VIII CachoeiraDoc

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GOVERNO DA BAHIA APRESENTA

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SUMÁRIO

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CACHOEIRA E A PEDAGOGIA DO TEMPO: CONSTRUÇÃO E RUÍNA

MOSTRA CORPOS EM LUTAS

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MOSTRA MEMÓRIAS DE LUTAS

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JÚRI JOVEM

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10 JÚRI

SESSÕES ESPECIAIS CINEMAS DE LUTAS

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CINEMA: FAROL PARA UM TEMPO SOMBRIO

SESSÃO CLÁSSICO DO REAL HOMENAGEM A LUIZ PAULINO DOS SANTOS

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VI COLÓQUIO CINEMA, ESTÉTICA E POLÍTICA

CURTAS-METRAGENS

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MINICURSO

CINEMAS DE LUTAS: MOSTRAS ESPECIAIS VIII CACHOEIRADOC

118 APRESENTAÇÕES MUSICAIS

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CACHOEIRA E A PEDAGOGIA DO TEMPO: CONSTRUÇÃO E RUÍNA AMARANTA CESAR

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Se o cinema moderno brasileiro e o cinema da retomada foram marcados pela problemática representação das minorias (pobres, negros, índios, mulheres e periféricos) como objetos do olhar e do discurso dos cineastas homens, brancos, ricos e de classe-média, o cinema brasileiro contemporâneo comemora a multiplicidade de sujeitos históricos a realizar e produzir (seus próprios) filmes. Em suas oito edições, o CachoeiraDoc testemunhou a emergência desses novos sujeitos de cinema e de novas práticas cinematográficas vinculadas aos segmentos sociais que se constituem como alvos principais das opressões (pobres, negros, índios, mulheres, minorias sexuais e periféricos). Aqui, durante este tempo, fomos criando um espaço de acolhimento para essas produções emergentes, especialmente aquelas engajadas em combater desigualdades e violências estruturais. E temos desenvolvido um modo de curar e programar cinema por radiestesia, ou seja, experimentando uma sensibilidade para reconhecer as vibrações e sinais de vida na superfície e no fundo das imagens, oferecendo para elas um lugar de existência e amplificação, criando alternativas para os juízos estéticos universalizantes e os cânones cinematográficos. 7


Nos últimos anos, enquanto buscamos nas imagens os sinais de vida, da diversidade da vida neste país, fomos também constatando o avanço de novos movimentos de opressão e violência institucional e simbólica, e não nos impedimos de nos indagar: o que podem os filmes diante de tantos ataques concretos à vida e ao direito de vida digna? O fato é que olhar o cinema a partir de Cachoeira, e indagá-lo deste lugar, nos conduz à inversão da questão. Parece que chegou o ponto de perguntar não apenas o que pode o cinema pelas lutas políticas e as urgências do presente, mas o que podem, em prol do cinema, os movimentos das mulheres, dos pobres, dos periféricos, dos grupos oprimidos, enfim, que estão hoje a filmar. Vamos, assim, aprendendo a desviar o curso das indagações que movem nosso percurso pelos cinemas do Brasil, encontrando no tempo e nas lutas algumas pistas. Há oito anos, quando criamos aqui este festival de cinema, a UFRB, recém-inaugurada pelo governo Lula, exalava a energia de um futuro em construção. Hoje, a universidade mais negra do Brasil, onde as filhas de trabalhadores pobres da Bahia encontram novos projetos de vida, está em luta diária para não perecer, para contrariar o destino fatal cantado por um dos mais célebres filhos do recôncavo: “aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína”. 8


Mas, em Cachoeira, as ruínas exibem também valiosas lições, compõem o texto de uma história que as escolas e universidades ainda estão a aprender. A pedagogia das ruínas é uma arqueologia do que está por vir. As casas tombadas estão diariamente a nos dizer: não há bem que sempre dure; não há mal que não se acabe. Seus destroços escrevem com limo e pó que nenhuma estrutura é sólida o bastante. Seus escombros sussurram que as conquistas nunca estão totalmente garantidas, assim como até o poder mais violento, um dia, sucumbe, desmorona. Nas estruturas condenadas, as raízes perfuram os alicerces coloniais em uma atividade lenta e obstinada. Todo mundo que chega aqui logo descobre: aquilo que nesta terra não ruiu foi o espírito insurgente, o legado quilombola, a força do invisível, a sabedoria de quem fez do Tempo um Deus. E o trabalho do tempo, como da história, é exigente e constante: sem trégua, nos convoca a agir. O tempo é luta.

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JÚRI JOVEM ÁLEX ANTONIO DOS SANTOS Cachoeirano, graduando do curso de cinema e audiovisual UFRB. Integrante do grupo de extensão Cineclube Mário Gusmão, sensibilizador e formador do projeto Cinema em Vizinhança. Buscando uma linha de formação dentro do Cinema Negro e Cinema Africano para regressar ao curso como parte do corpo docente.

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FABIO RODRIGUES FILHO

GEILANE DE OLIVEIRA

Coordenador e designer do Cineclube Mário Gusmão, estuda Comunicação Social na UFRB; interessado na crítica e programação em cinema. Membro do grupo de estudos Cinema e Pensamento e do projeto de sensibilização Cinema em Vizinhança (CachoeiraDoc 2017). Educador-popular no Quilombo Educacional Kabengele Munanga. Integra o coletivo de leituras dramáticas e expandidas Sertão Negro. Foi arte-educador na Escola Quilombola Zumbi dos Palmares (2017), curador e oficineiro da Mostra Itinerante de Culturas Populares (2016), entre outros trabalhos.

Cursa Cinema e Audiovisual na UFRB, onde contribui com o grupo PET CINEMA nas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Iniciou no Audiovisual em 2009, participando de minicursos e oficinas no interior da Bahia. Entre seus trabalhos, já roteirizou e dirigiu o documentário Alternância (2017), produziu o videoclipe Comento, curto e compartilho (2017), produziu o projeto fotográfico Imagens do Jacuípe (2014-2015), foi assistente de direção dos curtas Inferno (2014) e Aquele Trem (2014), fez fotografia Still de Xirê (2014).

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JÚRI

CRISTINA AMARAL É formada em Cinema pela ECA-USP. Tendo o campo da montagem como sua atividade principal, trabalhou com importantes diretores do cinema brasileiro, especialmente com Carlos Reichenbach e Andrea Tonacci, com quem estabeleceu longas e profícuas parcerias. Foi premiada nos festivais de Gramado e Brasília. Ministra cursos de formação em montagem cinematográfica na Escola Livre de Cinema Inspiratorium, em São Paulo.

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LAURA BEZERRA

RAFAEL CARVALHO

É doutora em Cultura e Sociedade pelo IHAC/UFBA. Professora adjunta do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CECULT/ UFRB). Coordenadora do projeto Filmografia Baiana. Membro da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA), que presidiu no biênio 20142016.

É crítico e pesquisador de cinema. Membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), escreve para o Jornal A Tarde e edita o site Moviola Digital. Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da UFBA, com pesquisa voltada para a crítica de cinema online no Brasil. Faz parte do Grupo de Pesquisa Recepção e Crítica da Imagem (Grim). Integra a equipe de curadoria do Panorama Internacional Coisa de Cinema, onde também ministra a Oficina de Escrita Crítica para Cinema.

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CINEMA: FAROL PARA UM TEMPO SOMBRIO Amaranta Cesar, Ana Rosa Marques, Evandro Freitas, Flora Braga e Leon Sampaio

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PARA ATRAVESSAR O ABISMO

AMARANTA CESAR, ANA ROSA MARQUES, EVANDRO DE FREITAS, FLORA BRAGA, LAÍS LIMA E ULISSES ARTHUR

O conjunto dos filmes que apresentamos diz algo forte. Os sentimentos, reflexões e debates aos quais ele nos conduziu afirma que o cinema participa ativamente da construção de imaginários e, portanto, de mundos possíveis. Ignorar isso talvez seja compreender apenas parcialmente o lugar do cinema no mundo e na vida das pessoas. Os meses de intenso visionamento das obras confirmam nosso entendimento de que também somos arquitetos desse mundo por vir, uma vez que contribuímos para criar espaços de existência para os filmes e construímos uma comunidade de cinema. As obras reunidas aqui dão a ver a constituição de uma subjetivação política que fortalece sujeitos coletivos sem anular a dimensão singular dos personagens. Fenômeno ímpar na história recente do cinema brasileiro, possivelmente um sintoma de reação à época sombria que nos atravessa, marcada por opressões e injustiças, e que nos incita a tomar posição e agir. Se o estado de exceção parece ter se escancarado nos últimos anos, os moradores das periferias o percebem há muito mais tempo. Mataram Nossos Filhos apresenta a trajetória de luta das Mães de Maio, grupo organizado de mulheres que perderam seus entes durante uma chacina em 2006, conhecida como Crimes de Maio. Da dor irremediável surge a força para buscar por justiça e defesa da memória das centenas de jovens mortos pela Polícia Militar de São Paulo. A perda e a coragem para resistir e seguir na batalha reverberam também em Elas 15


