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Edição:


BRAGANÇA

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA ou Repositório amplo de notícias corográficas, hidro-orográficas, geológicas, mineralógicas, hidrológicas, biobibliográficas, heráldicas, etimológicas, industriais e estatísticas interessantes tanto à história profana como eclesiástica do distrito de Bragança

POR

FRANCISCO MANUEL ALVES, ABADE DE BAÇAL

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TÍTULO: MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA, TOMO I AUTOR: FRANCISCO MANUEL ALVES, ABADE DE BAÇAL BIOGRAFIA: JOÃO MANUEL NETO JACOB BIBLIOGRAFIA: HIRONDINO DA PAIXÃO FERNANDES COORDENAÇÃO GERAL DA EDIÇÃO: GASPAR MARTINS PEREIRA COORDENAÇÃO DESTE VOLUME: GASPAR MARTINS PEREIRA, LINO TAVARES DIAS, LUÍS MIGUEL DUARTE, FRANCISCO RIBEIRO DA SILVA REVISÃO DESTE VOLUME: BERNARDO VASCONCELOS E SOUSA, FRANCISCO RIBEIRO DA SILVA, GASPAR MARTINS PEREIRA, GERALDO J. A. COELHO DIAS, LINO TAVARES DIAS, LUÍS A. DE OLIVEIRA RAMOS, LUÍS CARLOS FERREIRA DO AMARAL, LUÍS MIGUEL DUARTE, MAFALDA SOARES DA CUNHA, MARIA ALCINA R. CORREIA AFONSO DOS SANTOS, MARIA JOSÉ MOUTINHO SANTOS, MÁRIO JORGE BARROCA, NELSON CAMPOS UNIFORMIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: MARIA SARMENTO DE CASTRO EDIÇÃO: CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGANÇA/INSTITUTO PORTUGUÊS DE MUSEUS – MUSEU DO ABADE DE BAÇAL EXECUÇÃO GRÁFICA: RAINHO & NEVES, LDA./SANTA MARIA DA FEIRA ISBN: 972-95125-2-3 DEPÓSITO LEGAL: 152080/00 OBRA CO-FINANCIADA PELO PRONORTE, SUBPROGRAMA C JUNHO DE 2000


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RETRATO DO ABADE DE BAÇAL, por HENRIQUE TAVARES Óleo sobre tela (2,40x1,90 m). Data: 3 de Março de 1929. Oferta do Pintor ao Museu do Abade de Baçal. Este retrato obteve o prémio «Rocha Cabral» e a 2.ª Medalha na Exposição Anual da Sociedade Nacional de Belas-Artes em Lisboa, no ano de 1930.

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PALAVRA PRÉVIA (I) Francisco Manuel Alves, o insigne Abade de Baçal, irrompeu deste cantinho do Nordeste Transmontano (calcorreando os mais recônditos caminhos e abrindo a porta das memórias depositadas no esquecimento dos arquivos) na busca persistente e sábia dos vestígios da nossa história. De muito do que decifrou e soube fez o registo nesta obra agora reeditada, graças à oportuna iniciativa do Instituto Português de Museus e da Câmara Municipal de Bragança, que contaram com o cofinanciamento disponibilizado pelo FEDER no âmbito do Sub-Programa C do PRONORTE. São as Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, renascidas em vestes novas, que queremos legar aos que continuarão os caminhos que hoje percorremos e para que, também eles, «bebam» da mesma fonte o mesmo Saber que nos foi dado. A Câmara Municipal de Bragança O Presidente,

ANTÓNIO JORGE NUNES Eng. Civil

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PALAVRA PRÉVIA (II)

As Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, como arquivo da memória histórica da região, mantêm toda a actualidade e fundamento que lhes deram justificação, pois, editado o último volume em 1947, nada de semelhante se produziu até agora. Aliás, a procura pública da obra, quotidianamente solicitada, situa-se neste universo rarefeito de fontes impressas e monografias locais e regionais ainda por elaborar. A partir de meados da década de 20 e até à conclusão da publicação dos onze volumes, foi já o Grupo de Amigos – onde, a par da presidência do Abade, davam vigor Raúl Teixeira e José Montanha – que levou a cabo a tarefa da edição dos últimos tomos e administrava as existências. E foi já o Museu que procedeu à reimpressão da obra do patrono a partir da década de 70, com reposição periódica dos volumes esgotados. Proporcionou-se, agora, a elaboração de um projecto conjunto da Câmara e Museu – englobando as variadas efemérides das Comemorações do Cinquentenário da Morte do Abade de Baçal, em 1997 – cuja aprovação no PRONORTE permitiu esta edição anotada por especialistas, de maneira a ir ao encontro da vontade do autor e solicitação do público. Cremos, assim, ter colmatado um duplo hiato: por um lado repôs-se toda a obra à disposição dos estudiosos e, por outro, procedeu-se a um traMEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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tamento formal da mesma segundo preceitos científicos com actualização da ortografia e da pontuação, adição de anotações específicas julgadas necessárias para uma melhor compreensão do texto, elaboração de um 12° volume de índices temáticos, geográficos e antroponímicos, assim como a inclusão de textos vários sobre o autor e obra. Cremos, desta forma, ter prestado um serviço a toda a região.

O MUSEU

DO

ABADE

DE

BAÇAL

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i TOMO I

APRESENTAÇÃO Na bibliografia do Nordeste transmontano as Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, de Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, ocupam um lugar insubstituível. Cobrindo um enorme leque temático e um longo período cronológico, desde os tempos pré-históricos até ao início do nosso século, constituem, pela riqueza documental e de informações, um precioso auxiliar para todos os investigadores de história, em especial para os que se debruçam sobre a região. Há muito esgotada a primeira edição de 1910 a 1947, bem como as reedições facsimiladas dos anos oitenta, em boa hora a Câmara Municipal de Bragança, em colaboração com o Museu Abade de Baçal, e com o apoio do Pronorte, decidiu apostar numa nova edição revista e com actualização ortográfica e científica. E óbvio que o trabalho de publicação de uma tal edição das Memórias coloca inúmeros problemas, face à dimensão da obra e perante a exiguidade do tempo em que teve de ser revista. Entre uma edição científica – que cotejasse, passo a passo, não só os originais das Memórias, existentes no Museu Abade de Baçal, mas também os originais das centenas de documentos que o autor transcreve, assinalando ainda todas as falhas que a investigação posterior permitisse colmatar – e uma edição facsimilada, optou-se pelo meio termo, seguindo critérios de razoabilidade e respeitando o espírito da obra a rever. A aplicação de critérios rigorosos de uma edição científica transformaria, aliás, as Memórias numa obra fastidiosa, para o leitor comum, sem contar já com a empolação do número de volumes que tal opção decerto acarretaria. Assim, entendeu a equipa de investigadores responsável pela revisão que, além da actualização ortográfica do texto do Abade, deveria apenas proce-

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O ABADE DE BAÇAL: A VIDA E A OBRA APRESENTAÇÃO

TOMO I

der-se a uma actualização científica breve, reunindo, no início de cada volume e/ou em notas de revisão, no final, breves comentários críticos e referências de actualização bibliográfica para cada tema abordado. Não se introduziu, por isso, alterações na estrutura dos diversos volumes da obra. Procedeu-se, naturalmente, às frequentes correcções indicadas pelo Abade de Baçal no final dos volumes, mas não se incorporaram no corpo do texto as adições ou adendas que remetiam, a cada passo, para a respectiva transposição de uns volumes para outros. Assumindo tais adições como notas, mantivemo-las no final dos volumes a que dizem respeito. Num ou noutro caso, quando se verificou existirem discrepâncias assinaláveis entre os manuscritos do Abade de Baçal e a edição das Memórias ou entre documentos originais e os publicados, procedeu-se a correcções. Inseriu-se ainda no volume VIII, seguindo as próprias indicações do Abade, o texto A Restauração de 1640 no Distrito de Bragança, que não constava das Memórias e que saiu publicado, em 1940, nos Anais da Academia Portuguesa de História. No volume V, sobre Os Judeus no Distrito de Bragança, incluímos as duas versões do «Prólogo», retomando, assim, o caderno que fora suprimido na 1a edição, de 1926. Mantivemos, também, no volume I, a Introdução, de Maria Alcina R. C. Afonso dos Santos, para a 2 a edição e que a autora gentilmente aceitou actualizar para esta edição. Além disso, a presente edição foi enriquecida com vários textos introdutórios sobre a vida e a obra do Abade de Baçal: uma cronologia sintética, uma Biografia e uma Bibliografia, da autoria, respectivamente, de João Manuel Jacob e de Hirondino da Paixão Fernandes, além de um Auto-Retrato, deixado pelo próprio Abade. Procedeu-se ainda à normalização das inúmeras referências bibliográficas das Memórias, trabalho em que se revelou providencial a colaboração paciente e cuidadosa de Maria Sarmento de Castro. Finalmente, sistematizaram-se, num volume final, também da responsabilidade de Maria Sarmento de Castro, os índices ideográfico, toponímico e onomástico, que constituem, numa obra desta dimensão, importantes auxiliares de consulta. O objectivo primordial de coligir um vasto repositório de documentos e informações sobre a história do Nordeste transmontano conduziu o autor a desprezar, por vezes voluntariamente, a interpretação histórica. Em muitos casos, limitou-se a apresentar os documentos, com a consciência de que, só por si, eles representavam um património enriquecedor da memória local. É como se dos seus Couseiros ou da sua sacola de andarilho culto, em constante pesquisa pelas bibliotecas e arquivos, conhecedor de cada palmo da terra, fosse retirando maços de fichas sobre os vários temas, arrumando-as naquela escrita miudinha

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com que enchia os seus cadernos de papel almaço. Neste sentido, o Abade de Baçal agia mais como documentalista, movido por devoção cívica de defesa de um património, do que como historiador. Por isso, a maior parte dos capítulos que escreveu não tinha um plano de desenvolvimento exaustivo do tema proposto, uma interpretação crítica das fontes ou uma matriz teórica de orientação. A erudição do Abade de Baçal, com sólido conhecimento da bibliografia local e nacional e da documentação dispersa pelos arquivos, contando com uma vasta rede de relações com outros eruditos do seu tempo e com a colaboração de numerosos correspondentes e amigos, a começar pelos párocos do distrito de Bragança, permitiu-lhe construir uma obra monumental, abrangendo todos os domínios e épocas históricas. Frequentemente, assume posições polémicas. Mas, quando isso acontece, é mais frequentemente o homem, o clérigo e o cidadão activo que sobreleva o historiador. E o mesmo poderíamos dizer relativamente às posições, muitas vezes apaixonadas, ora apologéticas ora críticas, que assume perante homens e acontecimentos. Mas, em contrapartida, o Abade de Baçal revela, no conjunto da sua obra, uma atitude saudavelmente aberta, o que lhe permite não só a abordagem descomprometida de determinados temas e eventos como a ruptura com certas interpretações tradicionais. Naturalmente, lidas em 2000, quase um século depois de começarem a ser escritas, estas Memórias resistem mal, sob alguns aspectos, à crítica historiográfica. Porque, entretanto, o saber histórico, como outros saberes, evoluiu, conquistou novas técnicas e métodos, assumiu, em diálogo com outras disciplinas, novos códigos de leitura, tratamento e interpretação das fontes. O que, afinal, não retira valor ao gigantesco trabalho de levantamento do Abade de Baçal. As fontes estão lá, carreadas a esmo por vezes, aqui e ali desarmadas de uma perspectiva crítica, mas reunidas com notável sentido de valorização da memória das terras de Bragança. Há até documentos aqui transcritos que entretanto se perderam e que fazem desta obra uma fonte de informação incontornável. Lidas em 2000, quase um século depois de escritas, estas Memórias são, e continuarão a ser, para os historiadores, um património incomensurável, um lugar de reconhecimento, de constante e insubstituível revisitação. GASPAR MARTINS PEREIRA

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Cronologia ( ) *

1865.04.09 – Nascimento, em Baçal; filho de Francisco Alves Barnabé e Francisca Vicente Esteves. 1865.04.17 – Baptizado na igreja paroquial. 1875 – Inicia a sua vida escolar na escola de Rabal. 1877 – Passa a frequentar a escola de Sacoias, recém criada, terminando este nível de escolaridade já com 15 anos. 1880 – Inicia os Preparatórios no Liceu de Bragança. 1889.06.20 – Termina os estudos eclesiásticos no Seminário de São José em Bragança. 1889.12.07 – É nomeado pároco encomendado de Mairos. 1890.07.15 – Celebra a primeira missa. 1892.11.11 – Faz concurso para pároco encomendado de Mairos. 1893 – Inicia, provavelmente, a sua actividade literária. 1893.02.11 – É provido, como reitor, em Mairos. 1895.08.16 – É nomeado para a paróquia de Baçal. 1896.06.26 – É colado na paróquia de Baçal. 1907 – Início das «excursões arqueológicas». 1908.11.01 – É eleito vereador (regenerador) da Câmara Municipal de Bragança, onde se mantém até 1910. 1910 – Sai do prelo o 1° volume das Memórias..., apesar de datado de 1909. 1911.05.31 – É nomeado sócio correspondente da Associação dos Arqueólogos Portugueses. 1913.06.29 – É eleito sócio do Instituto de Coimbra. 1913.07.12 – É eleito sócio correspondente da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos.

(*) Com base na Cronologia publicada em O Abade de Baçal – Cinquentenário da sua morte (Bragança, 1977, p. 8), elaborada por Hirondino da Paixão Fernandes.

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TOMO I

1915.05.08 – É nomeado membro da Junta Geral do Distrito de Bragança. 1916.12.22 – É eleito sócio da Academia das Ciências de Lisboa. 1917 – É nomeado presidente do Instituto Científico-Literário de Trás-os-Montes. 1919.02.27 – É homenageado pelo clero do distrito com a oferta de um cálice de prata. 1920.04.20 – É agraciado com o grau de comendador da Ordem de S. Tiago da Espada. 1920.09.16 – É homenageado na Câmara Municipal de Bragança com a oferta de um tinteiro de prata e uma pena de ouro. 1921.04.25 – É nomeado sócio fundador honorário do Instituto Etnológico da Beira. 1921.08.15 – É eleito sócio correspondente do Instituto Histórico do Minho. 1923.11.08 – É eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. 1925.02.11 – É nomeado director do Museu Regional de Bragança, tomando posse em 11.03. 1925.04.25 – É aposentado como reitor de Baçal. 1930 – É nomeado bolseiro da Junta de Educação Nacional e autorizado a deslocar-se a Simancas. 1935.03.25 – É-lhe conferido o título de Abade. 1935.03.26 – É nomeado director honorário do Museu do Abade de Baçal com publicação no D. G. de 9 de Abril. 1935.04.04 – É nomeado sócio de honra da Associação dos Arqueólogos Portugueses. 1935.04.09 – É alvo de apoteótica manifestação. 1935.04.22 – É elevado a sócio de mérito do Instituto de Coimbra. 1935.05.17 – É galardoado com o título de grande oficial da Ordem Militar de S. Tiago da Espada. 1936.07.15 – É nomeado bolseiro da Junta de Educação Nacional «para ir a Espanha em missão de estudo». 1938.06.18 – É nomeado académico supranumerário da Academia Portuguesa da História. 1947.04.09 – É nomeado cidadão honorário de Vimioso. 1947.11.13 – Morre, em Baçal.

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O Abade no seu gabinete de estudo no rés-do-chão do Museu

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Auto-Retrato ( ) *

Tenho 1,74 m de altura; tez morena; olhos castanhos; barba espessa e preta; cabelo preto e crespo; mãos delgadas; dedos compridos; unhas pequenas e bravas. Sou muito peludo por todo o corpo, de musculatura forte; pouco carregado em carnes, tendendo mais para o magro do que para o gordo. Em 1900 pesava 65 quilos; em 5 de Setembro de 1916 pesei 79 quilos e o mesmo em 22 de Maio de 1934. Em 1903 pesei 76 quilos, 80 em 1909; 82 e 100 gramas em 1927; 80 em 22 de Junho de 1932 na estação de Vilarinho (Tua). Foi quando tinha 30 anos que me senti pela primeira vez fraquejar. Comecei a usar óculos para ler à noite aos 48 anos e, pouco depois, a menos de um ano, já lhe achava vantagem para ler de noite e de dia. Agora, Agosto de 1917, embora ainda algo possa ler sem óculos com dificuldade, já uso sempre deles, de graduação n.0 24, isto é, quase sem graduação; são apenas de vista cansada. Isto aos 52 anos de idade. Caiu-me a primeira mó do lado direito de cima, a segunda a contar do dente canino, em Dezembro de 1883, ou seja, aos 18 anos. Caiu aos bocados, pouco a pouco, sem nunca me doer, porque o sangue brotava naturalmente das gengivas e assim desabafavam. Tive de tirar a ferros a 2.ª mó, por me martirizar com dores durante dois anos, a qual ficava exactamente em correspondência à primeira, mas do lado de baixo, em Janeiro de 1933, ou seja, quando tinha 28 anos. Desta vez as gengivas não deitavam sangue. Caiu-me a 3.ª mó, sem nunca me doer, a 1 de Setembro de 1911. Era a última do maxilar superior, lado direito. Caiu-me o dente canino do maxilar inferior, lado esquerdo, sem nunca me doer, a 12 de Agosto de 1917. Desta vez, isto é, desde 1893, as gengivas (*) ALVES, Francisco Manuel – «Artigos 2», fls. 83-84 v. Também publicado por Hirondino da Paixão Fernandes, em Brigantia, vol. 6 (Jan.-Set. 1986), p. 122-125, e por João Manuel Neto Jacob, em O Abade de Baçal – Cinquentenário da sua morte, p. 5-7.

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vinham de tempos a tempos deitando sangue e a este desabafo atribuo a carência de dor. Havia três meses que me começara a abanar. Guardo numa caixinha os dentes que me vão caindo, apenas faltando dois, porque o primeiro me caiu aos pedaços e o segundo perdeu-se-me na mudança de Mairos para Baçal. Neles escrevo a data em que me caíram. Caiu-me uma mó do maxilar superior, lado direito, a 20 de Dezembro de 1930. Fica guardada na caixa junto dos outros. Caiu-me um dente do maxilar inferior a 20.8.1931. Caiu-me outro dente do maxilar inferior, lado direito, a 25.1.1932. Caiu-me outro dente do maxilar inferior a 22.4.1933. Ficam todos guardados na caixinha. Caiu-me uma mó do maxilar inferior, lado esquerdo, a 4 de Outubro de 1934. Caiu-me um dente incisivo do lado de cima a 24.7.1935, sem nunca me doer. Fica guardado juntamente com os outros. Caiu-me uma mó do lado direito de cima a 21.10.1936. Fica guardada com os mais. Caiu-me um dente do lado esquerdo, de cima, a 10 de Fevereiro de 1937. Fica guardado com os mais. Caiu-me outro dente do lado de cima a 15 de Agosto de 1933 [sic]. Fica guardado com os outros. Caiu-me outro dente do lado de cima a 19 de Outubro de 1937. Fica guardado com os outros. Caiu-me outra mó do lado de cima a 4.4.1938. Fica guardada junto dos outros. Caiu-me outro dente do lado de cima 7.4.1938. Fica guardado junto dos outros. Caiu-me outra mó do lado de baixo a 15.7.1938. Já só me ficam dois dentes e meio. Caiu-me outra mó do lado de baixo a 5.4.1939. Só me fica dente e meio. Caiu-me outra mó do lado de baixo a 3. 4. 1943. Caiu-me hoje, 31.1.1946, o que me restava da única mó, de maneira que fico sem dente nenhum nem mó. Fica guardado junto aos outros dentes. Começou a notar-se-me a careca aos 30 anos; agora, 1917, estou muito calvo e muito mais ruço da barba do que da cabeça. A barba começou a pôr-se-me grisalha antes do que a cabeça. Desde os 52 anos por diante o cabelo da cabeça parou de me cair. Em verdade que estas cousas todas conjugadas com os 52 anos feitos, que já tenho, com os 79 quilos de peso, mais 14 em dezasseis anos, do que quando tinha 35, me parecem campainhadas no chocalho da eternidade ferindo os primeiros avisos para sinal de partida e, no entanto, sinto-me bem; apenas tive uma pneumonia aos 17 anos, desde então para cá nada a não ser defluxos, a que sou muito atreito – cinco ou mais por ano à mais leve alteração de temperatura – e me incomodam durante três dias ficando logo bom e com restos de tosse, que à medida da idade se me vai enquistando a ponto de ter sempre agora resquícios dela.

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xiii TOMO I

O Abade de Baçal no dia 9 de Abril de 1935

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TOMO I

Esta tosse era de fumar, pois desde 1927, até hoje, Julho de 1945, não voltei a fumar e nunca tive tosse. Também de longe em longe tenho sofrido dores reumáticas de pouca duração. A 9.4.1945 tive ataque de gripe e pneumonia em Sacoias onde ia dizer missa por ser domingo. Estive de cama em casa do Abílio Pires até ao dia 17 em que vim para Baçal a pé, já bom de saúde. De alimento tudo me serve e me faz bem, tenho magnífico estômago. Os intestinos é que um pouco ruins, atreitos a hemorróidas. Como pouco, sobretudo carnes, se bem junto com outros, mais animado, talvez me exceda; prefiro vegetais, legumes e frutas; azeite, peixe gorduroso. Ando sempre a pé, tanto para o serviço da freguesia, como para as funções eclesiásticas, embora distantes – uma e duas léguas –, e para o Museu Regional de Bragança, onde vou todas as semanas desde 1925, em que fui nomeado director, até 9.4.1935, em que deixei o cargo por ter atingido o limite de idade – setenta anos. Tenho vida activa pois, além do muito que estudo e leio, trato, por distracção, das hortas, sachando-as, mondando, regando, estacando as vinhas, podando, e de outros pequenos serviços – plantação e limpa, enxertia, viveiros de árvores, etc., etc., não esquecendo as flores, de que muito gosto. Segundo cálculos muito aproximados que vão exarados no fólio 107, desde 9 de Abril de 1865, em que nasci, até 9 de Abril de 1947, ou seja ao completar 82 anos de idade, tenho andado a pé 32 211 léguas de cinco quilómetros cada uma, ou sejam, 161 055 quilómetros. Ver fólio 107. Só bebo vinho no tempo frio de inverno e primavera e quase nunca no verão, a não ser animado em algum jantar, na companhia de amigos, de maneira que passo os sete meses de mais ou menos inverno bebendo só vinho e nunca água e o contrário ou quase nos cinco restantes. Comecei a beber vinho aos 28 anos, até então, posto que não me provocasse náusea, não o podia sofrer, nem alimento algum com ele preparado, como salpicões, chouriças, etc., no entanto, bebia aguardente, embora pouca, vinho fino, e sabiam-me bem. Depois que comecei a beber vinho, isto é, depois dos 28 anos, deixei de beber aguardente por achar detestável de sabor, e usei com algum excesso de bebidas brancas – anis, cognac, genebra, vinho fino, rum, absinto, se bem que nunca me embriaguei. Depois larguei pouco a pouco essas bebidas, além de outros danos provocavam o hemorroidal – bebo vinho, mas só de inverno, e nunca vinho fino, e nas manhãs de inverno e, de quando em quando, nas de verão, mato o bicho com aguardente bagaceira, fraca. Pelos anos de 1920, ou seja, aos 55 anos, principiei a sofrer da bexiga, necessidade de urinar constantemente e pouco de cada vez; atribuí à aguardente, que já bebia não só de manhã mas pelo dia acima, embora pouca, e depois de comer. Deixei-a completamente e hoje nem vê-la. Fumo muito cigarro e também charutos, que aprecio, mas não engulo o fumo. Deixei de fumar em 1927 por causa da tosse e realmente desapareceu-

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xv TOMO I

O Abade com a irmã Cândida e sobrinhos Luzia e Barnabé em Março de 1934

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TOMO I

-me. Até hoje, 3.6.1934, não mais voltei a fumar, nem tenciono. Tomo rapé, de tabaco moído, e acho que me faz bem, apesar de ser mui sebento, ou por isso mesmo. Desde que tomo rapé cessaram os defluxos. Tomava muito café – espevitava-me o espírito e expulsava-me a modorrice dos sentidos para estudar, mas a Grande Guerra, desencadeada em 1914, dificultou por tal forma a vinda dos géneros coloniais e do estrangeiro, que chegou a faltar açúcar em Bragança por algum tempo, o que me levou a deixar o café e hoje (1917) já nada sinto a sua falta. Voltei a tomar café em 1925 e suspendi em Maio de 1934 por causa do nervoso que muito me impede de escrever. Desde 1936 tomo leite, quase um litro por dia. Anteriormente não o tomava por me encerrar os intestinos e agora ainda algo, mas pouco; basta deixar de o tomar um dia para continuar regularmente. Aos 71 1/2 anos deixei de ter força para expelir a urina e agora cai só pela força da gravidade, de maneira que, se não me escanchar, mijo nas calças e nos sapatos. Também na mesma idade, isto é, aos setenta e um anos e meio, comecei a sentir a falta de ouvir e a cansar-me ao andar. A 22 de Outubro de 1945 fui ó Porto consultar o Dr. Joaquim José Cardoso, rua da Alegria, 541, especialista de doenças de ouvidos. Examinando-me disse que para a idade que tinha (81 anos incompletos, a completarem-se dia 9 de Abril de 1946) ouvia bastante e segui o seu conselho, indo, todavia, a casa de um que tinha aparelhos modernos, que concordou com o dizer do médico, pois nada adiantava na audição com os aparelhos que me pôs na cabeça para ouvir melhor. Na altura que fui ao Porto agravou-se-me um golpe na cara ao fazer a barba e esteve mais de dois meses sem cicatrizar, purgando algo e, por esta purgação ou não sei porquê, desapareceram-me do canto esquerdo da testa as manchas pretas, índices da arteriosclerose que há anos tinha.

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xvii TOMO I

O Abade de Baçal Francisco Manuel Alves, nasceu no Bairro Novo de Baçal, na rua do «Paceo ou Pacio», conforme ele diz, às 7 da manhã de 9 de Abril de 1865. Seus pais, Francisco Barnabé e Francisca Esteves, eram lavradores abastados – cerca de 15 hectares de hortas, lameiros e terras e pecuária correspondente permitiam desafogo suficiente a todo o agregado, bem visível na estrutura e dimensão da Casa, mais tarde reforçada pelo Abade (ver Adérito Branco, O Abade de Baçal – Vida e obra, p. 22). Teve cinco irmãos, ele o primogénito, e só lhe sobreviveu a irmã Luzia, tendo os restantes falecido com menos de 25 anos. Da sua juventude pouco nos disse e pouco se sabe. A educação rural ministrada, idêntica à dos filhos dos camponeses similares da época em aldeia de gente pacata e simples, moldou-lhe o carácter e os valores: sempre os princípios e comportamentos da ruralidade trasmontana o impregnarão por inteiro. Provavelmente os trabalhos cíclicos da agricultura com que lhe ocupavam o tempo, ou a teimosia em não aparecer escola das primeiras letras próxima do lar levaram a que só ini-ciasse os estudos aos 10 anos de idade. E, talvez, o longo caminho que tinha de percorrer diariamente para se deslocar às escolas que frequentou (num total de 3 808 km, segundo a sua contabilidade em Quilómetros que tenho andado), primeiro em Rabal – dos dez aos doze anos – e, depois, em Sacoias – dos doze aos quinze – ou a dificuldade em aclimatar-se a novas normatividades no comportamento e no intelecto possam explicar a repetição de um ano de escolaridade. Por outro lado, é daqui que lhe terá ficado o gosto pelo pedestrianismo (segundo os seus próprios cálculos andou, até perto da morte, 161 055 km) e pelos horizontes largos... Já com quinze anos muda a residência escolar para Bragança onde ingressa no Liceu e nos Preparatórios e, cerca de dois anos depois, passa para o Seminário de S. José onde terminará o Curso Teológico em Junho de 1889, já com 24 anos.

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TOMO I

Das poucas informações conhecidas sobre a sua vida académica presume-se que não terá sido um aluno dócil, com certeza até algo irreverente e aventureiro, assim como sonhador... Desta época ficou-lhe para o mundo a alcunha de Robespierre, ou Robs na abreviação, sistematicamente utilizada ao longo de quase toda a sua vida para assinar artigos na imprensa e correspondência mais íntima. Se Robs era a abreviatura assumida, algo elitista na historicidade, os bacelenses alcunhavam-no de Grande – aliás, em resposta à alcunha proferida sibilinamente terá respondido: «Sou Grande; cabe cá tudo!». Aquela alcunha ter-lhe-á sido atribuída, e logo assumida, pelo temperamento revolucionário ou contundente, mais ou menos romântico, ao gosto da época, pela displicência na obediência à regra seminarista muitas vezes demonstrada em comportamentos menos urbanos e, também, em críticas e desencontros a alguma hierarquia docente. Este espírito informal, aberto e franco, mas crítico, nunca o abandonará, as mais das vezes comedido, mas, por algumas vezes em missivas menos expostas, felinamente desbragado em resposta a insinuações ou críticas injustas. Aliás, ele próprio o confessa, aos 66 anos de idade, em carta dirigida a José Montanha (In Hirondino da Paixão Fernandes, 1973, p. 31-2): «Coitados! Nem sabem do que eu sou capaz e de quanto sou mau, com os maus, mas sempre disposto a esquecer tudo quando vejo sinceridade. Fica sabendo, meu José, que nos Exercícios pedi perdão ao Mota e tencionava fazer o mesmo ao abade, chegando mesmo a falar-lhe, mas, como aquilo era um fervet opus continuo, não acabei de lhe dizer tudo, o que farei logo que possa. Sou assim, se quiserem entrar na boa cordialidade, tudo está esquecido, senão não». Era um trasmontano justo e recto, honrado – como se dizia –, que não se desviava minimamente dos obstáculos que lhe semeavam. Desta época de estudante lhe terá ficado também o gosto pela amizade franca, mais ou menos singular, cultivada em correspondência e tertúlias amenas e periódicas ao sabor do «pingato» regional – «No fim de contas, o pingato é sempre a melhor coisa que Deus deixou no mundo para dissipação das borracheiras que os das ideologias andam a engendrar constantemente metendo a humanidade em morticínios e canseiras que não valem um copinho da mais reles zurrapa, apesar de se não cansarem de dizer que essas ideologias fazem a felicidade da humanidade» (ibidem, p. 38) –, apesar de só o ter começado a beber aos 28 anos de idade. Até lá, como ele diz, só moderadamente bebia aguardente e vinho fino. Estando em Bragança toda a década de oitenta não terá deixado de participar e acompanhar os colegas e amigos nas tertúlias e comemorações académicas da altura, já que a tradição escolar impunha alguns rituais à urbe, mais tarde apelidada de Coimbra em miniatura. Os dois chumbos que granjeou, um dos quais a História, dever-se-á à irreverência juvenil a alguma docência soberana e conservadora avessa a espíritos abertos e interrogativos. Gostava de poesia. Escreveu muito verso enquanto estudante, geralmente a realçar os defeitos ou comportamentos dos padres-professores, e que ia fazendo circular pela classe. Já padre em exercício, a partir de 1890, ainda copiava para os seus cadernos poemas de Camões e de contemporâneos

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xix TOMO I

Retrato do Abade, da primeira década deste século (com cerca de 40 anos)

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TOMO I

românticos, mas também de Bocage. Só se conhece dele um soneto de Mairos, datado de 90, em que as confusões e incertezas deste mundo são atribuídas aos teólogos, médicos e letrados (ver Boletim do Museu do Abade de Baçal, 1, 1998, p. 4). Em 1896 o Abade é colocado na sua aldeia natal; regressa, pois, a Casa. Havia já algum tempo que ele tentava – o que era a prática corrente da época – através de párocos amigos com alguma influência, conseguir nomeação para paróquia próxima de Bragança – ainda surgiu a hipótese de ser colocado em Fresulfe – quando, em 94 ou inícios de 95, fica vaga a paróquia de Baçal. Pensamos que com a ajuda política de Abílio Beça, dirigente regenerador, e a aquiescência de Alves Mariz, ele consegue essa provisão. A partir desta data, com a morte do pai, vai passar a gerir a empresa doméstica, na companhia da mãe e irmã, e com óptimos resultados: a paciência franciscana e a sabedoria camponesa permitem-lhe, através de compras e trocas, reunir mais de 150 parcelas alheias para constituir a cortinha anexa à casa (cerca de 12 hectares segundo as suas medições). Ao longo da vida adquirirá muitas outras propriedades por compra ou como pagamento de empréstimos monetários. O seu envolvimento na política de então é esporádica, e poderá ser motivada pela sua nomeação para Baçal. Em 23/8/1906, O Nordeste, jornal progressista dirigido pelo seu futuro grande amigo Raul Teixeira, em artigo titulado «Fóssil reverendo» diz-nos que «um sacerdote deslavado – podem tomar o termo nos dois sentidos: próprio e figurado – evidenciou, no passado domingo, junto à mesa eleitoral da assembleia de Santa Maria, uma habilidade e aptidão (...) O reverendo soba de Baçal (...)» (e aqui temos de agradecer as sempre amáveis informações de Hirondino da Paixão Fernandes – ver, mais adiante, a sua recolha dos Ecos da imprensa, ano de 1906). E recordamos ter lido, também em O Nordeste de Novembro de 1908, artigo idêntico contra o Abade em que se falava em manipulação de votos. Desta eleição será o Abade eleito vereador para a Câmara Municipal, na companhia de Abílio Beça, onde se manterá até à República. Talvez esta sua intervenção pontual na política local possa explicar a sua não nomeação para director do Museu Regional criado em 1915, como no-lo deixa entender o Legionário Trasmontano de 11/11/1915: «Constando que para conservador do Museu Regional de Bragança era preterido o conhecido arqueólogo Abade de Baçal pelo Sr. Álvaro Carneiro (...) Bem sabemos que não é muito do agrado de alguns vermelhos e de certos verdes que o Sr. Abade de Baçal seja nomeado Conservador Regional (...)» (Idem, ano de 1915). Lembramos que, nesta data, já o Abade tinha publicado três volumes das Memórias... e dezenas de artigos na imprensa. E depois deste caso o Abade quedará sempre acima das intrigas políticas locais e a sua figura deixará de ser conotada com qualquer facção política, afirmando-se, local e nacionalmente, através do conteúdo da sua obra. E é a nível nacional que surgem as primeiras consagrações – logo em 16 é eleito sócio da Academia das Ciências e só a partir de 17 é que surgem as primeiras homenagens locais. É, pois, já com mais de 50 anos que é homenageado localmente pela sociedade civil e eclesiásticos amigos e será somente aos 70

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xxi TOMO I

Cliché de A. Soucasaux, de Barcelos, retratando Raul Teixeira, Abade e José Montanha, na década de trinta

anos que, se calhar com alguma inevitabilidade, a diocese o eleva à dignidade de Abade devido aos seus «profundos estudos históricos e proficientes investigações arqueológicas», título há muito ofertado já pela sociedade civil. A grande «canonização laica» do Abade, como ele lhe irá chamar no tomo X, foi a da sua jubilação, em 9 de Abril de 35. É um acontecimento nacional em que as mais altas figuras da cultura nacional o vêm homenagear, as universidades se fazem representar, os dirigentes políticos distritais e centrais não deixam de discursar, a par da presença de amigos, familiares e povo anónimo. É nesta altura que o nomeiam patrono do Museu e o seu busto é descerrado no jardim António José de Almeida; em suma, é a partir desta data que a sua imagem de homem-bom, notável estudioso e escritor que deu visibilidade e entendimento à história distrital se consagra definitivamente, se agiganta e se institucionaliza, onde todos os trasmontanos se revêem no temperamento, nos comportamentos, no saber, no modo de vida. É o pai da nação trasmontana que nasce. É claro que esta homenagem é a apoteose de um processo afirmativo que começa com a publicação sistemática de textos na imprensa e dos volumes das Memórias... que periodicamente saem do prelo, os quais, já em meados da década de dez, o escol científico do país respeita e cita. Os maiores promotores e divulgadores do Abade e da sua obra foram os mecenas, sobretudo Raul Teixeira e José Montanha. Foi esta amizade-total, esta entrega, este empenho aturado no homem e na obra que o levou à consagração. Foram eles que geriram financeiramente a publicação das Memórias... (sobretudo a partir do 3° volume), o auxiliaram diariamente na gestão e afirmação do Museu e da sua imagem pública.

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TOMO I

É à sombra de Baçal que o Abade se afirma perante o país. É pois, a Baçal, que os peregrinos da cultura se deslocam sistematicamente à procura de informações fidedignas, da sageza dos pareceres, de leituras ou pelo simples prazer da cavaqueira diáfana. Dessas visitas amigas tomava ele nota na parede da varanda romana, onde desenhava epigraficamente os nomes e as datas. Quase todos os grandes passaram por lá: de Leite de Vasconcelos a Teixeira Lopes, de Abel Salazar a Paulo Quintela, Jorge Dias, Egas Moniz, Joaquim de Carvalho e tantos outros, dos quais grande parte deixou referências de admiração e apreço pela dimensão do homem e da obra. Mas, sobretudo, pelo homem: pela horaciana ruralidade, na feliz designação de Telmo Verdelho e pelo franciscanismo dos ditos e dos comportamentos, no dizer do seu discípulo Belarmino Afonso (ver os textos destes autores nas Actas do Colóquio do Abade de Baçal, 1999). A única excepção que conhecemos a este coro unânime e universal é a de Miguel Torga (ver Ernesto Rodrigues, A estilística das Memórias..., idem, 129-133). É em Mairos, onde esteve entre 1890 e 1896, que nasce o sacerdote e se manifesta o investigador. De facto, é aqui que ele se inicia como articulista – publicando, pelo menos, dois pequenos textos (ver, adiante, a bibliografia activa elaborada por Hirondino da Paixão Fernandes) – e se manifesta para os estudos históricos motivado pelas obras que encontrou na biblioteca de Chaves – ele refere-se explicitamente a Argote em vários textos e no manuscrito Algumas das obras mais importantes que tenho lido (Arquivo do Museu do Abade de Baçal) – onde se deslocava periodicamente para se abastecer de livros. É óbvio que o despertar para os estudos históricos, passando pelo sempre referido encantamento estimulante proporcionado pelas lendas e histórias que a Tia Luzia Alves lhe contava ao serão (Memórias..., X, 544), foi proporcionado pelo Seminário e pelas leituras paralelas que ia fazendo. O Seminário foi reorganizado com o novo bispo, Alves Mariz, a partir de 1886, sendo reformulados currículos e programas (Mons. José de Castro, Bragança e Miranda, IV, p. 91-97) e a pastoral deste bispo, no domínio da ciência histórica, vai proporcionar uma imensa recolha de materiais e chamar a este campo múltiplas vocações de todo o bispado (lembremo-nos dos seus amigos Abade Tavares, Monsenhor José de Castro, P. e Firmino Martins, entre outros). Por outro lado, convém ter presente que os românticos tinham deslocado a atenção cognitiva para o povo, com aproximações de natureza estética e histórica, investigando usos, costumes e tradições e, já depois dos meados do século, esta aproximação é enquadrada disciplinarmente e rapidamente ganha suporte erudito, e depois de 1875, dos trabalhos de Adolfo Coelho e Teófilo Braga, a cultura popular ganha estatuto de objecto científico. É neste contexto que se inicia o estudo do território, das gentes, do seu carácter – da cultura popular em resumo –, no sentido de regenerar a nação de um século de desistência nacional a que o Ultimatum dá alguma visibilidade e consciência. É essa espécie de traumatismo nacional que remete para a urgência desse estudo,

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xxiii TOMO I

Retrato do Abade de Baçal a tinta-da-China sobre papel, da autoria de Domingos Vinhas, datado de 1928

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TOMO I

para uma espécie de reformulação ou reestruturação dos alicerces sociais, do conhecimento do território, dos recursos, da história. E é assim que a ruralidade se estrutura como a essência verdadeira da nação mesmo em termos morais, e o local, o regional, ganha legitimidade e estatuto próprio e o método etnográfico se afirma como adequado ao estudo dessa realidade (ver o artigo de Augusto Santos Silva, in Recuperar o espanto: o olhar da antropologia – coord. de Vitor O. Jorge e Raul Iturra –, p. 117-141). A nível das leituras paralelas cabe recordar rapidamente que é na segunda metade do século XIX e, fundamentalmente, no quartel finissecular que se vai estruturar a primeira etnografia portuguesa dentro de um clima moral e social específico, pelas mãos de Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, Teófilo Braga, Consiglieri Pedroso, assim como Martins Sarmento, Alberto Sampaio, Carolina Michäelis, Rocha Peixoto, Ricardo Severo e tantos outros, estruturando-se o saber em revistas, em sociedades, em museus, em exposições, e tendo por base uma rede organizada de personalidades, instituições e saberes. A este nível podemos acrescentar, a título meramente informativo, que a actuação do Abade na prospecção histórica – cuja concepção é de natureza herculaneana mas convergindo já as várias vertentes da história com a linguística, a etnografia, a arqueologia, o folclore, etc. – é coincidente, nos seus aspectos organizacionais, com a de Leite Vasconcelos: a par dos trabalhos de campo periódicos organizam uma malha de informadores locais que os abastecem de factos e notícias que eles seleccionam e utilizam. No caso do Abade, a investigação histórica baseia-se na transcrição dos documentos originais, nas «excursões archeologicas» assinaladas nos Couseiros – cadernos não paginados onde assentava «cousas» ou, então, como aparece em vários, «notas a esmo» – e na imensidão da correspondência recebida dos informado-res distritais, muita dela originalmente organizada por volumes das Memórias – e aqui conviria investigar os milhares de missivas recebidas pelo Abade e averiguar da forma de tratamento e utilização da informação veiculada. Organizado como era, dá-nos conta no manuscrito Algumas das obras mais importantes que tenho lido (Arquivo do Museu Abade de Baçal), a par da inúmera teologia, cronistas e clássicos do reino, dicionários e revistas (Revista de Guimarães, O Panorama, O Instituto, O Arqueólogo Português, O Ocidente, O Arquivo Pitoresco, e onde, em algumas delas, salienta os seus principais colaboradores), das obras então publicadas e já consultadas por ele – em selecção rápida de autores coevos ou próximos assinalamos, entre outros, Adolfo Coelho, Pinheiro Chagas, Martins Sarmento, José Leite de Vasconcelos, Luciano Cordeiro, José de Arriaga, Mendes dos Remédios, Camilo, Emílio Hubner, Oliveira Martins, Luz Soriano, Alexandre Herculano, Rebelo da Silva, Gama Barros, Guerra Junqueiro, Rocha Peixoto, Sousa Viterbo, Raczinski, Teófilo Braga, Joaquim de Vasconcelos, Raúl Brandão, Martins Capela. A par desta listagem informa-nos, em muitos casos, de quem lhe proporcionou a obra – fundamentalmente colegas seus – ou o local onde a leu –

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xxv TOMO I

Caricatura do Abade de Baçal a tinta-da-China sobre papel, de Francisco Valença, de 1935, e publicada na imprensa

geralmente a Biblioteca de Chaves, a do Seminário de S. José de Bragança ou a Biblioteca Municipal do Porto. Quase podemos afirmar que é com estes suportes disciplinares afins – relembrando a convergência do saber histórico, arqueológico e etnográfico, na época confundindo-se muitas vezes científica e metodologicamente – que ele vai construir a sua imensa obra. Outra fonte preciosa nunca utilizada no estudo da obra do Abade são os Couseiros, relativos, alguns em exclusividade, às suas excursões arqueológicas, reais cadernos de campo onde o lápis infelizmente se adianta à caneta (e hoje imensas páginas ilegíveis...), onde descrevia tudo o que detinha valor histórico das localidades visitadas, assim como o nome de informadores (por exemplo, o Couseiro n.o 3), «pessoas a quem ficava a dever favores ou atenções», formas utilizadas na deslocação e respectivas despesas e perda de receitas, assim como

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TOMO I

anotações adidas posteriormente e com pouco a ver com a temática histórica. Geralmente refere, quando acompanhado, o nome do companheiro – na 5ª e 6ª excursão foi o P.e José Miguel Machado a assessorá-lo – e, muitas vezes, até refere a merenda: na 6ª excursão, à Puebla de Sanábria, a 4 de Julho de 1909 – «donde voltei na mesma semana» –, foi munido de um leitão assado e um frango; noutros casos era um folar, uma empada de sardinhas... Mas nem todos eles são dedicados exclusivamente às excursões, havendo, pelo menos, um temático – o XIII, que trata unicamente do cancioneiro bragançano. Assim, a título de exemplo, temos no Couseiro n.° 3, em excursão arqueológica decorrida entre 27 e 31 de Janeiro de 1908 a Macedo de Cavaleiros, Chacim, Malta, Castelões, Vilar do Monte, Pinhovelo e Travanca, os seguintes gastos: «Fui lá duas vezes – de comboios idas e vindas, cada 580 De hospedarias Transporte das lápides para Macedo Transporte d’uma lápide para Lisboa Embalagem da mesma de madeira e pregos e paga ao homem que fez esse serviço Compra de uma das lápides Compra de uma moedas [sic] e outras antigualhas

Duas missas que perdi de dizer por essa causa Também deixei de assistir a um enterro na freguesia

2:320 1:600 1:500 600 600 1:500 1:500 9:620 600 1:500 11:720»

Pouco adiante, no mesmo Couseiro, e alargando o âmbito específico do caderno, informa-nos que «em 16 de Abril de 1908 fui ao Porto aonde me demorei 15 dias a consultar na Biblioteca Municipal livros raros que não era capaz de apanhar cá por cima. Gastei Dois pares de botas Comboio – ida e vinda No hotel a 1000 rs. por dia Uma fita metrica Uma thesoura curva Uma jaqueta 13 lenços pequenos 1 escova Livros que lá comprei Gratificação ao Sacristão da egreja das Taipas onde celebrei missa Cynematographo 4 lenços a 1:400 (para minha mae e irmã)

4:500 6:040 13:180 1300 600 7:000 1:200 140 10:300 500 600 5:600 50:960

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xxvii TOMO I

Transporte Um bonet para o Mael António Guarda sol Oculos pretos e caixa Comes durante a viagem e em Bragança Custo de uma mala de couro Uma saca de chita Album para retratos Gorgetas, cafés, gazosas Machina photographica e aprestes

50:960 450 900 850 1:250 4:000 300 4:500 1:000 20:000 84:210

Um copo para beber agua, de borracha

340 84:550»

Ficamos a par, assim, entre outras coisas, dos contactos do Abade com as tecnologias de ponta da época: cinematógrafo e máquina fotográfica. Aliás, alguns destes objectos agora adquiridos já ele, no início do Couseiro, os manifestava como a adquirir para as suas lides excursionistas. Estas excursões arqueológicas, decorridas ao longo de toda a vida do Abade, demoravam geralmente 3, 4 dias, raramente oito, pois implicava incomodar congénere para o substituir nas suas obrigações paroquiais. Da consulta dos 15 Couseiros verificamos que as excursões decorreram da forma que segue: 1907 1908 1909 1910 1916 1918 1920 1924 1926 1927 1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 1939

2 3 3 2 1 1 1 1 1 4 3 1 5 10 8 8 4 6 4 1 3

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TOMO I

1942 1942 1943 1944 1945 1946

1 1 2 2 1 1

Num total de oitenta excursões, algumas das quais a Lisboa e Porto, é em 1932 o maior número de saídas. Por outro lado, nem sempre às excursões corresponde descrição pormenorizada da mesma ou procede ao levantamento de informações, já que muitas delas são efectuadas a pedido de individualidades distritais para se pronunciar sobre algum facto ou espólio patrimonial, e as conferências que proferiu no Porto e em Chaves também entram nesta contabilidade. Por exemplo, de 18 a 20 de Maio de 1936 serviu de cicerone a alunos do Liceu, na companhia de Pires Quintela, em viagem de estudo por todo o distrito e concluirá que «algo aproveitei para os meus estudos sem gastar nada, cousa que nunca me sucedera» (Couseiro n.° XIII). Todavia, já na excursão n.° 43 referira que, «em 1 de Outubro de 1935, parto para Vinhais, Landedo, Alto da Serra da Coroa, termo de Montouto, onde fui despedir-me das excursões arqueológicas». Não adivinhava ele que estava a pouco mais de meio... A quase totalidade dos textos e esquissos produzidos – reproduzindo brasões, insculturas rupestres ou texto epigráfico – estão cortados, indicativo de terem sido utilizados para publicação. O Couseiro n.° 4, datado de 1918, abre com um texto não cortado – portanto, provavelmente não utilizado – e que reproduzimos para ilustração metodológica: «Ponte Velha no Sabor perto de Bragança conhecida por Ponte das Carvas. Tem tres olhaes – arcos em ogiva de lanceta. – No olhal do meio ainda se veem os agulheiros de um e outro lado, nos das extremidades não se veem devido a reboco da argamassa que tem levado e a reconstrução posterior. A reconstrução é evidente no olhal do nascente a jusante pois o cortamar é aguçado em angulo, neste só resta dele pouco mais de um metro á superficie da terra e sobre essa parte construiram uma sapata, resalto que consolida o pano da ponte. É evidente aí a reconstrucção e por isso desapareceram os agulheiros. Esta sapata ou resalto construida sobre a parte do cortamar arruinado sae do pano da ponte cousa de um metro. Parece que da primitiva ponte só ficou o olhal do meio sendo reconstruidos os das extremidades; no entanto os arcos são em ogiva. O piso, ou tabuleiro em cima é plano horizontal e não levantado em angulo como n’outras pontes, verbi gratia, Castro de Avelãs, etc. O aspecto da ponte é de formidável solidez, ancas fortes e robustas, agora muito mais augmentada pela hera que a reveste quasi toda a ponte em vistosos festões e grinaldas de verdura sobre a corrente concorrendo tudo para dar ao

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xxix TOMO I

Almoço na cortinha, nos inícios da década de trinta, com amigos de Bragança e Henrique Tavares, Eng. Gomes da Silva e arquitecto Baltasar de Castro

local, já de si ameno e pitoresco, tom encantador, realçado pelos gorgeios de mil avezinhas que cantam amores em todas as tonalidades num perpassar incessante de azazitas por entre o ramalhar do arvoredo, á tépida luz deste sol de maio que esbate no quadro as cambiantes seduções das meias tintas impressionantes, arrebatadoras de magia e encanto. Os materiaes da ponte são os da localidade, pedras mais ou menos schistosas ligadas por argamassa. Nem sequer uma pedra de granito, tudo alvanaria». Toda a gente sabe que a obra de fôlego em que se empenhou durante toda a sua vida foram as Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, em onze volumes, iniciando a impressão do primeiro volume em 1909 e terminando a do último já em 1949, depois de ter falecido. É nestes volumes que está compulsada a história do distrito em todas as suas vertentes, apesar de nos ser apresentada de uma forma muitas vezes desordenada em grande parte dos volumes. Podemos dizer, em termos abreviados, que nos primeiros oito volumes desta obra está retratada a história institucional do distrito – política e sociedade, economia, genealogia e religião – e onde a informação temática está mais disciplinada, e nos três restantes se dedica de preferência à arqueologia, à arte e à etnologia da nossa zona, e onde os assuntos estão mais desorganizados, muitas vezes em complemento de assuntos já anteriormente tratados. Talvez isso tenha a ver com a forma como ele ia organizando os volumes: muitas vezes tinha na tipografia a serem compostos dois e mesmo três volumes ao mesmo tempo e conforme ia redigindo novos textos ia-os encaixando nos volumes em impressão mais

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TOMO I

adequados no momento. Até porque ele na década de vinte fala nas Memórias... como uma obra a levar a cabo com nove ou dez volumes e na década de quarenta fala já em doze. Daí, também, talvez, o enorme espólio manuscrito que deixou há 55 anos (que só agora está a ser catalogado) e a necessidade de verificar-se todo ele. É verdade que o Abade conseguiu servir a religião e a ciência. Mas também é verdade que estas duas características dominantes da sua actividade mutuamente se influenciaram e se conciliaram. Basta ver a dimensão humanista globalizante que lhe conferiu o exercício do método científico permitindo-lhe uma visão da religiosidade muito pouco ortodoxa. É evidente que a metodologia da história erudita que ele praticava e que baseava no documento toda a possibilidade de verdade – e menos na sua relação com todo o contexto da sociedade e no manuseamento intelectual operado por ele próprio enquanto historiador – permitiam esta bidimensionalidade na sua labuta diária. Mas também é verdade que a heurística metodológica que aplicava se revelou em inúmeros momentos, conduzindo-o à humilde lucidez do entendimento da relatividade dos princípios, dos conceitos, das práticas sociais. Isto está bem evidente no «Preâmbulo» do quinto tomo (p. XI) das Memórias...: «Cristo pregava contra as sinecuras proventosas dos alapardados à sombra da Lei; revolucionava o povo; pregava um socialismo, chamesmos-lhe assim, o socialismo que surge em todas as nacionalidades quando corrompidas pelas prepotências dos grandes açambarcadores (...), pregava uma melhor compreensão dos deveres sociais e humanitários; pregava contra o alto sacerdócio que engendrara uns cânones, uma teologia, dita Cabala, a seu modo, para melhor governar-se e estes, principalmente, (...) é que o mataram. Pois se voltasse de novo ao mundo e azorragasse uns tantos mandões fariseus que lhe mercadejam e deturpam a doutrina, inapelavelmente seria mandado fuzilar pela segunda vez». Mas também se pode ver noutros textos: por exemplo, em «O Padre?!... Eis o inimigo. Razões históricas do ódio votado a esta classe». Esta espécie de descrença na condição e no caminhar do humano também se revelou na política. Já dissemos que o Abade interveio pontualmente na política como regenerador e depois, também na área conservadora, na década de vinte, aqui já menos empenhadamente e sob pressão de Raul Teixeira. Sabemos que na década de quarenta, em entrevista, afirmou que nascera regenerador e morreria regenerador. Mas, no fundo, o Abade já acreditava pouco na política e, se calhar, não muito mais na civilização... A década de trinta parece ser de profunda crise de descrença para o Abade, altura em que ele tem correspondência reveladora do seu estado de alma para Abel Salazar, por exemplo, bem retratado no projecto que iniciou sobre «a Questão Social – Ideologias, verdadeira e única solução» e que nunca chegou a ultimar mas de que há referências vagas na sua correspondência. Referencia-nos as desigualdades e injustiças sociais, culturais e económicas da nossa sociedade de então e propõe-nos, como sua alternativa, um modelo estruturalmente utópico – o regresso à natureza-mãe, ao primitivismo troglodita, nas suas palavras. Elaborado em época de crise social acen-

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xxxi TOMO I

tuada (política e económica), todavia, o Abade de Baçal não patrocina o modelo escatológico ou quiliasta tradicional – cuja concretização se efectuará num futuro mítico – mais ligado à religiosidade cristã (desde o Apocalipse de S. João), mas, antes, propõe um topos característico das utopias nostálgicas de cariz acentuadamente romântico. É no sentido de fazer parar todo o processo civilizacional oriundo do desenvolvimento mal orientado da industrialização e da ciência oitocentista que o Abade espera que seja esse próprio desenvolvimento técnico-científico desencadeado e ligado à arte bélica a pôr fim a esta civilização calamitosa, propondo, desta forma, um retorno a um estado mítico original puro, isento de desigualdades sociais e onde reinaria a liberdade e a concórdia entre os homens. Outras utopias mais ou menos similares, nascidas depois da industrialização e despertando sentimentos nostálgicos, podiam ser invocadas, nomeadamente, por mais próximas – décadas de trinta-quarenta –, as de Aldous Huxley e Hermann Hesse. Vejamos um manuscrito inédito até há pouco (por nós publicado no Boletim do Museu Abade de Baçal, números 0 e 1), datado de 1936, altura em que muito se questionou sobre as temáticas da religião e do poder, muitas vezes em correspondência com Abel Salazar, que nesta data tinha sido expulso da Universidade do Porto e a quem o Abade manifestou solidariedade e compreensão, e altura, também, em que num texto filosófico de Abel Salazar, a ser publicado numa revista, uma longa citação de cerca de duas páginas do preâmbulo do volume dos Judeus foi totalmente cortada pela Censura: «Deixemo-nos de lerias e de ilusões; neste mundo só há uma lei, um principio absoluto, basico, fundamental: comer e ser comido, tudo o mais gira em volta dele. Daqui veem as mirabolancias, os jogos malabares com que os espertalhões embasbacam os pequenos [?] afim de os comer com o minimo de esforço possivel. Daqui vem a ideia de meu e teu; a ideia de pátria, grandeza, nobreza de pátria, dar o sangue pela pátria, influxo civilizador da pátria e mil outras mentiras por este teor, que criam esses viveiros de espertalhões devoristas chamados: militarismo, escola de imoralidade, do assassinato legalizado; magistratura, autêntica buceta de Pandura; burocracia, política, politicos, organização administrativa, financeira, etc., interminavel alcateia de aventureiros e vampiros sugadores; magisterio afim de habilitar os supraditos a comer e saber comer; clericalismo que adapta dogma e culto às conveniencias dos mesmos para devorarem os outros sem escrupulos nem recalcitramento. (...) A que vem, pois, pregar caridade, abnegação, amor do proximo, justiça, sentimentos humanitarios, apezar de eu achar admiraveis todas estas conceções e de muito os ter pregado e praticado com especial satisfação, se a lei do comer e ser comido e conseguintemente o mal, é inexoravel, fatal, dominante em toda a natureza viva desde os ínfimos seres da escala zoologica até aos superiores, onde dizem estar o homem, sem excluir os vegetais?!

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TOMO I

A que veem os planos mirificos das novas organizações sociais – teocracias, aristocracias, democracias, republica, socialismo, comunismo, sovietismo, etc., se a politica lei hade cumprir-se e comer é a arte suprema, a arte das artes – ars artium regimen barrigarum!». Como se sabe foi ainda nos finais do século XIX, em 1897, que se fundou o Museu Municipal de Bragança da iniciativa de Albino Pereira Lopo. A adesão a esta ideia, originalmente exposta em 1896, foi unânime em todos os sectores da sociedade bragançana e também o Abade de Baçal vai colaborar com a iniciativa através da oferta sobretudo de numismas para, já no século seguinte, a alargar a materiais arqueológicos e etnológicos. Contudo, não era uma colaboração exclusiva, porque, sensivelmente da mesma altura, data o início da sua aproximação a Leite de Vasconcelos e, para o futuro Museu Nacional de Arqueologia, seguirão inúmeras peças de arqueologia e etnologia ora ofertadas pelo Abade ora adquiridas por seu intermédio. Todavia, com o passar dos anos evidencia-se a estagnação do Museu Municipal. É com a criação do Museu Regional, em 13 de Novembro de 1915, que se vislumbra a possibilidade de uma nova dinâmica museológica – até porque o decreto estipulava a integração do Museu Municipal no novo – que se gorará à nascença, pois nem o acervo do Museu Municipal integrará as colecções do antigo Paço Episcopal nem uma nova dinâmica se instalará. É que a nomeação de Álvaro Carneiro para o cargo de director – algo politizada – foi apoiada por Lopes Cardoso – então deputado e futuro ministro – e José de Figueiredo – director do Museu Nacional de Arte Antiga –, e não foi bem aceite por vários bragançanos – nomeadamente por Raul Teixeira, na altura juiz, e já amigo do Abade de Baçal – que na imprensa regional manifestaram os seus pontos de vista e sustentavam o Abade como o candidato adequado para o cargo. O estatuto social e cultural que o Abade tinha já conseguido nesta altura e os apoios públicos então manifestados terão levado Júlio Dantas a trocar alguma correspondência com ele no sentido de lhe entregar a direcção do então criado Arquivo Distrital e Biblioteca Pública de Bragança, também sediado no edifício do ex-Paço Episcopal. Depois da troca de várias missivas de negociação o Abade acaba por não aceitar o cargo pois não prescindia de remuneração para o seu desempenho – ou, não remunerado, deslocar-se-ia apenas dois ou três dias por semana ao Arquivo, o que Júlio Dantas não aceitava. Álvaro Carneiro manter-se-á na direcção do Museu até à sua morte, em 1925. Neste período apenas foi incorporado – se atendermos aos poucos documentos existentes –, «em 23 de Maio de 1919, um frontal, pintura em coiro do século XVI, que se encontrava na sacristia da Igreja de Santa Clara, ao abandono», segundo ele mesmo diz no final do Livro de Registo (Arquivo do Museu Abade de Baçal). O Abade foi nomeado director do Museu em 11 de Fevereiro de 1925 e tomou posse cerca de um mês depois. De imediato, com o apoio dos amigos

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O Abade com Salvador Teixeira, junto ao castelo de Penas Roias (Mogadouro), no dia 1 de Agosto de 1939

Raul Teixeira e José Montanha, tratou de criar o Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança – que também há-de funcionar, ainda que informalmente, com a denominação de Grupo dos Amigos do Museu – que terá um papel fundamental a desempenhar na preservação e conservação do património bragançano e na organização do Museu, que, até este momento, só o era de nome. A concepção do Abade acerca do papel a desempenhar pelos museus está bem patente logo no 2° volume das Memórias (p. 381): «Entre os estabelecimentos de educação em Bragança avulta o Museu Municipal. É incontestavel que as collecções reunidas nas casas d’esta ordem representam somma enorme de conhecimentos accumulados e são factor importante na educação de um povo perante o qual fazem passar as civilisações extinctas, a vida intima de seus antepassados, mostrando-lhe como os processos e utensilios rudimentares se foram lentamente aperfeiçoando, e fazendo-lhe vêr como no campo da industria, da arte, o mais simples progresso, a mais vulgar perfeição, representa o anhelo do genio, do talento, da audacia, para um bem estar, uma commodidade superior». A faceta educativa aparece dominante num contexto de explicação evolucionista das civilizações já desaparecidas, remetendo para a arqueologia um papel dominante nessa seriação, interpretação e busca das origens das civilizações, pois o artefacto «fala por si»: «Quantos problemas historicos e geographicos ficariam eternamente irresoluveis sem o auxilio d’essas collecções e da sciencia archeologica da qual são objecto de estudo?! Quantos textos antigos seriam incomprehensiveis sem o seu auxilio?! A archeologia é valioso auxiliar de

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TOMO I

todas as sciencias, e não ha ramo algum do saber humano que possa prescindir d’ella, para se habilitar a conhecer e a explicar os seus inicios primordiaes. Não ha sciencia alguma que não tenha a sua historia; onde esta não alcança, lá está a archeologia a substituil-a vantajosamente! Na historia encontram os sociologos a mais segura base para a remodelação das instituições, desideratum constante dos povos, pois a archeologia abre a esses complicados problemas mais largos horisontes» (II, p. 381-2). Para o Abade o Museu deveria ter um cariz essencialmente representativo da região que lhe dá vida, revelando alguma oposição à concepção original da sua criação por parte de José de Figueiredo, vendo este mais o Museu Regional como modelo, em escala reduzida, dos museus nacionais – basta lembrar que os objectos que ele seleccionou são objectos de arte erudita, e não de características populares. Ainda em 1945 o Abade há-de frisar: «O Museu deve ter uma expressão regional. Podia alargar-se. Encher as suas salas com pinturas, esculturas, seria fácil. Preferi sempre que êle se confinasse à função regionalista que o guia desde a fundação» (in Jornal de Notícias, 24-V-1945). A esta concepção de museu regional ligava o Abade o papel a desempenhar pela arqueologia no desentranhar das origens dos antepassados. Para ele, a menina dos seus olhos, era a secção arqueológica; na secção etnográfica englobava ele o restante: pintura, escultura, gravura, tecelagem, bordados, mobiliário, cerâmica, serralharia, pratas, etc. O papel decisivo do Grupo manter-se-á até finais da década de trinta, estando a sua acção sempre ligada a todas as acções importantes de aquisições ou dádivas de espécies ao Museu. E de tal maneira é verdade que as cotas mensais dos associados e as verbas mecenáticas que conseguia eram, na fase inicial, o orçamento principal para as despesas do Museu – tirando obviamente as despesas de pessoal –, onde eram inscritas, duplicando-se, muitas vezes, a própria gestão administrativa. Era vulgar, nesta fase inicial da direcção do Abade, fazerem-se pagamentos por letras, facto em que o papel de José Montanha, como agente do Banco de Portugal, ganha relevo. Sem o Grupo o Abade pouco teria podido fazer – até pelo próprio temperamento que tinha. Assim, os longos ofícios de pedidos em espécies ou de dinheiro eram, quase sempre, feitos por Raul Teixeira, ainda que assinados pelo Abade (ver Arquivo Administrativo do Museu Abade de Baçal), e muitas vezes as concepções artísticas aí reveladas não são propriamente coincidentes com as do subscritor. Portanto, quando nos referimos ao papel do Abade, estamos, implicitamente, a referirmo-nos a Raul Teixeira e José Montanha. A estratégia de actuação deste grupo privilegia as seguintes áreas de actuação: Envolvência da comunidade, ainda que segundo uma actuação e concepção algo elitista Restauro do acervo já existente Remodelação do espaço museológico Aquisição de novas espécies

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xxxv TOMO I

O Abade com Teixeira Lopes e amigos

Relativamente ao primeiro ponto podemos apontar a criação do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança que englobava várias centenas de personalidades variadas trasmontanas, de residentes e não residentes, com cotas mensais fixadas no momento da adesão e muitas vezes com entregas pontuais para fins casuísticos justificados. Obviamente que esta associação merece um estudo detalhado ainda por fazer. O Grupo dos Amigos actuou reiteradamente em duas direcções específicas: por um lado, angariando dádivas pecuniárias junto dos associados, amigos e conhecidos e junto das instituições, sobretudo câmaras municipais do distrito e Junta Geral do Distrito, praticamente exigindo subsídios anuais (era normal pedirem 2000$00 de subsídio anual à Junta Geral, por exemplo); por outro lado, pressionando instituições e particulares para a cedência de espécies para o Museu, ou negociando essa cedência, através de troca (por exemplo, para a troca dos tapetes de arraiolos e do tapete persa foram adquiridos outros novos para a permuta; outro exemplo: para a troca, em 1929, da virgem gótica quatrocentista pertencente à igreja de S. Vicente deram 400$00 à Confraria para ajuda da aquisição de uma Nossa Senhora de Fátima). Também se verifica, por vezes, que as petições institucionais eram muitas vezes realizadas em alternância: umas vezes era o Grupo dos Amigos a solicitar e no ano seguinte era o próprio museu. Confundiam-se, assim, a direcção das duas instituições. A própria escrita financeira do Grupo dos Amigos estava integrada na do museu. Uma factura ou um recibo tanto podiam ser assinados pelo Abade, como por Raul Teixeira ou José Montanha. Aliás, a maior parte dos documentos são meros pedaços de papel não timbrado.

