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LINCE

De olho na notícia

J o r n a l L a b o r a t ó r i o d o C u r s o d e J o r n a l i s m o d o C e n t r o U n i v e r s i t á r i o N e w t o n Pa i v a | A n o V | N º 3 7 | S e t e m b r o d e 2 0 0 9

Polêmica da lei anti fumo chega a bH | PÁGINA 4

“Vozes do Morro” dá oportunidade a músicos de áreas carentes | PÁGINA 8

Conheça as novidades do carro elétrico produzido pela Fiat | PÁGINA 15

Taxas para usar banheiro em locais públicos são ilegais? | PÁGINA 14

Voluntários “doam” seus olhos para que cegos voltem a ler | PÁGINA 11

Dayse aguiar


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reGiStro

Setembro/2009

editorial

Dayse aguiar

Mais um passo JoHnatan castro Em tempos de crise, o acesso à educação tem se tornado ainda mais difícil. Para muitas camadas da sociedade, o ensino superior ainda é uma realidade distante. Por isso, em um país onde apenas 13% dos jovens têm acesso ao ensino superior, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que é realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), algumas poucas medidas funcionam como uma válvula de escape para o deficiente sistema de ensino. No último mês de julho, o governo federal reduziu os juros do Financiamento Estudantil (Fies) para 3,5%, que na prática, acaba com os juros reais para o Fies. Também foram feitas alterações no sistema de credenciamento do programa, que agora passa a estar disponível no site do MEC, o que torna o beneficio mais simples e acessível. Os juros de 3,5% já eram aplicados desde o ano passado para os cursos de licenciatura e tecnológicos. Para os demais, a cobrança era de 6,5%. A nova taxa valerá para todos os contratos daqui para frente, tanto novos quanto os que serão renovados. Medidas como o Fies e o ProUni, que atende cerca de 450 mil alunos em todo o Brasil, funcionam como um respiro para os muitos entraves no acesso ao ensino superior. O que não se pode permitir é que estes sejam tomados como soluções finais para a educação. É necessária uma ampla reforma, que atenda desde a educação de base até a formação superior. Mais um passo foi dado, mas ainda a um longo caminho a percorrer.

Leitura obrigatória Kléber ferreira Dentro de dois anos, vou ter direito a cela especial. Nunca pensei ser preso, mas se isso algum dia acontecer, meu diploma de jornalista terá mais valor do que algumas pessoas dão a ele agora. Muitas pessoas discutem a não obrigatoriedade do diploma em tom de revolta; no entanto é raríssimo encontrar uma opinião diferente e que apresente idéias realmente novas. Se não pode vencê-los, junte-se a eles. Como não saí gritando pelas ruas implorando pela obrigatoriedade do diploma, só me resta uma opção.Tenho que buscar uma coisa boa nessa história. Com a não obrigatoriedade, creio que muitas pessoas não farão faculdade, e assim, deixarão de ocupar celas especiais, ou seja, caso um

“diplomado” vá para a cadeia, ele terá mais espaço. As pessoas reclamam demais. Olha só como uma “pequena” mudança já resolve uma parte do problema carcerário do país. Uma coisa boa puxa a outra. É só enxergar uma vantagem que quase de imediato eu já vejo outra. Todas as pessoas com seus discursos moralistas dizem que são a favor da não exclusão da população carente e um mercado trabalhista que aceite mais as pessoas. Felizmente isso agora acontece. Hoje uma pessoa que paga faculdade por quatro anos, faz estagio, lê milhões de jornais, revistas e sites de caráter jornalístico, e está no mesmo nível de empregabilidade que uma pessoa que viu todos os filmes exibidos na sessão da tarde, e não perdeu nem um pedacinho do vide-show. A queda da obrigatorie-

dade do diploma, trouxe o nivelamento social para o nosso país.VIVA. Brasileiros e brasileiras, isso é só o começo. Não se assuntem. Não temam pelo o pior, pois ele pode ser o melhor. Já consigo ver as cenas dos próximos capítulos da consideração que é dada aos profissionais brasileiros. Em um futuro próximo, vejo a não obrigatoriedade do exame da OAB, vejo a não obrigatoriedade da carteira de motorista, da não obrigatoriedade da residência aos formandos de medicina. As pessoas em geral reclamam tanto da falta de tempo... Agora, graças à não obrigatoriedade de um tanto de coisa, vamos ter tempo útil para fazer coisas que são de extrema importância. Por exemplo, pensar em como era boa a obrigatoriedade em nossas vidas.

eXPediente REITOR Luis Carlos de Souza Vieira PRÓ-REITOR ACADÊMICO Sudário Papa Filho COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Professora Marialice Emboava RESPONSÁVEL PELA EDIÇÃO Professor Eustáquio Trindade Netto (DRT/MG 02146)

PROJETO GRÁFICO E EDITORA DE ARTE Helô Costa (00127/MG) DIAGRAMAÇÃO: Adrielle Lopes, Érica Caetano, Rodrigo Honório MONITORES: Frederico Alves, Daniela Moura, Daniel Souza,

Gabriel Moura, Josias Pereira e Lucas Horta (textos); Alden Starling e Dayse Aguiar (fotos); REPORTAGENS: Alunos do 4º Período do Curso de Comunicação do Centro Universitário Newton Paiva

este é um Jornal-laboratÓrio da disciplina laboratório de Jornalismo ii. Distribuição gratuita. edição mensal. o jornal não se responsabiliza pela emissão de conceitos emitidos em artigos assinados e permite a reprodução total ou parcial das matérias, desde que citadas a fonte e o autor. CORRESPONDÊNCIA NP4 - Rua Catumbi, 546 – Bairro Caiçara - Belo Horizonte MG - CEP 31230-600 Telefone: (31) 3516.2734 lince.np@gmail.com jornallince.blogspot.com


edUcaÇÃo

Quem tem medo do

resultaDos

enade?

Em 2007, foram convocados 560 mil estudantes em todo Brasil. Desses, 13,2% não compareceram — o menor índice de abstenção desde 2004. Minas Gerias liderou o ranking das maiores notas. Oito cursos obtiveram nota máxima na avaliação das graduações: Educação Física, Zootecnia e Nutrição, Universidade Federam de Viçosa; Enfermagem, Farmácia e Nutrição, da Federal de Alfenas; Medicina Veterinária, da Federal de Lavras e Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Dos 40 cursos que tiraram nota máxima, 23 ficam no Sudeste, sendo 13 em Minas. O Cen tro Uni vers itár io Newton Paiva, na avaliação de 2007, obteve a nota 3 para os cursos de Farmácia, Nutrição e Odontologia e 4 para o curso de Fisioterapia.

alDen starling

Exame é realizado para avaliar, através dos alunos, a qualidade dos cursos de graduação das universidades públicas e privadas roberta anDraDe Você certamente já ouviu falar do ENADE, mas saberia explicar os motivos pelos quais ele foi criado e quais são seus objetivos? O ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – é uma prova com 40 questões que avaliam a qualidade dos cursos de graduação. O objetivo desse exame é medir o desempenho do estudante em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos superiores. O conhecimento, as competências e habilidades dos alunos e a qualidade da graduação são avaliadas por meio de perguntas de conhecimento específico e geral. Além disso, há questões sobre atualidades, para medir o nível de atualização dos alunos com relação à realidade brasileira e mundial. Se você está no primeiro ano, ou no último, dos cursos de Administração, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis, Comunicação Social, Direito, Psicologia, Gestão Financeira, Marketing, e mais 14

cursos que foram selecionados pelo Ministério da Educação (MEC), comece a se preparar. Este ano, as provas serão aplicadas no dia 8 de novembro às 13 horas. Para alguns dos alunos iniciantes, a prova parece uma incógnita. Segundo Pâmela Sobrinho, aluna do 2º período, da Newton Paiva, no curso de Ciências Econômicas, há um pouco de insegurança, pois, “não conhecemos como é a prova e quais os critérios de avaliação”. A aluna não acha que o método de avaliação do Enade é eficaz. “A prova de conhecimentos gerais não mede a qualidade do ensino do curso, e sim, o conhecimento já adquirido antes da faculdade”, critica Pâmela. Já para o coordenador dos cursos de Marketing e Secretariado Executivo, da Newton Paiva, Jehú Aguilar, o exame é uma ferramenta positiva. “O Enade é uma avaliação bem elaborada, bem estruturada e objetiva”, analisa. Segundo ele, é uma prova que mexe com a Instituição e que é de responsabilidade tanto dos alunos, quanto para a universidade.

