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Associação Brasileira de Criadores de Cavalo de Hipismo

MO RFOLOGIA

MORFOLOGIA


ABCCH - Associação Brasileira de Criadores de Cavalo de Hipismo

MORFOLOGIA


06 Introdução 09 Anatomia 12 Morfologia

S U M Á RIO

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15

Geometria

17

Pescoço

20

Espádua / Paleta

22

Cernelha

24

Dorso / Lombo

26

Garupa

32

Membros

36

Quartelas / Boleto

39

Cascos

41

Ossatura / Articulação

45

Cabeça

MORFOLOGIA


INTRODUÇÃO A Associação Brasileira de Criadores de Cavalo de Hipismo - ABCCH foi fundada em 1977 com o objetivo de criar e desenvolver animais nacionais com aptidão esportiva para salto, adestramento e CCE. O início da seleção ocorreu com animais já existentes no Brasil, utilizando-se de rigorosos critérios para a escolha dos reprodutores oriundos de raças formadoras estrangeiras e nacionais, sempre com comprovada qualidade para o esporte. A ABCCH também tem grande atuação na formação de cavalos, realizando anualmente competições para animais jovens e a Exposição Nacional, que une julgamentos morfológicos, provas de salto e aprovação de reprodutores. Fruto de tudo isso são resultados em pista, como as medalhas de bronze alcançadas pela Equipe Brasileira de Hipismo nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996 e Sydney em 2000, além das três medalhas de ouro por equipe em Jogos Pan Americanos, conquistadas sempre com a presença do cavaloBrasileiro de Hipismo (BH). Pensando no fomento da raça BH e na capacitação de criadores e aficionados pelo cavalo de hipismo a ABCCH realiza periodicamente palestras e treinamentos com o objetivo de auxiliar os sócios, novos criadores e cavaleiros a formar sempre melhores atletas. Iniciativas como essa trazem benefícios em divulgação, resultados e, principalmente, atrai investimentos que colaboram com o sucesso do cavalo BH.

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PORQUE AVALIAR A MORFOLOGIA? As avaliações morfológicas vêm como um primeiro e importante passo na seleção de animais e deve ser compreendida por criadores, cavaleiros, veterinários e outros profissionais envolvidos com o BH , buscando animais com aptidão para o esporte e entendendo como extrair todo seu potencial. Cavalos vencedores vêm em diversos modelos. Prova disso são Zurquis, Jappeloup e Itôt du Chateau, que foram grandes esportistas apesar de suas baixas estaturas, e tantos outros animais que compartilham características diferentes e no fim têm a mesma medalha. Esta constatação se aplica a qualquer raça e modalidade, porém trata-se de uma exceção e não de uma regra. A maioria dos grandes atletas hípicos geralmente tem conformação correta, que os permitem executar os movimentos que lhe são devidos com habilidade, precisão, velocidade e vigor físico.

Características como atitude, personalidade, vontade de trabalhar e confiança no cavaleiro são qualidades de pouca ou nenhuma mensuração durante uma avaliação morfológica, porém com certeza influenciam no sucesso da carreira esportiva do cavalo de hipismo. Tais fatores são influenciados em grande parte pelo componente ambiental, que envolve manejo, nutrição, treinamento e experiências pontuais sofridas pelo cavalo, positivas ou negativas. A avaliação de potros se incrementa com as competições de salto em liberdade a fim de criar mais fundamento quanto a habilidade natural do cavalo para o esporte, aumentando ainda mais a chance de sucesso na avaliação e seleção de maneira precoce.

Ao analisar a conformação e movimentação espera-se estabelecer o prospecto de saúde do animal. Bons aprumos e boa estrutura física são indicativos de longevidade esportiva, e somente dessa maneira teremos animais com potencial para desempenhar bom papel no esporte, tanto com cavaleiros amadores quanto profissionais. Ao avaliar um cavalo pelo seu exterior, cabe aos criadores e técnicos envolvidos no esporte examiná-lo com uma percepção de como este cavalo seria nas pistas, no trabalho diário, nas cocheiras etc. e daí complementar sua avaliação.

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1. Cavalo sendo avaliado.

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RANKINGS OBJETIVOS X AVALIAÇÃO SUBJETIVA

PORQUÊ PARTICIPAR DE EXPOSIÇÕES?

Historicamente, a avaliação subjetiva era o único padrão para se avaliar um animal quanto ao seu futuro esportivo. Hoje, rankings e pontuações como o breeding value, utilizado na Holanda pelo KWPN (Studbook do cavalo de sela Holandês) e o index de salto (ISO) utilizado pelo Sela Francês, vêm para dar um respaldo científico ao processo.

Exposições permitem a avaliação do plantel frente aos demais criadores, visualização da progênie de determinado garanhão ou égua além de serem excelente oportunidade para a troca de experiências, informações técnicas e encontro descontraído com criadores e juízes. Além disso, participar de competições de potros estimula criadores a buscarem técnicos capacitados que os auxiliem num correto manejo nutricional, manutenção de cascos e técnicas de manejo diário e apresentação que criarão um animal dócil e saudável, apto para o esporte qualquer seja o cliente, dando liquidez ao produto.

É importante porém estar atento, de modo que ambos os parâmetros sejam complementares no momento de uma avaliação específica de um animal. A avaliação subjetiva da morfologia é complementada com a avaliação dos movimentos, do salto em liberdade, da avaliação de um cavaleiro depois de montar e enfim pelos rankings, seja ele qual for.

