Roteiro Passe, Cidadão!

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PASSE,

ROTEIRO PEDAGÓGICO CONCEPÇÃO E PRODUÇÃO

CO-PRODUÇÃO APOIO INSTITUCIONAL

APOIOS


FICHA TÉCNICA

Coordenação geral Cultideias Mapa das Ideias Conteúdos e supervisão científica Mapa das Ideias PROJECTO gráfico Invisible Design

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Celebrar a REPÚBLICA A Fundação Mário Soares, a CultIdeias, a Mapa das Ideias e a Invisible Design, com o objectivo de evocar a República e o Republicanismo, divulgando os seus ideais cívicos, as suas principais realizações e os seus grandes protagonistas, promover a divulgação do conhecimento e aprofundar a investigação científica sobre a História da I República e do republicanismo, e projectar para o futuro os ideais republicanos – desígnios propostos pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República – dinamizam um conjunto de actividades comemorativas, entre as quais se destaca a exposição Passe, Cidadão!, concebida para os sete municípios envolvidos: Alcanena, Alcochete, Castelo Branco, Leiria, Oeiras, Ponte de Lima e Seia.

Vitor Martelo Director da Cultideias e Coordenador Geral da Cultrede.

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EXPOSIÇÃO PASSE, CIDADÃO! “Mandou-me procurar? Passe, Cidadão!”. Esta foi a senha e contra-senha utilizada pelos revolucionários no dia 5 de Outubro de 1910. Um século depois da implantação da República, é tempo de recordar os factos e as circunstâncias que a ela conduziram e os seus protagonistas. O republicanismo, antes de ser regime, constituiu um movimento cultural regenerador que almejava uma modernização

gico, destinado a docentes e alunos do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do E.B. e do Secundário. Esta ferramenta educativa permite a preparação prévia dos temas que serão abordados durante a visita à exposição, estabelecendo uma ligação com os visitantes, com os seus sistemas de referência, de forma a construir pontos de partida, partilhados e significativos, capazes de conferir sentido aos novos conhecimentos.

de todos os sectores da sociedade portuguesa. Hoje, percorridos 100 anos sobre o seu início, pensar o presente e o futuro da República constitui também um aliciante desafio. A exposição Passe, Cidadão! pretende introduzir o visitante no contexto económico, político, cultural e das mentalidades que se viveu durante a transição revolucionária da Monarquia para a República, fornecendo informação que permita conhecer os principais factos e personalidades que marcam esta cronologia. Celebrar a República é relembrar a sua história, envolvendo a comunidade. Desta forma, para potenciar um maior envolvimento da comunidade escolar, esta exposição conta com um roteiro pedagó-

Para além de propostas de actividades transdisciplinares, que os docentes ou educadores podem realizar com os alunos em sala de aula e nas quais são explorados os temas propostos e relacionados – fazendo uma correspondência com os programas curriculares dos respectivos níveis de ensino – são ainda disponibilizados textos sobre os conteúdos da exposição, entre outros recursos pedagógicos, como cronologias, biografias, fontes bibliográficas ou websites de pesquisa.”

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ÍNDICE Página 06 Página 07 Página 08

O NOVO SÉCULO A CRISE DA MONARQUIA REPUBLICANISMO. DA DEFINIÇÃO IDEOLÓGICA À DEFINIÇÃO DAS VIAS PARA ALCANÇAR O PODER A DIFUSÃO DO IDEÁRIO REPUBLICANO D. CARLOS O REGICÍDIO O ÚNICO HERDEIRO DO TRONO É O POVO! A “MONARQUIA NOVA” A DECISÃO PASSE, CIDADÃO! CUIDADOS COM PONTARIAS A VITÓRIA O GOVERNO PROVISÓRIO AS LEIS DA REPÚBLICA HERANÇA REPUBLICANA ACTIVIDADES PEDAGÓGICAS 1.º CICLO Peça a peça, descobre a República! Uma bandeira nova? 2.º CICLO Dicionário republicano Se eu fosse… 3.º CICLO A República aqui ao lado Máquina do tempo SECUNDÁRIO (D)escrever a República Eu voto! RECURSOS PEDAGÓGICOS CRONOLOGIA BIOGRAFIAS FONTES DE DOCUMENTAÇÃO PARA LER PARA PESQUISAR PARA VISITAR

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O NOVO SÉCULO O início do novo século inaugura uma série de conquistas tecnológicas no país e no mundo. Em 1895, chega a Portugal o primeiro automóvel, um Panhard et Lavassor. Em 1900, Eça de Queirós morre em Paris, cidade que acolhe a Exposição Universal, feita de luz e de conquistas tecnológicas, que vão também chegando ao nosso país. Em 1901, começam a circular em Lisboa os primeiros veículos eléctricos de transporte de passageiros. Em 1902, entra em funcionamento uma nova central eléctrica, a Central Tejo, que permitiu, entre outros benefícios, a introdução da electricidade na iluminação pública. A Central Tejo funciona hoje como Museu.

Exposição Universal, em Paris

No mesmo ano, a inauguração do elevador de Santa Justa, em Lisboa, foi motivo de muitas caricaturas e anedotas – a sua modernidade contrastava com a origem rural da população da cidade. Em 1904, oito anos após a chegada do cinema a Portugal, abriu a primeira sala de projecção regular de filmes na Rua do Loreto em Lisboa. A Torre Eiffel ficou como um dos símbolos da inovação que marcou o início do século XX.

Postal de Abel Salazar enviado de Paris

Elevador de Santa Justa, em Lisboa

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A CRISE DA MONARQUIA A monarquia, roída pelo descrédito, não resiste à crise económica, política e social que assola o país em finais do século XIX. cas e sociais, que criam uma elite urbana ligada a novas actividades e a profissões liberais. Surgem vozes contestatárias que não se sentem representadas politicamente. Aparecem novas ideologias fora do regime monárquico: assistese ao crescimento do republicanismo, do anarco-sindicalismo, do anarquismo e do socialismo. Em simultâneo, surgem sindicatos, organizações culturais e recreativas e associações secretas viradas para as classes baixas. Associadas a estas, novas formas de actividade política ganham corpo: comícios, manifestações, desfiles, greves e atentados. A 8 de Junho de 1880, celebra-se o tricentenário da morte de Camões. D. Luís e o ministro do reino, José Luciano de Castro, não participam nas comemorações, facto que é aproveitado pelos republicanos para promoverem publicamente a defesa da República.

Em finais do século XIX, Portugal é um país periférico e atrasado, profundamente dependente da sua relação comercial com a Inglaterra. As finanças públicas encontram-se numa situação difícil, caracterizada pelo deficit orçamental e uma galopante dívida externa. A crise económico-financeira internacional de 1890 agravou muito a situação da economia portuguesa. A balança de pagamentos entra em ruptura e o Estado atinge a insolvência financeira. A crise chega a obrigar à celebração de acordos de penhora das colónias, para pagamento da dívida externa.

O sentimento de humilhação e repúdio gerado pelo Ultimatum britânico à Coroa Portuguesa, em 1890, em que D. Carlos se vê obrigado a aceder às exigências inglesas que impediam a concretização do mapa cor-de-rosa, desencadeou uma série de acções patrióticas e antimonárquicas levadas a cabo pelos republicanos. O sistema político do liberalismo monárquico era monopolizado por uma oligarquia, estando grande parte da população arredada e alheada da política. O rei desempenhava neste sistema um importante papel, detendo a capacidade de nomear e destituir governos e de dissolver o Parlamento. O rotativismo, estabelecido no último quartel do século XIX, fazia alternar na governação o Partido Regenerador e o Partido Progressista. Sempre que o partido do governo se esgotava politicamente o rei demitia-o, chamando um novo chefe a formar Governo. Assiste-se à perda de credibilidade do Estado e à crescente incapacidade de garantir a estabilidade num tempo em que os governos se sucedem a um ritmo acelerado.

Esta onda de indignação culminaria na primeira tentativa de implantar a República, a 31 de Janeiro de 1891, no Porto. Encabeçada pela ala radical do republicanismo, esta revolta foi asfixiada pela Guarda Municipal, não tendo sequer o apoio directo dos dirigentes do partido.

A legitimidade deste sistema político e do regime que a suporta, a Monarquia, será posta em causa pelas transformações económi-

Gravura alusiva à proclamação da República no Porto, aquando da revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891.

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REPUBLICANISMO

DA DEFINICAÇÃO IDEOLÓGICA À DEFINIÇÃO DAS VIAS PARA ALCANÇAR O PODER. Quinze anos após a sua fundação, o Partido Republicano Português vê finalmente consolidada a sua base ideológica, materializada com a publicação do Manifesto em 1891. Inicialmente sem uma ideologia e programa político bem definidos, mas influenciado pelo positivismo, deixou-se igualmente contaminar por outras tendências políticas desde a sua génese. Esta diversidade era visível nas figuras que integram o partido, desde grandes proprietários como José Relvas, a professores universitários como Teófilo Braga e Duarte Leite. O Manifesto e Programa do Partido Republicano Português viria apenas a ser definido no Congresso de 1891, quinze anos após a sua fundação, pouco tempo antes do fracassado golpe de 31 de Janeiro, no Porto. Elaborado por Teófilo Braga, nele se encontravam os princípios ideológicos do partido, que se mantiveram até à Proclamação da República. Para além da eleição do directório, foi ainda debati­da neste congresso a estratégia a adoptar no que diz respeito à difusão dos ideais republicanos, bem como as linhas de acção do partido: a via revolucio­nária (que culminará na revolta de 31 de Janeiro), defendida pela ala mais radical, e a sustentada pela ala moderada, que era contra a revolução imediata. A conquista do Poder através de eleições adivinhava-se impossível devido à legislação eleitoral, feita à medida dos interesses dos partidos monárquicos, mas também ao caciquismo que caracterizava os partidos do rotativismo, sobretudo no mundo rural – deixando claro para alguns sectores do PRP que a ascensão ao poder só se daria então pela via revolucionária.

Bernardino Machado e Manuel de Arriaga discursando durante um comício republicano

Entre as organizações que se juntaram ao Partido Republicano para derrubar a Monarquia através da revolução armada, destaca-se a Carbonária Portuguesa. Esta organização secreta, dirigida por Luz de Almeida, contribuiu decisivamente para a revolução de 5 de Outubro de 1910. A Carbonária, defensora da acção violenta, recrutou numerosos elementos das classes populares que vieram a ser determinantes no movimento revolucionário.