O Enade é componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, e o registro de participação é indispensável para emissão do histórico escolar e do diploma. O MEC escolhe anualmente as áreas propostas pela Comissão de Avaliação de Educação Superior. Cada área é avaliada novamente a cada três anos. A prova do Enade é avaliada por amostragem e surgiu em 2004, substituindo o antigamente chamado Provão. Esse modo de avaliação foi criado pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que tem como objetivo a melhoria da qualidade da Educação. Assim, o Sinaes avalia, por meio do Enade, três instrumentos: as instituições, os cursos e os estudantes. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é responsável pela elaboração da prova. Calcula-se o conceito do curso pela média ponderada das notas, sendo que o peso das questões de conhecimento geral é de 25%, e das questões de conhecimento espe-

Desempenho dos alunos nas provas é uma forma da secretaria de estado de ensino superior analisar o nível das instituições

cífico, 75%. O conceito final vai de 1 a 5. Segundo a Secretaria de Estado de Ensino Superior, analisar a qualidade dos cursos através do Enade é um processo complexo, pois engloba vários componentes de avaliação, que incluem a auto-avaliação institucional e as visitas dos consultores do MEC. Essa visita tem como objetivo analisar o Plano de Desenvolvimento Institucional e verificar sua relação com as reais condições da universidade. O Subsecretário de Ensino Superior, Octávio Elísio Alves, acredita que “a estrutura da avaliação proposta pelo Ministério da Educação busca compreender — e efetivamente o faz — todas as instâncias que interferem na qualidade da formação ofertada aos cidadãos”. O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Newton Paiva, José Rodrigues acredita que não se deve ter medo do Enade, pois o bom resultado é consequência do estudo do aluno. “Não adianta preparar o aluno só para o Enade, e sim, ao longo do curso”, ressalta.


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Polêmica

Proibição do fumo

em bares causa polêmica

Belo Horizonte é conhecida como a capital nacional dos botecos, é preciso permitir a existência de locais para quem fuma Dayse Aguiar

Jéssica bissuli e welington Sales Você, que é fumante e mora em alguma cidade de Minas Gerais, não tem com o que se preocupar quando o assunto for fumar em locais fechados. Aprovado em primeiro turno pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ALMG, o Projeto de Lei 3.035/09, que proíbe o fumo em ambientes fechados de uso coletivo, não tem a mesma restrição que a legislação em São Paulo e a que está prestes a vigorar no Rio de Janeiro. Apesar de aprovado pelos legisladores, a nova lei permitirá a construção de fumódromos – área isolada por barreira física, com arejamento suficiente ou equipadas com aparelhos que garantam a exaustão do ar para o ambiente externo – nos estabelecimentos. O autor do projeto, deputado Alencar da Silveira Júnior, do PDT, preferiu respeitar os 30% dos fumantes da capital, sugerindo a edificação de uma área reservada. “A lei paulista é arbitrária e desrespeita o direito de quem quer consumir cigarros. Belo Horizonte é conhecida como capital nacional dos botecos, é preciso permitir a existência de locais para fumistas”, afirma.

Conceito popular As opiniões na capital mineira divergem. Enquanto uns estão a favor da proposta da nova lei, outros não aprovam a decisão da Assembleia de Minas Gerias. Enfermeira do Hospital Mater Dei e não fumante, Maristela da Conceição, 43, não está satisfeita. “Seria melhor se a lei daqui fosse igual a de São Paulo; é proibido fumar no hospital e muita gente não respeita. Com a construção desses locais, continuará do mesmo jeito, não irá resolver”, contesta. Já para o recente ex-fumante Tarcísio da Luz, 55, a lei em São Paulo não é adequada, contradiz com o direito do cidadão. “Acho uma baboseira! Se querem fazer alguma coisa, fechem a fábrica, ora! Estão tirando o direito das pessoas. Ainda bem que aqui deram alguma opção, estão pensando nos dois lados”, reclama. Apesar de algumas diferenças, a lei em Minas Gerais terá o mesmo propósito que em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os estabelecimentos serão vigiados e quem desobedecer

terá que pagar uma multa no valor entre R$ 400 e R$ 800 podendo, ainda, perder o alvará de funcionamento. Gerente da livraria Leitura no Shopping Del Rey, onde já existia antes do projeto uma área reservada para os fumantes, Silvana Maria afirma que na loja nunca houve impertinência dos clientes tabagistas e que a existência de fumódromos em locais fechados será benéfico tanto para o estabelecimento quanto para os frequentadores. “ Até hoje não tivemos problemas com os fumantes, o espaço para eles é pouco usado, no entanto, não perdermos a clientela por causa disso. É tão conveniente para eles quanto para nós a livraria ter um fumódromo”. Silvana Maria explica que a loja será ampliada, mas ainda não houve reunião quanto à possibilidade de o projeto entrar em vigor. “A Leitura será reformada e com ela haverá a reestruturação do fumódromo, não por causa da lei, não fomos informados quanto ao procedimento da loja sobre esse assunto”, conclui. A lei segue para a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerias, que deverá emitir parecer de segundo turno, antes de retornar ao plenário. Caso seja aprovada, a proposta precisará da sanção do governador Aécio Neves para entrar em vigor.

Lei que não pegou

Depois de São Paulo, Lei anti-fumo chega a Belo Horizonte

Devido ao descumprimento da lei federal nº 9.294 de 15 de julho de 1996, que proíbe o fumo em locais fechados, tornou-se comum a criação de leis mais enérgicas que combatam o tabagismo. Sabendo-se que o fumo passivo é a terceira maior causa de morte no mundo, a Organização Mundial de Saúde – OMS – recomenda, desde 2007, a restrição do cigarro. Uma pesquisa feita pelo instituto Datafolha, em 2008, revelou que 88% da população reprova o cigarro em locais fechados, mas a proibição em lei levantou a polêmica sobre a liberdade de expressão. Ninguém discute que os malefícios do cigarro já estão mais que provados e comprovados. No mundo todo, leis como a de São Paulo, já existem há anos e a própria lei federal de Julho de 1996 está em discussão na Casa Civil e no Congresso para aumentar as restrições, já que não impõe multas e libera áreas exclusivas para fumantes.


reaProveitamento

O ciclo das Julia anDraDe e raíssa Dablegan Apesar de parecer abundante e inacabável, a água potável é um bem com risco de extinção. Enquanto muitos países do mundo enfrentam problemas com a escassez da água, o Brasil possui uma das maiores reservas hídricas do mundo. A facilidade do acesso à água em nosso país pode ser um fator determinante para a falta de conscientização dos brasileiros quanto às maneiras de reaproveitamento e racionalização da água. Além de auxiliar na diminuição do desperdício, o reaproveitamento da água pode ser proveitoso por dim inuir e nchentes no caso da implantação de sistemas de coletas de água. Outro benefício é a redução de gastos financeiros, já que os reservatórios de água da chuva ajudariam a reduzir os níveis de utilização da água nos setores residenciais, comerciais e industriais. A agricultura é o setor que mais consome água no país (cerca de 59%), o uso doméstico e setor comercial consomem em torno de 22% enquanto o setor industrial fica por último com 19% do consumo. Neste caso, a implantação do sistema de escoamento e reaproveitamento da água é importante em todos os setores, mas possui grande relevância quando aderido pelos agricultores. A falta de informação é um dos principais motivos para o baixo índice de implantação do sistema de reaproveitamento hidráulico. A população, de um modo em geral, desconhece a existência da captação da água da chuva. O método é simples: primeiro é criada uma cisterna de armazenamento de água, em seguida é instalado o equipamento

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que levará a água do telhado até a cisterna. Apesar dos inúmeros benefícios da reutilização da água, é preciso avaliar a existência de resíduos e sujeiras existentes nos telhados. Mesmo o sistema sendo equipado com filtros de purificação, a água reaproveitada não pode ser ingerida nem utilizada como método de higienização, e deve ser usada apenas na utilização doméstica.

essencial Boa para a saúde, higiene e até para beleza. A água potável vai além do inúmeros benefícios concedidos à população mundial: sua existência garante a sobrevivência de todo o planeta. A água é essencial para o ser humano, é nossa fonte de sobrevivência. O corpo humano é constituído por 80% de água, sendo responsável pelo transporte de substâncias para dentro e fora das células, além de controlar a temperatura corporal. Segundo especialistas, o ideal é que se consuma pelo menos 2 litros de água por dia. A falta de água no organismo pode causar problemas de saúde como infecção urinária, desidratação e problemas renais. É importante lembrar que a água deve ser ingerida em maior quantidade nas práticas de exercícios físicos, nos casos de febre e resfriados. Da mesma forma, mulheres grávidas ou que estejam amamentando também devem consumir maior quantidade de água.

