Prêmio de Competitividade - MBC

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Fotos: Divulgação

Genaro Joner/ZH

Vencedores da etapa nacional de 2009 A história de nove empresas brasileiras que estão contribuindo para o progresso do País Junho de 2010



SUMÁRIO Artigo - Inovação e empreendedorismo

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Artigo - O motor de crescimento

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Artigo - Novas perspectivas para o empreendedor brasileiro

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Artigo - Uma valiosa consultoria sobre gestão

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Artigo - Empreendedorismo na cadeia de negócio

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Artigo - Melhoria na gestão das micro e pequenas empresas

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MPE Brasil: estimulando a competitividade

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Agronegócio - Vale do Boi

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Adrianne Marques Brito Rocha Ana Lucia Nasi André Luis Rossi Andrei Martinez Andréia Neres Claudia do Nascimento Pereira João Roberto de Biasi Michelle Chalub Cossenzo Roberta Aquino

Comércio - Patrimonium

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Colaboração

Indústria - ICQL

25

Serviços de Educação - Escola Kennedy

31

Serviços de Saúde - Simpharma

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Serviços de Tecnologia da Informação - Omega

43

Serviços de Turismo - Canto das Águas

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Serviços - Aprimor

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Boas Práticas de Responsabilidade Social - Quinta da Estância

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Premiadas estaduais

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Comitê Executivo Francisco Teixeira Neto Isabel Reis Manoel Teles Junior Maria Del Carmen Stepanenko Comitê Gestor

Ana Paula Piccolotto Mohr Cecília Macedo Gustavo Emediato Juliana Iten Marcelo Farias Tatiana Ribeiro Edição Cristina Charão Reportagem Alex Xavier Marcelo Pinho Produção Máquina Public Relations Coordenação editorial Marcelo Diego Projeto Gráfico e Editoração studio 1101

Este material foi desenvolvido pelos realizadores do MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas: o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Gerdau e a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Missão Promover o aumento da qualidade, da produtividade e da competitividade das micro e pequenas empresas (MPEs), disseminando os conceitos e as práticas de gestão por meio de um processo de reconhecimento. Visão Ser referência internacional no processo de reconhecimento às micro e pequenas empresas até 2010.

www.maquina.inf.br


INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO

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Inovação e empreendedorismo por Jorge Gerdau Johannpeter, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC)

A capacidade de adaptar-se às mudanças dos mercados é uma das mais importantes habilidades de um líder empresarial. Nesse sentido, a aplicação de práticas de gestão e de processos que promovam a competitividade, a inovação e o empreendedorismo são fundamentais para garantir um caminho eficaz na superação de crises e na obtenção de um melhor desempenho frente à concorrência. O ano de 2009 foi de muitos desafios e, certamente, entrará para a memória de todos os empresários brasileiros, por ter sido um dos períodos mais atípicos da nossa economia. Colheram os melhores resultados os líderes que se ajustaram ao cenário de incertezas

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econômicas vigentes e, ao mesmo tempo, mantiveram seu olhar para o futuro, acreditando na capacidade criativa e realizadora de sua equipe. Foram eles que, nesse período, abriram espaço para o novo, explorando habilidades, as quais serviram como fonte de inovação e crescimento. Valorizar e investir no capital humano, bem como em uma comunicação interna clara, também é fundamental para melhores resultados e prosperidade. Nesse sentido, o Movimento Brasil Competitivo (MBC) tem trabalhado para apoiar empresas e organizações brasileiras a ampliarem a sua qualidade de gestão, produtividade e competitividade. E o ponto de partida disso é a difusão da cultura da inovação e de incentivo ao comportamento empreendedor das pessoas. Ao promover ações, projetos e prêmios de incentivo às micro e pequenas empresas, o MBC busca atuar fortemente na geração de empreendedores, base do desenvolvimento econômico e social de qualquer nação. Acredito que o desenvolvimento permanente da gestão e da formação de líderes nas micro e pequenas empresas brasileiras, têm feito a diferença para a sociedade como um todo. Isso porque estamos contribuindo para o desenvolvimento de um Brasil mais preparado no cenário global e com mais qualidade de vida.


O MOTOR DE CRESCIMENTO

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O motor de crescimento por Elcio Anibal de Lucca, presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo (MBC)

O Brasil conta hoje com empresas internacionalmente reconhecidas nos ramos de petróleo, mineração e construção civil e que projetam o país no exterior. No entanto, as principais geradoras de emprego e renda são as micro e pequenas empresas, responsáveis por 98% do setor empresarial brasileiro. Não por acaso, elas são consideradas um eficaz instrumento de desenvolvimento nacional ao desempenharem um papel fundamental na economia brasileira, movimentando o mercado interno e formando a energia necessária para acelerar o motor de crescimento. Todo esse otimismo traz a perspectiva de um 2010 próspero e competitivo. A dinâmica do mercado de trabalho nas MPEs contribuiu para

um salto expressivo da competitividade da economia brasileira nos últimos anos. Esse avanço é fruto, entre outros fatores, de um setor empresarial inovador, da estabilidade financeira do país e de uma política pública favorável. A contribuição das micro e pequenas empresas reflete o crescente papel econômico e social que os negócios de menor porte assumiram ao longo da última década. O Movimento Brasil Competitivo, pioneiro nas ações de incentivo à qualidade e competitividade, comemora o sucesso da oitava edição do MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para as Micro e Pequenas Empresas. O perfil dos vencedores nacionais do prêmio revela o sucesso de quem assimilou a gestão e a inovação como princípios de seus negócios. Pela visão de futuro e profissionalismo, estes empreendedores brasileiros se tornaram exemplos a serem seguidos. Independentemente da área de atuação, as histórias de crescimento e conquistas aparecem paralelas à preocupação em oferecer serviços e produtos de qualidade e excelência. A busca pelo desenvolvimento sustentável do país passa pela criação de oportunidades para as empresas de pequeno porte se tornarem mais eficientes e competitivas. Envolver e contagiar gestores, empresários e a sociedade para a causa é o caminho para a expansão do ambiente propício ao empreendedorismo. Assim será possível construir o Brasil dos nossos sonhos.

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NOVAS PERSPECTIVAS PARA O EMPREENDEDOR BRASILEIRO

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Novas perspectivas para o empreendedor brasileiro por Erik Camarano, diretor presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC)

O Brasil vem, cada vez mais, conquistando um novo espaço no cenário mundial. Além de atuar diretamente nos principais fóruns internacionais, a economia brasileira se consolida entre as maiores do mundo. Além do samba, do carnaval e do futebol, o país tem hoje um ambiente interno favorável, que atrai não somente o turista, mas o investidor estrangeiro interessado em negócios no país. A consolidação da estabilidade econômica como um valor para toda a sociedade e o avanço das políticas de inclusão social permitiram a criação de um sólido mercado interno, cuja força foi atestada pela resiliência da economia brasileira à maior crise internacional desde a Grande Depressão, de 1929. Assim, as perspectivas para 2010 são muito positivas, com um crescimento econômico esperado de pelo menos 5%.

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E, em meio a esse cenário, está o empresário brasileiro, que finalmente pode investir em gestão e inovação. Um bom exemplo deste resultado foi observado no Relatório de Competitividade Global 2009-2010, publicado pelo World Economic Fórum em setembro do ano passado. Os resultados colocam o Brasil na 56ª posição, oito a mais em relação ao ano anterior, entre 133 nações. O salto na competitividade brasileira é fruto de um setor empresarial inovador, do tamanho de seu mercado e da estabilidade econômica e política do país. Embora estes números sejam reflexo de um conjunto de ações, os valores que realmente motivam o aumento da qualidade, da produtividade e da competitividade - por meio de boas práticas de gestão - fazem parte do contexto e da meta do MPE Brasil - Prêmio de Reconhecimento às Micro e Pequenas Empresas. No ano passado, mais de 57 mil empresas de diferentes segmentos participaram. A meta para este ano é atingir 75 mil empresas inscritas. E o Movimento Brasil Competitivo quer justamente melhorar um Brasil que já funciona bem. Transformá-lo em um país mais competitivo, premiando as melhores práticas e disseminando conceitos e ferramentas da boa gestão, viabilizando assim a construção de um Brasil que assume cada vez mais um papel de destaque mundial em inovação, eficiência e sustentabilidade. Permanecer no caminho onde o cidadão é capaz de aumentar seu padrão de vida e gerar oportunidades para os outros é fundamental para o desenvolvimento do país. Vivemos em uma ótima fase para a motivação e a geração de renda. Valorizar o melhor do brasileiro é reconhecer o espírito competitivo e empreendedor de cada um.


UMA VALIOSA CONSULTORIA SOBRE GESTÃO

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Uma valiosa consultoria sobre gestão por Paulo Okamotto, diretor presidente do Sebrae Nacional

A retrospectiva do primeiro semestre do ano é marcada pelo aquecimento da economia no Brasil. Observamos recordes sucessivos na geração de empregos formais e na elevação do PIB. Além disso, estudos e pesquisas divulgados recentemente constatam vários avanços nos últimos anos, a exemplo do aumento no poder aquisitivo do salário mínimo e da diminuição da pobreza. Também flagramos uma evolução do consumo da população e a ascensão das classes C e D. Ao mesmo tempo, cresce o número de empresas que estão lançando marcas específicas para

abastecer a nova classe média do país, como estratégia de ampliar vendas e conquistar novos mercados. Nesse contexto, as micro e pequenas empresas também precisam crescer junto e aumentar a participação no PIB brasileiro. Para isso, é necessário se capacitar e estabelecer novos patamares de produção para os próximos anos. E uma das boas oportunidades para a pequena empresa refletir sobre seu desempenho é por meio do Prêmio MPE Brasil. O questionário a ser preenchido pelos participantes do projeto representa uma valiosa consultoria à distância e gratuita sobre gestão, liderança, processos e resultados. É também uma ferramenta poderosa para quem tem pouco espaço na agenda para fazer autoavaliação do seu trabalho, num modelo pautado nas práticas de excelência de grandes empresas. No final das contas, mesmo que o empreendedor não leve o troféu para casa, ele estará levando conhecimento para sua empresa. A previsão é de que o Brasil continue mantendo um bom ritmo de crescimento econômico e distribuindo renda. Tal combinação não acontece há muitos e muitos anos. E toda essa evolução passa pelas micro e pequenas empresas.

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EMPREENDEDORISMO NA CADEIA DE NEGÓCIO

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Empreendedorismo na cadeia de negócio por José Paulo Soares Martins, diretor executivo do Instituto Gerdau

A Gerdau construiu uma cultura empresarial fundamentada em valores éticos, no respeito às pessoas e ao meio ambiente, investindo continuamente em projetos voltados ao desenvolvimento sustentável nas comunidades em que atua, pois acredita que o desenvolvimento de uma empresa está diretamente relacionado à evolução destas comunidades. Como parte das contribuições para esse desenvolvimento das comunidades, incentiva, por meio do Instituto Gerdau, o aprimoramento da capacidade de gestão das micro e pequenas empresas do nosso país. O MPE Brasil tem como objetivo reconhecer a nível estadual e nacional as micro e pequenas empresas, promovendo o aumento da qualidade, da produtividade e da competitividade por disseminação de conceitos e práticas de gestão. É um projeto que estimula

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o processo contínuo de educação e potencializa a capacidade transformadora das pessoas para enfrentar os desafios do mercado e superar seus níveis de eficiência. Este prêmio é incentivado e realizado com o apoio da Gerdau em 14 estados brasileiros no entorno de suas operações de negócio: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Brasília, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Belém. Também são apoiados pela empresa os demais prêmios para micro e pequenas empresas vinculados à Rede de Cooperação Brasil +, promovido pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC). No ciclo de 2009, 57 mil empresas aceitaram o desafio de avaliarem as práticas de gestão ao se inscreverem no MPE Brasil em todos os estados do país. Além de contribuir com a construção e o fortalecimento dessa rede nacional de reconhecimento das melhores práticas de gestão pela qualidade, a Gerdau incentiva o envolvimento de seus fornecedores e clientes para ampliarem as relações comerciais e a qualidade final da cadeia de negócios, através dos programas de melhoria de gestão. A Gerdau também incentiva os seus colaboradores para atuarem como avaliadores voluntários no processo de avaliação e ampliarem o seu conhecimento. Toda essa mobilização e os resultados alcançados, tem a participação, além da Gerdau, do Movimento Brasil Competitivo (MBC), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), do Sebrae, da Petrobras, da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e dos parceiros estaduais, que reúnem esforços para expandir cada vez mais, uma cultura empreendedora nas empresas com resultados positivos para a nossa sociedade.


MELHORIA NA GESTÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

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Melhoria na gestão das micro e pequenas empresas

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por Ricardo Corrêa Martins, diretor executivo da FNQ

Ao longo dos últimos anos, observa-se que, mais e mais, as micro e pequenas empresas que se destacam no processo de avaliação do Prêmio MPE Brasil são aquelas que implantaram um processo de melhoria de suas práticas de gestão. Essa busca contínua da melhoria da gestão nas MPEs, a luta ética pela sobrevivência em um cenário que muitas vezes as condenam à informalidade, revela-se contagiante e estimulante para a FNQ - Fundação Nacional da Qualidade e seus parceiros no Prêmio MPE Brasil, o Sebrae, o Movimento Brasil Competitivo e o Grupo Gerdau. A FNQ entende as organizações como sistemas vivos, integrantes de ecossistemas complexos, com os quais interagem e dos quais dependem. O caso das micro e pequenas empresas brasileiras demonstra bem este entendimento. Elas dependem, fundamentalmente, de sua capacidade de perseguir seus propósitos em harmonia com o ambiente de negócios em que vivem. Por serem menores, são mais sensíveis às turbulências externas do que as grandes empresas. Por

outro lado, quando pressionadas por este mesmo ambiente, reagem e se adaptam mais rapidamente. Durante 18º Seminário Internacional em Busca da Excelência, promovido anualmente pela FNQ, e que teve como tema as Dimensões da Ética Empresarial, foi apresentada uma pesquisa recente com cerca de mil MPEs com o objetivo de mapear a prática da ética no ambiente de negócios dessas empresas. Realizada pelo Comitê de Ética Empresarial da FNQ, com o apoio do Senac-RS e o Sebrae, a pesquisa mostra que 60% dos respondentes consideram que a adoção da ética nos negócios ocorre, principalmente, por pressão da sociedade. Porém, 75% deles, concordam que as empresas que se pautam pela relação ética e transparente com todos os públicos com os quais se relacionam, tendem a ter maior retorno do que as demais. Embora a questão ética ainda seja aplicada de maneira informal no cotidiano de 73% das MPEs entrevistadas, há uma tendência positiva para o mercado: a maioria, 70% dos entrevistados, pretende que sua empresa venha, futuramente, a desenvolver e implantar uma área para tratar da ética nos negócios. Para ajudar na formalização e na melhoria dos processos gerenciais, a FNQ dissemina o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) baseado em onze fundamentos e oito critérios de avaliação. Eles servem como pilares de referência para uma gestão de qualidade, e a ética nos negócios se manifesta transversalmente em todos eles. Milhares de MPEs já adotaram o MEG e, segundo a pesquisa, existe demanda e espaço para a adoção desses fundamentos nas práticas de gestão das empresas. A busca pela melhoria contínua das práticas corporativas é o objetivo da maioria das micro e pequenas empresas do País que participam do Prêmio MPE Brasil. Por isso, a FNQ e seus parceiros consideram esses resultados um estímulo para que se dediquem com afinco ao apoio e ao aumento da competitividade das organizações brasileiras, sejam elas grandes ou pequenas, dos setores público ou privado, e à luta contínua pela busca da excelência em gestão. 9 MPE Brasil


MPE BRASIL

MPE Brasil:

estimulando a competitividade por Cristina Charão

Premiação vai além de reconhecer boas práticas das micro e pequenas empresas: é uma ferramenta para disseminar conhecimento sobre a excelência da gestão e promover a competitividade num setor fundamental para a economia nacional

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A importância das micro e pequenas empresas para o país é atestada no dia a dia dos brasileiros. Da padaria onde se busca os itens do café da manhã à transportadora que abastece de leite as prateleiras do mercadinho da esquina, passando pelo sítio onde se produziu os morangos e a geleia caseira que vai à mesa, os empreendimentos de pequeno porte fazem parte da rotina dos brasileiros. As estatísticas reforçam esta impressão: 99,1% das empresas brasileiras são classificadas como micro e pequenas, produzindo o equivalente a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e empregando cerca de 15 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006. De acordo com a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, são consideradas micro empresas aquelas que faturam até R$ 240 mil por ano e pequenas empresas, as que faturam de R$ 240 mil a R$ 2,4 milhões. O perfil qualitativo destes empreendimentos aponta alguns desafios para sua manutenção. A maior parte oferta produtos e serviços de baixo preço unitário e apresentam escalas de produção muito baixas. Predominam os empreendimentos dedicados à venda de produtos ao consumidor final e, em geral, são negócios voltados a atender necessidades básicas da população. Enfrentar um mercado cada vez mais complexo e competitivo não é fácil. Pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) em 2007 aponta que cerca de 22% das empresas deixam de funcionar antes de completar dois anos. As dificuldades enfrentadas por estes empreendedores está intimamente relacionada à capacidade de implementarem uma gestão eficiente dos seus negócios. Para 69% dos empresários que fecharam as portas antes do segundo aniversário, a principal razão para a falta de sucesso são as falhas gerenciais.