continuam lutando, curta que aborda o massacre do Pinheirinho a partir do testemunho de três mulheres que viviam na ocupação. Para enfraquecer as lutas, os donos do poder inoculam o vírus do ódio que desmoraliza a crença e a participação na política. Transformam o divergente em inimigo. Por trás da linhas dos escudos experimenta olhar aquele com qual diverge não como um inimigo a ser eliminado, mas como um adversário, cujas ideias são combatidas, mas não impedidas de existir. A câmera também pode assumir para si um posicionamento que reivindique através do confronto um lugar. A impassividade diante da imagem se torna condição impossível. Pois são muitas e muitos os que estão Na missão, com Kadu, lutando e morrendo pelo direito de morar, superando os medos, reconquistando as ruas e reaprendendo a força da vida coletiva, como em Filme de rua. No rap e no ritual, as vozes que nos chegam pelo cinema transcendem os limites impostos ao corpo, afirmando, no território, uma existência ancestral. Assim o é em Ava Yvy Vera - A Terra do Povo do Raio, quando no real e na poesia, a árvore remanescente surge como a torre de conexão – com celulares e com os deuses – do povo kaiowá em defesa da vida e de sua terra sagrada. Em defesa da própria cidadania e dignidade, como na resistência partilhada por Leidiane e Andreia, que em Baronesa, sonham e sobrevivem, apesar de tudo: nos ensinam 16


que os nossos sonhos nem sempre cabem no quadro, pois existe um mundo fora do cinema, que por meio e por dentro dele, devemos conquistar. Essa conquista é também no sentido de fazer com que o mundo que vemos e ouvimos nas imagens e sons de Yuxiã, Ava Maragantu e O peixe continue a existir. Ele desdobra-se e impregna as formas fílmicas na intensidade de um sentimento vivido, no ritmo do trabalho ou da brincadeira dos personagens. Nos rios ou nas matas desses curtas, as pessoas encontram o respeito, o saber, a saúde e o alimento como já não é mais possível se achar nas poluídas e proibidas águas da Baía de Guanabara dos Pescadores da Maré. Para quem a existência é negada, ser é resistir. Contra a tirania e a violência, prazer e liberdade! Meu Corpo é Político, ao desconstruir preconceitos de dentro e de fora, nos distancia dos rótulos que invisibilizam os sujeitos e seus corpos e nos aproxima de suas histórias. Nesse mesmo movimento, Vando Vulgo Vedita e Corpostyledancemachine mostram, com a força da forma e da performance, pessoas que transbordam em sonhos, vivências e desejos. O cinema nos faz pensar que tipo de imagem produzimos, quais visibilizamos e por quê. Em Memórias do Subsolo o gesto está em rasurá-las, violá-las e até mesmo destruí-las. Por outro lado, a empatia é capaz de criar imagens como as que compartilham a dor da perda d’ A Gis e celebram sua força em vida, ou 17


aquelas que acompanham a voz agora empoderada de Travessia, que jamais se calará novamente. Tais gestos se colocam lado a lado às pessoas para que ela possam, enquanto sujeitos de cinema, ser, expressando seu desejo de independência em Picivetagem ou resistindo frente às dificuldades em Deus. Resistência que também faz parte da experiência de ocupação realizada por jovens secundaristas em Escolas em Luta. Um processo que é também de formação de si e de um grupo em uma rotina que requer organização coletiva, zelo com o bem público, mas também circulação de afeto. Afetos que integram pessoas na busca da garantia de direitos fundamentais e na afirmação de identidades tal qual os universitários negros de Anamnese, estudantes de medicina, que a partir de uma terapia em grupo se insurgem num filme-protesto contra o racismo estrutural e institucional. Num movimento próximo, pela maneira criativa como se apresenta, Historiografia busca retificar a narrativa oficial da arte e da ciência contada por homens através de uma montagem na perspectiva feminista com o material de arquivo. Ao perscrutar o passado o cinema nos atenta ao presente. Em nome da América revisita e ressignifica imagens, testemunhos e arquivos para investigar um momento nebuloso da nossa história: a chegada de jovens norte-americanos como voluntários do programa Corpos da Paz. No Nordeste brasileiro, desde 18


sempre castigado pela fome, atraso, desigualdade e violência acompanhamos uma complicada trama que envolve o golpe militar de 1964, a Guerra do Vietnã e a infiltração da CIA na América Latina. No caminho inverso, a mirada ao Brasil contemporâneo em seus espaços de trabalho nos faz retroceder ao tempo da escravidão, que nunca deixou de existir e atualmente ganha nova roupagem pelas mãos de um governo servo do mercado. O caixa de um supermercado em Admin Admin, as plantações agrícolas de Latossolo, as obras do Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos ou as areias da praia de Balança Brasil são tristes atualizações dos canaviais e lavras do Brasil Colônia que contrastam com a liberdade das experimentações de linguagem postas em prática por estes filmes. Enquanto o mundo parece desabar diante de nossos olhos perplexos, do Cabula à Brasília, de Mariana à Ladeira da Cadeia, do Guaiviry ao que restou de Pinheirinho, ergue-se, com os filmes, nos filmes e pelos filmes, um corpo vigoroso de gente, de outros sujeitos históricos e políticos e de novos sujeitos de cinema, que se anuncia com uma força tremenda. Uma força que convida a reinventar a vida e o cinema sob as construções em ruína.

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LONGASMETRAGENS

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AVA YVY VERA - A TERRA DO POVO DO RAIO Minas Gerais, 2016, 52 min. De Genito Gomes, Valmir Gonçalves Cabreira, Jhonn Nara Gomes, Jhonatan Gomes, Edina Ximenez, Dulcídio Gomes, Sarah Brites, Joilson Brites

Dia 6/09, às 17h Terra é lugar de conhecimento, de resistência e encanto. É lugar de reestabelecer a comunicação com os ñanderu, de viver a vida de reza, roça, escola, família extensa, chicha, chima, terere, guahu, kotyhu. Para os Guarani e Kaiowá no MS retomar as terras tradicionais, tekohas, é retomar a possibilidade de viver o seu modo de ser, o seu teko. Realizado por um grupo de jovens e lideranças da tekoha Guaiviry, o filme coloca em relação a narrativa da luta que culminou na retomada do território onde vivem hoje e a afirmação cotidiana da vivência do teko no Guaiviry. 22


BARONESA Minas Gerais, 2017, 73 min. De Juliana Antunes

Dia 7/09, Ă s 17h

Andreia quer se mudar. Leid espera pelo marido preso. Vizinhas em um bairro na periferia de Belo Horizonte, elas tentam se desviar dos perigos de uma guerra do trĂĄfico e evitar as tragĂŠdias trazidas junto com a chuva.

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EM NOME DA AMÉRICA Pernambuco, 2017, 96 min. De Fernando Weller

Dia 6/09, às 19h30 A controversa presença de milhares de jovens norte-americanos no Nordeste brasileiro na década 1960, participantes do programa de voluntariado Peace Corps (Corpos da Paz) é o tema central do documentário. Através de testemunhos, vasto material de arquivo e documentação histórica, Em nome da América traz à tona as contradições entre a política exterior norte-americana inaugurada por Kennedy e as motivações dos voluntários, que se viram atônitos diante das mazelas de uma região marcada pela fome e pela violência. O golpe militar de 1964 no Brasil, a Guerra do Vietnã e a infiltração da CIA na América Latina completam o cenário e revelam o temor das elites e dos governos de que o Nordeste brasileiro se tornasse uma “nova Cuba”. 24


ESCOLAS EM LUTA São Paulo, 2017, 77 min. De Eduardo Consonni, Rodrigo T. Marques e Tiago Tambelli

Dia 8/9, às 17h No estado mais rico e um dos mais conservadores do Brasil, o modus operandi da educação pública sofre um revés quando estudantes secundaristas reagem ao decreto oficial que determina o fechamento de 94 escolas e a realocação dos alunos. A resposta estudantil surpreende. Em poucos dias, por meio de redes sociais e aplicativos, eles organizam uma reação em uma verdadeira Primavera Secundarista – algo completamente inédito. Ocupam 241 escolas e saem às ruas para protestar. O estado decreta guerra aos estudantes. Toda relação se transforma após uma revolução. Escolas em luta apreende com essa garotada um novo modo de construção e de estar no mundo. 25


MATARAM NOSSOS FILHOS São Paulo, 2016, 71 min. De Susanna Lira

Dia 8/9, às 19h30 O Brasil é o país que mais mata no mundo, a maioria jovens, que perdem precocemente a chance de viver seus sonhos e desejos. Mataram nossos filhos constrói uma narrativa poética acerca da jornada das Mães de Maio, grupo liderado por Débora Silva, que forja para si um novo lugar a partir da tragédia da perda de seus filhos. Eles não vão voltar, mas o que está ao alcance dessas mães é a batalha pela memória e pela justiça, transformando o luto em luta, o sofrimento em esperança, a dor em reação.

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MEU CORPO É POLÍTICO São Paulo, 2017, 72 min. De Alice Riff

Dia 7/9, às 19h30 Meu corpo é político aborda o cotidiano de quatro militantes LGBT que vivem em periferias de São Paulo. A partir da intimidade e do contexto social dos personagens, o documentário levanta questões contemporâneas sobre a população trans e suas disputas políticas.

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POR TRÁS DA LINHA DE ESCUDOS Pernambuco, 2017, 100 min. De Marcelo Pedroso

Dia 9/9, às 14h Documentarista engajado em ideais de esquerda num país em plena convulsão política, o diretor Marcelo Pedroso decide fazer um documentário no Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco. Trata-se da unidade policial treinada para lidar com multidões, atuando na repressão dos chamados distúrbios civis - categoria que inclui protestos e manifestações. Enquanto acompanha algumas operações de rotina e treinamentos no batalhão, ele passa a sentir na pele os efeitos da aproximação e começa a buscar formas de não ceder totalmente à empatia dos encontros realizados no interior da corporação. 28


CURTASMETRAGENS

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A GIS São Paulo, 2016, 20 min. De Thiago Carvalhaes

Dia 7/9, às 14h Gisberta Salce era uma mulher transexual brasileira que vivia como imigrante em Portugal. Em 2006, ela foi brutalmente assassinada, e desde então se tornou símbolo da luta pelos direitos transexuais. Este documentário constrói um retrato delicado, peça por peça, de uma mulher despedaçada por um mundo indiferente.