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Uma outra estratégia de actuação, muito eficaz para manter a homogeneidade, a envolvência, o carisma e a dinâmica do grupo, era a realização de palestras ou outras actividades específicas reservadas aos associados – o que por vezes dava aso a mal-entendidos na elite dos não associados. Por outro lado, também se utilizava, e com muita eficácia, a monitorização de visitas ao novo espólio entretanto adquirido, o que contribuía para reforçar os laços de identificação dos associados para com o museu e o seu acervo. Assim, nesta fase, pode dizer-se que o Museu se foi construindo sob o olhar e o controlo de todos os interessados e a sua evolução podia ser minuciosamente descrita por todos. No plano da conservação podemos dizer que a partir de 27 as peças consideradas mais significativas, a pouco e pouco, iam sendo restauradas. As intervenções meramente pontuais e de menor exigência técnica eram efectuadas em Bragança em casas creditadas: estamos a pensar, por exemplo, na Marcenaria Carvalho. Todavia, a maior parte dos restauros eram feitos no Porto, em casas da especialidade do acervo em questão: ourivesarias, fábricas de têxteis e de mobiliário, etc. A remodelação do espaço museológico foi a batalha constante da direcção do Abade. A partir do momento da expropriação do Paço Episcopal vários organismos públicos aqui se sediaram: o Museu Regional, a Guarda Nacional Republicana, a Conservatória do Registo Civil, a filial da Caixa Geral de Depósitos e outras. A maior parte delas tiveram estadas de poucos anos: a Conservatória e a filial da CGD saíram em Março de 1933, libertando cinco salas no rés-do-chão, e a GNR só saiu já na direcção de Raul Teixeira, em Dezembro de 1935, depois de muitas cartas e pressões utilizadas. Em 1932, em ofício dirigido a Gomes da Silva, director geral dos Monumentos e Edifícios Nacionais, a 18 de Março, mais um dos inúmeros pedidos de transferência do quartel da Guarda Republicana, que ocupava a parte nascente dos baixos do Museu, já com ameaças de demissão por parte do Abade: «(...) Ora tal permanência está causando consideráveis prejuízos no importante e rico recheio que o Museu encerra, bem como nos livros que compoem a Biblioteca Erudita e documentos do Arquivo Distrital, por causa do fumo que invade, por completo, as quatorze salas que o compoem! Sucede, com frequencia, haver necessidade de serem abertas todas as janelas para os snrs visitantes poderem atravessar as salas! Não posso, pois assistir a tão triste espetaculo e serei forçado a pedir a exoneração do meu cargo, manifestando assim a minha solidariedade com os snrs directores da Biblioteca e Arquivo e dando incondicional apoio ao protesto levantado por todos os brigantinos que estão dando ao Museu o seu melhor esforço». Temos documentos de obras no edifício, de menor monta, logo a partir de 1926, prolongando-se por 1927, e de 1928 a 1935 são quase permanentes, no sentido de reparar e embelezar alguns dos espaços e prepará-los para a exposição permanente. As de maior monta foram dirigidas pelos Monumentos e Edifícios Nacionais, e terão sido as de 1930 e as de, praticamente ininterruptas, 1933, 1934 e 1935, terminando estas no dia da homenagem

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Cliché do fotógrafo Alvão, retratando o Abade no jardim do Museu

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TOMO I

nacional ao Abade em 9 de Abril, altura em que foram apresentadas ao público quatro novas salas de exposição: Sala Abel Salazar, Sala Eng. Henrique Gomes da Silva, Sala Henrique Tavares e Sala Dr. José de Figueiredo. Anos antes já tinha sido aberta ao público a sala de Miranda e também já existiam salas específicas derivadas do recheio original do Paço, de arqueologia e, depois da aquisição da colecção Cagigal, de faiança nacional, a chamada sala dos Pratos. O acervo museológico que o Abade herdou, em termos de organização e exposição, estava longe de poder ser considerado aceitável. Em 1926, em carta de Raul Teixeira para o Abade (publicada por Hirondino Fernandes), diz aquele «Que ele, João, filho adoptivo e muito ilustre e estimado de Bragança, continue a colocar sob a sua proteção o nosso Museu, para ver se em breve o podemos deixar de o considerar como aquilo que hoje ainda é: um conjunto de salas de arrumação de objectos em ruina». As espécies que iam sendo doadas foram publicadas no vol. X (p. 7-13) das Memórias..., e englobavam sobretudo elementos da etnologia local (medidas aferidas de madeira e metal, talas, têxteis em seda da região), materiais arqueológicos (machados, fíbulas, lápides, miliários), muita numismática, arte sacra, livros e documentos. Muito deste espólio foi reunido em regime de depósito. O espólio começou a ser adquirido por compra logo a partir de Outubro de 1926 e é quase tão diversificado e numeroso como o anterior, à excepção, provavelmente, do material arqueológico. As pinturas de Henrique Tavares são um caso à parte: geralmente os produtos eram adquiridos pelo Museu – tintas, telas ou madeira e molduras – e, de vez em quando, ofertavam-lhe uma prenda (por exemplo, em 30.9.1927 foi-lhe oferecida uma prenda no valor de 1000$00 para compensar a doação de 3 quadros – O Miguelzinho, O Calça Cagada e o Cu Torto). Assinalamos a aquisição do tríptico da igreja da Vila (pensamos que é, obviamente, o Martírio de Santo Inácio) adquirido ao P.e Cruz por 200$00 em 1929, um escano por 800$00, uma fíbula em ouro pelo preço de 400$00. O acervo museológico que se ia conseguindo reunir ia sendo disposto em salas depois de pequenas obras de preparação e a partir de 1928 começam a surgir despesas com vitrines, julgamos que para ourivesaria, revelando já motivações especificamente museológicas englobando várias variáveis. Quando se dispunha de novos espaços ou de novos objectos considerados de excepção, por vezes efectuavam-se obras de maior intervenção. Estamos a pensar, por exemplo, que a vinda do tecto de S. Bento obrigou a intervir-se no próprio tecto para se adaptar à sala destinada e motivou a abertura de novos vãos. Por outro lado, também se efectuaram obras, fechando ou abrindo novos vãos, no sentido de melhor definir ou redefinir o próprio percurso museológico. Em 30.1.1933 (Arquivo Administrativo do Museu Abade de Baçal) dizia o Abade à Direcção Geral de Estatística que «Os objectos expostos, são: mobiliario, pintura em tela e madeira, pratas, tapeçarias, cobeceiras de sepulturas,

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xxxix TOMO I

Aguarela sobre papel de Alberto de Sousa retratando o Abade de Baçal, datada de 1937

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TOMO I

machados de pedra, paramentos, artigos de industria regional, indomentaria regional, ferragens, artigos de latão, estanho, etc.». A partir de inícios de 1933 vai iniciar-se uma campanha de angariação de fundos e obras de arte em larga escala, preparando já, pensamos nós, a aposentação do Abade e a projectada abertura de quatro novas salas de exposição. Assim, vão mandar-se ofícios em larga escala, geralmente burilados por Raul Teixeira, para instituições locais e nacionais no sentido de reunir espólio de natureza artística. «O “Museu Regional de Bragança”, pode dizer-se que ainda na sua fase nascente, com escasso subsidio orçamental, vem solicitar de V. Exª se digne determinar que no orçamento, em elaboração, para o proximo ano economico 1933-1934, seja aumentada a dotação que lhe foi atribuida no ano economico decorrente. É que, Ex.mo Senhor, tomando o Museu, ainda no decurso do corrente mês, posse de cinco salas do edificio onde está instalado, pela saida delas da Conservatoria do Registo Civil e da Filial da Caixa geral de Depositos (...). Chega o momento, com a ocupação de taes salas, de o Museu instalar em vitrines, que necessita de adquirir, a sua importantissima colecção de numismática...» (carta para o Subsecretário de Estado das Finanças, de 16.3.1933, escrita por Raul Teixeira e assinada pelo Abade). Nesta fase, 1933-35, o coronel Salvador Nunes Teixeira, Governador Civil na época, vai ter um papel importante a desempenhar na obtenção de muitas obras de arte e dos forais manuelinos pertencentes às câmaras de todo o distrito. Por cada oferta seguia o ofício de agradecimento... Os pedidos multiplicam-se: à Junta Geral do Distrito (25.5.1934): «As circunstancias obrigam, a bem do progresso artistico e cultural do nosso Distrito, a que as galerias de pintura contemporanea do Museu vão aumentando com a encomenda e aquisição de novos quadros em que se fixem os mais interessantes motivos da nossa etnografia e os mais pitorescos aspectos da nossa paisagem. (...) Tenho a certeza de que Vossas Excelencias, amigos do progresso desta cidade, que é a capital do Distrito, contribuirão para o desenvolvimento do Museu Regional, onde presentemente se estão realisando obras de grande reparação de algumas salas (...)». A Júlio Ramos (10.12.1934) por quadro seu: «O interesse devotado que ponho no enriquecimento do Museu que dirijo; o criterio, que norteia a minha acção, de que a Arte, tendo uma função social a desempenhar, deve ser, nas suas diversas manifestações, não apenas apanagio dos poderosos e dos que vivem nos grandes centros, mas fonte de educação, escola inspiradora de sentimentos que façam brotar na alma rude dos humildes e incultos a flor balsamica e consoladora da Belesa, levam-me a, confiadamente, dirigir-me a V. Exª pedindo-lhe se digne enriquecer o Museu Regional de Bragança com um quadro da auctoria de V. Exª.». A José de Brito (14.12.1934), a Adalberto Sampaio (a 17), ao Director do Secretariado da Propaganda Nacional (a 20) pede pintura para «(...) uma sala de pintura portuguesa contemporanea exclusivamente destinada a quadros fixando assuntos e tipos regionais. (...) A este recanto do nordeste de Portugal não tem chegado o amparo do Estado, e pouco se tem feito sentir a proteção dos

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particulares. Por isso bem reduzido é o numero de obras de Arte que se encontram nas salas que constituem a galeria, em formação, de pintura portuguesa contemporanea, do Museu de Bragança... sala que eu bem desejaria solenemente se inaugurasse no dia 9 de Abril proximo, data em que abandono as funções que no Museu exerço por nela atingir o limite de idade». Ao Conselho Nacional de Turismo (27.12.1934) que, em 1937, vai financiar as aguarelas dos pelourinhos de Alberto de Sousa. Em 1934 e 1935 é de referir a entrada da importante doação de Abel Salazar, constituída por óleos e gravuras fundamentalmente. Em Junho de 35, agora já como director honorário, o Abade vai continuar a pedir obras de arte, nomeadamente a Manuel Teixeira Gomes, antigo Presidente da República, e ao Ministro das Finanças. Vai ser durante esta década de governo do Abade que o Museu vai mudar de fisionomia: as colecções alargam-se sobretudo nos domínios da arte, arqueologia e etnografia sempre sob os auspícios protectores de Raul Teixeira e José Montanha – nada era decidido sem a sua consulta ou de suas iniciativas – e do papel fundamental desempenhado pelo Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança. Este período de real formação do Museu vai prolongar-se, também, durante toda a direcção de Raul Teixeira (1935-45), «a alma artística do museu», como lhe chamaram o Abade e outros. Contudo, a sua dominante de museu local da região vai-se diluindo para cristalizar na de museu local feito à imagem e semelhança dos museus nacionais da época. Esta vertente era já a defendida inicialmente por José de Figueiredo e será seguida à letra, posteriormente, por Raul Teixeira.

João Manuel Neto Jacob (Director do Museu do Abade de Baçal)

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O Abade em 1934, em cliché da Foto Beleza do Porto

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Bibliografia ALVES, Francisco Manuel Baçal, 1865.04.09 – Baçal, 1947.11.13

PRINCIPAIS ABREVIATURAS USADAS: AB = Amigos de Bragança; ACL = Academia das Ciências de Lisboa; AP = O Arqueólogo Português; CP = O Comércio do Porto; DL = Diário de Lisboa; DN = Diário de Notícias; GB = Gazeta de Bragança; IT = Ilustração Trasmontana; JN = Jornal de Notícias; M = Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança; MB = Mensageiro de Bragança; PEMA = Portugal Económico, Monumental e Artístico; PJ = O Primeiro de Janeiro.

BIBLIOGRAFIA ACTIVA

1893 – Colaboração em «A Palavra», de «1 de Dezembro de 1893, e seguintes» («Inéditos», p. 15), que ainda não pudemos confirmar – a uns lados (Biblioteca Municipal do Porto, por exemplo) não pudemos ir, noutros (vários) não existe este jornal, e na BNL, devido ao seu mau estado de conservação, é… como se não existisse. 1895 – Colaboração na «Revista Católica» (Viseu), de 1895.07.01, que também ainda não pudemos confirmar. Ver o que dissemos em «Brigantia», 5.2/4: 363. Bragança, 1985.

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TOMO I

1901 – Diorama brigantino. «GB», 1901.08.04 a 1902.07.27, num total de 23 números. Dá conta dos acontecimentos mais relevantes da vida do distrito, segundo uma ordem cronológica. Assim, por exemplo – «5.8.1287: Dá D. Diniz foral (…)»; «6.8.1814: Chega a Miranda (…)»; «9.8.1810: Continua desde o princípio deste mêz o sitio do castelo (…)»; etc. Ver, abaixo (1940), «Diorama bragançano das Festas Centenárias». 1902 – Ao dia 11 de Junho. «Pyrilampo», 1902.06.09. (Robs); «GB», 1908.06.07 (agora assinado com o verdadeiro nome). Ref.: «Inéditos», p. 21-22, e M, 7: 17. Extractamos: «Sim, é nesta cidade (Bragança) que se levanta o primeiro grito contra os franceses que dominam o reino (…) Foi ao nosso Sepúlveda (…)». – Parada. Suas antiguidades e grandezas. «GB», 1902.12.14. – Fragmento da historia monastica de Bragança. «GB», 1902.12.28. Ref.: M, 2: 258, nota 1. 1903 – Subsidios para a historia do Seminario de Bragança. «GB», 1903.01.11 e 18; 02.08 e 15; 04.05 e 12; e 05.10 e 17. 1904 – A nova exhortação pastoral do Ex.mo Bispo de Bragança. «GB», 1904.05.29. (Robs). Extractamos: «Ha muito que eu admirava no sabio bispo a profundeza dos recursos intellectuaes, o brilhantismo da phrase, o castigado da dicção; aquelles periodos artisticamente cinzelados vasados nos puros moldes classicos (…)». – Um feixe de ironias. «GB», 1904.06.12. [«Francisco Manuel Alves (Robs)»]. A propósito da crítica ao artigo anterior, inserta em «A Palavra». – Monforte de Rio Livre. «GB», n° 633 (primeiro de Julho de 1904), que falta nas colecções consultadas, e 1904.07.24. 1905 – Ainda a questão do Seminario. «GB», 1905.04.16. – Ao critico do ser e não ser. «GB», 1905.05.07. Extractamos: «Em ‘O Nordeste’, de 26 d’abril, o critico Perpetrante (e damos-lhe este nome, pois por algum o havemos de ficar conhecendo, visto não assignar as suas producções) desembesta furiosamente contra o reitor de Baçal (…)». – O castello de Bragança. «GB», 1905.05.28. Art° dedicado ao capitão Albino Lopo, transcreve um documento de 1336.04.11, «que refere d’ um modo individual e claro as obras da torre de menagem de Bragança».

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Voltará ao assunto (art° com o mesmo título) em 1905.07.09 – série de notícias descobertas «em pergaminhos e outros papeis manuscriptos pertencentes à Camara de Bragança, hoje depositados no seu Museu (…)». As fortificações de Bragança segundo os pergaminhos e documentos da Camara. «GB», 1905.07.23. Um sitio de Vinhaes. «GB», 1905.09.10 e 24; 10.01, 08, 15, 22 e 29; M, 1: (99)100-111. Apresentando como subtítulo, em «GB», «Um detalhe da Guerra da acclamação no districto de Bragança. Mais um nome para a nossa bibliographia. Um manuscripto importante», é seu autor, como diz, Inácio Xavier de Morais Sarmento de Mariz. A egreja de S. João em Bragança. «GB», 1905.12.31. O caso de Bragança e resposta aos criticos. Mensagens e adhesões do clero da diocese de Bragança ao seu Prelado. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1905, IV+118 p. Pertencem-lhe, apenas, as p. 38-70, que reproduzem O motim do Seminario de Bragança, art° originariamente publicado em «CP», 1905.02.24 e 25, e logo transcrito em «GB», 1905.03.05 e 12 e 04.02, em «O Conimbricense», 1905.03.04 a 34, e «noutros jornais» (segundo «Inéditos», p. 27, e M, 7: 18). Ref.: Para além do próprio ALVES, M, 2: 351-371, e «Inéditos», p. 15 e 27, ver o «O caso de Bragança», «GB», 1905.07.16, de que extractamos: «Recebemos uma brochura de 120 paginas, excellentemente impressa na Imprensa da Universidade, em defeza do sr. Bispo de Bragança. / Contem uma resposta serena e lucida aos artigos acrimoniosos da ‘Palavra’ contra o sr. D. José Alves de Mariz, a monographia do erudito abbade de Baçal, rev. Francisco Manuel Alves, sobre o bispado e seminario de Bragança, publicada no ‘Commercio do Porto’, e da qual fizemos ja aqui algumas transcripções (…)».

1906 – Chamalh’o antes que t’o chamem. «GB», 1906.09.02. (Robs). Extractamos: «A feição clerophoba d’ ‘O Nordeste’ vae-se definindo mais e mais, o que é de apreciar, pois sabe-se o que d’alli ha a esperar. A atrabiliaria folha (…)». – Povoações mortas no concelho de Bragança. «GB», 1906.09.09. – Notas biographicas do Excellentissimo e Reverendissimo Senhor D. José Alves de Mariz, bispo de Bragança. Tributo de admiração no 21° anniversario da sua eleição e confirmação episcopal por ... Porto: Typ. a vapor da Real Officina de S. José, 1906, 67 p., com retrato do biografado. Ref.: Para além do próprio ALVES, M, 2: 370-371 (sobre este bispo ver ainda p. 133-148) e 7: 18, e «Inéditos», p. 27-28, ver «O Nordeste», 1907.02.17, p. 1-2, art° «Loucuras episcopaes», e as apreciações laudatórias de «GB», 1907.01.27, e de «Echos de Roma», 5.4: capa. Abril.1907 (transcritas por «GB», 1907.05.12, p. 2, c.3-4, e por nós em «Bibliografia. Alves», 2. «Brigantia», 6.1/3: 48. Bragança, 1986). Ver, ainda, e abaixo, «Ecos da Imprensa», ano de 1907.

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TOMO I

1907 – Uma inscrição lapidar. «GB», 1907.08.04. Inscrição de uma lápide de granito aparecida numa casa da rua da Alfândega, em Bragança. – Algumas antiguidades de Moncorvo. «GB», 1907.09.15 e 29, e 12.15. Lenda dos despovoamentos de Moncorvo e etimologia de «Moncorvo» (09.15); Feiras (09.29); Importância de Moncorvo, a partir de D. Fernando, resultado da sua «situação especial relativamente ao resto do distrito»; «Babe», sinónimo de «portinha» (e entradas que por Babe se fizeram) e, «do mesmo modo Moncorvo (…)» (12.15). – Algumas antiguidades de Bragança. «Álerta», 1907.09.22 e 29, e 11.03 e 10; «AP», 13: 56-66. Lisboa, 1908. Inexactidões a que é preciso pôr cobro a respeito da localização, reedificação e povoamento de Bragança, «A proposito d’um artigo inserto no ‘Portugal’, de 4 de setembro corrente», como se declara, à guisa de subtítulo, no art° 2 e sg. – Os Quadros Açoricos do dr. Ferreira Deusdado. «GB», 1907.12.01. – Noticia historica sobre a ponte de Mirandella. «GB», 1907.12.08, p. (2). – O castro de Sacoias. «AP», 12: 257-271. Lisboa, 1907, 14 grav. e 1 est. – Uma commemoração que se impõe. «Álerta», 1907.11.24. Art° não assinado, será de Alves? Repare-se que em «Inéditos», p. 17, ele remete para este número, onde nada mais encontramos que mais pareça ser dele. Extractamos: «Com a satisfação de antigo discipulo ao mestre venerando, sinto-me cheio de alegria ao commemorar o quinquagesimo anniversario, bodas d’ouro, do Dr. Sebastião Luiz Martins, chantre da Sé Cathedral de Bragança. / Fez no dia 23 d’este, 50 annos que foi nomeado professor do Seminario diocesano de Bragança (…)». 1908 – Algumas correcções que convém fazer em escritores portuguezes relativamente a couzas do nosso districto. Castrellos. Vinhaes. Lomba. Monforte de Rio Livre. «GB», 1908.01.05. – Outrora e hoje. Exequias reaes no tempo de nossos avós. Mogadouro. (Extracto de «uma interessante folha avulsa»). «GB», 1908.03.22. – Duas estações arcaicas – Pinhovelo e Travanca, Macedo de Cavaleiros. «GB», 1908.04.12. – Rabiscos. «GB», 1908.04.26. Recensão a «Rabiscos», de José Maria Neto, na qual fala da transferência da sede episcopal de Miranda para Bragança, de uma raridade bibliográfica de Mogadouro, e de D. Frei Aleixo de Miranda Henriques. – O districto de Bragança e a Guerra Peninsular, 1808-1814. «GB», 1908.06.14 a 08.16. Dos 15 ou 16 números que o folhetim deveria atingir, apenas foram publicados 9, pelas razões que declara em carta ao general F. A. Martins de Carvalho, de 1909.05.28, e que abaixo citamos.

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xlvii TOMO I

– Uma falta que convém reparar. «GB», 1908.07.26. (Robs). Lembra a necessidade de incluir o nome de Manuel de Castro Pereira de Mesquita Pimentel Cardoso e Sousa na lista de «Governadores» do distrito publicada por «O Nordeste», em 1908.03.20. – A proposito da Guerra Peninsular. «GB», 1908.08.09 e 16. Ver, no cap. 2, «Ao Rv.mo sr. Abbade P.e F. Alves». – Achado precioso. «GB», 1908.12.13, p. 3. O achado de um texto, no «Tombo dos Bens do Mosteiro de Castro de Avellãs feito em 1501», que permite datar a Domus Municipalis. – À memória d’um benemerito bragançano. «GB», 1908.12.13, p. 1. À memória de José Beça (sobre cujo funeral se poderá ver a edição de 1908.12.20). – Monumento inedito ao deus Aerno. «AP», 13: 184-186. Lisboa, 1908, 1 grav. Notícia de uma lápide votiva e de frescos, aquela encontrada em Malta, Macedo de Cavaleiros, e estes nas matrizes de Moncorvo e também de Malta. Ver M, 9: 61-62. – Genealogia trasmontana. «IT», 1: 111-112 e 127-128. Porto, 1908. «Tenens, pobradores, meyrinus, alcaides-móres, governadores militares, prefeitos provinciaes e governadores civis de Bragança e seu districto». – Apodos topicos. «IT», 1: 134-135. Poro, 1908. Ápodos referentes aos concelhos de Vinhais, Bragança, Vimioso e Miranda. – Moncorvo. Subsidios para a sua historia ou notas extrahidas de documentos ineditos, respeitantes a esta importante villa trasmontana. «IT», 1: 156-160, 169-175 e 188-192; 2: 8-11, 59-60, 76-77, 107-108, 128, 155-156, 173-176 e 192; 3: 11-16, 26-28 e 42-44. Porto, 1908-1910. (Fez-se separata). Damos o seu resumo: 1 – Barca do Douro e Sabor. Sua importância. Importância de Moncorvo no tempo antigo. Importância económica de Moncorvo. Feiras. Vandalismo, destruição de monumentos artísticos, chafariz, castelo. Privilégios concedidos a Moncorvo. Recolhimento de Santo António do Sacramento. Igrejas, capelas públicas e particulares. 2 – Igreja da Misericórdia. Capela de S. João Baptista, e outras. Bibliografia. Papéis e documentos vários. Topografia, Quinta da Tarrincha. Besteiros do couto, judiaria, armeiro. Sinopse dos documentos mais interessantes de carácter local que se encontram registados nos livros da Câmara de Moncorvo, segundo as «Memorias da Torre de Moncorvo», de António Veloso de Carvalho, 1721 (BNL, cód. 222, f. 128). Povoadores, donatários, alcaides-mores. Documentos. 3 – Novos documentos. «Parte» destes documentos, «muito cheios de erros por não haver modo de rever as provas», foram reproduzidos «correctamente» em M, 4, conforme p. 273, nota 1, deste mesmo volume. 1909 – Homenagem bem merecida ao Dr. Manuel Ferreira Deusdado. «GB», 1909.04.18.

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TOMO I

– A Guerra Peninsular. Factos inéditos. Livro d’um nosso conterraneo illustre. Uma pista para as investigações genealogicas do erudito Moura Coutinho. «GB», 1909.04.18 e 25. Trata-se do livro de Adriano BEÇA, «O General Silveira. A sua acção na Guerra Peninsular. Comemoração do primeiro centenário da Guerra Peninsular». Lisboa, 1909. – Achado precioso. «GB», 1909.05.23; «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 1909. Junho, p. 47. Notícia de uma lápide votiva ao deus lusitano, até então desconhecido, Cibianbaovio, encontrada no «extincto concelho de Monforte de Rio Livre». – À memória de Rocha Peixoto. «GB», 1909.06.06, p. 1. – As Terras de Entre Sabôr e Douro. «GB», 1909.06.13. Apreciação à obra de José Manuel Martins Pereira com este título. – A Guerra Peninsular no distrito de Bragança. «GB», 1909.06.27. Novos dados sobre o assunto. Continua nas edições de 07.18 e 25, com o subtítulo de «Puebla de Sanabria; factos, impressões», e 09.19, com o de «Factos inéditos. Questão de naturalidade de um homem célebre» (Jacob Rodrigues Pereira, abaixo referido). – Castro de Avellãs. «GB», 1909.07.04 e 11. «Dom Abbades de Castro de Avellãs». Promete continuar, mas já na edição seguinte começa a publicação de novo artigo, deixando aquele, que não vemos onde o retome. – O subsolo bragançano em erupção. «GB», 1909.08.01, 08, 15, 22 e 29, e 09.05 e 19. (Robs, 1º artigo). A questão do bispo Mariz, como especificam os subtítulos, a partir de certa altura: «O sr. Bispo de Bragança» e «O sr. Bispo de Bragança. Esclarecendo situações». – Que situação!… «GB», 1909.08.15. (Robs). Apenas 23 linhas, a propósito da exploração feita por «O Nordeste» dos tumultos da procissão de 1901.06.16. – Mania?!… «GB», 1909.08.29. (Robs). Segundo nota manuscrita ao recorte («Artigos», 2, f.7), responde a uma «piada» sobre a formação do gentílico «bragançano», que Alves usara pela primeira vez, como afirma. – Quem te não conhecer… «GB», 1909.08.29. (Robs). 43 linhas, respondendo a «O Nordeste» e à sua «moralidade que ele lá sabe». – A que ponto isto chegou!!!. «GB», 1909.08.29. (Robs). Ainda o caso da procissão de 1901.06.16. – Moralidade Arte Nova. «GB», 1909.09.05. (Robs). Apenas 19 linhas para defender um pároco e o arcipreste de Peredo a quem «O Nordeste» voltara a referir-se depreciativamente. – A questão episcopal. Que situação!!!… «GB», 1909.09.05. (Robs).

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xlix TOMO I

– Ainda a Guerra Peninsular. Um documento curioso. Dados biográficos d’um bragançano ilustre. «GB», 1909.09.26. O bragançano em causa é «Venancio Bernardino de Ochoa, que nasceu em Gostei, concelho de Bragança, pelos annos de 1777, e morreu sendo juiz da Relação do Porto, bacharel em direito e conselheiro, pelos annos de 1840». Ver M, 7: 359(-364), onde já concretiza a data de nascimento: «18 de Maio de 1778». – Já que assim o quer. «GB», 1909.10.10. Respondendo aos epítetos que o Dr. Faria lhe dirigira de «jornalista canalha, sem dignidade, sem brio e sem vergonha». – Mariz, D. José Alves de. «Portugal. Diccionario historico, chorographico», dirigido por Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, 4. Lisboa, 1909. Não assinado, é de Alves, conforme este declara na «Biobibliografia» abaixo citada. – Bio-bibliographia trasmontana. «IT», 2: 182-184 e 3: 89-92. Porto, 1909-1910, il.; «PEMA», 2: 405-407. Lisboa (Editorial Lusitana), s. d. Biobibliografia de Bernardo Teixeira de Morais Leite Velho, natural de Mogadouro, e de José Marcelino da Rocha Cabral, natural de Olmos (Macedo de Cavaleiros). – Castro de Avellãs. «O Instituto», 56: 84-96, 135-144, 199-208, 265-272, 325-336, 406-416, 485-496, 559-576 e 689-704; e 57: 45-52, 123-128, 182-192, 313-320, 378-384, 438-448, 509-512 e 566-576. Coimbra, 1909 e 1910. Fez-se separata, com o título «Castro de Avellãs. Mosteiro benedictino». Coimbra, Imprensa da Universidade, 1909 (na capa, 1910), 171 p. Abre com uma notícia dos abades do mosteiro, fundado, ao que consta de provas arquivadas, pelos anos de 1199, seguindo-se-lhe importantes documentos (31), para além de muitas «inquisitiones de Mirandella» (que também são documentos!) encontradas em várias freguesias da jurisdição do mosteiro. Complete-se a presente monografia com as inúmeras notícias espalhadas ao longo de quase todos os vol. das M: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 9 (159-172), 10 (604-608 e 679) e 11 (ver índices). – Memorias archeologico-historicas do districto de Bragança ou Repositorio amplo de noticias chorographicas, hydro-orographicas, geologicas, mineralogicas, hydrologicas, bio-bibliographicas, hiraldicas, etymologicas, industriaes e estatisticas interessantes tanto á historia profana como ecclesiastica do districto de Bragança por ... Tomo I. Porto: Typographia a vapor da Empreza Guedes, 1909 (acabou de se imprimir, porém, em 1910, conforme declaração final), X+401+(1, erratas) p. e vários desd. Ver «Addições e correcções», M, 4: 641-645. Reed.: Segundo informação de Eduardo Carvalho, «Aquando da publicação da Memória 1, apareceram dois tomos diferentes em número de páginas, mas igual texto até à página 150. / Este tomo assim diminuído foi oferecido aos alunos do Liceu de Bragança no ano de 1910». // Sob a epígrafe «Trechos Selectos», foram publicados vários passos em «O Trasmontano» (supl.

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TOMO I

de «IT»), 3.30: 3-8; 31: 3-6; 33: 6-8; e 34: 5-8. Porto, 1910, e «GB», 1910.02.20, 03.06 e 20, e 04.03 (só agora estas ‘memórias’ aparecem pela primeira vez assinadas) e 10 publica o capítulo (p. 303-313) «Memórias de Bragança. João Afonso Pimentel, conde de Gijon; D. Brites; D. Nuno Álvares Pereira; D. João Afonso, filho d’ el-rei D. Dinis; Martim Gonçalves de Macedo». // «JN» publicou também várias páginas deste volume, na secção «Diário de Bragança», de 1938.01.25 a 03.22. // À razão de 32 páginas por número, «com paginação independente, de modo a vir constituir um volume separado», começa a publicar-se (este tomo) em «AB», 6ª s., 1. Bragança, 1975 (a 1977). // Finalmente, em Edição do Museu de Bragança, com «Introdução» de Maria Alcina R. C. Afonso dos Santos, Bragança, 1982. A Juliobriga não corresponde à Bragança actual de Trás-os-Montes. Coeliobriga e Britonia não correspondem à Bragança actual. Origem de Bragança – Braga e Astorga chancelarias romanas. Províncias a que pertenceu o território bragançano segundo as divisões da Espanha pelos romanos. Suevos e vândalos, godos, sarracenos, reis asturo-leoneses. Monarquia portuguesa. Guerras de 1383-1385, de 1640, da Sucessão, dos Sete Anos. Invasão francesa, revolução de 1820. Barulhos diversos no distrito de Bragança. Barulheira do Peneiro. Tributos e pensões. O castelo de Bragança. Casamentos e visitas régias e de pessoas notáveis a Bragança. Epidemias, pestes, fomes, despovoamentos. «Tenens, pobradores, meyrinus, alcaides-móres, governadores militares, prefeitos provinciaes e governadores civis do distrito». Topografia da cidade de Bragança. Erecção da sé de Miranda do Douro. Bens que possuía o cabido de Miranda segundo o tombo feito em 1691, etc. Ref.: «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 3.29: 5-6. Porto, 1910. Maio, com transcrição da dedicatória do exemplar oferecido (a «IT») e retrato; «Jornal de Bragança», 1910.05.25 (p. 2, c.4-5) e 06.01 (p. 2, c.3); «Sorrir da Mocidade», 1910.05.29; «O Echo do Douro», 1910.06.26; «PJ», 1910.07.07, p. 4, c.3; «GB», 1910.07.10, p. 3, c.1-2; «DN», 1910.07.13, p. 1, c.1, e 1931.07.04 (Alfredo Pimenta, abaixo citado. Não deixem de ver-se as razões da discordância da apreciação por parte de Alves em «Cartas do Abade de Baçal a José Montanha», carta 6); «A Plebe» (Portalegre), 1910.07.24, p. 3, c.2-3; «O Dissidente» (Régua), 1910.09.06, p. 2, c.5; «Correio dos Açores», 1910.11.27. (V. de A.); e «A Época», 1926.05.05. (Manuel Múrias). 1910 – Dr. Antonio Julio Pimentel Martins. «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 3.26: 5. Porto, 1910. Fevereiro. Notícia necrológica. – Um casamento em Rabal. Notas ethnographicas. Correcção ao Archivo Heraldico de Baena. «GB», 1910.04.10; «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 3.32: 7-8. Porto, 1910. Agosto.

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li TOMO I

– A propósito de Herculano. «Jornal de Bragança», 1910.04.27. No recorte arquivado em «Artigos», 2, f.19vº-20, deixou-nos a seguinte advertência: «Para comprehender o remoque que ha no ultimo periodo do artigo aqui junto ‘A Proposito de Herculano’ explico a causa. / Albano de Moura, secretario da redacção do ‘Jornal de Bragança’, e o director do mesmo Dr. Raul Manuel Teixeira por varias vezes me pediram que lhe escrevesse alguma cousa para publicar no dito; recusei sempre mas quando foi do centenario de Alexandre Herculano tanto instaram que não houve remedio se não colaborar no numero commemorativo especial onde, alem do meu artigo, appareceram outros dos doutores Alvaro de Mendonça Machado de Araujo e Gonçalves Braga, medico e professor lyceal em Lisboa, e de Francisco de Moura Coutinho, director da Agencia do Banco de Portugal em Bragança». – Major Celestino de Madureira Beça e Conselheiro Abílio Beça. «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 3.28: 1-3. Porto, 1910. Abril, 2 grav. A nota respeitante ao conselheiro Abílio Beça será reproduzida por «GB», 1910.05.01 e 08; «A Voz», 1929.12.16, p. 3, c.1-2, sob o título Cons. Abilio Augusto de Madureira Beça; e «AB», 1ª s., nº especial: 4. Bragança, 1956. Agosto. Ao recorte de «Artigos», 2, f.20-21vº, Alves ajuntou: «Estriou-se a falar como deputado na sessão de 11 de Outubro de 1894» e «Abilio Beça foi colhido pelo comboio na estação de Salsas, concelho de Bragança, a 27 de Abril de 1910 quando regressava de Lisboa a Bragança e morreu quasi instantaneamente durando alguns minutos mas já num estado inconsciente. Havia ido a Lisboa às cortes como deputado». – À memoria do Mestre venerando, do amigo inolvidavel, do grande benemerito desta terra (Abílio Beça). «GB», 1910.05.15; «AB», nº especial: 5 (texto ligeiramente truncado). Bragança, 1956. Agosto. – Novo Frei António Brandão?…!!! (sic). «GB», 1910.05.29. (Robs). Em «Artigos», 2, f.22vº, justifica: «Este suelto foi motivado pelas duas locaes que appareceram em ‘O Nordeste’ referentes ao que escrevi a proposito do Conselheiro Abilio Beça». As locais em causa são «Novo Fr. Antonio Brandão» e «À trombeta Teixeirista», de 1910.07.13 e 20. – O caminho de ferro de Bragança e o conselheiro Abílio Beça. «GB», 1910.05.29; 06.05, 12 e 26; e 07.03. A local «Abílio Beça e o caminho de ferro de Bragança» (1910.10.19) explica por que se não completou a publicação: «O Sr. Abade Francisco Alves, que interrompeu a publicação por doença grave de sua mãe, tenciona, segundo nos consta, publicar com aquele título (…)». Veja-se, porém, o que este diz em «Artigos», 2, f.25vº: «Com este numero suspendeu a sua publicação a Gazeta de Bragança». – Pior a emenda que o soneto. «GB», 1910.06.12. Ironizando com o erro do articulista, Alves diz: «Com que então Fr. António Brandão é o autor da ‘Monarquia Lusitana’?! / Será! Será!; no meu tempo não era (…)». (Robs).

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– Preito de saudade ao mestre venerando. «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 3.36: 2. Porto, 1910. Dezembro; «Jornal de Bragança», 1910.12.18. Referência ao P.e João Domingos Fernandes, de Varge. – Vestigios do regimen agrario communal. Factos curiosos. Um documento inedito interessante. Significação de uma palavra archaica, outr’ora commum, hoje tornada propria e desconhecida nas obras da especialidade. Notas ethnographicas. Vestigios de uma escriptura hierogliphica. Hypothese explicativa dos signaes archeologicos esculpidos nas fragas até hoje inexplicaveis. «IT», 3: 137-142. Porto, 1910, 7 grav. Sobre o assunto ver M, 9: 348-352 (práticas comunitárias de Rio de Onor, etc.) e 666-675 (gravuras rupestres de Linhares). – Um episodio da campanha trasmontana de 1640-1668. «IT», 3: 168-169. Porto, 1910, 2 grav. – A Festa dos Rapazes. Usanças tradicionalistas. Notas ethnographicas. Vestigios de um cyclo choreographico prestes a extinguir-se. «IT», 3: 178-181. Porto: 1910, 3 grav.; «Viagem», 5: 8-9. Porto, 1938. Ver M, 9: 289-296. – Epigrafia bragançana. «AP», 15: 1-5. Lisboa, 1910. Ver os anos de 1913, 1916 e 1929. – Memorias archeologico-historicas do districto de Bragança ou (…) Tomo II (e III). Porto, Typographia a vapor da Empreza Guedes, 1910, 509+(1, erratas) e 459 p. (Segundo declaração final, acabaram, porém, de se imprimir apenas em 1913 (o 2º) e 1911 (o 3º); reed., Edição do Museu de Bragança, Bragança, 1982 (ambos os volumes). Quanto ao vol. 2 ver «Addições e correcções» no vol. 4: 645-677. Coimbra, 1911-1918. Volume 2 – Bispos de Miranda e de Miranda e Bragança. Conventos de S. Francisco, de Santa Clara, de S. Bento (Bragança), e mosteiros de S. Martinho da Castanheira e de Santa Maria de Moreirola. Casa da Misericórdia de Bragança. Igrejas, capelas, Seminário de S. José (Bragança). Os jesuítas, primeiros habitantes do Seminário. Motim do Seminário; etc. Liceu Nacional de Bragança, Escola de Desenho Industrial, instrução primária no distrito, Museu Municipal. O telégrafo. Indústrias. Conselho de Agricultura: A seda, o linho cânhamo, etc. Volume 3 – Documentos históricos: Cartas de doação, de filiação, de confirmação, de escambo, sentenças, bula da criação da Sé de Miranda, forais, etc. Ref.: «Notícias de Bragança», 1912.02.29 (transcrição de um passo sob o título Realismo na Arte. Convento de Santa Clara de Bragança) e 1913.04.24; Manuel Múrias e Alfredo Pimenta, citados para o vol. 1. Quanto ao vol. 3 ver «A Voz», 1933.01.14. 1911 – Memorias archeologico-historicas do districto de Bragança. «O Instituto», 58: 165-180, 238-249, 365-374, 441-448, 485-490, 559-571, 627-631, 678-687 e 750-757.

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Continua nos volumes 59, 60, 61, 62, 63 e 64. Coimbra, 1911 (a 1917). Ver 1918. – Memorias de Anciães (de João Pinto de Morais e António de Sousa Pinto). «O Trasmontano» (Carrazeda de Ansiães), 1911.06.06, 22 e 29; 07.13 e 20; e 08.03 e 31. Promete continuar. Na BGUC, porém, não há mais números deste periódico, se é que se publicaram: «terminou em fins dêste ano» (1911), segundo M, 7: 698. Ver abaixo, 1916, «Notabilidades antigas e modernas da vila de Anciaens». – Pires Grandaes, António José. Esteves PEREIRA, 5: 821-822. Lisboa, 1911. 1912 – Um códice precioso. «Notícias de Bragança», 1912.03.28. Códice do arquivo da igreja da Misericórdia, de Mogadouro. – Guerra da Sucessão. Documento curioso. Voto de Adeia Nova (Miranda do Douro). «Notícias de Bragança», 1912.04.11 e 25. – Igreja de S. Bento de Bragança e respectivo mosteiro. «Notícias de Bragança», 1912.05.23 e 30 e 06.06. – Um mosteiro espanhol com largas terras na região bragançana. «Notícias de Bragança», 1912.06.20 e 07.04. O mosteiro de S. Martinho da Castanheira, junto ao lago de Sanabria, pertencente à Ordem de S. Bernardo: «Teve dentro dos muros da cidadela de Bragança um Hospício (…)». – Um como tanto! Recrudescência atávica. Lutas constitucionais. O supremo argumento da barriga. «El penso». «Notícias de Bragança», 1912.07.18. – As damas bragançanas. Leituras femininas. «Notícias de Bragança», 1912.08.01. Fiel ao princípio que se propusera de «archivar tudo quanto apresenta subsidios de estudo», transcreve um velho manuscrito, talvez de meados do séc. XVIII, lembrando «como se urdem as peras». [Lembramos que o referido manuscrito se guarda (1985) no ADBç, numa pasta de papéis vários, que vão desde a política à publicidade (das caldas de Alfaião, por exemplo) reunidos obviamente por Alves]. – O foral de Freixo de Espada à Cinta. Um monumento. «Notícias de Bragança», 1912.08.22. – Um Homem. «Notícias de Bragança», 1912.08.29. D. José Alves de Mariz, que acabava de falecer. – Os «Escorços trasmontanos». «Notícias de Bragança», 1912.09.12. Notícia fortemente laudatória da obra, com este título, de Manuel Ferreira Deusdado. – Um livro raro. Conterrâneos ilustres. «Notícias de Bragança», 1912.09.19. «Sentença contra João Rodrigues Lopes, presbítero secular do bispado de Bragança (…)», natural de S. Julião (Bragança). – Local sobre o tempo e a agricultura. «DN», 1912.10.17, p. 4, c.1. Embora não assinada, por integrada em «Artigos», 2, e pelo conteúdo e estilo, parece-nos ser de Alves, a parte, pelo menos, respeitante a Baçal, em

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que se fala do mau ano agrícola e consequente emigração: «fugindo à fome (…)» – a menos que este a haja incluído aqui apenas por se referir à sua terra! – Parada de Infanções. «Notícias de Bragança», 1912.11.07 a 1913.04.24 (números 38, 39, 42-45, 47, 48, 50-54, 56-58, 60 e 62). Termina prometendo continuar, mas logo (nº 63) inicia novo artigo, «O Lima da Rica Fé», que, por sua vez terminado (nº 72), dará lugar a «Castro de Avelãs» (nº 101 e sg.), sem que, entretanto, o final daquele tenha surgido. Só a sua não publicação justifica, por um lado, a falta do habitual recorte e, pelo outro, a presença do manuscrito que, com o número XIX, colhemos em «Artigos», 2, e reproduzimos em «Bibliografia. Alves», 2: 141-142. Bragança, 1946. (Ver nota a este artigo). O artº 7º, de 1913.09.01, tem como subtítulo «Explanação de algumas notícias já dadas na ‘Gazeta de Bragança’, referentes a Parada de Infanções. Guerra Peninsular»; e o 12º, de 1913.02.20, o de «Notas etnográficas, bruxas, feiticeiras, fadas, trasgos, mouras encantadas». 1913 – A Torre D. Chama. Traços historicos. «A Torre D. Chama», 1913.02.01; 03.01 e 15; e 04.01 e 15. Diz continuar. Na edição de 1913.06.15, p. 2, porém, declara-se que «deixou de colaborar temporariamente», e o último número que deste jornal se publicou (8) é de 1913.06.30, segundo M, 7: 697. Veja-se também a observação lançada em «Artigos», 2, f.51vº: «Este quinzenario intitulado ‘A Torre D. Chama’ acabou logo e não escrevi ou continuei estes artigos». – O Lima da Rica Fé. «Notícias de Bragança», 1913.05.01, 22 e 29, e 07.03. Incompleta a colecção de recortes de «Artigos», 2. – Epigrafia bragançana. «AP», 18: 1-2. Lisboa, 1913. Descrição e leitura de duas lápides funerárias, uma de Malhadas e a outra de Meixedo. Ver 1910, 1916 e 1929. – Carção. «AP», 18: 106-107. Lisboa, 1913. Leitura de uma lápide de granito que se encontra no meio da povoação de Carção e que dá notícia da condenação à morte de Francisco Mendes. Complete-se com M, 7: 303-305, onde transcreve dois documentos e rectifica incorrecções da anterior leitura do padrão. 1914 – Castro de Avelãs. Arte. Misérias. Apelo à generosidade estética dos meus conterrâneos. «Notícias de Bragança», 1914.01.22 e 29, e 02.05. Diz continuar. Não vimos, no entanto, tal continuação. – D. Eugénia Leitão Bandeira Beça e o seu gesto levantado em prol da ciência. Apelo à generosidade da sua família. «Notícias de Bragança», 1914.02.05. D. Eugénia Beça incumbira Alves de «catalogar e coordenar» todo o espólio literário do marido, major Celestino Beça, com destino ao Museu de Bra-

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gança. Entretanto, morre também. Apelo de Alves à família de Eugénia Beça para que «honre a memória» desta, pondo em execução a referida incumbência. Uma protagonista de Camilo Castelo Branco em Bragança. «Notícias de Bragança», 1914.04.02. Um rei de Castella e Santo (S. Fernando) nascido em Montesinho. «Notícias de Bragança», 1914.04.09 e 23. Benemerências dos herdeiros de D. Eugénia Leitão Bandeira Beça em prol da ciência. «Notícias de Bragança», 1914.05.07. Os herdeiros de D. Eugénia Beça atenderam o pedido de Alves (ver antepenúltimo título), que levou para Baçal os apontamentos do major Beça – os quais «anda a pôr em ordem e depositará no Museu Municipal de Bragança, depois de publicados em nome daquele benemérito investigador (…)». Ver título seguinte. Estudos arqueológicos do major Celestino Beça. A estrada militar romana de Braga a Astorga por Bragança com várias notícias de antiguidades referentes a esta região. «Notícias de Bragança», 1914.05.21 a 1915.03.04; «AP», 20: 74-83(-103). Lisboa, 1915. Introdução e coordenação dos apontamentos deixados por Celestino Beça, como ficou dito (1914). Capítulos coordenados por Alves (p. 83-103): Roboretum; O segundo bairro; O miliário de Soeira, no concelho de Vinhais; Seguindo de Compleutica (Gimonde) para Veniatia (Vinhas, Espanha); Miliário de Nueze; Estrada de Mourisco, de La Reina ou das Domnas; Da mesma estrada de Mourisco dá Celestino Beça o traçado por esta forma a partir de Lisboa; Tradição da passagem da estrada de Mourisco noutros pontos; Apontamentos diversos; Correspondência epistolar – extracto das cartas encontradas no espólio de Celestino Beça, de indivíduos a quem pediu informações. Mirandella. Uma pagina do seu passado histórico. «O Lavrador Trasmontano», 1914. Maio e Julho (n.os 8 e 9); «Correio de Mirandella», 1914.05.23 (1º artigo). Ver 1917. O padre?!… Eis o inimigo. Razões historicas do odio votado a esta classe. «Legionário Trasmontano», 1914.07.02 a 1916.04.21. Estudo de «mais de duzentos fólios» (ALVES, M, 7: 19), que «Não se concluiu por ter acabado o periódico», diz Alves no seu processo para a APH. Não tendo razões para duvidar, lembramos que o «Legionário Trasmontano» vai, pelo menos, até 1917.03.23. Onde parará, pois, a parte não publicada, se redigida?… Ver uma outra colecção de recortes (que não tivemos tempo de analisar), organizada pelo A., corrigida e com muitas anotações ms., do próprio, no Museu do Abade de Baçal. Um bispo. «Legionário Trasmontano», 1914.08.20. Relembra o 2º aniversário do falecimento de D. José Alves de Mariz.

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– Desiquilibrados e pássaros. «Notícias de Bragança», 1914.09.17. (Robs). Tendo lido «num confrade» um apelo a favor dos pássaros, diz: «Em verdade que somos um povo de desequilibrados mentaes: até ha dois annos indifferença completa pela matança das aves; agora protecção hyper-impertinente. / Que se protejam na época dos ninhos é justo; mas que não possamos utilizar-nos (…)». E passa a defender a caça aos pássaros de arribação. – Entrar na guerra?!. «Legionário Trasmontano», 1914.10.15. Da série projectada apenas se publicou este artigo pelas razões que aponta em nota ao último dos quatro, todos manuscritos, com que enriquece o volume 2 de «Artigos»: «Destes 4 artigos a proposito da Grande Guerra de 1914 a 1918 apenas saiu o primeiro porque houve alguns patrioteiros que gritaram logo para eu ser fuzilado atraz do forte de cavalaria de Bragança e hoje já vêm (sic) a linda obra que fizeram com a nossa entrada na dita guerra. Baçal, 14.6.1923». Publicámos todos os artigos em «Bibliografia. Alves». «Brigantia», 6.1/3: 130-138. Bragança, 1986. – Um monumento archeologico. «Legionário Trasmontano», 1914.12.04. Notícia da anta de Penedante, entre Aveleda e França, e promessa da sua exploração, «Em vindo os dias grandes e amenos da primavera (…)». – Notícia do falecimento de José Pires Diegues, de Montesinho. «Legionário Trasmontano», 1914.11.05. (F. M. A.). 1915 – Aos. Ex.mos S.res Doutores Jose de Figueiredo e Julio Dantas. «DN», 1915.01.27. Por se lhe ter «perdido» o recorte, Alves copiou à mão este texto para «Artigos», 2. – Para um Album Camoneano. (Lisboa ?), 1915.05.15. Transcrevemos de «Artigos», 2, f.66: «Em 10 de maio de 1915 recebi uma carta do Ex.mo Sr. Xavier da Cunha, antigo director da Bibliotheca Nacional de Lisboa, dizendo-me que desejava fazer um Album Camoniano ‘formado exclusivamente por autographos de illustres escriptores’ e pedindo-me para elle algo sobre Camões. Mandei-lhe o seguinte». Segue o texto, que incluímos em «Bibliografia. Alves». «Brigantia», 6.1/3: 52. Bragança, 1986. – Relação dos vigários capitulares da diocese de Miranda e Bragança. «Legionário Trasmontano», 1915.08.12, 19 e 26, e 09.02 e 09. – Um grande achado arqueológico. «Legionário Trasmontano», 1915.11.04. Notícia do achado de um miliário da estrada militar romana, no termo de Babe. Ver correcção das várias gralhas no recorte inserto em «Artigos», 2, f.72, que reproduzimos em «Bibliografia. Alves». «Brigantia», 6.1/3: 52. Bragança, 1986. – As feiras da cidade. Um melhoramento que se impõe aos dignos membros do Senado bragançano. «Legionário Trasmontano», 1915.11.11.

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«As feiras são um dos mais importantes factores de engrandecimento das terras; interessam (…)». Porque assim é, lembra ao Senado para fazer a expropriação de certa cortinha, «ao norte e contígua ao Toural» – e «a sua (do Senado) memória de benemerente ficará assinalada no espírito de todos os munícipes (…)». Mais um livro de valor. «Legionário Trasmontano», 1915.11.18. Trata-se do livro de J. Leite de VASCONCELOS, «De Campolide a Melrose». A caça e a agricultura. «Legionário Trasmontano», 1915.11.26. Extractamos: «Ó da guarda! Quem acode às hortas de penca em Baçal que vão sendo completamente devoradas pela caça! (…) / Os terrenos incultos, os montes bravios são mais que suficientes (…)». Para o distrito de Bragança nadar em ouro. «Legionário Trasmontano», 1915.12.03. Extractamos: «(…) para valorizar infinitamente os largos pousios, os incultos, do distrito de Bragança, há um recurso seguro e viável: é a captagem das águas do rio Douro, pela altura da cidade de Miranda, por meio de uma sólida barragem ou açude». E aponta meios para minorar a despesa. Para a história monástica de Angra do Heroismo. Superstições; notas etnográficas. «AP», 20: 220-224. Lisboa, 1915. Transcrição de um documento do Arquivo do Paço Episcopal de Bragança, «antes que de todo acabe de corroer-se pelas manchas de água que em parte o levam já podre (…)». Lutas no Brasil em 1637 e 1639. «Revista de História», 4: 77-79. Lisboa, 1915. Transcrição de duas cartas da duquesa de Mântua D. Margarida de Sabóia, «encontradas no Arquivo do Cabido de Bragança». Ver M, 4: 539, nota. O clero e o governo castelhano. «Revista de História», 4: 189. Lisboa, 1915. Transcrição de uma carta de 1637, encontrada no Arquivo do Paço Episcopal de Bragança, «mostrando como o clero fomentou a rebelião contra o governo Castelhano». Ainda outra carta d’el-rei D. Fillipe III sobre as lutas no Brasil em 1640 e na Índia. «Revista de História», 4: 189-190. Lisboa, 1915.

1916 – O João Inácio. «Legionário Trasmontano», 1916.01.07. Notícia do falecimento de João Inácio Teixeira de Meneses Pimentel. – À Ex.ma Câmara Municipal. «Legionário Trasmontano», 1916.01.14. Sobre a necessidade de ampliação do espaço da feira de Bragança. (Alves colou, no tomo 2 de «Artigos», f.74vº, cinco pequenas locais, todas com o título supra, mas assinadas por Um Lavrador, com excepção da primeira, anónima, a chamar a atenção para o mesmo assunto. Será alguma delas, ou todas, efectivamente, de Alves, como a sua inclusão, aqui, leva a supor?). – José Manuel Rodrigues. «Notícias de Bragança», 1916.03.30. (Robs).

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Notícia necrológica. – Clemente Menères. «Notícias de Bragança», 1916.05.25. (Robs). «Mais outro benemérito bragançano desaparecido do número dos vivos (…)». – «Indicações sobre a partida do Senhor D. João VI para o Brazil». «Liberdade», 1916.07.11, p. 3, c.4-5. – Epigrafia bragançana. «AP», 21: 145-150. Lisboa, 1916. A popósito de uma lápide encontrada no termo de Babe. Ver M, 9: 35-38. E, aqui, anos de 1910, 1913 e 1929. – Notabilidades antigas e modernas da vila de Anciaens. «Revista de História», 5: 364-375, e 6: 74-80. Lisboa, 1916 e 1917. Publicação das «Notabilidades antigas e modernas da Villa de Anciaens», acompanhadas de «uma notícia biográfica do seu auctor», Manuel de Moraes e Magalhaens Borges, e de «algumas notas elucidativas» sobre o seu trabalho, e uma outra, biobibliográfica, sobre o «Livro Genealogico. Primeiro e segundo Tomos. Anno de 1804». A propósito destas «Notabilidades», e das «Memorias de Anciães» (de João Pinto de Morais e António de Sousa Pinto), acima referidas (1911), manuscritos da BNL agora publicados, vejam-se as referências aos seus autores e/ou os aproveitamentos que delas faz nas M. Assim, por exemplo – 1: p. V-VI; 7: 53-54 e 283-284; 8: 85(-102); 9: 101, 102, 113, 117, 452, 457, 463, 518-519 (por lapso, diz-se, p. 519, nota 5, que a publicação das «Memorias de Anciães» começou a 6 de Janeiro), 635, 668 e 672; e 10: 727-728. – Uma questão de arte a propósito do arquitecto da Sé de Miranda do Douro. (Nomes para a história da Arte). «Revista de História», 5: 134-137. Lisboa, 1916. – Vocabulário de Baçal, enviado à Academia de Ciências de Lisboa. Em M, 10: 635, Alves diria: «Há anos, a pedido de Óscar de Pratt, mandamos para a projectada Academia de Ciências de Portugal uma grande colecção de palavras populares bragançanas; ignoramos o destino que lhe deram». Confirma-se a sua recepção em «Trabalhos da Academia de Sciências de Portugal», 1ª s., 6: 425. Coimbra, 1916 (simples indicação de ter «prosseguido, com assinalado êxito», o empreendimento da Academia, e de a mesma ter recebido «importantes vocábulos» de vários informadores, entre os quais figura Alves). Em «Inéditos», p. 19, transcrevemos um passo, repetido a p. 26, da sessão da Academia sobre o assunto. Procurámos em Dezembro de 84, sem qualquer êxito, o paradeiro desta «grande colecção de palavras». Terá sido «esta grande colecção» aquela com que forma, mais tarde, o capítulo «Linguagem popular bragançana» de M, 11: 352-375? (Prova da atenção que também a linguagem da sua terra lhe merecia são, ainda, as p. 331-333, de Vimioso. Coimbra, 1968).

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– Agumas antiguidades desta freguesia de Baçal (capítulo que ocupa as f.75-79vº de um livro manuscrito de baptizados (1818-1914) do arquivo paroquial de Baçal). Hirondino FERNANDES, «Bibliografia. Alves». «Brigantia», 5.2/4: 475-483. Bragança, 1985. Dá-nos a «Lista dos parochos de Baçal», seguida de três breves «Notas» ou «Lembranças» que, para este livro, que era seu, e «deveria ficar pertencendo aos párocos de Baçal», transladou de outros antigos, da mesma freguesia, por razões que, noutra altura, tornámos conhecidas, mas repetimos: «No livro dos obitos desta freguesia de 1909 e tambem no dos baptizados exarei já Algumas Antiguidades desta freguesia de Baçal, concelho de Bragança, mas como o governo da republica lança mão desses livros logo que os actuaes parochos morram ou sejam transferidos para outra freguesia, resolvi copialos neste livro que é meu e deve ficar (…)». Demos conta em «Inéditos», p. 13-34, das páginas que Alves se reserva para si próprio; na nota sobre o mesmo publicada em «Brigantia», 5.2/4, acrescentámos: «Lista dos párocos de Baçal», «Notas ou Lembranças» e «Usos paroquiais de Vale de Lamas». Datada de 1916, a presente lista de «antiguidades» não pode ter sido dada por finda antes de 1920, limite dos acontecimentos narrados. 1917 – Mirandella. Uma pagina do seu passado histórico. «O Fomento Agricola», n.º (1?) 2 a 6. Mirandela, 1917. Janeiro/Maio. Retoma, para os concluir, os dois artigos anteriores (1914). – Alfredo Meneres. «Notícias de Bragança», 1917.07.19. Notícia necrológica. – Pedras baloiçantes. Adagiários, castros e lendas. «AP», 22: 214-220. Lisboa, 1917. Pedras baloiçantes da serra de Montesinho; «18 sítios com o nome de Castro»; Lenda de um conde poderoso que, certo dia, se estabeleceu na dita serra. 1918 – Arqueologia trasmontana. O castro de Sacóias. «AP», 23: 317-321. Lisboa, 1918, 4 grav. Referência a figurações do porco, símbolo provável de um culto ibérico pré-histórico. Seu prestígio como símbolo cultual. Prolóquio sobre a matança do porco, dia de grande entusiasmo entre cada família trasmontana. – P.e Francisco Manuel Vaz. «Revista de História», 7: 319-320. Lisboa, 1918. – Memorias archeologico-historicas do districto de Bragança ou (…) Tomo IV. Sep. («O Instituto», 58 a 64. Coimbra, 1911 a 1917. Ver 1911), Coimbra: Imprensa da Universidade, 1911/1918, 703 p.; reed., Edição do Museu de Bragança, Bragança, 1981. Continuação do vol. 3 – documentos históricos: inquirições, forais, cartas de doação, capítulos de cortes, etc., etc.

