Anuário ARede de Inclusão Digital 2012/2013

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mais utilizados em escritórios, 90% ensinam a usar produtos proprietários. Poucos dão um passo à frente, oferecendo capacitação para uso de aplicativos mais complexos de gestão, como acontece no projeto do Instituto da Oportunidade Social (pág. 126), ou em recondicionamento de máquinas, tônica dos cursos da ONG Oxigênio (pág. 70). Da edição anterior (2009-2010) para esta (2012-2013), observamos um aumento de ações focadas na criação de portais e redes de conteúdos, como Comunidade Virtual Escrevendo o Futuro (pág. 102) e o Escrevendo com o Escritor (pág. 62). Surgiram até parcerias com instituições estrangeiras que trazem para o Brasil iniciativas já consolidadas em outras partes do mundo – Connecting Classrooms (pág. 24) e Khan Academy (pág. 48). Mas ainda é pouco, se considerarmos o potencial da cultura digital. “Temos de pensar em qual é o papel dos centros públicos de acesso à internet”, diz a pesquisadora Marta Voelcker, da Fundação Pensamento Digital. Com base em um trabalho de campo nas bibliotecas públicas dos Estados Unidos, que atuam em ações de inclusão digital, Marta avalia que os telecentros e os projetos de inclusão sociodigital brasileiros poderiam, por exemplo, pensar nas TICs para a organização e disseminação de informações de interesse público. Ela dá um exemplo: “Poderíamos criar redes sociais de grupos segmentados e fazer circular a informação entre eles, via celular. Mães de Outra barreira que vem se erguendo menores em situação de conflito com a lei... e precisa rapidamente ser desfeita é a elas têm muito em comum, precisam das mesmas informações, podem se articular dissonância na interlocução do poder para o desenvolvimento de atividades de público com o terceiro setor seu interesse”.

Sinal amarelo A qualidade da inclusão sociodigital não é o único desafio estrutural de um país onde as TICs, aliadas a políticas públicas de democratização digital, podem trazer soluções antes impraticáveis para problemas seculares – basta ver o que uma antena 3G levou de benefícios à saúde das populações ribeirinhas, por meio do projeto Conexão Amazônica (pág. 80). Outra barreira que vem se erguendo e precisa rapidamente ser desfeita é a dissonância na interlocução do poder público com o terceiro setor. É enorme o contingente de organizações da sociedade civil que atua em parceria com iniciativas de governo, em especial o governo federal, mas também das esferas estadual e municipal. Com o lançamento do programa Telecentros.BR, proposta de ação guarda-chuva das práticas públicas, muitas em convênio com ONGs e organizações civis, as iniciativas do terceiro setor foram diretamente impactadas pelos desdobramentos do programa-mãe, que enfrentou e ainda enfrenta dificuldades. Paulo Lima, do Projeto Saúde & Alegria, alerta: “Todas as críticas à distribuição de antenas parabólicas, videocassete e televisores pelo MEC e a incapacidade de instalar e gerir os equipamentos, levando à sua depreciação, podem se repetir. São milhares de computadores do Telecentros.BR já espalhados pelo país sem poder ser instalados, sob o risco de perda de garantia, causando grande frustração em comunidades com grandes dificuldades de comunicação”. O alerta foi ouvido pelo Ministério das Comunicações, responsável pela logística do programa, que montou um mutirão, no segundo semestre deste ano, para acelerar a entrega, instalação e conexão das máquinas nas entidades parceiras que, de fato, se prepararam para receber um telecentro. Várias entidades selecionadas não conseguiram superar as 12

4º Anuário ARede


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