Fotos: Divulgação

MPE BRASIL

MPE Brasil 2009 151 empresas vencedoras por categoria – Etapa estadual

Perfil das empresas inscritas

Turismo16%

17%

TI19%

83%

Serviços22%

Educação14% Saúde11% Resp. Social 10% Agronegócio 4% Comércio 38%

Indústria 26% (1) Micro empresa: até R$ 240 mil de faturamento anual; (2) Pequena empresa: de R$ 240 mil a R$ 2.400 mil de faturamento anual. (3) Classificação segunda a Lei Geral da Micro e Pequenas Empresa Brasileiras.

Crescimento das inscrições no MPE Brasil 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

10.450 12.250 19.594 19.190 27.400 30.000 53.000 57.749 * Dados do Comitê Executivo do MPE Brasil 2009.

O MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas busca contribuir para mudar este cenário. Criado como uma premiação estadual e unificado nacionalmente há dois anos, o MPE Brasil busca abrir janelas de oportunidade para que micro e pequenos empreendedores reflitam sobre suas práticas de gestão e tenham suas bem sucedidas experiências transformadas em exemplos para outros empresários. “Temos a convicção de que a premiação e o sistema de avaliação criado especialmente para ela a partir de critérios internacionais de excelência são ferramentas das mais inteligentes que possam existir para capacitar o empresário para enfrentar a luta

da competição e do desenvolvimento”, afirma Jorge Gerdau Johannpeter, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e presidente do Conselho de Administração da Gerdau. As janelas de oportunidade estão presentes em cada fase das duas etapas do prêmio – estadual e nacional. Assim, os benefícios do MPE Brasil se estendem a todas as empresas que se inscrevem nos ciclos de premiação. Os dirigentes que respondem ao questionário de auto-avaliação, primeira fase do processo de premiação, recebem um retorno imediato. “O questionário investiga uma série de aspectos que, na nossa versão, são os principais já instalados nas grandes empresas”, explica Erik Camarano, diretor presidente do MBC, uma das organizações que realiza do MPE Brasil, ao lado do ao lado do Sebrae Nacional, Gerdau e Fundação Nacional de Qualidade. “O relatório é um pequeno mapa do caminho a seguir no rumo da excelência.” Além deste relatório, as empresas premiadas nos estados participam de um seminário nacional de formação. No ciclo 2009, o tema foi inovação e sustentabilidade. Por fim, o MPE Brasil cria referências de excelência em gestão nos oito segmentos que abarca – Agronegócio, Indústria, Comércio, Serviços de Educação, Serviços de Tecnologia da Informação, Serviços de Saúde, Serviços de Turismo e Serviços. Além disso, estimula a responsabilidade social 11 MPE Brasil


MPE BRASIL

Processo de Avaliação empresarial escolhendo um Destaque de Boas Práticas de Responsabilidade Social. “Quando olhamos para as MPEs, vemos que o proprietário é o faz tudo: tem de pensar o negócio, ir ao banco, cobrir a falta do funcionário”, comenta Erik Camarano. “Por isso, o MPE Brasil busca disseminar boas práticas de gestão e abrir espaço para momentos de reflexão.”

Crescimento e aprendizagem Estas características do MPE Brasil têm conquistado o respeito e o interesse das empresas. O número de inscrições na premiação passou de 10.450 em 2002 para 57.749 no ciclo de 2009. Os números estimulam o estabelecimento de metas ousadas: 75.000 inscrições em 2010 e 100.000 em 2011. Além disso, mostram que as micro e pequenas empresas estão cada vez mais atentas ao fato de que sua sobrevivência depende de boas ferramentas de gestão. A estatística geral das inscrições, no entanto, não permite ver um dado qualitativo que salta aos olhos quando se foca o conjunto das 151 empresas premiadas nos estados. Quase todas participaram mais de uma vez do MPE Brasil. “É um indicativo de que há um claro processo de aprendizado gerado pelo prêmio”, avalia Erik Camarano. Estratégias para ampliar o alcance do prêmio já estão sendo estabelecidas pelos realizadores do MPE Brasil. Uma delas é fechar parcerias com grandes empresas para que divulguem o prêmio e seus benefícios aos empreendimentos que fazem parte da sua cadeia produtiva. Outro foco de atenção são parceiros cuja natureza do negócio permite entrar em contato com um grande número de empreendimentos, como atacadistas e distribuidores de bebidas e alimentos. Reflexos para todo o país Se os reflexos da participação nos ciclos do MPE Brasil para as empresas inscritas aparecem nos dados da organização do prêmio, ainda não é possível medir o impacto da iniciativa do MBC, Sebrae, Gerdau e FNQ. Este é um desafio que a organização do prêmio buscará enfrentar nas próximas edições. Entretanto, é inegável que este impacto existe. Ao funcionar como disseminador do conhecimento e das boas práticas, o MPE Brasil melhora a qualidade dos produtos e serviços, aumenta a competitividade e contribui para que a estatística de fechamento dos pequenos empreendimentos diminua, fortalecendo um setor fundamental para a economia nacional. Além disso, a conscientização sobre o papel cidadão dos empresários ainda aumenta o recolhimento de impostos, o número de empregos com qualidade e, consequentemente, o desenvolvimento das comunidades locais. 12 MPE Brasil

Inscrição

Preenchimento do questionário pelas empresas inscritas

Avaliação das respostas pela comissão técnica estadual

Visitas dos avaliadores às empresas com melhor pontuação

Avaliação e decisão da banca de juízes estadual

Premiação das melhores práticas de gestão nos estados

Avaliação da comissão técnica sobre as práticas premiadas nos estados e novas visitas

Decisão da banca de juízes nacional

Evento de reconhecimento nacional e divulgação das vencedoras


AGRONEGÓCIO

Vale do Boi

Fazenda Vale do Boi Carmolândia, TO (63) 3414.3020 | 3414.3019 www.valedoboi.com.br valedoboi@valedoboi.com.br Porte: Pequena Empresa Fundação: 1983 Número de empregados: Diretos - 18 Indiretos - 54

Pontos Fortes • Engajamento em programas de melhoramento genético da Embrapa e universidades do entorno • As atividades são controladas por sistemas informatizados • Alinhamento das atividades com as exigências das associações de criadores 13 MPE Brasil Divulgação


AGRONEGÓCIO • Vale do Boi

Um exemplo do rural moderno Na Vale do Boi, informatização e investimento na qualidade do rebanho aumentam a produtividade e fazem da fazenda uma referência nacional A primeira impressão de quem conhece Epaminondas de Andrade é a de que se está diante de um homem do campo. Pois este simpático senhor grisalho e magrinho de 73 anos é exatamente isso. E com o mesmo orgulho que fala de suas origens rurais, Andrade relata sua trajetória como empreendedor, que colocou sua fazenda, a Vale do Boi, em lugar de destaque na produção nacional de bovinos de corte. Localizada no pequeno município de Carmolândia, em Tocantins, a Vale do Boi produz bovinos da raça nelore, a mais utilizada no Brasil para a produção de carne. As práticas de gestão aplicadas ao seu empreendimento chamaram a atenção dos avaliadores do prêmio MPE Brasil 2009, que o consagraram vencedor nacional na categoria Agronegócio. “Infelizmente, aqui no Brasil, ainda se pensa que o produtor rural é ignorante, destruidor da natureza”, desabafa o pecuarista, para quem a modernidade não é, necessariamente, o oposto da vida no campo. Na fazenda, todo o sistema de gestão é informatizado e há uma preocupação constante com a atualização tecnológica no que diz respeito ao manejo do rebanho. “Não é mais com a enxada que a gente se desenvolve, mas com tecnologia e, principalmente, com gestão de qualidade”, ensina. O sucesso com a criação de gado de corte é o resultado de uma trajetória empreendedora que começa com uma carreira como executivo em uma empresa de tecelagem em São Paulo, passa pela criação de uma loja de móveis no Rio de Janeiro e chega, finalmente, a Carmolândia. Nascido na cidade mineira de Uberaba, Andrade mudou-se com a família para São Paulo ainda na adolescência. Apesar de ter feito carreira 14 MPE Brasil


AGRONEGÓCIO • Vale do Boi

Fotos: Divulgação

no setor industrial, a roça nunca saiu da sua cabeça. Na capital paulista, trabalhou em uma empresa de fios e tecidos do Grupo Matarazzo, onde entrou como estagiário e chegou a diretor de unidades fabris. Nos anos 1970, com o dinheiro do cargo de executivo, comprou sua primeira fazenda, um terreno pequeno em sua cidade natal. “Eu tinha muita vontade de voltar às minhas origens”, lembra. Nesta primeira empreitada no campo, criava poucos bois da raça leiteira gir. Na década seguinte, fez uma nova aposta e montou uma rede de lojas de móveis no Rio de Janeiro. A empresa cresceu a ponto de exportar peças para a Europa. Mesmo assim, seu sonho ainda era viver no campo. Em 1983, enquanto procurava um lugar para se estabelecer como fazendeiro, alguns amigos de Minas Gerais lhe indicaram a região do que era então o extremo norte de Goiás, onde muita gente do Triângulo Mineiro estava criando gado. “Eu achava muito longe. Vim ver meio desconfiado, mas enxerguei perspectiva”, conta. Chamou a atenção dele a saúde do gado e o clima ideal para a criação de nelore. Além disso, o posicionamento no centro do País parecia estratégico. Com um sócio – que já deixou a parceria – acabou adquirindo um terreno, a 27 quilômetros de Araguaína e da única estrada asfaltada da região, a rodovia Belém-Brasília. A infraestrutura, na época, ainda era precária. Não havia eletricidade e foi dele o primeiro telefone na área rural do norte de Goiás. Anos depois, a região seria transformada no estado de Tocantins. Desde o início, Andrade implantou práticas de gestão de qualidade, muito antes de saber mesmo o que era isso. A experiência anterior como empresário do ramo moveleiro bem que ajudou. Graças a um gerenciamento ágil dos custos e uma ação eficaz de fluxo de caixa, os resultados econômicos logo apareceram.

Melhorias na genética e na gestão Atualmente, são cerca de 3,6 mil cabeças de gado, mas o número varia bastante por causa da constante comercialização. Todo o rebanho é avaliado pelo Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ), uma parceria entre a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e a Embrapa que oferece aos criadores a possibilidade de acompanhar constantemente o desenvolvimento dos animais e selecionar os melhores reprodutores. Desta forma, além de contribuir para pesquisas científicas que podem gerar ganhos para todos os produtores de nelore, a Vale do Boi consegue alcançar melhores resultados e também certificações, que aumentam o valor agregado dos seus produtos. A fazenda foi a primeira em Tocantins a vender animais com exame andrológico, que atesta se o touro está apto ou não para a reprodução. Além disso, em 2005, 37,5% dos Certificados Especiais de Produção da raça nelore expedidos pela ABCZ foram conquistados pela Vale do Boi. A melhoria genética do rebanho fez com que o preço médio da arroba de boi gordo comercializada pela fazenda aumentasse em 20,8% entre 2002 e 2009. 15 MPE Brasil


AGRONEGÓCIO • Vale do Boi

Além da atenção com a melhoria genética, a fazenda se destaca também pela preocupação com a conservação do solo e o manejo racional do rebanho, ou seja, sem precisar “bater no boi”. Os cuidados em todas as etapas da produção também aumentam a produtividade. A morte de bezerros, por exemplo, foi reduzida de 7% para 3,7% entre 1999 e 2009. Andrade orgulha-se do fato de que cada canto dos 1,9 mil hectares é bem aproveitado, seja para pasto, área administrativa ou de preservação ambiental. “Aqui não tem uma erosão, pode conferir”, gaba-se. Tudo isso aumentou a qualidade do produto e a confiança dos compradores e transformou a Vale do Boi em referência no Tocantins. A fazenda foi escolhida recentemente pelo governo para abrigar o lançamento da campanha de vacinação contra a febre aftosa. E, depois do prêmio MPE Brasil, o estado passou a levar missões de empresários norte-americanos e europeus para lá, a fim de demonstrar a qualidade da produção bovina tocantinense.

Sem luxo, mas com funcionalidade Mesmo para quem não entende do assunto, basta dar uma volta pelo lugar para saber que a fazenda é diferenciada. “Aqui não tem luxo, tem funcionalidade”, diz Andrade. Espalhados pela propriedade existem três centros de trabalho: os retiros Nova Era (onde fica a administração e o comércio de matrizes e reprodutores), Baliza e da Serra. Há diversos tipos de capim para pasto. Neste quesito, também há preocupação em trazer para a fazenda os benefícios da pesquisa agrícola. As variedades de capim usadas na Vale do Boi são adaptadas à região em convênio com o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC), de Campo Grande. As pastagens são muito bem cuidadas, sem buracos, e não há cercados de arame farpado. Com iniciativas assim, o número de acidentes com os animais é praticamente zero. O sucesso da fazenda já “conquistou” dois dos quatro filhos de Andrade, a quem ele começa a delegar cada vez mais funções. Um ajuda na área administrativa e o outro é o zootecnista local. A maior parte dos 18 funcionários, quase todos nascidos e criados nas vizinhanças da fazenda, mora ali mesmo, com suas famílias, em confortáveis casas. Muitos cresce-

Vale quando pesa A Vale do Boi promove um shopping anual de vendas em suas instalações. Os número abaixo mostram a evolução dos preços médios de venda dos reprodutores no evento: 2008 - R$ 5.348,00 2009 - R$ 5.998,00 2010 - R$ 7.452,00

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AGRONEGÓCIO • Vale do Boi

ram na fazenda, como o atual chefe do gado, que se mudou para lá com os pais aos 14 anos. Estudantes de veterinária da região também veem ali uma chance de aprender na prática e acabam passando uma temporada como estagiários. “Quando a gente cuida do ambiente de trabalho, cria oportunidades para todo mundo”, afirma Andrade.

Vendas feitas em casa O pecuarista também desenvolveu novas estratégias de comercialização. Antes, como é comum, Andrade levava o gado para ser vendido em leilões. Insatisfeito, procurou uma nova saída e, há cinco anos, ele realiza no mês de maio uma feira em sua própria fazenda. O Shopping Vale do Boi recebe cerca de 300 pessoas, entre negociantes e seus familiares, para um fim de semana de exposição de gado. O tratamento personalizado dobrou as vendas. “Eles são mais amigos do que clientes”, brinca. E a descontração com que os possíveis compradores circulam pela fazenda, conhecendo cada animal exposto (sempre com todas as informações técnicas necessárias, assim como a avaliação genética) antes de escolher qual produto levar, comprova o sucesso da estratégia. Hoje, a região de Araguaína é das mais desenvolvidas do estado na pecuária, mas o experiente fazendeiro ainda acha que há muito o que fazer. “Minha fazenda é uma das mais produtivas e mesmo assim tenho condições de duplicar a produção”, ressalta Andrade, mostrando visão de futuro. Para isso, seria necessário mais investimento, aumentando a disponibilidade de água e a fertilização do solo. Sem demonstrar medo de mais concorrência, o empreendedor faz propaganda da região: “O norte de Tocantins não é mais o futuro, mas o presente da pecuária de corte.” Porém, ele ressalta que não há espaço para investidores sem mentalidade de gestor. “Não basta apenas ter terra, é necessário ter capacitação.” Palavra de moderno homem do campo.

Rebanho Certificado A fazenda participa do Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ), que avalia o desempenho dos animais produzidos em varias características de peso e fertilidade. Os melhores animais de cada safra em todo o país são candidatos a um Certificado Especial de Produção (CEP). A Fazenda Vale do Boi é a propriedade que mais produziu animais candidatos ao CEP. 2008 - 94 animais 2009 - 95 animais

Gratidão ao passado difícil “Fui muito pobre e só estudei graças a bolsas de estudo”, recorda Epaminondas de Andrade. “Devo isso à sociedade, por isso a responsabilidade social é uma meta de vida para mim.” O fazendeiro se emociona quando lembra da infância. A família saiu de Minas Gerais e foi tentar a sorte em São Paulo. Moravam em um quarto e cozinha de um cortiço e Andrade chegou até a procurar objetos para vender revirando lixões com o irmão. “Sorte que meus pais sempre acreditavam no futuro de quem trabalhasse e estudasse”, recorda. Uma vez, o pai, um ex-trabalhador rural, ao se ver sem condições para pagar a escola para o filho, foi pessoalmente falar com o diretor, que acreditou no potencial do menino e concordou em trocar a mensalidade por um pagamento simbólico. “Muita gente colaborou para eu chegar onde estou”, comenta, agradecido. Os tempos agora são mais prósperos. Há impressionantes 47 anos casado com dona Walkyria, ele se alegra de ver os filhos e os seis netos bem encaminhados. “Atravesso um período muito bom da minha vida, curtindo tudo que eu fiz.”