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Ref.: Manuel Múrias e Alfredo Pimenta, citados para o vol.1, e L. de Figueiredo Guerra, referido na bibliografia passiva; «DL», 1934.11.30, p. 2, supl. literário, e, para a reedição, «DN», 1982.01.11, p. 9. 1919 – A Casa do Arco de Bragança. Noticias genealogicas, historicas, etnograficas e economico-industriaes. «O Bragançano», 1919.12.16, p. 1. Diz continuar. Parece, no entanto, «que só sairam três números» deste jornal (M, 7: 689). Ver 1920. – Dr. Manuel António Ferreira Deusdado. «O Instituto», 66: 571-576. Coimbra, 1919. Nota da p. 571: «Alguns dão-lhe outra terra de origem e diversa data de nascimento, no que há engano, como se vê do próprio assento de baptismo, de que temos presente certidão autêntica». 1920 – A Casa do Arco de Bragança. Noticias genealogicas, historicas, etnograficas e economico-industriaes. «O Leste Trasmontano», 1920.01.15, p. 1 (retoma o texto de «O Bragançano», 1919, acrescentando-lhe 5 parágrafos), e 31, p. 1 (conclui). Ref.: Ver, abaixo, «Cartas do Abade de Baçal a José Montanha», carta 2. – «Fernão de Magalhães, o grande navegador». «CP», 1920.09.12, p. 1, c.5-6. Entrevista concedida a A. M. M. a propósito de documentos sobre Fernão de Magalhães, que descobriu em Vila Flor (como referido na edição de 08.24). 1921 – O grande navegador Fernão de Magalhães. (Documentos). «O Instituto», 68: 65-80. Coimbra, 1921. Colecção de cinco documentos («inéditos alguns, e os outros, embora publicados no estrangeiro, conhecidos de poucos»), que encontrou em Vila Flor, como acima foi dito, e se lhe «afiguram necessários na divulgação pela luz que projectam referente ao Grande Navegador». A propósito destes documentos veja-se, nesta mesma revista e volume, p. 113-141, o artº de José Manuel de NORONHA, «Algumas observações sôbre a naturalidade e a família de Fernão de Magalhães». – Fernão de Magalhães. Ainda a naturalidade do grande navegador. «CP», 1921.02.23, p. 1. Resposta a Ignotus, que acabava de afirmar, a respeito do achado de Alves: «Se (…) o rev. abbade de Baçal me quizesse dizer como conseguiu chegar (à) conclusão de que Fernão de Magalhães, o Navegador, era natural de Sabrosa (Trás-os-Montes) e como pôde reconstruir a descendencia delle (…)». Em «Artigos», 2, f. 79, Alves acrescentou: «Esta descuberta dos documentos referentes ao Grande Navegador Fernão de Magalhaes, documentos que

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publicamos n’ ‘O Instituto’, de Coimbra, correspondente a fevereiro de 1921, despertou, como não podia deixar de suceder, vivo interesse. A ela se referiu largamente ‘O Commercio do Porto’ de 24 de Agosto, 12 de Setembro de 1920, 1 de Fevereiro, 23 de Fevereiro e 20 de Março de 1921». – Fernão de Magahães e a autenticidade dos testamentos de 1504 e 1508. Tese apresentada ao Congresso Luso-Espanhol para o Adiantamento das Ciências (Porto, 1921.06.25 a 07.01), e que é um «decalque» dos considerandos enviados a «O Instituto», em resposta a «Observações» de José Manuel de Noronha. Explanação do problema – M, 6: 503-509. 1925 – Imponentes festas à Senhora das Graças, em Bragança. «PJ», 1925.08.26, p. 4, 1 grav. (Na edição de 07.26, já «PJ» referira as festas deste ano e os esforços no sentido da inauguração, nesta data, do monumento aos mortos da Grande Guerra). – Memorias arqueologico-historicas do distrito de Bragança ou (…) (Tomo V) Os judeus no distrito de Bragança. Bragança: Tip. Geraldo da Assunção, 1925, CXIV+209+(1) p.; reed., sep. de «AB», Bragança, 1974. (Eduardo Carvalho introduz, em itálico, alguns parágrafos do caderno rejeitado na 1ª edição. Ver «Nota Explicativa», p. 167); Idem, Bragança, 1977. (Eduardo Carvalho transcreve, agora, integralmente, o caderno na edição anterior referido); Edição do Museu de Bragança. Bragança, 1981. Volume consagrado aos «judeus no distrito de Bragança», como o subtítulo precisa, dedica ainda um breve capítulo aos ciganos (p. 194-201). Quanto à história «acidentada» deste volume, que acabou de se imprimir aos 2 de Janeiro de 1926, veja-se a «Declaração final» inserta no mesmo (p. 211), e quanto já tivemos ocasião de dizer em «Cartas do Abade de Baçal a José Montanha», p. 87-89, abaixo referidas. Não deixe de ver-se a carta 1, p. 19-20. Alves já se referira aos judeus nas M, 3: 70, 153, 163, 198-199, 242 e 261, e 4: 134-136. Voltará a fazê-lo nos volumes 7: 698-711, 8: 71-72 e 107-108, 10: 647-648, e 11: 346-351, pelo menos. Ref.: «A Aurora do Lima», 1926.09.07, p. 1, c.2-5. (Carlos Passos). // «Brigantia», 4.3: 473-481. Bragança, 1984. / Segundo informação constante do processo de Alves na APH, aquando da publicação deste volume «recebeu jornais da Holanda, Marrocos, Palestina, e Persia referentes a ele». Infelizmente, para nós, acrescenta: «Não os encontro agora, tenho apenas à mão o holandês ‘Niew Israelietisch Weekblad’, p. 9, suponho de 17 de Agosto de 1934, pois só conservo essa folha e tem no cabeçalho do primeiro artigo aquela data». // «CP», 1926.02.25, p. 4, c.4. // «Jornal de Bragança», 1911.03.13, p. 3, local «Judeus». // «JN», 1926.01.19, p. 4, c.4-5. (Paulo Freire); transcrição, «Traz-os-Montes, 1926.03.01, p. 1, c.4. // «PJ»,

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1926.01.27, p. 1, c.2. // «Lusitânia», 4.10: 182. Lisboa, 1927. Outubro. (J. Lúcio de Azevedo). // Manuel Múrias e Alfredo Pimenta citados para o volume 1 (1909). // N. L. (Norberto Lopes), Um livro notavel. Os judeus em Bragança e o quarto (lapso, pois se trata do quinto) volume das Memorias Arqueologico-Historicas do padre Francisco Manuel Alves. «DL», 1926.03.03, p. 3. / Breve nota de NL, com transcrição de alguns passos do prefácio do volume em referência. / Extractamos desta nota: «Uma noite, de passagem por Bragança, disse-lhe que tinha curiosidade de visitar o cardenho. Na sua voz lenta e compassada, de homem que não corre a foguetes, respondeu-me textualmente: / – O senhor não vê o meu focinho? Pois a minha casa é feita à imagem e semelhança do meu focinho. / E contou-me depois que os livros se amontoavam sobre as cadeiras (…)». 1926 – Festas. Antigualhas. A freira das cartas amorosas. «A Tarde», 1926.01.19, p. 3. – Bragança, Festas, arte, antiguidades. «PJ», 1926.09.02, p. 5, com retrato. – Prefácio à «Monografia do concelho de Alfândega da Fé», de João Baptista Vilares. Porto, 1926. 1927 – Aos trasmontanos amantes da sua terra. «Traz-os-Montes», 1927.02.01. «Dentro em dois meses começa a publicar-se, a fim de se concluir ainda este ano, o 6º volume das Memorias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, destinado a assuntos genealógico-heraldicos. Riem-se da genealogia, mas (…)». E Alves pede a indicação de: «1 – Povoações e casas que têem pedras de armas (…); 2 – As cartas de nobreza, livros ou cadernos manuscritos (…)»; etc. Circular datada de 1927.01.23, segundo exemplar de «Artigos», 2, f.87vº. – «Museu Regional». «PJ», 1927.02.03, p. 6, c.6-7. Nota dando conta dos múltiplos «objectos» com que tem sido enriquecido o Museu, «desde que o distinto arqueologo rev. (…)» o tomou a seu cargo, no dizer do C. em Bragança, secção «Noticias de Bragança». – Colaboração em «Agenda Brigantina», que se publicou pela primeira vez em Bragança, sob a direcção de Francisco Felgueiras Júnior? Não localizámos, até ao presente, nenhum exemplar. Ver 1928. 1928 – Até quando ó basbaquice, abusarás da nossa insania?. «A Voz», 1928.04.18, p. 3, c.6-7, 1 grav. Página inteiramente consagrada a Freixo de Espada à Cinta, a que, no fundo, o presente artigo se refere. Extractamos: «Não presta a nossa arte, ante o português desnacionalizado, impante de basofias viajadas, que conhece a palmos Nôtre Dame, a Torre

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Eiffel, etc., mas nunca viu a Batalha, Tomar, os Jeronimos (…) / Estas considerações, caturrices de velho regionalista, que só acha possivel a nossa salvação quando na energia do proprio eu acharmos elementos, e temo-los em barda, para nos governarmos com a prata da casa, vieram-me à lembrança a proposito da vila de Feixo de Espada à Cinta». E explica. A nossa provincia. «PJ», 1928.08.10, p. 5, com retrato; «Ènié», 1975.11.12, sob o título «Postal do Nordeste». Traz a nota final «De um livro a publicar», e começa: «A Provincia transmontana tem grandes devezas, carrascais, soutos (…)». Termina: «Trasmontano, trasmontano ou melhor, português, português, quae te demencia caepit». A diocese de Bragança. Um pouco da sua história. «Novidades», 1928.10.10, p. 3, 1 grav. Algo da historia religiosa bragançana. «A Voz», 1928.10.14. O Museu de Bragança. «A Voz», 1928.20.22, com retrato. Começa: «O Museu Regional de Bragança, foi criado em 1925 à custa do antigo Museu Municipal (…)». Termina: «(…) é devida ao dr. Raul Manuel Teixeira». Para a historia do nosso patrimonio artistico. «O Século», 1928.10.24, p. 5, c.6. Refere o valor dos pelourinhos, em torno dos quais «é necessário» que nos agrupemos, como «simbolo da autonomia municipal» que são, e diz haver no distrito umas 18 casas brasonadas. (Página inteiramente consagrada a Bragança, tem uma breve referência a Alves, c.2-3, publicando o seu retrato na c.1). Guerra no tempo de D. João I. Facto inédito. «Agenda Brigantina», 2 (1928): (63-64). Bragança, 1927; ALVES, M, 10: 346, sem a introdução. Refere que o lugar de Avelanoso «se despovoou na ultima gerra (sic) que El-Rei Don Henrique 3º de Leão e de Castela teve com El-Rey Don João o primeiro de Portugal no anno de 1397 quando por seu capitão Gonçalo Nunes de Gusmão mestre de Calatrava, e outros tomou a cidade de Miranda do Douro, e que esteve despovoado até 26 de dezembro do anno de 1458 (…)». Outeiro. «Agenda Brigantina», 2 (1928): (69-75). Bragança, 1927; «AB», 1ª s., 15: 20 e 19. Bragança, 1958. Fevereiro, truncado das 20 linhas finais. Nota histórica, termina perguntando (não a edição de «AB») porque é que a memória de José Jorge, «inforcado em Bragança a 3 de Abril de 1843, redeviverá mais e mais na aureola que lhe dá a aura popular», enquanto a de Francisco Mendes Pereira, natural de Carção, e justiçado em Outeiro, se perdeu. E acrescenta: «É que o de Outeiro foi há muito tempo, dirão. / Mas em Chaves em 1845 (…)». Ápodos populares bragançanos. «Agenda Brigantina», 2 (1928): dia 10 de Janeiro. Bragança, 1927; «AB», 1ª s., 26: 10. Bragança, 1960. Abril. As ruínas de Ansiães. «Agenda Brigantina», 2 (1928): dia 29 de Fevereiro. Bragança, 1927; «AB», 1ª s., 19: 18. Bragança, 1958. Dezembro.

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«E quereis, amigo Felgueiras, que diga algo sobre Ansiães?! Mas que poderei eu adir (…) ?!». – Judeus e padres. Mario Saa e o seu livro. «Diónysos», 4ª s., 1/2: 30-33. Porto, 1928. – Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Os fidalgos. Repositório (…) Tomo VI. Porto: Tipografia da Emprêsa Guedes, 1928, XV+806+(1, erratas) p., il.; reed., Edição do Museu de Bragança. Bragança, 1981. Os fidalgos do distrito, apresentados por ordem alfabética de localidades, p. 1-627, com «Suplemento», p. 693-735, e «Adenda», p. 791-793. Inclui uma «Lista dos conegos da Sé de Miranda e Bragança», p. 629-676; uma outra dos «Indivíduos com títulos nobiliárquicos constantes de documentos oficiais», p. 677-689; e, finalmente, as «Pedras de armas (brazões) do distrito de Bragança», p. 737-788. Ref.: J. V., «Um livro. Memórias (…)», e Alfredo Pimenta, abaixo citados. 1929 – Excerto do discurso proferido por ocasião da inauguração do painel em azulejo, comemorativo do grito de revolta contra os Franceses, na igreja de S. Vicente, Bragança. «PJ», 1929.06.19, p. 1 (2 grav.) e 2. – O Muzeu Regional de Bragança. «CP», 1929.07.25. Começa: «O Muzeu Regional de Bragança é, no seu género, um dos primeiros (…)». Termina: «(…) devida à interferencia do fundador do Muzeu Municipal de Bragança o coronel Albino Lopo». – Discurso proferido em 1929.12.01, por ocasião da inauguração do monumento ao conselheiro Abílio Beça e da lápide, com o busto em bronze, de João da Cruz. «A Voz», 1929.12.04, p. 3, c.3-4; Hirondino FERNANDES, «Bibliografia. Alves», 2. «Brigantia», 6.1/3: 56. Bragança, 1986. – «Discurso que leu em Salsas a 1 de Dezembro de 1929 ao descerrrar-se a lápide comemorativa da trágica morte do conselheiro Abilio Beça». «A Voz», 1929.12.04, p. 3, c.3-4; Hirondino FERNANDES, «Bibliografia. Alves», 2. «Brigantia», 6.1/3: 143(-144) (ver 55-56). Bragança, 1986. – Epigrafia bragançana. «AP», 27: 21-22. Lisboa, 1929. Quatro lápides funerárias – de Meixedo (2), Picote (1) e e Rebordãos. Ver 1910, 1913 e 1916. – Trás-os-Montes (Portugal. Exposição Portuguesa em Sevilha). Lisboa, 1929, 28 p., il.; «Terra Quente», 1997.08.15 e sg. («Iniciamos hoje a publicação (…)». Ver António Cabral); «PEMA», 2: 588. Lisboa: Editorial Lusitana, s. d., p. 24-25 (quatro parágrafos respeitantes à dança dos Paulitos); Considerações de carácter hidrográfico, orográfico, climatérico, paisagístico, etc. Costumes da região bragançana relacionados com o casamento – rapto da noiva, bolos de configuração fálica, etc. – e com os funerais. A Festa dos Rapazes e os cortejos báquicos de S. Martinho. O trajo masculino mirandês, de burel, fabricado pela indústria caseira local. A dança dos Paulitos. Notas sobre história e arte do distrito, etc.

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1930 – A caminho da Terra Santa (do P.e Alves Terças). «A Voz», 1930.03.02. – Capitão Tomás Fragoso. «A Voz», 1930.06.17, com retrato (TF). – Monumentos artisticos. Mouras encantadas. «A Voz», 1930.07.25, p. 3 e 2, retrato. – Um grande achado arqueologico. «A Voz», 1930.12.15, p. 4. Notícia de uma lápide votiva romana, dedicada ao deus Leso, encontrada no sítio da Torre, contíguo à povoação de Ousilhão. Ver M, 9: 63-64. – Rectificação de uma afirmação do «Boletim da Diocese de Bragança», de Junho de 1930, p. 182, onde se afirmava «não haver memória de ter passado nenhum Bispo em visita pastoral em todo o arciprestado de Azinhoso». «Boletim da Diocese de Bragança», 2.8: 248-249. Braga, 1930. Agosto. 1931 – Quadros transmontanos. Regionalismo. Crise agricola. Mel e assucar. Linho e algodão. Vinho e pisorgas. «A Região Duriense», 1931.02.08. – Timor. «A Voz», 1931.06.12, p. 3, com retrato. Nota ao livro de Teófilo Duarte com este título, pondo em destaque os elementos de carácter etnográfico da região bragançana com correspondência em Timor. Termina com um apelo aos professores e párocos da sua terra: «(…) estudai-o (o povo), observai-o (…); recolhei a sua etnografia (…)». – Catálogo dos manuscritos de Simancas respeitantes à história portuguesa. Sep. («O Instituto», 82: 464-480 e 549-564; 83: 97-113, 248-262, 376-392, 456-472 e 637-652; e 84: 86-102, 251-266, 318-333 e 453-462. Coimbra, 1931-1932), Coimbra: Imprensa da Universidade, 1933, 168 p. Ref.: «Brotéria», 17: 318. Lisboa, 1933. (D. M.); «Civilização», 1933. Maio, p. 38; «Portucale», 6: 134. Porto, 1933; «Traz-os-Montes», 1933.05.16; e «A Voz», 1933.02.18, com retrato. – Chaves. Apontamentos arqueológicos. Edição da Câmara Municipal de Chaves. Gaia (Ofic. da Sociedade Editorial Pátria, L.da), 1931, 56 p. Primeira conferência de um ciclo que a Comissão encarregada de instalar a Biblioteca Municipal e o Museu Regional de Chaves houve por bem realizar. Foi lida na noite de 1930.11.22 pelo Dr. António Pires Quintela, na presença de Alves, cujos olhos lhe não permitiam fazê-lo. Ocupa neste volume as p. 31-52, sendo as restantes preenchidas com palavras de Carlos Alberto Lopes Moreira (presidente da Câmara de Chaves), Raúl Teixeira (director da Biblioteca Erudita de Bragança) e Francisco de Barros Ferreira Cabral Teixeira Homem (da Comissão Instaladora), como o próprio Alves declara em M, 8: 79. Ref.: «Brotéria», 13: 399. Lisboa, 1931. (Luís Chaves); «Era Nova» (Chaves), 1930.11.30 (artº «A embaixada intelectual de Bragança», onde se faz desenvolvida reportagem) e 12.14; «Novidades», 1930.12.07, p. 5; «PJ», 1930.12.05 e 07; «A Voz», 1930.12.05, e 08 (desenvolvida reportagem, p. 3 e

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4, com retrato); e «TAE», 5: 172-173. Porto, 1931-1932. (J. R. dos Santos Júnior). – Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Os notáveis. Repositório (…) Tomo VII. Porto: Tipografia da Emprêsa Guedes, 1931, (14)+820 p.; reed., Edição do Museu de Bragança. Bragança, 1981. Os «notáveis», segundo uma ordem alfabética – «(…) pela sua categoria social (bispos, deputados, governadores das armas, governadores civis, senadores, etc.), pela virtude, pelas letras, armas, artes, benemerência e mesmo pelo crime» («Preâmbulo»). Em «Suplemento», a partir da p. 597: Notáveis não incluídos acima ou acrescidos de novas informações; Notícias respeitantes a algumas terras do distrito (com menção, ou não, de notáveis): Bragança – cadeia, câmara eclesiástica, caminho de ferro, indústria da seda, teatro, telégrafo, etc. –, Castelãos, Castro de Avelãs, Gostei e Castanheira, Coelhoso, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mogadouro, etc.; Conspiradores; Grande Guerra; Jornais do distrito; Judeus; Manuscritos; Pedras de armas; Publicações anónimas; Indústria da seda (de que falara p. 498-499 e 621); Vinho; etc., etc. (Página 19 diz «ter manuscrita uma monografia sôbre o concelho de Carrazeda de Anciães, de quási duzentos fólios, que fez a pedido do doutor Raul Manuel Teixeira, quando juiz daquela comarca, e está hoje (1931), ao que nos dizem, em poder do jornalista e escritor doutor Manuel Múrias, natural da mesma vila, residente em Lisboa». Que fim terá levado tal monografia ?). Ref.: «PJ», 1931.04.23, p. 3, c.6; «A Voz», 1931.05.09, p. 4; Alfredo Pimenta, citado desde 1909. 1932 – Anti-espanholismo do povo raiano português. «A Região Duriense», 1932.02.07. Com a indicação «Do livro em via de publicação O distrito de Bragança no Arquivo de Simancas». – Nota à conferência «O vinho do Porto», de Júlio Vasques. «A Região Duriense», 1932.05.15. – O Museu Regional de Bragança. «Shell News» (Magazine do pessoal da Shell Company of Portugal, L.td»), 5ª s., 7: 30-31. Lisboa, 1932. Junho, 2 grav. – O clássico Frei Luís de Sousa. Tragédias marítimas. Notas inéditas. Sep. («Portucale», 5: 21-24, 94-98, 166-169, 213-215 e 266-269; e 6: 60-62. Porto, 1932-1933), Porto, 1933. Ref.: «DN», 1932.05.05. (Queirós Veloso); «Brotéria», 18: 338. Lisboa, 1934. (D. M.). – Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. No Arquivo de Simancas por… Tomo VIII. Porto, Tip. Emprêsa Guedes, L.da, 1932, XVII+130+(1, «Nota Final») p.; reed., Edição do Museu de Bragança. Bragança, 1980. Original manuscrito no ADBç – 165 f. de papel almaço, algumas delas simples linguados de uma dúzia de linhas, das quais apenas três ou quatro

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escritas. (O original dos demais (todos?) volumes, segundo informação de última hora, 1997. Outubro, no Museu do Abade de Baçal). Documentação histórica referente ao distrito de Bragança guardada no Arquivo de Simancas, como se deduz do subtítulo, p. 1-75, e, daqui em diante, um «Aditamento» ao tomo 7 (e aos tomos 2, 4, 5, e mesmo 6, como se declara no «Índice») das M: notáveis, documentos, ciganos (aditamento ao calão, dado no tomo 5), jornais, judeus e manuscritos. Ref.: «Civilização», 1933. Fevereiro, p. 36, com retrato; «CP», 1931.08.26, p. 6, c.1-2 (crónica de A. M., abaixo citada); «DN», 1931.08.25, p. 4, c.4, com retrato (diz-se que regressou de Simancas, onde «esteve desde os principios de Abril do ano corrente», e que, entre outros documentos a que se referirá no 8º volume das M se conta uma doação …); «Novidades», 1933.02.28, p. 6. (José Maria de Almeida); «Portucale», 6: 134. Porto, 1933; «PJ», 1933.01.05 (p. 6, c.2) e 10 (p. 6, c.1-2); «Traz-os-Montes», 1933.05.16; «A Voz», 1933.01.14, p. 3, com retrato, e 02.18, p. 3, com retrato; e William G. Entwistle, abaixo citado. – As terras bragançanas ao Benemerente. Sep. («Miscelânea scientifica e literária dedicada ao Doutor J. Leite de Vasconcelos», 1: 274-275. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1934), Coimbra, 1932. Artigo datado de 1927, evoca o despertar do interesse de J. Leite de Vasconcelos pela língua «charra» de Miranda do Douro e toda a série de trabalhos pelo mesmo dedicados a terras de Bragança, «que o bendizem». – Um Homem. «Anuário do Distrito de Viana do Castelo», 1: 11-12. Viana do Castelo, 1932, 1 grav. Breve nota sobre o Dr. Luís de Figueiredo da Guerra (Viana do Castelo, 1853-1919). – Entrevista concedida a A. M. (Abel Monteiro) sobre um miliário de Lamalonga, e que este inclui na sua correspondência para «CP», «Notável achado arqueológico. Importante aquisição para o Museu Regional de Bragança». «CP», 1932.10.15, p. 2, c.5; pouco depois (1934), nas M, do próprio Alves, 9: 194-195. A propósito da entrada no Museu de um miliário: «Acaba de ser enriquecido (o Museu de Bragança) com um miliário de Constancio Cloro (an. de Cristo 202 a 206), aparecido, ha anos, na populosa freguesia de Lamalonga, concelho de Macedo de Cavaleiros (…) / Pelo que nos revela o grande arqueólogo português, snr (…) a importancia daquele miliário (…)». Alves dirá: «Quando em 1932 deu entrada no Museu, graças à intervenção do fervente regionalista José Montanha, o miliário de Lamalonga, dissemos no ‘Comercio do Porto’, aludindo ao problema geográfico que vinha resolver (…)». 1933 – Os painéis de S. Vicente. Nova interpretação. «A Voz», 1933.01.01, p. 7, 4 grav.; Albino LAPA, «História dos painéis de Nuno Gonçalves». Lisboa, 1935, p. 114-118.

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TOMO I

Voltará mais tarde ao assunto. Ver 1942. Ref.: «A Voz», 1932.12.31 (anúncio de publicação). A história dos Painéis interessou vivamente Alves. No ADBç encontra-se, a par com outros documentos que lhe respeitam, um pequeno volume, manuscrito, sobre o assunto. Tratar-se-á da versão original do trabalho – o artigo de «A Voz» é uma breve súmula – ou não será a refundição anunciada a Joaquim Leitão, como conferência a fazer na ACL, com as devidas notas para publicação? Não nos detivemos na análise do manuscrito, que Belarmino Afonso pensa publicar. Bragança e o Dr. Francisco Martins Sarmento. «Homenagem a Martins Sarmento. Miscelânea de estudos em honra do investigador vimaranense. No centenário do seu nascimento (1833-1933)». Guimarães, 1933, p. 25-26. P.e Miguel José Rodrigues. «A Voz», 1933.03.21. Breve notícia necrológica, não assinada, mas da autoria de Alves, a avaliar pela sua inclusão em «Artigos», 2. Relatório do Centro do Apostolado da Oração, de Baçal, enviado ao «Boletim da Diocese de Bragança» por «intermédio de pessoa amiga». «Boletim da Diocese de Bragança», 5.11: 19-20 (supl.). Braga, 1933. Novembro. Elogio fúnebre do P.e Miguel José Rodrigues, de Varge. Manuscrito do arquivo paroquial de Baçal, por nós publicado em «Inéditos» (ver 1973), p. 37-40. Embora não datado, é deste ano pois o P.e Miguel José Rodrigues faleceu em 1933.03.18, conforme M, 11: 475. Guia epigráfico do Museu Regional de Bragança. Ver 1934.

1934 – Ave de arribação. «A Voz», 1934.10.08, p. 3, c.7; «Traz-os-Montes», 1934.10.16, sob o título de Aves migratórias; ALVES, M, 10: 39-41, também com este último título. Transcrição de uma carta recebida em resposta ao envio, por parte de Alves, de uma comunicação sobre a captura, em Baçal, de um «mosqueiro» anilhado na Alemanha. – Descrição de «quatro punhais de cobre ou bronze» que «apareceram enterrados» na serra de Bornes e foram oferecidos ao Museu Regional de Bragança. «PJ», 1934.10.23, p. 9, c.5. – Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Arqueologia, etnografia e arte por … Tomo IX. Porto: Tip. da Emprêsa Guedes, L.da, 1934, (10)+718+26 (Índice)+(5, colaboradores e erratas) p.; reed., Edição do Museu de Bragança. Bragança, 1975 (só apareceu em 1978). Com o título de Guia epigráfico do Museu Regional de Bragança haviam sido editadas no Porto, Empresa Guedes, Tip., 1933, as primeiras 92 p., acrescidas das lápides finais números 58 e 59; reed., com o título Guia epigráfico do Museu do Abade de Baçal, Bragança, Escola Tipográfica, 1976.

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lxix TOMO I

Com o título de Insculturas e arte rupestre. Novos elementos para sua interpretação foram também editadas, e também no Porto, Empresa Guedes, L.da, 1934, as p. finais, 579-666; reed., Museu do Abade de Baçal, 1977. No ADBç encontra-se uma carta (e dois cartões), do Dr. Armando dos Santos Pereira, endereçada a José Montanha, sobre a impressão deste volume. Na folha que a envolve escreveu Alves: «Mandei o primeiro original para a impressão deste volume a 15.1.1933 e corrigi as primeiras provas a 15.3.1933. Vieram as primeiras duas folhas limpas a 12 de Maio de 1933. Se na tipografia não tomam outra andadura nem em quatro anos se conclue este volume». Volume inteiramente consagrado à arqueologia, etnografia e arte, como precisa o subtítulo, trata, entre outros assuntos, do Museu Regional de Bragança, sua criação e recheio; notícias arqueológico-etnográfico-artísticas relativas a inúmeras terras do distrito, segundo uma ordem mais ou menos alfabética: Abreiro, Adeganha, Águas, Agrobom, Aguieira, Alfaião, Alfândega da Fé (…), Bragança, castros (…), estradas (a estrada militar romana de Braga a Astorga, etc.), etc. Vêm, depois, os ápodos populares, as festas religiosas e os festejos populares de carácter etnográfico (Festa dos Rapazes, cantigas dos reis, serradela da velha, etc., etc.); um longo capítulo sobre feiticeiras, p. 356-386; duas inscrições, uma do Felgar e outra de Felgueiras; um capítulo sobre forais, outro sobre frades, um terceiro com lendas, etc.; mais notícias de carácter arqueológico; a dança dos pauliteiros; os pelourinhos; o porco – «o nosso irmão porco»; e para terminar, um longo capítulo sobre pré-história (insculturas rupestres, cavernas, antas, etc.). Ref.: «DL», 1935.01.11, p. 8. (N. de A.); «O Jornal», 1985.12.27, que transcreve um passo relativo às comemorações profanas da Páscoa (gastronomia), ilustrado com a organização de um pequeno léxico (também gastronómico) (ALVES, M, 9: 305); «Novidades», 1935.02.10, p. 7; «Portucale», 8: 187-188. Porto, 1935; «TAE», 7: 67-68. Porto, 1935. (M. C.); «Traz-os-Montes», 1935.05.16, p. 1 e 2; «Vida Mundial», 1976.07.08, que na sep. «Máscaras e Mascarados» faz duas breves transcrições (sobre a Festa dos Rapazes e sobre a Morte, ALVES, M, 9: 291 e 300, resp.); «A Voz», 1935.01.10, p. 3, com retrato. 1935 – Curto parágrafo de apreciação ao livro «À luz dum ideal», de Câmara Manuel de Melo: «O erudito e querido conterraneo Abade de Baçal diz do livro (…)». Segue-se o referido parágrafo. «JN», 1935.07.28, p. 6, c.1. – Um bragançano ilustre. «Traz-os-Montes», 1935.11.01, p. 2. O coronel de Engenharia Francisco Maria Esteves Pereira, de que se ocupará largamente nas M, 10: 621-631.

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TOMO I

– Bragança e sempre Bragança. «AB», 1ª s., 1: 7 e 12. Bragança, 1955. Março. Hino de louvor, inédito?, à cidade de Bragança (datado de 1935.02.17): «Bragança, a feiticeira ninfa do Fervença, a velha sede do ducado de Bragança, que deu príncipes às maiores casas europeias; reis, rainhas (…)». 1936 – Um lápide funerária luso-romana. «Revista de Arqueologia», 3: 41-42. Lisboa, 1936. Notícia de uma lápide funerária aparecida em Aldeia Nova, Miranda do Douro, extraída «Do décimo volume em publicação das Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança», segundo esclarece. – Epigrafia bragançana. «Revista de Arqueologia», 3: 73-74, 1 grav. Lisboa, 1936. «O letreiro disposto segundo indica o gráfico, encontra-se na fachada e rosácea da igreja paroquial da antiga vila e sede do concelho de Mós, hoje incorporado no de Moncorvo (…)». – Achados arqueológicos inéditos. «Revista de Arqueologia», 3: 225-227, 3 grav. Lisboa, 1936. Notícia de cinco lápides achadas em Varge, Bragança. – Um destino inédito (?) dos pelourinhos. «Revista de Arqueologia», 3: 257-258. Lisboa, 1936. Às aplicações dos pelourinhos citadas em M, 9: 514-517, acrescenta a de servirem para neles colocar os pés e as mãos cortados aos justiçados, segundo documento manuelino, que transcreve. – Cistas de Provezende e sepulcros luso-romanos. Sep. («Revista de Arqueologia», 3: 315-325, il. Lisboa, 1936), Lisboa, 1938. «No termo de Provezende, concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real (…)». 1937 – Capela de Santo António de Bragança. Vandalização criminosa de um monumento. «Traz-os-Montes», 1937.01.16; «JN», 1937.01.22, p. 5, c.6, sem a primeira parte do título. Com várias gralhas, corrigidas no recorte de «Artigos», 2, onde se guarda uma carta da Direcção de «Traz-os-Montes» dizendo que o artigo «caiu bem no animo dos brigantinos (…)». – «Sábio mestre!». «Novidades», 1937.03.07, p. 3. Excerto de uma carta ao Dr. Luís Chaves, que o convidara a participar numa página de homenagem a J. Leite de Vasconcelos, em «Novidades». – Modificações climáticas. «Traz-os-Montes», 1937.03.16, p. 2. «Chegaram hoje (16 de Março) as andorinhas a Baçal, concelho de Bragança. Diz o ditado popular: ‘Pelo São Braz (3 de Fevereiro) cegonha verás e andorinha pelo S. José’ (19 de Março)». Lembrando que há mais de quarenta anos que a cegonha aparece em meados de Janeiro e a andorinha em princípios de Março, assinala a subida da cultura da oliveira em terras do distrito (iniciada em Mirandela em

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lxxi TOMO I

1549, segundo Barros), para concluir pelas «modificações climáticas», que refere. – Para a história do Seminário Diocesano de Vinhais. «Seminário de S. José de Vinhais», número comemorativo da festa em honra do Santo Padroeiro (1937.06.20): 4-5. Porto, (1937). – «O Vinho». Pelo Sr. Dr. Samuel Maia. «A Voz», 1937.07.23. 1938 – O Domus Municipalis bragançano. «JN», 1938.04.16 e 25 e 05.09. Réplica a um artigo, de que este tira o título, em que o seu autor, A. Strecht de Vasconcelos, afirmava não poder passar «sem protesto e sem impugnação» a afirmação de que a Domus havia servido de paços de concelho. O artigo em causa fora enviado a Alves por José Montanha, como se vê do postal anexado em «Artigos», 2, que diz: «Frade / Lê o ‘Jornal de Notícias’ que não póde ficar sem a tua resposta. / Teu / José». – Trindade Coelho. «Trás-os-Montes», 1938.11.01. Apoia a ideia de Afonso Salgado sobre a criação de uma estátua a Trindade Coelho, lançada pelo semanário «Trás-os-Montes», em 1938.09.16, mas «não pode concordar com a classificação de ‘inextetico e vergonhoso’ dada ao S. Sebastião da praça em frente da casa onde nasceu Trindade Coelho, alvitrando que desapareça». Casimiro de Morais Machado, em «Trás-os-Montes», 1939.05.16, p. 1, artigo «Trindade Coelho», considera «justissimos» os reparos do «ilustre Abade de Baçal», dizendo que «S. Sebastião e Trindade Coelho não se repelem (…)». – Vinicultura duriense (Subsídios arqueológicos, históricos, etnográficos e bibliográficos) pelo padre … Régua, Imprensa do Douro, 1937 (capa, 1938), 85 p., il. Col. «Estudos Durienses», 3. Estudo da vinicultura duriense desde os tempos pré-romanos até à monarquia portuguesa, com base em elementos históricos – forais, crónicas… – e em achados arqueológicos. Adágios referentes ao vinho e à vinha, mandamentos do borracho e notas de primitivas práticas báquicas, de que vê vestígios em certas festas actuais. Bibliografia de trabalhos sobre a região e o assunto em causa, a que se deve acrescentar a fornecida em M, 11: 674. Ref.: «O Diabo», 1938.06.19, p. 3, c.2. (Nogueira de Brito); «O Arrais», 1984.11.08 a 1985.02.07, reimp. de vários capítulos. – Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Arqueologia, etnografia e arte por … Tomo X. Porto: Tip. da Emprêsa Guedes, L.da, 1934 («Acabou se imprimir» apenas em 1938, segundo declaração final), 845+(3)+21+(2, «Erratas») p.; reed., Edição do Museu de Bragança. Bragança, 1979. Continuação do tomo anterior, como se vê do subtítulo, reúne os artigos da letra R e seguintes, com o (pouco, ou nenhum) rigor alfabético que vinha sendo adoptado: Rabal, Quintanilha, Rebordainhos, Rebordãos (de que voltará a falar p. 833-839), etc.; rifões populares, locuções proverbiais,

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TOMO I

p. 12-43; Rio de Onor, Roios; Românico, Sacoias; siglas dos canteiros; um extenso capítulo sobre toponímia, p. 77-264, etc. As p. 299 e seguintes são um longo «Suplemento» aos tomos anteriores: Demarcação do castelo de Algoso, feita em 1684; Notáveis, ao longo de todo o volume; Bispos de Bragança e Miranda; Bragança (alcaides-mores, Camilo Castelo Branco e Bragança, capelas, conventos, roda dos expostos, ruas, bragançanos nas praças de Marrocos, etc.); Comendas da Ordem de Cristo; Felgar; Guerras (da Sucessão, dos Sete Anos, lutas liberais); Heráldica; Moncorvo; Pelourinhos; Foral de Penarroias; Por terras mirandesas; Pré-história (toponímia arqueológica, insculturas rupestres); etc. Ocupam lugar especial os capítulos «Cancioneiro popular bragançano», p. 347-585, e «Etnografia», p. 632-665. Ref.: «Diário de Coimbra», 1939.01.16. (Vergílio Correia); «Novidades», 1939.02.21, p. 6, com retrato. 1939 – Conselhos dum amigo. «S. José, Protector da Santa Igreja», Vinhais, 1939; «Novidades», 1939.07.02, supl. «Letras e Artes» (com o título «Importância das monografias locais», assunto de que efectivamente trata). – Os marmores e alabastros de Santo Adrião. «A Voz», 1939.10.10, p. 6, c.1-2. Artigo precedido de uma breve mas fortemente laudatória introdução de Alves, por L. de M. (Ludovico de Meneses), que o «provocara» ao terminar um artigo seu, sobre o mesmo assunto, dizendo: «As coisas hoje devem estar inteiramente mudadas, a exploração dos belos marmores e alabastros de Santo Adrião deve ter tomado outro rumo, muito deverá ‘A Voz’ a quem viesse expor nas suas colunas o estado de actividade daqueles belos jazigos, uma das riquezas e belezas de Portugal. Se o sr. Reitor de Baçal quisesse!…» («A Voz», 1939.07.24, p. 4, c.1-2). – Intercâmbio transmontano-galaico. Sep. («Boletim da Biblioteca Pública Municipal de Matosinhos», 18: 79-107. Matosinhos, 1971), Matosinhos, 1971. Conferência «baseada em elementos colhidos nos tomos» das M, como o próprio declara (M, 11: 344), e proferida no Salão Nobre do Club dos Fenianos Portuenses a convite da Liga da Profilaxia Social, em 1939.06.03. Ref.: «CP», 1939.06.04, p. 5, c.5-7, com retrato da mesa; «Diário do Alentejo» (Beja), 1939.09.08; «JN», 1939.06.04, p. 7, c.1-3, 3 grav., desenvolvida reportagem; «PJ», 1939.06.04, p. 3, c.4-5, com retrato; «Traz-os-Montes», 1939.10.16, p. 1 e 3, relato da sessão e síntese da conferência, sob o título «Intercâmbio cultural galaico-transmontano»; «A Voz», 1939.06.02 (simples notícia anunciando a conferência) e 05 (breve notícia da sua efectivação). – «Portugal em Roma» por Monsenhor José de Castro. «Novidades», 1939.10.25, p. 1 e 4, com retrato, e Raúl TEIXEIRA, «Monsenhor José de Castro. Subsídios para a biografia dum ilustre Brigantino». Bragança, 1950, p. 14-15.

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lxxiii TOMO I

– Génesis do movimento restaurador de 1640. «Ocidente», 4: 8-10. Lisboa, 1939. Datado de «9-XII-1938». – Achegas para a história mística criadora de atmosfera propícia à Restauração de 1640. Processo canónico tendente à justificação do repique miraculoso dos sinos de Sacoias, concelho de Bragança, em aplauso da mesma Restauração. Sep. («Ocidente», 5.13: 355-366. Lisboa, 1939), Lisboa, 1939. Ver, a propósito, Rodrigues CAVALHEIRO, «A Igreja e o ambiente para a Revolução de 1640». «DM», 1939.01.17, p. 1, c.4-5. – Depoimento sobre a projecção do «DN» na cultura da Nação, como força construtiva. Publ.: João PAULO FREIRE (Mário), «O ‘Diário de Notícias’. Da sua fundação às suas bodas de diamante», 2: 301-302. Edição comemorativa das bodas de diamante do «Diário de Notícias». Lisboa, 1939. 1940 – Diorama bragançano das festas centenárias. «MB», 1940.03.01 a 1941.03.15. Diorama «destinado a indicar em cada dia do ano um facto histórico referente às Campanhas da Restauração (…)». Ver 1901, «Diorama brigantino». – Os trasmontanos e a sua terra vistos por um inglês. «Traz-os-Montes», 1940.05.01. Referência a John GIBBONS, «I gathered no moss», de que falaremos abaixo. – Intercambio militar trasmontano-minhoto. «Notícias de Guimarães», 1940.06.03 (número especial), p. 5. – A Restauração em Tras-os-Montes. «MB», 1940.07.15 a 1943.12.01. Publica, sucessivamente: «Relaçam do Sucesso que Ruy de Figueiredo Fronteiro d’Arraya de tralos montes teve na entrada que fez no Reyno de Galiza»; // «Relaçam (Segunda) verdadeira de alguns successos venturosos que teve Ruy de Figeiredo (sic) Fronteiro mor da villa de Chaves, na entrada que fez, & ordenou em alguns logares do Reyno de Galliza (…)»; // (Relação terceira). «O sucesso, que teve Rui de Figueiredo de Alarcão nas Fronteiras de Chaves, Montalegre, e Monforte (…)»; // Finalmente, «novas» do «Mercurio Portuguez». – A Sé de Miranda do Douro. «MB», 1940.09.01. Breve notícia. – Conferência no Congresso Eucarístico de Miranda do Douro. «MB», 1940.10.01 e 11.01. «(…) neste ano de 1940 em que se celebram as Festas Centenárias da Fundação de Portugal em 1139, e da sua emancipação do jugo castelhano em 1640, quis aproveitar esta coincidência para ler a VV. Ex.as, nas pedras dos muros e castelos desta antiga cidade de Miranda, a história da Fé cristã e patriótica, que os levantou; a história da mística espiritual indispensável à criação dos empreendimentos de relevo social».

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TOMO I

– A região flaviense vista de relance através dos séculos. «O Comércio de Chaves», 1940.10.19; «Anuário de Chaves», 1: 37-39. Chaves, 1950, 4 grav. – Aforamento de propriedades em Outeiro na era de 1308. (Ano de Cristo de 1270). «Congresso do Mundo Português». Publicações. II volume – Memórias e comunicações apresentadas ao Congresso de História Medieval (II Congresso). Lisboa, 1940, p. 487-491. – Correcção de uma notícia errónea dos escritores espanhóis referente às guerras da Restauração. «Congresso do Mundo Português», 7: 369-382. Lisboa, 1940. Corrige a notícia de que «Hermisende e Tejera tocan con Portugal, de la que se desgarraron, negandose a secundar la rebelion del duque de Bragança». Ver título seguinte. – A Restauração de 1640 no distrito de Bragança pelo académico supranumerário … «Anais». Academia Portuguesa da História. Volume III. Lisboa, 1940, 352 p. Mística da Restauração; Falência patriótica do Cabido diocesano de Miranda, e dos outros; Despesas da guerra e banqueiros financiadores; Governadores das armas da província de Trás-os-Montes e feitos mais notáveis durante a sua gerência; Fortificações militares e capitães-mores; Correcção de uma notícia errónea dos escritores espanhóis referente às guerras da Restauração; O castelo de Penarroias, fundado pelos Templários no início da nacionalidade; etc. Segue-se a transcrição de quase duas centenas de documentos, notas finais, e alvitres a propósito das Festas Centenárias. Ref.: «MB», 1842.08.15. (João Serrano). – Origem de Bragança. Juliobriga. A «domus municipalis». «PEMA», 2.30: 339-341. Lisboa: Editorial Lusitana, s. d. 1941 – Alfândega da Fé. «MB», 1941.05.15. – Freixo de Espada-à-Cinta (Os freixenses querem que se diga Freixo de Espada-Cinta). «MB», 1941.05.15. Lembramos que, entre outros, já Felício dos Santos defendia a forma Freixo de Espada-Cinta em «Correio Nacional», 1903.05.18, p. 1, secção «Notas scientificas». – Moncorvo. «MB», 1941.05.15. Breve resenha histórica. – Ao Mestre. «MB», 1941.06.01. «Faleceu em Lisboa no dia 17 de Maio o grande sábio, Dr. José Leite de Vasconcelos (…) / Adeus, Mestre amigo, até logo». – Excursões trasmontanas. Monografia inédita, «37 fólios de papel dactilografado», enviada ao Secretariado de Propaganda Nacional. Resumo da parte respeitante ao distrito, M, 11: 303-313 e 337(-343?). (Em vão pocurámos esta monografia, em Dezembro de 1984, em Lisboa).

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lxxv TOMO I

1942 – O Prior de Argoselo. «MB», 1942.02.15. Notícia do falecimento do P.e José Manuel Miranda Lopes. – Migração das aves. «Traz-os-Montes», 1942.04.01. Simples notícia de que «Em Vale Frechoso, concelho de Vila Flor, mataram no dia 20 de Dezembro de 1941, um tôrdo (…)», cuja anilha de alumínio … Esta notícia foi posteriormente desenvolvida pelo C. de «A Voz», em Bragança (João Parente, segundo o mesmo Alves em «Artigos», 2), sob o título «As aves migratórias e o nosso Abade de Baçal», na edição de 1942.04.28, p. 5, c.2. – Proveniência do toponímico Chelas. «Ethnos», 2: 337-338. Lisboa, 1942, e ALVES, M, 10: 107 e 11: 563-564. (Original manuscrito no ANTT). Contra a opinião de José Joaquim Nunes e J. Leite de Vasconcelos, que dão como étimo de Chelas o latim «planella», Alves diz (M, 10: 107) que «é mais natural que o nome Chelas (…) provenha dos toponímicos (sic) chã, chana, chanela, chaela, etc., frequentemente usados, como adiante se mostra (…)». – Superstições. «O Instituto», 100: 257-258, com assinatura fac. Coimbra, 1942. «(…) as superstições populares têm sido mal avaliadas (…) Entendemos que (…) são modos de falar alegóricos, adoptados pela antiguidade para transmitir às gerações futuras os ensinamentos adquiridos pela experiência». – Superstições, crendices, medicina popular. «Ocidente», 17: 184-188. Lisboa, 1942. Tendo discorrido sobre as superstições e crendices, transcreve disposições das «Constituições do bispado de Lamego» que, segundo ele, se inspiraram nas do bispado de Miranda e Bragança, e abrangem «muitas freguesias do sul da nossa província». – Martins Capela. Conferência proferida na Casa da Imprensa e do Livro, Porto, na noite de 1942.03.07. «Portucale», 2ª s., 5: 5-15 e 274-282. Porto, 1950. Conhecida já tarde esta publicação erradamente a incluímos, como inédita, nos «Inéditos» abaixo referidos (1974), mas ainda bem que assim aconteceu: Face ao original de que passámos a dispor, foi-nos possível apontar duas ou três pequeníssimas variantes de última hora e vários cortes efectuados para a leitura, que, obviamente, não figuram em «Portucale». Ref.: «CP», 1942.03.08, notícia-resumo, sob o título «A obra do Padre Manuel Martins Capela, pelo rev. Francisco Manuel Alves, abade de Baçal»; «PJ», 1942.03.08, agora sob o título «O Abade de Baçal realizou ontem, à noite, na ‘Casa da Imprensa e do Livro’ uma erudita conferência, em homenagem à memória do insigne arqueólogo padre Martins Capela»; «JN», 1942.03.07 (p. 1, c.6, anúncio da conferência) e 08 (p. 1 e 3,1 grav.), desenvolvida reportagem sob o título «A memória do insigne arqueólogo

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TOMO I

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P.e Martins Capela foi ontem evocada, na Casa da Imprensa e do Livro, pelo ilustre escritor Abade de Baçal». Veja-se o aproveitamento que Alves fez das «Memórias» para esta conferência. Autógrafo enviado pelo Abade de Baçal e lido pelo representante da Câmara Municipal de Bragança, Dr. António Quintela. «Livro do Segundo Congresso Trasmontano», Edição da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, Lisboa, 1942, p. 494-495. Hino de louvor a Trás-os-Montes e às suas gentes, na sessão de homenagem aos «notáveis» desta província. Prefácio a António MONTÊS, «Terras de Portugal», 3ª série. Lisboa, s. d. (1942). Episódios da Guerra da Sucessão (1700-1713) nas províncias trasmontana e alentejana. Comunicação, com base no ‘legajo’ 731 do Arquivo de Simancas, lida na sessão da Classe de Letras da ACL, em 1942.11.12, pelo secretário-geral, Joaquim Leitão, na ausência de Alves, foi por nós publicada em «Brigantia», 5.2/4: 483-486. Bragança, 1985. O original manuscrito, 4 f. de papel A/4, datadas de 1942.10.26, e assinadas pelo A., que corrigiu na primeira três gralhas do dactilógrafo, faz parte do processo de Alves naquela Academia, onde tem o nº 53. No recorte de «Artigos», 2, Alves lembra que «É baseado no volume XI, pg.125, das Memorias do distrito de Bragança». Ref.: «Boletim da Academia das Ciências de Lisboa», 14: 262-263. Lisboa, 1942; «A Voz», 1942.11.11 (anúncio da conferência para o dia 12) e 13 (breve nota da sua leitura). «Inquérito Linguístico» Boléo, 1942. Resposta manuscrita a um questionário organizado por Manuel de Paiva Boléo, extensivo a todo o País, com vista à elaboração de um futuro atlas linguístico-etnográfico. (Instituto de Românicas da Faculdade de Letras da UC). Reproduzimos duas páginas no nosso opúsculo «O Inquérito Linguístico Boléo (ILB) no distrito de Bragança». Vila Real, 1987, p. 16. História dos painéis de Nuno Gonçalves. Tendo-se já referido ao assunto (1933), parece retomá-lo novamente, segundo se depreende de uma carta (1942.11.13) que o Secretário-Geral da ACL lhe dirige, e que transcrevemos na parte em causa: «Tenho a honra e o prazer de comunicar a V. Ex.cia (…) / 2º – Que Sua Ex.cia o Presidente da Classe, Senhor Júlio Dantas, não vê inconveniente em aceitar como comunicação o trabalho de V. Ex.cia àcerca da História dos Painéis de Nuno Gonçalves, cujo original V. Ex.cia me enviará». Não consta tal original no processo de Alves para a ACL. Repare-se que já no processo para a APH, na rubrica «Obras em estudo», Alves afirmara: «Os Paineis de S. Vicente. Nova interpretação. É o desenvolvimento acompanhado dos documentos do artigo publicado n’A Voz de 11 (por lapso, pois é de 01).01.1933 (…)». Ver, ainda, «Cartas a José Montanha», por nós dadas a lume, carta XLI.

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lxxvii TOMO I

1943 – Subsídios para a história do jornalismo bragançano. «MB», 1943.01.01 a 07.01. – Para a história de Miranda do Douro. «MB», 1943.03.15, 1 grav. Miranda não foi nem a «Contium», nem a «Paramica», nem… Tem outros títulos para «brilhar na história». – P.e Domingos António Neves. «MB», 1943.07.15. Notícia necrológica. – Razões históricas da romagem à Senhora da Serra. «MB», 1943.07.15; «Novidades», 1943.07.21, p. 1 (c.7) e 2, truncado, sob o título «No dia 8 de Agôsto a J. C. F. de Bragança irá em romagem ao Santuário da Senhora da Serra». – O centenário de Luciano Cordeiro. «MB», 1943.08.15. 1944 – Excursões trasmontanas através dos corógrafos. «MB», 1944.03.01 a 06.15. Resposta a um convite do Rádio Clube Português ao jornalismo provincial «para colaborar num estudo tendente a tornar melhor conhecidas as províncias». Apesar de ter dito, aquando do envio do original para «MB», «aí vai essa coisita para publicardes (…) Não conto com o prémio (…), mas é preciso aparecer» («MB», 1945.06.01), Alves foi um dos premiados. – Agradecimento. «MB», 1944.06.01. Tendo caído doente, agradece «a tôdas as pessoas que se interessaram pelo seu restabelecimento (…)». – Para a genealogia de Luciano Cordeiro. «MB», 1944.07.15. – O último morgado de Alfândega da Fé. «MB», 1944.10.15. – Onde estava Bragança antes de existir Bragança. Solução de um importante problema geográfico. «MB», 1944.11.15 a 1945.03.01. – Bragança e Viana do Castelo. A conferência de Monsenhor Castro. «MB», 1944.12.01; «A Aurora do Lima», 1944.12.29; José Rosa de ARAÚJO, «O Abade de Baçal que conheci». «Brigantia», 5.2/4: 267-269. Bragança, 1985. Conferência que José de Castro foi fazer a Viana do Castelo sobre D. Frei Bartolomeu dos Mártires, acompanhado por Alves, e outros (complete-se a lista desta edição de «MB» com um nome que, então esquecido, lembra na edição seguinte). – Investigações do Dr. Pedro Vitorino em Traz-os-Montes. «A Aurora do Lima», 1944.12.08; «Doutor Pedro Vitorino. In memoriam». Porto, 1945, p. 73-74; José Rosa de ARAÚJO, «O Abade de Baçal que conheci». «Brigantia», 5.2/4: 264-265. Bragança, 1985. 1945 – Prefácio, datado de 1945.01.25, para um «projectado livro» de Alexandre de Matos. Ver, deste A., «Três inéditos do Abade de Baçal. A propósito do seu aniversário natalício». «TMAD», 12/13: 87-93, inédito II. Lisboa, 1949.

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TOMO I

– Festas centenárias da Diocese. Episcopologia bragançana. «MB», 1945.03.20. – Achegas episcopológicas para as comemorações quadricentenárias diocesanas. «MB», 1945.04.01 e 20. – Em vez de prefácio. «DL», 1945.04.15, p. 4 e 6 (supl.), 1 grav. Inédito «escrito pelo abade de Baçal (…) quando já tinha mais de 80 anos de idade (em 1945.08.28). Destinava-se a servir de prólogo a um livro da autoria do genealogista Francisco de Moura Coutinho, intitulado ‘Maravalhas históricas’, em que o seu autor trata pormenorizadamente das genealogias de várias famílias da região bragançana e dá notícias históricas de grande interesse regional. Esse livro (2 volumes manuscritos) não chegou a ser publicado (…)» (da introdução ao texto de Alves). – Achegas folclóricas às comemorações quadricentenárias diocesanas. «MB», 1945.05.01. – «O Abade de Baçal fala do passado e do presente aludindo ao Museu Regional de Bragança». (Entrevista a António Maria Mourinho). «JN», 1945.05.24, p. 1 e 4, com retrato. «Ir a Baçal constituia para nós quási uma obessão, tanto sentiamos a presença ali da personalidade ilustre que criou o Museu de Bragança. / Além disso (…)». – Menino Jesus da Cartolinha. «O Lar do Médico» (supl. do «Jornal do Médico», 3.29: 72 e 74. Porto/Lisboa, 1945. Dezembro, il. Informações enviadas a J. Castelo Branco e Castro, para o artº «Variatio delectat. IV. Menino Jesus. Imagens miraculosas célebres». 1946 – O livro «Bragança e Miranda». «MB», 1946.03.15. «Uma novidade de primeiríssima ordem: Monsenhor José de Castro acaba de publicar (…)». – «Alvélia». «JN», 1946.08.24, p. 8, c.3-5, com retrato. Solicitado para uma entrevista ou artigo, Alves diz não ter tempo – mas que falem, no seu jornal, da «conclusão a que chegou há pouco tempo sobre a povoação de Alvélia» («ruinas do actual castelo de Pinela e termo adjunto»). – Mensagem aos habitantes de Valpaços aquando da passagem da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, de Lisboa, de visita à província, por aquela localidade. «MB», 1946.10.01, p. 1 (c.5) e 2. – Vestigios da Idade de Ouro no viver de (e dos) nossos avós de há dois mil anos. «Portucale», nova série (2ª), 1: 175-178 (aqui o «título» é «Ao Saudoso Mestre») e 2: 113-118 e 191-196. Porto, 1946 e 1947. Ver as cartas adiante citadas de 1946.01.30 (ao Dr. Alexandre de Matos) e de 09.11 (a José Montanha). Extractamos: «(…) a História mostra irrefutavelmente que nem as religiões, nem os códigos, nem a ciência com todos os seus progressos têm conseguido domesticar a fera humana, antes quanto mais esta avança, mais a fera requinta em perversidade. / As poucas excepções que se podem apresentar contra esta afirmação não invalidam a regra (…) / Mais lhe recordei

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lxxix TOMO I

(«Ao Saudoso Mestre», o Prof. Abel Salazar) como as cosmogonias de todos os povos antigos – egípcios, assírios, babilónios, medos, persas, etc. – se referem a uma Idade de Ouro em que os homens, absolutamente iguais, sem lei nem roque, foram inteiramente felizes (…) / Esta Idade de Ouro perdeu-se (…)». 1947 – «Bragança e Miranda (Bispado)» por Monsenhor José de Castro. «MB», 1947.04.01. «Impressões» a propósito da publicação do 2º volume da referida obra de José de Castro. – Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Arqueologia e etnografia por … Tomo XI. Porto: Tip. Empresa Guedes, L.da, 1947 (capa 1948, tendo saído a lume em 1949), (16)+804 p., il.; reed., Edição do Museu de Bragança. Bragança, 1981. Dedicado à arqueologia e etnografia, como declara o subtítulo, reúne elementos múltiplos respeitantes aos tomos anteriores, segundo a ordem alfabética conhecida: Alguns notáveis, ao longo de todo o volume; Aves migratórias; Bispos de Bragança e Miranda (de quem voltará a falar mais adiante); Bragança (castelo, lepra, telefone, etc.); Freixo de Espada à Cinta; Governadores civis; Guerras da Restauração e napoleónicas; Indústrias bragançanas; Instrução e estudos; Jornais e publicações periódicas; Judeus; Linguagem popular bragançana; Manuscritos; Povoações mortas; Rifões populares; Rocas trasmontanas; Toponímia; Torre de D. Chama; etc., ocupando lugar de relevo os capítulos «Crendices» (p. 14-117), «Documentos» (p. 118-245), «Etnografia» (p. 248-303) e «Superstições» (p. 505-545). Completam o volume dois índices, o segundo dos quais relativo aos onze volumes que constituem estas M, elaborado, como noutra ocasião tivemos oportunidade de dizer, por Augusto Moreno. Ref.: «DL», 1949.06.01, p. 5, sec. «Livros e Autores», com retrato; «Novidades», 1949.07.24, supl. «Letras e Artes», com retrato; «A Voz», 1949.10.01, p. 4, sec. «Bazar das Letras», com retrato. (C. M.). 1954 – «Um inédito do Abade de Baçal acerca da etnografia dos Fiéis Defuntos e do Natal». «A Voz», 1954.09.25, 1 grav., e nas edições de 1966.05.28, com uma pequena nota biobibliográfica, assinatura facsimilada e retrato, e 1970.05.16, agora com os títulos, respectivamente, de «Um inédito do Abade de Baçal» e «Um inédito do Abade de Baçal sobre a etnografia da sua terra». Artigo datado de 1945.03.26, refere particularmente os usos e costumes de Baçal, nestas quadras. 1958 – Leite de Vasconcelos e as terras de Bragança. «A Torre», 1958.06.15.

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TOMO I

– «Cartas do Abade de Baçal». «MB», 1958.02.07 (p. 3, com retrato) e 11.21 (p. 3). Cartas chegadas a «MB», em «resposta a um alvitre da publicação de um volume de cartas escolhidas» (que não chegou a vir a lume), com breve nota introdutória. «Após meses de interrupção, voltamos hoje a publicar mais cartas inéditas do Abade de Baçal (…)», diz-se na edição de 11.21, que publica mais 3, todas endereçadas a «José» (Montanha) – de 1924.01.03, 1924.02.26 e 1925.03.23. Continua nas edições de 1959.10.16 (p. 3, transcreve uma carta de 1943.08.17) e 1960.09.16 (p. 3). 1968 – e Adrião Martins AMADO, Vimioso. Notas monográficas. Edição da Junta Distrital de Bragança. Coimbra, 1968, XXII+(2)+546 p., il. Edição dirigida por Paulo Quintela, que escreveu uma «Nota Prévia». Ref.: «MB», 1959.05.29, p. 1 (C., «Notas sobre a monografia de Vimioso»); «AB», 1ª s., 23: 3-4. Bragança, 1959. Setembro (havia publicado o texto das p. 226-233), e 4ª s., 3: 26-27 [E(duardo) C(arvalho)] e 61-62 (José Manuel Landeiro). Bragança, 1968; «O Século», 1959.12.01, p. 8 («resumo histórico», com o título «Vimioso, terra antiga e prestigiosa»); «MB», 1963.06.28, p. 5-6 [»Vimioso – O problema das estradas e da monografia». (C.)]; «DP», 1968.07.04, supl., p. 7 e 10. (Ruben Andresen Leitão); António Mourinho, abaixo citado. 1970 – Costumes mirandeses, A fala mirandesa, Bichos domésticos (de Miranda) e Tradições (idem). «Guia de Portugal», 5.2: 991-993, com 2 grav., 993 e 994 (dois últimos títulos), resp. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, 1970. 1974 – «Inéditos». Coligidos e coordenados por Hirondino Fernandes. Sep. («MB», 1973.06.01 a 1974.07.12), Bragança, 1974. Tiragem: 100 ex. (fora do mercado). «Inéditos» extraídos dos Livros de registo paroquial de Baçal, incluindo uma bio(bibliografia) do próprio Alves, acrescidos da conferência sobre Martins Capela (ver, acima, 1942) e três cartas da Biblioteca-Museu de Vila Flor. Para além da conferência sobre Martins Capela, conhecida como já dissemos, também já o episódio de João Pires («Inéditos», p. 12) havia sido publicado (M, 10: 551). 1985 – Saudação ao General Carmona. Hirondino FERNANDES, «Bibliografia. Alves». «Brigantia», 5.2/4: 345-346. Bragança, 1985.

