Lona 931

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Ano XV > Edição 931 > Curitiba, 16 de setembro de 2014

Câmara aprova projeto “Vizinhança Participativa” EDITORIAL “Segundo o Sindarspen, nos últimos nove meses, o Paraná registrou 20 rebeliões e 31 agentes reféns.” p. 2

Foto: Bruna Karas

OPINIÃO

Aluno perde o controle do carro e capota na entrada da Universidade

O carro, que teria sido fechado, capotou e caiu sob a passarela de vidro da Expo Unimed; segundo a instituição houve apenas danos materiais p. 3

“Não é uma questão de opinião pessoal, carregada de religiosidade e tradicionalismo. É uma questão de saúde pública.” p. 2

#PARTIU Coleção sobre a história dos esportes é exposta na Caixa Cultural e conta com capacete de Senna. p. 6

Foto: Divulgação

O projeto seria, segundo o vereador Jonny Stica, uma oportunidade para a comunidade estabelecer parcerias com o poder público; Stica p. 4 é idealizador da proposta COLUNISTAS Uliane Tatit e Nicole Braga “New York Fashion Week e London Fashion Week trouxeram várias referências à cor que, talvez, você não goste muito: o rosa. Conceitos, reformas e p. 5 ideias fizeram-no símbolo.” Bruno Requena “A qualidade musical dos Mutantes e suas letras geniais são inegáveis. Não é á toa que a banda é considerada a melhor do rock brasileiro, com fãs no mundo inteiro, até o filho do p. 5 próprio John Lennon.”


LONA > Edição 931 > Curitiba, 16 de setembro de 2014

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EDITORIAL

O sistema penitenciário modelo para o Brasil Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), nos últimos nove meses, o Paraná registrou 20 rebeliões e 31 agentes penitenciários feitos reféns. Nesta terça-feira de manhã, uma nova rebelião teve início na Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), com dois agentes penitenciários reféns. Foi a segunda rebelião na PEP II em menos de quatro dias. Na última sexta-feira (12), outra rebelião aconteceu no mesmo local e durou cerca de 24h. Segundo a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), atualmente a PEP II tem cerca de 1.037 detentos, mas capacidade para apenas 1.108 vagas. No dia 22 de agosto, em entrevista ao portal de notícias G1, o governador do estado, Beto Richa, afirmou que o sistema carcerário do Paraná é modelo para o país. A Seju diferencia os termos ‘motins’ e ‘rebelião’ e, portanto, conta que apenas três rebeliões e 15 motins aconteceram desde dezembro de 2013. As mais frequentes reivindicações dos detentos dizem respeito à melhoria da alimentação e serviços de atendimento (médico, odontológico e jurídico), à transferência para delegacias mais próximas de seus familiares e melhoria das acomodações e tratamento. O governador, em época de eleição, divulga números que corroboram suas afirmações de melhoria e solução dos problemas do sistema carcerário paranaense. As pessoas que não estão envolvidas no processo eleitoral, no entanto, contestam as declarações e apresentam dados que desmentem o mundo maravilhoso criado pela atual gestão. E os trabalhadores, detentos e familiares de ambos os lados seguem apreensivos dia após dia, imaginando se haverá risco, se seus conhecidos estarão vivos ou mortos no dia seguinte, mas, principalmente, seguem esperando atitudes concretas por parte da gestão estadual para melhorar realmente o processo carcerário – ao contrário de manipular números que desmentem a realidade.

OPINIÃO

Uma questão de saúde pública Priscilla Fontes

Ninguém é a favor do aborto, o que se defende é a descriminalização. Isso não significa que se a prática for legalizada até a 12ª semana, como sugere o Conselho Federal de Medicina, as mulheres passarão a usar o aborto como método contraceptivo. O único número alterado será o de mulheres que deixarão de morrer por realizarem o processo em locais inadequados, com técnicas inseguras e violentas. Na vida real as mulheres que engravidam contra a vontade (que não têm condições financeiras e/ou psicológicas ou simplesmente não desejam ser mães) prosseguem interrompendo gestações, mesmo que seja proibido.

nhas – mas geralmente criam os filhos. Não é raro ver quem acha que têm a solução fácil e rápida: a mãe pode ter o filho e doá-lo para a adoção. Como se os orfanatos fossem locais seguros e sem situações traumatizantes, onde a criança ficará à espera de seus novos pais perfeitos. Há um conjunto de opiniões distorcidas que protegem ou favorecem diversos lados, menos o de quem carregará, contra a própria

vontade, um filho. Quem tem dinheiro continuará pagando por uma clínica limpa e segura, e quem não tem continuará contando com a ajuda de médicos que mais se parecem com açougueiros; sofrendo com o julgamento público, correndo o risco de ficar com sequelas ou morrendo. Não é uma questão de opinião pessoal, carregada de religiosidade e tradicionalismo. É uma questão de saúde pública.