Comício republicano, em Lisboa

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A DIFUSÃO DO IDEÁRIO REPUBLICANO O republicanismo, na sua génese, constitui um movimento cultural regenerador que almejava uma modernização de todos os sectores da sociedade portuguesa. Na acção de propaganda dos valores e ideais da República, os Centros Republicanos, espalhados um pouco por todo o território nacional, desempenharam um papel fundamental. Muitos deles assumiram-se como veículos de alfabetização e difusão cultural. Os republicanos, conscientes do enorme analfabetismo da população portuguesa, rapidamente perceberam a importância da utilização de imagens e objectos, com veículo de difusão da sua doutrina: bandeiras, cartazes, postais, bustos da República, entre outros.

Manual escolar utilizado em diversas escolas criadas pela Maçonaria e organizações republicanas

A edição de diversos jornais e revistas, fiéis ao espírito republicano, desempenharam também um importante papel no esclarecimento de vários sectores da população portuguesa e na sua preparação cívica. Eram regularmente organizadas manifestações populares, marchas de protesto e comícios. A educação cívica e política nas instituições escolares dirigidas por republicanos era transmitida através de novos manuais escolares, mas também em festas e cerimónias.

Laboratórios da Escola Oficina n.º1, de inspiração maçónica, que aliava o ensino laico à aprendizagem das ciências experimentais

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D. CARLOS Homem culto com apetência para a ciência e as artes, mas politicamente pouco hábil, D. Carlos reinou num período particularmente difícil da história portuguesa. A pouca popularidade de que gozava junto do povo foi irremediavelmente agravada com o governo de ditadura de João Franco. Na sequência da polémica dissolução do Parlamento, em Abril de 1907, é preparado aquele que ficou conhecido como o Golpe do Elevador da Biblioteca, a 28 de Janeiro de 1908. Os republicanos sofreriam mais um importante revés. Importantes figuras do partido foram presas e vários activistas condenados ao degredo.

D. Carlos enfrentou logo no início do seu reinado uma grave crise política com o Ultimatum britânico, episódio humilhante para o orgulho nacional. O seu reinado decorreu em tempo de crise económica internacional, de funestas consequências para a economia portuguesa, a que se somaram diversos escândalos na governação de que o mais célebre foi o dos adiantamentos secretos concedidos pelo Governo à Casa Real, abundantemente aproveitado pela imprensa republicana para criticar o regime. Nunca foi um monarca admirado pelos seus súbditos, que o viam como um rei ausente e gastador, numa época de que a monarquia estava em crise e a população passava por sérias dificuldades. O descontentamento crescia, à medida que os escândalos se sucediam. O deputado republicano Afonso Costa abordou violentamente no Parlamento a questão dos adiantamentos à Casa Real: “por menos, rolou no cadafalso a cabeça de Luiz XVI”. Expulso do hemiciclo com Alexandre Braga, recebeu a solidariedade dos correlegionários em numerosos comícios e manifestações por todo o país. Em 1906, a eleição do Partido Regenerador Liberal, liderado por João Franco, marca o fim do rotativismo parlamentar e visa encontrar uma saída para a combalida monarquia. Esta solução demonstra-se, no entanto, incapaz de garantir a estabilidade governativa do país e o fim da crispação interna. Nesse mesmo ano, D. Carlos dissolve o Parlamento, concedendo a João Franco a possibilidade de governar em ditadura. Este episódio marca o início de um ciclo em que aumenta significativamente o carácter repressivo do regime. É limitada a liberdade de imprensa, muitos dirigentes republicanos são perseguidos, presos e deportados sem julgamento. Esta situação precipitou a mudança na estratégia política do partido republicano e a opção, maioritária, pela via revolucionária.

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O REGICÍDIO A 1 de Fevereiro de 1908, o rei e o príncipe herdeiro são mortos no Terreiro do Paço. À entrada da Rua do Arsenal, de entre a multidão que assistia à passagem da família real, Manuel Buiça, pela retaguarda, dispara a sua carabina atingindo mortalmente D. Carlos. Ao mesmo tempo, Alfredo Costa salta para o estribo da carruagem real e dispara sobre o rei. D. Luís Filipe procura reagir, sacando de um revólver, mas é baleado no peito. Perante o fatídico desfecho da viagem, a rainha ergueu-se na carruagem, gritando “Infames! Infames!”. Não se conhecem, ainda hoje, muitos pormenores do regicídio acção isolada de dois homens ou acção organizada, envolvendo outros apoiantes? Seria, afinal, João Franco, o verdadeiro alvo? O certo, no entanto, é que os seus efeitos não serenaram as guerras intestinas dos partidos monárquicos e antes favoreceram as hostes republicanas - conferindo maior credibilidade à sua acção.

Terreiro do Paço, em Lisboa

A família real, à excepção do príncipe mais novo D. Manuel, encontrava-se em Vila Viçosa para uma temporada de caça. Após assinar o decreto que autorizava a deportação dos presos políticos, D. Carlos decide regressar de imediato à capital. Ao desembarcarem no Terreiro do Paço, D. Carlos, a rainha D. Amélia e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe eram esperados por D. Manuel na carruagem real que os conduziria ao Palácio das Necessidades.

Página do suplemento ilustrado do “Le Petit Journal”, retratando o funeral do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe.

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O único herdeiro do trono é o povo! No Congresso de Setúbal de 1909, o Partido Republicano decide avançar para a insurreição. A juntar aos bons resultados obtidos nas eleições legislativas, em Abril de 1908, conseguindo aumentar consideravelmente a sua representação parlamentar, o PRP conquista a Câmara Municipal de Lisboa, nas eleições de Novembro desse ano. Não obstante estas vitórias eleitorais, a via revolucionária para a tomada do poder republicano é confirmada no Congresso de Setúbal, em Abril de 1909, e integrada na estratégia que aí foi definida. No conclave foi aprovada uma nova Lei Orgânica e um novo Directório, que exprimiam a força da tendência revolucionária no seio do partido – com especial destaque para a “Comissão de Resistência” criada pela Maçonaria e pela Alta Venda da Carbonária, presidida por Luz de Almeida. O Directório eleito – Teófilo Braga, Basílio Teles, José Relvas, Eusébio Leão e Cupertino Ribeiro – tinha como principal objectivo fazer a revolução. É também a primeira vez que as mulheres usam da palavra num congresso republicano, com a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.

Primeira página do jornal bi-semanário O Elmano de 1 de Abril de 1908

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A “MONARQUIA NOVA” O curto reinado de D. Manuel II tentou «acalmar» os ânimos, mas o descontentamento sentido pela sociedade portuguesa associava “Monarquia” ao estado decadente do país.

Os dois anos e nove meses que durou o reinado de D. Manuel II, e que ficou conhecido como “Monarquia Nova”, pretendeu pôr em prática diversas reformas, inclusivamente algumas defendidas pelo partido republicano.

grar no governo figuras de vários partidos políticos, a libertação dos republicanos que tinham sido presos no golpe de 28 de Janeiro de 1908, bem como a autorização de regresso à pátria dos revolucionários degredados.

No dia que se seguiu ao regicídio, o rei mandou reunir o Conselho de Estado. Entre as resoluções adoptadas, destaca-se o afastamento imediato de João Franco, considerado culpado pelos trágicos acontecimentos do dia 1 de Fevereiro, sendo nomeado para Ministro do Reino o almirante Ferreira do Amaral.

No entanto, a simpatia pela República crescia. Os sucessivos escândalos financeiros que envolviam a Casa Real, associados às questões religiosas, à instabilidade política, à crise económica, ao desemprego e às más condições de vida de grande parte da população, deitaram por terra o esforço empreendido pelo “rei-menino”.

De entre as medidas tomadas naquela que ficou conhecida como «política de acalmação», salienta-se a tentativa de inte-

Governos Reinado D. Manuel II Data Posse Presidente do Conselho 04-02-1908 Francisco Joaquim Ferreira do Amaral 25-12-1908 Artur Alberto de Campos Henriques 11-04-1909 Sebastião Custódio de Sousa Teles 14-05-1909 Venceslau de Sousa Pereira de Lima 22-12-1909 Francisco António da Veiga Beirão 26-06-1910 António Teixeira de Sousa

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A DECISÃO Cresce o empenho de civis e militares envolvidos no movimento revolucionário, sucedem-se os contactos e as reuniões. É tomada a decisão de avançar. Grão-Mestre Adjunto da Maçonaria, realiza a sua primeira reunião, que contou com a presença de dirigentes políticos republicanos, de elementos da Maçonaria e da Carbonária e ainda de militares, onde é tomada a decisão de avançar para a Revolução.

Para preparar a Revolução, o Directório eleito no Congresso de 1909, organiza comités revolucionários, que tinham como principal e importante objectivo estabelecer ligações com o Exército e com a Armada, ficando a cargo da Carbonária a mobilização de forças civis. O seu Comité Civil emitiu a ordem que estabelecia as regras de actuação dos diferentes grupos civis: “Todo o cidadão da República deve regular o seu procedimento pelos ditames da Honra, do Patriotismo e da Humanidade”.

O aliciamento da maioria dos oficiais ficaria a cargo do almirante Cândido dos Reis, em conjunto com Machado Santos. O contexto internacional e a eventual legitimação da revolução também foi cuidadosamente planeada, tarefa difícil numa Europa maioritariamente monárquica. Para tal, em Abril de 1910, os republicanos reuniram-se em Congresso e designaram uma comissão que se deslocaria ao estrangeiro para divulgar os ideais, os dirigentes e o programa político republicanos, aproveitando também a oportunidade para dar a conhecer junto da imprensa internacional informação sobre a actual situação política em Portugal.

Foram criadas estruturas revolucionárias clandestinas. Em 14 de Junho de 1910, a Maçonaria designou a “Comissão de Resistência” para coordenar todos os preparativos revolucionários. A 29 de Setembro, no gabinete do Dr. José de Castro,

Carta de Magalhães de Lima, enviada de Paris, durante a missão diplomática ao estrangeiro.

