuário Emolduram o lírico cenário. CXXVI Talvez o canto já me seja vício Mas a vontade de cantar é tanta Que não é sofrimento ou sacrifício

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Fazer das minhas rimas rica manta. Exaltar-te, oh, cidade, é doce ofício, Porque tanto esplendor é que me encanta! Embora soe o Verso sempre pobre, Para cantar tua beleza nobre! CXXVII Por isso canto, canto, e não me canso, As rimas saem livres, lavradias, Com elas dentro d’alma me embalanço Nem percebo o correr amplo dos dias. Cada estrofe que teço mais avanço E a louvo em minhas loucas fantasias. Essa Noiva de mim tudo merece E apenas dou-lhe versos como prece. CXXVIII O verso é minha voz, nada mais tenho, Ele é minha riqueza, é o que te oferto. E com versos nas mãos, humilde venho, Co’o corpo nu, porém, de amor coberto. Se me falta a Arte e todo o seu Engenho, Meu coração te entrego a céu aberto; Toma-o Noiva, ele é Teu neste momento, E com meus versos lança-o para o vento! CXXIX Que surjam outros cantos, outras liras, E que surjam também novos poemas, As rimas ardam como azúleas piras Engastadas em líricos diademas, Para enfeitar a Musa dos Caipiras De belezas sublimes e supremas. Pois vou cantar de forma soberana, A grande glória piracicabana!

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CXXX De nada vale o apelo do poeta Pois o materialismo de hoje impera. Despercebida passa a borboleta Anunciando a estação da Primavera. Mesmo a Poesia torna-se obsoleta E transforma a Ilusão numa quimera. Este Canto à Esperança, não me iludo, Há de viver calado, triste, mudo. CXXXI Mas a vontade de escrevê-lo é tanta Que não me furto se me chama, a Musa. Ela com doces rimas me acalanta, E faz que mais estrofes eu produza. Se no silêncio minha prece canta Necessário se faz que a ela eu me induza E os versos surjam livres, aos milhares, Produzidos por mágicos teares. CXXXII Se a paixão de escrever torna-se forte Largo o prazer e ponho-me ao trabalho. – Poeta é bafejado pela sorte, Ungido com gotículas de orvalho. Para o poema não existe a morte Pois ele à Vida serve de agasalho. Por isso, versos com ternuras teço E co’a manta de Rimas eu me aqueço. CXXXIII Assim planto meu Hino de Esperança Para desabrochar feito ternura. Poeta – trago sonhos de criança,

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E sonho a vida da criança pura. Se um só verso ficar como lembrança O sonho não terá abreviatura. Por isso, Musa, quanto mais me induzes, Mais pela estrada vou plantando luzes. CXXXIV Este é meu canto de cumplicidade Pois quem ama jamais cita o defeito. Se me falta a cantar honestidade, Creio no verso justo e mais perfeito. Se mais bonita houver outra cidade, Se mais acolhedor for o seu leito, Não serei um Poeta despeitado Porém, continuarei apaixonado. CXXXV Nosso Rio tão belo e exuberante Cativa corações e olhares ternos. Noiva ideal que sonha o amado amante E dias de alegrias sempiternos. Como posso de ti viver distante Sem viver sofrimentos tão eternos? Junto de ti suspiro, canto e clamo, Noiva linda que em êxtase tanto amo! CXXXVI A água que jorra pelo Salto altivo – Doce canção que o espírito me enleva! – Faz-me ficar de ti sempre cativo, Faz rebrilhar o sol dentro da treva. Por ti, Piracicaba, em sonhos vivo, E meu olhar os teus encantos leva. Olhando-te feliz da Ponte Pênsil, De meu amor te falo no silêncio!

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CXXXVII Canto Piracicaba, em transe a exalto, Pois sinto tanto amor dentro do peito, Que versos mil soletro para o alto, No mais sentido e comovido preito. Meu canto se mistura à voz do Salto E canto com razão de todo o jeito. Esta Cidade é mais que minha Musa, Deusa e Rainha a voz no canto acusa. CXXXVIII Canto Piracicaba e sua glória, Sua terra, que é fértil agasalho. E canto os seus três séculos de história Feita com muito amor, muito trabalho. Os fatos trago vivos na memória E a contá-los sequer procuro atalho. Tantos nomes estão na minha mente, Tudo brilha em fulgor na minha frente. CXXXIX Santa Bárbara d’Oeste, Americana, Rio Claro, Campinas e Limeira, Respeitam nossa Capital da Cana, Como orgulho da Pátria brasileira. Aqui vibra a Cultura soberana Para o Brasil noss’arte é pioneira. Tudo brilha em fulgor e conteúdo, Muitos livros estão narrando tudo. CXL Assim, Poeta, solto a minha Lira, Para louvar de vez esta cidade. E se tanto cantar a alma se inspira,

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O canto se transforma em suavidade. Essa chama de amor é ardente pira, Torna-se eterna nessa realidade. Piracicaba em doce enlevo canto “Cheia de flores” e “cheia de encanto!” CXLI É Musa no meu peito de Poeta, Minha Musa de amor idolatrada. Se não trago a maneira mais correta, É que tenho a minh’alma apaixonada. No canto minha voz se faz concreta, Se, uso somente versos na empreitada, É que somente em versos eu traduzo Tanta beleza que no peito induzo. CXLII Tanto amor extrapolo aos largos ventos Que levam minha voz para o Infinito. Defendo-A sempre em todos os momentos E se preciso a voz uso no grito. No coração são tantos sentimentos Que ele vive pulsando nesse agito. É meu lar, minha casa, minha glória, De cantar tantos fatos numa história. CXLIII Se retenho no peito tantos fatos, E agora os conto nesse doce enlevo, Não preciso ir às minas de artefatos E a usar de fantasias não me atrevo. Sei que devo cantar todos os atos E, cada um deles ao mais alto elevo, Colocando-os de forma alvissareira, Na memória da pátria brasileira.

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CXLIV Qual terra no Brasil tem mais beleza Do que esta terra que adoramos tanto? Privilegiada pela natureza Tamanha Inspiração transformo em canto. No centro um Rio em plena correnteza Aos olhos se traduz em doce encanto. Visão de maravilha e sobressalto É a volúpia das águas junto ao Salto. CXLV Este Rio traduz a história bela Junto de seus primeiros habitantes. Por isso brilha como enorme estrela Nos brasileiros céus largos, distantes. E sei-me tanto apaixonado dela Que a exalto em minhas rimas mais constantes. É de fato esta Noiva da Colina, A cidade que fulge e que ilumina! CXLVI Dom Fernando Mason bênção te peço, A toda a história piracicabana. De coração aberto te ofereço Garapa feita de uma doce cana. Se de Cristo uma benção não tem preço, Pois Sua luz de amor no céu se emana, Junto à Madre Maria Teodora A minh’alma contrita em preces ora. CXLVII Oh! Berço de meus Pais! Terra bendita Que aos meus Avós foi luz, foi agasalho! Dentre todas se fez mais favorita

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E soube dar valor à Pena e ao Malho! Por isso é que de forma áurea e infinita, Trocamos tal amor pelo trabalho, E foi com essa crença imorredoura, Que os Pezzato iniciaram na lavoura! CXLVIII Domingos e Maria e os cinco filhos: Pedro, Felício, João, mais Josephina E Philomena ao virem tantos brilhos Jorrando nesta Noiva da Colina, Nos velhos carroções vindo nos trilhos Encontraram a paz beneditina. Nos bairros Monte Branco e no Serrote Firmes vinham na junta a largo trote. CXLIX Hoje em recordação a esse passado Se conhece o local por “Pezzatinho”. Tanto labor deixou iluminado Este recanto cheio de carinho. O chão que foi outrora fecundado Para os Pezzato foi um níveo ninho, E grande parte desses descendentes, Do solo brasileiro vivem crentes! CL Foram, porém, Felício e Fortunata, Que tiveram aqui seus sete filhos. E embalados em doce serenata Desses caipiras céus viram os brilhos. Lásaro foi o sétimo da nata Com Maria Virgínia fez seus trilhos Tendo quatro rebentos nessa reta: Regina, Dalva, Helena e este Poeta!

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CLI Também os Guidolin e os Calçavara, Rizzi, Vacchi, Masson, e Pizzigatti, Todos unidos na vontade rara, De vencer com denodo, esse combate. Essa é a raiz pujante, nobre, clara, Genealogia que jamais se abate. Hoje, dispersos, somos já milhares, Respirando esses climas, esses ares! CLII Portanto vou cantar de forma intensa Essas fantásticas Alegorias. Se, preciso urdirei da força a crença, Para exaltar a glória de teus dias. O amor, na sua raça mais imensa, Usarei para tantas fantasias. Para a denúncia ou para a infausta glória, Tudo farei para contar a História. CLIII Se pelas bocas for apedrejado Por te cantar de forma negra e crua, E se ficar meu canto desprezado E escuro quando ao céu vai nova a Lua, Jamais me sentirei um derrotado Co’a torpe insanidade que insinua. Porque o Poeta dever ser honesto Sempre quando soltar seu manifesto. CLIV Assim vou começar, minha querida, A escrever o poema que me pedes Tentarei uma rima colorida

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Como as cores de Adâmoli e Archimedes. A Exortação é parte já cumprida E se tu, Musa, inspiração concedes A outros Poetas, vou pedir-te agora, Uma rima de luz à minha aurora! CLV Vejo histórias de vultos valorosos Que viveram aqui nesta cidade. Porém, vendo recantos tão formosos, Minh’Alma canta em terna alacridade!... Também, nesses três séculos lustrosos, Existe um canto pleno de verdade, E eu vou tentar, oh, meu amor, falar-te, Pois desta história nós fazemos parte! CLVI Nós que dos Imigrantes somos frutos, Devemos Deus louvar em ternos hinos. Homens fortes, honestos, resolutos, Neste solo plantaram seus destinos. Nossas ofertas servem de tributos Aos senhores, aos jovens, aos meninos, Que ganhando da Terra um agasalho, Retribuíram co’a força do trabalho! CLVII Quando a Itália e o Brasil deram-se os braços Nosso futuro foi aqui plantado! Na mistura das raças em abraços, Nasceu um povo mais apaixonado. Já que estamos unidos em tais laços E nosso Amor por Deus é iluminado, Se, vidas salvas com o teu trabalho, Co’as Musas, mais feliz eu me agasalho!

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CLVIII Tu que ouves meu poema com carinho E atenta ficas sempre achando-o lindo, A ti, Ana Maria, teço o ninho, Para teu coração ficar sorrindo. A vida se abre em lúcido caminho E para nós se torna belo e infindo. De mãos dadas, querida, e com firmeza, Seremos nós felizes, com certeza. CLIX E nossos corações de amor tão cheio, Hão de felizes ser no dia-a-dia. Piracicaba é nosso etéreo anseio, Nosso mundo de bela fantasia. Se teu amor eterno eu encontrei-o, Nele vivo feliz, junto à Poesia, Oh, meu amor sublime, doce, puro, Lancemos nossos olhos ao futuro! CLX Se tal amor eu louvo neste canto, Também as nossas almas afinadas Tecem declarações num acalanto E cantam juntas pelas madrugadas Linda canção que à vida traz encanto. E plenas deste amor, apaixonadas, Havemos de viver na Eternidade, O nosso amor de terna alacridade. CLXI Oh, minha Mãe! Oh, minha Mãe querida, Teu Filho, este Poeta, ainda pensa, Que a Poesia é uma estrada colorida,

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Onde os pássaros trinam sua crença. Esta jornada, límpida e florida, Vive margeada pela indiferença, A Poesia esquecida anda à deriva, E somente nos sonhos segue viva. CLXII Por isso, minha Mãe, sempre a Senhora, Entretem-se co’os versos que fabrico. A fábrica de sonhos é uma aurora E eu – com raios de sol a multiplico. Se este Poema muitas vezes chora, Com ele, minha Mãe, torno mais rico; Pois se, com tantas rimas me abasteço, Com versos d’ouro o meu tesouro teço. CLXII Foste Tu que na doce Primavera A este Poeta deste a luz do Sonho. E se a Senhora mais de mim espera, Com versos crio um mundo mais risonho. A Musa, minha Mãe, vive na Esfera, Onde a Esperança vibra e as glórias ponho, E se Piracicaba é meu Poema, Que os versos sejam perlas de um diadema! CLXIV Também, meus Filhos, para vós dedico, O poema onde louvo a nossa Terra. Se um outro solo pode ser mais rico, Sou bairrista e jamais a minh’alma erra. Se mil recantos – hoje glorifico, Eu não pretendo provocar mais guerra; Pois meu Torrão Natal tem tantos brilhos, Que irão por certo, iluminar meus Filhos!

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CLXV Quando meu nome for uma saudade Em vossos corações aveludados, Estas Rimas guardai – com majestade, Porque foram escritas com cuidados; E eu adorando tanto esta cidade, Jamais quero ir buscar outros condados. Junto a meu Pai quero ir ficar um dia, Quando acabar, da Vida, a Fantasia! CLXVI Estes versos guardai dentro do peito, Para aos netos mostrar dos vossos netos, Que eles, esta cidade com respeito, Amem, tendo por ela seus projetos. Se em tão lindos recantos me deleito E n’alma tenho sonhos irrequietos, É que carrego um hino como um canto: Que a cantá-lo revolvo-me em encanto. CLXVII Esta alegria multicolorida Explode no meu peito de poeta E passo mais a acreditar na vida. O Caipira seus sonhos interpreta Numa ilusão azul de alma florida. Esta esperança lírica e concreta Ilumina tais sonhos e ilumina O coração da Noiva da Colina! CLXVIII Oh! Noiva sempre amada e defendida, Embora haja tropeços na jornada, Hás de seguir iluminando a vida

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E os passos mais febris na caminhada. Tua glória por deuses concebida Jamais há de trazer-te a derrocada. Sempre sublime, olímpica, altaneira, Pois és pilar na Pátria brasileira. CLXIX São três séculos vivos e pulsantes Como enredos da glória brasileira. São espetáculos alucinantes Que engrandecem de vez nossa Bandeira. São histórias fantásticas, brilhantes, Desta Terra chamada canavieira, Piracicaba vibra, em luzes brilha, Na apoteose de imensa maravilha. CLXX É tamanha a beleza desse canto Que Newton Mello nos criou um dia, A alma se embala num suave encanto Aos acordes de terna melodia. Se na canção esse prazer é tanto, Sinto que o canto à vida me extasia! E no silêncio vibro apaixonado De corpo e alma me quedo ajoelhado! CLXXI Se minha Lira neste canto vibra A Exortação parece-me infinita. Pois o Caipira com talento e fibra Em largos cantos pelo espaço grita. A verdade nas luzes se equilibra No peito o coração, feliz, se excita. Piracicaba tanto mais merece De joelhos ser cantada em doce prece.

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CLXXII E para a exortação tornar completa, Seria necessário que dissesse Com a rima dourada de um poeta E co’a alma de joelhos, numa prece, Que esta cidade toda está repleta Dos ideais da mais sublime messe, Mas faltando talento para tanto, Diz-me a razão para calar o canto!

Canto II Fundação I

Século XVII – era novembro Do ano noventa e três... Assim começa O primeiro registro, que ora lembro, Do que era, com certeza, uma promessa... Pedro de Calvancati foi o membro Pioneiro dessa Sesmaria, dessa Que haveria de ser, toda bonina, A hospitaleira Noiva da Colina! II Depois foi confirmada em Régia Carta Do século XVIII – no ano nove, Com documentação ainda hoje farta, (Desnecessário faz que se comprove) – De Itu a Capitania não se aparta – E que aos homens de bem tanto comove. E de Piracicaba a Itu é aberta Por Felipe Cardoso, a estrada certa!

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III A Felipe Cardoso a Sesmaria É doada em nosso Porto altivo e belo, Há muitos anos ela pertencia A Manoel Lopes, Branco após Castelo. Assim num hino pleno de alegria, O progresso à corrente urdia um elo, E em sonhos, em desejos, em quimeras, O futuro alcançava-se em mil Eras! IV Logo após por Luiz Pedroso Barros A estrada que conduz a Mato Grosso. – Sonhos amplos, sublimes e bizarros, Maiores que de Rodes, o Colosso, Para passar com bois, pesados carros!... E assim era traçado tal esboço De tais fatos que fazem nossa história, E tudo constatar a imensa Glória! V Ronca o Salto sublime, majestoso, Uivo de Deus aberto ao Universo! – Piracicaba é um Rio amplo, piscoso, Maior que esta Epopeia posta em verso. Caindo de um leito áspero, pedroso, As suas águas vão – rumo diverso! – Rimas fazer para o grandioso poema Da Natura, chamado – Piracema! VI Aqui vivia a tribo dos nativos: Os índios Paiaguás – fortes guerreiros. De tão belo local eram cativos

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Pois eram habitantes brasileiros. Dentre os bosques gentis eram esquivos, E unidos acampavam nos terreiros, Levando a deus Tupã alegorias, Ofertas e presentes em magias! VII São Paulo nos tais tempos já mostrava Para o Brasil a sua exuberância! Bandeiras nos sertões ele fincava Sem medir os entraves da distância. Assim as Tordesilhas ele arcava Os limites impostos cheios de ânsia. As Entradas marcavam suas pistas Deixando, às vezes, sangue nas conquistas. VIII Essas almas demais aventureiras Fecundaram o solo com Cidades... Pois foram as Entradas e as Bandeiras Corajosas domando as tempestades Das sombrias florestas brasileiras. Agindo, às vezes, com perversidades, Guerreavam contra as tribos dos nativos Que dominados, viam-se cativos. IX Na ânsia suprema do desconhecido Buscavam encontrar minas faustosas. E quanto mais o solo era ferido Rico sangrava em pedras fabulosas. O ouro brilhava sob o sol brasido E o chão desabrochando como rosas Mostrava, qual corola em sangue aberta, Uma nova jazida descoberta!

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X Assim Piracicaba era passagem Dos bravos e pioneiros Bandeirantes. Frente ao desconhecido era miragem Que iluminava todos os semblantes. E solidificada nessa imagem Partiam decididos e confiantes, Para enfrentar engodos e revezes Que, sorrateiros, vinham muitas vezes... XI Foi em mil setecentos e dezoito Que os paulistas febris, desbravadores, Tendo no coração um sonho afoito Foram buscar as pedras de valores... Necessário se faz que neste intróito Recordemos os nomes dos condores Que co’a coragem própria de homens grandes, Chegaram ao pináculo dos Andes! XII Antonio Pires e Cabral Moreira, João Leme e seu irmão Lourenço Leme, Antonio Maciel – mente guerreira, De ouvir tais nomes muita gente treme! Dias Falcão, Aleixo e a brasileira Vontade paulistana, que ainda espreme As tropicais florestas para dentro, Que é preciso ao Brasil, chegar-se ao Centro! XIII E quando as minas foram descobertas, Como de Jericó graves trombetas Ecoaram pelas amplidões desertas...

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Portugal que nos via de lunetas Quis novamente ter as contas certas Do quanto de ouro havia nas secretas Terras mato-grossenses, pois havia, Mais rico de ficar a cada dia... XIV O ouro era tanto, que o capim cortado, Das raízes brilhavam-se as pepitas... O próprio chão tinha um fulgor dourado, Vestígio de riquezas infinitas... O ouro que em Cuiabá foi garimpado Daria para decorar mesquitas, E assim foram chegando garimpeiros Dos mais distantes Pontos brasileiros! XV E o tempo vai correndo... Quilos de ouro Vindos de Cuiabá aqui são mostrados... Antes de prosseguir co’o áureo tesouro, Os tropeiros ficavam acampados Na Sesmaria, ouvindo à noite o choro, Da viola queixosa, que em dobrados Sentimentais, tocava mil cantigas, Para lembrar saudades muito antigas... XVI Morgado de Mateus, Souza Botelho, Rei D. José, de Portugal, nomeia Governador do Estado, e como espelho A refletir mil focos, tem ideia De criar Freguesias... Dá conselho Para expandir-se, e assim – qual epopeia – Nasce Piracicaba com certeza Pura luz no fulgor da Natureza!

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XVII Porém, para povoar a Freguesia Que seria chamada Vila Nova Teve dificuldades na porfia, Porque ninguém queria vir sem prova Que o Progresso alardeado aqui viria. Mas distribuindo terras é que aprova O interesse maior por esta Vila E assim, tantos percalços aniquila. XVIII Manda depois que vários moradores Da Freguesia do Araritaguaba Abandonem seus fogos, suas flores, Para virem povoar Piracicaba. Esses, por serem pobres, sem valores, Sonhando com promessa mais nababa, Percorrem o Tietê sobre canoa Em busca do lugar que estranho soa. XIX Mas eis que chega na localidade, Vindo de Itu, o Povoador Barbosa... Homem que tinha muita austeridade, Esperto como lépida raposa; Sempre atento a manter a integridade, Inquire, escuta e inteligente, ele ousa: Embora seja de labor amargo, De Diretor ele recebe o cargo! XX Na confluência dos Rios tão gigantes, Onde o soberbo Piracicabano Recebe, do Tietê, as marulhantes

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Corredeiras, traçado foi o plano: No local de belezas tão distantes Barbosa, com poder de um soberano, Deveria fundar o seu povoado Para de Cuiabá ficar ligado. XXI Após reconhecer todo o terreno, Não consegue encontrar felicidade E reluta ficar... Em gesto pleno Sonha buscar um’outra propriedade. Assim em pouco tempo, em breve aceno, Reúne sua gente com vontade, Para o Governador manda um aviso: – “Parto em busca de um térreo Paraíso!...” XXII Após no barco por as suas tralhas, Começa a serpentear o Rio imenso. – “Se for preciso vencerei batalhas, Que tudo irei fazer como ora penso...” O inverno vai tecendo suas malhas E o frio dia a dia é mais intenso. Até que a seu olhar se descortina O Salto todo envolto à alva neblina! XXIII – “Aqui! Vamos à margem, à direita, Que este local parece-me bendito”. Com seu firme comando tudo ajeita Enquanto vai fitando o amplo infinito... O Salto ronca... Um Paiaguá na espreita Observa o movimento... Ouve-se o grito De uma assustada e lépida araponga Que à mata vai, em disparada longa...

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XXIV – “Erijamos aqui as nossas tendas, Que o Rio suprirá as necessidades. Estendamos além nossas fazendas E façamos valer nossas vontades...” Enquanto o Rio vai bordando rendas Nas suas mais etéreas densidades, Barbosa com prazer e muito gosto As bagas de suor – limpa do rosto. XXV – “Isto é um Éden por Deuses abençoado! A Piracema há de suprir a fome Deste povo sem laia e abandonado. Piracicaba é mais que um belo nome, E ao porvir há de ser idolatrado!...” Uma alegria mágica o consome. Quedando-se a pensar contemplativo De airoso Sonho torna-se cativo. XXVI Desobedecendo a ordem recebida O destemido Povoador Barbosa, Escolhe uma outra plaga mais florida Para estabelecer-se... Alva e radiosa, A sua vista brilha de mais vida Ao ver a queda d’água voluptuosa Que do Salto marulha e, em ansiedade, Vibra seu coração com mais vontade. XXVII Pois oitenta quilômetros acima Do lendário Tietê, acompanhado, De uma corja de gente sem estima,

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Barbosa faz construir o seu telhado... A terra é boa e bem melhor é o clima, Seu desobedecer é relevado E pela paradísica paisagem Seus olhos pensam ver linda miragem. XXVIII Mil setecentos e sessenta e sete! Era o dia primeiro, o mês de Agosto! Barbosa, na razão que lhe compete, Já querendo firmar-se em nobre posto, E eternizar-se nesse gabinete Mostra, à razão de um homem bem disposto, Que oficialmente está reconhecida Esta cidade que há de ser querida! XXIX Ao chegar dos primeiros habitantes, Ouviram um rumor – Piracicaba! – Que quer dizer em todos os quadrantes, Localidade onde jamais se acaba O cardume dos peixes esfuziantes. Cada habitante fez a sua taba Pois a alimentação tinha em fartura E a vida aqui sorria com doçura. XXXX “Local onde jamais se acaba o peixe!...” Piracicaba foi reconhecida! Assim todos, co’um mundo de interesse, Neste local vinham tentar a vida. E a “morada dos peixes”, como prece, Na obra de Deus mais pura e mais querida, Foi crescendo em mil laivos de progresso – Por terras e águas foi criando acesso!

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XXXI Assim tudo precisa ser construído: Provisões para erguer-se uma Capela, Tudo, tudo vai sendo decidido, Perto do Salto, na visão mais bela, Deste paraíso que ainda está escondido E não teve motivo algum de tela Que inspirasse um pintor em seu carinho, Como inspirou mais tarde a Miguelzinho XXXII Depois, por ordens vindas da Coroa, Piracicaba passa a ser chamada Vila Nova – e tal nome estranho soa. Contudo no papel é respeitada; Enquanto o Salto, no eco altivo ecoa: “Piracicaba!” em forte voz pausada, E de maneira contagiante e rara Pois este é o “lugar onde o peixe para!” XXXIII Embora tenha um nome, os moradores, Pelo seu nome antigo ainda a chamam. Piracicaba brilha em mais fulgores E por todos seus filhos que já a amam. Pouco importa que nome dê-se às flores, Com seus perfumes é que elas recamam... Se Vila Nova a chamam, sua bruma De Véu de Noiva a todos mais perfuma! XXXIII João Manoel da Silva, sacerdote, Reza a primeira missa na cidade. E a Virgem dos Prazeres sob archote

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Fulgura iluminada em claridade. Porém, o Capitão, (sem que se note Em seus olhos um misto de vaidade) Planeja que o Padroeiro daqui seja Santo Antônio. Isso é tudo o que deseja. XXXV Mil setecentos e setenta e cinco, Piracicaba já era Freguesia, Moradores tratando-a com afinco O progresso do tempo lhe sorria. Pequenina, mas bela como um brinco, Era um recanto cheio de poesia. Quarenta e cinco fogos entre flores Abrigavam seus ternos moradores. XXXVI Após o censo feito e registrado Para Pacheco Silva diz Correa: –“Pelo Santo Evangelho respeitado, Esta lista é a verdade de mão cheia. Como seu Povoador aqui instalado Não iria mentir de nossa Aldeia. Piracicaba cresce em formosura Com sua gente simples, nobre e pura!” XXXVII Mas Barbosa rançoso em teimosia Era sempre o primeiro que brigava. A voz do Sacerdote ele cobria, A chicote tratava a gente escrava. Contra todos demonstra valentia E inimiga feição de força brava. Em confrontos e apartes nunca cede, Ao que busca empecilhos nunca mede.

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XXXVIII Nesse tempo o governo de São Paulo Tem Martim Lopes Lobo de Saldanha A provocar deslize e muito abalo. Sua falta de escrúpulo é tamanha Que a todos trata a patas de cavalo; Com péssimo caráter, ódio e sanha, Trava o progresso, brame a hipocrisia, Mata o ideal de um sonho que floria... XXXIX Por sua inaptidão e incompetência, Iguatemi – colônia, é devastada. Os espanhóis tem firme resistência Para domá-la à força, na jornada. Nessa vertiginosa decadência Piracicaba fica abandonada. A Iguatemi ligada intimamente, Não tem como prover aquela gente. XL Barbosa na influência recebida, Passa a agir de maneira muito ingrata. Faz desmandos de forma inconcebida E a todos por aqui também maltrata. Mas a fúria de Lobo desmedida Com Cunha de Menezes desbarata. Góes Aranha põe fim ao seu governo Tira, afinal, São Paulo desse inferno. XLI Foi nesses mesmos tempos que a vontade Do povo, entre delírios era feita... Assim sendo, mudou nossa cidade,

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Que era colonizada na direita À esquerda margem... Com felicidade Toda a população ajuda, ajeita Novas moradas, novos ranchos, novos Caminhos para o bem estar dos povos. XLII Vicente Costa Taques Góes Aranha Capitão-Mor de Itu está presente Em tal mudança... em êxtase acompanha Na travessia os barcos... Frio ingente De inverno em pleno julho, faz que a sanha Do povo, comandando por Vicente, Agrida a mata virgem e que agrida O solo que à Cidade vai dar Vida! XLIII E ao fim da luta, imersos em cansaço, Os homens se reúnem, traçam planos, Todos unidos em um mesmo abraço Dissipam dúvidas e sem enganos As vistas lançam para o largo espaço, Onde estarão os piracicabanos No futuro do século vindouro... – O Rio, ao por-do-sol, rebrilha em ouro!... XLIV E sob a proteção imaculada Devia ser a Virgem dos Prazeres Sobre o Altar da Capela colocada, Em honra da mais pura das Mulheres. E a Virgem foi com fé idolatrada Com rosas, lírios, dálias, rosicleres... Enquanto o velho Povoador Antônio Nutria ideias com prazer gorgônio...

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XLV O Povoador, por ter gosto contrário, Não quer que a Virgem seja protetora Desta terra tão linda de cenário... De madrugada, antes de vir a aurora, Sorrateiro, soturno, solitário, Toma a imagem sagrada da Senhora E, colocando a Santa sobre a espádua, No Altar coloca Antônio – que é de Pádua! XLVI Manhã! Rebrilha o sol entre a neblina... Os humildes e pobres pescadores Unidos numa paz beneditina, Juram ter visto entre anjos de mil cores, Pelo Rio que brilha a alva platina, Nossa Santa Senhora envolta em flores, No ponto exato onde formando um arco, O Rio oculta todo e qualquer barco... XLVII Os místicos de outrora então nos falam Que Ela daqui partiu ao ser trocada... Porém, do Povoador, frases resvalam, Que ele a trocou durante a madrugada. O mais é lenda... e as lendas assinalam Que não se deve ter crença em mais nada. – Se Santo Antônio o Povoador queria, Ele mandava nesta Freguesia!... XLVIII João Manoel é o pároco vigário Mas com Barbosa vive em desavenças, O que um fala o outro diz logo ao contrário

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Chegando a discutir das mesmas crenças. Assim não suportando tal calvário E nem a convivência das mais tensas, Aqui não fica e parte derrotado Deixando o seu rebanho abandonado. XLIX Cada vez mais Barbosa, atrabiliário, Com seu desejo de mostrar comando, Travou perseguições contra o vigário E dissensões profundas foi cavando. Com seu poder mais rude e extraordinário Desavenças terríveis foi travando. E contra o absolutismo irreprimido, Por tais forças Barbosa foi vencido L Frei Tomé de Jesus chega e é empossado! E a Freguesia ao pároco faz festa! Pouco tempo depois sente-se amado Por esta gente simples e modesta. O Santo Sacrifício é celebrado E a multidão à Fé, su’alma empresta. A Cruz – símbolo mor do cristianismo – É adorada na força do batismo! LI Porém, mesmo Barbosa dando a vida, Ao seu Sonho Maior, sequer recebe Recompensa ao que fez... Sua partida Da cidade que amou não se concebe... Assim, tendo no peito a alma ferida, Na última vez, co’as mãos em concha, bebe Da água do Rio pura e cristalina, E diz adeus à Noiva da Colina.

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LII Vai buscar outras terras, outros campos, Mas na Saudade ainda contempla o Rio. Julgando ver milhões de pirilampos Sente em su’alma enorme calafrio. Vendo a distância os céus rudes e escampos, O corpo todo pálido de frio, Com certeza no amor que não se acaba –“Eu te amo!” em prantos diz, –“Piracicaba!” LIII Para Mojimirim parte Barbosa E fica a Vila Nova abandonada. E quando Taques volta a ver a Rosa Sente ficar su’alma angustiada. Assim propõe de forma imperiosa Que a Vila Nova seja comandada E frei Lobo com Rocha e com Garcia Chegam para reerguer a Freguesia. LIV É que Piracicaba era importante Às nossas principais autoridades. Não podendo ficar sem comandante E um Capitão de muitas acuidades, Urge para o progresso ser constante E para dominar contrariedades. Assim desta cidade todo o povo Tem para o cargo um comandante novo. LV Porém, o arguto Povoador Antônio Correa Barbosa, já bastante velho, Sente da morte o respirar gorgônio...

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Julgando ver o Rio – etéreo espelho! – Começa a sentir n’alma o som harmônio Do momento que reza no Evangelho... Assim Antônio diz adeus ao Templo Que ele um dia povoou com grande exemplo! LVI Morre, Antônio, porém, não morre o sonho, De quem fundou poético recanto – Morre, Antônio, que um mundo mais risonho, Encontrarás por certo, em outro canto – Morre, Antônio, e não fiques tão tristonho, Porque Piracicaba, com encanto, Há de viver e viverá tão bela E cintilante igual qualquer estrela! LVII Tua missão aqui está completa! Vai para Deus e fala que a cidade Que fundaste estará sempre repleta De um lindo sonho de felicidade; – Visionário com alma de poeta Serás lembrado pela Eternidade, Nesta Cidade ficarás na história E serás um pináculo de glória!

CANTO III O PROGRESSO I

Após ser proclamada a Independência, Piracicaba era elevada a Vila, E mais tarde D. Pedro em continência,

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Em alta aclamação aqui desfila. O povo nobre e cheio de consciência, Para saudar o Imperador faz fila, E com carinho e amor nosso Monarca Toda a população no peito abarca. II Chega de Portugal, Campos Vergueiro, Para estabelecer-se na cidade; Honrando muito o solo brasileiro E introduzindo, com modernidade, Na agricultura o método pioneiro. Trouxe, também grande prosperidade: Com Caetano enquadrou as nossas ruas, Para passar os carros e as charruas. III A Vila foi aos poucos progredindo... Setenta e oito Engenhos fumegando, Açúcar de primeira produzindo... A aguardente em tonéis ia levando O nome da Cidade em rumo infindo; O café também ia se plantando, Além de arroz, feijão, fumo de corda, Muito algodão e gado para a engorda... IV Viegas Muniz, festeiro religioso, Faz o primeiro Encontro do Divino. Põe o barco no Rio majestoso; Enfeitado no tom alabastrino, Cada homem de uniforme bem garboso, Mostra o Lábaro forte, purpurino, E pondo nas palavras voz e encanto, Proclama o Espírito encarnado e Santo!

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V Santo Manoel Ferraz de Arruda Campos, Braços abertos à Filantropia! Co’o coração nas mãos, a céus escampos, Procurava os leprosos na agonia Deles cuidando a pele aberta em tampos. Tendo o escravo Eliseu por companhia Com su’alma coberta de desvelos, Cortava-lhes as unhas e os cabelos. VI Dona Hermelinda Rosa de Toledo Foi aqui a primeira Professora, Em sua vida o Ensino foi enredo Brilhando como um sol em plena aurora. Da ignorância tirando todo o medo Piracicaba teve essa Senhora. Com Gurgel, com Romão, com Oliveira, Engrandeceu a Pátria brasileira. VII José Pinto de Almeida em grande luta Consegue construir a Santa Casa, Ricardo Pinto em colossal labuta, No fogo do Saber queimando em brasa, Funda a Biblioteca em força bruta, Que um Livro aberto faz lembrar uma asa Voando em busca do Saber profundo, E numa página nos mostra o Mundo! VIII Como Piracicaba mais crescia! – Malho e bigorna! – que sonoridade! Deixara já de ser a Freguesia,

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Era Vila e sonhava ser Cidade. Tendo os Senhores certa simpatia E vendo singular prosperidade, A Câmara em sessão extraordinária Apresentou indicação sumária: IX Fala nosso futuro Presidente Prudente de Moraes, com voz bem viva: – “Indico que esta Casa represente Conveniência de forma decisiva E passe a se chamar unicamente Piracicaba, pois é a forma altiva, Com que ela se formou e teve vida, E pelo qual se faz reconhecida!” X Após indicação ser aprovada A prancha escrita é enviada como Ofício: – “Piracicaba passa a ser chamada Esta Povoação que teve início E a qual Constituição foi registrada. Tal mudança provoca muito auspício Em todos seus antigos moradores Que brindam tal ideia com ardores!” XI Tal ofício já foi no mesmo dia Manuscrito e depois endereçado Até a Assembleia da Província e iria Deixar contente todo o Povoado. Tinha assim nossa antiga Freguesia O antigo nome que era idolatrado – Mil oitocentos e setenta e sete E este Nome sagrado o eco repete!

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XII Co’o decorrer dos tempos, a cidade, Tornou-se da região o grande Empório, Onde se achava, com facilidade, Qualquer tipo de peça ou acessório. Nessa época, escondida na saudade, Piracicaba era o depositório Das enormes Monções que pelos rios Iam a desvendar sertões bravios. XIII Era pelo Tietê que se alcançava A colônia chamada de Itapura, Mas quem vinha através do Avanhandava, Buscando o Rio Grande em aventura, Algum local de pouso procurava Para descanso após tanta bravura, E a Comarca do Prata reluzia Como um Éden, às glórias da porfia. XIV Itu – Cidade Mãe! – berço nativo No sonho de um Brasil republicano, Pode dizer que sempre foi motivo De orgulho ao povo piracicabano. Se em Itu o Ideal foi sempre vivo, Foi em Piracicaba que Ele, ufano, Para sempre soltou as suas rédeas Que a História faz encher enciclopédias! XV E foi um moço de ideais traçados, Tendo o civismo a lhe queimar a pele, E a rubra glória dos predestinados

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Sem entretanto desconfiar que era Ele Que com sonhos quiméricos atados Em suas mãos, seria, pois aquele, Que ao chamado da Pátria em chama ardente Foi de civil, primeiro Presidente! XVI Prudente de Moraes que, moço, veio, Viver no sonho piracicabano. Foi Vereador e foi o grande esteio Este parlamentar de solo ituano. Aqui brilhou com todo o seu anseio. Era querido como um soberano! E saiu para governar o povo Deste nosso País com jeito novo. XVII Uniu – na fé! – o povo brasileiro, Trouxe para o Brasil – prosperidade. Foi um Herói no Rio de Janeiro Onde viveu com sua honestidade. Após mostrar para o País inteiro Um governo de muita integridade, Voltou, emocionado de saudade, Para viver aqui – nesta cidade! XVIII Depois de seu governo prodigioso, Não mais abandonou este recanto. E marido exemplar – pai amoroso, Sempre tinha a clamar um terno canto Para todos os seus... Era bondoso Para quem vinha lhe pedir, em pranto, Uma ajuda, uma esmola ou um conselho, Pois vivia no exemplo do Evangelho!

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XIX Foi porém, antes disso que Prudente, Reunindo homens da elite em Harmonia, Resolveu, de maneira proeminente, Fundar a Loja da Maçonaria. E à Cidade isso foi mais que um presente, Iluminado de Sabedoria Pois a Loja Maçônica ainda vibra E entre fortes Colunas se equilibra! XX Como nossa cidade ainda era Vila Nova da Constituição, Prudente, À Loja, de maneira áurea e tranquila, Pos-lhe o nome soberbo e reluzente: “Piracicaba!” para mais uni-la, Pois como Vereador num sonho crente, Num assombro que o tempo não consome, Sonhava à Vila dar o antigo nome. XXI Ele, após adoecer, aos familiares, Deu ordem que de pronto foi seguida: Queria aqui ficar com seus sonhares E aqui fechar os olhos para a vida. ... E quando o Oriente Eterno em seus teares Mostrou-lhe o céu e outra Estação Florida, Prudente de Moraes ao seu desejo Disse adeus a esta Terra com um beijo! XXII Hoje no Cemitério da Saudade Dorme no eterno Panteon da Glória. Tu que adorando tanto esta Cidade

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Construíste um degrau da sua História. E ficarás aqui na Eternidade Porque alcançaste esplêndida vitória. Se foi Itu teu berço de nascença, Piracicaba foi a tua crença! XXIII Foi ao findar do século passado Quando Prudente de Moraes mostrava Ao Brasil um governo honesto e honrado, Que Almeida Júnior, com a mente escrava De um grande amor, morreu assassinado... – Crime de amor com sangue é que se lava! – Por crime que tem nome de vingança, Quando um segredo para o céu se lança! XXIV A mesma bela Itu que em tempos idos Deu-nos Barbosa e o colossal Prudente, Um – de modos argutos, decididos, Fundou nossa Cidade reluzente, Outro – que nossos sonhos fez unidos Quando foi do Brasil seu Presidente, Deu-nos também – exótico de amores O Poeta fantástico das cores! XXV E vindo passear nesta cidade, A beleza deixou-o fascinado, Porém, seu coração, todo saudade, Por Laura é que vivia apaixonado. Mas ela, presa já em outra grade, Amava seu antigo namorado. E mesmo sendo aqui lugar distante Viajava para ver seu terno amante...

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XXVI Almeida Júnior foi o grande Artista Que veio aqui fazer sua morada, Após na Europa ter a áurea conquista De ver su’arte em luz reverenciada... Chegou e contemplando a bela vista Ficou com a alma em sonho apaixonada Por nossa terra aonde, bem mais iria, Com mil cores, compor sua poesia... XXVII E foram lindas e suntuosas telas Que este pintor, com alma de menino, Coloriu co’o esplendor de mil estrelas. Ele até retratou – cruel destino! – Num piquenique, junto a mais donzelas O homem que iria ser seu assassino,’ Pois su’alma vivia apaixonada; Laura, porém, com outro, era casada... XXVIII E para enaltecer tão grande artista, Para ter o seu nome perpetuado, Lembrando o seu talento paisagista, Um belo Salão de Artes foi montado Com paisagens que agradam quaisquer vista. Assim Almeida Júnior é lembrado E a Apap sempre deixa viva a glória Escrita em tintas d’ouro em nossa história. XXIX Mas o final do século nos trouxe O progresso maior e benfazejo: A luz elétrica, como se fosse,

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A carícia de amor em doce beijo. Foi Luiz de Queiroz que concentrou-se, Nessa ambição repleta de desejo, E foi Piracicaba que primeira, Teve a luz a brilhar a noite inteira! XXX Piracicaba assim saía à frente Para, às noites, ficar iluminada. Era o início do século vigente E o progresso aqui vinha de braçada. À noite a multidão ia contente Em serestas, na densa madrugada; Mas ainda não cantava a céus escampos, A Ave-Maria de Erothides Campos! XXXI Cabreúva foi berço do Poeta Que se inspirava olhando o campanário; Se a alma de inspiração era repleta, O coração trinava igual canário. De notas musicais fez a coleta E a cruz simbolizou o amplo cenário: ... Quando a tarde findava em agonia, Seu coração cantava – Ave-Maria! XXXII A Comunicação também presente É grande força piracicabana; Rádios, jornais, Tvs, diariamente, Mostrando toda a história soberana Cobrem o nosso vasto Continente Trazendo para a Capital da Cana Notícias de interesses para o povo Que sempre espera, ansioso, um fato novo.

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XXXIII Era agosto de mil e novecentos: O Jornal na Cidade veio a lume Franco e Buarque foram os portentos Que em Palavras lançaram tal perfume. Hoje é dos nossos grandes Monumentos A nossa História nele se resume; O JP é mais do que um colosso Pois nele um nome é mais que um Sol – é Losso! XXXIV Se Fortunato e Eugênio decididos Enobreceram essa grande Empresa, Colocando-a nos trilhos mais floridos Com letras fecundando a Natureza, Por essa Empresa somos conhecidos Que os talentos genuínos ela preza. E Batuíra, Rosário e Antonietta Ao Jornal dão um brilho de Cometa. XXXV Há mais de um século ele ainda vibra Co’a força soberana do Caipira; Ao Brasil mostra toda a sua fibra Brilhando como refulgente pira. O Jornal na verdade se equilibra E das palavras faz a sua Lira. Meg, Lúcia Cattai e Mauro Vianna, Dão luz à glória piracicabana! XXXVI Nessa época o Barão da Serra Negra Aqui vivia como negociante. E para não fugir à sua regra

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(As colônias estavam muito adiante...) Co’o povo de Goiás logo se integra E em Mato Grosso há um hino delirante... Entrelaçando cúmplice amizade À terra trouxe mais prosperidade. XXXVII Com máquinas por fim aperfeiçoadas, O café altos lucros auferia, E por ele as pessoas empregadas As vidas tinham plenas de harmonia. A lavoura e os negócios de mãos dadas Deixavam a cidade em euforia, E por sentir no Rio amplo caminho, Para a navegação faz burburinho! XXXVIII E quando o século fechava as vistas, – Outubro do ano mil e novecentos, Pós ter-se digladiado em mil conquistas, O Barão tendo a raça dos portentos E a magia dos grandes Alquimistas, Prevendo do progresso mais adventos, Com a alma para Deus posta de giolhos, Para a vida o Barão fecha seus olhos... XXXIX Porém, para a Cidade que amou tanto, Deixou parte maior de sua herança: Doou à Santa Casa, como um santo, O hospício feito com sua abastança. As estradas construídas, sobre o manto Virgem de uma cidade ainda criança, Levaram aos sertões de todo o estado O nome deste Solo abençoado!...

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XL Também deixou aqui a descendência De vários filhos e de vários netos: Anna Cândida cumpre tal sequência Co’o Barão de Rezende nos projetos Deixados por seu pai... Com competência Para os pobres construiu seguros tetos Para deixá-los todos abrigados Dos rigores de invernos carregados. XLI Na Cidade do Rio de Janeiro Nasceu aquele que depois viria A enobrecer o povo brasileiro, Com seu saber e enorme simpatia. Homem culto, também foi o pioneiro, Aos escravos dar carta de alforria, E para que mais versos o descrevam Fez construir o Teatro Santo Estevão! XLII Vivíamos o Século das Luzes! O progresso – quais chispas na fornalha, Mais parecendo bandos de avestruzes A pintalgar o espaço com limalha, Produzia cenários de mil cruzes Para abençoar aquele que trabalha! Na paisagem formavam-se desenhos Co’a construção de colossais Engenhos! XLIII E tendo no futuro o pensamento Empreendeu de construir o grande marco. Urdindo o amor com o elo do talento,

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Em cada fresta colocou um arco Para mostrar o céu e entrar o vento... (O mesmo vento que impulsiona o barco, Faz refletir no Rio a majestade Do mais belo Postal desta Cidade!) XLIV O Barão de Rezende aliado àquela Nobre altivez, com honra e galhardia, O povo defendia da mazela E da ilusão de toda loteria. Era Piracicaba a sua estrela Ele – o mago fiel que percorria As trilhas do Labor com árdua glória Para ao povo cravar a sua história. XLV Assim que o Engenho em sua força ufana Começa a funcionar a toda a brida A esperança caipiracicabana Faz ali o futuro para a vida. O Engenho, co’a magia soberana, Na batalha que os fracos intimida, Vomitando o progresso alvissareiro, Era o orgulho do povo brasileiro! XLVI E o Engenho Central para a cidade À direita do Rio construído, Foi grande marco de prosperidade Progresso que jamais foi esquecido. Os mais antigos lembram com saudade Do labor que ali foi desenvolvido. Hoje, contudo, está desativado, Mas pelo Codepac está tombado!

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XLVII Para Piracicaba, com certeza, É Patrimônio Cultural de um povo, Junto ao Rio integrou-se à Natureza E eu dele apaixonado também louvo Toda a sua magnífica realeza, Pois sempre existe algum recanto novo Que meus olhos vislumbram com encanto E que se faz motivo para o Canto! XLVIII Também para mostrar sua importância A Cultura ali vibra dia a dia Os Artistas locais – olhos em ânsia! – Buscam mostrar em sua Galeria Suas obras divinas de fragrância, Trescalantes da essência da Poesia. E cada quadro, ali, quando mostrado, Tem gosto de garapa e do melado! XLIX Piracicaba era cidade culta Nessa época guardada como história. E tal progresso, como raio, avulta, Preciosismos que temos na memória. Se, hoje, nosso passado não se oculta, E podemos lembrar de nossa glória, É que a Instrução – tratada com carinho – Na Vila Nova veio fazer ninho! L Pulsa o século XX! Progressista, A Noiva da Colina é uma cidade Que está no coração da alma Paulista.

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Existe aqui trabalho, honestidade, E a força da coragem pacifista. Piracicaba cresce em ansiedade: Casas, ruas, jardins são construídos, E surgem espetáculos floridos! LI Escolas foram sendo construídas Assim Piracicaba em seu progresso, (Melhores condições já dando às vidas) No estrangeiro plantou o seu sucesso. Grandes homens, vontades decididas, E o Saber na cidade teve ingresso. No plano da vontade e da conquista, Atenas foi neste rincão Paulista! LII Moraes Barros, Barão do Rio Branco, São templos do Saber nesta Cidade. Em tais escolas vibra o ensino franco Num grande sonho de felicidade. E foi a Educação que trouxe arranco Para atingirmos a prosperidade; Assim nossa cidade, com o ensino, Soube melhor vencer o seu destino! LIII O Colégio Assumpção tinha a virtude Nas laboriosas mãos das ternas Freiras. Ali a feminina juventude Entrelaçava, a rir, horas inteiras... E também em excelsa magnitude As amizades eram verdadeiras; Era um hino de sonho e de poesia Uma Escola de encanto e de alegria.

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LIV Por ser Piracicaba o ancoradouro Do Ensino, do Saber e da Verdade, Martha Watts aportou com seu Tesouro Fazendo mais luzir nossa Cidade. E para cada século vindouro Gravou num Hino de Felicidade, “O Piracicabano”, que é o Colégio Que à Cidade só trouxe privilégio. LV O Colégio com a raça e com talento Foi transformado em Universidade, E na canção suavíssima do vento, Levou para o Brasil, em ansiedade, Para mostrar do estudo um novo alento, O nome desta pródiga Cidade. Hoje a Unimep é um nome alvissareiro, Gravado no Brasil e no estrangeiro. LVI A semente gerada por Miss Martha Foi tratada com zelo e com carinho. Hoje Piracicaba não descarta A Cultura que aqui fez o seu ninho. A Educação também se faz tão farta Que nestes versos pálidos que alinho É impossível mostrar toda a pujança Que Miss Martha deixou-nos por herança! LVII Implantada no centro da cidade A Escola Sud Mennucci é uma obra de arte, Mostrando que houve aqui prosperidade

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Quando os homens de bem tomavam parte Para Piracicaba ter vaidade. Tal beleza parece um estandarte A mostrar que era o estudo soberano No pátrio solo piracicabano! LVIII Tal Escola a nós todos representa A política força que tivemos! O Livro foi dourada ferramenta Para quem tinha um Rio, um barco e remos! (Se nossa Juventude está sedenta, E à falta de mais Templos nós sofremos, Necessário se faz que a Juventude Mostre que o Estudo é um Hino de Saúde!) LIX Outras Escolas surgem no cenário No grande solo piracicabano; A manta do Saber é azul sudário Para fazer o povo soberano. Tais Escolas com dom extraordinário, Cotip, Coc, Anglo, Metropolitano, Poli Brasil, Dom Bosco com encantos, CLQ e Liceu em belos cantos! LX Mello Ayres foi das letras um Poeta Que engrandeceu a Noiva da Colina. Na Educação foi fúlgido cometa E da fé seu legado ainda ilumina. Com Ephraim e Avelina em linha reta Mostraram que o Saber é a grande sina; Unidos nessa luz santa e bendita, Também brilharam Josaphat e Mellita

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LXI Quando Mário Dedini (homem honesto Que ajudou no progresso da cidade) Aqui chegou lançando um manifesto Para atingirmos a prosperidade, Já não se acreditava que um modesto Italiano com ares de bondade, Conseguisse vencer em terra estranha, Porém, ele mostrou-nos tal façanha! LXII Criando um grande desenvolvimento, Dedini era sinônimo de glória. Para muitas famílias deu sustento Conseguindo mostrar sua vitória. Seu nome hoje é levado pelo vento Para mostrar sua esperança flórea. Mário Dedini! Muito mais que um nome É um assombro que o tempo não consome! LXIII A taça do progresso estava cheia! E o doutor Manoel Buarque Macedo – Estranha abelha em colossal colmeia! – Faz dos diques romper seu sonho ledo; O pensamento, em sobressalto anseia, E seu sonho maior se faz enredo: Para vencer longa distância térrea, Necessária se faz a linha férrea! LXIV Tal sonho demorou compridos anos, Mais de vinte! Porém, entre festejos, Aos orgulhosos piracicabanos,

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O trem – soltando fogo em seus bafejos – Atingiu nossos solos provincianos No mais esfuziante dos cortejos! Com Paulo de Moraes e Chico Feio Eis que o progresso aqui rompia o anseio! LXV Sorocabana vomitava fogo Co’a Maria-fumaça fumegando, Para acalmar de vez o nosso rogo, A Paulista nos trilhos foi chegando... Assim Piracicaba em duplo jogo Num dueto feliz ia cantando: Duas linhas de trens ela possuía Para saciar de vez toda a euforia! LXVI As vias férreas eram, na verdade, Motivos de progresso e de tortura. Porque cortando as ruas na cidade, Vez ou outra e uma tétrica aventura Causava a mais cruel atrocidade Levando vidas para a sepultura. Foram muitos os sérios acidentes Trazendo a morte a muitos inocentes! LXVII Toda a cidade em festas vive e canta! E mil sonhos vão sendo realizados. Samuel Neves doentes acalanta Ditinha ajuda aos mais necessitados... Piracicaba toda se agiganta E é aclamada nos demais Estados Deste imenso Brasil, que belo e ufano, Exalta o Povo piracicabano!

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LXVIII O progresso correu a largos passos – E o piracicabano contagiou-se; Não temendo desgraças nem fracassos, No trabalho ferrenho concentrou-se... Músculos retesando de seus braços Da virtude colheu o fruto doce; Ficou bairrista e com felicidade Declarações de amor fez à Cidade. LXIX Grandes homens fizeram a Epopeia Deste nosso rincão idolatrado! Em cada mente fervilhava a ideia E um coração, no peito, apaixonado! Como trabalhadores da colmeia O suor era o mel adocicado; Em realidade os sonhos eram puros E os dias do porvir eram seguros. LXX D’Abronzo e a genuína Tatuzinho, Exporta além o nome da cidade. Morganti faz enorme burburinho, Dedini malha o ferro com vontade... Mas o “fino em caninha é a Cavalinho!” E os canaviais lembram um mar de jade De onde chegam distantes brasileiros Que são os bóias-frias garimpeiros! LXXI E no comércio há tal prosperidade Para a população viver radiosa, E Scarpari põe jóias na cidade:

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Tite, Raya, Rubi, Céu Cor de Rosa, Peu e Manesco, na eletricidade, A Porta Larga imensa, majestosa, Sorvetes da Paris, Cancian, Petisco, Monte Sul, Brasserie, como obelisco! LXXII Bar do João, Mister Dândi, e a mocidade Canta a sua alegria e sua graça, Mas Jardim da Cerveja é uma saudade Flamboyant foi roído pela traça. Se a vida passa com velocidade, Tão-somente a saudade é que não passa. Mas na Arapuca um bom cuscuz se come, E o peixe no Dezoito aguça a fome. LXXIII Também nossos cinemas: Politheama, Broadway, Palácio, Colonial e Plaza, Em nossos peitos já não põem a chama Que corações ficavam como brasa... Tudo tornou um verdadeiro drama, Do imaginário foi cortada a asa; Mesmo a Praça perdeu sua alegria E hoje é tristonha, abandonada e fria... LXXIV A Gazeta hoje brilha novamente; Tayar e Joacyr seus comandantes Diariamente lançam a semente Para que os dias sejam mais brilhantes; A Tribuna de forma permanente Tem jornalistas sérios e vibrantes. Elisa Pantaleão mostra os pecados Que devem ser, por todos, evitados.

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LXXV A Tv Beira-Rio está na tela E mostra nossos fatos em paisagens, César Costa e Alexandre mostram nela Fantásticas e firmes reportagens; E Suzana, brilhando como estrela, Dos Universitários traz imagens. Difusora, Alvorada e Educadora, Kal Mattus perambula mundo afora... LXXVI A Gengibirra co’a Cotubaína Eram nossas bebidas costumeiras, E adoçavam a Noiva da Colina Junto às festividades domingueiras. Tradição da cidade mais genuína Barravam as bebidas estrangeiras. Gostosuras do Orlando e dos Andrade Que hoje vivem no plano da Saudade... LXXVII A Mausa e a Codistil trazem progresso Fenomenal à Capital da Cana, A cidade transpira o seu sucesso Mostrando o quanto é forte e soberana. A pródiga Cultura tem ingresso: Martini é glória piracicabana. E assim Piracicaba mais se expande Co’os bons cafés Ducatti e Morro Grande! LXXVIII Na Unileste o progresso é incandescente, O trabalho é constante dia a dia. Cada operário é um elo da corrente

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E a união entre todos – é poesia Que rima e faz que cada sonho crente, Transforme em realidade a fantasia. Marchiori, Beneton, Torres, Silveira, São luzes desta Terra canavieira. LXXIX Caterpillar constrói os seus tratores E com denodo as máquinas pesadas. Belgo Mineira do aço molda flores, E a Concive produz nas madrugadas. Forte, a Simtec exulta em tantas cores Que entoamos canções apaixonadas. É o trabalho, é o progresso, é a força bruta, Numa cadência infrene, ininterrupta! LXXX Se tantas armas uso neste encanto, Também me sei Leão do Independência! E com meus Companheiros urro um Canto Para mostrar que o Lions é frequência. Se outros existem não me faz espanto, Que o Rotary também faz continência. Assim Piracicaba com civismo Comunga aos Rotaryanos – o Leonismo! LXXXI Tanquinho, solta a voz num estribilho, E diz: Piracicaba – estou presente! E mostra com carinho e muito brilho Sempre de forma clara e proeminente, Sua sensacional Festa do Milho Agrada o coração de toda a gente. Dentro de tantas festas populares, A de Tanquinho explode para os ares

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LXXXII Mil novecentos e sessenta e sete! Assim, no mais glorioso itinerário, Piracicaba vai, qual firme ariete, Brilhar no mais recôndito cenário Do pátrio solo e em rápido ginete O ano chega de seu bicentenário! E a cidade escandindo-se em mil glórias, Guarda, para contar, lindas histórias! LXXXIII Para saudar os nossos visitantes O nobre povo piracicabano Muito se esforça em todos os instantes: Monta a Fepira com prazer insano E na Rua do Porto em excitantes Noitadas – tendo o Rio como pano! – Para que o estrangeiro não se queixe, Vive a fenomenal Festa do Peixe! LXXXIV O Coronel Barbosa exulta em festas E a Sociedade, em êxtase, se anima... No Cristóvão Colombo são orquestras Entoando cantos com a mesma rima... A madrugada rompe em mil serestas, Todos se cumprimentam com estima, Na Chácara do Lara, a céu escampo, Vibra, num sonho em luz, Clube de Campo! LXXXV Tudo era festa, mágico alvoroço! Guidotti, nosso impávido prefeito, Constroi ruas e praças... como um moço

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Pleno de ardor, mostrando hercúleo jeito De governar – gigante igual colosso Que arrasta diques contra o próprio peito! – Dá ordens e governa com sucesso Que ele é a grande coluna do progresso. LXXXVI Para ligar os bairros mais distantes, Asfalta ruas e constrói mais pontes, E com maneiras simples, contagiantes, Não aceita discórdias nem afrontes. Piracicaba em todos os quadrantes Canta progresso aos vastos horizontes; De longe outras cidades nos invejam Pois um prefeito igual também desejam. LXXXVII Doa aos Artistas a Pinacoteca Reverenciando nossas Belas Artes, A honestidade, com denodo, impreca E a faz brilhar em limpos estandartes. Assim o nosso povo lhe hipoteca A confiança com todos os encartes, E cria – a iluminar nosso Destino, A Fundação Municipal de Ensino! LXXXVIII Mas que tristeza... O impávido Luciano Num frio julho nos deixou de luto, E todo o povo piracicabano Ao prefeito rendeu o seu tributo. O homem forte, soberbo, soberano, Trabalhador, honesto, firme, arguto, Órfã deixou chorando uma cidade E seu nome brilhou como saudade.

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LXXXIX E nunca mais Piracicaba teve Outro Prefeito pleno, destemido. A nossa história triste hoje se escreve Num panorama estúpido e sofrido. Se o mau pode ter fim não sendo breve, Não deveria ter aqui vivido. Se, consequências trágicas tivemos, A esperança no Rio brota em remos! XC Se invejosos retalham tais histórias Tentando denegrir nossas verdades, Se estúpidos, de formas merencórias, Com palavras profanas de maldades Procuram conspurcar tamanhas glórias Tentando-as ocultar em negras grades, Co’a força resoluta do trabalho Nossas verdades surgem num atalho. XCI Três séculos brilhantes de Cultura Não podem, por palavras, ser feridos. O brilho da Esperança aqui fulgura E nos céus brasileiros são floridos. O Saber que não tem abreviatura Forte se expande em todos os sentidos. É luz da eterna Capital da Cana, Genuína glória piracicabana! XCII Piracicaba de beleza tanta, Vivo completamente apaixonado! É no delírio que minh’alma canta

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Louvores mil ao meu Torrão sagrado. Esse Rio que serve-me de manta Deixa meu coração mais inspirado. Assim mil versos com tais rimas teço, Com amor verdadeiro e terno apreço. XCIII É delírio maior de amor supremo Tanta declaração e tanto e afeto. É realidade de carinho extremo Que aos Filhos passo e um dia a cada Neto. Se ao falar desse amor sinto que tremo E o corpo agito e sinto-me irrequieto, É que por certo à Noiva da Colina Meu coração em êxtase se inclina. XCIV Tanta euforia cultural é festa Dentro de tradições já seculares. Piracicaba assim se manifesta Com enredos tecendo em largos teares Quando a harmonia torna-se seresta Com queixumes e dengos estelares. Piracicaba canta em paz onírica E em seu amor é cada vez mais lírica. XCV Por isso canto em alegria imensa Sáficos versos de ternura e afeto. Em todos eles eu declamo a crença Usando todo o meu amor concreto. O meu prazer nessa paixão condensa Em tanta paz procuro ser completo. A minha vida com paixão declaro Buscando a rima de fulgor mais raro

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XCVI Muitas vezes heróico os versos teço Na ventura de ser fiel caipira. De tantas tradições eu me abasteço Que o coração feliz canta e suspira. Piracicaba canto com apreço Que o canto na minh’alma acende a Pira De uma paixão maior que há nesta vida, E a cada dia sinto-a mais querida! XCVII Pudesse traduzir tudo o que sinto Soubesse decifrar tudo o que vejo... Porém, o verbo a mim parece extinto, E é pobre por demais o meu desejo. Mas se a verdade clamo e nunca minto, Não sinto na cobiça o opróbrio e o pejo, Canto Piracicaba e sua história, Exalto os seus três séculos de glória! XCVIII Se a mesma rima corre em incidência, (Portanto ela se torna um tanto pobre), É que busca encontrar a pura essência Para deixar meu verso rico e nobre. Contudo se não tenho competência Minha vontade o despreparo cobre. E, se desafinado sai o canto, Talvez a letra guarde algum encanto. XCIX A popular cultura glorifica Nossa Piracicaba fulgurante Que a cada dia torna-se mais rica.