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ANATOMIA Antes de analisarmos um cavalo precisamos de rever sobre a anatomia do sistema esquelético e muscular, e pontuar os nomes comuns dados às regiões zootécnicas. Esse conhecimento auxiliará na prática para situarmos frente à cada avaliação específica. cabeça

vértebras cervicais nuca crânio

cernelha

pescoço

lombo dorso

vértebras torácicas

vértebras lombares vértebras sacrais

garupa

vértebras coccídeas jarrete

espádua (paleta)

fêmur costado

carpo coxa úmero rádio-ulna

ante-braço canela joelho

perna

esterno falange média

quartela

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pelve

tarso

braço boleto casco

costelas

tíbia metacarpo

escápula metatarso

falange distal coroa de casco

falange proximal

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AVALIANDO O CAVALO A primeira avaliação do cavalo deve ser feita com uma visualização lateral do animal, que deve estar apoiado nos quatro membros (como demonstrado na figura 02). O membro toráxico (anterior) e pélvico (posterior) do campo de visão do analisador devem estar dispostos de maneira retilínea, enquanto os membros mais afastados (contra-laterais) devem estar ligeiramente atrás (anteriores) e à frente (posteriores) em relação aos seus correspondentes. Em uma visão geral, pontos positivos são proporções equilibradas, facilidade de posicionamento e a manutenção da posição com equilíbrio de distribuição da carga de peso sobre os quatro membros, com postura calma, porém ativa. Cavalos inquietos ou com constante troca de apoio nos membros indicam falhas no seu treinamento ou preparação, ou portadores de alguma dor ou desconforto nos membros.

2. Posição correta de apresentação.

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MORFOLOGIA GEOMETRIA

Definição e avaliação

Quando o comprimento do cavalo é igual à altura na cernelha, temos um animal de geometria quadrada. Se o comprimento é maior que a altura, então falamos de uma geometria retangular. De modo prático, tentamos isolar da avaliação visual o pescoço e cabeça do cavalo e determinamos qual formato do corpo do animal. Todas as cadeias musculares que se estendem a partir do pescoço, paleta, cernelha, dorso-lombo e garupa estão envolvidos na propulsão vertical e horizontal no salto. Ou seja, auxiliam tanto na altura quanto na largura da trajetória do cavalo.

A Geometria é analisada através da medida do comprimento do cavalo, medido da ponta da articulação do ombro (Articulação escápulo-umeral) à ponta caudal da garupa (Tuberosidade isquiádica).

Fazendo uma analogia com o esporte de salto com varas, uma vara comprida tende a realizar maior propulsão ao atleta, mas ao mesmo tempo é mais fácil se desequilibrar na trajetória. O inverso ocorre com varas de comprimento mais curto. Esta analogia se aplica às geometrias retangulares e quadradas, respectivamente.

3. Geometria retangular.

4. Geometria quadrada.

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Cavalos de geometria quadrada geralmente necessitam mais de seu tônus muscular e flexibilidade para galopar com passadas amplas e com maiores propulsões no salto que cavalos mais retangulares. Porém, estes últimos tem maior facilidade de se desequilibrarem e precisarão também de tônus muscular para uma maior organização retilínea no plano e no salto. Em resumo, cavalos de geometria quadrada são naturalmente mais equilibrados e fazem um melhor uso do corpo para realizar saltos menores e são, portanto, cavalos mais fáceis de trabalhar e tem a tendência de serem adequados a cavaleiros amadores. Cavalos de geometria retangular, necessitam de bom trabalho de plano para que façam correto uso de seu corpo, que por sua vez exibe maior facilidade em desenvolver lances de galope longos e consequentemente saltos de maior altura e esforço, ideais para cavaleiros e provas de alto nível. Dica importante: Vale salientar que somente a avaliação da geometria não é suficiente para determinar a capacidade de salto de um cavalo. Uma geometria ligeiramente retangular é uma vantagem a mais para um cavalo desde que sua musculatura de dorso-lombo esteja flexível e tonificada. O trabalho do cavaleiro ou treinador irá desempenhar papel crucial em como a geometria influenciará no salto, podendo ela ser uma vantagem ou até mesmo dificultar e prejudicar o desempenho do cavalo.

“Uphill” ou “Downhill”? Outra avaliação que podemos realizar ao visualizar a geometria é se o cavalo tem conformação “Uphill” ou “Downhill”. Apesar dos termos não serem traduzidos do inglês a definição é simples. Um cavalo de construção “Uphill” tem sua altura na cernelha igual ou superior à altura no ponto mais elevado da garupa (região lombo-sacral). Já no cavalo “Downhill” a altura na cernelha é menor que a altura da região lombo-sacral. A influência desses dois tipos de conformação está na distribuição de peso no centro de gravidade do cavalo e isto influenciará tanto no trabalho de plano, quanto no salto.

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5. Uphill

6. Downhill

Um cavalo “Uphill” terá maior facilidade de engajamento de posteriores e isto será benefício no trabalho de plano e na construção de uma musculatura flexível e tônica. Além disso, o centro de gravidade ligeiramente deslocado para trás nestes animais irá aliviar o peso no conjunto de frente, havendo facilidade na propulsão vertical do salto. Apesar disso, o cavalo “Uphill” necessita de maior trabalho muscular de sua parte de trás, com maior uso das articulações do membro posterior para impulsioná-lo com uma longa trajetória. No cavalo “Downhill” o centro de gravidade é deslocado ligeiramente para frente, aliviando a carga nos posteriores e facilitando o uso de coluna na trajetória, desde que esta esteja suficientemente flexível. Por outro lado, este tipo de conformação exigirá maior uso do seu conjunto de frente, tanto para a propulsão vertical na batida do salto, como também no impacto da recepção, levando a uma maior utilização das musculaturas de paleta e dos tecidos ósseos e tendíneos dos membros anteriores.

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