Aspecto do gabinete de José de Castro, onde se reuniu a Comissão de Resistência

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PASSE, CIDADÃO! A acção revolucionária que derrubou a Monarquia a 5 de Outubro de 1910 foi obra de um punhado de homens e mulheres decididos. Apesar de algumas hesitações dos dirigentes políticos e das investidas policiais, o caminho estava traçado. A Carbonária conspirou activamente para o derrube da Monarquia. “Os Três Varões Assinalados” – Luz de Almeida, Machado Santos e António Maria da Silva – representaram a determinação do movimento clandestino. Também muitos anarquistas se envolveram nos preparativos revolucionários. As bombas, de vários formatos e características, constituíram a “artilharia civil” que pretendia opor-se às estruturas militares do regime monárquico. Mas, chegada a hora, tudo parecia ruir com o inesperado assassinato do médico Miguel Bombarda, a descoordenação e falhas nas acções previstas e, no dia seguinte, com o suicídio do almirante Reis, que supunha ter abortado o plano revolucionário quando, afinal, a Revolução já estava na rua. O homicídio do famoso clínico por um oficial do exército, antigo aluno dos colégios da Companhia de Jesus, provocou grande emoção em todo o país.

A 3 de Outubro de 1910, os principais implicados militares no movimento republicano reuniram-se na Rua da Esperança, sob a presidência de António José de Almeida. Apesar de muitas dúvidas, o almirante Reis fez prevalecer a decisão de avançar para a insurreição. O capitão Afonso Palla garantiu que o quartel de Artilharia 1 sairia e Machado Santos preparava o assalto ao quartel de Infantaria 16, em Campo de Ourique, e distribuía as bandeiras para içar nos navios de guerra. A revolução estava decidida.

Formato de alguns engenhos explosivos usados na época. À direita, as célebres “laranjinhas”

Aspecto do consultório do médico psiquiatra Miguel Bombarda imediatamente após o seu assassinato, vendo-se ainda, à esquerda, o revólver com que foi alvejado

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CUIDADO COM PONTARIAS Os principais episódios que marcaram o arranque da revolução resultaram da audácia dos elementos civis e de alguns militares. Do lado monárquico, a inoperância das forças militares e policiais abriu caminho ao avanço republicano. Apesar do suicídio do almirante Cândido dos Reis, a Armada passou-se para o lado republicano, fazendo fogo sobre o Palácio das Necessidades, o que provocou a fuga do rei. 1. Bairro Alto/Largo Camões/Chiado, onde estava a sede do Partido Republicano, o Palácio da Maçonaria, os jornais “O Mundo” e “A Lucta” e onde decorreu a reunião decisiva do dia 29 de Setembro de 1910. 2. O quartel de Infantaria 16, em Campo de Ourique, foi tomado às 00h45m do dia 4 de Outubro, por um grupo de revolucionários civis comandados por Machado Santos, a partir das instalações do Centro Republicano de Sta. Isabel. Os primeiros combates com a Guarda Municipal deram-se na Rua Ferreira Borges. 3. O assalto republicano ao quartel de Artilharia 1 dotou os revoltosos de armas pesadas. 4. Machado Santos conseguiu chegar à Rotunda, onde se organizaram as barricadas republicanas, resistindo às tentativas de cerco e aniquilamento das tropas monárquicas. 5. A artilharia monárquica, comandada por Paiva Couceiro, fez fogo sobre a Rotunda a partir do Torel, após abandonar a zona superior do actual Parque Eduardo VII. 6. Tomado pelos republicanos o Quartel dos Marinheiros, em Alcântara, os navios 3 da Armada fizeram fogo sobre o Palácio das Necessidades, pondo o rei em fuga. 2 7. O Estado-Maior monárquico instalou-se no Palácio da Independência, de onde tentou dirigir as operações 8 contra a Rotunda. Não mui6 to longe, haveria de ser na Câmara Municipal a Proclamação da República.

8. Na zona de S. Bento, além das Cortes, existiam diversos conventos, como o do Quelhas e o do Trinas, que haveriam de ser locais de confrontos entre a população e elementos das congregações religiosas. A noite de 4 para 5 de Outubro foi marcada por sérios combates de artilharia: de um lado, os homens da Rotunda e, do outro, as peças comandadas por Paiva Couceiro. Um dos prédios que fazem esquina da Avenida da Liberdade com a Alexandre Herculano foi atingido, ficando em ruínas. O navio almirante “D. Carlos” foi tomado pelos revoltosos, registando-se diversas baixas entre os oficiais monárquicos. O rei, que havia fugido do Palácio das Necessidades, dirigiu-se para Mafra, embarcou na Ericeira no iate real “Amélia”, acabando por seguir para a colónia britânica de Gibraltar. D. Manuel II escreveu uma carta, cujo momento haveria de ser caricaturado, na qual se declarava “forçado pelas circunstâncias” a abandonar o país – tratando-se, de facto, de uma verdadeira abdicação.

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1 Bairro Alto/Largo Camões/Chiado, onde estava a sede do Partido Republicano, o Palácio da Maçonaria, os jornais “O Mundo” e “A Lucta” e onde decorreu a reunião decisiva do dia 29 de Setembro de 1910. 2 O quartel de Infantaria 16, em Campo de Ourique, foi tomado às 00h45m do dia 4 de Outubro, por um grupo de revolucionários civis comandados por Machado Santos, a partir das instalações do Centro Republicano de Sta. Isabel. Os primeiros combates com a Guarda Municipal deram-se na Rua Ferreira Borges. 3 O assalto republicano ao quartel de Artilharia161 dotou os revoltosos de armas pesadas. 4 Machado Santos conseguiu chegar à Rotunda, onde se organizaram as barricadas

republicanas, resistindo às tentativas de cerco e aniquilamento das tropas monárquicas.

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5 A artilharia monárquica, comandada por Paiva Couceiro, fez fogo sobre a Rotundaa partir do Torel, após abandonar a zona superior do actual Parque Eduardo VII. 6 Tomado pelos republicanos o Quartel dos Marinheiros, em Alcântara, os navios da Armada fizeram fogo sobre o Palácio das Necessidades, pondo o rei em fuga. 7 O Estado-Maior monárquico instalou-se no Palácio da Independência, de onde tentou dirigir as operações contra a Rotunda. Não muito longe, haveria de ser na Câmara Municipal a Proclamação da República. 8 Na zona de S. Bento, além das Cortes, existiam diversos conventos, como o do Quelhas e o do Trinas, que haveriam de ser locais de confrontos entre a população e elementos das congregações religiosas.


A VITÓRIA A República triunfou em Lisboa, depois de proclamada em Loures e Almada. O resto do país aderiria por telégrafo. Inocêncio Camacho leu, de seguida, a lista dos membros do Governo Provisório – a sua composição reflectiu o equilíbrio de poder entre as várias correntes republicanas, permanecendo em funções até 3 de Setembro de 1911, com vasta e relevante obra legislativa. Entretanto, realizou-se o desembarque dos marinheiros, já com a República proclamada. O telégrafo levou a notícia da Implantação da República e da constituição do Governo Provisório a todo o país e às colónias, provocando a gradual adesão generalizada, quase sem resistência. Eusébio Leão, nomeado Governador Civil de Lisboa, publicou um Edital ao povo da capital, afirmando que “Ordem e trabalho é a divisa da Pátria libertada pela República”, apelando à manutenção da tranquilidade pública e ao respeito pelas pessoas e propriedades dos estrangeiros e portugueses, “sejam quais forem as suas classes, profissões e opiniões políticas ou religiosas.”

O triunfo da República em Lisboa foi feito da ousadia dos revoltosos e da incapacidade dos dirigentes monárquicos. A rendição dos comandantes militares foi conseguida por Machado Santos sem sofrer nenhuma baixa, com a República já proclamada em Loures e Almada. E os festejos prosseguiram nas ruas e nos navios de guerra. Nos dias seguintes, a República seria implantada no restante país e nas colónias. Vencida a batalha, chegara a hora dos políticos proclamarem solenemente a República da varanda dos Paços do Concelho. Às 11 horas da manhã de 5 de Outubro de 1910, José Relvas anunciava: “Unidos todos numa mesma aspiração ideal, o Povo, o Exército e a Armada acabou de, em Portugal, proclamar a República”.

Republicanos festejam no Rossio a implantação da República. Ao centro, de pé, com chapéu na mão, o visconde de Ribeira Brava

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GOVERNO PROVISÓRIO A nova ordem instaurada inspirou-se nos valores da pátria e da liberdade. Os políticos do Partido Republicano assumiram o poder conquistado na Rotunda. O Diário do Governo publicou a composição do Governo Provisório, liderado por Teófilo Braga, que Inocêncio Camacho havia anunciado na Câmara Municipal de Lisboa – ali estavam representadas as principais linhas políticas do Partido Republicano. Nesta composição, encontravam-se algumas das mais evidenciadas personalidades que lutaram pelos ideais republicanos nos últimos anos da Monarquia, com destaque para o professor Afonso Costa, sobejamente conhecido pelo seu anticlericalismo e que deu início a uma série de reformas e à promulgação de uma legislação laicizante envolta em polémica.

“[...] Foi, porém, ministro das finanças do governo provisório o Sr. José Relvas, e justo é dizer que ele aceitou sempre como indeclinável obrigação moral e cívica acertar honradamente as contas do Estado, e para isso trabalhou com tanta boa vontade, que a gerência de 1910-1911 fechou com um pequeno deficit de 294 contos [...].” Afonso Costa, As contas do estado, dívida pública e defesa nacional. Em cerca de dez meses, o Governo Provisório conseguiu realizar algumas das mais importantes reformas preconizadas pelos republicanos e expressas no seu programa, assim como consolidar o regime e obter o reconhecimento do novo poder por parte das potências estrangeiras. Neste campo, Bernardino Machado teve que agir com redobrada cautela, principalmente em relação à Grã-Bretanha. Devido à influência que esta exercia sob os restantes países europeus, a questão do exílio do deposto D. Manuel II teve que ser tratada com bastante prudência.