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ADMIN ADMIN Bahia, 2017, 11 min. De Camila Gregório, Iago Cordeiro Ribeiro, Erick Lawrence, Maria Clara Arbex, Augusto Daltro e Bebeto Junior

Dia 8/9, às 14h Vigiar ou proteger?

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ANAMNESE Rio de Janeiro, 2016, 15 min. De Clementino Junior

Dia 8/9, às 17h Universitários de medicina falam de todos os obstáculos para ingressar, permanecer e concluir os estudos... sendo pretos.

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AVA MARANGATU Minas Gerais, 2016, 15 min. De Genito Gomes, Valmir Gonçalves Cabreira, Jhonn Nara Gomes, Jhonatan Gomes, Edina Ximenez, Dulcídio Gomes, Sarah Brites, Joilson Brites

Dia 6/9, às 14h No Guaiviry, terra tradicional Guarani e Kaiowá, dois jovens saem para caçar no resto de mata que ainda permanece.

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BALANÇA BRASIL Minas Gerais/ Bahia, 2017, 25 min. De Carlos Segundo

Dia 8/9, Ă s 14h Um porto, um descobrimento, dois corpos em movimento.

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CORPOSTYLEDANCEMACHINE Bahia, 2017, 7 min. De Ulisses Arthur

Dia 7/9, às 19h30 “Ando por mistério, vivo por mistério [...] Nosso corpo é uma máquina, ou cuida ou sabe como é né?” Entre e memórias da boate e relatos de resistências cotidianas: Tikal dança e afronta as normas.

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DEUS Rio Grande do Sul/ São Paulo, 2016, 25 min. De Vinícius Silva

Dia 7/9, às 14h Uma semana da vida de Roseli, mulher negra da periferia da cidade de São Paulo que batalha para garantir seu sustento e, especialmente, a criação de seu filho.

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ELAS CONTINUAM LUTANDO São Paulo, 2017, 22 min. De Viny Psoa e Lívia Perez

Dia 8/9, às 19h30 Elisângela, Gina e Carmen tem um passado e, principalmente, um sonho em comum. Ex-moradoras da ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos, elas querem apenas um lugar para morar.

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FILME DE RUA Minas Gerais, 2017, 24 mim. De Joanna Ladeira, Paula Kimo, Zi Reis, Ed Marte, Guilherme Fernandes, Daniel Carneiro

Dia 7/9, Ă s 17h Pelas ruas de Belo Horizonte, um grupo de adolescentes faz seu filme.

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HISTORIOGRAFIA São Paulo, 2016, 4 min. De Amanda Pó

Dia 8/9, às 17h Quem escreveu a História, na qual homens são sempre protagonistas?

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LATOSSOLO Bahia, 2017, 18 min. De Michel Santos

Dia 8/9, às 14h A relação do homem com seu ambiente natural, e a ocupação de uma cidade localizada sobre o latossolo vermelho amarelo.

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MEMÓRIAS DO SUBSOLO OU O HOMEM QUE CAVOU ATÉ ENCONTRAR UMA REDOMA Ceará, 2017, 11 min. De Felipe Camilo

Dia 7/9, às 14h Uma travessia subterrânea entre 1984 e 2016.

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NA MISSÃO, COM KADU Minas Gerais, 2016, 28 min. De Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito

Dia 6/9, às 17h No maior conflito fundiário urbano da América Latina, companheiras e companheiros da região ocupada da Izidora marcham pela moradia digna. Kadu, liderança e cineasta, leva sua câmera para a marcha e nela traz de volta alguns registros do dia 19 de maio de 2015. À beira do fogo, ele relembra o dia, a luta e o sonho.

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O PEIXE Pernambuco, 2016, 23 min. De Jonathas de Andrade

Dia 6/9, às 14h Uma vila de pescadores tem ritual de abraçar os peixes na hora de pescar, logo após a pesca. O gesto afetuoso que acompanha a passagem para a morte atesta uma relação entre espécies pautada na força, violência e dominação.

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PESCADORES DA MARÉ Rio de Janeiro, 2016, 24 min. De Josinaldo Medeiros

Dia 6/9, às 14h Pescadores da Maré resistem a indústria do petróleo, a poluição e as áreas demarcadas pela Marinha do Brasil. Numa Baía de Guanabara superdisputada, onde está o peixe?

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PICIVETAGEM Ceará, 2016, 21 min. De Geovana Correia e Pedro Moura

Dia 7/9, às 14h Documentário sobre uma adolescente, moradora do Planalto Pici em Fortaleza, que saiu de casa. A equipe realizadora parte da residência de sua avó, Dona Nete, junto de sua mãe, Micinete, em busca da jovem Eva. Este percurso expressa o diálogo indireto e, por vezes, conflitivo entre estas diferentes gerações de mulheres.

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TERMINAL 3 São Paulo, 2017, 24 min. De Thomaz Pedro e Marques Casara

Dia 8/9, às 14h Em 2013, enquanto o país construía as grandes obras da Copa do Mundo, um grupo de 150 homens foi resgatado em situação de trabalho escravo na construção do Terminal 3 do aeroporto internacional de Guarulhos. Eles foram levados de vários estados do Nordeste a São Paulo por aliciadores a serviço da multinacional OAS, empresa de engenharia responsável pela obra. Desses trabalhadores, mais de 50 vieram da cidade de Petrolândia (PE) e foram encontrados em uma pequena casa na favela do entorno da obra, sem comida, sem abrigo e sem dinheiro para a viagem de regresso. O filme conta a história desses trabalhadores pela voz de alguns dos moradores dessa casa transformada em senzala. Josenildo Cruz Nunes é um deles que mora com a família no interior de Pernambuco e continua viajando pelo país atrás de uma obra que construa seu maior sonho: trabalhar com dignidade. 46


TRAVESSIA Rio de Janeiro, 2017, 4 min. De Safira Moreira

Dia 7/9, às 14h Utilizando uma linguagem poética, Travessia parte da busca pela memória fotográfica das famílias negras e assume uma postura crítica e afirmativa diante da quase ausência e da estigmatização da representação do negro.

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VANDO VULGO VEDITA Ceará, 2017, 20 min. De Andréia Pires e Leonardo Mouramateus

Dia 7/9, às 19h30 Vando (vulgo Vedita) não é visto faz um tempo nas ruas da Barra.

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YUXIÃ Terra Indígena do Rio Humaitá, 2017, 24 min. De Nawa Siã e Siã Inubake

Dia 6/9, às 14h Txana Mashã está aprendendo a usar o poder da medicina da floresta e do nixi pae para se tornar um yuxiã, pajé mediador entre os humanos e os seres encantados. Com seu yuxinbiti (câmera), Nawa Siã acompanha Txana Mashã na sua prática de dawaya (conhecedor de medicina) e agente de saúde. “O nixi pae (ayahuasca) é que me dá o poder de curar as pessoas. Ele é medicina e o verdadeiro pajé”.

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CINEMAS DE LUTAS: MOSTRAS ESPECIAIS VIII CACHOEIRADOC AMARANTA CESAR

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As Mostras Memórias de Lutas e Corpos em Lutas conformam conjuntos de filmes de intervenção social, engajados e militantes, que dão formas cinematográficas aos movimentos de emancipação e demandas por justiça de diversos grupos sociais. São filmes nacionais e internacionais, contemporâneos e históricos, reunidos em programas numa montagem reveladora da indissociável articulação entre a invenção formal e a atuação social e política do cinema. A Mostra Corpos em Lutas reúne filmes que apresentam desejos de intervenção social, que agem no presente, no enfrentamento das urgências, visando a transformação de uma situação de conflito declarado ou de injustiça estrutural. O trabalho desses filmes consiste em agitar as energias e difundir contrainformações. Memórias de Lutas é composta de filmes que legam um arquivo dos movimentos sociais para as gerações futuras. Nessas memórias residem não apenas desejos de emancipação históricos, mas as formas que emergiram junto com as forças de transformação que a história exigiu e segue a exigir. Esse conjunto de filmes nos dá uma medida da diversidade formal dos cinemas militante e engajado, contestando um preconceito crítico arraigado e explicitando o trabalho de justiça histórica que o cinema ainda precisa fazer para dar lugar às diversas práticas e forças inventivas da política no cinema. Juntos, esses filmes fazem ainda emergir gestos e formas de levante, insurgência e insurreição e nos apresentam às energias rebeldes que estamos a buscar para enfrentar as urgências do nosso tempo e de suas sombras concretas. 51


Amaranta Cesar:

Nicole Brenez:

Amaranta Cesar é professora e pesquisadora de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. É doutora em Estudos Cinematográficos pela Universidade de Paris 3 - Sorbonne Nouvelle. Idealizou e é curadora do CachoeiraDoc - Festival de Documentários de Cachoeira. Tem publicado artigos e capítulos de livro sobre Cinemas Africanos e das Diásporas, Cinemas Indígenas, Documentário e Cinemas Militantes. Programou a Mostra 50 Anos de Cinema da África Francófona. Integrou a comissão de seleção do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2013 e 2017) e as comissões de júri de diversos festivais de cinema (Mostra de Tiradentes, do Olhar de Cinema, Forumdoc.bh e Semana dos Realizadores).