Defender a descriminalização do aborto é defender a saúde da mulher, sobretudo da pobre e negra, quem mais morre no Brasil por conta de métodos abortivos clandestinos. Quem precisa se submeter a um aborto necessita de atendimento de qualidade na rede pública, em vez de ser tratada como criminosa (e adjetivos pejorativos e cheios de culpabilização). Tudo precisa ser uma escolha, e não uma imposição. Aqui, o que está sendo imposto é a alta taxa de mortalidade por questões abortivas: falhas, proibidas e invisíveis – conservadores ou pessoas sem opinião sobre o assunto fingem que elas não existem. Sim, há meios de prevenir uma gravidez. Há diversos métodos no mercado farmacêutico, mas nenhum deles é 100% confiável. Infelizmente não existe uma pílula para a falta de conversa entre pais e filhas que engravidam precocemente, para as meninas da periferia que não têm acesso às informações. Homens também podem usar camisinha; contudo, quantos deles usam sem reclamar? Vale lembrar que as mulheres não engravidam soziExpediente

Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes

“É o seu direito” > Ilustração: Elisabeth Coffel

Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira

Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Justi, Alessandra Becker e Bruna Karas Editorial Da Redação


Curitiba, 16 de setembro de 2014 > Edição 931 > LONA

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NOTÍCIAS DO DIA

Penitenciária de Piraquara registra mais uma rebelião Bruna Karas

bro de 2013, o Paraná já registrou 20 rebeliões e 31 agentes penitenciários feitos de reféns durante as ações dos presos. A Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos contesta os números, dividindo os movimentos entre ‘rebeliões’ e ‘motins’. Dessa forma, contabiliza 15 motins e apenas três rebeliões. Segundo a secretaria, a rebelião envolve ações violentas, enquanto o motim não.

O caso é o segundo em apenas cinco dias; de dezembro de 2013 até hoje foram 20 rebeliões no Estado do Paraná, as ações quase sempre contam com os agentes penitenciários feitos reféns A Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II) registra hoje um novo caso de rebelião. Desde a manhã, dois agentes penitenciários são feitos reféns e cerca de 60 presos participam do motim. O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) informou que a rebelião acontece no mesmo local onde aconteceu outra rebelião na sexta-feira (12), no terceiro bloco da penitenciária. Os detentos aproveitaram a hora do café da manhã, abriram algumas celas, detiveram os agentes e tomaram conta das galerias 9 e 10. Segundo o sindicato, os presos reivindicam basicamente melhores condições de atendimento. “Há muito tempo a alimentação é ruim, eles não contam com atendimento médico, odontológico ou jurídico”, declara Gilson Brasil,

Penitenciária de Piraquara > Foto: Divulgação

gerente geral do sindicato. Para ele, a promessa que foi instituída pelo governo de diminuir o número de presos só foi alcançada por meio da transferência de detentos das delegacias para as penitenciárias. O que acumula ainda mais problemas no setor. “Não foram contratados novos profissionais administrativos nem penitenciários, e agora as unidades não estão mais suportando a superlotação”, declarou.

Motorista se acidenta na UP Bruna Karas

Um veículo modelo Sandero invadiu a entrada da Universidade Positivo hoje, por volta das 10h. O estudante Guilherme Dias dirigia pela Avenida Prof. Pedro Viriato de Souza quando perdeu o controle do veículo, bateu contra a grade de proteção e atingiu a estrutura da passarela do Centro de Eventos Expo Unimed Curitiba. “Eu estava a uns 80 ou 90 km/h quando um carro me fechou, tive que desviar e acabei perdendo o controle”, conta o motorista. O aluno passa bem e teve apenas ferimentos leves. Nenhuma outra pessoa foi atingida. Elisa Massuchetto, mãe de uma estudante da universidade, estava indo buscar a filha na instituição quando presenciou o momento que antecedeu o acidente. “Eu estava no sinaleiro aqui per-