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AS LEIS DA REPÚBLICA Nomeado o Governo Provisório, cedo são tomadas medidas que marcaram o rumo do novo regime. 10 de Outubro de 1910 – Revogadas as leis de excepção e a lei de imprensa de João Franco (a nova Lei de Imprensa será adoptada a 28 de Outubro). 12 de Outubro de 1910 – Nomeada uma comissão para estudar a organização de um Corpo de Segurança (substituição da Guarda Municipal pela futura Guarda Nacional Republicana). 12 de Outubro de 1910 - Fixação do calendário dos dias feriados, donde foram retirados todos os que tinham conotação religiosa. 13 de Outubro de 1910 – O Código Administrativo de 1896 é substituído pelo Código Administrativo de 1878, o que implicava a nomeação de novas comissões paroquiais que iriam substituir as antigas juntas de paróquia do tempo da Monarquia. 18 de Outubro de 1910 – Abolido o juramento religioso. 22 de Outubro de 1910 – Abolido o ensino da doutrina cristã nas escolas primárias. 3 de Novembro de 1910 – Promulgada a Lei do Divórcio. 4 de Novembro de 1910 – Amnistia dos crimes políticos e de imprensa. 12 de Novembro de 1910 – Lei do Inquilinato. 6 de Dezembro de 1910 – Regulamentado o direito à greve. 25 de Dezembro de 1910 – Leis da Família. 28 de Dezembro de 1910 – Lei de Defesa da República. 31 de Dezembro de 1910 – Legislação sobre o destino dos bens das congregações religiosas. 18 de Fevereiro de 1911 - Promulgação do Código do Registo Civil, que veio obrigar e estabelecer prioridade a todos os actos civis em detrimento dos religiosos, culminando no encerramento dos registos paroquiais. 20 de Abril de 1911 – Promulgada a Lei de Separação do Estado e da Igreja, que visava a separação entre poder político e a Igreja Católica. Entre outras disposições, esta lei transformava o Estado português num Estado laico e expropriava o clero dos seus bens.

No dia 1 de Dezembro de 1910, foi pela primeira vez hasteada, nos Restauradores, a bandeira oficial da República Portuguesa, escolhida após concurso público

Proclamada a República, o Governo Provisório iniciou a adopção de um vasto conjunto de diplomas legais que exprimiam as principais orientações programáticas do novo regime, designadamente a liberdade de imprensa e de associação, a separação do Estado da Igreja Católica, a expulsão dos jesuítas e de outras congregações religiosas, novas leis da família, do divórcio e do inquilinato, a reorganização das forças policiais. A educação e o combate ao analfabetismo foram igualmente prioridades do novo poder: criaram o ensino infantil, novas escolas do ensino primário e técnico, as Universidades de Lisboa e do Porto e desenvolveram as escolas móveis. Nas cidades e vilas, multiplicaram-se os Centros Escolares Republicanos que, para além da alfabetização, ensinavam a formação cívica, laica e democrática. 8 de Outubro de 1910 – Determinada a expulsão dos jesuítas e de outras congregações religiosas.

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HERANÇA REPUBLICANA Em 1891 é publicado o Manifesto e Programa do Partido Republicano, que apresentava o projecto republicano para Portugal. Começava com um relato dos acontecimentos depois do Ulti- Liberdades essenciais matum. Descrevia a decadência do regime monárquico-cons- • Liberdade de consciência e da igualdade civil e política titucional, que se mantinha «apenas pela indiferença geral». para os instruídos. • Registo civil obrigatório. Cada nação devia ter «um partido seu, que pugne pela sua • Ensino elementar obrigatório. dignidade e independência, tirando da civilização moderna as • Secularização de cemitérios. bases de uma nova reorganização política». O Partido Repu- • Educação progressiva da mulher. blicano, que se desenvolveria «na razão directa do desalento público e da propaganda do moderno saber, traduzido na fe- Liberdades políticas • Sufrágio universal. cunda corrente europeia», cumpria esse papel. • Autonomia municipal. Só com a «República», definida como «uma nacionalidade • Descentralização e administração civil das províncias ulexercendo por si mesma a própria soberania, intervindo no tramarinas. exercício normal das suas funções e magistratura», «acaba- • Liberdade de associação, reunião e representação (excepto rão os interesses egoístas que nos perturbam e vendem, só da força armada sob forma colectiva). assim aparecerá uma geração nova capaz de civismo e sacri- • Liberdade do trabalho e da indústria. • Abolição de monopólios. fícios pela pátria». • Extinção dos poderes hereditários e os privilegiados. Definia liberdade e igualdade – em termos políticos – com uma proposta de organização dos poderes do Estado: o legis- Liberdades civis lativo, o executivo e o judicial, rejeitando o poder moderador • Extinção das últimas formas senhoriais da propriedade. • Obrigatoriedade do cultivo da terra sob pena de expropriada Carta e perfilhando as bases da Constituição de 1822. ção. Concluía com as garantias individuais – liberdades essen- • Reforma do regime hipotecário. • Novo sistema de regulamentação do trabalho de menores. ciais, políticas e civis. Destacam-se: • Não concorrência do Estado com as indústrias particulares. • Revisão de pautas. • Diminuição do imposto de consumo nos géneros de primeira necessidade. • Resgate da dívida pública externa, bem como a regularização da interna.

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ACTIVIDADES PEDAGÓGICAS Ao entrarmos no segundo século da República em Portugal, conhecer o passado e pensar o futuro deste regime, dos seus valores e ideais, constitui um aliciante desafio. Porque celebramos o centenário da implantação da República? Utilize esta pergunta como ponto de partida para introduzir o estudo deste período histórico e converse com os seus alunos sobre os seguintes tópicos: O que é uma República? O que é uma Monarquia Constitucional? Quais as principais diferenças/semelhanças entre estes dois regimes? O que mudou? O que é uma revolução?


ACTIVIDADES 1.º CICLO Peça a peça, descobre a República! A nova unidade nacional, que almejava o fim da decadência associada à Monarquia, desenvolveu-se em torno de grandes símbolos nacionais, pelo recurso à História e aos seus heróis, feitos valorosos e datas marcantes. Entre todos eles, destacam-se os bustos da República, as bandeiras, os postais, os selos, os cartazes ou os barretes frígios, que se inscrevem numa política de formação do “novo cidadão” e de difusão dos ideais e dos símbolos da nova vida republicana.

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Converse com os seus alunos sobre este tema e desafie-os a criarem um puzzle gigante. Para tal, disponha no chão da sala papel cenário (que poderá posteriormente reforçar com cartão ou plastificar) ou várias cartolinas previamente coladas e peça aos alunos que desenhem e pintem símbolos associados à República e ao republicanismo. De seguida, deverá fotografar o desenho colectivo e só depois traçar com um lápis ou marcador os contornos por onde as peças do puzzle deverão ser cortadas. No final de recortadas as peças, divirta-se com os seus alunos a montar o puzzle e convide alunos de outras turmas a participar neste desafio. Esta actividade pode também ser realizada individualmente, na qual cada aluno construirá o seu próprio puzzle.

Uma bandeira nova? Ao longo da história portuguesa, um dos principais símbolos de referência do país, a bandeira, sofreu alterações de acordo com os episódios mais marcantes que a ilustram.

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Uma vez que a bandeira portuguesa comemora cerca de 100 anos de existência, desafie os seus alunos a desenharem a sua bandeira nacional, através das cores e símbolos que eles associam hoje a Portugal. No final, poderá mostrar alguns exemplares de bandeiras portuguesas até à actual, explorando o significado das cores e dos símbolos que as compõem. Para mais informação sobre a evolução da bandeira nacional, consultar: http://www.portugal.gov.pt/PT/GC17/PORTUGAL/SIMBOLOSNACIONAIS/EVOLUCAODABANDEIRANACIONAL/Pages/BandeiraNacional_Evolucao.aspx

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ACTIVIDADES 2.º CICLO Dicionário republicano Muitas são as palavras que podemos associar ao termo “República”, podendo, a partir delas, reconstruir um pouco daquilo que foi este período histórico. Rei, rainha, presidente, voto, monarquia, cidadão, são algumas das que ilustram a história deste novo regime político.

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A partir da palavra “República”, proponha aos seus alunos que elaborem um dicionário temático ilustrado. Para tal, irá necessitar de folhas de papel A4, lápis, borrachas, tesouras, colas, lápis de cor, tintas, cartolinas grossas ou cartão, furador e ráfia. Reúna a sua turma em grupos de dois ou de três (no máximo) e peça-lhes que façam uma lista dos termos mais importantes que estão associados a este tema e que criem definições para cada um deles. Seguidamente, deverão escrever os termos e respectivas definições em folhas de papel A4 (na posição horizontal) e desenhar um quadrado de 10x10 cm no canto inferior esquerdo. À parte, peça-lhes que desenhem em folhas de papel vários quadrados de 10x10 cm, que os recortem e distribua-os pelos elementos dos vários grupos. Proponha-lhes então que façam um desenho para cada uma das definições escolhidas nos quadrados de papel e que pintem com lápis de cor ou tintas. Deverão, depois, recortar os desenhos e colá-los nos quadrados correspondentes a cada definição. Com a cartolina grossa ou cartão, poderão fazer uma capa e uma contracapa para o dicionário ilustrado e decorá-la. No final, poderão ainda furar com um furador a capa, contracapa e as páginas do dicionário e utilizar ráfia para prender. Em vez de pintar os desenhos com lápis de cor ou tintas, poderão também utilizar a técnica de recortes e colagens, com o recurso a revistas e jornais velhos.

Se eu fosse… Ao longo dos séculos, muitas foram as profissões que se desenvolveram no nosso país. Umas decorrentes da evolução de actividades económicas e das transformações industriais, outras decorrentes dos próprios hábitos culturais e sociais dominantes ou dos próprios regimes políticos vigorantes.

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Desafie os seus alunos a escolherem uma profissão que associem à República e a encarnarem a personagem escolhida: por exemplo, um político (republicano ou monárquico), o rei, um escritor, um artista, um operário…

De seguida, deverá pedir-lhes que escrevam uma composição sobre o dia-a-dia da vida da profissão seleccionada. O que faz de manhã? Quando almoça? Quais as tarefas da tarde? A que horas termina o trabalho? Após escreverem o texto, cada aluno deverá fazer um desenho ou uma apresentação dramatizada aos colegas de turma, relacionado com a profissão que escolhida.