É professora de Estética do Cinema na Universidade de Paris 3, Sorbonne Nouvelle, diretora do departamento de Análise e Cultura da Femis (Escola Nacional Superior dos Ofícios da Imagem e do Som da França), membro do Instituto Universitário da França, curadora na Cinemateca Francesa. Em seu trabalho de programação dedicado aos cinemas de vanguarda e experimental, tem se dedicado com afinco a exumar da história do cinema as cinematografias militantes do mundo, em notável trabalho crítico e curatorial.

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Victor Guimarães: em Comunicação Social pela UFMG, com passagem pela Université Sorbonne-Nouvelle (Paris 3)

Crítico na revista Cinética desde 2012. Foi professor no Centro Universitário UNA e na Universidade Positivo e um dos coordenadores do FestCurtasBH (2014). Programador de mostras como Sabotadores da Indústria (SESC Palladium/BH) e Argentina Rebelde (Caixa Cultural/RJ), participou de comissões de seleção do forumdoc.bh e de júris da Mostra de Cinema de Tiradentes, da Janela Internacional de Cinema do Recife e do Fronteira (Goiânia). Tem ensaios publicados em revistas como Senses of Cinema (Austrália), Desistfilm (Peru), El Agente Cine (Chile) e La Furia Umana (Itália). É autor de O hip hop e a intermitência política do documentário (PPGCOM/ UFMG, 2015) e organizador de Doméstica (Desvia, 2015). Doutorando 53


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MOSTRA CORPOS EM LUTAS

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PROGRAMA VICTOR GUIMARÃES Dia 7/09, às 19h30

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COMPAÑERO CINEASTA PIQUETERO Argentina, 2002, 14 min. De Anônimo | Proyecto ENERC

Um dia, no auge da crise econômica e social argentina iniciada em 2001, militantes do coletivo universitário Proyecto ENERC registravam uma ocupação urbana em Solano, na periferia de Buenos Aires, quando um jovem integrante da ocupação se aproximou e pediu uma câmera emprestada. Filmou durante uma hora, e os treze minutos resultantes mostram um relato do processo da ocupação em primeira pessoa, montado na câmera e sem intervenção externa. Mostram também a irrupção de uma forma selvagem, que desafia toda retórica militante fabricada de antemão. A questão sobre o ponto de vista sempre acompanhou o cinema de intervenção, e aqui vemos uma das rupturas mais instigantes na relação entre cineastas e trabalhadores. 57


DE CUERPO PRESENTE México, 1998, 13 min. De Marcela Fernández Violante

O corpo é a matéria deste filme extraordinário, realizado pela veterana Marcela Fernández Violante a partir de arquivos da época de ouro do cinema industrial mexicano. Uma reflexão aguda sobre a violência de gênero surge a partir da recuperação dessas imagens, de associações poéticas improváveis e de uma montagem altamente rítmica. A reapropriação de arquivos se tornaria um dos mais vigorosos campos de investigação do cinema político contemporâneo, e aqui vemos um exemplo tão desconhecido quanto incontornável.

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EL MUNDO DE LA MUJER Argentina, 1971, 15 min. De María Luisa Bemberg

Ainda ao lado das mulheres, o primeiro filme de María Luisa Bemberg (que se tornaria uma das mais importantes realizadoras argentinas do século XX) é o retrato ácido de uma feira com produtos destinados à mulher, realizada pela Sociedad Rural Argentina, organização-mor da aristocracia local. O olhar irônico sobre os valores perpetuados pelo machismo se faz sem intervenção da narração e se assenta nos efeitos produzidos pela montagem, pela música e pela própria mise-en-scène, que desloca radicalmente o que vemos. A partir daqui o tema da normatividade e do controle dos corpos – central para a ação política hoje – assume o comando da sessão. 59


ESTUDO EM VERMELHO Brasil, 2013, 16 min. De Coletivo Surto & Deslumbramento | Chico Lacerda

O trabalho do Coletivo Surto & Deslumbramento é uma das plataformas de invenção mais instigantes do cinema brasileiro contemporâneo. Em Estudo em Vermelho, a emergência do queer não é apenas um tema, mas uma potência de dissolução que abala identidades, normas de gênero, hierarquias culturais e cinematográficas. Os materiais mais diversos – citações eruditas, pintura, música pop, televisão, videoclipe – convivem em desarmonia neste turbilhão paródico em que o ativismo e o deboche são vizinhos. Sobre os escombros do país, haverá uma cor que dança. 60


ME GUSTAN LOS ESTUDIANTES Uruguai, 1968, 6 min. De Mario Handler

Mario Handler ajudou a fundar o cinema no Uruguai, país quase sem tradição cinematográfica até os anos 1960. Foi, junto com o colombiano Carlos Álvarez, um dos defensores e praticantes do “cine de cuatro minutos”, termo cunhado para nomear os filmes feitos com poucos recursos, no calor da hora, 16mm e sem som direto, que primavam pela agressão e pela eficácia. Me gustan los estudiantes é um dos melhores exemplos desse cinema. A retórica é recorrente no cinema de intervenção (música popular e imagens de manifestação), mas atinge aqui seu auge. Os silêncios, a montagem inventiva, a letra fortíssima de Violeta Parra, o sentimento de urgência que se desprende das imagens dos corpos em luta. Quando da exibição na época, jornais montevideanos noticiaram a formação de piquetes espontâneos na saída das sessões. 61


ME MATAN SI NO TRABAJO Y SI TRABAJO ME MATAN Argentina, 1974, 22 min. De Grupo Cine de la Base | Raymundo Gleyzer

O trabalho do Grupo Cine de la Base representa um dos melhores exemplos de um cinema feito ao lado dos trabalhadores. O retrato de uma greve de operários de uma fábrica de cimento se transforma em um caldeirão de invenção cinematográfica: o uso irônico da música, a justaposição de materiais heteróclitos – das tomadas em direto à animação –, a alegria que emana em meio à morte diária. Perseguido por sua atuação política e cinematográfica, aos 35 anos Raymundo Gleyzer se tornaria um dos milhares de “desaparecidos” pelo terrorismo de Estado na Argentina. 62


TRABALHADORAS METALÚRGICAS Brasil, 1978, 17 min. De Sindicato dos Metalúrgicos do ABC | Olga Futemma & Renato Tapajós

Um dos tesouros mais valiosos e invisíveis do cinema brasileiro é o conjunto de filmes realizados sob a influência das grandes greves do ABC, no final dos anos 1970. Ainda menos conhecida é a participação feminina nesse processo, que Trabalhadoras Metalúrgicas elege, de forma pioneira, como ancoragem narrativa. Escrito e dirigido por Olga Futemma em parceria com Renato Tapajós, o filme parte da realização de um congresso de mulheres metalúrgicas e é imantado pelas vozes das trabalhadoras, que o convertem em território de expressão.

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PROGRAMA NICOLE BRENEZ Dia 9/09, Ã s 17h

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CHIC POINT Israel/Palestina, 2003, 7 min. De Sharif Waked

A elegância suprema: nos assegurar dos recursos de espírito humano.

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EMBARGO Marrocos, 1997, 7 min. De Mounir Fatmi

Embargo afirma em imagens e som o sofrimento carnal ao qual o povo Iraquiano é submetido pelo castigo político endereçado a seus dirigentes.

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GUERRILHA – NOSSO CORPO É UMA ARMA França, 2011, 19 min. De Clarisse Hahn

Guerrilheiros curdos filmam suas ações armadas na fronteira do Iraque e da Turquia. Em Paris, refugiados curdos erram pelas ruas, outros se juntam nas associações. Idealismo, romantismo e nostalgia, no coração da violência política e social.

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LOS DESNUDOS – NOSSO CORPO É UMA ARMA França, 2011, 16 min. De Clarisse Hahn

Camponeses mexicanos sem terra se manifestam inteiramente nus nas ruas do México, duas vezes por dia, até obterem ganho de causa.

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PRISÕES – NOSSO CORPO É UMA ARMA França, 2011, 12 min. De Clarisse Hahn

Duas jovens mulheres usaram seus próprios corpos como arma de guerra, participando de uma greve de fome nas prisões turcas no ano 2000.

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SEM TÍTULO PARTE 3B: (COMO SE) A BELEZA NUNCA ACABA… Líbano-Canadá, 2002, 11 min. De Jayce Salloum

Abdel Majid Fadl Ali Hassan, refugiado desde 1948 no campo libanês de Bourg El Barajneh, traz para o meio das ruínas de sua casa na Palestina o eco melancólico, franco, visceral e metafórico da despossessão dos Palestinos.

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PROGRAMA AMARANTA CESAR Dia 9/09, Ã s 19h30

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ALMA NO OLHO Brasil, 1975, 11 min. De Zózimo Bulbul

“O audiovisual é o que se tem de mais avançado como meio de comunicação entre os povos da terra. O cinema é uma arma, nós negros temos uma AR15 e com certeza sabemos atirar”. Essas palavras de Zózimo Bulbul podem bem traduzir o que sustentou sua decisão de recuperar restos de película de um filme do qual foi ator para realizar Alma no olho, sua primeira obra como diretor, uma das primeiras afirmações no cinema brasileiro da necessidade de autorrepresentação dos negros. É de seu corpo negro, em uma trajetória metafórica de autodescoberta e de experimentação da liberdade, que se depreende a energia vital do filme, embalado pela música de Jonh Coltrane. Dirigindo a si mesmo, Zózimo encena a subtração do corpo negro pela opressão colonial e as estruturas de dominação do racismo, bem como pela diáspora africana, para chegar de modo vigoroso e com forte investimento sensorial nas imagens de reapropriação desse corpo. Pode-se dizer que o filme é uma tradução audiovisual da famosa e instigante frase com a qual Frantz Fanon encerra Pele negra, máscaras brancas: “Ó, meu corpo, fazei de mim um homem que questione”. 72


EXPERIMENTANDO O VERMELHO EM DILÚVIO Rio de Janeiro, 2016, 10 min. De Michelle Mattiuzzi

A performance aqui é um dispositivo para a criação de contranarrativas, balas do projétil, descolonização da imagem da mulher negra. São imagens violentas, são ações precárias, são pesquisas de pós-graduação, são artigos em revistas e jornais, são contraditórias, são destrutíveis. Apontarei sons imagens palavras de pessoas invisibilizadas do espaço institucional, proponho uma guerrilha de saberes, na tentativa de reativar memórias e conhecimentos ancestrais, para produzir dissensos nos corpos marcados pela colonialidade.