2010 - 148 animais

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AGRONEGÓCIOS • Vale do Boi

Carmolândia, TO Nº de habitantes 2.420 Data da fundação Janeiro de 1993 Gentílico Carmolandense Curiosidade O nome da cidade é uma homenagem a Nossa Senhora do Carmo, de quem a mulher de um dos pioneiros da localidade era devota. Há mais tratores que automóveis em Carmolândia, município de 2.420 habitantes no centro-norte do Tocantins. São praticamente 4 tratores para cada um dos 72 carros que por lá circulam. Em Carmolândia, existe ainda cerca de um caminhão para cada grupo de quatro moradores. Os números, divulgados pelo IBGE, provam a importância da produção agropecuária em uma das regiões mais promissoras do país. Criado em 1988, Tocantins é o estado mais novo da federação. A formação geográfica, com imensas planícies de cerrado, e sua localização, no coração do país, fazem da região um terreno propício para a expansão do agronegócio. Somente entre janeiro e abril deste ano, foram comercializadas 8 mil toneladas de carne bovina, segundo produto no ranking de exportações do estado – um aumento de 187% em relação ao mesmo período de 2009. O chamado “boi verde”, criado em pasto e muito procurado por mercados consumidores exigentes, impulsiona este crescimento. Com apenas 17 anos, Carmolândia é um dos maiores símbolos do avanço de um estado que desponta na aplicação genética da criação de gado de elite. A técnica permite expandir a criação sem que seja necessário ampliar o terreno de pastagem. A riqueza gerada pelo setor fez com que o PIB per capta no município fosse, em 2007, de R$ 8.200, sendo que o valor adicionado bruto da pecuária é de R$ 6.678. Localizada a cerca de 400 quilômetros da capital, Palmas, Carmolândia está em um ponto equidistante das divisas com o Maranhão e o Pará, perto do chamado Bico do Papagaio – nome que se explica pelo formato do mapa do extremo norte do Tocantins. A principal festa da cidade é comemorada em 16 de julho com uma já tradicional cavalgada em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade.

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Patrimonium

Patrimonium Segurança Maringá, PR (44) 3343.6644 www.patrimonium.net.br patrimonium@patrimonium.net.br Porte: Pequena Empresa Fundação: 2002 Número de empregados: Diretos - 12 Indiretos - 10

Pontos Fortes • Liderança e empreendedorismo são características do dirigente da empresa • Todas as atividades são formalizadas e controladas, inclusive com o uso de software de gestão que permite gerenciamento completo do negócio • Visão de empresa estabelecida, que se desdobra em um bom planejamento e uma rotina de reuniões de avaliação 19 MPE Brasil Shutterstock


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O empreendedorismo como herança Divulgação

Michel Soares levou para o seu próprio negócio as lições de gestão que aprendeu em casa A próspera empresa da família, uma concessionária de veículos em Maringá, parecia um horizonte seguro para Michel André Felippe Soares. Mas não era o bastante. Não para ele, ao menos. “Eu gostava muito de trabalhar na empresa da família, mas queria fazer algo pelo meu esforço e não apenas como uma herança”, afirma o empresário paranaense. Foi pensando nisso que Soares criou a Patrimonium. O ano era 2002 e o empresário tinha apenas 22 anos. O negócio começou com a Patrimonium atuando como representante de uma empresa de monitoramento veicular. “Percebi a demanda de instalação de equipamentos de segurança em veículos e junto com dois estagiários da concessionária montei a empresa”, diz Soares. Porém, a área de atuação rapidamente mostrou-se limitada para os planos do empresário. “O negócio ia bem, crescia, mas eu me preocupava com o fato de os clientes não serem meus”, relata. “Apesar da grande carteira 20 MPE Brasil


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de clientes, minha relação com eles ficava restrita ao ato de instalar. Feito isso, perdia o contato.” Desse diagnóstico, surgiu a ideia de ampliar o foco de atuação da empresa para a venda de acessórios veiculares de segurança e o monitoramento patrimonial (casas e instalações comerciais e industriais). A oferta destes produtos começou ainda em 2003. “Vendi uma carteira de clientes que tinha e, com o dinheiro da própria operação, lançamos os novos serviços”, conta. Foi o primeiro grande salto da empresa. Em pouco tempo, a Patrimonium passava de nove para 18 funcionários. Os clientes, que antes procuravam a empresa para instalar equipamentos em seus carros, passaram a permanecer sob os cuidados da Patrimonium. Foi nesse momento que Soares sentiu a necessidade de voltar suas atenções para a excelência e a qualidade no atendimento e na gestão. A empresa crescera rapidamente. Não era mais possível, na visão de Soares, manter a gestão da companhia centralizada na figura do dono. “Não dava mais para eu resolver tudo. Antes, as dúvidas dos funcionários eram tiradas comigo. Com uma equipe formada por quase 20 pessoas, isso não funcionava mais”, lembra. O empresário notou a necessidade de promover lideranças a novos cargos, de modo a dividir as responsabilidades com mais pessoas.

Certificação, padrões e metas Foi em torno desses “problemas” gerados pelo crescimento acelerado da Patrimonium que Soares centrou seus esforços de gestão. Para atingir o objetivo de qualidade na prestação dos serviços com uma gestão competente, optou por buscar certificações que garantissem a uniformização de todos os processos. E a inspiração veio, mais uma vez, de casa. “Na concessionária, nós já havíamos implantado o ISO. Então, eu já tinha em mente fazer o mesmo aqui, porque era uma boa forma de garantir a uniformidade dos processos internos”, explica. A primeira das certificações conquistadas foi a ISO 9001. Para ele, cumprir os requisitos exigidos pelas normas da ISO garantiu que fossem estabelecidos padrões para diversos processos, como qualidade no atendimento ao cliente, armazenamento de estoque, vendas, administração entre outros. “Antes disso foi uma época turbulenta. O empreendedor que disser que não perdeu noites de sono está mentindo. Os dois, três primeiros anos foram um período difícil, até as pessoas ao meu redor amadurecerem”, completa Soares. Além das certificações, o empresário investiu na criação de metas internas de qualidade. No total, são mais de 30, acompanhadas mensalmente pela equipe. “Todos os setores da empresa possuem metas específicas: administrativo, vendas, técnica, sem contar com o objetivo geral de satisfazer os clientes”, diz. Entre 15% e 40% da remuneração mensal dos colaboradores é atrelada ao cumprimento do plano previamente estabelecido. A empresa apostou ainda na criação de um planejamento estratégico de longo prazo, com o auxílio de um consultor externo. “A empresa está 21 MPE Brasil


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planejada até 2020”, orgulha-se. Entre os objetivos está a criação de um formato de negócios por franquias, que pode levar a Patrimonium para todo o país.

Retorno às origens Recentemente, a empresa voltou a atuar no segmento de monitoramento veicular. Com o crescimento, foi possível criar as bases necessárias para instalar e monitorar com pessoal próprio frotas de carros, motos e caminhões. “É um segmento muito interessante porque, com o crescimento do país, aumenta também a necessidade de controlar a logística de frotas de veículos comerciais, leves ou pesados”, diz. O segmento de monitoramento veicular já responde por 30% do faturamento da empresa e tende a crescer. “Este é o segundo grande salto que a companhia dá. Passamos de 18 para mais de 60 colaboradores diretos e indiretos. Não tem como fazer este crescimento ser paulatino, porque ou você faz monitoramento e cresce ou não faz”, comenta o empresário. Para dar mais este salto, novamente apostou no tripé planejamento, processos e gente. “Tudo foi muito bem planejado. Nós já estávamos com três anos de empresa. Sabíamos que tínhamos dinheiro em caixa para investir e monitoramos exatamente as previsões de gastos e receitas.” Ponto importante para garantir o sucesso da empreitada foi a equipe de colaboradores. Para isso, a empresa apostou em treinamentos constantes. O desafio, diz ele, foi manter o interesse dos funcionários em seguir participando de processos de atualização. Por isso, o empresário estipulou metas de treinamento vinculadas à remuneração variável da equipe. Dessa forma conseguiu melhorar o nível de capacitação de seus colaboradores. Feito este trabalho, o empreendedor descobriu nos prêmios de gestão, como o MPE Brasil, uma maneira de recorrer a uma espécie de consultor externo. Segundo ele, em empresas pequenas o trabalho de consultoria pode custar até o salário de dois funcionários. No caso dos prêmios, é feito um trabalho de diagnóstico bastante salutar ao desenvolvimento do negócio. “Às vezes, estamos tão atarefados com as decisões do dia a dia que nos esquecemos de olhar a nossa volta. E para isso as avaliações da premiação são muito relevantes”, diz Soares, afir-

Plano de segurança Alguns detalhes do planejamento feito pela Patrimonium, que tem garantido o crescimento sustentável da empresa: • São 30 metas, ligadas a todas as áreas de atuação. • Há uma política de remuneração variável para os colaboradores atrelada ao cumprimento das metas. • O planejamento estabelece objetivos e ações até 2020.

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mando ainda que gosta de ouvir alguém de fora da empresa, pois traz visões novas para o negócio. Além disso, prêmios são um estímulo para seguir trabalhando. Michel considera essas homenagens como uma retribuição ao trabalho desempenhado, além de ser um exemplo para os funcionários. “Eles sentem que o que estão fazendo é importante e mostra que estamos no caminho certo”, diz. Antes do MPE Brasil, a Patrimonium também participou de outras premiações. Em 2006, a empresa foi eleita Empresa Referência de Maringá, concedido pelo SEBRAE-PR. Em 2007, a empresa foi finalista do Prêmio Sucesso Empresarial também concedido pelo SEBRAE-PR (antigo MPE Brasil no estado).

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A importância da consultoria Mesmo com o apoio oferecido pelos prêmios, a Patrimonium não descartou a presença de consultores externos contratados ao longo de sua história. “Já tivemos consultores de qualidade, de recursos humanos, para o ISO. Agora teremos a certificação do Sesi [Serviço Social da Indústria] e, para isso, contrataremos outros especialistas”, enumera. “Essa é uma prática comum em grandes organizações que tento trazer para a minha empresa.” Para Soares, a presença de consultores externos é vital para a companhia. Com a expansão do negócio, cresce também a quantidade de demandas para a cúpula da empresa, o que reduz a capacidade dos administradores de verem o todo. “O consultor te ajuda a enxergar coisas que a rotina impede de ver com clareza”, explica. No primeiro ano após a implantação do modelo de gestão mais profissional, apoiado em sistemas de gestão integrados, planejamento estratégico e certificações de processo, a companhia registrou um crescimento de 25% em sua rentabilidade. O herdeiro da concessionária parece ter mesmo construído a sua própria herança. Mas, ainda que a escolha tenha sido andar com as próprias pernas, Soares não deixa de contar até hoje com o apoio da família. Sua mãe é conselheira da Patrimonium. Duas vezes por ano, eles se reúnem para discutir o plano de metas da companhia e outras decisões estratégicas. É a prova de que empreendedorismo também se aprende em casa.

Família de negócios Michel Felippe Soares pertence à terceira geração de uma família de empreendedores. Seu avô, imigrante, fundou a que hoje é uma das maiores concessionárias de Maringá. Hoje é sua mãe, Nádia Maria, quem toca o negócio. Seu pai foi empresário do ramo da construção civil. Fiel à tradição familiar, decidiu cedo que daria continuidade à tradição empreendedora da família. “Aos 17 anos comecei a trabalhar na concessionária e a fazer faculdade de administração e direito. Naquela época já tinha em mente que seria dono do meu próprio negócio”, diz. Na empresa da família, passou por todas as áreas até os 23 anos. Mas o desejo de criar uma empresa do zero o levou a sair de lá. “Minha família sempre me apoiou. Minha mãe deu muita força. Meu avô também entendeu, apesar de no início ter ficado um pouco chateado.” E o futuro parece trazer mais representantes dos Soares para o mundo empresarial. Michel casou-se recentemente. Sua esposa também é empresária. E com um ano de idade, o filho deles já tem grandes chances de no futuro ser mais um empreendedor.

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Maringá, PR Nº de habitantes 335.511 Data da fundação Novembro de 1951 Gentílico Maringaense Curiosidade O brasão da cidade tem o desenho de um machado em prata, que representa o instrumento usado pelos pioneiros na derrubada das matas para a instalação da cidade. Com 335 mil habitantes, Maringá, no norte do Paraná, é a típica cidade do interior perfeita para se criar os filhos: longe da balbúrdia dos grandes centros, mas repleta de serviços geralmente só encontrados nas capitais – como aeroporto, universidades, museu, parques e shopping center. Mesmo com tantas características de cidade grande, o município possui uma peculiaridade que o torna invejado pela “vizinhança”: são 40 metros quadrados de área verde para cada habitante – a maior parte correspondente a arborização de ruas e praças e outra parte relacionada a reservas e parques em meio ao perímetro urbano. Antigo centro da então nova fronteira agrícola aberta pela produção de café na década de 1940, Maringá tem hoje 98% de sua riqueza gerada por atividades urbanas. Serviços e produção de alimentos, além de confecções, são alguns dos principais setores geradores de emprego e riqueza do município, que é cortado pela linha do Trópico de Capricórnio. Rica – o PIB per capta chega a R$ 15 mil – e com bons índices sociais – possui o 6º maior índice de desenvolvimento humano do estado –, Maringá figura em posições intermediárias quando se analisa o Mapa da Violência produzido pelo IBGE de 2009. Ocupa a 158ª posição do ranking de homicídios entre os 399 municípios de todo o estado. Mesmo assim, a cidade, que deixou a condição de pequena vila de assentamentos criados na esteira da expansão da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP) em 1948, para se tornar sede de uma região metropolitana, “exporta” serviços de segurança para além de suas fronteiras.

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INDÚSTRIA

ICQL

ICQL Química Duque de Caxias, RJ (21) 3654.2829 www.icql.com.br comunicacao.social@icql.com.br Porte: Microempresa Fundação: 1998 Número de empregados: Diretos - 19 Indiretos - 10

Pontos Fortes • Produtos da empresa são ecologicamente corretos e biodegradáveis • Excelência na gestão de impactos ambientais • Políticas de recursos humanos são consistentes, adequadas e transparentes • Segurança do trabalho é uma prioridade 25 MPE Brasil Shutterstock


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INDÚSTRIA • ICQL

Uma fábrica com jeito de escola Inspirada em práticas escolares, a ICQL implementou a gestão participativa e conseguiu aliar compromisso dos colaboradores com produtividade A primeira impressão de quem chega à entrada da fabricante de produtos químicos ICQL, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, é de que se está diante de mais uma de tantas fábricas instaladas em distritos industriais que existem no Brasil. Mas basta cruzar o portão de entrada para notar que se trata de uma empresa diferente. Em vez de um ambiente de concreto e máquinas, o que se vê são cartazes coloridos nas paredes, murais desenhados e um ambiente que lembra bastante uma escola. Não é uma coincidência. Há cinco anos, quando Paulo Cesar Abreu e seu sócio Flávio Roberto da Silva promoveram o grande salto da ICQL, ao mudar as instalações de um galpão alugado para a ampla fábrica atual, notaram que seria necessária uma mudança radical na gestão da empresa. Ana Maria Leite é esposa de Paulo Cesar. Ouvindo em casa os comentários do marido sobre a empresa, Ana era taxativa: “Isso é problema de comunicação.” Do vaticínio da esposa, surgiu a ideia de transformar a gestão da empresa misturando conceitos de pedagogia com a comunicação. 26 MPE Brasil


INDÚSTRIA • ICQL

Depois de muito pensar sobre qual seria a fórmula ideal desta mistura, os sócios decidiram levar para a empresa o conceito da gestão participativa, que Ana tentou implementar nos tempos em que trabalhava em escolas. “Trabalhei 15 anos em escolas, lidando com crianças, e adulto não é diferente. O que se aplica a uma escola também pode funcionar numa empresa”, explicou ela, que hoje é a responsável pelas áreas de comunicação e responsabilidade social na ICQL. Seguindo essa lógica, criou-se o plano de gestão participativa da empresa. “Começou como um plano de comunicação interna. A Ana falou com os funcionários e traçou um amplo diagnóstico da situação dos colaboradores e da empresa”, conta Abreu. Logo no primeiro ano de implantação, a empresa registrou um aumento de 56% na rentabilidade. “O sistema mostrou aos colaboradores que o resultado é reflexo do trabalho direto deles. E que o que eles fazem é revertido em benefício para eles mesmos”, diz Abreu.