Somente neste mês de setembro, contando com o dia de hoje atual, foram quatro rebeliões: no dia 9 de setembro, na cadeia pública de Guarapuava; no dia 10 de setembro, na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO); e no dia 12 na Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II).

to quando um carro passou muito rápido, furou o sinal vermelho e quase atropelou um senhor que atravessava a rua. Quando fui me aproximando da entrada pude ver pela placa que era o mesmo veículo”. A médica Catarina Colras Lins, que estava no local participando de um congresso, conta que não foi atingida por pouco. “Eu não estava prestando atenção, meu amigo ouviu o barulho e teve que me puxar”, declara. A Universidade divulgou uma nota sobre o ocorrido: “Em relação ao acidente ocorrido hoje pela manhã nas dependências da Universidade Positivo, informamos que o motorista, aluno da instituição, foi atendido no local - pela ambulância da Unimed, conveniada à Universidade - e passa bem. Não houve feridos no acidente > Foto: Bruna Karas

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, os detentos fazem apenas uma reivindicação: a reforma ou troca das celas que foram danificadas na rebelião do último sábado (13). “Essa reivindicação já está sendo atendida”, informou a assessoria. Histórico Segundo o Sindarspen, desde dezem-

O mais violento dos últimos motins foi o da Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), que aconteceu no dia 26 de agosto. Na ocasião, cinco detentos foram assassinados – dois deles decapitados – e 25 ficaram feridos, muitos foram jogados do telhado. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns e foram liberados com algumas escoriações no corpo, mas sem ferimentos graves.

Nenhuma outra pessoa foi atingida. O aluno afirma que foi fechado por outro veículo, no momento em que estava chegando à Universidade, e perdeu o controle do carro, atravessando a grade de acesso à UP e ba-

tendo na estrutura da passarela coberta do Centro de Eventos Expo Unimed Curitiba (a qual liga o estacionamento ao Centro de Eventos), localizado no câmpus. Felizmente, os danos foram apenas materiais.”


LONA > Edição 931 > Curitiba, 16 de setembro de 2014

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GERAL

Projeto de lei Vizinhança Participativa está nas mãos de Fruet Proposta elaborada pelo vereador Jonny Stica, do PT, teve a redação final aprovada em sessão plenária da Câmara Municipal de Curitiba, ontem Alessandra Becker

Os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba aprovaram na sessão plenária d e ontem a redação final do projeto de lei Vizinhança Participativa. O principal objetivo desse projeto é realizar uma parceria entre a Prefeitura de Curitiba e a população da cidade, para que juntos dividam os custos de pequenas obras públicas que não estão previstas no orçamento do município. A votação favorável à proposta foi vencida com uma larga margem de votos, vinte vereadores votaram a favor da lei e apenas dez votaram contra a redação final do projeto. Após a finalização da votação na sessão plenária, a Câmara Municipal de Curitiba tem até dez dias para enviar a documentação completa para a Prefeitura, para então o prefeito Gustavo Fruet sancionar ou vetar totalmente ou parcialmente a proposta de lei. O prefeito da capital paranaense terá um prazo de quinze dias para analisar e se posicionar favorável ou contra a aprovação da redação final do projeto, que se aprovado se tornará lei municipal.

ção dos determinados bairros ou comunidades, em audiência pública. Obras públicas que já estão colocadas nos orçamentos municipais não poderão aderir à divisão partilhada dos custos entre população e prefeitura. O vereador Jonny Stica (PT), precursor do projeto de lei explica que a partir da solicitação do serviço pela população, o poder público irá analisar as propostas e a parceria só acontece se o consenso estiver bem definido e aceito diante da população envolvida, “essa parceria só vai acontecer, onde os moradores quiserem realizar essa união”, disse.

Jonny Stica é o vereador responsável pela proposta > Foto: Arquivo Câmara Municipal de Curitiba

vereadores presentes. Houve tentativa de adiar a decisão da votação da redação final para outra sessão, mas a solicitação foi negada através do plenário. Ainda segundo o órgão público, a argumentação dos vereadores que são favoráveis à proposta é a de que obras com essa finalidade e com a colaboração da prefeitura e da população já estão em processo há muitos anos, o que não era possível era obter a regularização desses procedimentos. Já os vereadores contrários ao projeto de lei argumentam que, com a aprovação da proposta, a carga tributária teria um custo mais elevado para a população e alegaram a responsabilidade da prefeitura em executar as obras públicas.