Do térMino Da água O desperdício da água e a falta de consciência por parte da maioria

da população mundial têm sido constantes atualmente. Pessoas se desfazem de água potável com tanta naturalidade que parecem não se preocupar com a possibilidade de sua extinção. Projeções feitas por cientistas calculam que em 2025 cerca de 2,43 bilhões de pessoas estarão sem acesso à água. No Brasil, 40% da água tratada é desperdiçada. A água doce e potável está distribuída de forma desigual no mundo. Assim, alguns países procuram meios de racioná-la quando outros se excedem no desperdício. Segundo divulgação feita pela Agência Nacional das Águas (ANA), a região hidrográfica Amazônica abriga sozinha 74% da disponibilidade de água e é habitada por menos de 5% dos brasileiros. Ainda assim, as demais regiões brasileiras não possuem um planejamento específico que minimize o gasto excessivo da água. Já nas regiões norte e nordeste, muitas famílias sofrem com a seca constantemente. Algumas famílias chegam a ficar quatro dias consecutivos sem água.

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Dayse aguiar

Errado: Escovar os d entes com to rneira aberta 80 litros/dia; . Consumo d barbear-se co e m a torneira Consumo de aberta. 80 litros/dia; banho de duc 15 minutos. ha durante Consumo de 243 litros/dia chuveiro elét . B anho de rico, consum o de 144 litro carro com a s/ d ia e lavar o mangueira, consumo de 216 litros/dia . Certo: Molhar a esco var e manter a torneira fe um copo de chada. Utiliz água para o ar en xágüe. Consu 0,2/0,35 litro mo de /dia; encher a p ia d´água o su para se barb ficiente ear ou barbea r-se com a to fechada. Con rneira sumo de 2 lit ros/dia; ban durante 5 m ho com duc inutos, tend ha o o cuidado de torneira enq fechar a uanto se ensa boa. Consum dia; banho co o de 80 litros/ m chuveiro el étrico duran tendo o cuid te 5 minutos, ado de fech ar a torneira Consumo de ao se ensab 48 litros/dia oar. e lavar o veíc por mês, utili ulo uma vez zando balde. Consumo de 40 litros/dia.

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Meio ambiente

Setembro/2009

Dayse Aguiar

Saco é um

saco? Não adianta proibir as sacolas plásticas se não forem apresentadas ao comércio e aos consumidores, medidas eficazes que beneficiem a todos, principalmente à natureza

Indhiara souza Depois da lei que proíbe os supermercados de fornecerem as sacolas plásticas convencionais, muitos estabelecimentos fazem o que podem para se adequar, aproveitando o prazo de três anos que a própria lei concedeu para que o comércio adotasse medidas mais ecológicas. Só que parte dos comerciantes ainda não se desfez do material que prejudica o meio ambiente e muitos consumidores ainda não abriram mão das sacolinhas que, em casa, têm a utilidade de armazenar o lixo. Três anos pode ser um tempo bom para que toda loja em BH trate de educar o pensamento e colaborar para a natureza, mas se um trabalho de conscientização não for feito junto à população, o consumidor vai achar que a lei é mais uma chatice ambiental sem fundamento para complicar a vida de quem vai às compras. Roberto Machado de Castro, gerente do

Se não forem recicladas, sacolas de plástico se tornarão um problema cada vez mais para o meio ambiente

BH Supermercados, revela que estoque das antigas sacolas ainda é grande, mas a mudança está sendo feita aos poucos. Para Roberto, pouco adianta ter sacolas biodegradáveis disponíveis no comércio, se grande parte das mercadorias é fornecida em caixas de isopor, papelão, além de as embalagens dos produtos nem sempre serem recicláveis. Fora isso, ainda há o problema de comportamento de quem faz as compras. Não é incomum ver os compradores pegarem nos caixas mais sacolas do que o necessário, e pouquíssimas pessoas utilizarem as sacolas de pano. “Muitos clientes acham um transtorno ter que mudar de hábito, já outros recusam as sacolas plásticas e abrem as retornáveis, feitas de algodão, com o maior orgulho”, aponta. Dona Sebastiana Souza faz parte da turma de clientes que adotaram as sacolas retornáveis. Mas no caso dela, essa adoção foi há muito tempo. “Desde nova eu uso a minha sacola, já acostumei”, entretanto, dona Sebastiana confessa que quando a

compra é grande, precisa das sacolas de plástico. “São bem mais práticas, não posso negar. Fazem mal ao meio ambiente, mas facilitam na hora de carregar uma compra maior e também são muito úteis dentro de casa”, resume bem a situação.

oxibiodegradáveis Segundo a Flecha Industrial, de materiais plásticos, as sacolas oxibiodegradáveis são feitas de materiais pesados e que poluem o meio ambiente. Lúcia Barbosa, da assessoria de imprensa da indústria, afirma que as sacolas plásticas são cem por cento retornáveis e que podem ser recicladas de forma a aproveitar totalmente o material. Para ela, a sociedade brasileira não entende que a melhor coisa a fazer é reciclar. Lúcia ainda arrisca em dizer que “o governo não tem interesse em mostrar o lado verdadeiro do material oxibiodegradável, que não tem uma estrutura química que favorece a natureza”.

Essa estrutura química tem um componente que acelera a decomposição da sacola, mas ao final da decomposição, são liberadas substâncias nocivas ao meio ambiente. Josias Nogueira, funcionário de uma distribuidora de embalagens, concorda que a natureza deve ser preservada, mas com outras medidas. Ele não acha que as sacolas feitas de pano são uma alternativa boa para o consumidor já que “elas não separam alimentos frios de quentes, não dividem comida de material de limpeza, está tudo junto ali e isso é ruim”. Outra coisa que incomoda o consumidor é que depois da onda ecológica, ele vai precisar comprar sacolas para armazenar o lixo em vez de reaproveitar as do supermercado. Sobram discussões e desconforto entre ambientalistas, consumidores e comerciantes. Faltam medidas eficazes que solucionem os problemas do meio ambiente. Enquanto isso, o cenário das grandes cidades volta e meia é enfeitado por sacolinhas voando no asfalto.