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A catira rebrilha e, num instante, Seu povo apaixonado dela fica E de mais tradições se torna amante. Junto do cururu e do desafio, Toda a vida é um ponteio luzidio. C Assim Piracicaba se destaca Dentre as grandes cidades brasileiras. É Boca do Sertão aberta a faca Para rasgar de vez nossas fronteiras. Com destemida força eis que ela ataca E lança à terra as suas sementeiras. O Vale do Tietê nessa aventura Faz brotar no Brasil essa Cultura. CI É terra do pintado e da cachaça, Dos Dutra, de Frei Paulo e outros mais tantos. Adâmoli mostrando sua raça Pondo barcos no Rio, com encantos. É a mistura de um povo em sua graça, É Noiva em dengos cheios de quebrantos, É o Salto, é a colorida Piracema, É o delírio adornado num diadema! CII Se Brasílio, Lagreca, Newton, Lino, Com talento maior no nobre engenho Te consagraram no esplendor de um hino, Nas mãos apenas versos pobres tenho, Porém, sigo feliz, como um menino, Que a vida coloriu com seu desenho. Pois tu, Piracicaba, bem mereces, Ser louvada em mil cânticos e preces!

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CIII E se me falta o dom para a pintura Como em brilhos tiveram os pintores, As rimas teço de maneira pura, Para desabrochá-las em mil cores. Oh, tristeza sublime, oh, desventura, De sentir no meu peito tantas dores, Por não te oferecer, Noiva querida, Para a defesa a minha própria Vida. CIV Assim Piracicaba eu louvo e canto Em meus versos de forma ampla e precisa. As minhas esperanças aqui planto, Regando-as com orvalho e pura brisa. Tanta beleza existe com encanto Que o coração em terna voz avisa. E apenas trago um verso apaixonado Para deixar tamanho amor gravado. CV Piracicaba é um hino de esperança, Um sonho azul supremo que ilumina. Eu, Poeta, em meus sonhos de criança, Teço preces à Noiva da Colina. Com sonhos de alegria e terna dança, O coração em êxtase se inclina, E, diz na prece cheia de ternura Uma oração sublime, doce, pura! CVI Poeta sou, trago o prazer insano, De cantar minha Terra e sua glória. Sou com orgulho um piracicabano

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Envolvido a contar tão linda história. Como não devo cometer engano Retenho os fatos todos na memória. São verdades de luz tudo o que canto, Que às vezes chegam a trazer espanto. CVII Não tendo pretensão de Eternidade Este meu canto vive no presente. Se amanhã existir só na saudade, Na memória qualquer de um descendente, Ele será meu hino de verdade Para mostrar o meu amor ardente; E mostrará que fui, enquanto vivo, Desta Cidade um guardião altivo. CVIII Muitos mais atos cheios de heroísmo Necessário se faz que aos céus se conte... Que outro Poeta ainda com mais civismo Vá buscar no Parnaso uma outra fonte Para ter da Cidade o seu batismo, Pois de Pindo contemplo o amplo horizonte E outros fatos que devem ser narrados Por tantos corações apaixonados! CIX É que são tantas, tantas, essas glórias, Que mil cantos seriam necessários Para contar direito essas histórias Que de meus versos vão, iguais rosários, Tecer o Panteon para as vitórias Guardadas n’alma como relicários. E Deus, Piracicaba, te ilumina, Também amando a Noiva da Colina!

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Canto IV Imigrantes I Como o Progresso aqui, audaz crescia, O nome da cidade foi levado Bastante além de sua cercania; O vento, num refrão apaixonado, Como o candente sopro de poesia, Muito além do País era escutado. Assim, de outros países, Imigrantes, Vem cá viver sonhos mirabolantes... II Esse Povo com luta e com trabalho, Co’o suor a escorrer do próprio rosto, Tendo a esperança azul por agasalho, Por nossa terra foi tomando gosto! De sol a sol, sangrando o solo em talho, O Imigrante com força e bem disposto, Na terra boa foi plantando a vida Numa esperança multicolorida! III Crescendo no fulgor de lindos sonhos, As fazendas com muitos operários Eram vales floridos e risonhos Onde cantavam rolas e canários! Às vezes cantos líricos, tristonhos, Emolduravam mágicos cenários: (O sertanejo diz que se consola Cantando ao som magoado da viola...)

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IV As festas, nos terreiros das fazendas, Eram alegres, belas, divertidas... Enquanto as mães cerziam velhas rendas, As crianças, razão de nossas vidas, Faziam brincadeiras estupendas Com suas vozes limpas e aquecidas. As noites eram de alegria imensa Do dia de labuta – a recompensa! V Primeiramente para cá vieram, Trazendo muitos jeitos diferentes; Eram costumes, eram danças, eram Os modos de vestir... Mas todos crentes Na dádiva da Terra-mãe, esperam Encontrar os trabalhos convenientes E em linguagens precisas de legendas Vão ser os baluartes nas fazendas. VI A cultura do ciclo cafeeiro Teve as sublimes mãos dos Imigrantes; E sendo um povo honesto, culto e ordeiro, – Para o trabalho os mais fiéis amantes! – Integrando-se ao solo brasileiro, Alastraram por todos os quadrantes; Após um tempo esses trabalhadores De muitas terras eram já senhores! VII A esperança que aqui desenrolava Era a esperança própria da virtude... Se na cidade o povo acreditava

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O progresso sorria com saúde. Gente trabalhadora e não escrava Com músculos de eterna juventude, Dava o melhor de si, dava seus sonhos, Para ter dias amplos e risonhos! VIII Porque plantaram suas esperanças Mostrou-se a terra produtiva e imensa; Era a terra das bem-aventuranças Onde a fartura produzia a crença. E eram sorrisos meigos de crianças Que sentindo dos pais a recompensa, Estudavam, sorriam trabalhando, Como das andorinhas, denso bando... IX Às vezes, um ou outro, com amigos, Falava de outros climas com saudade... “Mas onde encontrarás amplos abrigos “Tanta fartura e força de vontade “Para vencer os traumas e perigos “Que em outros vales há em densidade?” Na mesm’hora calava pensativo Quem reclamava em tom acusativo... X Como o progresso era bem mais que um fato E por estar da Capital tão perto, Piracicaba foi um simples hiato Para o Estrangeiro, o oásis no deserto. O povo urbano e cheio de recato, Com respeito tratava, a céu aberto, Os novos moradores que chegavam E a uma nova família que formavam...

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XI As colônias então foram formadas: Chegaram os primeiros italianos... Novas culturas eram ensinadas Aos nativos caipiracicabanos... Num misturar de línguas enroladas Cometiam-se líricos enganos; Escutavam-se, à luz do querosene, Vozes a murmurar:– “te voglio bene!...” XII “Vai haver casamento na Capela...” E o acontecimento na cidade Calcava em tudo as cores da aquarela... Num raro poema de felicidade O noivo, acompanhado da donzela, Todo cheio de sonhos e vontade, Ia distribuindo aos conhecidos Sorrisos e desejos coloridos... XIII A miscigenação assim começa: Brasil e Itália, em amorosos laços, Começam a viver e a amar e nessa União de corações, em mil abraços, As famílias, em paz, numa promessa De futuro melhor, fazem compassos De danças, e a alegria a tudo invade, No vasto campo da felicidade!... XIV E vieram depois fazendo tropa, Estrangeiros de todo o vasto mundo... E de cada país da Ásia ou da Europa

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Aqui chegaram com amor jucundo. O progresso que exótico galopa, Foi largo, foi ao longe, foi ao fundo... Assim Piracicaba foi crescendo, Unida aos Imigrantes foi vivendo. XV Chegam também ingleses e franceses... E numa Torre de Babel em festa Passamos a viver... Algumas vezes Em língua estranha alguém se manifesta, Mas logo um outro, em modos bem corteses, Desfaz a confusão, apara a aresta... Confuso ouve-se um “thank you” misturado A um “merci” e logo após, “muito obrigado!” XVI Chegam os árabes e palestinos, Os espanhóis, os sírios e os coreanos, Todos na Fé unindo seus destinos Passam a ser Caipiracicabanos! Aprendem a cantar os nossos hinos, E não costumam cometer enganos – São honestos, leais, trabalhadores, Poetas, seresteiros e cantores! XVII Chegam depois do Oriente, os japoneses, Os alemães e a nobre raça ariana. Chegam também judeus e os libaneses Dando pujança à piracicabana Cidade que crescia várias vezes... Veio após a colônia Castelhana E dentro da Cidade assim havia Mundos à parte, plenos de harmonia!

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XVIII Descendentes de escravos africanos, Quando esta mancha no Brasil pairava, Temos também os piracicabanos, Que foram, no passado, a mão escrava. Porém, pelo passar veloz dos anos, Essa raça potente, forte, brava, Mostra o valor que tem, suas raízes, E seus modos de vida tão felizes. XIX Eles trouxeram para esta cidade O valor da cultura milenária. E trabalhando com intensidade, Para Piracicaba centenária Mostraram toda a sua integridade Na alegria de força extraordinária. São danças, são folclores e folguedos, Também um mundo cheio de segredos. XX Na ginga da soberba capoeira, Nos ensinaram rindo a sua dança. Se até dizemos que ela é brasileira É porque nela temos a esperança Que nossa Pátria, um dia, viva ordeira, E traga amor e paz em abastança. É por isso que aqui os africanos São valentes caipiracicabanos! XXI Todos esses heróis trabalhadores A esta Piracicaba deram vida. Eram grupos de honestos mercadores

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Ou, tornando a paisagem mais florida, Da terra eram valentes lavradores. Assim, enquanto a terra era ferida, Passando o tempo da semeadura, Os alimentos vinham em fartura. XXII Piracicaba é muito mais que um sonho, É uma cidade que não tem limite. Se, nestes versos o lirismo ponho Pode um surgir que em mim não acredite; Porém, se trago o coração risonho, Para todos, eu faço um só convite: Que venham conhecer minha cidade Só para comprovar esta verdade. XXIII Piracicaba é um hino de poesia Ao Imigrante que aqui fez seu ninho; Pois desta terra tem a melodia E o canto de quem nunca está sozinho. Eis a terra da luz, da fantasia, Oásis a quem vive no caminho. E o Estrangeiro também diz em seu canto: Esta é a Cidade que adoramos tanto! XXIV Nossa Piracicaba sempre bela, Adotada por tantos Imigrantes, Dos brasileiros céus é grande estrela A cintilar em todos os quadrantes. Tudo forma uma exótica aquarela Na variação de tantos habitantes. Num poema de luz e de verdade, Vibram as cordas da Fraternidade!

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XXV Declaração mais viva e mais intensa Desse amor que povoa a minha mente, Não pode comparar-se ao canto e à crença Que no meu coração pulsa fremente. Tamanho amor o invoco na presença De todas as canções no peito ardente. Piracicaba é um sonho, uma esperança, Que para o verde do amanhã se lança. XXVI Se legiões de estrangeiros aqui moram, Tiveram liberdade para a escolha. Sem distinção de credo eles adoram Esta cidade, pois quem há que acolha, Com carinho de mãe, onde se irroram As bênçãos do progresso e jamais tolha A gana de crescer, de ser um forte, Se o dom de trabalhar é a grande sorte? XXVII Quem tiver mãos adeptas ao trabalho Com certeza terá neste recanto Um teto para ser seu agasalho E voz para soltar um terno canto. Piracicaba nunca foi atalho E ao Imigrante nunca trouxe pranto. Quem aqui trabalhar com sua crença, Da cidade há de ter a recompensa. XXVIII Atentem para os nobres tiroleses Morando em Santa Olímpia ou em Santana; Atenção para os muitos portugueses

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E para a nobre gente italiana. Todos deixaram suas dioceses E hoje são gente piracicabana! Venceram intempéries e empecilhos, Aqui casaram e tiveram filhos! XXIX Nesses locais com alma tirolesa Piracicaba canta em seus dialetos E uma alegria cheia de certeza Contamina, feliz, todos os tetos... Lavradores da madre Natureza Agem de modos simples e corretos. Com gestos dos nativos italianos, São brasileiros piracicabanos. XXX Com larga culinária saborosa A polenta com frango há quem a imite? O vinho de laranja bem gostosa Faz ainda mais abrir nosso apetite. Santana e Santa Olímpia são a rosa Que fulguram nos sonhos de Afrodite. E com seu canto transmudado em ouro, Jânea Falcão convoca-os para o coro. XXXI Assim o Stella Alpina em transe canta As tradições em grande repertório. E nosso coração, feliz se encanta, Quando o vê de chapéu e suspensório E coloridas roupas como manta. Unidos formam um repositório E vem dos corações com alegria A música repleta de poesia.

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XXXII Formam os Imigrantes na cidade Uma família piracicabana. Num grande sonho de felicidade Onde, em festas, o povo se engalana. Eis o Poema da Fraternidade! Eis a União na Capital da Cana! O Imigrante e o Nativo eis que se enlaçam, E com as mãos do coração se abraçam! XXXIII É o Hino da Família que solfeja Maravilhosos e sentidos cantos. É a alma nativa que em carícias beija Estranhos corações cheios de encantos; É a viola na balada sertaneja Que às almas traz os líricos quebrantos. Luar que envolve a noite de magia, Que à Noiva faz ter sonhos de Poesia. XXXIV Portanto a voz nativa se mistura Às milhares de vozes estrangeiras. Nascendo de maneira densa e pura Outras falas às falas brasileiras. Esse novo dialeto mais fulgura E causam inocentes brincadeiras: É o tedéu, Dio buono da Madona, Que às vezes nada diz, mas impressiona. XXXV Há também a cultura libanesa Quibe e esfirra são pratos requintados. No Mirante, porém, quanta fineza,

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Os pintados na brasa são assados! Nas hábeis mãos da gente japonesa Sushimi, tempurá e outros variados... Nos domingos, porém, ninguém se engana:

Macarrone e galetto a lla italiana! XXXVI

É a miscigenação de povos vários Onde a mímica é a voz feita de gestos, Pintassilgos, coleiros e canários, Que brindam esse amor em manifestos. São cadências de azuis Stradivárius Estrangeiros irmãos de iguais contextos. Piracicaba é um mundo neste aviso, Recanto de florido Paraíso. XXXVII Todos eles unidos nessa luta Fazem Piracicaba ser mais forte. Não precisam usar a força bruta Para mostrar que têm a grande sorte De viver nesse chão de forma arguta. A Noiva da Colina tem o porte De uma Deusa sublime, alvissareira, De uma bela cidade brasileira. XXXVIII Todos têm o conforto merecido Com a força divina do trabalho. Piracicaba é o rumo mais florido Para quem usa o Esquadro, o Prumo e o Malho. O Imigrante aqui vive decidido E jamais põe os pés em outro atalho, Que às vezes brilha, mas contém enganos, Nem tem os sonhos piracicabanos.

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XXXIX Hoje Piracicaba comovida Agradece esses nobres Imigrantes, Que deixaram a Noiva mais florida Co’o carinho sublime dos amantes. E cada um deles doando sua vida Aqui viveram líricos instantes. Neste caipira chão pondo raízes, Tiveram os seus dias mais felizes. XL E todos hoje, piracicabanos Trazem na fala os erres carregados. Bradando com ardores soberanos Que são por este solo, apaixonados. Espanhóis, portugueses, italianos, Defendem nossa terra iguais soldados: Cantam com vozes fortes nossos cantos E vivem a exaltar nossos encantos. XLI Esses heróis – devemos nós louvá-los, Porque Piracicaba hoje pujante No progresso seguiu sem intervalos E se fez cada dia mais brilhante. Todos a largos trotes de cavalos, Com arados, na força dominante, Volveram solos virgens das fazendas, Onde brotaram vidas estupendas. XLII Portanto os Imigrantes festejemos Na alegria maior de nossa vida. De Estrangeiros passaram aos extremos,

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E na paixão intensa e colorida, No Rio foram por as mãos nos remos Numa vontade pura, decidida, De serem muito além de brasileiros, Caipiracicabanos verdadeiros! XLIII Assim nessa alegria imorredoura Piracicaba lírica se encanta. Há fulgor, densa luz que tudo doura, Quando na terra uma semente planta Um terno visionário da lavoura. O Imigrante feliz da vida canta! A terra nova e virgem ele fere Num ritual de sagrado miserere. XLIV A lua mais propícia eis que ele espera Para fazer a nobre semeadura. A chuva há de trazer a primavera Para as flores brotarem em fartura. A Terra lhe é benquista, lhe é sincera, É Verdade da vida santa e pura: Quando a semente boa ao chão se lança, A Vida brota plena de Esperança! XLV Por isso – homem do campo ele agradece Da Terra-mãe, angélico presente; Eis que o Imigrante faz a sua prece Agradecendo a Deus Onipotente O resultado dessa loura messe. É um poema de amor, num sonho crente! Assim Piracicaba na colheita A sua gente vê ser satisfeita.

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XLVI Hoje Piracicaba é uma colmeia Composta por milhares de estrangeiros, Que formam rimas para esta Epopeia Na ventura de serem brasileiros. Vivendo aqui são nesta grande Aldeia Caipiracicabanos altaneiros! Aqui semeiam, plantam, colhem, vendem, E nossos modos de viver entendem! XLVII Andando pelas largas avenidas, Nada mais somos nós do que Imigrantes, Porém, desta Cidade nossas vidas, Estão ligadas a elos fulgurantes. As sombras do passado estão perdidas Nossos antepassados vão distantes... A Noiva da Colina é nossa Terra Por ela todo o nosso amor se encerra. XLVIII Podemos ser chamados de nativos Que há várias gerações aqui estamos. De tão belo lugar somos cativos, Desta Árvore da Vida somos ramos. Por ela nossos sonhos são altivos E é por ela somente que sonhamos. Piracicaba enfim é nosso Mundo, E aqui vivemos com Amor profundo. XLIX Nossos sonhos são líricos e suaves, Nossa ternura traz a paz imensa, Não tememos engodos nem entraves

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Que temos n’alma o amor por recompensa. Os nossos corações, quais belas aves, Sempre têm a cantar sincera crença; Com muito orgulho somos nós caipiras, Com erres dedilhando em nossas liras. L Sabemos distinguir do que é chacota A malícia que vem junto do gozo; Com orgulho aceitamos a derrota Mas que não venha nunca em tom jocoso. Porque nossa Esperança azúlea brota Num sorriso sincero, franco, brioso, Estamos prontos sempre para a luta, Jamais fugindo de qualquer disputa. LI A força do denodo que nos doma Foi-nos imposta com suor paulista. Não há, portanto, um gladiador de Roma, Que possa acreditar numa conquista. Em nosso coração a força assoma Embora seja calma e pacifista. Mas se nos agredirem por pirraça, Saberemos mostrar a nossa Raça. LII Pezzato, Penachione, Tomazella, Oliveira, Morales, Silva, Estrada, Trevisan, Rizzi, Campos, Vitti, Stella, Rosenthal, Camponês, Pacheco, Espada, Spolidoro, Frutuoso, Diehl, Vilella, Fogaça, Trivelin, Garcia, Andrada, Villanova, Chaddad, Passini, Santos, Moretti, Cherubin, Dutra e outros tantos...

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Canto V Agricultura I Até mil oitocentos e cinquenta, Canaviais dominavam nossos prados, Depois os cafezais, de forma lenta, Com esperança e fé foram formados... Cana e café! Numa epopeia benta Em nossos solos eram abençoados! O café era o sangue que jorrava! A cana era o suor da mão escrava! II Além da cana e do café havia A cultura do arroz com muita gana, O feijão de primeira serventia Também vinha de forma soberana! Porém, num amplo sonho de Poesia, No idolatrado chão vibrava a Cana Que forrava de verde os nossos prados Deixando corações apaixonados! III As vastas plantações dos fazendeiros Exigem muitos zelos permanentes: São colonos cuidando, prazenteiros, De toda a agricultura... São sementes Selecionadas, são os bons viveiros, Com mudas especiais e se, inclementes, Rudes geadas atacam a fazenda, O prejuízo nota-se na renda.

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IV Por isso, os fazendeiros com cuidados, De engenheiros da Escola Agronomia, Evitam sempre os vales rebaixados Para fugir à geada dura e fria. Assim melhores frutos são formados E alcançam sempre uma melhor valia, Da maneira depois, justa e perfeita, Tem início o trabalho da colheita. V Sob os pés-de-café faz-se a coroa Para que nenhum grão fique perdido, E o lavrador, com graças, abençoa, O terreiro onde irá ser estendido Todo o trabalho de uma safra boa. Os grãos, sob o calor do sol brasido, Pelo rodão vão sendo misturados Para que todos fiquem ressecados. VI Depois a grandes tulhas conduzidos Espera-se a época melhor de venda; Os lucros são somados, divididos, E uma parte é aplicada na fazenda. Lavradores felizes são reunidos Nos terreiros, em frente da vivenda, E saudando a colheita que findou-se, Tomam canecas de café bem doce. VII Cafezais estendiam-se a distância Forrando o chão de glóbulos vermelhos; Era a riqueza que chegava em ânsia

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Emoldurando sonhos com espelhos. Sentindo as mansas aves a fragrância Daqueles frutos, iam aos grupelhos, Pousar naqueles líricos pomares E ali mesmo teciam os seus lares... VIII Eram rolinhas que chegando aos centos, Mil orquestras de arrulhos anunciavam; A princípio de olhares bem atentos Prontas para partir sempre ficavam... Mas enquanto tiravam seus sustentos, Distraídas, sequer elas notavam, Que subia entre galhos, em manobra, Sibilante, nefasta e horrível cobra... IX Nestas horas, meus Deus! – pleno alvoroço! – As rolinhas fugiam assustadas. A cobra – parecendo só pescoço – Jamais falhava em suas atacadas. Ai! neste canto ainda parece que ouço O arrulho das rolinhas apanhadas Debatendo-se em última agonia, Logo após o silêncio... A calmaria... X As cobras eram os reais perigos Para os colonos, para os fazendeiros. As cascavéis faziam seus abrigos Em velhos e esquecidos cupinzeiros... – Crianças não fugiam aos castigos: Brincando nos imensos capinzeiros, Para elas – um lugar do paraíso! – Logo se ouvia o sibilar de um guizo...

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XI Dessa forma os colonos, em alerta, Tomavam sempre o máximo cuidado: Quando era alguma cobra descoberta A colocavam num caixão lacrado E o Butantãn era a pousada certa Para que o réptil fosse aproveitado. – O veneno que dava a morte em coro, No Instituto era transformado em soro! XII Quando o café era o ouro da lavoura E enriquecia nobres lavradores, Um pandemônio sem igual estoura Trazendo aos fazendeiros muitas dores. Em vinte e nove, fúnebre tesoura, Corta sonhos, decepa mil horrores: Imensos cafezais são destruídos Matando lindos sonhos coloridos. XIII O desespero invade amplas fazendas Onde a safra colhida apodrecia. Mais parecendo fantasiosas lendas, Tétrica realidade acontecia: Outrora o riso fácil das vivendas Era trocado por melancolia; O preço do café caíra tanto Que ao fazendeiro até causava espanto! XIV Fazendeiros por fim alucinados, Ao ver a safra toda apodrecida, Passam a ter momentos aloucados:

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Para enganar e a safra ser vendida Esborrifam nos grãos tons esverdeados Imitando que neles ainda há vida; Mas nos celeiros sacas apodrecem E o desespero nos senhores – crescem... XV O comércio gerado foi suicida: Para levar a safra até o Porto Não valeria a pena tal corrida. A exportação fazia o sonho absorto E o desespero vinha sem guarida. A esperança jazia em vale morto E para não se virem arruinados, Pés-de-café ao fogo eram lançados... XVI ... Depois imensos campos dizimados, Era a visão funesta que se via... Novelos de fumaça avermelhados Contrastavam co’o céu numa agonia. Os ricos fazendeiros alquebrados Não tinham esperanças em tal dia. E para completar tão negra sorte, Muitos foram buscar a própria morte... XVII E foi desta maneira desumana Que teve fim o ciclo cafeeiro. Em lugar de café plantou-se a cana Que foi adocicar o mundo inteiro. E esta nova cultura, soberana, Glorificou o solo brasileiro. E a garapa, a jorrar grossa da bica, Deixou Piracicaba bem mais rica!

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XVIII Toda a cultura pródiga da cana, Fazendo parte ativa do progresso Da longa história piracicabana, No século XVIII teve ingresso, E a resoluta força interiorana, Prevendo o largo veio de sucesso, Estendeu canaviais, forrou de verde, O solo que de vista além se perde... XIX E surgiram depois grandes usinas... Os canaviais forravam as fazendas. Por fim, dando a impressão de mil narinas, Todo o céu se cobria de legendas Co’a fumaça formando serpentinas, Para a população criar as lendas De sonhos, de riqueza alvissareira, Neste rincão da Pátria brasileira!... XX E os sonhos se tornavam realidade: O gosto da garapa e do melado Invadia de súbito a cidade; E cada coração apaixonado Sorria pleno de felicidade, Por ver o próprio chão multiplicado. E o caboclo cantava de alegria Ao ver o seu trabalho ao fim do dia... XXI E nossa terra, a largos horizontes, Ia sendo cantada e conhecida, Nossos produtos eram como pontes

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Ligando povos à paixão querida. E nas várzeas, nos prados e nos montes, (Onde entre flores é mais bela a vida!) Nossas riquezas eram exportadas Nas mais distantes vicinais estradas... XXII E quando estão em épocas de corte Muda-se o movimento da cidade: Caminhões são usados no transporte Enquanto os bóias-frias, com vontade, Neste labor cruel e muito forte, Trabalham com insana intensidade. As Usinas operam febrilmente Produzindo o ouro branco reluzente! XXIII Porém, para aumentar o desespero, É ver crianças pálidas de frio Lutando na jornada com esmero Num transe que nos causa desafio. A elas esse trabalho é um exagero E provoca o mais tétrico arrepio; Co’a cabeça coberta por um xale, O que produzem muito pouco vale! XXIV Muitas vezes não vão sequer à Escola, Pois ajudam os pais nessa jornada. Tal trabalho sequer vale uma esmola À criança que está desamparada. E com seus pés no chão, feitos de sola, A pele toda fica enregelada. Mas é esta a angústia que tal sonho vaza: Precisam ajudar dentro de casa!

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XXV Assim, dessa maneira descabida, Esse trabalho rende muito pouco. O bóia-fria entrega a sua vida Tendo o facão às mãos, num sonho louco, De ver sua existência mais florida... Às vezes, uma voz num canto rouco, No denso canavial, triste e sozinha – Murmura uma sofrida ladainha... XXVI São famílias inteiras no trabalho De levar para casa o seu sustento. Mas a cana não serve de agasalho Quando, rude e impiedoso, ruge o vento. Às vezes o facão nas mãos faz talho Tornando-se maior o sofrimento. E uma carreira – tendo a vez de quarto – Serve para a Mulher fazer seu parto! XXVII Outras vezes, de jeitos subumanos, Esses trabalhadores bóias-frias, Após trabalhos trágicos e insanos, Sofrem as mais infaustas agonias: Caídos em ciladas ou enganos, São roubados ao término dos dias, Para mais aumentar tanto calvário, Também são despedidos sem salário! XXVIII E as usinas não param no trabalho; A jornada é constante e ininterrupta. Jorra a garapa como negro orvalho

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Junto às moendas, que na força bruta, Trabalham no estridor de forte malho Como se houvesse colossal disputa Entre a Máquina e o Homem... E há quem pense Que nesta luta é a máquina quem vence! XXIX Embora faça parte do processo, A queimada da cana causa medo! Abre na terra um fundo e forte abscesso E o espaço aberto fica imundo, tredo... Parece que um demônio ímpio, possesso, Despencando do inferno, num bruxedo, Nos largos canaviais faz sua festa Enquanto o fogo imenso a tudo cresta... XXX A terra ferve... Rolos de fumaça Sobem ao céu num pandemônio imenso, Fazendo mais crescer essa desgraça... O ar pesado, poluído, grosso, denso, Em toda a redondeza eclode, grassa, – Parece que um turíbulo de incenso Numa celebração de rito horrendo, Célere passa em combustão, fervendo!... XXXI As aves que fizeram os seus ninhos Nas touceiras de canas verdejantes, – Bicos-de-lacre, rolas, colheirinhos –, Soltam pios sofridos, delirantes... Não podendo salvar os filhotinhos, Co’a chegada das tochas fumegantes, No ímpeto de vencer feroz batalha, Num voo vão de encontro co’a fornalha!...

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XXXII Nossa luta é maior do que supomos Pois invisíveis são os inimigos. Produzindo em surdina seus assomos, Envolvem nossos sonhos em perigos. A nós restam somente horríveis cromos E os mais inaceitáveis dos castigos. Quando o vento produz rajada forte, As labaredas têm poder de morte. XXXIII O forte fogo foge do controle E além dos canaviais, matas invade. Éolo parece ter imenso fole Para mais alastrar sua maldade. A labareda infame tudo engole; Para prendê-la não existe grade. Com força colossal os campos mina Pondo névoas na Noiva da Colina. XXXIV Fogo feroz... Assim os usineiros Nos densos canaviais, fazem queimada – A noite brilha imersa nos luzeiros Tornando-se uma tocha avermelhada. Mais parece Satã, de olhos morteiros, Soltando pela boca escalavrada Fúrias, blasfêmias, gritos de vitória, Após uma batalha merencória. XXXV Piracicaba em frêmitos caminha, Seus passos no futuro põe confiante. Se nessa luta estóica está sozinha,

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Mesmo sofrendo vai seguindo adiante. A Palavra num grito vibra asinha Mas a tocha de fogo fumegante Crepita em canaviais e sangra vidas, Deixando cicatrizes e feridas. XXXVI O deus do fogo de maneira insana No vandalismo fere a fauna e a flora. É a queimada maléfica da cana Que faz chover carvão em plena aurora. Assim a terra piracicabana Desesperadamente sofre e chora, Onde a angústia é maior do que se pensa, Com o ar seco que traz dor e doença. XXXVII Mas mesmo assim Piracicaba luta Para deixar seu céu mais claro e puro. Porém, essa vontade resoluta, Cava tumbas nos dias do futuro, Pois a ganância, de maneira bruta, Trava combate em campos de monturo Vencendo com propinas e artimanhas, Ardilando propostas e barganhas. XXXVIII Dessa luta cruel que se apresenta Que tome parte o coração caipira. Abra o peito à maneira mais sangrenta Mostrando o pus que a morte insana atira Com vontade voraz, viril, violenta. Se o fogo do progresso é uma mentira E ilude com veludos e brocados, Que os caipiras-guardiões sejam soldados.

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XXXIX Empobrecem assim a nossa terra Que corre o risco de virar deserto. Mas desvalida e insana é a negra guerra Frente ao progresso que campeia incerto. A Vida num espasmo, louca berra, Mas é sempre maior o desacerto. Porém, caminha e vai vivendo à míngua, Já que para lutar, sequer tem língua. XL Terpsícore e Melpómene abraçadas Tecem tragédia e traçam treda dança. Ambas morrem por fim intoxicadas Porque já não vislumbram a esperança. As terras antes ricas e adubadas, Hoje trazem a morte por herança; A tênebra a ser vista é tão imensa, Que desconheço o canto para a crença. XLI Oh! Musas, para vós não há consolo, Pois a visão é trágica e medonha. Quando o homem for comer o último bolo Já não lhe restará sequer vergonha. O homem é mau, cruel, porém, é tolo, Somente co’o ouro fúlgido ele sonha, Porém tanto devasta a Natureza, Que um dia ele há de ter vazia a mesa. XLII Avançando trincheiras das batalhas Mostrando férrea força destemida, Que não lute buscando áureas medalhas,

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Mas tão-somente o continuar da Vida. Se tecem nossas leis cheias de falhas, Onde existe uma porta de saída, Que o coração caipiracicabano Seja um soldado, um gladiador romano! XLIII Eis que o progresso avança a passos largos Ferindo campos, rios e florestas, Desrespeitando as leis com seus embargos E tornando as paisagens mais funestas. Com sabores de morte acres e amargos, A poluição penetra pelas frestas, Envenena dos rios suas águas, Em nossas vidas colocando mágoas. XLIV Eis o progresso estradas asfaltando!... Mais parecendo imensos intestinos, Dos nossos sonhos tudo vai matando Engolindo de vez nossos destinos. Dos pintassilgos já não há mais bando Que outonos alegravam com seus trinos. Sumiram as sabiás, os avinhados, E espécies mil de pássaros dourados... XLV Eis o progresso salpicando em tudo A fuligem da morte e da desgraça. De belos cantos o presente é mudo E é cada vez maior tão negra ameaça. Ele nos cobre em colchas de veludo, Oferecendo o brilho – por trapaça! Com ares poderosos e sublimes, Eis que o progresso vai ponteando crimes!

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XLVI Tudo pode o progresso na investida, Tudo engole na sua insana fome. Mata o sorriso dizimando a vida, Mancha estradas com sangue por seu nome. Nada o detém na fúria destemida, Não existe também força que o dome. Procissão cadavérica que avança E tudo mata em nome da esperança. XLVII A ganância com garras assassinas Assalta nossos sonhos mais ridentes. Parecendo-se dóceis bailarinas, Passa rangendo seus caninos dentes. Soltando podridão pelas narinas, É uma deusa de modos contundentes: Mata a Esperança, nossos sonhos tolda, E a impinge podre em nossa pele solda. XLVIII Tudo vence com suas fortes garras, Tudo depreda com desgraça imensa. Presa nos talabares das fanfarras, Vomita, cavernosa, a sua crença. Avança diques, centripeta amarras, E deixa por nefasta recompensa, Vales vazios, vasquejar da morte, Na mais profana, hedionda e rude sorte. XLIX Mas a mão da justiça tudo encobre Sempre tece razões aos assassinos. O céu azul transmuda em cor de cobre

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Qual festival de horríveis bailarinos Numa dança macabra, podre, pobre... Ouvem-se gritos tristes e ferinos, No festival de tanta atrocidade Onde a ofensa é de pus e de maldade. L ... Depois que o fogo rápido, envolvente, Destruiu o canavial e suas vidas, A gente olhando, superficialmente, Vai divisando pútridas feridas... O ar se mistura a um gosto pestilente, Covas de terra sangram desnutridas... E para coroar tal desencanto, Do céu caem lágrimas de um negro pranto!...

Canto VI Beira-Rio I

Estilhaço bucólico... Paisagem Poética e repleta de lirismo! Eis a Rua do Porto! – Ampla miragem Onde Piracicaba faz turismo! Aqui o Rio em sua branda aragem, Prende a população num magnetismo Como se houvesse paz, sossego, calma, Como se o Rio enfim, tivesse um’alma! II Casinhas penduradas nos barrancos, Verdes de mil matizes fecundados... Velhas cabeças de cabelos brancos, Ficam lembrando fatos já passados,

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Esquecidos no tempo... Velhos bancos, Têm histórias e fatos registrados: – Neste ambiente repleto de poesia, O povo ribeirinho passa o dia... III Parece até que esse genial recanto Esqueceu de crescer com a cidade; Lembra um passado de suave encanto E o progresso não tem alacridade. Às tardes ainda se ouve o terno canto De uma canção movida de saudade... – Cantando, tendo ao lado um sonho adrede, O pescador constrói a sua rede... IV Quando se reúnem velhos pescadores, Contam suas fantásticas histórias... Lembram lendas repletas de terrores, Que ainda conservam vivas nas memórias... Às vezes com seus ares zombadores, Pondo mais sisudez nas oratórias, Mostrando bem as expressões caipiras, Recordam fatos cheios de mentiras... V Porém, essa paisagem que delira, Margeada pelo Rio lerdo, absorto, É o local onde a vida não conspira E nem existe ameaça ou desconforto. Ali tudo tem vida, tudo inspira, O Rio em mansidão banhando o Porto, Do Povoador a sua velha casa E um cheirinho de peixe assado em brasa...

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VI Quantas vezes, meu Deus, essa paisagem, Retratada não foi pelos Artistas! Tudo lembra fantástica miragem – Museu onde se guardam as conquistas Da cidade e de cada personagem Que por ali lançaram suas vistas! É paisagem de sonhos pitoresca, É local apropriado para a pesca! VII Embora não se pesque mais como antes A pesca ainda é bastante divertida... Já não existem os jaús brilhantes Que o velho Rio está perdendo a vida. Ainda existem velhos habitantes Que não gostam de ver, toda invadida, A bucólica rua e o que incomoda, É que o turismo ali veio... e fez moda... VIII Quem vê o Rio em a margem direita Pensa ver um montão de pescadores Que estão fazendo uma ótima colheita, Porém, eles estão plantando flores... Mas um melhor olhar mata a suspeita: O que se enxerga ali são multicores Bonecos espiando o nosso Rio, No olhar que até provoca desafio. IX São as obras do Elias dos Bonecos Feitos com roupas velhas e surradas, São variedades mil de cacarecos

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Usados para as suas empreitadas. De soslaio alguns olham para os becos Sempre de prontidão nas madrugadas, E num sem fim estado de vigia, Mais parecem farrapos de Poesia. X São dezenas, centenas, são milhares, De olhos atentos, prontos à denúncia; Do Rio são soldados militares Que em silêncio trabalham sem renúncia. Embora fiquem quietos em seus lares, E não façam sequer uma pronúncia, Cada boneco traz o olhar atento Para qualquer suspeito movimento. XI Porém, de uma feição magoada e triste, Parece que eles olham o passado, Lembrando um sonho que não mais existe E vendo um mundo todo profanado. Mas sei que em cada olhar, fiel persiste, Um desejo demais apaixonado: Ver novamente o Rio em diadema, Na fabulosa luz da Piracema! XII Eis que longe num troar de espuma, Denso, alvejante, onipotente, forte, – Gigante colossal que os céus esfuma E tenebroso porque traz a morte, Ruge o Salto ciclópico entre bruma, Mas logo após, esplêndido e com porte, Uiva soturnamente e assim parece Um velho Paiaguá em sua prece!

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XIII Na sua maravilha ultra-infinita, O Salto é uma paisagem esplendente; Enquanto em suas pedras a água grita E em catadupas cai ruidosamente, A sua vida aquática se agita, E troveja num coro irreverente; Parece Deus que quer, num férreo ameaço, Digladiar o Infinito no amplo Espaço! XIV E as águas caem volumosas, loucas, Espartanando na volúpia densa, Parece até que dez milhões de bocas Lançam ao céu estrepitosa crença! Mas as aves, porém, planando moucas, Num balé de tamanha indiferença, Em voos rápidos, geniais, ariscos, Deixam em sua espuma airosos riscos! XV Belo! Nessa beleza altitonante O Salto lembra cataratas d’ouro. Quando o sol, em seu brilho coruscante, – Como se fosse aurífero tesouro! – Jorra à terra seu raio deslumbrante... E o Salto ruge como enorme touro Que aprisionado num marnel incerto, De repente se visse a céu aberto! XVI Parecendo demônios enjaulados À beira de um enorme precipício, O Salto, como lobos esfaimados,

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Nas pedras vê-se livre do suplício; E águas espadanando pelos lados Como se fossem fogos de artifício, Numa beleza singular, o Salto, Explode de alegrias para o alto! XVII É o respirar dos deuses! São mil vozes Gritando, declamando, saraivando, Intrépidas, esdrúxulas, ferozes! Parecendo formar, alvas, um bando Fenomenal de grandes albatrozes, Que jamais aceitaram um comando! Feroz, no fogaréu de mil ideias, Ruge o Salto sublimes Epopeias! XVIII É o prélio! é a rebelião! é a larga luta! São legiões de guerreiros espartanos! É o desespero! É o fogo da disputa! Soldados a gritar! São diluvianos Cristais! É a destemida força abrupta! É o rugir de fantásticos oceanos Que numa queda explodem ferozmente, E depois seguem calmos na corrente!... XIX Sossego, calmaria, a paz, o manso, A água lerda vagando sonolenta... Brandos, os barcos boiam no balanço, De ondas que passam com a cor barrenta... Parece o Rio estar em seu descanso Depois de uma batalha famulenta... Beijando com carinho o antigo Porto, Pensa-se até que o velho Rio é morto!

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XX E no ponto onde está localizado O Vai-vem, tenebroso e fundo poço, Onde as águas, após terem boxeado Junto ao Salto em esplêndido alvoroço, É o exato local amaldiçoado Que o Rio simboliza o tredo alcouço; Onde tantos e tantos nadadores Findaram e deixaram tantas dores... XXI Além deste Vai-vem, outros perigos, Rondam o nosso poderoso Rio, Que vive a provocar os seus castigos Em desesperos cheios de arrepio. O Bongue é um dos fantasmas mais antigos, Poço cheio de horror, de calafrio, Túmulo para os mais desavisados, Quando à morte se veem desesperados. XXII Esses locais o mundo em transe teme... Os pescadores, conhecendo o abismo, Sentem que o coração em ânsias geme. O Rio ali tem forte magnetismo E poderosos ímãs... Perde o leme O timoneiro... A boca em forte trismo – Lembrando interjeições de puro medo, Que a alma do Rio é cheia de segredo. XXIII As águas em um lerdo redemoinho Ficam fazendo um círculo perfeito... Parece até que perdem o caminho

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E não conseguem encontrar o leito; O Rio, por ali, vai de mansinho, Que o poço impõe impávido respeito – A água vai... A água vem... A espuma boia, Como fazendo parte da tramoia! XXIV Para se ter uma visão mais bela De nosso Rio com seu belo Salto, Melhor andar em cada passarela, Que a nossa vista – em grande sobressalto! – Verá a mais pura e líquida aquarela, Que o coração nos toma em doce assalto! A cachoeira lançando a sua bruma Num espetáculo que tudo esfuma! XXV Numa canção estrepitosa, as águas, Despencando nas pedras milenares Despejam num estuário suas mágoas Dando a impressão de lúcidos cocares Dos Paiaguá, que em suas festas fráguas, À Natureza erguiam mil altares. É o Salto! É a sua vista contagiante Que vemos debruçados no Mirante! XXVI Por suas alamedas de mil sombras, – Rumos que serpenteiam entre troncos, Canteiros de folhagens, com alfombras, Do estrepitar do Salto ouve-se os roncos! Oh! Coração, que bates e te assombras, Com estes hinos suarentos, broncos, Tem calma e fé, pois esta é uma linguagem, De quando tudo aqui era selvagem.

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XXVII As árvores gigantes, centenárias, Emolduram pictórico recanto, Vozes da Fauna e a Flora em cores várias Recebem, de mil vidas todo o encanto, Que Deus aqui plantou... Aves em árias Beethovenianas, fazem o seu canto, Numa oblação divina e até parece Que há prelúdios no céu de pura prece! XXVIII Do Mirante se tem visão mais larga Dos amplos horizontes da cidade... A vista em puro frêmito se embarga Num encanto de sonho e de vaidade... Pós Colina a cidade mais se alarga Entravar seu progresso, quem é que há de? Piracicaba vista do Mirante É uma visão sublime, delirante! XXIX Do Mirante as tortuosas alamedas Vão nos levar, de súbito, até o Rio; As águas mais parecem labaredas Que, ao invés de queimar – provocam frio. Vastos lençóis de transparentes sedas E as águas nos provocam arrepio: Se pusermos os braços esticados, Do Salto as águas vão deixar molhados. XXX A poucos metros – sonho que endoidece – O Salto mostra a sua doida força De Deus nos lembra uma divina prece

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Que nossa sublimada Fé reforça. Lembra um Altar e tudo até parece Um dilúvio que vem, pleno se esforça, Inundar vales e cobrir montanhas, Da terra revolver fundas entranhas. XXXI Eis o Mirante – Altar da Natureza! – O vale de um poema enamorado; Recanto de recôndita beleza Que assistiu celebérrimo noivado Da Noiva que ainda é cheia de pureza Pelo índio que vivia apaixonado; Noiva que estende o véu, alva neblina, E que é chamada Noiva da Colina! XXXII O Véu da Noiva!... Muita gente pensa Que é aquela cascata junto ao Salto, Mas está totalmente errada a crença E o verdadeiro fato aqui ressalto, Porque a verdade tem outra nascença Podendo até causar um sobressalto Em quem não acredita no que digo, Porém, a realidade está comigo... XXXIII Foi Brasílio Machado quem, um dia, Contemplando extasiado a alva neblina Que ao céu subia em forma de magia, Com as rimas, ao som de uma ocarina, Inspirado compôs uma poesia, E o epíteto de Noiva da Colina Pela primeira vez foi pronunciado Nos lábios de um Poeta apaixonado!

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XXXIV O Rio é nosso manancial de Vida! Porém, não é tratado com carinho. Abscesso! Mais parece uma ferida Nosso lindo recanto ribeirinho. Seu leito de água negra, apodrecida, Conduz à morte o pobre passarinho, E as Usinas, jogando mais restilo Matam de vez o vale antes tranquilo. XXXV E quando chega o tenebroso estio, O Rio mais parece um velho morto... É a época do inverno, o rude frio, Colocando neblina em tom absorto Tenta incutir à morte o nosso Rio; E a nossa colossal Rua do Porto Parece preparar-se para a morte Na mais hedionda, rude e negra sorte. XXXVI Veios d’água escorrendo pelas pedras, À falta de oxigênio os peixes morrem... Oh! Natura, por que impiedosa redras Os poucos veios d’água que ainda escorrem? Políticos sentados em exédras Sobre filosofias vãs discorrem E tu morres, oh! Rio, em dura mágoa, Enquanto o Cantareira rouba-te a água! XXXVII Às tuas vestimentas cristalinas Paira uma veste de sombrio luto... Aves que em voos rápidos, traquinas,

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Entoando sinfonias em tributo; Vendo tal quadro vão, em outras sinas, Buscar para viver novo reduto... Belo oásis onde – multicolorida, Seja mais pura e mais radiosa a Vida! XXXVIII A seca mata! A água estagnada fede... Aranhas e escorpiões saem das tocas E picam pés descalços... Vem a sede, Nenhuma gota d’água chega às bocas... O pescador lançando a sua rede Pressente o desespero... Muriçocas E pernilongos vão, em denso bando, Os membros nus do pescador picando... XXXIX Bandos de garças partem em revoada E a paisagem se torna sonolenta... O melhor é esperar a chuvarada Que a Primavera traz suave, lenta... Ouvir do céu, centrípeta trovoada, E a chuva caindo em forma de água benta... Sonhar com o Verão para, em anseio, Novamente aplaudir o Rio cheio! XL Quando as águas do Salto choram mansas Na estiagem dura que lhe aplica o Inverno, Os nossos sonhos saltam em lembranças Num devaneio que parece eterno; Porém, no peito, airosas esperanças, Deixam noss’alma com delírio terno, Que o Rio – este ciclópico colosso! – Ainda irá ressurgir com alvoroço!

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XLI Nossas mágoas, portanto passageiras, Graças a Deus só duram na estiagem, Pois vindo as chuvas, grossas corredeiras, Estrugem novamente com voragem. E as pedras – esqueléticas caveiras! – Vestem de novo esplêndida roupagem, E em cantos, num atávico amavio, Mostram o Espírito de nosso Rio. XLII O Rio mostra assim para a Cidade, Os acordes de um Ser apaixonado, Que canta com suprema alacridade Hinos de amor num mágico dobrado. É fantasia, lenda ou é verdade? Mas parece que um Deus glorificado Lindas canções de amor de êxtase trina, Ao ver a linda Noiva da Colina! XLIII Quando a época das chuvas acontece De maneira feroz, descontrolada, O nosso velho Rio mais parece Gigante Ser que não respeita nada. O Salto ronca – súbito estremece, Seu leito não parece ter parada: Invade ruas, casas, avenidas, E pessoas que estão desprevenidas. XLIV Rua do Porto... Antigos moradores Sofrem desesperados com a enchente. Parece a água ter força de tratores

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Que tudo estraga intempestivamente. Velhos barcos de antigos pescadores, Nest’hora se transformam na corrente: Mais parecendo um trapo de esperança, Cada um traz no seu bojo uma mudança. XLV A água do Rio, em desespero insano, Tudo invade com fúria e sem piedade; O Rio se transforma em vasto oceano Gigantesco e destrói enquanto invade. Provocando prejuízo, angústia e dano, O Rio é o Espectro vivo da maldade: Se alguém desprevenido entra em seu leito, O Rio mata por achar direito! XLVI Nesses dias, transmuda-se a paisagem: O Rio embrutecido, água barrenta, Soberano, em estúpida voragem, Amedronta e tem força turbulenta. Transforma-se em estranho personagem E mostra poderosa fúria odienta; Mas é que tanto os homens dão-lhe a morte, Que ele nos mostra o quanto tem de forte! XLVII Na época linda e esplêndida da enchente, O Rio se renova em sua vida. É tempo de desova... O tempo quente Faz que os peixes, em rábida subida, Nadem ligeiros contra a água corrente, Numa dança esplendente e desmedida... E os cardumes num lúcido diadema, Dão início à formosa Piracema!

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XLVIII Festa nas águas! Como num ensaio, Primeiramente os peixes mais pequenos Ligeiros e velozes, como um raio, Vão musicando o Rio com seus trenos... Prateados lambaris num hino gaio Lembram lenços em líricos acenos... Tilápias e mandis, também ariscos, O Rio vão cobrindo com mil riscos. XLIX Assim começa a mágica apoteose! Curimbatás tingem de prata o Rio, Aos milhares em cálida simbiose, Fazem o canto atávico do cio... E nessa colossal metamorfose, Parece haver o encanto luzidio De pedrinhas moídas de brilhantes, Que soltam os seus fachos coruscantes!... L É procissão aquática! o espetáculo Dos dourados subindo as corredeiras, Deixando para trás qualquer obstáculo Lembram tribos selvagens e guerreiras Na luta de vencer qualquer tentáculo, Para bem mais abrir suas fronteiras. Pintados e jaús, na ânsia incontida, Seguem juntos num hino à própria Vida! LI Frente às flores na fresca primavera Nessas horas de encanto e de alvoroço, A alma de cada peixe deblatera,

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Pois os homens não sentem o colosso Desse encanto de Deus, dessa atmosfera Da vida, que renasce num endosso Da Natureza e, cheios de ansiedade, Matam o Rio, insanos de piedade! LII Parece nessas épocas, que Cristo, Nos visitou em Eras já passadas, E Pedro numa barca aqui foi visto... Porque nas velhas páginas sagradas Do Evangelho há verídico registo De pescas milagrosas e encantadas! – Tantos peixes subindo a correnteza É o milagre maior da Natureza! LIII É a desova dos peixes! E os cardumes Enchem o Rio de esperança e vida! Num salto, contra o sol, lançam seus lumes, Refletidos na escama colorida. Harmonioso balé! Valsas, queixumes, Coloridos cristais! E na subida Das pedras, na canção em sobressalto, Os peixes se debatem contra o Salto! LIV Ágeis, nervosos, saltam em anseios E lutam contra as Leis da Natureza. Jogam-se no ar em loucos devaneios Para vencer a forte correnteza... Porém, é fim de viagem... E nos seios Das pontiagudas pedras, na beleza Das Leis de Deus, num mágico poema, Finda o espetáculo da Piracema!

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LV O homem, porém, mais uma vez profano, Num crime contra a própria Natureza, Mostra que tem o seu viver insano. Com sua vilania e torpe crueza Junto ao Salto que paira soberano, Onde estão os cardumes sem defesa, Na espreita as redes desvairado lança Na mais odiosa e criminosa dança. LVI Os cardumes vão sendo dizimados, Os peixes são com suas ova mortos: Os anseios da Vida são roubados Nos trazendo sofridos desconfortos... Ladrões da Natureza, esses malvados, Deviam ser expulsos desses portos, Mas eles fazem isso e dão risadas Partindo para novas empreitadas... LVII Contudo nossas leis são descabidas E o criminoso sempre sai ileso. O Rio vai perdendo suas vidas Por não saber lutar – vive indefeso. À Piracema de épocas floridas O nosso encantamento vive preso. Os jaús, os pintados e os dourados, Somente na memória são lembrados. LVIII Contudo, quando era a época da cheia, E o Rio se tornava volumoso, A atração que se via era tão feia,

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Como cenas de um teatro tenebroso! Podre cheiro de morte, que sem peia, Às águas misturava cavernoso... Era o restilo, era a lixívia negra, Que ao Rio vinha sem nenhuma regra.... XLIX Peixes mortos rolavam aos milhares Na procissão aquática da morte! Um cheiro pútrido volvia aos ares E a carniça exalava infrene e forte... Os pescadores, presos em seus lares, Lastimavam tão negra e horrível sorte, O Rio agonizando, lerdo e horrendo, Aos poucos ia, em solidão, morrendo! LX Indústrias de maneiras descabidas Espalhavam a morte ao nosso Rio, Assassinando impunes frágeis vidas Que germinavam em glorioso cio. Porém, como não eram advertidas, E às leis sempre buscavam desafio, O mais belo Postal desta cidade Sofria a mais medonha atrocidade! LXI Hoje embora não haja mais restilo, Do Rio a vida não é mais a mesma... O amor é pouco para redimi-lo E a punição caminha como lesma. Porém, o Povo não está tranquilo, Vendo o Rio qual tétrico abantesma; E sempre cobra, com maior anseio, Ver o Piracicaba d’águas cheio!

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LXII Nosso Rio tão lindo... Nosso Rio – Apaixonado oásis de beleza! – Sempre foi um recanto luzidio No Altar de luz maior da Natureza! Criado por um Deus em amavio Para a nossa cidade foi realeza: Manto sagrado de fulgor e Vida, Que deixava a paisagem mais florida! LXIII Filho do Jaguari e do Atibaia, Na montanhosa Extrema tem nascente. De vales encantados beija a saia Ziguezagueia e torna-se corrente... Por ele alva e prateada espuma espraia Pelos raios do sol fica luzente; Límpido e cristalino segue a pista E penetra o bendito chão Paulista! LXIV Porém, conforme serpenteia o Estado, Vai margeando cidade após cidade... Em todas elas, sem nem um cuidado, Vai crescendo fatal atrocidade... Tubulações de esgoto não tratado Despeja-se no Rio sem piedade, O descuido é tamanho nesta sorte, Que ele se vê de frente com a morte. LXV Os desmandos e o cheiro de ganância Deixam em podridão esse gigante... Os dias vai vivendo na inconstância

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Na pena mais cruel e anavalhante... Já vai longe, perdido na distância, O tempo em que ele belo e marulhante, Exalava fragrâncias de perfumes, E trazia milhares de cardumes... LXVI Como rimas preciosas de um poema Nosso Rio era belo, majestoso, Mostrava a exuberante Piracema, E qual bênção divina – era piscoso. Hoje fétido mostra atroz diadema Que pode ser chamado de monstruoso; Su’água está sem vida e só nos resta Uma saudade pálida e funesta... LXVII Esquecidas vão sendo as suas lendas, E os peixes já não param junto ao Salto. As paisagens formosas, estupendas, Aos nossos sonhos causam sobressalto. Esqueléticas pedras são legendas Numa visão de horror que sem assalto À Beleza que havia antigamente, Transforma-se em Tristeza no presente! LXVIII Eis que agora a Carioba é o pesadelo Mais novo para os piracicabanos, Não adianta fazer moção de apelo Pois com palavras podres e com planos Mirabolantes, o progresso em elo Destrutivo e com gestos bem profanos, Para aumentar de vez a nossa mágoa, De nosso Rio quer roubar mais água...

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LXIX A nossa luta é vã, negro é o protesto, E nosso Rio aos poucos vai morrendo... De nada adianta o nosso manifesto Pois o espetáculo vai ser horrendo. Nestas palavras tristemente atesto Que o porvir que teremos é tremendo: Além de estar poluído o nosso Rio De suas águas vai estar vazio... LXX Se as palavras pudessem ser mais puras E a escrevê-las tivesse eu mais talento, E se não me perdesse em aventuras Que vem e vão, em valsas vãs do vento, Poderia captar com mais ternuras Desta Cidade cada movimento E contar desta Noiva seus segredos, Seus desejos, quem sabe até seus medos. LXXI Porém, que medos uma Noiva sente? Sendo a Noiva tão bela e tão formosa, Faltarão sonhos em su’alma crente? Se sua vida é azul, maravilhosa, Por que ela chora assim copiosamente? É que a teia profana e perigosa Dos vilipêndios chega em sua trama E fere encantos dessa airosa dama. LXXII Por isso a Noiva desvairada chora Ao ver livre campear a impunidade. O Rio que é seu véu e é sua aurora

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É conspurcado na calamidade. A bela Piracema hoje deplora E morrem os cardumes sem piedade. Esgoto aberto o Rio se parece Quando o ritual das mortes acontece. LXXIII Se Brasílio louvou-te no passado Em versos sereníssimos de encanto; E Lagreca também apaixonado Com larga inspiração teceu seu canto, Minha Noiva eu aqui vivo inspirado Mas minhas rimas teço em denso pranto. Atra agonia as tuas mantas cobre, E bandoleiros deixam-te mais pobre. LXXIV Por isso, Lino Vitti, tu, que um dia, Das Musas me ensinaste o amplo caminho Para encantos sonhar junto à Poesia, Hoje me faz viver triste e sozinho. Ao contemplar chorando esta agonia Do Rio no estertor em burburinho, Quisera, Altivo Príncipe querido, Que tal caminho fosse mais florido. LXXV Se juntos essa morte contemplamos, Só temos versos para defendê-la. Iguais a pintassilgos nós ficamos Em trinados de dor preta e amarela... Nada valem, Poeta, tais recamos, Nossa Cidade, fulgurante estrela, Hoje, do céu, esconde-se nublada, Caminhando na dor da madrugada...

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LXXVI Se o canto hoje se torna um canto triste, É sem vontade que isso ora aconteça. Pois se o progresso mais profano insiste, Natural que tal dor nos abasteça. E a poluição – nefasta e densa existe – De lixo podre suas teias teça, Para trazer com sua ingrata sorte, A mais profana e pestilenta morte! LXXVII Os nossos netos não terão a glória De ver uma divina Piracema... Ela será lembrada como história Ou nas rimas quaisquer de algum poema... E o progresso há de ter sua vitória: Um seco leito como atroz diadema! Depois para coroar tal desconforto, Nosso mundo estará de todo morto! LXXVIII Hoje o capitalismo a tudo invade E embora ele pareça ser fantástico, Trazendo um mundo de felicidade, O desígnio de Deus será bombástico; Ele ainda irá mostrar na Eternidade Que a sede não se mata com o plástico, Sem ar puro é impossível ter-se vida, E a estrada do porvir será ferida. LXXIX A vida é curta, para tanto engodo, E a mentira também tem perna curta. Pois a Carioba e este projeto todo

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Que a água do Rio simplesmente furta, Há de ter retrocesso de tal modo Que ao desespero vai-se ver se encurta, Mas com certeza já será bem tarde Para a Vida pedir em forte alarde. LXXX A Morte irá fazer sua visita E a árvores, e as flores, tudo, tudo, O Homem irá perder pela desdita. Um pássaro empalhado vive mudo, O plástico uma flor somente imita, Porém, não pode dar-lhe o tom veludo, Nem seu perfume de suave essência, Que o homem desconhece tal ciência. LXXXI Quanta tristeza sinto em tal momento, Os delírios da dor ferem minh’alma... A Poesia sequer dá-me sustento E por tristes razões fico sem calma... Os versos seguem livres, pelo vento, E minha dor no peito não acalma... A noite é fria, estou desconsolado, Oh! Musa, por que fico em tal estado? LXXXII O Progresso é uma foice pontiaguda E fere minha inspiração... Pudesse E ela continuaria sempre muda No silêncio tecendo alguma prece... Mas solitário estou, ninguém me ajuda, Lê-se esta estrofe e logo após... a esquece... Mas quando tudo for fatalidade, Por certo irão viver esta Verdade.

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LXXXIII Eu sou Piracicaba neste instante E é por minha Cidade que ora clamo. Se o Poeta é somente um ser distante, As lágrimas de dor que hoje derramo Desta maneira física humilhante, É pelos homens que também eu amo, Mas o pranto que verto em devaneio, Não vai deixar o nosso Rio cheio! LXXXIV Pois quando contemplarem no futuro Esses belos postais que hoje nós temos, Verão apenas um lugar escuro Ao invés de recantos tão supremos. A maldição montada num monturo Por certo irá sorrir de tais extremos, Pois ela vive dando o seu aviso Mas todos a desdenham num sorriso... LXXXV Percebo-me patético Poeta Que encontra um mundo totalmente surdo. Os clamores de paz seguem sem meta Frente ao materialismo podre e absurdo. Minha esperança segue em linha reta Enquanto versos, com carinhos, urdo... O mundo das Palavras agoniza E meus sonhos de fé vão-se na brisa. LXXXVI Provável é que nada mais importe Tão-somente a ganância sobreviva. E se tivermos mesmo alguma sorte

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No lodo irá viver a alma cativa. Se impiedosa, porém, nos vir a morte, Bem amarga teremos a saliva E é certo que a Esperança também morra No interior de Sodoma e de Gomorra. LXXXVII A vida que rasteja hoje no lodo Encontra o pus da lama e da miséria. Em cada coração penetra-o todo Na podridão de forma deletéria. A cobiça caminha em seu engodo No chão rasteja por não ser etérea. E minha linda Noiva da Colina Macula-se na peste purpurina. LXXXVIII Ao canto falta o sopro da Esperança Ou, feroz, o silêncio é que domina. Se, tenho o coração feito criança, O sonho da inocência me ilumina. Se com meus versos limo a adaga e a lança E me prostro no cimo da colina, De rimas faço o escudo da coragem, Como os Espartas minhas fúrias agem. LXXXIX Não tenho a forte voz dos comandantes, Porém, com estes versos, vou em frente. Trago o ímpeto de todos os amantes Que têm um coração no peito ardente. Com passos firmes, tesos e constantes, Traço a ideia adurente e sigo crente. Na água do Rio molho a minha farda, Arco e flecha me servem de espingarda.