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MONANGAMBEE Angola, 1968, 14 min. De Sarah Maldoror

Financiado pelo Departamento de Orientação e Informação da Frente de Libertação Nacional e do Exército Nacional Popular de Angola, durante as lutas anticoloniais de libertação, Monangambee é uma adaptação do conto O fato completo de Lucas Matesso, de autoria de Luandino Vieira. Através da história de um dia na vida de Matesso, prisioneiro político em Angola, a quem a mulher faz uma visita e promete preparar-lhe um “fato completo”, Sarah Maldoror constrói uma metáfora de forte investimento sensorial para a brutalidade e distorções produzidas pela opressão colonial. A expressão “fato completo”, que designa um prato popular angolano, pronunciada pela mulher em visita ao marido encarcerado, desperta uma paranoia nos guardas portugueses, que acreditam tratar-se de um plano de fuga e mantém o homem sob tortura. Nascida na ilha caribenha de Guadalupe, Sarah Maldoror formou-se em cinema pela mesma escola soviética onde estudou Ousmane Sembène, que é junto com ela um dos mestres do cinema africano. Ela participou ativamente da fundação do cinema de Angola, fortemente vinculado às lutas e organizações de libertação anticolonial. 74


NOTÍCIAS DE UMA TRAGÉDIA RACIAL SUBNOTIFICADA Bahia, 2017, 14 min. De Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto

Memórias abafadas por coreografias ritmadas ao som de repiques que se confundem com o rá-tá-tá de macaquinhas. Memórias fotográficas traumáticas da mistura de massa encefálica com pólvora. Memórias operantes e insurretas tomando os becos, vielas e muros da cidade-túmulo (mais conhecida como Salvador). Na terra onde o acaso é cria do cinismo, a situação é colonial, o que está no quadro e fora dele também é: Notícias de uma Tragédia Racial Subnotificada é o primeiro de uma série de filmes-panfletos sobre o caso que ficou conhecido como Chacina do Cabula. 75


NOW! Cuba, 1965, 5 min. De Santiago Alvarez

Clássico panfleto do célebre cineasta militante cubano, Now! explicita as ambivalências próprias ao cinema de intervenção social. Feito para atuar no aqui e agora, e nunca mirando o futuro, um filme com este, no presente de sua aparição, nos convoca a desejar e participar da dissolução daquilo que no mundo urge mudar e, ao mesmo tempo, na maneira como sobrevive na história, nos expõe dolorosamente às sólidas estruturas das opressões e injustiças que teimam em permanecer vivas. Seu desejo de intervenção no presente produz ainda uma combinação fulgurante de duas forças aparentemente opostas: um sentido aguçado de experimentação plástica com a necessidade de comunicação. “Me dê duas fotos, música e uma moviola e eu te darei um filme”, dizia Santiago Alvarez, para afirmar a singular habilidade que o fez, através de uma montagem rítmica e gráfica, transformar uma canção de Lena Horn e algumas fotografias flagrantes da brutalidade policial contra os negros estadunidenses em um antológico filme de protesto pelos Direitos Civis. 76


NOW! AGAIN! EUA, 2014, 5 min. De Alex Johnston

Quase 50 anos depois, a polícia dos Estados Unidos volta a encenar as ações de violência e brutalidade que compõem o clássico Now!, de Santiago Alvarez. Na verdade, tais cenas jamais deixaram de existir. A reencenação do filme de Alex Johnston explicita, mantendo a mesma verve e energia de outrora, a continuidade bárbara do racismo institucional e do Estado policial. Johnston reúne, desta vez, flagrantes do levante negro em Ferguson, Missouri, em agosto de 2014, quando o jovem Michael Brown foi assassinado em uma abordagem policial. Nessa ocasião, surgiu o movimento Black Lives Matter, que criou uma nova geração de ativistas afro-americanos. 77


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MOSTRA MEMÓRIAS DE LUTAS

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PROGRAMA VICTOR GUIMARÃES Dia 7/09, às 10h

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AHORA TE VAMOS A LLAMAR HERMANO Chile, 1971, 12 min. De Raúl Ruiz

Um dos maiores riscos do cinema militante é sua institucionalização. Mas para isso existem os rebeldes, capazes de afirmar a liberdade nas condições mais inóspitas. O gigante Raúl Ruiz, antes de se tornar um dos maiores nomes da história do cinema, realizou um de seus filmes menos conhecidos, recentemente restaurado pela Cineteca di Bologna. No breve período em que esteve vinculado ao governo da Unidad Popular chilena, Ruíz foi destacado para filmar uma visita de Salvador Allende aos índios Mapuche, mas o que poderia se tornar uma simples propaganda governamental se transforma em algo muito mais complexo, com os índios tomando a dianteira do filme e estabelecendo os termos do diálogo. A belíssima fotografia é assinada por Mario Handler. 81


BASTA! Venezuela, 1969, 21 min. De Ugo Ulive

O estranhamento é também o que impregna a matéria de Basta!, o mais próximo que o cinema militante chegou do cinema de horror. A luta de classes como um bestiário insuportável: uma autópsia se comunica com a abertura da porta de um automóvel burguês; um manicômio e os gestos cotidianos nas ruas de Caracas são parte do mesmo mundo intolerável. Como escreveram Guy Hennebelle e Raphaël Bassan em 1980, “na América Latina, a separação entre ‘cinema militante’ e ‘cinema experimental’ não é nem tão nítida, nem da mesma natureza do que observamos na maior parte dos países industrializados”. A obra-prima Basta! é provavelmente o ponto mais alto da indissociabilidade entre experimentação e militância, talvez a maior contribuição que o cinema latino-americano ofereceu aos cinemas do mundo. 82


COLOMBIA 70 Colômbia, 1970, 4 min. De Carlos Álvarez

Sob o impacto da emergência dos novos cinemas e com a Revolução Cubana no horizonte político, os anos 60 e 70 marcam a época mais fértil do cinema de intervenção na América Latina. Colombia 70 é uma das jóias mais valiosas do “cine de cuatro minutos”, práxis cinematográfica inventada pelo cinema militante latino-americano e que consistia em realizar filmes rápidos, concisos, com vocação de denúncia e reflexão, que depois eram projetados em escolas, universidades, sindicatos, associações de bairro. Aqui, Carlos Álvarez se aproxima de uma mulher que vive na rua e constrói, junto dela, um extraordinário ensaio sobre a Colômbia naquele momento histórico preciso. 83


EL BOLILLO FATAL O EL EMBLEMA DE LA MUERTE Bolívia, 1927, 15 min. De Luís del Castillo

Começar do começo. Talvez seja um dos primeiros filmes de intervenção feitos na América Latina. El bolillo fatal documenta o fuzilamento de Alfredo Jáuregui, condenado injustamente pelo assassinato do ex-presidente boliviano José Manuel Pando. O crime foi uma imensa polêmica à época e, muito tempo depois, conseguiu-se provar que o fuzilado era inocente, e que o crime consistiu numa armação do partido contra os rivais. Ainda hoje, impressionam a crueza do registro do fuzilamento e a simpatia do filme com o condenado. Censurado na época e nunca exibido, recentemente uma cópia foi descoberta por acaso e restaurada pela Cinemateca Boliviana. 84


HANÓI, MARTES 13 Cuba, 1968, 38 min. De ICAIC | Santiago Álvarez

O Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográficos (ICAIC), formado no amanhecer da Revolução, foi ao mesmo tempo um órgão fundamental na consolidação do processo revolucionário – com todas as contradições que o atravessaram – e uma plataforma de criação responsável por sustentar uma das cinematografias mais exuberantes do continente. À frente do Noticiero ICAIC, Santiago Álvarez transformou o cinejornal e a propaganda em um incomparável campo de invenção formal e política. Hanói, martes 13 é provavelmente seu filme mais belo: um poema visual em homenagem à luta do povo vietnamita, um tratado definitivo sobre a potência do cinema militante em 38 minutos. 85


ISLA DEL TESORO Cuba, 1969, 9 min. De ICAIC | Sara Gómez

O ICAIC também viu nascer uma cineasta extraordinária, que toma um desvio em direção ao triunfalismo da propaganda e explora as contradições do regime cubano. Sara Gómez incorpora, corajosamente como poucos, fortes traços de autocrítica nos filmes feitos no interior do Instituto. Muitas vezes isso é velado, para escapar à censura, mas neste filme é perceptível, por exemplo, no tratamento da imagem da prisão da Ilha de Pinos. Sara Gómez também foi uma das primeiras mulheres negras a construir uma carreira como diretora de cinema.

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LOS SANTÍSIMOS HERMANOS Colômbia, 1969, 8 min. De Gabriela Samper, Rebeca Puche e Hernando Sabogal

Permanecemos ao lado dos povos originários da América e dos camponeses neste filme político singular, sobre uma misteriosa comunidade que inventa uma cosmologia própria e lança um ataque radical à sociedade colombiana da época. O filme começa como um documentário etnográfico, mas logo se irmana com o mistério dos personagens e passa a estranhar as ruas, a polícia, a Colômbia.