“A parceria só acontecerá se os moradores aceitarem.”

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Curitiba, não deu detalhes sobre a possibilidade de veto ou sanção da proposta, apenas disse que os devidos procedimentos serão tomados após o executivo municipal ter acesso a toda a documentação do projeto Vizinhança Participativa, a partir de então é que o prefeito Gustavo Fruet anunciará a sua decisão. A discussão da proposta foi dividida pelos vereadores, segundo a Câmara Municipal de Curitiba, em dois turnos: o primeiro foi discutido e aprovado na última semana e a redação final foi votada e discutida na manhã de ontem. Ao todo foram totalizadas sete horas de argumentações e justificativas dos

O projeto O autor do projeto de lei Vizinhança Participativa é o vereador Jonny Stica, do PT. A proposta central é a de que os custos de pequenas obras públicas sejam divididos entre a Prefeitura Muni-

cipal de Curitiba e a população interessada. O objetivo é construir obras de iluminação pública, asfaltos, áreas de acessibilidade e lazer e diversas outras que de acordo com o projeto viabilizaram benefícios ao público. Essas obras públicas de pequeno porte serão uma alternativa paralela para aumentar o número de investimentos nas comunidades da capital paranaense.

Ainda segundo o vereador, com o projeto Vizinhança Participativa “as pessoas poderiam contribuir espontaneamente, mediante decisão tomada em audiência pública, se deseja uma parceria com o poder público, quando a obra extra seria realizada e quanto à comunidade poderia injetar de recursos”, explicou Stica. A argumentação do autor para a proposta de lei ser sancionada pelo prefeito Gustavo Fruet, é de que, em sua opinião, o destino dos recursos da cooperação entre prefeitura e população é mais perceptível que os recursos advindos dos impostos.

Caso o projeto de lei seja sancionado pelo prefeito Gustavo Fruet, após entrar em vigor, quem deverá solicitar os serviços das obras é a própria população. Os interessados devem se dirigir até a prefeitura e então solicitar a divisão dos custeios das determinadas obras, essas por sinal não estarão presentes no orçamento do município. Mas, os inícios das obras beneficiárias só serão feitos diante da aprovação de mais de 60% da popula- Fruet com Stica no lançamento de sua candidatura para vereador > Foto: Everson Bressan


Curitiba, 16 de setembro de 2014 > Edição 931 > LONA

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COLUNISTAS

Catwalk

Uliane Tatit e Nicole Braga

Vai ter rosa sim! New York Fashion Week e London Fashion Week trouxeram várias referências à cor que, talvez, você não goste muito: o rosa. Conceitos, reformas e ideias fizeram do vermelho claro, como era conhecido há mais de cem anos, símbolo de várias coisas; motivo pelo qual, provavelmente, seja a cor mais polêmica da nossa paleta de cores quando o assunto é moda. “Rosa é cor de mulher”, nem sempre. Na verdade, o tom era usado por trabalhadores ao final do século XIX. Era assim que a classe operária se diferenciava da elite,

que usava cores mais sóbrias, “discretas”. Em 1920, o rosa virou cor de criança, assim como o azul. Os tons pastéis combinavam a mobília das casas com as roupas da própria criança, era a harmonia entre ser humano e bem material. Mas é importante lembrar: pouco importava se era menina ou menino usando uma dessas cores; a ideia de distinguir crianças por gênero ainda não existia. A década de 50 tornou o rosa uma referência ao público feminino, a cor demonstrava delicadeza e, por isso, foi

conectada à mulher, que também era descrita como delicada. Infelizmente, o símbolo de infantilidade foi preservado e, então, surgiu o conceito de que a mulher possuía um “padrão Barbie” de estilo de vida (curiosidade: foi nessa época que a boneca foi criada). Com o “baby boom”, a geração seguinte de “mulheres Barbies” eternizou a ideia de que rosa era cor de menina, pois aprenderam que aquela era sua cor . Na década de 80, o público feminino não queria mais usar rosa e os estilistas já não produziam coleções com o tom, mas integravam o tomboy e outras referências masculinas que promovessem igualdade às mulheres. O tempo de “revolta” durou até os anos 2000, hoje o rosa é justamente o braço direito do público feminino, sendo a cor que simboliza suas principais lutas e ideias. Para a primavera verão as cores suaves serão valorizadas e é aqui que o rosa se encaixa. Esse rosa pode ser facilmente combinado com outras cores de tom pastel, ou até mesmo, como o salmão. Mas