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XC Sou Paiaguá – guerreiro destemido, Que confronta o inimigo na batalha. Como Caipira nunca sou vencido Pois quem vive na espreita nunca falha. Se vejo o solo amado ser corroído, O fogo da vingança em mim se talha. Se a gana de vencer me faz mais forte, De peito aberto enfrento a fúria e a morte. XCI Amargo irá brilhar o último dia Do dantesco espetáculo nefasto. Tudo estará nas raias da agonia Com o homem afogado em ímpio pasto. Porém, para fazer-lhe companhia, Virão os animais que andam de rasto: Aranhas, escorpiões, nefastas serpes, Que os homens vão deixar com podres herpes! XCII Se a vida pode ser assim tão bela E os homens a condenam a ser feia, Que haja uma atroz e estúpida procela Trazendo fim à tenebrosa teia A qual o homem em pânico se atrela E no anseio mordaz forte incendeia. Se ele tudo destrói em louca fúria, As minhas rimas cospem fel e injúria. XCIII E, Poeta, as palavras arrebanho, Na ânsia incontida de louvar a Vida. Tentando unir num único rebanho

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Quem sonha co’a esperança colorida. Se, vejo a morte com pavor estranho, A minha pena fica mais ferida, Por isso com desdém, em versos rujo, E contra a estupidez – fero ódio estrujo! XCIV Choro, amigos, por ver o nosso Rio, Horrivelmente escaveirado e morto, E dentro d’alma sinto o calafrio Ao ver o aspecto fúnebre do Porto. Um desespero tétrico e vazio, O coração no peito pulsa absorto. Lixo e devastação a céu aberto, E um futuro profano, podre, incerto. XCV Desolação total, pura asfixia, Nada se faz que mude o panorama... Já não há mais motivos de poesia, Sequer declarações para quem ama! O Rio chora lento na agonia Que parado contempla o rude drama: Não se pensa mudar e nem se tenta Dar fim à cena estúpida e sangrenta. XCVI Quero a Vida correndo pelos Rios, E a mesma Vida quero ver nas matas. Não quero penetrar vales sombrios, Onde despencam ódios em cascatas. Mas busco ouvir serenos amavios E cristalinos sons em serenatas: Em voos líricos, azuis, suaves, Eu quero contemplar, no céu, as aves.

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XCVII O nosso Rio é mais que nossa vida, É uma declaração de amor intensa. Doida paixão de graça colorida Que se transforma em fulgurante crença. É a legenda mais nobre e mais florida, Que em delírios é pura recompensa. Se por Ele e com Ele nós vivemos, São nossos braços poderosos remos. XCVIII É alma viva e latente da cidade Que lhe tomou o nome no passado. Herança de fulgor e de verdade Que deixa o coração apaixonado. Suas águas em forte intensidade Deixam nosso futuro iluminado. E como vigilantes dessa História, O Rio é nossa vida e nossa glória! XCIX Se, tantos sonhos juntos já vivemos, Mais sonhos juntos vamos nós vivê-los. Assim barcos no Rio, mãos aos remos, Tendo o vento a soprar nossos cabelos... Se pelos ideais mais puros cremos, Façamos nós valer nossos apelos: Que a Verdade mais densa e mais sagrada, Há de ser para sempre eternizada. C Se vis profanadores desse Templo Teimam trazer-lhe a mais temível morte, No mesmo chão Paulista há outro exemplo

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Co’o Tietê sofrendo a mesma sorte. Quando, tal Rio com sofrer contemplo, Nada sinto existir que me conforte, Piracicaba e Tietê com mágoas, Na mesma dor misturam suas águas. CI O que devia ser um hino à Vida, Causa consternação e sofrimento. A mata antes nativa e colorida Vive martirizada em seu lamento. A fauna dizimou-se nesta lida, Tornando-se invisível como o vento, E nas suas enseadas, por capricho, Existe a podridão, mau cheiro e lixo. CII Tudo o que nós deixarmos por herança À geração por vir de nossos netos, Há de voltar em gritos de vingança E maldições em todos os dialetos. Se nós hoje matamos a esperança E à Vida já não temos mais projetos, Em vez de dar aos Rios crua morte, Que ela nos seja a nossa própria sorte! CIII Porém, se um dia, houver o retrocesso, E o homem deixar de ter tanta ganância, Curar sua ambição de podre abscesso E ver a Vida em sua exuberância, Quando a cobiça não tiver sucesso E o perfume das flores em fragrância Deixar o mundo todo perfumado, Pode ser que o homem seja enfim perdoado.

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CIV E o perdão há de vir na pura essência Dos corações pulsantes de harmonia, Nos benefícios mágicos que a ciência Pode ao homem mostrar dia após dia. Quando ocorrer a azul magnificência, Haverá nova luz para a Poesia Que sendo apenas brilho de lanterna Dentro dos corações tem chama eterna! CV Há de vir o perdão no homem do campo Por ver suas lavouras com mais vida, Na lanterninha azul do pirilampo, Que faz a sua estrada colorida. Na montanha e no vale a céu escampo Por onde a terra, após se vir ferida, Floresce e freme em folhas, flores, frutos, Na alegria de todos os minutos! CVI Há de vir o perdão na voz do vento, Nos urros dos trovões, nas tempestades, No sepulcral silêncio do convento, Nas orações, nas grandes potestades, No fluxo das marés em movimento, Na ternura de olhares de amizades, Nos coloridos sonhos de criança, Que enxerga à aurora, brilhos de esperança! CVII Se o Progresso é de fato necessário, Que se busque encontrar outra saída, Não impinjamos tétrico Calvário

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Onde será crucificada a Vida. Demasiado demais esse salário De deixar a Esperança carcomida. Não vamos dizimar os nossos Rios, Nem os campos deixar negros, sombrios... CVIII Ao canto é necessária uma Esperança E em nome da esperança canto agora. Se, temos n’alma sonhos de criança, Busquemos a inocência onde ela mora. Pois se no peito, impávida a vingança, Matar os sonhos no fulgor da aurora, Seguiremos perdidos pelas trilhas, Perseguidos por maltas e matilhas. CIX O Rio que hoje vai sinistro e lerdo, Sem sua vida outrora exuberante, Sem suas matas em seu lado esquerdo Parece que soluça agonizante. Assim desse presente apenas herdo A lembrança de um sonho puro e amante, Quando as mãos punha em águas cristalinas, Em tardes de crianças tão traquinas... CX O fruto do progresso foi terrível, Tal como o Tietê, ele triste corre... Sua sina gravada é incognoscível, Daqui uns tempos ele seca e morre. O homem, porém, no sonho mais incrível, Passa e ignora e, também não o socorre... Logo o Rio será um esqueleto Sepultado na tumba de concreto.

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CXI Os homens que lutaram no passado Estão a sacudir no chão seus ossos, Pois agora o que foi de nós roubado – A água do Rio em túrgidos colossos! – Há de voltar ao leito mais sagrado Para fazer florir os sonhos nossos. O Cantareira vai repor as águas Que um dia nos roubou em forças fráguas. CXII No silêncio maior da madrugada Minh’alma voa a contemplar o Rio... Em êxtase ela fica apaixonada, Das suas águas sente o calafrio. A lua deixa a noite iluminada E há na luta da vida o desafio: Que o Rio em seu fulgor eterno viva Para a nossa Esperança ser cativa. CXIII Os meus olhos passeiam por imagens E em tudo encontro a alma de um puro Elias. No silêncio sem fim seus personagens São fiapos de esperanças fugidias. Esses bonecos, trazem-me miragens Espectrais e funestas fantasias. São pescadores simples e risonhos, Jogando anzóis para fisgarem sonhos. CXIV Eu também de tais sonhos me alimento Sonhando ao Rio dias mais floridos.

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Pois hoje sua morte é meu lamento E teço versos tristes e sofridos. Porém, espero ouvir na voz do vento, Que esses bonecos tristes e esquecidos Ainda terão a glória mais suprema De contemplar divina Piracema! CXV Enquanto isso, porém, não acontece, Nosso Rio agoniza imerso em pranto. A usurpação calou a voz e a prece E um coração magoado de quebranto. A água é nosso elixir e nossa messe, É legado de Deus num doce encanto, Enquanto o Rio, seca dia a dia, Em nossas almas cresce atra agonia. CXVI Se o tempo faz crescer a atroz estiagem O nosso Rio torna-se esquelético. Mais parece um fantasma na miragem, Um Ser doentio de visão morfético. Ele que foi o grande personagem Deste recanto lírico e poético, Provoca hoje pavor, medo sombrio, Nem parece que outrora, foi um Rio!

CXVII Se em lágrimas agora o canto volta Por ver tanta barbárie consumida, O verso com espasmos de revolta Sente a agonia lhe rondar transida. A minha angústia seus gemidos solta Por ver que é sem valor de Deus, a vida.

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O desespero infando lh’a devora, E lh’a consome no fulgor da aurora. CXVIII A água é fonte de vida para a Vida! E contra ela se faz crime nefasto. É lágrima que corre poluída Pelas faces da Terra em negro arrasto. A Terra chora triste, desvalida, Formando um sulco de agonias gasto. Mas um dia haverá tal desencanto, Que será enxuto esse copioso pranto! CXIX O preservar a Vida é mais que Glória, É mais que glória ter-se esta Esperança; Como deixar gravada em nossa história Que fomos responsáveis desta herança? Hoje nós temos vivos na memória De tantos Rios a cruel matança; E se o Piracicaba pede um rogo, Para vencer – entremos neste jogo!

Canto VII Lendas I

Piracicaba é mesmo muito mística, E repleta de lendas e mistérios. Embora seja uma cidade artística, De homens inteligentes, sábios, sérios, Ela mantém sua característica Até dentro de nossos Cemitérios.

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Um túmulo no meio do caminho É motivo de eterno burburinho... II – “Por que este túmulo em lugar errado Se outros estão em plena simetria? E que defunto aqui foi enterrado?” E logo alguém, com bela alegoria, Conta a história de um tempo já passado Todo ele envolto em sepulcral magia: – “Acaso desconheces, meu compadre, Que aconteceu quando morreu o Padre? III – “A velha entrada da Eternal Morada Antigamente era na Independência; E, quando numa tarde ensolarada, Padre Galvão com Deus foi ter audiência, Sua carcaça aqui ficou prostrada E ninguém conseguiu, em sã consciência, Carregar seu caixão... e foi o cúmulo! Tiveram que erigir aí seu túmulo! IV – “Isso, compadre, já faz muitos anos E hoje parece até que foi mentira. Mas nos anais caipiracicabanos Ninguém mais se arrepia, nem se admira. A alma do Padre estava em outros planos, – Embora fosse um’Alma bem Caipira; Porém, a história que te conto agora, Correu, de boca em boca, mundo afora...”

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V E outros túmulos fazem a visita Obrigatória deste Cemitério... A Maria Maniero, se cogita Que é uma Santa... Pode ser mistério, Crente, a população toda acredita Em sua força e em seu poder etéreo! – Novenas, velas, rezas, romarias, O seu túmulo tem todos os dias... VI A lenda diz ser água milagrosa, Outros dizem, porém, ser fantasia, Essa história também é bem famosa E cabe dentro desta alegoria: De um túmulo, uma fonte misteriosa, Verte água fresca e não se passa um dia Que não exista ali alguém rezando, Inquirindo, pedindo, suplicando... VII É o túmulo que mais contém promessas. Centenas e centenas de chupetas E de criança as mais variadas peças Ali são penduradas... São roupetas, Brinquedos, mamadeiras e compressas, Fotografias, velhas camisetas, O milagre em semanas acontece, Basta fazer uma piedosa prece. VIII Pode até ser que seja fantasia, Tudo não passe de folclore ou lenda, O sobrenatural, porém, é o guia,

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Que entre preces – o povo reverenda. Tudo escrever em nome da heresia É perigoso que, mais estupenda, (Embora pouca gente tenha visto) Foi a ressurreição de Jesus Cristo! IX Outra lenda que até hoje ainda é contada E que chega a causar torpor e espanto, É uma história que tem alma penada E está toda imbuída de quebranto. Aconteceu que em certa madrugada, Dois moços embriagados e, portanto, Fora do raciocínio mais perfeito, Uma aposta fizeram de atro efeito. X Um deles deveria, em noite incerta, Visitar o sombrio cemitério À meia-noite e ali ficar de alerta Para espantar todo e qualquer mistério Que pode haver além da morte certa. – Na Cidade dos Mortos, onde o império É sombrio, medroso, desespera, E as almas vivem livres da quimera. XI E conta-se que após o pacto feito, Como a provar seu ato de coragem Dentro do Cemitério, havia um jeito: Para marcar ali sua passagem E que seria um álibi perfeito Onde fosse fazer sua paragem – E para enaltecer assim seu ego, Fincaria no chão um grande prego!

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XII Em certa noite atroz de chuva e frio, Usando velha e já surrada capa, – Noite que de pensar causa arrepio – Estudou cuidadosamente o mapa: Quando parda coruja deu um pio, – Pio noturno que na noite escapa! – Rente a uma tumba velha e abandonada, Fincou o prego em forte martelada... XIII O clarão de um relâmpago transunto Riscou o céu num fulvo bruxuleio... Tentou sair correndo, ir para junto De mais pessoas, mas... em seu anseio, Pensou que o segurava algum defunto E gritando de susto e de receio, Não percebeu que em sua atra afoiteza, A capa ao prego ele deixara presa... XIV Apavorado por se ver seguro, Um enfarte cardíaco violento Na mesm’hora no chão prostrou-o duro... Soprando bem mais forte, o rude vento, Assobiava passando junto ao muro... E quando o sol, do dia trouxe o advento, Foram achá-lo rente à tumba, absorto, Escaveirado, horripilante, morto! XV Um outro fato que merece crédito Embora muita gente até duvide, Fato que pode parecer inédito

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E ao incrédulo cause até revide, E ele solte risadas de descrédito, Esse mistério esplêndido reside Junto de nosso estrepitoso Salto E esta verdade até provoca assalto! XVI Sendo fábula é mais que uma verdade... Todas as noites, na quietude enorme, Que o silêncio tem ares de saudade, O Salto, por segundos, também dorme... Parece até que alguma Divindade Amaina a sua fúria rotiforme, Mas em segundos sua força volta E seu estrugitar aos ares solta! XVII Também existe a lenda apavorante Da Inhala Seca... Ainda causa medo E, do Morro do Enxofre, bem distante, A gente passa por saber o enredo Dessa mulher que em fúria anavalhante, Teve um viver amargo, ácido, azedo. E dizem que era má e que tratava Com modos maus a sua gente escrava. XVIII Gostava de impingir cruéis castigos E aos escravos, tratava com chicote. Víveres não lhes dava, nem abrigos, E nas noites, sequer um dúbio archote. Chegava a lhes negar até jazigos Como a bênção final de um sacerdote. A Inhala Seca assim de forma austera A todos era mais que uma megera.

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XIX E foram tantas suas malvadezas, Que ela teve um castigo merecido: Quando a morte cruel pelas devesas Entrou em suas terras, num gemido, Não houve ladainhas, preces, rezas, Mas um contentamento irreprimido, A Inhala Seca com a sua morte Trouxe aos escravos inaudita sorte. XX E assim como era má, também não teve, Quem, a seu corpo, desse sepultura; Fétido e esbranquiçado como a neve Ficou largado como a desventura Que a fazer coisas boas não se atreve. Assim seu corpo, pela noite escura, Ficou apodrecendo a céu aberto Pondo mau cheiro a quem passasse perto... XXI Sua carcaça, por não ter enterro, Hoje vive vagando sem piedade... Nas noites erra ao léu, soltando um berro, Procurando fazer sua maldade. Pega crianças, leva-as num aterro, E age somente com perversidade, E é no Morro do Enxofre que ainda mora Essa Inhala que a tantos apavora... XXII No fim dos tempos, diz também a lenda, Que vai haver horrendo pandemônio. É para ter início tal contenda

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Em frente à Catedral de Santo Antônio: Visão fantasmagórica, estupenda, Parecerá ser coisa do demônio: Pois do ventre da terra, que soçobra, Irá surgir horripilante cobra... XXIII Este reptil de proporções imensas, Sob a cidade vive em ansiedade, E a ele vai ser inútil ter-se crenças, Que irá tudo engolir sem ter piedade. Assim várias pessoas passam tensas, Com medo de viver nesta cidade, Pois a cobra nefasta, com certeza, Tudo irá destruir da Natureza! XXIV Antigamente, muito antigamente, Bem antes de existir Piracicaba, Neste recanto belo e reluzente, Quando aqui nem havia um emboaba Que fizesse crescer a fúria ardente Do Cacique-pajé morubixaba, Nosso Rio era calmo e não possuía O Salto esbravejante de porfia... XXV Dessa época perdida na distância, Quando dos Paiaguá guerreira tribo Mostrava toda a sua exuberância, Alimentando-se de peixe e cibo Que na região havia em abundância, Que os índios eram rápidos no estribo Para caçar a gorda capivara Que de seu bando atroz se descuidara...

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XXVI Dessa época perdida no passado, Que as mulheres vestiam-se de pedra Para ocultar as partes do pecado, Que a paisagem de forma poliedra Era um caleidoscópio iluminado, Onde o sonho, na mente ardente medra, E traz inspirações e devaneios Que fazem palpitar os rubros seios... XXVII Dizia-se dessa época tão linda, Que uma aldeia de rudes pescadores (Que aqui vivia numa paz infinda Co’os Paiaguá – há muito moradores Que de caça viviam na berlinda) Tinha no coração ternos amores Por uma índia que, em noites de alva lua, No Rio se banhava toda nua... XXVIII Os seus seios, em forma de alabastros, Eram eretos, firmes e pontudos... Seus olhos eram dois brilhantes astros Cintilando a distância, em céus agudos... E os cabelos de luz negros, desnastros, Para os seios formavam dois escudos, Quando ela, num sonhar airoso e lindo, Sobre as pedras, quedava-se dormindo. XXIX Porém, um pescador, a passo intrépido, Uma noite seguira a índia formosa... O olhar – na noite atento! o passo – lépido!

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Somente descansou ao ver a rosa À beira-rio em devaneio tépido Desnudar-se e ficar maravilhosa, Deslumbrante, tingida pelos raios, Que a alva lua jorrava entre desmaios... XXX Ness’hora, – coração em rubra chama, – Não pode se conter... foi para perto De onde brilhava a sua etérea dama E pouco mais se vira descoberto Pela bela índia que socorro clama... E ao se ver, nua e só, de peito aberto, Tenta fugir, mas leva em seu encalço, As chamas de um amor em doce balso! XXXI Doida corrida!... aqui, ramos de espinhos Prendem chusmas de sua cabeleira... Mais além, insinuantes burburinhos, Fazem a alma gemer de tremedeira... Tenta se aventurar noutros caminhos Mas sente-se perdida na canseira... Para. Espreita. E percebe a amplos espaços, A cadência frenética de passos... XXXII Quando a lua no céu se descortina E se mostra no cosmos mais brilhante, Ela deixa a inocência de menina E se envolve num sonho fulgurante... Dos astros soa celestial buzina E ela vendo-se só na noite ebriante, Sentindo o coração bater mais forte, De corpo e alma se entrega nesta sorte...

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XXXIII ... E quando eles se viram frente a frente, Palavra alguma então foi pronunciada, Mas um beijo selou de forma quente O encontro dessa noite apaixonada. Grande silêncio foi unicamente Testemunha da longa madrugada, Que viu nascer o amor sublime e puro Que iria eternizar-se no futuro! XXXIV Dentro da noite imensa, ardentes beijos, Foram trocados pelos dois amantes, E quando os corpos, plenos de desejos, Em prazeres se uniram roçagantes, Os astros acenderam seus lampejos E na noite ficaram mais brilhantes, Para saudar no meio da floresta As almas que se uniam numa festa! XXXV E paz tão pura assim, jamais foi vista... Em carinhos passeavam pelos prados Que abençoavam num canto de solfista Esses amantes tão enamorados... Quando a tarde morria, o sol em crista, Mostrava prismas mágicos, dourados... E rasteiros no chão, broslados goivos, De tálamo serviram para os noivos! XXXVI Na doce paz, na bem-aventurança, Por esses mais exóticos recantos, Os dois viveram cheios de esperança,

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Falando, tão-somente, em doces cantos, A linguagem de amor que não se cansa De ouvir os corações que tem encantos. – Velho Jequitibá no alto cerrado Celebrou o Himeneu deste noivado! XXXVII Porém, o Rio, que guardava em sua Corrente aquela essência de perfume De um corpo em provocante forma nua, Do moço pescador sentia ciúme... Fora ele que, ao reflexo de irial lua, Roubara a índia, que tinha por costume, Nas noites de luar esplendoroso, Ir, em seu leito, suspirar de gozo... XXXVIII Triste, o Rio fazia a sua prece, Para o amor que o deixara abandonado. Nas noites de luar, sem interesse, Ele corria só, desamparado... – Mas um antigo amor jamais se esquece! E eis que a índia, tendo o coração marcado, Em certa noite que brilhava a lua, Quis ir banhar-se totalmente nua. XXXIX Mal sentindo de perto aquele cheiro Que em frêmitos de amor o provocava, Pôs-se o Rio a rugir alvissareiro!... Em suas pedras tenazmente escava Uma cadeia e deixa prisioneiro – Como se fosse assim a sua escrava! – Aquele corpo esplêndido e perfeito Que se banhava nu sobre o seu leito!

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XL Porém, o jovem pescador, sentindo O perigo real de sua Amada, – Músculos retesando, a voz bramindo, Enfurecido, não pensando em nada, Entra no Rio em destemor infindo E nadando, braçada após braçada, Tenta agarrar, na fúria que o norteia, Seu amor que está preso na cadeia!... XLI Travou-se a intensa luta de gigantes... O Rio, para não perder aquela, Por quem nutria sonhos delirantes, Enfurecido, em uivos de procela, – Adamastor de presas penetrantes! – Prendendo a índia em pedregosa cela, Estruge em lutas, em saraivas, gritos, Que reboam nos vastos infinitos! XLII É luta colossal!... No férreo embate – Não querendo perder a sua presa, O Rio não se cansa do combate... E co’a força da própria natureza Não deixa ao jovem, chances de resgate, Arrastando-o na sua correnteza, Gritando, praguejando em sobressalto, Pois de cadeias tinha agora o Salto! XLIII Ainda hoje, quando brilha a lua cheia, E quando o Salto dorme por instantes, Quem estiver passeando junto à areia

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De suas margens, ouve delirantes Gemidos... É a índia presa na cadeia Que triste chora as mágoas dos amantes Que vivem sós dentro da imensa noite, Sem ter o amor antigo que os acoite. XLIV E diz-se, quando brilha intensa a lua, Se ouvir a voz dessa sereia, um jovem Entra no Salto, e a busca, e se insinua, As cadeias febris loucas se movem Para ocultar a sua Iara nua... E parecendo enfim que dos céus chovem Diluvianos marnéis em alvoroço, A alma do jovem leva para o Poço! XLV As lendas no falar de boca a boca, Com suas forças tornam-se verdades. E o sobrenatural com fúria louca No misticismo cria suas grades. Se alguém as conta de maneira rouca Pondo mistérios e calamidades, Fica verdade o que era apenas lenda, E, em quebrantos, o povo as reverenda. XLVI Por isso a Inhala Seca ainda caminha E causa desespero nos descrentes. Alma penada sempre anda sozinha E nosso medo faz ranger os dentes. Melhor rezar sentida ladainha Depois d’alma tirar medos dementes; Se tudo está no plano dos mistérios, Certo será rezar nos cemitérios.

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XLVII Por isso, com certeza toda lenda, Tem seu mistério imbuído de verdade. O povo a ouve, em preces referenda, Que a decifrá-la falta-lhe vontade. No duelo infernal de tal contenda O misticismo cresce na cidade. E em pérolas de luz cheias de glórias, Vamos tecendo colossais histórias. XLVIII São lendas e crendices populares Que fazem parte ativa do folclore De nossas tradições já seculares... Chiarini, Iglesias, Neme e Carradore, Desses causos são velhos titulares, E é natural que as faces alguém core Contando essas histórias descabidas, Mas são histórias, sim, de nossas vidas... XLIX Acender velas e fazer novenas Aos santos, nos quais temos nossas crenças, Aos Anjos, Querubins e às Madalenas, Que soltam suas radiações suspensas E podem, sim, com suas graças plenas, Às preces dar milhões de recompensas, Nossas lendas nos planos da verdade Trazem a luz da espiritualidade.

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Canto VIII Histórias I Amor eterno, puro, verdadeiro, Difícil encontrar... Amor divino Onde o sonho caminha prazenteiro Não devia ter trágico destino. Esse amor tão sublime, único, inteiro, Foi cruel provocando desatino, Da tristeza coroou a lúcida aura O Amor de Almeida Júnior e de Laura... II Ele moço e ela criança... já se amavam Nas várzeas e nos campos ituanos, Filhos da liberdade já sonhavam Traçando no porvir ridentes planos. Quando os olhares meigos se encontravam Não podiam prever fatais enganos – As almas eram gêmeas – com certeza, Filhas do puro amor da Natureza. III Assim sonhavam juntos pelos prados Na alegria da paz sincera, imensa... Como eternos casais de namorados, Unia-os terno amor de eterna crença... Os corações assim iluminados, Não previam do mundo indiferença: Noivos – à luz do sol eram radiantes, Sob a lua – sonhavam ser amantes!

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IV Almeida Júnior, filho do talento, Suas telas de sonhos coloria – Prendia à imagem todo o movimento Tendo a seu lado Laura – que sorria. Porém, o Imperador, olhando atento, Do artista jovem – bela fantasia, Leva-o à Capital onde, confiante, Na Escola de Artes vai ser estudante. V Tendo a Vitor Meirelles sempre junto, Já faz criar maravilhosas telas. E seu olhar já vê todo o conjunto No reluzir dos sóis e das estrelas. E pinta assim o principal assunto Com pinceladas livres, largas, belas, E é no interior paulista que se inspira Pintando o jeito e os modos do Caipira. VI Ganha prêmios e parte para a Europa, Porém, a Laura faz uma promessa. Seu coração de frêmitos galopa Que a esperança do Amor lhe vai impressa. Parte sentido e sob a densa copa De árvore centenária diz-lhe que essa Separação não é definitiva, Porque su’alma a dela está cativa... VII Separados por léguas de infinito Ambos sofrem silentes e sozinhos... De tristeza a alma faz soar um grito

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Que reboa por todos os caminhos... E tal distância põe o sonho aflito Trazendo solidão nos níveos ninhos, A Europa do Brasil é tão distante, Como suporta um coração amante? VIII O tempo corre... As cartas são sinceras: “Logo iremos matar nosso desejo, E teremos a paz das primaveras Quando unirmos os lábios em um beijo... Os anos voam... Passam as quimeras, O dia do reencontro, amor, já vejo – Estou sozinho, solitário, mudo, Mas irá compensar-me tanto estudo...” IX Laura em sonhos espera seu amado, Sabe que tão-somente a ele pertence. O tempo, mesmo sendo um velho alado, Luta com seu amor, mas não o vence! Espera, sofre, e um sonho arcoirizado Da hora do encontro é vívido suspense: “Ele há de vir... a qualquer dia ou hora A noite irá brilhar qual rubra aurora!” X Porém, negro destino aqui se trama, E Laura, triste, vê-se num suplício: Seus pais obrigam-na a esquecer quem ama Dela exigindo enorme sacrifício. Assim Laura, indefesa e triste dama, Vê-se às voltas de um drama em seu início: Entre angústias aflitas que a carcomem, É obrigada a casar-se com outro homem!

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XI Que desespero! em breve está casada, Com José, mas não sente o amor ardente... Pois Laura vive eterna apaixonada Por um único amor santo e ridente... Vive o martírio, está desesperada, E quando numa tarde resplendente Os corações se encontram num momento, Explodem para o céu em sofrimento! XII Quando o amor é sincero, nobre e puro, Pode tudo vencer, até a morte; É maior que o passado e que o futuro, E na vida encontrá-lo – é grande sorte! Mas deixar esse amor num quarto escuro É viver por estradas sem ter norte. Assim os dois amantes solitários, Vão seguindo por trilhas de calvários... XIII Soube o pintor que Laura ainda o amava E que seu coração lhe pertencia, Também su’alma a dela ainda era escrava E por ela somente é que vivia. O amor – que chamas lança como lava É da vida a mais pura fantasia, Assim os corações ora distantes, Pouco tempo depois – fazem-se amantes! XIV E passaram a ter ninhos secretos Que a loucura do amor assim se exprime... Tempos depois não eram mais discretos:

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– O amor no rosto de quem ama imprime As marcas de carinhos e de afetos, E o amor jamais será chamado crime! Quem ama, mesmo sendo amor oculto, Arrasta a sua sombra como vulto. XV Bela Piracicaba era caminho Onde os amantes eram conhecidos. No Hotel Central faziam o seu ninho Onde ideavam os sonhos mais floridos. Vivendo em grande troca de carinho Eles juravam sempre estar unidos, E para tal amor ter próprio brilho, De seu amado Laura espera um filho! XVI Porém, quem é traído não suporta A humilhação... Assim os dois amantes Que viviam do amor a estrada torta, Precisavam cuidados mais constantes, Para não terem a esperança morta, Nem delírios sofrer anavalhantes... Se entre códigos Laura lhe escrevia, Ele os códigos todos entendia... XVII O amor, favo de mel que adoça a boca, Não merecia ser vilipendiado, Que as almas quando sentem a ânsia louca Desconhecem saber o certo e o errado; Quem ama assim na fúria ardente e rouca, Somente sabe estar apaixonado; Se alguém a tal amor não tem estima, Ele, em revoluções, passa por cima...

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XVIII O traído, porém, arquitetava, Uma forma cruel que a honra lavasse... Para a vingança tem su’alma escrava E um projeto estampado em sua face... Arma-se de um punhal e em fúria brava Com um golpe fatal resolve o impasse E o pintor ao sofrer golpe tão forte, Fatalmente ferido – encontra a morte! XIX Oh! tristeza maior não há na vida, Laura ao sentir no peito a dor aguda De dar ao seu amor a despedida, Em desesperos tem su’alma muda Vendo sua esperança carcomida... Sofre calada, mas dispensa ajuda, Seu coração em dores devaneia E de agonias tem a vida cheia... XX Beijando as margens da Cornélio Pires Existia um Jequitibá vermelho Que primeiro abraçava as luzes de Íris Quando o sol se mostrava em ígneo espelho. Oh! saudade doída, ainda me inspires, Minh’alma necessita de conselho, É que este fato é trágico, é medonho, É realidade, embora lembre um sonho! XXI Mas o Jequitibá (estava em terras De um Senhor que não tinha descendentes Que fossem provocar ou fazer guerras,

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Quando partisse a mundos diferentes), Com sua sombra ele abraçava as serras E todos os terrenos adjacentes; Era imponente, altivo, forte, belo, Lembrava as altas torres de um castelo! XXII Não tendo a quem deixar a sua herança Acumulada em anos de trabalho, João Conceição, num sonho de esperança, No Cartório, em legível cabeçalho, Co’o alto Jequitibá faz aliança: E à Árvore ele oferece, e a cada galho, Os alqueires de terra que possuía; – Que ela crescesse mais a cada dia! XXIII Velho Jequitibá tricentenário, Eras a Árvore orgulho da cidade; Tua copa cobria o amplo cenário E dominava toda a imensidade. Contudo, triste foi o teu fadário: Um’alma com total perversidade, Dentro da noite em agonias mudas, Tomou as vezes do traiçoeiro Judas! XXIV Quem foi que cometeu tal crime hediondo? Acaso foi motivo de cobiça? Quando ocorreu na noite o grande estrondo, Alguém, por certo, vomitou carniça... Os seus enormes galhos iam pondo À terra o beijo podre da injustiça, Por saber que tal crime praticado, Jamais seria, um dia, desvendado.

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XXV O tronco que no chão ficou caído Por mais de mês ficou estrepitando. – Velho Jequitibá – foste vencido, Por mãos impuras que, num gesto infando, Não quiseram calar o teu gemido, Deixando-te no solo agonizando. Hoje o Jequitibá é uma saudade Que um dia foi o orgulho da Cidade. XXVI Porém, à terra-Mãe ainda pertence A árvore nobre, altiva, onipotente, Que ninguém fale ou simplesmente pense Roubar-lhe o que foi dado de presente. Talvez a terra, num dealbar forense, Fofa e adubada, guarde uma semente Para ela renascer do solo arcano E ser orgulho piracicabano! XXVII Nascido na Fazenda Boa Vista Em São Roque, Manoel Francisco Rosa, Tenra criança foi seguir a pista Dos caminhos divinos, onde a airosa Esperança de Cristo é-lhe benquista; Desperto para a vida religiosa Vai para o Seminário Diocesano, Vai cuidar de su’alma em outro Plano. XXVIII Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, Deram-lhe a mais valiosa segurança, Porque sabia já, desde menino,

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Onde jorrava a fonte da Esperança. Assim sendo traçou o seu destino, Prisioneiro da Fé nessa aliança... Nas páginas rezando do Evangelho, O Bem na sua vida foi espelho! XXIX Cultivou a pobreza e assim dizia: – “Nada ter para só ter Deus!” e pobre, Tudo o que ele em afetos recebia, (Tendo no coração um gesto nobre) Aos mais pobres, feliz, distribuía. Aos humildes doando cada cobre Sabia possuir real tesouro, Porque o dar vale muito mais que o ouro! XXX Monsenhor Rosa teve a paz sagrada! Por mais de meio século a virtude De Sacerdote pôde ser notada Em seu viver em toda a magnitude. Demonstrava, com sua voz pausada, Em cada gesto, em mínima atitude, Que acima de qualquer suspeita agia E nos casos pessoais não se envolvia. XXXI As palavras do Papa Pio X Dava aos fiéis em seus ensinamentos: – “A Autoridade é Deus, o mais é acréscimo; Precisamos seguir os Mandamentos Para não termos um futuro péssimo; Tenhamos Fé em todos os momentos E confiemos nas Leis da Santa Igreja Porque o Filho de Deus assim deseja!

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XXXII – “Os homens que presidem os governos Que eleitos sejam livres – por vontade, Mas que os cargos jamais sejam eternos Para não ser tolhida a Liberdade. Os homens devem ter sonhos fraternos E não viver na guerra e na maldade; Não se devem manter as aparências, Nem em erros ficar com insistências!” XXXIII Anos e anos com fé foi ensinando – Era de Deus o mais fiel Cordeiro! – Monsenhor Rosa tendo um sono brando, Recebendo o chamado do Padroeiro, Junto de mil anjinhos foi planando Deixando este recanto alvissareiro, Para alcançar os Céus, onde por certo, Teria a Virgem-Mãe sempre por perto. XXXIV Eis um momento que ficou gravado Nos corações caipiracicabanos; E mesmo tendo há muito já passado, Ainda contém a força dos oceanos Todas as vezes que ele é recontado Embora possam parecer ufanos. Esta é uma história popular e rica, Pois lembra a linda história do Nhô Lica! XXXV Este homem que viveu nesta cidade Tinha no coração sonhos dourados, E em seus delírios de febricidade

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Mil tesouros reais eram achados... Pois ele em sua louca insanidade, Ia colhendo cacos já quebrados De pedras, louças, vidros e guardava, Nos bancos da cidade o que encontrava... XXXVI Os gerentes, sabendo quem ele era, Recebiam o aurífero tesouro! Fernão Dias Paes Leme da quimera Seus pedregulhos eram jóias d’ouro! As pedras que encontrava na tapera Aos seus olhos brilhavam como o estouro De mil constelações e no seu sonho Nhô Lica era feliz, rico e risonho... XXXVII Toda a sua fortuna era mentira... Mas Nhô Lica sonhava que era rico; – O coração que tanto sonho aspira Inspira os pobres versos que fabrico! Se não contém valor a minha Lira, Eu de Nhô Lica com saudade fico, Se em mil sonhos ele era um milionário, Na realidade vivo sem salário! XXXVIII Ai de quem duvidava e lhe dizia Que suas pedras não valiam nada... Mexendo assim com sua fantasia Nhô Lica, em sua crença inabalada, Mostrava a mais ferrenha valentia, Suando, tendo a face requeimada, Da presença diária no garimpo, Queria tudo por em prato limpo.

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XXXIX Assim na sua louca fantasia, Viveu o pobre doido visionário. O seu tesouro é rima de poesia Inexistente em meu vocabulário. Nhô Lica era feliz nesta alquimia Mas vivia na vida solitário. Cada pedra que achava era um tesouro, Valia mais que mil pepitas d’ouro! XL Nhô Lica quando às missas assistia, De seus bolsos, em êxtase, apanhava, A pedra que mais forte reluzia E na hora do Ofertório colocava Junto ao Altar, em cálida alegria, Aquela “gema” pura que brilhava E o Monsenhor num gesto alvissareiro, Guardava as pedras deste garimpeiro! XLI Quando tempos depois foi reconstruída A Catedral no centro da cidade, Seu tesouro ajuntado em toda a vida Foi alicerce da posteridade! Monsenhor Rosa, mente ao céu erguida, Viu pureza ness’alma, alacridade No coração do sonhador Nhô Lica, E assim, sagrado, o seu tesouro fica! XLII Ah! Nhô Lica, poeta da Esperança! Não era falso, não, o teu tesouro! Ele era verdadeiro... toda a herança

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Que nos legaste era maior que o ouro Que os homens amontoam na balança... Ele será num tempo ainda vindouro A afirmação mais nobre, mais florida, Que irá fortalecer em nossa vida! XLIII Hoje, morando onde viveu um dia Da esperança esse louco aventureiro, Com seu tesouro teço a fantasia Pois também sou um pobre garimpeiro. Com pedras faço lírica poesia Para glorificar ao mundo inteiro Esse doido poeta visionário Que, sorrindo, sonhava solitário. XLIV Diferente de nós que acumulamos Tesouros e tesouros sobre a terra, E que os bens materiais idolatramos Na insanidade que terror aferra, Ah! se sonhasses como nós sonhamos, Terias que viver na lei da guerra, Terias que esquecer a voz de Cristo Que há dois mil anos ensinou-nos isto: XLV –“Mais fácil é passar por uma agulha Um camelo, com todo o seu tamanho, Do que um rico, (que os bolsos seus atulha Co’o ouro que desonestamente é ganho) Ganhar do Céu uma única fagulha... Somente irá viver em Meu rebanho O pobre que tiver su’alma rica...” E entre esses homens, estarás, Nhô Lica

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XLVI Foi Luiz de Queiroz um missionário Que aqui veio e plantou sua semente No mais lírico e plácido cenário Desta Cidade, em sonho proeminente. Esse profeta – em sonho solitário, Criou a Escola Agrícola – presente Maior que deu à Noiva da Colina E a bem dizer – à América Latina! XLVII Hoje é Escola Superior! Retrato De um sonho transformado em realidade! E Luiz de Queiroz, o povo grato, Exalta com carinho e com saudade. Foste o Alpha glorioso deste fato, Que fecundou de vez nossa cidade. Piracicaba em luz, nesta conquista, Iluminou o pátrio chão Paulista! XLVIII A Fazenda São João foi conservada E a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, no mundo ainda é saudada, O Templo do Saber e da Cultura! Depois à USP ela foi incorporada E ESALQ ficou sendo a abreviatura, – Um Símbolo! um Troféu! um Sonho! a Glória! Daquele que construiu a sua História! XLIX Chegando das cidades mais distantes, (E muitas vezes vindos do estrangeiro) Uma legião de alegres estudantes

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Chega neste recanto alvissareiro Para ter os seus sonhos mais constantes, Porque é glória maior ser Engenheiro Na “Luiz de Queiroz”, que é a Faculdade, Onde o diploma vale de verdade! L Porém, quando o estudante aqui chegava, Para estudar em seu primeiro ano, Os veteranos, com vontade brava, Davam-lhe um trote todo soberano... A turma nova como fosse escrava, Fazia rir o piracicabano, Aceitando as piadas, as torturas, Vivendo o “trote” cheios de aventuras... LI Alguns passavam trágicos momentos: Com paciência sentiam-se obrigados A medir (e isto causa mil tormentos!) Com palitos de fósforos usados, Todo o Bosque da Escola... são momentos Inesquecíveis, pois desesperados, Quando erravam na conta, olhando o povo, Pois começavam a medir de novo... LII A integração se faz de tal maneira Que nasce desses “trotes” a amizade Pura e real, que dura a vida inteira Num hino de total fraternidade! Os “bichos”, na alegria mais faceira Juntos convivem na felicidade Co’os velhos estudantes veteranos Passando a ser caipiracicabanos!

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LIII Muitas histórias desses estudantes Transformaram em “causos” da cidade... Pois morando em cidades tão distantes, Aqui sempre encontravam a amizade Das “nativas” que em sonhos esfuziantes Procuravam prendê-los com a grade De um grande amor, porém... na formatura, O sonho se fazia em desventura... LIV Uns partiam e nunca mais voltavam... Outros tinham antigas namoradas E formados, com elas se casavam, E angustiadas, chorosas e caladas, Os doutores aqui tristes deixavam Noivas completamente abandonadas... Houve um que até forjou para a consorte A sua lutulenta e negra morte! LV Esses Agricolões que certas vezes Foram tachados de perigo, hoje ainda Vem à cidade defendendo teses, Relembram fatos com saudade infinda, Com modos educados e corteses Acham Piracicaba sempre linda... E visitam, transidos de saudade, As “Repúblicas” todas da cidade... LVI Muitas delas, há décadas existem, Tendo populações itinerantes... Seus nomes estrambóticos resistem,

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Pois elas são moradas de estudantes Que nesta forma de morar persistem; Sonham modos de vida mais constantes, Não querem, não, as casas de família Nem pensões onde sempre há uma vigília... LVII Os estudantes, com saber fecundo, Foram inovadores na cidade: “Adega”, “Pito Aceso”, “Rancho Fundo”, “Favela”, “Império da Felicidade”, “Gato Preto”, famosa em todo mundo, “Vai quem quer”, “Butantã”, quanta saudade, “Senzala”, “Ku Kum Ká”, “Sorocabana”, “Necrotério” e também “Copacabana”! LVIII Tempo de romantismo!... Ai, que saudade! – Saudade tão doída de lembrança – Quando os bondes andavam na cidade E os sonhos eram cheios de esperança... Não sei por quê tamanha atrocidade: (O progresso tem forma de vingança!) Dizendo que eram lerdos e atrasados, Os bondes foram sendo abandonados... LIX Ah! Como eram bastantes divertidas As brincadeiras com os bondes feitas!... Como eles eram lerdos nas subidas, (Estudantes ficavam nas espreitas) Mal apontavam pelas avenidas, Todos em atitudes bem suspeitas, Os trilhos iam rápido azeitando E o bonde assim ficava patinando.

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LX Eram agricolões... Os estudantes Que frequentavam nossa Agronomia; Vinham eles das terras mais distantes Para serem Doutores certo dia. Com modos por demais extravagantes Traziam n’alma sonhos de poesia: Pelas garotas eram disputados, – Muitos ficaram por aqui – casados!... LXI Os estudantes eram a esperança Eram também motivos para inveja... Sempre que um deles vinha para a dança, Lá vinha uma conversa malfazeja; Muitas vezes, era a alma de criança, Uma feição às vezes sertaneja... Eram filhos de ricos fazendeiros, Fortes trabalhadores brasileiros! LXII Mas o que mais na vida os divertia Era por graxa em trilhos... Na tocaia, Quando um bonde na esquina além surgia E o motorneiro vinha na catraia, O palco era completo de folia: Assobios, risinhos, forte vaia, E o motorneiro com a sua estopa Além de tudo ainda sujava a roupa. LXIII Ah! Que saudade! Que saudade imensa De ouvir o ruído do dlém-dlém do bonde. Era a poesia que insinuava a crença,

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– Crença que hoje o estribilho não responde! O progresso com sua indiferença, E suas garras de nefasta fronde, Fez calar o dlém-dlém de um ritornelo, Calou o canto sonoroso e belo. LXIV Essas relíquias de um passado antigo, Estão abandonadas, destruídas... Nenhuma delas tem sequer abrigo, Em velhos logradouros esquecidas. Todas correm fatídico perigo De se tornar sucatas retorcidas, Os bondes que nos deram tanta glória, Vão desaparecer de nossa história. LXV A cidade para o alto foi crescendo; Numa ânsia incontrolada e desmedida De ir abraçar os céus!... Foram fazendo Grandes arranha-céus a toda a brida... Lembrando exclamações ia-se vendo Que o espaço aberto não sustinha a Vida! Co’as construções de grandes edifícios Engenheiros mostravam seus ofícios!... LXVI Porém, ninguém podia, em sã consciência, Acreditar que uma tragédia imensa Sobre Piracicaba, sem clemência, Iria desabar... Negra sentença Deu-nos o luto e triste penitência. Vitimados de forma dura e tensa, Sofremos – dor atroz que ainda perturba! – Com o desabamento do Comurba...

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LXVII Seis de novembro de sessenta e quatro! Piracicaba era pacata e bela... Lembrando cenas trágicas de teatro, Ou de dantesca e estúpida procela, Foi a tragédia com o fim mais atro Que pode-se pensar, pintando a tela Mais triste, mais medonha, mais ingrata, Que o verso, imerso em pranto, aqui retrata. LXVIII O edifício mais belo fora erguido Para ser o postal desta cidade. Majestoso, imponente, era sentido Ponto de orgulho e de prosperidade. Enquanto ele ia sendo construído Respirava-se aqui tranquilidade, Porque ninguém pensava que tal prédio Ia nos dar angústias sem remédio! LXIX Naquela tarde entanto de novembro, Nuvens de pó e blocos de concreto (De tudo com angústia ainda me lembro!...) Destruíram os sonhos de um projeto E a morte rolou solta... Cada membro De família que ali ficou, quieto, Deixou pai, mãe, avô, irmão e filho, Com os olhos em lágrimas num brilho. LXX Cinquenta e quatro mortes! E a cidade Pranteou seus filhos mortos brutalmente... O velho Cemitério da Saudade

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Foi um vale de lágrima silente. Nessa atroz e sem fim calamidade A cidade chorou a sua gente: Homens, mulhers, jovens e crianças, De vez perderam suas esperanças... LXXI Parte ativa da nossa rica História Eis a Escola de Música! Recanto Onde a canção se faz com toda a glória Para a população soltar seu canto. Ernst Mahle, é luz dessa vitória! Esta cidade enfim, te deve tanto, Que mais que te pagasse, ainda seria Pouco e outro tanto mais te deveria! LXXII Cidinha Mahle! Esteio do marido Nessa jornada plena de esperança, Sempre co’o árduo trabalho dividido E com seu peito preso na lembrança De uma saudade, que deixou ferido, O coração no adeus de uma criança, Que foi ao céu numa ópera sagrada, – Melodia tão cedo terminada... LXXIII Oboés, violinos, flautas, ocarinas, Missas, cantatas, óperas, concertos... Os corações fugindo das rotinas E para o amor, em êxtases abertos... Apoteose do Amor as oficinas Em mil sonhos sonoros e libertos! Tudo esta Escola em cantos oferece, Numa oblação da mais sentida prece.

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LXXIV Beethoven faz ali sua morada! Mozart desce do céu em devaneio! Stradivárius de alma apaixonada Dedilha o seu violino preso ao seio. Paganini descerra a madrugada E mostra o coração de sonhos cheio! Piracicaba canta! E há neste encanto Harmonia de Deus como um quebranto! LXXV Para atender aos mais necessitados E Branca Motta de Toledo Sachs, Com carinhos nos olhos estampados, (Que ainda hoje mais carinhos e destaques Merece!) fez com zelos e cuidados, Sem comícios nas praças, nem ataques, Uma Escola de Mães, que hoje a cidade Aplaude por sentir-lhe a utilidade. LXXVI O Doutor Álvaro Guião, por anos Seguidos foi seu máximo Patrono; E Zé Mário e Aldrovandi em nobres planos Perderam, com prazer, noites de sono Para cuidar, com zelos franciscanos, Das crianças que estavam no abandono... Eram crianças pobres e carentes, Que pediam cuidados mais urgentes... LXXVII As Senhoras de nossa Sociedade Percebendo da fé essa alavanca, Atenderam com força de vontade

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Os pedidos de amor de Dona Branca. Hoje a Escola respira Caridade! Para o porvir com seriedade arranca! É o Dom de amor que pesa na balança Ao dar futuro para uma criança! LXXVIII Hoje a Escola de Mães – símbolo altivo Desta cidade – tem por patronesse A grande Dama, que de amor cativo Com zelo maternal – sem interesse, Fez que muito neném ficasse vivo, Dando remédios – em lugar de prece! Latas de leite – para os desnutridos! Enxovais – para os pobres e os sofridos! LXXIX Ano mil novecentos e cinquenta! No terreno mais nobre da cidade Altivo prédio com a cor cinzenta – Portas abertas à Fraternidade! – E os Salesianos chegam... toda atenta Vibra a população com ansiedade Pois este Monumento altivo, tosco, Da Itália traz os Sonhos de Dom Bosco! LXXX As crianças num mágico alvoroço, Ali acharam um lugar sadio Para brincar... O vento, num balouço, De longe trouxe um mágico amavio, De azul canção... (Meu Deus, será que ainda ouço Os hinos Sacros?) Nesse desvario Cuido ainda ouvir, num retumbar de aurora, Hinos à Virgem-Mãe Auxiliadora!

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LXXXI O menino – se faz oratoriano! Domingos Sávio a todos protegia; E o Padre, co’o Ideal de Salesiano, Dizia sonhos cheios de poesia. A um tempo, todo o piracicabano Passou a se orgulhar da companhia Desses Padres amigos, que às crianças Mostravam mundos cheios de esperanças! LXXXII Missas, bênçãos, novenas, ladainhas, Desfiles, procissões, rezas, conselhos... Tinha o carinho imenso das Madrinhas E a leitura dos Santos Evangelhos. As crianças não mais eram sozinhas: Tinham para mirar-se em mil espelhos, Os Sonhos de Dom Bosco eram contados E catecismos eram ensinados. LXXXIII Qualquer festança para ter sucesso Necessita da roda dos violeiros... Porém, se existe um cantador possesso, A gente passa a ouvir dias inteiros Cantadores reunidos num congresso, Soltando versos livres e certeiros. É o cururu! é a moda de viola! É o desafio que não tem escola!... LXXXIV Os canturiões são cheios de malícia: Tem o vocabulário afiado e pronto E uma satânica e fatal perícia...

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Pois se acaso um recebe algum afronto E a situação se faz toda propícia, De imediato ele logo emenda o ponto Soltando sua atroz verborragia, Para acabar de vez co’a rebeldia. LXXXV Assim no cururu Abel Bueno Solta versos geniais e apaixonado, Exibe-se no palco ou num terreno. Na carreira fecunda do Sagrado Tem de seus versos o domínio pleno. Cantando com Jonata e com Machado, E Manezinho, junto de Agostinho, Mostram tal arte toda de carinho. LXXXVI Pedro Chiquito foi nesta cidade, Junto de Parafuso, um dos maiores... Compunha versos com facilidade Existente nos grandes trovadores. Iniciava em louvor de uma Trindade, Desafiava por fim, até doutores; Cantando na Carreira do Divino Tecendo versos ria igual menino. LXXXVII Moacir Siqueira junto de Nhô Serra Cantando em eloquentes desafios Fazem estremecer a própria terra Causando nos ouvintes, arrepios. Até parece início de uma guerra, Os versos correm soltos, lavradios... Mas ao final de tanto estardalhaço, Tudo se finda em forte e firme abraço...

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LXXXVIII Quando os barcos subiam contra o Rio, Para alcançar o Porto centenário, Um encontro festivo no baixio Ia tê-los num flórido cenário. E fizesse calor – fizesse frio, Onde o Rio se esconde solitário, (E as águas fazem gigantescos arcos) Havia o encontro de diversos barcos. LXXXIX Foi assim que nasceu a nossa festa Trazida dos costumes portugueses... Gente trabalhadora, humilde e honesta, Com modos educados e corteses, Tendo as marcas do sol vincando a testa, Fazem hoje, lembrando antigas vezes, Cantando em prece e pondo a voz num hino, A festança do Encontro do Divino! XC Na bela tradição já centenária, Todos os anos, quando o mês de Julho Coloca no ar uma neblina vária, Fiéis comemoramos, com orgulho, A religiosa festa extraordinária, Vendo uma pomba em solitário arrulho, – Que é a forma de soltar seu terno canto Louvando o Espírito que é Eterno e é Santo! XCI Enquanto à Beira Rio, num cortejo De Esperança e de Fé, vários devotos, Na comemoração de tal festejo,

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– Todos de branco! – vão fazendo votos, Enquanto a Banda, num suave harpejo, Vai fazendo a alegria dos garotos, Que acompanhando vão, com garrulice, Que são próprias de alegre meninice... XCII Para quem não conhece tal festança Com seu jeito especial é realizada: Primeiramente é a sublime herança Do Divino e a Folia é festejada; Após Pouso e Leilão, com muita dança, O Encontro das Bandeiras e a Sagrada Procissão, aonde o povo vai ordeiro Seguindo o Mastro pelo seu Bandeiro. XCIII A herança de tal cargo geralmente É passada de pai para seu filho, E na ponta do mastro, alvinitente, A Pomba do Divino esplende em brilho Representando para toda a gente Santíssima Trindade em tal lustrilho, As suas fitas multicoloridas, Representam ex-votos de mil vidas! XCIV A seguir a genial musicaria: Adufes, violas, caixas e chocalhos, O reco-reco em ritmo que inebria; Logo após a charanga em tons farfalhos Solta seu canto triste de agonia Em estribilhos lentos, vários, falhos... São homens, são mulheres, são crianças, Que cantam hinos plenos de esperanças...

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XCV Dança dos tangarás e samba-lenço, Cateretê, congada e umbigada, Tudo ensaiado com carinho imenso E o Tote com orientação marcada (Para que ninguém perca o passo e o senso), Falando vai com sua voz pausada. Chega afiada a Roda dos Violeiros Saudando com seus cantos, os festeiros. XCVI Logo após há o Encontro da Bandeira: Irmãos do Pouso, Rio Abaixo e Acima, Os Irmãos do Divino em paz ordeira, Concentram-se e perfilam em estima... Chega a Banda de Música fagueira, E tudo se une numa mesma rima... Estoura-se um rojão, é o foguetório! Brilha o céu no espetáculo fosfóreo! XCVII Irmãos de Baixo vão subindo o Rio, Há também a descida das canoas... Os remos atendendo a um assobio Parecem entoar sentidas loas. Quando o Encontro acontece é um arrepio: (Oh, minha Musa! por que agora soas?) Pombos voam no céu, há preces e hinos Parece o mundo um badalar de sinos! XCVIII E faz-se das promessas – pagamentos, Nas Bandeiras – moedas de dinheiro, Os ex-votos são vivos mandamentos

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Que nelas ficarão o ano inteiro. O mastro com esguios movimentos Dos remos, sobe e apruma-se altaneiro, Todo o ritual é feito com encanto Louvando o Espírito Divino e Santo! XCIX Evocando as origens do passado, Os alimentos são distribuídos... Ao próximo Festeiro é repassado Com gestos firmes, nobres, decididos, O Lábaro do Espírito Encarnado! Co’os deveres após serem cumpridos, Nada mais para o povo todo resta Que divertir-se em laboriosa festa! C O piracicabano é religioso! Todos os anos, na Semana Santa, Centenas de romeiros vão no gozo Da Fé, que a alma divina lhes quebranta, Num caminho difícil, pedregoso. A pé eles seguem, que a vontade é tanta, Para alcançar o sonho que os irrora, O Santuário da amada Pirapora! CI Promessas traduzidas em madeiros Que os romeiros, às costas, vão levando... Penitentes que vão dias inteiros Com fé pesadas cruzes arrastando. Os romeiros – de Cristo são herdeiros, Pois co’as bênçãos do Mestre vão sonhando A cada passo, nesta longa estrada, Que a fé é uma seta pura e iluminada!

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CII Vão por Rio das Pedras e Mombuca, Depois Capivari e Samambaia, Chega-se após a Salto... o sol na nuca... Bolhas nos pés... um novo dia raia, O Atalho, Cabreúva, o chão machuca... Caminhar é preciso!... Alguém desmaia... Mochila às costas... “Eu te ajudo, venha!...” “Minha fé em Bom Jesus é mais ferrenha!...” CIII E o romeiro desliza pela estrada, Não sente os pés inchados e o cansaço... Su’alma até parece iluminada Quando ele, sobre a serra, abraça o espaço, Sentindo ter vencido a caminhada! No companheiro dá um forte abraço E com o olhar perdido no horizonte, Chega à cidade atravessando a ponte! CIV Incrustado no centro da cidade, O Mercado faz parte cotidiana De uma população imensa e ainda há de Viver na glória piracicabana, Que, bem cedinho, acorda na ansiedade, De comprar para toda uma semana As frutas, mantimentos e legumes, Que exalam mil fragrâncias e perfumes. CV São bancas coloridas pelas flores, Balcões das hortaliças mais variadas... E são jovens, senhoras, e senhores,

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Trabalhando constantes nas jornadas. Burburinho frenético, mil cores, Comerciantes atendem com dobradas Atenções aos clientes... e no apreço Sempre alguém oferece um melhor preço. CVI Portugal, Alemanha, Itália, França, Esses países são representados Com outros, numa esplêndida aliança Na Festa das Nações... todos atados No Hino do Amor, da Paz, e da Esperança; E com os corações iluminados Para fazer o Bem, em harmonia, Mostram que a paz irá reinar... um dia... CVII São danças – espetáculos trazidos Por outros povos e por outras raças! Todos co’os corações no amor unidos Em nome da Ternura erguem as taças. Eis a Filantropia dos sentidos! Eis a razão dos povos e das massas! Amar o próximo é razão mais nobre E o Anonimato imenso Amor encobre! CVIII Alegre o povo piracicabano Adere com amor a este chamado; (E este povo parece um oceano Que se nega jamais, se é convidado!) Na alegria do povo interiorano Piracicaba é um palco iluminado: O mundo todo se une num só canto, Na Universal linguagem do Esperanto!

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CIX E são barracas a servir em festa As iguarias típicas de um povo; A gente que nos serve é tão modesta Que se enclausura numa casca de ovo Porque o trabalho que cada um empresta Não tem salário, mas um riso novo. Tudo é feito com gesto de uma oferta, E que no anonimato se acoberta. CX Mil novecentos e setenta e quatro! Quando o governo militar num plano De horror nos dava um espetáculo atro, – Como o Circo do déspota romano, Em sanguinárias cenas de um teatro, Aqui, no solo piracicabano, Carlos, Adolpho e Alceu com ansiedade, Criam vida a um Salão nesta Cidade. CXI Eis o Salão de Humor, que ainda importuna, Políticos espertos e safados, Os cartuns valem mais que uma tribuna Quando aos olhos do povo são mostrados. Grosso, Longo, Spadotto, Hussar, Fortuna, Denunciaram mil crimes praticados Porque a censura tola não agia Pois pensava que o humor era folia. CXII Quantos cartuns não denunciaram fome, Muitos, ferozes, denunciaram crimes... Pois aqui o assassino ainda tem nome

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Mesmo que seja titular em times Militares, que é time que consome, Os ideais dos homens mais sublimes Que têm para nos dar pavor e medo, Deixando abertas portas ao degredo. CXIII Hoje o Salão de Humor (que abriu a porta Para termos instantes mais felizes), Aberto ao exterior também comporta A energia de todos os países. O caricaturista exímio exorta Personagens em mágicos deslizes, E os homens do governo em ágeis traços São mostrados em trajes de palhaços! CXIV Esta, enfim, é uma forma de vingança, Para quem tenta, de maneira tosca, Tirar a nossa pálida esperança, Deixando a vida triste, áspera e fosca; Assim nosso sorriso de criança, Traz o disfarce tenro da marosca Pois o Salão de Humor é uma cilada Para Piracicaba dar risada! CXV Zélio, Ziraldo, Lan, tragam o riso Mesmo que amargo e tétrico ele seja, Pois ele nos conduz ao paraíso E o paraíso este país deseja. Millôr, Jaguar, Caruso, eis um aviso: Que vós continueis nesta peleja Ridicularizando, ironizando, Com lágrimas, talvez, nos educando!

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CXVI E que Piracicaba sempre viva Para ser Capital de Humor, no mundo, E que a alegria fique em nós cativa, Como um Hino de Amor santo e profundo. Que o cartum seja a forma decisiva Para mostrar o belo, o feio, o imundo, Porque nosso Brasil também merece Demonstrar em sorrisos – sua prece! CXVII Uma festa que sempre está gravada Nos corações caipiracicabanos, É aquela que em Tupi é realizada – Tradição que remonta há muitos anos. É a Festa de São João! onde é lembrada A festança de modos soberanos: – Tem quadrilha, quentão e tem fogueira, Que aquecem a alma nossa a noite inteira. CXVIII Para graças render ao Padroeiro, Forma-se a procissão como um carreto... No céu os fogos abrem um luzeiro Enquanto o Santo, como um amuleto, É carregado por fiel festeiro Até o Ribeirão Tijuco Preto Onde, cumprindo o ritual sagrado, O Santo São João será lavado. CXIX Porém, onde a fogueira foi acesa, Junto às brasas é aberto amplo caminho, E desafiando as leis da Natureza,

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Vários devotos, num rezar baixinho, Fazem da Fé um hino de pureza Enquanto a multidão faz burburinho... Fiéis vivendo a fé nas suas casas, Com pés descalços andam sobre as brasas! CXX Também no coração brota a saudade Dos velhos carnavais de antigamente, A Ekypelanka em grande intensidade Mostrava o seu enredo ricamente, A Ekypexato tinha a suavidade Que muito encanto dava à alma da gente, O Chinês e o Cometa em epopeia, A Zoon-Zoon e o Leão da Pauliceia! CXXI Quanta saudade do Carlão no apito, E dos sambas fantásticos de enredo, Célia, Zego, Bigu, Mestre Dick, Ito, Enchiam a avenida... e era brinquedo Sair no carnaval, soltar um grito, Com Neidona sambar até que cedo, Vassourinha acabasse a brincadeira, Para as cinzas varrer na quarta-feira... CXXII Os carnavais, bastantes divertidos, Eram a nossa marca registrada, Porém, a irreverência dos sentidos, Só na Banda do Bule era mostrada. Sem temas, sem enredos constituídos, E sem música alguma decorada, A Rua do Comércio ela invadia Somente para ater-se na folia.