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lxxxi TOMO I

Traça o «perfil da nobre família donde vem» o General Carmona (ao qual já se referira pelo menos mais uma vez – ver 1942, «Autógrafo enviado ...»). – Em «Bibliografia do distrito de Bragança. Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal)», 1. «Brigantia», 5.2/4. Bragança, 1985, publicámos: Algumas antiguidades desta freguesia de Baçal (lista dos párocos, «notas ou lembranças» e usos paroquiais de Vale de Lamas), p. 475-483; Episódios da Guerra da Sucessão (1700-1713) nas províncias trasmontana e alentejana, p. 483-486; e Cartas, p. 486-494. 1986 – Em «Bibliografia do distrito de Bragança. Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal)», 2. «Brigantia», 6.1/3. Bragança, 1986, publicámos: Artigos que tenho publicado, p. 121-145 (Biografia, p. 122; Notas pessoais, p. 122-125; Quilómetros que tenho andado, p. 125-127; Biobibliografia, p. 127-128; Escrito, p. 128-129; Attestado de pobreza a um cigano a fim de a Camara Municipal de Bragança lhe conceder subsidio de lactação, p. 129; Entrar na Guerra?!, p. 130-138; Representação que redigi (…) a fim de pedir ao Ministro do Fomento um subsidio para restauração dos antigos Paços Municipaes de Bragança, p. 139; Recensemento militar na freguesia de Baçal, p. 139-140; Acta (…) offerecida ao antigo Ministro do Fomento em agradecimento por ter concedido o subsidio de tres contos de reis para restauração dos antigos Paços Municipaes da cidade, p. 140-141; Parada de Infanções, p. 141-142; Discurso que li em Salsas a 1 de Dezembro de 1929 ao descerrar-se a lápide comemorativa da trágica morte do conselheiro Abilio Beça, p. 143-144; Decantado epigrafista, p. 144-145; Memórias de excerptos curiosos, p. 146-153; Registo de pastoraes, p. 154-161 (de notar que a maior parte do volume diz respeito a Baçal e não a pastorais); Monografia sôbre o concelho de Carrazeda de Anciães, p. 161-163; Concursos paroquiaes. Provimento de freguezias, p. 164; Notas de leitura, p. 164-167; Para uma nova edição das Memórias, p. 167-174; Eu tenho a maior parte dessas obras, p. 174-176; Correspondência, p. 176-211; e Testamento, p. 212-213. 1990 – Em «Bibliografia do distrito de Bragança. Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal)», 3. «Brigantia», 10.4. Bragança, 1990, publicámos: «Dedicatórias», p. 85; «Notas de leitura», p. 85-92; «Correspondência» (de Francisco Manuel Alves), p. 93-97; «Correspondência» (de outros autores), p. 97-99. 1997 – A questão social: Ideologias, verdadeira e única solução. «Boletim do Museu do Abade de Baçal», 1.0: (ver 3) 5-6 e 1.1: 7-9. Bragança, 1997.04.09 e 1998.04.09. 1998 – Memorial apresentado ao Congresso Municipalista de Bragança («efectuado na década de trinta»). «Boletim do Museu do Abade de Baçal», 1.1: 10-14. Bragança, 1998.04.09.

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TOMO I

EPISTOLOGRAFIA 1892. ?. ? – J. V. Paulo Nogueira (?). «Portugal Agricola». // Perguntando a razão da «repugnancia que entre nós existe pela carne dos animaes cavallares, asininos, muares e outros quejandos», cujo consumo seria «de grande conveniencia, maximè para o proletariado (…)». // Publ.: J. V. Paula NOGUEIRA, «Revista veterinária». «Portugal Agricola», 4.3: 75-80. Lisboa, 1982. // Bibl.: Hirondino FERNANDES, Inéditos, coligidos e coordenados por … Bragança, 1974, p. 21; ALVES, M, 7: 17. 1894.01.14 – «Primo e Amigo». // Carta repassada da dor de ter perdido o «mais estremoso afilhado, filho, irmão e neto (…)». // Publ.: Eduardo CARVALHO, O Padre Francisco Manuel Alves, pároco de Mairos. «AB», 4ª s., 8: 7 (8-10, fac.). Bragança, 1969. 1907.03.16 – Delegado de Saúde de Bragança (Dr. António Olímpio Cagigal). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 176-177, carta (13). Bragança, 1986. 1908.02.02 – Dr. António Júlio Pimentel Martins. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 10.4: 93, carta 55. Bragança, 1990. 1908.02.23 – Dr. António Júlio Pimentel Martins. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 10.4: 93-94, carta 56. Bragança, 1990. 1908.06.09 – Dr. António Júlio Pimentel Martins. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 10.4: 94-95, carta 57. Bragança, 1990. 1909.04.15 – Rocha Peixoto. // Enviando a «cataplasmada» exigida, ao mesmo tempo que se diz não esquecido da fotografia de um relógio de sol, por Rocha Peixoto pedida. (O exigido é a carta de privilégios concedida por D. Teodósio, duque de Bragança, aos moradores de Rio de Onor, Petisqeira e Guadramil – publicada em M, 3: 282, por ter findado a «Portugalia», a que se destinava). // Publ.: Mário CÉSAR, O Abade de Baçal e a «Portugalia». «Escola Remoçada», 1965.05.01, fac. 1909.05.28 – General F. A. Martins de Carvalho. // Enviando «esclarecimentos» sobre a Guerra Peninsular, e a sua bibliografia. // Publ.: Epistolário. Do Reitor de Baçal, P.e Francisco Manuel Alves, ao General F. A. Martins de Carvalho. «Arquivo de Bibliografia Portuguesa», 1: 350-353. Coimbra, 1955. 1909.09.06 – Adrião Martins Amado. // Dizendo-lhe para não ver qualquer alusão à sua pessoa num «suelto» publicado na «GB». // Publ.: «O Nordeste», 1909.09.10, p. (2). 1910.03.12 – General F. A. Martins de Carvalho. // Agradecendo um opúsculo. // Publ.: Epistolário. Do Reitor de Baçal, P.e Francisco Manuel Alves, ao General F. A. Martins de Carvalho. «Arquivo de Bibliografia Portuguesa», 1: 353. Coimbra, 1955.

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O ABADE DE BAÇAL: A VIDA E A OBRA

lxxxiii TOMO I

1913.08.22 – Francisco de Moura Coutinho. // Pedindo a ajuda deste na obtenção de dados para as M. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 177-178, carta (14). Bragança, 1986. 1914.03.08 – Pof. Manuel Maria Chamorro. // Agradecendo o desenho de uma lança e fazendo votos a Cibianbaovio de que meta o destinatário «no caminho das venerabilissimas archeologias (…)», pede o desenho do pelourinho de Ervedosa e do que resta do de Vinhais. // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1958.02.07. 1915.07. ? – João da Cruz Teixeira (pároco de Bouçoais). // «A proposito de (este) ter acceitado a ‘pensão’ concedida aos parochos pelo Governo da Republica segundo a Lei da Separação». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 178-181, carta 15. Bragança, 1986. 1915. ?. ? – Drs. José de Figueiredo e Júlio Dantas. // Pedindo a transferência do Museu Municipal «para o antigo Paço Episcopal, como local proprio, anexando-lhe uma biblioteca formada com a do mesmo Paço, a do Seminario Diocesano e a antiga da Junta Geral do Distrito depositada no Liceu Nacional». // Publ.: «DN», 1915.01.27, p. 3, c.1. 1916.02. ? – J. Leite de Vasconcelos. // Dando informações sobre a ceifa. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 5: 558. Lisboa, 1967. 1916.02. ? – J. Leite de Vasconcelos. // Fornecendo «notas» sobre a malha na freguesia de Baçal. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 5: 561-562. Lisboa, 1967. 1916.02. ? – J. Leite de Vasconcelos. // Nota sobre o carro de bois de Baçal, «de um apontamento dado» a LV. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 6: 681-684. Lisboa, 1975. 1916.04.11 – Bispo de Bragança e Miranda (D. José Lopes Leite de Faria). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 181, carta 16. Bragança, 1986. 1916. ?. ? – J. Leite de Vasconcelos. // Fornecendo «apontamentos» sobre o arado no concelho de Bragança. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 5: 546. Lisboa, 1967. 1916. ?. ? – J. Leite de Vasconcelos. // Fornecendo «informações» sobre a preparação da terra para a sementeira na freguesia de Baçal. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 5: 555. Lisboa, 1967. 1916. ?. ? – J. Leite de Vasconcelos. // Fornecendo informações sobre o granjeio das vinhas na freguesia de Baçal. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 5: 632. Lisboa, 1967. 1917.04.22 – J. Leite de Vasconcelos. // Fornecendo um «apontamento» sobre as casas de Baçal e povoações circunvizinhas. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 6: 179-181. Lisboa, 1975. 1917.06.28 – General F. A. Martins de Carvalho. // Publ.: Epistolário. Do Reitor de Baçal, P.e Francisco Manuel Alves, ao General F. A. Martins de Carvalho. «Arquivo de Bibliografia Portuguesa», 1: 353-354. Coimbra, 1955.

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lxxxiv

O ABADE DE BAÇAL: A VIDA E A OBRA

TOMO I

1917.11.06 – P.e Ernesto Augusto Pereira de Sales. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 486-487, carta 1. Bragança, 1985. 1917.12.10 – Dr. Guilhermino Alves (secretário do bispo). // «A proposito do P.e Manuel José da Ressurreição Palmeiro, de Sacoias, expatriado em Hespanha». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 181-183, carta 17. Bragança, 1986. 1918.05.15 – Bispo de Bragança e Miranda (D. José Lopes Leite de Faria). // Pedindo autorização para «qualquer dos parochos visinhos» poder rezar segunda missa em casos como o que aponta. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 183-185, carta 18. Bragança, 1986. 1918.12.13 – J. Leite de Vasconcelos. // Breve nota sobre «Maneiras primitivas de emprego do lume para cozinhar» e iluminar. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 5: 161-162, nota 5, e 180, resp. Lisboa, 1967. 1919.03.16 – P.e Ernesto Augusto Pereira de Sales. // «Enganos destes (engano de Alves, que refere) nunca se poupam; ha obrigação de os desfazer a bem da sciencia». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 487, carta 2. Bragança, 1985. 1920 (?) – Dr. Vítor Maria Teixeira. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 185, carta 19. Bragança, 1986. 1921.04.02 – P.e Ernesto Augusto Pereira de Sales. // «Felicitando-o pela monografia sobre o Dr. Mirandela». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 487-488, carta 3. Bragança, 1985. 1921.07.25 – José Montanha. // A propósito das dúvidas que o assaltavam quanto ao 5º volume das M: «Informo que seguramente fico a mal com alguns fanáticos actuais e com alguns parvos bispos; provàvelmente fico a mal (…) / Posso arrostar com tantas malquerenças?». (Robs). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 1, p. 19-20 (ver, ainda, p. 87-89). 1921.07.28 – Dr. Raúl Manuel Teixeira. // Sobre a resposta a dar à ACL, que pedia a indicação de um «elemento de acção e inteligencia» para presidir ao Instituto Científico-Literário de Trás-os-Montes. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 185-186, carta 20. Bragança, 1986. 1921.11.23 – Prof. António Neto. // Publ.: António NETO, Apontamentos sobe a personalidade do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 11. Bragança, 1965. 1922.01.04 – P.e Miguel José Rodrigues. // Pedindo perdão pela possível «ofensa» feita durante a ‘palestra’ entre ambos havida poucos dias antes, em Varge. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Inéditos, coligidos e coordenados por … Bragança, 1974, p. 35-37. (Vejam-se as inúmeras e acutilantes invectivas com que, já doente – louco –, o P.e Miguel José Rodrigues atasalha Alves, em várias cartas, dirigidas a vários indivíduos, mas que

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chegaram ao conhecimento deste, que as resumiu, quando delas não fez largos extractos, em manuscrito do arquivo paroquial de Baçal (1974), logo a seguir a esta carta. Leia-se, por outro lado, o elogio fúnebre que Alves fez de Miguel José Rodriguers, e que também publicámos em «Inéditos», p. 37-40). 1922.01.13 – José Manuel Diegues, abade da Sé de Bragança e arcipreste. // A propósito de ter exarado no assento de baptismo do sobrinho de Alves (Barnabé Alves) os títulos literário-científicos «e outras individuações da família». // Publ.: Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 30-33. 1922.03.15 – Ofício a Artur Raposo, na qualidade de Presidente do Instituto Científico-Literário de Trás-os-Montes. // Publ.: Homenagem a António Cabreira. Publicação comemorativa das suas bodas de prata académicas. Lisboa, 1922, p. 98-99. 1923.11.17 – Cristóvão Aires, secretário-geral da ACL. // Agradecendo a participação da eleição de sócio correspondente. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 488, carta 4. Bragança, 1985. 1924.01.03 – José Montanha. // Considerações sobre a possível proveniência de um anel encontrado juntamente com ossos: «Mil graças pela noticia e tão nitido desejo do anel (…)». Termina, dizendo: «Arranjai-me cigarros». // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1958.11.21, p. 3. 1924.02.26 – José Montanha. // Sobre uma cafeteira que, por ser «recordação de familia», não pode dar: «Não posso dar ao Raul a cafeteira; é uma recordação (…)». // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1958.11.21, p. 3. 1924.11.02 – José Montanha. // Salientamos a invejável capacidade de trabalho que declara. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 2, p. 25-26. 1925.02.01 – Engº-Agrónomo José Bernardo Pereira Martins. // Sobre a aposentação requerida «vae em tres anos» – «no fim da vida cheio de considerações literarias, é certo, mas falho do resto». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 10.4: 95, carta 58. Bragança, 1990. 1925.03.23 – José Montanha. // Sobre as providências a tomar de forma a conseguir para o Museu «um exemplar de cada um dos diversos minereos (…) que ha no distrito (…)», fatos com os costumes mirandeses, etc.: «É necessário arranjarmos para o Museu (…)». // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1958.11.21, p. 3. 1926.02.22 – Ao «Seu caro Lopes» (P.e José Manuel Miranda Lopes. // «Pareceu-me pela tua que tomavas como partida irónica ou alusão intencional a remessa da lista dos indivíduos processados na Inquisição por… / Pelo amor de Deus, Lopes, não faças esse juízo de mim (…)» e fala do 5º volume das M. // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1960.09.16, p. 3. 1926.11.18 – Prof. António Neto. // «(…) a ideia é que vale» – «A gramática é sempre o pegadilho dos que não teem mais que dizer (…)», e conselhos para não romantizar em «coisas arqueologico-etnograficas». // Publ.:

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António NETO, Apontamentos sobre a personalidade do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 11-12. Bragança, 1965. 1928.04.20 – Impressa e dirigida a todos os trabalhadores do distrito solicitando informações múltiplas para as M. // Publ.: «Traz-os-Montes», 1928.10.16, que chama a atenção dos seus leitores «a fim de que fossem proporcionadas, francamente todas as facilidades (…)». [Possuímos fotocópia de um exemplar – que o ilustre Colega e bom Amigo Dr. Eduardo Carvalho nos facultou –, remetido ao Doutor Artur Águedo de Oliveira, em 1928.06.21, no qual Alves acrescentou, à mão: «Em ordem ao conteudo nesta venho pedir-lhe a finesa de responder ao questionario respectivo e de me mandar um exemplar da sua tése. / D. V. Ex.cia conterraneo dedicado». (Assinado)]. 1928.08.07, Bragança – «Esta carta foi redigida a um nosso prezado amigo (da ‘Ilustração Moderna’), que no-la cedeu com autorização de ser publicada». // Alusão a uma «contenda» entre Carlos de Passos e Marques Abreu. // Publ.: «Ilustração Moderna», 3.25/26: 2º supl. ao nº 26. Porto, 1928. Julho/Agosto. 1928.09.06 – Dr. António Alexandre de Matos (?). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 186, carta 21. Bragança, 1986. 1928.10.14 – Coronel Silveira e Castro. // Acusando a recepção de um cheque de 1000$00 (pela monografia «Trás-os-Montes»), que foram gastos na «deglutição (…) de um folar e respectivas adjacencias (…) em companhia de 18 amigos». // Publ.: «DL», 1935.11.09; «A Voz», 1935.11.11; «Notícias de Trás-os-Montes», 1972.05.20, sob o título «Uma carta do Abade de Baçal ou o folar de Bragança e respectivas adjacências». 1928.11.19 – José Montanha. // Desculpando-se, por razões de sáude – «reumatismo, afecções cardíacas, arterio-escleroses e vias urinárias» –, da não ida, com a trilogia, a Lisboa, a tratar de «dinheiros do Museu». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 3, p. 29. 1929.09.22 – José Montanha. // Dizendo-se «quase bom» da febre que o atacara. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 4, p. 30. 1929.12.22 – Dr. José Saraiva. // Sobre os «quadros do Nuno Gonçalves». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 186-187, carta 22. Bragança, 1986. 1929. ?. ? – J. Leite de Vasconcelos. // Informando que «o vulgo conhece sòmente por Nossa Senhora da Serra» o santuário, na freguesia de Rebordãos, cuja designação oficial é Nossa Senhora das Neves. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 3: 159. Lisboa, 1942. 1931.05.19 – P.e Ernesto Augusto Pereira Sales. // Sobre o 8º vol. das M. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 488-489, carta 5. Bragança, 1985. 1931.06.10 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 187, bilhete postal 23. Bragança, 1986.

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1931.07.05 – P.e Ernesto Augusto Pereira Sales. // No Arquivo de Simancas – e «a bandalheira de 1580 em prol de Filipe» (I). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 489, postal 6. Bragança, 1985. 1931.07.09, Simancas – José Montanha. // Dizendo-se «cada vez mais engolfado na imensa papelada» de Simancas. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 5, p. 30. 1931.07.11, Simancas – José Montanha. // Razões por que não concorda com a apreciação que Alfredo Pimenta fez do 7º volume das M. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 6, p. 31-32. 1931.08.11 – Secretário-Geral da ACL. // De regresso do Arquivo de Simancas, «onde tem estado em investigações historicas (…)», só agora pode responder … // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 489, carta 7. Bragança, 1985. 1931.09.13 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 4 e 5. Bragança, 1965. 1931.09.22 – Prof. Doutor Lothar Wickert. // Informando sobre a localização de várias lápides. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 187-188, carta 24. Bragança, 1986. // Bibl.: A propósito de Lothar Wickert ver ALVES, M, 9: (29-)30 e 79-80. 1931. ?. ? – Prof. Doutor Lothar Wickert. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 188, carta 25. Bragança, 1986. 1932.03.20 – José Montanha. // Tendo «ficado a pensar» na colaboração pedida pelo Dr. João de Araújo Correia, «e outro», para «Estudos durienses», «passou-se-lhe a Semana Santa» e não foi a Bragança. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 7, p. 37-38. 1932.04.12 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Sobre o original, que manda, para o 8º volume das M. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 188-189, carta 26. Bragança, 1986. 1932.06.03 – José Montanha. // «(…) de que meios se serviria o cardeal (D. Pedro de Luna) para afirmar tão firmemente que a chica (a Infanta D. Beatriz, de Portugal) estava em condições de consumar o matrimónio, apesar de só ter doze anos?». (Agora que os primeiros destinatários da publicação destas cartas deixaram de ser os alunos da Escola Industrial e Comercial de Bragança, em cujo Boletim se inseriram, corrija-se «poder» para a sua verdadeira forma, «foder» – ver 5ª linha antes do fim, no original). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 8, p. 42. 1932.07.11 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Sobre os tomos 8º e 9º das M. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 4 (truncada). Bragança, 1965.

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TOMO I

1932.09.01 – Prof. António Neto. // Publ.: António NETO, Apontamentos sobre a personalidade do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 12. Bragança, 1965. 1932.09.21 – José Montanha. // «Tenho andado numa fona por montes e vales, à cata de antigualhas sobretudo insculturas rupestres, agora na ordem do dia arqueológico». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 9, p. 44. 1932.11.01 – Conselheiro Fernando de Sousa. // Pedindo a publicação de um artigo sobre os painéis de Nuno Gonçalves, cujo interesse historia, em «A Voz». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 189-190, carta 27. Bragança, 1986. 1932.12.06 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Sobre o 9º vol. das M, que «não queria morrer sem deixar (…) impresso». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 190, carta 28. Bragança, 1986. 1933.01.15 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Remetendo «o 1º original do IX vol. das Memorias». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 190-191, carta 29. Bragança, 1986. 1933.09.01 – P.e Ernesto Augusto Pereira Sales. // «Estou radiantissimo; descobri já umas vinte e tal estações rupestres ineditas no nosso distrito (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 490, carta 8. Bragança, 1985. 1933.09.10 – Prof. Manuel Maria Chamorro. // Pedindo um «croquis dos sinais» da Fraga da Ferradura e natureza dela, e ápodos de algumas aldeias. // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1958.02.07. 1933.10.01 – Prof. Manuel Maria Chamorro. // Agradecendo informações recebidas e, lamentando que tivessem «dado cabo da Fraga da Ferradura», diz-lhe para «dar por lá uma vista de olhos com olhos de ver, porque pode existir ainda qualquer outro sinal (…)». // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1958.02.07. 1933. (?) – J. Leite de Vasconcelos. // «Apontamento» com os mandamentos do vinho, recolhidos na freguesia de Baçal. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 6: 389-390. Lisboa, 1975. 1933 (?) – Prof. Doutor Joaquim de Carvalho. // «Foi grande arrelia para mim que o artigo (sobre os painéis de Nuno Gonçalves) apparecesse com o reclame que lhe fizeram (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 191, carta 30. Bragança, 1986. 1934.04.10 – Prof. António Neto. // Sobre o 10º vol. das M, a imprimir. // Publ.: António NETO, Apontamentos sobe a personalidade do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 12. Bragança, 1965. 1934.06.01 – Engº-Agrónomo José Bernardo Pereira Martins. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 10.4: 96, carta 59. Bragança, 1990. 1934.07.01 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 6 (truncada). Bragança, 1965.

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1934.07.17 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 6 (simples parágrafo). Bragança, 1965. 1934.10.29 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Referências ao Arquivo do Paço Episcopal de Bragança. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 6 (idem). Bragança, 1965. 1934.11.12 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Apenas: «Recebi e agradeço as informações referentes a Jacob Rodrigues Pereira, e espero ancioso pelas de Jacob de Castro Sarmento» . // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 6. Bragança, 1965. 1934.12.09 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // A propósito de dados que achou referentes a João Ferreira Sarmento, de Vinhais. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 6 (truncada). Bragança, 1965. 1934.12.26 – Engº-Agrónomo José Bernardo Pereira Martins. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 10.4: 96, carta (60). Bragança, 1990. 1935.04.06 – José Montanha. // A propósito da cerimónia de descerrramento do busto (do próprio Alves). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas inéditas do Abade de Baçal. Bragança, 1965, carta 1; Idem, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 10, p. 44. 1935.05.02 – Joaquim Leitão, secretário-geral da ACL. // Agradecendo a notícia do voto de congratulação exarado em acta da Academia pelo brilho de que se revestiram as homenagens que lhe foram prestadas em Bragança. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 490, carta 9. Bragança, 1985. 1935.05.11 – José Rosa de Araújo e Redacção de «Alto Minho». // Simples cartão agradecendo os fascículos de «Alto Minho» que acabava de receber. // Publ.: «A Aurora do Lima», 1956.07.03; José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 256. Bragança, 1985. 1936.01.08 – José Montanha. // «O frio que apanhei no regresso de Lisboa, vai em dois meses, agarrou-se-me aos pulmões (…). Agora com a ida a Alijó (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 11, p. 46. 1936.01.10 – Abel Salazar. // «Documento impressionante de beleza e força, de sinceridade; retrato fidedigno dum carácter livre, expressão ofegante de uma desilusão latente, dum pessimismo sarcástico, mas maravilhoso», na apreciação de «Éniè». // Publ.: «República», 1972.09.28, supl. «Artes e Letras», p. III e V, com retrato. / Publicação dita «na íntegra», precedida de breve introdução e sob a epígrafe «O comer e o ser comido numa carta do Abade de Baçal a Abel Salazar» (com a data de 01.01); «Notícias de Trás-os-Montes», 1972.10.07; «Ènié», 1975.05.07; e O Abade de Baçal. Abel Salazar no cinquentenário da sua morte. Organização: IPM, Casa Museu

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TOMO I

Abel Salazar, Comissão das Comemorações do Cinquentenário da Morte do Abade de Baçal. Coordenação: Maria Luísa Garcia Fernandes, João (e não José) Manuel Neto Jacob. Comissário da Exposição: Prof. Amândio Silva. Fotografias: José Pessoa – A. N. F, IPM. S. l., s. d., p. (27-31). / Ver nota – diz-se o texto das outras publicações «com ligeiras variantes e algo censurado», face ao «rascunho da carta do Abade» (datada, aqui, de 01.10, que seguimos) agora utilizado. 1936.03.10 – Casimiro de Morais Machado. // Publ.: Casimiro de Morais MACHADO, Antigualhas mogadourenses. Lápides funerárias romanas. «AB», 1ª s., 19: 15. Bragança, 1958. 1936.04.20 – José Montanha. // A propósito do custo de impressão certamente do 10º vol. das M que, embora com o ano de 1934 no rosto, acabou de se imprimir apenas em 1948. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 12, p. 46. 1937.02.15 – José Montanha. // «Contentamento pelo porquinho e tourinho» que o Dr. Casimiro de Morais Machado, de Mogadouro, mandou para o Museu, e precauções a tomar quanto a certas «pedras» de Castro de Avelãs. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 13, p. 47. 1937.03.02 – J. Leite de Vasconcelos. // «Para saber o que existiria hoje de Lampaças, recorri, mais uma vez, ao bondoso cronista-mór de Trás-os-Montes, e ele respondeu-me (…)». Segue a resposta de Alves. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 3: 164. Lisboa, 1942. 1937.05.10 – Dr. Guilherme Pacheco. // Pedindo a abertura de uma subscrição no «JN», de que Guilherme Pacheco é director, com vista a viabilizar o restauro do pelourinho de Vila Flor, que Alberto de Sousa aguarda poder pintar juntamente com os mais do distrito. Com o título «O pelourinho de Vila Flor. Uma carta do ilustre abade de Baçal – que é um oportuno e patriótico apêlo», foi de imediato publicada naquele periódico (05.19, p. 2, c.7-8) e teve logo dois subscritores: o próprio «JN», com 300$00, e Guilherme Pacheco, com 100$00. [A lista de subscritores continuou, naturalmente, nas edições seguintes: 20, 22, 25 (já tinha 2200$00), 26, 28, etc. Em 1930.7.30, já o pelourinho «se erguia altaneiro no Largo Nun’Álvares, em frente à Igreja Matriz (…)», segundo «JN», desta data, p. 2, c.7-8]. 1937.07.21 – P.e José Manuel Miranda Lopes, prior de Argozelo. // Enviando plantas por este pedidas, ao mesmo tempo que lhe dá informações sobe o uso que o povo faz da «rabaça» e da «cassimo». // Publ.: A. R. Pinto da SILVA, Etnobotânica trasmontana. Uma carta do Abade de Baçal. «Brotéria», 30.1/2: 37-40. Lisboa, 1961. 1938.04.14 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 6 (truncada). Bragança, 1965. 1938.04.20 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 192, carta (31). Bragança, 1986.

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1938.04.24 – P.e Agostinho de Azevedo, Vila do Conde. // Referências à parte económica das M e estado de adiantamento dos 9º e 10º volumes. Publicação da «Vinicultura duriense». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 14, p. 51. 1938.05.04 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Sobre o paradeiro de algumas das pedras dos pelourinhos de Vila Flor, Paçó de Vinhais e Vinhais. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 192, carta 32. Bragança, 1986. 1938.07.25 – José Montanha. // Pedindo-lhe para enviar a «Os da Academia Portuguesa de História» as respostas ao Questionário e uma fotografia «do seu focinho». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 15, p. 52. 1938.08.17 – José Montanha. // Agradecendo-lhe os cuidados com a sua saúde, diz sentir-se «tão bem como antes do tal incómodo (…)», pelo que não «vai a Lisboa» consultar o médico. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 16, p. 53. 1938.09.15 – José Montanha. // «Deu-me no goto o inglês (John Gibbons) (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 17, p. 54. – Governador Civil do Distrito de Bragança. // Sobre a celebração, no distrito, dos centenários de 1139 e 1640. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 192-193, carta 33. Bragança, 1986. 1938.10.01 – José Montanha. // Pedindo-lhe para mandar levantar umas uvas que o Dr. João Correia, da Régua, lhe havia enviado. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 18, p. 54. 1938.10.21 – «José, meu José e José meu» (José António Furtado Montanha). // «Desabafo» por ver que «marchamos sem remedio para o descalabro civico e mental» (como dissera em M, 4: 679). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 193-194, carta 34. Bragança, 1986. 1938.11.01 – José Montanha. // «Ficou zonzo com a notícia» de José Montanha ter conseguido para o Museu a estátua jacente de Provesende: «Assim que chegar coloca-a em lugar de honra, acende-lhe duas velas (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 19, p. 56. 1938.11.09 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 7 (postal). Bragança, 1965. 1938.11.19 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 194, carta 35. Bragança, 1986. 1938.12.08 – José Montanha. // Que «não faça caso» do Barnabé, seu afilhado … // Publ.: Confidências do Abade de Baçal a seus amigos. Duas cartas a José Montanha e outra ao doutor Águedo de Oliveira. «AB», 5ª s., 17: 9. Bragança, 1974.

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TOMO I

1938. ?. – António Montês. // Bilhete-postal a agradecer a palestra referida na carta a José Montanha de 1938.11.19. // António MONTÊS, Quem é o Abade de Baçal? «Rádio Nacional», 1938.12.25, p. 8-9. 1939.01.23 – Prof. José Manuel Landeiro. // Com aplausos, agradece a oferta de «O concelho de Penamacor». // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 4. Porto, 1965. 1939.01.26 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 20, p. 58. 1939.02.04 – José Montanha. // Pedindo «um cento ou dois de pés de morangos dos grandes» para plantação, diz «quase concluída a conferência para o Porto e também o livro para o centenário de 1640». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 21, p. 59. 1939.02.16 – José Rosa de Araújo. // Cartão de visita a agradecer um número do jornal «A Aurora do Lima». // Publ.: «A Aurora do Lima», 1956.07.03. 1939.03.20 – J. V. Paula Nogueira. // Defendendo a superioridade da carne caprina sobre a ovina. //. J. V. Paula NOGUEIRA, Ainda a carne caprina e a carne ovina. «A Voz», 1939.03.29, p. 3, c.1-2. 1939.05.05 – José Montanha. // Felicitando-o pelo aniversário natalício. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 22, p. 60. 1939.05.23 – Revista «Ocidente». // Postal a agradecer um cheque de 200$00, por colaboração. // Publ.: Morreu o Abade de Baçal. «Ocidente», 33: 133-134. Lisboa, 1947. 1939.06.27 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 194-195, carta 36. Bragança, 1986. 1939.07.08 – P.e José Maria Alves da Cruz. // «(…) final de uma longa exposição histórica sobre Mascarenhas», que o P.e Alves da Cruz lhe pediu quando foi transferido de Santa Maria, Bragança, para aquela paróquia. // Publ.: A. MOURINHO, O Abade de Baçal faleceu há vinte anos. A espiritualidade cristã de um grande homem. «A Voz», 1967.11.25; «MB», 1967.12.01. / Extractamos: «O Abade enviou-lhe cinco fólios manuscritos, com a história de Mascarenhas, desde os tempos pré-históricos até aquela época (…)». 1939.08. ? – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 7 (truncada). Bragança, 1965. 1939.08.13 – José Montanha. // «Um dos instantes felizes da sua vida» – o ter-lhe sido possível ler a legenda do castelo de Penarroias. // Publ.: Confidências do Abade de Baçal a seus amigos. Duas cartas a José Montanha e outra ao doutor Águedo de Oliveira. «AB», 5ª s., 17: 10. Bragança, 1974. 1939.10. ? – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 7 (postal, truncado). Bragança, 1965.

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xciii TOMO I

1939.11.06 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 23, p. 60. 1939.11.09 – José Montanha. // A propósito da publicação de «A Restauração de 1640 no distrito de Bragança». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 24, p. 61. 1939.11.15 – Raúl Teixeira. // Resposta a uma circular deste «a pedir dinheiro para o medalhão do Vargas». // Publ.: «Boletim do Museu do Abade de Baçal», I.0: 5-6. (Bragança), 1997.04.09. 1939.11.25 – José Montanha. // Situação económica em que se encontra, «uns ensaios que anda tentando de cultura de trigo (…)», e um dos defeitos de Raúl Teixeira. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 25, p. 61-62. 1940.01.29 – Prof. José Manuel Landeiro. // Razões por que não pode escrever o prefácio pedido. // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 5. Porto, 1965. 1940.02.05 – Prof. José Manuel Landeiro. // Autorizando-o a fazer da carta anterior (1940.01.29) o «uso que quizer». // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 6. Porto, 1965. 1940.02.27 – José Montanha. // Informando-o dos prejuízos que teve com o tufão. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas inéditas do Abade de Baçal. Bragança, 1965, carta 2; Idem, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 26, p. 63. 1940.03.23, Bragança – Manuel Ramos de Oliveira. // Agradecendo «a gentileza» da sua carta e a maior ainda da monografia «Celorico da Beira e o seu concelho», sobre a qual faz circunstancial apreciação. // Publ.: Manuel Ramos de OLIVEIRA, Celorico da Beira e o seu concelho através da história e da tradição. Reed., Edição da Câmara Municipal de Celorico da Beira, Maio de 1977, p. 23-24. 1940.04.01 – José Montanha. // Acusando a recepção e agradecendo alguns números de jornal. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 27, p. 63. 1940.05.21 – José Rosa de Araújo. // A propósito da etimologia de «espantar», que este lhe havia pedido. // Publ.: «A Aurora do Lima», 1956.07.03; José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 256-257. Bragança, 1985. 1940.06.15 – Prof. José Manuel Landeiro. // Agradece a oferta de um exemplar da «Diocese da Guarda», que transcrevia um passo das M sobre o contributo que os párocos e professores primários podiam dar na recolha dos factos folclóricos, e duas poesias referindo Penamacor. // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 6-7. Porto, 1965. 1940.06.24 – José Montanha. // Dando conta da sua alegria («Magnum gaudio nuntio tibi», dizia, a começar) pela oferta de um «vasinho de barro preto (…)», que, continuava, «breve irá para o Museu» – «Nesse dia

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TOMO I

havemos de solenizar o caso com cafezada, cervejada bebida pelo tal vasinho». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 195, carta 37. Bragança, 1986. 1940.10.13 – A um sacerdote secular que se fizera monge. // Publ.: G. de SOUSA, «… Aqueles que per obras valerosas / Se vão da lei da morte libertando». Padre Francisco Manuel Alves. «Mensageiro de S. Bento», 17.1: 10-11. Negrelos, 1948; A. MOURINHO, O Abade de Baçal faleceu há vinte anos. A espiritualidade cristã de um grande homem. «A Voz», 1967.11.25 e «MB», 1967.12.01; Idem, Vida e obra do Abade de Baçal. «AB», 7ª s., 9/10: 27, Bragança, 1985; Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal, honra da terra trasmontana e glória do clero de Bragança. «Brigantia», 5.2/4: 302-303. Bragança, 1985. 1940.12.20 – Afonso de Dornelas, secretário-geral da APH. // Postal dizendo concordar com o título do volume «A Restauração de 1640 no distrito de Bragança». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 490. Bragança, 1985, carta 10. 1940.12.27 – Afonso de Dornelas, secretário-geral da APH. // Agradecendo a recepção do 1º e 2º anos do «Boletim», diz «concordar com as correcções propostas». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 493, carta 11. Bragança, 1985. 1941.01.22 José Montanha. // Sobre a publicação do 11º volume das M e a projectada ida a Chaves, Simancas, etc. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas inéditas do Abade de Baçal. Bragança, 1965, carta 3; Idem, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 28, p. 64. 1941.03.12 – Prof. José Manuel Landeiro. // Informando quais os volumes das M que mais poderão interessar para a bibliografia que José Manuel Landeiro está a organizar, e como consegui-los. // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 8. Porto, 1965. 1941.04.02 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas inéditas do Abade de Baçal. Bragança, 1965, carta 4; Idem, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 29, p. 64. 1941.05.25 – Prof. José Manuel Landeiro. // A propósito de novo pedido para um prefácio (ver carta de 1940.01.29) e «A nossa estúpida mania pelo estrangeirismo (…)». // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 9-10. Porto, 1965. 1941.06.01 – José Montanha. // Exemplares das M, para oferecer. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 30, p. 65. 1941.09.02 – José Montanha. // «O vinho está às ordens, mas acho que não deve ir que encontrais facilmente cousa melhor». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 31, p. 66. 1941.09.12 – José Montanha. // Lembrando para guardar no Museu toda a documentação possível sobre o Congresso Trasmontano – pois um dia

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«terá valor para a história». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 32, p. 66. 1941.09.15 – José Montanha. // Fotografias de que precisava «para uma tese relacionada com os pitéus bragançanos para um concurso de monografias». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 33, p. 67. 1941.09.22 – José Montanha. // A tese… que não apresentou no Congresso Trasmontano e o pedido da opinião deste e de António Quintela sobre a mesma. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 34, p. 67. 1941.10.01 – António Maria Mourinho. // Publ.: António Maria MOURINHO, «1ª carta do Abade de Baçal ao Dr. António Maria Mourinho sobre bibliografia mirandesa». «Planalto Mirandês», 1985. Out./Dezembro. 1941.10.22 – José Montanha. // A «lembradura» do «tiu Salazar» de «pôr a dançar o povo cansado de dançar há tanto tempo, o fado da fome» e o dia em que este… // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 35, p. 68. 1941.11.15 – Dr. António Alexandre de Matos. // Cartão de visita a agradecer «Trás-os-Montes, terra nostra». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Inéditos, coligidos e coordenados por… Bragança, 1974, p. 79. 1941.12.14 – Doutor Artur Águedo de Oliveira. // Acusando a recepção do livro «Vinho do Porto (…)». // Publ.: Confidências do Abade de Baçal a seus amigos. Duas cartas a José Montanha e outra ao doutor Águedo de Oliveira. «AB», 5ª s., 17: 11. Bragança, 1974. 1942.05.17 – José Montanha. // «Nesse caso das tais cartas (de D. Maria, Arquivo de Simancas) há um mistério grande, grande (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 36, p. 71-72. 1942.06.08 – José Rosa de Araújo. // Postal a escusar-se de colaborar numa homenagem ao Dr. Luís de Figueiredo Guerra. (Ver bp, 1932, artº «Um Homem»). // Publ.: «A Aurora do Lima», 1956.08.17 (postal com a data de 1942.06.06); José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 257. Bragança, 1985. 1942.06.26 – José Rosa de Araújo. // «Não ha que desanimar no estudo das monografias. Eu andei dez anos a sofrer contrariedades por causa delas (…)». // Publ.: «A Aurora do Lima», 1956.08.17; José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 258-259. Bragança, 1985. 1942.06.27 – Dr. António Alexandre de Matos. // Postal a agradecer as duas separatas «correcção da Terra Nostra» e a dizer-se «doente dos olhos». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Inéditos, coligidos e coordenados por… Bragança, 1974, p. 78. 1942.07.07 – Mons. Moreira das Neves. // Carta «confidencialíssima a solicitar-lhe informações a propósito do convite dirigido a D. Manuel Gonçalves Cerejeira (…) para entrar para a Academia das Ciências de Lisboa». // Publ. (resumo, com transcrição de um breve passo): Moreira das

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TOMO I

NEVES, Poeta dentro de um arqueólogo. «Brigantia», 5.2/4: 248-249. Bragança, 1985. 1942.07.08 – Prof. José Manuel Landeiro. // Enviando uma fotografia pedida – «menos atrevida (que outra, que refere) aplastrada (…)». // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 10. Porto, 1965. – P.e José Maria Alves da Cruz. // Final de uma exposição histórica sobre Argozelo, que A. Maria Mourinho prometeu publicar «oportunamente», mas que, ao que sabemos, não fez. (O P.e Alves da Cruz, que conhecemos da carta de 1939.07.08, fora transferido, agora, para Argozelo). // Publ.: A. MOURINHO, O Abade de Baçal faleceu há vinte anos. A espiritualidade cristã de um grande homem. «A Voz», 1967.11.25; Idem, Vida e obra do Abade de Baçal. «AB», 7ª s., 9/10: 26. Bragança, 1985; «MB», 1967.12.01. – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 196-197, carta 38. Bragança, 1986. 1942.07.09 – José Montanha. // «O tal ataque em Sacoias não foi nada (…)», nem Alves «faz tenção de morrer sem publicar o volume XI das Memórias (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 37, p. 72. 1942.07.29 – José Montanha. // Pedindo para ver se arranja algum exemplar do «Catálogo dos manuscritos de Simancas», a oferecer a Edgar Prestage. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 38, p. 74. 1942.08.07 – Mons. Moreira das Neves. // Respondendo a uma consulta sobre a origem judaica de Guerra Junqueiro. // Publ.: Moreira das NEVES, Poeta dentro de um arqueólogo. «Brigantia», 5.2/4: 249, truncada. Bragança, 1985. 1942.08.08 – José Rosa de Araújo. // Agradecendo um trabalho deste, recomenda-lhe um soldado seu paroquiano. // Publ.: José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 259. Bragança, 1985. 1942.09.05 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 197, carta 39. Bragança, 1986. 1942.09.06 – Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas. // Publ.: Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 7, postal, truncado. Bragança, 1965. 1942.10.01 – José Montanha. // A propósito do pedido de colaboração formulado pelo secretário da ACL, referindo três comunicações a este anteriormente enviadas (sobre Hermisende, etc.), pede, com respeito a uma outra sobre os painéis de Nuno Gonçalves, a enviar agora: «Expõe este caso ao Quintela e, como quem não quer a coisa, apalpai o Raul e dizei-me o que devo fazer». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 197-198, carta 40. Bragança, 1986. 1942.10.03 – José Montanha. // Pedindo para lhe levar 50$00 de rapé, um queijo «manteigudo», e que «se não esqueça de ir à praça ver como está agora aquela flor (…)», e que a leve, se possível. // Publ.: Hirondino

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FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 39, p. 74. 1942.10.12 – José Montanha. // Afinal, «resolveu prefaciar o livro do Montês (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 40, p. 75. 1942.10.16 – José Montanha. // Remetido o prefácio para o livro de António Montês, vai tratar «da parlenga para a Academia das Ciências, depois do prefácio para o livro do Moura Coutinho e de assunto para ‘O Primeiro de Janeiro’ (…)». Quanto aos painéis de Nuno Gonçalves… // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 41, p. 75. 1942.10.30 – Dr. Armando dos Santos Pinto Pereira. // Pedindo para lhe arranjar fotografias «do seu focinho», etc. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 199, carta 41. Bragança, 1986. 1942.11.03 – Joaquim Leitão, scretário-geral da ACL. // Enviando uma comunicação para apresentar à Academia, pergunta se esta não quererá também aceitar como tal a Nova interpretação dos Painéis de São Vicente, e imprimi-la nas suas «Memórias». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 5.2/4: 491 (reprodução fac.) e 493, carta 12. Bragança, 1985. 1943.05.25 – P.e Júlio Machado. // Sobre as capelas do Roncal, da Ponte do Sabor, e de Santo António (Moncorvo). // Publ.: Joaquim M. REBELO, Ainda o 120º aniversário do nascimento do Abade de Baçal. «AB», ª s., 2/4: 49-50. Bragança, 1986. 1943.06.15 – José Montanha. // Lembrando o dia da festa, em Baçal, pede para, no caso da «trilogia» (Raúl Manuel Teixeira, José Montanha e António Pires Quintela) resolver ir, mandar fazer um folar… // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas inéditas do Abade de Baçal. Bragança, 1965, carta 5; Idem, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 42, p. 76. 1943.07.22 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 43, p. 76. 1943.08.17 – P.e Joaquim Manuel Rebelo, ainda «quando aluno de Teologia». // Informações bibliográficas, etc., a propósito de um cruzado de oiro do tempo de D. João V. // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1959.10.16. (Corrija-se o lapso havido no nome do destinatário). 1944.01.08 – Dr. Raúl Teixeira. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 199-200, bilhete postal 42. Bragança, 1986. 1944.01.19 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 200, carta 43. Bragança, 1986. 1944.04.19 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 200, carta 44. Bragança, 1986. 1944.05.09 – P.e Francisco José Afonso. // Nada lhe pode dizer da capela de Fresulfe, mas que veja se as «Memórias paroquiais», de que ele aproveitou… // Publ.: Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 39.

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TOMO I

1944.05.11 – Autor da canção «Terra Mãe» (António Alexandre de Matos?). // Cartão de visita agradecendo a canção «Terra Mãe» e dizendo-se convalescente de «perigoso ataque apoplético junto com gripe e pneumonia». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Inéditos, coligidos e coordenados por… Bragança, 1974, p. 79. 1944.05.30 – José Montanha. // Noticiando o aparecimento de três lápides, diz: «Grande alegria. Bota um pingato solene e manda repicar os sinos (…) Comunica ao Quintela e ao Raul (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 200-201, carta 45. Bragança, 1986. 1944.06.01 – «Mensageiro de Bragança». // «Agradecendo a tôdas as pessoas que se interessaram pelo seu restabelecimento durante a grave moléstia que o atacou (…)». // Publ.: «MB», 1444.06.01, p. 6, c.1. 1944.06.28 – José Montanha. // Sobre «a sua teoria da reconstituição social», que diz «será o seu testamento literario», do qual «há-de deixar (José Montanha) por testamenteiro cumpridor da sua ultima vontade». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 201-202, carta (46). Bragança, 1986. 1944.07.17 (a 20) – António Maria Mourinho. // Carta em que, no dizer do destinatário, «se revela (…) o arqueólogo, o estudioso e sapiente da proto-história, da vida e realidade castreja das nossas terras, e o conselheiro solícito (…)», sendo a segunda parte e todo o longo PS «um monumento de crítica máscula e amarga ao mesmo tempo (…)». // Publ.: António MOURINHO, O Abade de Baçal. O arqueólogo – o homem e o seu espírito crítico de mestre consumado. «Brigantia», 5.2/4: 703-706. Bragança, 1985. 1944.08.24 – Engº-Agrónomo José Bernardo Pereira Martins. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 10.4: 96, carta 61. Bragança, 1990. 1944.11.04 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Agradecendo o rapé oferecido «por intermedio do nosso Zé Montanha», explica por que razão «deve ao tabaco a sua vida». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 202-203, carta 47. Bragança, 1986. 1944.11.28 – José Rosa de Araújo. // Agradece um exemplar de «Aurora do Lima», felicita Rosa de Araújo «pela arte jornalística com que arquitecta sobre banalidades e frioleiras» (a propósito da ida a Viana ver artº acima citado) e, justificando o tratamento de «vós» – que «é o que usa para toda a gente que trata com estima» –, face a certas «conjecturas» deste, diz o que realmente pensa «ante a riquesa do palacete deixado para paço episcopal, que o conego Pires lhe mostrou». // Publ.: José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 263-264(-265). Bragança, 1985. 1944.11.29 – Dr. Arnaldo da Fonseca. // Diz quais as capelas (7) de Vilarinho da Castanheira e lembra como proceder perante a descoberta de uma sepultura com valor arqueológico. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Inéditos, coligidos e coordenados por… Bragança, 1974, p. 76-78. 1944.12.05 – José Rosa de Araújo. // Cartão a agradecer «Viana de algum dia», «frondoso ramalhete cheio de sainete regional», e a pedir um exemplar de

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«A Aurora do Lima», esperando que tenha recebido dois volumes das M. // Publ.: José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 263-264. Bragança, 1985. 1944.12.14 – José Rosa de Araújo. // Cartão a agradecer a «Confraria dos sapateiros de Viana» e os bons serviços prestados a um soldado que lhe recomendara. // Publ.: José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 266. Bragança, 1985. 1944.12.15 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 203, carta 48. Bragança, 1986. – «Mensageiro de Bragança». // Carta dando notícia do reaparecimento do pisco (ver, a propósito deste, M, 11: 286-288). // Publ.: «MB», 1945.01.01. 1944.12.27 – Dr. Alexandre de Matos. // Resposta ao pedido de um prefácio. / / Publ.: Alexandre de MATOS, Três inéditos do Abade de Baçal. A propósito do seu aniversário natalício. «TMAD», 12/13: 87-93, nº 1. Lisboa, 1949. 1945.01.08 – José Montanha. // Sobre a «andadura» («passo de lesma», dissera antes) da impressão do volume 11º das M. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 204, carta 49. Bragança, 1986. 1945.01.24 – P.e Francisco José Afonso. // Publ.: Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 39-40 (truncada). 1945.03.14 – P.e Firmino Augusto Martins. // Protesto de fé. // Publ.: Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 27. 1945.04.30 – José Rosa de Araújo. // Cartão a agradecer «A Aurora do Lima», com «referências laudatórias de Paulo Freire à sua pessoa». // Publ.: José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 266. Bragança, 1985. – Dr. António Alexandre de Matos. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 204, cartão 50. Bragança, 1986. 1945.05.08 – Presidente da Câmara de Vimioso, Francisco A. Pereira. // Respondendo ao pedido de redacção da história de Vimioso. // Publ.: Francisco Manuel ALVES e Adrião Martins AMADO, Vimoso. Notas monográficas. Coimbra, 1968, p. XV. 1945.08.26 – Monsenhor José de Castro. // Apoiando [«Apoiado, Apoiado, Apoiado, hiper-Apoiado, Apoiadissimo, Apoiadissimo for eiver» (sic)] a tese deste («um assombro») ao Congresso Quadricentenário. // Publ.: «Boletim do Museu do Abade de Baçal», 1.1: 35, fac-símile do original ms. Bragança, 1998.04.09. 1945.10.29 – P.e Firmino Augusto Martins. // Pedindo para adiar a «projectada reunião (…)», pois andava doente. // Publ.: Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 41. 1945.11.06 – Manuel António Ferreira. // Carta servindo de prefácio a «Cancioneiro trasmontano. Poemas», deste A. // Publ.: Manuel António FERREIRA, Cancioneiro trasmontano. Poemas. Bragança, 1971. 1945.12.05 – P.e Firmino Augusto Martins. // Pedindo cópia de um discurso que este proferira. // Publ.: Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 40-41 (truncado); Idem, O Abade de Baçal,

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honra da terra trasmontana e glória do clero de Bragança. «Brigantia», 5.2/4: 297. Bragança, 1985. 1946.01.30 – Dr. Alexandre de Matos. // A nova «Idade de Ouro». (Não deixe de relacionar-se com a carta de 1946.09.11 e com o artº «Vestígios da Idade do Ouro no viver de nossos avós de há dois mil anos», 1946). // Publ.: Alexandre de MATOS, Três inéditos do Abade de Baçal. A propósito do seu aniversário natalício. «TMAD», 12/13: 87-93, nº 3. Lisboa, 1949. 1946.03.13 – P.e Francisco José Afonso. // A estrada militar romana de Braga a Astorga, colaboração em jornais e revistas, etc. // Publ.: Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 42-43; Idem, O Abade de Baçal, honra da terra trasmontana e glória do clero de Bragança. «Brigantia», 5.2/4: 297-298 (truncada). Bragança, 1985. 1946.04.15 – Dr. Armando dos Santos Pereira. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 205, bilhete postal ilustrado 51. Bragança, 1986. 1946.04.16 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 205, cartão de visita 52. Bragança, 1986. 1946.04.28 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 44, p. 76-77. 1946.07.16 – José Montanha. // Informando não ter encontrado a leitura do foral de Freixo feita pelo P.e Tavares – «Provavelmente não veio para Bragança». Vistos dos corregedores escritos nas «costaneiras do foral». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 45, p. 77. 1946.09.11 – José Montanha. // As previsões de «célebre escritor inglês» e de Duhamel, e «o que ele viu há muito antes mesmo de surgir a bomba atómica». «No fim do mês conta ir para o Vimioso colher elementos para a monografia». (Ver carta de 1946.01.30). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 46, p. 78. 1946.12.12 – Prof. José Manuel Landeiro. // Correspondendo ao pedido de informações sobre cataventos e sua origem, fala, fundamentalmente, do galo nos cataventos das casas. // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 12-14. Porto, 1965. 1947.02.05 – Adalberto Rodrigues Pires. // Leitura, etc., de duas lápides romanas encontradas junto das ruínas da capela de S. Fagundo, termo de Urrós. // Publ.: Casimiro de Morais MACHADO, Antigualhas mogadourenses. Lápides funerárias romanas. «AB», 1ª s., 19: 14-15. Bragança, 1958. 1947.02.10 – José Montanha. // «O livro sobre o Vimioso» quase pronto; «Do bravo livro (…) para ser publicado depois do seu falecimento»; achado de duas lápides funerárias romanas (e consequente contentamento); etc. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 205-206, carta 53. Bragança, 1986. 1947.02.16 – P.e Francisco José Afonso. // Referência ao volume 11º das M – «estão impressas 540 páginas (…)» –, a Vimioso, etc. // Publ.: Francisco

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José AFONSO, O Abade de Baçal na intimidade. Bragança, 1966, p. 44; Idem, O Abade de Baçal, honra da terra trasmontana e glória do clero de Bragança. «Brigantia», 5.2/4: 298-299 (truncada). Bragança, 1985. 1947.03.18 – Prof. José Manuel Landeiro. // Respondendo a um pedido de informações sobre uns desenhos e ornamentos em pedra encontrados numa igreja de Penamacor. // Publ.: José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro. «Nummus», 8.1/2: 11. Porto, 1965. 1947.04.15 – José Montanha. // Que o Dr. Mós se não esqueça de lhe arranjar o «aparelho de urinar»; precaução para «evitar questões» entre os dois sobrinhos herdeiros; «arrelia» por os ratos lhe terem comido umas sementes de abóbora. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 47, p. 79. 1947.05.29 – José Rosa de Araújo. // Bilhete postal a agradecer os «Estudos de cerâmica castreja». // Publ.: José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 267. Bragança, 1985. 1947.06.29 – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 48, p. 79. 1947.10.07 – Revista «Ocidente». // A propósito de «um estudo sobre os famosos quadros de S. Vicente», que encontrou «ao dar uma arrumadela à papelosa». // Publ.: Morreu o Abade de Baçal. «Ocidente», 33: 133-134. Lisboa, 1947. 1947.10.23 – José Montanha. // Apesar da doença que avança inexoravelmente – pede para lhe enviar «pano grosseiro (…), forte como o pardo por causa das mijadelas (…)» – e não se esquece de lembrar: «Manda-me o frasco da tinta de meio litro». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 49, p. 81. s. d. – «Amigo C.». // Transcrevemos: «Não ha duvida: pelo amor que tenho aos livros e aos documentos antigos, sobretudo da nossa região, de bom grado aceito a direcção do Museu e biblioteca anexa e a minha recompensa será o ter feito alguma coisa em favor desta terra abandonada». // Publ.: Duas liteiras «por cinco escudos». Como se fundou o Museu Regional de Bragança graças á iniciativa do sr. dr. José de Figueiredo. «DL», 1935.04.12. s. d. – J. Leite de Vasconcelos. // A propósito dos vocábulos «cerdeiro/cerdeira», «cerejal» e «cerejo». // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 2: 93. Lisboa, 1936. s. d. – J. Leite de Vasconcelos. // «Informação particular» sobre a origem das povoações Cabanas de Baixo e Cabanas de Cima, no concelho de Moncorvo. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 2: 549, nota 2. Lisboa, 1936. s. d. – J. Leite de Vasconcelos. // Carta a informar que a Terra de Lomba «formava outrora o concelho de Vilar Sêco de Lomba (…)». // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 3: 156. Lisboa, 1942. s. d. – J. Leite de Vasconcelos. // Informações que estão na base do artº «Baixa Lombada» (e «A Lombada» ?). // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 3: 160-161(-163?). Lisboa, 1942.

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s. d. – J. Leite de Vasconcelos. // «O Rev. P.e Alves, abade de Baçal, minha constante guia em cousas trasmontanas, completa-me esta informação (do Abade Tavares), dizendo-me que tambem ouviu designar por Trás-do-Cêrro o conjunto das povoações que ficam do lado meridional da referida serra (Roboredo) (…)». // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 3: 179. Lisboa, 1942. s. d. («depois de 1916») – J. Leite de Vasconcelos. // Carta, «quase integralmente reproduzida», com «indicações sobre os trajos dos arredores de Bragança». // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 6: 484-485. Lisboa, 1975. s. d. – J. Leite de Vasconcelos. // Transcrição de breve parágrafo sobre a «cristianização» das encruzilhadas. // Publ.: J. Leite de VASCONCELOS, Etnografia portuguesa, 7: 61. Lisboa, 1980. s. d. – Prof. Manuel Maria Chamorro. // Postal a agradecer o desenho de uma lança. // Publ.: Cartas do Abade de Baçal. «MB», 1958.02.07. s. d. (1944 ?) – José Montanha. // Pedindo para lhe «arreglar» o caso de o sobrinho não ter apresentado no Celeiro, de Bragança, tanto centeio quanto havia manifestado. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 50, p. 81-82. s. d. – José Montanha. // Ouvindo, mais uma vez, a opinião de José Montanha sobre se deve ou não levar alguma coisa pela história do concelho de Vimioso, que lhe pedem para escrever. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 51, p. 82. s. d. – José Montanha. // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 52, p. 83. s. d. – José Montanha. // Lembrando o dia da festa, pede para avisar o Raúl, o Quintela e o Chico Mós, dizendo ter já «dois torradeiros (…)». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 53, p. 83. s. d. – José Montanha. // Apenas para que «Vá ao Museu e arrume no armário as panelas desenhadas pelo Vinhas que ficaram na mesa da varanda não seja que as escaque algum visitante». // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 54, p. 84. s. d. – José Montanha. // As pernas «não querem andar (…)». Pede para lhe enviar uma seringa … // Publ.: Hirondino FERNANDES, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Bragança, 1973, carta 55, p. 84. s. d. – Tipografia Guedes (Porto). // Publ.: Hirondino FERNANDES, Bibliografia. Alves. «Brigantia», 6.1/3: 206, carta 54. Bragança, 1986.