a combinação com cores fortes e vivas não estão descartadas. As combinações trazem a sensação de equilíbrio e modernidade. Particularmente, o rosa é algo que nos deixa com mais cara de menina, sendo ele em qualquer intensidade, desde o mais claro até o mais escuro. Na última edição do New York Fashion Week e, agora, no London Fashion Week, os tons de rosa claro apareceram com bastante frequência nas novas coleções. A BCBG Max Azria trouxe a cintura bem marcada, roupas com movimento e decotes em V. Tudo isso em tons neutro, como o rosa claro, o nude e nuances em off-white. Algumas dicas para quem quer usar o rosa claro sem medo é combinar ele com outras estampas, como florais. Também é interessante uma combinar com cores e acessórios mais escuros. No inverno, basta apostar no rosa em contraste com um tom mais escuro, como preto e em todos os tipos de peças, desde uma camiseta até nos casacos. Aquelas que possuem um perfil mais romântico, vão adorar essa invasão do rosa. E quem não é muito adepto deveria experimentar sem medo.

Ando meio desligado… Os Mutantes surgiram em 1967 e com apoio de Gilberto Gil e Caetano Veloso uniram-se ao que seria o embrião do movimento tropicália: o festival da Record de 1967. O grupo participou do evento com as canções “Alegria, alegria” de Caetano, e “Domingo no Parque” com Gilberto Gil e Os Mutantes (Sergio Dias, Arnaldo Baptista e Rita Lee). Ali se encontrava o choque: a estética tropicalista. Gil diz “me apresentaram esses meninos e eu adorei, eles eram diferentes de tudo”. Realmente, Os Mutantes chocaram e romperam com todos os paradigmas da estética da música brasileira, gerando um rock nacional maduro. A guitarra elétrica era um símbolo de alienação, do imperialismo americano, e Os Mutantes ousavam no instrumento e em seus diversos timbres, ultrapassando os níveis estéticos e nutrindo-se da transgressão e do experimentalismo. “Nesta época roqueiro brasileiro tinha cara de bandido”, declarou Rita

Lee em várias entrevistas recentes. E era isso mesmo. Nos anos 60, os jovens recebiam influências de vários movimentos transgressores da época, uma década cheia de cor e novos horizontes. Havia os Beatles, Janis Joplin, Jimi Hendrix, o movimento Flower Power com os Hippies, drogas, sexo e rock. Os jovens experimentavam os extremos e as contradições de uma sociedade. Mutantes é tudo isso e um pouco mais. É a mistura bem humorada e debochada de uma juventude e seu olhar sobre a sociedade. Este ano a Universal Music lançou um box contendo 6 discos de carreira da banda clássica (com Rita Lee) e um disco editado de raridades e deliciosas gravações encontradas pelo jornalista Rodrigo Faour. O primeiro disco, gravado em 1968, conta com um clássico da Tropicália, Panis Et Circenses: “Eu quis cantar, minha canção iluminada de sol, soltei os panos sobre os mastros no ar, soltei os tigres e os leões nos quin-

História da MPB

Bruno Requena

tais, mas as pessoas na sala de jantar, são ocupadas em nascer e morrer”, um hino de crítica à sociedade da época. Outro clássicos dos mutantes é a canção “Ando meio desligado”, a música participou do FIC (Festival internacional da Canção, produzido pela Rede Globo), e já ganhou regravações de bandas modernas, como Pato Fu. “Ando meio desligado, eu nem sinto meus pés no chão, olho e não vejo nada, eu só penso se você me quer. Eu nem vejo a hora de lhe dizer, aquilo tudo que eu decorei, e depois o beijo que eu já sonhei, você vai sentir, mas... Por favor, não leve a mal, eu só quero

que você me queira, não leve a mal”. Aqui há um exemplo de um rock brasileiro maduro, com melodias e execuções extraordinárias e debochadas. Os mutantes foram muito criticados na época como uma banda alienada à situação política do país (ditadura), com intelectuais exilados e gente desaparecida. É inegável a qualidade musical da banda, suas letras geniais e músicas incríveis. Não é á toa que a banda é considerada a melhor do rock brasileiro, com fãs no mundo inteiro. Até o filho de John Lennon já declarou que: “Os Mutantes são muito melhores que os Beatles”. Só ouvindo pra entender.