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CXXIII Eram homens vestidos de mulheres, Maquiados com batom forte na boca, Que esqueciam trabalhos e afazeres Para cair na diversão mais louca. A bebida que dá tantos prazeres, Às vezes faz sair bicho da toca, E fazendo tremendas arruaças, Invadiam jardins, ruas e praças. CXXIV Assim este prazer característico Perdeu o seu motivo de alegria. João Sachs consciente e quase místico, Teve que abandonar a fantasia. O carnaval com Deco, puro, artístico, Foi enterrado pela hipocrisia. Hoje não há mais folião que pule Nem há a fenomenal Banda do Bule! CXXV Na tradição oriunda dos Romanos, E que chegou até os nossos dias, Os artistas mambembes e ciganos Mostram suas geniais alegorias Pelos bairros caipiracicabanos. E, mostrando fiapos de poesias Palhaços, comediantes e cantores, Na alma do povo exaltam seus amores! CXXVI É o Circo que em total felicidade A uma plateia faz feliz aceno, Sempre deixando um hino de saudade

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Quando vai aportar noutro terreno. Mas quem mais alegrou esta cidade Que o Circo de Dalila e do Veneno? Após contar doidivagante causo, O Circo estremecia num aplauso! CXXVII Eram velhos cantores sertanejos Cantando apaixonados, belas toadas. Ou palhaços lançando seus cortejos Buscando na plateia as namoradas, Para em declarações de mil gracejos Mostrarem suas almas encantadas... Ou talvez velhos dramas de revistas Feitos pelos simpáticos artistas. CXXVIII Mas Dalila partiu, aqui deixando, Um coração envenenado e triste, Que agora mesmo em prantos vai mostrando Que a amargura nos circos inexiste. Veneno em velhas toadas vai cantando Porque seu coração fiel resiste: Onde houver uma lona ou um tablado, Estará esse Artista apaixonado. CXXIX Nas grandes festas comemorativas, A União Operária está presente, Para saudar com hinos e com vivas O coração de toda a nossa gente. Seus músicos com almas sensitivas Escolhem sempre uma canção fremente. Garbosa ela desfila para o povo Demonstrando um prazer que é sempre novo!

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CXXX Na Espanha foi mostrar sua virtude... Com Petermann à frente de Maestro, Cantou a sua eterna juventude E inspirada tocou em mágico estro. – A Música é Divina e nos ilude: O músico é de Deus um Anjo destro! A União Operária mais parece Anjos do céu tocando etérea prece! CXXXI Também nos marca uma eternal saudade Da Industrial sua formosa Banda, Sansinetti exultava a mocidade Que hoje esquecida ninguém sabe onde anda... Todos partiram cheios de ansiedade E perdida ficou toda a ciranda Que nossos corações, cheios de sonhos, Deixava mais felizes, mais risonhos... CXXXII A Fanfarra Mirim é outra saudade Que ainda doi no mais fundo pensamento. É uma lembrança que não tem idade, Que vibra na canção à voz do vento. Os Pásseri com tanta intensidade Dominavam os sonhos do momento, E cada coração, feito criança, Nutria sonhos cheios de esperança. CXXXIII Lembrando antigos feitos Bandeirantes Até Montevidéu segue Guidotti Com seu barco em momentos delirantes...

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Das águas – soberano sacerdote! – Em perigos terríveis e constantes, Este navegador a largo trote Duelando com as águas em voragem Consegue terminar sua viagem... CXXXIV Por mais de trinta dias, navegando Paraná, Tietê, Piracicaba, Vendo voos das aves cintilando Quando o brilho do sol fugaz se acaba, Guidotti vai seguindo um sonho brando Armando à beira-rio a sua taba, Para sonhar com astros a distância, Para sentir das flores, a fragrância! CXXXV Por onde passa faz mil amizades E com festas é sempre recebido... Idolatrado em todas as cidades, Ao partir sente o coração sentido. Mas o Rio o prendeu em suas grades E com seu pensamento decidido, O barco põe às águas e num salto, O ronco do motor se faz mais alto! CXXXVI Por vários dias este audaz marujo Vive entre o Paraguai e entre a Argentina... Muitas vezes o Rio é imundo, sujo, Após rebrilha à luz de alva platina... – Destemido qual tronco de azambujo, Guidotti vai seguindo a serpentina Do Rio e realizando imerso em brilho, O sonho acompanhado de seu filho

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CXXXVII No perigo das largas corredeiras Mostra a sua experiência com denodo, – Não pode, não, um Barco co’as bandeiras Paulista e brasileira, ter engodo Nas armadilhas rudes e traiçoeiras De um velho Rio, que se mostra todo Ao navegante audaz, ao navegante Que n’alma tem o brio Bandeirante! CXXXVIII Mostrando a raça piracicabana, Guidotti chega à foz do Rio Plata! O coração em júbilos se ufana Por ter vencido colossal Regata! Quando deixou a Capital da Cana E de ilusões e sonhos foi à cata, Este Caipira ao ter sua vitória, Seu nome perpetrou em nossa História! CXXXIX Século XIX, anos setenta, Prudente de Moraes – mente brilhante! – Trabalha com vontade assaz, sedenta, E de maneira pródiga, esfuziante, Cria a Maçonaria e assim fomenta Com a sua vontade contagiante Homens de Bem, de Luz, de alma tranquila, Para que, com ardor, possam servi-La. CXL A Loja na cidade constituída, “Piracicaba” passa a ser chamada, E ela, de forma clara e decidida,

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Luta com força sempre iluminada Para que possa melhorar a vida Desta Noiva de brilhos encantada. E dentro da Verdade e da Esperança, Para o porvir, em brilhos, ela avança! CXLI Oh! Grande Augusta e Benfeitora Loja, No bem-servir ao próximo e à Família, Cada Maçom, com solidez, se arroja E na conduta insofismável trilha. Pois se o profano em seu viver se antoja, No labor o Maçom radiante brilha, E cumpre o seu dever de forma rara, Jamais mostrando a sua luz preclara! CXLII A Respeitável Loja hoje ligada Com o Rito Escocês Antigo e Aceito, À espiritualidade é celebrada E à Força mais Suprema tem respeito. Guia de Perfeição é uma alvorada Para quem tem o amor dentro do peito, E a Fé no coração que traz no berço Junto ao Grande Arquiteto do Universo! CXLIII Fruto da Liberdade e da Consciência A Perfeição é o que o Maçom procura, Pois a Bondade é a mais doirada ciência No anseio de deixar su’alma pura. Jamais um ato fica na pendência Pois o seu realizar trará Ventura. Que ela assim age – para ter-se ideia, D’antes ao Salvador da Galileia!

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CXLIV Mas não tem cor política em seu seio, E toda a forma de governo aceita, Porém, a intransigência, o rude anseio E a imposição – nefasta e vil maleita! – A Loja repudia sem receio. Também a prepotência não respeita Pois a Verdade tem uma bandeira Que deve tremular alvissareira! CXLV E muitos dizem que a Maçonaria É uma organização já superada, Mas desde os seus primórdios ela é a guia Para a Vida seguir a longa estrada. Quer a Fraternidade luzidia! Quer o Amor de maneira iluminada! Assim cada Maçom é o grande exemplo Para os Homens erguerem um só Templo! CXLVI E Ele ainda está por ser edificado No coração de toda a raça Humana, Que parece provar só do pecado Numa vida feroz, negra e profana. Mas existe um Alguém iluminado Que tem no coração a luz que emana Cintilações de Amor – basta segui-Lo Para o Futuro ser limpo e tranquilo. CXLVII Dentro de seus segredos milenares Eis que a Maçonaria mais prospera. Suas colunas – sólidos pilares! –

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São Panteons onde a luz Divina impera! Cinco mil anos regem seus teares Tecendo flores para a primavera, Rígida às Leis sublimes ela prega, Aos ataques profanos – vive cega! CXLVIII Sua Luz da Verdade não se apaga E há de brilhar nos séculos vindouros, Sua chama radiante se propaga Como o Esplendor de pródigos tesouros. Formam os seus Pedreiros uma saga De homens avessos à fortuna e aos louros, Seu passado é uma luz cheio de glória, Faz hoje o que amanhã será a História! CXLIX Foi assim desde os seus primeiros passos Quando Hiram fez a Salomão o Templo! Hoje ainda segue esses ridentes traços Para ao mundo mostrar o seu exemplo. Onde quer que um Maçom erga seus braços, Uma luz de virtude eis que contemplo: Na Inconfidência ela mostrou-se forte, E na República domou a Morte! CL Da Acácia o seu perfume já conheço, Que à minh’alma ele entrou na voz do vento, Rendendo-Lhe respeito, afeto e apreço Julgo-a mesmo um sublime Monumento. Por certo sua glória não tem preço, E seu perfume exala em sentimento. Fica feliz aquele que, em abraços, Ouve os Mistérios dos primeiros passos!

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CLI Por tudo o que ela fez e faz, merece Ser por Piracicaba respeitada, Assim, façamos nós sublime prece, Em nossas orações da madrugada. Professa a tradição que o homem esquece Quem ouviu sua voz necessitada, Mas se a Maçonaria nada cobra, Tenhamos nós respeito por tal obra! CLII E todo o povo piracicabano, Ordeiro e cumpridor de seus deveres, Orando ao Padroeiro Paduano, (Melhor, Musa, que contes e enumeres Os fatos se cometo algum engano) Cônscio de suas ordens e afazeres, Sempre adorando a sua Pátria Terra, Jamais o gládio ergueu buscando a guerra! CLIII Como a chama de brio do Paulista Vibrava em cada coração ardente, Quando a luta Constitucionalista Eclodiu, germinou sua semente: O Piracicabano pacifista No elo de amor, urdiu sua corrente: Neste momento – Herói! minh’alma enjaulo, Também eu faço parte de São Paulo! CLIV O Piracicabano foi à luta!... Fez-se Soldado – o Moço! – de Enfermeira – A Mãe, a Noiva, a Irmã! Negra e poluta

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Mancha feria assim nossa Bandeira – E contra a força atroz e resoluta, Por teto – o Céu! por cama – uma Trincheira! Cada Soldado foi – cheio de orgulho! – Um Herói a brilhar no céu de Julho! CLV Salve, Nove de Julho! Hoje és lembrado Em toda a Terra do Piratininga! Se o Povo foi traído ou foi roubado, A Eternidade o nosso sonho vinga, E se São Paulo foi injustiçado, A todo o povo sempre foi coringa. Se Vargas agrediu este Gigante, Mesmo ferido ele seguiu avante! CLVI Porém, São Paulo em sua causa justa, Não queria uma guerra fratricida. E de maneira resoluta e augusta, Em primeiro lugar, sagrava a Vida. Se a batalha, porém, se fez robusta, Se Vargas, na ganância decidida, Tentou o nosso povo por em grades, A mentira – vencemos com verdades. CLVII Cada jovem partia mais confiante Nos de trem em vagões abarrotados. Cada um levava a força mais brilhante, Dentro dos corações – sonhos dourados. Do Ditador a força anavalhante Somada à vil traição de outros estados, Fez São Paulo recuar e ser vencido, Não aceitando, não, ser oprimido

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CLVIII Os jovens se alistavam livremente Que defender São Paulo era honra e glória. A Liberdade, mais que uma semente, Era a Esperança e Fé para a vitória. O exército Paulista reluzente Assim punha seu nome em nossa História. Se São Paulo a justiça aos céus pedia, Não controlava esforços na porfia! CLIX Assim Getúlio vence e nada ganha, E São Paulo rebrilha na conquista. Nossos líderes vencem na barganha Mostrando toda a astúcia do Paulista. Recua-se Getúlio e em sua sanha Engole uma derrota nunca vista. São Paulo trava a sua Ditadura E no céu brasileiro mais fulgura! CLX Com Pedro de Toledo nós sonhamos Em fazer um Brasil unido e forte, Porque do mesmo tronco éramos ramos – Unidos nós teríamos mais sorte! Se à Constituição todos bradamos, Ah! Não seria necessária a Morte Para calar nossa vontade justa, Que a Vida sabe o quanto a Morte custa! CLXI Tais feitos hoje são reverenciados Na terra dos antigos Bandeirantes. Trazendo n’alma os sonhos dos soldados,

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Que em trincheiras lutaram delirantes. O déspota em delírios indomados Não conseguiu dobrar nossos gigantes. Curvou-se por Paulistas decididos, E teve que atender nossos pedidos! CLXII Quando a Revolução Constituinte Encheu de brio o peito do Paulista, O coração caipira, com requinte, Fez-se soldado altivo nessa lista. Contra Vargas bradou o seu acinte, Teceu sua Verdade na conquista. Se Vargas quis fazer a sua glória, Não contava, porém, com nossa História. CLXIII E contra a sua férrea Ditadura São Paulo fomentou a Liberdade. Contra abusos fez forte linha dura Lutando nos direitos da Verdade. Tanto anseio não teve abreviatura Porque o Paulista, cheio de vontade, Não podendo aceitar tanta injustiça, Contra a barbárie o seu denodo atiça. CLXIV Nos largos campos de Piratininga São Paulo desfraldou sua bandeira; Cada tropa co’a força de um coringa Pedia a Carga Magna brasileira. Com ganância, porém, Vargas se vinga E exige exterminar cada barreira Que o impeça de entrançar sua vingança; Porém, São Paulo brilha na Esperança!

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CLXV Assim os batalhões dos Bandeirantes, Sobreviviam com dificuldades. Avançando ficaram mais distantes E se viram perdidos das cidades. Os seus desejos eram tão vibrantes Que não contavam com adversidades: Os batalhões se viram dizimados E dos contatos todos afastados. CLXVI Desta maneira dura, atroz, sofrida, O comandante pede um voluntário; (Para sair em busca de comida Era longo e temido o itinerário E poderia se pagar co’a vida Quem se atrevesse a esse feroz Calvário). Co’o batalhão em guarda reunido Eis que surge um soldado destemido. CLXVII Leônidas pondo firme um passo à frente: – “Estou às suas ordens, comandante, Se à fome sofre nosso contingente Agora mesmo parto e vou confiante. Meu coração Cristão, de Deus um crente, Há de fazer que eu siga sempre avante. Se, devemos morrer sem ter um nome, Vamos morrer, mas não passando fome!” CLXVIII Ao ver sua coragem que fervia Disse-lhe o comandante: – “Meu amigo, Respeito muito tanta valentia

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Porém, tua visão é teu castigo. Se enxergas muito mal mesmo de dia, Se te surgir um mínimo perigo Nem a ti mesmo poderás salvar-te E encontrarás a morte nessa parte.” CLXIX Porém, a força hercúlea do Paulista, Que dominava o ardor deste Fogaça, Fez o peito constitucionalista Nos perigos mostrar a sua raça E vencer o perigo getulista. Sem temer ímpias urzes da desgraça, Dominou artimanhas e os açoites Desde o nascer dos dias e das noites. CLXX Co’o coração pulsante e decidido, Na ânsia de não deixar morrer de fome Seus amigos leais, vai destemido, Na paixão bandeirante que o consome. Caminha firme sob o sol brasido Que a Liberdade tem um outro nome. Porém, para fugir do tiroteio, Rasteja pelo chão em ânsias cheio. CLXXI E é assim rastejando que ele sente Em suas mãos a imagem de uma Santa. Vibra seu coração, de amor mais crente, Por esse seu achado mais se encanta. Ao ver naquele brilho refulgente, Uma estampa da imagem sacrossanta, Da Virgem Mãe de Deus, Aparecida, Mais ele passa a acreditar na Vida.

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CLXXII E vencendo os perigos da batalha: – “Se a Santa Mãe de Deus está comigo Não sofrerei co’as balas da metralha Nem irei padecer no atroz perigo. Nada mais na jornada me atrapalha Irei levar a cada meu amigo O suprimento mais que necessário – Nem Malco ser de Cristo, no Calvário!” CLXXIII Depois de caminhar entre perigos. Eis que Leônidas volta da jornada Trazendo para todos os amigos Uma luz de esperança renovada. Sobreviveu à força dos castigos Porque tinha em seu peito, bem guardada, A excelsa Mãe de Deus Aparecida, Que zelou com amor, de sua vida. CLXXIV Quando São Paulo viu-se derrotado, Traído por gaúchos e mineiros, E nas trincheiras foi amofinado Pelos outros estados brasileiros, Quando Vargas soltou seu falso brado Tratando-nos quais torpes bandoleiros, A nossa força ressurgiu mais forte, Que o Paulista supera a infausta sorte. CLXXV Chorando nas trincheiras por seus filhos, Perdoando seus irmãos amedrontados, Fronte ao sol, tendo n’alma estranhos brilhos,

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Convocando da União, demais estados, A força do Paulista pos nos trilhos Do Brasil os seus sonhos mais dourados: Contra tal força retraiu-se Vargas, Que teve de engolir favas amargas. CLXXVI Vargas, porém, não dava-se vencido E, nossas forças, quer exterminá-las. Mostrando-se ainda mais um pervertido, Tentava o povo intimidar a balas. São Paulo subjugado e retraído, Seus soldados chorava ainda nas valas, Contudo mais cruel num jeito novo, Buscava dissipar o nosso povo. CLXXVII Montando novas frentes na batalha, A qual São Paulo triste dava as costas, Nos tratava co’a força da metralha E duras leis a nós eram impostas. O Paulista, porém, que mais trabalha, Contra o impostor lançava-lhe respostas, Como Phoenix lutava e ressurgia Avançando ao Progresso dia a dia. CLXXVIII Na sua doida força cega e bruta O ditador nos fere em mais castigos... Mas São Paulo na garra resoluta, Ainda a carregar sonhos antigos, Para o Brasil mostrando a força arguta Represálias vencendo e mais perigos, De tal batalha fez o seu orgulho Que hoje conclama aos céus – Nove de Julho!

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CLXXIX Na batalha entre irmãos que foi travada, Muitos fatos ficaram registrados, Porém, uma enfermeira apaixonada, No olhar vendo São Paulo em tons dourados, Após se ver vencida – e não domada, E co’a coragem dos determinados, Vendo no fogo arder nossa Bandeira, Demonstra a sua força de guerreira... CLXXXX Contra as chamas lutando bravamente, Mostra todo o denodo dos Paulistas, E do mastro recolhe, em gesto ardente, O Sagrado Pendão das Treze Listas! Depois num gesto altivo, proeminente, Esconde tal troféu de falsas vistas, E se enrola co’o Lábaro sagrado Que não deve, jamais, ser conspurcado. CLXXXI Esta Mulher agindo deste jeito, Era uma grande Piracicabana. Seu nome está gravado em nosso peito Como heroína da glória paulistana. A Trinta e Dois rendendo nosso preito Co’o Odila Diehl nesta Paixão se irmana. Tal Bandeira hoje é o símbolo mais vivo Que só do Amor – São Paulo foi cativo! CLXXXII Junto dela rebrilha o orgulho de Ennes, Que na Revolução se fez soldado. Muito jovem, porém, – gestos solenes,

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Voluntário lutou por nosso Estado. Tais motivos de glória são perenes E devem ser de orgulho redobrado. Ennes Silveira Mello com orgulho, Também se fez Herói no mês de Julho! CLXXXIII Hoje o fulgor Constitucionalista Travado em terra piratininguense, Mostra a força vibrante do Paulista Que com trabalho – as artimanhas vence. São Paulo – trem de ferro na conquista! – Dá mostras que ao Brasil ainda pertence. Seu vigor nessa luta não se acaba, E dele parte faz Piracicaba! CLXXXIV Piracicaba também fez, portanto, Importante papel na nossa história: Para o Nove de Julho fez seu canto E com São Paulo hoje comunga a glória De um Trinta e Dois marcado com encanto, Para sempre gravado na memória. “Non Ducor, Duco!” Assim São Paulo vibra Para o Brasil demonstra a sua fibra! CLXXXV Como repositório da Cultura, Foi erigido à Biblioteca, em frente, Um Memorial à geração futura Para guardar de forma permanente Nossa Arte que ao Brasil todo fulgura De maneira soberba, proeminente. É para ser aberto – o eco repete: No ano dois mil cento e noventa e sete!

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CLXXXVI Talvez este Poema não resista Pois será pelo Tempo massacrado; Muito menos o nome deste Artista Com certeza será, sequer, lembrado. E o Memorial irá trazer à vista Um passado que foi iluminado, Arca de Sonhos, fúlgida memória, De nosso Tempo ele trará a História! CLXXXVII Se sem valores são essas histórias, Se mais pobres as deixo nesta lira Pelas falhas que trago nas memórias Tornando-as decompostas na lezira, Sequer por isso irão perder as glórias Para desmerecer a honra Caipira. São as nossas Histórias, nossas lendas, Que são desnecessárias as legendas. CLXXXVIII Se a contá-las me perco em rude atalho Jamais direcionando o rumo certo, É que por muitas vezes me atrapalho Pondo os passos num árido deserto. Mas este panorama de retalho Faz meu imenso amor ficar mais perto Desta Noiva que sonha em sua vida, Seguir a sua estrada colorida.

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Andando pela Cidade Parte IX Se ao Povoador um dia fosse dado O poder de voltar a esta Cidade, Ficaria de olhar apaixonado E choraria de felicidade. Depois de tanto tempo já passado, Ele veria que a simplicidade Daquela Vila que fundou outrora, Teve o progresso de uma grande aurora! II As avenidas rasgam as picadas Onde antes existia uma floresta. É o progresso chegando, são manadas De fachos fulgurando em forte festa. São estradas e pontes asfaltadas, De mata virgem nem um ramo resta; As paisagens antigas, soberanas, Transformadas estão num mar de canas. III Mil usinas fumegam docemente O gosto da garapa e do melado, O açúcar mais parece o ouro luzente Após no Engenho ser cristalizado. O velho Povoador até descrente Ficaria de ver tudo mudado: O futuro chegou em tal magia Mais parecendo um hino de alquimia.

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IV Piracicaba rasga os horizontes; É o progresso que exige que ela cresça. Por sobre os Rios são construídas pontes Para a população que ergue a cabeça, Olha o futuro e vai – louros nas frontes – Fazer que esta cidade se abasteça Do que melhor houver e assim pensando, Os passos no futuro vai fincando. V E poderia ver sua cidade “Cidade das Escolas”, ser coroada, Pois é o Saber que dá prosperidade Para seguir da Vida a longa estrada. Também veria, com felicidade, Os piracicabanos na jornada Nos mais iluminados dos caminhos E em outras plagas difundir seus ninhos. VI E veria milhares de estudantes Ávidos de Saber, buscando o estudo; Imersos na alegria, contagiantes, Na tenra infância já aprendendo tudo. E veria de plagas bem distantes, Quem vem aqui buscar o conteúdo Do que pode encontrar melhor no Ensino Para fazer florir o áureo destino! VII A ESALQ – mundialmente engrandecida, Formando Agrônomos de qualidade, A UNIMEP – gloriosa a dar guarida

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Com muita tradição e honestidade, A FOP – em todo o Estado conhecida, Também entra no rol da integridade, E para arquitetar a fantasia, A FUMEP que é a nossa Engenharia! VIII O científico mundo aqui acena Co’o estudo da pesquisa de genética, Assim Piracicaba engloba o Cena, Onde a perseverança plena de ética Para o progresso liga a sua antena. E se dizem não ser muito poética Essa busca dourada e assaz suprema, Um broto vale mais que este Poema! IX Ah, Povoador, por certo tu verias, Uma gama dourada de cientistas Fazendo em descobertas mil poesias, Pois tal saber, repleto de conquistas, Vive desse fulgor todos os dias, Nas cabeças laureadas dos Artistas. Se a muitos pouco vale uma pesquisa, Talvez nem ache encantos numa brisa... X Também, meu Povoador, tu, assustado, Verias, com a vista sendo espelho, Marulhoso esplendor – atrapalhado! – Da avenida a chamar – Carlos Botelho! Por certo num dizer calmo, pausado, Dirias tu: – “Estou bastante velho Para poder viver esses encantos Pois vamos visitar outros recantos...”

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XI Assim verias grandes restaurantes, Carros com som de ensurdecer ouvidos, Personagens até extravagantes Em centenas de grupos reunidos; Um trânsito infernal, bares dançantes, Agitações, buzinas, alaridos, Conversas, vozes, gritos, assobios, Capazes de te dar mil arrepios! XII Verias isso tudo com encanto Porque nossa cidade, com certeza, Sempre lembrada com seu belo Canto, Faz muito jus à sua Natureza. Se nós dizemos que a adoramos tanto, De nosso coração vem tal firmeza: Lírica inspiração de Newton Mello Quando compôs seu Hino único e belo! XIII Também verias líricos encantos Que às dezenas contém nossa cidade... Campos do Paraíso tais recantos Exalam o elixir da suavidade; Nas praças e jardins, aves em cantos Ternos soltam seus trinos... Oh, quem há de Resistir: um passeio pelo Engenho Onde tudo foi feito com desenho? XIV E na Rua do Porto um parque lindo Onde um lago sereno é uma pintura... Num sonho o coração fica sorrindo

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E a alma se embala em cantos de ternura, À tarde olhar o sol que vai sumindo Atrás da Serra, na visão mais pura: Hora de agradecer por mais um dia, De Erothides cantar a Ave-Maria! XV Na Agronomia ir passear à tarde E fazer uma bela caminhada, Da passarada ouvir sonoro alarde Na magia de lírica toada; E o Povoador há de sentir-lhe que arde De forma mais sincera e apaixonada, Uma ternura, um sonho, uma virtude, De tudo contemplar posto em quietude... XVI O Povoador ao ver tamanha messe, Ficaria com a alma em devaneio, E o coração, numa sonora prece, Faria palpitar seu terno seio... Outro momento assim não acontece E o pensamento perde-se no enleio, Tudo ao olhar esplêndido fascina Nesta soberba Noiva da Colina! XVII Verias nossas suntuosas festas, Que são as tradições de nossa gente; E ouvirias as mágicas orquestras Porque de Deus, a música é semente; Com a alma escutarias mil serestas Ao som de um mágico violão gemente, E por certo uma lágrima cairia Para ficar de rima na Poesia!

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XVIII Isso tudo que agora vês, por certo, Não poderias ter imaginado, Que este Solo bendito está coberto Pelas graças de um Deus apaixonado! Piracicaba cresce e a céu aberto Seu povo culto, honesto, respeitado, Sabe fazê-la cada vez mais bela, Deste imenso Brasil – brilhante estrela! XIX Três séculos de história: um Rio lindo Deixou o Povoador apaixonado... Até seu coração ficou sorrindo Quando aqui viu o Salto idolatrado Num espetáculo formoso e infindo. Ainda hoje é só olhá-lo iluminado Que o coração em êxtase palpita E do mais fundo d’alma – é a voz que grita! XX E se fosse um Vidente, aqui veria, O progresso que vem com ansiedade, E parecendo lenda ou fantasia Veria todo o amor pela cidade, Embalado no berço da harmonia, Rimada em hinos de Felicidade; E tanto mais o coração não ousa E em preces, pede a bênção a Barbosa! XXI E veria mudada a sua Vila Contendo já milhares de habitantes, Mas não veria aquela paz tranquila

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Que viu um dia em épocas distantes... Porque o Progresso, às vezes aniquila, A poesia dos pássaros cantantes, Faz que o Poeta cale a voz do canto E que a harmonia se transforme em pranto. XXII E Barbosa haveria de encantar-se Ao ver sua cidade assim crescida... E haveria de muito vangloriar-se, De ver tanta paisagem tão florida. Por certo mostraria algum disfarce Para ocultar a lágrima caída Que nas faces teria brilho aberto, Como aos olhos, o oásis no deserto! XXIII Sentindo que a cidade cresceu tanto, Que é quase uma Metrópole, veria, Que onde um dia escolheu por seu recanto, Era o secreto abrigo da Poesia; E se soltasse a voz, ela, num canto, Teria a forma plena da harmonia, E por certo, co’os lábios em sorriso, Iria acreditar no Paraíso! XXIV Piracicaba não é mais a Vila Que há séculos passados era apenas Uma promessa!... Em êxtase, desfila Às vistas deslumbrantes e serenas Do Povoador, esplêndida apostila, Com ruas, praças, bosques às dezenas, Porque Piracicaba cresceu tanto Que de fato ficou cheia de encanto!

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XXV Hoje Piracicaba é uma cidade Cobiçada por muitos Imigrantes, Que procuram aqui felicidade, E maneiras de vida mais constantes. Há no comércio tal prosperidade Que de plagas remotas e distantes Chegam homens intrépidos e audazes, Talentosos, honestos e capazes. XXVI Restaurantes, hotéis, supermercados, Lojas dos mais variados sortimentos, Galerias, enormes atacados, Teatros, cinemas e divertimentos, Exposições dos modos mais variados, Artistas de diversos movimentos, Mas é no Shopping Center que a cidade Diverte-se com toda a intensidade! XXVII Hoje a Governador Pedro Toledo Chamada Rua do Comércio, um dia, Mostra um variado e palpitante enredo... Ali tudo mistura em fantasia: O trânsito é infernal logo já cedo; Grita um mascate cheio de euforia, Os ambulantes armam cavaletes, Vendendo bugigangas e sorvetes. XXVIII Corre-corre infernal... Trânsito intenso, Impossível andar-se nas calçadas... Grita um palhaço com seu rosto tenso

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Apregoando ofertas encantadas... Olhando o movimento infrene, penso, No silêncio das longas madrugadas, Onde ando a pé por esta mesma rua Solitário, sonhando à luz da lua... XXIX O progresso rasgou suas entranhas E novos bairros foram se formando... O Bairro Alto cresceu, subiu montanhas, E quase outra cidade foi ficando. Ávida de conquistas e façanhas Piracicaba foi se edificando; Novos arranha-céus foram subindo E o Comurba ficou um sonho findo... XXX E assim, para o alto, em grandes edifícios, – Exclamações em forma de Progresso! – A Noiva da Colina mostra indícios De ser cidade cheia de sucesso. Já foi notificada com ofícios Redigidos na mesa do Congresso, Que este Recanto cheio de Poesia, Era o que mais neste Brasil crescia! XXXI Além-Rio o progresso é bem notório! Olhando o casario que se estende Existe um Povo bem conservatório Que nossas tradições estuda e entende. Se o Rio forma um grande divisório Fortes clamamos nós: Vila Rezende Faz parte ativa desta imensa Taba E a Vila também é Piracicaba!

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XXXII A Cidade afinal, em seu início, À direita do Rio foi povoada. Assim Vila Rezende tem o auspício De ser Berço Natal da terra amada. Depois o Povoador em régio ofício Do lado esquerdo fez sua morada E as Colinas povoou... e tal mudança Deixou o povo cheio de esperança! XXXIII Hoje a Vila Rezende é uma cidade Que às vezes quer seguir o seu caminho E ser independente... Mas como há de Se permitir que um gesto tão mesquinho Destrua a História qual calamidade? Piracicaba toda é um mesmo ninho! Também à Vila serve o eterno canto: “Piracicaba que eu adoro tanto!” XXXIV Outras vezes é Santa Terezinha – Importante Distrito da Colmeia! – Que quer buscar o seu porvir sozinha. Mas como pode tão funesta ideia Progredir? A conversa burburinha E prenuncia espasmos de Epopeia: –“O Corumbataí será a Divisa!” Alguém mais exaltado profetisa! XXXV Não vamos dividir nossa Cidade; Mesmo os bairros do Centro mais distantes Formam bases iguais nesta Irmandade,

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E piracicabanos – são amantes! E cônscios do Poder desta Unidade Na grande marcha seguirão confiantes. Se temos nós aqui nossos pertences, Todos nós somos Noivacolinenses! XXXVI Somos frutos de uma árvore esplendente: Nhô Quim, Guamium, São Judas, Pauliceia, Piracicamirim, Vila Prudente, Água Branca, Tupi, Jupiá, Pompeia, Tantos mais fazem parte da corrente, Somos nesta Unidade uma Colmeia... De uma só árvore pendem muitos pomos, Mas separados, quase nada somos! XXXVII E tantos outros belos bairros brilham Nesta Piracicaba acolhedora. No Paredão Vermelho os sonhos trilham Em Tanquã há paixão renovadora. Em Ártemis os sonhos nunca se ilham, Pois juntos luzem como grande aurora. Vila Sônia, Perdizes, Eldorado, Fazem parte de um Todo idolatrado. XXXVIII E, as centenas de bairros são unidos Por largas avenidas, ruas belas, E todos eles tem jardins floridos Clareados por luar e por estrelas. Dizer de todos eles, tão queridos, Precisaria ter milhões de telas Para gravá-los firmes na memória E em êxtase cantar a excelsa glória!

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XXXIX Tantos bairros existem na cidade Que enumerá-los torna-se impossível... Todos unidos na Fraternidade! Pode haver um local mais aprazível Que o Monte Alegre? Ali a majestade De Volpi, num afresco indescritível, Faz que as almas, de sonhos fiquem plenas, Livres das torpes ambições terrenas! XL Hoje as casas estão abandonadas, Já não existe mais o murmurio De operários que em duras madrugadas Aqueciam do forte e tenso frio... (Ah! Como eram difíceis as jornadas!...) Acendendo fogueiras junto ao Rio Junto às manhãs de inverno úmida e fria, – Com certeza, a Amizade é que aquecia! XLI Vindo a Piracicaba num passeio, O estrangeiro jamais, sendo turista, Deve partir sem conhecer o esteio Da Fé que sublimou toda a conquista Deste Povo, que preso num anseio, E co’a Alma em oração, lançou a vista, Às Obras do Senhor... São grandes Templos Para dar e ensinar os bons exemplos! XLII No Centro a Catedral de Santo Antônio! – Padroeiro fiel desta cidade! – Frei Lusitano que era um bom campônio

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Nos abençoa com sinceridade E nos livra das garras do demônio Quando este quer impor sua maldade. – Ostentando fulgor, forte imponência, A Catedral é toda referência! XLIII Passos subindo à bela Cidade Alta, – Braços abertos para o amplo horizonte! – Como a abençoar o povo que lhe assalta, Surge a Matriz do Bom Jesus do Monte! E toda jubilosa além se exalta Jorrando fé em cristalina fonte, A ternura de Santa Catarina, Abençoando a Noiva da Colina. XLIV Considerado o Templo da Beleza, – Nas paredes cobertas com afrescos, Pintados com talento e com leveza Com imagens de frades pitorescos, Desafiando as Leis da Natureza, Surge a Igreja dos Frades! Gigantescos Murais contam histórias de mil santos, Nas pinturas mostradas com encantos... XLV Ali parece respirar-se em tudo A alma dos velhos frades Capuchinhos, Cada frade, transido em sonhos, mudo, Estampa nos seus olhos, mil carinhos. Sempre num penetrante olhar de estudo. Nos passeios estão sempre sozinhos, E cada passo lento da sandália Parece recordar Trento da Itália...

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XLVI Padre Jorge respira a alma do povo Na Imaculada Conceição! que é a Igreja Onde o nome de Deus é sempre novo Na voz de Padre Jorge, que deseja, (E a isto com a alma em êxtases aprovo!) Mostrar Cristo de forma benfazeja Nos Sacramentos e nos batizados Que são constantemente realizados! XLVII A Igreja que talvez toque o Turista, E o mesmo fique um tanto comovido, É a do Lar dos Velhinhos!... Cada artista Da cidade, num sonho colorido, Atendendo a um convite idealista De Jairo Mattos, pôs ali, ferido De emoção, de talento, de esperança, Uma tela pintada por herança. XLCIII E os painéis, com motivos mais sagrados, Retratam várias cenas e passagens De Jesus Cristo!... Todos inspirados, – Grandes caleidoscópios de miragens! – Apóstolos e Cristo retratados, Para isso usando poéticas paisagens Desta nossa cidade – assim parece Um Piracicabano Cristo em prece! XLIX Para mostrar que a Fé é o dom sagrado E o Amor nos corações é uma conquista, Meu verso também fica iluminado

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Co’o ígneo Templo da Igreja Metodista! Por certo ficaria apaixonado O Senhor se cravasse a sua vista Sentindo que Seu nome, com respeito, Está nos corações de todo o jeito! L Virgem Nossa Senhora dos Prazeres Hoje tem a brilhar, o Seu Santuário. Adorada por homens e mulheres, Tem também o Seu filho no Sacrário. Oh, Noiva da Colina, o que mais queres, O que mais é preciso ou necessário? É quase uma Metrópole a cidade Que hoje respira religiosidade! LI Nossa Senhora tem braços abertos E a todos agasalha em Seu regaço. Nossos sonhos não vivem mais incertos, E à fé unidos pomos cada passo, Povoamos os campos e os desertos E ao Seu manto sentimos terno abraço; E quem nos via como fim de linha, Pressente que o progresso burburinha. LII De outros Templos, talvez até mais belos, Deveria lembrar este Poeta... Mesmo outros Templos simples e singelos, Porém, minh’alma, de visão discreta, Não tem arroubos para tais anelos, E nem os grandes píncaros por meta... Por isso, calo a voz num sonho tosco, Lembrando ensinamentos de Dom Bosco!

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LIII Ah! Meu querido Padre!... Na distância Recordo sonhos de uma juventude... O coração em júbiloss, em ânsia, Nessa recordação já não se ilude... Onde ficou perdida a minha Infância? – Domingos Sávio, Santo Irmão, me ajude! E onde os cantos de luz com voz canora, Em louvor de Maria Auxiliadora? LIV Mas o Poeta, sonhador apenas, Guarda somente insípidas lembranças Do Oratório que foi de gratias plenas E hoje só mostra miasmas, desconfianças... Os pátios de algazarras tão serenas, Que abrigaram os sonhos das crianças, Isolam-se entre muros e altas grades, Em crimes, em silêncios, em saudades... LV As belas procissões no mês de Maio Exaltando Maria Auxiliadora, Em nossos corações eram um raio De luz, iluminando linda aurora. Hoje a Virgem Senhora, num desmaio, Vive esquecida num altar... e chora Ao ver que não existem esperanças, Às pobres desvalidas das crianças... LVI O coração de súbito estremece Frente à visão que em sonhos fere a vista: A voz dos lábios sai em tom de prece

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E o verso torna assim canção lirista! Vejo além-Rio que ainda permanece De inspiração para este pobre Artista O grande Engenho, erguido igual duende, – Florido sonho do Barão Rezende! LVII Salve, Engenho Central! Oásis verde Que te espelhas no Rio alto e imponente; A tua linda história hoje se perde No coração de toda a sua gente – É necessário que o futuro te herde Altivo, belo, forte, alto, fulgente, Porque tu fazes parte de um passado Que no futuro deve ser lembrado! LVIII Entre árvores imensas, verdejantes, Refletes pelo Rio a tua imagem, As tuas cores vivas, rutilantes, Parecem retratar forte miragem... Entre sombras perdidas e distantes Mil pássaros cantando na ramagem, Traduzem a trinar com densa calma, Que da cidade te reveste a alma! LIX Quantas histórias guarda teu passado; Belas reminiscências e lembranças De um momento que foi iluminado Pleno de sonhos, pleno de esperanças! Ah! Com o coração apaixonado Pareço ainda ouvir ternas crianças Que em algazarra plenas de alvoroço, Iam te frequentar na hora do almoço...

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LX Elas se misturavam junto às aves Enquanto os pais ficavam descansando. (Musa, quero que os versos alinhaves Porque meu coração está sonhando...) Oh! Crianças de vozes tão suaves, Dos colibris vós imitais um bando; E enrustido na densa Natureza, Procuro decifrar esta beleza! LXI Se tanto ainda te louvam os Poetas E tanto te retratam os Pintores, Se a seguir tens as mais vibrantes metas Em caminhos exóticos de flores; Se és predileta dentre as prediletas, Se um crepúsculo tens cheio de cores, De tanta inspiração eu vivo perto E feliz fico aos versos que te oferto. LXII Louvo-te o quanto posso com carinho E neste canto exalto-te entre tantas. Se os Pezzato elegeram-te por ninho E os pés aqui puseram como plantas, Jamais penso seguir outro caminho Nem para me cobrir busco outras mantas. Faço de tuas pedras o meu leito, E a água do Salto cai sobre meu peito.

LXIII Cultivo as tuas tradições tão belas, A emocionante Festa do Divino

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Com fogos salpicando o céu de estrelas, E quando a Catedral badala o sino A Santo Antônio se abrem passarelas Para vê-lo passar junto ao Menino Jesus, e provo o Pão sagrado e santo, E sinto em luz as bênçãos de seu manto! LIV A Festa das Nações que nos convida A ter no mundo Solidariedade, Onde a barraca, toda colorida, Traz a Perseverança da Amizade. Rainhas e Embaixadoras dão mais vida E há reverberações nessa Unidade: Povos unidos na paixão mais pura, Onde o Amor vibra e canta com ternura! LXV A Festa de Tupi, quando a fogueira, Aquece corações no junho frio, Tem cuscuz, tem quentão a noite inteira, Tem cururu, tem forte vozerio, Tem baile, tem forró, moça fagueira, Pés descalços nas brasas, que arrepio! Tem São João Batista num carreto, Sendo lavado no Tijuco Preto! LXVI Também Tanquinho exulta com seu brilho E a pamonha é delícia a ser provada. Eis a fenomenal Festa do Milho Onde a população, toda encantada, Segue feliz, e a tradição faz trilho. Piracicaba vibra na jornada! A culinária de sabor diverso Exala seu tempero neste verso.

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LXVII São tantas tradições em nossa terra Feitas por corações apaixonados, Que em todas elas a paixão encerra. É a Cultura que vem de vários lados Como se fosse provocar a guerra Da Ternura que tem sonhos alados, E vibra, e canta, e em risos oferece Para nossa Cidade, uma só prece. LXVIII Piracicaba tem a voz de um Povo Que no seu chão fincou suas raízes. Se, nossas tradições as canto e as louvo, Com elas nós vivemos mais felizes. Somos Caipiras, isso não é novo, Mas somos referência nos países Onde elas são tratadas com respeito E são tais corações dentro de um peito. LXIX Se a Arte e a Cultura são reverenciadas Por uma gama lírica de Artistas, E temos nós canções apaixonadas Que recordam histórias e conquistas, Se romeiros, vagamos por estradas, Não se apagam jamais de nossas vistas Nossa Rua do Porto, um barco a remos, E uma caipira voz que conhecemos! LXX Se tudo tem ternura, e tramo e teço, Para mais exaltar nossa cidade, Glórias por isso sei que não mereço

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Também não sonho co’a imortalidade. Porém, de joelhos, simplesmente peço, Que a Beleza jamais torne saudade; A Noiva há de viver airosa e bela, Sem perder os seus ares de donzela. LXXI Para falar de ti me envolvo em cantos Em rimas de luar, harpas e sinos. Abro meu coração para os encantos Que norteiam os olhos dos meninos. Porque vislumbro em ti fulgores tantos Que alados sonhos prendo aos teus destinos. Se tão bela aos meus olhos apareces, Liricamente teço-te mil preces! LXXII Assim em noites plenas, quando a lua, Sobre a neblina tece suave renda, Minh’alma apaixonada fica nua E esta Noiva tão linda reverenda. Coração Bandeirante se insinua E se absorve a entender a sua lenda; Há um clima de êxtase e magia pura E uma voz que em paixão doce murmura! LXXIII Por isso não se cala a voz no canto E seus soberbos vultos ora exalto. O coração palpita neste encanto E o eco deste amor vibra mais alto. Como Barbosa aqui meus sonhos planto! Co’os olhos a contemplo em sobressalto! Num grande altar divino e soberano Sou orgulhoso Piracicabano!

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LXXIV Por isso o canto em terna lira tanjo, Com acordes de luz que ao céu desata. Inspirado por Deus teço esse arranjo Para que tudo soe em voz de prata. E que na Catedral alvíssimo anjo Soluce os versos dessa serenata. E que violões dourados e divinos Modulem esses cantos cristalinos. LXXV Chegam trabalhadores de outras plagas E plantam neste chão suas raízes, E ao largo tempo escrevem suas sagas Lembrando histórias livres e felizes... São mil lembranças cúmplices e magas, Rumos dos mais fantásticos matizes, Homens que aqui plantaram os seus sonhos Colhendo dias belos e risonhos! LXXVI Hoje as indústrias malham a bigorna, E o progresso é marcado a ferro e a fogo. Podendo retornar, sempre retorna, Aquele que buscou um outro jogo. Piracicaba os corações adorna; Ninguém a esquece e sempre faz um rogo: –“Mesmo deixando o meu Torrão materno, Cá voltarei para o meu sono eterno!” LXXVII Por tudo esta cidade me apaixona E me deixa feliz sempre sorrindo. Quando nas ruas ouço uma sanfona

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Ou se contemplo um belo ipê florindo, Juro que meu amor não te abandona Pois não existe outro lugar mais lindo. A Santo Antônio elevo airosa prece Da cidade recebo minha messe! LXXVIII O mundo (por maior que o mundo seja) Há de reverenciar nossa cidade. De tudo é o que o Poeta mais deseja Para rimar sua felicidade. Nos acordes da toada sertaneja Haverá sempre um hino de saudade Que o ausente levará, imerso em pranto, Quando for recordá-la em terno canto. LXXIX Se quem parte, saudade daqui leva, (Que a saudade é a presença de uma ausência, Bem como a luz do Sol ofusca a treva), Estar de ti ausente é penitência, É no calor sentir que o peito neva; Se não consigo definir tal ciência, Na rima clara, lúcida, infinita, Proclamo que esta Noiva é a mais bonita! LXXX Se outra mais bela houver, também que exista, Outro poeta com paixão mais densa Para poder roubar-lhe tal conquista Para depois pedir-lhe recompensa... Piracicaba é chão natal do Artista Que um dia fez-lhe esta sentida crença Ao contemplar o seu imenso encanto, Inspirado compôs saudoso canto!

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LXXXI Por isso que este canto que ora faço Tem o sabor caipira mais sagrado. Pois quando vou andando passo a passo Contemplando tal mundo iluminado, Com cadência febril estendo o braço A fim de acariciar apaixonado, Esta Noiva tão linda de fulgores, A qual vive adornada pelas flores. LXXXII Se, canto com ternura e com apreço, Tantas belezas naturais que vejo, E se mais versos com carinhos teço Rimados com febril e doce arpejo, De mais inspiração eu me abasteço Pois n’alma mais acende tal desejo: Assim nessa cadência vou compondo O que co’os olhos extasiados sondo. LXXXIII Por isso calo a voz neste momento E fico a contemplar toda a beleza Que aqui existe em raro sortimento. É Altar de Deus na imensa Natureza! É sublime emoção de sentimento! Súdito olhar num sonho de princesa! És bela! és Noiva! és Musa! és tão querida, Que por ti, se preciso, sou-te a Vida! LXXXIV Assim, oh, Noiva devo mais louvar-te Em versos lavradios, cristalinos. E se consigo traduzir com arte

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O canto ao som de mágicos violinos, Com ele irei compor um estandarte Para no amor unir nossos destinos; Em ti eu viverei dando-te o sonho, Para partir do jeito mais risonho. LXXXV Se parece sem fim a tecelagem E versos dobo, como linho fino, É que busco encontrar na garimpagem O brilhante que fulge diamantino. Pois em meu coração rebrilha a imagem Que trago deste os tempos de menino: Um Salto esbravejante na porfia Estrelejando rimas em poesia. LXXXVI O Mirante com árvores imensas Onde ajoelhado em êxtase sagrado, Entre rimas entranço minhas crenças Trazendo um coração apaixonado. Em troca não exijo recompensas, Mas a ânsia de viver sempre a teu lado Nesse sublime Altar da Natureza, Onde, com versos, teço a minha reza. LXXXVII Poeta sou eterno caminhante Com Pedrão e Buzunga em romaria. Com passos firmes sempre vou confiante: Cada passo é uma estrofe na poesia. Se destemido vou seguindo avante Jamais me desanimo na porfia. – O poema é uma imensa caminhada, Jamais me curvo frente à longa estrada!

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LXXXVIII Por isso bem conheço os seus segredos E minh’alma mistérios tais conhece. Sigo sem destemor, livre de medos, Tecendo com encantos minha prece. Se os caminhos, porém, se tornam tredos, E a ingratidão as suas teias tece, Piracicaba! a peito aberto grito, E tal nome reboa no Infinito! LXXXIX Deus inspirado modulou-te um dia E afeito às rimas mais e mais te exalto. Aqui vivo momentos de alegria Quando contemplo em ânsias o teu Salto. O teu Rio com versos de alegria Faz que meu canto eleve-se para o alto. E vou caipiracicabanizando Que até meu coração sinto cantando! XC Em todos os quadrantes da cidade Encantos vibram de fulgor imenso. Há um poema de azul felicidade Que sequer imagino enquanto penso. Vibra a Cultura em forte intensidade Que em momentos de paz teço e condenso. Esta é a Piracicaba mais radiante Que aos passos no porvir segue pujante. XCI Eis que o silêncio firme vem galgando Para cobrir de vez a minha Lira. Quando um dia chegar tal hora, quando,

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Sentir que a Musa já não mais me inspira, A minha própria voz já se calando Há de render-se à chama de uma pira. Meu verso e minha voz serão só brasas, Calcinados, porém, dentro de casas. XCII É que tanto incidi no mesmo tema, E tentei desvendar tantos segredos, Que o silêncio há de ter a voz suprema Para calar meus traumas e meus medos. Porém, minha paixão é tão extrema, Que não cedo a momentos tão azedos. Hei de chegar ao fim de tal jornada Para ter a minh’alma sossegada. XCIII Se tanto já cantei, sinto que falta, Ainda para cantar um outro tanto. Mas o silêncio vem co’a voz mais alta E manda a voz calar para meu canto. E se a Musa também não mais se exalta Quieto e calado escudo-me em meu canto. No sepulcro da noite eis que me escondo, – Patéticos chamados não respondo! XCI Oh! Musas, lindas Musas, eis que agora, Reina o silêncio após tão largo canto. Noites varei mas eis que rompe a aurora E o astro-Rei brilha com magia e encanto. Domo a voz que em soluços plenos chora E de meus olhos rola denso pranto. A lembrar extasiado tantas glórias, Chamo o silêncio para mais histórias.

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XCV Se junto de Barbosa olhei o Rio E com ele chorei tão triste morte, Haverá no futuro o desafio Para domar a sua ingrata sorte. Porém, agora, o canto silencio E nada há que na vida dê suporte Pois a mão pende frente a esse cansaço E à Palavra o silêncio não tem traço. XCVI Os canaviais se vestem de esperança Florescendo no tempo mais propício. Se ainda tenho um sorriso de criança É que sorrir faz parte de meu vício. Cada cana a luzir lembra uma lança Pronta para a batalha do suplício, Quando a tocha de fogo lhe derrete, O sangue doce escorre num filete. XCVII Ao canto resta ainda uma esperança E o coração se agarra em tais ideias. Melhor travar embates de vingança E não tecer sangrentas epopeias. Porém seja embainhada cada lança Para termos a força das colmeias Que no diário labor adoçam sonhos, E nossos ideais deixam risonhos. XCVIII Jamais a corrupção há de ter vida No pátrio solo piracicabano. Mas que vibre a esperança colorida

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Aos corações que pulsam neste plano. Se a esperança, porém, cair vencida, À pilhéria, ao engodo e ao frio engano, Que ela ressurja cada vez mais bela, Seja no pátrio céu – brilhante estrela. XCIX Porque a Esperança em sua sombra verde Há de agitar-se nesses céus caipiras Que jamais o seu sonho alado perde Quando soluça as mais sentidas Liras. Que a Noiva da Colina em êxtase herde Seu sonho de ametistas e safiras, Pois a Esperança celestial desfralda A tremular na tocha de esmeralda! C Pois se meu sonho é um sonho visionário, Cada vez mais eu acredito nele. A esperança é meu soldo e é meu salário É sangue verde que o suor expele. Se o Canto ora se faz desnecessário Das Musas sinto o sopro em minha pele. Jamais devo calar o Verso e o Grito E ao silêncio quedar-me ansioso e aflito. CI Hei de vencer as feias armadilhas E rechaçar os ares de fumaça. Confiante os pés irei calcar nas trilhas Para travar a trama da trapaça. Oh! Linda Noiva, exótica tu brilhas, E tal brilho é fulgor contra a ímpia ameaça; O que buscar ferir-te, com certeza, Haverá de duelar co’a Natureza!

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CII A verdade haverá de ser triunfante Para brilhar em todos os caminhos. E o Caipira seguindo mais confiante Nunca será vazio de carinhos. O amanhã terá a força fulgurante Que aprendemos a ter ainda nos ninhos. Sempre fortes seremos nessa estrada, Vencedores ao fim de tal jornada. CIII Se fui pedir ajuda no Parnaso Às ledas Musas e elas, sorridentes, Agora se despedem neste Ocaso, Partem levando os corações mais crentes. Pois se o Canto ora finda sem atraso As rimas ainda permanecem quentes: Calíope, Polínia, Érato e Clio, Adeuses dão ao nosso belo Rio. CIV Para Pindo, abraçadas com Barbosa Descem o Rio adeuses acenando. Cada rima de luz foi uma rosa Oferecida à Noiva que, cantando, Sobre o Salto, divina e majestosa, O seu Noivo ideal fica esperando. E junto de pintores e poetas, Há uma aquarela azul de borboletas. CV A Grécia antiga abre os sidéreos braços Para abrigar suas etéreas Damas. Ilumina-se o Olimpo a amplos espaços

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Enquanto Zeus envolto em densas chamas Às belas Musas tece-lhes regaços. Já não há mais comédias, nem há dramas, Muito menos tragédias, mas há o canto Que ainda vibra exótico de encanto. CVI E Zeus, ansioso, as Musas recolhendo, Inquire-as como foi a ampla empreitada, Em seu olhar sublime fica vendo Todo o brilho de um’alma apaixonada. E cada Musa em versos vai tecendo Os encantos da Noiva idolatrada. E Barbosa sorri com alegria Cantando para a Noite uma Poesia. CVII Ninguém olvida este genial Recanto, – Pedaço de precioso Paraíso! – O Rio que contém tamanho encanto Nos lábios sempre tece algum sorriso, Quando em suspiros, a alma explode em canto. O Poeta já nos deu o seu aviso: “Em outras plagas”, o “que vale a sorte?” Mil vezes é melhor achar a morte!

Canto X Epílogo I Perdoa, meu Amor, tu me pediste, Uma grande Epopeia e ora te entrego Um poema vazio, pobre, triste,

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Rimas mal feitas, sem nenhum apego... É que eu pedi à Musa (Ela ainda existe?) Visão para mostrar a um pobre cego Os recantos mais belos da cidade Que amo tanto com força e intensidade... II Vejo agora, ao final desta empreitada, Que nulo foi todo o trabalho tido. As minhas rimas não valeram nada, Pois meu canto se faz incompreendido. Só tu, minha querida e doce Amada, Louva tais versos e eu, aborrecido, À incompreensão, à dúvida, ao marasmo, Vou perdendo de vez todo o entusiasmo. III Agora, quando chego neste ponto, O peito trago em lágrimas banhado... Mais um Artista, com o sonho pronto, Deixa meu coração desesperado, No redemoinho dessa vida, tonto. Gumercindo Duarte, apaixonado Por esta Terra diz adeus à vida, Para ir pintar outra Estação florida. IV Vai se encontrar com Hugo Benedetti, – Desta Terra, querido forasteiro! – Vai pintar outro céu, que se reflete Mais puro, mais sublime e alvissareiro. A lágrima no rosto, igual filete, Mostra inútil meu sonho de guerreiro, Por isso, minha amada, me perdoa, Pois me faltou talento para a Loa!

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V Mais uma vez peço perdão, Querida, Por não te dar, alvíssaras, um canto Dourado à nossa Terra estremecida. Se essa tristeza te provoca o pranto, É que talento se me falta à vida E inspiração me falta para tanto. – Entrego-te contrário ao que pediste Um poema vazio, pobre, triste... VI Piracicaba bem mereceria Um outro Poeta para tanta glória; Mas teu amor pensou que eu poderia Enaltecer três séculos de História! Ao fim desta Odisseia tão vazia Vê que foi ilusão tola e irrisória Pedir que contemplasse a luz dos astros Quem tem talento para andar de rastros! VII Oh! minha Musa, como me arrependo De tanto tempo ter-te a ti tomado... Oh! minha Musa, juro, não entendo. É que meu coração apaixonado Ao fim deste poema fica vendo Que deveria ter a voz calado; Este canto hoje chora de agonia E a Exortação tem forma de Elegia. VIII Corsários, vândalos e forasteiros, Aqui chegaram e tomaram conta... Intrépidos piratas bandoleiros,

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Desvirginaram e deixaram tonta Esta Noiva de modos tão faceiros, Que hoje, por qualquer coisa se amedronta... E com o coração chorando sangue, Sinto que minha força fica exangue... IX A espada do progresso foi cortando Todo o lirismo de uma fantasia, E o sertanejo aos poucos foi calando Dentro da noite a sua melodia. Na calada da noite vão errando Os cúmplices de tanta barbaria; Todos seguindo para o mesmo engodo Vendo a Esperança transformada em lodo. X E o nobre povo piracicabano Saberá distinguir com força pura, Co’o Poder do Padroeiro Paduano Quem nesta terra põe vergonha e usura. E não cometerá qualquer engano Que a mentira não vale uma perjura, E a verdade – do bem maior tesouro – Tem o seu peso transformado em ouro! XI O fumo do progresso o céu te cobre E nuvens negras mancham-te o horizonte... O céu azul colore-se de cobre E o largo espaço impede ver-se o monte Que a Noiva da Colina posa nobre. Onde jorrava cristalina fonte Corre hoje uma água pútrida, poluída, Que deixa o corpo cheio de ferida.

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XII É necessário que se cale a Lira Porque a tristeza sobre mim desaba. Povoa um mundo cheio de mentira Na outrora tão feliz Piracicaba. O Poeta os versos em teu Rio atira E parte em busca de inspirada taba, E ao ver o Rio sem a Piracema, Fica teu povo sem mais um poema. XIII As indústrias chegaram e trouxeram Junto ao progresso a tua morte lenta... Muitos políticos somente esperam Alguma ignóbil forma fraudulenta E te roubam... De tudo se apoderam De maneira nefasta, atroz, violenta. Alguns voltam com cara de safados E novamente a cargos são levados. XIV Caipiracicabanos! A Cidade Não pode mais viver em mãos estranhas... Não existe qualquer necessidade Que estrangeiros imponham-nos barganhas. Piracicaba toda é uma Unidade E não devem ferir nossas entranhas. Políticos oriundos de outras terras, Em seus quintais provoquem suas guerras. XV Que não haja o acre fruto de atro engano Que venha a envenenar nossas raízes. Somente um Nobre Piracicabano

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Ao povo não cometerá deslizes. De outras vezes tamanho foi o dano Que ainda estamos curando as cicatrizes... Se, temos Homens para Presidentes, Condenemos políticos dementes! XVI Oh! Minha Noiva virgem e caipira Arrastando inconsciente as letras erres, Teu doce olhar de pedras de safira Junto ao Mirante tristemente enterres... Quem sabe assim, oh, minha Noiva, a Lira Conduzas novamente e após, a aterres, Junto ao teu sonho cheio de verdade Que deve estar em tua virgindade! XVII O povo unido saberá que a luta Deverá ser travada com gigante, Pois a ignomínia, com a força bruta, Sempre de alguma forma acapachante, Com vontade e firmeza resoluta Sendo nefasta – pode ser brilhante, E engana, e fere, e insulta, e mata, e agride, E está de prontidão para o revide. XVIII Esta vergonha que nos “punge e mata” É desespero que não tem guarida; O progresso que tanto te maltrata Bem poderia ter outra saída... Oh! Minha Musa, a sorte foi-te ingrata, E pôs a morte onde existia a vida, Colocou desenganos na certeza Violando as Santas Leis da Natureza!

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XIX Mataram nossa linda Piracema Que era espetáculo de sons e luzes; Brilha como epitáfio neste Poema Uma carreira de incontáveis cruzes Com os peixes formando atroz diadema De morte sobre o Rio... (Tu me aduzes, Severa Musa, para um novo canto, Que eu encho o Rio de copioso pranto!) XX Curimbatás subiam em cardumes E deixavam o Rio alvo e prateado... Do Salto as águas vinham em volumes Ciclópicos batendo em tom pesado Nas pedras milenares de negrumes... Hoje está tudo morto e terminado: A Piracema que meu canto exorta, É uma lembrança dolorida e morta! XXI A água contaminada vinda do alto Envenenou do Rio toda a vida Que havia... Houve também o rude assalto Das hidroelétricas que sem medida, Tiraram o fulgor de nosso Salto E toda a vida ali ficou ferida; Ainda querem fazer novas represas E do Rio matar suas belezas... XXII O Mirante – postal de tantas glórias – Foi esquecido e marginais safados Fazem ali noitadas merencórias...

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Vagabundos, ladrões, desocupados, São personagens pútridos de histórias Feias, cheias de tons desesperados: – Assaltantes estão por toda parte E às leis sempre conseguem um descarte. XXIII No desespero das atrocidades O piracicabano triste chora... E n’alma sente as eternais saudades De um tempo que chegou... e foi-se embora... Preso, porém, nas invisíveis grades, O povo fica e espera que num’hora Volte o passado cheio de esperanças, Passado que hoje é todo de lembranças... XXIV O ficar como crença permanece, Como no ferro – as marcas da ferrugem. A Santo Antônio eleva-se uma prece Enquanto os insensatos, tolos, mugem... Piracicaba, o povo nunca esquece, Que os animais acovardados rugem Apenas quando o domador esperto, Por um acaso não está por perto. XXV Os pescadores que, antes, com as redes, Eram profissionais o ano inteiro; Guardam fotografias nas paredes E os barcos, guardam, tristes, no estaleiro... (Sonho, por que não voltas e concedes Um pouco de esperanças ao peixeiro Que o ano inteiro mantém-se na vigília Tentando sustentar sua família?