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ACTIVIDADES 3.º CICLO A República aqui ao lado A História de Portugal, e muito particularmente o período da implantação da República, encontra-se ilustrada em monumentos, ruas e festividades, que contam as estórias de figuras importantes e de grandes feitos históricos. Com a revolução do 5 de Outubro de 1910 e a mudança de regime político, assistiu-se ao fenómeno de alteração da toponímia existente e a atribuição de nomes de personalidades e acontecimentos republicanos a artérias e praças das cidades que remetiam para a construção de um novo imaginário nacional.

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Proponha aos seus alunos que realizem uma pesquisa na Internet, na biblioteca da escola ou na biblioteca municipal sobre momentos (estatuária), nomes de ruas e feriados da sua localidade e concelho que se relacionem directamente com a implantação da República em Portugal. Cada aluno deverá escrever um artigo sobre as descobertas realizadas durante a sua pesquisa e apresentá-las aos restantes colegas.

Máquina do tempo Num Portugal maioritariamente atrasado e analfabeto, os republicanos rapidamente perceberam que seria através do poder da imagem, dos símbolos, do uso de objectos que, pelo uso comum, se difundiriam os ideais da República.

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Desafie os seus alunos a reflectir sobre este marcante período da História Portuguesa e proponha-lhes o seguinte: se pudessem transportar para o futuro cinco objectos que simbolizem a República, quais escolheriam? Cada aluno deverá escrever um texto que justifique a escolha daqueles objectos e partilhar com os restantes elementos da turma as respectivas selecções.

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ACTIVIDADES SECUNDÁRIO (D)escrever a República A crise política, económica e financeira, bem como o mal-estar e descontentamento sentidos pela sociedade portuguesa da época, compunham o cenário dramático e decadente que os escritores finisseculares denunciavam nas suas obras. A passagem do século concentrava essa ideia de crise e decadência, que foi imortalizada nas palavras de escritores como Eça de Queirós e António Nobre – ambos falecidos em 1900 – Teixeira de Queirós e Fialho de Almeida, ou ainda Guerra Junqueiro.

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Desafie os seus alunos a organizarem-se em grupos de três ou quatro elementos (no máximo) e a realizarem uma pesquisa sobre alguns destes autores ou obras. Realizada a investigação, deverão criar uma apresentação dinâmica (PowerPoint, um filme, uma dramatização, entre outros recursos à escolha) sobre a informação recolhida.

Eu voto! Celebrar a implantação da República é uma importante realização cívica, em que se revisitam os ideais republicanos e se promove a reflexão e o debate sobre os grandes desafios que se colocam à sociedade portuguesa contemporânea na entrada do segundo século de República em Portugal. De entre importantes heranças, salientam-se valores essenciais como a laicização do Estado, a valorização e reforma do Ensino ou novas formas de participação e cidadania.

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Proponha aos seus alunos que formem grupos de seis (no máximo) e que se organizem em partidos políticos. Deverão escolher o nome do partido que representam e elaborar o seu manifesto. De seguida, cada partido deverá realizar uma apresentação de 15 minutos (no máximo) sobre o que considera ser a herança republicana – tendo como ponto de partida o Manifesto e Programa do Partido Republicano de 1891 – ao qual se seguirá um debate. O(a) docente deverá desempenhar o papel de moderador. No final, deverá realizar-se a eleição do partido mais convincente.

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RECURSOS PEDAGÓGICOS


CRONOLOGIA DATA

ACONTECIMENTO

16 Set. 1856

Inauguração das primeiras linhas de telégrafo em Portugal, por iniciativa do ministro das Obras Públicas, Fontes Pereira de Melo.

28 Out. 1856

Inauguração da primeira linha de caminho-de-ferro (Lisboa Carregado).

1859

Fundação da Companhia Real de Caminhos-de-Ferro Portuguesa (CP).

1861

Início do reinado de D. Luís I, “O Popular” (1838-1889).

25 Mar. 1876

Fundação do Centro Eleitoral Republicano Democrático em Lisboa, tendo sido legalmente constituído e aceite pela Monarquia Constitucional.

3 Abr. 1876

Eleição do directório do Partido Republicano.

1877

Instalação dos primeiros dois telefones em Lisboa: um no Observatório Astronómico da Ajuda e outro no Observatório Meteorológico da Escola Politécnica. O rei D. Luís entusiasmou-se tanto com este equipamento, que mandou instalar um no Palácio das Necessidades e outro no Teatro S. Carlos, para poder ouvir a ópera por telefone.

1878

Inauguração dos primeiros seis candeeiros eléctricos, no Chiado.

13 Nov. 1878

O Partido Republicano elege o seu primeiro deputado: Rodrigues de Freitas, candidato pelo círculo do Porto.

8 Jun. 1880

Comemorações do Tricentenário de Camões. A Comissão Executiva era presidida por Teófilo Braga, contando ainda com Ramalho Ortigão, Pinheiro Chagas, aproveitam as comemorações para promoverem publicamente a defesa da República.

10 Jun. 1880

Cortejo cívico, em Lisboa.

8 Mai.1882

Comemoração do Centenário da morte do Marquês de Pombal. O momento é aproveitado pelo partido republicano para promover várias manifestações de cariz anticlerical e anti-jesuítico, mas o governo impede a realização destas acções.

1883

Congresso da Comissão Organizadora do Partido Republicano.

29 Jun.1884

Eleições gerais e vitória do Partido Regenerador. O Partido Republicano elege dois deputados pelo círculo de Lisboa.

1884-1885

Conferência Colonial de Berlim – estabelece a ocupação efectiva como critério de legitimação da soberania nas colónias, por oposição ao da prioridade de descoberta. A partir desta data acelera-se o processo das conquistas militares em África, por parte das potências europeias. Expedição de Capelo e Ivens que atravessam o continente africano ligando Angola a Moçambique.

1886

Portugal assina com França e Alemanha convénios que lhe garantem a soberania sobre o hinterland africano entre Angola e Moçambique, o chamado mapa cor-de-rosa. A Inglaterra reage de imediato, repudiando estes acordos.

19 Out.1889

Morte de D. Luís.

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CRONOLOGIA DATA

ACONTECIMENTO

1889

Início do reinado de D. Carlos I, “O Martirizado” (1863-1908).

1889

Portugal atravessa um período de grave crise económica e social.

11 Jan.1890

Ultimatum Britânico. O Governo português cede às exigências. Têm lugar, por todo o país, manifestações contra a decisão. Alfredo Keil compõe A Portuguesa que se transformará mais tarde no hino nacional. Morte de Camilo Castelo Branco.

12 Jan.1891

Publicação do Manifesto do Partido Republicano Portuguez.

31 Jan.1891

Tentativa de implantação da República no Porto. Esta foi a primeira revolta destinada a implantar a República em Portugal.

1892 02 Mar.1894

Portugal entra em bancarrota. V Centenário do nascimento do Infante D. Henrique.

1895

Entrada do primeiro automóvel em Portugal. Era da marca Panhard et Levassor e pertencia a um senhor chamado Jorge Avillez. O limite máximo de velocidade era de 6km à hora.

1896

Chegada do cinema a Portugal. O filme foi apresentado num ecrã improvisado no teatro do Real Coliseu em Lisboa.

Agos.1897

Constituição da Carbonária Portuguesa.

1899

Surto de peste bubónica no Porto.

1900

O Censo indicou 3 271 021 analfabetos para uma população maior de 7 anos de 4 824 410 (74,0%). Existiam cerca de 2380 km de vias-férreas em exploração. A CP tinha 6 206 748 utentes. A expedição de uma carta custava 25 réis. Morre Eça de Queirós, em Paris.

16 Set.1900 1901

30 Abr. 1901 1905 19 Mai.1906

Publicação do primeiro número do diário republicano “O Mundo”. Os americanos passam a ser movidos a electricidade. Cisão no Partido Regenerador, chefiada por João Franco. Dissolução parlamentar. Nova lei eleitoral. Criação de uma Junta Liberal Republicana, presidida por Miguel Bombarda. Caso Calmon, que provoca fortes reacções anticlericais. Tem lugar a chamada “Questão do Contrato do Tabaco” em torno da concessão do monopólio da indústria e do comércio dos tabacos no país. D. Carlos chama João Franco a formar governo.

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CRONOLOGIA DATA 4 Nov. 1906 1907 10 Mai.1907 1908

ACONTECIMENTO Eleições municipais no Porto, com a vitória do PRP. Fundação do Animatógrafo do Rossio, em Lisboa. Dissolução da Câmara dos deputados sem marcação de eleições. Início da ditadura de João Franco. Fundação do Chiado Terrasse, no Parque Mayer, em Lisboa.

28 Jan. 1908

Tentativa de revolução republicana, em Lisboa, que ficou conhecido como Golpe do Elevador da Biblioteca. Várias figuras do partido são presas e condenadas ao degredo.

31 Jan. 1908

D. Carlos assina o decreto que permite expulsar do país todos os que fossem pronunciados por crimes contra a segurança do Estado.

1 Fev.1908

Regicídio. O rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe são assassinados no Terreiro do Paço, em Lisboa. O príncipe D. Manuel sobe ao trono.

8 Fev. 1908

Funerais do rei D. Carlos e de D. Luís Filipe.

1908 5 Abr. 1908 28 Agos.1908 1 Nov. 1908

Início do reinado de D. Manuel II, “O Rei Saudade” (1889-1932) Eleições legislativas. O PRP elege 7 deputados. Sessão preparatória da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Eleições autárquicas. O PRP obtém a maioria dos votos para a Câmara Municipal de Lisboa.

24-25 Abr. 1909

Congresso do PRP, em Setúbal. Eleição de um novo Directório, responsável por preparar uma revolução, (apoiado por um comité revolucionário). Congresso Nacional Operário, convocado pela Federação Operária de Lisboa.

1910

A CP tinha 7 748 794 utentes. Existiam cerca de 16 000 km de estradas construídas. Existiam 3500 assinantes de telefone na área de Lisboa, cerca de 1500 na do Porto e menos de 1000 no demais país. Cada chamada telefónica de cinco minutos dentro da cidade custava 1 tostão, dez vezes mais o preço de um jornal diário. Foram introduzidos em Lisboa os primeiros elevadores eléctricos.