LONA > Edição 931 > Curitiba, 16 de setembro de 2014

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ACONTECEU NESTE DIA

Protocolo de Montreal é assinado Visando regular a produção e o consumo de produtos que eram fontes de destruição da camada de ozônio (O3), o Protocolo de Montreal foi assinado e esteve aberto para adesões a partir de 16 de setembro de 1987, entrando em vigor somente no dia 1º de janeiro de 1989. A principal meta deste tratado internacional foi acabar com o uso dos 15 tipos de CFC (clorofluorocarbonetos) destruidores da camada de O3. Foi

então realizado um estudo para encontrar uma nova forma de substituir o produto danoso por um sem malefícios. O tratado teve a adesão de 150 países, e foram estipulados dez anos para que as substâncias que reagem com o O3 na parte superior da estratosfera fossem substituídos, sendo que o butano e o propano foram bem aceitos pelas indústrias. Em celebração, a ONU declarou a data como o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio.

Celebração de 25 anos do Protocolo de Montreal > Foto: Arquivo ONU

#PARTIU Em Cartaz A Oeste do Fim do Mundo Drama > 104 min > 14 anos Bem Vindo A Nova York Drama > 125 min > 18 anos Bistrô Romantique Comédia > 100 min > 14 anos Hélio Oiticica Documentário > 95 min > 14 anos

Exposições Esporte Movimento Local: Galeria da Caixa Data: de 16 de setembro a 30 de novembro Horário: de terça a sábado, das 9h às 20h e domingo, das 10h às 19h > Ingresso: gratuito Ney Braga – Acervo Pessoal e Político Local: Museu Paranaense Data: até 31 de dezembro Horário: de terça a sexta, das 9h às 18h e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h > Ingresso: gratuito

Teatro Sérgio Malandro – Sem Censura Local: +55 Data: 16 de setembro Horário: 21h30 Ingressos: feminino R$ 25 / masculino R$ 50 A Diva e o Maestro Sem Conserto Local: Teatro Regina Vogue Data: 16 de setembro Horário: 20h30 Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia)

Exposição traz história dos esportes A Caixa Cultural Curitiba recebe hoje a exposição ‘Esporte Movimento’, que reúne cerca de duas mil peças do colecionador Roberto Gesta de Melo, entusiasta do mundo esportivo. Entre os objetos estão troféus, medalhas, vídeos, fotografias, selos, moedas e até mesmo peças como o capacete do campeão de fórmula 1, Ayrton Senna e uma coroa de louros dos Jogos de Berlim de 1936. A mostra está dividida em oito núcleos, que levam o espectador a um passeio pela história dos esportes, desde as pinturas rupestres até os dias atuais. Em uma das salas, há cerca de 40 tochas usadas em Jogos Olímpicos. A coleção total de Gesta conta com quase 70 mil itens, uma das maiores coleções esportivas do mundo. A exposição é gratuita e fica aberta para visitação até o dia 30 de novembro de 2014.

Capacete de Senna estará em exposição > Foto: Divulgação

Sérgio Mallandro traz show stand up para Curitiba O projeto ‘Mais Comédia’ traz hoje para Curitiba o show “Sem Censura” do humorista Sérgio Mallandro. O comediante traz para a apresentação importantes passagens e encontros de sua carreira. Reuniões com Xuxa, Maradona e Silvio Santos, por exemplo, fazem parte do repertório. Mallandro começou sua carreira na televisão ainda nos anos 1980. Por quase dez anos foi jurado no “Show de Calouros”, mas foi com programas e quadros como “Oradukapeta” e “A Porta dos Desesperados” que ele ganhou noto-

riedade. Em 2012, o humorista comandou o talk show “Papo de Mallandro” e foi protagonista do reality show “Vida de Mallandro”. Desde agosto, as terças-feiras do bar +55 recebem o projeto ‘Mais Comédia’, comandado pelos comediantes Marco Zenni e Afonso Padilha. Um humorista local e outro nacional são convidados para participar do projeto. Nesta semana, o projeto traz a programação especial exclusiva com Sérgio Mallandro.


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