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XXVI Sonho, no desamparo, os pescadores, Estão vendendo as redes e as tarrafas... – Produtos químicos e poluidores – Oh! sonho, tão-somente desabafas...) Os pesqueiros exalam os bolores E os pescadores vivem às moafas; Porque sem peixes – cena que horroriza! – O nosso Rio, rápido, agoniza... XXVII Tangará! Tangará! Lembras os peixes Que trazias a bordo de teu bote Enquanto Cláudio em fieira urdia feixes? E pacientemente, em cada lote, Os turistas, com olhos de interesses, Entre os grandes buscavam um filhote De lambari, para o pequeno filho, Que encantado ficava com seu brilho! XXVIII Podia-se dizer que nosso povo Comia peixe fresco todo o dia... Mas se hoje, a essas lembranças me comovo, Ao ver o Rio em rápida agonia, É que o progresso – esse fantasma novo! – Somente com catástrofe associa, Porém bem sei que tudo é necessário, E o progresso – é o caminho do Calvário! XXIX Hoje, após ter sofrido tanto roubo, Eis que a cobiça trágica, nojenta, Impera novamente com arroubo

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Tentando agir de forma fraudulenta: Vestindo de carneiro a pele – o lobo Do progresso, com garra mais sangrenta, (E agora parecendo ser um Mago), Em nosso Rio quer causar estrago... XXX O Cantareira em épocas passadas, Já desviou o Rio de seu curso; Suas águas assim foram roubadas E à Capital se fez novo percurso. Aqui, nesta cidade, alucinadas Vozes (em vão!) fizeram seu discurso, Porém, nada adiantou tamanho apelo, E ao Rio só restou o pesadelo... XXXI Já nem importa tanto o podre esgoto Que é despejado ao longo de seu leito... A água podre assemelha-se ao vinhoto E a gente sente consternado preito De uma saudade revivida em foto Quando o Rio corria ao vento afeito, E sem motivo de tristeza ou mágoas Contemplávamos rindo, as suas águas... XXXII O perigo é constante e persistente... O nosso povo ao ver tão negra loba, Conseguiu dar um basta a este repente Nefasto batizado de Carioba... A água pura da fonte reluzente, Dada por Deus, de graça, não se rouba, Não podemos assim deixar, portanto, Que novamente usurpem nosso encanto!

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XXXIII A raça dos paulistas que nos doma, Nos faça ser guerreiros nesse instante. O nosso Rio que já beira a coma, (Na estiagem vive triste, agonizante), Deve ser preservado, pois assoma, – Qual fanfarra feroz e fervilhante, – Em nosso peito a chama do Paulista Que não mede tormentos à conquista! XXXIV Mas para que tal dano não se faça Tomemos nós, resoluções exatas: Para mostrar que tudo é só trapaça Desejos tais – vençamos, sim, a patas. Contudo se ainda houver a negra ameaça, Em resolutos homens de gravatas, Vamos trazê-los nós, a nossa Aldeia, E, colocá-los todos – na cadeia! XXXV Se o canto hoje tem ecos de elegia, E sobe em laivos fúnebres nos ares, É que o Piracicaba, em agonia, Fez de luto ficar todos os lares. Já não tem mais encantos a Poesia, Nem arroubos de luz para cantares. Porém, há um miserere triste e pálido, Ao ver o Rio desvalido e esquálido. XXXVI A razão para vê-lo novamente Exuberante, magistral e forte, Está no coração de sua gente.

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Se o Rio já não tem o antigo porte E apodrece de forma contundente, Antecedendo sua própria morte, Necessário se faz ter força física Para vencer sua doença tísica. XXXVII A Água é razão para existir a Vida, E é um presente de Deus cheio de graça, Não se pode deixá-la assim poluída Na podridão funérea feito ameaça. Se na sua ganância corrompida O homem se mostra uma nojenta traça, Necessário, com gestos e atitudes, Cobrir nossos defeitos com virtudes. XXXVIII O futuro já faz sua cobrança, E ele é nosso presente e já nos cobra. A ganância urde trágica vingança E um só sonho dourado hoje nos sobra. Se ao fim de tudo luz verde esperança, Será engolida por dantesca cobra, Que horrível, sibilante, atra, nefasta, Para o lodo a cobiça em transe arrasta. XXXIX Helly de Campos Melges, da Poesia Nosso primeiro Príncipe, quem dera, Que a Esperança florisse em melodia Nos canteiros de eterna primavera. Que a Era Atômica fosse fantasia E tudo não passasse de quimera, Porém, que o amor brotasse d’uma greta Tal como um pé de milho, na sarjeta...

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XL Mas esse sonho é vão, Príncipe altivo, Tu que das Musas foste o consagrado, E o coração deixaste a elas cativo, Hoje também tu vês, desesperado, Que este mesmo rincão onde ora vivo Está por estrangeiros dominado. A Noiva vai perdendo o ledo encanto Enquanto borra o rosto com seu pranto. XLI O cetro foi passado a Lino Vitti, Mas da Poesia tem valor o Cetro? A Noiva sem encantos de Afrodite Mostra seus sonhos de pavor e espectro... Embora na esperança se acredite Nas cordas quem fará soar o plectro? Se vós das Musas tão amigos éreis, Por que dos sonhos somos nós estéreis? XLII A principesca voz rebusca em ouro As ordens são estrofes e são poemas, As nossas Leis seriam um tesouro Se engastadas nas auras dos diademas... Ah, Príncipe, tal sonho apenas douro, E à Noiva não oferto azúleas gemas. Se apenas sou plebeu, se nada tenho, Quais verbos usarei em tal engenho? XLIII A força de vontade é-me infinita Porém, à minha voz, existem travas. Se a forte fala no amplo espaço grita,

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Palavras duras fazem-nas escravas. Esta Piracicaba necessita O cantochão das mais ardentes lavas, Que repita no estrídulo de um eco As verdades que em versos, ora impreco. XLIV O desespero atroz que nos invade É denso pranto que meus olhos tinge. A mordaça na boca é uma verdade Prendendo o canto dentro do laringe. Tal enigma é o fantasma da maldade, E prende-me nas garras de ígnea Esfinge. Se minha própria angústia é sem aurora, Uma estátua de pedra me devora! XLV Também o Hotel Central hoje é saudade Porque pelo progresso foi destruído. Enorme arranha-céu su’área invade E todo o seu passado colorido Só dentro da memória é realidade. E nosso coração segue ferido Vivendo de emboscada em emboscada Feitas na sordidez da madrugada. XLVI Tantos e tantos outros Patrimônios Sofrem a ação nefasta do progresso, Que usando as garras fortes dos demônios Granjeia vezes mais, maior sucesso. Lutando com ferinos pandemônios Nada podemos que haja retrocesso: Tais monumentos co’o correr dos dias, Serão lembrados por fotografias.

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XLVII Monte Alegre despenca-se em destroços, Aos poucos sua história é sepultada, Apodrecendo a céu aberto os ossos De nossa tradição tão ultrajada. Tantos legados – patrimônios nossos, Mostram a História toda profanada. É o progresso que em fórmula traiçoeira, Os três séculos faz ficar na poeira! XLVIII O canto sem arroubos de epopeia Torna-se frio, insípido, inodoro. Uma abelha não cria uma colmeia, Nem encho o Rio com meu denso choro. É desesperadora tal ideia Mas ela vem com resplendores d’ouro. E mesmo sendo falso o ouro é cobiça Que a olhos incrédulos fulgura e atiça. XLIX É muito curta para ser eterna Nossa passagem pela etérea vida. Somos luzes apenas da lanterna A iluminar uma ilusão perdida. Se não vivermos numa paz fraterna Estaremos num beco sem saída, E quando Deus pedir nossa presença, Como ganhar os Céus por recompensa? L Se a luta não for feita nesse instante Que nós temos a força e a juventude, Se a verdade não for levada adiante

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Com toda a sua excelsa magnitude, Amanhã, no momento agonizante, Veremos que o futuro ainda é mais rude, E os nossos filhos que hoje são crianças, Na vida não terão mais esperanças! LI Piracicaba que adoramos tanto! Nossa querida e amada Vila Nova Da Constituição! Um simples canto Não serve como luta ardente ou prova Para tanta afeição e eterno encanto! Porém, tento narrar a minha trova, Num canto Universal, no eterno plano, Que sou Caipira piracicabano! LII Haverá de nascer outro Poeta Que bateie seus versos no garimpo, E escreva de maneira ampla e correta O que mal consegui passar a limpo. Quando um dia surgir esse Profeta, Será muito maior que Zeus, no Olimpo, E ele, com outros versos idolatre-A, Se ela de fato for a sua Pátria! LIII Caipiracicabanos! Co’esta alcunha Nós somos, no Brasil, reconhecidos! Mas este nome o nosso peito empunha Que é o mais belo de nossos apelidos. Quem nos visita tem a testemunha De nossos sons nos mais geniais ruídos: “Sarta, sordado! que de trais vem porva! Quem não tá trabaiando não estorva!

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LIV “Se um pintassirvo canta no calípio, Se um pacapim pissuído é bão negácia, Se o Arco, Tarco, Verva é um bão princípio Para quem tenta ouvir nossa falácia, Só quem visita nosso Município Entende esse dialeto co’eficácia, Senão é bem mió sartar de banda, Que vai havê forfé e sarabanda! LV “Si vô i, si num vô, qualé o pobrema? Aqui eu fico nem que a vaca tussa. Caipira tamém rima seu poema Memo qui a situação esteja russa. Eta vidinha boa, paz suprema, Tamém quarqué cochicho a gente ismiuça, Despois eu sarto fora, tomo o carro, Porém, si fô a pé amasso os barro! LVI “Como o defunto di meu vô dizia Eu pico a mula quando o cardo engrossa. A cáxara de fosfro é que alumia Ásara de barata num é grossa, O bícoro de pato nunca pia, Eu acredito na torcida nossa! Grito “xis vê” i ronco puro papo, Engulo bala mai num como sapo! LVII “Vá vê si já vortei de lá da esquina, Subo pra cima, e após desço pra baixo, Saio lá fora atrás daquela mina,

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Vô dá banho em minhoca no riacho, Um cardo de guarapa não combina Desconfusou a confusão eu acho, Mas se ficar falando contundente, Vai subir a Moraes de pé pa frente!...” LVIII Sou piracicabano! Amo esta Terra No ardor maior que pode ser amada! Defendo-a e chego provocando guerra Tão-somente ao pensar vê-la ultrajada! Meu coração tamanho amor encerra Que, se preciso for tomo da espada, E, incontrolado saio em cego encalço, A quem a vê de um modo impuro e falso. LIX Diz a velha cantiga sertaneja Que o velho Rio vai jogar su’água Fora... Mas isso é tudo o que deseja Todo o estrangeiro de uma raça bágua. Contudo Lourival somente enseja, Que cesse para sempre a tua mágoa, Que tu’água de fonte cristalina Jorre por toda a Noiva da Colina! LX Se para defendê-la apenas tenho Armas feitas de métricas e versos, Co’a força do emboaba me mantenho E meus membros, no Rio, trago imersos. Porque do exuberante Salto venho E fito com o olhar lados diversos, Sou Paiaguá, na espreita sempre fico, E, belezas tamanhas glorifico!

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LXI Tivesse eu o talento da pintura E quantas telas magistrais faria Para gravar em cores de ternura Que não consigo por nesta Poesia. Se a Palavra não fosse assim tão dura, Se a soubesse moldá-la em melodia... Mas qual... me perco em toda e em qualquer parte, Procurando encontrar num verso, a Arte. LXII Adâmoli, Archimedes, Sêga, Olavo, Faustino, Costa, João, Mário, Renato... Das cores no pincel não sou escravo, Nem consigo retê-las num retrato. As minhas rimas em teu Rio lavo Para tentar achar um artefato, Uma beleza só em tantos versos, Mas sonhos tais nas águas, deixo imersos... LXIII Talvez não valha esforço e tanto tempo E pelo espaço tudo vá perdido. Mas todas as estrofes eu as empo Para deixar tal sonho colorido. Afazeres, porém, e o contratempo, E o sonho há de ficar triste e esquecido. De tantas amarguras não me livro: Quem há de ler meus versos em um livro? LXIV Talvez um tempo chegue no futuro Que a Poesia será ressuscitada, E o Homem volte a ter um sonho puro

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Nos passos encantados da alvorada. E os versos já sem luz, num canto escuro, Ecoem numa sala iluminada... Esse é o sonho dourado do Poeta, Sua ambição talvez maior, secreta... LXV Esta Piracicaba de beleza Infinita é também culta e inspirada. Privilegiada pela natureza É uma cidade esplêndida, dourada. Nossa população admira e preza A Arte que dorme pura e que é encontrada Na mina onde de forma coruscante, Encontra-se translúcido – o diamante! LXXVI E surge a nova Escola de pintores, Para que possa em luz, ser retratada, Nossa Cidade em mágicos fulgores... Cada um em sua busca apaixonada Retrate o Salto com as novas cores, Que uma aquarela pura e iluminada, Busque outros ângulos maravilhosos, – Esplêndidos recantos luminosos... LXVII Que se consiga com um traço forte Mostrar toda a paixão da Beira-rio; E a paisagem, num mágico transporte, Faça que a alma em sublime murmurio, Numa contemplação, feliz, se exorte! Que exista sempre um louco em desvario Pintando sonhos plenos de esperança, – Um mundo em cores onde a paz balança!

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LXVIII Que vibre sempre a pura realidade Que mil flores coloca nas estradas E todos amem mais esta cidade Com novas cores, novas alvoradas... Que haja o talento com fecundidade Para reproduzir novas fachadas, Novas paisagens plenas de texturas, Mostrando o Homem do campo em mil gravuras! LXIX Que os Artistas nos mostrem mais paisagens Conseguindo um trabalho sempre novo... E que surjam vibrantes personagens Para contaminar a alma do povo. Que novos Dutras busquem mais miragens Porque, Piracicaba, assim comprovo Que és o berço nativo dos Artistas, Ávidos de vitórias e conquistas! LXX Que Wagner – co’a palheta de mil cores – Consiga vê-la cada vez mais bela! – Te retrate de formas multicores Cada vez que te pinte numa tela; Porque, Piracicaba, quando fores, Retratada co’as tintas da aquarela, Necessárias serão molduras d’ouro Para conter tão cálido tesouro! LXXI Que Pacheco – alquimista das paisagens – Na loucura dos gênios e da tinta, Sempre reinvente colossais roupagens

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Para inspirar su’alma enquanto pinta... Que à Bretanha retorne em mil viagens Mas que Piracicaba não consinta Que ele encontre, num sonho mais profundo, Um outro amor para viver seu mundo! LXXII Que ele, em seu lindo mundo centenário Tenha su’alma em cores refletida, Para dar luz ao nosso itinerário E assim iluminar a nossa vida. Que o futuro se mostra temerário Aos passos de uma Noiva tão sofrida, Que se vê dia a dia conspurcada, No Altar da Natureza desprezada LXXIII Que Martho – nunca mais se faça ausente E te retrate sempre com carinho, E que todos os dias, de presente, Eternize um recanto ribeirinho! Que n’alma, o coração sempre fremente, Jorre de amor por todo o seu caminho, E que ele continue com suas cores Te elegendo a Cidade dos amores! LXXIV Que Gobeth com as cores da aquarela Diluídas nas águas de teu Rio, Sempre consiga te pintar mais bela Mostrando o belo Salto, o casario, Nossa Rua do Porto – tão singela, Na paisagem que causa calafrio. E Alzira, com a força do talento, De cada ângulo – crie um monumento!

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LXXV Que Marilu consiga com a cana Mostrar num sonho a mágica quimera, E te mostre de forma soberana Os floridos festões da primavera, E co’a força caipiracicabana Coloque esta cidade na alta Esfera Para mostrar su’Arte em fortes traços, Ou usando da cana, os seus bagaços! LXVI Que Natal em aguadas te colora Co’a sensibilidade à flor da vida, E a luz na tela brilhe como a aurora Numa carícia multicolorida, Para mostrar-te o quanto ele te adora. Que o sonho seja a forma mais querida, E o traço seja firme, agudo, puro, Para todos os dias do futuro. LXXVII Que Cavallari em barro, em bronze, em gesso, Seja o escultor de nossos grandes vultos, E Alfredo em esculturas teça o apreço Na meiguice dos sonhos mais ocultos. Que Dalton tenha a luz como adereço Para brilhar em singulares cultos, Com Alaídes, a Noiva bem merece Estatuários que a moldem numa prece! LXXVIII Que Arayr solde o ferro incandescente Mas com carícia as suas formas cruas Possam mostrar um brilho diferente

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Na alegoria das estátuas nuas. Que a rigidez afague a alma da gente E que o reflexo se transforme em luas Para trazer fulgores mais risonhos A fim de acalentar os nossos sonhos! LXXIX Que Evani busque em sua fantasia Os sonhos pelos quais também me inspiro, E na busca da luz pela alquimia, Em ouro brilhem telas de Palmiro. Pois tudo se transforma em melodia No sonho de Cristina e de Ramiro, Que a Arte de Suzete, de Carmela, E Nascimento, brilhem como estrela! LXXX Que Moretti na luminosidade E Rosana nos sonhos de ternura, Ermelindo distante da cidade Consigam traduzir nossa cultura. E Clemência na luz da intensidade Esparja o seu amor em semeadura, Que Arakén deixe tudo luzidio Quando em paz for pintar o nosso Rio!... LXXXI Que Morellato e Herê com um sorriso Junto aos Salvegos viva na Vanguarda, Se no acadêmico reluz Tarciso, Qual outro Sonho que noss’alma aguarda? Piracicaba como um Paraíso No seio, com carinhos, tudo guarda, Denise, pura luz! Fulge Cristina, Zílio põe luz na Noiva da Colina!

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LXXXII Que na busca do sonho e da pesquisa, Na mistura das cores e com elas, Faça explodir encantos a Luísa, E os canaviais – miríades de estrelas, Aos nossos corações tragam a brisa. E assim, ao contemplar cenas tão belas, Também Nancy nas suas telas ponha Belos enredos que noss’alma sonha! LXXXIII Que Marcelo na faina que o domina Ajoelhado te pinte em tom de prece, E mostre sempre a Noiva da Colina Que o mundo inteiro em êxtase conhece. Pois és, Piracicaba, tão divina, Que é natural que tanto amor te expresse Num incontável número de telas Na Imponência Caipira das mais belas. LXXXIV Que Schreiber – ourives da pintura – Descubra os teus recônditos segredos, Virgínia te amalgame em glória pura Colorindo recantos largos, ledos... E Guida e Hermínia, à geração futura Também possam mostrar os teus enredos, Junto com Adalgiza nesse encanto, Cada tela rebrilhe com encanto! LXXXV Que Klaus com esplendor faça aquarelas E nelas ponha a luz com muitas cores, Sônia em paisagens puras e singelas

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Retrate em luz os nossos esplendores. Que Waldlerez, Peron, Cássio em mil telas Encantem nossos mundos sonhadores, Porque na arquitetura dos matizes, As nossas almas ficam mais felizes! LXXXVI Que Araújo preso em todo o seu talento Mostre Piracicaba exuberante; Retrate o Rio que vagueia lento Ou o apogeu do Salto ebricitante. Gracia revele em luz um monumento, Cecília Gallo mais te seja amante, Eloísa e Vera em sonhos inspirados, Mostrem nossos recantos encantados! LXXXVII Que Tuco Amalfi imerso em fantasia Crie mundos de sonhos e quimeras, E suas telas brilhem como o dia Que retrata as mais belas primaveras. E Galdi teça enorme alegoria Transformada em recônditas Esferas; Com Chico Coelho os sonhos mais alados, Deixem os corações apaixonados! LXXXVIII Que em luz Cecília Neves, na magia, Eternize com brilhos teus recantos, E cada tela seja uma poesia Rimada com a tinta dos encantos. Pois, és Musa que inspira, dia a dia, Com dengos, faceirices e quebrantos, E as telas dessa Artista consagrada, Faça com que ela mais seja inspirada!

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LXXXIX Que Eduardo Grosso, além de cartunista, Te mostre em multicoloridas telas E Beatriz com talento impressionista, Em mil paisagens fulgurantes, belas. Martini estampe sempre a nossa vista Tanta beleza em puras aquarelas; Também com seus pincéis cheios de luzes, Oh! mostre-nos Gilmar o que produzes! XC Que Miguel Sanches vibre em fantasia Misturando nas telas teus recantos, Paulo Bhai pinte mágica poesia Para ser declamada em muitos cantos. Que Manoel Cruz co’o aço que inebria Exerça com primor os seus encantos, E Kussonoki mostre o seu talento Dando mais vida nesse movimento. XCI Que Caputo em paisagens italianas Mostre todo o fulgor de suas cores. E a elas misture o denso mar de canas Junto ao Adriático de mil amores. Pois suas telas vibram soberanas Como um buquê de perfumadas flores. É um puro sentimento de conquistas Que Caputo oferece às nossas vistas. XCII Que o mágico Nardin, com a madeira, Su’arte exerça cheio de ternura, Ao usar nossa flora brasileira

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Piracicaba em brilhos mais fulgura. Que Monsenhor Nardin, na verdadeira E mais sublime Fé, com a alma pura, Também cintile em luz em nossa Terra, Que mil carinhos com fulgor encerra! XCIII Que Craveiro e Cravinho, ao som da viola, Cantem Piracicaba sertaneja, Nesse som nossa vida se consola E tal acorde nosso peito beija. Que Janu, na magia que extrapola, E Júlia na canção que o sonho harpeja, Com Falando da Vida teçam cantos, Para d’alma mostrar régios encantos. XCIV Que César e Paulinho, seguidores Dessa Raiz que tanto a gente admira, Também cantem em fortes esplendores Todos os versos da canção Caipira, Que a Noiva da Colina a seus cantores Não nega inspiração à terna Lira; Assim que Douglas, com intensidade, Faz com Nhô Serra, o Riacho da Saudade. XCV Que Chico Mello escreva com magia Em sonetos geniais, exuberantes, Fatos de sua Escola Agronomia Reconhecida em todos os quadrantes. Que Benedicto e Carlos, na Poesia, Os nossos corações deixem amantes! Pois com Buda e Fernando a alma se irmana Cantando a glória piracicabana!

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XCVI Que Maria Cecília Bonachella Mostre o mundo através de muitas fases, Cármen seja piloto em sentinela Sílvia rime oliveiras com lilases. Que Villalba – na fúria da procela, – Mostre-nos versos líricos e audazes, Leda colete trovas coloridas, Lídia e Marisa, enfeitem nossas vidas! XCVII Que Carla Ceres junte mais gravetos E em poemas nos mostre a realidade, Que decomponha líricos sonetos E livres, fiquem eles numa grade, Onde o encanto fulgura em amuletos Brilhando com soberba claridade. E que algo além dos livros sempre exista Para mais inspirar tão nobre Artista! XCVIII Que Shirley em fragmentos coloridos Teça o asfalto das horas com imagens, Fusatto crie em sonhos incendidos, Panoramas de exóticas miragens. Que André e Cecília Fessel em sentidos, Façam brotar mil rimas nas ramagens; Newman e Ivana têm paixões amantes, Olívio narra fatos delirantes! XCIX Que Irineu no segredo da Palavra Labirintos intrínsecos desvenda, E imerso em sonhos o seu mundo lavra

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Com flores que precisam de legenda. Ivani com magia que escalavra Pirilampiza versos como renda, Romano e Faganello em doce prece, Ludovico nos contos enternece! C Que todos os teus sábios escritores: Romancistas, Poetas e Cronistas, Façam declarações lindas de amores Porque Piracicaba tem Artistas, Que nos jardins rebentam como flores : Dorizotto ilumina nossas vistas, Galdino, Buck, Alvin, Cera e Caetano, São glórias deste povo interiorano! CI Que Lino Vitti mestre da Poesia E Príncipe das Musas, inspirado, Em sonetos coloque melodia Para o sonho ficar apaixonado. Em belas rimas teça a fantasia Salpicando de luzes seu reinado. Que aos súditos um Príncipe merece Mostrar que em versos faz a sua prece! CII Que Spaviere, Pauléo, Diehl e Marcelo, Cozzo, Justino e Jorge, na poesia, Toledo, Nélson, Thiago em sonho belo, Cantarelli e Celita, na magia, Mônica e Bething num olhar singelo Gravem nossa cidade dia a dia. Nadir, Negri, Turim e Coradini, Em cada foto em brilhos te ilumine.

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CIII Que Antonio Lima em cada miniatura Eternize recantos aprazíveis, Desta Piracicaba que fulgura E traz inspiração aos mais sensíveis. Que tudo brilhe na paixão mais pura E o amor transborde o Rio em vários níveis, Para que o artista em sonhos mais felizes Mostre a pujança em todos os matizes. CIV Que Nhô Chico, Siqueira, Abel, Gaiola, Na carreira do verso improvisado, E Juca traga o samba como estola Para quem tem o peito apaixonado. Se a Palavra cantada nos consola O canto torna lírico e sagrado, Que Giusti e Dirce em sinfonias, belas, Salpiquem nosso céu com mais estrelas. CV Que Cobrinha, em fantásticas serestas, Ao som de seu violão apaixonado, Continue a alegrar milhões de festas, Tendo mil seresteiros a seu lado. E Carmelina conte todas estas, Histórias rendilhadas de dourado, Para glorificar de forma clara, Esta Cidade preciosa e rara. CVI Que o Nhô Quim volte a ser o soberano No futebol mostrando a sua raça. E seja orgulho piracicabano

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Para no estádio cintilar a massa Da torcida que clama em grito ufano. Como em quarenta e nove, quando a taça, Coube ao XV na glória e na conquista E foi do Interior, Campeão Paulista! CVII Que os Artistas de um tempo ainda vindouro Continuem a saga dessa história, Para que as Artes sejam um tesouro A engrandecer de luz a nossa glória Filigranada num puríssimo ouro, E tais recantos fiquem na memória Assim Piracicaba retratada, Será uma Sapucaia iluminada. CVIII Que apareça um Poeta mais brilhante Para te consagrar n’outro Poema Porém, tenha talento mais vibrante E a inspiração lhe seja mais suprema. Porém, como eu, que seja tão amante Para exaltar-te na paixão extrema, Que eu, minha Noiva, te adorando tanto, Só consigo fazer-te um pobre canto! CIX Que esse novo Camões há de louvar-te Na perfeição mais justa que mereces. Serão seus versos filigranas d’Arte Iluminados de sinceras preces. Tal Portento há de ser um estandarte Brilhando com fulgor nas puras messes Pois a Pátria de Antônio é uma Poesia Para ser declamada dia a dia!

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CX Que todos os Poetas, com seus versos, Escritos com a tinta da neblina Consigam nos poemas mais diversos Atingir a amplitude da ocarina; E semeiem aos largos Universos A grandeza da Noiva da Colina, – Noiva que é linda, pura e imaculada, E muito mais querida e mais amada! CXI Que nossos estudiosos cientistas Com suas mentes cheias de tesouro, Consigam a poção dos alquimistas Que transforma o que é vil, em líquido ouro... E o trabalho de todos os artistas Possa vibrar num tempo ainda vindouro, Para que, alçando do sucesso os planos, Eternizem os Piracicabanos! CXII Que surjam novos Mestres nas Escolas Do valor de Demósthenes – o sábio! Que novos professores sejam molas Mostrando Deus no disco do astrolábio! Que novas mentes saiam das gaiolas Para enfrentar o mundo sem ressábio. Que o aprendizado abra as perpétuas grades De nossas mais vibrantes Faculdades! CXXIII Que os Mestres mostrem lúcida sapiência E toda uma genial sabedoria! E que sejam as vozes da experiência

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Aos alunos, num sonho de Poesia! Que nos tragam um mundo de consciência E cantem um Brasil com alegria! Que em gestos largos, puros e vibrantes, Ensinem mil histórias contagiantes! CXIV Que a Esalq e o Cena, mostrem para o mundo, As técnicas em novas descobertas. Que o Cientista, no sonho mais profundo, Para o Saber as portas tenha abertas. E ao estudo do Encanto mais fecundo Brilhe nas glórias das estradas certas. E o mundo do Cientista aqui se esforce: – Com Neder, Bergamin, Crócomo e Accorsi! CXV Que em festas e esperanças, teu futuro, Seja um futuro prodigioso e certo; Que saias deste lamaçal impuro E que progridas sempre a céu aberto; Que nunca teu progresso seja escuro E que jamais o bandoleiro esperto Queira somente te tirar proveito Que és Noiva e às Noivas deve-se respeito! CXVI Que haja a paz e a ternura em muitos sonhos, E que as famílias sejam abençoadas, Que os dias de labor sejam risonhos E haja o descanso junto às madrugadas, Que os caminhos jamais sejam medonhos Para as almas que são apaixonadas, Que o amor rebrilhe em todas as esferas Dentro das mais floridas primaveras!

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CXVII Que as crianças não percam nunca a infância, (Quadra dourada de prazer infindo!) As amizades sejam de constância E que o sorriso seja sempre lindo. Porque o amor é a mágica fragrância Que deixa os corações sempre sorrindo, E os rumos sejam puros, ledos, ternos, E as vozes soprem cânticos eternos! CXVIII Que não vivam largadas pelas praças Tristes, sem lar, sem pais, abandonadas, Mostrando com palavras, ou ameaças, Que podem ser violentas – se intimadas; Mas devem ter sorrisos e ter graças, Com mil carinhos devem ser tratadas. Para que no futuro essas crianças Possam, da Vida, ter as esperanças. CXIX Que as amizades sejam doces, puras, Inspiradas por Deus a todo o instante, As mãos para ajudar, sempre seguras, Façam que a gente siga mais confiante, Que as vidas sejam plenas de aventuras E o sonho não resida tão distante, Que tudo com as cores dos delírios, Dê vida ao charco reflorir em lírios! CXX Que a Virtude entre nós faça morada, Porém, que nunca falte aqui trabalho; Que a juventude enfim, cresça amparada,

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Tendo carinho e amor – por agasalho! Que não exista a lâmina afiada Que às esperanças venha por um talho, Que a irial canção do Bem em serenata, Seja tocada em címbalos de prata! CXXI Que nossa sorridente juventude Possa servir à Pátria que lh’a chama, E que saiba mostrar sua virtude Com honradez – tendo do amor a chama, Que é verdadeira e que jamais ilude E nem provoca desconfiança ou drama; E sejam alicerces tais ensinos Para fazer florir tantos destinos. CXXII Que o sonho seja viva realidade Para o trabalhador que na peleja Procura laivos de prosperidade, Na ternura que o mundo todo almeja; Aqui viva com pura intensidade; Em cada coração onde lampeja Num sorriso – a amizade ampla e sincera, Clara e esplendente como a Primavera! CXXIII Que nossos velhos sejam bem tratados, Porque já contribuíram co’a parcela Quando um dia atenderam aos chamados Para deixar nossa Cidade bela. Que vivam dignamente aposentados Contemplando a mais linda e pura tela Que Deus aqui plantou, quando num dia, Inspirado, sonhava com poesia.

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CXXIV Que nosso povo viva honestamente, Com o digno suor de seu trabalho. Que jamais falte à mesa um prato quente Muito menos, no inverno, um agasalho! Que a alegria jamais se faça ausente E que o sonho floresça em cada galho, Numa Esperança multicolorida Na frondosa Árvore chamada Vida! CXXV Que os cidadãos caipiracicabanos Sejam elos unidos da corrente, Para que todos os formosos planos, Sempre floridos sigam mais à frente; Que não haja traições e nem enganos E a realidade surja ampla e fremente, E tudo vibre com sinceridade Para mais progredir nossa Cidade! CXXVI Que também nossos nobres Vereadores, Eleitos pelos votos da confiança, Defendam-na com gana e com fervores Para jamais morrer nossa esperança. Se a distinguimos entre tantas flores, É que temos os olhos da criança Que encontra nos seus sonhos – agasalho, E um brilhante na pérola de orvalho! CXXVII Que a força do Poder Executivo Comandado por homens experientes, Busque sempre encontrar um bom motivo

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Para deixar os nossos sonhos crentes. E cada coração bata cativo Desta Noiva de gestos tão frementes, Que brilha, fulge, e em glórias se ilumina, Conhecida por Noiva da Colina! CXXVIII Que os homens do Poder Judiciário Façam que nossas Leis sejam honradas, E que seja severo o itinerário Quando as Palavras forem empenhadas. E tudo seja um sonho extraordinário: Os Três Poderes juntos, de mãos dadas, Devem sempre seguir firmes, seguros, Para exultar nos dias nascituros! CXXIX Que à vontade de vê-la assim brilhante Unida, forte, esplêndida, altaneira, Para o porvir marchando confiante, E sendo referência brasileira, Esteja em cada coração pulsante, Que dentro d’alma a tem como bandeira, E a trate com ternura, amor e afeto, Por ter, abençoado, aqui – seu teto! CXXX Que ao largo e sempre mais cresça a cidade, E a força exista para mais uni-la Na pura rima da felicidade... E que a população viva tranquila E tudo exista com fertilidade; E que todos aprendam na apostila Que o sonho pode ser real na vida, Para quem segue uma estação florida.

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CXXXI Que a religião do Bem as almas una E os corações, na paz de Deus floresçam; Que o bom trabalhador faça fortuna E que seus filhos sorridentes cresçam! Que a vizinhança em festa se reúna E trocas de carinhos aconteçam, Que as festas sejam sempre, com vigília, Um encontro de Deus junto à Família! CXXXII Que os Industriais Distritos, onde a força Das fábricas tem nome de Progresso, Urda, bateie, dobe e se retorça, Para o trabalho sempre ter um preço; Que os patrões fiquem fortes como a morsa E o carinho entre todos seja espesso, Porque assim sendo, os bravos operários, Sempre terão melhoras de salários! CXXXIII Que Cristo venha aqui fazer morada Não tão-somente na Semana Santa, Quando de forma pura e idolatrada Sua Paixão transforma-se na manta Deixando nossa Fé mais sublimada. E se a Paixão de Cristo nos encanta Num espetáculo de muitas luzes, Que nosso amor não necessite cruzes. CXXXIV Que a Via-Sacra no teatro brilha Mostrando de Jesus a Sua glória! Se o Guarantã nesse caminho trilha

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E mil atores vivem tal história Que às almas traz sublime maravilha, Passando a ter o Mestre na memória, Vamos mostrar num sonho iluminado, A apoteose de um Deus ressuscitado! CXXXV Que dos Prazeres, a Senhora Nossa, Esqueça, de Barbosa, os seus deslizes, Pois já tem seu Santuário que alvoroça Fiéis que buscam fim às suas crises. Que a sublime oração ardente possa Deixar nossas famílias mais felizes, Se, na Santa Família, acreditamos, O amor irá florir em belos ramos! CXXXVI Que nosso Padroeiro Paduano Trame em fé, amor e bem-aventurança, O coração caipiracicabano Num sonho colorido de criança, Que enxerga o mundo belo, soberano, Com sorrisos nos lábios da esperança. E o porvir seja em êxtase alcançado Para quem da cidade é apaixonado. CXXXVII Que todos nós, chamados de Caipiras, Saibamos construir, na fé mais pura, Canções de amor aos sons de etéreas liras, Em rimas coloridas de ventura. Se tu, Musa, ainda em êxtase me inspiras, Desse amor vou fazer a semeadura, Para que nos jardins rebentem flores Co’os sorrisos mais ternos dos amores.

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CXXXVIII Que nossa linda festa do Divino Tenha a congada lírica que inspira; E o tambu mostre em sons nosso destino Junto ao Piracicaba que suspira. E a Catedral badale em som seu sino Sempre que arder no coração a pira Deste amor que é maior a cada dia, Que faz mudar os sonhos em poesia. CXXXIX Que a viola caipira em seus arpejos Na cadência dos ritmos inebriantes, Crie sons estalados como beijos Nas voluptuosas bocas dos amantes Que ensandecidos mostram seus desejos E tem sonhos divinos, delirantes. Que Milo enquanto a viola soa e chora, Traga prelúdios no romper da aurora. CXL Que não exista aqui maldade ou pejo, Mas no Poema da Fraternidade Vibrem somente as rimas do desejo Que traz aos corações felicidade. Que em nossas faces venha dar um beijo O Rio deste chão – que é a majestade. Que junto ao Salto tem o seu castelo, E faz este recanto ser mais belo. CXLI Que os alunos aprendam nas Escolas A canção da Verdade e da Justiça, Que os Professores sejam mestras molas,

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Porque é em canteiros que a Esperança viça! (Oh! Musa! Se em mais versos extrapolas, E deixas a minh’alma a ti submissa; Necessário se faz que ora eu me acoite Porque são horas tardas já da noite!) CXLII Que a nossa linda Noiva da Colina Adorada por tantos pretendentes, Jamais perca seus ares de menina E a calma de seus líricos poentes!... Que seja sempre a mais preciosa mina Para que garimpeiros experientes Bateiem co’o Trabalho o seu tesouro, Porque o Trabalho vale mais do que o ouro. CXLIII Que a mola propulsora da Virtude Sempre esteja presente em nossa taba, E que perca jamais a juventude Nossa cidade de Piracicaba! Se em alguns versos tanjo um tanto rude, É que tenho um espírito emboaba, Querendo achar somente a rara pedra Que tão dificilmente em minas medra. CXLIV Que a paz exista em todos os sentidos, E a guerra – podre peste pegajosa! – Morra em vales profundos e esquecidos, E a vida exsurja bela, cor-de-rosa, Pelos caminhos multicoloridos Para vibrar a paz miraculosa. Pois na guerra há furor, ranger de dentes, E tão-somente morrem inocentes.

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CXLV Que vibre a Paz e possa o nosso Povo Contribuir de maneira decisiva Para a Vida encontrar a Paz de novo, E em nossos corações, seja cativa, Porque a Paz (e somente a Paz eu louvo!) Como bandeira branca e sempre viva Haverá de mostrar em sua Lira, Que sempre está no coração caipira! CXLVI Que nosso Rio seja bem tratado Para ser uma fonte de água pura. E a Piracema deixe-o iluminado Para a Vida sorrir e ser segura. Que seu povo sincero, honesto e honrado, Sempre faça do amor – a semeadura, Para colher, com toda a suavidade, As perfumadas flores da Amizade! CXLVII Que o Rio volte a ter todo o colosso Que a Barbosa feriu sua retina. E, nunca seja, nunca, um fúnebre osso Mostrando a morbideza que alucina. Se Brasílio repito o quanto posso “Sacode os ombros, Noiva da Colina!” É que me causa desespero e drama Ver sobre o Rio – a poluição e a lama! CXLVIII E que o Grande Arquiteto do Universo Olhe com Esplendor nossa Oficina, E cada Irmão de amor co’o peito imerso,

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Tenha a Sabedoria que ilumina, Teça Força e a Beleza como um verso Justo e perfeito à Noiva da Colina, Que nosso Augusto e Imensurável Templo, Tenha a Fraternidade como exemplo! CXLIX Piracicaba cada vez mais bela Há de rasgar a fímbria do horizonte, Neste Brasil será brilhante estrela Onde o orgulho estará em sua fronte, Haverá sempre estar de sentinela Olhando cada verdejante monte. Pois irá denunciar-lhe quem a ataca, Para ferir-lhe com afiada faca. CL Se, a vida hoje cantamos num lamento E o sonho se transforma em pesadelo; Se as palavras valsejam pelo vento E na lama sepulta-se em apelo; Nada pode o Poeta em tal momento, Pois a artimanha é presa num novelo. A cobiça e a ganância amarram tudo E quem clama a justiça fica mudo. CLI A esperança é palavra que está morta E tem su’alma inerme e putrefata. O Bem na vida é uma fechada porta E a ignomínia em sorrisos, nos maltrata. A tesoura amolada que nos corta Um terno alinha em homens de gravata. Sempre existe arrogância e vilipêndio E a saliva apagando algum incêndio.

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CLII A catástrofe toda está formada E um futuro de trevas amedronta. O progresso é labor na madrugada Onde a inocência sofre negra afronta. Ao Rio não existe a dócil Fada Nem o tempo feliz do faz-de-conta. A realidade é podre, é azeda e é negra, E para o roubo não existe regra. CLIII Mas se tantas agruras triste canto Um’outra realidade ansioso sonho, Se a queimada da cana é negro pranto E o Rio fétido se faz medonho, É que o Piracicaba em doce encanto Poderia um porvir ter mais risonho. Mas os sonhos dourados de poesia Tornam trágicos timbres de elegia. CLIV Porém, não são somente tristes versos, Que componho em perdidas madrugadas, Pois meus olhos na luz trago-os imersos Quando vejo co’as vistas extasiadas, Essa Noiva de modos tão diversos E com riso das fadas encantadas. A Noiva da Colina tem beleza Que outras noivas não tem na natureza. CLV É beleza, é ternura, é doce afago, É alegria de um sonho imorredouro. Olhos a refletir o céu num lago,

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Que contém um translúcido tesouro. Se o coração feliz no peito trago, É que Piracicaba é ancoradouro, É a cidade mais linda que conheço, Dentro da natureza é obra de apreço. CLVI Sou Caipira e não nego a minha raça, E com denodo rasgo o verbo ufano; Co’o coração feliz, imerso em graça, Sou orgulhoso Piracicabano! Em honras a esta Noiva brindo a taça Tendo o Rio de fundo, como pano. É mais que minha Pátria esta cidade A quem exalto com felicidade. CLVII Ser Caipira é cantar alegremente A alma do povo em versos e em toadas, É espalhar a esperança docemente, Em serestas, nas frescas madrugadas, Ouvindo o violão terno e fremente, Com vozes em coral apaixonadas. É ver que se abre oculta uma janela, E um rosto entre cortinas, de donzela. CLVIII Ser Caipira é viver calmo e sereno, Cultivando a alegria a céu aberto, D’alma soltar a voz em doce treno, E ir espalhar oásis no deserto. É desmaiar o corpo num terreno E ter o pensamento vago, incerto, Sentir do cafezinho o puro cheiro, E é ser, antes de tudo, um brasileiro.

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CLIX Ser Caipira é uma glória benfazeja, É uma graça de Deus de rara oferta. Se tanta gente tal viver enseja, É que teve uma bela descoberta. E agora ser Caipira é o que deseja Para alegrias ter de forma aberta. É um estado de espírito que rola Nas dez cordas sagradas da viola! CLX Estes versos que em transe ora termino Dobados com amor de eterno amante, Foram tecidos ao soar do sino Por este coração de Bandeirante. Caipiracicabano sou menino Que tem no peito um’alma bem pulsante, Se sou Caipira, esta honra me acompanha, E minha voz, os erres sempre arranha. CLXI Igual a ti, Camões, hoje percebo, Que é infausta a glória de cantar um povo. A taça da lixívia que ora bebo, É a cicuta que vem de jeito novo. Ah! Sócrates, igual a ti, recebo A crua injúria e, em transes não me movo. Hei de beber inteira, é minha a taça, Enquanto o povo aplaude achando graça. CLXII As agressões tão tantas e tamanhas, Que não consigo, não, safar-me delas. Usando falsidades e artimanhas,

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As desgraças me chegam em procelas. Se enfrento tantas coisas tão estranhas, Saberei me livrar de tais mazelas. Sou Paiaguá! Sou índio destemido, Magoado sou, porém, jamais vencido! CLXIII O terceiro Milênio os olhos abre E traz o seu Progresso formidável, Empenha, do vigor a espada e o sabre, Também a força máscula insaciável. Com baforadas deixa o céu cinabre A solavancos mostra-se indomável Mostrando de maneira extravagante, Que seus passos são passos de gigante. CLXIV Com energia pode ser domado Esse feroz e indômito selvagem, Só precisa, porém, ser bem tratado, Para dele tirar sua vantagem. Se esse tempo ficar triste e largado Por certo irá mostrar sua voragem. Necessário se faz usar o pulso Para não tê-lo trêmulo e convulso. CLXV Nós que temos poderes de domá-lo E sua força urdir em benefício, Não devemos temer cisma ou abalo Que ele usa com denodo em seu ofício. Domar sua rajada de cavalo Para dele, tirar todo o artifício, É o que com ânsias puras nós buscamos Nas artimanhas, feitas com recamos.

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CLXVI Oh! Meu Deus Celestial! Oh! Deus supremo, Se, o homem criastes a vossa semelhança, Quando entrou nele as forças desse Demo, E o requintado gosto por vingança? Se o mundo vive neste horror extremo, E na agonia atroz brilha a esperança, Vosso Poder de amor não é mais forte Para a guerra vencer dando-lhe a morte? CLXVII A Musa da Batalha canta e vibra Enquanto os homens perdem sua vida. O soldado inocente se equilibra Dentro da lama fétida e ferida. Não lhe falta a lutar ardor e fibra, Porém, sua Esperança está perdida. E depois lhe porão feito bandalha, Ao morto coração – uma medalha! CLXVIII Oh, não, oh, não, mil vezes não... pudesse E eu rasgaria agora este meu Canto Que ao invés de trazer somente prece Traz amargura, tédio e denso pranto. No labirinto fúnebre padece Meu coração que agora chora tanto, Ao sentir mil enganos e incertezas, Patéticas, fatais e vis cruezas. CLXIX Da mente o desvario toma conta E a vontade é ferir os próprios pulsos. Em desesperos a alma se amedronta

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Vivendo pesadelos mais convulsos. Alucinada a mente vive tonta Por ver dias de glórias tão avulsos. Muitos com gestos ágeis e suspeitos Na sordidez buscando seus proveitos. CLXX A maldição se torna mais medonha: Todos são escorpiões, serpes e aranhas, Tecendo a voz em forma de peçonha Tentam contaminar nossas entranhas. A Noiva pura sente atroz vergonha Por ver essas maldades tão estranhas, E tantas vozes cheias de cobiças, Cometendo deslizes e injustiças. CLXXI O Poeta cansado de tal luta Dos versos se despede e cala o canto. Antes que a rima incida em força bruta E a alegoria ceda à angústia e ao pranto. Porém, a força negra e prostituta, Há de ser encoberta pelo encanto De uns olhos doces, ternos e serenos, De um puro coração de amores plenos. CLXXII Se nós acreditamos que a Verdade Da Vida é a grande mola propulsora, A mentira em seus laivos de maldade Não poderá viver mais que uma aurora. Não se pode magoar uma cidade Que por quaisquer motivos hoje chora Por tantos descalabros, tantas mágoas, E por tanto usurparem suas águas.

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CLXXIII Se ao canto domo as rimas irrequietas Para soltar ao céu minha esperança, Que sejam coloridas borboletas Valsejando em sorrisos de criança. Se tenho os grandes sonhos dos poetas, Hei de sempre levar junto à lembrança Os traços dessa Noiva tão divina, Conhecida por Noiva da Colina! CLXXIV Por isso minha voz solto nos ares, E os versos lanço pelo céu aberto. Que eles penetrem livres pelos lares Na cadência celeste de um concerto. Que possa haver candura nos cantares Para que o amor mais puro viva perto De cada coração que airoso sonha Para a Noiva uma vida mais risonha. CLXXV Em versos mil, oh! Noiva, te ofereço, O amor que dentro d’alma cala fundo. Das águas de teu Salto me abasteço Para poder cantar teu nome ao mundo. Se tamanhas belezas não têm preço Nas de teu Rio, as águas eu me afundo, Para, delas, sair purificado, E ter o meu amor iluminado. CLXXVI Mas no silêncio há de viver meu Canto Pela falta suprema de interesse. Quem tem poderes não contempla o encanto

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E não consegue decifrar tal prece. Por isso rola em minha face o pranto: Não haverá colheita dessa messe. É mórbido o silêncio que apavora, A escuridão da vida me devora. CLXXVII Se formos conspurcados novamente Pela corja de insanos bandoleiros, Que num passado trágico e recente Nos meteram em fundos atoleiros, Devemos nos armar como a serpente Dando um bote fatal nos desordeiros, Que a união caipira expulse-os desta Aldeia, E os coloquemos todos na cadeia. CLXXVIII Quem não ama de fato esta cidade E não for pela Noiva apaixonado, Que fique preso na perpétua grade Não tentando iludir o desarmado. Não podemos viver junto à maldade Nem ver lobo em carneiro transformado. Se não houver amor por nossa terra, Que não venham armados para a guerra. CLXXIX Muitos virão cobrar-me o esquecimento De acontecidos fatos importantes, Porém, somente ouvi a voz do vento, Que me contou histórias fascinantes. Mas se em muitos houver cruel lamento E que meus versos foram inconstantes, Que ponham eles mesmos, mãos à obra, Porque mal paga, quem direito cobra.

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CLXXX Se em várias épocas compus meu Canto, – Um decênio de luta e de trabalho – E os versos fui tecendo como a um manto Que me serviu às vezes, de agasalho, Se agora eu o contemplo sem encanto E no correr dos olhos vejo-o falho, A culpa é toda minha, toda minha, Comigo a angústia há de viver sozinha. CLXXXI Porém, se tudo está justo e perfeito Não há de me ferir o atroz açoite... Meu Canto, trago-o sim, dentro do peito Pois foi do meio-dia à meia-noite Que das Musas busquei tirar proveito. Entre colunas que a alma ora se acoite; Estou a lapidar a pedra bruta, Não posso descansar dessa labuta. CLXXXII Não devo dividir minha fraqueza, Com ela vivo para meu desgosto. Meu Canto é minha máxima riqueza, Regado co’o suor vindo no rosto. Pois ele, desprovido de beleza, Tem para mim um saboroso gosto: É garapa de cana saborosa, É a pamonha mais doce e mais gostosa. CLXXXIII Se agora tal silêncio me acompanha E as Musas voltam para a Grécia antiga, Soldado – voltarei para a campanha,

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Para sonhar com minha Noiva amiga. O suor frio minhas faces banha E vou cantando uma lirial cantiga Dos tempos que aprendi quando criança, Para jamais perder essa esperança. CLXXXIV E a esperança em minh’alma é uma bandeira A tremular impávida e robusta. É bandeira caipira sobranceira À verdade mostrar perfeita e justa. Que ela seja em minh’hora derradeira A mortalha mais bela e mais augusta A cobrir-me na extrema caminhada Como fez Pádua ao fim da longa estrada... CLXXXV O labor nesta Empresa foi tamanho Porém, ninguém dá luz a tal ofício. Pastor – dos versos tanjo meu rebanho Dia e noite em supremo sacrifício. No desespero minha pele arranho, Que a luta foi inglória desde o início; Para o Poeta está fechada a porta, Para a Poesia eis que a Esperança é morta! CLXXXVI Por isso no silêncio me retiro E deixo este meu Canto no abandono. Com nãos meu sonho colorido firo, Grudando os pés num estival outono. Vai alta a noite, no labor transpiro, Venço Morpheu que não me embala ao sono. Um túmulo de pedra é o monumento Aonde o Poeta vai... no esquecimento.

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CLXXXVII Oh! Minha Musa, após tão largos cantos, De ti me afasto calmo e satisfeito, Se, tenho o coração com mil encantos, Foste Tu que os plantaste no meu peito! Se, visitei redutos e recantos, Se, a esta Cidade tenho mais respeito, A culpa é tua, Musa, a culpa é tua, Que m’os mostraste num clarão da lua! CLXXXVIII A alma de um Paiaguá tenho latente E um coração caipira pulsa e bate. Na cadência do passo permanente Sou soldado na linha de combate. Relembro Trinta e Dois – e sou valente, Tenho garras nas mãos como alicate; Nas rimas teço as armas com quais luto, Qual Leão urro a voz num só tributo: CLXXXIX Glória a Piracicaba! excelsa Glória A esta Cidade Atenas dos paulistas! Ao Povo que construiu a sua História Mostrando galhardia nas conquistas. Glória a Piracicaba! Na vitória Predestinada a todos os Artistas Com força de crescer, pois é dos grandes, Alcançar o pináculo dos Andes! CXC Glória a Piracicaba! e ao Povo ordeiro Que a faz mais forte e bela a cada dia, Engrandecendo o solo brasileiro

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No lirismo de pura Fantasia. Glória a Piracicaba! que é o celeiro, Do amor imenso, puro e que extasia; Onde a Vontade de crescer é imensa Onde a Poesia vibra e é pura crença! CXCI Glória a Piracicaba! e a seus Artistas, A todos seus Poetas e Pintores, À pesquisa mais nobre dos Cientistas, Aos Jardineiros que, plantando flores, Agradam com prazer as nossas vistas Que ficam extasiadas pelas cores. Aos Atores, aos mágicos Violeiros, A todos Imigrantes brasileiros! CXCII Glória a Piracicaba! e aos que fizeram A Noiva da Colina tão bonita; Aos nobres Estrangeiros que trouxeram A Esperança da Paz pura e bendita; Aos Músicos que em sons sublimes deram Harmonia a esta Noiva tão catita; Glória mil vezes, recamada glória, A Todos que fizeram nossa História! CXCIII Glória a Piracicaba! na esperança De vê-la unida dos ideais mais puros, A carregar sorrisos de criança E dias coloridos e seguros. Pois que o Progresso aliado a essa pujança Traga sonhos ridentes nos futuros, E o Salto ruja em sonhos fulgurantes, Para dele nós sermos mais amantes!

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CXCIV Glória a Piracicaba! e a seus encantos Que Deus aqui plantou quando inspirado. A seu Rio de mágicos recantos Que faz o nosso peito apaixonado. Às vozes modulando em ternos cantos Este rincão paulista amplo e sagrado; À Cachoeira que jorra em seus diademas, As mais preciosas e sublimes gemas! CXCV Glória a Piracicaba! e à brava gente Que veio aqui buscar trabalho e estudo, E aqui viveu o sonho mais fulgente E que extasiado contemplou-A mudo. Glória a Piracicaba! eternamente, Pois nas letras de fé de seu escudo Rebrilha o lema e que ninguém o ignore:

“Audax in intellectu et in labore!” CXCVI

Arde meu coração! Acende a chama Que flamejante como ardente pira, Lavas de amor por este chão derrama E sobe aos céus como inspirada Lira. Meu coração em êxtase se inflama E co’a vontade própria do Caipira Conquista-a com carinho de quem beija Na mais bela toada sertaneja! CXCVII Para não me alongar ao Luso Bardo, No mais fundo respeito ora me calo. Abaixo minhas armas deste Fardo

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Das Musas me despeço e nada falo. No fogo das vaidades já não ardo E meu silêncio, em humildade, exalo – Pois se mais escrevesse eu só teria Para mostrar, uma ambição vazia... CXCVIII Adeus, oh! Musa, que a empreitada é finda, E vou calar de vez este meu verso... Embora tenha o que cantar ainda, Sinto que para o canto o tempo é adverso. A vida corre de maneira linda Junto ao Grande Arquiteto do Universo! E se Piracicaba mais merece, Que outro Poeta invente um’outra Prece!

. : .FIM . : . .:. Piracicaba, agosto de 2004 da E.V. quando compus as últimas estrofes iniciadas em 1992. Revisão terminada em 30 de setembro de 2009

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Fontes de Pesquisa CARRADORE, HUGO PEDRO Retrato das Tradições Piracicabanas, 2004 CONCEIÇÃO, FRANCISCO JOSE DA (BARÃO DA SERRA NEGRA) Biografia no IHGP, s/d FERNANDES, WALDEMAR IGLÉSIAS Lendas e Crendices de Piracicaba e outros estudos IHGP, 1978 GUERRINI, LEANDRO História de Piracicaba em Quadrinhos, IHGP, 1970 NEME, MÁRIO História de Fundação de Piracicaba, João Mendes, editor, 1943 PERECIM, MARLY TEREZINHA GERMANO Depoimentos orais para o A. REZENDE, ESTEVAM RIBEIRO DE SOUZA (BARÃO DE REZENDE) Autobiografia existente no IHGP, s/d VITTI, GUILHERME Manual da História Piracicabana, s/d VITTI, LINO A Piracicaba – minha terra, 1992 Artigos do Jornal de Piracicaba, O Diário, A Província, A Tribuna Piracicabana, A Gazeta de Piracicaba.

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Índice Onomástico Relação de nomes do “Os Caipiras” Nota: em negrito aparece o nome como é citado no poema. Em seguida, sempre que possível, e entre parêntesis, o nome completo da pessoa citada ou da Empresa ou da localidade. Em seguida pequena nota explicativa de quem foi e o que fez em prol de nossa Piracicaba. Muitas pessoas, bem como empresas, já desapareceram do cenário piracicabano, e tais fatos citados como no presente, já fazem parte do passado, mas não poderia mexer nisso ou a cada dia uma nova mudança se faria necessária. A A Encarnado: (ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA AGRONOMIA) Famosa equipe esportiva ligada à ESALQ. Por ter em suas cores predominantes a vermelha, foi batizada por Rocha Netto de “A Encarnado”, que tanto dignificou a Escola e nossa Cidade. A Porta Larga: Uma das lojas mais tradicionais de Piracicaba. Data de 1921, e sempre comandada pelos membros da tradicional família Maluf, mas no ano de 2006 encerrou suas atividades. Hoje, porém funciona em um casarão da família, à rua Santo Antônio, comandada por Paulo Sérgio Maluf. A Tribuna: (A TRIBUNA PIRACICABANA) Começou como “A Tribuna de Piracicaba”. Fundada em Agosto de 1974 por Evaldo Augusto Vicente. Um jornal diário que fala, principalmente, das coisas de Piracicaba. Abel Bueno: (ABEL BUENO) Cantador, cururueiro, estudioso da arte do improviso. Considerado um dos maiores improvisadores do Brasil. Acácia: árvore símbolo da Maçonaria. Uma uma lenda muito antiga, remonta aos tempos de Salomão.

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Acary de Oliveira: (ACARY DE OLIVEIRA MENDES) Foi um batalhador da cultura e das tradições de nossa Piracicaba. Sob sua presidente no IHGP, em 1970, que foi iniciado o trabalho para a publicação da História de Piracicaba em Quadrinhos, de Leandro Guerrini. Accorsi: (WALTER RADAMÉS ACCORSI) engenheiro agrônomo, decano da ESALQ. Foi também revolucionário da Revolução Constitucionalista de 32. Grande defensor da Doutrina Espírita e de Alan Kardec. Por seu trabalho e sua pesquisa com ervas, considerado um dos mais conceituados Cientistas do mundo. Adamastor: Monstro marítimo que tão bem Camões descreve em “Os Lusíadas”, no episódio da viagem de Vasco da Gama às Índias. Adalgiza: (ADALGIZA VAZ RÍMOLI) Artista Plástica piracicabana, de estilo moderno e arrojado. Detentora de muitas premiações em Salões de Arte Moderna. Pinta grandes painéis que decoram inúmeros edifícios de nossa cidade. Adâmoli: (JOÃO EGYDIO ADÂMOLI) Conhecido como Joca Adâmoli. Pintor Piracicabano, aluno de Frei Paulo. Foi o primeiro pintor moderno de Piracicaba. Em 1941 fez sua primeira exposição no Colégio Piracicabano e atraiu milhares de visitantes. Foi combatido, cortado em Salões de Arte, porém, com o tempo passou a ser respeitado, imitado, reverenciado como um dos maiores pintores de todos os tempos de nossa cidade. Adolpho: (ADOLPHO FRANÇOSO QUEIROZ) junto com Alceu Marozzi Righeto e Carlos Colonezzi são os verdadeiros criadores do Salão Internacional de Humor de nossa cidade. Como deu certo, hoje ele possui dezenas de pessoas que se intitulam pai da ideia... Adolpho é jornalista, professor universitário e escritor com diversos livros editados. Adolfinho: (ADOLFO ANASTÁCIO) jogou no XV de Novembro de nossa cidade e foi campeão da Lei do Acesso, em 1948. Grandes tempos gloriosos de nossa Equipe.