Regras definidas coletivamente Apesar de parecer uma mudança radical, a gestão participativa funciona de forma simples. Reuniões com todos os colaboradores da empresa definiram um conjunto de normas que regulam o dia a dia da empresa: o uso do uniforme, o horário de trabalho, o código de ética da companhia. Além disso, cada área da ICQL tem o seu representante – assim como nas escolas existem os representantes de turma, que não necessariamente precisam ser o melhor aluno ou, no caso, colaborador. O representante exerce uma função essencial para a direção. É ele quem resolve boa parte dos problemas básicos. “Quando a empresa ainda não tinha esse sistema, era com os sócios que todos procuravam para coisas bobas. Se o café acabava, era com a gente. Se precisava mudar a comida do refeitório também”, conta Abreu. Hoje, esses e outros assuntos são resolvidos sem o envolvimento direto da direção. E nos casos mais importantes, como admissão e demissão de colaboradores, eles também são consultados. Tudo isso é normatizado pelo plano de gestão compartilhada. Seguindo essa filosofia, a empresa também criou um método de avaliação por competência. Em diálogo com os colaboradores, determinou-se quais eram as particularidades de cada função, bem como as metas às quais eles ficariam submetidos. “Em geral, o colaborador definia funções até maiores do que o necessário para ser avaliado”, diz Abreu. Além disso, foi criado um plano de cargos e salários. A empresa estipulou a partir de pesquisa de mercado os salários de cada função e definiu, mais uma vez em diálogo com a equipe, quais as atribuições necessárias para ocupar cada um desses postos. “Com esse sistema, nós pudemos normatizar a promoção dos funcionários. Antes, eu e o Flávio decidíamos caso a caso quem iria ganhar aumento e de quanto seria o aumento. Com o plano, ficou muito mais claro”, diz Abreu. Outra demanda debatida com a equipe e acatada pela direção foi a possibilidade de deslocamento interno na empresa. Antes de buscar um profissional para reposição no mercado, a ICQL anuncia a vaga para seus colaboradores, deixando claro quais os cursos que o colaborador precisa

Uma aposta atrás da outra Paulo Cesar Abreu diz ter tido o mérito de ter acreditado em um sonho. Depois de mais de dez anos como funcionário de uma empresa química, decidiu apostar em criar o seu próprio negócio. Foi então que ele e outros dois sócios decidiram montar a ICQL em um galpão no bairro de Ramos, zona norte do Rio. “Tirei fax e computador de casa para montar a empresa. Foi complicado, mas deu certo”, festeja. A mudança da fábrica para Duque de Caxias foi outro momento de aposta. “Precisávamos decidir se seguiríamos no formato em que estávamos ou se iríamos apostar em algo maior. Meus sócios preferiam deixar o negócio”, conta. Apenas Abreu e Flávio da Silva resolveram bancar o desafio. Agora, mais uma vez, a aposta é crescer. Recentemente, adquiriram um terreno contíguo às instalações da ICQL e já vislumbram ampliar a fábrica.

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INDÚSTRIA • ICQL

Dividir para aumentar Alguns exemplos do impacto da adoção do modelo de gestão participativa e do investimento em responsabilidade sócio-ambiental na ICQL: • Do código de ética ao horário de trabalho, todas as regras e processos da ICQL são discutidos em reuniões com todos os colaboradores; • Desde 2005, 5% do faturamento foi destinado à implantação do Departamento de Comunicação e Responsabilidade Social; • Hoje, a empresa desenvolve 25 projetos de responsabilidade social.

• O percentual de crescimento da ICQL desde a implementação do Plano de Gestão Participativa (em 2006) foi de 52%; • Em 2009, a empresa registrou 100% de satisfação em pesquisa feita com os principais clientes e que avaliou atendimento, qualidade dos produtos, relação custo/ benefício, inovação e sustentabilidade.

ter para poder se candidatar. Foi uma maneira encontrada pela empresa para estimular o constante treinamento de seu pessoal. Os benefícios pagos pela ICQL aos funcionários também foram decididos por eles. A empresa se orgulha de manter uma política de benefícios igual ao de multinacionais, com plano de saúde, odontológico, vale-refeição, transporte próprio e cesta básica. Mas, na avaliação dos diretores da empresa, tudo isso ajuda a aumentar a motivação dos colaboradores, mas não é o bastante. “Notamos que além do salário e dos benefícios há aspectos intangíveis que contribuem para o bem estar dos funcionários, como a participação deles na empresa”, comenta Ana. Patrícia Andrade, analista de marketing e representante da área comercial, conta que o sistema dá ao funcionário a sensação de fazer parte da empresa. Para ela, a possibilidade de interferir no rumo da empresa e no rumo da sua própria trajetória dentro da ICQL faz com que todos tenham um maior comprometimento com a empresa. “Nós nos


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Cenário favorável para os produtos ecologicamente corretos Abreu é otimista quando o assunto é futuro. Até mesmo porque vislumbra um cenário favorável para o aumento da demanda por seus produtos – compostos químicos desengraxantes e solventes atóxicos, todos ecologicamente corretos. Na opinião dele, cada vez mais as empresas exigem dos fornecedores produtos que não agridam a natureza nem os funcionários que os manuseiam. Hoje, estas exigências são prática comum entre grandes empresas, mas com o tempo, acredita Abreu, estas práticas serão adotadas e exigidas por clientes de menor porte, o que irá aumentar as possibilidades de negócio para a ICQL. Este diagnóstico já estava presente quando Abreu pensou a criação da ICQL. Ainda no final da década de 90, ele percebeu que a indústria iria demandar produtos atóxicos como forma de proteger o meio ambiente. De certa forma, ele se considera um visionário – sem soar arrogante, diga-se. E uma vez que esta preocupação crescente com a preservação da natureza está no DNA da ICQL, a empresa também se esforça para ser um exemplo de responsabilidade sócio-ambiental. Participa de mais de 20 programas de sustentabilidade. Além de todos os cuidados com os processos de produção, a empresa também tenta divulgar a importância da produção limpa. É parceira da escola da região, que organiza visitas à fábrica para que os alunos conheçam os processos que evitam a poluição.

Fotos: Divulgação

sentimos parte do negócio e não coadjuvantes. Em outras empresas, nós somos apenas um número, uma matrícula”, diz. Todas estas práticas participativas colocam a empresa em uma rotina de constante avaliação. Porém, os dirigentes da ICQL não abrem mão de procurar oportunidades para trazer um olhar desde fora sobre a gestão da fábrica. Uma delas é a participação em prêmios, como o MPE Brasil. “Quando entramos nessa disputa, sabíamos que iríamos receber um retorno sobre nossas práticas e com isso poderíamos saber como estamos posicionados e como podemos melhorar”, explica Paulo. E foi o que ocorreu. Depois da premiação, a ICQL já alterou algumas de suas práticas, de acordo com o diagnóstico apresentado pelos avaliadores do prêmio MPE Brasil. “Mudamos nosso sistema operacional e criamos um treinamento para gestão de projetos”, conta Ana Maria.


INDÚSTRIA • ICQL

Duque de Caxias, RJ Nº de habitantes 872.762 Data da fundação Dezembro de 1943 Gentílico Caxiense Curiosidade O nome da cidade é uma homenagem ao militar Luís Alves de Lima e Silva, que nasceu na região, comandou batalhas na Guerra do Paraguai, ganhou o título de duque e virou patrono do Exército Brasileiro. Duque de Caxias é um “senhor” que vive na Baixada Fluminense e se tornou o oitavo município mais rico do país antes mesmo de completar 65 anos. Suas origens, porém, são humildes. Tudo teve início em abril de 1886, quando foi inaugurado um trecho ferroviário da The Rio de Janeiro Northern Railway, que ligava a capital à estação de Meriti. Em volta dessa estação se formou um povoado. Anos depois, com a abertura da estrada Rio-Petrópolis, o então distrito – que pertencia à época ao município de Iguaçu – passou a ser considerado ponto estratégico para a economia local. Promovido ao status de município em 1943, já com o nome de Duque de Caxias, a cidade observou, a partir dos anos 1960, uma forte expansão econômica graças à instalação da Refinaria Duque de Caxias (Reduc). A refinaria ocupa 13 quilômetros quadrados nos quais funciona uma verdadeira cidade com capacidade para processar 242 mil barris por dia. Com fácil acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, na capital, Duque de Caxias se tornou um polo de atração de empresas de diversos segmentos, sobretudo petroquímico, gás, plástico, mobiliário e têxtil. São 1.984 indústrias e 19.562 estabelecimentos comerciais instalados. Ser destaque como empreendedor em meio a tantos concorrentes, como se vê, não é tarefa das mais fáceis. Mesmo com essa vocação industrial, Duque de Caxias ainda guarda resquícios da Mata Atlântica em meio à Serra dos Órgãos. Um dos principais pontos turísticos da cidade é o Parque Municipal Natural da Taquara.

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SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO

Escola Kennedy

Escola Kennedy Eunápolis, BA (73) 3281.1469 escolakennedy1984@hotmail.com Porte: Microempresa Fundação: 30 de março de 1995 Número de empregados: Diretos - 23 Indiretos - 12

Pontos Fortes • Selo Escola Solidária, concedido pelo Ministério da Educação e Unesco • Boas práticas de avaliação de bem estar e satisfação dos colaboradores • Líder de mercado, atendendo praticamente todos os bairros da cidade 31 MPE Brasil Shutterstock


SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO • Escola Kennedy

Pequena gigante da educação Três irmãs da Bahia criaram uma escola de ensino básico modelo ao seguir o sonho dos tempos de infância, que começou com aulas de reforço na garagem de casa Do lado de fora, a Escola Kennedy não se diferencia muito das casas vizinhas. A não ser pelo movimento intenso de alunos nos horários de entrada e saída das aulas, ninguém diria que ali funciona uma instituição de ensino modelo. Do lado de dentro, porém, o lugar parece crescer como mágica. Não é só o espaço que aparenta ser muito maior do que se podia supor ao passar pela frente do prédio instalado na Rua Guarani, na região central de Eunápolis, cidade localizada a 40 minutos de Porto Seguro, na Bahia. Ao passar pela porta de entrada, o que se vê é um caldeirão de oportunidade onde centenas de criança rascunham seu futuro. Criada a partir do sonho de três irmãs, a escola oferece educação básica de qualidades e seu surpreendente crescimento em 25 anos lhe valeu o reconhecimento nacional do prêmio MPE Brasil na categoria Educação. A história da Escola Kennedy começa numa garagem. As gêmeas Gilsan e Gilsara Pessoa, de 40 anos, e a caçula Gilsade Pessoa, de 39 anos, sempre souberam que queriam lecionar. Desde o início dos anos 1980, elas já davam aulas de reforço para a garotada do bairro na garagem de casa. A mãe, mesmo sem ter estudado, ajudava como podia, incentivando ainda mais a vocação das filhas. Em 1984, quando tinham de 14 para 15 anos, o pai percebeu que aquilo era mais do que uma brincadeira de criança e resolveu dar um empurrão na carreira das três filhas. Comerciante que investia em imóveis, comprou para as meninas um pequeno sítio no bairro de Dr. Gusmão e 32 MPE Brasil


Fotos: Divulgação

SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO • Escola Kennedy

construiu ali três pequenas salas de aula. “A gente não tinha magistério, então contratamos uma professora formada para cuidar da escola”, conta Gilsan. “Mas, na prática, eu já era diretora”, diz a agora diretora de fato, com uma gargalhada simpática. O sítio já se chamava Kennedy, graças à admiração do pai pelo expresidente norte-americano John Kennedy. Na época, tinham apenas 12 alunos. Com o tempo, além da experiência adquirida na garagem de casa, as três irmãs buscaram na universidade a formação necessária para passarem de “professoras mirins” a educadoras. A mais nova acabou sendo a primeira a estudar fora. Gilsade voltou de São Paulo como psicopedagoga e psicanalista clínica. Gilsan cursou Administração de Empresas com especialização em Recursos Humanos. Fez ainda pós-graduação em Docência no Ensino Superior e também uma licenciatura em História. Já Gilsara tornou-se pedagoga. Há pouco tempo, mudou-se para Sorocaba, onde segue trabalhando na área, mas nunca perdeu o contato com a escola, agora administrada pelas duas irmãs. Nos primeiros tempos, a propaganda boca a boca foi o que alavancou a escola. “A gente nem tinha preocupação de divulgar nada no início”, lembra Gilsan. “Mas a procura fez a gente perceber que tinha mercado para crescer.” Hoje são 400 alunos e a casa foi ampliada conforme a demanda aumentou. Foram adicionadas mais salas de aula, além de uma biblioteca e uma videoteca, espaços bastante utilizados pelos alunos. Ainda assim, a expansão não dá conta da demanda. O bom trabalho da escola segue atraindo a atenção de um número grande de pais, o que faz com Gilsan e Gilsade tenham de lidar com um bom problema: uma longa fila de espera. Só na turma de 5 anos, são 30 nomes aguardando a abertura de uma vaga, sinal da credibilidade que elas conquistaram ao longo dos anos. “Só não temos mais crianças porque não há vagas mesmo”, avisa a diretora, deixando transparecer o desejo de crescer ainda mais.

Foco nos pequenos A Escola Kennedy recebe crianças de 18 meses a 10 anos, oferecendo classes de Maternal, Educação Infantil e Ensino Fundamental 1 (até o 5º ano, a antiga 4ª série). Para muitos pais, a opção de não oferecer também o Ensino Fundamental 2 (do 6º ao 9º ano) e o Ensino Médio e manter o foco no ensino básico é um ponto muito positivo. Eles preferem que os filhos estudem

Amor e bom humor “Educação com amor e bom humor.” O lema da Escola Kennedy não poderia ser mais verdadeiro. Basta testemunhar a rotina dos estudantes para comprovar que é um espaço em que criança nenhuma faz birra na hora de entrar. Toda terça-feira, elas se reúnem no pátio para soltar a voz com os hinos nacional e da cidade. Hoje essa atividade é uma exigência legal, porém, as irmãs Pessoa já promoviam este cerimonial bem antes, como uma forma de integração. São alunos de todos os anos fazendo coro juntos. As salas de aula estão sempre cheias e vibrantes. Na hora da merenda, a cantina serve lanches saudáveis de segunda-feira a quinta-feira. Às quartas-feiras, são servidas apenas frutas. Apenas nas sextas-feiras é permitido refrigerante, frituras e outras frivolidades – afinal, são crianças. O ambiente acolhedor parece marcar para sempre a vida dos alunos. “A gente viu muitos deles crescerem, ganharem o mundo, mas quando eles aparecem em Eunápolis, sempre dão uma passada aqui na escola”, alegrase Gilsan. Alguns desses alunos foram os filhos das três irmãs. Hoje, estão na faculdade ou no Ensino Médio.

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em um lugar onde a equipe de professores e funcionários conhece cada aluno pelo nome, do que colocá-los em uma escola muito grande e mais impessoal, onde os pequenos convivem junto com adolescentes. Alem de atender ao currículo regular, a escola oferece aulas de futebol de salão, balé, caratê e natação (esta última, em uma academia conveniada). As crianças começam a conhecer agora a capoeira também. Outro diferencial é trabalhar com uma proposta pedagógica atualizada, o método sócio-integracionista, pelo qual a criança aprende através do contato com os demais colegas, o professor, os pais e a comunidade em geral. “É junto que se constrói o conhecimento”, diz Gilsan, resumindo em poucas e simples palavras a filosofia por trás do método escolhido para balizar a ação pedagógica da escola. “Todos os nossos projetos são direcionados à participação da família e da sociedade.” E a integração não faz apenas parte apenas dos projetos pedagógicos, é também uma regra da própria escola. A Kennedy promove a educação inclusiva, recebendo alunos com necessidades especiais, todos totalmente integrados às turmas regulares. Além das atividades dentro da escola, há uma preocupação em manter os alunos em contato com a realidade da região. A Kennedy busca envolver os alunos em projetos da comunidade, principalmente voltados à defesa do meio ambiente. Já é comum para os moradores de Eunápolis ver a garotada no centro da cidade fazendo campanha de preservação nas ruas, por exemplo. As crianças também fazem visitas a locais onde são estimuladas a pensar sobre os problemas sociais e ambientais, como o lixão da cidade, e depois escrever cartas ao prefeito e aos vereadores cobrando providências. Iniciativas de doação de alimentos e roupas são realizadas pela escola e sempre muito bem recebidas pelos alunos e pelos pais. Por tudo isso, a Kennedy ostenta o selo Escola Solidária, uma distinção dada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Ministério da Educação (MEC) para valorizar as instituições de ensino que promovem iniciativas de voluntariado. O selo

Boas notas A avaliação dos pais mostra um alto nível de aprovação dos serviços prestados pela Escola Kennedy: Educação Infantil

Ensino Fundamental

Processo educativo

98,99%

96,51%

Gestão

100%

99,35%

Estrutura

98,26%

96,73%

* Avaliação do Programa Educacional e da Satisfação dos Pais – 1º Semestre/2010. ** Os dados se referem à soma das avaliações “Ótimo” e “Bom”.

