Capela da serra: O milagre do Pão

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JUDICA (Faze-me justiça...) Celebração quaresmal (Ciclo da Páscoa) Jundiaí, 25 de março de 2012 Ilustração: © Marcos Brescovici (usado com permissão)

CARREGAI OS PESOS UNS DOS OUTROS

Prelúdio: Tristesse

[A comunidade permanece em oração]

[Frédéric Chopin]

Abertura: [Salmo 68 passim]

Deus se levanta [...]. Os justos ficam contentes e felizes na sua presença e, cheios de alegria, cantam hinos. Cantem em louvor a Deus, cantem hinos em sua honra. Preparem o caminho daquele que vem montado nas nuvens. O seu nome é DEUS ETERNO; alegrem-se na sua presença. DEUS, QUE VIVE NO SEU SANTO TEMPLO, CUIDA DOS ÓRFÃOS E PROTEGE AS VIÚVAS. ELE DÁ AOS ABANDONADOS UM LAR ONDE ELES PODEM VIVER E LIBERTA OS OPRIMIDOS PARA QUE VIVAM LIVRES E FELIZES. [...] Ó Deus, quando conduziste o teu povo, quando marchaste pelo deserto [...], tu fizeste cair copiosa chuva e renovaste a tua terra cansada. O teu povo fez nessa terra o seu lar; com a tua bondade, cuidaste dos pobres. LOUVADO SEJA O SENHOR, QUE DIA A DIA LEVA AS NOSSAS CARGAS! DEUS É A NOSSA SALVAÇÃO. O NOSSO DEUS É O DEUS QUE SALVA; ELE É O ETERNO, O SENHOR NOSSO, QUE NOS LIVRA DA MORTE. LOUVEM A DEUS NA REUNIÃO DO SEU POVO. LOUVEM A DEUS, O ETERNO, TODOS OS DESCENDENTES DE ISRAEL!

♫ Nada te turbe: [Madre Tereza D’Ávila; Taizé]

Oração: [Milton Schwantes]

Saudação e acolhida:

Estória para pequenos e grandes:

Nada te turbe, nada te espante. Quien a Dios tiene, nada le falta! Solo Dios basta! Deus querido, das coisas de gente que existem na gente, a mais simples e divertida é ter alegria. Coloca, Deus, no nosso coração, alegria verdadeira, aquela duradoura, que Jesus pode dar. Amém. [Boas-vindas às/aos presentes e apresentação do tema da celebração: Judica me (do Sl 43) – Quaresma e o Ciclo Pascal – Memorial Milton Schwantes – Apresentação de outros motivos de oração (Dia Internacional da Mulher, aos 8 de março)...] “O medo da sementinha” [Rubem Alves, Edições Paulinas]


PARA QUE OS OLHOS NÃO FIQUEM VAZIOS

♫ Ilumina nossas ruas: [Andrés Lindow]

Oração por iluminação: [Milton Schwantes]

Leitura do Evangelho: [João 12.24-26]

Ilumina nossas ruas Tua Palavra é a luz Deus, orienta ao retorno P’ra voltar ao teu amor Dá coragem p’ra seguirmos Nessa nova direção Ó Deus, quando nossos olhos estão vazios, deixa-nos olhar para o caminho de Jesus, que também se esvaziou. Ajuda-nos a sermos solidários em nossas fragilidades. Enche os nossos olhos da tua graça solidária. Em Jesus. Amém! Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve (à mesa), siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo (diakonos). E, se alguém me servir (à mesa), o Pai o honrará.

♫ Se o grão não morrer: [A. Trevisan e Flávio Irala]

Se o grão não morrer debaixo da terra não virá a espiga alegrar a mesa. Se o grão resistir ao vento e à chuva não terá o vinho, o vigor da uva. Se o grão não morrer na mó do moinho, o corpo estará cada vez mais sozinho. Se o grão se entregar à força do pão, convívio haverá na ressurreição.

Reflexão: “O milagre do pão” [Luiz Carlos Ramos (Jo 12.24-26)]

“Somente onde há sepulturas pode haver ressureições”, dizia Nietzsche. Primeiro, devo fazer uma consideração exegética: “Servo” e “servir”, nos originais gregos, indicam o que “serve a mesa” (diakonos) cuja função específica era, obviamente, “servir à mesa” (diakoneo). Daí a minha sugestão de tradução: “Se alguém me servir à mesa, afirma Jesus, o Pai o honrará”. Que relação isso tem com o grão de trigo? Ora, o grão de trigo que morre na terra pra produzir fruto é uma das metáforas mais pungentes da relação Morte-Vida, Paixão-Ressurreição, QuaresmaPáscoa. O processo, que tem início com o grão do trigo e que culmina com o milagre do pão, é repleto de admiráveis surpresas: Primeiro, o grão é jogado na terra para morrer. A semente explode, destrói-se a partir de dentro, para dar lugar à planta. Quando o trigo, já crescido, amadurece, é ceifado... e torna a ser morto. Levam-no, então, ao moinho para ser esmagado... e morre mais um pouco. Agora, na forma de farinha, é amassado, sovado... um pouco mais de morte, pra garantir... Ao final, pra que não haja frestas de esperança, é levado ao forno para ser assado... é o seu crematório e sepultura... Aniquilamento definitivo do grão. Mas é aí que o milagre acontece! O grão, que morreu trigo, ressuscita pão! E nós, que estávamos “morrendo de fome”, ao comermos o pão (para matá-lo ainda mais?), sim, nós que morríamos de fome voltamos à vida, e, revigorados, nos enchemos de energia... O pão mata a fome que nos matava... Revivemos, reanimamo-nos (recuperamos a ânima=alma). Ressuscitamos, afinal!!! Que privilégio temos hoje de mais uma vez apreciar o delicioso milagre do pão: Isto é meu corpo que é dado por vós. Comei dele todos. Fazei isso em memória de mim!