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POR LA TIERRA AJENA Chile, 1965, 5 min. De Centro de Cine Experimental de la Universidad de Chile | Miguel Littín

Permanecemos na rua, esse espaço que talvez seja o grande território de invenção do cinema latino-americano. Realizada no Centro de Cine Experimental da Universidad de Chile – um dos mais prolíficos e duradouros polos de produção cinematográfica militante à época –, esta ficção experimental sobre relações de classe é um dos primeiros filmes de Miguel Littín, que se tornaria uma das referências centrais do cinema político na América Latina. Por la tierra ajena foi um dos muitos filmes que buscaram tomar parte no processo de tomada de consciência que levaria à eleição de Salvador Allende em 1970. 88


PROGRAMA NICOLE BRENEZ Dia 8/09, Ã s 10h

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LOS (DE)PENDIENTES Brasil, 2015, 24 min. De Sebastian Wiedemann

Sampleando filmes argentinos críticos e revolucionários realizados entre 1956 e 2006, Los (De)pendientes oferece um ótimo avanço na concepção de filme histórico. Sem nenhuma palavra, considerando o passado, ele diz de como os trabalhos visuais eram fiéis às reais questões de seu tempo; considerando o presente, o filme mostra em que pobres condições estão essas imagens cruciais de vida e luta; considerando o porvir, ele indica o que resta a ser feito para reconstruir uma história do cinema mais justa e verdadeira; considerando a eternidade, ele é o poema aurático sobre nítidas sombras. 90


UNE JEUNESSE ALLEMANDE França, 2015, 93 min. De Jean-Gabriel Périot

A Fração do Exército Vermelho (RAF), organização terrorista de extrema esquerda, também conhecida como “Grupo Baader-Meinhof”, operou na Alemanha nos anos 70. Seus membros, que acreditavam na força da imagem, exprimiram sua militância, em um primeiro momento, através de ações artísticas, midiáticas e cinematográficas. Mas, diante do fracasso de alcance dessas ações, eles se radicalizaram e partiram para a luta armada, até cometerem atentados mortais que contribuíram para o clima de violência social e política dos “anos de chumbo”.

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PROGRAMA AMARANTA CESAR Dia 9/09, Ã s 10h

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O ASSASSINATO DE FRED HAMPTON EUA, 1971, 90 min. De Howard Alk

Em um de seus brilhantes discursos, Fred Hampton disse em tom profético: “Eu não vou morrer de acidente de carro. Eu não vou morrer de câncer no pulmão. Eu não vou morrer de ataque do coração. Eu acredito que eu serei capaz de morrer como um revolucionário na luta revolucionária proletária internacional”. Importante liderança do Partido Pantera Negra, ele foi assassinado aos 21 anos pela polícia de Chicago, no auge de sua luta contra o racismo, o capitalismo e a brutalidade policial. Seu assassinato bem como as subsequentes investigações e disputas narrativas que o cercam até hoje são narradas neste filme, que abriga o sentido de urgência e a consciência do risco de vida iminente em seu modo de acompanhar o jovem líder Pantera Negra que desafiou o poder político-econômico estadunidense e o FBI. Com sua câmera aliada, Howard Alk participa do tribunal fictício inventado por Hampton para desarmar as condenações que o levariam à prisão, acompanha seus inspirados discursos ao sair do cárcere e serve à divulgação dos programas de assistência para populações negras e pobres organizados por ele durante os últimos 18 meses de sua vida. É o sentido de urgência e a tessitura de uma aliança que fazem com que Howard Alk chegue à cena do assassinato de Fred Hampton perpetrado pela polícia de Chicago momentos depois do acontecido e produza imagens que contestam a versão do Estado policial americano. 93


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SESSÕES ESPECIAIS CINEMAS DE LUTAS

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SESSÃO DE ABERTURA

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PRÉ-ESTREIA MUNDIAL DIA 5/9, às 19h30

QUILOMBO RIO DOS MACACOS Bahia, 2017, 120 min. De Josias Pires

Localizado entre os municípios de Salvador e Simões Filho (BA), o Quilombo do Rio dos Macacos abriga uma comunidade negra que enfrenta um conflito pela propriedade da terra de uso tradicional, reivindicada pela Marinha do Brasil. Além de denunciar graves violações de direitos humanos – direito de ir e vir e de acesso à água, saúde, educação, moradia e trabalho –, o filme registra processos de negociações visando a solução dos problemas; mostra conflitos gravados no calor da hora pelos próprios quilombolas; documenta aspectos culturais, simbólicos e características do território; além de produzir registros de memórias individuais e coletivas, de paisagens e lugares, apresentando um painel de caráter, a um só tempo, político, urgente e etnográfico. 97


SESSÃO ESPECIAL DIA 6/9, às 19h30

MARTÍRIO Pernambuco, 2016, 160 min. De Vincent Carelli, com co-direção de Tita e Ernesto de Carvalho

O retorno ao princípio da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.

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SESSÃO ESPECIAL DIA 8/9, às 19h30

DESMONTE Rio de Janeiro, 2016, 7 min. De Mariana Cavalcanti

A ruína carcomida da boa educação falida treme na base com os abalos da geração 2000.

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SESSÃO ESPECIAL DIA 8/9, às 19h30

ONDE COMEÇA UM RIO Pernambuco, 2017, 75 min. De Julia Karam, Maiara Mascarenhas, Maria Cardozo e Pedro Severien

Onde começa um rio aborda as ocupações estudantis universitárias durante a luta contra a PEC do Fim do Mundo, no final de 2016. O filme desacelera as turbulências diárias para ouvir a voz dxs ocupantes, saber quem são, de onde vem, o que pensam, ouvi-lxs refletir sobre suas experiências, desejos, conflitos e leituras do país. Num trajeto que parte do interior de Pernambuco até o Distrito Federal, constrói-se uma narrativa a partir dos encontros com ocupantes que quebram uma visão hegemônica tanto da universidade quanto da própria organização estudantil. Esse exercício de diálogo serve para que possamos entender e conhecer melhor as ocupações, sem a pretensão de dar conta de toda experiência plural, diversa e crítica vivida por milhares de estudantes em todo o Brasil. 100


SESSÃO ESPECIAL DIA 10/9, às 15h30

EM BUSCA DE LÉLIA Bahia, 2017, 15 min. De Beatriz Vieirah

Lélia Gonzalez. Seguindo os passos desse nome, começo a busca pela minha ancestralidade e por retratá-la. Lélia Gonzalez foi professora e antropóloga, mulher à frente do seu tempo, protagonista na militância junto ao Movimento Negro nos anos 1970/1980, período no qual percorreu diversas cidades e países, sempre afirmando sua identidade e denunciando o mito da democracia racial. Os afetos de Lélia me guiam por esta caminhada.

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SESSÃO ESPECIAL DIA 10/9, às 15h30

TALAATAY NDER (TERÇA-FEIRA DE NDER) Senegal, 2016, 20 min. De Chantal Durpoix

Talaatay Nder, significa em língua Wolof, a Terça-feira de Nder. Trata-se de uma homenagem poética para as mulheres de Nder, na região do Walo, Saint-Louis, Senegal. Em 1820, as Rainhas de Nder lutaram e escolheram o suicídio coletivo para escapar à escravidão e preservar a sua liberdade e dignidade. A história de Nder continua viva e atualiza-se na modernidade e na diáspora.

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SESSÃO ESPECIAL DIA 10/9, às 15h30

REAL CONQUISTA Goiás, 2017, 14 min. De Fabiana Assis

Em Goiânia, no bairro Real Conquista, uma mulher, marcada por um forte passado de violência, luta por melhores condições de vida.

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SESSÃO ESPECIAL DIA 10/9, às 17h

ERA O HOTEL CAMBRIDGE São Paulo, 2016, 71 min. De Eliane Caffé

Era o hotel Cambridge narra a trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, juntos com trabalhadores sem-teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro de São Paulo. Em meio à tensão diária da ameaça do despejo, revelam-se dramas, situações cômicas e diferentes visões de mundo.

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SESSÃO ESPECIAL DIA 10/9, às 19h

PARIS É UMA FESTA: UM FILME EM 18 ONDAS França, 2017, 95 min. De Sylvain George

Um filme poema em 18 ondas, tantas cenas que descrevem Paris e suas paisagens urbanas atravessadas por um “jovem menor estrangeiro isolado”, os atentados, as rosas brancas, o estado de urgência, o azul-branco-vermelho, o oceano atlântico e suas travessias, os vulcões, a beat-box, a revolta, a cólera, a violência de Estado, um canto revolucionário, a ciência, e a alegria... nada mais além da alegria.