BIBLIOGRAFIA PASSIVA A – A., Perfil do Abade de Baçal. «Diário do Norte», 1965.04.15, p. 4-5, «Página das Letras». // V. de A., A sciencia e a clerisia. «Correio dos Açores», 1910.11.27. / Apreciação ao 1º volume das M. // A propósito do Abade de

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Baçal. «Notícias de Trás-os-Montes», 1969.12.01; «DM», 1969.12.25 (excepto a introdução), sob o título «Os altos serviços prestados ao País no campo da história pelo Abade de Baçal», 2 grav. / O propagandear da bondade do Abade, do seu calcurrear montes e vales, a pé, com um pão centeio e um salpicão no saco, etc., e a maneira como o A. gostaria de o ver homenageado: «(…) com provas maciças dos altos serviços prestados (…) à nação portuguesa e mais particularmente à história da província transmontana (…)». // Abade de Baçal. «PJ», 1941.08.29. / Reportagem gráfica: Fachada da casa; trecho da varanda; mesa de trabalho, na mesma varanda; «escritório» ao ar livre; e dois «instantâneos na intimidade da sua moradia». // Abade (O) de Baçal. «Notícias de Famalicão», 1947.11.22, p. 1. // Abade (O) de Baçal. «Terra Quente», 1997.12.01, p. 8, sec. «Notícias diversas». / Extractamos: «Não era um padre como os outros (…) Quando nos apanhava lá a vender velas e a comprar cortiços, levava-nos para casa. Em cima de uma mesa ou de uma arca, estendia um jornal e punha um peixe de bacalhau e um pão. E começava logo a falar (…) / Estranhamente e, sendo monumental a obra do padre Francisco Manuel Alves, não era nada acessível, antes pelo contrário, aos estudantes, nem sequer aos do Seminário diocesano, naquela década de sessenta. Ao longo de 10 anos de estudante não me recordo sequer de algum professor de história, sociologia, português… ter feito qualquer referência ao assunto (…)». // Abade (O) de Baçal. Abel Salazar no cinquentenário da sua morte. Organização: IPM, Casa Museu Abel Salazar, Comissão das Comemorações do Cinquentenário da Morte do Abade de Baçal. Coordenação: Maria Luísa Garcia Fernandes, João (e não José) Manuel Neto Jacob. Comissário da Exposição: Prof. Amândio Silva. Fotografias: José Pessoa – A. N. F, IPM. S. l., s. d., inum., il., capa com resguardo il. color. / Insere: Nuno GRANDE, O Abade Baçal, referência de Abel Salazar, p. (5-6); João Manuel Neto JACOB, Abel Salazar e o Abade de Baçal – breve nota, p. (7); Correspondência de Abel Salazar para o Abade de Baçal, p. (9-25); Carta do Abade de Baçal para Abel Salazar (de 1936.01.10), p. (27-31); e Catálogo das obras de Abel Salazar em exposição (23 óleos), p. (33). // Abade de Baçal. Cinquentenário da morte. Exposição. Bragança 13 Novembro – 20 Dezembro 1997. (Coordenação do Catálogo e da Exposição, João Manuel Neto Jacob). Instituto Português de Museus, Museu do Abade de Baçal, Câmara Municipal de Bragança, s. d. (117506/ 97, d. l.), 110+(2) p., prof. il. (algumas color.), capa il. / «Catálogo» da exposição que se refere, reproduz inúmeras gravuras (do maior interesse as dos manuscritos, inéditas), p. 41-90, para além de vários textos, transcritos de «CP», «Terras de Bragança» (de António Quintela), «A Voz» (de Cândida Florinda Ferreira), e uma conferência de José Timóteo Montalvão Machado (1965). // Abade (O) de Baçal e os judeus. «PJ», 1979.07.18. // Abade de Baçal. Padre Francisco Manuel Alves. Nota auto-biográfica. «Terras de Bragança», 1935.04.09. // Abade (O) de Baçal visto por um estudante que o foi há 43 anos. «Brigantia», 5.2/4: 323-327. Bragança, 1985. / Entrevista com António Alberto Jorge Lopes, conduzida, segundo se depreende do

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texto, por Belarmino Afonso. // «Actas do Colóquio O Abade de Baçal» (Bragança, 1997. Novembro, 14/15). Coordenação: João Manuel Neto Jacob. Financiado pelo FEDER no âmbito do Sub-Programa C do PRONORTE. Instituto Português de Museus, Museu do Abade de Baçal, Câmara Municipal de Bragança. Bragança, (Artegráfica Brigantina), 1999 (147128/00, d. l.), 135 p., capa il. / Reúne as seguintes comunicações então apresentadas: José d’ENCARNAÇÃO, Abade de Baçal, epigrafista, p. 17-23, il.; Victor ALVES, A cultura finissecular na periferia: o exemplo do Abade de Baçal, p. 25-47; Henrique FERREIRA, Para uma epistemologia da análise da transmontaneidade na obra do Abade de Baçal, p. 49-55; Francisco de Sande LEMOS, O Abade de Baçal. Arqueologia e território, p. 57-62; João Manuel Neto JACOB, O Abade e o Museu Regional, p. 63-98; Belarmino AFONSO, O franciscanismo nos ditos do Abade de Baçal, p. 99-108; Telmo VERDELHO, As Memórias… do distrito de Bragança. Um roteiro do amor à terra, p. 109-122; Hirondino da Paixão FERNANDES, «Eu tenho a maior parte dessas obras»: Obras que Alves tinha e obras que Bragança não tem, p. 123-128; Erneso José RODRIGUES, A «estilística» das Memórias…, p. 129-133. // Cabral ADÃO, Abade de Baçal. «Ecos de Belém», 1965.05.15, p. 1. / Referência à «Pequena história de uma vida gloriosa» de Francisco Felgueiras, abaixo citada. // Idem, Abade de Baçal. «Jornal de Almada», 1977.11.22, sec. «De improviso». // Idem, O batente da Titá. «Correio dos Açores», 1957.02.28. // Idem, Lição de eternidade. (No centenário do Abade de Baçal). (Poesia). «AB», 2ª s., 17: 11. Bragança, 1965. // Idem, A modéstia do Sábio. «Jornal de Almada», 1977.12.20, sec. «De improviso». // Idem, O pisco. «JN», 1965.05.19, p. 8. // António Nogueira AFONSO, Abade de Baçal. O arqueólogo e o padre. «A Voz do Nordeste», 1985.11.15, 1 grav. // Belarmino AFONSO, O Abade de Baçal na tradição e nos escritos. «MB», 1980.04.25. // Idem, O Abade de Baçal, uma figura histórica. «Domus», 1980. Agosto. // Idem, Uma notícia arqueológica – Mais estelas funerárias. «Brigantia», 5.2/4: 695-701. Bragança, 1985. / Breve referência a Alves na parte introdutória. // Idem. Ver, acima, O Abade de Baçal visto por um estudante que o foi há 43 anos. // Idem. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Berta AFONSO, Subsídios para o estudo da comunidade judaica de Mogadouro no século XVII. O processo de Maria Brandoa. «Brigantia», 5.2/4: 607-636. Bragança, 1985. / Breve referência a Alves na «Introdução». // Francisco José AFONSO, O Abade de Baçal, honra da terra trasmontana e glória do clero de Bragança. «Brigantia», 5.2/4: 293-306. Bragança, 1985. // Idem, O Abade de Baçal na intimidade. (Subsídios para a biografia de um sábio). Sep. («AB», 3ª s., 4: 65-104. Bragança, 1966. Maio, il.), Bragança, 1966, il. // Idem (Barrondas da Serra), No Alto da Coroa. O sábio Abade de Baçal. «Traz-os-Montes», 1945.11.01. // Idem (Barrondas da Serra), Serra da Coroa, Vinhais. Uma placa de bronze com inscrição notável clama pelo seu lugar histórico. «MB», 1978.08.11. / A placa recordando a última excursão arqueológica de Alves «Foi lançada vandalicamente por terra. Porém, mãos carinhosas souberam recolhê-la e guardá-la na aldeia de Travanca (…)». //

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Idem, Tombou o Gigante. «Renascença», 1947.12.01. / Breve notícia do falecimento de Alves. // Marcolino AFONSO, Abade de Baçal, gloria contemporanea de Traz-os-Montes!. «Traz-os-Montes», 1935.03.01, p. 1 e 2. // Idem, Em vesperas de se cometer um grande erro. «Traz-os-Montes», 1935.03.16, p. 1. / O erro de erguer o busto de Alves no Jardim António José de Almeida e não na Avenida João da Cruz, «como a principio, com toda a razão e com toda a logica, fôra determinado». // Idem, O monumento ao Abade de Baçal. Onde está a razão?!. «Traz-os-Montes», 1935.04.01, p. 1. // Idem, Uma visita ao glorioso sábio Abade de Baçal. «O Comércio de Chaves», 1940.12.28, p. 1, 1 grav. / Encimado por «Um dos mais notáveis trasmontanos de todo os tempos – amigo e admirador de Chaves!», o artigo apresenta como subtítulo: «Como vive e como trabalha o antigo pároco de Mairos. / «Chaves, minha mãi espiritual!». / «… E foi assim que, depois de ter nascido em Bragança, se fortaleceu em Terras Flávias a minha paixão pela arqueologia!». Evocação saudosa de velhos tempos. A tradicional e sincera amizade entre Bragançanos e Flavienses. // Algumas horas em Baçal. «MB», 1944.08.01. // José Maria de ALMEIDA, O Sr. Abade de Baçal. «Novidades», 1935.04.10, p. 6. / No final, «Novidades» dá conta dos diferentes números das homenagens prestadas a Alves. / Ver, do mesmo A., a recensão ao 8º volume das M. // Justino Mendes de ALMEIDA, A projecção da obra do Abade de Baçal. «AB», 7ª s., 8: 10-20. Bragança, 1985. Maio; «MB», 1985.04.19, p. 8 (brevíssima nota), e, do mesmo, «Estudos de história da cultura portuguesa». UAL Universidade Autónoma de Lisboa. Lisboa, 1996, p. 405-421. / Conferência proferida no Museu do Abade de Baçal em 9 de Abril de 1985, integrada nas Comemorações do 120º Aniversário do Nascimento do Abade de Baçal. // Alves (Padre Francisco Manuel). «GEPB», II: 218 e XXXVIII: 233, «Alves, Padre Francisco Manuel», com retrato. // (ALVES, M, 7: 16-19; 8: 79; 10: 303-311 e 617-621; e 11: 688-690). // Vítor ALVES. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Pacheco de ANDRADE, Um trasmontano puro. «Notícias de Trás-os-Montes», 1972.05.27, em transcrição de «Voz Portucalense» (sem indicação de data). / Referência a Alves, do qual narra as histórias da pedra que este levou aos tombos para junto do pombal, atrás da casa, onde lhe servia de secretária, e do «chocalho» … («Ai! que lá se me foi o chocalho!»). // Acácio ANSELMO, O meu testemunho. «Brigantia», 5.2/4: 313-314. Bragança, 1985. // ANTÓNIO-LINO, Como os homens, os povos só morrem quando são esquecidos. Em memória do Abade de Baçal. «Brigantia», 5.2/4: 561-567. Bragança, 1985. // Idem, Homenagem ao Abade de Baçal. «MB», 1986.07.11, p. 6. / Ainda em «MB», 1988.08.12, p. 3, sugerirá a reedição de «A Restauração de 1640 no distrito de Bragança», «agora que foram reeditados os onze volumes (…)». // «Ao Abade de Baçal. Padre Francisco Manuel Alves. No dia do seu 70º aniversário natalício e da inauguração do seu monumento em Bragança», Porto, Tip. Empresa Guedes, L.da, 4 p. (23x52), il. (retrato de Alves); «AB», 1ª s., 37: 17-19. Bragança, 1962. / «Número único dedicado aos alunos do Liceu de Bragança e das

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escolas primárias do distrito», reproduz, parcialmente, a nota autobiográfica das M, 7: 16-19, duas breves apreciações (de Abel Salazar e de J. Leite de Vasconcelos) e os artigos: Exemplo a seguir, por Adriano Rodrigues; Aos rapazes das escolas primárias de Bragança, por Alfredo Pimenta; O amor à terra natal (16 linhas), por António Baião; e Às crianças das escolas primárias de Bragança na festa de consagração do Abade de Baçal, P.e Francisco Manuel Alves, por Augusto Moreno. / Ver José Rodrigues MONTEIRO, Correspondência de Raúl Teixeira para Abel Salazar. «AB», 7ª s., 7: 26 (carta esclarecedora das origens e fim desta edição). Bragança, 1985. Abril. // Ao Rv.mo sr. Abbade P.e F. Alves. «GB», 1908.08.23. / O A. é correspondente de «CP». // Álvaro de Mendonça Machado de ARAÚJO, Duas observações sobre o livro do Rev.do Reitor de Baçal. «O Nordeste», 1910.05.27. // José Rosa de ARAÚJO, O Abade de Baçal que conheci. «Brigantia», 5.2/4: 255-269. Bragança, 1985. / Inclui várias cartas de Alves, a si endereçadas. // Idem, O Sr. Abade de Baçal esteve em Viana. «A Aurora do Lima», 1944.11.21, e «Brigantia», 5.2/4: 260-263. Bragança, 1985. // Idem, Cartas do Abade de Baçal. «A Aurora do Lima», 1956.07.03 e 17; reimpressas (excepto um cartão) no título que acabámos de referir «O Abade de Baçal que conheci». // Idem, Um grande sábio, glória de Bragança. «A Aurora do Lima», 1939.02.03, p. 1. (J. R. de A.). // Norberto de ARAÚJO, O abade de Baçal está em Lisboa. O retrato fisico e moral do sabio trasmontano, a sua obra e a sua individualidade bem portuguesa. «DL», 1935.11.09, p. 5, 1 grav., e «A Voz», 1935.11.11, p. 3 e 4, 1 grav. («O abade de Baçal. O retrato físico e moral do ilustre sabio, pelo jornalista…»). // Beatriz ARNUT, O douto Reitor de Baçal e a sua grandiosa obra. «Traz-os-Montes», 1933.04.01, sec. «Do meu cantinho». // Conde d’AURORA, No centenário do nascimento do Abade de Baçal. O seu braço direito… (Raúl Teixeira). «AB», 2ª s., 14/16: 70-71. Bragança, 1965. // Pedro de AZEVEDO, «Parecer acêrca da candidatura do sr. Francisco Manuel Alves a sócio correspondente». «Boletim da Segunda Classe» (ACL), 17: 182-184. Coimbra, 1927. / Original manuscrito no processo de Alves, na ACL, assinado por António Baião, Francisco Maria Esteves Pereira e Pedro de Azevedo (relator), com data de 1923.07.26. B – Baçal íman dos estudiosos. Ecos duma entrevista. «MB», 1945.03.10. / «Ecos» da entrevista concedida por Alves a António Mourinho, e publicada em «Novidades». Ver este autor. // António Correia de BARROS, O Abade de Baçal, transmontano ilustre. «Além-Douro», 1969.11.27, 2 grav. / Conferência proferida no Clube Trasmontano de Angola (Luanda). // Maria de Lourdes BÁRTHOLO, O Abade de Baçal e o Museu Regional de Bragança. «Novidades», 1965.05.17, supl. «Letras e Artes», e «MB», 1969.11.21. // Zanzan de BIBANZÉ, Filosofias do Teodóro. III – Teodóro vagamundo. O Abade de Baçal. «O Povo Feirense», 1938.11.26, p. 1 e 2. / «Apreciação» da palestra radiofónica de António Montês, «antes de a publicar», segundo ALVES, «Bibliografia». // «Biografia do P.e Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal». «JN», 1965.01.26, p. 3. / Resposta de um Vilaflorense do Porto à

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pergunta «Qual a biografia do P.e Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal?». // Armando BOAVENTURA, As homenagens ao Abade de Baçal. Notas de reportagem da grande festa de Bragança, com que foi exalçada a obra de um erudito posta ao serviço do patriotismo. «DN», 1935.04.11, 3 grav. // Manuel BOAVENTURA, Abade de Baçal. As suas distracções e o seu humorismo lusíada. O terno de casimira e os sapatos «formados» em Coimbra… «Correio do Minho», 1948.03.06, p. 3 e 4. / Não assinado, é, porém, deste A., conforme edição de 1948.03.07, p. 1. // Gil de BRAGANÇA, Duas glórias de Trás-os-Montes. Francisco Manuel Alves e José Augusto Tavares. «Club Trasmontano de Angola», nº único comemorativo do XXV aniversário. Luanda, 1938. Abril, p. (20). // Adérito BRANCO, Abade de Baçal. Vida e obra. João Azevedo Editor, Terra Transmontana, 1997. // João Diogo Alarcão de Carvalho BRANCO, Dedicatória do opúsculo da Associação Portuguesa das Casas Antigas, Catálogo dos imóveis classificados. 4 – Distrito de Bragança, (Lisboa?, 1984), em que tece a Alves os mais rasgados elogios, concluindo: «A enorme dimensão do seu legado cultural permite-nos afirmar ser impossível estudar a Região de Bragança sem conhecer o que sobre ela publicou o Abade de Baçal». // Domingos de Pinho BRANDÃO, Evocando o Abade de Baçal. Algumas facetas da sua personalidade. «Lucerna», 5: 52-71. Porto, 1966, il. / Discurso pronunciado no IV Colóquio Portuense de Arqueologia (Porto, 4-6 de Junho de 1965), fora já publicado, «com algumas modificações», na «Revista de Etnografia», 10: 263-278. Porto, 1965, «Dado o interesse da obra do Abade de Baçal no domínio da Etnografia» («Lucerna», 5: 71, nota). / Alguns passos desta conferência poderão ver-se ainda na breve nota do referido Colóquio dada por «AB», 3ª s., 1: 49-51. Bragança, 1965. Agosto. C – C., Notas sobre a monografia de Vimioso do Abade de Baçal. «MB», 1959.05.29. // Idem, O Abade de Baçal e a vila de Vimioso. «MB», 1965.04.23. // M. C., P.e Francisco Manuel Alves. «Jornal de Bragança», 1910.08.17, p. 3, c.4, sec. «Individualidades». // Morais CALADO, O Nordeste Transmontano nas duas primeiras décadas do século XX. «AB», 4ª s., 14: 5-24. Bragança, 1970. Agosto, il. / Palestra proferida em reunião dos Rotários de Aveiro, em 1970.04.05, com várias referências a Alves. // Marta Mesquita da CÂMARA, Uma visita ao abade de Baçal. A simplicidade de um arqueólogo e investigador ilustre. «PJ», 1941.07.29, p. 1 e 5, 1 grav. / Acompanhavam-na na visita, como declara, Raúl Teixeira e José Montanha. // José Joaquim de CAMPOS, Como eu vejo o Abade de Baçal. «Brigantia», 5.2/4: 307-311. Bragança, 1985. // Francisco CÂNCIO, Galeria de amigos do povo: III – O Abade de Baçal, Francisco Manuel Alves. «MCP», 2.20: 15. Lisboa, 1948. // Bento de Jesus CARAÇA, Nota de uma viagem, datada de «Bragança, 1942.25 de Setembro». «Seara Nova», 46.1472: 193. Lisboa, 1968. Junho, e «AB», 4ª s., 4: 42-43. Bragança, 1968. Julho. / «Coisa indescutível, este Baçal e a casa do abade e, acima de tudo, o próprio abade (…)». // Manuel CARDONA, Abade de Baçal. «A Voz de Trás-os-Montes», 1947.12.04:

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«(…) sentida homenagem à memória do grande Abade de Baçal com quem tivemos o inesquecível prazer de conviver uns curtos e fugitivos anos». // Mário CARDOSO, Centenário do nascimento do Abade de Baçal. «RG», 75: 192-194. Guimarães, 1965, 1 grav. // Eduardo CARVALHO, Bragança no ano de 1905. Uma polémica que ficou esquecida. «AB», 3ª s., 8: 27-47. Bragança, 1967. // Idem, «Cardo Cultural. Notas e comentários». «O Cardo», 1983.02.14. / Referindo a publicação (que fez) de dois volumes, através de «AB», e a de todos os volumes, das M, por parte do Museu, EC lamenta que Alves não tenha encontrado «quem o lesse por ‘aquelas’ paragens bragançanas ou então (…)», tendo-o lido… // Idem, Centenário do Abade de Baçal 9.4.1865 - 9.4.1965. «Rataplan», 1965. Março, p. 3, com retrato (Alves). // Idem, Um mestre da defesa e conservação do património: Padre Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal). «AB», Abril/Junho, p. 33-34. Bragança, 1978, 1 grav. // Idem, Uma dívida da região bragançana à região flaviense. (No 8º aniversário da nomeação do Padre Francisco Manuel Alves para pároco de Mairos). «AB», 4ª s., 10: 2-7. Bragança, 1969, 4 grav., e «MB», 1969.09.12, 1 grav. // Idem, 11 de Novembro de 1947. In memoriam. Padre Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal. «Novos Tempos», Bragança, 1980. Novembro. // Idem, O Padre Francisco Manuel Alves, pároco de Mairos. «AB», 4ª s., 8: 4-10. Bragança, 1969, 2 grav. (retrato de Alves e fac. de uma carta), e «MB», 1969.06.06, 1 grav. // Idem, Pontos controversos da história de Bragança. «Além-Douro», 1970.03.12; «AB», 4ª s., 13: 8-12. Bragança, 1970. Maio; «Tellus», 2: 29-30, e 3/4: 18-20 (ligeiramente acrescentado o parágrafo final). Vila Real, 1978 e 1979. / Comunicação ao Congresso Luso-Espanhol de Estudos Medievais, realizado no Porto, Junho de 1968, sobre um problema específico do volume I das M. // Idem, Viagem através das «Memórias» – Abade de Baçal. «AB», 7ª s., 11/12: 10-18. Bragança, 1985. Dezembro. / Conferência proferida no Cine-Teatro Torralta, em 1985.05.10, no âmbito das comemorações do 120º aniversário do nascimento de Alves. // Martins de CARVALHO, Dicionário bibliográfico militar, 1: 67-68. / Breve nota biobibliográfica, com transcrição dos «últimos períodos do artigo» «Ao dia 12 de Junho». // Fernando CASTELO-BRANCO, Baçal, Abade de (Padre Francisco Manuel Alves). «Dicionário de História de Portugal» (dir. Joel Serrão), 1: 267. Porto, 1979. // Idem, Uma sobrevivência da religião romana em Portugal. «AB», 2ª s., 14/16: 40-43. Bragança, 1965. / «Chama a atenção para a importância» de uma «breve notícia» de Alves, inserta nas M. // José de CASTRO, O Abade de Baçal, morte de um sábio cristão. «Novidades», 1947.11.23, supl. «Letras e Artes», 1 grav., e «AB», 2ª s., 14/16: 17-18. Bragança, 1965 (truncada e com o título «A morte do Abade de Baçal»). / É uma antecipação do capítulo final da conferência «A vida e obra do Abade de Baçal». // Idem, Bragança e Miranda, 4: 256-257. Porto, 1951. // Idem, Honestidade intelectual. «MB», 1945.04.10. // Idem, A vida e a obra do Abade de Baçal. «Novidades», 1947.12.14, supl. «Letras e Artes» (sob o título «O Abade de Baçal evocado por…»); «MB», 1947.12.20 (a parte final); «Flama», 1947. Dezembro (os

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episódios «O franciscanismo do Abade» e «As andorinhas e abelhas»); «TMAD», 6: 309-322. Lisboa, 1948. Setembro, e, como «Prefácio», na obra do próprio, «A Santa e Real Casa da Misericórdia de Bragança». Lisboa, 1948, p. 7-34. / Conferência proferida na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro (Lisboa) em 1947.12.13, foi repetida a convite da Casa da Imprensa e do Livro (Porto) no salão de festas do Coliseu desta cidade em 1948.02.13. // CELSO, Abade de Baçal. «JN», 1938.11.27, p. 2, c.1-2. // Amândio CÉSAR, O Abade de Baçal e a Portugalia. «Escola Remoçada», 1965.05.01. / Reproduz, em fac., um postal de Alves endereçado a Rocha Peixoto. // Luís CHAVES, Abade de Baçal. A homenagem de Bragança. «Bandarra», 1935.04.06, p. 2. // Idem, O Abade de Baçal, bragançano de antes quebrar que torcer. «Ethnos», 4: 43-57. Lisboa, 1965, 2 grav. extratexto. / Ref.: «A Voz», 1965.08.14, p. 3, c.3. // Idem, O Abade de Baçal, P.e Francisco Manuel Alves. «Ocidente», 19: 96-98. Lisboa, 1943. // Idem, O «Abade de Baçal». Perfil do sábio bragançano: Comemorações centenárias. «MCP», 231: 4-6. Lisboa, 1965. Setembro. // Confidências do Abade de Baçal a seus amigos. Duas cartas a José Montanha e outra ao doutor Artur Águedo de Oliveira. «AB», 5ª s., 17: 9-11. Bragança, 1974. Março. / Para além das cartas acima mencionadas, uma brevíssima introdução de Eduardo Carvalho. // Adelino CORDEIRO, Impressões duma viagem. Costumes de Bragança. «A Aurora do Lima», 1934.08.24 e 31 e 09.07. / Referência a Alves no cap. «Trajes de Bragança». // Francisco António CORREIA, «Discurso pronunciado na sessão solene realizada em 9 de Abril de 1935, no salão da Biblioteca do Museu Regional de Bragança, em homenagen do sr. Abade de Baçal». «Boletim da Academia das Ciências de Lisboa», nova série, 7: 145-151. Lisboa, 1935, e «Abade de Baçal. Cinquentenário da morte. Exposição. Bragança, 13 Novembro – 20 Dezembro 1997». Instituto Português de Museus, Museu do Abade de Baçal, Câmara Municipal de Bragança, 1997, p. 17-19; anteriormente, «CP», 1935.04.11. // João de Araújo CORREIA, Francisco. «AB», 2ª s., 14/16: 2-3. Bragança, 1965. Março, e, do mesmo, «Horas mortas». Régua, 1968, p. 33-37, e «O mestre de nós todos (Antologia)». Organização de José Braga-Amaral. Porto, Campo das Letras, Editores, 1999, p. 386-388. // Idem, Sua Excelência o livro (crónica datada de 7-5-66). Do mesmo, «O mestre de nós todos (Antologia)». Organização de José Braga-Amaral. Porto, Campo das Letras, Editores, 1999, p. 342-343. // Vergílio CORREIA, O Reitor de Baçal. «Diário de Coimbra», 1939.01.16 e «DL», 1939.01.17, p. 1 (três pequenos parágrafos). // Magalhães COSTA, P.e Francisco Manuel Alves, abade de Baçal. «Diário do Minho», 1947.11.15. // Sousa COSTA, O Abade de Baçal na «Ilustração Trasmontana». «PJ», 1947.12.17, p. 1 e 2. // Leopoldo G. COTOVIA, O espólio do Abade. «Nordeste», 1997.04.21, p. 7. / Referindo o acervo de livros por este doados ao Liceu de Bragança di-los «arrecadados ao fundo da sala nº 5 (ou de Desenho), situada ao cima das escadas (…)». // F. de Moura COUTINHO, Carta aberta ao Sr. Padre Francisco Alves. «A Pátria Nova», 1908.12.02. / Congratulando-se com a nomeação de Alves para edil de Bragança,

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lembra-lhe a necessidade de restaurar a «Domus», onde se abrigariam os espécimes arqueológicos carreados pelo capitão Lopo. // Idem, Rectificando. Ao Abade de Baçal. «O Montanhês do Norte», 1913.08.10. / Rectificação de uma notícia dada por Alves sobre a naturalidade de Amaro Vicente Pavão de Sousa. // João COUTO, Recordações. «AB», 2ª s., 14/16: 26. Bragança, 1965: «As vezes que lidei com o P.e Francisco Manuel Alves (…)». // Maria de Montalvão CUNHA, O Abade e o pisco. «Panorama da Verdade». Bragança, Escola Tipográfica, 1981. // Idem, Abade de Baçal no primeiro centenário do seu nascimento. «CP», 1965.04.09, p. 2, 1 grav. // Idem, As flores da nossa saudade. «AB», 4ª s., 11: 4-5. Bragança, 1969. / «Já lá vão oitenta anos – longos anos! – sobre aquele momento em que o Saudoso Padre Francisco Manuel Alves entrou, pela vez primeira, na terra de Mairos». D – Manuel Ferreira DEUSDADO, Homenagem a um inclito sacerdote. «Liberdade», 1919.01.09, p. 2, c.2-3. / Mensagem lida por ocasião da oferta de um artístico cálice de ouro a Alves. // Jorge DIAS, O Abade de Baçal como etnógrafo. «Brigantia», 5.2/4: 341-344. Bragança, 1985. / Conferência proferida em 1965, na Associação dos Arqueólogos Portugueses (Lisboa). // Dicionário cronológico, 2: 488-489, «Baçal, Abade de». Lisboa, 1990. // Dicionário enciclopédico, 1: 57, il., «Abade de Baçal». // Sant’Ana DIONÍSIO, Ares de Trás-os-Montes. Porto, 1977. // Idem, No centenário do nascimento do Abade de Baçal. «PJ», 1965.04.07, p. 8, «Das Artes. Das Letras», 2 grav. // Duas liteiras «por cinco escudos». Como se fundou o Museu Regional de Bragança graças á iniciativa do sr. dr. José de Figueiredo. «DL», 1935.04.12, p. 4 (com transcrição de uma pequena carta de Alves), e ALVES, M, 10: 333-334. E – José d’ENCARNAÇÃO. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // William G. ENTWISTLE, The year’s work. «Modern Languages Studies», 2. London, 1932. / Apreciação crítica «da obra toda em geral», segundo Alves declara no processo para a APH. Ver resposta do mesmo em M, 8: 17-18. // Epistolário. Do Reitor de Baçal, P.e Francisco Manuel Alves, ao General F. A. Martins de Carvalho. «Arquivo de Bibliografia Portuguesa», 1: 350-354. Coimbra, 1955. / Três cartas, que acima se referem. F – Famoso (O) pisco do Abade de Baçal regressou de novo ao seu antigo ninho … «PJ», 1948.01.09, p. 1 e 2. // Francisco FELGUEIRAS, Iniciação arqueológica. V. Museus bragançanos. «AB», 5ª s., 5: 3-18. Bragança, 1971. / Veja-se o capítulo «Como se fundou o Museu Regional de Bragança», p. 9-18. // Idem, Luzes no século. Apelo aos estudantes de Bragança. «AB», 3ª s., 9: 8-15. Bragança, 1967. / Do quadro das «luzes no século» destaca o nome de Alves cuja reedição das M diz impor-se. // Idem, Monografias bragançanas. VI. Baçal. «AB», 3ª s., 8: 11-24. Bragança, 1967. // Idem, Pequena história de uma vida gloriosa. (Abade de Baçal). Edição de «Amigos de Bragança».

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Bragança, 1965, 61+(2) p., il. // Idem, Última peregrinação. «AB», 4ª s., 11: 3-4. Bragança, 1969. // Hirondino da Paixão FERNANDES, Aniversário a relembrar. «MB», 1980.04.18. / Aponta aquilo que é para si a melhor maneira de relembrar o nome de Alves: «coligindo os seus dispersos e ordenando as Memórias», «criando em Baçal, na que foi a sua casa, um museu de ergologia», etc. // Idem, Bibliografia do distrito de Bragança. Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal). «Brigantia», 5.2/4: 349-496, 6.1/3: 37-218, 10.4: 69-101 e 12.4: 79-140. Bragança, 1985-1993. / Bibliografia activa e passiva, publicação de vários inéditos de que acima demos conta, e iconografia. // Idem, Cartas do Abade de Baçal a José Montanha. Sep. («Presença», 4ª s., 1: 81-148. Bragança, 1972, il.), Bragança, 1973, com breve prefácio e notas (muitas das cartas em reprodução fac.). // Idem, Cartas inéditas do Abade de Baçal. «Presença», 2ª s., 2. Bragança, 1965. / Cinco cartas, com fac. de uma. // Idem, Correspondência de e para Raúl Teixeira. Sep. («Brigantia», 13.3/4: 31-66. Bragança, 1993), Bragança, 1993. / A maior parte desta correspondência é endereçada a Alves (40) e na outra também há, por vezes, referências ao mesmo. // Idem, Um inédito do Abade. «AB», 2ª s., 14/16: 13-14. Bragança, 1965. [Não seria(/não será?) a única vez a enganarmo-nos com os «inéditos» de Alves – este já havia sido incluído nas M, 7: 545. Ver acima, a propósito, «A obra do Padre Martins Capela», 1942]. // Idem, Inéditos coligidos e coordenados por… Sep. («MB», 1973.06.01 a 1974.07.12), Bragança, 1974. // Idem, A Única maneira. «Brigantia», 1.0: 127-132. Bragança, 1981, il. / Sentindo a necessidade da colaboração de todos os Bragançanos para o bom êxito da tarefa em que andava/anda empenhado – a «Bibliografia do distrito de Bragança» – lembra o apoio que a Alves foi dado pela «trilogia, e o sextum-virato, e aquela a que o mesmo Abade chama Junta de Educação Nacional Bragançana, e as Câmaras do distrito, e os três governadores civis, e os dois bispos, e o clero, e os professores primários, e os oficiais de Infantaria 10, e tantas, tantas pessoas como constam da sua obra», «única maneira» de o Museu passar de «armazém de velharias amontoadas sem arte» e o «seu labor ficar inútil como obra de conjunto». (Veja-se a reedição deste número 0 (zero) de «Brigantia», mimoseada com menos gralhas que a primeira). // Idem, Páscoa 88, em Vila Arçã. «Brigantia», 7.1/2: dia «Abril, 7». Bragança, 1988. / Breve chamada de atenção para alguns aspectos linguísticos da obra de Alves. // Idem. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Manuel António da Ressurreição FERNANDES, «Discurso proferido na sessão solene comemorativa do 70º aniversário natalício do Rev. Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, realizada no Museu Regional de Bragança no dia 9 de Abril de 1935, pelo Cónego Dr. (…)». S. l., s. d., 3 p., servindo a 4ª para endereço aos membros da «classe sacerdotal» para quem foi impresso e a quem, consequentemente, ia ser enviado: «(…) em honra e para conhecimento da devotada classe sacerdotal (…)». / Original em «Artigos», 2, f.79 (a); «AB», 2ª s., 14/16: 14-16. Bragança, 1965. // Maria Luísa Garcia FERNANDES e João Manuel Neto JACOB (coord.), O Abade

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de Baçal. Abel Salazar no cinquentenário da sua morte. IPM, Casa Museu Abel Salazar, Comissão das Comemorações do Cinquentenário da Morte do Abade de Baçal. S. l., s. d., inum. // Cândida Florinda FERREIRA, «A homenagem ao Abade de Baçal. Breve estudo da obra e do esforço do insigne investigador». «Terras de Bragança», 1935.04.09; «A Voz», 1935.04.13, p. 3, c.3-5; e «Abade de Baçal. Cinquentenário da morte. Exposição. Bragança, 13 Novembro – 20 Dezembro 1997». Instituto Português de Museus, Museu do Abade de Baçal, Câmara Municipal de Bragança, 1997, p. 22-24. / Conferência integrada nas homenagens ao Abade de Baçal e proferida na Emissora Nacional. // Henrique FERREIRA. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Maria Ermelinda FERREIRA, Entardecer. Porto, 1951. / Vejam-se os sonetos «Postal» (p. 17), «Ao busto do Abade Baçal» (p. 39), «Nos anos do Arqueólogo» (p. 75), «Abade de Baçal» (p. 115, e também «MB», 1947.11.20, p. 4) e «9 de Abril» (p. 124). // Cónego FIGUEIREDO, Sou eu mesmo, Senhor Abade. «Brigantia», 5.2/4: 271-279. Bragança, 1985. // Figuras nacionais. O Abade de Baçal. «Boletim da CP», 23.262: 17-20. Lisboa, 1951, 5 grav. (uma delas na companhia de Teixeira Lopes). / De entre o mais, o articulista narra como, «fugindo» de Carrazeda de Ansiães, Alves chega a Bragança, onde estranha a «palha», que não encontra nos colchões da cama que José Montanha lhe oferece. // António Lourenço FONTES, Memórias arqueológico-históricas do distrito de Vila Real. «Brigantia», 5.2/4: 589-600. Bragança, 1985. // João Paulo FREIRE, «Várias notas». «JN», 1939.10.05, p. 5, c.1-2. / Não assinado, é, porém, deste A., segundo declaração de Alves no recorte de «Artigos», 2, f.13, e ainda segundo «Traz-os-Montes», 1939.10.16, p. 1, c.1-2, que o resume: «Paulo Freire na sua secção dum dos últimos números do ‘Jornal de Notícias’ do Porto dedica todo o assunto das suas ‘Várias Notas’ à personalidade do autor das Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, rev. Francisco Manuel Alves». / Descreve o ambiente de vida e trabalho do eminente arqueólogo, apontando-lhe alguns traços e destacando os seus colaboradores, Quintela, José Montanha e Raúl Teixeira. Lembra que se escreva a sua biografia, não esquecendo a parte anedótica. Já a terminar, escreve: «Você, abade, é dos grandes da nossa terra. Dos grandes na humildade, e no talento. Dos grandes na virtude, e na bondade». E remata com estas palavras: «Meu abade: Só são grandes os homens que conseguem vencer-se a si próprios, nos domínios das humanas pretensões. Neste campo, você é enorme. Saudo-o neste cantinho, como a expressão magnífica do maior português do seu tempo, na Virtude e no Saber». // Eugénio de Andrea da Cunha e FREITAS, O Abade de Baçal. «Diário do Norte», 1950.11.29. // Idem, As minhas recordações do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 4-7. Bragança, 1965. Com transcrição de vários passos de cartas de Alves e fac. de uma. G – Ápio GARCIA, Vultos de Trás-os-Montes: Abade de Baçal. «Jornal de Lisboa», 1977. Novembro, p. 15, 1 grav. // Aquiles GARCIA, O Abade de Baçal. «Brigantia», 5.2/4: 329-334. Bragança, 1985. / Resposta a um ques-

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tionário de Belarmino Afonso. // Álvaro Reis GOMES, O 1º centenário do célebre Abade de Baçal. «A Voz», 1965.05.01, p. 3 e 4, 2 grav. // J. Pinharanda GOMES, Abade Baçal. Barroso da FONTE, «Dicionário», 1: 15-16. // Maximiano Augusto GONÇALVES, Ao Abade de Baçal. (Soneto). «MB», 1948.04.10. / Original na ACL, processo de Alves. (É lapso a forma «Maximino», que encontramos em M, 11: 655. Porto, 1947, a tratar-se, obviamente, do mesmo indivíduo). // Alberto GOUVEIA, O Museu de Bragança. Cousas que o Sr. Abade lá tem. «Traz-os-Montes», 1927.10.01. // Nuno GRANDE. Ver, acima, «O Abade de Baçal. Abel Salazar no cinquentenário da sua morte». // Grande livro dos portugueses, p. 6, «Abade de Baçal». // L. de Figueiredo GUERRA, Memorias do districto de Bragança por Francisco Manuel Alves. «A Aurora do Lima», 1922.02.10, p. 1. H – História (A) de um homem simples que amou a Deus, ao seu semelhante e às coisas humildes. «O Século», 1947.11.14, p. 2. / Artigo precedido, p. 1 e 2, da notícia do falecimento de Alves, com foto. // Francisco de Barros Ferreira Cabral Teixeira HOMEM, Palavras pronunciadas na qualidade de membro da Comissão Instaladora da Biblioteca e Museu Regional de Chaves. «Chaves. Apontamentos arqueológicos». Gaia, 1931, p. 15-25. // Homenagem ao Abade de Baçal. «Boletim da Academia das Ciências de Lisboa», 19: 245-248. Lisboa, 1947. / Extracto do sumário da sessão da Classe de Ciências, de 1947.11.20, referindo o discurso de Egas Moniz, abaixo citado. // Honra ao mérito!. «Terras de Bragança», 1935.04.09. I – IGNOTUS, Fernão de Magalhães. O Navegador. «CP», 1921.02.01, p. 1, c.5 e 6. // Impõe-se a reedição das obras do eminente arqueólogo Abade de Baçal e a publicação das suas cartas e inéditos. «JN», 1961.07.06, p. 9, c.1. // INOCÊNCIO, 20: 386, 388, 393. // Instantaneos biográficos. O Abade de Baçal. «O Foscoense», 1965.04.25. / Título recolhido algures como deste jornal, não condiz com o exemplar desta data. Mesmo assim o deixamos registado, na impossibilidade momentânea de outras pesquisas. J – João Manuel Neto JACOB, O Abade de Baçal. «Boletim do Museu do Abade de Baçal», 1.1: 2-6. Bragança, 1998.04.09. // Idem. Ver, acima, «O Abade de Baçal. Abel Salazar no cinquentenário da sua morte». // Idem. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Idem. Ver, acima, Maria Luísa Garcia Fernandes. L – A. L., A questão dos Paineis. Fala o Sr. Reitor de Baçal. «Sintra Regional», 1933.01.08, p. 2, c.4. // N. L., Um livro notavel. Os judeus em Bragança e o quarto volume das «Memorias Arqueologico-Historicas» do padre Francisco Manuel Alves. «DL», 1926.03.03, p. 3. / Breve nota, de Norberto Lopes, sobre a figura de Alves, com transcrição de vários passos do preâmbulo do volume «Os judeus». // José Manuel LANDEIRO, Cartas do Abade de Baçal ao prof. José Manuel Landeiro (anotadas pelo destinatário). Sep. («Nummus»,

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8.1/2: 3-17. Porto, 1965, 1 grav.), Porto, Publicações da Sociedade Portuguesa de Numismática, 1965. // Idem, Comemorando um centenário: Dr. José Leite de Vasconcelos, cultor da língua popular, e o Abade de Baçal. «Escola Portuguesa», 24.1200: 597. Lisboa, 1958.06.25. // Albino LAPA, História dos painéis de Nuno Gonçalves. Lisboa, Editorial Império, 1935. / Reproduz, na íntegra, p. 114-118, o artigo de ALVES, «Os painéis de S. Vicente», acima (1933) citado. // Manuel LAVRADOR, Abel Salazar e o Abade de Baçal. «República», 1950.10.27, p. 5. // Lembrança que se impõe. O Abade de Baçal. Aos estudantes de Bragança. «AB», 1ª s., 37: 17-19. Bragança, 1962. Julho, 3 grav. / Depois de uma breve introdução sobre a vida e obra de Alves, em que se sugere, «como modesta homenagem póstuma, se efectue uma peregrinação, anualmente, ao túmulo do maior bragançano e glória de Portugal», transcrevem-se apreciações de Abel Salazar, Adriano Rodrigues, etc., como acima dissemos. // Francisco de Sande LEMOS. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Lição (A) do Abade de Baçal. «Lumen», 12: 72-73. Lisboa, 1948. // Fernando de Araújo LIMA, Reflexões sobre o Abade de Baçal. «Prometeu», 1.5/6: 233-235. Porto, 1947. // J. A. Pires de LIMA, Mouros, judeus e negros na história de Portugal. Porto, 1940. / O cap. III, «Trás-os-Montes», paticamente todo ele dedicado ao distrito de Bragança, baseia-se em materiais na sua maior parte colhidos em Alves: «É opulentíssima a colheita do Abade de Baçal, a qual passo a resumir». // António Alberto Jorge LOPES. Ver, acima, «Abade (O) de Baçal visto por um estudante que o foi há 43 anos». // António Guilhermino LOPES, Golpe de misericórdia. «O Nordeste», 1909.09.24. / Violenta diatribe contra Alves, como defensor do bispo Mariz, que continua na edição de 10.15, agora sob o título O bombo abbacial. // Murillo LOPES, O Museu Abade de Baçal ou a obra de Francisco Manuel Alves. «DP», 1985.07.08, p. 24-25, il. / Entrevista com a directora do referido Museu, Maria Alcina R. C. Afonso dos Santos. // Norberto LOPES, Turismo e património cultural. «PJ», 1980.04.08, p. 8. / «Os escritores falecidos, por mais estranho que pareça, têm alguma coisa a ver com o turismo / (…) Em várias localidades onde tenha nascido ou vivido um escritor de nomeada (…)», e fala de vários casos, de entre os quais salientamos os de Junqueiro, Trindade Coelho e Francisco Manuel Alves. Diz deste último: «A (casa) do padre Francisco Manuel Alves, em Baçal, para não sairmos da província (…), podia muito bem constituir um padrão em memória do ínclito abade (…)». // Albino Pereira LOPO, Museu Municipal de Bragança. Esclarecimento. «AP», 5: 79. Lisboa, 1900. // João LOURENÇO, O Abade de Baçal. «AB», 5ª s., 7: 13. Bragança, 1972. / Brevíssima evocação. M – A. M., As notáveis investigações arqueológico-históricas feitas pelo grande arqueólogo bragançano, rev. abade de Baçal, Francisco Manuel Alves, no famoso Arquivo de Simancas (Espanha). O que, de importante, lhe ouvimos dizer. «CP», 1931.08.26, p. 6, c.1-2, com retrato. / Notícias de Bragança, 21, assinadas por A. M., que cremos ser Abel Monteiro. Começa: «Nas colunas

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de ‘O Comércio do Porto’, aí por alturas de Novembro do ano findo, dizíamos que pela Junta de Educação Nacional (…)». // J. M., O Abade de Baçal. Grande sábio e grande homem. «Clube Trasmontano de Angola», número comemorativo do 35º aniversário. Luanda, 1947. / Extractos de «MB», segundo se declara. // Idem, In memoriam. P.e Francisco Manuel Alves (1865-1947). «Portucale», 2: 223-225. Porto, 1947, retrato e autógrafo. // Z. M., Uma visita ao Museu e uma conversa com o seu fundador ao comêço da madrugada … «PJ», 1941.09.09, p. 1, c.3-4. / «No jardim do Museu acabara, entre salvas de palmas, a representação do ‘Auto de Santa Bárbara’. Serviu-se um Porto de Honra, e por volta da uma hora, terminada a festa, começara a debandada. / A uma ordem dada pelo sr. dr. Raul Teixeira, talentoso director do Museu, e verdadeiro continuador da obra grandiosa encetada pelo Padre Francisco Manuel Alves (…) o repórter teve ocasião de mais uma vez apreciar o precioso recheio da Casa que é o orgulho desta gente montanhesa». / Da conversa então havida com Alves o articulista destaca: A razão pela qual este não costuma escrever aos directores de jornais ou aos jornalistas; uma alusão à reportagem de Marta de Mesquita da Câmara e a uma conversa de há tempos com Abel Salazar, a quem, agora, dá razão; e a doença que lhe ataca a vista. // Diogo de MACEDO, Morreu o Abade de Baçal. «Ocidente», 33: 149, sec. «Notas de Arte». Lisboa, 1947. / Simples notícia necrológica. // Casimiro de Morais MACHADO, Antigualhas mogadourenses. Lápides funerárias romanas. «AB», 1ª s., 19: 14-15. Bragança, 1958. Dezembro. / Inclui duas cartas de Alves. // Idem, Inéditos dispersos do Abade de Baçal. «MB», 1959.06.19. / «A numerosa e variada colaboração, dispersa por inúmeros jornais e revistas, e que o Autor reuniu em dois grossos volumes de recortes, constituiria esplêndida ‘Miscelânia’, e a reimpressão, em conjunto, seria grata homenagem à sua memória». // Idem, Reedição das obras do Abade de Baçal. «MB», 1960.03.11. // Idem, Compilação do espólio literário do Abade de Baçal. «MB», 1960.04.22. / «O querido Abade confessou-nos, um dia, o grande desejo de que futuramente se publicassem, em volumes, os Dispersos, Inéditos e inúmeras e valiosas ‘Cartas’, que ia recebendo, e acrescentou que os estremecidos materiais – o seu tesouro –, o ia trazendo, aos poucos, para o Museu, como fizera ao melhor da sua livraria (…) / No Museu nada existe dos Dispersos, Ineditos e das inúmeras Cartas». // José Timóteo Montalvão MACHADO, No centenário do Abade de Baçal. Conferência proferida no Museu do Abade de Baçal, na altura das comemorações do centenário do seu nascimento, dia 9 de Abril de 1965. «Abade de Baçal. Cinquentenário da morte. Exposição. Bragança, 13 Novembro – 20 Dezembro 1997». Instituto Português de Museus, Museu do Abade de Baçal, Câmara Municipal de Bragança, 1997, p. 25-38. // Idem, Contributo de Trás-os-Montes. Lisboa, 1977, p. 268-269. // A. H. de Oliveira MARQUES, A historiografia regionalista na época do Abade de Baçal. «AB», 8ª s., 1: 10-15. Bragança, 1986. Março, e no vol., do próprio, «Ensaios de historiografia portuguesa». Lisboa, 1988, p. 85-91; ref. (resumo): «MB», 1985.10.18, p. 5, sec.

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«Baçália». / Conferência proferida no Museu do Abade de Baçal, no âmbito das comemorações do 120º aniversário do nascimento de Alves. // J. J. Dias MARQUES, O Abade de Baçal e o romanceiro. «Brigantia», 5.2/4: 637-658. Bragança, 1985. // Idem, Baçal, Abade de. Álvaro Manuel MACHADO, «Dicionário de literatura portuguesa». Lisboa, 1996, p. 44. // Idem, As recolhas inéditas do romanceiro trasmontano. «Oral tradition and hispanic literature. Essays in honor of. Samuel G. Armistead». New York and London, 1995, p. 423-424. // (Pedro) C(orreia) M(ARQUES), «Uma glória portuguesa e trasmontana. Como vive e como trabalha o Abade de Baçal». «A Voz», 1942.12.11, p. 1 e 2, 2 grav. [ver «MB», 1943.01.15, p. 1 e 2 (João SERRANO, «Ecos do meu quarto»)], e, com uma breve nota introdutória, 1965.04.11, p. 1 e 6, (apenas) 1 grav., sob o título «A propósito do centenário do Abade de Baçal evoca-se uma visita ao sábio na sua tebaida»; «Novidades», 1942.12.15, supl. «Letras e Artes», 2 grav. [com a indicação «Do nosso presado colega ‘A Voz’ transcrevemos a interessante crónica de Correia Marques sobre o Abade de Baçal» – «Como vive e trabalha o Abade de Baçal»]. // António Manuel MARTINS, O meu depoimento. «Brigantia», 5.2/4: 319-321. Bragança, 1985. // Firmino MARTINS, Abade de Baçal. «MB», 1945.04.10, 1 grav. (a presente edição de «MB» é toda ela de homenagem a Alves). // Idem, Abade de Baçal. «MB», 1947.11.20. / «Tombou o gigante (…) Ao cair da folha (…) Não se enganou». // Idem, «Ecos do meu quarto». «MB», 1942.08.15 e 1943.01.15. / Refere-se ao volume «A Restauração de 1640 no distrito de Bragança» e à entrevista concedida por Alves ao jornalista Pedro Correia Marques, respectivamente. // Idem, Espírito cristão. «MB», 1945.01.10. // Idem, O monge e o hábito. «MB», 1945.04.10, 1 grav. // Idem, O Reitor de Baçal, Padre. «Terras de Bragança», 1935.04.09. // Idem, A última excursão arqueológica do Abade de Baçal. «MB», 1945.04.10. // Idem, Mensagem lida por ocasião da oferta de um artístico cálice de ouro a Alves. «Liberdade», 1919.01.09, p. 1 (c.6-7) e 2 (c.1). (Embora não assinada, é deste A., segundo declara o próprio Alves em «Inéditos», p. 29). // Mário MARTINS, Uma visita ao Abade de Baçal. «Magnificat», 9.6: 23-25. Braga, 1959; «MB», 1960.01.01, p. 1 e 6, com retrato; no vol., do mesmo, «Pão amargo», 1. Lisboa, s. d. (1965?); e «Brigantia», 5.2/4: 339-340. Bragança, 1985. // Alexandre de MATOS, Três inéditos do Abade de Baçal. A propósito do seu aniversário natalício. «TMAD», 12/13: 87-93. Lisboa, 1949, 1 grav. / Com o título, bem mais sugestivo, de «Ensinamentos e gracilidades epistolares do Abade de Baçal (Inéditos)», encontra-se na Biblioteca-Museu de Vila Flor uma cópia dactilografada deste artigo, rubricada em todas as folhas e assinada. // Domingos MAURÍCIO, Abade de Baçal. «VELBC», 1: 19-20. Lisboa, 1963. // Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança pelo Abade de Baçal. «DL», 1949.06.01, p. 5, 1 grav. // Egas MONIZ, O Abade de Baçal. Comunicação à classe de Ciências da ACL, em sessão de 1947.11.20. / Transcrição total ou parcial e/ou simples resumos ou referências podem ver-se, entre outras, nas seguintes publicações: «Boletim da Academia das Ciências de Lisboa», nova série, 19: 245-247.

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Lisboa, 1947; «DN», 1947.11.21, p. 2, c.6; «A Medicina Contemporânea», 65.5: 187-198. Lisboa, 1948. Maio, 10 grav.; «Novidades», 1947.11.21, p. 1 e 4; «PJ», 1947.11.21, p. 1 e 5; «O Século», 1947.11.21, p. 1 e 3; «A Voz», 1947.11.22, p. 4, c.6; «Memórias da Academia das Ciências de Lisboa», Classe de Ciências, 5: 103-108. Lisboa, 1950 (com sep., Lisboa, 1948, 8 p. e 7 est.); «Conferências Médicas e Literárias», 4: 81-102. Lisboa, Portugália Editora, 1950; «AB», 1ª s., 14. Bragança, 1957, e 2ª s., 1. Bragança, 1963, f. destacáveis com o retrato de Alves. / O original manuscrito desta comunicação guarda-se no Museu do Abade de Baçal, segundo Maria Alcina R. C. Afonso dos Santos, na «Introdução» à reedição que este Museu fez das M, p. (6), onde transcreve os «passos fundamentais». E um exemplar dactilografado, com várias correcções manuscritas e o final da f.8 e a maior parte da 9 substituídos por texto igualmente manuscrito, pode ver-se no processo de Alves, na ACL, com o número 52. No fim do processo, as provas tipográficas desta mesma comunicação, datadas de 1948.02.16 e 19. (Em «Brigantia», 5.2/4: 433. Bragança, 1985, publicámos uma página). // Abel MONTEIRO, Os 80 anos dum sábio. «Traz-os-Montes», 1945.10.01. // Augusto José Rodrigues MONTEIRO, O conceito de Educação na obra do Abade de Baçal. Conferência proferida em 1985.11.30, no Museu do Abade de Baçal, no âmbito do ciclo de comemorações do 120º aniversário do nascimento de Alves. «MB», 1985.12.06, p. 6 e 8 (resumo). // Idem, Correspondência de Raúl Teixeira para Abel Salazar. «AB», 7ª s., 7: 9-32. Bragança, 1985. Abril. / Logo de início (p. 9), o A. promete falar «(…) e também da figura do Abade de Baçal – e da Bragança desses tempos». // António MONTÊS, Quem é o Abade de Baçal. «Rádio Nacional», 1938.12.25, p. 8 e 9. / Palestra proferida ao microfone da EN, em 1938.11.20, de que Alves fez uma cópia «ipsis verbis, isto é, exata» (assim diz), que colou entre as p. 172-173 do seu exemplar das «Viagens na minha terra», de Afrânio Peixoto (Porto, 1938), hoje (1990) pertença de Maria Guilhermina da Cunha Lima Teixeira Garcia (filha de Raúl Teixeira). / A publicação é seguida da transcrição de um bilhete postal de Alves [de 1938. (11 ou 12)], a agradecer a palestra, que diz ficar aguardando. / Ver carta de 1938.11.19 e Zanzan de Bibanzé. // Joaquim MOREIRA, P.e Francisco Manuel Alves (1865-1947). «Portucale», nova série (2ª), 2: 223-225. Porto, 1947, 1 grav. // Augusto MORENO, O Reitor de Baçal. P.e Francisco Manuel Alves. «Terras de Bragança», 1935.04.09. // Morreu o Ab.de de Baçal. «Ocidente», 33: 133-134. Lisboa, 1947. / Transcrição de um postal, datado de 1939.05.23, em que Alves acusa a recepção de um cheque com que esta publicação o gratificava por um artigo. // António Maria MOURINHO, O Abade de Baçal faleceu há vinte anos. A espiritualidade cristã de um grande homem. «A Voz», 1967.11.25, p. 3, e «MB», 1967.12.01. / Com três cartas inéditas de Alves. // Idem, O Abade de Baçal – Grande sábio, grande homem, grande mestre e grande amigo. «A Voz», 1947.11.29, p. 3 e 4, e «MB», 1947.12.01, com o título «Grande sábio, grande homem, grande mestre e grande amigo!… Morreu o Abade de Baçal, tombou o gigante da nossa cultura». // Idem, O

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TOMO I

Abade de Baçal, «homo trasmontanus». «A Voz», 1948.04.24, p. 3 e 4. // Idem, O Abade de Baçal. O arqueólogo – o homem e o seu espírito crítico de mestre consumado. «Brigantia», 5.2/4: 703-706. Bragança, 1985. // Idem, A alma simples e boa dum grande sábio amigo do povo português. «Novidades», 1947.12.14, supl. «Letras e Artes», e «TMAD», 6: 306-308. Lisboa, 1948. // Idem, Antiguidades do Nordeste de Portugal. «Novidades», 1945.02.18, supl. «Letras e Artes», e «Ocidente», 26: 7-11. Lisboa, 1945. / Entrevista, subdividida em três capítulos: 1 – «Mocidade física e intelectual num octogenário, o Sr. Abade de Baçal»; 2 – «Antiguidade do nosso distrito»; 3 – «Outras notícias». // Idem, Bio-bibliografia do Abade de Baçal, evocando os 120 anos do seu nascimento. «TAE», 25.1: 143-159. Porto, 1985, retrato de Alves e reprodução de uma carta a AM, datada de 1945.03.20. // Idem, «1ª Carta do Abade de Baçal ao Dr. António Maria Mourinho sobre bibliografia mirandesa». «Planalto Mirandês», 1985. Out./Novembro, 1 grav. / Numa «Nota preliminar» AM explica como começou o seu «relacionamento cultural, oral e escrito», «que durou seis anos completos», com Alves. // Idem, Labor fecundo. «MB», 1945.04.10. // Idem, Os cem anos do Abade de Baçal. «Diário do Norte», 1965.04.15, «Página das Letras», e «MB», 1965.04.16. / «Palestra proferida à porta da Casa do Abade de Baçal, no Centenário do seu nascimento, em 9.4.1965», segundo «Curriculum vitae». Bragança, 1978. // Idem, Livro póstumo do Abade de Baçal – Vimioso. Notas monográficas. «MB», 1968.05.24. // Idem, O P.e Francisco Manuel Alves. A sua vocação a sua obra. «AB», 4ª s., 11: 6-11. Bragança, 1969; «A Voz», 1969.11.01, p. 7 e 8, com o título «Perfil do Abade de Baçal»; e «MB», 1969.12.05. / Discurso proferido em Mairos, em 1969.10.12, por ocasião do 80º aniversário da nomeação de Alves para pároco desta aldeia. // Idem, Vida e obra do Abade de Baçal. «AB», 7ª s., 9/10: 10-27. Bragança, 1985; «O Cardo», 1988.01.25, 02.26, 03.25, 04.26, 05.26 e 06.25. / Conferência proferida em 1985.04.20, no âmbito das comemorações do 120º aniversário do nascimento de Alves. // Viale MOUTINHO, A casa do abade de Baçal. «DN», magazine 104: 6-9. Lisboa, 1988.09.27. // Manuel MÚRIAS, O abade de Baçal, arqueologo e historiador do districto de Bragança. «A Época», 1926.05.05, p. 1, c.6 e 7, 1 grav. / Apreciação aos cinco volumes até então publicados das M, e particularmente ao 5º. // Idem, O Abade de Baçal – O Homem e a Obra. «DM», 1947.11.20, p. 1 e 6, 1 grav. N – Vitorino NEMÉSIO, O Abade de Baçal. «DP», 1947.11.19, p. 5. // Idem, Viagens ao pé da porta. Lisboa: Editorial Pórtico, s. d., cap. «Trás-os-Montes», p. 43-45: «Mas a ambos (‘O castanheiro morto’, de Guerra Junqueiro, e o idílio de Gonçalo e Rosária, de Trindade Coelho) vencem as ‘Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança’ e a enxada com que o Abade de Baçal descansava da pena e da patena (…)». // António NETO, Apontamentos sobre a personalidade do Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 8-10. Bragança, 1965. / Com três cartas e um postal de Alves. // Francisco Moreira das NEVES, O Abade de Baçal e o seu pisquinho.

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«A Ordem», 1976.08.12 e «MB», 1976.08.27. // Idem, Ainda o Abade de Baçal. «A Ordem», 1976.09.02. / «(…) encontramos novas notas, algumas porventura ignoradas ou pouco conhecidas do grande público, e que muito ajudarão a compreender a sua psicologia de transmontano de cerne rijo e de alma transparente. / Alto (1.74), desempenado (…) / No seu diário íntimo, tudo apontava, até a medida dos passos (0.80) (…)». // Idem, Ainda o Abade de Baçal. «A Ordem», 1986.08.07. / Lembrando que já Pedro Sem se referira ao número especial de «Brigantia» sobre Alves, diz: «Não será, porém, demais voltar ao assunto, até porque à roda da feliz e benemérita inciativa do director da publicação se tem feito, em Trás-os-Montes, um estranho silêncio, difícil de entender quando se trata de um homem que honrou não só a cultura regional, mas toda a cultura portuguesa (…)». // Idem, Alves, Francisco Manuel. «Dicionário de história da Igreja em Portugal», 1.4: 182-184, e 12: 720 (adenda). Lisboa, 1979-1980. // Idem, Poeta dentro dum arqueólogo. «Brigantia», 5.2/4: 245-254. Bragança, 1985. // Nuno Teixeira NEVES, O Abade de Baçal defensor da dignidade do paganismo. «JN», 1985.12.15, p. 56. // J. V. Paula NOGUEIRA, «Revista veterinária». «Portugal Agricola», 4.3: 75-80. Lisboa, 1982. Setembro. / Resposta a uma carta de Alves, como acima deixámos dito. // «O Nordeste», 1906.09.06, artigos contundentes, não assinados, sob os títulos Robs, o grande vulto! (p. 2) e O pensador de Baçal (p. 3); 1909.08.06, p. 1, O Robs (considera-o arqueólogo «digno de apreço», porém como subordinado que é do bispo …), 09.03 e 17, e 10.15 (agora assinados por António Guilhermino Lopes). O – Obras do Abade de Baçal. «MB», 1959.01.09, p. 1. / Corrigindo uma notícia do C. de Vila Real «dum diário do Porto», sobre a reedição destas «Obras», (re)lembram-se as «sugestões há anos aqui feitas» (em «MB»), afirmando-se que «sem uma visão profundamente crítica (…) melhor será estar quieto». // Manuel Joaquim OCHOA, O Abade de Baçal. «Brigantia», 5.2/4: 337. Bragança, 1985. // Pedro OLAIO, Abade de Baçal. (Poesia). «AB», 1ª s., 12: 12. Bragança, 1957. Agosto. P – A. P., No IV Colóquio Portuense de Arqueologia foi aprovado por aclamação que o volume das Actas seja dedicado ao arqueólogo bragançano Abade de Baçal. «AB», 3ª s., 1: 49-51. Bragança, 1965. Agosto. // Américo PAIVA, Traição póstuma. «MB», 1974.09.13. / 2º prémio (ensaio) dos II Jogos Florais de «MB» (1974), conta como, na mira de dados para uma reportagem sobre a batalha de Ourique, se dirigiu a Alves. // Dias PARENTE, Bragança e o seu Abade de Baçal. «A Voz», 1944.04.09, p. 1 e 5, com retrato. // Idem, A minha homenagem ao grande bragançano e sábio arqueólogo português Abade de Baçal. «MB», 1965.04.09, 1 grav. // Idem, A minha homenagem ao grande sábio e eminente arqueólogo Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 23-25. Bragança, 1965. // Amílcar PAULO, O Abade de Baçal e os judeus. «PJ», 1979.07.18. // Afrânio PEIXOTO, Viagens na minha terra.