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é um reconhecimento de que a Escola Kennedy também ensina às crianças a importância de transformar o conhecimento adquirido na sala de aula em benefícios à sociedade.

Professores e diretoras também estudam O crescimento da escola e a manutenção do grau de excelência adquirido exigem mais do que todos estes cuidados com os processos pedagógicos. Por exemplo, é preciso manter uma política de recursos humanos eficiente, já que o coração de uma escola são os professores e funcionários. Atualmente, o corpo docente da Escola Kennedy é formado por 22 professores, todos capacitados e que buscam sempre renovar seu conhecimento. E acima de tudo, sentem-se valorizados como educadores, já que a instituição também investe neles. O investimento em capacitação inclui desde o incentivo para que os docentes sigam estudando e continua por meio da participação em cursos menores em Porto Seguro e encontros como a Jornada Internacional de Educação, cuja décima edição foi realizada em Salvador, em 2009. As diretoras também costumam ir a congressos da área, conscientes de que a troca de experiências nestes eventos é importante para que novas ideias surjam e possam ser aplicadas na escola. Muitas vezes elas percebem que estão à frente da grande maioria das outras instituições de ensino. “No último evento de que participamos, tudo que foi apresentado como novidade a gente já aplicava aqui há algum tempo”, diz, em um tom que mistura brincadeira e orgulho, a diretora Gilsan. A equipe também é formada por estagiários, recrutados através de parceria com o Instituto Euvaldo Lodi, criado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para aproximar a universidade do empresariado e criar oportunidades de aprimoramento profissional e a experiência do primeiro emprego. Alguns acabam efetivados e a oportunidade de crescimento tem atraído muitos candidatos. O dia a dia da escola exige ainda mais do que pensar o que será realizado na sala de aula, nos projetos fora da escola e como garantir que os docentes estejam sempre preparados para atender as necessidades das crianças. A preocupação com a administração eficiente foi aumentando à medida em que a escola cresceu. A empresa deu mais ênfase às ações de gestão de qualidade quando se inscreveu, em 2002, no Prêmio Gestão Empreendedora, concedido pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Eunápolis em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Participamos de palestras e tivemos contato com muitos executivos da região, que começaram a ver a escola também como uma visão empresarial”, diz a coordenadora. Agora, as diretoras já planejam aumentar o número de salas de aula e, quem sabe, diminuir a fila de espera. O objetivo, segundo elas, é nunca perder o ambiente de colégio pequeno, um dos motivos do sucesso da Escola Kennedy. Em pesquisas de satisfação com os pais, o índice de aprovação é de quase 100%, para orgulho das irmãs.

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SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO • Escola Kennedy

Eunápolis, BA Nº de habitantes 99.553 Data da fundação Fevereiro de 1988 Gentílico Eunapolitano Curiosidade Até a sua emancipação, em 1988, quando foi desmembrada de Porto Seguro e Santa Cruz da Cabrália, Eunápolis era considerada o maior povoado do mundo – a área possuía 1.420 quilômetros quadrados. Eunápolis é uma jovem cidade de 22 anos localizada a menos de uma hora de distância do paradisíaco litoral sul da Bahia. Até 1988, estava integrada a Porto Seguro, um dos mais visitados pontos turísticos do país, e Santa Cruz da Cabrália. Com a emancipação, Eunápolis se transformou num município que já nasceu grande: o antigo maior povoado do mundo deu origem a uma cidade com quase 100 mil habitantes e 1.197 quilômetros quadrados de extensão. A economia gira em torno das plantações de cana-de-açúcar, mandioca e mamão, além da criação de gado. Até novembro de 2009, apenas 57 empresas estavam instaladas em Eunápolis, entre elas uma das principais extratoras de celulose do país. Diferente das “irmãs ricas” e mesmo por não ter os mesmos atrativos turísticos, Eunápolis segue convivendo com problemas sociais e de infraestrutura. Com o aumento da população urbana, o abastecimento de água tornou-se insuficiente. Segundo o IBGE, 52% da população vive em situação de pobreza. Asfalto é coisa rara e a única quadra esportiva foi reinaugurada, após reformas, apenas em 2009. Apesar da precariedade, é lá que treina a seleção eunapolitana de futsal, campeã estadual no mesmo ano. Com tantas dificuldades, a saída encontrada pelas lideranças locais foi utilizar imaginação e boa vontade para encontrar soluções dentro da própria realidade, como fizeram os atletas do time de futsal. Voluntários são responsáveis por atuar na recuperação e uso sustentável dos recursos hídricos da localidade. Espalham noções de cidadania, preservação, sustentabilidade e uso responsável do solo e das águas. Educação e zelo ao meio ambiente são valores que hoje caminham juntos na direção de um futuro melhor para as novas gerações, entre elas a dos povos indígenas remanescentes que vivem na área do município.

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SERVIÇOS DE SAÚDE

Simpharma

Simpharma Arcoverde, PE (87) 3821.0877 www.simpharma.com.br simpharma@hotmail.com Porte: Microempresa Fundação: 2003 Número de empregados: Diretos - 12

Pontos Fortes • Capacitação dos colaboradores aumentou o engajamento e a participação destes nos processos de decisão • Processos formalmente mapeados, padronizados e controlados • Bom programa de fidelização dos clientes • Engajamento em projetos sociais que divulgam cuidados com a saúde 37 MPE Brasil Shutterstock


SERVIÇOS DE SAÚDE • Simpharma

Divulgação

Engajamento é a fórmula do sucesso Com ideias simples, como realizar uma reunião semanal com todos os colaboradores e promover campanhas de saúde preventiva, casal de farmacêuticos cuida da saúde da empresa e da população no sertão pernambucano Toda manhã de terça-feira, a equipe da Simpharma se reúne para tomar café da manhã. É neste momento, antes das portas abrirem para os clientes, que todos juntos identificam os problemas a serem resolvidos e discutem as ideias que podem ser aplicadas no dia a dia desta farmácia de Arcoverde, cidade do sertão pernambucano distante 252 quilômetros de Recife. Desde que o casal de proprietários, os farmacêuticos Sérgio Franklin Santos Cordeiro e Isnália Janaína Tenório Cordeiro, estabeleceu o encontro semanal, há três anos, não houve uma terça-feira em que ele não ocorresse. “A exceção foi em 23 de março deste ano, porque estávamos em Brasília para receber o prêmio”, diz Cordeiro em tom jocoso, fazendo referência à cerimônia de entrega do 7º Reconhecimento e Premiação Nacional às Micro e Pequenas Empresas. Pois justamente a aplicação de uma gestão diferenciada dos recursos humanos foi considerada nas avaliações do prêmio como um dos pontos fortes da Simpharma. Hoje, são 12 empregados na sede e mais três na filial de Belo Jardim, cidade localizada a 90 quilômetros de Arcoverde. Além das já citadas reuniões semanais, os funcionários são estimulados a se aperfeiçoar e têm acesso a diversos cursos. Eles podem ser tradi38 MPE Brasil


SERVIÇOS DE SAÚDE • Simpharma

cionais, em sala de aula, mas têm ocorrido principalmente por videoconferência, graças à parceria entre a farmácia e a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag). Cordeiro revela o caminho que faz o conhecimento adquirido nos cursos virarem resultados concretos para a empresa: “A equipe discute nas reuniões o que aprende em curso e tenta aplicar as ideias na nossa vida prática.” O saldo deste investimento fica evidente na forma como os funcionários atendem os clientes, solícitos e cordiais como naquelas antigas farmácias de bairro, mas com uma bagagem de conhecimento muito maior. Além disso, funcionários capacitados e satisfeitos participam mais da rotina da empresa. “Trouxemos os funcionários para perto da gente, quebrando a pirâmide hierárquica tradicional”, ensina o farmacêutico.

Empresa jovem, com visão de futuro E esta visão está bem estabelecida para o presente e para o futuro. “Minha visão do futuro é que a Simpharma seja uma referência na área de saúde em todo o estado pela ética profissional e pelo bom atendimento”, prospecta Cordeiro. Não é algo jogado da boca para fora. Ele tem um caminho muito bem definido e espera alcançar seu objetivo até 2015. A premiação no MPE Brasil só veio consolidar seus planos – entre as vencedoras deste ano nas nove categorias, a empresa é a mais jovem. Desde que abriu as portas, há três anos, a Simpharma estabeleceu novas metas e adotou, no intervalo de um ano, práticas de gestão de qualidade. Uma das principais preocupações é garantir a adequação dos produtos oferecidos, em especial aqueles que são preparados na própria farmácia. Na parte de trás do imóvel onde está instalada a sede da empresa, ficam os laboratórios de manipulação, devidamente climatizados e separados conforme a nova legislação, com uma área para sólidos e mais uma para semi-sólidos e líquidos. Há antecâmaras com jogo de pressão, que evita a contaminação entre um ambiente e outro, protegendo os medicamentos e os manipuladores. Além disso, a seleção dos fornecedores foi bastante rigorosa e o controle do almoxarifado também obedece a uma logística rígida. “Nossos fornecedores de matéria prima são de fora, então precisamos estar sempre com o estoque atualizado para evitar a demora para entregar um medicamento”, diz Cordeiro. Outra aposta da Simpharma é a fidelização dos clientes. A estratégia está baseada na confecção de cartões fidelidade e também num sistema informatizado de cadastro dos clientes. Os relatórios gerados por este sistema permitem desde ações simples – enviar um cartão no aniversário, por exemplo – a estratégias mais elaboradas – como lembrar a pessoa que precisa de remédios de uso contínuo de que está na hora de retornar para comprar uma nova caixa do produto.

Desafios do atendimento ético Considerado a porta de entrada do sertão pernambucano, o município de Arcoverde é um grande pólo na área médica na região, inclusive contando com faculdade na área da saúde. “A cidade tem 70 mil habitantes e cerca de três mil pessoas chegam de fora todo dia, muitos procurando atendimento médico, pois aqui há profissionais competentes de várias especialidades”, informa o farmacêutico Sérgio Franklin Santos Cordeiro. Ele ressalta que esse fato reforça seus ideais como empresário. “Temos conseguido ganhar a confiança tanto do médico quanto dos clientes pela ética, sempre orientando as pessoas a passarem primeiro por uma consulta”, ressalta. “Às vezes, este é um desafio grande, pois existe a cultura de procurar a farmácia atrás de um diagnóstico.” De maneira espontânea, sem receber nenhum tipo de comissão, os médicos da região também têm recomendado a casa para seus pacientes. O compromisso social não fica de lado: “Nossa prioridade sempre será manter o alto padrão de qualidade com um preço que a população tenha condições de pagar.”

História de empreendedores A adoção de todas estas práticas tem sido coordenada através de um bom planejamento estratégico. O resultado foi um faturamento três vezes 39 MPE Brasil


SERVIÇOS DE SAÚDE • Simpharma

maior, sem falar da abertura de uma filial. No entanto, os acertos à frente da Simpharma não são fruto de uma fórmula mágica. Para chegarem onde estão, o casal Cordeiro viveu uma história de empreendedorismo construída em várias etapas. Os dois jovens empreendedores nasceram na região, ele em Arcoverde e ela na vizinha Lajedo. Se conheceram apenas quando estavam em Recife estudando Farmácia. Depois de trabalhar por um tempo com o pai dele, também farmacêutico, eles queriam abrir seu próprio negócio e sonhavam em ter uma farmácia de manipulação. “Faltava know-how, então fizemos cursos para aperfeiçoar a parte técnica”, lembra o empresário. A primeira oportunidade de ter seu próprio negócio foi trabalhar com uma franquia. Foi assim que, em 2004, o casal abriu as portas de seu primeiro empreendimento. À época, eles já criavam projetos para atender a comunidade, outro dos destaques da atuação da Simpharma. O casal promovia campanhas isoladas para medir os índices de glicose da população em frente ao estabelecimento, ajudando a diagnosticar casos de diabetes. Também procuravam estimular a prática de exercícios físicos em faculdades da região. Neste primeiro momento, chegaram a fazer palestras sobre educação e saúde em presídios. Com tanta ideias e ideais, ser apenas uma franquia já era muito limitado. Depois de fazer o curso de pós-graduação em Manipulação Magistral Alopática do Instituto Racine, de São Paulo, foram apresentados ao novo conceito da farmácia integrada. Neste paradigma, a farmácia deixa de ser apenas o local onde se compra remédios e passa também a ser uma referência de cuidados com a saúde. Esta perspectiva empolgou Sérgio e Isnália. Além de trabalhar com medicamentos industrializados e com a manipulação de fórmulas, também poderiam oferecer outros tipos de produtos, como os de perfumaria


SERVIÇOS DE SAÚDE • Simpharma

e higiene. E, principalmente, teriam mais contato com os clientes disponibilizando atendimento farmacêutico personalizado.

Fotos: Divulgação

Independência para crescer Como a sede da franquia não pretendia alterar seu formato original, eles criaram uma marca própria e nasceu a Simpharma. Neste momento, buscaram também aperfeiçoamento como empreendedores e a parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi fundamental para obterem mais conhecimento sobre a área administrativa através de cursos. A independência permitiu que eles dobrassem o espaço da loja, localizada em uma das principais avenidas da cidade. Em outubro de 2009, abriram a filial em Belo Jardim. E na nova fase, também puderam prestar mais serviços à comunidade por meio de projetos sociais. Em uma região onde a população de baixa renda é maioria, é significativo o trabalho realizado pela Simpharma de levantamento de dados amplos sobre a saúde dos moradores. Durante todo o ano de 2008, a farmácia realizou uma campanha em todos os bairros da cidade e estabeleceu índices locais sobre obesidade, taxa de glicose e doenças cardíacas, por exemplo. “Muitas pessoas tinham diabetes e nem sabiam”, aponta Isnália. Alguns até se tornaram clientes fiéis da farmácia após a pesquisa. “Deu para verificar que uma das principais causas dos problemas de saúde mais comuns entre a população da região é a falta de informação”, registra Cordeiro. Com este balanço em mãos, o casal disponibilizou as informações para a Secretaria de Saúde do município e outros parceiros. “O desafio agora é tentar melhorar esses números”, diz o farmacêutico. A próxima contribuição da Simpharma para promover esta melhoria já está em curso: este ano, a empresa se mobiliza para levar nutricionistas até a população carente, além de realizar palestras preventivas.


SERVIÇOS DE SAÚDE • Simpharma

Arcoverde, PE Nº de habitantes 68.000 Data da fundação Setembro de 1928 Gentílico Arcoverdense Curiosidade O Cine Rio Branco, inaugurado em 1917, em Arcoverde, é o cinema mais antigo ainda em atividade no Brasil. Arcoverde, município a 250 quilômetros de Recife, é a porta de entrada para o sertão pernambucano. É pela BR-232, que recorta o solo arenoso de vegetação rasteira, típica da caatinga, que a cidade conecta-se à chamada microrregião do rio Moxotó, que abrange outros 26 municípios e tem nas atividades agropecuária e pastoril, sobretudo na criação de gado e caprinos, a base de sua economia. Por conta de sua posição, Arcoverde é considerada a Capital do Sertão e o principal polo de comércio, lazer, cultura e serviços da região. É para lá que a população vizinha se dirige quando procura tratamento em hospitais e clínicas médicas especializadas. O município recebe ainda estudantes de dezenas de cidades vizinhas matriculados em uma das principais faculdades da região, a Aesa (Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde). Mas é a vocação festeira dos arcoverdenses que faz do município uma referência da cultura popular do Nordeste. Berço do Samba de Coco e do grupo Cordel do Fogo Encantado, uma das principais revelações da música brasileira nos anos 2000, Arcoverde tem eventos festivos praticamente o ano todo. E não qualquer evento: na festa de São João 2010, por exemplo, a programação conta com Gilberto Gil, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Cavaleiros do Forró. Mal encerra-se a folia junina, os festejos prosseguem com quermesses, missas, desfiles e festivais de todos os tipos: em julho, acontece a Festa do Agricultor; em agosto, o Festival de Samba de Coco; em setembro, a Festa da Emancipação - com direito a shows, missa e desfile cívicos; em outubro, o Salão da Beleza, Moda e Cultura; em novembro, a Semana de Artes Cênicas, e em dezembro, a Festa do Comércio.

