Guia Prático de Matriciamento em Saúde Mental

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Pensando numa rede mais ampla, nos deparamos com a rede intersetorial, em que outras instituições, públicas ou não, entram no projeto terapêutico do indivíduo dentro de um conceito mais amplo de saúde. Assim, diante de uma história de abuso sexual na infância, por exemplo, é necessária uma rede com o conselho tutelar ou a vara de família. No caso de uma criança que está fora da escola, será preciso um contato com a escola mais próxima e/ou a secretaria de educação. Já um adolescente com risco psicossocial vai necessitar de um contato com uma ONG que possa ajudar com atividades esportivas ou culturais. E uma mulher de meia-idade com depressão precisa retornar à sua igreja para algum grupo que seja adequado à sua realidade. Trabalhar em rede é tecer possibilidades, aumentando as oportunidades de atuação dos indivíduos, dos profissionais e dos dispositivos de saúde numa crescente corrente de corresponsabilidade.

CAPÍTULO 6 – O matriciamento como organizador, potencializador e facilitador da rede assistencial

Dessa forma, no matriciamento devemos estar atentos à rede de apoio do usuário, importante para o diagnóstico situacional, pois sabemos que pacientes com rede de apoio forte têm mais saúde mental do que aqueles com uma fraca rede de apoio (PORTUGAL, 2005). Na etapa do projeto terapêutico, a análise da rede de apoio é importante para sabermos com quem e com que recursos podemos contar na rede de apoio pessoal.

6.3 Seguimento de pessoas com transtornos mentais comuns no território O acompanhamento de pessoas com transtorno mental comum pelas equipes da ESF no território confunde-se com a própria rotina do atendimento nas unidades de atenção primária, dada a grande frequência desses casos nesse nível da assistência. 203


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