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TOMO I

Lisboa, 1938, cap. «Bragança», p. 167-171. / «Mas a maior curiosidade de Bragança e do seu Museu é o próprio Abade de Baçal (um lugarejo próximo), o rev.mo Padre Francisco Manuel Alves. É um sábio e um santo. O homem parece um castanheiro secular (…)». // Henrique PERDIGÃO, Dicionário universal de literatura ilustrado. 2ª ed., Porto, 1940, p. 559. // Inocêncio PEREIRA, Celebrações do 120º aniversário do nascimento do Abade de Baçal. «MB», 1985.04.19. / Série de considerações (reportagem) agrupadas em três capítulos: «O homem – retrato físico e moral; O sacerdote – bondade e pobreza; O cientista – notável arqueólogo da época». // Alfredo PIMENTA, «Memorias arqueologico-historicas do distrito de Bragança» por Francisco Manuel Alves, reitor de Baçal, 1913 a 1931. «DN», 1931.07.04. / Apreciação crítica aos sete primeiros volumes das M. // A. Marques PINTO, Notas de medalhística. Porto, 1972, vol.2, p. 93-95, il., cap. «Evocação (e um inédito) do Abade de Baçal». // Manuel PINTO, Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal). «Nordeste Cultural», 24-26, 30/31, 34/35, 36, 37/38 e 39/42. Vila Real, 1983-1987. // Carolina Vitória PIRES, «Os judeus no distrito de Bragança». Análise e comentários. «Brigantia», 4.3: 473-481. Bragança, 1984, 1 grav. / «Análise e comentários» ao 5º volume das M. // Francisco Videira PIRES, O Abade de Baçal fez cem anos. «MB», 1965.04.23. // Idem, Por um Abade vivo. «MB», 1985.08.23, p. 9. // Idem, Sugestões para uma reedição das «Memórias…» do Abade de Baçal. «MB», 1955.12.16. / Ver carta de Norberto Lopes, de 1956.01.20, abaixo citada. // Manuel António PIRES, A dimensão teológica na obra do Abade de Baçal, 1. «Brigantia», 5.2/4: 235-243. Bragança, 1985. // Artur PORTELA, Vida gloriosa. «DL», 1947.06.20, 21 e 23; do mesmo, «À lareira de Portugal». Lisboa, s. d. (1948?); «AB», 1ª s., 19: 6 e 21: 8-9. Bragança, 1958 e 1959 (truncado). / Série de três artigos de que damos os respectivos subtítulos: 1 – «Como vive o sábio Abade de Baçal. A tebaida do filósofo numa rústica aldeia do termo de Bragança» (p. 1 e 7); 2 – «O rouxinol de Bernardim voltou a cantar… A história linda do abade de Baçal que escreve ao ar livre sobre uma grande pedra que ele próprio transportou» (p. 1 e 5); 3 – «Devo morrer em Setembro ao cair das folhas mas não diga nada…, segreda-nos o abade de Baçal à despedida» (p. 1 e 6). Q – Quem é alguém, p. 60. // Quem foi o Abade de Baçal. «A Voz», 1970.05.16, p. 3-4, com retrato. / Breve nota biobibliográfica. // António QUINTELA, «Carta aberta ao Abade de Baçal». «Terras de Bragança», 1935.04.09. // Paulo QUINTELA, Baçal, Abade de. João José COCHOFEL (dir.), «Grande dicionário da literatura portuguesa e de teoria literária», 1: 572-573. (Lisboa), 1977; «Notícias do Interior», 1990. Abril, p. 17. R – J. R., «Vida e obra do Abade de Baçal». (Grande reportagem aquando da homenagem prestada a Alves em 1935). «Boletim do Museu do Abade de Baçal», 1.1: 15-19. Bragança, 1998.04.09. // António José RAFAEL, Actualidade do Abade, pastor da Cultura. «Brigantia», 5.2/4: 601-606. Bragança, 1985. // Idem, Pastoralcultura em Bragança. «MB», 1985.04.19, p. 2. / Nota

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a propósito do 120º aniversário de Alves, lida aos microfones da Rádio Renascença. / «Uns e outros, por caminhos opostos, vêm ao mesmo: a desfiguração redutora do Abade, não passando este de um sábio que, por incidente, também teria sido padre (…)». // Joaquim M. REBELO, Ainda o 120º aniversário do nascimento do Abade de Baçal. «AB», 8ª s., 2/4: 49-50. Bragança, 1986. Junho/Dezembro. // Idem, O meu depoimento. «Brigantia», 5.2/4: 335-336. Bragança, 1985. // Raúl REGO, «As mulas de reforço» do Abade de Baçal. «JN», 1985.12.03, p. 32. / Refere essencialmente a carta a Abel Salazar de 1936.01.10. // Rogério REIS, Figuras e empreendimentos de Bragança do passado e do futuro. «DP», 1973.11.04, p. 3 e 5. / Breve referência a Alves e a José de Castro. // Idem, Uma glória distrital. «Notícias de Mirandela», 1965.04.04. // Idem, A monografia de Vimioso. «Notícias de Mirandela», 1968.07.14. // Idem, Recordando ainda Bragança, a pequena pátria do Abade de Baçal. «MB», 1973.02.02, p. 5 e 6. // João da RIBEIRA, Abade de Baçal. «O Comércio de Chaves», 1940.10.19, p. 1, c.4-5, e «Anuário de Chaves», 1: 39-40. Chaves, 1950 (truncado). // António RIBEIRO, O Abade de Baçal, compleição rústica em alma de sábio. «Jornal do Exército», 18.216: 14-15. Lisboa, 1977. Dezembro, 1 grav. // Aquilino RIBEIRO, O Abade de Baçal. «DL», 1939.07.29, p. 4, c.3, e «Almanaque Bertrand», 1941, p. 209-210, com retrato. // Carlos RODRIGUES, Perfil do célebre Abade de Baçal. A simplicidade e o homem. «Flama», 1954.04.09, p. 5, e «AB», 1ª s., 11: 10-11. Bragança, 1957 (bastante modificado). // Ernesto José RODRIGUES. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Joaquim ROSENDO, Padre Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal). «A Torre», 1953.09.01. // RUIVO, O Abade de Baçal… Revelações singulares. «MB», 1996.12.06, p. 2-3, 1 grav. S – H. Pierre SALOMON, The Captain, the «Abade» and 20.th century «Marranism» in Portugal. «Arquivos do Centro Cultural Português», 10: 631-642. Fundação Calouste Gulbenkian, Paris, 1976, 5 p. de il. extratexto. // João SALVADO, O centenário do Abade de Baçal, grande figura da arqueologia pré-histórica do Nordeste Transmontano. «DN», 1965.04.09, p. 7, c.7-8. // Manuel Farinha dos SANTOS, O Abade de Baçal. Sep. («Ethnos», 4: 59-62. Lisboa, 1965), Lisboa, 1965, 4 p. / Palestra proferida aos microfones da Emissora Nacional, em 1965.04.09. // Idem, O Abade de Baçal e a arqueologia pré-histórica de Trás-os-Montes. Sep. («Brotéria», 80: 509-518. Lisboa, 1965), Lisboa, 1965. / «O centenário do nascimento (de Alves) (…) merece ser celebrado com a apreciação dos aspectos da sua vasta obra que ainda se apresentam deficientemente perspectivados. / (…) Torna-se necessário aproveitar, agora, dentro de cada especialidade, o que publicou. / Assim, propomo-nos reunir as indicações deixadas (…) sobre a arqueologia pré-histórica de Trás-os-Montes». E Farinha dos Santos agrupa, seguidamente, por concelhos, as referências aos vestígios pré-históricos desta região. // Idem, Gravuras rupestres do distrito de Bragança. «Anais» (UAL), Série História, 3/4: 105-113. Lisboa, 1996/1997. / De interesse para este nosso caso

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na medida em que, da «Listagem dos possíveis arqueossítios do distrito de Bargança, ao ar livre, com gravuras rupestres», figuram todas as referências de Alves. // Maria Alcina R. C. Afonso dos SANTOS, O Abade de Baçal, historiador e crítico. «AB», 7ª s., 7: 1-6. Bragança, 1985. Abril. // Idem, Museu do Abade de Baçal. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Introdução de… Sep. da «Introdução», desta A., para a reedição das M, levada a efeito pelo Museu do Abade de Baçal. S. l., s. d. (1982), 16 p., com retrato de Alves e fac. de uma página do manuscrito de Egas Moniz acima referido; «História», 47: 90-93 (extractos). Lisboa, 1982. // J. R. dos SANTOS JÚNIOR, As minhas relações epistolares com o Abade de Baçal. «Brigantia», 5.2/4: 315-318. Bragança, 1985. // Idem, A região de Chaves na vida do Abade de Baçal. «MB», 1979.02.23. // António Rodrigo Pinto da SILVA, Etnobotânica trasmontana. Uma carta do Abade de Baçal. «Brotéria», 30.1/2: 37-40. Lisboa, 1961. // João SARABANDO, Ir a Bragança e quase não ver o excelso abade… «O Norte Desportivo», 1970.11.15 e «MB», 1970.11.27, sec. «Ouvindo falar de nós». / «(…) A conservação da casa onde viveu e morreu o insigne Francisco Manuel Alves não passou de um formoso e redolente sonho de alguns. De D. Fernando de Almeida, por exemplo, que em Abril de 1965 propôs (…)». // Marinho da SILVA, A morte de um grande sabio. O Abade de Baçal. «Alma Nacional», 1947. Novembro, p. 13 e 14. // (Eduardo de Campos de Castro de Azevedo) SOARES, 1: 157-158 e 4: 59-60. // Torquato Brochado de Sousa SOARES, P.e Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal). «RPH», 3: 657-659. Coimbra, 1947. / Após breves considerações à obra, sugeridas pelo desaparecimento de Alves, aponta a «dívida em aberto» para com a sua memória: «Organização e publicação de um índice geral onomástico e ideográfico» desta. // A. A. Fernandes de SOUSA, «Alberto de Sousa. Pelourinhos. Abade de Baçal». «Estampilha e Vintém», 1.3: 28-29. Porto, 1979. // G. de SOUSA, «… Aqueles que per obras valerosas se vão da lei da morte libertando» – Padre Francisco Manuel Alves. «Mensageiro de S. Bento», 17.1: 10-11. Mosteiro de Singeverga, Negrelos, 1948. / Com transcrição de uma carta de Alves, datada de 1940.10.13. T – Abade TAVARES, Maximino Fernandes (Max Nand). «GB», 1903.06.07. / Extractamos, dada a raridade de «GB»: «Durante a minha saudosa vida academica em Bragança (…) – entre muitas gerações de vivos, nevroticos e esperançosos estudantes, eu tive o summo prazer de conhecer tres muito superiores em talento a todos os seus numerosos condiscipulos. / Um d’elles (…) / O outro é o antigo, colossal e bonacheirão Robespierre; o sabio e actual abbade de Baçal, concelho de Bragança, um dos espiritos mais cultos do clero da nossa diocese (…)». // Raúl TEIXEIRA, Monsenhor José de Castro. Subsídios para a biografia dum ilustre brigantino. Bragança, 1950. / Série de «notas» das quais três pertencem a Alves (p. 9, 14-15 e 48). / Para outras referências ver p. 34-38. // António A. Pinelo TIZA, O Abade de Baçal relembrado pelos seus conterrâneos. Depoimentos. «Brigantia», 5.2/4:

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281-292. Bragança, 1985. // Miguel TORGA, Diário. Coimbra, 1941-1987, 14 vol. / Referências em 1947.11.14 e, breve, em 1940.03.24 (como mostrou Ernesto José RODRIGUES, «O Nordeste no ‘Diário’ de Miguel Torga». «AB», 7ª s., 7: 35-39. Bragança, 1985. Abril). V – J. V., Um livro. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Fidalgos, tomo VI, por Francisco Manuel Alves. «Traz-os-Montes», 1928.06.16. // Corregedor VALE, Evocação. «Domus», Bragança, 1977. Abril. // Lucena e VALE, Abade de Baçal. «Beira-Alta», 24.2: 254. Viseu, 1965. // J. Leite de VASCONCELOS, Reitor-Abade de Baçal. Com vista a Sua Ex.cia Reverendíssima o Senhor Bispo de Bragança. «P’ra Cá do Marão», 1933.05.04. / Brevíssima local a lembrar ao Bispo para conceder a Alves o título de Abade. // Telmo VERDELHO, Para uma releitura da obra do Abade de Baçal. «Brigantia», 5.2/4: 579-588. Bragança, 1985. // Idem. Ver, acima, «Actas do Colóquio O Abade de Baçal». // Tancredo VIANA, O Abade de Baçal. «Diário do Norte», 1960.03.26, p. 2. X – José Santa Rita XISTO, Recordando o Abade de Baçal. «AB», 2ª s., 14/16: 18-22. Bragança, 1965, 1 grav.

ICONOGRAFIA Fiel ao princípio adoptado para a «Bibliografia», de que esta nota é mero extracto, de não repetirmos, por razões de espaço e tempo, dados que, noutra parte, sem dificuldade, podem ser colhidos, lembramos apenas que as diferentes espécies que aqui deveriam referir-se se encontram reunidas, na sua (quase) totalidade, nos dois títulos já acima mencionados: Bibliografia do distrito de Bragança. Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal). 4. (Iconografia) (reúne fotografias da povoação, de objectos de uso pessoal, e de Alves e amigos, estas últimas feitas, essencialmente, a partir de espécies do álbum que o próprio organizou) e «Abade de Baçal. Cinquentenário da morte. Exposição. Bragança 13 Novembro – 20 Dezembro 1997» (reedita a maior parte das fotografias do título anterior, acrescidas de muitas outras, do maior interesse, todas com uma qualidade que só os grandes negativos, entretanto descobertos, o tipo de papel e até o próprio tamanho das mesmas permitiam). Num futuro que cremos próximo, pensam os responsáveis por estes dois títulos, João Manuel Neto Jacob e o signatário desta nota, reunir todas estas espécies, e eventualmente outras, numa Fotobiografia sobre o mesmo Alves. Para ela nos permitimos chamar, desde já, a atenção dos possíveis interessados.

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ECOS DA IMPRENSA (1889) «O Nordeste», 1889.05.19 – Aprecia o sermão que, como estudante do Seminário de Bragança, Alves pregou no 3º ano do curso teológico. (1896) «AP», 3: 53. Lisboa, 1896 – Transcrição do «Norte Trasmontano», referindo uma série de objectos oferecidos por Alves ao Museu de Bragança: «73 moedas, sendo 14 de prata (…); um machado de pedra (…)», etc. (Para outras dádivas, de Alves, ou outros, ver M, 2: 381-384 e especialmente 9: 7-13, com bibliografia. / Também o «GB» e «O Nordeste» publicaram inúmeras listas de ofertas, ao longo dos anos 1897-1900). (1889) «GB», 1899.01.29, p. 3, c.1 – O Abade Tavares diz ter-se socorrido, para a recolha do seu «Cancioneiro trasmontano», do «illustrado e talentoso abbade de Baçal – o bonacheirão de Robespierre do Seminario»; «Boletim Diocesano de Bragança», 2.8: 119. Coimbra, 1899 – Com vários outros, dos arciprestados de Bragança e Rebordãos, assina (1899.08.27) um protesto contra as agressões que «O Baixo Clero» fez ao prelado da diocese. (1900) «O Nordeste», 1900.01.10, p. 3, c.1 – «Ha na freguezia de Baçal um parocho, o sr. Padre Francisco Manuel Alves, cheio de virtudes, d’intelligencia nitida, de caracter digno, salutar e illustrado. As suas convicções politicas são regeneradoras e como tal o manifestou nas ultimas eleições, empregando todos os esforços. / Pois este parocho virtuoso e illustrado e este regenerador ferrenho e cheio de convicção, não teve escrupulo em mostrar do alto d’um lugar sagrado, d’um lugar sacrosanto onde se venera Deus (…), o merecimento intellectual e as qualidades pessoaes dos nossos presados amigos (…) / Pois este parocho virtuoso e esse regenerador dedicado, no momento em que do alto do seu altar fazia o catechismo e educava o povo, mostrou o seu arrependimento, dizendo que elle tinha commetido um erro e uma falta em não ter acompanhado nas passadas eleições (…)»; «O Nordeste», 1900.01.17, p. 2, c.1-2 – Sobre o assunto da edição de 01.10: «O virtuoso e illustrado abbade, o sr. padre Francisco Manuel Alves, ensinando aos seus parochianos a fazer aos nossos amigos e a toda a sua familia a justiça de que são dignos, não fez mais do que praticar um acto de verdadeira moral (…)»; «PJ», 1900.02.21, p. 1, c.3 – «Consta que vai ser nomeado director do museu municipal d’esta cidade (Bragança) o sr. Robespierre, abbade da freguezia de Baçal, d’este concelho, lugar vago pela ausencia do sr. Lopo para Mirandella»; «O Baixo Clero», 1900.06.29, p. 1, c.4 – «É porventura por culpa nossa que Sua Exª (o bispo Mariz) não reside no bispado? / Fomos nós que fizemos aquelles aggravos, que aqui se disseram ao padre Monteiro, ao Padre José de Fontes, ao Reitor de Baçal, ao (…)?». (Para quê referir tais «aggravos»? Se outras razões não houvera, bastava a de ser muito incompleta a col. de «O Baixo Clero» que estamos consultando).

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(1902) «Correio Nacional», 1902.02.08, p. 1, c.6 – Notícia da criação (dia 2) do Centro Nacional (no corpo da notícia diz-se «districtal») de Bragança, com indicação dos nomes que constituem os seus corpos gerentes (Alves, entre muitos outros). (1904) «Districto de Bragança», 1904.04.22, p. 1, c.3 – «Surprehendeu-nos (…) a noticia de que ao concurso haviam sido admittidos os reverendos Francisco Manuel Alves e Francisco Manuel Alves, parentes um do outro, ambos párochos collados, um de 1ª classe, outro de 2ª, nas freguezias de Baçal e Iffanes, respectivamente (…) / (…) o talentoso e erudito párocho de Baçal, um bom e um justo (…)»; «GB», 1904.04.24 – «Esteve na semana passada entre nós o nosso bom amigo sr. P.e Francisco Manuel Alves, mui digno e illustrado abbade de Baçal»; «GB», 1904.05.15, p. 2, c.4 – «Esteve hontem em Bragança o nosso bom amigo sr. P.e Francisco Manuel Alves, illustrado e virtuoso abbade de Baçal»; «GB», 1904.08.21, p. 2, c.4 – «Esteve hontem em Bragança o nosso bom amigo e collaborador rev. Francisco Manuel Alves, mui digno e illustrado abbade de Baçal». (1905) «GB», 1905.01.29 – Da local Descobertas archeologicas. Castro de Sacoias. O templo á Immaculada extractamos: «As escavações para a construção d’um templo à Immaculada Conceição, no Castro, limite de Sacoias, freguezia de Baçal, d’este concelho, teem produzido os importantes achados archeologicos (…) / Todos estes objectos foram recolhidos pelo nosso amigo e collaborador rev. F. M. Alves (…)»; «GB», 1905.03.05 – Artº Um defensor do Sr. D. José de Mariz: «Nem só impugnadores tem na imprensa e no districto o sr. Bispo de Bragança. / No ‘Commercio do Porto’ (…) deparámos ha dias com dois extensos artigos, intitulados O motim no Seminario de Bragança. / Apesar de serem apenas assignados pela lettra P, a vasta erudição que n’elles se revela sobre antiguidades de Bragança e sobre a historia ecclesiastica da diocese denunciou-nos o auctor (…) É o muito digno abbade de Baçal, revº Francisco Manuel Alves, um lúcido e culto espirito (…)»; «O Nordeste», 1905.04.26, p. 2, c.2-5 – Artº Insulto archeologico: «Nós nunca viramos o Reitor de Baçal. Lêramos, em tempos, o seu nome na ‘Gazeta’ (…) // desenhára-mol’o na nossa mente como um paladino cavalheiresco e audaz, nos labios pairando o vento da Verdade (…) / N’um dia remoto e memoravel, alguem nol’o apontou. Ainda temos bem presente o espanto e a decepção que nos invadiu (…) / Lancem-o aos Batocos! E assim terá lucrado a hygiene por haver um foco de infecção a menos – e a cidade por vêr desapparecer um diffamador a mais (…)»; «GB», 1905.04.30, p. 2, c.1-2 – Lavater surge, com o artº A um mal educado, em defesa de Alves, que «O Nordeste» violentamente atacara; «O Nordeste», 1905.05.24 – Raúl Teixeira, no artº Erudição e hydrophobia: «Porque suppozesse ser eu o auctor da prosa que, n’este jornal, ha dias sahiu para castigar a insolencia d’um clerigo, o snr. P.e Francisco Alves, prégador, plumitivo e colleccionador de raridades, subiu no penultimo domingo ao

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pulpito da ‘Gazeta’ e fundibulou-me com meia duzia de periodos d’uma ironia chispante, d’uma gentileza smart de hespanhol do norte, arvorando-se em Accacio (…) / O Snr. Alves com um cynismo improprio de homem mas peculiar em certas classes (…)». (1906) «O Nordeste», 1906.02.22, p. 3, c.1-2 – Não aparece expressamente citado o seu nome, mas é por certo a Alves que M. C. se refere quando diz: «Pois apesar de tudo, ainda apparecem RR. que veem publicamente louvaminhar s. exª porque a mesma exª continúa a ter apparencias de bispo»; «O Nordeste», 1906.06.14, p. 1 (c.5) e 2 (c.2-4) – Artigos A um R. (p. 1) e RR ... Episcopaes (p. 2). / Se bem que não citado o seu nome, é de Alves que se trata, como ele próprio o reconhece em «Inéditos» (acima referidos). Extractamos do 1º artº: «Tem dado que congeminar a muita gente o motivo por que, de vez em quando, um R, esgaravatando em sujas antiqualhas para vêr se n’ellas descobre que alguns antecessores do Bispo tambem hajam sido atacados por seus actos, se sai na ‘Gazeta’, a medo, com simulacro de elogio ao sr. de Mariz»; «O Nordeste», 1906.08.23, p. 2, c.2 – Artº Fossil Reverendo: «Um sacerdote deslavado – podem tomar o termo nos dois sentidos: proprio e figurado – evidenciou, no passado domingo, junto á meza eleitoral da assembleia de Santa Maria, uma habilidade e aptidão (…) O reverendo soba de Baçal (…)»; «O Nordeste», 1906.09.06 – Ver artº Robs, o grande … vulto! (p. 2, c.5) e O Pensador … de Baçal (p. 3, c.3). (1907) «O Nordeste», 1907.01.24, p. 1 (c.5) e 2 (c.1-3) – Artº Um… Imaculado. Avalie-se da contundência e estilo por uma das menos baixas expressões: «sebento e immundo escrevinhador de livrécos»; «O Nordeste», 1907.02.07, p. 1 e 2 – No artº Loucuras episcopaes (que vem de longe – este é o nº 12 – e continuará), o A., anónimo, refere-se particularmente à dedicatória das «Notas biographicas» (do bispo Mariz), «Tributo de admiração no 21º anniversario da sua eleição e confirmação episcopal por Francisco Manoel Alves, Reitor de Baçal»; «O Nordeste», 1907.02.28, p. 3, c.2-3 – Artº Falsidades episcopaes. Um X bem conhecido; «GB», 1907.04.21, p. 2, c.4 – «Está em Moncorvo o sr. P.e Francisco Manuel Alves, digno abbade de Baçal e nosso distincto collaborador»; «GB», 1907.05.05, p. 2, c.4 – «Regressou de Moncorvo á sua casa de Baçal o sr. abbade Francisco Manuel Alves». (1908) «O Nordeste», 1908.01.16, p. 3, c.2 – António Guilhermino Lopes tenta reconstituir o que foi o mosteiro de Castro de Avelãs, mas desiste do intento – «(…) não sem se lembrar com saudade o Robespierre que áquella hora, talvez, estivesse no seu eremiterio de Baçal, estudando nos alfarrabios o trajecto da via romana pela Lombada»; «O Nordeste», 1908.05.15, p. 2, c.2 – «(…) temos que concluir que (…) os defensores do sr. Bispo de Bragança (Alves e P.e Figueira) só encontraram um jornal acatholico («Álerta!») que lhe acceitasse a defesa episcopal, ou que esses mesmos

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defensores em seus escritos tambem eram acatholicos»; «A Pátria Nova», 1908.07.08 – Citação de Moura Coutinho, no folhetim «Apontamentos para a historia de Bragança»: «V. o opusculo ha pouco publicado A Confraria do Divino Jesus de S. Vicente onde em umas notas o meu erudito amigo abbade de Baçal, padre Francisco Manuel Alves, relata que as inquirições de D. Affonso III são o documento mais antigo que se conhece que faça menção da egreja de S. Vicente»; «GB», 1908.08.02, p. 1, c.2 – A construção do castelo de Bragança data de…, «como averiguou o conceituado archeologo e nosso distincto collaborador (…)»; «A Pátria Nova», 1908.08.05, p. 2, folhetim (de Moura Couitinho) – Afirmação de que foi por iniciativa do seu «ilustrado amigo abade de Baçal» que se comemorou, em Bragança, o grito de revolta contra o exército francês; «GB», 1908.08.23, p. 2, c.2-3 – Artº Ao Rv.mo sr. Abbade P.e F. Alves, do C. de «CP», por Alves «ter combatido, por falta de verdade histórica, a noticia por aquele publicada em O Commercio do Porto, a proposito da guerra peninsular (…)»; «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 1908.08, p. VIII – Notícia da criação da secção «Bibliographia Trasmontana», que «fica a cargo do nosso obsequioso e infatigavel collaborador (…)»; «GB», 1908.11.01, p. 1, c.2 – Alves figura na lista de efectivos do partido regenerador para a Câmara de Bragança, na companhia de Abílio Beça e Augusto Moreno; «CP», 1908.11.13, p. 1 c.2 – Resultado do apuramento da eleição municipal de Bragança, que deu à lista regeneradora uma maioria de 117 votos, ficando assim Alves eleito vereador; «O Nordeste», 1908.11.18 – Artº Adjectivo novo. / Extractamos: «O erudito abbade de Baçal descobriu novo synonimo do termo brigantino. O qual vem a ser esta cousa extravagante e original: bragançano. Seguindo, pois, a regra do amigo Robespierre, isto é, empregando o suffixo ano para designar a qualidade de habitante da terra a que o mesmo suffixo se accrescente, como tem de se chamar, por exemplo, a um habitante da cidade de Mascate, na Arabia? (…) / Elle ha cada Robespierre e cada originalidade!…». / No exemplar de «Artigos», 2, Alves anotou: «Mas o que é verdade é que em 1919 se fundou em Bragança um jornal intitulado ‘Bragançano’ de harmonia com o adjectivo que eu propuz e que hoje é geralmente empregado. / Depois em Agosto de 1909 voltaram com a piada a proposito do bragançano num suelto sob a epigrafe Mania e é a elle que responde o que vae collado. / Apezar de tudo a palavra bragançano é ja hoje correntemente empregada»; «A Pátria Nova», 1908.12.02, p. 1 – «Carta aberta» de Moura Coutinho chamando a atenção de Alves para a necessidade de restauro da Domus; «GB», 1908.12.13, p. 3, c.2-3 – Indicação de que, como vereador, Alves fica responsável pelo pelouro do Museu; «A Pátria Nova», 1908.12.23, p. 3, folhetim – Nova citação do nome de Alves por parte de Moura Coutinho, a quem fornecera o termo de nascimento do brigadeiro Domingos António Gil, da Mofreita. (1909) «O Nordeste», 1909.01.01, p. 3, c.2 – «Corre (…) / – que a nova vereação mandou proceder a experiencias de illuminação pelo gaz

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acetylene, mas que, não tendo dado resultado, vae mandar illuminar a cidade a … sêbo; / – que foi adjudicado o fornecimento do sêbo necessario ao sr. abbade de Baçal». Confronte-se com o passo seguinte, extracto de uma carta do P.e Miguel José Rodrigues: «O cheiro dos pés é horrendo e realmente em Bragança é abbade de Baçal nas lojas, nas pharmacias, nos passeios, nas sallas, no Lyceu por que nunca viram outro sabio. Anda a pé com alpercatas e um bordão, como um peregrino, só lhe falta pedir esmola. Tem enorme desprezo pelos Padres e pelo Salvador do mundo não tem respeito nem adoração e vai á igreja unicamente pelo dinheiro para os papeis sujos. Come como um lambão e anda por Bragança com livros em baixo do braço para que digam que é um sabio e não sabe a doutrina christã»; «O Nordeste», 1909.01.22, p. 2 – Artº Sessões preparatorias: Sessões… «domesticas, familiares, caseiras», em que se faz «um ensaio d’aquillo que ao outro dia ha-de representar-se na camara. Cada um diz os seus papeis (…)» e o presidente lá está com a sua batuta… O único vereador que dá um «trabalhão»… «É em fazel’o andar limpo! Imagine o douto amigo que da poltrona onde costuma assentar-se para assistir… ao ensaio, a criada tira, cada noite, cinco kilos de sêbo!»; «GB», 1909.01.31 – Nova citação por parte de Moura Coutinho: «(…) devo á bondade do sr. Abbade de Baçal o conhecimento de um documento (…)». / Para mais citações do género ver, entre outras, as edições de 02.07, 14 e 21, 03.07, e 05.16; «O Nordeste», 1909.02.19, p. 2, c.5 – «Homem, você vem obsceno! Que termos são esses de diabo, e que mal lhe fizeram os clerigos? Imagine que o abbade de Baçal estava!»; «O Nordeste», 1909.03.05, p. 2, c.5 – «Corre … que foi muito notado que, na quinta-feira, vespera do julgamento do ‘Nordeste’, pelas nove horas da noite, sahissem de casa do sr. Ferro, em conversa muito animada, os srs. padre Figueira, padre Francisco Alves e Antonio Annibal d’Almeida, todos testemunhas de accusação (…)»; «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 1909.06, p. 43 – Notícia de ter regressado a Baçal após «uma interessante e productiva excursão scientífica (…)»; «O Trasmontano» (supl. de «IT»), 1909.07, p. 55, c.3 – «Moncorvo. As illustrações que acompanham n’este numero e seguintes o trecho da proficiente e valiosa monographia de Moncorvo, que a penna sabedora e reputada do nosso erudito, glorioso e respeitadissimo collaborador (…)»; «O Nordeste», 1909.08.06, p. 1, c.3-4 – Artº O Robs, zurzindo este como «avis rara» e defensor do bispo: «E sendo um trabalhador honesto e um escriptor consciencioso em questões archeologicas, elle é, quando defende o patrão, um perfeito cynico e um plumitivo venal!»; «O Nordeste», 1909.08.13, p. 1, c.13 – Artº Homem perdido e bispo salvo. Extractamos: «Ahi tem o publico o que vale o mercenario defensor do sr. Bispo de Bragança. / Apenas elle, o sr. abbade de Baçal e encomendado de Varge e Avelleda, veiu dizer n’um jornal desta terra que eram já velhas as campanhas contra os Bispos d’esta Diocese (…)». / Ver mais as edições de 07.09, 16, 23 e 30, e 08.06 e 27; «O Nordeste», 1909.08.20, p. 2, c.2 – Sob a epígrafe Mania, apenas esta nota: «O maduro do abbade de Baçal dá-lhe com o bragançano! Ó homem: veja

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lá como quer chamar, seguindo a sua regra para a formação do patronimico, aos habitantes da peninsula de Kamtchatka e aos naturaes de Komeskate, na Russia meridional?»; «O Nordeste», 1909.09.03, p. 2, c.3-5 – Artº O Abbade de Baçal, por António Guilhermino Lopes. / Avalie-se o seu conteúdo pelas palavras iniciais: «São por nós bem conhecidos os fins que tem em vista a nojenta creatura que dá por este nome»; «O Nordeste», 1909.09.10 – Artº Situações claras («tunda», por Eduardo Faria, no dizer de Alves, col. do Museu do Abade de Baçal), Esclarecendo (com uma carta de Alves), e Uma explicação (por António Guilhermino Lopes, batendo a tecla habitual); «O Nordeste», 1909.09.17, p. 2, c.3-4: Artº O Robs, querendo defender o Bispo, mais o compromete; «O Nordeste», 1909.09.24 – Artº Como merece, de Eduardo Faria (nova «tunda», igualmente no dizer do visado. Ver, acima, artº deste «Já que assim o quer»); «GB», 1909.09.26 – Artº Guerra Peninsular: Notícia de que a Câmara «deliberou encarregar o digno vereador e distincto archeologo sr. abbade Francisco Manuel Alves, de Baçal, de envidar todos os esforços no sentido de auxiliar» a Comissão Executiva do Centenário da Guerra Peninsular, de Bragança, «a fim de se investigar da existencia de recordações e reliquias dessa passagem memoravel da historia da Peninsula (…)»; «O Nordeste», 1909.11.19, p. 1 – Artº O bispo de Bragança. (1910) «GB», 1910.02.20, p. 2, c.4 – Notícia de que «está escrevendo» as M, de que se transcreve «uma parte no presente numero» (capítulo respeitante a João Afonso Pimentel); «Jornal de Bragança», 1910.05.25, p. 2, c.4-5 – Lembra a Alves para ter «mais cuidado com o exotismo linguistico». (Ver 1909.02.19); «Jornal de Bragança», 1910.08.17 – Col. «Individualidades», de que Alves é a primeira. / Transcrevemos: «Afigure-se-vos Diogenes palmilhando as ruas de Bragança com a historica lanterna em punho e que se lhe deparava o nosso abbade de Baçal… / – Um homem!, exclamaria. / Um homem, sim, de uma intellecção superior, bom, puro, adoravel e com uma grande, uma subtilissima alma»; «Jornal de Bragança», 1910.12.18, p. 2, c.4 – «Este nosso amigo e considerado archeologo (Alves) offereceu-nos, ha dias, um exemplar da sua interessante monografia sobre o mosteiro de Castro d’Avellãs (…)». (1911) «A Pátria Nova», 1911.01.20, p. 2, c.4 – Artº de Augusto MORENO, Fugindo!, de que extractamos: «É calúnia por exemplo que Raul Manuel se tenha metido com as pessôas que enumerei no meu artigo anterior e com muitas mais (…), como por exemplo o sábio e modesto abade de Baçal (…) ?»; «Jornal de Bragança», 1911.03.13, p. 3, c.2-3 – Notícia de que «O erudito abade de Baçal e o director d’este semanario vão, de collaboração, publicar, em volume, um estudo sobre os judeus no districto de Bragança (…)». (1912) «Noticias de Bragança», 1912.02.29, p. 1, c.4-5 – «Honra hoje as columnas deste semanario, dando-nos um curioso excerpto dum dos volu-

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mes a entrar no prelo (…)». / Ver «Realismo na Arte. Convento de Santa Clara de Bragança», 1912. (1913) «DN», 1913.07.13, p. 4, c.4 – Resumo da sessão em que é nomeado sócio da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos; «Noticias de Bragança», 1913.07.31 – Notícia de que a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos o elegeu sócio. (1914) «A Pátria Nova», 1914.11.15, p. 1, c.2 – «Há muitos anos que existe nesta cidade um museu municipal com regular organização, e que contêm já um avultado número de objectos de incontestável valor artístico, arqueológico e etnológico, despertando tais assuntos certo interesse e curiosidade nêste meio onde o abade de Baçal (…) se destaca (…)». (1915) «DN», 1915.02.29 – Referência ao «Vocabulário de Baçal» enviado à ACL; «DG», II s., 108: 1404. Lisboa, 1915.05.11 – Decreto (1915.05.08) nomeando-o vogal substituto da Comissão Administrativa para gerir os negócios da Junta Geral do Distrito de Bragança; «Legionário Trasmontano», 1915.09.02, p. 2, c.2 – Simples notícia de que «Esteve nesta cidade (Bragança), com pouca demora, o nosso prezado amigo e colaborador (…)». / Idem, edições de 10.28 (p. 3, c.5) e 1916.04.21 (p. 3, c.4); «Legionário Trasmontano», 1915.10.21, p. 1, c.5 – Notícia de que contribuiu com 1$000 na subscrição entre o clero da diocese para a compra de «uma mitra preciosa, um báculo e os paramentos pontificais mais indispensáveis» a oferecer ao bispo D. José Lopes Leite de Faria; «Legionário Trasmontano», 1915.11.11, p. 3, c.2-3 – Breve local sobre a sua não nomeação para conservador do Museu: «Constando que para conservador do Museu Regional de Bragança era preterido o conhecido arqueólogo Abade de Baçal pelo sr. Álvaro Carneiro (…) / Bem sabemos que não é muito do agrado de alguns vermelhos e de certos verdes que o sr. Abade de Baçal seja nomeado Conservador Regional (…)». / A «intrigalhada pifia» então urdida repetir-se-á mais tarde, aquando da proposta para bibliotecário-arquivista da Biblioteca Erudita e Arquivo Distrital de Bragança. Alves prometeu fazer um dia «a historia de tudo isso publicando na integra os documentos (…)» (M, 4: 680-681). Não o tendo chegado a fazer – que saibamos –, os documentos que refere por certo se perderam, como tanta outra coisa sua! Pelo menos não os encontrámos ainda, apesar das várias diligências em tal sentido feitas. / Sobre a nomeação em causa ver ainda «O Trasmontano», edições de 1915.11.07 (artº Está certo) e 14 (artº Está bem), e «Legionário Trasmontano», 1915.12.17 (artº Progresso em Bragança). (1916) «Trabalhos da Academia de Ciências de Portugal», 1ª s., 6: 547. Coimbra, 1916.02.28 – «A Academia recebeu informações de vários pontos do continente e ilhas sôbre a linguagem regional, o que denota uma proficua acção de investigação por parte dos seus obsequiosos cooperadores.

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Muitos desses trabalhos demonstram considerável esforço de pesquisa, observação inteligente e apreciável método de organização. Pertence ao número destes o Vocabulário de Baçal, organizado pelo Sr. padre Francisco Manuel Alves, estudo de muita importância lexicográfica»; «Liberdade», 1916.07.11, p. 3, c.4-5 – «O Reitor do Baçal, rev. Francisco Manuel Alves, erudito archeologo que de ha annos estimamos, consideramos e admiramos presta-nos indicações sobre a partida do Senhor D. João VI para o Brazil, que é nossa obrigação e devoção aqui transcrever» (segue a transcrição); «Legionário Trasmontano», 1916.12.11, p. 2 – Merecida homenagem. / E abre nas suas colunas uma subscrição para a compra de uma prenda a oferecer a Alves, em testemunho de admiração e respeito; «DN», 1916.12.23, p. 3, c.1 – «O sr. Oscar de Pratt, por parte da secção de sociologia, mandou para a mesa (da ACL) o parecer ácerca da candidatura do sr. padre Francisco Manuel Alves, onde aprecia favoravelmente as suas obras». (1917) «Notícias de Bragança», 1917.01.01 – Notícia de ter sido eleito sócio correspondente da ACL; «Legionário Trasmontano», 1917.01.26 – Sob o título Merecida homenagem, a notícia da homenagem a prestar-lhe por ocasião das festividades de Nossa Senhora da Serra; «Pátria!», 1917.07.23, p. 2, c.2 – Referindo-se à homenagem a prestar a Alves, di-la por duas vezes «justissima»: «É justissima, repetimos, a consagração. E, se alguma pecha lhe notamos, é a de ser pequena para tamanho vulto» (transcrição em M, 4: 681-682); «O Fomento Agricola», 1917. Agosto, p. 2 – Da notícia necrológica de Alfredo Menères extractamos: «Como homem de sciencia deixa valiosas obras sobre historia da provincia trasmontana, que vão ser devidamente apreciadas pelo distinto e erudito escritor o Snr. P.e Francisco Manuel Alves, uma gloria do nosso districto, que a par de uma invulgar modestia reune uma bagagem scientifica que o coloca na vanguarda da nossa élite intelectual»; «Trabalhos da Academia de Ciências de Portugal» (1ª s., 6. Coimbra, 1916), 1917.11.18 – António CABREIRA, Relatório dos trabalhos da Academia de Sciências de Portugal no anno de 1916-1917, p. 441 – «O sr. Óscar de Pratt tratou da obra arqueológica do sr. Abade Francisco Manuel Alves». E p. 453 diz-se ter sido eleito sócio correspondente; Idem, p. 479 – Óscar de PRATT, Relatório dos trabalhos dos Institutos anexos da Academia de Sciências de Portugal no anno de 1916-1917, declara, referindo-se à criação do Instituto Científico-Literário de Trás-os-Montes: «É sobeja garantia da importância do seu esforço e de uma fecunda actividade o nome do seu ilustre presidente o sr. P.e Francisco Manuel Alves, indefesso investigador de história e de arqueologia». (1919) «Liberdade», 1919.01.09, p. 1 e 2 – Mensagens de Firmino Martins e Manuel Ferreira Deusdado, lidas por ocasião da oferta de um artístico cálice de ouro, produto de uma subscrição entre os seus admiradores. / Ver «Inéditos», p. 29-30; «O Povo de Mirandella», 1919.11.01, p. 2, c.3 – Inicia-se,

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neste periódico, a publicação da lista de subscritores «para a justa homenagem que se projecta prestar ao erudito Abade de Baçal (…)». / No ADBç, «Artigos», 2, entre as f.92-93, pode ver-se um exemplar da circular, datada de 1919.08.01, a «abrir uma grande subscrição, exclusivamente entre os naturais do distrito, com o fim de, com o seu produto, mandarem executar uma pena de ouro e um tinteiro monumental de prata (…) para oportunamente ser oferecido ao Padre Francisco Manuel Alves (…)»; «O Bragançano», 1919.12.16, p. 3, c.2 – «O nosso primeiro estabelecimento scientifico, a Academia de Sciências, promoveu em sessão de 27 de novembro, o meu bom amigo e distinto escritor Ex.mo Sr. Abade de Baçal, a vogal do mesmo alto estabelecimento (…)». E ainda: «As colunas de ‘O Bragançano’ são honradas com a colaboração do grande arqueólogo, glória da nossa terra (…)». (1920) «A Madrugada», 1920.01.23, p. 2, c.5 – Notícia da homenagem a prestar a Alves, com abertura da respectiva subscrição; «DN», 1920.03.08, p. 1, c.2 – Diz Júlio Dantas: «Como complemento á obra de vulgarização documental feita pela Academia das Sciências de Lisboa e pelas Bibliotecas e Arquivos do Estado, alguns investigadores estão publicando, á sua custa e por sua iniciativa, documentos valiosos. Francisco Manuel Alves, o erudito abade de Baçal, deu á estampa o tomo V (lapso evidente, por IV) das suas Memorias Historico-Arqueologicas (novo lapso, por Archeologico-Historicas) do Distrito de Bragança, em que são trasladados muitos pergaminhos avulsos do Paço Episcopal e do cartorio capitular bragançano, e dos cartorios municipais de Moncorvo e de Miranda do Douro»; «O Debate», 1920.04.30 – Apelidando Alves de «erudito e muito illustre», cita bibliografia do mesmo; «O Leste Trasmontano», 1920.05.15 – Artº Honra ao mérito, com transcrição do diploma que concede a Alves o grau de comendador da Ordem de S. Tiago da Espada; «DN», 1920.07.04, p. 1, c.8 – Congressos regionais. Bragança não quere ser esquecida. E apela para o ‘Diario de Noticias’, lembrando que no distrito se falam três idiomas. A próposito do Congresso Trasmontano, cuja vinda a Bragança, em carta ao «DN», Domingos Ferreira Deusdado defende, dizendo que «não deve, de modo algum, deixar de ali se realizar uma das sessões». E acrescenta: «(…) os bragançanos interessar-se-iam mais pela realização do Congresso, mencionadamente se entre eles se nomeasse uma comissão de individualidades como o erudito arqueologo padre Francisco Manuel Alves, reitor de Baçal, a quem Bragança tanto deve; agricultores como o dr. Meneses Cordeiro (…)»; «CP», 1920.08.24, p. 1, c.4 – Segundo notícias de Bragança, «O nosso bom amigo e distinto archeologo rev. Francisco Manoel Alves, abbade de Baçal, acaba de descobrir em Vila Flôr importantes documentos sobre a vida do grande navegador Fernão de Magalhães, entre os quaes (…)»; «A Pátria» (Lisboa), 1920.09.22, p. 5, c.4 – Consagração da arte. Homenagem de apreço ao arqueologo Abade de Baçal em Bragança. Notícia da sessão da homenagem (09.16), na Câmara Municipal, durante a qual lhe foi entregue em «artis-

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tico quadro» o diploma de comendador da Ordem de S. Tiago da Espada. Ver «Inéditos», p. 30-33 e, particularmente, 33-34. (1921) «Notícias de Viseu», 1921.05.01 – Simples citação do nome de Alves como sócio-fundador do Instituto Etnológico da Beira, ao lado de Teófilo Braga, J. Leite de Vasconcelos, Cândido de Figueiredo, Óscar de Pratt, Fortunato de Almeida, etc.; «DN», 1921.06.07, p. 4, c.2 – Indicação do nome de Alves como membro da direcção provincial de Trás-os-Montes da Cruzada Nacional Nun’Álvares Pereira, com sede em Bragança. (1923) «A Época», 1923.06.25, p. 2, c.7 – Artº Uma lapide votiva. Extractamos: «Do conceituado archeologo, Padre Francisco Manuel Alves, Reitor de Baçal, concelho de Bragança, recebemos uma carta acerca duma noticia dada na ‘Época’ sobre uma lapide votiva existente em Malta, concelho de Macedo de Cavaleiros. / A absoluta falta de espaço com que luctamos e o proposito em que estamos de arredar polemicas, que como esta prometem ser azedas, inhibem-nos de lhe dar publicidade (…) / A divergencia entre a comunicação que publicamos e o conteudo da carta do sr. Padre Francisco Manuel Alves está (…)». (1924) «PJ», 1924.09.30, p. 4, c.6 – «Está sendo impresso nesta cidade o 5º volume das Memorias arqueologico-historicas do distrito de Bragança, da autoria do distinto arqueologo Padre Francisco Manuel Alves». (1925) «Estatutos do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte, de Bragança», datados de 1925.02.28 – Folha de 22x24 cm, dobrada a meio: Na p. 2, as razões da constituição do Grupo, de que Alves fazia parte, como presidente, e na p. 3, os Estatutos. / Um exemplar pode ver-se no ADBç, «Artigos», 2, doc.1; «PJ», 1925.03.04, p. 3, c.2 – «Por iniciativa do sr. dr. Raul Teixeira, está-se organisando nesta cidade (Bragança) um grupo denominado Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras d’Arte de Bragança, que tomará a seu cargo a protecção às obras d’arte e monumentos desta cidade. Um dos primeiros actos desta colectividade será o desenvolvimento dos museus regional e municipal e a restauração da Domus Municipalis (…) Desse Grupo podem fazer parte todos os individuos que queiram inscrever-se com uma quota mensal, voluntaria, mas nunca inferior a 1$00. / A comissão organisadora é composta dos seguintes cavalheiros: Presidente, padre Francisco Manuel Alves, abade de Baçal, distinto arqueologo; tesoureiro, José Antonio Furtado Montanha, agente do Banco de Portugal; secretario, dr. Raul Teixeira; vogaes, dr. Adrião M. Amado, padre Albano Falcão, dr. Alfredo José Rodrigues, Alipio Queiroz, dr. Antonio A. P. Quintela, padre Antonio Augusto Teixeira, major Antonio José Teixeira, dr. Antonio Olimpio Cagigal, Domingos Bernardo Vinhas, dr. Eduardo Ernesto de Faria, dr. Francisco Felgueiras, pintor Henrique Tavares, dr. João Carlos de Sá Alves e dr. Vitor Teixeira»; «PJ», 1925.03.06, p. 4, c.6, sec.

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«Correspondencias da provincia». Transcrevemos: «Alvitre acertado e louvavel. / Com a morte do sr. Alvaro Carneiro ficou vago o logar de director do Muzeu. Segundo nos informam, o sr. governador civil, dr. Adrião Amado, lembrou ao sr. ministro da Instrução o nome do distinto arqueologo padre Francisco Manuel Alves, abade de Baçal, para o preenchimento da dita vaga. Foi o primeiro nome indicado quando da criação do muzeu e que só uma errada orientação politica fez com que tal nomeação se não fizesse. A proposta do sr. governador civil honra-o sobremaneira, porque sua exª pondo de parte conveniencias politicas praticou com o seu louvavel um acto de inteira justiça e que satisfaz os desejos de todos os que amam o engrandecimento desta terra. Oxalá que a nomeação se não faça esperar para que o erudito arqueologo possa começar a dar aquela regula historica a vida (sic) e o engrandecimento de que tanto carece»; «Traz-os-Montes», 1925.05.16, p. 2, c.1 – A propósito de a «casa do senado em Bragança» continuar ao abandono, «apesar dos brados longinquos de alguns nobres e esclarecidos espiritos que, como o nosso ilustre historiador, padre Francisco Manuel Alves, ha longos anos, clamavam e apontavam já esse sacrilego abandono como um ferrete de ignominia». (1926) «Novidades», 1926.03.27, p. 3, c.1 – «Por iniciativa da ‘Liga dos amigos dos monumentos de Bragança’ (de que Alves fazia parte) vai proceder-se à restauração do antigo ‘Cruzeiro’, da Praça da Sé, que provavelmente será erigido no mesmo local onde o levantaram os nossos maiores (…)»; «PJ», 1926.09.02, p. 2, c.4-5, artº do C., em Bragança, Bragança em festa. A Senhora das Graças. / Após ter lembrado que «Se Bragança se encontra hoje em via de progresso mais se deve aos seus esforços pessoaes e aos seus recursos proprios do que à politica», o articulista diz, a certa altura: «E que poderemos nós dizer do formidavel homem de sciencia e distinto arqueologo autor do artigo Bragança. Festas, arte e antiguidades? O insignificante noticiarista do jornal não conhece adjectivos que possa aplicar ao autor da grande obra Memorias (…)». (1927) «PJ», 1927.05.10, p. 5, c.7 – Segundo notícias de Bragança, «Partem por estes dias, de automovel, em viajem de recreio e de estudo aos Museus de Coimbra, Vizeu e Lamego, a fim de colherem elementos para a instalação do Museu Regional de Bragança, os srs. Padre Francisco Manuel Alves, José Furtado Montanha e drs. Raul Teixeira e Vitor Teixeira»; «A Era Nova» (Castelo Branco), 1927.05.15, p. 1 – «Honrou-se a cidade de Castelo Branco em ter recebido a visita do eminente arqueólogo, o sr. Padre Francisco Manuel Alves, abade do Baçal e erudito conservador do Museu Regional de Bragança. / Acompanhavam o ilustre investigador os seus amigos (…)»; «A Voz», 1927.06.15, p. 5, c.1 – Alves preside a uma sessão da Assembleia Geral do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras d’Arte de Bragança durante a qual Raúl Teixeira leu o relatório e contas da Direcção. Referência ainda ao início dos «trabalhos preparatórios para a res-

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tauração da Domus», uma iniciativa de Alves e Raúl Teixeira; «PJ», 1927.11.01, p. 6 – Em correspondência de 10.29, o C. em Bragança, falando de melhoramentos locais, diz que «Graças ao esforço e dedicação do distinto arqueologico (sic) padre Francisco Manuel Alves, abade de Baçal, dr. Raul Teixeira, dr. Antonio Quintela e José Montanha, dirigentes do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras d’Arte e a instancias do governador civil (…), estiveram ultimamente nesta cidade a fazer o estudo de restauração da ‘Domus Municipalis’ os distintos engenheiros arquitectos (…)». (1928) «A Voz», 1928.03.02, p. 5, c.7 – No jantar de homenagem ao Governador Civil, capitão Tomás Fragoso, realizado no Hotel Moderno, por inicitiva do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras d’Arte, «Ao champanhe levantou-se o sr. P.e Francisco Manuel Alves, reitor de Baçal e director do Museu Regional, que em nome do Grupo agradeceu ao sr. Governador Civil os numerosos e valiosos beneficios que Bragança lhe deve e um especial ao Grupo a que tem a honra de presidir»; «A Voz», 1928.03.13, p. 2, c.1 – Participando no banquete de homenagem ao Ministro do Interior, de visita a Bragança, usou da palavra o «Reitor de Baçal e na sua qualidade de representante da Associação dos Artistas e que abordou o problema da assistencia publica nas suas relações com os organismos operarios, pedindo a criação de subsidios de invalidez e de velhice»; «A Voz», 1928.06.26, p. 5, c.1 – «Bragança vai ter, dentro em breve, satisfeita uma das suas grandes aspirações (restauro da Domus) (…) – para o que muito contribuiram o Ex.mo Governador Civil do distrito (…) e os membros da comissão executiva do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras d’Arte de Bragança, r. Padre Francisco Manuel Alves, dr. Raul Teixeira e José Furtado Montanha, a quem Bragança ficará devendo tão valioso monumento»; «PJ», 1928.10.14, p. 3, c.6 – «Monsenhor José Augusto Ferreira, conego da Sé de Braga, fez-se representar pelo sr. padre Francisco Manuel Alves, abade de Baçal e distinto arqueologo», na recepção ao novo prelado de Bragança, D. António Bento Martins Júnior. «A Voz», idem, p. 3, c.7; «PJ», 1928.10.18, p. 5, c.6 – O C. em Bragança diz ter sido «muito visitado», ultimamente, o Museu Regional, transcrevendo a impressão deixada (1928.10.09) por Aarão de Lacerda no livro dos visitantes: «Museu Regional de Bragança; as velhas reliquias tem aqui o mais carinhoso resguardo (…) É muito para admirar e exaltar este empreendimento mantido com tanta nobreza (…) / Ao seu ilustre director, sr. Reitor de Baçal, eu presto a minha homenagem». Idem, «A Voz», 1928.10.22, p. 4, c.4; «A Voz», 1929.09.14 – Transcrição de um passo das M no artº Arborisação da Serra de Bornes. Nota interessante. (1929) «PJ», 1929.12.08, p. 9, c.3-6 – Notícia de que faz «em traços largos» a biografia do conselheiro Abílio Beça, cuja memória se homenageava (12.01), em Salsas (onde discursa) e em Bragança.

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(1930) «Novidades», 1930.04.09 – Notícia da XXVII Exposição oficial de pintura e escultura da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde figura o retrato de Alves, por Henrique Tavares; «CP», 1930.06.03 – Artº Museu Regional de Bragança, reunindo uma série de notícias, de que destacamos as referentes ao busto e ao retrato de Alves por Sousa Caldas e Henrique Tavares, respectivamente; «PJ», 1930.06.06, p. 5, c.3 – Extractamos: «Deu entrada no Museu Regional de Bragança (como oferta do A.) o busto em bronze do sr. Abade de Baçal, primoroso trabalho do distinto escultor Sousa Caldas, director da Escola Industrial de Vila Nova de Gaia»; – «O retrato do mesmo sr. Abade de Baçal, pintado pelo prof. Henrique Tavares, propriedade do Museu, a quem tambem foi oferecido pelo autor, obteve o prémio ‘Rocha Cabral’ e a 2ª medalha na referida exposição (…)»; – «O sr. Abade de Baçal convidou o sr. dr. José de Figueiredo, ilustre director do Museu de Arte Antiga, de Lisboa, a vir a esta cidade inaugurar uma sala do Museu Regional, a que está sendo adaptado um riquissimo tecto de masseira, em talha primorosa, de castanho, deslocado duma sala do antigo convento de S. Bento, desta cidade (…)». / Noticiando esta mesma entrada no Museu, «A Voz», 06.09, p. 3, c.4, sob o título «Uma justa homenagem»; «PJ», 1930.10.29, p. 5, c.7 – Notícia de lhe ter sido concedida uma bolsa, no valor de 1500$00 mensais, pela Junta de Educação Nacional, a partir de Abril de 1931 e pelo prazo prorrogável de três meses, para ir para o Arquivo de Simancas; «Era Nova», 1930.11.02 – «Gentilmente acedeu ao convite (de ir proferir uma das conferências que a Comissão Instaladora da Biblioteca Municipal e Museu Regional de Chaves tencionava levar a efeito) o sabio academico Padre Francisco Manuel Alves (…)»; «CP», 1930.11.26, p. 4, c.2 – Em notícias de Vinhais, a de que, como consta, «passam amanhã (notícias de 21, do C.) naquela vila alguns brigantinos ilustres, que se dirigem para a linda cidade de Chaves (…)». / E em notícias de Chaves, p. 4, c.1-2, a de ter sido prestada «uma imponente festa de homenagem ao ilustre e erudito academico (Alves) honra e lustre da nossa provincia (…)». / Ver também «Novidades», 12.07, p. 5, c.1-2, «Sessão solene de homenagem ao rev. Abade de Baçal», e «PJ», 12.05 (circunstanciado relato desta ida a Chaves e da visita que, seguidamente, fez a Mairos) e 07; «PJ», 1930.12.31, p. 4, c.8 – Sob o título Achado arqueologico, diz-se: «No Muzeu Regional deu entrada uma pedra com uma inscrição que o sr. reitor de Baçal, Padre Francisco Manuel Alves traduziu da seguinte maneira: ‘Elamico Taurino conferiu de boa vontade o voto que tinha feito ao Deus Lesu’. Foi encontrada no sitio da Torre, em Ousilhão, e oferecida ao muzeu pelo sr. Padre João Manuel Gil Pereira. / O ilustre arqueologo, reitor de Baçal, atribue a este achado grande valor arqueologico»; «Biblos», 6: 216-223. Coimbra, 1930 – Do relato «Excursão dos alunos da Faculdade de Letras por Trás-os-Montes» extractamos: «Resolveram o sr. Abade de Baçal, glória da arqueologia trasmontana, o sr. Dr. Raul Teixeira, actividade trepidante e inteligência sempre disperta, auxiliados por um grupo de amigos, abrir no Museu Regional esta sala (Sala de Miranda) consagrada à Terra de Miranda»;

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«Revista Insular e de Turismo», 39: 15-16. Lisboa, 1930, com retrato – A. Machado GUERRA, A provincia de Trás-os-Montes, diz: «À frente dessa instituição (o Museu), que honra Bragança e toda a terra trasmontana, está a figura interessante do abade de Baçal, o P.e Francisco Manuel Alves, arqueologo sapientissimo, erudito, incansavel e sempre cuidadoso e honesto nos seus trabalhos (…) / De principio não se mostrou muito disposto a falar-nos da sua obra (…) / Depois acompanha-nos numa visita a todas as salas do museu (…)» (de cujo interior se reproduzem cinco aspectos). (1931) «A Região Duriense», 1931.02.08 – Breve referência, e retrato (repetido na edição de 02.22) a acompanhar artº de Alves; «PJ», 1931.07.03, p. 6, c.3 – Referência à passagem do Prof. Lothar Wickert, de Berlim, pelo Museu Regional, com transcrição da impressão deixada no livro dos visitantes, e indicação de que Alves se encontrava em Simancas, «coligindo elementos para o seu 8º volume das Memórias (…)»; «PJ», 1931.07.19, p. 8, c.4-6 – Relato de uma reunião da Assembleia Geral do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança, a fim de prestar contas e apreciar o pedido de demissão apresentado pelos membros da comissão administrativa, Alves, Raúl Teixeira e José Montanha. A Assembleia «resolveu manifestar-lhes a sua gratidão e incondicional confiança (…)». Só José Montanha estava presente, Alves encontrava-se em Simancas; «Pátria Portuguesa» (Rio de Janeiro), 1931.10.03 – Notícia do C. em Bragança dizendo Alves de regresso de Simancas, de cujas investigações se citam dois ou três documentos; «PJ», 1931.12.18, p. 1 (c.7-8) e 2 (c.1-4), 2 grav. (uma da Domus e a outra de um grupo de individualidades, parecendo não figurar Alves) – O eminente arqueólogo espanhol D. Manuel Gomez Moreno visita o Domus Municipalis e o Museu Regional. Desenvolvida reportagem, com transcrição da alocução de Raúl Teixeira, na qualidade de membro do Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte de Bragança. / Alves esteve presente em todos os actos: recepção em Quintanilha, visita à Domus e ao Museu, banquete. / A perpetuar esta visita, dia 15, foi descerrada uma lápide nas paredes interiores da Domus. Ver M, 10: 327. / Sobre a mesma visita ver ainda «CP», 1931.12.20 (3 grav., das quais duas da Domus, antes e depois do restauro) e «A Voz», 1931.12.23, e 1932.03.21 (p. 1 e 3, relato circunstanciado); «Boletim da Diocese de Bragança», 3.12: 380. Braga, 1931.12 – Notícia de que o «Pároco de Baçal» ofereceu 300$00 para o Seminário de Bragança. (1932) «Boletim da Diocese de Bragança», 5.3: 144. Braga, 1932.03 – Notícia de que Alves ofereceu para as obras do Seminário de Bragança «nove traves de negrilho»; «Notícias de Viana», 1932.04.23 – Anunciando o aparecimento do «Anuário do distrito de Viana do Castelo» cita-se o nome de Alves como colaborador; «A Voz», 1932.06.03, p. 3, c.5 – Notícia da nomeação de Alves como vogal auxiliar da Comissão de História Militar; «JN», 1932.06.22 – «À noite, na cidade, em casa dum amigo, falamos com o Abade.