DAYSE AGUIAR

tecnoloGia

Energias renováveis e o

futuro eXemPlo R$ 350. O sta em média

cu Equipamento arado com o aixo se comp b r lo va m u , que cheartesanal especializadas s ja lo em o d to com valor cobra o equipamen el p 00 12 $ R gam a cobrar os de água. uecer 200 litr aq e d e ad id no, inventor capac sé Aleino Ala Jo m co o d or De ac s, esse tipo tos artesanai en am ip u eq ia R$ de um dos custa em méd sa ca em o it de sistema fe a vendido em o a um sistem ad ar p m co e 350. S uito baixo, já , o valor é m as d za li ia ec p izado tem lojas es lar industrial so or ed ec u s sofisque um aq ra e peças mai ca s ai m ra ob uma mão de roduto. a o preço do p ev el e u q o , as ticad

aDrielle lopes e Kleber ferreira A necessidade de preservação do meio ambiente, associada aos avanços tecnológicos, oferece à população mundial a chance de impulsionar o mercado de energias não poluentes. Uma das fontes renováveis que atraem mais o consumidor é a energia solar, que além de ser ecologicamente correta, exige manutenção mínima para continuar funcionando. Porém, a produção desse tipo de recurso de acordo com o clima, não produz energia a noite e o preço não só do consumo, mas do sistema em si é muito elevado em relação aos outros tipos de alternativa. Para adquirir o material de energia solar, a população deve ficar atenta para não ser enganada. Há muita picaretagem por aí, tem gente que chega a vender material de plástico, o que pode fazer uma tragédia – diz José Paulo, vendedor deloja especifica em matérias ligados a energia solar. A energia solar tem, em países tropicais, uma utilização totalmente viável, já que o sol se faz presente em todas as estações do ano. No Brasil, além do clima ser tropical, o país é privilegiado por possuir reservas de minerais usados na produção dos painéis de capitação. Sendo assim, para que tenha uma ascensão no mercado de energias alternativas, o Brasil precisa somente identificar oportunidades e desafios, aproveitando então as características favoráveis. O investimento nesse tipo de energia gera uma modernização de laboratórios, investimentos em desenvolvimento de tecnologias, e programas de distribuição de energia com sistemas que conectem casas, empresas, indústrias e prédios públicos, dando a população maior conforto e economia. E ao contrário da especulação, o uso da energia solar não é um risco à energia hidráulica, já que a solar é produzida dependendo do clima e é produzida a luz do sol.

cultura e inovaÇão A energia solar já é vista por muitas pessoas como uma solução para problemas energéticos, incluindo os econômicos. Até na musica este fato começa a ganhar força. Um exemplo é a banda inglesa Klaxons que esco lheu um estúdio movido a energia solar para gravar o novo álbum. Em Florianópolis foi feito um show de rock movido 100% a energia solar. A iniciativa foi da entidade ambientalista Greenpeace juntamente com o Labsolar (Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina). A idéia foi baseada nas experiências feitas na Austrália e na Europa. Batizado como Brasil Solar, o evento aconteceu em 98, no campus da Universidade Federal de Santa Catarina. A experiência foi, além de tudo, para divulgar o potencial da energia solar para gerar eletricidade as mais diferentes aplicações. A idéia também é popularizar a energia limpa e renovável que vem do sol.

soluÇÕes viáveis Um aquecedor solar de baixo custo pode oferecer uma economia considerável no gasto de energia de uma residência que usufrui de um chuveiro elétrico. Mas o preço do aparelho é alto, o que pode interferir significativamente na renda de muitas famílias. No entanto pequenas soluções já foram sugeridas. Já é possível fazer artesanalmente um aquecedor solar, de modo que não interfira muito economicamente. Os sistemas podem ser feitos até em um dia e oferecer uma redução de 30% no gasto da energia de uma residência. A maneira como é feita é divulgada em sites.


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talentoS

renato CoBuCCi

samba de quintal, formado por Hamilton ferreira, Humberto Dias, adelton rodrigues, evandro luiz silva , luiz claudio alves, ivan bergman , Júlio césar Dias, bruno goes e rodrigo alves, descreve em suas letras as mudanças que o Morro das pedras sofreu com o passar do tempo

a banda cajaba, formada por Danilo fernandes, andré luiz, alexssandro Junio e raphael silveira, inova com um som influenciado pelo Heavy Metal com letras e rimas do rap

O som que propaga o “HiGHerGround” Músicos de aglomerados e regiões pobres de Minas Gerais, têm chance de divulgar suas composições no concurso “Vozes do Morro”

gabriel Moura A dupla sertaneja Victor & Leo vendeu 260 mil copias do CD “Borboletas”; Ivete Sangalo, com seu show gravado no Maracanã, vendeu 420 mil, segundo a ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Disco). Enquanto isso, longe do grande mercado fonográfico, 323 inscritos participaram do programa “Vozes do Morro” — uma iniciativa do Governo de Minas. Foram premiados 10 grupos e artistas para gravar CDs e DVDs de suas músicas. Além disso, os artistas tiveram spots (anúncios publicitários para rádio) e clipes divulgados pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de Minas Gerais (Sert-MG). O programa foi criado em 2008 e revelou um total de 23 artistas. Ao contrário do que muitos acreditam, o programa revela músicos de vários estilos musicais como a

banda, Cajaba. Sempre procurando expressar a inconformidade dos acontecimentos atuais de descaso social e os vários conflitos internos e espirituais, a banda foi criada em 2000. Com o single “Cidadão Urbano”, faz um som voltado para o new metal, como Link Park e Korn, com letras em português.

o resgate Do saMba Nas duas últimas edições houve um resgate do samba com grupos como Cirandeiros, Samba de Quintal, Geraldo Magnata, Ivo do Pandeiro, Domingos do Cavaco. Evandro Mello, cavaquinista e vocalista do Samba de Quintal, analisa que “grandes artistas com certeza irão despontar no cenário musical”. E fala orgulhoso que foi “uma dádiva de Deus sem dúvida ser escolhido pelo programa, pois sempre lutamos pra ter o nosso trabalho reconhecido”.

O Samba de Quintal surgiu no Morro das Pedras em 2007. “Foi quando começamos a tocar nos quintais das casas de amigos ligados ao samba, e mantínhamos um projeto, que consistia em mostrar o nosso lado autoral”, explicou o músico. A música inscrita foi “Favela onde eu nasci”, que fala de mudanças ocorridas no Morro das Pedras. “O programa ‘Vozes do Morro’ incentiva os jovens a saírem da criminalidade e das drogas, pois o ser humano é movido pelo combustível que são seus sonhos e, ele facilmente se frustra ao ver que oportunidades não lhes são dadas”, comenta Evandro.

expanDinDo Mentes Na edição de 2009, além da premiação com a gravação de CD, DVD e divulgação, os selecionados ganharam um curso de produção e gestão cultural para suas as carreiras.

Chamado “O nosso negócio é música”, promovido pelo Sebrae, o programa é inédito, desenvolvido especialmente para o “Vozes do Morro”, e é obrigatório para os selecionados. “O curso foi de grande valia e importância pois, abriu as nossas mentes que ainda estavam um pouco voltadas para projetos menores e também é um jeito de se formar pessoas de bem com objetivos a serem alcançados”, elogia Evandro Mello. As aulas foram montadas pelo produtor e gestor cultural Rômulo Avelar, que é professor de planejamento dos grupos de teatro Galpão e Beco. O curso receberá convidados que falarão sobre marketing pessoal e direitos autorais, entre outros tópicos. Ele terá duração de 36 horas/aula, em dois módulos com teoria e prática. No final das aulas, os alunos terão que apresentar um projeto de busca de recurso junto à iniciativa privada.


Setembro/2009

cinema

o LonGo drama

lucas Horta Setembro é o mês em que se lembra o início da Segunda Guerra Mundial. Lá se vão 70 anos desde o dia 01/09 de 1939, quando a Alemanha Nazista invadiu a Polônia e deflagrou o maior conflito bélico da História. Fato que influenciou e influencia até hoje a sociedade em inúmeros aspectos — seja na política, na tecnologia, nas relações humanas e especialmente na cultura. O LINCE preparou uma lista de filmes, clássicos ou não, que podem ajudar na compreensão do fenômeno. Stalingrado – A batalha Final (Joseph Wilsmaier - 1992) — A maioria dos filmes sobre a 2º Guerra são produções norte-americanas, o que levanta suspeitas sobre a visão que os americanos têm do conflito. “Stalingrado – A Batalha Final” é uma co-produção alemã e sueca e que mostra o front leste da guerra. O filme exibe com maestria a soberba e a autoconfiança alemã até chegar à cidade soviética que dava o nome do ditador da URSS. Os nazistas, que cercaram e quase dominaram por completo a cidade ás margens do Volga, caíram perante o inverno russo e a resistência vermelha. Tudo se congelou. Até mesmo a máquina de guerra alemã, que, depois da queda em Stalingrado, sofreu uma sucessão de derrotas. O Pianista (Roman Polanski - 2002) — Baseado em fatos reais, o filme mostra a realidade do Gueto de Varsóvia. A repressão alemã sobre os judeus poloneses, através do olhar de um jovem pianista que se refugia nas ruínas da cidade. A Lista de Schindler (Steven Spielberg 1993) — História do empresário alemão Oskar Schindler, que criou uma empresa onde empregava judeus e evitava que eles fossem enviados aos campos de extermínio.