29 Abr. 1910

O 11º Congresso do Partido Republicano, reunido no Porto, coloca abertamente a questão da conquista do poder.

7 Mai. 1910

D. Manuel II viaja para Londres para assistir aos funerais de Eduardo VII.

Jun.-Jul. 190

José Relvas, Alves da Veiga e Sebastião Magalhães Lima integram uma missão diplomática ao estrangeiro, para auscultar a posição de alguns países face a uma eventual mudança de regime.

4 Jun. 1910

Falência do Crédito Predial Português, arrastando muitas das figuras cimeiras dos partidos monárquicos e provocando a queda do governo Veiga Beirão.

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CRONOLOGIA DATA

ACONTECIMENTO

14 Jun. 1910

A Maçonaria cria uma Comissão de Resistência, que irá dirigir as estruturas clandestinas que preparam a insurreição republicana.

2 Jul. 1910

Carta de Paris de Magalhães Lima: “A Missão deu um resultado seguro. A questão já não é do estrangeiro: é daí…”.

14 Jul. 1910

Concluído o texto da Proclamação da República, elaborada por Guerra Junqueiro e Sampaio Bruno.

28 Agos.1910

Eleições legislativas. O PRP consegue eleger 14 deputados para o Parlamento. O Governo é derrotado em Lisboa, Porto, Aveiro e Setúbal.

Set. 1910

Alastra o surto de greves, designadamente entre os tecelões, os operários corticeiros e os tanoeiros.

23 Set. 1910

Último discurso real na Abertura das Cortes, que são de imediato adiadas.

27 Set. 1910

D. Manuel II participa nas comemorações da batalha do Buçaco, recebendo demonstrações de lealdade dos militares.

29 Set. 1910

Reunião decisiva em que participam os principais protagonistas da conspiração republicana.

1 Out. 1910

O Presidente eleito do Brasil, Marechal Hermes da Fonseca, inicia a sua visita a Portugal, a convite do rei – a visita terminará já com a República implantada.

2 Out. 1910

A Comissão de Resistência aprova a Ordem Geral do Comité Civil da Carbonária Portuguesa. É definitivamente marcada a eclosão do movimento revolucionário. Cândido dos Reis reúne com oficiais da Marinha e comunica a Machado Santos que “a revolução viria para a rua à 01h00m da madrugada do dia 4”.

3 Out. 1910

Assassinato de Miguel Bombarda. Reunião de emergência na sede do PRP. O Almirante Cândido dos Reis, chefe militar da revolução, decide avançar na noite seguinte.

4 Out. 1910

Suicídio de Cândido dos Reis. Proclamação da República em Loures e Almada. Às 00h45m, 30 ou 40 civis armados, comandados por Machado Santos, saem do Centro Republicano de Santa Isabel, em Campo de Ourique, e tomam o quartel de Infantaria 16.

4-5 Out. 1910

Elementos civis armados, quase todos da Carbonária, e militares republicanos convergem para a Rotunda (actual Praça Marquês de Pombal) e levantam improvisadas barricadas. Machado Santos assume o comando, vencendo a desorganizada resistência das tropas monárquicas. Entretanto, a Marinha bombardeia o Palácio Real.

5 Out. 1910

Embarque na Ericeira da Família Real para o exílio. Proclamação da República. Constituição do Governo Provisório (5 Out. 1910 a 3 Set. 1911), presidido por Teófilo Braga.

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CRONOLOGIA DATA

ACONTECIMENTO

6 Out. 1910

O policiamento da cidade de Lisboa é entregue às comissões paroquiais republicanas. Proclamada a República no Porto.

7 Out. 1910

Restabelecida a circulação ferroviária em todo o País.

8 Out. 1910

Encerramento dos conventos e expulsão dos jesuítas e outras congregações religiosas.

10 Out. 1910

Populares assaltam e destroem os jornais lisboetas “Liberal” (ex-progressista) e “Portugal” (católico ultramontano). O governo britânico determina o regresso do iate “Amélia”, propriedade do Estado, que havia transportado a família real até Gibraltar.

11 Out. 1910

Ocorrem em Almada novos incidentes anticlericais e, especialmente, contra os jesuítas. São presos membros de congregações religiosas: 82 religiosos são detidos em Caxias e 48 no Limoeiro, enquanto 233 freiras são conduzidas para o Arsenal de Marinha. Outros religiosos, nomeadamente jesuítas, foram de imediato mandados seguir para o estrangeiro.

12 Out. 1910

Criação da Guarda Nacional Republicana (G.N.R.). O Governo britânico anuncia que D. Manuel será recebido como simples particular. A República chega a todo o país e às diferentes colónias.

18 Out. 1910

Abolição do juramento religioso em actos oficiais. Abolição dos títulos de nobreza.

22 Out.1910

O Brasil e a Argentina reconhecem a República Portuguesa. Abolição do ensino religioso nas escolas.

24 Out.1910

O teatro D. Maria II passa a designar-se Teatro Nacional.

3 Nov. 1910

Aprovação da Lei do Divórcio.

15 Nov. 1910

Primeira greve da República. Ferroviários da linha da Póvoa. Greve dos trabalhadores da Carris. Inicia-se uma vaga de greves.

6 Dez.1910

Decreto a restringir o direito à greve (o chamado decreto burla).

15 Dez.1910

Instituição do casamento civil, e promulgação de lei da família.

1911 Jan. 1911

Existiam, no Norte, 407 cartas de condução e, no Sul, 729. Vaga de greves em todo o país, com reivindicação de melhores salários e redução dos horários de trabalho. Os mais activos são: os operários de fábricas de cortiça e conservas do distrito de Setúbal, de têxteis do Porto e Braga, da CUF, no Barreiro; os camponeses do Alentejo e do Ribatejo; os ferroviários e trabalhadores dos transportes urbanos; os trabalhadores da Companhia de Gás de Lisboa. As greves são violentamente reprimidas pela GNR.

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CRONOLOGIA DATA

ACONTECIMENTO

6 Jan.1911

António José de Almeida entra em choque com o governo provisório. Conflitos entre vários dirigentes do Partido Republicano Português (PRP).

18 Fev.1911

Instituição do Registo Civil obrigatório.

14 Mar.1911

Lei eleitoral. Ao contrário do que fora prometido, a lei não reconhece o direito de voto a todos os adultos portugueses.

22 Mar.1911

Criação das Universidades de Lisboa e do Porto, e criação da Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra, em substituição da Faculdade de Teologia que foi extinta.

29 Mar.1911

Reorganização do ensino primário e criação do ensino oficial infantil e criação das Escolas Normais Superiores para formação de professores.

20 Abr.1911

Lei de Separação do Estado das Igrejas. Continuação das perseguições contra o clero. Os bens da Igreja são nacionalizados. Conflitos entre o Governo e a Igreja. O Vaticano corta relações com Portugal.

22 Mai.1911

O escudo passa a ser a moeda oficial, em substituição do real.

25 Mai.1911

Reorganização do exército.

28 Mai.1911

Eleição da Assembleia Nacional Constituinte.

19 Jun.1911

Abertura da Assembleia Constituinte (229 membros). Os Estados Unidos da América reconhecem a República Portuguesa. Criação da bandeira nacional por decreto da Assembleia Constituinte.

19 Jul.1911

Criação do Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa.

21 Agos.1911

Promulgação da Constituição da República.

24 Agos.1911

Eleição do 1.º Presidente da República, Manuel de Arriaga (24 Ago.1911 a 29 Mai.1915). A França reconhece a República Portuguesa.

25 Agos.1911

Entrada em vigor da Constituição da República.

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BIOGRAFIAS Afonso Costa (1871-1937) Advogado e professor do ensino universitário. Esteve ligado aos conspiradores da revolta de 31 de Janeiro de 1891, na sequência do Ultimatum. Membro destacado do Partido Republicano, o seu combate parlamentar contra os abusos da Monarquia e do franquismo, em especial na questão dos adiantamentos à Casa Real, em 1906, valeu-lhe a expulsão do parlamento, e grande projecção política. Foi várias vezes preso por conspirar contra o regime. Figura emblemática do primeiro período da República (1910-1917), chefe da facção democrática do Partido Republicano, liderou três ministérios (1913-1914, 1915-1916 e 1917), sendo o autor das principais leis do novo regime. Esteve preso após o golpe de Sidónio Pais, exilando-se em França depois de liberto (Abril de 1918). Afonso Palla (1861-1915) Oficial do Exército, maçon e um dos organizadores e participantes do 5 de Outubro, conseguiu sublevar o regimento de Artilharia 1. Foi deputado à Assembleia Constituinte em 1911 e, posteriormente, em 1915. Morreu nesse ano, devido a ferimentos sofridos nas campanhas de África.

Alexandre Braga (1871-1921) Advogado, aderiu ao ideal republicano nos tempos de estudante. Juntamente com António José de Almeida e Afonso Costa contribuiu para a difusão popular do republicanismo. Foi eleito deputado, pela primeira vez, em 1906. Entre os cargos ministeriais que desempenhou, conta-se achefia da pasta da Justiça, em 1917, no governo de Afonso Costa.

Ana de Castro Osório (1872-1935) Escritora, inaugurou o género literário infantil em Portugal. Iniciada na Maçonaria, fundou a loja feminina Humanidade. Impulsionou a criação da Liga Republicana de Mulheres, teve um importante papel na propaganda do ideal republicano, e na elaboração da lei do divórcio, em colaboração com Afonso Costa.

Angelina Vidal (1853-1917) Poetisa, jornalista e professora. Defensora das classes desfavorecidas, e particularmente da classe operária. Apologista dos ideais republicanos de uma sociedade mais justa e liberal. Colaborou em vários jornais, nomeadamente na “Voz do Operário”.

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BIOGRAFIAS António José de Almeida (1866-1929) Figura histórica do Partido Republicano. O seu artigo “Bragança, o último”, publicado durante a crise do Ultimatum britânico, valeu-lhe a prisão e granjeou-lhe notoriedade política. Foi um dos deputados republicanos eleitos em 1906. Iniciado na maçonaria no ano seguinte, serviu de elo de ligação entre a Comissão de Resistência da Maçonaria e o Partido Republicano na preparação da revolução. Foi ministro do Interior do governo provisório da República. Depois de 1911, organizou o Partido Evolucionista. Desempenhou o cargo de Presidente da República entre 1919 e 1923.