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Tipo original, curiosissimo. Admiravel de simplicidade (…)»; «PJ», 1932.09.06, p. 6, c.7 – Transcrevendo um breve parágrafo que J. Leite de Vasconcelos deixou no livro de visitantes do Museu, quando da sua passagem por Bragança, diz-se: «A opinião insuspeita do grande mestre, bem como a opinião de outras pessoas de reconhecida competencia, que já aqui transcrevemos, mostra bem a falta de consistencia da campanha surda que se tem pretendido levantar em volta dos homens que se acham dirigindo o grande repositorio de arte, que é o nosso Museu Regional, para o qual só há elogiosas referencias de parte dos visitantes, nacionais e estrangeiros (…)». / Não se mencionam nomes, mas Alves era o seu director. / Depois de «quasi um mez» em Bragança, J. Leite de Vasconcelos partiu para Lisboa dia 26 de Setembro («PJ», 1932.20.02, p. 5, c.4). / Segundo inscrição no pátio da casa de Alves, «O Grande sábio Dr. José Leite de Vasconcelos» visitou este em 09.06; «CP», 1932.10.15 – Em ‘Notícias de Bragança’, assinadas por A. M., ver Notável achado arqueológico. Importante aquisição para o Museu Regional de Bragança; «DN», 1932.10.20, p. 11, c.2-3 – Notícia da inauguração, «no proximo domingo», da Domus, após o restauro de que foi objecto, com menção, entre aqueles que o fomentaram e dirigiram, de Raúl Teixeira, José Montanha e do «abade de Baçal, eminente arqueologo e investigador, que Bragança inteira venera e admira». / Reportagem da inauguração na edição de 24, p. 2, c.5-7; «CP», 1932.10.24, p. 1 – Notícia, a duas colunas, 4-5, da inauguração, com fotos desta, antes e depois do restauro, e da torre de menagem do castelo, e 25, p. 2, c.4-5 – Notícia de que, aquando da inauguração da «Domus» (10.23), «O sábio investigador rev. Francisco Manuel Alves, abade de Baçal, entregou ao engenheiro Gomes da Silva (…) a simbólica chave de ouro da porta principal daquele precioso monumento», e síntese, com brevíssimos extractos, da conferência proferida por Alfredo de Magalhães no acto da inauguração da mesma, sob o título «O restauro dos monumentos na reconstituição do país». / Sobre esta inauguração ver ainda: «JN», 1932.10.25 (p. 2, c.3-4), «Notícias de Viana», 1932.10.26, «PJ», 1932.10.27 (p. 2, c.1-2), e M, 9: 135-137; «Boletim da Diocese de Bragança», 4.12: 379. Braga, 1932.12 – Donativos para o Seminário de Bragança, «Revº Abade de Baçal – 30 alqueires de centeio». (1933) «CP», 1933.01.17, p. 4, c.6 – Preside na Biblioteca Erudita, anexa ao Museu Regional, a uma sessão em que Abel Salazar versa (dia 14) o tema «Crise filosófico-religiosa actual». (Note-se que Alves conhecia pessoalmente Abel Salazar pelo menos de 1931.04.19, segundo inscrição no pátio interior da casa). Igual referência, em «PJ», 1933.01.20, p. 6, c.6; «PJ», 1933.03.28, p. 8, c.1 – Das notícias do C., de 03.16, extractamos: «Visitou hoje o Museu Regional o sr. sub-secretario de finanças, dr. Aguedo de Oliveira, sendo-lhe ali oferecido um copo d’água. Brindou pelo sr. dr. Aguedo d’Oliveira o director do museu, reverendo padre Francisco Manuel Alves, reitor de Baçal, agradecendo-lhe o sr. dr. Aguedo d’Oliveira. Prometeu Sua Exª interessar-se pelo aumento de verba para que as instalações, que já são

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acanhadas, possam ser ampliadas (…) / Conversou o sr. sub-secretário de finanças com o sr. reitor de Baçal sobre a sua estada em Simancas (…) / Às 20 1/2 realizou Sua Exª a sua anunciada conferência no Teatro Camões que se achava repleto. A mêsa era presidida pelo sr. governador civil capitão Salvador Teixeira e composta pelos srs. (…) reitor de Baçal P.e Francisco Manuel Alves (…)»; «DN», 1933.03.29 – Abade de Baçal. Bragança vai erigir um monumento ao ilustre escritor e arqueologo, a quem o bispo da diocese acaba de conferir o titulo de Abade; «JN», 1933.05.07, p. 10, c.6 – Em notícias de Mogadouro e sob a epígrafe Visitante ilustre, a notícia de que Alves esteve nesta localidade, «em visita de estudo coligindo dados para as suas obras da Historia deste Distrito (…) Infelizmente os arquivos deste concelho arderam já por duas vezes razão por que poucas ou nenhumas referencias ao nosso concelho poderemos ver na referida obra»; «PJ», 1933.05.07, p. 9, c.7 – Falando da transferência para o Liceu Rodrigues de Freitas do prof. Abílio Manuel Roseira, diz-se que este «era um grande admirador do nosso abade de Baçal, Padre Francisco Manuel Alves (…)»; «PJ», 1933.05.11, p. 8, c.8 – Relato pormenorizado da «peregrinação arqueologica» já conhecida de 05.07, agora com a indicação da visita ao «notavel folchlorista sr. abade Tavares, de Carviçais, seu intimo amigo, e, hoje, infelizmente, cego»; «PJ», 1933.06.13, p. 7, c.7 – «Para Lisboa, onde vão assistir ao casamento do sr. dr. Victor Teixeira partiram: sua mãe a srª D. Guilhermina Teixeira, seu irmão o sr. dr. Raul Teixeira, suas sobrinhas M.les Maria Guilhermina e Maria de Lourdes, o sr. José Montanha, agente do Banco de Portugal, e o arqueologo rev. Padre Francisco Manuel Alves, abade de Baçal que vai proceder ao acto religioso (…)». / Ver notícia do regresso na edição de 07.04, p. 7, c.6; «A Voz», 1933.07.26 – Em Cronicas agro-pecuarias. Gado mirandez, o Doutor da Mula Ruco (sic) diz: «Tenho pena de não conhecer ‘de visu’ os concelhos do sul, os da ‘Terra quente’, mas não importa, estou ao facto deles através dos magistrais livros do Herculano trasmontano, o grande investigador (…)»; «PJ», 1933.08.01, p. 7, c.5 – Sob a rubrica Abade Baçal: «A convite da Associação dos Estudantes de Medicina da Universidade do Porto, vai a essa cidade em meiados de Novembro proximo, realizar uma conferencia sobre A medicina popular no distrito de Bragança o Director-Conservador do Museu Regional, notavel arqueologo e investigador, sr. padre Francisco Manuel Alves. / Sabemos que se prepara uma homenagem condigna ao incansavel historiador (…)»; «PJ», 1933.09.15, p. 6, c.8 – Alves (e outros, Raúl Teixeira, etc.) desloca-se a Talhinhas a fim de assistir à inauguração, nesta localidade, e por parte de Cândida Florinda Ferreira, de uma escola de ensino primário e de uma biblioteca; «PJ», 1933.09.16 – De Descobertas arqueologicas extractamos: «Acaba de regressar de uma digressão de estudos arqueologicos por terras de Vinhais o grande arqueologo Padre Francisco Manuel Alves, abade de Baçal. / Informam-nos que fez uma abundante colheita (…)»; «PJ», 1933.10.26, p. 8, c.8 – Augusto Moreno «tem palavras de agradecimento e louvor para o sr. Padre Manuel Alves, dr. Raul Teixeira e José Montanha,

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pelo carinho que teem votado à organização do Museu Regional e ao restauro da Domus (…)». (1934) «DL», 1934.02.15, p. 4, c.2-4 – Artº O nosso patrimonio artistico. O Museu Regional de Bragança possui a colecção mais rica de deuses locais que existe no país; «DN», 1934.03.18, p. 9, c.3 – Segundo o C. em Bragança, «Por iniciativa dos srs. dr. Raul Teixeira (…), Francisco Manuel Alves, abade de Baçal, director-conservador do mesmo Museu, dr. Francisco José Martins Morgado (…) e Joaquim Guilherme Pinto, vai a colecção numismatica daquele museu ser enriquecida com 9373 moedas, com o peso de 14315 gramas, quasi todas de cobre e algumas de prata, todas romanas e a maior parte do Imperador Constantino, o Grande»; «A Região Duriense», 1934.06.03 – Local de apenas seis linhas a agradecer elementos pedidos; Circular, datada de 1934.08.01, visando angariar fundos para uma homenagem a Alves. / Começa: «No dia 9 de Abril do proximo 1935 completa 70 anos de edade o sabio arqueologo, eminente investigador e virtuoso cidadão (…)». / Espécie em «Artigos», 2, f.18 b); «JN», 1934.09.18, p. 8, c.3 – «O Presidente do Conselho em visita a terras nortenhas» vai a Bragança, em cujo Museu Alves lhe «descreve todas as preciosidades», queixando-se de ter sido «diminuida a dotação deste». (Ver resposta de Salazar). / Referem igualmente esta visita «O Século», 1934.09.17, e «DN», 1934.09.19, com grav.; «PJ», 1934.12.06, p. 7, c.4 – Sob a rubrica Abade de Baçal o C. em Bragança declara: «No dia 9 de Abril atinge o limite de idade o sr. Padre Francisco Manuel Alves, sabio arqueologo, director do Museu Regional, e autor das Memorias arqueologico-historicas do distrito de Bragança, cujo nono volume se acha à venda. / Ao deixar o serviço oficial por efeito do decreto que o atinge pelo limite de idade, não obstante as grandes faculdades de trabalho que ainda possue, querem os seus amigos, com a colaboração de todos os brigantinos e admiradores da sua grande obra, prestar condigna e justa homenagem (…) / Está sendo distribuida uma circular solicitando o concurso das pessoas que desejarem colaborar (…)». / Ver também a edição de 12.18 (p. 7, c.8). (1935) «PJ», 1935.01.08, p. 9, c.3 – Lista dos subscritores de Corujas (Macedo de Cavaleiros) para o monumento a erigir a Alves, em Bragança. / Continuação desta lista nas edições de, pelo menos, 01.12 (p. 7, c.3) e 18 (p. 7, c.5), 02.02 (p. 7, c.3), e 03.20 (p. 7, c.1); «Livro de Actas da Câmara Municipal de Bragança», 1935, f.87, acta da sessão de 1935.01.11, manuscrita – Extractamos: «Foi depois presente um oficio, com data de 8 do corrente, no qual o presidente da Câmara do concelho de Vinhais dá a sua adesão e sugere alvitres no sentido de que a homenagem a prestar, no dia 9 de Abril próximo futuro, ao eminente arqueólogo e sábio cronista das terras Bragançanas, o Abade de Baçal, resulte brilhante e digna da pessoa a quem vai ser prestada. Resolveu-se encarregar o sr. presidente desta Comissão de responder ao assento (sic, por assunto, cremos) versado naquele ofício». /

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Numa velha agenda de Raúl Teixeira, a que tivemos acesso, na f. de 29 de Janeiro pode ler-se: «Sessão da Com. Exec. da C. M.al de Bragança em que se deliberou por proposta do presidente não subscrever para a homenagem ao Robs – pedir certidão da acta». / Num folhear, embora rápido, pelas actas deste ano (1935), nada encontrámos concordante com a transcrição que acabamos de fazer; «DN», 1935.01.24, p. 1, c.1-2, il. – Notícia da descoberta, «entre as povoações de Carvalhal e a de Moás, no concelho de Vinhais», de «um bem conservado e interessante monumento arqueologico de origem celta, uma enorme mamoa». Daniel Rodrigues, seu descobridor, «deu conhecimento do facto ao arqueologo e investigador rev. Francisco Manuel Alves (…), devendo estes dois bragançanos, com o comandante da guarnição militar de Bragança, sr. tenente-coronel António José Teixeira, e com o sr. Abel Monteiro, representante do nosso jornal, visitar, muito em breve, aquele local, para se colherem todos os elementos que tão importante descoberta pode trazer para o estudo arqueologico da região»; «Terras de Bragança», 1935.01.25, p. 3 – A homenagem ao consagrado e ilustre Reitor de Baçal. Lista de subscritores; «PJ», 1935.02.02, p. 7, c.3 – Sob a epígrafe Reitor de Baçal afirma-se que «Em poder da comissão promotora da manifestação a prestar ao sabio arqueologo Rev. Francisco Manuel Alves, acha-se já bastante original para o livro de honra a publicar por ocasião da sua aposentação. / Nele colaboram os melhores escritores portugueses, prestando assim homenagem ao infatigavel obreiro da arqueologia»; «Boletim da Diocese de Bragança», 7.3: 84. Braga, 1935 – Provisão (1935.03.25) do bispo D. Luís António de Almeida conferindo a Alves o título de Abade. / Reimp.: ALVES, M, 10: 305; «DN», 1935.04.03, p. 1 – Simples notícia da resolução do Governo de dar ao Museu de Bragança o nome de «Museu do Abade do (sic) Baçal»; «Livro de Actas da Câmara Municipal de Bragança», 1935, f.108, acta da sessão de 1935.04.05 – Em sessão desta data, a Câmara atribui a verba de 50$00 para inscrição de um representante na homenagem a Alves; «Novidades», 1935.04.06, p. 1, c.7 – Notícia de ter sido adiado o dia da homenagem a Alves; «Terras de Bragança», 1935.04.09 – Número especial, com colaboração de Salvador Nunes Teixeira, governador civil; Dr. António Quintela, reitor do Liceu; D. Luís António de Almeida, bispo da diocese; Cândida Florinda Ferreira, professora; Firmino Augusto Martins, presidente da Câmara de Vinhais; Augusto Moreno, professor; e Miranda Lopes. / De salientar, ainda, neste número, duas listas – a dos «intelectuais» que se deslocaram a Bragança na altura da homenagem, e a «Lista geral dos subscritores para o monumento ao ilustre Abade de Baçal». / A propósito da homenagem a prestar/prestada a Alves dia 9 de Abril, ver mais, entre tantos: «Boletim da Academia das Ciências de Lisboa», 7: 123-124 e 142. Lisboa, 1935; «CP», 01.10 e 27; 02.10 e 19; 03.20, 28 e 29; 04.07, 10, 11, 13 e 16; «Diário da Manhã», 03.17 e 30; 04.07, 08, 09, 10, 14 e 17; «DN», 02.15; 03.29; 04.03, 09, 10, 11, 12 e 14; «DL», 04.06 e 09; «JN», 04.03, 06, 07, 09, 10, 11, 12 e 13; «PJ», 04.04, 07, 10 e 11; «O Século», 04.07, 10 e 11; e «A Voz», 04.09, 10, 15, 19 e 29. (Sobre o conteúdo, pormenori-

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zado, das edições citadas veja-se «Brigantia», 5.2/4: 452-456. Bragança, 1985. Veja-se também M, 10: 303-311. Porto, 1934); «Novidades», 1935.04.12, p. 1, c.5 – Simples notícia da sessão que, dia 13, se realizará no Grémio de Trás-os-Montes, em homenagem a Alves; «Jornal da Régua», 1935.04.14, p. 1, c.1 – Breve referência de João de Araújo Correia, mais tarde incluída no volume, do mesmo, «Sem método». Lisboa, 2ª ed., 1938, p. 139, que transcrevemos na parte que interessa ao caso: «No dia 9 de Abril corrente, Bragança inaugurou numa das suas praças públicas o busto do Reitor de Baçal – operoso investigador da História do seu distrito, guardião desvelado dos bens artísticos e arqueológicos da sua terra, padre respeitável e boníssimo homem. E feliz! Antes de abalar para donde se não volta, vê-se reproduzido em bronze pelos seus vizinhos»; «Livro de Actas da Câmara Municipal de Bragança», 1935, f.111 vº, acta da sessão de 1935.04.26, manuscrita – A Câmara resolve autorizar o pagamento de 220$00 a António Pissarro, por serviços de automóvel em propaganda e filmagens de vários aspectos nas festas de homenagem a Alves; «JN», 1935.05.19, p. 11, c.5 – Cumulando-o de adjectivos laudatórios («querido e ilustre P.e», «respeitável arqueologo, sábio historiador e erudito escritor», etc.), o C. em Bragança agradece a Alves a oferta do tomo 9º das M; «JN», 1935.05.26, p. 8, c.4 – Alves recebe, no Museu, ao qual ficam entregues, os «antigos estandartes dos Municipios» (número integrado nas comemorações do 28 de Maio); «PJ»; 1935.08.21, p. 10, c.6 – Alves (Raúl Teixeira, António Quintela, e «alguns elementos do clero») vai a Azinhoso associar-se às homenagens ao cónego dr. Manuel A. da Ressurreição Fernandes; «PJ», 1935.09.24, p. 10, c.5 – Notícia de que, atingido pelo limite de idade, é substituído no lugar de director-conservador do Museu por Raúl Teixeira, de cuja posse serve de testemunha; «CP», 1935.10.05, p. 2, c.7-8 – Notícias de A. M. (Abel Monteiro), que anuncia para «dentro de pouco tempo» a publicação de um «livro-miscelania de estudos, em homenagem ao sapiente arqueólogo e erudito investigador abade de Baçal, rev. Francisco Manuel Alves (…)». E dá uma longa lista de «investigadores e escritores de renome», que «enviaram já a sua citada colaboração», e de que destacamos: Abel Salazar, Adriano Rodrigues, Alfredo Pimenta, Artur de Magalhães Basto, António Mendes Correia, Augusto Moreno, Cláudio Basto, Egas Moniz, Joaquim de Carvalho, J. R. dos Santos Júnior, J. Leite de Vasconcelos, Luís Chaves e Maximino Correia; «Novidades» e «O Século», 1935.11.10, p. 1, c.5, e p. 1, c.4, resp. – Notícia de que foi «ontem» recebido pelo Presidente da República, ao qual fora oferecer as M. Também em «PJ», 1935.11.14 (p. 7, c.8) e «Bandarra», 1935.11.23 (p. 3, c.5); «Sempre-Fixe», 1935.11.14 – Publicação da tão divulgada caricatura de Alves por F. Valença. (1936) «PJ», 1936.05.25, p. 9, c.7 – Notícias de que esteve em Alijó, como sabemos de «A Voz», 1936.05.19, e de que deram entrada no Esplanada-Cine, de Bragança, para exibição, os filmes Homenagem ao Abade de Baçal

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e Os Pauliteiros de Miranda do Douro; «PJ», 1936.05.26, p. 8, c.3 – Notícia de uma excursão de alunos do Liceu de Bragança a Vimioso, Miranda, Mogadouro e Moncorvo: «Como cicerone e mentor, traziam o rev. Abade de Baçal, que com a sua grande capacidade e bondade ia elucidando (…)». / Ver M, 10: 785, onde consta a lista de professores e alunos que compunham a caravana; «JN», 1936.08.07, p. 5, c.6 – «No écran do ‘Esplanada-Cine’ desbobinou-se ontem um magnifico documentario de Bragança, feito o ano passado, por ocasião das homenagens prestadas ao Abade de Baçal. Muito bem feito, com belas fotografias e ricos aspectos panoramicos, este filme entusiasmou os brigantinos que o viram tam ligeiramente passar ante os seus olhos encantados e os seus corações a vibrar de justificado bairrismo»; «Boletim da Diocese de Bragança», 8.11: 238. Braga, 1936.11 – «Mapa comparativo do rendimento dos Indultos Pontifícios na diocese nos anos de 1935 e 1936 (arciprestado de Bragança) Baçal. – Pároco: Abade Francisco Manuel Alves. Receita no ano de 1935, 330$60; no ano de 1936, 323$00. / Diferença para menos 6$40»; «PJ», 1936.12.04, p. 7, c.1-3, 1 grav. – Reportagem da «Calorosa homenagem ao sr. dr. José de Figueiredo, director e inspector dos museus nacionais», prestada no Museu do Abade de Baçal, com transcrição do discurso na altura proferido por Raúl Teixeira, seu director. / Alves descerrou a lápide de uma sala de pintura contemporânea, a que foi dado o nome Dr. José de Figueiredo. / Presentes na homenagem, entre outros, o Dr. Agostinho de Campos, o Dr. Virgílio Correia, e os engenheiros Gomes da Silva, Baltasar de Castro e Rogério de Azevedo; «Almanaque Lello», Porto, 1936, p. 131, retrato – Brevíssima nota biobibliográfica. (1937) «Novidades», 1937.02.05, p. 6 – Arquivos distritais. II, por Agostinho de Azevedo. / Extractamos da breve referência a Bragança: «Não me consta que haja Arquivo em funcionamento, mas o que há nêsse distrito é um eminente arqueólogo e investigador de antiguidades, o P.e Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, Director do Museu Regional, que já publicou (…)»; «PJ», 1937.03.01, p. 6, c.6-8 – Afrânio Peixoto visita Bragança a convite de Raúl Teixeira. / Logo após a chegada (16 h do dia 19), visita o Castelo, onde é recebido pelo comandante António José Teixeira, e às 19 h, no salão da Biblioteca Erudita, profere uma conferência a que preside Alves; às 21 h é-lhe oferecido um banquete, a que assiste igualmente Alves (José Montanha, etc.). / No «Livro de registo de impressões dos visitantes ilustres do Museu Regional do Abade de Baçal», segundo «AB», 1ª s., 1: 13, e 32: 4. Bragança, 1955 e 1961, Afrânio Peixoto declarou Alves «um santo e um sábio (…)»; «A Voz», 1937.05.05 – «Ha dias que se encontra nesta cidade (Chaves), o nosso velho amigo rev. Francisco Manuel Alves (…)»; «JN», 1937.06.28, p. 5, c.6 – Notícia de que seguiu para o Porto a fim de tomar parte nas homenagens ao Dr. Alfredo de Magalhães. / Para o regresso ver «Jornal da Régua», 07.04; «Jornal da Régua», 1937.07.11 – «A direcção de ‘Estudos Durienses’ tem já em seu poder a cópia literal de uma Descrição

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Economica da Torre de Moncorvo por José António de Sá, anno MDCCXCI, acompanhada de introdução e notas, assim como de exaustiva bibliografia moncorvense, tudo devido ao punho infatigável do Padre Francisco Manuel Alves (…)»; «PJ», 1937.07.20, p. 7, c.3 – «Em Bragança, o ‘Rotary’ homenageará o venerando Abade de Baçal, oferecendo e inaugurando uma lápide no Museu daquêle sábio artista (…)», diz Gilberto de Carvalho, na crónica Pelo futuro de Bragança e Viseu, com reprodução da placa a inaugurar; «JN», 1937.07.30, p. 2, c.7-8 – Notícia de que «Graças à iniciativa do ilustre Abade de Baçal (…) já se ergue altaneiro no largo Nun’Álvares (…) o simbolo restaurado (…)» (pelourinho de Vila Flor); «JN», 1937.10.18, p. 5, c.7 – Em notícias de Vimioso, a respeito da igreja matriz: «O ilustre Abade Baçal, o grande arqueologo das ‘Memorias do distrito de Bragança’, estranha que este templo ainda não tenha sido considerado monumento nacional (…)»; «PJ», 1937.12.29, p. 6, c.6 – Breve síntese histórica do Museu do Abade de Baçal, por parte do C. em Bragança, de que extractamos: «Um grave êrro politico entregou a direcção do museu ao sr. Alvaro Carneiro, com preterição da prestigiosa figura que já era o Abade de Baçal, hoje patrono da casa que tão sàbiamente dirigiu durante anos». E mais adiante: «Pela morte de Alvaro Carneiro, recaiu (a) nomeação de director no eminente arqueologo Abade de Baçal. / Em volta do prestigioso nome do Abade, um grupo de homens de boa vontade e competencia lançam mãos à obra. Organiza-se o ‘Grupo dos Amigos dos Monumentos e Obras de Arte’ e as suas quotas servem de inicio ao desenvolvimento do Museu, cuja direcção e administração é confiada ao sr. Abade de Baçal, dr. Raul Teixeira e José Montanha». (1938) «JN», 1938.03.27, p. 7 e 8 – Reportagem da exposição que na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto Alberto de Sousa fez das suas aguarelas sobre os pelourinhos do distrito de Bragança. / De entre as várias gravuras sobressai uma em que, a par com Henrique Tavares, Virgílio Correia, etc., figura Alves, «o venerando e cultissimo Abade de Baçal, cujo nome honra Portugal e os portugueses»; «PJ», 1938.06.12, p. 9, c.5 – «Há quatro dias que (se) acha sofrendo de doença intestinal o ilustre arqueologo P.e Francisco Manuel Alves. Fomos ontem de visita ao bom do abade, com alguns amigos, e o seu médico assistente sr. dr. Francisco Moz (…)»; «O Diabo», 1938.08.21, p. 8, c.2 – De «Movimento de ideias» extractamos – «Estas diferentes modalidades do pensamento católico actual, pensamento moral e emotivo, têm já entre nós o seu eco no missionário Alves Correia, e, sobretudo, no ilustre Abade de Baçal. Este último, sobretudo, é a exteriorização rigorosa dos conflitos acima referidos: e, no admirável Prefácio do livro ‘Os Judeus’ (…)». / Ver mais, sobre o assunto, edições de 08.28 (p. 4, c.3) e 09.18 (p. 7, c.3). E ainda 11.27, p. 6, c.4, quando diz: «Leite de Vasconcelos é uma destas raridades: entre nós um fenómeno, um bicho raro, como Baçal (…)»; «JN», 1938.10.28, p. 10, c.7 – Falando da propaganda eleitoral na freguesia de Baçal, o C. em Bragança diz: «Na de Baçal o ilustre arqueologo e abade daquela freguesia dirigiu aos seus paro-

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quianos palavras de incitamento para que cumprissem o alto dever de no proximo domingo, em massa, afluirem às urnas e darem ali o seu incondicional aplauso e profundo reconhecimento à obra da Revolução Nacional. A assistência, que era constituída por toda a população da freguesia, dispensou-lhe uma carinhosa manifestação de simpatia»; «JN», 1938.11.20, p. 9, c.5 – Extractamos da secção ‘Diário de Bragança’: «Oiçam, radiofilos. / Novembro, 17. Depois de amanhã, domingo, pelas 9 horas em ponto, radiodifundirá a Emissora Nacional uma palestra sôbre Baçal, do distinto publicista sr. Antonio Montês, que pessoalmente, em Julho dêste ano, percorreu parte do distrito de Bragança, a colher subsidios para com conhecimento de causa poder falar sobre as terras da nossa região, dentro da série de palestras ‘Terras de Portugal’ que o referido conferente profere todos os domingos, às 9 horas da noite, ao microfone da Emissora. / O programa a seguir, depois do dia 20, é o seguinte: dia 27, Mirandela; dia 4 de Dezembro, Chaves; dia 11, Miranda do Douro; dia 18, Montalegre; dia 25, Bragança; dia 1 de Janeiro de 1939, Rio de Onor»; «JN», 1938.11.27, p. 9, c.6-7 – Notícia de que reuniu a Comissão Executiva das Comemorações Centenárias de 1939-1940, tendo Alves comunicado a existência, no Museu, de «centenas de documentos respeitantes à acção exercida no distrito de Bragança durante as campanhas da restauração (…)». / Ficou resolvido promover a sua publicação; «PJ», 1938.11.30, p. 7, c.7-8 – «O sr. António Montês, que há dias veiu (sic) ao norte colher elementos para palestras sôbre ‘Terras de Portugal’, iniciou a série por Baçal, terra do ilustre arqueologo padre Francisco Manuel Alves. / Palestra interessante iniciada pela descrição da bela paisagem que envolve a aldeia. Depois a biografia do sabio abade, ambiente que o envolve, costumes, simplicidade, etc. / Nós fomos um dos poucos que conseguiu ouvir a interessante palestra, porque as interferências produzidas por um aparelho de um senhor médico, que a essa hora funcionava para aplicação de tratamento de diatermia, impediu a sua audição a tanta gente que estava interessada em ouvir a palestra»; «JN», 1938.12.09, p. 7, c.4 – Extractamos a propósito da palestra de António Montês: «Os brigantinos, por consequencia, procuraram, através dos receptores respectivos, ouvir a curiosa palestra, mas conseguiram-no com dificuldade, e alguns atribuiram o aborrecido facto a determinado aparelho de um distinto e estimado clínico desta cidade. / A verdade, porém, é que tal aparelho nem sequer foi posto a trabalhar nesse dia, e, por isso, nenhum transtorno podia ocasionar. Esta é que é a verdade, colhida em fonte limpa. / Nos próximos dias 11, 18 e 25 (…)»; «O Diabo», 1938, 12.31, p. 2, c.1 – De «Movimento de ideias» (por Abel Salazar, segundo Alves) extractamos: «Estas páginas (que precedem, como é óbvio) dir-se-iam escritas pelo nosso ilustre Abade de Baçal, que é, com Alves Correia, o único representante, entre nós, do renascimento da consciência católica». (1939) «JN», 1939.05.20, p. 8, c.7 – Extractamos de ‘Diário de Bragança’ (05.17): «Um telegrama para todas as camaras municipais do distrito. / Após

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uma reunião efectuada no salão nobre da nossa Camara Municipal, cujo relato daremos amanhã (ver edição de 06.01, p. 9, c.1-2), o eminente arqueólogo Padre Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, como presidente da comissão constituída, enviou a tôdas as camaras municipais do distrito o seguinte telegrama: / ‘Resolvendo cidade Bragança não colaborar festas centenárias com Vila Real e pedir Govêrno autorização realizá-las nesta capital distrito pedimos colaboração êsse concelho por intermédio Camara digna presidencia V. Exª aguardando favor resposta esta via’. / Numa atitude digna dos maiores elogios pela absoluta e entusiástica solidariedade demonstrada, tôdas as camaras responderam imediatamente concordando com a realização dos festejos nesta capital de distrito (…)». Para as respostas a este telegrama ver edição de 07.17, p. 7, c.5-7; «JN», 1939.06.01, p. 9, c.1 – Referência à reunião da Câmara de Bragança, presidida pela «figura querida e veneranda do Abade de Baçal», em que ficou decidido realizar, independentemente de Vila Real, as festas comemorativas dos Centenários; «A Voz», 1939.07.24, p. 4, c.1-2 – A propósito dos mármores e alabastros de Santo Adrião, Ludovico de Meneses «provoca» Alves para uma resposta, como foi dito acima, artº Os marmores e alabastros de Santo Adrião (1939); «PJ», 1939.07.25, p. 7, c.1 – A propósito da decisão de Bragança comemorar independentemente de Vila Real os centenários da Independência e da Restauração extractamos: «(…) o reverendo Abade de Baçal, padre Francisco Manuel Alves, nosso muito ilustre e erudito conterrâneo, está já trabalhando num livro referente a assuntos que se ligam com as citadas comemorações no nosso distrito (…)»; «JN», 1939.08.01, p. 8, c.6-7 – «O nosso distrito vai comemorar, com a máxima imponência, as Festas Centenárias». Alves figura à frente da Comissão Executiva e da Sub-Comissão de Cultura. / A propósito destas festas ver mais as edições de 08.07 (p. 4, c.6), 12.13 (p. 6, c.5) e 24 (p. 8, c.7); «PJ», 1939.08.06, p. 10, c.5-6 – Listas das comissões das Festas Centenárias, em Bragança. Extractamos: «Já sabemos que a comissão de festas dos Centenários não dará a Bragança qualquer verba para as suas festas» e «Com o Abade de Baçal à frente, sábia reliquia brigantina que já ultrapassou as fronteiras do país (…)»; «JN», 1939.08.09, p. 9, c.1 – Sob a epígrafe «Comemorações Centenárias» diz-se: «O Governador Civil do distrito, sr. capitão Nunes Teixeira, acompanhado pelo Revº Abade de Baçal, visitou há dias os concelhos de Mogadouro e Miranda do Douro a fim de recolher elementos para uma obra que êsse eminente arqueólogo está a preparar para ser publicada no próximo ano»; «JN», 1939.09.18 – Simples indicação de que faz parte da mesa da sessão de boas-vindas aos componentes da «Romagem de Saudade», que vêm a Vila Flor homenagear a memória do jornalista, vilaflorense, Aníbal de Morais. / Nova referência na edição de 09.22; «JN», 1939.10.01, p. 7, c.4 – Notícia do C. em Bragança informando que, «Entre as comemorações centenárias a levar a efeito neste distrito no próximo ano contam-se a publicação dum livro da autoria do notável sábio arqueólogo Abade de Baçal, pronto a entrar no prelo e intitulado A cooperação do distrito de Bragança nas guerras da Restauração e

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(…)»; «JN», 1939.10.28, p. 6, c.3 – «O nosso prezado amigo (…) entregou-nos uma anilha de um passaro que foi apanhado na visinha povoação de Nogueira, cuja anilha tinha os seguintes dizeres: Vogelwarte - Helgoland 8046955. / Vamos entrega-la ao rev. Abade de Baçal que ao estudo de tais casos tem dedicado o maior carinho». (1940) «JN», 1940.01.06, p. 6, c.5 – «Vejamos êste exemplo tristissimo e revoltante: falou-se, vai para um ano, nos festejos a realizar nas comemorações centenárias. / Realizaram-se reuniões e mais reuniões – e até à data, nada de positivo há feito. Nem sequer ainda foi eleito o presidente (…)». / Ver mais as edições de 06.01 (p. 6, c.4), 05 (p. 5, c.7), 06 (p. 7, c.3, Vila Flor, e c.7, Vinhais), 07 (p. 3, c.3, Vila Flor, e c.5, Vimioso, e p. 7, c.5, novamente Vimioso), e 08.18 (p. 5, c.6-7); «PJ», 1940.04.24, p. 6, c.8 – Em notícias de Bragança, de 10, a notícia de que «foi muito cumprimentado (…)» no dia do seu aniversário natalício; «MB», 1940.05.15, p. 4, c.2 – Notícia de que pagou a assinatura de «MB»; «PJ», 1940.06.07, p. 3, c.3 – Notícia de que faz parte da comissão de honra que, «Junto à porta da entrada da torre, no sitio da ponte elevadiça», se instalou para assistir a mais um número das comemorações centenárias; «MB», 1940.06.15, p. 3, c.5: «Tivemos o prazer de abraçar em a nossa Redacção os nossos amigos e eminentes arqueólogos P.e Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal, e o P.e José Manuel Miranda Lopes, Prior de Argoselo, ambos apreciados colaboradores do Mensageiro de Bragança»; «JN», 1940.11.09 – «Uma visita ao Abade de Baçal. Duas iniciativas do ‘Jornal de Noticias’ calorosamente elogiadas plo eminente arqueologo. Outras noticias», por C. (Marcolino Afonso, segundo Alves). (1941) «PJ», 1941.04.20, p. 3, c.4 – Notícia da visita de Teixeira Lopes, etc., a Bragança. Extractamos: «Os hospedes ilustres (do Dr. Raúl Teixeira), depois do almôço foram visitar o grande arqueologo Abade de Baçal, acompanhados (…) / À porta da casa do nosso Abade, ‘palacio da modestia’, como bem se lhe pode chamar, o sábio arqueologo recebeu com lhaneza e afabilidade o mestre da estatuária, que de longe se conheciam, mas que só agora se viram. Mestre Teixeira Lopes beijou a figura do arqueologo (…) / Depois a objectiva do fotografo uniu-os naquele recanto de trabalho, onde o bom Abade tem produzido tantos milhares de páginas (…)» – foto com que é ilustrada a presente notícia. / [Segundo o «Livro de registo de impressões dos visitantes ilustres do Museu Regional do Abade de Baçal», Teixeira Lopes referiu assim esta visita (de 04.15): «José Rufino trouxe-me a Bragança (…) / Vi o Museu (…) / Abracei e beijei o Sábio, o Santo Abade de Baçal, e nunca mais esquecerei os momentos passados na originalíssima vivenda do venerando fundador do Museu que hoje tem o seu nome». «AB», 1ª s., 2: 5 e 32: 4. Bragança, 1955 e 1961]; «MB», 1941.05.15, p. 6, c.5 – Alves «associa-se ao luto de Sua Ex.cia Revma» (D. Abílio Augusto Vaz das Neves, a quem falecera o pai, em Ifanes); «A Voz», 1941.05.15, p. 1, c.1 – Faz parte da Comissão de Honra do II Congresso

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Trasmontano; «JN», 1941.09.08, p. 3, c.2 – Notícia de que está presente na sessão inaugural do II Congresso Trasmontano, em Bragança, e c.4, notícia de que «À sua passagem no Largo da Sé, o sr. general Carmona apeou-se do carro para abraçar o Abade de Baçal, gesto que foi muito sublinhado com calorosas aclamações»; «PJ», 1941.09.08, p. 2 – Idem; «A Voz», 1941.09.08, p. 4 – Extractamos citação de Ferreira Deusdado, aquando da inauguração solene do II Congresso Trasmontano, na Biblioteca Erudita do Museu do Abade de Baçal: «Dos vivos apenas citarei um nome, que está sempre na nossa memoria e no nosso coração: o grande Abade de Baçal, monumento vivo, dicionario animado, eterna memoria arqueologico-historica do distrito de Bragança»; «JN», 1941.09.09, p. 3, c.3 – Notícia de que a assistência dirigiu calorosa salva de palmas a Alves, que «apreciou, em têrmos altamente elogiosos o trabalho apresentado pelo sr. dr. João Couto – trabalho que classificou de ‘lição repleta de preciosos ensinamentos’ (…) / Estava incluida nesta sessão a leitura da tese Costumes e tradições, da autoria do ilustre Abade de Baçal. Não foi apresentada. Por motivo de doença, o prestigioso Director do Museu de Bragança não pudera concluir aquêle trabalho. Será, no entanto, publicado brevemente. / O Congresso lamentou vêr-se privado da magistral lição do erudito investigador». / A sessão em causa – do II Congresso Trasmontano – era presidida por Alves («JN», 1941.10.13, p. 5, c.4) e a comunicação de João Couto, que refere, logo de início, o nome deste, pode ler-se no «Livro do Segundo Congresso Trasmontano». Lisboa, 1942, p. 139-149. / Sobre a doença de Alves lembraremos que breve terá, felizmente, passado: Não apresenta comunicação, mas preside a uma das sessões, como vimos («JN», 09.09), participa no almoço (idem, 09.10) e vai à Praça da Sé ver passar a caravana dos congressistas (idem, 09.08). / Outras referências, por ocasião do Congresso: «PJ», 09.09 (p. 1), «A Voz», 09.09 (p. 1, c.5) e 18 (p. 4, c.1-2) e 10.13 (p. 3, c.5), e «JN», 09.10 (p. 1); «JN», 1941.09.11, p. 1, c.5 – Conclusão (2ª) da tese do Visconde de Alcobaça apresentada na 4ª sessão do Congresso que vimos referindo: «Que se peça ao sr. Abade de Baçal a cedencia da monografia ainda inédita, sôbre a antiga vila e castelo de Anciães e o Congresso promova a sua publicação» («Livro do Segundo Congresso Trasmontano». Lisboa, 1942, p. 226-232); «PJ», 1941.09.24 – Simples menção da presença de Alves em «A homenagem a Augusto Moreno»; «JN», 1941.10.13, p. 1, e 5 (c.7) – Notícia de que se associa à homenagem a Ferreira Deusdado, prestada pelos trasmontanos residentes em Lisboa, enviando telegrama; «O Comércio de Chaves», 1941.12.13 – Alípio FERREIRA, em Monumentos nacionais. A igreja de Santa Leocádia, citando Alves, di-lo «o santo apóstolo de Baçal». / Para outras referências neste periódico ver edições de 1939.04.13; 1940.03.07 e 12.07; e 1941.05.03 e 10.02. (1942) «JN», 1942.02.02, p. 5, c.1-2 – Notícia de que se associa à homenagem póstuma prestada a Pires Avelanoso, na Casa de Trás-os-Montes (Lisboa), enviando telegrama; «JN», 1942.04.14, p. 1, c.1 – Notícia-programa de uma

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homenagem aos «notáveis» de Trás-os-Montes (1ª notícia, dia 9), a realizar dia 19, na Casa de Trás-os-Montes (Lisboa). / Luís Chaves «fará a leitura do autografo do Abade de Baçal, no qual são vincadas as ancestrais virtudes dos trasmontanos, que o sábio arqueologo padre Francisco Manuel Alves vê reencarnadas num trasmontano notável dos nossos tempos». / Outras referências a propósito desta homenagem: «DN», 1942.04.20 (p. 1 e 2) e «A Voz», 1942.04.08, 09 (p. 4, c.7), 14, 18 (p. 1, c.6) e 20 (p. 1 e 4); «A Voz», 1942.04.28 – Notícia do C. (João Parente, segundo Alves), sob o título As aves migratorias e o nosso Abade de Baçal, referindo a captura de um tordo, em Vale Frechoso, e consequente informação que o mesmo Abade prestou para a Alemanha, onde aquele havia sido anilhado. / Ver M, 10: 39-41, e 11: 3-4; «Novidades», 1942.06.11 – As raparigas pobres de Trás-os-Montes. Valiosos depoimentos. / Correspondendo ao apelo de Beatriz Arnut, que teve a inciativa de subsidiar os estudos de duas raparigas pobres de Trás-os-Montes, Alves envia 20$00 e uma «carta amiga»; «A Voz», 1942.06.14, p. 3, c.4 – «Correu, hoje (dia 12, diz o C. de Bragança), nesta cidade, o boato falso de que o grande arqueologo português Abade de Baçal havia falecido na sua povoação de Baçal». E acrescenta: «Todo o povo bragançano» partiu para Baçal, onde Alves a todos recebeu, «muito admirado e até desconfiado por ver os seus amigos ali presentes sem o terem prevenido da sua visita. / O Sabio convida-os então para beber uma pinga de vinho da sua colheita, mas estes (…) pedem champanhe (…)». (1943) «A Voz», 1943.01.25, p. 1, c.2 – «A Voz» agradece as «referências amigas» de João Serrano às crónicas de Correia Marques sobre Trás-os-Montes e «especialmente a sua entrevista com o prestigioso Abade de Baçal»; «JN», 1943.04.15, p. 7, c.1-2, 1 grav. – A cidade de Bragança prestou apoteótica homenagem ao sábio Abade de Baçal pela passagem do seu 78º aniversário. / Ver mais: «MB», 04.15 (p. 1), «Novidades», 04.18 (supl. «Letras e Artes»), «A Voz», 04.17 (p. 1, c.4), e a narrativa que da mesma fez o próprio e que reproduzimos em «Brigantia», 6.1/3: 159-160. Bragança, 1986; «JN», 1943.09.02, p. 5, c.5 – «A Missão Estética de Férias, que fez um estágio nesta cidade (Bragança) até ao fim do corrente mês, visitará, no próximo domingo, em companhia de altas individualidades bragançanas, o eminente arqueólogo de Baçal, em homenagem às suas altas qualidades». / Ver mais: «CP» e «PJ», 09.10, e «JN», 09.13. (1944) «MB», 1944.04.15, p. 1, c.3 – Nótula lembrando o aniversário natalício de Alves (9 de Abril), com a promessa de que «Brevemente publicará um precioso extracto do vol. XI das ‘Memórias’ que está a ser editado» (a história do «pisco ou porco-pisco» das M, p. 286-288. Porto, 1947); «A Voz», 1944.04.20, p. 5, c.7 – Em notícias de Chaves, de 15, diz-se que Alves «se encontra gravemente doente, com um ataque de apoplexia (…)»; «MB», 1944.05.01, p. 4, c.5 – «No dia do aniversário natalício (04.09, portanto) o Rev.mo Abade de Baçal foi acometido por uma síncope que o deixou pro-

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fundamente abalado. A síncope foi provocada por excesso de trabalho, pois com idade avançada, saúde precária e quási nenhumas fôrças o venerando octogenário arranjou coragem para ir celebrar missa no dia de Páscoa a alguns quilómetros de distância. Foi em Sacoias que foi vítima do colapso e para lá acorreram logo (…)»; «MB», 1944.05.15, p. 1, c.4 – «Continua a convalescença do nosso bom amigo e homem de ciência Rev. Abade de Baçal que em virtude da doença interrompeu a série de artigos atinentes ao concurso do Rádio Clube Português». / Confirmando o restabelecimento, «JN», 05.25 (p. 3, c.6), «MB», 06.01 (p. 6, c.2) e «A Voz», 06.05 (p. 4, c.3); «MB», 1944.09.01, p. 1, c.3 – «Ficamos muito bem impressionados com um cartão do venerando Abade de Baçal, em que nos agradecia o nosso ‘Miradouro’ de 1 de Agosto p. passado»; «A Aurora do Lima», 1944.11.10, p. 1 – Sob a epígrafe Embaixada bragançana, notícia da chegada a Viana do Castelo de Mons. José de Castro, que vai falar de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, e se faz acompanhar por Alves, Raúl Teixeira, José Montanha, etc. / Reportagem na edição de 11.17, p. 1. (1945) «MB», 1945.04.10 – Número totalmente dedicado a Alves. / Rectificação de algumas gralhas na edição de 04.20; «JN», 1945.04.20, p. 3, c.7, secção «Factos & Comentários» – «Nunca vi espirito mais lúcido e mais simples, um cérebro de pensador, uma alma de criança e um coração de apóstolo. Visitei-o um dia em sua Thebaida de Baçal (…)» (Paulo Freire, segundo carta de Alves de 1945.04.30); «MB», 1945.06.01 – Notícia da atribuição de prémio num concurso promovido pelo Rádio Club Português (500$00, repartidos em «partes iguais» por Alves e outro premiado, o Prof. Doutor Ferraz de Carvalho). Ver Excursões trasmontanas através dos corógrafos (1944); «A Voz», 1945.06.03 – Simples indicação do nome de Alves como fazendo parte da mesa da sessão comemorativa do 28 de Maio; «A Voz», 1945.07.10, p. 4, c.3 – Na sua visita ao norte do País, o Ministro do Interior, tenente-coronel Júlio Botelho Moniz, discursando em Bragança, inclui Alves «entre os mais altos valores da raça portuguesa». (1946) «JN», 1946.07.28, p. 7, c.3 – «Não foi para falar do Abade de Baçal, mas da aldeia, que visitamos aquele lugar». Porém, o articulista acaba por falar, ou melhor, começa por falar de Alves: «É ali que vive modestamente e afastado do bulício da cidade o eminente (…)», de quem reproduz uma foto da casa de residência. / [Ver edição de 1945.08.18, p. 7, c.3-4, «Num acto de vandalismo foi arrombado o depósito de água de Baçal», de cuja reparação essencialmente se fala, agora (07.28)]; «MB», 1946.10.15, p. 1 – Notícia de que se encontra em Vimioso, a fim de coligir elementos para a história deste concelho. (1947) «PJ», 1947.01.12, p. 1 (c.5-6) e 5 (c.2-3), 2 grav. – Anúncio da inauguração, no Museu do Abade de Baçal, da sala Dr. Diogo Albino de Sá Vargas. Extractamos: «O Museu de Bragança, honorificamente denominado ‘Museu

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do Abade de Baçal’ – na pública e bem merecida consagração do erudito padre Francisco Manuel Alves, paciente e talentoso investigador – é um magnífico repositório (…)». / Breve reportagem na edição de 01.14, p. 1, c.8; «PJ», 1947.04.11, p. 3, c.5-6 – Reportagem sob a epígrafe «O Abade de Baçal, erudito arqueólogo, foi, na passagem do seu 82º aniversário natalicio, muito felicitado. O concelho de Vimioso ofereceu-lhe uma pasta contendo uma mensagem assinada pelos seus habitantes». / À mesma hora (15, do dia 19), comparecia um grupo de amigos, de entre os quais destacamos Mons. José de Castro, Paulo Quintela e José Montanha. / Sobre esta mesma homenagem ver «CP», 04.18 e «A Voz», 04.20; «MB», 1947.07.10, p. 3, c.3 – «Tem experimentado ligeiras melhoras o Sr. Abade de Baçal. Apesar da contínua e inteligente assistência médica (…) / Para Baçal passam continuamente automóveis com amigos e admiradores (…)»; «PJ», 1947.07.17, p. 6, c.3 – «De há tempo a esta parte, a saúde do sr. Abade de Baçal, não obstante manter-se a pé, tem preocupado os seus amigos, que não conseguem trazê-lo para aqui (Bragança), onde o seu tratamento se faria (…)»; «MB», 1947.11.10, p. 1, c.4 – «Após as últimas melhoras que aqui noticiámos, agravou-se o estado de saúde do Sr. Abade de Baçal (…)»; «DL», 1947.11.13, p. 5, c.4 – Sob o título O abade de Baçal gravemente enfermo diz-se: «O ilustre enfermo recolheu há doze dias à cama, atacado por uma pneumonia, que conseguiu vencer, apesar da sua avançada idade – o abade de Baçal completou 82 anos em Abril – mas que teve como consequencia o agravamento da lesão cardíaca de que sofria há algum tempo. E para que a sua abalada saúde piorasse ainda um tanto contribuiu o facto do padre Francisco Manuel Alves, no passado domingo, ter teimado em levantar-se, sobrevindo-lhe imediatamente uma síncope. Deitou-se de novo, mas pouco depois exigiu que o levassem à varanda, onde costumava trabalhar. Ali esteve alguns momentos (…) / Esta manhã, o doente conservava ainda completa lucidez, mas estava já sem pulso. Em volta do leito encontram-se pessoas de familia e alguns amigos mais dedicados, como o dr. Raul Teixeira, José Montanha, monsenhor José de Castro e o médico assistente, dr. Francisco Lucio Teixeira Mós»; «CP», 1947.11.14, p. 1 (c.6) e 6 (c.7), 1 grav. – Faleceu, ontem, em Bragança o Abade de Baçal, figura eminente de escritor, investigador e arqueólogo. / Noticiando o falecimento, com mais ou menos considerações sobre a vida e/ou obra, referem-se-lhe, entre tantos outros: O mesmo «CP», nas edições de 16, 17 e 21; «DL», 11.14; «Diário da Manhã», 11.17; «DN», 11.14 e 16; «Diário das Sessões» (AN), 11.26, p. 7 (breve evocação na sessão de 11.25); «JN», 11.14; «MB», 11.20; «Notícias de Famalicão», 11.15; «Novidades», 11.14, 15 e 16; «PJ», 11.14 e 17; «O Século», 11.14; «A Voz», 11.14. (Uma informação até certo ponto pormenorizada do conteúdo das edições citadas pode ver-se na nota que publicámos em «Brigantia», 5.2/4: 458 e 461. Bragança, 1985). (1948) «PJ», 1948.03.31, p. 7, c.4-5 – Notícia do andamento dos trabalhos («quase concluídos») de construção do cemitério de Baçal, e jazigo para

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onde os restos mortais de Alves irão ser trasladados. Presença do Arq. Baltasar de Castro, «que veio dar instruções» para a construção deste. / Sobre a trasladação ver «MB», 1948.04.01 (p. 1) e 10 (reportagem), e «PJ», 04.10 (p. 1 e 2, reportagem). (1950) «DL», 1950.06.25, p. 3, c.2 – Notícia da inauguração, aquando da homenagem a Mons. José de Castro, de «Uma vitrina do Museu de Bragança, consagrada ao Abade de Baçal». Indicação do que contém: Os cajados e varapaus; chapéus de feltro e palha; «Os dentes que ao Abade foram caindo pela vida fóra e que ele ia guardando numa pitoresca caixa de lata encontrada no seu espólio»; a pena de marfim… (1951) «Novidades», 1951.11.17, p. 3, c.7 – Francisco de Babo, na secção «Quem corre por gosto…», que de há muito mantém neste jornal, declara Alves «o mais apaixonado amante da história, pré-história, etnografia e tudo o que diz respeito a Bragança» e o seu espólio literário e científico «um manancial da sua vida operosa e desapegada». Refere, ainda, a «modéstia e desleixo do seu vestuário e habitação, a singeleza dos seus costumes», as recordações pessoais que encontrou no Museu, etc. (1952) «Novidades», 1952.11.19, p. 3, c.4 – «Homenagem à memória do Abade de Baçal. Em Baçal foi ontem prestada saudosa homenagem à memória do Rev. Francisco Manuel Alves, sábio arqueólogo (…) / Uma grande deputação composta de estudantes, professores, oficiais do Exército, industriais, etc., dirigiu-se aí (…)»; «MB», 1952.11.21, p. 1 – Reportagem de uma «Romagem de saudade ao túmulo do Abade de Baçal». (1956) «MB», 1956.01.20 – Carta de Norberto Lopes ao director de «MB» a propósito da reedição das obras de Alves (que a «Junta da Província de Trás-os-Montes estava decidida» a fazer), em geral, e da monografia «Vimioso», em particular. (1957) «A Voz», 1957.03.03, p. 5, c.1-2 – Guerreiro Murta, em conferência na Casa de Trás-os-Montes, de Lisboa, subordinada ao tema Um algarvio em Trás-os-Montes, faz, a certa altura, «um paralelo entre o Abade de Baçal e Estácio da Veiga, duas figuras relevantes da ciência da pré-história, asseverando que eles se equivalem, apesar de pertencerem a épocas diferentes. / Admite, no entanto, mais originalidade na obra de Estácio da Veiga, mais poder de criação, mais espírito científico e mais reputação internacional do que a do Abade de Baçal. Este, porém, com maior influência e projecção popular, e mais acarinhado na sua província». (1963) «MB», 1963.03.29, p. 8, com retrato – Breve relato da «Homenagem ao P.e Francisco Manuel Alves, abade de Baçal», que o Grupo dos Amigos de Bragança, a que se associaram os estabelecimentos de ensino, lhe prestou dia

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27 de Março. / Também «Presença» (boletim Cultural e Informativo da Escola Industrial e Comercial de Bragança), pela mesma altura (1963.03) e depois em 1964.07, homenageou a memória de Alves, pela pena de três alunos. (1965) «A Voz», 1965.03.12, p. 1 e 5 – «Abade de Baçal. O centenário do seu nascimento foi assinalado pela Academia das Ciências de Lisboa». / Entre outras referências às comemorações do centenário do nascimento de Alves vejam-se (indicamos mês e dia): «AB», 2ª s., 17: 12-13. Bragança, 1965. Maio; «CP», 04.09 (p. 2, c.6-8) e 10 (p. 1, c.3-4, e p. 6, c.7-8); «Diário do Norte», 03.22 (p. 1 e 5), 04.08 (p. 1, editorial) e 09 (p. 1 e 2); «DN», 03.30 (p. 9, c.7), 04.10 (p. 8, c.5) e 05.26 (p. 13, c.7-8, sessão no Instituto de Arqueologia, durante a qual falou Luís Chaves, acima citado); «JN», 04.10, p. 1 e 8; «MB», 03.26 (lembrando o início das comemorações), 04.16 (reportagem que inclui o discurso de António M. Mourinho) e 20 («rectificações» à edição anterior); «Novidades», 04.09, p. 1 e 5, c.1-3 (programa das comemorações, em Bragança e em Lisboa, notas biográficas e bibliográficas, e palavras de homenagem de Egas Moniz, Afrânio Peixoto e J. Leite de Vasconcelos), e 10, p. 3, c.6; «Presença» (boletim Cultural e Informativo da Escola Industrial e Comercial de Bragança, que já acima referimos), Março (publicando, em anexo, «Cartas (cinco) inéditas do Abade de Baçal»); «A Torre», 03.30; «A Voz», 04.08, p. 1 (c.6) e 8 (c.1), com o programa das comemorações em Bragança e na Associação dos Arqueólogos; «A Voz», 04.26, p. 6, c.4. / Uma informação mais pormenorizada sobre o conteúdo de várias das edições citadas pode ver-se em «Brigantia», 5.2/4: 462-454. Bragança, 1985; «CP», 1965.04.04, p. 6, c.5-6 – Relato de uma sessão realizada no ginásio do Liceu de Bragança, para distribuição de prémios aos alunos, durante a qual, para além do Reitor, falou Eduardo Carvalho, que, «antes de entrar na leitura de algumas das passagens da biografia acerca do Abade de Baçal e do seu próximo centenário, revelou à assistência as notas biográficas do sr. dr. Francisco Felgueiras Júnior, autor da Pequena história de uma vida gloriosa (Abade de Baçal) e que o Grupo ‘Amigos de Bragança’ acaba de mandar imprimir como homenagem ao imortal autor das Memórias (…)». (1968) «AB», 4ª s., 2: 31. Bragança, 1968. Março, 1 grav. – Simples lembrança de que a 9 de Abril «decorrerá mais um aniversário natalício do P. Francisco Manuel Alves (…)», prevendo-se, para essa data, o aparecimento de Vimioso. (1969) «MB», 1969.10.17, 3 grav. – Reportagem da «Homenagem da região bragançana à região flaviense, em comemoração do 80º aniversário da nomeação do Padre Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal) para pároco de Mairos – jornada no dia 12 de Outubro». (1970) «MB», 1970.05.01, p. 8 – Alunos da Escola Industrial e Comercial de Bragança deslocam-se a Baçal por ocasião do 105º aniversário do nasci-

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mento de Alves. / Breve reportagem em «Presença», 1970.03, boletim da dita Escola, com passos dos discursos então proferidos por Maria de Lourdes Bártholo e António Maria Mourinho. (1975) «Ènié», 1975.04.23, p. 1 – «Paulo Quintela fala ao Ènié». Extractamos: «Após 1927 fui para Berlim e os meus contactos com Bragança passaram a ser esporádicos. O Abade de Baçal, nesta altura, começou a imprimir Os judeus no distrito de Bragança, quando já começava a onda anti-semita por essa Europa fora. E ele defendia-os. / Salazar e Cerejeira saíram do C. A. D. C. (Centro Académico da Democracia Cristã). Daí saiu também o Dr. Sena Esteves, que veio para professor do Liceu de Bragança, obrigando o pobre do Abade a tirar a primeira folha da introdução, porque ia contra a atitude reaccionária da Igreja». (1977) «MB», 1977.11.11, p. 2 – Informação de que a RTP transmitirá dia 13, às 18.45 h, um «filme sobre a vida e obra do Abade de Baçal». / Referências, algo lacónicas, a este filme na edição seguinte, dia 18, sob o título O Abade de Baçal faleceu há 30 anos, e em «Além-Marão», 1977.11, artº de Américo Borges, A R. T. P. prestou homenagem ao Abade de Baçal. / Segundo os jornais da altura, era «Um programa sobre a figura e a personalidade do sacerdote que foi arqueólogo de reputação internacional e investigador histórico» («PJ», 1977.11.13, p. 4), de sensivelmente uma hora de duração, com texto de Afonso Praça e numa realização de Alfredo Tropa. (1982) «Gil Vicente», 3ª s., 3.10: 178. Guimarães, 1982.04/06 – Lembrando o que tínhamos e/ou não tínhamos no Parâmio (falávamos do nosso «O Parâmio. Apontamentos para um Visitante», 1ª série), afirmámos: «Museu é que podíamos ter um, podíamos – um de ergologia, para não ir mais longe, onde se recolhessem velhas alfaias, mais que não fosse para dar nas barbas aos senhores de Bragança, que não há maneira de criarem um em Baçal, aproveitando a casa, tão tipicamente nossa!, do saudoso Abade, à guisa de bem merecida homenagem à sua memória (como, aliás, já um dia lembrámos. E outros também já tinham lembrado ou vieram a lembrar)»; «O Arrais», 1982.05.13, p. 7 – Correia da FONTE, Linguagem da minha terra. O ch trasmontano. / Extractamos: «Não rejeitou o ch trasmontano o Abade de Baçal. Quando, pela primeira vez o visitei, em fria manhã de Inverno, e acompanhado de saudoso amigo, este e eu, é claro que lhe falámos de chapéu na mão, coisa que o Abade não admitiu. / – Ponham-no chapéu! / Pronunciou chapéu como se pronunciasse tchapéu (…)»; «DP», 1982.07.13, p. 22, c.1 – Breve notícia da reedição das M. (1984) «MB», 1984.03.23, p. 2 – Notícia de que «vão ter lugar nesta cidade (Bragança) Jornadas Culturais, tendo como pano de fundo a figura do Abade de Baçal. / De entre as actividades a realizar, e segundo anuncia o folheto, sobressaem (…)».

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(1985) «AB», 7ª s., 7: 7-8. Bragança, 1985.04 – Nove de Abril. Evocar o Abade de Baçal: «Como previsto e oportunamento anunciado (…)». Breve relato dos números comemorativos do 120º aniversário do nascimento de Alves levados a efeito. / Outras referências a estas ou outras comemorações: «CP», 1985.01.28, 04.08 e 10; «O Diário», 06.20 (p. 13); «DN», 06.20 (p. 19, c.6) e 27; «DP», 07.08 (p. 24-25); «JN», 04.09 e 12.02 (p. 31, c.1-4); «MB», 01.25 e 28, 02.08, 03.22, 04.19, 06.07 (p. 2) e 28 (p. 3, c.1) e 10.18 (p. 5); «Mudança» (jornal da Escola Preparatória nº 2, Bragança), 06; «Pequenos Jornalistas» (jornal da Escola Preparatória nº 1, Bragança), 04/06 (inclui um caderno de 12 p., quase inteiramente dedicado à figura e obra de Alves) e 10/12. (1987) «MB», 1987.04.17, p. 7 – Abertura do «Concurso Literário 87» subordinado ao tema «O Abade de Baçal – Vida e Obra». (1996) «A Voz do Nordeste», 1996.12.17, p. 15 – Notícia de que o Museu do Abade de Baçal «está a preparar a organização das comemorações do cinquentenário da morte do seu patrono». / De entre as iniciativas registamos a da publicação do «imenso manancial de inéditos do Abade, que nunca foram tratados e se encontram nas instalações do Museu, há décadas» (T. V. = Teófilo Vaz). Ver também «MB», 1996.12.20, p. 5, c.3. (1997) «MB», 1997.07.25, p. 10 – Delmino FONTOURA, Em Baçal… (Bragança) uma casa a desmoronar-se (a casa de Alves); «Nordeste», 1997.09.15, p. 1 e 4 – Leopoldo G. Cotovia, dizendo Alves «um vulto reconhecido que nos honra e que nós temos de honrar», depois de afirmar que «Maiores ou tamanhos terão sido, porventura, alguns daqueles de que (Alves) registou a existência e o mérito (…)», pergunta: «Obriga-nos o orgulho de serem ou terem sido gente destas nossas terras a distingui-los, a homenageá-los por igual. Porquê só o Abade?»; «A Voz do Nordeste», 1997.10.28, p. 7 – Regulamento do «Concurso artístico-literário Abade de Baçal», criado por decisão da Comissão das Comemorações do Cinquentenário da Morte do Abade de Baçal, e Programa de Actividades promovidas por esta mesma Comissão; «Nordeste», 1997.11.17, p. 1 e 4-5, il. – Reportagem das comemorações do cinquentenário da morte de Francisco Manuel Alves; «Brigantia», 17.3/4: 98-106. Bragança, 1997. Julho/Dezembro – Reportagem das comemorações do 50º aniversário da morte de Alves, il. (1999) «MB», 1999.07.02, p. 23 – «(…) a Assembleia Municipal de Bragança, reunida em Sessão Ordinária de 29 de Junho de 1999, decidiu: / 1. Declarar a casa do ‘Abade de Baçal’, em Baçal, imóvel de interesse municipal; / 2. Recomendar ao Executivo Camarário que em parceria, designadamente com o Museu Abade de Baçal, o Ministério da Cultura, o Parque Natural de Montesinho e a Associação Cultural e Recreativa Abade de Baçal, estude, elabore e aprove um projecto de recuperação do imóvel (…)».

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A renovação da Historiografia Portuguesa, a História comparada surgida, também, no espaço dos interesses do público leitor, e a evolução política dos últimos anos em Portugal, geraram uma análise sobre a Obra do Abade de Baçal qualitativamente distinta daquela que foi perspectivada antes de terem decorrido as últimas décadas do século XX. É, de facto, necessário um novo olhar sobre o historiador-clérigo que foi o Abade de Baçal, de grande erudição e profunda sensibilidade, sobretudo um olhar de fora, em termos de História Presente. A História da História do Abade de Baçal é, porém, uma tarefa difícil. Embora avançando para este objectivo com decisão – a primeira reedição das Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança – temos igualmente a noção de estar a realizar um trabalho inacabado. Daí a razão destas palavras introdutórias, motivadas pelo interesse de dar a conhecer a Obra de um historiador que corporizou um determinado movimento historiográfico (o da primeira metade do século XX português), seguindo um tipo de análise realizado no vasto campo cronológico e temático do espaço trasmontano, confinado, porém, ao distrito de Bragança. ––––––––– Em 9 de Abril de 1910 acabou de se imprimir, na Tipografia a vapor da Empresa Guedes da cidade do Porto, o primeiro volume dos onze (*) Escrita em 1982, esta Introdução à primeira reedição foi revista e actualizada pela autora para publicação na presente edição.

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que viriam a constituir as Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança. Contava nessa data o seu autor, o Abade de Baçal, precisamente 45 anos de idade, pois nasceu em 9 de Abril de 1865. O Padre Francisco Manuel Alves (Abade de Baçal, título conferido em 25 de Março de 1935, segundo provisão do Bispo de Bragança D. Luís António de Almeida) foi sacerdote dotado de espírito crítico, perspicaz observador e de viva inteligência, de rara afabilidade no convívio que o fez colher, no distrito de Bragança e nos principais centros culturais do país, leais colaboradores e ilustres amigos. Entre os primeiros (não excluindo a categoria dos segundos) avultam Raul Teixeira, José Montanha e António Quintela. A eles ficou o Abade de Baçal a dever todo o estímulo e todo o apoio necessários à publicação da primeira edição destas Memórias. Mas, sobretudo, esta obra é a prova concludente de uma dedicação e amor profundo à sua terra, pois só deste modo e por este facto, nas primeiras décadas deste século, um homem isolado de qualquer estrutura cultural, escola superior ou universidade, poderia ter coragem e força de ânimo para se abalançar a uma obra destas trabalhando confinado às montanhas onde nasceu e viveu. No II volume (p. 264) o Abade de Baçal confessa: «Ai! Distrito de Bragança, Distrito de Bragança, meus Amores! Quem fora assaz rico para ofertar-te a publicação de quanto encerras de interessante nos mais variados ramos do humano saber!». Além disso, é também o Abade de Baçal conhecedor das suas limitações, testemunho de grande dignidade humana conscientemente assumida. Assim, na p. IX do prólogo do I volume, ele afirma: «A minha tentativa aí vai; o que ela me custou em trabalhos de investigação e dispêndios de toda a ordem, só quem a eles se dedica o avaliará, metendo em linha de conta o meio enervante da aldeia em que vivo, num isolamento que, se é útil a muitos respeitos, tem o supremo inconveniente da falta de livros para consultar. Tem defeitos? Certamente. E onde está a obra isenta deles? Venha a crítica sincera e ciente, embora áspera, e não os poupe, que assim mostraremos todos que a nossa terra amamos e a nossa gente». Na realidade, o Abade de Baçal, ainda em vida, conheceu diversas e severas críticas à sua obra. Porém, a plêiade de colaboradores, vultos da cultura portuguesa e estrangeira que com ele se correspondiam e que sempre que tinham pretexto ouviam a sua sábia opinião na aldeia de Baçal, nunca deixou que o seu ânimo esmorecesse no sentido da interrupção da sua obra. De facto, a historiografia portuguesa da primeira metade do século XX, no âmbito regionalista, é reveladora de uma realidade complexa, e MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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exigente de um tratamento detalhado dos condicionalismos históricos, ainda que filtrados pelo isolamento político, característico de algumas regiões portuguesas, como a trasmontana. O Abade de Baçal, Padre Francisco Manuel Alves, viveu em Trás-os-Montes, entre 1865 e 1947. O advento e consolidação da República Portuguesa são os acontecimentos de natureza político-institucional que balizam, influenciam, transformam o seu formalismo doutrinário, procurando atribuir um sentido histórico à dinâmica regional e ancorando a sua elaboração interpretativa nas transformações internacionais da sua época. Efectivamente, viveu o Abade de Baçal o período conturbado da 1.a Grande Guerra e concentrou-se na problemática da história regional, fonte sem dúvida nenhuma decisiva para avaliar a formação social portuguesa do seu tempo.