EUCARISTIA: ECONOMIA DIVINA DAS PEQUENAS COISAS Ofertório: ♫ Cio da terra [Chico Buarque de Holanda]

Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão E se fartar de pão Decepar a cana Recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel Se lambuzar de mel Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra, a propícia estação E fecundar o chão

Preparação: [Milton Schwantes]

Ao celebrar, na eucaristia, partimos o pão. Partilhamos comida. Cada qual um pedacinho. [...] Mas isso até que nem é complicado. Complica mesmo é quando a gente se dá conta das contas de Deus, de sua economia. Seu tema é o pão. Que coisa tão simples! Ele, Deus, está sempre de olho é mesmo nesse pão, no pãozinho: É pão na eucaristia. É pão no Pai nosso. É pão nas multiplicações. É pão e pão. Até parece coisa meio primitiva essa economia de Deus. Irrita. Ah, atrapalha porque essa “coisinha” do pãozinho não dá assunto para o “momento econômico” ou para o “caderno de economia”. Lá não fala de pão. Fala mesmo é de bolsa e de dólar e dessas grandes coisas. Pão, meu irmão, lá não tem. E, aí, complica. Irrita. Agita. Na favela, aí pertinho da Igreja, se luta pelo pão. Ah, se luta, e como. Todo dia batem à nossa porta. Pão é o que mais se quer. É o grito pela eucaristia, pela economia de Deus, essa economia das pequenas coisas que são, em verdade, as grandes. Enfim, Deus é mesmo economista. É que Ele é economista das pequenas coisas. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.” Isso é economia? Isso é oração? Isso é Eucaristia? Diga-me!

♫ Pai Nosso:

[L: Adapt. de Mt 6.9-13 por Luiz Carlos Ramos; Música: Roy Oliveira]

Pai nosso que estás no céu, o teu nome seja santo. Tua vontade seja feita, assim na terra como no céu.

A cada dia dá-nos pão p’ras nossas dívidas, perdão. Livra-nos do mal e de toda tentação, Pois teu é o reino, o poder e a glória, p’ra sempre, p’ra sempre. Amém.

Oração eucarística: [Milton Schwantes]

Deus, tu que nos amas pelo pão de cada dia, dá que todos o tenham. Abre nossos corações e nossas mãos para que não só queiramos pão para nós, em nossa casa, mas em cada casa. Fortalece nossas vidas para que não só queiramos dedicar-nos a nós mesmos. Em Jesus. Amém!

Partilha Eucarística ♫ Mudança: [Criação Coletiva: Ernesto B. Cardopso, Paulo Roberto, Déa Affini, Eder Soares, Darlene e Tércio Junker]

Assim como a semente Vira planta, vira árvore, Dá flor, dá fruto, Nos alimenta e se transforma dentro em nós. Assim, também com a gente As coisas sempre mudam: Caminhar com Cristo É experiência sempre nova e envolvente.


FRESTAS DE ESPERANÇA Oração final: [L. C. Ramos, inspirado na canção “Drão”, de Gilberto Gil]

Obrigado, Deus ETERNO, por nos mostrar que o amor da gente é como um grão, uma semente que tem que morrer pra germinar, plantar nalgum lugar, ressuscitar no chão: nossa semeadura! Quem poderá fazer aquele amor morrer? Nossa caminhadora, dura caminhada, pela noite escura...? Quem poderá fazer aquele amor morrer se o amor é como um grão? Morre, nasce trigo; vive, morre pão?! Obrigado, Deus ETERNO, por nos mostrar que...

♫ Bênção: [Milton Schwantes]

♫ Ilumina nossas ruas: [Andrés Lindow]

Despedida:

Se o grão se entregar à força do pão, convívio haverá na ressurreição.

Que o Deus das esperanças nos dê paz para esperar nossa visão ser ampliada para além das frestas. Inunde o nosso coração com esperança viva. E nos dê especiais momentos de amor em comunidade. Amém! Ilumina nossas ruas Tua Palavra é a luz Deus, orienta ao retorno P’ra voltar ao teu amor Dá coragem p’ra seguirmos Nessa nova direção Abraço da paz.

(Creative Commons, Non Commercial License)  Liturgia preparada pelo Rev. Luiz Carlos Ramos  Pianista: Liséte Espíndola;  Regente: Elenise Ramos;  Ambientação: Vastí Ferrari Marques;  Ilustração: © Marcos Brescovici (usado com permissão)  Arte do convite: Juliana Mesquita;  Fotografia: Carlos Nagumo


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