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Omega

Omega Tecnologia Santa Maria, RS (55) 3025.2000 www.omegatecnologia.com atendimento@omegatecnologia.com Porte: Pequena Empresa Fundação: 2003 Número de empregados: Diretos - 27 Indiretos - 14

Pontos Fortes • Estratégia diferenciada de crescimento baseada na aquisição de empresas de menor porte • Planejamento estratégico é compartilhado com os colaboradores em conveção anual e está disponível para consulta permanentemente • Programa Computação Saudável identifica e previne riscos à saúde do trabalhador • Dados de gestão financeira são integrados às informações dos contratos de cada cliente 43 MPE Brasil Shutterstock


Fotos: Divulgação

SERVIÇOS DE TI • Omega

As melhores ideias para crescer À frente de seu segundo empreendimento, jovem de 25 anos consegue crescer quase 50% ao ano Logo na entrada do escritório da Omega Tecnologia, em uma movimentada rua do centro da gaúcha Santa Maria, um inusitado objeto de decoração chama a atenção. Dois debulhadores de milho estão colocados lado a lado, em posição de destaque. O da esquerda, uma antiguidade bem preservada, foi fabricado em 1903. O outro mantém praticamente as mesmas características, apesar de ser nitidamente muitas décadas mais novo. “Para debulhar milho, até hoje ninguém inventou algo melhor”, aponta o diretor executivo Magnum Foletto. Mas por que duas peças tão rurais decoram uma empresa que trabalha com informática, computadores, sistemas de telefonia? “É para nos lembrar que o que importa é encontrar a melhor forma de fazer as coisas”, Foletto. Seguindo esta fórmula, a empresa de apenas 7 anos dirigida por um jovem empreendedor de 25, conquistou o reconhecimento nacional do prêmio MPE Brasil 2009 na categoria Serviços Tecnologia da Informação. A premiação é vista como o primeiro passo para conquistar o reconhecimento nacional, como almeja um dia o empresário. “Foi a primeira vez que nos inscrevemos e ficamos surpreso com a escolha”, confessa. Foletto comemora o ganho em visibilidade nacional e se diz contente por ter conseguido mostrar o trabalho desenvolvido pela Omega. Mas por enquanto, nada muda em relação aos objetivos traçados para empresa: expandir os negócios dentro do estado, apesar de atender companhias que possuem 44 MPE Brasil


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unidades em outras regiões do país e já contar com uma representação em São Paulo. “Nossa meta, até 2012, é crescer no mercado daqui. Não fomos atrás ainda de clientes de fora”, explica. Apesar de uma característica forte do empreendedor Foletto ser projetar o futuro da companhia somente após pensar muito no assunto, a afirmação sobre o plano de expansão da empresa deixa em aberto a possibilidade de que, no futuro, a Omega venha a ofertar seus serviços de assessoria empresarial em TI para o restante do Brasil. Entre as soluções apresentadas aos clientes estão sistemas corporativos de telefonia e e-mail, avaliação de hardwares e softwares, de administração de servidores à distância, realização de back-up de informações, compartilhamento de dados e a instalação e manutenção de diversas outras ferramentas. Tudo com o constante suporte técnico via call center. Todos estes serviços e mais cursos de treinamento em tecnologias da informação são ofertados na sede, em Santa Maria, e nas seis filiais da Omega, espalhadas por várias regiões do Rio Grande do Sul. As demais unidades estão em Porto Alegre, Caxias do Sul, Santa Rosa, Santo Ângelo, São Borja e Ijuí, além da representação em São Paulo.

Milho, SOPA e a importância das ferramentas de gestão A história da criação e expansão da Omega Tecnologia é uma prova de que a lição dos debulhadores de milho está plenamente incorporada ao modo com que Foletto pensa a sua empresa. Antes de inaugurar a Omega, ele passou um ano pesquisando onde seria mais estratégico construir a sede, até descobrir o melhor lugar para fazer o investimento. “Foi algo planejado ir para Santa Maria, que está no coração do Rio Grande do Sul, no máximo a 300 quilômetros de distância de qualquer cidade”, explica. No início, a empresa focava no treinamento de profissionais para a área de TI. Mas foi atraído pelo mercado de assessoria empresarial, que cresceu muito nos últimos tempos (20% a 30% ao ano). Acabou investindo mais neste setor, que obteve uma resposta melhor do mercado. Atualmente, os treinamentos refletem apenas 10% do faturamento da companhia. Ainda assim, este segmento recebe os mesmos cuidados em relação à excelência.

Empreendorismo desde cedo O empresário Magnum Foletto parece saber lidar muito bem com sua inquietação. Homem de ideias, ele está sempre atento a oportunidades que possam aparecer a sua volta. Foi com esse espírito empreendedor quase indomável que ele abriu sua primeira empresa com apenas 14 anos. Como se a maioridade legal estivesse distante demais para ele, emancipou-se para criar uma escola de informática em sua cidade natal, a pequena Itaqui, na fronteira com a Argentina. A afinidade com os computadores o levou ao mercado de Tecnologia da Informação, no qual já se destaca com precoces 25 anos. E como era de se esperar de alguém tão jovem, está longe de pensar em diminuir o ritmo. “A ideia é não atar o burro na sombra. Ainda tenho muito para rodar”, afirma. Mas, por enquanto, o projeto ambicioso que tem em mente é no âmbito pessoal: ter o primeiro filho.

45 MPE Brasil


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Resultados e satisfação em alta Números refletem a adoção de ferramentas de gestão e qualidade pela Omega: Período

Crescimento da empresa

Satisfação dos colaboradores

2007-2008

45%

68%

2008-2009

43%

87%

A empresa oferece, por exemplo, uma gama variada de cursos, inclusive para o usuário final. A infraestrutura é boa, com um aluno por computador. A Omega mantém, ainda, parcerias com grandes nomes do mercado de software do mundo. É a única do interior do estado por exemplo a ter a poderosa Microsoft ao seu lado. Em 2005, a Omega fundiu-se com outra empresa de mesmo tamanho e ganhou um sócio. “De um mês para o outro, dobramos de tamanho e aumentamos o número de funcionários”, conta. “Vimos que tínhamos mais necessidade de nos organizar e adotamos um modelos de excelência de gestão”. Nesta época, lançou uma nova versão de seu software de gestão, o Sistema Omega de Processos Ativos (SOPA), e aderiu ao Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP). O programa foi criado em 1992 para melhorar os índices da indústria local a partir da disseminação da filosofia e dos princípios da qualidade e a aplicação permanente de ferramentas voltadas para este fim. Entre as mudanças internas provocadas pela fusão e a adoção das técnicas de gestão da qualidade, destaca-se o treinamento qualificado de todos os envolvidos. A rotina de trabalho também foi modificada, com a instituição de reuniões semanais para analisar os resultados. Foram necessários dois anos para eles aparecerem. “A gente insistia, pois pensava que, enquanto não acontecesse nada que mostrasse que estava dando errado, ainda não havia chegado ao fim”, conta Foletto. A partir de então, foi possível avaliar o desempenho da empresa e comparar as metodologias usadas com as de grandes organizações com perfil arrojado. O retorno de todo este empenho veio com a redução da inadimplência, o aumento do faturamento e uma satisfação maior tanto por parte dos colaboradores, como dos clientes. Entre 2007 e 2009, a Omega cresceu 45%. No ano seguinte, 43%, um ritmo surpreendente. Já o índice de satisfação dos clientes chegou a excelentes 99% e entre os colaboradores, passou de 68% para 87% nestes dois anos. Em 2008, a empresa contratou uma pessoa responsável apenas pelo controle de qualidade. De novo, a Omega valeu-se da lição dos debulhadores: foi atrás de encontrar a melhor forma de fazer as coisas e criou o seu próprio modelo de gestão. Entre outros itens, as linhas mestras 46 MPE Brasil


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do programa são agregar valor para os clientes e a capacitação de seus colaboradores, além de nutrir esforços para atingir a sustentabilidade econômica, social e ecológica. Foram incluídas no programa cerca de 80 ações, como pesquisas de satisfação dos clientes, monitoramento dos indicadores e a implantação de um serviço de ouvidoria.

Cuidando bem dos funcionários Outro grande foco de atenção da empresa nos últimos anos é cuidar bem dos seus funcionários. Como a maioria dos empregados passa horas na frente do computador, a Omega passou a oferecer um programa que combate os principais prejuízos à saúde que podem resultar deste convite ao sedentarismo. A empresa divulga dicas de alimentação mais saudável entre os colaboradores e oferece a prática de ginástica laboral e análise de ergonomia, identificando os riscos à saúde e à segurança do trabalho. Até uma iluminação mais apropriada para o ambiente foi instalada, de forma que os funcionários se sintam mais confortáveis ao trabalhar tanto tempo diante do monitor. Além disso, são feitos investimentos na qualificação do quadro de funcionários – que hoje conta com 27 empregados –, com a oferta de treinamento qualificado. Como uma empresa não é feita apenas de indivíduos, mas de um coletivo que deve funcionar bem, a Omega também contratou uma psicóloga organizacional. E deu voz aos funcionários em reuniões que são realizadas toda segunda-feira com o conjunto da equipe. Em breve, as filiais também farão parte deste contexto participativo, com a implantação de videoconferência. Enquanto tudo isso acontece, o modelo de gestão da Omega é sempre reavaliado e aprimorado. Das 80 ações desenhadas originalmente, 30 já receberão melhorias este ano. Um desafio talvez seja ampliar a área comercial para ter condição de atender toda a demanda. Outro pode ser dar os primeiros passos no mundo da publicidade. Em todo esse período de evolução, a empresa nunca investiu em propaganda. “É o próprio cliente que faz nosso marketing através de indicações”, diz Foletto. Um desafio que está mais claro para Magnum Foletto é o de conseguir encontrar no mercado os recursos humanos necessários para sustentar o crescimento da Omega Tecnologia. Ele lembra que o Brasil é um dos países mais desenvolvidos no ramo, principalmente em comparação com o restante da América Latina, mas ainda há muito o que melhorar. A maior dificuldade no mercado é a informalidade e, por ser ainda uma carreira nova, faltam profissionais capacitados. Com isso em mente, Foletto pensa em criar algum programa de formação. “Alguma coisa a gente precisa fazer para continuar crescendo de forma tranqüila”, alerta. Uma das estratégias de crescimento adotadas pela Omega é a aquisição de empresas menores que tenham uma base de clientes atraente. Foi assim que a empresa expandiu sua atuação para várias regiões do Rio Grande do Sul e também conquistou a admiração dos avaliadores e juízes do MPE Brasil 2009. Para o empresário, manter uma estratégia de crescimento é vital para os negócios. “Tem que crescer para poder se manter”, alerta. “A empresa que não cresce, que só atende em um lugar, tende a desaparecer.” 47 MPE Brasil


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Santa Maria, RS Nº de habitantes 268.969 Data da fundação Dezembro de 1857 Gentílico Santa-mariense Curiosidade Conflitos e revoluções são marcantes na história do município, cuja população participou de eventos como a guerra contra Rosas, a do Paraguai e a Revolução Farroupilha, quando se travou em seu território a conhecida batalha da Porteirinha. Localizada no coração do Rio Grande do Sul, Santa Maria é o centro de uma região de quase um milhão de habitantes. São cerca de 11 mil estabelecimentos comerciais, nas contas da Prefeitura, que abastecem hoje os quase 300 mil santamarinenses e também os visitantes de cidades vizinhas. A posição estratégica, graças à rede rodoviária que liga a cidade a praticamente todas as regiões do país e também às fronteiras com a Argentina e o Uruguai, fez com que o município despontasse como um dos mais importantes centros de prestação de serviços do interior gaúcho. Santa Maria conta ainda com uma malha ferroviária que serve de entroncamento para todas as estradas de ferro do Rio Grande do Sul, e um aeroporto com capacidade de receber aviões de grande porte. Também por conta da localização e facilidade de transporte, o município serve de base para a Força Aérea Brasileira (FAB) e possui o segundo maior contingente militar do país. Mas Santa Maria é hoje reconhecida em todo o país pelo grande número de universitários que vivem na cidade: são cerca de 30 mil alunos, cerca de três para cada grupo de 20 moradores. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) é hoje a maior instituição federal de ensino superior do interior gaúcho. A mão de obra formada nas salas de aula movimenta a economia local, baseada em setores como a construção civil, metalurgia, móveis, cerâmica, confecção, turismo e alimentação. Em março, são realizados festivais de balonismo, que permitem aos viajantes conhecer, do alto, os campos da UFSM, lavouras, estradas, açudes, linha férrea, o Jockey Club e o Morro da Antena – antes, é claro, que o conhecido inverno gaúcho, que leva as temperaturas da região para perto de 0 grau, dê as boas vindas aos visitantes.

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SERVIÇOS DE TURISMO

Canto das Águas

Hotel Canto das Águas Lençóis, BA (73) 3334.1154 www.lencois.com.br cantodasaguas@lencois.com.br Porte: Pequena Empresa Fundação: 1986 Número de empregados: Diretos - 48

Pontos Fortes • Realização de pesquisas de satisfação dos clientes e participação em programa que permite a comparação com dados de pesquisas de concorrentes • Insumos provêm de fontes adequadas e confiáveis • Destinação adequada dos resíduos gerados pela atividade • Sócios fazem análise de desempenho semanal e compartilham informações com os colaboradores em reuniões quinzenais 49 MPE Brasil Divulgação


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Ideias para crescer naturalmente Localizado em um paraíso ecológico, o Canto das Águas Hotel escreveu uma bela história de comunhão com a natureza e colhe os frutos deste investimento consciente Quem viaja para o Parque Nacional da Chapada Diamantina hoje e se encanta com suas belezas naturais preservadas não imagina que, há 20 anos, a região corria o risco de se tornar uma nova Serra Pelada. A cidade que é a porta de entrada para o parque, Lençóis, estava no centro de um paradoxo. Fundada por mineradores, ao mesmo tempo em que queria atrair mais turistas para visitar suas cachoeiras e trilhas, não abria mão do garimpo irresponsável, que poluía suas águas e destruía suas matas. Foi o trabalho de alguns empresários do ramo turístico que ajudou a abrir os olhos da população, que hoje abraça as causas ambientais. Entre estes empresários estava o casal Carlos Armiato Antonio e Yasmin Lessa Felippi, donos do impressionante Canto das Águas Hotel, vencedor nacional da categoria Serviços de Turismo do prêmio MPE Brasil 2009. Luxuoso sem deixar de ser acolhedor, o Canto das Águas traduz a nova vocação de Lençóis. O empreendimento foi reconhecido no ano passado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN) como o primeiro hotel sustentável do Brasil. Graças a uma série de medidas implantadas ao longo dos anos, o lugar é exemplo de que é possível crescer sem precisar agredir o meio ambiente. “Quando a gente decide morar em um lugar como esse, é difícil não comungar com tudo que está em volta e pregar o respeito à natureza”, diz Yasmin. Com uma localização privilegiada, há menos de cinco minutos do centrinho da pequena cidade, a construção aproveita muito bem a vista para o rio Lençóis, com o qual o hotel parece integrado. Curiosamente, 50 MPE Brasil


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no início, o que se via de suas varandas eram pessoas jogando lixo na margem oposta. “Na verdade, aquilo era um espelho de sujeira e não de água”, diz Armiato, lembrando a época em que o lixo da comunidade era oficialmente despejado pelos garis onde hoje está localizado um mirante. A história do Canto das Águas, no entanto, não começa nem com a ideia de se construir um hotel, nem exatamente com a consciência da importância da preservação da Chapada Diamantina. Depois de uma temporada morando na Europa, o recém formado Catan – apelido que Carlos Armiato ganhou dos colegas da faculdade de Economia, em Campinas, e que faz referência à sua cidade natal, Catanduva – voltou com a ideia de montar um típico albergue da juventude no Brasil. Um amigo lhe recomendou a Chapada e ele se apaixonou pelo lugar. Era 1985 quando comprou um terreno vizinho ao rio, onde antes ficava um galpão de lapidação de diamantes. Começou com apenas dois quartos. Logo, eram 18. E ele se deu conta de que a proposta ia além de abrigar alberguistas.

Casamento entre empreendedorismo e senso prático Quem lhe mostrou o terreno foi o tio de Yasmin. Nascida em Lençóis, ela deixou a cidade para estudar, mas nunca perdeu o contato com a região, pois visitava sempre os avós nas férias. Casados há 22 anos, o empreendedorismo dele parece ter se conjugado perfeitamente com o senso prático dela. O que era originalmente o albergue imaginado por um economista chamado Catan hoje conta com 44 quartos de tamanhos, estilos e, claro, preços variados. Um detalhe arquitetônico mostra outra característica valorizada no hotel: a convivência. As áreas comuns foram construídas sem portas, para livre circulação. Outro espaço para os hóspedes conviverem, também muito valorizado no Canto das Águas, é o restaurante Azul. O menu une a culinária da região com uma cozinha criativa assinada pelo chef Vagner Aguiar, discípulo do prestigiado Laurent Suaudeau. As mesas estão dispostas em uma enorme varanda de onde é possível apreciar o espetáculo dos inúmeros pássaros da região. Para completar o roteiro de lazer e bem estar dentro do próprio hotel, há uma piscina que margeia o rio e até faz referência a ele, com duas pequenas quedas d’água. E sessões de massagem e relaxamento são oferecidas aos hóspedes em charmosas tendas instaladas entre as árvores.