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Adriano: (ADRIANO NOGUEIRA) jornalista, cronista, poeta. Fundador e Diretor do Jornal Literário LINGUAGEM VIVA. Compilou de maneira ímpar, os grandes vultos literários brasileiros, que permanece inédito. Adriático: Mar que banha a Itália. Afrodite: na mitologia grega, a Deusa do Amor. Agostinho Aguiar (AUGUSTO AGUIAR) Um dos maiores cururueiros de Piracicaba de todos os tempos. Seu nome quando falado, ainda causa respeito e admiração. Agricolões: assim são chamados os alunos que frequentam a Esalq. Agronomia: Nada mais que o nome que damos ao Parque da Esalq, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Para os piracicabanos, é apenas Parque da Agronomia. Alaídes: (ALAÍDES PUPIM RUSCHEL) Engenheira Agrônoma da Esalq e escultora das mais premiadas em diversos Salões de Arte no Brasil e exterior. Alarcon: (MANOEL LOPES ALARCON) Contabilista, grande amante das serestas, tinha um programa nas rádios da cidade: “Pelos caminhos da Saudade”. Era também fotógrafo amador. Alceu: (ALCEU MAROZZI RIGHETO) professor, foi Secretario de Cultura em Piracicaba, na época Coordenadoria. Foi o criador do primeiro Concurso de Poesia de nossa cidade, hoje com o nome de Prêmio Escriba. Mas foi mais, foi o autor intelectual que movimentou nossa cidade. Não bastasse ainda, junto com Adolpho e Colonezzi, os três piracicabanos que foram ao Rio de Janeiro conversar com humoristas do Pasquim, e montar, em plena Ditadura Militar, um Salão de Humor em nossa cidade. Pena que as administrações passam e nada se faz para resgatar uma verdade de nossa história. Aldrovandi: (ALCIDES ALDROVANDI) Médico. De família tradicional piracicabana. Além de médico foi presidente da Escola de Samba

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Acadêmicos da Ekipelanka nos idos de 1970 e da Associação Paulista de Medicina, da qual foi um dos Sócios fudadores. Também era um escritor com rara sensibilidade e muito humor. Deixou escritos e publicados “Ranchadas e outras histórias”, “A Vila e seu Vilões” entre outros. Aleixo: (ALEIXO GARCIA) Bandeirante. Foi um dos descobridores das minas de ouro em Cuiabá, em 1718. Seu nome está intimamente ligado a nossa cidade. Alemanha: país localizado na Europa. Aqui os alemães formaram forte colônia, tanto que existe um bairro localizado ao lado do bairro Alto, chamado bairro dos Alemães. Alexandre: (ALEXANDRE SARKIS NÉDER) Poeta e jornalista. Mantém em canal de televisão local um programa semanal de entrevistas. Foi também diretor do jornal “O Democrata”, hoje desativado. Alexandrino: (PEDRO ALEXANDRINO) Era seresteiro e tinha uma das vozes mais belas. Tendia para Francisco Alves, o famoso Chico Viola. Deixou vários discos gravados. Junto de Cobrinha foi dos maiores de Piracicaba. Alfredo Cardoso: (ALFREDO JOSÉ CARDOSO) Médico. Atendia a população carente sem cobrar consultas. Era também estudioso da Doutrina Espírita. Seu túmulo localizado no Cemitério da Saudade, é dos mais visitados até hoje e muitas promessas são feitas ao distinto Médico de nossa cidade. Também em sua homenagem existe em nossa cidade a EEPG Dr. Alfredo Cardoso, localizada no Bairro Alto. Alfredo: (ALFREDO JOSÉ RICARDO) Escultor piracicabano, entalhador, restaurador de grande talento. Já foi muitas vezes premiado em Salões de Arte. Alípio: (ALÍPIO DUTRA) Bisneto de Miguelzinho Dutra, filho de Joaquim Dutra, irmão de João, Pádua e Archimedes Dutra. Estudou na Europa no início do século XX. Foi ele quem levou para estudar no Velho Continente, Antonio Pacheco Ferraz. Era também um pintor de

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requintado talento. Recebeu importantes premiações em Salões de Arte no Brasil e também no exterior. Almeida Júnior: (JOSÉ FERRAZ DE ALMEIDA JÚNIOR) Talvez o maior pintor brasileiro de todos os tempos. Sua data de nascimento, oito de maio, é considerada o Dia do Artista Plástico, no Brasil. Estudou na Europa com bolsa oferecida pelo Imperador D. Pedro II. Foi o grande pintor dos temas relacionados ao universo caipira. Suas obras mais famosas: “PARTIDA DAS MONÇOES”, “CAIPIRA PICANDO FUMO”, “AMOLAÇÃO INTERROMPIDA”, “SAUDADE”, “LAURA”, “APÓSTOLO PAULO”, “RETRATO DO DR. PRUDENTE DE MORAES”, “DERRUBADOR BRASILEIRO”, entre tantas outras. Suas obras hoje somente podem ser apreciadas em Museus do Rio de Janeiro e de São Paulo e em preciosas coleções particulares. Foi assassinado em Piracicaba em 1899 pelo marido de sua amante, José Manoel Sampaio, quando contava apenas 49 anos de idade. Foi sepultado no Cemitério da Saudade e seu túmulo hoje é tombado pelo Codepac. Álvaro Guião: (ÁLVARO GUIÃO) Médico que muito contribuiu com a “Escola de Mães”, da qual foi patrono por mais de 50 anos. Alvin (GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIN) cronista de refinado talento. Professor, foi também Reitor da Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP. Assíduo colaborador em Jornais de nossa cidade. Alvorada: (RÁDIO ALVORADA) já foi “A Voz Agrícola do Brasil”, e tempos passados, depois de várias mudanças se fortaleceu com o nome de “Alvorada”. É a segunda emissora de rádio em nossa cidade. Alzira: (MARIA ALZIRA BALLESTERO) artista, pintora e escultura de rara sensibilidade e talento. Já recebeu diversas premiações tanto em pintura como em escultura em Salões de Arte. É também detentora da medalha “Eugênio Luis Losso”, com prêmio aquisitivo, oferecida pelo Jornal de Piracicaba. América Latina: Países da América do Sul, do Norte e parte do Norte, que falam o português, e o castelhano.

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Americana: cidade distante 30 quilômetros de Piracicaba. Sua economia é baseada em seu Parque Industrial onde a tecelagem sobressai sobremaneira. Ana Bertozzi: (ANNA MATHEIS BERTOZZI) Era professora e cronista. Deixou esparsos centenas de artigos publicados principalmente no Jornal de Piracicaba. Ana Maria: (ANA MARIA MORALES FOGAÇA) mais que uma dedicatória, este Poema é todo dedicado a ela, que sabe compreender meus sonhos, meus anseios, minhas dúvidas. A lembrança aqui é muito pequena frente a tudo o que temos juntos vivido. Para sempre, meu amor. André: (ANDRÉ BUENO OLIVEIRA) requintado poeta piracicabano, autor de sonetos preciosos e perfeitos. Vencedor, por suas qualidades, de inúmeros concursos poéticos de projeção nacional. Em nossa cidade foi premiado no Prêmio Escriba diversas vezes. Anna Cândida: (ANNA CÂNDIDA DA CONCEIÇÃO REZENDE) (BARONEZA DE REZENDE) Filha do Barão da Serra Negra, grande benfeitora da cidade. Andaime: Grupo de teatro de Piracicaba. inclusive sendo representada na Itália, foi PARA”, que conta a história piracicabana envolve. O Autor e diretor da peça é CARLOS

Sua peça mais famosa, “LUGAR ONDE O PEIXE e todo o folclore que a ABC.

Andes: a maior Cordilheira das Américas. Ocupa área em diversos países. É das mais altas de todo o planeta Terra. Andrade: Tradicional família piracicabana onde um dos membros mais ilustres é THALES CASTANHO DE ANDRADE. Era da família Andrade os refrigerantes Gengibirra e Cotubaína, aqui fabricados e popularmente conhecidos. Anglo: Colégio piracicabano. Seu proprietário DORIVAL SUDÁRIO BISTACO é engenheiro agrônomo da ESALQ. Possui hoje duas

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unidades de ensino médio, fundamental e cursinho pré-vestibular em nossa cidade. Antigamente era na Independência: apenas uma referência à antiga entrada do Cemitério da Saudade. Independência aqui faz analogia à Avenida, que passa hoje na lateral do Cemitério e do outro lado se localiza o Estádio Municipal Barão da Serra Negra. Antonietta: (ANTONIETTA ROSALINA DA CUNHA LOSSO PEDROSO) Filha de FORTUNATO LOSSO NETTO, e mãe do dr. MARCELO BATUÍRA DA CUNHA LOSSO PEDROSO. Diretora do Jornal de Piracicaba. Jornalista, advogada, cronista e poetisa de reconhecido talento. Também escreve no anonimato, sob pseudônimo, sempre com humor e tecendo críticas com certa dose de acidez mas com responsabilidade e senso crítico. Antônio: (ANTÔNIO CORREA BARBOSA) Capitão Povoador, Povoador fundador da cidade. Antônio Correa Barbosa: Verificar Povoador e outras variantes. Antônio Lima: (Nico) (ANTONIO DE LIMA) O maior artista de maquetes do mundo. Paranaense de nascimento (Cambé), mora em Piracicaba há muitos anos. Sua arte tem o requinte mágico e maravilhoso da perfeição e da miniaturização. Ainda está por ser descoberto. Fui, quando Diretor da Galeria do Engenho, responsável por sua apresentação ao mundo que maravilhado ficou com sua arte. Antonio Maciel: (ANTONIO MACIEL ANTUNES) Membro da Bandeira de Moreira Cabral, com a qual participou da sangrenta luta travada com os índios chefiado por Aripoconé, no Mato Grosso, quando da descoberta das minas de ouro em Cuiabá, em 1718. Antonio Pires: (ANTONIO PIRES DE CAMPOS) Antigo sócio de Anhangüera, muito contribuiu com a Bandeira de Moreira Cabral. Também esteve presente em Cuiabá, em 1718, quando da descobertas das famosas minas.

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Anuar: (ANUAR KRAIDE) Compositor piracicabano, casado com a professora Terezinha Ferraz do Canto Kraide, minha primeira Professora. Autor do “Hino do Esporte Clube XV de Novembro”, em parceira com JORGE CHADDAD, e outros sucessos mais. Formou também parceira com este Poeta em algumas composições premiadas em festivais de canções, sendo as mais conhecidas “Sonho e Realidade” e “Motivos para recordar”. Apap: (ASSOCIAÇÃO PIRACICABANA DOS ARTISTAS PLÁSTICOS) fundada em 1980 por Archimedes Dutra e outros artistas para uni-los em torno de um só ideal. Hoje ela é responsável pela Mostra Almeida Júnior e Mostra da Primavera, em nossa cidade. Aquilino: (AQUILINO PACHECO) Prefeito de Piracicaba. Araken: (ARAKEN MARTINS DE ALMEIDA) Pintor e poeta piracicabano, autor de “ENQUANTO A CHAMA NÃO VEM”. Fez capa de inúmeros livros de escritores piracicabanos. Passou a ser comerciante, fundou uma Vila na rua do Porto que leva seu nome. Arapuca: (ARAPUCA DO HELIO) (HÉLIO PIZZIGATTI) dos mais tradicionais restaurantes da rua do Porto em nossa cidade. Funciona há mais de 40 anos no mesmo local e seu cuscuz é famosíssimo. Araritaguaba: Hoje a cidade de Porto Feliz. Araújo: (EDUARDO BORGES DE ARAÚJO) pintor paulistano radicado em Piracicaba desde a infância. Detentor de inúmeras medalhas em todos os Salões de Arte que participa. Já foi presidente da APAP, Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos. Arayr: (ARAYR OLAIR FERRARI) Médico, poeta, cronista, contista e escultor. Gaúcho de nascimento, reside em Piracicaba há mais de 30 anos. Suas obras são feitas, a grande maioria, com ferro, solda e madeira. Premiado em Salões de Arte e Concursos de Poesias. Tem um livro: “À DONA DE MINHA INSÔNIA”. Maravilhoso em toda a sua temática.

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Archimedes Dutra: (ARCHIMEDES DUTRA) Grande pintor piracicabano, bisneto de Miguelzinho Dutra, filho de Joaquim Miguel Dutra, e irmão de Alípio, João e Pádua Dutra. Cursou na Itália, a Faculdade de Belas Artes, onde por seu raro talento, foi matriculado foi terceiro ano. Em Piracicaba foi um dos criadores do Salão de Belas Artes de Piracicaba. Professor e Doutor em Artes. Autor do brasão de nossa cidade. Várias obras da cidade têm seu registro, como o Estádio Municipal Barão da Serra Negra, a Pinacoteca Municipal, o Clube 13 de Maio, entre tantos outros. Arco, tarco, verva: (Álcool, Talco Velva) (ácqua velva) forma acaipirizada de dizer as coisas. Essas expressões são velhas conhecidas em nossa cidade. Cecílio Elias Netto, com felicidade, usou-as para dar título ao seu Dicionário de dialeto caipira, de nossa cidade. Arethusina: fábrica de tecidos fundada por Luiz de Queiroz, no final do século XIX. Depois foi vendida e passou a ser Fábrica Boyes, hoje desativada. Argentina: país Sulamericano que faz divisa com o Brasil no extremo sul. Ari: (ARI DE CAMARGO PEDROSO) – Radialista e político. Vindo a Piracicaba, de Santa Bárbara do Oeste foi repórter e depois passou pela rádio a narrar os jogos do Quinze de Novembro. Também foi Vereador de nossa cidade e Deputado Estadual. Seu filho, o médico Ari Pedroso, é dos mais atuantes Vereadores de nossa cidade há várias administrações. Arruda: (JOÃO FERRAZ DE ARRUDA) advogado. Quando jovem jogou basquetebol no famoso esquadrão do XV de Novembro. Ártemis: distrito de Piracicaba distante cerca de 15km do Centro. Tem muitos ranchos de pescaria e uma Estação de Águas de alto teor medicinal. Ásia: Continente que engloba diversos Países do Pólo Norte.

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Atalho: caminho situado entre a serra do Japi, no entroncamento das estradas que ligam Salto, Jundiaí e Itu. (Rodovia Marechal Rondon) É um trecho de maravilha ímpar. Suas trilhas encantam todos os romeiros que as percorrem. Embora difíceis e íngremes para as pernas já cansadas, o cenário é fabuloso. Variadas fazendas, mata virgem, fontes, pastos, casarões imperiais, lagos e pedras, imensas formações rochosas, formam paradisíaco local. Os romeiros o atravessam há dezenas de anos. Eu quando iniciei minhas caminhadas, há 42 ininterruptos anos, em 1968, já o atravessei e conversando na época com os mais antigos, que já o percorriam, foi impossível saber quem o descobriu ou a quem foi tal percurso ensinado. Atenas: Capital de Grécia e berço da cultura da humanidade. Atenas Paulista: esse era o cognome também merecidamente por nossa Cidade em épocas passadas.

recebido

Athayde: (JOÃO BAPTISTA DE SOUZA NEGREIROS ATHAYDE) Poeta de rara sensibilidade. Foi um dos fundadores do Centro Literário de Piracicaba, seu primeiro presidente. Atualmente advogado dos mais respeitados, também presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil, seção de Piracicaba. É membro da ARLS Liberdade e Trabalho. Atibaia: Junto com o Jaguari, formador do Rio Piracicaba. Avanhandava: Acidente geográfico do rio Tietê, assim como Itapura. Hoje encoberto pela represa de Itaipu. Avelina: (AVELINA PALMA LOSSO) professora, educadora, casada com o artista Eugênio Luiz Losso e mãe de José Rosário Losso Netto. Em justa homenagem, dá nome a uma Escola em Piracicaba. B Baltazar: (OSWALDO SILVA) Grande jogador piracicabano da UMA, “União Monte Alegre”. Foi defensor do Sport Club Corinthians Paulista, onde se sagrou campeão. Tinha o cognome de “Cabecinha de Ouro”,

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por seus gols feitos em grande quantidade, sempre de cabeça. Interessante que o apelido Baltazar, adveio de seu irmão, esse sim se chamava Baltazar... coisas folclóricas... Banda do Bule: uma das mais líricas expressões carnavalescas de Piracicaba. Foi fundada no Café do Bule, daí seu nome, por Ídico Peregrinotti e outros amigos. Não possuía enredo, fantasia, nada, mas era a alegria genuína. Anos depois foi imortalizada por um hino de autoria do compositor piracicabano RUI RAMOS. Depois a baderna passou a imperar e a bebida, a bagunça e a desorganização e falta de vontade do Poder Público, fez a famosa Banda desaparecer... Bandeiras: Expedição armada que partindo, em geral, da capitania de São Vicente, depois de São Paulo,desbravava os sertões (fins do século XVI a começo do século XVIII), a fim de cativar o gentio ou descobrir minas. Bar Cruzeiro: Um dos mais tradicionais bares de nossa cidade. Da primeira metade do século 20. Hoje na segunda geração, é comandado por CÉSAR AUGUSTO PEXE, que abriu suas portas para a seresta e exposições de arte. Localiza-se na rua Moraes Barros, no bairro Alto. Bar do João: (JOÃO AUGUSTO STOLF HERING) Tradicional bar de nossa cidade, localizado na rua Moraes Barros, centro. Nele há encontro de várias gerações, que se reúnem para animada conversa, regada a muita amizade. É dos mais tradicionais. Resiste ao tempo. Barjas Negri: (BARJAS NEGRI) Foi Vereador, Secretário Municipal em várias administrações em nossa cidade. Indo trabalhar em Brasília, chegou ao cargo de Ministro de Saúde, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Candidato a Prefeito em Piracicaba, em 2004, foi eleito e mostrou como governar uma cidade. Em 2008 foi re-eleito com esmagadora maioria de votos, com índices de aprovação chegando a quase 90% da população. Fez e faz por Piracicaba um governo austero, sério, honesto, competente e capacitado. Se Luciano Guidotti foi considerado o maior prefeito de Piracicaba, Barjas Negri fará mudar essa história. Como o autor deste Poema, é Palmeirense convicto.

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Barão da Serra Negra: (FRANCISCO JOSÉ DA CONCEIÇÃO) Vindo estabelecer-se em Piracicaba, foi grande negociante, benfeitor da cidade e criou a navegação no rio Piracicaba.

Barão de Rezende: (ESTEVAM RIBEIRO DE SOUZA REZENDE) Vindo morar em Piracicaba, construiu o Teatro Santo Estevão, o Engenho Central e trouxe muito progresso para a cidade em sua época. Barão do Rio Branco: Nome de um dos mais tradicionais estabelecimentos de ensino em Piracicaba. Tem mais de 100 anos. Barbosa: (ANTÔNIO CORREA BARBOSA) Capitão-Povoador e fundador da cidade de Piracicaba. Faleceu em Mojimiram em 1791. Batuíra: (MARCELO BATUÍRA DA CUNHA LOSSO PEDROSO) Advogado, poeta, crítico de arte, jornalista. Diretor do Jornal de Piracicaba. Também um dos mais importantes colecionadores de obras de Arte de nossa cidade. De sua autoria é o livro De Jundiay a Niteroy, contando a história de vida do tio e do avô: Eugênio Luis Losso e Fortunato Losso Netto. Beatriz: (BEATRIZ DE ANDRADE ALGODOAL) Professora de História, pintora premiada em inúmeros salões de Arte. Beethoven: (LUDWING VAN BEETHOVEN) Músico alemão. Um dos maiores gênios da música de todos os tempos. Belgo Mineira: Empresa mineira estabelecida em Piracicaba e dá enorme apoio cultural às manifestações artísticas da cidade. Bellucco: (SÉRGIO NAPOLEÃO BELLUCCO) Mago do violão. Professor de música e também pintor. Acompanha os músicos e seresteiros de Piracicaba há mais de 40 anos. Como pintor foi premiado no Salão de Belas Artes de Piracicaba. Benedicto: (BENEDICTO ALMEIDA JÚNIOR) Poeta piracicabano de rara sensiblidade. Era esposo da também poetisa Magdalena Salatti de

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Almeida. Seus versos hoje, assim como o de sua eposa, vivem dispersos em jornais e antologias. Benedito Andrade: (BENEDITO DE ANDRADE) Famoso professor rio-pardense. Vindo morar em Piracicaba escolheu a rua São José, em homenagem à sua cidade e plantou, no jardim de sua casa, um pé de café, já que em sua cidade tal cultura era bastante cultivada. Professor de português e também poliglota. Benetton: Agência de Turismo Monte Alegre, das mais tradicionais de Piracicaba. Hoje comendada por Aldano Beneton Filho, prima pelo bom atendimento de todos os seus clientes. Bergamin: (HENRIQUE BERGAMIN FILHO: um dos maiores cientistas do mundo. Faleceu precocemente e mesmo após sua morte recebeu na Europa um prêmio pelo seu talento. Perda irreparável para o mundo científico. Bernardete: (BERNARDETE SAMPAIO CUNHA DE MENEZES) Virtuose do piano. Uma das mais respeitada pianistas piracicabanas de todos os tempos. Beting: (MARIA BENEDITA DA SILVA BETHING), (BETH BETHING) Fotógrafa há muito radicada em Piracicaba. Das mais artísticas são as suas obras, expostas em salões e mostras de arte; Bigu: (...........................) famoso carnavalesco de Piracicaba na época dos cordões da Paulicéia entre outros.... Bolão: (ANTONIO CARLOS FIORAVANTE) Seresteiro de voz maravilhosa. Canta, e quando canta, encanta os presentes com o timbre de sua voz e pelo repertório sempre escolhido com bom gosto. Bongue: nome que foi batizado o Poço, de real perigo no rio Piracicaba, logo abaixo da curva do rio. Emprestou o nome das pedreiras também chamadas do Bongue.... que irão desaparecer, com certeza, pelo descaso....

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Bonilha: (JOAQUIM BONILHA) músico e maestro. Regeu diversos corais em nossa cidade. Bosco: (DOM BOSCO) (JOÃO MELCHIOR BOSCO) Padre italiano natural de Turim. Viveu no século XIX. Um santo. Fundador da Ordem dos Salesianos e outras Congregações. Famosos eram seus sonhos, sendo que em um deles, sonhou com a cidade de Brasília, atual capital do Brasil. Tanto que ela foi fundada no exato local por ele determinado um século antes. Branca Motta de Toledo Sachs: (BRANCA MOTTA DE TOLEDO SACHS) Professora, poetisa de rara sensibilidade. Compositora, fundadora da Escola de Mães e presidenta por 55 anos dessa instituição. Por vontade de seu filho Alberto compilei no ano de 2003 suas poesias, e foi impresso um lindo livro de sonetos em sua homenagem com sugestivo título: Sonetos de Branca. Foi casada com o professor Alberto Vollet Sachs, que chegou a ser Vice-prefeito de nossa cidade. Brasiliense: (CARLOS BRASILIENSE PINTO) músico e maestro piracicabano. Foi o primeiro a fazer os acordes na canção Piracicaba, de Newton de Almeida Mello, em 1931. Era pianista de rara sensibilidade. Chegou a tocar em cinemas. Brasilio Machado: (BRASÍLIO AUGUSTO MACHADO DE OLIVEIRA) Poeta e advogado. Foi quem cognominou Piracicaba de “Noiva da Colina”, através de um lindo poema, cujo primeiro verso diz: “Sacode os ombros nus, oh, Noiva da Colina!” quando veio residir em Piracicaba. Brasserie: Um dos mais tradicionais restaurantes de Piracicaba. Funcionava na Praça José Bonifácio, tendo como seus proprietários a Família Lescobar. Com o fechamento da Praça sofreu com a fuga dos clientes... Encerrou suas atividades em 2007. Broadway: famosa casa cinematográfica que existiu em nossa cidade. O Prédio ainda permanece e funcionou um Bingo durante vários anos. Localiza-se na rua São José logo abaixo da Praça José Bonifácio, entre a Praça e a rua Alferes José Caetano.

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Bruno: (BRUNO TEGON) Um dos mais populares ambulantes de Piracicaba. Era comum vê-lo às ruas com imensos sacos de biscoitos de polvilho ou, em tempos de frio, vendendo pinhão quente. Buarque: verificar Manoel Buarque de Macedo Buck: (ANTONIO GERALDO BUCK) Médico nascido em Limeira, detentor da outorga de “Cidadão Piracicabano”, pela Câmara Municipal de nossa Cidade. Autor de diversos livros. M:. I:. da Loja “Piracicaba” e um dos mais estudiosos membros da Maçonaria. Buda: (FRANCISCO DE ASSIS GANEO DE MELLO) biólogo dos mais conceituados no mundo. Filho do também poeta Chico Mello. Especialista reconhecido mundialmente junto sua pesquisa com os insetos denominados grilos... É também requintado poeta. Butantan: (INSITUTO BUTANTAN) importante centro coletor de ofídios, aracnídeos e outras espécies peçonhentas, localizado em São Paulo. De importância vital contra mordidas e ferroadas e animais onde se produz o soro vital à sobrevivência dos feridos. Buzunga: (ANTONIO CARLOS...............) Meu amigo de estrada. Junto de Pedrão e tantos outros... todos os anos, época da Semana Santa, seguimos em nossa Romaria a Pirapora.

C Cabral Moreira: (PASCHOAL MOREIRA CABRAL) Sertanista. Foi um dos que descobriram as minas de outro em Cuiabá em 1718. Cabreúva: Cidade distante 100 quilômetros de Piracicaba. Cidade natal do músico Erothides de Campos. Última cidade por onde passam os romeiros que seguem a pé a Pirapora do Bom Jesus.

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Caetano: (JOSÉ CAETANO) recebeu o título de Alferes, tanto que em Piracicaba a denominação do logradouro público em sua homenagem se chama Rua Alferes José Caetano, mais conhecida por todos como rua Alferes... Foi José Caetano que, juntamente com Luiz Nicolau Campos Vergueiro, estudou e enquadrou nossas ruas, isso no século XIX. De tal importância foi o trabalho, a visão e a dedicação desses dois visionários, que até hoje Piracicaba é conhecida por suas ruas largas e de fácil trânsito. Caetano: (TOMAZ CAETANO CANNAVAN RÍPOLI) professor da ESALQ, cronista dos mais refinados e sarcásticos de Piracicaba. Filho de Romeu Ítalo Rípoli. Autor de um maravilhoso livro “3 em 1”, onde com muita honra, fui seu prefaciador. Caio: (CAIM ACERBI) Proprietário da famosa lanchonete Grill Dog, localizada em frente à Praça José Bonifácio. Seus lanches eram dos mais saborosos de toda a nossa cidade Calçada de Ouro: era o trecho onde se encontram os bancos Itaú e Bradesco e seus respectivos estacionamentos. Ali havia o cinema Politheama e a famosa bombonière de José Passarela, a Terceira Maravilha de Piracicaba, segundo seu proprietário, que dizia que a primeira era o Salto do rio Piracicaba, a segunda a ESALQ e a terceira, sua bombonière. Calçavara: Sobrenome de meus trisavôs paternos, de minha bisavó paterna: MARIA CALÇAVARA PEZZATO, que foi casada com meu bisavô Domingos Pezzato. Calíope: Na mitologia grega, a Musa da Poesia épica. Camões (LUIS VAZ DE CAMÕES) O maior Poeta da língua portuguesa. Compôs “Os Lusíadas”, um dos maiores poemas épicos do mundo, além de centenas de sonetos e outros versos. Campinas: cidade distante 70 quilômetros de cidade. Com mais de um milhão de habitantes. Foi no início do século XX rival de nossa cidade em todos os sentidos.

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Campos Vergueiro: (LUIZ NICOLAU CAMPOS durante o Império. Mas em Piracicaba foi o com Alferes José Caetano, para enquadrar hoje é uma das mais bem planejadas do existiam carros... Visão e projeto futuristas.

VERGUEIRO) Foi senador responsável direto, junto nossa cidade, que ainda Brasil. Isso quando não

Cancian: (RESTAURANTE CHOPERIA CANCIAN) teve início com uma casa de carnes em Sorocaba. Sua especialidade é a carne de porco em todas as suas quitutes. Em Piracicaba existe há diversos anos. Localiza-se na rua Luiz de Queiroz. Famossíssima. Pratos de fina qualidade e sabor e atendimento ímpar por todos os funcionários da Casa, simpáticos e solícitos. Cantareira: Sistema que desviou (roubou) as águas de nossos afluentes para abastecer a cidade de São Paulo. Um crime contra a Natureza e contra toda a Bacia do Piracicaba. Mas o progresso exige sacrifícios desse teor... Cantarelli: (JOSÉ ALFREDO CANTARELLI) Fotógrafo. Trabalha há mais de 40 anos no mesmo local, na Galeria Gianetti, junto com Nelson. Membro fundador da ARLS Liberdade e Trabalho. Capitão: Referência a Antônio Correa Barbosa, Capitão-Povoador de nossa cidade. Capivari: cidade distante 35 quilômetros de Piracicaba. Terra de Amadeu Amaral e outros notáveis Artistas. Também em Capivari está a Loja Maçônica INTEGRIDADE número 01 pertencente ao GOP (Grande Oriente Paulista. Caputo: (ROCCO ANTONIO CAPUTO) Pintor piracicabano de rara sensibilidade e talento. Morou e estudou na Itália e suas pinturas sempre trazem a marca do grande pintor italiano Caravággio. Tem inúmeras premiações em Salões de Artes de todo o Brasil. Carioba: outro projeto nefasto que tentou se instalar mais poluir as águas do Rio Piracicaba e também roubar seu manancial. A luta por

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sua inviabilização foi vencida, pois se tal projeto viesse a ser instalado, com certeza seria a morte do Rio Piracicaba. Os versos foram compostos antes da vitória conseguida. Aqui ficam como registro e grito de alerta para o futuro. Carla Ceres: (CARLA CERES DE OLIVEIRA CAPPELETTI) professora de inglês e português com pós-graduação na Inglaterra. Poetisa de rara sensibilidade. Tem inúmeras premiações literárias em todo o Brasil e também no exterior. Compôs um SONETO DECOMPOSTO, pérola da literatura portuguesa e vencedor do III Prêmio Escriba de Poesia com essa pérola. Carlão: (CARLOS PONTES) Famoso carnavalesco piracicabano na época das Escuderias. A bateria que comandava sempre recebia a nota 10. Desfilou pela Ekipexato, Escola de Samba do Clube Recreativo Palmeiras e Pop XV. Carlão: (CARLOS ROBERTO CAMPOS) Sonhador piracicabano que vive pelas ruas contando histórias fabulosas. Diz que vai aparecer em programas televisivos e tem poder de dominar os raios com sua força magnética que é fantástica. Com tais tipos populares Piracicaba sempre viveu, basta lembrar Nhô Lica. Carlos: (CARLOS MORAES JÚNIOR) Poeta, cronista, contista. Natural de Tatuí, reside em Piracicaba há muitos anos. É fundador e presidente do Clube dos Escritores Piracicaba. Agitador cultural desde quando participante do JUBA – Juventude Unida do Bairro Alto. Carlos: (CARLOS COLONEZZI) junto com Alceu e Adolpho, criaram o Salão de Humor de Piracicaba, hoje internacional. Esses são de fato, os verdadeiros criadores do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, hoje com tantos donos e os verdadeiros esquecidos. Carlos ABC: (CARLOS ANTONIO BUENO DE CAMARGO) ator e autor teatral e diretor. Um dos maiores de todos os tempos. É sua a direção e também a autoria do espetáculo LUGAR ONDE O PEIXE PARA, que vem sendo roubado por pessoas inescrupulosas e sem caráter.

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Carlos Botelho: Aqui não é lembrado o homem público que foi Carlos Botelho mas a avenida que leva seu nome. É importante avenida, hoje quase que totalmente comercial e de trânsito intenso finais de semana. É também conhecida a avenida pelo pejorativo nome de B.O. pelos constantes casos policiais ali ocorridos. Carmela: (CARMELA PEREIRA) escritora e pintora da arte naïf. Sua arte já foi estudada e premiada na Bienal Naïf de Piracicaba. Carmelina: (CARMELINA TOLEDO PIZA) professora, escritora, contadora de história. A mais conhecida e reconhecida contadora de histórias em Piracicaba. Cármen: (CARMEN MARIA DA SILVA FERNANDES PILOTO) poetisa radicada em Piracicaba há muitos anos. Trabalha na ESALQ. Premiada em diversos concursos literários no Brasil. Carradore: (HUGO PEDRO CARRADORE) Poeta, romancista, contista, folclorista. Autor de inúmeros trabalhos em jornais e livros, como “Digressões em torno do folclore”, “Folclore do Jogo do Bicho” “Negritude da América” “Prudente de Moraes, o Pacificador”, entre tantos outros. Caruso: (PAULO JOSÉ ESPANHA CARUSO e FRANCISCO ESPANHA CARUSO) referência aqui feita a dois dos maiores cartunistas brasileiros. Participal do Salão de Humor há muitos anos e são figuras carimbadas a cada edição do mesmo. Paulo e Chico são irmãos gêmeos. Cássio: (CÁSSIO PADOVANI) Sobrinho de Cássio Paschoal Padovani. Entrou para a Ordem dos Capunhinhos. Estudou Belas Artes. Além de pintor é um dos mais conceituados críticos de arte de Piracicaba. Curador em inúmeras mostras de Arte, Cássio também é um estudioso profundo da obra de Frei Paulo Maria de Sorocaba. Cássio: (CASSIO PASCHOAL PADOVANI) Políticodos mais eminentes de nossa cidade. Faleceu quando ocupava o cargo de Prefeito

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Municipal em nossa cidade, em 07 de março de1972, dia que o Jornal de Piracicaba publicava meus primeiros versos, Rumo. Castilho: (MANOEL CASTILHO) requintado poeta piracicabano. Totalmente esquecido, hoje, tem também sua obra quase toda dispersa em jornais e alguma antologias publicadas por grupos literários de nossa cidade. Castro Alves: (ANTONIO FREDERICO DE CASTRO ALVES) Simplesmente o Maior Poeta do Brasil e um dos maiores do mundo. Nasceu na Bahia em 1847 e faleceu em 1871. Autor de Espumas Flutuantes, Os Escravos, Hinos do Equador, A Cachoeira de Paulo Afonso, Gonzaga ou a Revolução de Minas. Os poemas “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”, de sua autoria, são dos mais belos da Língua Portuguesa. Dos mais conhecidos e mais declamados, mesmo depois de 150 de existência. Catterpillar: empresa americana que instalou-se em Piracicaba no anos 70 do século XX e impôs sua marca de progresso industrial em nossa cidade. É considerada uma das maiores empresas do mundo no setor. Cavalinho: nome de outra cachaça que foi muito Piracicaba. Era conhecida como “o fino em caninha”.

popular

em

Cavallari: (MARCO ANTONIO CAVALLARI) pintor e escultor de raro talento. Premiado em diversos salões. Suas esculturas embelezam inúmeras cidades e Lojas Maçônicas. Seu trabalho mais marcante foi a reconstrução do rosto do criminoso da Segunda Guerra Mundial, Joseph Mengele. Cecília Belatto: (CECÍLIA BELATTO) professora de música e virtuose do piano. Seus concertos são sempre belíssimos e quem os assiste sempre é premiado com o talento raro dessa pianista piracicabana. Cecília Fessel: (MARIA CECÍLIA GRANER piracicabana de rara sensibilidade e talento.

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FESSEL)

poetisa


Cecília Gallo: (MARIA CECÍLIA GALLO) artista piracicabana. Expõe em diversas cidades, é também premiada em diversos Salões de Arte. Cecília Neves: (MARIA CECÍLIA NEVES RIBEIRO) Uma das maiores pintoras piracicabanas de todos os tempos. Natural de Botucatu adotou nossa cidade como sua terra. Foi a primeira mulher a ser agraciada com a Medalha de Ouro no Salão de Belas Artes de Piracicaba em 50 anos. É premiadíssima no Brasil e também no exterior. Já pintou mais de 5000 telas espalhadas em diversos países do mundo. Cecílio Elias Netto: (CECÍLIO ELIAS NETTO) Romancista, dramaturgo, cronista, um dos maiores jornalistas do Brasil. Escreveu “Um Eunuco para Ester”, “Bagaços da Cana” e o mais famoso: “Arco, Tarco, Verva”, dicionário folclórico, mostrando todo o requintado linguajar caipiracicabano. Célia: (CÉLIA REGINA DOS SANTOS SIGNORELLI) carnavalesca das mais respeitadas em Piracicaba de todos os tempos. Desfila há mais de trinta anos pela Escola de Samba Zoon Zoon. Já foi destaque e por muitos anos Porta Bandeira da Escola. Foi também a primeira Rainha da Festa do Peixe em Piracicaba nos anos 60 do século XX. Filha do fotógrafo Cícero Correia dos Santos, outro ícone de nossa cidade. Seu marido, Ariovaldo Sérgio Signorelli, foi presidente da Zoon Zoon durante 18 anos. Celisa: (CELISA ANNICHINO DO AMARAL FRIAS) violinista de raro talento. Tem premiações em diversas cidades do Brasil e apresentações também no exterior. Atualmente é Diretora da Escola de Música de Piracicaba. Celita: (OSMIR AVANZI) fotógrafo piracicabano. Irmão do jogado Chicão, que jogou no XV, São Paulo e Seleção Brasileira. Falecido seu nome é aqui lembrado pelo grande profissional e competência que possuía. Cemitério da Saudade: o mais antigo da Cidade. Data de 1872. Os grandes vultos piracicabanos estão ali sepultados. Antes disso os

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sepultamentos ocorriam nas redondezas das Igrejas, o que era comum... Cena: (CENTRO DE ENERGIA NUCLEAR E AGRICULTURA) um dos mais respeitados do mundo. Aqui congrega inúmeros dos cientistas mais capacitados. É vasta sua área de pesquisa. Cera: (ROBERTO ANTONIO CERA) bancário, cronista, amante da música. Um dos baluartes na criação do Salão de Humor de Piracicaba. Crítico mordaz e sempre atuante. Durante muitos anos colaborou no “O Diário”, hoje ainda milita no Jornal de Piracicaba. César: (SEBASTIÃO CÉSAR FRANCO) faz dupla sertaneja com seu irmão Paulinho. De consagrado gosto popular em todo o território brasileiro. Seu pai Craveiro, e tio formam a também famosa dupla piracicabana Craveiro e Cravinho. César Costa: (CESAR LÁSARO COSTA) radialista. Mantém há muitos anos o programa PIRACICABA EM DESTAQUE, de entrevistas, na Tv Beira-Rio, de nossa cidade. Ceta: (COMPANHIA ESTÁVEL DE TEATRO AMADOR) é uma Companhia mantida pela Prefeitura do Município de Piracicaba desde sua fundação, em 1992. Sua montagem de “Morte e Vida Severina”, trouxe inúmeras premiações, inclusive no Mapa Cultural Paulista, realizado pelo Governo Estadual do Estado de São Paulo, no ano de 1998 Céu Cor de Rosa: um dos mais tradicionais estabelecimentos comerciais de Piracicaba. Funcionou por mais de 50 anos sempre sob direção de JORGE CHADDAD e sua esposa CONCEIÇÃO. Hoje desativada. Cezário: (CEZÁRIO CAMPOS FERRARI), Proprietário da Funerária Bom Jesus, escreveu interessante livro sobre Cemitérios do mundo e formas de velório. É membro atuante da Loja Maçônica Liberdade e Trabalho e da Phoenix.

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Chácara do Lara: residência de Rodolpho Lara, onde em torno foi construído o Clube de Campo de Piracicaba em 1954 Chaddad: (JOÃO CHADDAD) Arquiteto, político, artista plástico e seresteiro. Irmão de Jorge Chaddad e Ziláh Chaddad, ambos músicos. Vive presente nas rodas culturais e políticas de nossa cidade. Chapéu: (ANTONIO JOSÉ DA SILVA) ator, diretor de teatro. Sua representação com o grupo Andaime em “Lugar onde o peixe para” imortalizou-o nos palcos brasileiros e na Itália. Chicão: (FRANCISCO JESUÍNO AVANZI) foi um dos grandes jogadores de futebol brasileiro. Defendeu o Esporte Clube XV de Novembro, quando de seu acesso à Divisão Especial em 1967, depois transferiu-se para outras equipes até defender o São Paulo Futebol Clube, onde se sagrou campeão paulista e brasileiro. Disputou também a Copa do Mundo de Futebol em 1978, na Argentina, onde célebre ficou demonstrada sua raça em Rosário, em partida disputada contra a seleção Argentina. Chico Coelho: (FRANCISCO ANTONIO COELHO FILHO) artista plástico piracicabano ligado a movimentos arrojados e modernos. Além de ser cronista e poeta é proprietário do Restaurante Abaporu. Chico Feio: (FRANCISCO FEIO) Engenheiro, jornalista. Muito se empenhou para a vinda do terminal Estrada de Ferro da Paulista chegasse até Piracicaba. Escreveu diversos artigos de forma veemente dizendo da necessidade de tal progresso chegar até Piracicaba. Fois dos cidadãos mais importantes na primeira metade do século XX em nossa cidade. Chico Mello: (FRANCISCO DE ASSIS FERRAZ DE MELLO) engenheiro agrônomo e belíssimo poeta. Autor de inúmeros sonetos de requintado quilate. Também escreveu livros sobre as Artes de Piracicaba, da vida e obra de Manoel Martho e uma interessante biografia de Nhô Lica.

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Chinês: famoso cordão carnavalesco piracicabano na primeira metade do século XX. Pouco sobreviveu mas ainda vive na lembrança dos mais saudosos... Cícero: (CÍCERO CORREIA DOS SANTOS) um dos mais folclóricos personagens de Piracicaba. Rio-clarense de nascimento, jovem veio morar em nossa cidade. Foi fotógrafo que deixou em milhares de fotos, registrados os nossos carnavais em clubes e nas ruas. Fã ardoroso no XV de Novembro, imortalizou-se travestido de Nhô Quim. Por tudo que fez em prol de nossa cidade, seu nome hoje está imortalizado na Praça da Sapucaia. Sua mágoa maior, foi ver negada pela Câmara Municipal de Vereadores de nossa cidade, o Título de Cidadão Piracicabano... Cidade Alta: nome correto é Bairro Alto. Um dos mais importantes e antigos bairros de nossa cidade. Cidade das Escolas: Outro cognome de Piracicaba. Assim como Atenas Paulista, Cidade das Escolas Piracicaba, a Noiva da Colina, teve esse outro epíteto que muito a enobreceu e a engrandeceu. Cidinha Mahle: (MARIA APPARECIDA ROMERA PINTO MAHLE) Musicista. Fundadora, junto de seu marido, o maestro Ernst Mahle, da Escola de Música de Piracicaba, em 1953. Cínthia: (CINTHIA ANICHINO PINOTTI) musicista e maestrina. Rege diversos corais em Piracicaba. Trabalha com música há muitos anos. Ciro: (CIRO DE OLIVEIRA DA SILVA) pintor naïf piracicabano de grande talento. Foi premiado em diversos salões de arte. Pintou muito as lendas de nossa cidade. Cláudio: (CLÁUDIO SALVAGNI) filho de Tangará, famoso pescador do Rio Piracicaba. Continuou na profissão de seu Pai e até hoje ainda vive da pesca. Clemência: (CLEMÊNCIA PECORARI PIZZIGATTI) professora, pintora e inventora. Recebeu diversas premiações em mostras de arte. É de sua

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autoria o painel de quase 100 metros quadrados instalado no Parque do Mirante, feito com diversos tipos de pedras. Clio: na mitologia grega, a Deusa da História. Cobrinha: (VICTÓRIO ÂNGELO COBRA) O maior seresteiro de Piracicaba de todos os tempos. Imortalizou através de inúmeras gravações, a canção “Piracicaba”, de Newton Mello, hoje hino oficial de nossa cidade. Coc: (COLÉGIO OSWALDO CRUZ) Antigo Alfaville. Colégio de ensino de primeiro e segundo Graus. São seus mantenedores a família Zago. Cocenza: (ANTONIO HENRIQUE DE CARVALHO COCENZA) Mineiro radicado em Piracicaba. Advogado, farmacêutico, cronista dos mais apreciados. De sua autoria é o livro “ANTES QUE EU ME ESQUEÇA”. Também é membro da Academia Piracicabana de Letras, da qual foi seu presidente. Foi também presidente do Codepac, da Guarda Mirim e de inúmeras outras Instituições de nossa cidade. Codepac: (CONSELHO DE DEFESA DO PATRIMÔNIO CULTURAL) órgão municipal que zela e cuida e faz o tombamento de prédios históricos da cidade. Fiz parte desse Conselho no período de 1998 a 2000, sendo seu vice-presidente nos dois últimos anos. Codistil: empresa piracicabana de destilaria. Pertencente à Família Dedini. Coimbra: (ANTONIO CARLOS MARQUES COIMBRA) cognominado “O MAGO DO VIOLÃO”. Também tocava harpa com requinte. Tem vários discos e CDs gravados. CLQ: (COLÉGIO LUIZ DE QUEIROZ), colégio do ensino médio e fundamental e cursinho pré-vestibular dos mais antigos e capacitados de Piracicaba.

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Colonial: outra casa de espetáculos cinematográficos que existiu em Piracicaba e se localizava na rua Benjamim Constante esquina da rua Prudente de Moraes. Hoje virou local de encontro de seitas religiosas. Comarca do Prata: era um território imenso... Segundo historiadores não há consenso de toda a sua extensão. Mas dizem que chegava até a Argentina e Uruguai. Como poeta apenas faço lembrança sem me ater à grandiosidade do tema, que por si só valeria um Poema. Cometa: como o Chinês, foi um cordão carnavalesco que brilhou em Piracicaba na primeira metade do século XX. Teve porém, breve duração. Comurba: (Companhia Municipal de Urbanização) Assim era conhecido o Edifício Luiz de Queiroz, erguido em frente à Praça José Bonifácio. Ali funcionava também o Cine Plaza, um dos mais belos da cidade. Mas ainda em fase de construção, no dia 06 de novembro de 1964, desabou matando 54 pessoas. Foi a maior tragédia de Piracicaba. Concivi: (Construtora e Pavimentação Ltda) Empresa piracicabana que muito contribui com o progresso de Piracicaba. Um de seus diretores, João Detoni, sempre ligado a movimentos culturais de nossa cidade, jamais deixa de dar seu apoio quando solicitado. Coradini: (CLÁUDIO CORADINI) fotógrafo trabalhando na Gazeta de Piracicaba.

piracicabano

hoje

Coriolano: (CORIOLANO FERRAZ DO AMARAL) Prefeito de Piracicaba. Cornélio Pires: folclorista, contador de causo e poeta. Nasceu e viveu em Tietê, cidade próxima a Piracicaba. Empresta seu nome à rodovia que liga Piracicaba a Tietê. Justíssima homenagem. Coronel Barbosa: importante político de nossa cidade. Aqui lembrado como patrono de um dos clubes mais requintados de nossa cidade de 1950 a 1980. Depois foi perdendo poder, força, glamour...

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Corumbataí: rio afluente do rio Piracicaba. Rio totalmente paulista. Nasce e deságua em território paulista, desembocando no Piracicaba perto do distrito de Santa Teresinha, portanto no perímetro urbano de nossa cidade. Costa: (BENEDICTO EVANGELISTA COSTA) Engenheiro Agrônomo, professor e pintor. Teve diversos trabalhos premiados em Salões de Arte em Piracicaba. Seu filho é o jornalista César Lázaro Costa. Cotip: (COLÉGIO TÉCNICO E INDUSTRIAL DE PIRACICABA) funciona na FUMEP, Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba. Coutinho: (ANTONIO WILSON VIEIRA HONÓRIO) um dos maiores centroavantes de futebol do mundo. Fez dupla com o Rei do Futebol, Pelé, quando jogou no Santos Futebol Clube, durante 12 anos. Foi bicampeão mundial de futebol inter clubes e campeão do mundo pela Seleção Brasileira de Futebol. Cozzo: (SERAFINO COZZO) fotógrafo de Piracicaba. Craveiro: (SEBASTIÃO FRANCO) forma dupla com seu irmão Cravinho. Tal dupla existe há quase 50 anos, cantando e exaltando nossa cidade. Craveiro é pai dos também cantores César e Paulinho. Cravinho: (JOÃO FRANCO) forma dupla com seu irmão Craveiro. É tio dos também cantores César e Paulinho. Craveiro e Cravinho cantam profissionalmente desde 1962 quando gravaram o primeiro disco. Cristina: (CRISTINA LIBARDI) artista piracicabana pertencente ao movimento modernista. Uma das mais estudiosas artistas e pesquisadoras da Arte brasileira. Cristina: (ANA CRISTINA PEREIRA VIANNA FIORAVANTE) bailarina clássica, juntamente com sua irmã Tânia Pereira Vianna Lagreca, possuem importante academia de dança em nossa cidade, a Oficina de Dança. Cristo: (JESUS CRISTO) Filho de Deus, Salvador, o Nazareno.

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Cristóvão Colombo: (CENTRO CULTURAL E RECREATIVO CRISTÕVÃO COLOMBO) um dos mais tradicionais Clubes recreativos de Piracicaba. Um dos maiores do Brasil. Tem mais de 7000 sócios. Criado pela colônia Italiana, recebeu o nome do navegador Genovês, Cristóvão Colombo, que em 1492 descobriu a América com a bandeira espanhola em suas caravelas Santa Maria, Pinta e Nina. Crócomo: (OTTO JESU CRÓCOMO) Cientista e Professor apaixonado pelos segredos das coisas que existem e que a gente não vê na Natureza. Bioquímico e Biotecnologista de plantas. Eminente professor que transmite aos alunos toda essa paixão. Cruz: (MANOEL DIAS SILVEIRA DA CRUZ) militar da reserva. Escultor muito inventivo, pois trabalha com diversos tipos de materiais, como ferro, madeira, solda, também pinta e cultiva a técnica do bonsai etc. Cuiabá: Capital do estado do Mato Grosso, Estado do Brasil central. Foi tão importante na época do Brasil Colonial por suas jazidas, em 1718, que de São Paulo, passando por Piracicaba, foi aberta uma estrada por Luiz Pedroso Barros, ligando tão longa e quase instransponível distância, no inicio do século XVIII. Cunha de Menezes: (FRANCISCO DA CUNHA DE MENEZES) governador da Capitania de São Paulo e sob suas ordens é que em 1784, Piracicaba se transportou da margem direita para a margem esquerda do Rio Piracicaba. Curtinho: (ANTONIO PAULI) Professor primário, mas antes de tudo um dos grandes jogadores de futebol do Esporte Clube XV de Novembro, nas décadas de 40 e 50. Seu filho Serelepe, também jogou no XV e em outras equipes do futebol brasileiro. Jogava na Ponte Preta, de Campinas, quando Pelé, o Rei do Futebol, se despediu dos gramados brasileiros. Seu outro filho, João Amaurício Pauli, médico, foi Vereador, vice-prefeito e Secretário de Saúde de Piracicaba. D

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D’Abronzo: (HUMBERTO D’ABRONZO) Comendador, industrial, notabilizou-se com a fabricação da caninha “Tatuzinho”, que fez Piracicaba ser reconhecida em todo o Brasil e até no exterior. Foi também presidente do Esporte Clube XV de Novembro, quando de seu acesso à Divisão Especial em 1967. Dalila: (DALILA DE OLIVEIRA MOREIRA) casada com VENENO. Criou, com seu marido, no CIRCO DO VENENO, uma das maiores duplas do teatro mambembe de Piracicaba. Seus filhos ainda se apresentam em Piracicaba. Dalton: (DALTON BELMUDES DE TOLEDO) cirurgião-dentista, começou na arte da cerâmica há poucos anos e se tornou um dos mais importante ceramistas de nossa cidade. Expõe com frequência suas obras em exposições. Dalva: (VIRGÍNIA DALVA PEZZATO) Minha segunda irmã. Trabalha na Escola Dr. Prudente. Tem dois filhos, um médico, Alex, que tem um filho, Augusto e a outra enfermeira, Thati. Dante: (DANTE ALIGHIERI) Poeta florentino. Um dos maiores do mundo. Escreveu “A Divina Comédia”. David: (DAVID ANTUNES) historiador piracicabano. Foi bancário do Banco do Brasil. Fez vários estudos sobre a fundação de nossa cidade. Daytona: lanchonete das mais tradicionais de nossa cidade na década de setenta. Existia na confluência das ruas Moraes Barros com a Boa Morte, onde hoje o prédio foi demolido dando lugar a mais um Banco. Era nela e no Karamba’s e no Pauliber, que a juventude piracicabana se reunia finais de semana principalmente. Déborah: (DÉBORAH LETÍCIA) cantora lírica formada em Música. Professora de música na Escola de Música Ernst Mahle. Possui uma voz limpa, pura, linda. Encanta quem a ouve sempre. Deco: (ÍDICO LUIZ PELLEGRINOTTI) carnavalesco nos bons tempos de nossa juventude. Foi fundador da Banda do Bule. Hoje formado em

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Educação Física é professor reconhecido mundialmente. Foi técnico da equipe que atletismo em nossa cidade, alcançando recordes mundiais e nacionais. De Sordi: (NILTON DE SORDI) Grande jogador de futebol do Esporte Clube XV de Novembro. Transferiu-se para o São Paulo Futebol Clube onde se sagrou campeão paulista. Defendeu com orgulho a Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo da Suécia, em 1958 onde foi campeão mundial de futebol. Demósthenes: (DEMÓSTHENES SANTOS CORREIA) Professor, físico, químico, revolucionário de 32, cronista e historiador de Piracicaba. Como tantos outros vultos importantes de nossa história, hoje esquecido também. Denise: (DENISE OTERO STORER) professora e pintora de rara sensibilidade. Tem inúmeras premiações de Salões de Arte e foi a segunda mulher a ser agraciada com a Medalha de Ouro no Salão de Belas Artes de Piracicaba. Mantém em seu ateliê de pintura uma escola de arte há muitos anos. Denny: (ERCÍLIO ANTONIO DENNY) professor. Semanalmente escreve crônicas sobre Filosofia no Jornal de Piracicaba. Dezoito: (DEZOITO’S BAR E RESTAURANTE) Um dos mais tradicionais restaurantes da rua do Porto. Com outros tantos, faz o famoso peixe no tambor, como o Chevette, o Petisco... Dias Falcão: (DIAS FALCÃO) Um dos descobridores das minas de ouro em Cuiabá, em 1718. Diehl: (CRISTIANO DIEHL NETO) um dos maiores fotógrafos de Piracicaba. Trabalhou durante muitos anos no Jornal de Piracicaba e atualmente trabalha na Gazeta de Piracicaba. Difusora: (RÁDIO DIFUSORA DE PIRACICABA, A FAMOSA PRD-6) A mais antiga emissora transmissora de rádio de nossa cidade. Eram famosos seus programas de auditório com Benê Marques, Ari Pedroso,

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Waldemar Bília. Hoje ainda atenta aos noticiários políticos, esportivos e sociais, é uma das estações de rádio mais ouvidas de nossa cidade. Dirce: (MARIA DIRCE CAMARGO) professora de música, pianista de raro talento e sensibilidade. Como homenagem existe uma sala de música na Estação da Paulista, com seu nome. Ditinha: (MARIA BENEDITA PEREIRA PENEZZI) primeira Vereadora de nossa cidade. Sofria muitos preconceitos por ser negra. Era também advogada. Ajudava muito aos pobres. Foi dela o terno que meu pai usou no dia de seu casamento como presente. Dom Bosco: Aqui a referência é dada ao Colégio, que funcionava anexo ao Oratório. Esse não mais existe. Ficou apenas a Escola de primeiro e segundo graus. Infelizmente o sonho de Dom Bosco, do Oratório, virou esquecimento. Dom Fernando Mason: (FERNANDO MASON) Bispo Diocesano de Piracicaba que sucedeu a D. Moacir Vitti. Homem culto, inteligente. Cuida com imenso carinho e capacidade de seu imenso Rebanho. Domingos: (DOMINGOS PEZZATO) Meu bisavô. Casado com Maria Calçavara. Veio da Itália na segunda metade do século XIX. Teve cinco filhos. Nasceu sem o braço esquerdo. Faleceu em Piracicaba. Sua descendência é imensa. Domingos Sávio: (DOMINGOS SÁVIO) o Santo menino. Frequentou em Turin, Itália, o Oratório de Dom Bosco e faleceu com apenas 15 anos. É o mais novo santo da Igreja Católica. Foi canonizado pelo Papa Pio XI. D. Pedro: (DOM PEDRO.......) Primeiro Imperador do Brasil. O que proclamou nossa Independência, de Portugal, em 07 de setembro de 1822. Quando vinha a Piracicaba se hospedava no palacete de Barão da Serra Negra. Dorizotto: (SERMO DORIZOTTO) Frei capuchino. Publicou interessante livro sobre os primórdios de Piracicaba. Muita pesquisa, muita busca e luz ao nosso passado.

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Douglas: (DOUGLAS RIBEIRO SIMÕES) professor, músico, poeta, cantor e compositor nascido em Pindorama, mas adotou Piracicaba na mocidade. Ducatti: Torrefação de Café, hoje comandada por Edson Ducatti. Tradicional há muitos anos em Piracicaba. E Eduardo Grosso: (EDUARDO FERREIRA GROSSO) Cartunista, caricaturista, pintor acadêmico e modernista. Vencedor do Salão Internacional de Humor em Piracicaba diversos anos, também premiado em várias partes do mundo em humor. Além de várias premiações em Salões de Arte de Piracicaba. Educadora: (RÁDIO EDUCADORA DE PIRACICABA) foi fundada no dia que Piracicaba comemorava o seu bicentenário. É de propriedade da família Jairo Mattos. Tem programação variada no dia-a-dia de nossa cidade. Efhraim: (MANASSÉS EPHRAIM PEREIRA), professor piracicabano do início do século XX. Hoje é nome de Escola como patrono, com justo mérito. Egídio: (EGÍDIO PEREIRA RIZZI) maestro piracicabano de exímio talento. Participa ativamente da cultura artística de nossa cidade como maestro e regente de orquestras e corais. Somos parceiros no Hino do Centenário da Sociedade Beneficente Sírio Libanesa, comemorado em 2002. Ekipelanka: (GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA ACADÊMICOS DA EKIPELANKA) uma das mais belas Escolas de Samba de Piracicaba na década de 70 do século XX. Seus enredos eram cuidadosamente escolhidos. Quando colocou na rua o enredo sobre a Disneylândia causou o maior sucesso. Porém foi com o Folclore Baiano que atingiu seu ápice na avenida. Foi ativa até 1979, depois desapareceu e ficou na saudade.

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Ekipexato: formava o trio de ouro do carnaval piracicabano naqueles anos 70 do século passado. Sua magia no samba era contagiante. Desapareceu em 1975. Tanto essa escola como a Ekipelanka deixaram saudade, mas desapareceram pela incompetência administrativa da Prefeitura, que burlou resultados em favor de outra... Elias: (ELIAS SALUM) é piracicabano e sírio ao mesmo tempo. Professor da Unimep, foi presidente da Sociedade Beneficente Sírio Libanesa. Astrônomo, rádio-amador, tem um livro sobre o centenário da Imigração sírio-libanesa, no Brasil. É também membro fundador da A:. R:. L:. S:. Liberdade e Trabalho. Elias dos Bonecos: (ELIAS ROCHA) Artesão primitivo, morador da rua do Porto. Ficou famoso por criar os Bonecos de pano e espalhá-los a beira rio.

Elisa Pantaleão: (ELISA PHILIPOWSKI COSTA PANTALEÃO) professora de português. Todas as semanas publica na Gazeta de Piracicaba uma coluna sobre gramática e erros frequentes em nosso idioma. Eliseu: (ELISEU) poucos dados temos sobre Eliseu, que era um agregado de Manoel Ferraz de Arruda Campos. Mas como diz a história devia ser um homem muito bondoso. Sequer seu nome completo ficou para ser aqui registrado. Eloísa: (ELOÍSA ANTONIETA DEL NERO RIZZO) artista plástica piracicabana, de rara sensibilidade, premiada em diversos Salões. Engenho Central: construído por Barão de Rezende, funcionou de 1881 até 1974, quando foi desativado. Foi o maior Engenho de Açúcar e Álcool do Brasil durante muito tempo. Hoje que o poder público tomou posse do local, e tombou-o como Patrimônio Histórico, mas não acertou ainda sua transação com os devidos proprietários, vive sendo dilapidado aos poucos pelo uso constante de suas instalações. Mas para sua preservação nada mesmo tem sido feito. Apenas projetos,

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projetos, projetos. Quando ele de fato ruir, pensarão no que não foi feito... Ennes Silveira Mello: (ENNES SILVEIRA MELLO) menino soldado da revolução constitucionalista de 32. Morreu em combate e é um herói piracicabano. Seu nome junto de outros está gravado no Monumento ao Constitucionalista, erigido na Praça José Bonifácio. Entradas: Expedição organizada, no período colonial, pelas autoridades ou particulares, e que geralmente partia dum ponto do litoral, para explorar o interior, prender indígenas destinados à escravidão ou procurar minas. Éolo: na mitologia grega, o Deus do Vento Érato: na mitologia grega, a Deusa da Poesia amorosa Ermelindo: (ERMELINDO NARDIN) pintor piracicabano de reconhecido talento. Exibiu sua arte em grandes capitais brasileiras e também do exterior. Ernst Mahle: (ERNST MAHLE) compositor, músico e maestro de reconhecido valor no mundo da música. Foi um dos fundadores da Escola de Música de Piracicaba em 1953 e é regente de Orquestra até os dias atuais. Erothides de Campos: (EROTHIDES JONAS NEVES DE CAMPOS) Poeta, compositor, autor de centenas de canções, entre ela “Ave Maria” Esalq: (ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ) a maior Escola de Agronomia da América Latina. O maior legado que Luiz Vicente de Souza Queiroz podia ter deixado para Piracicaba. Mundialmente famosa. Uma das mais importantes do mundo. Pertence à USP – Universidade de São Paulo e é centenária em sua existência. Escola de Agronomia: A Esalq.

