Revista MaOs. nº0

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Quando vemos a representaçom dum baile tradicional em cima dum cenário este esquema sempre se repete mas, na minha opiniom, o mais preocupante é que estamos a levar este mesmo esquema à nossa realidade, ao momento espontáneo onde nom reproduzimos um espetáculo senom a expressom natural com o nosso corpo. Entramos aqui na contradiçom: sustemos a essência do baile divertindo-nos e expressando-nos perante a música com o corpo mas nom revemos se em pleno século XXI queremos continuar a reproduzir esquemas desigualitários, machistas e heterossexistas. Nós, como partes ativas nas reviravoltas da nossa cultura, tivemos e temos o papel de rever essas ferramentas da cultura que nós mesmas criamos e temos a obriga de modificarmo-las, de

voltar mais umha vez a adaptar todo aquilo de que nom gostarmos, tendo em conta que essa adaptaçom tem de partir da revisom crítica do que fomos, do que somos e do que queremos ser. Por isso é necessário repensarmos a maneira em que mantemos o baile tradicional e, quando estivermos numha festa, todas e todos começar pontos, voltas ou passeios que nos levem por este caminho da adaptaçom à cultura que queremos: umha cultura igualitária criada desde umha sociedade em igualdade. Dizia Emma Goldmam que umha revoluçom em que nom se pudesse bailar nom seria a sua; agora podemos dizer que umha revoluçom em que nom podamos escolher como queremos bailar, nom será a nossa.

open source democracy [ José Ramom Pichel, director de I+D de

H

á uns anos procurava alguém que estivesse pensando na relação entre o software de código aberto (Open Source) e a democracia, e encontrei o livro de Douglas Ruskoff chamado «Open Source democracy: How online communication is changing offline politics». O título é um bom resumo de como a política online começa a substituir a offline. Casualidades, um ano antes, tinha perguntado numa mesa redonda no que falavam diferentes representantes de partidos políticos galegos uma questão relacionada: «Pensades que a gente nova, acostumada a decidir e comunicar horizontalmente nas redes sociais, é capaz de entender que se precisam intermediári@s verticais na política para tomar decisões que lhes afetam diariamente?» A resposta derivou na importância de relacionar partidos políticos com as redes sociais e a necessidade desse diálogo fluido entre governantes e governados.

imaxin|software ] E evidentemente é necessária esta relação, mas talvez já não chegue com isto. Se calhar para as pessoas com hábitos de cultura digital já não é possível conceber uma geografia relacional baseada em relações desiguais, mas em relações baseadas nos liderados efémeros. Estamos a presenciar como vai desaparecendo uma sociedade baseada na ligação catódica (ainda hegemónica) frente uma sociedade baseada na ligação espasmódica (que começa a disputar a hegemonia).

Revista MaOs nº0. Decembro de 2014, Santiago de Compostela.

Coordinación: MaOs Innovación Social, S.Coop.Galega Diagramación: Fran Amexeiras Deseño: Miguel Durán Impresión: Sacaúntos

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A primeira, baseada em receber a realidade já digerida através de televisões, rádios e jornais, sem arestas, um açúcar em forma de cubo para uma digestão rápida. A segunda, uma sociedade que gera certezas e incertezas ao mesmo ritmo de um espasmo, numa carreira de velocidade pola atenção das massas. A primeira um planeta de consumidores de opiniões. A segunda uma galáxia de consumidores e produtores de opiniões. A primeira um planeta de crentes com medo a perder espaços e tempos. A segunda uma galáxia com medo a perder velocidades. A primeira talvez acredite que a democracia online acaba nas votações de quem vai ganhar Eurovisão. A segunda talvez acredite que a democracia offline é uma visão velha para Europa. Provavelmente, a solução será polo meio: uma democracia digital direta de código aberto, que pense que a codecisão online/offline é uma arma carregada de futuro. Como a poesia.


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