Com a ajuda de todos Não é fácil convencer as pessoas da necessidade de preservar o meio-ambiente, mesmo que isso exija apenas a adoção de hábitos simples como realizar a coleta seletiva. Yasmin Lessa Felippi percebeu isso quando pediu aos funcionários que separassem o lixo. “Se não envolver as pessoas neste propósito, não vai ter retorno”, diz. Uma vez, quando um repórter apareceu para fazer uma matéria sobre o tema, ela decidiu que, em vez de falar ela mesma, daria voz às pessoas que estavam realizando aquele trabalho. Os colaboradores perceberam que eles também faziam parte da ideia de cuidar do meio ambiente e o engajamento deles mudou.

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O charme da sustentabilidade traz bons resultados Aproveitar as características naturais e culturais da região para construir um hotel luxuosamente confortável é uma das razões do sucesso do Canto das Águas como empreendimento. A outra – retribuir a natureza com cuidados especiais na gestão do hotel – acabou se estabelecendo aos poucos, mais por conta de uma disposição pessoal de Armiato e Yasmin, do que como uma estratégia. Afinal, muito antes de se falar em sustentabilidade, o casal já tinha uma preocupação com o meio ambiente. O lixo, por exemplo, era separado normalmente. “Nós tínhamos este pensamento, mas faltavam indicadores para entender o que essas ações representavam, quanto eu havia economizado ao definir que a roupa de cama seria trocada três vezes por semana e não todo dia”, explica Yasmin. Isso começou a mudar em 2003, quando o Canto das Águas foi selecionado pela Associação de Hotéis e Pousadas Roteiros de Charme. Apenas 51 hotéis se enquadram nos critérios da entidade, que mesclam exigências em relação à qualidade de serviços e a responsabilidade sócioambiental, sempre de forma economicamente viável e sustentável. Em 2007, outra mudança importante. O Canto das Águas participou do programa de Certificação do Turismo Sustentável do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e adotou medidas que permitiram a criação de metas e um maior controle de produtividade. Ao descobrir o que era preciso fazer para estabelecer metas, ficou mais fácil aliar os cuidados ambientais com os bons resultados do empreendimento. A coleta seletiva, por exemplo, traz um rendimento extra aos funcionários envolvidos. As roupas de cama são trocadas a cada três dias, resultando em economia de água na lavagem. Da cozinha à lavanderia, só se utilizam produtos biodegradáveis e de fontes confiáveis, como o carvão vegetal de floresta cultivada e materiais de limpeza de empresas certificadas. Há monitoramento de consumo de energia elétrica e os apartamentos possuem um sistema de aquecimento solar. Até o projeto paisagístico precisou ser repensado. “Tivemos a consultoria de uma especialista em sustentabilidade que chamou a nossa atenção para o nosso jardim. Apesar de muito bonito, falava muito pouco do lugar que a gente vive”, conta Yasmin. Bastou para eles reviverem a mata que havia no local antes que ele fosse parte do garimpo e identificarem todas as árvores. “Só faltava para a gente conhecimento técnico”. O reconhecimento da ABNT em 2009 é resultado desta estratégia de gestão. “Quando vimos que havíamos cumprido todos os itens solicitados, foi uma satisfação enorme”, orgulha-se a empresária. Todas estas ações são compartilhadas com os clientes. As informações sobre o programa ambiental são passadas aos visitantes e, de alguma forma, esta comunicação ajuda a sensibilizar um bom número de pessoas para os cuidados com a natureza. Ao mesmo tempo em que cuida do meio ambiente, a direção do hotel também volta os olhos para a comunidade do entorno, apoiando o desenvolvimento de projetos educacionais na Chapada Diamantina, como o ponto de cultura Grãos de Luz e Griô, que realiza oficinas a crianças e


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jovens e resgata a cultura da região. O Canto das Águas também estimula as redes produtivas locais, divulgando para os hóspedes os produtos artesanais da região, em especial aqueles produzidos por organizações sociais.

Investir nas pessoas Outro traço importante da gestão do Canto das Águas é sua política de gestão de pessoal. Além de empregar predominantemente mão-de-obra local, Yasmin e Armiato nunca viram as costas a nenhum programa de treinamento da equipe e sempre investem em formação. “Hoje, às vezes, são os funcionários que chamam a atenção da gente quando é preciso tomar alguma providência”, diverte-se ele. O hotel ainda incentiva a formação acadêmica da gerência administrativa, pagando parte dos cursos. “Quando apareceu o primeiro professor de inglês aqui na cidade, já pensei em financiar aulas para os funcionários”, lembra Yasmin, que considera uma obrigação que todos tenham um segundo idioma. “Você colhe muitos frutos quando investe em formação. Hotel é serviço é você precisa aprender a atender bem.” Estas iniciativas se refletem em um alto nível de satisfação entre os 48 colaboradores. Muitos deles trabalham há muito tempo no hotel. É o caso do gerente Ney Paulo Pereira. Nascido em Lençóis, começou no Canto das Águas há 13 anos como auxiliar de recepção e testemunhou toda a transformação da cidade. “O lugar era de garimpeiros, havia a cultura de desmatar”, recorda, ressaltando o papel do turismo e dos empresários como o casal Armiato e Yasmin para mudar o modo de pensar de toda a população. “O turismo foi a saída, com a visão dos empresários da região de capacitar a mão-de-obra local.” A soma de tantas ações socialmente responsáveis e uma gestão eficiente dos recursos humanos e naturais se reflete na satisfação dos clientes, sempre medida através de pesquisas. Muitos vão para lá todos os meses e conhecem os funcionários pelo nome. “Tem hóspede que queria até alugar um apartamento, para sempre ter seu cantinho aqui”, conta Yasmin.

Resultados que satisfazem O Hotel Canto das Águas registra bons resultados nos últimos anos tanto em faturamento, como em satisfação dos clientes. Ano

Crescimento da receita

Número de clientes

Número de reclamações

Satisfação (nota de 0 a 5)

2007

19,9%

14.820

23

4,75

2008

6,8%

15.536

22

4,66

2009

12,8%

14.892

18

4,61

53 MPE Brasil


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Lençóis, BA Nº de habitantes 10.112 Data da fundação Maio de 1864 Gentílico Lençoense Curiosidade Com a riqueza gerada pela exploração de lavras de diamantes, que durou até a década 1970, moradores costumavam usar a pedra preciosa para enfeitar as roupas usadas nos sarais. Se perguntarem o que é que a Bahia tem, como sugere a música de Dorival Caymmi, muitos dirão que tem mar, praia, axé, acarajé e carnaval. Mas a Bahia tem também diamantes, chapadas, rios, cavernas, cânions e arquitetura colonial. E tem também turismo de aventura – e dos melhores. Lençóis, a cerca de 400 quilômetros a oeste do epicentro da folia nacional, é um pedaço peculiar da Bahia, que atrai cada vez mais turistas e investimentos no setor de hotelaria. O município dá acesso à Chapada Diamantina, durante anos palco da exploração de diamantes. A atividade mineira legou à região uma população heteronêgea, que manteve contato com mercados de várias partes do mundo. A influência estrangeira era tanta que os moradores afirmam que, durante a proclamação da República em 1889, em vez de cantar o Hino Nacional, os soldados perfilados na Praça Horácio de Matos, uma das mais conhecidas na cidade, cantaram a Marselhesa, o hino da França. Quem hoje visita a cidade descobre outras jóias naturais: poços de águas límpidas, cachoeiras cristalinas e trilhas entre cânions e rios. Entre as atrações, destaque para o Poço Encantado, cujas águas azuis turquesa se tornam brilhantes quando cortadas a certa hora do dia pelos raios de sol, e a Lagoa da Pratinha, onde se pode nadar entre peixes que parecem não se incomodar com a presença dos visitantes. Outra parada obrigatória é o Pico das Almas, um dos pontos mais altos de todo o Nordeste – 1.958 metros – e cuja trilha está polvilhada de plantas como orquídeas e bromélias. A história e conjunto de obras arquitetônicas herdadas do período diamantino consagraram a cidade como Patrimônio Histórico Nacional.

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SERVIÇOS

Aprimor

Aprimor Consultoria Natal, RN (84) 3211.7379 www.aprimor.com.br aprimor@aprimor.com.br Porte: Pequena Empresa Fundação: 1995 Número de empregados: Diretos - 4

Pontos Fortes • Adoção da Análise Crítica de Desempenho como prática que estrutura as ações e o acompanhamento de metas da empresa • Bom planejamento estratégico, com contínuo monitoramento de cada processo 55 MPE Brasil Shutterstock


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SERVIÇOS • Aprimor

Um negócio feito de bons conselhos À frente da Aprimor Consultoria, de Natal, o casal Freitas aplica a gestão de qualidade dentro e fora da empresa Uma empresa pode crescer mesmo sem aumentar de tamanho. Com apenas quatro funcionários, a potiguar Aprimor Consultoria, vencedora nacional do MPE Brasil 2009 na categoria Serviços, tornou-se referência em gestão organizacional. Seus serviços de consultoria atendem desde companhias petrolíferas a hospitais, passando por órgãos das áreas de cultura e turismo. Para chegar a um portifólio de clientes tão diverso, a estratégia foi aplicar à Aprimor as mesmas ações que ela ensina e indica a seus clientes. “Adotar na prática as ideias que propomos trouxe enormes benefícios”, diz o diretor Jodrian Soares Amorim de Freitas. Nascido em Natal, Freitas dirige a Aprimor com sua mulher, Rosana Soares de Freitas. O principal foco da consultoria é orientar empresas a se adequarem para conquistar os tão cobiçados certificados de qualidade. Indispensáveis hoje para qualquer empreendimento que busque se destacar da concorrência em mercados cada vez mais competitivos, estes certificados exigem que sejam observadas normas técnicas bastante exigentes. Alguns dos mais conhecidos são o ISO 9001 (mais abrangente), 56 MPE Brasil


SERVIÇOS • Aprimor

ISO 14001 (de responsabilidade com o meio ambiente) e o OHSAS 18001 (focado em segurança e saúde ocupacional). Garantia dos padrões internacionais de produtos e serviços, tais nomenclaturas têm bastante peso em processos de licitações públicas e nos mais diversos acordos comerciais, incluindo os de importação e exportação. A prova de que, na Aprimor, o ditado “casa de ferreiro, espeto de pau” não vale, é que no ano 2000 a própria consultoria de Freitas recebeu o certificado ISO 9001, como atestado da eficiência do escritório. “Nosso cartão de visitas é a consistência técnica e isso foi importante para conquistar ainda mais credibilidade no mercado”, analisa o empresário. “Consultoria é como médico: ninguém vai procurar nas páginas amarelas. As pessoas chegam até nós por indicações de nossos clientes, então só se consegue evoluir quando o resultado é bom.”

De engenheiros a consultores Engenheiro químico com mestrado em Engenharia Mecânica, Freitas teve contato com a nova área de atuação de forma inesperada. Em 1989, o potiguar rumou para a Bahia, para assumir um emprego no Pólo Industrial de Camaçari, primeiro complexo petroquímico planejado do Brasil. Lá, a conjuntura específica da empresa que o contratou acabou fazendo com que o engenheiro desviasse o foco de trabalho da sua formação original para a área da gestão. A empresa – Copene Petroquímica do Nordeste – era pioneira no Brasil na implantação do ISO 9002, que envolvia, entre outros itens, a capacitação dos funcionários e o monitoramento da satisfação dos clientes e dos fornecedores. Como auditor interno, acabou pegando gosto pela função e abandonou para sempre a antiga profissão. Em 1995, Freitas decidiu voltar a Natal. Passou então a trabalhar como autônomo, oferecendo sua experiência na área de gestão. Foi quando fundou a Aprimor. Nestes primeiros tempos, a empresa estava quase toda fundamentada no trabalho de Jodrian como consultor. Já casada com ele, a engenheira civil Rosana também foi atraída para questões de qualidade e juntou-se a Freitas na empresa em 2000. “Ela é tão consultora quanto eu e trouxe seu conhecimento na área de construção”, conta. Hoje, além deles, há um terceiro consultor e uma secretária, que trabalham na sede, localizada em um pequeno sobrado do bairro de Barro Vermelho. Eventualmente, é necessário também contar com colaboradores terceirizados. Neste caso, Freitas se diz muito exigente em relação à capacitação destes profissionais. O nível de exigência é tal que, reconhecendo a dificuldade de encontrar bons consultores “sobrando” no mercado, Freitas partiu também para a área do ensino. Em 2009, começou a ministrar uma disciplina de gestão em faculdades locais, como Câmara Cascudo, e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), de olho em profissionais do futuro. “Os alunos devem se aplicar mais, pois há um espaço no mercado que depende muito da competência deles”, avisa. “Só hoje as pessoas começam a acordar para o trabalho de consultor como uma profissão e não mais como algo provisório.”

Vida a dois, em casa e no escritório Jodrian Soares Amorim de Freitas e Rosana Soares de Freitas deveriam também fazer consultoria sobre o segredo de um bom relacionamento. Afinal, se qualquer parceria é complicada quando se trata de um negócio, imagine quando os sócios são casados há 20 anos e também compartilham a tarefa de criar dois filhos. “Temos uma visão uniforme da condução da empresa, com valores muito semelhantes”, revela Freitas. Cada um trouxe para a Aprimor a experiência em uma área diferente – ele, Engenharia Química, ela, Engenharia Civil – e acabaram somando forças e atraindo clientes de ambas as áreas. O mais complicado, segundo ele, é não cair na tentação de levar trabalho para casa. Para isso, tratam de viajar e ficar longe da consultoria um pouco. Uma das paixões do empresário é fazer trilhas e rapel. Estuda até a possibilidade de aplicar a gestão de qualidade no turismo de aventura. O Rio Grande do Norte tem um potencial inegável para crescer no segmento. Difícil vai ser evitar pensar em trabalho enquanto desce um paredão de pedra preso por uma corda.

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SERVIÇOS • Aprimor

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Consultoria exige trabalho personalizado Apesar da equipe enxuta, o atendimento à demanda pelos serviços surpreende bastante. Nesses 15 anos, a consultoria preparou 52 clientes para receber o certificado ISO 9001, outros 16 para o OHSAS 18001 e 11 para ISO 14001. A Aprimor também está por trás da adequação de 54 empresas ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, instrumento criado pelo Governo Federal para estimular o setor da construção civil a trabalhar com foco voltado para ampliar o acesso à moradia de qualidade, principalmente para a população de baixa renda. Outro serviço oferecido pela Aprimor é organizar treinamentos diversos dentro das empresas. O conteúdo dos cursos guarda relação direta e indireta com os processos das consultorias. São oferecidas aulas específicas sobre cada certificação e legislação, além de formação em segurança e saúde no trabalho, formação de auditores internos e até criação da brigada de incêndio. Este nicho tem se mostrado promissor: a Aprimor já realizou cerca de 3,5 mil horas aula. Mas o foco principal da Aprimor é o trabalho de consultoria e auditoria, atividades que exigem dedicação e também planejamento, já que cada processo deste tipo pode levar até um ano e meio, dependendo do tamanho do empreendimento avaliado. É preciso cumprir diversas etapas antes de desenvolver o planejamento estratégico mais adequado. Por exemplo, é preciso identificar as lacunas e as oportunidades de crescimento de cada empresa. A equipe de Freitas busca estabelecer como diferencial a realização de um atendimento personalizado, adaptando seus serviços ao perfil do cliente. E esta disposição e disponibilidade segue mesmo depois de a empresa contratante alcançar seus objetivos como, por exemplo, uma determinada certificação. É preciso seguir ajudando as companhias a manterem o padrão ou fazer ainda mais melhorias.

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Experiências pessoais ajudam a conquistar clientes Se a meta é oferecer atendimento personalizado, no que diz respeito à prospecção de clientes o objetivo é a diversificação. Neste sentido, os diretores da Aprimor utilizam tanto as experiências individuais como a vocação do estado do Rio Grande do Norte para realizar uma estratégia que tem garantida a ampliação do portifólio de clientes. A experiência na indústria do petróleo trouxe a Freitas, por exemplo, vários clientes nesta área. Cadastrada na Organização Nacional de Petróleo (Onip), a Aprimor é procurada por empresas que tentam se adequar às exigências da Petrobras para a formação de parcerias. Outro setor bastante em evidência é o de construção civil, área de formação de Rosana. Com o aumento de obras públicas e a necessidade do governo federal, do estado e dos municípios realizarem diversas licitações, muitas empresas necessitam de consultorias para estarem aptas a concorrer nestes processos. Num estado conhecido por suas belas praias, o mercado de turismo também oferece oportunidades. Neste setor, a Aprimor buscou ser proativa.