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Escola de Mães: Escola fundada pela poetisa piracicabana a professora BRANCA MOTTA DE TOLEDO SACHS. Ela esteve na presidência da mesma durante mais de 50 anos. A Escola antes tinha o nome do médico dr. Álvaro Guião, mas em 1990, foi mudado para o nome de d. Branca, afinal ninguém mais do que ela, merecia tal honraria. Minha mãe é Madrinha da Escola desde sua fundação. Escola de Música: Escola criada em Piracicaba no início dos anos 50 do século XX. Vários piracicabanos foram de fundamental importância para a sua criação mas hoje ainda o maestro Ernst Mahe e sua esposa Cidinha, vivem à frente de seus movimentos. É mesmo considerada uma das escolas de formação musical mais importante do País e sua fama extrapola fronteira. Espanha: País que faz parte da Europa. Aqui lembrado pela forte descendência Espanhola em nossa cidade e também pela visita da Banda União Operária, na década de 60 do século XX quando lá foi se apresentar. É Piracicaba unindo povos e fazendo o poema da fraternidade. Espartas: aqui meramente expressão literária. Nada a ver com os soldados Espartas, da Grécia. Mas que lembra severidade da educação, austeridade. Esplendor: (AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBOLICA ESPLENDOR) Loja Maçônica praticante do Rito Adonhiramita. Fundada em agosto de 2002, por Irmãos da A:.R:.L:.S:. Prudente de Moraes II. Nesta nobre Oficina dei meus primeiros passos em 28 de agosto de 2004. Esporte Clube XV de Novembro: uma das mais tradicionais equipes esportivas de futebol do Brasil. Fundado no início do século XX, foi o primeiro campeão da Lei do Acesso, do futebol paulista, em 1949. Hoje vive dias difíceis e luta para não desaparecer do cenário esportivo brasileiro. Essência Feminina: grupo musical formado exclusivamente por mulheres. Canta e encanta a cada a cada apresentação. Hoje por

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problemas particulares, o mesmo passou a se chamar CHORO DE SAIA. Estádio Barão da Serra Negra: Estádio de futebol municipal, onde o Esporte Clube XV de Novembro de nossa cidade, manda seus jogos. Serve também o mesmo como praça esportiva para agremiações amadoras e outros esportes. Localiza-se no bairro Cidade Alta. Eugênio: (EUGÊNIO LUIS LOSSO) Pintor, professor e jornalista piracicabano. Diretor do Jornal de Piracicaba de 1939 a 1974. Um dos fundadores do Salão de Belas Artes de Piracicaba, em 1953. Eugênio Nardin: (EUGÊNIO NARDIN) pintor e entalhador. Artista de capacidade inventiva ímpar. Presidiu o CODEPAC por várias gestões. Sua arte pode ser vista em várias instituições de Piracicaba. Euterpe: na mitologia grega a Deusa da Música Evaldo: (EVALDO AUGUSTO VICENTE) Jornalista. Diretor-proprietário do Jornal “A Tribuna de Piracicaba”, grande incentivador dos poetas e escritores de Piracicaba. Evani: (EVANI LOUREIRO FUJIWARA) pintora de belíssimas obras. Premiada em diversos Salões de Arte. Expõe sempre com sucesso suas telas em diversos galerias de Piracicaba e região. Everest: nome da maior cordilheira do mundo, com mais de 8000 metros de altitude. Conquistá-la tem sido um desafio constante para conquistadores. Fica no continente asiático. Extrema: cidade mineira que faz divisa com o estado de São Paulo, um pouco à frente da cidade de Bragança Paulista. É, pois, neste pequeno município mineiro que se localiza a nascente de um dos afluentes do rio Piracicaba. F Fabiano: (FABIANO LOSANO) maestro, músico e professor dos mais importantes que Piracicaba teve na primeira metade do século XX. Foi

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um dos fundadores da Sociedade de Cultura Artística em Piracicaba, em 1922. Fábio: (FÁBIO CARDOSO MONTEIRO) seresteiro da nova geração, um entusiasta pelo movimento. Grande pesquisador de músicas e músicos do cenário brasileiro do início do século XX. Faganello: (JOSÉ FAGANELLO) professor, cronista dos mais requintados. Há muitos anos milita na Imprensa piracicabana mostrando seus trabalhos. Falando da Vida: conjunto musical piracicabanos formado por professores e músicos e diversos outros profissionais para tocar pelo grande prazer de tocar. Raramente se apresentam mas quando o fazem o sucesso é fantástico. Um de seus diretores e idealizadores é o professor Newman Ribeiro Simões. Fanfarra Mirim: (FANFARRA MIRIM DE PIRACICABA) fui seu primeiro participante e dela fiz parte até o final dos anos sessenta. Seus fundadores e diretores era o casal Renato e Marlene Pásseri. Defendendo Piracicaba no concurso de fanfarras e bandas realizado anualmente em São Paulo pela TV Record, fomos com a Fanfarra Mirim, tricampeã. Também vitoriosos em tais concursos era a fanfarra do Colégio Salesiano Dom Bosco e a Banda Marcial da Escola Industrial. Todas deixaram saudade nos corações que viveram tais momentos. Faustino: (FAUSTINO FERNANDES DE SOUZA) Pintor de rara sensibilidade. Notabilizou-se por suas pinturas de natureza-morta em estilo acadêmico. Fazenda São João: assim se chamava a Fazenda herdada por Luiz de Queiroz. Nela instalou a Escola de Agronomia que começou a funcionar após sua morte, em 1901. Febeliano: (FERNANDO FEBELIANO DA COSTA) Prefeito de Piracicaba.

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Felício: (FELÍCIO PEZZATO) Meu avô. Casado com Fortunata Guidolin Pezzato teve sete filhos: MARIA PEZZATO VOLPATO, ISOLINA PEZZATO CALDERAN, LUIS PEZZATO, AMÁLIA PEZZATO, RICIERI PEZZATO, MARGARIDA PEZZATO GASTARDELLO e LÁSARO PEZZATO, meu pai. Felipe Cardoso: (FELIPE CARDOSO) Construiu no século XVII a primeira estrada que ligou Piracicaba a Itu, em 1693. Felisberto: (FELISBERTO PINTO MONTEIRO) Engenheiro Agrônomo. Foi agraciado com o título de piracicabanus praeclarus, cronista. Muito contribuiu para o progresso de nossa cidade. Fepira: foi a primeira grande feira montada em Piracicaba, por ocasião de seu bicentenário, em 1967. Nela se mostrava a pujança de Piracicaba com suas indústrias e comércio. Foi montada nos pavilhões da antiga empresa Mescla, nos altos da Paulista, a Feira Industrial e Comercial de Piracicaba, que não resistiu à segunda edição. Fernando: (FERNANDO FERRAZ DE ARRUDA) dentista, poeta dos mais inspirados. Publicou em jornais, revistas e antologias os seus versos e em um livro chamado: A ENCANTADA CURVA DO RIO, em 2004 Fernão Dias Paes Leme: (FERNÃO DIAS PAES LEME), o Caçador de Esmeraldas. Famoso bandeirante que penetrou o solo virgem das matas brasileiras para ir a busca das tão sonhadas pedras. Morreu sete anos depois de sua partida sonhando ter achado o seu tesouro, mas era ilusão, pois não eram as sonhadas esmeraldas, mas turmalinas apenas. Flamboyant: Um dos mais tradicionais restaurantes de Piracicaba. Tinha esse nome pois havia no local enormes espécies dessa árvore. Funcionou durante mais de 30 anos... depois encerrou suas atividades. Flávio Toledo Piza: (FLÁVIO MORAES DE TOLEDO PIZA) Mestre da Literatura. Escreveu por mais de 50 anos, uma coluna onde assinava sob pseudônimo de Roberto Mateus, PLUMAS AO VENTO. Ferrenho defensor da literatura. Como tantos outros... esquecido...

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Fop: (FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA) Uma das mais importantes faculdades de Odontologia de todo o Brasil. Foi fundada durante o governo de Jânio da Silva Quadros, quando governador do estado de São Paulo. Fogaça: ver Leônidas de Andrade Fogaça Fortuna: (REGINALDOJOSÉ DE AZEVEDO FORTUNA) Um dos grandes artistas gráficos do País, também colaborador de Salão Internacional de Humor em nossa cidade. Fortunata: (FORTUNATA GUIDOLIN PEZZATO) Minha avó paterna. Foi casada com Felício Pezzato, meu avô paterno. França: país europeu, berço da Liberdade. Lá foi escrito os Direitos do Homem, por Lafayette, com o ideal: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, lema adotado depois pela Maçonaria. A França aqui lembrada diz respeito apenas à barraca da Festa das Nações, não ao País propriamente dito. Franco: (JOSÉ FRANCO NASCIMENTO) um dos fundadores do Jornal de Piracicaba, em agosto de 1900. Frei Marcelino: (FREI MARCELINO DE ANGATUBA) Autor de uma das mais famosas canções sobre nossa cidade. Pena que tal composição hoje em dia, viva quase que esquecida. Frei Paulo: (JOÃO BATISTA RODRIGUES DE MELO) (FREI PAULO MARIA DE SOROCABA) Frei capuchinho que na primeira metade do século XX sobressaiu-se em nossa cidade como professor de Arte. Por suas mãos passaram Adâmoli, Sêga, Rontani, Stella, Eugênio Nardin, Benedicto Costa, Manoel Martho, entre tantos outros... Frei Tomé de Jesus: Primeiro Padre a vir para Piracicaba, após sua fundação, em 1768

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Fundação Municipal de Ensino: (FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE ENSINO DE PIRACICABA, – FUMEP) mantenedora da Escola de Engenharia de Piracicaba, EEP e da Escola de Ensino Médio e Profissional (COTIP) e do Centro de Expansão Profissional de Piracicaba, CEPP, fundada em 1967, ano do bicentenário de Piracicaba, hoje orgulho de toda nossa cidade. Fusatto: (ANTONIO CARLOS FUSATTO) poeta piracicabano membro da Academia Piracicabana de Letras, fazendo parte de sua Diretoria, e membro da Loja Maçônica Liberdade e Trabalho. G Gaiola: (SIDNEY SPADA) Cururueiro piracicabano da nova geração. Galdi: (MARCOS GALDI) pintor piracicabano de muita sensibilidade e talento. Além de pintar Marcos também adora ter filhos... tem 12 ao todo! Galdino: (ANTONIO MESSIAS GALDINHO) advogado, professor, cronista, já foi Vereador e Presidente de nossa Câmara Municipal. Autor de diversos livros. Foi Venerável Mestre da ARLD Perfeita Harmonia. Garcia: (ANTONIO GARCIA PINHEIRO) Veio para Piracicaba sob ordens de Vicente Taques, juntamente com Francisco Franco da Rocha e assumiu o posto de alferes das Ordenanças, nos dias de hoje, chefe das Forças públicas. Gatão: (VICENTE NAVAL) Craque de futebol. Foi campeão de acesso pelo XV de nossa cidade, em 1949. Transferido para o S.C Corinthians Paulista, sagrou-se campeão do IV Centenário, em 1954. Gazeta de Piracicaba: jornal dos mais tradicionais de Piracicaba, foi editado no século dezenove e primeiras décadas do século vinte. Após décadas de anos inativos, voltou a circular em nossa cidade, sob o comando de Lourenço Tayar e Joacyr Coury

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Giannotti: (MÁRIO GIANNOTTI) Poeta e seresteiro. Além do canto, a poesia era outra de suas paixões. Deixou um livro de sonetos: Rumos em Rimas. Gilmar: (GILMAR DE AGUIAR GODOY) Pintor piracicabano. Tem realizado belíssimas exposições em diversas cidades do interior paulista. Em 2002 compus os Haikais para cada obra em sua exposição no Hall do Teatro Municial Dr. Losso Netto. Giusti: (LUIS CARLOS GIUSTI) Amigo de juventude no Oratório do Dom Bosco. Depois jovem ainda passou a estudar na Escola de Música e tornou-se um dos maiores oboístas do mundo. Vive hoje na Alemanha e quando pode vem para Piracicaba mostrar sua arte. Gobeth: (Pintor) (LUIS GOBETH FILHO) Arquiteto e aquarelista dos mais talentosos. É de sua autoria o projeto de reforma da praça José Bonifácio, em nossa cidade. Premiadíssimo em Salões de Arte. Godinho: (ANÍSIO FERRAZ GODINHO E JOÃO PEDRO GODINHO) O primeiro, pai, foi poeta e cronista. Escreveu um lindíssimo livro de poesias: LIVRO DE HILDA. O filho, João Pedro, é cronista, poeta e miniaturista. Foi o idealizador e primeiro diretor do Museu da ESALQ. Deste poeta foi um dos primeiros incentivadores e professor. Góes Aranha: ou Vicente, ou Vicente da Costa Taques Góes Aranha. Aqui aparece de forma abreviada, consultar pelo nome completo. Gomes Pedrosa: (ROBERTO GOMES PEDROSA) Desportista. É dele a lei que regulamentava o Acesso à Divisão Especial do Campeonato Paulista de Futebol, do qual o XV de Novembro de nossa cidade foi o primeiro beneficiado em 1948. Gomorra: cidade bíblica destruída pelos seus pecados. Assim como Sodoma. Aqui a referência é apenas literária. Gonzaga: (BENTO DIAS GONZAGA) foi político e prefeito de Piracicaba. Também foi deputado.

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Gracia Nepomuceno: (GRACIA MARIA CORREA NEPOMUCENO) artista piracicabana premiada em diversas exposições de arte no estado de São Paulo. Grande Arquiteto do Universo: Na Maçonaria o Criador. Força Maior que exise no Universo. Deus. Grécia: sua capital Atenas. Berço da cultura da Humanidade. Berço de Sócrates, Homero, Thales de Mileto, Sófocles, entre tantos outros sábios da antiguidade. Grill Dog: uma das mais tradicionais lanchonetes de Piracicaba. Localizava-se na Praça José Bonifácio. Seu proprietário era Caim Acerbi juntamente com seus filhos. Grosso: Consultar Eduardo Ferreira Grosso Guarantã: (Grupo Teatral e Cultural Guarantã) Realiza todos os anos no Parque Engenho Central a Paixão de Cristo. Espetáculo ao ar livre, com mais de 700 atores. É considerado um dos maiores espetáculos do gênero no Brasil e reconhecido pela crítica especializada, mas sua realização ano após anos é feita sempre de maneira totalmente amadora. Guida: (MARIA GUIDA AVERSA DAVANZO) pintora piracicabana, foi aluna de Manoel Martho, de raro talento e sensibilidade. Busca se aperfeiçoar nas naturezas-mortas. Premiada em diversos Salões de Arte. Guidolin: (FORTUNATA GUIDOLIN PEZZATO) Sobrenome de minha avó paterna, casada com Felício Pezzato. Guidotti: (JOSÉ LUIS GUIDOTTI) um dos maiores navegadores de rios do mundo. Percorreu em regata de Piracicaba até o Uruguai em um barco chamado Verinha, homenagem à sua esposa. Fez ainda inúmeras outras viagens. Foi vereador atuante de nossa cidade na década de 60 do século XX, sendo eleito por votação expressiva em porcentagem ainda hoje inigualada. Autor de muitos livros sobre suas

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diversas viagens. Foi árbitro de futebol da Federação Paulista de Futebol. Também me acompanhou durante muitos anos em Romaria a Pirapora. Fiz o lançamento de seu primeiro livro, narrando sua viagem de Piracicaba a Montevidéu, em 1991. Guilherme: (GUILHERME VITTI) Historiador, latinista. Ex-vereador. Colocou em ordem todo o arquivo de nossa história. Compôs em encarte publicado no Jornal de Piracicaba o livro “Manual da História Piracicabana”, que serviu de fonte de inspiração para o poema “A PIRACICABA – MINHA TERRA”, de seu irmão poeta Lino Vitti e também para este poema. Gumercindo Duarte: (GUMERCINDO DE LOURDES DUARTE) Pintor rio-clarense morou em Piracicaba por várias décadas. Foi medalha de ouro no Salão de Belas Artes de Piracicaba. Faleceu em 1992 quando o A. terminava a primeira edição deste poema. Gurgel: (BENTO BARRETO DO AMARAL GURGEL) professor de latim e francês em Piracicaba no século XIX. H Helena: (MARIA HELENA PEZZATO SANTIAGO) Minha irmã caçula. Formada em Ondontologia pela PUC. Foi na juventude uma das maiores jogadoras de basquete do Brasil, sendo que com 16 anos já defendia a Seleção Brasileira de Basquete. Tem um filho, Matheus. Heleninha: (MARIA HELENA CAMPOS) uma das maiores jogadoras de basquetebol do mundo. Jogou por Piracicaba e representou o Brasil por muitos anos servindo à Seleção Brasileira. Jogou o mundial de 1971 quando o Brasil foi terceiro colocado. Hélio: (HÉLIO ALMEIDA MONFRINATO) Musico e Professor, Engenheiro da Esalq. Luta com arfinco em prol da Sociedade de Cultura Artística de nossa cidade. Helly de Campos Melges: (HELLY DE CAMPOS MELGES) Vereador, professor e poeta. Foi eleito pela Academia Piracicabana de Letras,

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em 1993 o primeiro Príncipe da Poesia Piracicabana. Faleceu no mesmo ano. É autor de belíssimos poemas. “Poemas da Era Atômica” é obra prima, onde traz entre tantos outros, uma pérola literária: “O PÉ DE MILHO”. Herê: (HERÊ FONSECA): Artista piracicabano que trabalha com a arte chamada moderna. Trabalha com interessantes módulos e também com aquarela e óleo. Hermelinda Rosa de Toledo (HERMELINDA ROSA DE TOLEDO) foi a primeira professora a dar aulas em Piracicaba. Hermínia: (HERMÍNIA GOMES BIZETTO) Artista Piracicaba, aluna dedicada de Manoel Martho. Hoje mantém com demais artistas um local de reunião e aprendizado no mundo da arte. Já premiada, como tantos alunos de Martho, em diversas mostras de arte. Hiran: Segundo a Bíblia o construtor do Templo do Rei Salomão. Diz a lenda que pertencia à Maçonaria. Homero: o maior dos Poeta gregos. Autor de “ODISSÉIA” Hotel Central: localizava-se na esquina da Praça da Catedral, com a rua Moraes Barros. Em frente a esse hotel foi assassinado em novembro de 1899, o pintor Almeida Júnior. Prédio hoje demolido, para erguer-se um edifício garagem, no início dos anos 90 do século XX. Hugo Benedetti: (HUGO JOSÉ BENEDETTI) Pintor carioca radicado em Piracicaba. Teve em seu ateliê de pintura uma escola de artes frequentadíssima. Foi premiado em diversos Salões de Arte no Brasil e também no exterior. Em Piracicaba recebeu a Medalha de Ourono Salão de Belas Artes. Humberto: (HUMBERTO DE CAMPOS) professor, engenheiro agrônomo da Esalq. Foi prefeito do Campus da Esalq, vice-prefeito e Secretário de Educação. Depois veio a ser Prefeito de nossa cidade. Em seu governo embora a honestidade pairasse acima de tudo, foi condenado

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por políticos que o traíram. A história da Cidade, quando revista, verá o quanto foi ingrata com o Professor Humberto de Campos. Hussar: (WILLIAM ANTONIO HUSSAR) cartunista piracicabano, vencedor por várias vezes do Salão Internacional de Humor. I Iara: rainha do mar, deusa mitológica. Iemanjá. Idiarte (IDIARTE MASSARIOL) grande jogador de futebol do XV de Novembro. Foi campeão da Lei do Acesso em 1948. Iglesias: (WALDEMAR IGLÉSIAS FERNANDES) Contista, folclorista, colecionador de fatos, cinéfilo. Autor de “PAPÉIS TROCADOS” “LENDAS E CRENDICES DE PIRACICABA” “LYSON GASTER” entre outros... mudou-se para Sorocaba onde veio a falecer triste, esquecido pelos seus... Mas foi um estudioso profundo de nossas Tradições. Trabalhamos juntos no Jornal de Piracicaba em 1973. Imperador: quando citado no Canto III, aqui a referência é feita a Dom Pedro I, que proclamou nossa independência, pois o fato narrado aconteceu logo após a Independência do Brasil, em 1822. Imperador: quando citado no episódio de Almeida Júnior e de Laura, Canto VIII, é Dom Pedro II, pois o fato ocorreu cerca de 1867, em Itu. Almeida Júnior tinha 16 para 17 anos e o Imperador contemplou sua tela intitulada “O Apóstolo Paulo” e ficou impressionado com o talento precoce do Artista e o enviou para a Europa a fim de aperfeiçoar em seus estudos. Inca: Uma das padarias mais famosas de Piracicaba. Localizava-se na rua Governador Pedro de Toledo e pertencia à família Maygton. Foi destruída por um incêndio. Voltou a funcionar, mas fechou novamente suas atividades. Industrial: Colégio Técnico Industrial de Piracicaba, hoje totalmente modificado em sua maneira de ensino. Mas foi na Industrial, como

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chamávamos que teve início com o professor Danilo Sansinetti, a famosa Banda Marcial da Escola Industrial. Inhala Seca: Figura lendária que apavorou gerações. Dizia que morava no alto do Morro do Enxofre. Era má... o mais é lenda... apenas lenda... Irineu: (IRINEU D’ABRONZO VOLPATO) Professor, latinista, poeta. Autor de inúmeros livros de poemas, como “BRUMAS E BRISAS”, “POEMEUS” “SONETOSS” entre tantos outros... tem uma forma peculiar de poetar. Uma forma toda sua, o que o torna único e majestático. É profundo conhecedor da arte Poética. Irmãos Rebouças: (JOSÉ PEREIRA REBOUÇAS, ANDRÉ PEREIRA REBOUÇAS e ANTONIO PEREIRA REBOUÇAS FILHO) construtores em Piracicaba. É de autoria deles, o projeto e a execução da Ponte do Mirante, hoje chamada Ponte Irmãos Rebouças. Outros prédios na cidade de importância têm a autoria dos irmãos Rebouças. Itália: país do continente europeu, conhecido como a Península da Bota. De lá vieram meus antepassados da Família Pezzato, Guidolin, Pizzigatti, Massom. Os Pezzato eram de Treviso. Itapura: acidente geográfico do rio Tietê de tamanho colossal, mais de 14 metros de altura. Ito: (AMYRES MARCON) era carnavalesco da Ekipelanka. Na sua direção a Escola atingiu a glória com os enredos Disneylândia e Bahia. Inesquecível. Presidente da Escola era o Doutor Alcides Aldrovandi, os autores dos sambas enredo eram Carlos Alberto Aldrovandi, o Kaká, e Roberto Surian, o Bebeto. Em 1979, úlimo ano que desfilou, fui o autor do enredo: Brasil>: suas lendas, seus amores, e ela sagrou-se campeã. Itu: cidade Mãe de Piracicaba. Dista cerca de 80km. Berço da República Brasileira. Berço de Antonio Correa Barbosa, nosso Capitão-Povoador, Prudente de Moraes, nosso primeiro Presidente Civil da República do Brasil, de Almeida Júnior, um dos maiores pintores brasileiros de todos os tempos e tantos outros mais.

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Ivana: (MARIA IVANA FRANÇA DE NEGRI) Poetisa, cronista, contista. Articuladora do Jornal de Piracicaba e no Jornal A Tribuna mantém juntamente com o contista Ludovico da Silva, uma página literária há vários anos. Premiada em dezenas de concursos em diversos estados brasileiros. Ivani: (IVANI PELLEGRINI) Poetisa de rara sensibilidade. Publicou juntamente com outros poetas um livro de versos. Escreve regularmente seus trabalhos no Jornal de Piracicaba há mais de 20 anos. J Jaçanã Guerrini: (JAÇANÃ ALTHAYR PEREIRA GUERRINI) Educadora (foi professora de minha Mãe) contista, romancista e poetisa piracicabana. Casada com o Mestre Leandro Guerrini. Autora de “JOÃO NEGRINHO”, transformado em filme foi o pioneiro do chamado “cinema novo”. Jacob: (JACOB DIEHL NETO) jornalista, poeta e orador emérito, advogado e participante ativo da política local. Chamado de Jacozinho era um adversário ferrenho e um crítico mordaz. Foi vereador atuante e também muito polêmico. Jair Toledo Veiga: (JAIR DE TOLEDO VEIGA) foi tabelião em Piracicaba. Também foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba e também seu Presidente. Jairo Mattos: (JAIRO RIBEIRO DE MATTOS) Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ. Político e escultor. Presidente do Lar de Velhinhos durante vários anos. É dele o projeto de decoração da Igreja do Lar dos Velhinhos, com obras de arte de pintores piracicabanos com cenas sacras. Foi vereador e Deputado Estadual. Jaguar: (..........) referência ao grande cartunista brasileiro, figura ímpar nos Salões de Humor em Piracicaba Jaguari: um dos rios que forma, junto com o Atibaia, o rio Piracicaba.

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Jânea Falcão: (JÂNEA DOS SANTOS MENDONÇA FALCÃO) maestrina. Rege há vários anos o coral Stella Alpina e Caneva, da comunidade tirolesa de Santa Olímpia. Janu: (MARCOS TADEUS JANUÁRIO) um dos maiores cantores de Piracicaba. Participa de inúmeros eventos musicais em nossa cidade, como o Falando da Vida, entre outros. Jardim da Cerveja: Casa de espetáculo mais famosa de Piracicaba durante os anos 60 do século XX. Artistas de renome nacional e internacional se apresentaram nela. Hoje está instalado o Cursinho CLQ. Localizava-se nas confluências das avenidas Independência e Carlos Martins Sodero. O palacete frontal foi demolido com autorização do CODEPAC, no ano de 2003. Assim nossas tradições vão sendo destruídas... e ninguém faz nada... Jayme Cúrsio: (JAYME CURSIO) seresteiro piracicabano de grande sensibilidade, era exímio tocador de bandolim. Também gostava de declamar diversos poemas. Jequitibá Vermelho: por incrível que possa parecer, Piracicaba teve uma árvore proprietária de terras. Por ordem de João Conceição, que passou em cartório posse para a Árvore do terreno que a rodeava. Era um dos mais belos espécimes de nossa cidade, mas covardemente foi derrubado sendo ateado fogo em seu tronco em 1968. Jericó: segundo a Bíblia a cidade mais antiga do mundo. João: (JOÃO BATISTA) primo de Jesus. Segundo as tradições bíblicas, fez o batismo Dele na águas do rio Jordão. João: (JOÃO DUTRA) pintor nascido em Rio Claro mas que viveu a sua vida toda em Piracicaba. Filho de Joaquim Miguel Dutra, irmão de Alípio, Pádua e Archimedes Dutra. Mestre do claro-escuro e das naturezas-mortas. Ganhou medalhas de ouro nos principais Salões de Arte do Brasil. Faleceu com 90 anos.

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João Chiarini: (JOÃO CHIARINI) Advogado, poeta, cronista, folclorista, político e polêmico. Foi fundador e presidente da Academia Piracicabana de Letras durante 17 anos. Tem um livro póstumo publicado: ARGAMASSA. Foi o maior divulgador do neologismo CAIPIRACICABANO, criado por Thales Castanho de Andrade. Tem milhares de páginas publicadas em jornais e revistas de circulação nacional e internacional. Deixou em centenas de artigos publicados, memórias da cidade de Piracicaba, que necessitariam ser reunidos em livros. João Conceição: (JOÃO CONCEIÇÃO) proprietário das terras onde hoje se localiza o Condomínio Buona Vie e arredores. Aí se localizava o Jequitibá Vermelho. Com mais de 40 metros de altura, era avistado por grande parte da cidade. Segundo estudos feitos na época, e havia uma placa de indicação no local, a árvore tinha a idade estimada em 350 anos. Foi queimada em 1967... Fui visitá-la e chorar sua morte. Impressionou-me ver aquele gigante tombado... João Leme: (JOÃO LEME) bandeirante paulista junto de seu irmão Lourenço Leme. Foi um dos descobridores das minas de ouro em Cuiabá, em 1718 e desbravador do estado de Mato Grosso. João Manoel da Silva: (JOÃO MANOEL DA SILVA) Padre. Foi o primeiro religioso a tomar posse na Freguesia de Piracicaba, em junho de 1774. Aqui ficou em desavenças com o Povoador Antonio Correa Barbosa até dezembro de 1776. João Sachs: (JOÃO SACHS) famoso carnavalesco de Piracicaba. Farmacêutico dos mais conceituados. Foi Vereador de nossa cidade. Joacyr: (JOACYR APARECIDO COURY) jornalista. Editor do Jornal de Piracicaba durante muitos anos e agora ocupa o mesmo cargo na Gazeta de Piracicaba. Joaquim: (JOAQUIM MIGUEL DUTRA) pintor primitivo que “descobriu” a rua do Porto, local onde imortalizou em centenas de telas. Foi casado com Malvina Dutra e teve cinco filhos, quatro deles pintores de reconhecida capacidade: ALÍPIO DUTRA, JOÃO DUTRA, ANTONIO DE

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PÁDUA DUTRA E ARCHIMEDES DUTRA. Bisneto de Tomas Dutra, artista, e neto de Miguelzinho Dutra, também artista. Sua descendência traz inúmeros outros artistas, como seu neto GILBERTO DUTRA. Joaquim do Marco: (JOAQUIM DO MARCO) Educador, poeta e cronista piracicabano. Colaborou durante muitos anos com artigos no Jornal de Piracicaba. Joaquim Silveira Mello: (JOAQUIM SILVEIRA MELLO) historiador de Piracicaba, autor do ALMANAQUE de 1900, o primeiro a ser editado em nossa cidade detalhando as efemérides do século XIX. Jonata: (JONATA ANTUNES NETO) repentista e piracicabano de grande talento e precisão nos repentes.

cururueiro

Jorge: (ALTINO JORGE VIEIRA) um dos mais tradicionais fotógrafos de Piracicaba. Jorge: (JORGE CHADDAD) Comerciante piracicabano, proprietário de uma das mais conhecidas lojas de nossa cidade: Céu Cor de Rosa. Jorge além de comerciante é também um dos autores, junto com Anuar Kraide, do hino do Esporte Clube XV de Novembro. De sua autoria também é a famosa canção “Sinos do Bom Jesus”. Também tem algumas canções feitas em parceria com o Autor deste poema em especial ao Hino do Clube de Campo de Piracicaba, quando do cinquentenário do mesmo, no ano de 2004. Jornal: (JORNAL DE PIRACICABA ou JP) o mais antigo Jornal em circulação em nossa cidade. Funciona ininterruptamente desde 1900. Em 1939 foi comprado pela família Losso (JOSÉ ROSÁRIO e seus filhos EUGÊNIO LUÍS LOSSO e FORTUNATO LOSSO NETTO, que se mantém em sua direção através de seus descendentes, JOSÉ ROSÁRIO LOSSO NETTO, ANTTONIETA ROSALINA DA CUNHA LOSSO PEDROSO e MARCELO BATUÍRA DA CUNHA LOSSO PEDROSO. Lá iniciei minhas publicações poéticas em março de 1972 e ainda continuo após ininterruptos 37 anos.

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Josaphat: (JOSAPHAT DE ARAÚJO LOPES) professor de francês durante muitos anos no colégio Piracicabano. Também gostava de fazer poesias e deixou esparsos pelos jornais da cidade centenas de versos e acrósticos. José: (JOSÉ DE ALMEIDA SAMPAIO) Marido de Maria Laura, que era amante de Almeida Junior. Foi o assassino do Pintor em Piracicaba. Tal crime ocorreu em novembro de 1899, à porta do hoje desaparecido Hotel Central existente em frente à Catedral e à Praça José Bonifácio. José Pinto de Almeida: (JOSÉ PINTO DE ALMEIDA) benfeitor piracicabano. Construiu a Santa Casa de Misericórdia no ano de 1854. Josephina: (JOSEPHINA PEZZATO) irmã de meu avô, Felício Pezzato Juca: (WALTER SAMPAIO BUENO FERREIRA JÚNIOR) jovem sambista piracicabano, filho do também artista Walter Ferreira, cronner de diversos conjuntos musicais durante os anos dourados. Vi-o crescer e me encantei com seu talento musical, tão precocemente revelado. Judas (JUDAS ISH-KIRIOT) (Judas Iscariotes) Apóstolo de Cristo e seu suposto traidor. Enforcou-se após ter vendido Jesus Cristo por trinta moedas. A grafia em grego serviu para título de um outro livro deste Autor: O EVANGELHO SEGUNDO JUDAS ISH-KIRIOT. Júlia: (JÚLIA RODONDO SIMÕES) cantora de rara sensibilidade. Participa de inúmeros eventos musicais de nossa cidade, emprestando sua maravilhosa voz cada engrandecer os espetáculos. Júlio Diehl: (JÚLIO SOARES DIEHL) poeta e professor de raro talento e sensibilidade. Seus versos eram filigranados de pura poesia e sentimento. Advogado, escreveu artigos sobre Direito e problemas políticos da cidade. Jussara: (JUSSARA MARIA SIQUEIRA SANSÍGOLO) uma das maiores e melhores dançarinas de Piracicaba. Ficou famosa ao sair nos carnavais de rua pela Ekipelanka nos anos 70 do século XX. Tem uma

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importante academia, onde tem participado e vencido importantes festivais de dança no Brasil. Justino: (JOSÉ JUSTINO LUCENTE) fotógrafo que trabalha na Prefeitura do Município de Piracicaba há mais de 30 anos. Todas as fotos oficiais do Município são desse excelente fotógrafo. Também já foi premiado pelos seus trabalhos e já expôs em diversas mostras de Fotografias. É de sua autoria a capa deste Livro. Justo: (JUSTO MORETTI) violinista piracicabano de raro talento, Agrônomo da Esalq, pintor e fotógrafo amador. K Karamba’s: (KARAMBA’S LANCHES) uma das mais tradicionais lanchonetes que houve em Piracicaba nos idos anos 70 do século XX. Localizava-se na esquina da rua São José com a Praça José Bonifácio. Seu proprietário era Celso Elias. Kal Mattus: (CARLOS ALBERTO BARBOSA MATTUS) Jornalista. Mantém há muitos anos na Tv Beira-Rio, um programa de variedade intitulado: Perambulando. Klaus: (NIKOLAUS REICHARD) Professor Universitário e Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ. Exímio aquarelista. Tem diversas premiações em variados Salões de Arte no Brasil. Kussonoki: (JOJI KUSSONOKI) pintor paulistano, radicado em Piracicaba há muitos anos. Talentoso artista, mantém seu ateliê com mais de 400 alunos das mais variadas idades e tendências. L Lagreca: (FRANCISCO DE CASTRO LAGRECA) poeta piracicabano que enalteceu todos os recantos de nossa cidade. Tem um livro póstumo de poesias, publicado às custas da Prefeitura de Piracicaba e do Jornal de Piracicaba, com prefácio de FORTUNATO LOSSO NETTO. Foi árduo defensor da Revolução Constituinte de 32, compondo dezenas

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de versos inflamados e épicos por essa causa justa. É de sua autoria os versos inscritos no Monumento aos Soldados de 32. Lan: (LANFRANCO ALDO RICARDO VAZELLI CORTELLINI ROSSI) cartunista paulistano sempre se faz presente nos Salões de Humor em nossa cidade. Lar dos Velhinhos: Casa de recolhimento aos idosos de nossa cidade de centenária realização. Largo dos Pescadores: é o início da rua Moraes Barros, o antigo Picadão, aberto por Felipe Cardoso, no século XVIII. Faz limite com o rio Piracicaba. Ali acontece a parte profana da Festa do Divino, com quermesse, leilão, restaurante, cantorias e cantos. Também diversas outras manifestações culturais têm lugar nesse pequeno e aconchegante espaço que acomoda bares, ateliê de pintura, galpão da Festa do Divino. Lásaro: (LÁSARO PEZZATO) casado com Maria Virgínia Rizzi Pezzato. Filho de Felício Pezzato e Fortunata Guidolin Pezzato, meu pai. Teve quatro filhos: Regina, Dalva e Maria Helena. Laudelina: (LAUDELINA COTRIN DE CASTRO) profesora piracicabana. Poetisa e compositora de rara sensibilidade. No ano de 1967, do Bicentenário de Piracicaba, foi a grande vencedora com a canção MUNDO NOVO. Laura: (MARIA LAURA DO AMARAL SAMPAIO) era prima de Almeida Júnior, por quem nutria imenso amor. Quando o artista empreendeu sua viagem para a Europa, foi obrigada a se casar com José de Almeida Sampaio, também seu primo e futuro assassino do Pintor. Voltando ao Brasil o Pintor, passaram a ser amantes. O marido traído (embora soubesse do caso), ao não ter suas necessidades monetárias atendidas pelo pintor decidiu assassiná-lo e o fez em Piracicaba em novembro do ano 1899, de forma premeditada e sem chances de defesa para o Pintor. Em sua defesa esteve o dr. Prudente de Moraes. Foi considerado inocente, pois o crime foi qualificado de “crime contra a honra”.

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Leandro Guerrini: (LEANDRO GUERRINI) poeta, cronista contista, ator de teatro, autor de peças teatrais, historiador, foi Maçom durante muitos anos, da Augusta e Respeitável Loja Grande Benfeitora Loja “Piracicaba”. Escrevia nos Jornais da cidade como Léo Guerra, Irmão Nemésio e Porta-Estandarte. Escreveu “História de Piracicaba em Quadrinhos”, fonte de pesquisa para este Poema. Foi casado com a professora Jaçanã Althayr Pereira Guerrini. Leão: membro ativo de um Lions Clube. Como leões são conhecidos seus membros. Eu sou Leão do Lions Clube Piracicaba Independência, tendo exercido sua presidência em 2008/2009. Leão da Paulicéia: um dos mais tradicionais Cordões carnavalescos de todos os tempos de Piracicaba. Hoje extinto... Leda Coletti: (LEDA COLETTI) poetisa de Piracicaba. Professora. Dentro da Poesia é trovadora. Premiada em diversos concursos e também autora de diversos livros. Léo Guerra: (LEANDRO GUERRINI) Assim como PORTA ESTANDARTE, Léo Guerra era um pseudônimo do professor LEANDRO GUERRINI. Com ele publicou centenas de artigos em Jornais de nossa terra. Leônidas Fogaça: (LEÔNIDAS ANDRADE FOGAÇA) Contador (guarda-livro) dos mais antigos e competentes de Piracicaba. Foi Maçom e também alistou-se como voluntário da Revolução Constituinte de 32. Com forte deficiência visual, mesmo assim num ato de heroísmo saiu em busca de comida para seus companheiros, onde em meio ao mato e à terra, encontrou a medalha de Nossa Senhora de Aparecida. Tal medalha até hoje é guardada pela família com carinho. Leônidas Fogaça também foi pai de EDUVAL MORALES FOGAÇA, um baluarte da Maçonaria e do Leonismo, de Walfrido Morales Foçaga, que continuou com o escritório e de Ana Maria, esta minha Mulher. Foi também Leônidas quem comprou a casa onde residiu NHO LICA e dela retirou carroças de pedras, cacos de vidro e louça que o Sonhador guardava pensando ser pedras preciosas...

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Libânia: pseudônimo usado em crônicas no Jornal de Piracicaba por alguém que deseja se manter ainda no anonimato. Embora tantos já saibam de quem se trata, melhor manter o seu desejo... Lídia: (LÍDIA SENDIN) poetisa radicada em Piracicaba de rara sensibilidade. Busca aprimorar-se nos clássicos. Premiada em diversos concursos. Publica regularmente seus trabalhos na Imprensa de Piracicaba. Lino Vitti: (LINO VITTI) poeta, cronista, contista, articulista. Foi secretário da Câmara Municipal de Piracicaba durante 50 anos. É com certeza um dos maiores Poetas de Piracicaba de todos os tempos. Tem inúmeros livros publicados, como “ABRE-TE SÉSAMO” “A PIRACICABA – MINHA TERRA” “PLANTANDO CONTOS E COLHENDO RIMAS” “ANTES QUE AS ESTRELAS BRILHEM” e outros. É o Príncipe dos Poetas Piracicabanos, título outorgado pela Academia Piracicabana de Letras. É detentor da Medalha de Mérito Cultural “Olênio Veiga”. Mestre de inúmeros poetas. Seu poema: A PIRACICABA – MINHA TERRA foi fonte de pesquisa para a elaboração deste poema. Foi condecorado com o título de Piracicabanus Praeclarus. É “meu” Mestre. A ele devo tudo o que sou no mundo da Poesia. Obrigado, Lino, meu Príncipe! Lions: (LIONS CLUB DE PIRACICABA INDEPENDÊNCIA) Clube de Serviço. Os homens são chamados de Companheiros e suas mulheres de Domadoras. Em Piracicaba existem os seguintes Lions Clube: Independência, Centro, Campestre, Vila Rezende e Noiva da Colina e Leste Lobo: (JOSÉ RAIMUNDO CHICORRO DA GAMA LOBO) Era frei. Em 1796 toma posse como capitão-general em nossa Freguesia, em substituição a Antônio Correia Barbosa. Foi portanto nosso segundo Povoador oficial. Loja Maçônica: (AUGUSTA E RESPEITÁVEL E GRANDE BENFEITORA LOJA “PIRACICABA”) (AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA “ESPLENDOR”) A Loja Maçônica mais antiga de Piracicaba, é a “Piracicaba”, fundada por Prudente de Moraes em 1875, quando nossa

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cidade ainda se chamava Vila Nova da Constituição. O primeiro trabalho de seus membros foi fazer restituir o nome de nossa cidade. Hoje nossa cidade além da “Piracicaba” e da “Esplendor”, Loja onde dei meus primeiros passos, ainda possui as Lojas “Prudente de Moraes II”, “Leandro Guerrini”, “24 de junho”, “Liberdade e Trabalho” “Walter Pinto Sampaio”, “Perfeita Harmonia” “Templários de Piracicaba”, “Luz e Sabedoria” “Phoenix” “Loja de São João” e “Arco Real” todas trabalhando proficuamente no dia-a-dia de nossa cidade. Longo: (FAUSTO GUILHERME LONGO) Cartunista, caricaturista. Foi o primeiro piracicabano premiado no Salão Internacional de Humor, em Piracicaba. Seu filho GUILHERME LONGO no ano de 1998 foi também premiado no mesmo Salão. Fausto foi também um dos lutaram, desde o início, para o seu crescimento, desde 1974. Losso: verificar Eugênio Luiz Losso, Fortunato Losso Netto, José Rosário Losso Netto, Antonietta Rosalina da Cunha Losso Pedroso, Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso. Losso Netto: (FORTUNATO LOSSO NETTO) Médico, pintor e jornalista. Foi um dos diretores do Jornal de Piracicaba de 1939 até 1985. Foi feroz defensor da Cultura piracicabana. O maior deles. O Teatro Municipal através de Lei se chama Teatro Municipal Dr. Losso Netto. Merecida homenagem. Foi também um dos maiores incentivadores dos Poetas de Piracicaba. Também muito contribuiu para a realização do Salão de Belas Artes de Piracicaba, na Sociedade de Cultura Artística e Escola de Música de Piracicaba. Também era pintor bissexto e chegou a expor seus trabalhos em Salões. Quando fiz a Curadoria do Salão dos Notáveis, 1997, e do Salão do Século, 2000, duas obras suas foram expostas ao público. Lourenço (Mandy): (MANOEL ROGRIGUES LOURENÇO) (ver Mandy) Lourival: (LOURIVAL DOS SANTOS) Consagrado compositor autor de “Rio de Lágrimas”, uma das mais tradicionais e festejadas canções que enaltecem a nossa cidade. Seu inicio é assim: “O rio de Piracicaba, vai jogar água p’ra fora, quando chegar a água, dos olhos

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de alguém que chora...” Também aparecem como parceiros nessa composição os compositores Tião Carreiro e Piraci... Lúcia Cattai: (LÚCIA CATTAI) jornalista responsável por coluna social do Jornal de Piracicaba. Lúcia Krug: (MARIA LÚCIA AYRES ZAGATTO KRUG) verdadeira virtuose do violino. Na orquestra da Escola de Música de Piracicaba, atua como primeira violinista. Sua família inteira é composta de musicistas de primeira ordem no cenário brasileiro e internacional. Luciano Guidotti: (LUCIANO GUIDOTTI) natural de Avaré. Foi prefeito municipal de Piracicaba por duas ocasiões, falecendo em julho de 1968 quando no poder. Foi sem dúvida alguma o maior prefeito que Piracicaba teve em todos os tempos. Dizia que preferia abrir uma avenida a fazer um discurso. Era também comerciante de muito sucesso em nossa cidade. Ludovico: (LUDOVICO DA SILVA) Jornalista, cronista, contista. É um dos fundadores do GOLP – Grupo Oficina Literária de Piracicaba. Escreveu no Jornal de Piracicaba durante muitos anos a coluna QG do XV, onde em pequenas notas contava tudo o que acontecia com o Esporte Clube XV de Novembro de nossa cidade. Publicou um interessante livro: “Diário de um ano bissexto”. Luis Guidotti: (LUIS GUIDOTTI) rei do gatilho. Era assim conhecido por suas exibições em televisão e em diversos outros locais, com tiros de fantasia. Foi presidente do XV de Novembro de nossa cidade. Luís Pedroso Barros: (LUIZ PEDROSO BARROS) Bandeirante. Aparentado com Fernão Dias Paes Leme, o Caçador de Esmeraldas e de Pedro Álvares Cabral. Abriu no século XVII a estrada ligando São Paulo a Cuiabá, que passava por Piracicaba. Luísa: (LUÍSA SCUDELLER LIBARDI) Pintora piracicabana. Premiada em diversos Salões de Arte. Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais. Também é professora de Arte em seu ateliê.

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Luísa Stipp: (LUISA STOLF STIPP) Cronista piracicabana de raro talento. Publicava no Jornal de Piracicaba semanalmente com linguagem clara e limpa, fatos de sua infância. Depois de falecida seus descendentes publicaram um livro com seus trabalhos. Luso Bardo: (LUIZ VAZ DE CAMÕES) a referência aqui vai pelo fato que, Camões, em seu magistral Poema “Os Lusíadas”, compôs 1102 estrofes e para não ultrapassá-lo, compus 1101. Luiz de Queiroz: (LUIZ VICENTE DE SOUZA QUEIROZ) Fundador a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em 1898. Também trouxe para Piracicaba a luz elétrica em 1893, e fundou a fábrica de tecidos Arethusina. É considerado um dos mais notáveis cidadãos de nossa cidade de todos os tempos. Lula: (LUIZ GONZAGA DE CAMPOS TOLEDO) Médico piracicabano, poeta e cronista dos mais respeitados. Foi também Vereador de nossa cidade. Lyson Gaster: (AGOSTINHA BELBER PASTOR) uma das maiores atrizes do teatro brasileiro no início do século XX. Era natural do bairro Corumbataí, em Piracicaba. Casou-se cedo, mas separada foi a São Paulo, onde se transformou na atriz Lyson Gaster, que empolgou o Brasil na primeira metade do século XX. O escritor piracicabano Waldemar Iglésias Fernandes publicou interessante livro sobre a história da Atriz.

M Machado: (ANTONIO MACHADO) cururueiro e repentista dos mais apreciados em Piracicaba. Maçom: Membro ativo iniciado na Maçonaria. Pedreiro.

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Madalena: (JOSÉ LUIS LEITE) O mais famoso travesti de nossa cidade. Jundiaiense de nascimento, Madalena como é conhecido é carnavalesco e é um personagem folclórico de nossa cidade. Maf: (ESPORTE CLUBE MAF) fundado em 1949, por Manoel Ambrósio Filho, que usou as inicais de seu nome para batizar a equipe, que foi uma das maiores do futebol amador de Piracicaba. Campeã inúmeras vezes em Campeonatos de nossa cidade e também da região. Malco: um dos verdugos de Cristo quando condenado. Mandy (Lourenço): (MANOEL ROGRIGUES LOURENÇO) Foi vereador e prefeito de Piracicaba. Além de pintor de rara inspiração. Junto de Sorocabinha formou famosa dupla sertaneja com dezenas de discos lançados, hoje raridade musical e praticamente esquecido é todo o seu legado. Manesco: (ANTONIO MANESCO E WALDIR MANESCO) pai e filhos foram proprietários da Casa Elétrica Manesco. Manezinho: (MANOEL PAZ MOREIRA) cururueiro e repentista de Piracicaba. Talento dos mais apreciados. Canta em qualquer carreira. Manoel Buarque de Macedo: (MANOEL BUARQUE DE MACEDO) Incentivador para que a ferrovia chegasse a Piracicaba. Foi também jornalista e um dos diretores do Jornal de Piracicaba quando de sua fundação, em agosto de 1900. Manoel Ferraz de Arruda Campos: (MANOEL FERRAZ DE ARRUDA CAMPOS) famoso por sua benevolência. Faleceu tragicamente sob os escombros de uma das lajes do manicômio que construía. Mas a história esqueceu esse tão importante vulto de nossa história. Assim como Eliseu, seu escravo. Mesmo assim no Bairro Alto existe uma Rua que o homenageia. Manoel Francisco Rosa: (MANOEL FRANCISCO ROSA) Vigário de Piracicaba e Pároco da Catedral de Santo Antônio por mais de 50 anos. Foi o responsável pela construção da nova Matriz, onde colocou,

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em seus alicerces, todas as pedras que recebeu como doação do Colecionador de Sonhos, Nhô Lica. Um santo. Está sepultado na cripta de nossa Catedral. Manoel Lopes Branco Castelo: (MANOEL LOPES CASTELO BRANCO) em 1728 a Sesmaria de Piracicaba foi doada a Manoel. Foi na verdade o nosso segundo Povoador. No poema o sobrenome aparece invertido por causa da rima, da métrica e da cesura. Aqui, no entanto, reparo tal liberdade poética usada. Manoel Marques: (MANOEL MARQUES) foi no século XIX, o primeiro historiador de nossa cidade. Marcelo: (MARCELO ROMANI BORGES DE ARAÚJO) Pintor. Filho do também pintor Eduardo Borges de Araújo. Tem grande talento. Com menos de 30 anos de idade detém medalhas de ouro em importantes Salões de Arte do Brasil, inclusive foi o mais novo artista, em 52 edições, em Piracicaba, a ser agraciado com a medalha de ouro com a obra “IMPONÊNCIA CAIPIRA”, batizada pelo autor deste poema assim que viu a obra recém terminada. Marcelo: (MARCELO HENRIQUE GERMANO) Fotógrafo de sensibilidade. Trabalha no Jornal de Piracicaba há vários anos.

rara

Marco Abreu: (MARCO. JOSÉ ABREU) Saxofonista, músico e maestro. Um dos mais inspirados compositores de nossa cidade. Iniciou sua arte na gloriosa Guarda Mirim de nossa cidade. Maria Calçavara (MARIA CALÇAVARA PEZZATO) Casou-se com Domingos Pezzato e teve cinco filhos.

Minha

bisavó.

Maria Cecília Bonachella: (MARIA CECÍLIA MACHADO BONACHELLA) Professora e Poetisa. Tem dois livros de versos publicados: TRÊS FASES e ERA UMA VEZ UM PAÍS. Manteve no Jornal de Piracicaba, durante 25 anos, uma página onde publicava versos de poetas de todo o Brasil. Faleceu no início do ano de 2007.

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Maria Helena: (MARIA HELENA CARDOSO) uma das maiores jogadoras de basquetebol do mundo. Com o XV de Piracicaba sagrou-se inúmeras vezes campeã em Torneios e Jogos Abertos do Interior e Jogos Regionais. Defendeu com orgulho a Seleção Brasileira de Basquete no mundial de 1971, realizado no Brasil, onde foi classificado em 3o. lugar.

Maria Maniero: (MARIA MANIERO) Beata considerada santa milagreira pela população.

piracicabana

que

é

Maria Teodora: (MADRE MARIA TEODORA) freira que viveu em Piracicaba. Casou-se e após ficar viúva foi cuidar dos mais necessitados e criou o Lar Escola Coração de Maria Nossa Mãe. Maria Virgínia: (MARIA VIRGINIA RIZZI PEZZATO), casada com Lásaro Pezzato, minha Mãe. Mário: (MÁRIO THOMAZI) pintor e decorador de residências e igrejas em diversas cidades do interior paulista e também em Piracicaba. Seu filho, também pintor, era o Alberto Thomazi. Marilú: (MARIA INÊS TREVISAN) Professora e pintora. Premiada em diversos salões de arte brasileiros. Teve no Largo dos Pescadores durante vários anos um Galeria de Arte, aniga residência de Antonio de Páduo, o Tote, onde fazia exposições, ministrava cursos e comercializava Arte de dezenas de artistas. Marina: (MARINA TRICÂNICO) Sensível Poetisa piracicabana, professora, advogada e trovadora. Publicou inúmeros livros de versos. Premiadíssima no Brasil e diversos outros países. Mário Dedini: (MARIO DEDINI) Industrial italiano radicado em Piracicaba no início do Século XX. Recebeu o título de Grande Oficial da Igreja Católica por ajudar na construção de uma das torres da Catedral de Santo Antonio. Sua Indústria Metalúrgica Dedini e outras do grupo engrandeceram o progresso piracicabano. Foi grande incentivador cultural da cidade.

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Mário Neme: (MÁRIO NEME) Historiador, pesquisador, autor de “HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DE PIRACICABA”, uma das fontes de pesquisa para a composição deste Poema. Mário Sampaio (MÁRIO SAMPAIO) agrônomo da ESALQ deixou em livro registrado toda a história esalqueana de seu tempo. Marisa: (MARISA AMÁBILE FILETTI BUELONI) poetisa e cronista das mais inspiradas de nossa cidade. Tem dois livros publicados e centenas de esparsos em jornais e revistas. Marly: (MARLY TERESINHA GERMANO PERECIN) Professora de História, Historiadora, Pesquisadora, Romancista, autora de “CANDEIAS” e “YPIÉ”, e outros romances. Uma das maiores, senão a maior Histoiradora de nossa cidade. Estuda, pesquisa, confronta textos e fatos, e grava para a posteridade, nossa História. Marques: (BENEDITO MARQUES) (Benê Marques), locutor esportivo de grande talento que narrava partidas de futebol e do basquete de Piracicaba. Marchiori: empresa de ônibus das mais tradicionais de Piracicaba. Hoje dirigida por Gilberto Marchiori. Martini: (FÁBRICA DE DOCES MARTINI) uma das mais conhecidas e conceituadas fábricas de doces em Piracicaba. Existe há mais de cinquenta anos. Martins Lopes Lobo de Saldanha: (MARTINS LOPES LOBO DE SALDANHA) foi governador de São Paulo e durante seu governo houve desmandos de todas as espécies e seu governo foi nefasto. Como reflexo aqui em Piracicaba o Capitão-Povoador Antonio Correa Barbosa passou a agir conforme os desmandos causados pelo governador. Foi deposto e substituído por Cunha de Menezes. Martha Watts: (MARTHA HITE WATTS) educadora norte-americana. Veio a Piracicaba e aqui fundou na segunda metade do século XIX o

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Colégio Piracicabano, célula da atual UNIMEP. Metodista de formação, até hoje tal Escola é um ícone em nossa educação e nosso ensino. Martho: (MANOEL GIMENEZ MARTHO) Pintor e escultor piracicabano, professor. Premiado em diversos salões de arte do Brasil. Residiu durante muitos anos de São José do Rio Preto. No início de 1990 voltou para Piracicaba, instalou seu ateliê de Pintura e passou a dar aulas para inúmeros artistas. Em 2002 retornou para São José do Rio Preto. Masson: (VIRGÍNIA MASSON RIZZI) Minha avó materna. Casada com Honório Rizzi. Faleceu aos 48 anos de tétano, após levar um tombo e quebrar o joelho. Teve os seguintes filhos: Rosalina Rizzi Puerta, Máximo Luis Rizzi, Maria Virgínia Rizzi Pezzato, Irene Rizzi Cesso, José Rizzi, João Rizzi, Delmo Rizzi, Dalva Rizzi e Luísa Rizzi. Matriz do Bom Jesus do Monte: A mais conhecida por Igreja do Bom Jesus. Da segunda década do século XX. Monsenhor Martinho Salgot Castillon comandou-a por dezenas de anos. Localiza-se no Bairro Alto, à rua Moraes Barros esquina da rua Bom Jesus. Mattos: (JOAQUIM DE MATTOS) pintor piracicabano. Discípulo de Almeida Júnior. Foi quem recolheu os pertences do artista quando este foi assassinado em frente ao Hotel Central. Maurício: (MAURÍCIO CARDOSO) advogado, jornalista. Publicou durante muitos anos em jornais da cidade uma coluna intitulada MINI NOTAS. Mestre Maçom publicou o livro “Sua Majestade, o pé esquerdo”. Mauro Vianna: (MAURO PEREIRA VIANNA) Jornalista, cronista, contista, novelista, advogado. Foi o maior Colunista Social que Piracicaba conheceu nos anos 50 do século XX. Assinava uma coluna no Jornal de Piracicaba sob o pseudônimo de Marco Aurélio. Mudou, na época, a Sociedade piraciabana comimenso glamour. Mantém, há ininterruptos 40 anos, um Curso de Liderança onde se mostra um fabuloso Professor.

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Mausa: (MÁQUINAS PARA USINAS S.A.) de propriedade dos Dedini, uma das empresas que mais dignificaram Piracicaba no século XX. Maynard: (ALCEU MAYNARD ARAÚJO) professor universitário, folclorista, historiador, documentarista, poeta. Seus estudos dentro de tais áreas são extensos, riquíssimos de detalhes e informações, mas em Piracicaba mesmo é pouco reconhecido... Mazolla: (JOSÉ ALTAFINI) Um dos maiores jogadores de futebol do Mundo. Defendeu além da Sociedade Esportiva Palmeiras, outros clubes da Itália. Foi defensor da Seleção Brasileira de Futebol em 1958, sagrando-se campeão mundial. Em 1962, radicado na Itália defendeu no Chile a seleção Italiana. Reside ainda na Itália. Meg: (MARIA ELISA GUERRA TUMANG) jornalista social do Jornal de Piracicaba há muitos anos. Crítica mordaz quando necessário. Mellita: (MELLITA LOBENWEIN BRASILIENSE) professora piracicabana e musicista e também artista plástica. Há uma escola na cidade que a homenageia com justiça. Mello Ayres: (ELIAS DE MELLO AYRES) professor e poeta de rara sensibilidade. Tem em nossa cidade um colégio onde é patrono. Melpômene: na mitologia grega, a Deusa da Tragédia. Memorial da Cultura Piracicabana: Instalado em frente à Biblioteca Pública Municipal, no dia 31 de agosto de 1997, contendo mais de 1200 itens referentes à História e à Arte de nossa cidade. Deve permanecer fechado por 200 anos, sendo que na placa de identificação diz que o mesmo somente deve ser aberto no dia 1o. de Agosto do ano 2197, quando Piracicaba estiver completando 430 anos. Agradeço ao Prefeito Municipal Dr. Humberto de Campos, e Aparecida Gregolin Abe, que à época, entendendo a importância de tal Memorial, aquiesceram ao meu Sonho. Tomara que em 2197 Piracicaba dê valor a esse Memorial.

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Mercado Municipal: local de encontro de piracicabanos. Ponto de visita obrigatório para canditados a eleições. Em Piracicaba localiza-se em pleno centro da cidade, em imóvel tombado como Patrimônio Histórico pelo Codepac. Mestre Dick: (BENEDICTO DE ANDRADE) tradicional carnavalesco da cidade. Era mestre de bateria da Zoom Zoom. Venceu inúmeros carnavais. Metamorfose: grupo de teatro amador de Piracicaba. Tem vários espetáculos apresentados. Metropolitano: colégio particular do ensino médio e fundamental. Seu criador foi o professor Odair Moral. Miguel Sanches: (MIGUEL ÂNGELO SANCHES) pintor e professor de pintura em Piracicaba. Tem grande talento para a arte pictórica e suas obras são por demais apreciadas. Miguelzinho: (MIGUEL ARCHANJO BENÍCIO D’ASSUMPÇÃO DUTRA) poeta, pintor, musicista, entalhador, aquarelista. Foi em Piracicaba que criou para o Brasil a pintura de cavalete. De sua autoria em estilo barroco, ainda temos o Passo do Senhor do Horto, último remanescente de sua arte em Piracicaba. Além disso o Museu Prudente de Moraes mantém em seu acervo alguns trabalhos do majestoso artista, que foi avô de Joaquim Miguel Dutra, e bisavô de Alípio, João, Pádua e Archimedes Dutra. Milo: (AGENOR APARECIDO CORREIA) violeiro piracicabano de raro talento e sensibilidade. Millôr: (MILTON VIOLTA FERNANDES) O apelido Millôr adveio por um erro de leitura quando o Artista foi tirar documento de identidade. Passou a ser ao invés de Milton, Millôr. Considerado um dos maiores humoristas gráficos brasileiros. Já foi homenageado no Salão de Humor em Piracicaba em suas primeiras edições. Foi um

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dos que acreditaram na possibilidade de se fazer Humor numa cidade do interior, nos idos anos de 1974, quando da visita de Alceu, Adolpho e Carlos ao Rio de Janeiro. Milton: (MILTON ROBERTO MARTINI) artista e cineasta piracicabano de grande talento. Trabalha com aquarelas de imenso teor artístico. Milton: (JOHN MILTON) Poeta ingles. Era Cego. Escreveu um dos mais belos poemas da língua inglesa: “PARAÍSO PERDIDO”. Mirante: um dos mais belos postais de nossa cidade. Primeiramente pertencia a Baronesa de Rezende, depois o poder público fez do local um imenso parque. Fica o mesmo localizado à margem direita do rio Piracicaba. É local lindo mas nos últimos anos vive completamente à margem do progresso. Abandonado, largado, sobrevive pela sua beleza natural e também pelo restaurante que lhe toma o nome. As administrações passam e pouco tem feito para preservar tão lindo Patrimônio de nossa cidade. Foi de propriedade da Baroneza de Rezende. Na década de 50 do século XX foi amplamente reformado pelo prefeito da época, Francisco Salgot Castillon. Mirante: Restaurante Mirante, um dos mais tradicionais de nossa cidade. Ficava localizado no Parque do Mirante, a beira-rio. Da família Benitez há mais de 30 anos. A especialidade da casa era o famoso pintado na brasa. Mister Dândi: Uma das mais espetaculares casas noturnas de Piracicaba. Funciona há mais de 30 anos sob a gerência de seu sócio-proprietário Renée Calil. Situa-se na Avenida Saldanha Marinho. Moacir Siqueira: (MOACIR BENTO DE LIMA) um dos maiores cururueiros e improvisadores de Piracicaba de todos os tempos. Tem domínio perfeito na arte do repente cantando em velocidade no improviso que o faz tornar o único dentre tantos. Foi também Vereador de nossa cidade.

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Mojimirim: cidade para a qual Antonio Correa Barbosa, nosso povoador seguiu depois de deixar Piracicaba. E consta que nela faleceu em 1791. Mombuca: cidade distante 25 quilômetros de Piracicaba. Tem sua cultura voltada também para o setor canavieiro. É passagem obrigatória dos romeiros que seguem a Pirapora do Bom Jesus. Mônica: (MÔNICA CORAZZA STÉFANO) Fotógrafa piracicabana. Andando pelo mundo fotografou latas de lixo, fazendo desse material fantástica exposição. Monsenhor Nardin: (JOSÉ NARDIN) padre piracicabano dotado de oratória magnífica. Era irmão de Eugênio Nardin. Monsenhor Rosa: verificar Manoel Francisco Rosa Monte Alegre: importante bairro de Piracicaba, onde se localizava a Usina Monte Alegre. Hoje abandonado, suas casas estão desaparecendo como seus monumentos roubados e destruídos. Monte Branco: bairro distante vinte quilômetros do centro da cidade. E foi nesse bairro e também no Serrote, que os primeiros membros da Família Pezzato se estabeleceram. Monte Sul: (RESTAURANTE MONTE SUL) Mantém em Piracicaba duas unidades. A mais antiga na antiga residência de Mário Dedini. Na Vila Rezende nas redondezas do Engenho Central. Duas casas de pasto das mais conceituadas em nossa cidade. Apropriada para receber centenas de clientes, ainda abre suas portas para jantares festivos, aniversários e casamentos. Montevidéu: Capital do Uruguai. Cidade onde aportou José Luis Guidotti em sua primeira expedição em 1990 Moraes Barros: (MANOEL DE MORAES BARROS) senador da república do Brasil. Como lembrança de seu nome importante via pública e uma escola são homenagens a esse grande político piracicabano.