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arquivo Pessoal

que continua gerando dramas

exército vermelho em berlim: 2ª guerra Mundial é tema de inúmeros filmes que detalham o conflito O Mais Longo dos Dias (Ken Annakin, Darryl Zanuck – 1962) – O “Dia D”, a invasão dos aliados na Normandia pelos aliados — dos preparativos até a reconquista de Paris. Um filme irregular, romantizado em excesso, mas que conta com elenco multiestelar. Tora!Tora!Tora! (Richard Fleischer, Kinji Fukasaku – 1970) – Ataque japonês a base naval de Pearl Harbor, desta vez enfatizando mais a visão nipônica do conflito. A Um Passo da Eternidade (Fred Zinnermann – 1953) – O ataque japonês à base naval de

Pearl Harbor se tornou um dos maiores clássicos de todos os tempos. Um filme indispensável. O Barco – Inferno no Mar (Wolfgang Petersen – 1981) – Dia-a-dia de um submar ino alemão bombardeado e perseguido pelos aliados no Mediterrâneo. Afundem o Bismarck (Lewis Gilbert – 1960) – Batalha envolvendo as marinhas alemã e britânica na perseguição ao maior navio de guerra da frota alemã. Ratos do Deserto (Robert Wise – 1952) – Batalhas na região do Canal de Suez – Mostra a

guerra deslocada para o front africano, com ação passada no norte da África. Cartas de Iwo Jima (Clint Eastwood 2006) – Relatos mais intimistas, mas sob o ponto de vista americano, envolvendo japoneses em guerra na ilha de Iwo Jima, no Pacífico. A ponte do rio Kwai (David Lean - 1957) – Americano escapa de campo concentração japonês, mas retorna ao local para explodir uma ponte e evitar o avanço das tropas japonesas no sudeste asiático. Dayse aguiar

Foi na casa de trás...

dicaS carla oliveira “Espero poder confiar inteiramente em você, como jamais confiei em ninguém até hoje”. É com esta frase que a jovem Anneliese Maria Frank, ou simplesmente Anne Frank, inicia uma cativante narrativa em um pequeno diário. O que ela não esperava é que hoje seus relatos virassem uma famosa obra em mais de 50 países. O diário de Anne Frank não é para os mais fracos, que esperam encontrar conflitos açucarados de uma menina recém che-

gada à adolescência. O livro, na verdade, mostra a dura realidade dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Anne, apesar de contar com apenas 14 anos e estar escondida em uma casa dos fundos, na Holanda, compreendia e analisava as atrocidades dos combates com maturidade e uma pequena dose de lirismo. Isso faz com que o leitor pare e reflita muito mais do que se estivesse diante de um frígido e comum livro de história. As 350 páginas que resumem os dois anos de atividade do diário parecem poucas, mas são suficientes para nos transportar até onde tudo aconteceu... Em uma simples casa de trás.


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Gente

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triSteZa mata?

Sim! Abandonados pelos familiares, idosos têm realidade difícil em asilos

bernardo: "eles não gostam de mim" raquel DoMingues Você teria coragem de abandonar uma pessoa que cuidou de você a vida inteira, sacrificou os próprios sonhos para realizar os seus, trabalhou até o limite da exaustão para garantir que não lhe faltasse nada e que te amou tão incondicionalmente que seria capaz de fazer qualquer coisa para te ver feliz? Pois é. Infelizmente é muito comum vermos idosos em asilos. O problema não é colocá-los no asilo. È abandoná-los lá. Não se podem generalizar os casos, pois as situações são diferentes. Por exemplo, se você trabalha o dia inteiro, estuda, é filho único e não tem como fazer companhia para seu pai ou sua mãe, é melhor deixá-los em um lugar onde eles terão todo o cuidado e atenção necessária para que eles não se sintam sozinhos e também para que não ocorra nenhum acidente. No entanto, tem aqueles casos em que os filhos - pois muitas vezes são os próprios filhos que internam os idosos em casas de repouso -, não querem ter “esse peso sobre as costas” e preferem se “livrar” desse “estorvo”. O presidente do Lar dos Idosos Santo Antônio de Pádua, Milton Dias de Sena, é responsável pela instituição que abriga 38 internos. Milton é aposentado e voluntário na coordenação do Lar. Ele dispõe de boa parte do seu tempo para cuidar dos assuntos

Mílton: "os filhos não querem vê- los" relacionados ao asilo e não tem nenhum tipo de retorno financeiro pelo trabalho desenvolvido. Apesar de ser um trabalho gratificante, Milton fala como é difícil manter a instituição funcionando. “Precisamos de muitas coisas e não temos como conseguir tudo. Recebemos doações, mas ainda assim, não é suficiente para atender a todos os internos da forma como gostaríamos”, lamenta. Além das necessidades materiais como, comida, produtos de higiene e limpeza, roupas e fraldas geriátricas – são 99 por dia – o que mais preocupa é a falta de carinho por parte dos familiares dos idosos. Milton afirma que o convívio social é uma forma de manter a sobrevivência dos velhinhos, pois assim eles se sentem mais próximos do “mundo lá fora”. “O abandono é uma realidade muito presente aqui. Os filhos trazem os pais e se esquecem deles. Parece que eles não se lembram que os idosos também precisam de amor e atenção”, desabafa Milton. Bernardo da Conceição, 64, está no asilo há 12 anos. Tem nove filhos, é divorciado e tem uma triste história para contar. De acordo com o aposentado, um dia ele saiu para passear e se perdeu. Ficou alguns dias numa obra até que um amigo o encontrou e levou-o para o asilo. Só depois de quatro anos a família descobriu onde Bernardo estava. O curioso, ou desumano, é

eleonice: "ainda sonho com a bahia"

que, apesar dos filhos morarem perto do Lar, eles quase não visitam o pai. “Eles não gostam de mim. Eles acreditam que eu fui responsável pelo fim do meu casamento”, conta. Em função de um derrame, Bernardo ficou praticamente cego. A aposentada Maria Eleonice, 56, também tem uma velhice complicada – tem três filhos, nove netos, um bisneto e, de companhia, a solidão. Eleonice diz que está no asilo por vontade própria. Mas o que pode levar uma pessoa a querer ficar longe da família? Conversa vai, conversa vem e ela confessa: teve um aneurisma, perdeu o movimento de parte do corpo e precisava receber comida na boca. Mas parece que os filhos não lembravam disso. Então ela ficava sem comer, O sonho de Bernardo é sair do asilo, conseguir uma casinha para morar e arrumar outra companheira. Já Maria Eleonice sonha em conhecer a Bahia e voltar a andar. Dois casos que ilustram o quão cruéis e perversas podem ser as pessoas. Depressão é um problema cada vez mais recorrente entre a terceira idade. O fato é que não é uma situação difícil de resolver. O que falta é boa vontade por parte dos familiares. Humanidade consiste em sair de dentro do seu egocêntrico mundo e dispôr mais do seu tempo para as pessoas que precisam do seu carinho!

ninguém é jovem a vida inteira, por isso é preciso olhar também para os idosos que, nos asilos têm por companhia apenas a solidão


Solidariedade

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um novo ponto de vista Voluntários doam “seus olhos” em benefico dos deficientes visuais

Fotos Marnês Costa

Marnês costa Você já imaginou a possibilidade de doar seus olhos para alguém sem se prejudicar? Isso é possível! Esse é um tipo de doação realizado por 60 voluntários no Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, na capital mineira, desde 1971. Os voluntários trabalham com leitura viva voz, transcrição de textos em tinta para o braille e gravações, beneficiando 340 usuários com deficiência visual. A professora aposentada Ana Maria Alves, psicóloga que é voluntária da biblioteca, fala sobre a sua alegria em poder ajudar. “É um trabalho gratificante, poder doar meus olhos para ajudar a quem necessita; eu me sinto honrada em poder realizar este trabalho”, afirma. Para Ana Maria, “o mais bacana é poder contribuir para além leituras, ajudando no relacionamento entre deficientes visuais e pessoas que enxergam

dessa forma eu me sinto fazendo um papel humanizado, não como uma máquina que sabe ler”.