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SESSÃO CLÁSSICO DO REAL HOMENAGEM A LUIZ PAULINO DOS SANTOS

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ÍNDIOS ZORÓ: ANTES, AGORA E DEPOIS? AMARANTA CESAR A força ancestral e resistente dos povos indígenas, bem como o projeto violento e persistente de extermínio de seus indivíduos e culturas são tão intrinsecamente fundadores da nação brasileira que a convocação para revisitar ou retornar às histórias e aos territórios dos índios do Brasil não é inusual. E tem sido uma ocasião para o surgimento recente de importantes obras do documentário brasileiro contemporâneo, obras guiadas pelo princípio da retomada. É o caso dos filmes de Divino Tserewahú e de boa parte dos realizadores indígenas, para os quais o cinema é um espaço de resistência política e cultural. É o caso ainda de Corumbiara e Martírio, de Vincent Carelli, e de Serras da desordem, de Andrea Tonacci. Espaços de conflitos primordiais, os territórios indígenas desafiam também o tempo. Por isso, não parece ser por acaso que as terras indígenas se apresentem, para o cinema brasileiro, como terreno de ressurgimentos e redescobertas, inclusive de seus cineastas. É exatamente aí, na potência da retomada, onde reside a questão central do longa de retorno, em muitos sentidos, de Luiz Paulino dos Santos. 108


Em Índios Zoró, antes, agora, e depois?, 30 anos depois de ter realizado Ikatena, o curta documental sobre os povos Zoró, e há 20 anos distante do cinema, Luiz Paulino retorna para reencontrar os índios, devolver-lhes as imagens da década de 80 e registrar os antigos personagens em suas transformações. Seria possível dizer que o projeto de extermínio dos índios, físico e cultural, que está em curso há mais de 500 anos, e que se estende das catequeses à evangelização, oferece a força motriz para o percurso de Paulino. E se observarmos os filmes realizados nos territórios indígenas do Brasil e do mundo, veremos que o cinema é, nesses espaços, talvez mais do que em qualquer outro, instrumento contra o desaparecimento – desaparecimento tanto de vidas quanto de modos de vida. Não é por acaso que antes de sua partida de volta à aldeia Zoró, Luiz Paulino coloca em cena o poema-ode ao extermínio dos ameríndios, de autoria de Padre Anchieta, interrogando o monumento à barbárie colonial no centro do Rio de Janeiro. Ele revista também o mapa dos povos originários de Curt Nimuendajú, essa impressionante cartografia do apagamento. O percurso do filme parece movido, portanto, por uma força de enfrentamento contra o projeto de extermínio, material, cultural e espiritual, que segue em marcha até os dias de hoje, em renovadas formas. Mas dificilmente seria possível ignorar o que há, antes disso, na intrigante abertura do filme, em que a imagem da terra em rotação é embalada pela voz de Luiz Paulino, que evoca figuras cristãs e o som primordial hindu, forma de sin109


tonia com a energia vibratória do cosmos, o OM que ressoa sobre as imagens da floresta amazônica no final desta sequência inicial. Desde a abertura, já se enuncia, então, a perspectiva absolutamente singular que dominará o filme, e que é resultado de uma, como nos diz Luiz Paulino “vontade xamânica” e de sua experiência de vida. Assim, somos lançados no que se configurará como uma espécie de ensaio litúrgico, para o qual o sincretismo oferece um princípio estético, discursivo e ético, e que faz o filme mover-se entre o assombro diante do risco de apagamento cultural dos índios e o desejo de fazer vibrar uma força espiritual contra os males “de uma sociedade falsa e traiçoeira”, “do progressismo nefasto”, “do capitalismo injusto”, para citar as expressões de Luiz Paulino. Diante da exuberância de questões propostas pelo filme, chamam a atenção as conexões entre os Zoró e Luiz Paulino, o cinema e o tempo – o tempo desdobrado, entre passado, presente e futuro. A primeira forma de ligação entre esses quatro elementos abrigados em um mesmo espaço (espaço de conflito, não custa repetir) deriva do que considero o gesto fundador do filme: o ato de devolução da imagem. Devolver uma imagem é fazê-la operar entre tempos e sujeitos; é oferecê-la ao outro que a habita e, ao mesmo tempo, a uma reabertura temporal. É nesse jogo de tempos e olhares que o cinema pode atuar performativamente, fazendo ressurgir o passado no presente ou oferecendo ao presente uma perspectiva futura que está na revisitação corporal do passado. Aí reside a potência política deste dispositivo de devolver as imagens. 110


Mas o que se desdobra do ato de devolver a imagem em Índios Zoró parece ser algo de natureza um tanto diferente. No filme, há duas situações marcantes de revisionamento das imagens de Ikatena, o filme anterior: a primeira delas acontece na Funasa, onde boa parte dos índios recebe tratamento médico; e a segunda, na aldeia, no que me pareceu ser um culto evangélico. Nessa situação, o cinema atua, em dois tempos, para materializar o conflito político-histórico. Os vestígios da evangelização são flagrados durante todo o filme, mas é na resposta do chefe/pastor à exuberância dos corpos e da tradição trazidos de volta pelas imagens do passado que o projeto de evangelização aparece em sua forma mais violenta: “Naquele tempo estávamos muito perdidos. Muito longe de deus. Nós estávamos adorando um deus falso” - ele diz. James Clifford, antropólogo americano, afirma que “o passado é para as cosmologias indígenas o lugar de onde se vê o futuro”. A evangelização, por sua vez, como agente invasor, parece bloquear essa passagem entre os tempos e barrar a mirada para o futuro. E então, seria este o fim dos tempos? Há algo que resta? Uma das possíveis respostas para a pergunta pode estar naquela que me parece ser a sequência central deste filme a sua mais bela cena. Paulino retorna ao local das imagens mais retomadas de Ikatena, o rio, que no filme antigo é povoado por crianças felizes e pululantes e borboletas amarelas. O rio está ainda lá. Estão também as borboletas. Mas as crianças se foram. São hoje os adultos evangelizados. A montagem, que me arrisco a chamar de 111


transcendental, e que agilmente constrói elos lógicos e sensoriais, encarrega-se, então, de operar passagens entre os tempos, de materializar a memória, de fazer as crianças conviverem com o cineasta. Mas é no corpo de Paulino que o atravessamento de temporalidades performa-se na sua potência máxima, quando, de repente, ele mergulha no rio, repetindo e atualizando o gesto das crianças de ontem. Paulino mergulha para o mundo indígena desaparecido, mas imortalizado em seu filme Ikatena, e re-inscreve-se assim no seu próprio cinema. Este súbito, simples e exuberante mergulho no rio me parece encarnar o desejo de retomada do modo de vida indígena tradicional, mas sobretudo materializa o retorno imersivo do cineasta ao cinema. Assim, devolver uma imagem finalmente significa receber de volta o cinema, ou melhor, retomar ao cinema como modo de vida. É isso que justifica a centralidade do corpo, da voz e da espiritualidade de Paulino no filme. Os conflitos entre as temporalidades e culturas, as questões políticas e históricas que se sobrepõem no espaço atravessado pelo filme são catalizados pelos percursos físicos e espirituais de Luiz Paulino, e convergem para seu corpo. É ele que mobiliza e faz vibrar tanto as contradições, bastante presentes no filme quanto as formas de convivência entre diferenças, em seus movimentos sincréticos. Resta em seu último filme, assim, a intensidade de sua presença, mística e, agora, mítica. 112


ÍNDIO ZORÓ: ANTES HOJE E DEPOIS? Brasil, 2016, 70 min. De Luiz Paulino dos Santos

Dia 10/09, às 14h

Há trinta anos, o diretor Luiz Paulino dos Santos realizou um curta-metragem sobre os costumes e práticas dos índios Zoró. Hoje, ele retorna ao local para exibir, pela primeira vez, seu filme aos índios, e descobrir o que mudou neste tempo. O cineasta encontra um grupo transformado pela tecnologia, pelo acesso aos bens de consumo e pela assimilação da religião cristã.

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VI COLÓQUIO CINEMA, ESTÉTICA E POLÍTICA

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O Colóquio Cinema, Estética e Política, organizado pelo Grupo Poéticas da Experiência (PPGCOM/UFMG e CNPq), vai para a 6ª edição, atualizando sua vocação de itinerância, na busca de interlocução e troca com pesquisadores de outras instituições de ensino e pesquisa. O VI Colóquio será abrigado pelo recém-criado Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em articulação com o VIII CachoeiraDoc. A 6ª edição do Colóquio Cinema, Estética e Política dá prosseguimento às indagações que animaram edições anteriores: como as imagens - especialmente aquelas da fotografia e do cinema - participam da constituição de nossa vida comum? Como elas fazem coabitar sujeitos e modos de vida díspares? Como nos propõem figuras de comunidade? Em atenção à temática proposta, Imagens cosmopolíticas, saberes contracoloniais, o colóquio faz um gesto modesto de descolonização do conhecimento e inclusão de novos saberes no espaço da universidade, com o convite a mestres, mestras e lideranças das comunidades indígenas, quilombolas e dos terreiros para compor sua programação.