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Morelato: (ANTONIO CARLOS MORELATO) artista plástico e artesão piracicabano. Tem um ateliê montado na rua do Porto. Moretti: (LAÉRCIO JOSÉ MORETTI) pintor piracicabano detentor de várias premiações em Salões de Arte em diversas cidades do interior de São Paulo. Morpheu: dentro da mitologia grega, o Deus do sono. Morgado de Matheus: (LUIS ANTONIO DE SOUZA BOTELHO MOURÃO) filho do Rei D. José, de Portugal, à época da fundação de Piracicaba. Morganti: (LINO MORGANTI) um dos mais importantes industriais que Piracicaba teve. Fundou a Usina Monte Alegre e erigiu a famosa Capela de São Pedro, no mesmo bairro, com afrescos do pintor italiano Alfredo Volpi. Morro do Enxofre: importante formação rochosa à margem direita do Rio Piracicaba. Morro Grande: o mais conhecido café de Piracicaba. Seu fundador foi Dorival Cruz Lima. Consagrado inúmeras vezes como o melhor café da cidade. Mozart: (WOLFGANG AMADEUS MOZART) Um dos maiores gênios da música universal. Segundo críticos é a própria Música. Pertenceu à Maçonaria e sua obra é fortemente influenciada por ela. Myria: (MYRIA MACHADO BOTELHO) poetisa, cronista e contista residente em Piracicaba há muitos anos. Colabora até hoje no Jornal de Piracicaba. N Nadir: (NADIR MOTTA) fotógrafo piracicabano com um trabalho de muita pesquisa e consistência de nossos lugares pitorescos.

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Nair Barbosa: (NAIR BARBOSA DE ALMEIDA LEME) poetisa, professora, revolucionária de 32. Publicou durante anos nas páginas do Jornal de Piracicaba, uma coluna intitulada MOSAICO, sempre com grande sucesso. Nancy: (NANCY CARLINI) professora de arte e artista plástica de reconhecido mérito. Detentora da primeira medalhe de ouro no primeiro Salão de Arte Contemporânea em Piracicaba em 1968. Nardin: (ERMELINDO NARDIM) artista piracicabano dos mais reconhecidos. Foi um dos criadores do Salão de Arte Contemporânea em nossa cidade, no ano de 1968. Nardin: (EUGENIO NARDIN) conhecido como Neno. Artista completo. Foi aluno de Frei Paulo. É musicista, entalhador, pintor. De sua autoria é a porta fronteiriça da Catedral de Santo Antonio. Foi presidente do CODEPAC quando eu fui, com orgulho, seu vice-presidente. Nascimento: (GERALDO NASCIMENTO) Professor, pintor piracicabano de raro talento. É de sua autoria mural feito junto com outros artistas nos muros laterais do Cemitério da Saudade. Nascimento: (HILTON DO PRADO NASCIMENTO) jogador de basquete do XV de Novembro quando este possuía o maior time do Brasil e era praticamente invencível. Natal: (ANTONIO NATAL GONÇALVES) doutor em agronomia e pintor de imensa capacidade criativa e inventiva. Premiado em diversos salões de arte. Navio Negreiro: (O NAVIO NEGREIRO) poema do poeta baiano Castro Alves, que tanto eu como o meu Irmão Athayde adoramos declamar. Neder: ANTONIO CARLOS NEDER) Dentista da Faculdade de Odontologia de Piracicaba e seu emérito professor. Inventou a goma de mascar “Dem-Dem”, que reduzia a cárie nas crianças, mas não conseguiu fazê-la comercializar no Brasil, pela ferrenha oposição

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encontrada junto a Multinacionais. Os dentistas devem ao Dr. Antonio Carlos Neder, o título de Doutor. Negri: (DAVID NEGRI) fotógrafo de nossa cidade. Trabalha na Câmara Municipal. Editou importante e interessante livro com fotografias de aves que vivem no estuário da bacia do Rio Piracicaba. Neidona: (INÊS IODETE DE CAMPOS) uma das mais famosas carnavalescas da cidade na época dos cordões. Foi destaque inigualável em seu tempo. Nélio: (NÉLIO FERRAZ DE ARRUDA) político e poeta piracicabano. Exerceu o cargo de prefeito municipal de Piracicaba em 1968, quando da morte de Luciano Guidotti. Sua obra poética ficou esparsa em jornais e revistas. Nélson: (NELSON JOSÉ DA SILVA) fotógrafo que há mais de 40 anos mantém seu studio no mesmo local, na Galeria Gianetti, onde faz sociedade com Cantarelli. Nélson: (Tuca) (NÉLSON BARREIROS) um dos grandes cronistas que Piracicaba viu e reconheceu. Assinava diariamente no Jornal de Piracicaba várias colunas, como “O PRATO DO DIA” e “ZERO HORA” e também noticias de teor policial. Adorava declamar de Bilac a “Oração da Bandeira” e o “Caçador de Esmeraldas”. Trabalhamos juntos no Jornal de Piracicaba nos idos anos de 1972 e 1973. Newman: (NEWMAN RIBEIRO SIMÕES) veio de Pindorama na década de setenta do século XX estudar Agronomia em nossa cidade e nunca mais voltou... Agrônomo, professor de matemática, fotógrafo, músico, diretor do grupo musical Falando da Vida, contista premiado em diversos concursos literários. Foi Secretário Municipal de Cultura e Educação de nossa cidade. Newton Costa: (NEWTON COSTA) Era músico e regente de diversos corais em nossa cidade. Também foi professor.

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Newton Mello: (NEWTON DE ALMEIDA MELLO) Músico e Poeta. Autor do Hino de Piracicaba, composto em setembro de 1937. A letra de tal canção hoje totalmente deturpada, está inserida (perfeita) no livro CARRILHÕES. Nhô Chico: (FRANCISCO FORNAZIERO) poeta e repentista de méritos indiscutíveis. Autor da Missa Caipira e de inúmeros sucessos musicais. Nhô Lica: (FÉLIX DO AMARAL MELLO BONILHA) Garimpeiro da Ilusão. Vivia pelas ruas em busca de pedras que pensava fossem jóias. Faleceu pobre. A casa onde residiu foi comprada por Leônidas Andrade Fogaça. No porão foram retiradas mais de três carroças de pedras acumulados por Nhô Lica, que assim ajuntava seu “tesouro”. Hoje vivo nesta mesma casa... coincidências... Nhô Quim: Símbolo de nosso Esporte Clube XV de Novembro. Idealizado por Thomaz Mazzoni, que lhe criou o nome e por Nico Borges, que fez a figura. Depois foi amplamente desenhado por Edson Rontani, um dos maiores cartunistas de Piracicaba. O Nhô Quim teve vida enquanto viveu o fotógrafo Cícero Correia dos Santos, que se vestia de Nhô Quim nas partidas de futebol de nosso XV de Novembro. Nhô Serra: (SEBASTIÃO DA SILVA BUENO) um dos mais respeitados cantadores de cururu e improviso e contador de “causos” de Piracicaba. Mesmo falecido seus versos estão sendo musicados e fazendo grande sucesso e vencendo festivais, como RIACHO DA SAUDADE, musicado por Douglas Simões. Nina: (NINA GUIDOTTI) sócia proprietária do Stúdio 415 de Dança em nossa cidade. Escola das mais respeitadas e premiadas no cenário artístico de dança no estado de São Paulo. Noedi: (NOEDY MONTEIRO) professor, historiador e grande estudioso da cultura Afro-brasileira. Pertence a diversas entidades culturais em nossa cidade.

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Nogueira: (PAULO NOGUEIRA DE CAMARGO) engenheiro agrônomo. Cronista dos mais inspirados. Publicou durante anos no Jornal de Piracicaba, uma coluna intitulada FATIAS DA VIDA. Foi um dos meus primeiros críticos literários, em belos artigos publicados em 1976. Noiva da Colina: Cognome de Piracicaba, dado pelo poeta Brasílio Machado, quando veio advogar em nossa cidade. A Noiva da Colina poética e simbólica, à qual ele se refere não existe mais. Era a neblina que cobria a colina existente além do rio, onde hoje se localiza o hotel Beira-Rio, o Parque Infantil, a Fábrica Boyes e toda essa parte de casarios existentes hoje na rua Luiz de Queiroz e Antonio Correa Barbosa... portanto aquela cachoeira que deságua logo após o Salto, hoje denominada Véu da Noiva, não procede... o poema mesmo é mais antigo... Non Ducor Duco: frase latina criada pelo pai do Poeta Guilherme de Almeida, para o brasão de São Paulo. Quer dizer: não sou conduzido. Conduzo! Nossa Senhora dos Prazeres: uma das centenas de denominações que Maria, Mãe de Jesus Cristo tem. Em cada lugar ela tem um nome. Esse, Nossa Senhora dos Prazeres, veio de Portugal. Nove de Julho: o ano é de 1932. São Paulo quer do Presidente do País Getúlio Vargas a Carta Magna Brasileira, a Constituinte. Vargas vinga-se do Povo Paulista e eclode a Revolução Constitucionalista. A data lembra a morte de quatro jovens: Miragaia, Martins, Dráuzio e Camargo, que deram origem à sigla MMDC. O O Diário: jornal de nossa cidade. Seu diretor por muitos anos foi o jornalista Sebastião Ferraz, depois o jornalista Cecílio Elias Netto. Deixou de funcionar na década de oitenta... Nessa época passou a ser um jornal com fortes tendências políticas o que acarretou diversos dissabores para seu Diretor, que foi processado inúmeras vezes... Hoje causa riso até... mas à época era terrível.

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O Piracicabano: assim se chamava o Colégio quando da fundação mesmo por Miss Martha Watts. Com o artigo masculino que depois abolido. Hoje poucos falam do Piracicabano colégio, mas sim UNIMEP, Universidade Metodista de Piracicaba, que desde o ano 1881, trouxe o ensino diferenciado para nossa cidade.

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Odila Diehl: (ODILA DE SOUZA DIEHL) heroína da Revolução Constitucionalista de 32. Trabalhando de voluntária como enfermeira, ao ver em chamas nossa bandeira, salvou-a, e enrolou-a em seu corpo para não ser detida pelas formas getulistas. Tal bandeira hoje está guardada como troféu no Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes. São atos de heroísmo desse porte que fazem Piracicaba pontear dentro do cenário brasileiro. Fatos inesquecíveis. Odisséia: título da obra de Homero, poeta grego. Olavo: (OLAVO FERREIRA DA SILVA) Linense mas piracicabano de coração. Professor e pintor de paisagens ribeirinhas. Recebeu em 1953 o 1o prêmio em pintura no 1o. Salão de Belas Artes de Piracicaba, com uma Natureza-Morta. Olênio Veiga: (OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA) mestre do violino. Em sua homenagem foi criada a Medalha de Mérito Cultural “OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA”, em 1997 cujo merecedor foi o próprio Olênio. Em 1999 o grande homenageado foi Antonio Pacheco Ferraz, em 2001, Lino Vitti, em 2003, Sérgio Napoleão Belluco... depois a mesma desapareceu dentro de seu contexto... Olimpo: monte grego e dentro da mitologia, residência de Zeus. Oliveira: (ANTONIO AUGUSTO CÉSAR DE OLIVEIRA) professor da segunda cadeira de instrução primária, no século XIX. Olívio: (OLÍVIO NAZARENO ALEONI) É médico. Também escritor de diversos livros. Escreveu um livro sobre Nhô Serra e outro sobre imigração italiana.

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Orlando: fabricante e distribuidor das deliciosas bebidas piracicabanas Cotubaína e Gengibirra.

P Pacheco: (ANTONIO PACHECO FERRAZ) Nascido em 1904, é considerado um dos maiores pintores de Piracicaba de todos os tempos. Em 2000 por ocasião da exposição SALÃO DO SÉCULO, curadoria de Esio Antonio Pezzato, da Prefeitura do Município de Piracicaba, recebeu o título de Pintor do Século de Piracicaba. Estudou na França e em 1927 com seu auto-retrato participou do Salão Nacional daquele país. Quando da primeira edição deste poema, Pacheco Ferraz homenageou seu amigo com um retrato do Poeta. Faleceu em junho de 2006, perto de completar 102 anos. Pacheco Silva: (ANTONIO PACHECO DA SILVA) sargento-mor de Itu, quando do censo realizado em Piracicaba, em 1775. Com certeza foi o primeiro censo realizado em nossa cidade, hoje 240 depois, possui a população de quase 400 mil habitantes. Notável progresso. Padre Galvão: (FRANCISCO GALVÃO PAES DE BARROS) pároco desta cidade. Conta a lenda que ao ser carregado o caixão com seu corpo para o Cemitério da Saudade, o mesmo foi ficando cada vez mais pesado. Colocado no chão ninguém conseguiu mais levantá-lo, sendo que então foi erigido no mesmo local um túmulo. É lenda. Foi quando do arruamento do Cemitério da Saudade que por respeito, seu túmulo não foi tocado, ficando no meio da rua. Apenas isso. Padre Jorge: (JORGE MIGUEL SIMÃO) Pároco da Igreja Matriz da Imaculada Conceição há mais de 40 anos, na Vila Rezende. Famosíssimo, tanto como padre como corinthiano. Deve já ter feito batizados e casamentos em dezenas de milhares. É o padre mais conhecido e popular de Piracicaba de todos os tempos Padroeiro Paduano: referência a Santo Antonio de Pádua.

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Pádua: (ANTONIO DE PÁDUA DUTRA) Pintor piracicabano, bisneto de Miguelzinho Dutra, filho de Joaquim Miguel Dutra e irmão de Alípio, João e Archimedes Dutra. Morreu moço, com apenas 33 anos, quando estudava na Itália. Segundo seu irmão Archimedes Dutra me dizia, que sentindo a morte, se enrolou com nossa Bandeira para não morrer distante de sua Terra. O Salão Paulista de 1939 reverenciou seu talento dando como homenagem póstuma, a Grande Medalha de Ouro no referido Salão. Em 1997 com o Salão dos Notáveis, e em 2000, com o Salão do Século, em exposições sob minha curadoria, foi novamente homenageado. Paganini: (NICOLAU PAGANINI) Considerado o maior virtuose de violino que o mundo conheceu. Tocava, segundo a lenda, tendo o Diabo por companhia. Em concerto em que 3 cordas do seu violino arrebentara, o famoso músico terminou de tocar toda a peça com apenas uma corda restante. Paiaguás: segundo historiadores, uns defendem que os indígenas que aqui viviam antes mesmo da povoação acontecer, eram os Caiapós, outros defendem que eram os Paiaguás. Outros ainda dizem que eram da ribo Tupi. Quando da primeira edição deste poema, adotei os Caiapós. Agora mudo para Paiaguás. De qualquer forma irei desagradar e agradar. Mas é apenas uma opinião. Se nem os historiadores mais capacitados conseguem decidir, eu, apenas um poeta, não tenho obrigação de obedecer ninguém. Palácio: importante casa onde funcionava um cinema em nossa cidade. Depois com a reforma passou a se chama Rívoli. Hoje... para desespero, é palco de uma seita evangélica. Palmiro: (PALMIRO CÉSAR ROMANI) Comerciante e artista plástico. Começou a pintar já adulto e suas pesquisas dentro do campo da arte tem trazido ao artista grande satisfação e reconhecimento público. Pansa: (PADARIA E CONFEITARIA NOSSA SENHORA APARECIDA) um dos estabelecimentos comerciais mais tradicionais de nossa cidade. Eram seus proprietários os membros da família de José Micheletti.

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Parafuso: (ANTONIO CÂNDIDO) se não o maior um dos maiores improvisadores do Brasil. Tinha talento, graça e rendilhava com técnica e requinte seus improvisos. Grande parte de sua obra, perdeu-se no tempo pois não eram gravadas... Paraguai: país que faz divisa com o Brasil, separado pelo Rio Paraná, onde navegou Luis Guidotti. Paraná: importante rio que separa estados brasileiros com o Paraguai. Para ele aflui o rio Tietê Paredão Vermelho: bairro distante em mais de trinta quilômetros do centro da cidade. O nome vem de enorme paredão natural às margens do Rio Piracicaba. Paris: (SORVETERIA PARIS) com certeza a sorveteria mais conhecida de Piracicaba. Kenji, seu proprietário há mais de 50 anos. Primeiramente funcionou na rua Prudente de Moraes esquina da praça José Bonifácio. Depois mudou para a rua Prudente de Moraes, em frente ao edifício anterior e há mais de 25 anos funciona na rua Santa Cruz esquina da Marechal Deodoro. Os sorvetes da Paris atravessaram fronteiras pela qualidade. Passarella: (JOSÉ PASSARELLA) proprietário da mais famosa bombonière de Piracicaba na época. A “pequena por fora e grande por dentro” ou “a terceira maravilha de Piracicaba”. Foi um comunista ferrenho e também bom poeta. Pásseri: (RENATO E MARLENE PÁSSERI) eram os diretores da famosa Fanfarra Mirim, nos idos anos 60 do século XX. Desfilando em São Paulo no Concurso de Bandas de Fanfarras realizado pela TV Record, foi tricampeã. Fui um de seus mirins fundadores em 1961. Passo do Senhor do Horto: capela em estilo barroco, que mostra Jesus sorvendo o cálice da agonia. De autoria de Miguelzinho Dutra, tombado pelo Coodephaat e pelo Codepac. Situa-se na rua Prudente de Moraes, quase esquina da Praça José Bonifácio. É o último remanescente desse estilo de Arte em nossa cidade.

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Paula: (MARIA PAULA GONÇALVES DA SILVA) Magic Paula como é conhecida. Uma das maiores jogadoras de basquetebol do mundo. Foi inúmeras vezes campeã por equipes piracicabanas e também pela Seleção Brasileira, quando conquistou a Medalha de Ouro nos Jogos Pan Americanos em Cuba, e Medalha de Prata e Bronze, na Olimpíadas de Atlanta e Austrália. Foi também campeã do Mundo. Pauléo: (PAULO ALCIDES TIBÉRIO) Fotógrafo de raro talento e observação. É de sua autoria a foto que correu o mundo do seringueiro assassinado cruelmente no Acre, Chico Mendes. Foram as últimas fotos desse sindicalista quando de sua visita a Piracicaba. Foi fotógrafo oficial do Jornal de Piracicaba. Paulinho: (PAULO ROBERTO FRANCO) nome dos mais respeitados dentro do cenário de música sertaneja brasileiro. Com seu irmão CÉSAR, forma uma dupla de imenso sucesso há mais de trinta anos. Seu pai, Craveiro junto de seu tio Cravinho foram constante fontes de inspiração para a dupla. Paulista: (ESTRADA DE FERRO PAULISTA) o famoso terminal que vinha de Nova Odessa até nossa cidade e aqui terminava mesmo, dando a Piracicaba a pecha de Fim de Linha. Existiu de 1922 até meados dos anos 70 do mesmo século. Depois foi desativada por completo. No local onde ficava a Estação, hoje reformada, existe um Movimento Cultural e o próprio se chama Centro Cultural Antonio Pacheco Ferraz, homenageando um dos maiores pintores de nossa cidade de todos os tempos, falecido em 22 de junho de 2006, com quase 102 anos de idade. Paulo Bhai: (PAULO SÉRGIO DA SILVA) pintor piracicabano de raro talento. Vai do impressionismo ao naíf com igual destreza e o mesmo talento. Paulo de Moraes: (PÁULO DE MORAES BARROS) Um dos mais influentes e importantes político de nossa cidade. Lutou por benfeitorias, pelo progresso de nossa cidade. Deve-se também à sua

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luta, a vinda o ramal da Estação da Paulista até nossa cidade, em 1922, após hercúlea luta travada por mais de 20 anos. Pecente: (PEDRO VICENTE FONSECA) grande jogador de basquetebol do XV de Novembro durante os anos 60 do século XX. Ganhou inúmeros campeonatos no estado de São Paulo e também no Brasil. Pedrão: (PEDRO BRANCALION) meu amigo. Com ele fiz, em 1968, minha primeira Romaria a pé até a cidade de Pirapora do Bom Jesus. E isso já faz mais de 40 anos e continuamos firmes na caminhada. Hoje, eu com 42 e Pedrão com 50 ininterruptas romarias. Pedro: (SIMÃO PEDRO ou SIMÃO BAR JONAS) apóstolo de Cristo. Veio a ser o primeiro Papa da Igreja Católica. Morreu crucificado de cabeça para baixo, a seu pedido. Pedro Chiquito: (PEDRO FRANCISCO PRUDENTE) além do improviso, tinha o raro pendor para o humor. Negro, brincava com sua descendência dentro do próprio improviso. Inimitável. Pedro de Cavalcante: (PEDRO DE CAVALCANTE) foi quem primeiro recebeu a Sesmaria de Piracicaba para povoar em novembro de 1693, portanto nosso primeiro povoador... Pedro de Toledo: (PEDRO DE TOLEDO) governador de São Paulo quando da Revolução Constitucionalista de 1932. Penezzi: (ALESSANDRO PENEZZI) tem magia nas mãos e no sopro. Artista de reconhecido talento brasileiro. Toca violão, violão, bandolim, banjo, flauta transversal. Com certeza um dos maiores músicos de Piracicaba em todos os tempos. Peron: (OSVAIR PERON) Pintor, escultor, professor de Arte. É de sua autoria o monumento instalado em frente ao Centro Cívico, para comemorar os 500 anos de descobrimento do Brasil. Sua arte a céu aberto pode ser contemplada nos jardins do Cemitério Parque da Ressureição.

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Peterman: (OSWALDO PETERMAN) músico e maestro da Banda União Operária. Era seu regente quando a mesma se apresentou na Espanha nos anos 60 do século XX. Petisco: (RESTAURANTE PETISCO) de propriedade do casal Fernando Garcia e Priscila Molinari, localizada na rua do Porto, sua especialidade é o famoso peixe. Restaurante familiar, de primeira grandeza em nossa cidade, no conceito de peixes. Peu: (PEDRO CLEMENTE) Comerciante. Proprietário da Casa Peu, de materiais elétricos. Foi fotógrafo amador e muitas de suas fotos hoje transformadas em painéis imensos, mostram uma Piracicaba perdida no tempo de belezas tão naturais. É membro atuante do Lions Clube e foi presidente do Clube de Campo de Piracicaba. Pezzatinho: bairro existente perto dos bairros Monte Branco e Serrote, onde os primeiros membros da Família Pezzato vieram a se estabelecer na segunda metade do século XIX. Eram em número tão grande que por esse motivo, passou a ser chamado Pezzatinho. Pezzato: família de imigrantes italianos que aqui chegaram na segunda metade do século XIX. Eram três irmãos, um dos quais meu bisavô, Domingos Pezzato, que segundo meu Pai, havia nascido sem metade do braço esquerdo. Foi casado com Maria Calçavara. Hoje tem descendência em inúmeros estados brasileiros. Philomena: (PHILOMENA PEZZATO) Irmã de meu avô paterno, Felício Pezzato. Phöenix: na mitologia grega é a Deusa que renasce das cinzas. No poema é assim também lembrada. Em outra parte, plenamente identificável, diz da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Phoenix, que trabalha no rio York, em Piracicaba Pindo: Cadeia de Montanhas entre a Tessália e o Epiro, residência preferida das Musas.

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Pichina: (OSWALDO COBRA) Comerciante e cronista. Tem raro talento para descrever em crônicas tempos perdidos de sessenta, setenta anos passados. Irmão do saudoso e maior seresteiro piracicabano Victorio Ângelo Cobra. Pio X: (GIUSEPPE SARTO SANTO). Foi Papa da Igreja Católica, no período de 1903 a 1914. Era um santo. Piracicaba: nome indígena de nossa cidade, que significa LUGAR ONDE O PEIXE PARA. A Noiva da Colina. Uma das mais belas cidades do Interior. O mais dizer aqui, seria redundância... Pirapora do Bom Jesus: Santuário. Distante de Piracicaba 120 quilômetros. É motivo de romarias e promessas de milhares de católicos. Pizzigatti: sobrenome de meus bisavós maternos. Aqui no poema vale apenas como genealogia de um passado. Piratininga: Planalto do estado de São Paulo. Plaza: a mais espetacular casa cinematográfica de Piracicaba. Funcionava no andar térreo do Comurba, que desabou no dia 06 de novembro de 1964, causando a morte de 54 piracicabanos. Com isso o cinema desapareceu; Poli Brasil: Escola de computação criada por Luis André Filho. Hoje considerada uma das mais importantes do gênero em nossa cidade. Polínia: dentro da mitologia grega, a Deusa da Poesia lírica. Politheama: casa de exibição de filmes que existia em Piracicaba e ficava defronte à Praça José Bonifácio e ao lado da famosa bombonière de José Passarela. O prédio foi demolido para virar estacionamento do banco Itaú.

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Porta Estandarte: (LEANDRO GUERRINI) Assim como Léo Guerra, também Porta Estandarte era um pseudônimo usado pelo professor Leandro Guerrini. Portante: (ERNESTO PORTANTE) Importante escultor paulistano que vindo radicalizar-se em Piracicaba, deixou a mais importante parte de sua obra na Igreja dos Lar dos Velhinhos. Foi premiado em diversas ocasiões em Salões de Arte sempre com esculturas. Portugal: país europeu foi, ao lado da Espanha nos séculos XV e XVI dos mais avançados e progressistas. Sua escola naval de Sagres era famosa. Um de seus filhos, Pedro Álvares Cabral, descobriu nossa pais. Outro filho, Vasco da Gama, descobriu o caminho marítimo para as Índias e seu poeta maior, Camões, cantou tal feito no famoso poema Os Lusíadas. Povoador: verificar Antonio Correa Barbosa Preto: (ANDRÉ FERREIRA DOS SANTOS) Dr. Preto, médico que atendia a população pobre e menos favorecida da cidade. Em sua homenagem há um busto no Engenho Central. Província: semanário criado pelo jornalista Cecílio Elias Netto em 1986. Foi nesse periódico que surgiu o Dicionário do Dialeto Piracicabano, que resultou no livro “Arco, Tarco, Verva”, que tanto sucesso granjeou ao seu criador. Hoje o periódico deixou de circular mas vive ainda on-line. Sempre com sua mesma verve satírica, própria de Cecílio Elias Netto. Prudente de Moraes: (PRUDENTE JOSÉ DE MORAES BARROS) Foi advogado, vereador, deputado estadual e primeiro presidente civil da república do Brasil, no período de 1894 a 1898. É de sua autoria projeto de lei que fez Piracicaba voltar assim se chamar, em 1877, pois nossa cidade tinha o nome de Vila Nova da Constituição. Foi também Prudente de Moraes que fundou em 1875, na então Vila Nova da Constituição, a Loja Maçônica “Piracicaba”. R

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Raphael: (RAPHAEL GOBETH) músico de rara sensibilidade. Irmão gêmeo de Raul, que também é músico. Toca na Orquestra da Escola de Música de Piracicaba. Ramiro: (RAPHAEL RAMIRO JUNIOR) arquiteto e artista plástico com tendência modernista. Grande talento piracicabano. Tem premiações em diversos Salões de Arte Contemporânea. Em setembro de 2004 compôs com o Poeta a curadoria da exposição Temporâneo I, no Engenho Central Raul: (RAUL GOBETH) Irmão de Raphael. Também músico se rara sensibilidade da Orquestra da Escola de Música de Piracicaba. Raya: (CASA RAYA) hoje centenária. Funciona desde 1909. É das mais antigas de Piracicaba. De geração em geração é a Casa Raya vendendo troféus, camisas esportivas, tudo o que se refere ao mundo esportivo. Rei Dom José: rei em Portugal à época da fundação de Piracicaba. Regente: assim era chamado o Estádio Roberto Gomes Pedrosa, campo da Regente, por referência à rua Regente Feijó, onde ficavam os portões principais do saudoso Estádio da Regente... Hoje foi demolido e no local existe um supermercado. Regina: (FORTUNATA REGINA PEZZATO) Minha irmã mais velha. Professora de Português e Inglês reside em São Paulo há muitos anos. Repúblicas: moradias de estudantes. Os nomes citados são de algumas delas que existiram e ainda existem e persistem há décadas em nossa cidade. No poema várias delas são citadas e valem como curiosidade e fino humor dos Estudantes. Ribeirão Tijuco Preto: ver Tijuco Preto

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Ricardo Pinto: (RICARDO FERRAZ DE ARRUDA PINTO) foi prefeito de nossa cidade e o grande incentivador das letras. Foi um dos fundadores e patrono da Biblioteca Municipal de nossa cidade. Rio Claro: cidade distante 30 quilômetros de Piracicaba. Conhecida por Cidade Azul é a cidade mais plena do Brasil. É conhecida pelo epíteto de Cidade Azul. Rio das Pedras: cidade distante 12 quilômetros de cidade, como a nossa, de cultura canavieira. Para os romeiros que seguem a Pirapora, é a primeira cidade do percurso e ponto de primeira e rápida parada. Rio de Janeiro: durante muito tempo a Capital Federativa do Brasil. Por seus acidentes geográficos, é considerada uma das mais belas cidades do mundo, e cognominada, com justiça, Cidade Maravilhosa. Rio Grande: Rio que faz divisa entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. O caminho do Rio Grande era o caminho feito de São Paulo a Cuiabá. Rio Plata: Rio onde deságuam as águas de diversos rios, inclusive o Tietê que erroneamente recebe as águas do Piracicaba. Sendo assim nossa águas vão se encontrar com o mar quando o rio Plata desemboca no Atlântico, entre a Argentina e Uruguai. Rito Escocês Antigo e Aceito: forma dos Maçons de uma Loja trabalharem. Em Piracicaba é o mais praticado. Existem dezenas de ritos, mas em Piracicaba a Loja Esplendor trabalha no Rito Adonhiramita, e a Phöenix no Rito de Yorque. As demais no Rito Escocês Antigo e Aceito. Rizzi: (HONÓRIO RIZZI) meu avô materno. Casado com Virgínia Masson Rizzi. Rocha: (FRANCISCO FRANCO DA ROCHA) Capitão. Em Piracicaba, foi um dos sucessores de Antônio Correa Barbosa. Era o comandante militar em nossa cidade no início do século XIX.

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Rocha Netto: (DELPHIN FERREIRA DA ROCHA NETTO) o maior arquivo vivo do esporte brasileiro e do XV de Novembro. Seu Presidente de Honra. Foi autor do famoso “A” Encarnado, da ESALQ. Foi cognominado de O POETA DOS ESPORTES, pelo autor deste poema. Titulo esse que muito agradava o homenageado. Rodes: (COLOSSO DE RODES) uma das sete maravilhas do mundo antigo. Rodrigo: (RODRIGO POLLA) ator e diretor de teatro. No espetáculo Paixão de Cristo, já representou Judas e também Jesus Cristo. Premiadíssimo em seus espetáculos e suas apresentações. Roma: Capital da Itália. Fundada, segundo a História pelos irmãos Rômulo e Remo, em 753 A.C. Romano: (WALDEMAR ROMANO) Dentista, membro do IHGP e da Academia Piracicaba de Letras. Historiador. Membro da ARLS Prudente de Moraes. Romão: (JOSÉ ROMÃO LEITE PRESTES) professor e educador. Seu nome foi homenageado na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau, Professor José Romão. Romeu Ítalo Ripoli: (ROMEU ÍTALO RÍPOLI) Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ. Era poliglota e desportista. Foi presidente do Esporte Clube XV de Novembro por diversas oportunidades. Foi também vereador em nossa cidade. Seu tipo folclórico fez criar muitas lendas com sua pessoa. Rontani: (EDSON RONTANI) um dos mais importantes cartunistas de Piracicaba, quando aqui nem se pensava em fazer o seu famoso Salão Internacional de Humor. Criou personagens, publicava no Jornal de Piracicaba charges pitorescas e críticas, deu vida ao personagem Nhô Quim. Ainda hoje no Jornalzinho, suplemento do Jornal de Piracicaba, semanalmente é publicada uma página com o título VOCÊ SABIA? Detalhando em desenhos e textos, as mais variadas curiosidades do mundo.

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Rosana: (ROSANA..................ALBERTINI) dentista de formação e artista plástica. Aluna e discípula de Manoel Martho e Alfredo Rocco. Também escultura. Tem obras em logradouros públicos e igrejas. Rosário: (JOSÉ ROSÁRIO LOSSO NETTO) professor e jornalista. Atualmente é um dos diretores do Jornal de Piracicaba. Ex-Venerável da Augusta e Respeitával Grande Benfeitora Loja “Piracicaba” e da ARLS Rio das Pedras. Rossini: (ROSSINI DUTRA) professor e maestro piracicabano regente em muitos corais de nossa cidade. Rotary: (ROTARY CLUB INTERNACIONAL) assim como o Lions Club, o Rotary também é um clube de serviço difundido em inúmeros países. Em Piracicaba sob vários nomes, se reúnem semanalmente em sua sede própria, que é a Casa da Amizade. Rua do Porto: é a conhecida por Rua do Porto. É a rua ribeirinha. Fica na margem esquerda do rio Piracicaba. Nela existem ainda dezenas de casas centenárias e dezenas de bares e restaurantes. É o centro do turismo de nossa cidade, com certeza. Local dos mais aprazíveis de Piracicaba. Rua Governador: (RUA GOVERNADOR PEDRO DE TOLEDO) A principal rua de nossa cidade. É o centro nervoso da cidade, onde o comércio é mais forte e influente. Rua do Comércio: nome antigo da hoje Rua Governador Pedro de Toledo. Rubi: uma das mais tradicionais casas comerciais de Piracicaba. Trabalha com ótica e relojoaria há mais de 50 anos. S

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Saibreiro: Bairro de Piracicaba que hoje perdeu o nome e passou a se chamar Jardim Elite. Os mais anitigos ainda dizem seu nome antigo, mas com o passar dos tempos, Saibreiro será apenas uma saudade... Salão de Humor: (SALÃO INTERNACIONAL DE HUMOR) (CENTRO DE PESQUISA E HUMOR GRÁFICO DE PIRACICABA) Uma das mais importantes e respeitadas mostras de Humor gráfico do Brasil e do mundo. Há mais de vinte e cinco anos tem sua coordenação regida por Maria Ivete de Araújo, mais conhecida por Zeti. O mesmo foi criado em 1974, durante o negro período do governo militar brasileiro e sob regime de forte ditadura. Alceu, Rodolpho e Carlos, foram seus criadores. Salgot: (FRANCISCO SALGOT CASTILLON) Foi sobrinho do Monsenhor Martinho Salgot , pároco da Igreja do Bom Jesus do Monte por quase meio século. Salgot foi Prefeito de Piracicaba por duas oportunidades, sendo na segunda gestão cassado pela governo militar. Foi também deputado eleito por nossa cidade. Salomão: Filho de David. Dizem que tinha imensa sabedoria. Foi também o autor do Cântico dos Cânticos, e de muitos provérbios bíblicos. Foi o autor do Templo dedicado ao Senhor Javé... Salto: cidade turística, distante 70 quilômetros de Piracicaba. Rota dos antigos Bandeirantes. Passagem dos romeiros que seguem a pé a Pirapora do Bom Jesus. Salvador da Galiléia: (JESUS CRISTO) Emanuel, filho de Deus. Veio à terra e foi traído pelos seus. Preso, foi julgado e condenado à morte na cruz. Salvador de Toledo: (SALVADOR DE TOLEDO PIZZA JUNIOR) Um dos maiores cientistas que Piracicaba produziu através da ESALQ. Natural de Capivari. Era também poeta. Ateu convicto. Salvegos: (REINALDO JOSÉ FERRAZ SALVEGO, ANTONIO DONATO FERRAZ SALVEGO, DANILO SCAVINATO SALVEGO) Reinaldo é

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dentista e artista plástico que milita a Arte vanguarda em nossa cidade, Premiado em diversos Salões. Antonio Donato era artista gráfico e pintor acadêmico, premiado também em diversos Salões. Faleceu prematuramente, mas deixou seu filho Danilo, também artista plástico premiado em inúmeros salões de Arte. Mais uma família de artistas piracicabanos que engrandecem nossa Arte e nossa Cultura. Samambaia: distrito pertencente a Elias Fausto. Parada obrigatória para os romeiros que seguem a pé a Pirapora do Bom Jesus. Samuel Neves: (SAMUEL DE CASTRO NEVES) foi médico que ajudava aos pobre, foi também político e prefeito de nossa cidade. Também foi Vereador de nossa Câmara. Samuel Pfrom Neto: (SAMUEL PFROM NETO) Professor, historiador, jornalista. Escreveu importante livro contando a história do Jornal de Piracicaba. Sansinetti: (DANILO SENSINETTI) professor. Na década de sessenta do século vinte fundou a Banda Marcial da Industrial. Foi, com certeza, um momento único em nossa cidade. As outras escolas possuíam fanfarras, mas a Industrial tinha a Banda. Era orgulho da Escola e de toda Piracicaba. Ganhou inúmeros troféus em concursos e representou Piracicaba por muitas vezes sempre com galhardia. Sansinetti além de um apaixonado pela banda era também colecionador de selos e moedas. Santa Catarina: aqui lembra não o estado mas a Igreja que situa-se no bairro Saibroeiro, hoje Jardim Elite. É uma Capela simples, mas não busco apenas a sutuosidade em meu poema. Muito pelo contrário. Santa Olímpia: assim como Santana é reduto exclusivo dos tiroleses. Lá existe a maior concentração das famílias Vitti, Stênico, Villa Nova, Forti, Correr, Degáspari e Negri entre outras. Hoje porém, muitos deles já vieram morar na cidade e se integraram com a comunidade. Santa Terezinha: aqui apenas recordo o distrito de Piracicaba, não a Santa. Santa Terezinha é um dos mais importantes bairros de

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Piracicaba. Localizado às margens do rio Corumbataí, tem perto de oitenta mil habitantes. De tempos em tempos aparece um por lá que quer, de todas as maneiras, separar o bairro e fazer dele um Município. Por certo que todos perderiam com essa separação. Assim como no passado Vila Rezende também queria se emancipar. Por um artigo criticando tal ação de dois vereadores na época, fui duramente processado por um deles... Santana: um dos bairros mais tradicionais e conservadores de Piracicaba. Formado exclusivamente pela comunidade trentina-tirolesa que se estabeleceu em nossa cidade há mais de 100 anos. Santa Bárbara d’Oeste: cidade distante 25 quilômetros de Piracicaba. Também reconhecida pelo epíteto de Pérola d’Oeste. Santo Agostinho: Grande Santo da Igreja Católica Apostólica Romana, convertido à Fé graças à oração e persistência de Sua Mãe. Santo Antônio: com certeza o santo mais popular da igreja católica. Era português mas é conhecido como sendo de Pádua, da Itália, por ter vivido lá. Era taumaturgo divino. Em Piracicaba é o padroeiro através das artimanhas provocadas pelo Povoador Antônio Correa Barbosa. É também conhecido como o Santo casamenteiro. São João: (João Batista) sendo narra a História, batizou nas água do rio Jordão, Jesus Cristo. São Paulo: o Estado onde situa-se Piracicaba. Fundado a 25 de janeiro de 1554 pelos Jesuítas Anchieta e Nóbrega. É o estado mais rico e mais populoso da Nação Brasileira. São Roque: cidade da região de Sorocaba, Itu. Terra natal de Manoel Francisco Rosa. São Tomás de Aquino: O maior teólogo da Igreja Católica Apostólica Romana. Sua maior obra é a Summa Teologia”.

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Sapucaia: frondosa árvore remanescente do Bosque, onde hoje está construído o Estádio Barão da Serra Negra. Dizem que a mesma foi plantada para comemorar o final da Primeira Grande Guerra Mundial. Fica ela localizada nas esquinas da rua Moraes Barros e avenida Independência. Foi, por minha ideia e sugestão, em artigo publicado na exinta Gazeta da Cidade Alta, em outubro de 1996, com apoio de outros amigos, iluminada nas festas natalinas no ano de 1996, tornando-se tradição suas luzes. Scarpari: (WALDOMIRO SCARPARI) um dos mais tradicionais relojoeiros de Piracicaba. Na mesma avenida Rui Barbosa, na Vila Rezende, há 60 anos mantém seu estabelecimento. Schreiber: (GIL SCHREIBER DA SILVA) artista de estilo clássico. Foi aluno de Frei Paulo. É um dos únicos remanescentes da grande escola acadêmica que existiu em Piracicaba no século XX. Sebastião Ferraz: (SEBASTIÃO FERRAZ) Jornalista, foi proprietário do jornal “O Diário” na década 50 do século XX. Jornalista sério, íntegro, da mesma cepa de Losso Netto, revolucionou a forma de se fazer jornal em Piracicaba. Sêga: (ÁLVARO PAULO SÊGA) pintor, escultor, miniaturista. Também foi aluno de Frei Pualo. Um dos mais completos artistas piracicabanos de todos os tempos. Trabalhava em todas as técnicas. Era exímio em todas elas. Teve inúmeras premiações em Salões de Arte que participou. Morreu pobre e esquecido. Semeadura: Livro de minha autoria, publicado em 1991. Neste livro está o poema “Ode a Nove de Julho”, sempre declamado na comemorações da Revolução Constitucionalista em nossa cidade. Serrote: bairro distante vinte quilômetros do Centro da cidade. Foi nesse bairro, vizinho do Monte Branco, na segunda metade do século XIX, que os primeiros Pezzato se estabeceram.

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Shirley: (SHIRLEY BRUNELLI CRESTANA) uma das mais refinadas poetisas piracicabanas. Publicou apenas um livro de poesias; ASFALTO DAS HORAS. De fina sensibilidade. Shopping Center: SHOPPING CENTER PIRACICABA, o primeiro Shopping de Piracicaba, inaugurado em 24 de outubro de 1987. Silveira: aqui referência a outra empresa piracicabana que trabalha com ônibus. Silvia: (SÍLVIA REGINA DE OLIVEIRA) A poesia em forma de pessoa se tivesse nome se chamaria Sílvia. Talentosa artesã do verso. Possui um livro de poesias publicado: SAFIRA e participa de antologias em várias cidades. Simtec: (SIMPÓSIO INTERNACIONAL E MOSTRA DE TECNOLOGIA SUCROALCOOLEIRA) realizado anualmente nas dependências do Engenho Central, voltado para a energia limpa e renovável como o etanol e a energia elétrica gerada a partir da queima do bagaço de cana, e outros assuntos relativos à cultura da cana-de-açúcar. Síria: país localizado ao sudoeste da Ásia. O país foi unificado por Alexandre, o Grande, em 331 A.C. Sociedade de Cultura Artística: fundada em 1925 sendo o maestro Fabiano Losano um de seus fundadores. Atua até hoje em nossa cidade sendo parte ativa de nossos eventos com muita música. Sócrates: filósofo grego. Condenado à morte, convidou os amigos e enquanto com eles conversava, bebeu cicuta. Sodoma: referência à cidade bíblica, que foi destruída por anjos pois era pecadora. Sônia: (SÔNIA MARIA STÉFANO PIEDADE) Professora da Esalq e pintora das mais capacitadas de nossa cidade. Premiada em diversos Salões de Arte do Brasil.

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Sorocabana: (ESTRADA DE FERRO SOROCABANA) a primeira estrada de ferro que existiu em Piracicaba. Foi aqui trazida na segunda metade do século XIX e funcionou até meados dos anos 70 do século XX. Seus trilhos atravessavam a cidade em pleno centro da cidade quase que acompanhando a avenida Armando de Salles Oliveira e hoje avenida 31 de Março, onde outrora existia a Bica, ou o Olho de Nhá Rita, ou o popular Idanharita... famosa bica de água. Hoje de todos desaparecidos esses recantos piracicabanos... Sorocabinha: (OLEGÁRIO DE GODOY) formou junto de MANDI, Manoel Rodrigues Lourenço, uma das mais profícuas duplas sertanejas na primeira metade do século XX. Faleceu com mais de 100 anos. Spadotto: (ERASMO CARLOS SPADOTTO) Chargista do Jornal de Piracicaba. Todos os dias, há vários anos, o Jornal publica trabalhos de sua autoria. Talentosíssimo. Também é assídua sua participação no Salão Internacional de Humor. Spaviere: (ÂNGELO HENRIQUE SPAVIÉRI) Um dos mais completos e talentosos fotógrafos de Piracicaba. Há mais de 30 anos trabalha no Jornal de Piracicaba. Premiado em diversas mostras de fotografia. Stella: (ANGELINO STELLA) grande pintor piracicabano. Pintou pouco mas sempre com rara felicidade e muito talento. Stella Alpina: um dos corais mais tradicionais de Piracicaba, formado em Santa Olímpia. Canta músicas regionais e tradicionais originárias da Itália. Jânea Falcão é sua regente. Stradivárius: (ANTONIO STRADIVÁDIUS) artista italiano, fabricante de violinos a partir de 1676 passou a criar um modelo próprio que em 1700 tornou-se perfeito. Sud Mennucci: (SUD MENNUCCI) Educador piracicabano e grande escritor. Seu nome hoje é referência. A escola Normal de Piracicaba leva como homenagem o nome deste grande Professor. Foi também Secretário da Educação do Estado de S. Paulo.

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Sueli Marafom: (SUELI MARAFOM) seresteira com participação ativa em eventos em nossa cidade há muitos anos. Suzana: (SUZANA AMYUNI) repórter da TV Universitária da UNIMEP que faz semanalmente um programa de variedades e entrevistas. Suzete: (SUZETE THAME GUTIERREZ) pintora piracicabana, que por sua deficiência visual, tem conseguido criar, através do projeto PINTAR POR PINTAR, progressos magníficos com deficientes. T Tadeu José Francisco: (TADEU JOSÉ FRANCISCO) jovem compositor de grande talento. Venceu importantes festivais de Música nos anos 60 e 70 do século XX. Faleceu prematuramente afogado em Santos, com menos de 25 anos. Tangará: (ANTENOR SALVAGNI) um dos mais importantes pescadores do rio Piracicaba. Viveu de pesca durante mais de 40 anos. Seu filho Cláudio Salvani segue as tradições deixadas por seu Pai. Também é morador da Rua do Porto. Tanquã: bairro de Piracicaba onde existe um mini-Pantanal. Preservadas as fauna flora foram um atrativo magnífico para quem tem o privilégio de contemplar ali a Natureza. No local existe, há muitos anos, uma aldeia de pescadores, pois ali a pesca é abundante. Tanquinho: distrito pertencente ao município de Piracicaba distante 15km do centro da cidade. Local onde acontece a mais famosa Festa do Milho de toda a região do estado. Tan-Tan: (COMPANHIA DE TEATRO TAN-TAN) companhia de teatro de Piracicaba que sempre apresenta, a cada ano, um novo espetáculo. Tarcíso: (TARCISO DE BARROS LORENA) jovem pintor, discípulo de Manoel Martho. Desenha e pinta com primor. Também participa de grupos de teatro, dá aulas de pintura e faz painéis para teatro. Tem inúmeras premiações artísticas.

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Tatuzinho: marca da mais famosa cachaça de nossa cidade. Era fabricada pelas empresas de Humberto D´Abronzo. Com certeza a marca Tatuzinho levou para o Brasil todo o nome de nossa cidade. Tayar: (LOURENCO JORGE TAYAR) atuou durante muitos anos como Contador no Jornal de Piracicaba, hoje é um dos proprietários da Gazeta de Piracicaba, atualmente bissemanário. Teatro Santo Estevão: Teatro construído pelo Barão de Rezende. Localizava-se onde hoje situa-se a Praça José Bonifácio. O nome vem por causa do Barão, que se chamava Estevão... Teresa: (TERESA......................ALVES) grande cantora e seresteira piracicabana. Se apresenta sempre com imenso sucesso. Terpsícore: na mitologia grega, a Deusa da Dança. Thales de Andrade: (THALES CASTANHO DE ANDRADE) segundo críticos “a maior criança do Brasil”. Thales foi o primeiro defensor da natureza quando ninguém tocava no assunto. Seu primeiro livro “A FILHA DA FLORESTA” já denunciava o desmatamento. Escreveu mais de cinqüenta livros, entre os mais famosos estão SAUDADE e CAMPO E CIDADE. Foi professor e vereador em Piracicaba. Um gênio do século XX. Um dos mais importantes escritores de literatura infanto-juvenil do Brasil. A Thales devemos também a criação do neologismo CAIPIRACICABANO, que depois foi difundido por João Chiarini. Therezinha Kraide: (Therezinha Ferraz do Canto Kraide) mestra educadora. Foi minha primeira Professora no CURSO PRIMÁRIO ANEXO AO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “SUD MENNUCCI”, em 1960. A ela devo o aprendizado e as primeiras letras. Foi casada com o compositor Anuar Kraide, o qual fiz parceria em várias composições musicais. Thiago: (THIAGO GUTIERREZ) fotógrafo da nova geração piracicabana. Premiado em Salões de Arte de nossa cidade.

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Tijuco Preto: Ribeirão Tijuco Preto. Tijuco significa barro, portanto ribeirão Barro Preto. Fica no distrito de Tupi e nele é lavado há mais de 60 anos, o santo São João, na noite de 23 para 24 de junho, na tradicional festa que lá é realizada. Thomazi: (ALBERTO THOMAZZI E MÁRIO THOMAZZI) tanto o pai Mário, como o filho Alberto, foram grandes e geniais pintores piracicabanos. Alberto foi agraciado com inúmeras medalhas de ouro nos salões que participou. Mário foi um importante pintor de igrejas no interior de São Paulo. Tietê: o mais importante rio paulista e um dos mais importantes do Brasil no início da nossa história. É um dos únicos rios do mundo que corre contra o mar. Segundo cartas geográficas ele deságua no Rio Piracicaba, mas dizem os livros de geografia o contrário. Hoje com a represa de Barra Bonita torna-se impossível decifrar essa verdade... Tite: (RODOLPHO CLEMENTE) nome do proprietário de tradicional casa de materiais elétricos de nossa cidade, Tite Eletricidade. Toledo: (LUIS ANTONIO PINTO DE TOLEDO, GERALDO PINTO DE TOLETO) Pai e filho fotógrafos. O pai além de fotógrafo também era artista plástico, mas suas poucas obras hoje fazem parte do acervo da família. Tordesilhas: (TRATADO DE TORDESILHAS) tratado feito entre Portugal e Espanha na época das grandes navegações que traçava uma linha imaginária. Terras encontradas antes dessa linha pertenceriam a Portugal, além à Espanha. Tal tratado não foi seguido à risca. Fosse assim e grande parte do território brasileiro seria de domínio espanhol. O que não aconteceu. Torre de Babel: citação bíblica onde os homens tentaram fazer uma torre que alcançasse o Céu... Torres: Empresa dedicada ao Turismo em nossa cidade. Das mais tradicionais, assim como a Monte Alegre entre outras. Nélson Carrano Torres é seu proprietário.

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Tosi: (ANTONIO WALDEMAR TOSI) foi destacado jogador de basquete no XV de Novembro em sua época áurea. Hoje é médico psicólogo em nossa cidade. Seus pais, Gotardo e Nenê, foram meus padrinhos de crisma. Tote: (ANTONIO DE PÁDUA) folclórico morador da rua do Porto. Exímio nadador e um dos mentores da Festa do Divino, onde coordenava as danças típicas de tal festa. Trento: cidade da Itália de onde vieram os frades trentistas para o Brasil. Túbero: (MARCOS TÚBERO) conhecido por SAPO bailarino piracicabano de grande talento. Tem sua própria Companhia de Dança, 7&8. Tuco Amalfi: (FORESTO SICCHI NETO) um dos maiores pintores piracicabanos de todos os tempos. Sua pintura impregnada de símbolos e animais e árvores exóticas, o fazem ímpar. Pode ser dizer que é imaginário, inventivo demais, mas dentro do campo surrealista ou panteísta, é um dos maiores do mundo. Tupã: Deus dos Índios. Era a deus Tupã que se ofereciam ofertas e orações naqueles tempos pré-colombianos. Tupi: distrito pertencente a Piracicaba. Dista cerca de 12km do centro. Local onde todos os anos acontece uma das mais tradicionais festas juninas em toda a região. Sempre, independente do dia de semana, dia 23 de junho. Tupi Paulista: cidade do interior paulista de onde é natural o Poeta João Baptista de Souza Negreiros Athayde. Advogado, professor e poeta hoje piracicabano. Turim: (ROBERTO TURIM) fotógrafo piracicabano e também seresteiro.

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Tutu: (ADRIANA DEDINI RICCIARDI) juntamente com NINA GUIDOTTI, é uma das proprietárias do Stúdio 415 de dança, em Piracicaba. U Ubirajara Malagueta Lara: (UBIRAJARA MALAGUETA LARA) era dentista e poeta. Morreu na flor dos anos, com apenas 28, de acidente de automóvel na Rodovia do Açúcar, em novembro de 1986. Deixou publicado QUEDA LIVRE, e apalavradoEUpoeta, entre outros. Foi premiado em diversos concursos literários. Era um profundo conhecedor da poesia chamada modernista. União Porto: (ESPORTE CLUBE UNIÃO PORTO) famosa agremiação esportiva de nossa cidade no futebol. Disputou inúmeros campeonatos amadores de nossa cidade e se sagrou diversas vezes, campeã. Sua sede, como o próprio nome diz, assim como seu campo de futebol, ficam na rua do Porto. Unileste: Distrito Industrial de nossa cidade onde aglomera um grande número de nossas indústrias, que trazem progresso a Piracicaba. Unimep: (UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA) ramificação do Colégio fundado por Miss Martha Watts, “O PIRACICABANO”. É uma das mais importantes Universidades brasileiras. Oferece dezenas de cursos para milhares de estudantes. União Operária: (BANDA UNIÃO OPERÁRIA) uma das mais antigas corporações musicais do Brasil. Sua fundação data do dia 1o. de Maio de 1906. Ainda hoje se apresenta em festas, procissões e comemorações de nossa cidade. USP: – Universidade de São Paulo, à qual a ESALQ pertence. V Vacchi: Sobrenome de meu bisavô materno.

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Vai-Vem: Poço perigoso do rio Piracicaba. Fica defronte à Casa do Povoador. Muitos nadadores nesse local foram traído pelas águas e faleceram... Vargas: (GETÚLIO DORNELLES VARGAS) político gaúcho que veio a ser presidente do Brasil por várias ocasiões. Tentou travar a vontade do povo paulista que exigia a Carta Magna brasileira. Foi porém, o presidente dos trabalhadores, dando a eles o suporte de segurança no serviço. Suicidou-se quando exercia o cargo de Presidente de nosso país em agosto de 1954. Vassourinha: (.................) Importante carnavalesco da cidade do passado. Passeava sambando pela rua Governador, sempre acompanhado de sua indefectível vassoura, que lhe deu o apelido. Veneno: (OSWALDO MOREIRA) um dos mais importantes artistas mambembes de Piracicaba de todos os tempos. Possuía juntamente com sua mulher Dalila e os filhos, o famoso CIRCO DO VENENO. Vera Cruz: (ESPORTE CLUBE VERA CRUZ) Outra equipe amadora de futebol de Piracicaba, campeã inúmeras vezes em torneios de futebol. Revelou inúmeros jogadores que pontearam equipes nacionais. Vera Gutierrez: (VERA CARMIGNANI GUTIERREZ) Pintora piracicabana. Participa ativamente dos movimentos artísticos de nossa cidade. Vergílio: (PÚBLIO VERGÍLIO MARO) poeta latino. Sua obra é caracterizada pelo amor e pela inteligência da Natureza. Celebrou-se com as GEÓRGICAS e com a ENEIDA. Vicente Costa Taques Góes Aranha: (VICENTE DA COSTA TAQUES GOÉS ARANHA: Capitão-Mor de Itu quando da fundação de Piracicaba. Esteve presente também na mudança da povoação da margem esquerda para a direita, em julho de 1774. Tinha carinho especial por nossa cidade.

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Vitor Meirelles: (VICTOR MEIRELLES DE LIMA) um dos mais importantes pintores brasileiros do século XIX. Além de ter sido mestre de Almeida Júnior. Pintou importantes obras como A VITORIA DE GUARARAPES e outras obras de igual valor artístico. Viegas Muniz: (............VIEGAS MUNIZ) português. Vindo para Piracicaba após grandes provações causadas pela Natureza, decidiu de realizar uma festa para louvar o Divino Espírito Santo. Isso em 1818. Desde então tornou-se uma das festas mais populares de Piracicaba. Realizada sempre no segundo final de semana do mês de Julho. Vila Nova da Constituição: assim Piracicaba passou a se chamar, oficialmente, no inicio do século XIX, quando da promulgação da Constituição portuguesa. Foi somente em 1877, quando Prudente de Moraes era vereador em nossa cidade, que o nome de Piracicaba voltou a ser oficial. Foi, segundo consta, um dos primeiros trabalhos da Loja Maçônica “Piracicaba”, na Vila Nova... mudar o nome da cidade... Vila Rezende: um dos mais importantes, senão o mais importante dos bairros de nossa cidade. Fica na margem direita do Rio Piracicaba. Villalba: (FRANCISCO VILLALBA MONGELÓS) poeta paraguaio radicado em Piracicaba há muitos anos. Publicou vários livros de versos, como NOTURNO, NO MAR DE INEVITÁVEIS PENSAMENTOS, AMÁLGAMA entre outros. Sua poesia é fortemente marcada por fatores sociais e políticos. Hoje milita como Pastor da Igreja Plesbiteriana Virgem-Mãe Auxiliadora: Um dos muitos nomes da Mãe de Jesus e protetora de D. Bosco. Virgínia (VIRGINIA PRATTA GREGOLIN) poetisa sensível. Começou a escrever depois de ter criado suas seis filhas. Publicou dois livros de versos: O CANTO DO GALO PRETO e TRÊS QUARTOS DE SÉCULO.

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Virgínia: (VIRGÍNIA WELCH) artista radicada em Piracicaba há muitos anos. Talentosíssima, suas obras encantam pelo colorido e limpeza das imagens. Volpi: (ALFREDO VOLPI) pintor italiano radicado no Brasil de enorme importância. A pedido de Lino Morganti pintou com afrescos a Capela do Bairro do Monte Alegre. Tal trabalho depois passou a ser desprezado pelo artista. X Xis Vê: (XV) (QUINZE) com os braços formando um X depois um V (quinze em algarismos romanos) é a forma que a torcida quinzista vibra em campo: grita afoitamente Quinze, Quinze, Quinze e com os braços faz os movimentos de X e V. Pura imagem. Y Ypié: título importante livro da escritora piracicabana Marly Teresina Germano Perecin, onde narra a história de Piracicaba. Imperdível também é Candeias. W Wagner: (RENATO WAGNER) um dos pintores mais respeitados de Piracicaba. Autor da capa da primeira edição deste poema. Premiado em inúmeros Salões de Arte do Brasil. Foi também um grande desportista, destacando-se na natação e no futebol, onde chegou a jogar no São Paulo Futebol Clube. Walderez (WALDEREZ THAMME DENNY) artista plástica de nossa cidade. Premiada em diversos salões. Wlamir: (WLAMIR MARQUES) O maior jogador de basquetebol do mundo na sua época. Defendeu o Esporte Clube XV de Novembro e o Sport Club Corinthians Paulista. Foi inúmeras vezes campeão e pela Seleção Brasileira sagrou-se bicampeão do mundo.

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Z Zé Mário: (JOSÉ MÁRIO ÂNGELI) Médico pediatra dos mais conceituados em Piracicaba. Há muitos anos trabalha graciosamente na Escola de Mães, dando consultas aos mais necessitados. Pertence a várias instituições, como o Lions Clube Leste, do qual é sócio-fundador, há 40 anos. Um ícone em nossa Piracicaba. Zé ABC: (JOSÉ ANTONIO BUENO DE CAMARGO) Jornalista, cronista, esportista. Foi editor do Jornal de Piracicaba, também do Diário Oficial do Município. Publicava diariamente no Jornal de Piracicaba uma coluna intitulada “Crônica do Dia”. Zego (JOSÉ SOARES) um dos mais importantes carnavalescos piracicabanos nos anos cinquenta e sessenta de nossa cidade. Zélio: (ZÉLIO ALVES PINTO) Irmão gêmeo do famoso Ziraldo. Figura marcante nos Salões de Humor em Piracicaba. Zé Maria Ferreira: (JOSÉ MARIA CARVALHO FERREIRA) teatrólogo, crítico de arte e curador de importantes exposições de arte em Piracicaba. Muitas vezes criticado, sempre em silêncio recebeu as duras críticas. Era sincero, porém, com seu trabalho. Zeus: na mitologia grega o maior dos Deus Zezé (JOSÉ ADÂMOLI) seresteiro de grande talento. Sua família porém, possuía em nossa cidade uma famosa fábrica de barcos. Irmão do famoso artista JOCA ADÂMOLI. Zezinho: (JOSÉ ARANTES DE CARVALHO) Uma justa homenagem a um dos maiores farmacêuticos de Piracicaba, o Zezinho da Farmácia, na Avenida Rui Barbosa, em Vila Rezende. Zezinho, como é carinhosamente chamado, é membro da A:.R:.G:.B:. Piracicaba. Zílio: (RUBENS APARECIDO ZÍLIO) Artista plástico premiado em diversos Salões. Sua arte é primorosa.

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Ziraldo: (ZIRALDO ALVES PINTO Irmão gêmero de Zélio. Um dos maiores artistas gráficos brasileiros. O Salão de Humor de Piracicaba possui o enorme mural que ele pintou no Canecão, Rio de Janeiro e que foi destruído. Fotografias e computador deram vida novamente à sua arte. Zoon Zoon: (ESCOLA DE SAMBA ACADÊMICOS DA ZOON ZOON) Formou junto com a Ekipelanka e a Ekipexato, o trio de ouro de carnaval piracicabano na década de setenta do século XX. Tais escolas eram originárias das Escuderias que participavam de Gincanas automobilísticas em nossa cidade. Apenas a Zoon Zoon hoje, permanece nos desfiles de nossos carnavais. As outras desapareceram. Zorline: (OTTONI ZORLINE) Pintor e escultor que viveu em Piracicaba. Detentor de inúmeras premiações em Salões de Arte do Brasil. De sua autorias eram as estátuas em homenagem à Família Morganti, erigidas no bairro Monte Alegre, roubadas em agosto do ano de 2007 e nunca recuperadas... Nota: *** Algumas informações estão incompletas, já que os dados eram imprecisos e muitas vezes, a fonte da informação me foi passada apenas de boca, sem documentação digna de crédito. Sempre que isso ocorre, principalmente quanto ao nome, o espaço fica reservado para um possível reparo.

Esio Antonio Pezzato Setembro 2009

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MIRANTE ANOS 1945 E 2005

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ESTAÇÃO DA PAULISTA ANOS 1945 e 2005

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