SERVIÇOS • Aprimor

Ao lado do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte (Sebrae-RN), criou o Programa Turismo Melhor, voltado para a capacitação de profissionais e a melhoria da qualidade dos serviços turísticos no estado. O crescimento da consultoria também está ligado a atividades que não agregam apenas cifras ao faturamento. A Aprimor tem investido em ações sociais, como o programa Destino Correto, criado para incentivar seus clientes a implantarem um sistema de coleta de óleo de cozinha nos restaurantes que atendem os funcionários. O programa, gerenciado pela consultoria, também faz o meio de campo com uma entidade filantrópica que se beneficia da venda do produto após a transformação em sabão. Outro exemplo de investimento social é o reconhecimento da Fundação Abrinq, instituição que defende os direitos e o exercício da cidadania de crianças e adolescentes. Em 2007, a Aprimor recebeu o selo “Empresa Amiga da Criança” por levar os ideais da instituição aos seus clientes e também por apoiar uma creche financeiramente. “É algo muito valorizado por nós, principalmente por serem apenas quatro empresas com esse reconhecimento em todo estado, sendo que as demais são de grande porte”, orgulha-se Freitas. Os resultados colhidos têm sido expressivos. Em 2009, o faturamento da Aprimor foi 4,5 vezes maior do que o de 2000. E, desde 2002, a empresa tem conseguido manter a satisfação do cliente nas alturas. Em pesquisas realizadas sobre os serviços de consultoria, auditoria e treinamento, com notas de 0 a 10, a média é de 9,3. Mais adiante, Freitas deseja levar a empresa para outras áreas. “Gosto de estimular um mercado que seja estrategicamente interessante, mas que ainda não foi descoberto. É preciso buscar sempre o novo, para estar na frente quando os concorrentes chegarem”, comenta. Um recado que poderia estar em qualquer das consultorias prestadas pela Aprimor.

Números para se consultar Ao longo de 15 anos de atuação, a Aprimor registra números interessantes: • Foram realizadas mais de 3,5 mil horas de treinamentos • As auditorias de gestão somam 2,8 mil horas dedicadas aos clientes. • O faturamento em 2009 foi 4,5 vezes maior que o faturamento de 2000. • As notas gerais de satisfação, atribuídas pelos clientes de serviços de treinamento, consultoria e auditoria, desde o ano de 2002 mantém em patamares acima de 9,3

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SERVIÇOS • Aprimor

Natal, RN Nº de habitantes 806.203 Data da fundação Dezembro de 1599 Gentílico Natalense Curiosidade Entre 1633 e 1654, sob domínio holandês, a cidade passou a ser chamada de Nova Amsterdã. Com a saída dos holandeses, a vida voltou à normalidade – e a cidade voltou a se chamar Natal. A paisagem é cinematográfica. Praias, dunas, sol, festividades e temperatura média de 27 graus em qualquer época do ano são, desde sempre, as riquezas mais conhecidas de Natal, um dos pontos turísticos mais conhecidos e procurados do país. A localização também é privilegiada: a cidade, que já esteve sob domínio holandês no século XVII, é o ponto das Américas mais próximo da Europa e, por causa da posição estratégica, durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como base militar dos norte-americanos. A convivência histórica com os estrangeiros quebrou os ares de província e mudou para sempre o padrão de comportamentos na cidade que se tornou, principalmente a partir da primeira metade do século 20, um cartão postal cosmopolita e reconhecido muito além das fronteiras nacionais. Mas nem só de belezas naturais vive a “Cidade do Sol”. A capital potiguar, que hoje abriga quase 1 milhão de habitantes e recebe outros milhares de turistas a cada ano, é terra propícia também para negócios – sejam eles ligados ao turismo e hotelaria ou às riquezas geradas pela produção de petróleo, extração de sal e cultivo de melão, cana-de-açúcar, castanha e camarão. A expansão dos serviços para atender tanta gente é o caminho natural. Uma das 12 cidades sedes da Copa de 2014, o município vive hoje a expectativa de expandir a infraestrutura urbana e sua vocação empresarial. Antes de a bola rolar, a cidade ainda espera ampliar o serviço de saneamento básico, que hoje atende apenas a 30% da população, e a estrutura logística – o aeroporto, por exemplo, passa por reformas. Do restante, a natureza já se encarregou.

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BOAS PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Quinta da Estância Grande

Quinta da Estância Grande Viamão, RS (51) 3444.2655 | 3485.1740 www.quintadaestancia.com.br atendimento@quintadaestancia.com.br Porte: Microempresa Fundação: 1992 Número de empregados: Diretos - 20 Indiretos - 80

Pontos Fortes • Há projetos voltados para públicos diversos, com destaque para os estudantes (educação ambiental) e as populações indígenas (geração de renda) • Criatório conservacionista recebe e trata animais silvestres e há uma preocupação especial com espécies em extinção • Política de contratação de colaboradores privilegia moradores da região • As atividades de responsabilidade social estão plenamento integradas ao planejamento e à busca de parceiros 61 MPE Brasil Divulgação


RESPONSABILIDADE SOCIAL • Quinta da Estância

Uma família, um ideal Os Sittoni Goelzer transformaram a sua fazenda em uma grande sala de aula a céu aberto e ainda utilizam o espaço para a conservação de espécies nativas Um negócio familiar nem sempre reúne pessoas com um mesmo objetivo. Outras vezes, há consenso sobre eles, mas é difícil entrar em acordo sobre qual caminho seguir para alcançar tal fim. Por isso, é uma tarefa árdua encontrar um grupo mais unido em torno de um ideal do que os Sittoni Goelzer. Esta família gaúcha está por trás da Quinta da Estância Grande, um empreendimento único no país envolvendo educação, turismo, preservação do meio ambiente e valorização da cultura local. Localizada em Viamão, município com características rurais a apenas 28 quilômetros de Porto Alegre, a Quinta da Estância Grande é a maior fazenda de turismo pedagógico do Brasil, pregando a vivência no campo e o contato com a natureza para públicos diversos. São inúmeros projetos em constante renovação para atender os cerca de 70 mil visitantes que passam pela fazenda todos os anos. 62 MPE Brasil


RESPONSABILIDADE SOCIAL • Quinta da Estância

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Como empresa, a fazenda de cerca de 100 hectares funciona desde 1992. O modelo de negócios foi estruturado a partir de uma ideia da proprietária Sônia Sittoni Goelzer. Professora estadual que sempre apoiou formas criativas de explorar o conteúdo das aulas, ela ofereceu a Quinta da Estância, onde vivia com o marido e os filhos, para a escola levar os alunos em atividades extraclasse. Eles criaram então uma programação informal, que estimulasse a vivência rural com a garotada participando da ordenha das vacas, o cultivo da horta e o simples contato com animais. “Logo todos os estudantes falavam do ‘sítio da professora Sônia’ e vimos potencial de mercado”, conta a empresária. Ela elaborou um projeto do que pretendia fazer na fazenda e apresentou às escolas um plano de atividades lúdicas variadas a serem realizadas na fazenda. Sem saber, dava início a algo pioneiro. “Costumo dizer que inventei uma carroça e passou uma jamanta por cima”, brinca. O objetivo inicial era complementar a renda da família, que na época vivia da plantação de morangos. No primeiro ano, a Quinta da Estância Grande recebeu 16 instituições de ensino e a propaganda entre os professores fez a demanda aumentar. Aos poucos, Sônia precisou diminuir suas horas de trabalho na escola para cuidar mais da iniciativa. O marido, Lucídio, que havia trabalhado com comércio exterior, emprestou sua visão empresarial ao projeto. E ainda colaborou com aulas de apicultura, sua outra paixão. Ele também tinha uma criação de faisões, que se tornou outra atração do lugar. Homem de ideias tão simples quanto funcionais, ele banca o inventor de vez em quando. Foi dele a criação de um instrumento de luz, batizado de “ovômetro”, que permite ver o ovo por dentro para as crianças acompanharem o crescimento do embrião dos animais. 63 MPE Brasil


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De volta às origens rurais Sônia e Lucídio Sittoni Goelzer nasceram em Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul. Mas só foram se conhecer em Porto Alegre, quando ela era professora estadual e ele trabalhava com comércio exterior. Quando Lucas, o primogênito, nasceu, decidiram que dariam aos filhos a mesma vivência rural que eles tiveram. Foi quando encontraram o terreno onde hoje está a Quinta da Estância Grande. Na época, eram 25 hectares que eles compraram em conjunto com outros familiares. Como apenas eles se adaptaram à vida no campo, aos poucos compraram a parte dos demais. Mesmo assim, Lúcido viajava bastante por causa do trabalho. “Um dia, cheguei em casa, peguei o Rafael no colo e ele não me reconheceu e chorou muito”, recorda. “Depois disso, larguei o emprego e comecei a me dedicar a plantar morangos na fazenda”. A plantação mais tarde perderia espaço para as atividades com turismo e educação, mas representou uma mudança grande na vida do empresário. Hoje, Rafael se prepara para ser pai pela primeira vez. E já está construindo uma casa na fazenda para dar prosseguimento à experiência dos Stittoni Goelzer.

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Os três filhos, na época adolescentes, torciam um pouco o nariz para a invasão das crianças no espaço que antes era só deles. “Foi preciso inserilos na programação para eles começarem a achar aquilo divertido”, conta Lucídio. Foi deles o papel dos primeiros monitores, que recebiam a garotada e participavam dos jogos com os visitantes. Hoje, cada um encontrou seu lugar dentro do projeto e fala com empolgação da iniciativa dos pais. Lucas, o mais velho, fez Administração com ênfase em Marketing e ficou à frente da área administrativa. Está sempre atento a formas de adaptar as atividades às necessidades de cada cliente. Rafael, o do meio, tem a mesma formação, mas voltou-se mais para a divulgação da fazenda. Foi dele um estudo para criar uma estratégia para os meses de férias, quando a demanda por visitas caía, o que levou a expansão da empresa. O caçula André seguiu para o lado da veterinária e está envolvido diretamente no trabalho com os muitos animais da Quinta. Além deles foi preciso buscar colaboradores capacitados. “O sucesso nos mobilizou para buscar outros profissionais, que foram agregando novos conhecimentos”, explica Rafael. Assim, receberam professores de áreas variadas (Biologia, Veterinária, Agronomia, História), que apresentaram sugestões para aumentar a gama de projetos oferecidos. Hoje são 55 monitores formados.

Público bastante diversificado Descobrir tudo o que a fazenda proporciona não é uma tarefa muito fácil, dada a abrangência dos projetos e as constantes inovações. Hoje, além do trabalho pedagógico desenvolvido com os estudantes, eles recebem também muitos grupos empresariais. “Os alunos faziam tanta propaganda em casa que os pais quiseram levar seus funcionários para experimentar”, relembra Lucas. Surgiram então projetos de treinamento vivencial que trabalhasse pontos como a dinâmica e a cooperação de equipes. O espaço também está aberto para a realização de reuniões, palestras, treinamentos e até confraternizações de final de ano. Outro segmento que procura a Quinta da Estância é o religioso, independente da crença, para retiros. Há alojamentos propositadamente rústicos, ainda que confortáveis, para inserir o visitante no ambiente. Não importa o nível hierárquico que ele tenha em uma empresa, vai dormir em um treliche como os demais. “Quando a pessoa sai de sua zona de conforto, a criatividade cresce”, ensina Lucídio. Trilhas e áreas de esportes radicais (como arvorismo e tirolesa) se encaixam em vários pacotes. Assim como outras atividades esportivas e gincanas. Para relaxar, é montado um galpão crioulo, com musicas gaúchas, roda de chimarrão e culinária típica. Há ainda atividades noturnas como luau e passeio pela mata. Na área de educação, há programas que procuram explorar o currículo dado em sala de aula e pacotes especiais para datas comemorativas diversas, como a Semana do Índio e as celebrações referentes à Revolução Farroupilha. Este ano, há um dedicado à Copa da África do Sul. Temas atuais que ofereçam boa discussão – aquecimento global, o bicentenário


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Conservação da natureza é parte da identidade da fazenda Outro pilar da Quinta da Estância são os projetos de conservação e proteção do meio ambiente. A fazenda abriga um incrível criadouro conservacionista, recebendo, identificando e recuperando bichos de espécies diversas, de araras e papagaios a capivaras e veados. Muitos deles são animais silvestres apreendidos do tráfico ilegal. “É importante porque mantemos um banco genético forte, com muitos animais considerados em extinção”, informa André. Os visitantes têm acesso a todo esse espaço, como parte do projeto de educação ambiental. Lucídio até criou outro equipamento interessante para que as pessoas pudessem caminhar entre os animais soltos. É uma gaiola humana, que o grupo carrega em volta de si de forma colaborativa. Há ainda um viveiro de pássaros exóticos, outro de cobras, um aquário com peixes da região e uma área aberta especialmente preparada para receber beija-flores. Outra preocupação da família foi a de preservar as matas nativas e ciliares (em torno dos rios), não só a que se encontra dentro da propriedade, mas de toda a região, com um trabalho de conscientização dos fazendeiros. Para sensibilizar a comunidade, eles realizaram até uma cavalgada ecológica, que terminou com o plantio simbólico de mudas e um tradicional churrasco de chão. Também fizeram diferença ações como a recuperação do lixo. O orgânico vira adubo e é usado na horta e no jardim. Já o lixo reciclável é separado e encaminhado para uma ONG especializada. A água da fazenda também passa por tratamento biológico. O esgoto é filtrado naturalmente por raízes de junco, que retêm as impurezas. A técnica trazida da Europa garante 99% de purificação da água, que pode ser reutilizada para lavagem. Uma das conquistas mais recentes na área de meio ambiente foi a certificação de neutralização de carbono, tornando-se a primeira fazenda brasileira do segmento Carbon-Free. As atividades já rendem créditos de carbono à fazenda, que neutraliza o dobro do necessário. A família ainda se preocupa em integrar projetos sociais ao seu dia a dia. Um dos mais interessantes diz respeito ao resgate da cultura indígena. Sônia procurou a parceria de nativos mbyá-guarani, que vivem em reservas na região. “Eu queria que as crianças tivessem mais contato com eles, conhecendo a língua, a música, a culinária e o artesanato deles e percebendo que a cultura deles precisa ser respeitada”, defende. Além disso, a iniciativa aumentou a autoestima dos próprios índios, que, aos poucos, perceberam sua importância na história do País. Ainda faz parte da agenda da casa a recepção gratuita de 2 mil visitantes de grupos carentes com função pedagógica. É importante dizer que todos os projetos são sustentáveis e fazem parte da estimativa de custo. Do contrário, seria impossível mantê-los. Com todas essas iniciativas, o índice de crescimento da receita é de 20% ao ano.

Fotos: Divulgação

de Charles Darwin – também podem alimentar um projeto. Programas de imersão em línguas estrangeiras já atraíram até escolas do Uruguai.

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Viamão, RS Nº de habitantes 260.740 Data da fundação Setembro de 1741 Gentílico Viamense Curiosidade Viamão já foi capital. Com a invasão dos espanhóis à Vila de Rio Grande e a possibilidade de chegarem a Porto dos Casais (atual Porto Alegre) pela Lagoa dos Patos e o Guaíba, o governo da província foi transferido para a Viamão em 1763. Dez anos depois, o “comando” voltou a ter sede no Porto dos Casais. Viamão é uma espécie de cidade irmã de Porto Alegre. Com um quarto da população da capital, o município da região metropolitana fica a cerca de 25 quilômetros de um dos principais centros urbanos do país. A distância, porém, parece maior quando se nota as características rurais ainda preservadas pela antiga capital. Até meados dos anos 2000, Viamão era a segunda maior cidade da região metropolitana, mas mantinha mais de 80% de seu território em área rural. Os moradores da antiga colônia de portugueses, que há quase três séculos fixaram as primeiras residências nas terras próximas ao Guaíba e à Lagoa dos Patos, hoje são conhecidos em toda a região pelo desenvolvimento de práticas sustentáveis de uso da terra. É de lá que saem boa parte dos produtos consumidos nos grandes centros gaúchos, principalmente arroz. Viamão é ainda uma das principais bacias leiteiras do estado – foi sede da primeira usina de leite tipo A – e tem a economia baseada na produção hortifrutigranjeira e na manutenção de açudes e tanques para a piscicultura. O cenário é desenhado por morros e planícies de grande extensão - conhecidas como “Campos de Viamão” – que se estendem ao longo do rio Gravataí e na área próxima da Lagoa dos Patos. Com este cenário e pontos conhecidos como o Farol de Itapuã, o Parque Estadual de Itapuã, Viamão se tornou endereço certo para a prática de ecoturismo e do chamado turismo rural, um dos segmentos que mais cresce no Brasil. Além de ser também uma referência para quem quer aprender um pouco mais sobre as práticas de produção e preservação ambiental. Por tudo isso, Viamão é considerada um dos principais refúgios de preservação ecológica e histórica da região.

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