referência O Setor Braille é referência, pois busca oferecer um acervo de qualidade, equipamentos, equipe de voluntários, cursos de braille, cursos de literatura e ações de incentivo à leitura. Todo serviço oferecido por esse Setor visa proporcionar maior acesso à informação e à leitura das pessoas com deficiência visual. A Divisão Braille atende os deficientes visuais visando orientar em pesquisa e estudos, estimula o prazer pela leitura por meio do hábito e contribui para a inserção cultural e social dos deficientes. O acervo é composto por literaturas infanto-juvenil, literatura brasileira, estrangeira, livros didáticos, periódicos e dicionários. Sendo 1.700 títu-

los impressos em braille, 1.200 títulos gravados em 1.023 exemplares de fica cassete e 200 títulos em CD (digitalizados). Os usuários ainda podem contar com acesso a internet em computadores com sintetizador de voz (JAWS), ampliador de tela (MAGIC) e lupa eletrônica para as pessoas cegas e com baixa visão. São desenvolvidas atividades de incentivo à leitura como “A Hora do Conto e da Leitura”, Cursos e Palestras destinados às pessoas com deficiência visual e baixa visão. Gildete Barros Veloso, bibliotecária e coordenadora do Setor Braille, retrata as dificuldades de trabalhar em um setor tão especial. “Coordenar um Setor que atende pessoas com deficiência visual é um desafio constante no sentido da especificidade do acervo como também dos equipamentos utilizados”, explica. A coordenadora encara o trabalho como um desafio. Já o funcionário da biblioteca Glicélio Ramos, 31, que é

deficiente visual, fala sobre como se sente em trabalhar neste Setor “Eu me sinto de certa forma tranqüilo por ter acesso a cultura em braille e de poder oferecer a mesma cultura para as outras pessoas”. Minas Gerais se destaca em relação a outros estados que não oferecem o serviço de leitura em braille, apesar de estar previsto em lei. Pércio Martins, 20, usuário da biblioteca e canditado a uma vaga no TRT Tribunal Regional do Trabalho, considera muito válida a iniciativa do Estado de suprir a educação e a cultura para os deficientes visuais, investido em acervos em braille, mas não deixa de ressaltar que nada mais é que um dever adquirido por lei. A biblioteca em Braille veio para auxiliar os deficientes, e ser um voluntário é importante porque assim você também pode colaborar para a democratização do conhecimento e a igualdade de acesso à informação. Portanto faça a sua parte e seja um voluntário.


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SaÚde Dayse aguiar

Lugar de jaleco

é no HoSPitaL

Mesmo representando um risco à saúde, médicos e enfermeiros de Belo Horizonte insistem em usar o jaleco nas ruas e até nas lanchonetes aline Maia e Daniela Moura Na área hospitalar da capital mineira — no entorno do cruzamento das avenidas Brasil, Francisco Sales e Alfredo Balena — é fácil identificar quem trabalha na área da saúde. A maioria deixa a área de trabalho com o jaleco utilizado para atender pacientes e até mesmo com os trajes especializados das áreas restritas dos centros médicos. Pacientes, comerciantes e parte desses profissionais concordam que lugar de jaleco é no hospital. Mas ainda há quem insista em dizer que, por esquecimento ou hábito, o traje é utilizado para transitar fora do ambiente de trabalho. Até em lanchonetes. Quem trabalha perto dos hospitais sabe muito bem desse mau hábito dos profissionais da saúde, comenta a comerciante Carla Dias, proprietária de um carrinho de sanduíches localizado em frente ao Ambu-

latório Bias Fortes. Ela conta que a maioria desses profissionais circula com o jaleco até mesmo na hora de comer. Mesmo assim, Carla acredita que não deveria haver punição. “Se a contaminação está no jaleco, não pode estar também na roupa dos médicos?” — questiona.

bactérias resistentes Apesar de ser comum o uso de jalecos fora dos hospitais, muitos profissionais não têm conhecimento de que esse ato pode colocar em risco a própria saúde e até mesmo das pessoas ao redor. Segundo uma portaria do Ministério do Trabalho, os profissionais da área da saúde só devem usar o uniforme em locais apropriados. E pior: quem usa os jalecos fora desses ambientes pode transmitir as bactérias que ficam nesses tecidos. Foi o que mostrou um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro: 90% das bactérias encontradas nos jalecos

resistem por até 12 horas nas roupas. No país, existe um Projeto de Lei – já encaminhado para votação – que obriga empresas de setores de risco (como hospitalar e químico) a lavar profissionalmente os uniformes. Só assim as bactérias que ficam nos tecidos são completamente eliminadas.

bons exeMplos Caio Souza, virologista do Hospital das Clínicas, conta que utiliza dois jalecos: um para atender pacientes e outro para sair do hospital. Até mesmo os sapatos, o médico faz questão de trocar e não os leva para casa. “Tenho filhos pequenos e isso é um risco para eles”, diz. Souza até concorda que é perigoso sair do hospital com o mesmo jaleco usado para atender pacientes, mas diz que “tem outras coisas mais importantes para se preocupar, e que deveria haver punição para aqueles profis-

sionais que não atendem direitos seus pacientes”. Alguns médicos e enfermeiros que não tem esse mau hábito afirmam que o preocupante, na maioria das vezes, nem é mesmo o jaleco. Segundo a enfermeira do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital das Clínicas, Márcia Abreu Couto, o perigo está nos profissionais que trabalham em áreas restritas – como UTI, bloco cirúrgico – utilizarem as roupas dessas áreas fora dos hospitais. E acrescenta: “como trabalho na CTI, eu deixo o hospital com uma roupa e chegando lá eu coloco outra, especializada”. A melhor opção seria se todos os profissionais da saúde se conscientizassem que o jaleco é um instrumento de trabalho. Ou seja, ele serve para protegê-los de possíveis contaminações — como respingos de secreções — e não para desfilarem pela cidade.


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Cidade

Até onde vai

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Fotos Arquivo Newton Paiva

a cerca do Caiçara?

Bairro da região Noroeste é um dos mais populosos e diversificados de BH, só pelo fato de agregar vários outros Marília corradi e patrícia righi "Kai'sara", palavra originada do Tupiguarani, que significa Limite, cerca de galhos ou varas. E que também deu nome ao bairros mais populoso da regional Noroeste, o Caiçara. A região é uma das maiores da capital, e abrange 21 bairros. Alguns — Monsenhor Messias, Santo André, Jardim Montanhês — são considerados parte do Caiçara devido à sua proximidade. Mas afinal, até onde vai a cerca do Caiçara? Seus pontos mais marcantes são o Shopping Del Rey, o Espigão , o prédio mais alto da região, e a Avenida Carlos Luz (Catalão). O bairro engloba tantas partes que, classes sociais diferentes formam uma das características mais peculiares do local. A cada rua, pode-se perceber com clareza, a diversidade nas casas e até nos diferentes carros.

divisão Os contrastes, em alguns casos, significam problemas. A estudante de enferma-

gem Lívia Miranda, 21, por exemplo, faz estágio em um posto de saúde no bairro Jardim Montanhês, e reclama que o Caiçara não possui posto de saúde. Com isso, os moradores têm que utilizar os postos mais próximos, que são dos bairros Jardim Montanhês e Santo André. Como em todo posto de saúde, as ruas são divididas em baixo, médio e alto risco. Acontece que este critério prejudica o bairro, pois em uma rua, geralmente existem casas de diferentes níveis sociais. E dependendo da divisão feita (em baixo, médio ou alto risco) pessoas que mais necessitam do serviço saem prejudicadas. O bairro possui um parque, local muito freqüentado por moradores de diferentes idades. A natureza é bem conservada e jardineiros da prefeitura trabalham na manutenção das plantas. Antônio dos Santos, 58, jardineiro do parque, elogia o local. “É um lugar bom, eu gosto muito daqui”, conta. “O pessoal vem jogar bola e as crianças ficam assistindo”. Mas, a água que corre para a cachoeira do parque é poluída — junto com as nascentes que desaguam na cachoeira,

vem o esgoto do bairro. Obras têm sido realizadas para o tratamento desse esgoto nas ruas próximas ao local. As outras formas de lazer mais conhecidas da região são os bares e o Shopping Del Rey. Mesmo assim, o estudante Antônio Eduardo Viana, 23, acredita que a região precisa de mais espaço para os jovens. “Falta um ponto de encontro para as pessoas se conhecerem”, diz.