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Dia 4/09, das 10h às 12h30 Cine Theatro Cachoeirano

SESSÃO 1: CONFERÊNCIA Cacique Babau Tupinambá

Dia 4/09, das 14h às 16h30 Cine Theatro Cachoeirano

SESSÃO 2: IMAGENS QUE CHAMAM, IMAGENS XAMÂNICAS Daniel Vasques (professor e liderança guarani e kaiowá) Jhonatan Gomes (guarani e kaiowá do Guaiviry) Luciana Oliveira (UFMG) Rosângela de Tugny (UFSB)

Dia 4/09, às 17h Cine Theatro Cachoeirano

EXIBIÇÃO COMENTADA DE IMAGENS DO FILME EM PROCESSO ADEUS, CAPITÃO Vincent Carelli (Vídeo nas Aldeias)

Dia 5/09, das 10h às 12h30 Cine Theatro Cachoeirano

SESSÃO 3: OS TERREIROS, AS IMAGENS

César Guimarães (UFMG) Cássia Cristina (Makota Kidoiale - Conselho de Políticas Públicas de BH/Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango) Mãe Marí (Ilê Axé Pakolè) Makota Valdina (Nzo Onimboya) Ogan Tatá Marcelino (Zogodô Malé Daho Taby/Fundação Casa Paulo Dias Adorno) Pai Idelson (Ilê Axé Ogunja) Pai Ricardo (Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente)

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Dia 5/09, das 14h às 16h30 Cine Theatro Cachoeirano

SESSÃO 4: IMAGENS DA DIÁSPORA Ayrson Heráclito (UFRB) Edmar Ferreira (UNEB / Pós-Afro CEAO-UFBA) Júlia Rebouças (curadora e pesquisadora) Paulo Nazareth (artista)

Dia 5/09, das 16h30 às 18h30 Cine Theatro Cachoeirano

SESSÃO 5: TERRITÓRIOS, MODOS DE VIDA, RETOMADA DAS IMAGENS André Brasil (UFMG) Eduardo de Jesus (UFMG) Emi Koide (UFRB)

Dia 6/09, das 9h30 às 11h30 Cine Theatro Cachoeirano

SESSÃO 6: AS MULHERES, AS IMAGENS E O PENSAMENTO DECOLONIAL Ângela Figueiredo (UFRB) Cláudia Mesquita (UFMG) Roberta Veiga (UFMG)

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MINICURSO “MONTAGEM, UMA FORMA QUE PENSA” 6 e 7/9, das 9h às 12h Centro de Artes Humanidades e Letras – CAHL Inscrições prévias 118


Mais do que uma operação técnica do cinema, a montagem é uma forma que pensa. Este curso pretende discutir a importância da formação cultural, da sensibilização do pensamento e do olhar, que precedem ao procedimento técnico, e refletir sobre o processo criativo da montagem.

Cristina Amaral é formada em Cinema pela ECA-USP. Tendo o campo da montagem como sua atividade principal, trabalhou com importantes diretores do cinema brasileiro, especialmente com Carlos Reichenbach e Andrea Tonacci, com quem estabeleceu longas e profícuas parcerias. Foi premiada nos festivais de Gramado e Brasília. Ministra cursos de formação em montagem cinematográfica na Escola Livre de Cinema Inspiratorium, em São Paulo. 119


APRESENTAÇÕES MUSICAIS

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SAMBA CHULA DE SÃO BRAZ

Dia 5/9, às 21h30 Praça da Aclamação

Criado oficialmente em 1995, o Samba Chula de São Braz é liderado por Fernando de Santana e representa com talento e espontaneidade a tradição oral do samba de roda da Bahia. São Braz é uma pequena vila de pescadores, marisqueiras e trabalhadores rurais que pertence ao município de Santo Amaro, no Recôncavo baiano. O Samba Chula de São Braz faz parte da história do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, gênero musical tombado como patrimônio imaterial da humanidade desde o ano de 2005.

BAILE PELO CERTO

Dia 6/9, às 22h Escombro 777 (Rua 7 de setembro, 777)

Evento permanente de Rap, Raga, Sound System e Reggae. Uma das ações Cine Comunitário do Povo (Cachoeira-BA). Busca fortalecer o circuito cultural underground do interior baiano, além de cumprir a tarefa de arrecadar fundos para as ações comunitárias permanentes de cinema, cultura Hip Hop e formação política, protagonizadas permanentemente pelo Cineclube nas periferias da cidade.

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DJ SUZY 4 TONS

DJ SAMIR SUZART

Dia 7/9, às 22h

Dia 7/9, às 22h

Praça Teixeira de Freitas

Praça Teixeira de Freitas

Explora o universo da música nos seus diferentes estilos: House, BreackBeat, Soul, Funk, Brazilian Music, 70’s, 80’s, Psychedelic, Disco Music, Afrobeats, Latin Music, dentre outros.

Seus sets apresentam o groove característico dos gêneros mais voltados para a chamada streetdance, como o funk, house e hip hop. Além de dirigir o Cine Theatro Cachoeirano, é dj e coreógrafo do grupo de dança EX13, que fará uma participação.

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FUNFUN DÚDÚ

ÀTTØØXXÁ

Dia 8/9, às 22h

Dia 9/9, às 22h

Praça Teixeira de Freitas

Praça Teixeira de Freitas

Funfun e Dúdú são palavras da língua Yorubá que significam, respectivamente, as cores branca e preta. Foi justamente a partir da busca pela fusão dos extremos – o preto e o branco, a “quebradeira” das quebradas e a elaboração das notas de músicos experientes na cena da música popular e experimental – que a banda foi formada, em agosto de 2015. Composto por Pedro Filho Amorim (guitarra), Mauricio Kobler Muñoz (percussão), Alexandre Espinheira (percussão eletrônica), Alexandre Vieira (baixo) e Ráiden Coelho (sax e flauta).

Experimentalismos e ressignificação da música popular da Bahia são os pilares do ÀTTØØXXÁ, projeto do produtor musical Rafa Dias, que une pagodão e sons periféricos de várias partes do mundo ao que há de mais contemporâneo na produção da bass culture mundial. Liberdade, respeito e ancestralidade são costurados em hits que convidam o corpo a se reconhecer no passado, presente e futuro.

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FICHA TÉCNICA IDEALIZAÇÃO: Amaranta Cesar COORDENAÇÃO ARTÍSTICA E ACADÊMICA: Amaranta Cesar e Ana Rosa Marques COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO: Fernanda Pimenta e Leonardo Costa CURADORIA DA MOSTRA CINEMAS DE LUTAS: Amaranta Cesar, Nicole Brenez e Victor Guimarães CURADORIA DA MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL: Amaranta Cesar, Ana Rosa Marques, Evandro Freitas, Flora Braga, Larissa Fulana de Tal e Leon Sampaio COORDENAÇÃO TÉCNICA: Ludmilla Cavalcante PRODUTORA DE CÓPIAS: Tenille Bezerra ASSISTENTE TÉCNICO E LEGENDAGEM: Rudyally Koni TRADUÇÕES: Moema Franca PRODUÇÃO DE PALCO: Heide Costa PRODUÇÃO LOCAL: Clarissa Brandão PROJETOS DE SENSIBILIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE PÚBLICO: Maria Clara Arbex e Olívia Barcellos VINHETAS: Augusto Daltro, Bebeto Júnior, Camila Gregório, Carla Caroline, Danilo Scaldaferri, Erick Lawrence, Felipe Borges, Iago Cordeiro Ribeiro, Ligia Franco, Luan Jave, Maria Clara Arbex, Mari Pontes ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Maria Clara Lima PROGRAMAÇÃO GRÁFICA: Everton Marco e Tiago Ribeiro 124


FOTOS DAS PEÇAS GRÁFICAS: Mark Deyves SITE: Fernanda Pimenta e Leonardo Costa ESTAGIÁRIA DE PRODUÇÃO E COMUNICAÇÃO: Lara Miranda AMBIENTAÇÃO: Ana Kalil COORDENAÇÃO DA COBERTURA AUDIOVISUAL: Chantal Durpoix e Lais Lima REGISTRO AUDIOVISUAL: Bebeto Junior, Carlos Henrique de Souza Passos, Evanize Essi, Hugo Bichara Matni Almeida, Juan Rodrigues, Juvenal Souza da Silva Junior, Lucas Bonillo Tarifa e Marcos Vinicius Pereira REGISTRO FOTOGRÁFICO: Gabriela Palha, Lígia Marques Rocha Franco e Matheus Állan Maia dos Santos RECEPTIVO: Laiana Campos Soares e Reifra Araújo Pimenta APOIO TÉCNICO DE ÁUDIO E PROJEÇÃO: Edmundo dos Santos Bastos Junior APOIO CINEMA: Adelen Cheronwiny Alves Ferreira da Silva, Alaine Bitencourt Silva, Antonio Victor Santos de Santana, Áquila Jamille Araújo Alves, Bruna Maria, Luiza Mucida Andrade, Matheus Leone de Moraes, Ohana Sousa e Roberto Santos Sales SPOT RÁDIO: Emerson Cabral e Evelin Buchegger TROFÉU: Louco Filho

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AGRADECIMENTOS

Aaron Cutler, Alequine Sampaio, Amalia Cordova, América Cesar, André Brasil, Andrea Lanzoni, Annouchka de Andrade, Beatriz Vieirah, Bibliothèque du Film/ Cinémathèque Française, Bruno Saphira, Carolina Cappa, César Guimarães, Cesar Hernandez, Chantal Durpoix, Clarisse Hahn, Cláudia Mesquita, Cleydson Sá Barreto do Rosário, Cristina Amaral, Daniel Santana, Danilo Fé, Danilo Scaldaferri, Diego Rojas Romero, É Tudo Verdade, Edgar Navarro, Edmar Ferreira, Evandro Freitas, Fabiana Assis, Felipe Milanez, Gabriel Ávila, Guilherme Athayde, Jayce Salloum, Jefferson Pareira, Jean-Gabriel Périot, Jorge Cardoso, Juana Sapire, Julia Karam, Jurema Machado, Laura Bezerra, Leon Sampaio, Lola Calviño, Lúcia Ramos Monteiro, Luis Henrique Leal, Maiara Mascarenhas, Makota Valdina, Marcelo Ribeiro, Maria Cardozo, Mariana Cavalcanti, Marina Campos, Mario Handler, Martha Rosa, Mela Marques, Michelle Mattiuzzi, Milene Migliano, Mounir Fatmi, Nicole Brenez, Osmundo Pinho, Pedro Severien, Rafael Carvalho, Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, Roberta Veiga, Samir Suzart, Sebastian Alói, Sebastian Wiedemann, Sharif Waked, Sylvain George, Victor Guimarães, Wilson Penteado. 126


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www.cachoeiradoc.com.br

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