António Maria da Silva (1872-1950) Engenheiro de minas, carbonário, integrou o grupo dirigente da Alta-Venda, juntamente com Luz de Almeida e Machado Santos, contribuindo para a organização do 5 de Outubro de 1910. Foi deputado à Assembleia Constituinte (1911). Substituiu Afonso Costa na direcção do Partido Republicano após 1919, dirigindo vários ministérios, incluindo o último da República.

Beatriz Pinheiro de Lemos (1872-1922) Escritora e professora. Defendeu a emancipação feminina e a igualdade civil e política das mulheres nos seus escritos. Fundou em Viseu, a revista literária “Ave Azul”, juntamente com o marido, o poeta Carlos de Lemos. Presidiu à Comissão Executiva da União Liberal das mulheres de Viseu.

Bernardino Machado (1851-1944) Professor, jornalista e político, foi filiado no Partido Regenerador. Em 1903 aderiu ao republicanismo, integrando o Directório do Partido Republicano pouco depois. Durante a greve académica de 1907, tomou o lado dos estudantes, demitindo-se, em protesto, da posição de lente catedrático da Universidade de Coimbra. Exerceu a pasta dos Negócios Estrangeiros durante o governo provisório, desempenhando, por duas vezes, a Presidência da República, ambas interrompidas, uma pelo golpe de Sidónio Pais, em Dezembro de 1917, e outra pela ditadura militar em 28 de Maio de 1926. Basílio Teles (1856-1923) Considerado um dos mais importantes intelectuais da sua época, escreveu uma vasta obra nas áreas da política e economia – um notável legado para a compreensão do período em que viveu. Colaborou com diversos jornais políticos e literários republicanos e, em 1905, evidenciou-se com a publicação de Do Ultimatum ao 31 de Janeiro – Esboço de História Política, em 1905. A sua participação na malograda revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, obrigou-o a exilar-se, regressando ao país após lhe ter sido concedida uma amnistia. Implantada a República, foi convidado para fazer parte do Governo Provisório, com a pasta da Fazenda, cargo que recusou, sendo depois substituído por José Relvas.

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BIOGRAFIAS Cândido dos Reis (1852-1910) Vice-almirante passado à reforma em 1909, republicano convicto, tomou parte na luta antimonárquica, e na propaganda anticlerical. Foi membro da Junta Liberal e ingressou na Carbonária, depois de 1908. Participou na preparação do 5 de Outubro, sendo responsável pela componente militar. Na madrugada de dia 4, embora a revolução já estivesse na rua, convenceu-se de que tudo estava perdido e suicidou-se. A República prestou-lhe exéquias solenes.

Correia Barreto (1853-1939) Militar, foi integrado na comissão militar da revolução de 1910 por Cândido dos Reis. Assumiu a pasta da Guerra em três ocasiões (1910, 1912 e 1922). Foi o responsável político pela criação dos Pupilos do Exército de Terra e Mar, em Maio de 1911.

D. Manuel II (1889-1932) Filho de D. Carlos I, ascendeu ao trono na sequência do regicídio que vitimou o rei e o príncipe herdeiro. Foi o último monarca de Portugal, governando entre Fevereiro de 1908 e 5 de Outubro de 1910. Viveu o resto da vida no exílio.

Eça de Queirós (1845-1900) Advogado, escritor, marcou a cena literária portuguesa de meados do século XIX. Com o amigo Antero de Quental, aderiu ao grupo do Cenáculo e, em 1870, participou nas notáveis Conferências do Casino. Estas introduziram o Realismo no nosso país, representando o momento decisivo no percurso de Eça de Queirós e da sua geração. Com Ramalho Ortigão, iniciou a publicação de As Farpas - um inovador conceito de jornalismo, de crítica social e cultural. Enveredou pela carreira diplomática, ocupando, em 1872, o seu primeiro posto consular, em Havana. Entre meados da década de 1870, dedicou-se fundamentalmente à escrita, publicação e revisão de romances de cariz naturalista e realista, dos quais se destaca O Crime do Padre Amaro (1875), O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887) e Os Maias (1888). Eusébio Leão (1878-1921) Médico, participou activamente na propaganda republicana por ocasião do Ultimatum. Entrou para a Maçonaria em 1893, foi eleito secretário do Directório do Partido Republicano em 1909. Foi o primeiro Governador Civil de Lisboa após a proclamação da República. Foi deputado na Assembleia Constituinte (1911), e, posteriormente, aderiu aos unionistas de Brito Camacho.

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BIOGRAFIAS Feio Terenas (1856-1920) Teve profícua actividade no campo do jornalismo e do ensino, fundando e dirigindo diversos títulos de imprensa de grande relevância. Foi um dos fundadores do Partido Republicano, integrou os corpos directivos do Centro Federal de Lisboa (1881), esteve na organização do primeiro congresso republicano (1887), e ingressou no parlamento, como deputado, em 1906. A ele se deveu a antecipação da declaração da República em várias localidades do actual distrito de Setúbal. Em 1911, foi membro eleito da Assembleia Constituinte.

Ferreira do Amaral (1844-1923) Oficial da marinha e político, desempenhou o cargo de governador de Angola e de governador da Índia. Durante a sua carreira política, foi deputado, Ministro da Marinha no governo de Dias Ferreira, em 1892, e, interinamente, da pasta dos Estrangeiros. Em 1898, foi nomeado Par do Reino. Na sequência do regicídio, foi nomeado por D. Manuel II para presidir ao Governo, após o afastamento de João Franco. Este Governo ficou conhecido pela tentativa de implementar uma “política de acalmação”, com o objectivo de serenar os ânimos e de repor a normalidade constitucional. Aderiu, após a implantação da República, ao Partido Democrático de Afonso Costa. Guerra Junqueiro (1850-1923) Poeta e político, fez parte do grupo “Vencidos da Vida”. Usou a obra poética com fins políticos, contribuindo para o ambiente revolucionário dos últimos anos da Monarquia. Escreveu, juntamente com Sampaio Bruno, o texto da proclamação da República, em meados de 1910.

Hintze Ribeiro (1849-1907) Advogado e notável político, foi eleito de­p utado pela primeira vez em 1878. Três anos mais tarde, assumiu as pastas dos Negócios Estrangeiros e das Obras Públicas, Comércio e Indústria. Foi também Minis­t ro dos Negócios Eclesiásticos e Justiça e Ministro da Fazenda. Figura dominante da fase final da Mo­narquia Constitucional, torna-se líder do Partido Regenerador em 1900. Acumulou as funções de presidente do Conselho de Ministros com o Ministério do Reino, entre 1900 e 1904, cargos que voltaria a ocupar em 1906.

Inocêncio Camacho (1876-1943) Cursou Farmácia e dedicou-se ao ensino. Maçon e republicano, fez parte do Directório do Partido Republicano entre 1909 e 1911. Anunciou da varanda da Câmara Municipal de Lisboa os nomes do Governo Provisório da República, no dia 5 de Outubro. Depois de 1911, aderiu aos unionistas, e, mais tarde, ao Partido Liberal.

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BIOGRAFIAS João Franco (1855-1929) Foi o último chefe de governo nomeado pelo Rei D. Carlos I, em 1906. A partir do ano seguinte, o seu governo tomou um rumo ditatorial, agravando a repressão sobre os opositores e deliberando sem o Parlamento. Veio a ser deposto na sequência no regicídio.

José Relvas (1858-1929) Filiado na Maçonaria e no Partido Republicano. Distinguiu-se, nomeadamente, durante os protestos da lavoura ribatejana, em 1907, contra as medidas franquistas de protecção aos vinhateiros do Norte. Integrou a embaixada republicana ao estrangeiro, em Junho de 1910, e, na manhã de 5 de Outubro, juntamente com Eusébio Leão, fez a proclamação da República da varanda dos Paços do Concelho de Lisboa.

Luciano de Castro (1834-1914) Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, notabilizou-se como jornalis­ta, estadista e jurisconsulto. Foi chefe do Partido Progressista, sucedendo, em 1885, a Anselmo José Braamcamp. Fundou e co­laborou com diversos jornais e revistas. Homem de acção, exerceu as funções de deputado, ministro e presiden­te do Conselho de Ministros por diversas ocasiões, incluindo durante o conturbado ano de 1890, aquando do Ultimatum britânico, do qual resultou a queda do seu governo e a crise que conduziria à implantação da República, em 1910. Foi uma importante figura da cena política portu­guesa nos últimos 30 anos da Monarquia Constitucional, nomeadamente do sistema de rotativismo parlamentar. Luz de Almeida (1867-1939) Formado em Letras, arquivista e bibliotecário. A sua importante prestação na preparação da revolução republicana remonta a 1897, quando transformou a Junta Revolucionária Académica em Carbonária Portuguesa, o que permitiu cativar e enquadrar as classes populares na obra revolucionária. Posteriormente, remodelou a organização, facilitando o alargamento da sua implantação na sociedade. Juntamente com António Maria da Silva e Machado Santos intensificou os trabalhos preparatórios da sublevação. Exilou-se em França, em 1909, fugindo à perseguição policial, regressando após a proclamação da República. Machado Santos (1875-1921) Comissário naval, maçon e carbonário. Encabeçou o grupo de civis armados que assaltou o quartel de Infantaria 16, dirigindo, a partir daí, a coordenação operacional do movimento de 5 de Outubro de 1910. A ele se deveu a organização da resistência republicana no alto da Av. da Liberdade, quando a revolução parecia ter fracassado, e por isso, ficou conhecido como o “herói da Rotunda”. Foi eleito deputado à Assembleia Constituinte, em 1911. A partir de 1913, envolveu-se em diversos movimentos conspirativos, vindo a participar, brevemente, no governo de Sidónio Pais. Foi assassinado durante a “noite sangrenta” de 19 de Outubro de 1921.

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BIOGRAFIAS Manuel Buiça (1876-1908), Alfredo Costa (1885-1908) Os regicidas. O primeiro era professor do ensino secundário, republicano e carbonário. O segundo, caixeiro-viajante, fundador da Social Editora, juntamente com Aquilino Ribeiro. Fizeram parte da intentona de 28 de Janeiro de 1908. Morreram no Terreiro do Paço, no dia do atentado ao rei. Transformaram-se em heróis da rua popular republicana.