O ponto forte do Caiçara é o comércio. Moradores afirmam que não é necessário ir muito longe para fazer compras. A dona de casa Ivany Rocha, 53, afirma que “o que o bairro tem de melhor é o comércio”. Além disso, ela conta que “a segurança do bairro melhorou muito, mas deveriam melhorar a sinalização e consertar os buracos das ruas”.

Associação de bairro colabora com a região A líder da Associação do bairro Novo Santo André ,Vera Santana, 62, que também recebe correspondências endereçadas aos bairros Nova Esperança e Caiçara, fala que seu trabalho é uma ligação entre os moradores e os órgãos públicos. ” Um morador sozinho não consegue nada, precisa de um líder para representá-lo”. Segundo ela, em 36 anos como líder, os principais problemas sempre foram segurança, transporte e saúde. Vera não trabalha com a ajuda de um tesoureiro, porque apesar de não entrar dinheiro nesse trabalho, eles precisam prestar contas à Receita Federal. Através disso, a líder recebe correspondências dos órgãos públicos. A prefeitura remete à associação alguns alertas. O

mais recente foi sobre a Gripe Suína. “Saí pelo bairro panfletando e alertando os moradores sobre o perigo da doença”, conta. Através da Associação, a líder de bairro trabalhou em um quartel com moradores das favelas Pedreira Prado Lopes e Sumaré. E chegou a ser ameaçada de morte. Ela participa de todas as reuniões da Regional Noroeste e conta que são sempre os mesmos problemas referentes a transporte e segurança. Mas que nos últimos cinco anos obtiveram muitas melhorias, principalmente com relação à segurança. As reuniões com a regional ocorrem de dois em dois meses, dependendo da gravidade dos problemas.


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diScUSSÃo

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Cobrar ou não cobrar:

eiS a QueStão

Taxa pelo uso de banheiros públicos causa polêmica e aponta para uma questão preocupante: a falta de educação da população Dayse aguiar

bárbara calDeira

Provavelmente boa parte dos belohorizontinos tem em comum uma experiência: a de estar no centro da cidade, sentir vontade de ir ao banheiro, mas não encontrar nenhum. A ausência de banheiros efetivamente públicos na capital faz com que as pessoas tenham apenas uma alternativa: pagar para usar o sanitário de algum estabelecimento, seja ele público, como no caso da Rodoviária, ou da iniciativa privada – como o Mercado Central e o Shopping Cidade. Apesar de alguns concordarem com a cobrança, alegando ser uma forma de selecionar melhor os usuários dos banheiros, a maioria considera a taxa abusiva. O técnico em administração Vinícius Gontijo Gonçalves acredita que, no caso dos estabelecimentos comerciais, como a Galeria do Ouvidor, a cobrança da taxa não se justifica. “O lojista paga o aluguel, que é repassado no preço do produto, e o aluguel já inclui a despesa com os banheiros”, argumenta. No caso de estabelecimentos públicos, como a Rodoviária, Vinícius acredita que a despesa com a manutenção e conservação dos sanitários deve ser dividida entre o Governo e as empresas de ônibus, que usufruem do local, e não repassada para o usuário da estação rodoviária. “As empresas privadas tiram proveito do local, têm que oferecer conforto aos seus clientes”, conclui.

banHo nas pias Já o universitário André Rezende Meneses acredita que a taxa deve ser cobrada, pois essa é uma forma de coibir o mau uso dos sanitários. “No caso do centro, várias pessoas vão ao Shopping Cidade só para usar o banheiro e não consomem nada”, diz. É esse o argumento que faz com que o Mercado Central continue cobrando pela utilização dos sanitários. Segundo Macoud Patrocínio, presidente do estabelecimento, até bem pouco tempo os banheiros eram gratuitos, porém a falta de respeito e educação fez com que aderissem à cobrança. “Tivemos todos os tipos de depredação, até as descargas eram roubadas. E como os banhei-

cobrança de taxa em banheiros públicos divide opiniões ros no centro são pagos, saía gente de todos os níveis e se dirigia ao mercado para fazer as suas necessidades”, relata. Inicialmente, a cobrança se deu por forma de tickets, que eram entregues aos comerciantes para que distribuíssem a seus clientes como bônus. Porém, logo um esquema de venda de tickets pelos comerciantes foi descoberto, fazendo com que a administração decidisse pela cobrança dos sanitários, o que, segundo diretoria do centro comercial, melhorou consideravelmente a qualidade e condições de uso. De acordo com Macoud, mesmo com a taxa ainda é difícil a manutenção da higiene e conservação dos banheiros. “Aos domingos uma moradora de rua vai ao Mercado Central, paga e se despe, tomando banho nas pias do banheiro. Imagine se fosse de graça?” — questiona. Em abril deste ano, durante uma audiência pública na Assembléia, o assunto foi debatido e causou polêmica. Os deputados da Comissão de Defesa do Consumidor consideram a cobrança ilegal. Em entrevista ao Jornal da Alterosa,

da TV Alterosa, no dia 3 de abril, o deputado e presidente da Comissão, Adalclever Lopes (PMDB-MG), disse que a taxa é abusiva. “No caso da Rodoviária, Ao pagar a taxa de embarque já tem direito ao uso do banheiro e, em estabelecimentos comerciais, a cobrança é dupla e ilegal, uma vez que já pagamos pela manutenção dos banheiros no imposto embutido no produto consumido e ainda pagamos pela utilização dos sanitários”, afirmou.

DenÚncias e reclaMaÇÕes No mês de agosto, em Sergipe, a Defensoria Pública do Estado conseguiu deferimento da Justiça Estadual para a suspensão da cobrança pelo uso dos banheiros nos terminais rodoviários Governador José Rollemberg Leite e Luiz Garcia. Para o descumprimento da decisão, a juíza responsável estipulou multa diária no valor de R$ 10 mil, baseada na Lei 6091/06, que determina no artigo 1° a proibição da prática de cobrança de taxas ou similares pelo uso de sanitários e

banheiros públicos em estações Rodoviárias no estado de Sergipe. A discussão sobre o assunto em Minas Gerais e a mobilização da Comissão de Defesa do Consumidor se intensificou depois que o diretor da Rádio Favela, Mizael Avelino, recebeu várias denúncias de que prédios públicos, como o Terminal Rodoviário, os shoppings populares e as estações de metrô estariam discriminando os usuários de menor poder aquisitivo ao cobrar pelo uso dos sanitários. A advogada do PROCON de Belo Horizonte, Beatriz Oliveira Portela Gouvêa, afirmou que, m e s m o n ã o c o n c o rd a n d o c o m a s cobranças, a população não registrou nenhuma reclamação sobre o assunto no órgão. A doméstica Dirce Prata diz que já reclamou, sim, e que nem a rodoviária nem os shoppings resolvem o problema. “Outro dia, eu tive vontade de ir ao banheiro e estava longe, lá na Andradas; então, peguei e fui lá no Parque Municipal, porque não dava tempo de correr até a rodoviária”. E agora?


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novidade

Dos postos para

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as tomadas

Carro elétrico oferece uma opção mais econômica para quem circula nas cidades Paulo duarte De manhã, pense em sair de sua casa em direção ao trabalho. Entrar em um veículo sem poluição sonora e ambiental, em que não é preciso se preocupar com trocas de câmbio a todo o momento. No final do dia, chegar em casa e abastecê-lo na tomada 220V em sua garagem. Pois é, este é o carro elétrico criado pela Fiat Automóveis em parceria com a Cemig, Itaipu Binac i o n a l e a s u í ç a KW O – K r a f t w e r ke Oberhasli AG. Desenvolvido em caráter experimental em 2006 o objetivo deste veículo é para o uso urbano. Ele ainda não está preparado para longas viagens. O Palio chega a percorrer até 120 quilômetros a uma velocidade máxima de 100 km/h sem precisarmos abastecer. Para recarregar completamente é preciso cerca de oito horas ligados a tomada. Atualmente, apenas a montadora e os parceiros possuem o veículo – ao todo já foram distribuídos 21 veículos. Segundo a montadora a meta é alcançar 50 unidades até o primeiro semestre de 2010. Para o engenheiro mecânico da Fiat Automóveis, Celso Maurício Júnior, o motor elétrico é ideal, pois exige menor manutenção, é mais econômico e possui maior rendimento em relação ao motor a combustão. Porém, as peças do Palio Elétrico ainda são importadas o que gera um alto custo de produção – em torno de US$ 25 mil dólares - para uma construção unitária. Se fosse produzido em escala, o valor

cairia para US$ 15 mil dólares (a intenção da empresa é começar a produção em escala em 2011). “Com uns 35 a 40 mil quilômetros rodados, a economia de combustível paga o investimento de aquisição do carro”, conclui Celso. O preço para o abastecimento completo do veículo é realmente interessante: R$ 6,14 centavos, levando-se em consideração o preço médio da energia elétrica de R$ 0,32 centavos o kw/h. Outro ponto relevante é a autonomia, distância que pode ser percorrida pelo veículo sem a necessidade de abastecimento. Para a Cemig, o veículo elétrico chega para impulsionar algumas inovações tecnológicas como: novas baterias, células a combustível, além de ser um desenvolvimento sustentável para a sociedade. O engenheiro de tecnologia e normalização da Cemig, Acaz Martins, acredita que essa nova tecnologia possibilita aos usuários possuir um veículo com custo acessível e, quando houver sobreoferta de energia no sistema, repassá-la para a Cemig. “Podemos ter um veículo com uma bateria recarregável onde as pessoas irão vender energia para a Cemig”, diz Acaz. A ideia surge como uma possibilidade de economia de custos para a empresa. Ao invés de construir redes de energias, a empresa colocaria postos de venda. “Você para seu carro, pluga em um poste que contém uma espécie de conversor de energia. Ele calcula o quanto você tem e converte em reais podendo até abater no valor de sua conta de luz”, completa.

Divulgação

Apesar das vantagens que o carro elétrico pode trazer, ainda assim conviveremos, diariamente, com o trânsito caótico das grandes cidades. A falta de paciência, o imediatismo e, principalmente, o individualismo é a causa de lutas incessantes entre motos, carros, transportes públicos e pedestres por um espaço. O importante é termos em mente que todo processo de consumo tem impacto e gera uma reação em

cadeia que acaba afetando a todos. Vale lembrar que, muitas vezes, respostas para soluções de trânsito que o futuro persegue podem estar no passado. Avôs dos atuais carros elétricos já fizeram parte da paisagem de Belo Horizonte e ainda estão presente no dia-a-dia de muitas metrópoles. A precoce aposentadoria dos trolleybus mostra que o tempo não pára, mas às vezes dá voltas e retorna sem que ninguém perceba.

O carro elétrico possui algumas diferenças do modelo popular, entre elas, a falta da embreagem e o indicador de energia


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reivindicaÇÃo Dayse aguiar

o SKate eStÁ no centro

Espaço mais propício para a prática do esporte ainda não é adequado para receber os skatistas

skatistas se reúnem no centro de belo Horizonte, mas ainda não têm um local adequado para a prática do esporte DaYse aguiar e lucas siMÕes 6h da tarde. O barulhinho das rodas dos carrinhos correndo pelo concreto, os estrondos das tábuas de madeira no chão e os tombos e acertos das manobras tomam contam da Praça 7 — quarteirão fechado da rua Rio de Janeiro. É um ritual diário: a noite cai na Praça e recebe as dezenas de skatistas que dividem espaço com hippies, punks, emos e gente comum que passa por ali. Mas, nem tudo são ollies, backflips, ou seja lá qual for a manobra da vez. Andar de skate no centro de Belo Horizonte tem conotação marginal e até clandestina. Desde a intensa reforma que a Praça 7 passou em 2003, os skatistas aproveitam o chão liso e os degraus do espaço para praticarem o esporte. Mas, o que poderia ser um local ideal para o treino de manobras, não passa de mais um refúgio para quem anda de skate. Além do chão e da composição do lugar não serem completamente ideais para o skate, a Praça 7 é patrimônio da cidade e, o vaivém de skatistas diariamente só prejudica a Praça. “A gente vem pra cá porque tem uma certa condição para andar (de skate). Mas, aqui não é lugar ideal, é patrimônio da cidade. Reconhecemos que andar de skate aqui depreda,

sim”, pondera Leonardo Lucas Cezário, 29 anos, membro da Família de Rua (F.D.R) — grupo que luta e organiza causas relacionadas ao skate. O gerente do tradicional bar Pop e Kid, localizado na Praça, também defende o patrimônio da cidade, mas, entende o lado dos skatistas. “Aqui não é local apropriado, eles estragam o patrimônio, mas, é o lugar que têm para praticar o esporte. Temos que entender”, analisa.

reivinDicaÇão A necessidade de um espaço apropriado para a prática do esporte é uma reivindicação antiga dos skatistas junto à prefeitura de Belo Horizonte. Um projeto de restauração e adaptação na parte baixa do Viaduto Santa Tereza — local de concentração dos skatistas — já foi apresentado à Prefeitura. A idéia é revitalizar o espaço, que hoje é ocupado principalmente por usuários de drogas e mendigos, para o pessoal do skate. Porém, Leonardo alega que a falta de diálogo com os praticantes na hora de definir as políticas públicas da capital é um dos empecilhos para que a obra saia do papel. "Quando vão fazer uma pista, não entra em discussão quais as regiões

seriam ideais, como vai ser o projeto, se a pista será para street ou vertical, que tipo de obstáculo vai ter. Enfim, pedem apoio dos skatistas só quando o projeto já está pronto”, protesta. Além disso, a prefeitura de Belo Horizonte ainda não deu retorno sobre o projeto apresentado pelos skatistas para a construção de um espaço próprio para a prática do sktate. Além da dificuldade de um espaço para praticar skate no centro de Belo Horizonte, os skatistas ainda enfrentam constante repressão policial. Embaixo do Viaduto Santa Teresa, onde há um posto da Polícia Militar, eles têm uma rixa com os policiais, que fazem a segurança do local. “A policia militar tem um preconceito generalizado com os skatistas”, alfineta Leonardo. Por outro lado, o policial militar Arcanjo, que trabalha no posto do Viaduto de Santa Teresa, reclama de confusões e barulho excessivo dos skatistas. “Eles fazem muito barulho, o som é muito alto também. Isso prejudica as ocorrências, porque não conseguimos ouvir o rádioescuta”, argumenta.

espaÇo Lutando por mais espaço na cidade, o skate conquistou uma recente vitória

com a inauguração da pista do Bairro Mangabeiras, na zona sul de Belo Horizonte. Apesar de ter ótima estrutura, ainda não é o que os skatistas esperavam. O skatista João Vítor Rocha Santos, conhecido como “Pinguim”, avalia a pista como pouco democrática. “É um local de difícil acesso, longe. O ideal seria uma pista no centro da cidade, porque é uma área mais acessível. Além disso, o que queremos é um espaço que imite a rua — street — para andarmos. Não precisamos de mais pistas enormes”, diz.

MercaDo Mais do que um espaço para praticar o esporte, os skatistas lutam pela construção de um mercado em Belo Horizonte. Quem anda de skate na capital dificilmente encontra patrocínios, lojas de roupas e acessórios ou qualquer outro tipo de suporte. “É complicado um atleta se formar aqui. Em nossa cidade, ele fica estagnado, diferente da região sul do país, por exemplo, onde o skate tem mais peso e incentivo”, avalia Leonardo. “Skate é muito mais que mercado, é estilo de vida. Mas, sem mercado, nada existe”, enfatiza.


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