Manuel de Arriaga (1840-1917) Advogado, professor, escritor e político, pertenceu à primeira geração do republicanismo, a da “propaganda”, aderindo cedo à Maçonaria e aos ideais republicanos. Integrou o Directório do Partido Republicano nos últimos anos de século XIX. Foi o primeiro Presidente da República. Forte adversário da hegemonia de Afonso Costa sobre o sistema político, chamou Pimenta de Castro a formar governo em 1915, dando origem a uma curta ditadura, deposta em Maio do mesmo ano. Na sequência destes acontecimentos resignou à presidência.

Maria Veleda (1871-1955) Escritora e professora. Entrou para a Maçonaria em 1907, foi dirigente do Grupo Português de Estudos Feministas (1907-1908), órgão de difusão dos ideais feministas, e da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (1908-1919). Já depois da implantação da República, dirigiu a associação Feminina de Propaganda Democrática (1915-1916), apoiante da acção política de Afonso Costa.

Miguel Bombarda (1851-1910) Médico psiquiatra, liberal e anticlerical, iniciou a vida política em 1908, como deputado. Posteriormente, aderiu à Junta Liberal e ao Partido Republicano pouco antes do 5 de Outubro de 1910. Foi um dos principais dirigentes da revolução, ficando a seu cargo a distribuição de armas aos grupos civis, e estando prevista a sua participação no assalto ao quartel de Artilharia 1, em Campolide. Foi baleado no dia 3 de Outubro, por um oficial do Exército, seu doente e ex-aluno dos colégios da Companhia de Jesus, vindo a falecer. A República homenageou-o como um dos seus principais inspiradores. Os “Deputados da peste” (1899) Em Agosto de 1899, foi declarada uma epidemia de peste bubónica no Porto. Procurando atenuar os efeitos da peste, o governo progressista determinou a instalação de um cordão sanitário na cidade. O Partido Republicano, aproveitando o descontentamento que estas medidas provocaram na população, consegue eleger três deputados nas eleições municipais de Novembro desse ano: Afonso Costa, Xavier Esteves e de Paulo Falcão, que ficaram conhecidos como os “deputados da peste”.

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BIOGRAFIAS Paiva Couceiro (1861-1944) Destacado militar e político colonial com uma carreira notável, foi um dos raros comandantes militares que tentou travar os revolucionários de 5 de Outubro de 1910, embora sem sucesso. Chefiou, após a implantação da República, as incursões militares monárquicas de 1911/12 contra o regime republicano durante a sua fase de consolidação. Em 1919, chegou mesmo a proclamar a Monarquia do Norte. Foi exilado pelo Estado Novo, em 1937, pelas críticas que dirigiu relativamente à defesa das colónias ultramarinas, em particular, de Angola.

Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) Célebre caricaturista português, a criatividade da sua obra foi apresentada nas diversas exposições em que participou, mas foi nos jornais e revistas que o seu traço satírico seria celebrizado. A situação política e social do país, bem como as figuras ilustres que marcaram a sua época foram os temas que mais se evidenciaram em toda a sua criação artística. Fundou vários jornais de cariz humorístico, dos quais de destacam “A Paródia”, “A Berlinda” ou “O António Maria”. Trabalhou também como ceramista, dando vida a várias personagens caricaturais, como o popular “Zé Povinho”. Foi o responsável pela construção do pavilhão de Portugal para a exposição de Paris, em 1889. Sebastião Magalhães Lima (1850-1928) Advogado e jornalista, um dos vultos históricos da primeira geração de republicanos. Fundou jornais de combate, teve participação activa em momentos chave de afirmação do republicanismo, como durante o Ultimatum. Maçon, iniciado em 1874, Grão-Mestre desde 1907, impulsionou a “republicanização” da Maçonaria. Membro do Directório do Partido Republicano, integrou a embaixada republicana ao estrangeiro, em Junho de 1910. Deputado à Assembleia Constituinte (1911), foi ministro da Instrução (1915). Esteve preso em Dezembro de 1918, acusado de envolvimento no assassínio de Sidónio Pais. Fundou, em Portugal, a Liga Portuguesa de Direitos do Homem, em 1922. Simões Raposo (1875-1948) Professor na Casa Pia, inspector da Escola A Voz do Operário, dedicou-se à difusão da cultura nos meios operários, colaborando com inúmeras associações e sindicatos. Iniciado na Maçonaria em 1897, participou na reorganização do Grande Oriente Lusitano Unido. Activo propagandista republicano, destacou-se ainda na preparação do 5 de Outubro, integrando a Comissão de Resistência da Maçonaria, na qual se responsabilizou pela organização dos revolucionários civis. Foi deputado à Assembleia Constituinte, em 1911, aderindo mais tarde ao Partido Evolucionista. Teófilo Braga (1843-1924) Professor e escritor, foi um dos fundadores do Partido Republicano Português. Intelectualmente filiado na corrente filosófica de Auguste Comte, teve um importante papel na estruturação do pensamento republicano, influenciando a matriz positivista do partido. Foi o chefe do governo provisório da República.

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BIOGRAFIAS “Zé Povinho” Com origem anterior à República, o “Zé Povinho” foi uma personagem de crítica social, criada por Rafael Bordalo Pinheiro no último quartel do século XIX, que personifica e caricaturiza o povo português. Simbolicamente muito ligada ao mundo popular, esta personagem reflectia a ingenuidade e a incapacidade de compreender a realidade da sua época. Encerrava uma imagem contraditória, optando ora por uma postura submissa, de indiferença e desconfiança, ora de fúria, insolência e revolta. Foi muito explorada na propaganda republicana.

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FONTES DE DOCUMENTAÇÃO PARA LER • Catroga, F. (1991). O Republicanismo em Portugal: da formação ao 5 de Outubro de 1910. Col. Estudos. Coimbra: Faculdade de Letras. • Cruz, A. & Letria J. J. (2010). Machado dos Santos - O Herói da Rotunda. Col. Figuras da História. Lisboa: Texto Editores. • Letria, J.J. (2007). O Dia em que mataram o Rei. Lisboa: Texto Editores. • Letria, J. J. (2009). A Minha Primeira República. Col. Moinho de Vento. Lisboa: Dom Quixote. • Magalhães, A. M. & Alçada. I. (1994). Mataram o Rei! (5.ª ed.). Lisboa: Editorial Caminho. • Maltez, J. A. (2005). Tradição e Revolução. Uma biografia do Portugal político do século XIX ao XXI. Vol. II (1910-2005). Lisboa: Tribuna da História. • Marques, A. H. (1981). Guia de História da I República Portuguesa. Lisboa: Editorial Estampa. • Marques, A. H. & Serrão, J. (1991). Nova História de Portugal. Vol. XI. Lisboa: Editorial Presença • Medina, J. (1986). História contemporânea de Portugal. Primeira República: da conspiração republicana ao fim do regime parlamentar. Lisboa: Amigos do Livro. • Rosas, F. & Rollo, M. F. (dir.) (2009). História da Primeira República Portuguesa, Lisboa: Tinta da China. • Rosas, F. (2007). Lisboa Revolucionária. Roteiro dos Confrontos Armados do Século XX. Lisboa: Tinta da China. • Ventura A. (2010). Os Postais da Primeira República. Lisboa: Tinta da China. PARA PESQUISAR • 200 Anos do Romance de Aventuras em Portugal http://purl.pt/301/1/ap-pt-2-1860.html • Arquivo de Cultura Contemporânea http://acpc.bn.pt/index.html • Arquivo Municipal de Lisboa http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/ • Assembleia da República http://www.parlamento.pt/Paginas/default.aspx • Biblioteca Museu República e Resistência http://republicaresistencia.cm-lisboa.pt/ • Fundação Mário Soares http://www.fmsoares.pt/

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FONTES DE DOCUMENTAÇÃO • Hemeroteca Digital http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ • Materiais para a História Eleitoral e Parlamentar Portuguesa, 1820/1926 http://purl.pt/5854/1/ • Museu da Presidência da República http://www.museu.presidencia.pt/ • Portal oficial da Comissão para as Comemorações do Centenário da República http://www.centenariorepublica.pt/ • Primeira República http://www.primeirarepublica.org/portal/ • República nas Escolas – Comissão para as Comemorações do Centenário da República http://www.centenariorepublica.pt/escolas/homepage/rep%C3%BAblica-nas-escolas PARA VISITAR

Resistência. Da alternativa republicana à luta contra a ditadura (1891-1974) Local: Centro Português de Fotografia, Porto. Em exibição: de 31 de Janeiro a 5 de Outubro de 2010. Viva a República! 1910-2010 Local: Cordoaria Nacional, Lisboa. Em exibição: de Abril a Outubro de 2010. Educar. Educação para todos. Ensino na I República Local previsto: Palácio Valadares, Lisboa. Em exibição: de 21 de Março a Outubro de 2010. Viajar. Viajantes e turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República Local: Terreiro do Paço, Torreão Nascente, Lisboa. Em exibição: de Março a Outubro de 2010. Corpo - Estado, Medicina e Sociedade no tempo da I República Local: Terreiro do Paço, Torreão Poente, Lisboa. Em exibição: de Março a Outubro de 2010. Carolina Beatriz Ângelo Local: Museu da Guarda, Guarda. Em exibição: de 24 de Junho a 31 de Outubro 2010. Teixeira Gomes, os anos passados no Porto Local: Museu Nacional Soares dos Reis, Porto. Em exibição: de Setembro de 2010 a Janeiro de 2011.

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FONTES DE DOCUMENTAÇÃO Da República em Mafra – Do atentado ao 5 de Outubro Local: Palácio Nacional de Mafra, Mafra. Em exibição: de 5 de Outubro a Dezembro de 2010 (data provisória) Os artistas da I República Local: Museu José Malhoa, Caldas da Rainha. Em exibição: de 8 de Outubro de 2010 a Janeiro de 2011. Exposição: Res Publica. 1910 e 2010 face a face Local: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Em exibição: de Outubro de 2010 a Janeiro de 2011. Às Artes Cidadãos Local: Fundação de Serralves, Porto. Em exibição: de Outubro de 2010 a Janeiro de 2011.

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