1. Conceitos de História Regional: O Abade de Baçal optou pelo faseamento da mobilidade da investigação histórica, reunida, principalmente, nas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, em onze volumes, enunciando algumas questões e problemas que, ainda hoje, permanecem em aberto, tais como o poder das elites regionais e o poder das minorias étnicas, como a judaica e cigana. Estes onze volumes caracterizam-se pela abundância do material histórico compulsado, mas, simultaneamente, pela frequente dificuldade de localização ou consulta adequada em arquivos, para além do de Simancas. A este último, dedica o autor o oitavo volume deste seu Esboço de Enciclopédia da Cultura Regional Trasmontana. Cada um dos onze volumes que constituem a Obra do Abade de Baçal foi objecto de uma discriminação concretizada, quer no que diz respeito aos temas, quer no que concerne ao método utilizado. Neste sentido, uma das primeiras características da historiografia regionalista no Abade de Baçal é, efectivamente, a das temáticas de cada um dos onze volumes. Uma segunda característica é, sem dúvida, o facto de as Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança representarem a primeira expressão de conjunto, sistematizada, de um projecto de investigação histórica completo, do desenvolvimento de uma pesquisa reveladora de uma realidade (a trasmontana) desconhecida da maioria dos historiadores versados em história nacional, esta de âmbito muito mais vasto, de elaboração muito mais científica, e de um enunciado teórico muito mais profundo, rigoroso e equilibrado. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Em traços largos e nas suas principais linhas, o Abade de Baçal conjugou a cronologia com as suas concepções históricas de índole moral que, como sacerdote católico, produzem algumas vezes uma visão subjectiva dos acontecimentos, distante de uma análise distanciada, e marcada por um tipo de apriorismo, muito próximo do «discurso moralizante». Adiante, veremos exemplos concretos desta sua posição historicista, em excertos dos seus onze volumes de história regional trasmontana e nos magníficos e literariamente exemplares prefácios de cada um deles. Assim, os três primeiros tomos das Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança são de matriz histórica e religiosa. Acrescente-se a complementaridade do quarto tomo, essencialmente documental, em paralelo com o oitavo, no qual analisa a investigação realizada em Espanha, no Arquivo de Simancas. Abade de Baçal traça a complexa formação histórica do Nordeste Trasmontano, oscilando entre as esferas dos seguintes poderes: o político e o religioso, o político e o militar, o político e a emergência da conflitualidade das classes sociais, o político e a contextualização teórica das crenças numa sociedade, como a trasmontana, de alguma estagnação ruralista. A pretensa delapidação moral, económica e consuetudinária de algumas «castas», como a dos judeus trasmontanos e da raça cigana, é tratada no tomo quinto. Nos tomos sexto e sétimo, o Abade de Baçal apresenta, claramente, o peso que na história regional se fez sentir, durante décadas, das elites regionais, respectivamente dos Fidalgos e dos Notáveis trasmontanos. Será necessário, para uma boa compreensão da História Local, e para além das simples genealogias, «feitos de armas», ou da «pena», actos de coragem ou valentias épicas, recordar em destaque, na Obra do Abade de Baçal, o seu discurso político, o seu enunciado teórico e ideológico bem explícito nos seus juízos, recolhendo as lições das vidas narradas, em jeito habilmente crítico, por vezes contundente, conciliando a simplicidade narrativa com a clerical prudência que subjaz na força do seu carácter e na anti-demagogia dos seus valores éticos. Ao Abade de Baçal interessavam, igualmente, os aspectos etnográficos, ligados, pelas suas raízes, à Arqueologia. Os tomos nono, décimo e décimo primeiro são caracterizados por um forte acento ideológico, diríamos que se definem, essencialmente, por uma matriz sociológica, antropológica e etnográfica, mas numa orientação generalista, voltada para o esboço de estudo estrutural da sua região. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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São, efectivamente, fontes decisivas para um historiador local acompanhar o processo de crescimento de uma região, as suas tradições, alguns esboços de industrialização, trabalhando uma soma prodigiosa de documentação, fazendo o balanço dos mais significativos contributos, em linguagem corrente, mas persuasiva, para a história da região bragançana. Da Arqueologia e Epigrafia ele foi exímio intérprete. Para o Abade de Baçal a história da região bragançana não é linearmente traçada, embora no tomo primeiro ele afirme que «a cronologia» é o nervo da História. Na realidade, a História Nacional não representa, como às vezes se crê, a soma das histórias regionais. O problema maior de um historiador regional é fazer compreender ao seu leitor que a história global de um país não coincide necessariamente com o estudo geral da totalidade das regiões que o compõem. E o Abade de Baçal, não obstante o carácter nacionalista que explicitamente defende na sua Obra, é, de facto, um ideólogo da originalidade da cultura bragançana. Muito embora tendo vivido neste distrito, ele, apesar de escrever sempre ligado à História, à Arqueologia ou à Etnografia, ultrapassa o conformismo, o pragmatismo, o elementar senso comum que caracterizava as regiões periféricas nas quatro primeiras décadas do século XX e o imobilismo cultural da maioria do clero português. Sendo um sacerdote simples e modesto que nunca aceitou, convictamente, adulações ou honras, revelou uma grande capacidade de adaptação que inexoravelmente o afastava de certos princípios doutrinários (como por exemplo a rejeição da religião judaica ou a oposição à integração de outras raças na sociedade portuguesa, como por exemplo a raça cigana). Não foi um pensador céptico. Ainda que com características narrativas, a sua história regional não é alheia a um intervencionismo político, a uma posição estrutural de desenvolvimento económico da sua terra, a uma prática da metodologia histórica na qual está implícito um enquadramento de assuntos e temas muito diversificados, mas ligados por uma síntese evolutiva e pelo paradigma inequivocamente assumido da defesa e divulgação do espaço trasmontano. No enquadramento de assuntos históricos acima referidos na Obra do Abade de Baçal, tem um papel sem dúvida relevante o estudo da hierarquia da Igreja Católica Portuguesa e da sua mística político-social ligada à fé religiosa. Este tema percorre, praticamente, os onze volumes das Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança. Pela sua importância, e pelo que representam de fidelidade formal ao catolicismo, passamos a analisar os principais assuntos relativos à definição da identidade cultural trasmontana, ao nível religioso, a base MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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indiscutivelmente mais segura, a demarcação mais frontal que o Padre Francisco Manuel Alves professou em relação ao nacionalismo laico ou agnóstico da época em que viveu (1865-1947).

2. Conceitos de História da Igreja: Sempre atento ao evoluir da situação portuguesa, ele destaca o papel da Igreja como reequilibradora dos «poderes do Estado». Nesse sentido, pese embora o facto de, no tomo segundo da sua Obra, ter dedicado toda a investigação ao registo biográfico dos Bispos da diocese de Bragança-Miranda e à legislação pastoral, o Abade de Baçal traça, no decurso da sua extensa Obra, um quadro das relações entre o «Poder e a Igreja», umas vezes positivo, outras menos. Assim, no tomo nono, enumera, exaustivamente, a relação dos abades que obtiveram, por decisão episcopal, o título de «reitores». Analisa o catolicismo tradicionalista, mas, por vezes, é clara a sua demarcação ideológica face a uma situação de visível debilidade de resistência da Igreja às novas orientações da Constituição da República Portuguesa. Cite-se, como exemplo, a sua alusão ao Novo Código de Direito Canónico e ao seu despotismo, no tomo nono (p. 403). Na região bragançana, apesar de não ser fácil escrever sobre a intimidade entre o campo doutrinário e o campo político, o Abade de Baçal foi o porta-voz da defesa do clero, ao mesmo tempo que sublinhava o desaparecimento progressivo, e necessário, da antiga malha sócio-política monárquica, profundamente enraizada nas «províncias» portuguesas. No tomo primeiro das suas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, refere, pormenorizadamente, as «aposentadorias» usufruídas pelos bispos e fidalgos em casa dos seus súbditos, enumera os cónegos desterrados por motivos ideológicos, os bens possuídos pelo arcebispo de Braga em terras bragançanas, os rendimentos da mitra de Bragança, as capelas com vínculos de morgadios, os adquiridos pela colegiada de Santa Maria que era cabeça de comenda, e as propriedades pertencente à Ordem de Malta. Nos aspectos jurídico e consuetudinário, continua a tratar, detalhadamente, de novo, o código de direito canónico, frisando certas disposições tidas como abusivas, usando a sua própria expressão. Nos tomos primeiro e décimo debruça-se numa atenta análise sobre o direito eclesiástico denominado In solidum, equacionando o seu peso relativo nas várias forças sociais dominantes (as políticas, as militares e as nobiliárquicas). Não deixa de referir, porém, o papel de grande destaque que, no ramo da MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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cultura, a Igreja desempenhou: tal é o caso, expressamente tratado, dos sacerdotes que foram mestres de gramática, no tomo sexto da sua Obra. É, porém, no décimo primeiro tomo (p. 300) que o Reitor de Baçal reconhece, com humildade, mas com verdadeira coragem de trasmontano íntegro, que também o clero da sua época não era uma classe de «elite» inteiramente exemplar no campo do comportamento social e moralmente paradigmático em relação à doutrina cristã pregada nos púlpitos. O leitor poderá tomar conhecimento da «Doutrina Cristã Parafraseada», recolhida na voz do seu Povo. Com este pensamento terminamos a segunda parte desta Introdução, ou seja, é a relação Povo-Igreja, que perpassa nas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, principalmente nos quatro primeiros volumes, que, para além de discursivos, constituem, na realidade, o verdadeiro breviário do seu Pensamento e do seu rumo neste campo da História do Poder Local.

3. Conceitos de História das Elites Regionais: Em breve análise dos tomos sexto e sétimo da sua Obra, o Abade de Baçal revelou uma notória sensibilidade em sociologia. Não tendo uma preparação específica nesta disciplina, porque a formação cultural obtida no Seminário não a comportava, no seu tempo, o Abade de Baçal compensou-a por esforço próprio, vindo a aprender na convivência humana que a sua profissão de pároco comportava. Reuniu esses elementos em dois volumosos tomos intitulados, respectivamente, os Fidalgos e Os Notáveis, atrás referidos. É, por conseguinte, um percursor do estudo das elites regionais, tema de uma flagrante actualidade no campo da historiografia regional. Ele próprio tem disso consciência, ao afirmar, no prólogo do tomo sexto: «Um livro de genealogia nos tempos democráticos actuais?! A genealogia é um ramo da História e o conhecimento da História é indispensável ao político, ao jurisconsulto, ao economista, ao financeiro, ao sociólogo, ao legislador, a quantos procuram guiar a humanidade, porque todos os sistemas sociais encontram nela uma confirmação, uma negação, um critério orientador» (p. 1). E o Abade de Baçal revela-se um estudioso da história das elites regionais ao acrescentar as seguintes palavras: «Não tratamos da genealogia como instituição social, aliás respeitável, mas sim da sua história (...). Houve tempo – diz um republicano avançado considerado oráculo entre os seus, e de muito valor – em que

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eu considerava as notícias genealógicas como estéril explosão de vaidade individual. Hoje reconheço que os dados genealógicos são um valioso subsídio, principalmente fixando-os com um ou outro documento histórico oficial que lhes dê base e coerência cronológica» (p. 8). Nas actuais correntes da historiografia, as famílias são na realidade objecto da maior atenção e interesse, como fonte histórica local. Se terminámos a segunda parte desta Introdução afirmando a relação Povo-Igreja, tratada nos primeiros volumes da Obra do Abade de Baçal, é agora o momento e o lugar próprios para falarmos da relação Famílias-Poder, na história de qualquer região do nosso país. No caso específico de Os Fidalgos, diz o Abade de Baçal: «Os títulos nobiliárquicos eram um estímulo, o prémio de acções relevantes, impagáveis a dinheiro, e mal avisados andam os governos em desprezar tão valioso recurso» (p. 9). Por conseguinte, pensa a relação entre a «família» e o «poder» não só político como económico e social. Ora as famílias, e este pensamento fica claramente definido nos tomos sexto e sétimo da Obra do Abade de Baçal, são o núcleo primeiro de toda a sociedade, o espaço onde coexistem gerações, se inculcam valores e modelam comportamentos. Não é, porém, restrita a noção de fidalguia para o Abade de Baçal. Ele esclareceu: «Os nobres nasceram dos feitos bélicos, mentais ou industriais, donde: nobres da espada, do livro, da finança, três títulos igualmente lídimos» (p. 11, do tomo VI). Mas, na composição das elites regionais trasmontanas entram também Os Notáveis. No espaço das relações entre as famílias estes tinham um papel preponderante, pela sua importância política, económica e, quase sempre, cultural. Eram, genericamente, os detentores de «títulos». Para um historiador regionalista a sua abordagem é indispensável à compreensão do passado e do presente de uma região. Muitas vezes o prestígio dos Notáveis era inerente à sua própria antiguidade. Ora, num contexto social ainda muito polarizado como era o trasmontano, fácil era associar as famílias, ou seja, as elites regionais, ao poder político, à importância económica e à diferença de estatuto social. Tal diferença acentuava-se de sobremaneira nos espaços regionais de carácter vincadamente rural. O livro do Abade de Baçal intitulado Os Notáveis não foi, como é óbvio, inteiramente pacífico. Houve alguns membros das referidas elites que, conscientes da sua importância, não se sentiram lembrados como suficiente relevo. Mas o Abade de Baçal retorquiu-lhes com a firmeza que é peculiar da sua prosa: «Ingratões! Tirámo-los do esquecimento, MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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descobrimos no pó dos arquivos quantidade enorme de documentos inéditos, que eles ignoravam, reconstituímos-lhes a genealogia e pagam-nos intrigando, mexericando» (Os Notáveis, p. 3). E, a seguir, ele próprio se intitula «regionalista crónico» (Ibidem, p. 5). Terminando, ao recuperar o tema destas superficiais e incompletas considerações acerca da historiografia regional, não fique, de modo algum, a ideia de que esta é tomada numa perspectiva de história selectiva ou particularizada a determinados sectores sociais, estudados e analisados com exclusividade de critérios. O historiador Abade de Baçal é, pelo que atrás se afirma, claro exemplo, pois nos restantes volumes da sua Obra explora exaustivamente a vertente popular, a relação entre o Poder e o Povo, fazendo correr largamente a seiva que sulca as magníficas páginas do tomo quinto, dedicado às raças judaica e cigana, e dos tomos nono, décimo e décimo primeiro, ao ponto de o leitor compreender os epítetos pelo qual ficou conhecido no seu distrito: O SANTO E O SÁBIO. Mas o Abade de Baçal teve, igualmente, o apoio de um grupo de mecenas, sem o qual, apesar de ser um vulto cimeiro da historiografia portuguesa, nunca teria projectado os seus livros na cultura nacional. É evidente que o seu objectivo foi enraizar uma mentalidade, a de um arreigado nacionalismo, mas também projectou um escol de ilustres bragançanos. O livro consagrado ao Arquivo de Simancas dedica-o, expressamente «Aos Grandes Mecenas: Dr. António Augusto Pires Quintela, ao Dr. António Francisco de Meneses Cordeiro, ao Senhor José António Furtado Montanha, ao Dr. José Vaz de Sousa Pinto Guedes Bacelar, ao Dr. Raul Manuel Teixeira e ao Dr. Vítor Maria Teixeira». Um dos grandes mecenas do Abade de Baçal foi o seu admirador e confidente Dr. Abel Salazar.

4. O Bragançófilo: Assim, o travejamento doutrinário dos seus onze volumes é muito diversificado. Tal como Raul Brandão ou António Sérgio, a utilização literária do campo simbólico é, no Abade de Baçal, definida pelas seguintes dominantes: a intelectual, a emotiva e a activa/voluntária. Senão vejamos a advertência aos leitores no tomo nono das suas Memórias: «Mais um canto talhado para o monumento ao nosso rincão trasmontano, célula do nosso Portugal, que não pode ser amado sem achegas monográficas elucidativas da sua história. Trata da sua Arqueologia, MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Etnografia e Arte, com muitas notícias inéditas, capítulos inteiros mesmo, hauridos, não comodamente em trabalhos de gabinete, mas por montes e vales... Não poupei energias mentais, físicas e pecuniárias para que saísse completo» (p. 1 e 2). Para além da dominante intelectual explícita nestas afirmações, o Abade de Baçal utiliza, também, no campo simbólico, o factor emotivo, tão vigoroso quão grandes eram a bondade e simplicidade que caracterizavam o seu modo de ser. E continua: «Não se ignora que na sociedade de hoje, mais cheia de um tolo snobismo do que de verdadeira depravação, tudo o que seja sofrer por algo de verdadeiramente desinteressado e nobre merece ser votado ao ridículo» (p. 3). «Quanto aos puristas, aos zoilos, a essa espécie de míopes intelectuais, como lhes chama o Dr. Júlio Dantas, estão no inglório campo da sua mesquinhez crítica» (p. 4, do referido tomo nono). Através deste volumoso acervo compulsado pelo Abade de Baçal surpreende-se um «discurso» pela ordem, pelo trabalho, pela disciplina, plataforma de elites intelectuais, militares e religiosas que, muito embora não muito claramente «alinhadas» partidariamente, tinham em comum a consolidação da noção de Pátria, contextualizada na época histórica em que viveu. No prefácio deste tomo nono, o Abade de Baçal deixou, aos vindouros, o seu desejo: «Se um dia os bragançanos amantes da sua terra resolverem fazer segunda edição destas Memórias, e devem fazê-la, se forem verdadeiramente bragançófilos, e sobre o assunto não aparecer coisa melhor…». Ora, verificando-se nesta sua linha de pensamento o desejo implícito de ver a sua obra continuada, com possibilidade de ser lida e conhecida por um grande público, afigurou-se ser uma incoerência o Museu que tem seu o nome e o adoptou como patrono não ter ainda procedido a esta primeira reedição. Optou-se por uma execução tipográfica através do processo «offset», resultando, por conseguinte, uma reedição «fac-similada», reproduzindo fielmente o original. Embora reconhecendo a conveniência e oportunidade de uma revisão crítica e de uma nova organização dos índices, estes trabalhos, porém, ainda não foram possíveis até este momento, sendo necessária uma equipa de estudiosos que esteja à altura de cabalmente os cumprir. Iniciada em 1975, esta primeira reedição foi concluída em 1982, tendo obtido o melhor acolhimento do público leitor, nomeadamente da parte das pessoas naturais do distrito de Bragança e, por outro lado, sendo recebida com a maior expectativa por intelectuais do país e do estrangeiro. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Através desta forma de actividade de extensão cultural, o Museu do Abade de Baçal iniciou desde 1975 uma série de publicações imprescindíveis ao seu funcionamento como instituição educativa, aliás exactamente como o próprio P.e Francisco Manuel Alves já o entendia no seu tempo. Maria Alcina R. C. Afonso dos Santos

BIBLIOGRAFIA ALVES, P.e Francisco Manuel Alves – Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Reedição do Museu do Abade de Baçal: – Tomo I, Bragança, 1990, Quarta Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 401 p. – Tomo II, Bragança, 1990, Quarta Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 509 p. – Tomo III, Bragança, 1989, Terceira Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 459 p. – Tomo IV, Bragança, 1990, Quarta Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 703 p. – Tomo V, Bragança, 1990, Quarta Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 210 p. – Tomo VI, Bragança, 1989, Terceira Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 806 p. – Tomo VII, Bragança, 1982, Terceira Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 820 p. – Tomo VIII, Bragança, 1989, Terceira Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 131 p. – Tomo IX, Bragança, 1982, Terceira Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 744 p. – Tomo X, Bragança, 1989, Terceira Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 867 p. – Tomo XI, Bragança, 1989, Terceira Reedição, Tipografia do Planalto, Palaçoulo, 804 p. CRUZ, Manuel Braga da – Monárquicos e Republicanos no Estado Novo, Lisboa, 1986, Publicações D. Quixote, 227 p. M ATTOSO , José – «Pensar o Terceiro Milénio» (entrevista), Revista História, N.° 22, Fevereiro, Ano 2000, p. 14 a 19. Análise Social, Lisboa, 1986, Revista do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, I.S.C.T.E., Números 116 e 117, «História Social das Elites», p. 75 a 612. Revista História, Lisboa, 1998, Ano XX, Número 7, «Os Espaços do Poder», p. 22 a 43.

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INTRODUÇÃO AO VOLUME I Este primeiro volume das Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, cobrindo um longo período da história do Nordeste trasmontano, desde os tempos pré-romanos até à viragem para o nosso século, assume já as virtudes e as limitações que marcarão a obra monumental de Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal. Por um lado, o acumular de documentos e informações sobre os mais diversos aspectos da história do distrito. Por outro, o carácter disperso, sem avaliação crítica das fontes utilizadas, e a ausência de uma matriz de orientação teórica. Frequentemente, a abordagem temática não ultrapassa a mera reunião de umas quantas notas sobre o assunto. Aqui e ali, o autor limita-se mesmo, praticamente, à publicação dos documentos. Deve ter-se em conta, ainda, que este primeiro volume das Memórias, cuja primeira edição é de 1910, corresponde a uma fase inicial da obra do Abade de Baçal. Embora contando já 45 anos e algumas dezenas de artigos, a maior parte deles dispersos pela imprensa trasmontana, seria a partir de então que a sua obra iria ganhar envergadura e afirmação nacional. Muitos dos temas aqui tratados foram, mais tarde, retomados pelo Abade de Baçal, com maior solidez, desenvolvimento e apuro interpretativo, como aconteceu, por exemplo, com o estudo sobre a Restauração de 1640, publicado em 1940, nos Anais da Academia Portuguesa de História. Em todo o caso, uma leitura crítica das Memórias não invalida a sua importância como manancial informativo, de referência insubstituível. A diversidade de temas e períodos históricos abordados neste volume obrigou a repartir a sua revisão por mais de uma dezena de investigadores (Bernardo Vasconcelos e Sousa, Francisco Ribeiro da Silva, Gaspar Martins Pereira, Geraldo Amadeu Coelho Dias, Lino Tavares Dias, Luís A. de Oli-

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veira Ramos, Luís Carlos Amaral, Luís Miguel Duarte, Mafalda Soares da Cunha, Maria José Moutinho dos Santos, Mário Barroca e Nelson Campos). Daí, também, a diversidade de notas críticas (a consultar no final do volume), de acordo com as diferentes formações dos investigadores envolvidos. Alguns temas mereceram por parte dos revisores comentários iniciais mais desenvolvidos, que reunimos nesta introdução, com a menção dos respectivos autores. [Gaspar Martins Pereira]

SUEVOS E VÂNDALOS. GODOS. SARRACENOS. ASTUR-LEONESES Estas páginas do Abade de Baçal são um trabalho acrítico, fragmentário e desordenado. Acrítico porque mistura factos historicamente comprovados com dados mais ou menos lendários, porque utiliza indiscriminadamente as fontes cronísticas – veja-se, por exemplo, o crédito (ingénuo?) que dá à descrição, feita por Idácio, da chegada dos bárbaros à Hispânia, porque utiliza indistintamente a datação pela era hispânica e pelo ano do nascimento de Cristo, porque aplica à região trasmontana conclusões resultantes do estudo de outros espaços, fazendo extrapolações abusivas, etc. Fragmentário e desordenado porque não consegue estabelecer uma narrativa sequencial dos factos, mas apenas um simples rol de dados, muitas vezes pouco relacionados entre si. Refira-se por último que, salvo raras excepções, não consegue demonstrar a relação existente entre os dados seleccionados e a história do distrito de Bragança, que constitui, em última análise, o seu objectivo primordial. A maior parte do texto reproduz elementos que tanto servem à história da região brigantina como ao Entre-Douro-e-Minho, às Beiras, etc. Entrando nos aspectos concretos que aborda, pensamos que «os fragmentos do concílio de Lugo» a que se refere o Abade de Baçal não são mais do que o texto do célebre Paroquial Suevo, também designado por Divisio Theodemiri e por Concílio de Lugo de 569. Apesar de ser conhecido apenas por cópias muito posteriores, sabe-se hoje, com grande segurança, que o documento original foi redigido entre 572 e 582. Bragança aparece incluída no rol das parrochias da diocese de Braga, designada como pagus. Acerca das inúmeras questões relacionadas com o Paroquial Suevo, desde a datação e a tradição textual até à fixação do texto crítico, veja-se, por todos, o estudo de Pierre David, L’organisation écclésiastique du royaume suève au temps de Saint Martin de Braga, inserido na colectânea Études Historiques sur la Galice et le Portugal du VIe au XIIe siècle (Lisboa: Institut Français au Portugal, 1947, p. 1-82). A célebre Divisio Wambae ou Hitacio Wambae é uma das mais famosas falsificações peninsulares dos finais do século XI. Deve ter sido redigida entre MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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1088 e 1095, e o seu texto, que diverge de acordo com a proveniência dos manuscritos, inclui as várias metrópoles eclesiásticas hispânicas com as respectivas dioceses sufragâneas e seus limites. Uma boa síntese sobre a problemática que envolve a Divisão de Wamba pode ver-se no livro de Demetrio Mansilla Reoyo, Geografia Eclesiástica de España. Estudio Histórico-Geográfico de las Diócesis (Roma: Iglesia Nacional Española-Instituto Español de Historia Eclesiástica, 1994, 2 vol., em especial T. 1, p. 239-274), que segue de muito perto, neste particular, o clássico e mais sólido estudo sobre a matéria, da autoria de Luis Vásquez de Parga, La División de Wamba (Madrid, 1943). Refira-se ainda que as grafias indicadas pelo Abade de Baçal, tanto nos casos do Paroquial Suévico como da Divisão de Wamba, têm um valor muito relativo quando consideradas isoladamente, uma vez que a existência de diversas versões de um mesmo texto introduz um leque bastante alargado de variantes. Aliás, nas duas versões da Divisio Wambae que consultámos, a saber, o texto crítico, fixado por Vásquez de Parga (reproduzido na obra citada de Demetrio Mansilla Reoyo, T. I, p. 252-256) e o texto incluído no Liber Fidei Sanctae Bracarensis Ecclesiae, tomo I, doc. 9, p. 11-16 (ed. crítica de Avelino de Jesus da Costa, 3 tomos, Braga: Junta Distrital de Braga, 1965-1990), não consta sequer o vocábulo «Bragança». Muito provavelmente o Abade de Baçal recolheu a grafia referida em uma qualquer versão não depurada dos acréscimos fabulosos introduzidos sobretudo pelo famoso falsário D. Paio, bispo de Oviedo entre 1101 e 1129. [Luís Carlos Amaral]

GUERRAS DE 1640. GUERRA DA SUCESSÃO DE ESPANHA. GUERRA DOS SETE ANOS Estes três capítulos guardam, entre si, uma ligação evidente não só pelo tema comum – a guerra na fronteira, ainda que em momentos diferentes – mas também porque o espaço contemplado no estudo é o da Província de Trás-os-Montes. No tocante às Guerras da Restauração, o trabalho do Padre Francisco Manuel Alves apresenta-se muito mais desenvolvido que o das outras campanhas bélicas, tendo sido elaborado como se fosse um diário da guerra, onde se iam registando por ordem cronológica os eventos mais importantes ocorridos entre 1640 e 1668. O texto que daí resultou continua a ser imprescindível para o conhecimento das acções militares desenvolvidas num lado e noutro da fronteira, muitas vezes conduzidas sem ordem nem regra; mas houve-as programadas e apoiadas em linhas estratégicas bem definidas. Contrariamente ao que às vezes se pensa, não foi apenas na fronteira do Alentejo que MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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a sorte das armas portuguesas se definiu, neste longo pleito. As fronteiras do Minho e Trás-os-Montes conheceram acções de alguma envergadura. As terras que foram teatro das operações, os chefes militares, as suas capacidades de chefia e organização, as razias selvagens, os oportunismos que sempre surgem nestas circunstâncias, as traições, os desânimos perante as várias dificuldades, as lendas que perduraram na memória das gentes, algumas estatísticas de prejuízos mútuos causados – tudo isso constitui um rol denso de informações que nos dão a ideia exacta da vivência colectiva dos acontecimentos nas terras trasmontanas. Mas não é apenas no quadro da história local que o autor se move. De facto, logo no início do capítulo se oferece ao leitor uma brevíssima mas útil notícia sobre a organização do exército lusitano desde as Ordenanças de D. Sebastião até ao tempo das invasões francesas. As fontes do Abade de Baçal, para além de autores sempre citados na abordagem desta temática, como o Conde de Ericeira e Rebelo da Silva, são relatórios impressos por portugueses ou castelhanos, que ele explora na perspectiva do observador regional. Uma vez ou outra recorreu a fontes inéditas, conservadas em mãos de particulares ou em Arquivos locais. Assim a longa descrição da vila de Vinhais e dos episódios da guerra aí ocorridos, segundo uma versão do século XVIII que ele transcreve na íntegra. E não se coibia de ouvir outros estudiosos coevos, recolhendo as suas informações, como as do Abade de Arzadegos. Sublinhando o entusiasmo com que as populações trasmontanas receberam a notícia da revolta de Lisboa de 1640, entusiasmo que, aliás, foi partilhado por grande parte das terras portuguesas, o Reitor de Baçal introduz uma nota patriótica na sua interpretação. Não nos parece que tal visão seja desajustada da verdade histórica. No entanto, a recente historiografia matiza a apregoada exaltação nacionalista, recorrendo a outro tipo de fontes e preferindo desenvolver factores diferentes que moveram as gentes lusas contra a dominação castelhana, tais como a excessiva carga fiscal, as determinantes económicas, a conjuntura europeia – factores que, segundo tal ponto de vista, pesaram mais que as motivações puramente políticas. Outro elemento a ter em conta que outrora se desconhecia ou se conhecia mal é que o Duque de Bragança conseguiu apoios importantes de mercadores e de cristãos-novos e até de casas judaicas. A temática da Restauração constitui um tema sempre presente na produção historiográfica tanto portuguesa como espanhola, quer em âmbito local quer em perspectiva mais alargada. Quanto a estudos de carácter local, lembraremos O Entre Douro e Minho e a Restauração, por nós publicado na Revista «Estudos Regionais», de Viana do Castelo (nº 9, 1991), e A Cidade do Porto e a Restauração, publicado na «Revista da Faculdade de MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Letras. História», do Porto (nº 11, 1994). Bibliografia recente sobre esta temática: para além do estudo clássico de Vitorino Magalhães Godinho, Restauração, no Dicionário de História de Portugal, citaremos as seguintes obras: MARQUES, João Francisco – A Parenética Portuguesa e a Restauração (1640-1668). Porto, 1989, 2 v., e VALADARES, R. – La Rebelión de Portugal (1640-1680), Guerra, conflicto y poderes en la Monarquia Hispanica. Valladolid, 1998. Outros autores se têm debruçado sobre estas matérias e produzido trabalhos importantes. Citaremos: OLIVEIRA, António de – Poder e oposição política em Portugal no período filipino (1580-1640). Lisboa: Difel, 1991; CURTO, Diogo Ramada – A cultura política em Portugal (1578-1642): Comportamentos, ritos e negócios. Lisboa, 1994; HESPANHA, António Manuel – As vésperas do Leviathan. Instituições e poder político Portugal – séc. XVII. Coimbra: Almedina, 1994; BOUZA ALVAREZ – Portugal en la Monarquia Hispanica (1580-1640): Felipe II, las Cortes de Tomar y la génesis del Portugal Católico. Madrid: Universidad Complutense, 1987. Passando às duas guerras seguintes, o Abade de Baçal não pretendeu seguramente apresentar uma síntese nem sequer um resumo das principais movimentações bélicas, mas apenas e mais uma vez estudar as suas incidências na província de Trás-os-Montes. Por isso, não admira que a cidade de Miranda do Douro ocupe um lugar privilegiado na abordagem breve dos dois eventos. Sublinhe-se o interesse da transcrição das capitulações com que, em 1711, se recuperou a praça de Miranda aos castelhanos, bem como o pormenor da lista quantitativa dos militares da guarnição que quedou prisioneira. A publicação da descrição da tomada da mesma cidade de Miranda do Douro pelas tropas espanholas em Maio de 1762 merece o mesmo apreço e louvor. O autor deu-se conta da modéstia dos materiais que conseguiu reunir sobre estas duas guerras. Isso explica que tenha sentido a necessidade de acrescentar algumas notas que colocou em erratas. Nenhuma delas nos parece particularmente relevante, mas é de louvar o seu esforço de busca e de aproveitamento de todos os materiais que lhe vieram parar às mãos. Embora não conheçamos outros estudos de pormenor sobre as incidências da guerra em terras trasmontanas, sabemos que não foram apenas Miranda e Bragança as terras afectadas pelo vendaval bélico. Vinhais e Chaves foram igualmente obrigadas a capitular perante o invasor que ocupou uma boa parte da Província, saqueando e roubando valores privados e do património público. Os meios de defesa de Portugal eram escassos e, ao que parece, após a guerra de sucessão, havia-se descurado a organização militar e, consequentemente, a preparação do exército. Chegou a pairar a ideia de que, se os castelhanos atingissem o Rio Douro, poderiam fazer estremecer as cidades de Porto e Lisboa. Notícias alarmistas mas com algum fundamento obrigaram a MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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considerar o cenário da invasão e os ingleses do Porto desenvolveram um plano para abandonar a cidade. Aliás, o governo britânico deu ordem para que os navios ingleses estivessem de prevenção para dar guarida aos britânicos, se isso viesse a ser necessário. Não foi. A leitura do curto texto do Abade de Baçal tem outro mérito assinalável: deixa perceber os sofrimentos que atingiram as populações da fronteira, em especial a cidade de Miranda do Douro, sempre que estalaram conflitos entre os dois vizinhos ibéricos. Foram os sacrifícios suportados que, a nosso ver, cimentaram o portuguesismo das gentes. Devemos acrescentar que as recolhas do Abade de Baçal não foram feitas de uma vez por todas. Frequentemente o autor, em volumes seguintes, retoma temas já tratados em volumes anteriores. É o caso do tomo VIII que completa informações sobre as guerras tratadas neste primeiro volume. [Francisco Ribeiro da Silva]

INVASÕES FRANCESAS Serve de pano de fundo ao estudo de Baçal a História da Guerra Civil, de Luz Soriano, complementada por uma pluralidade de publicações, principalmente trasmontanas, e um número limitado de manuscritos. Às incidências brigantinas dos eventos o Abade de Baçal consagra uma quarentena de páginas, com algumas notas de rodapé e algumas listas, entre as quais avulta a das contribuições dos donativos feitos pelos habitantes da cidade para as urgências da guerra contra os franceses em 1809. O texto comporta uma introdução sobre a invasão de Junot, não titulada, e depois os itens assim referidos e arrumados: «A revolução em Bragança – O Abade de Carrazedo – O General Sepúlveda – Festa cívica em Bragança – A revolução em Moncorvo, Alfândega da Fé e Mirandela – Desvirtuação do movimento, insânia da plebe – Aspirantes à primazia da revolução – A revolução em Miranda – Toma Silveira o governo das armas da província de Trás-os-Montes – Ataque de Puebla de Sanabria – Desastre de Almeida – Oficiais de infantaria 24 que estavam em Almeida». A introdução atrás referida constitui uma brevíssima resenha da incursão de Junot em 1808, onde se explica que a guerra resultou da não adesão de Portugal ao Bloqueio Continental decretado pelo Imperador Napoleão contra os ingleses, medida enfim fatal para os franceses. Por causa da invasão, interpretada em aliança com os espanhóis, «D. João VI, então rei de Portugal», diz, «fugiu para o Brasil» e uma Junta de Governadores ficou em Lisboa. Conquistado o reino e tomada a capital, Junot licenciou e desarmou o exército português. Embora «ferozes devastadores», poucos atacantes subiram a MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Trás-os-Montes e pouco efeito resultou das suas ordens e acções nessa província. Esta guardou as suas forças, afirma, o que foi útil quando da sublevação contra os franceses. Após a derrota da primeira vaga invasora, o exército português foi reorganizado pelos governadores em Setembro de 1808, convocando-se as tropas para os seus quartéis e antigos regimentos, não só em Bragança, Chaves, Vila Real e Miranda do Douro. Por determinação de Janeiro de 1810 estes corpos recebiam os recrutas de toda a província trasmontana. Alude depois, em apontamento, às inauditas crueldades cometidas pelos franceses, dignas de «ódio inextinguível», na opinião de José António de Sá, que cita. Cruéis por excelência são apresentadas as tropas do general Loison, como apresentados são insanos ditos de Junot, cuja tirania acabou por unir Portugal e Espanha. Independentemente do que consta da introdução, outras notas sobre a Guerra Peninsular em geral aparecem dispersas em partes várias do capítulo, referentes não só à invasão de Junot, mas também à de Soult e de Massena, bem como a respeito das acções de Wellington e de tropas e milícias trasmontanas. Daí, por exemplo, a referência à decisiva participação inglesa na Guerra Peninsular, à Convenção de Sintra, à batalha do Vimieiro, travada por regimentos de Bragança, aos movimentos de Soult na Galiza antes de entrar por Chaves, à progressão de Massena em terra portuguesa, deliberadamente vazia de fontes de abastecimento. Podiam ainda citar-se as rápidas incursões de destacamentos franceses até próximo de Bragança, cidade que em 1810 foi lugar de junção de tropas anglo-lusas. Também a título de exemplo, note-se que, por descuido de escrita, a que é atreito, Baçal diz «o regente D. João rei de Portugal». Por outro lado, afirma que, quando do licenciamento e desarme do exército português, as tropas «da nossa província por cá ficaram». Este facto não corresponde à realidade visto que, v.g., regimentos de cavalaria de Chaves e de Miranda cumpriram as determinações de Junot em Coimbra. Independentemente de tudo o mais que consta das partes do capítulo Invasão francesa a respeito das revoltas de Bragança, Moncorvo, Alfândega da Fé, Miranda e Mirandela e dos desmandos da população enfurecida contra os franceses, do «francesismo» real ou suposto, bem como da acção de Silveira no governo das armas da província, do ataque a Puebla de Sanabria e da explosão e queda do forte de Almeida, fundamental para o Abade de Baçal é destacar o papel de Trás-os-Montes como primeiro foco de irradiação do levantamento contra os franceses, facto que, a seu ver, deveras ocorreu graças ao prestígio, espírito decidido e patriotismo do velho general Sepúlveda. Para o demonstrar serve-lhe de guia a Relação fiel e exacta do principio da Revolução de Bragança e conseguintemente de Portugal, MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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cuja autoria atribui ao Abade de Carrazedo, Manuel António de Sousa e Madureira Cirne, o clérigo que apregoou e concebeu o plano de tal revolta, com honra imorredoira. A propósito da prioridade do grito de revolta, explícita vem a desvalorização de outras personalidades e implícita, admitimos, a do futuro conde de Amarante, Silveira. É um ponto de vista a que não aderem os contemporâneos, Montalvão Machado, Veríssimo Serrão, Carlos Azeredo, por exemplo. Sem embargo, o Abade diz Silveira autor de proezas dignas de renome no enfrentamento dos franceses, nomeadamente na ponte de Amarante e na chefia de devastadoras milícias que actuaram na retaguarda dos corpos do exército de Massena. Não menos importância atribui às decisões deste célebre general que permitiram a completa reabilitação dos oficiais de Bragança, sobreviventes do incêndio e tomada de Almeida depois de forçados a integrar-se nas forças inimigas, forças das quais com prontidão desertaram para regressar aos seus postos nos regimentos trasmontanos. Senhor de notável capacidade de análise e vocação para a labuta de preservação e investigação da história e arqueologia, o padre Francisco Manuel Alves procura dirimir, com erudição, os problemas que dizem respeito à província e aos seus habitantes, sem cuidar de vaidades alheias, antes recorrendo à avaliação e escolha dos dados, assistido por sereno espírito crítico. Assim acontece, com acutilância, a respeito de José Arriaga, ou de passagem, com as oscilações insertas em Soriano. Severo mostra-se na defesa dos judeus brigantinos ditos «afrancesados», quando, afinal, o que estava em causa era o assalto à sua riqueza. A este respeito, lembre-se a raridade de suposições na sua obra. Como suposição despida de sentido regista, por exemplo, a improvável influência do banqueiro Perier, ligado a Bragança pelas origens hebraicas, no sentido de dissuadir Napoleão a não invadir essa cidade. A partir de Livros de Óbitos paroquiais de Portugal e Espanha, rastreia os caminhos de tropas francesas e suas crueldades, outrossim apontando com base em fontes inéditas os seus roubos em igrejas. No texto, onde não abunda este recurso a manuscritos, fica a pairar pela enumeração dos seus nomes e acções o papel do clero na sublevação anti-napoleónica. Visão do alcance dos factos nota-se quando destrinça entre o que acontece e não tem efeitos perduráveis e os acontecimentos marcantes no desencadear do processo histórico. Todavia, a natureza da obra obriga-o a respigar muitas vezes em fontes carecidas de indiscutível solidez, tudo o que enobrece e afirma a valentia da cidade-mãe da dinastia de Bragança, sem mostrar azedume em relação aos vizinhos espanhóis. Assim o prova a participação no ataque a Puebla de Sanabria e o respeito pelos bens alheios então desmonstrado. Inteligente e probo, mas despreocupado com os excessos de arrumo na obra e não menos com a indiscutibilidade das suas fontes e conclusões, quando MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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desejoso de conhecer e dar a saber os feitos e carácter dos seus concidadãos, assim foi o bragançano Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal. Destaque-se na bibliografia disponível para esta temática: ARAÚJO, Ana Cristina – Revoltas e Ideologias em conflito durante as invasões francesas. «Revista de História das Ideias». Coimbra. N° 7 (1985). AZEREDO, Carlos de – As Populações do Norte do Douro e os Franceses em 1808 e 1809. Porto, 1984. BEBIANO, Rui – Organização e papel do Exército. In MATTOSO, José, dir. – «História de Portugal». Lisboa, 1993, vol. 5. BESSA, Adriano – O General Silveira. A sua acção militar na Guerra Peninsular. Lisboa, 1949. FONSECA, Francisco da Silveira Pinto da – Proclamação de 11/12/1808 [aos estudantes de Coimbra]. FONSECA, Francisco da Silveira Pinto da – Proclamação aos trasmontanos de 6/12/1809. FONSECA, Francisco da Silveira Pinto da – Proclamação de 1810 [antes do ataque a Puebla de Sanabria]. SERRÃO, Joaquim Veríssimo – História de Portugal. Lisboa, 1984, vol. VII. VICENTE, António Pedro – Um soldado da Guerra Peninsular, Bernardino Freire de Andrade e Castro. Lisboa, 1970. VICENTE, António Pedro – Manuscritos do Arquivo Histórico de Vincennes, referentes a Portugal (1807-1812). Paris, 1983, vol. III. [Luís A. de Oliveira Ramos]

REVOLUÇÃO DE 1820. IMPLANTAÇÃO DO LIBERALISMO. MARIA DA FONTE E PATULEIA O período de implantação do liberalismo, entre a Revolução de 1820 e meados do século XIX, merece ao Abade de Baçal um conjunto de apontamentos que visam, essencialmente, destacar os eventos político-militares que tiveram como palco o distrito de Bragança ou o papel desempenhado por trasmontanos em tais acontecimentos. Seguindo algumas das obras mais completas sobre este período disponíveis no seu tempo, como as de José de Arriaga, Luz Soriano e Barbosa Colen, ou colecções documentais, como os Documentos para a História das Cortes Gerais, publicados por José Augusto da Silva e José dos Santos Clemente, e A Patuleia: catálogo dos documentos manuscritos que pertenceram a José da Silva Passos, o Abade de Baçal, excessivamente preocupado com os factos da história local, transmite-nos uma visão fragmentada e pouco contextualizada. É pena que estas notas do Abade de Baçal não tenham sido desenvolvidas em relação a diversos aspectos essenciais para a compreensão deste período, nomeadamente o impacto da legislação do liberalismo no mundo rural, as relações entre o MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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INTRODUÇÃO AO VOLUME I

TOMO I

Estado e a Igreja, a organização e formas de actuação das guerrilhas e sua articulação com as estruturas militares, ou ainda os fenómenos de caciquismo e «devorismo», apenas, aqui e ali, aflorados. Não poderíamos, obviamente, exigir ao Abade de Baçal uma atenção aos fenómenos sócio-económicos que envolveram esta época de mudanças e que só desde meados do nosso século têm vindo a ser incorporados na análise histórica. Assim, uma nova leitura deste período não pode dispensar as Memórias do Abade de Baçal, mas deverá completá-las com a vasta bibliografia que tem sido produzida sobre estas temáticas. Nas notas de revisão, no final do volume, apresentamos as referências específicas a algumas obras que consideramos de maior utilidade para uma revisitação crítica deste período. [Gaspar Martins Pereira]

FEIRAS E MERCADOS O Abade de Baçal limita-se a reunir e a glosar, praticamente sem crítica e sem interpretação de conjunto, excertos documentais; por isso não nos dá uma visão de conjunto, nem nos permite comparar o caso de Bragança com o das outras povoações medievais ibéricas. Referências obrigatórias, neste tema das feiras e mercados, são as obras de RAU, Virgínia – Feiras Medievais Portuguesas. Subsídios para o seu estudo. 2ª ed., com introdução e índices de José Manuel Garcia. Lisboa: Editorial Presença, 1982 (a feira de Bragança é estudada nas p. 83-85), e de LADERO QUESADA, Miguel-Ángel – Las Ferias de Castilla. Siglos XII a XV. Madrid: Comité Español de Ciencias Históricas, 1994. Consulte-se ainda MARQUES, A. H. de Oliveira – Portugal na Crise dos Séculos XIV e XV. Lisboa: Editorial Presença, 1987, p. 142-146; BARROS, Henrique da Gama – História da Administração Pública em Portugal nos séculos XII a XV. 2ª ed. dir. por Torquato de Sousa Soares. Lisboa: Sá da Costa, 1945-1954, vol. V, p. 91-123; MORENO, Humberto Baquero – O Mercado na Idade Média (o caso de Torre de Moncorvo). In «Estudos de História de Portugal. Homenagem a A. H. de Oliveira Marques». Lisboa: Ed. Estampa, 1982, vol. I, p. 311-325. [Luís Miguel Duarte]

PAÇOS DO CONCELHO O texto sobre os Paços do Concelho reveste-se de grande interesse por dois motivos: chamou a atenção dos bragançanos e dos portugueses em geral para o valor patrimonial único do edifício dos antigos Paços do Concelho e para o bárbaro e chocante abandono a que tal monumento estava votado; constitui MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


INTRODUÇÃO AO VOLUME I

clxxix TOMO I

um apelo fundamentado dirigido às autoridades para que restituíssem à Domus Municipalis a sua traça primitiva, alterada há séculos, por uns quantos que, por ignorância (ele chama-lhe vandalismo), entenderam dever torná-la mais funcional. [Francisco Ribeiro da Silva]

QUARTÉIS DA TROPA E GUARNIÇÃO MILITAR As notas do autor sobre o aquartelamento das tropas revestem-se de grande interesse para a história da cidade de Bragança, porque fornecem elementos precisos para a correcta localização dos sítios onde os militares ficaram instalados durante as guerra de sucessão de Espanha e em campanhas ocasionais posteriores. Mas ultrapassam o horizonte da história local, visto que abrem perspectivas para o estudo da História do aquartelamento de tropas, antes de haver quartéis construídos para instalar, preparar e alojar militares. É sabido que uma das maiores fontes de perturbação da rotina da vida urbana procedia da necessidade da instalação de tropas. À falta de espaços apropriados, eram as casas dos particulares que os tinham que acolher. Daí que um dos mais apreciados privilégios dos citadinos fosse o privilégio de boleto, ou seja, o da isenção do ónus de albergar militares portas adentro. Os cidadãos do Porto, por razões óbvias, tinham-no em grande conta. Mas a necessidade de poupar os moradores das cidades a tal incómodo esteve na origem da fundação dos quartéis. Como se vê pelo texto, o primeiro impulso para os criar em Bragança data dos meados do século XVII. É um dado a reter. Não falamos evidentemente das fortalezas marítimas ou continentais porque a sua tipologia é diferente dos quartéis. [Francisco Ribeiro da Silva]

GOVERNADORES DE BRAGANÇA A precisão do autor acerca da data da separação dos cargos de capitão-mor (ou governador) e de alcaide-mor de Bragança merece destaque. O cargo de Governador entendia-se no campo da jurisdição militar, já que nos foros crime ou cível a superintendência pertencia ao Corregedor da Comarca. Mas, como o ofício de alcaide-mor se entendia na mesma área, o normal, para evitar conflitos de jurisdição ou sobreposições, era que os cargos de alcaide-mor e capitão-mor fossem desempenhados pela mesma pessoa. Tal acontecia assim no Porto com duas diferenças, a saber: ao Senado da Câmara cabia o cargo de capitão-mor nas ausências do titular ou mesmo em associação com ele. E para não haver confusões quanto ao comando militar das tropas aquarteladas na cidade, criou-se o cargo de Governador das armas do parMEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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INTRODUÇÃO AO VOLUME I

TOMO I

tido do Porto. Normalmente a área de jurisdição de um Governador de armas estendia-se a toda uma Província. Não é obviamente este o sentido do termo «governador» aplicado a Bragança que deve ser entendido como governador do Castelo, designação que, aliás, aparece na página 286. De resto, em Trás-os-Montes existia o cargo de Governador de armas da Província. Mais dois méritos devem ser reconhecidos ao Abade de Baçal: o de ter completado a lista de governadores que havia sido elaborada por Borges na sua Descrição Topográfica e o de fornecer preciosas notas para o conhecimento da topografia bragançana de outrora. [Francisco Ribeiro da Silva]

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


Faleceu em 13 do corrente o Abade de Baçal, Francisco Manuel Alves, há 24 anos sócio correspondente da Classe de Letras da nossa Academia. Foi investigador de Arqueologia e História, de alta envergadura, a quem o país e em especial a sua província de Trás-os-Montes devem altos serviços. Homem simples e modesto vivia na aldeia cujo nome divulgou por ter sido seu pároco durante longos anos e nela ter morrido e passado a sua infância. Extraordi...

Primeira página do MANUSCRITO do Prof. Egas Moniz oferecido ao Dr. Victor Teixeira, irmão do Director deste Museu, Dr. Raul Teixeira, em 21 de Novembro de 1947. O Manuscrito, pertencente ao Museu Abade de Baçal, encontra-se acompanhado de um cartão com a seguinte dedicatória: «Ao seu caro Victor Teixeira que acompanha na sua grande admiração pelo Abade de Baçal, oferece o original das palavras pronunciadas em sua homenagem na Academia das Ciências de Lisboa, em 20 de Novembro de 1947, o velho amigo muito dedicado — Egas Moniz.»

MEM RIAS

ARQUEOL GICO-HIST RICAS

DO DISTRITO DE BRAGAN A



III TOMO I

PRÓLOGO Nós, os que em Portugal trabalhamos em coisas literárias sem pôr a mira no lucro e só nos dedicamos a elas pelo simples desejo de contribuir para o progresso da ciência, ou satisfazer as necessidades do nosso espírito, raras vezes se nos oferece ocasião de poder publicar sem despesa própria trabalhos extensos. José Leite de Vasconcelos.

Razões de ordem especial impõem aos municípios bragançanos e à ordem eclesiástica a obrigação de uma publicação no género da que, à falta de outra mais completa, damos a lume. O alvará de 10 de Maio de 1805, posto em vigor pela carta de lei de 28 de Abril de 1845, na qual estão contidas as disposições respeitantes à reorganização dos actuais Seminários, exige que nestes se ministrem conhecimentos da história das respectivas dioceses. Tal modo de pensar é do espírito da Igreja e, certamente, a ele visava o decreto de 4 de Janeiro de 1721 [1] do rei D. João V [2], mandando proceder à criação de MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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PRÓLOGO

TOMO I

uma Academia encarregada de escrever a história eclesiástica destes reinos. Algumas dioceses produziram então obras de importância, como as Memórias de Braga, por Argote, e outras; só à nossa nada chegou, se bem que os académicos Fr. Fernando de Abreu e Fr. Bartolomeu de Vasconcelos foram incumbidos de escrevê-la; apenas do primeiro restam magras biografias de escasso valor dos bispos de Miranda até ao seu tempo, na Colecção dos Documentos, Estatutos e Memórias da Academia Real da História Portuguesa. 1721, tomo I, juxta finem. Quase todas as dioceses têm as suas memórias, a sua história vulgarizada pela imprensa, salientando-se as do Porto, Braga e Lisboa, escritas por D. Rodrigo da Cunha, sucessivamente prelado de todas elas, isto no tempo antigo; e recentemente o Couseiro de Memórias do Bispado de Leiria (1868), além de outras. Até pelo lado do interesse material, não olhando mesmo ao moral, se impõe uma publicação desta natureza. Em 1869, quando apareceu o decreto que tentava reduzir as dioceses do reino, Lamego correu pressurosa a fixar na História Eclesiástica da sua cidade e bispado [3] as suas tradições de Sé independente, por se lhe figurar, e bem avisadamente, que tal publicação neutralizaria os intuitos supressivos em perspectiva. Conhecemos vários Episcopológicos espanhóis que saíram pelas mesmas razões. Também a portaria de 8 de Novembro de 1847 manda que as Câmaras Municipais organizem a sua história num livro intitulado Anais do Município, no qual se lancem as suas tradições e factos notáveis. Obedecendo a este fim, saíram à luz em 1866 os Anais do Município de Cassem. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


PRÓLOGO

V TOMO I

Em 1877 a Câmara de Setúbal fez publicar, a expensas suas, a Memória sobre a História do seu Município. A Câmara de Lisboa incumbiu, em 1882, Eduardo Freire de Oliveira de coligir os elementos para a História do seu Município, de que já há (1908) catorze tomos. Na sessão da Câmara Municipal de Guimarães, de 6 de Abril de 1898, propôs o seu presidente: 1º, que se mandassem publicar todos os seus documentos, incluindo os que existem na Torre do Tombo e das eras mais remotas que se pudessem obter, formando volumes denominados Anais do Município de Guimarães; 2º, que se votasse no orçamento a anuidade de 20$000 réis para custear as despesas desta publicação (1). Em 1899 publicou-se a Colecção de Elementos para a História do Concelho da Figueira, que veio completar os Materiais para a História do mesmo, nos séculos XVII e XVIII, de Santos Rocha, impressos em 1893. Já em 1823, reconhecendo a urgente necessidade de uma publicação similar, as Câmaras do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Refoios, Penafiel, Maia, Aguiar de Sousa e Gondomar haviam feito imprimir seus forais com várias cartas régias e outros documentos de interesse. Os concelhos de Serpa, Mesão Frio, Porto, Cascais, Viana e Braga, deram-nos já a história dos seus municípios [4]. Em 1721 a Academia Real da História Portuguesa mandou que as diversas Câmaras Municipais do reino organizassem as suas memórias e lhas remetessem para serem publicadas. António Veloso de Carvalho escreveu (1) Já saiu o primeiro volume intitulado «Vimaranis Monumenta Historica a saeculo nono post Christum usque vicesimum — Jussu — Vimaranensis senatus edita», 1908.

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VI TOMO I

PRÓLOGO

então as Memórias da Torre de Moncorvo [5], João Pinto de Morais, reitor de S. João Baptista, extramuros de Ansiães, e António de Sousa Pinto, natural de Marzagão, as Memórias de Ansiães [6], aparecendo ainda em ordem ao mesmo intuito as Notícias de Vila Flor e a Descrição da vila de Freixo de Espada à Cinta, que tudo se conserva manuscrito na Biblioteca Nacional de Lisboa, Códice A-6-8 nº 222, onde se conservam também as Memórias de Bragança, por José Cardoso Borges, marcação B-2-73 [7]. Mas tudo isto, inédito como está, nem a todos é dado consultá-lo, além de que seus autores, talvez por desconhecerem os caracteres da letra gótica, nada disseram dos documentos antigos em pergaminho, existentes nos respectivos arquivos; daqui, a grande lacuna na parte mais interessante do seu trabalho. Não devemos passar adiante sem louvar a iniciativa da Câmara de Carrazeda de Ansiães, ela, a primeira no nosso distrito que, em 1857, fez imprimir as suas Memórias Etimológico-Históricas. Gostoso exaramos aqui os nomes dos membros desse senado, credores de geral aplauso por levarem a cabo tão louvável empreendimento. Foram eles: José Maria de Morais Menezes Mesquita, presidente e os vereadores António de Frias Sarmento, Alexandre Alves Pinto, Manoel Moutinho de Sousa e Castro, Francisco Assis Alves de Amaral. E Bragança? E as outras Câmaras do seu distrito? Permaneceremos eternamente numa inconsciência de sonâmbulos ronceiros e retardatários?! MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


PRÓLOGO

VII TOMO I

Lembremo-nos que «todos aqueles que se não dão ao conhecimento da antiguidade das coisas, as quais se alcançam pela lição da história, têm entendimento de meninos, porque como estes confusamente recebem o objecto de qualquer coisa que vêem e a todo o homem chamam pai, por não terem notícia perfeita para distinguirem qual é o seu próprio» (2). Lembremo-nos que, como diz Gaspar Estaço, «o conhecimento de coisas várias e remotas da nossa idade, em certo modo autoriza os homens, além de os fazer sábios e prudentes; e se ele é do reino em que vivemos, tanto é mais digno de louvor, quanto mais se estranha não saber as coisas de casa e ser peregrino na própria pátria». Não louvemos muito, diz Barros, a homens que dão razão de toda a história grega e romana e, se lhes perguntais pelo rei passado, do reino em que vivem, não me sabem o nome, pois «sente-se há muito, e por certo se estranha, a falta de notícias das coisas portuguesas: e essa falta vem a ser tanto mais notável, quanto nos é quase trivial o conhecimento do que existe ou existiu em França, na Bélgica, na Inglaterra e em outros países, ao passo que não sabemos perfeitamente o que de mais perto nos interessa» (3). Lembremo-nos que «é uma necessidade literária o desenterrar das crónicas, dos diplomas e de toda a espécie de monumentos da arqueologia portuguesa, na mais vasta significação desta palavra» (4).

(2) BARROS, João de — Década III, «Prólogo». (3) RIBEIRO, Silvestre — História dos Estabelecimentos Científicos Literários..., vol. I, «Prólogo». (4) HERCULANO, Alexandre — Opúsculos, v. 43.

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PRÓLOGO

TOMO I

— Ó Solon, apostrofava o grande Platão, vós os gregos sois sempre crianças. Não há um único dos vossos, que não seja frívolo e noviço na ciência das tradições antigas (5). Lembremo-nos de que, como diz o profundo Herculano, no meio de uma nação perdida, mas rica de tradições, o mister de recordar o passado é uma espécie de magistratura moral, é uma espécie de sacerdócio; não o exercitar é um crime. E de que «um povo perde tristemente o seu valor, quando esquece as suas tradições históricas, poéticas e religiosas» (6). Foi nos municípios, gineceu carinhoso, onde desabrochou e se tornou vigorosa a árvore da liberdade; pois, jamais a gozaremos, se um forte sentimento de nacionalidade a não escora, e este pode ser grandioso num povo que vive vida própria, buscando nas suas tradições e no seu passado histórico o retempero das energias que vigorizam, definem e criam os caracteres, o tipo nacional, o tipo regional, que sabe fazer-se respeitar, impor-se mesmo pela grandiosidade do seu espírito e ciente crença numa aspiração a realizar. Muitas declamações retóricas apoteosando a liberdade, e não se procura conhecer, fazer amar o municipalismo que a fecundou, donde esse sistema administrativo centralizador que nos enerva e estrangula lentamente. Crê-se que o progresso material, os melhoramentos materiais bastam; puro engano, que atrofia a pureza dos

(5) PLATÃO — Obras. Paris, 1869, tomo 6, p. 174. (6) DEUSDADO, Manuel Ferreira — Discurso na abertura do Liceu de Angra do Heroísmo, 1907, p. 41.

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PRÓLOGO

IX TOMO I

mais nobres sentimentos. Nem só de pão vive o homem, é, e será sempre verdade fundamental. Nem se diga que o conhecimento da nossa região nada tem de interessante que mereça estudar-se por haver influído no progresso da civilização. Já não seria de pouca monta, para o sociólogo, discriminar o que devemos a infiltrações estranhas e à iniciativa própria. Que de empreendimentos se frustam por se desconhecer o meio onde se pretendem implantar?! Que de atritos se evitariam se os legisladores conhecessem bem a idiossincrasia daqueles para quem legislam?! Mas não é só isso; na filosofia, na etnografia e em vários outros ramos do saber humano, temos aqui filões imensos inexplorados — messis quidem multa... As grandes obras que admiramos em algumas das literaturas estrangeiras, as grandes epopeias, só são tais porque seus autores as vazaram em molde genuinamente nacional, qual o estudo aprofundado do seu passado: representam a integração das colectividades étnicas num período histórico; desprezar o seu estudo é renunciar antecipadamente a uma tão nobre aspiração. A minha tentativa aí vai; o que ela me custou em trabalhos de investigação e dispêndios de toda a ordem só quem a eles se dedica o avaliará, metendo em linha de conta o meio enervante da aldeia em que vivo, num isolamento que, se é útil a muitos respeitos, tem o supremo inconveniente da falta de livros para consultar. Tem defeitos? Certamente. E onde está a obra isenta deles? Venha a crítica sincera e ciente, embora áspera, e não os poupe, que assim mostraremos todos que a nossa terra amamos e a nossa gente. De resto, lá diz Castilho: «não há livros completos nem perfeitos; a civilização não MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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PRÓLOGO

TOMO I

é nem foi nunca produzida pelas ideias de um só livro ou pelo esforço de um único braço, mas pela soma de elementos variadíssimos, de esforços individuais ligados e encaminhados a produzir o bem». Baçal, à sombra dum nogrilho na cortinha junta à minha casa de habitação, rua do Pácio, a 10 de Julho de 1909, em companhia do meu cadelo Lafráu, o amigo mais dedicado que ainda tive, e da minha gata Tartaruga que, ciosa das carícias que faço àquele, me trepa aos ombros na atitude de me abraçar.

P.e Francisco Manuel Alves

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1 TOMO I

A Julióbriga não corresponde à Bragança actual de Trás-os-Montes [8]

Julióbriga era a cidade mais importante dos cântabros, no dizer de Plínio: Juliobriga sola memoratur [9]. Na região pertencente a esta cidade chamada depois Brigância, havia o Portus Victoria Juliobrigensium, que não devemos confundir com a cidade, cabeça dos povos deste nome, como alguns fizeram, baseados em Plínio, dizendo que na Cantábria havia duas cidades com o nome de Julióbriga: uma no litoral, o porto de mar, e outra no interior. Este geógrafo dá efectivamente o Ebro como – ortus in Cantabria haud procul oppido Juliobriga (7) ; esta é a que tomam por mediterrânea, a outra é quando o mesmo, no liv. IV, cap. 20, diz: Portus Victorice Juliobrigensium. Ab eo loco fontes Iberi XL Millia passuum. É evidente, porém, que aqui não se trata de cidade, mas sim de um porto dito da Vitória, que pertencia aos juliobrigenses, talvez por estar no território dos povos que reconheciam aquela cidade por cabeça, ou por outra qualquer razão. Ambrosio de Morales escreveu que o porto dos juliobrigenses «estaba en las marinas de Vizcaya» (8); mas enganou-se, mesmo porque este escritor estava persuadido que a Cantábria era a moderna Viscaia.

(7) PLÍNIO, cap. 3. (8) MORALES, Ambrosio de – Cronica General de España..., liv. 10, cap. 33.

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A JULIÓBRIGA NÃO CORRESPONDE À BRAGANÇA ACTUAL DE TRÁS-OS-MONTES

TOMO I

Henrique Florez (9) coloca-a em Santander duvidosamente e mais certo em Santoña, para o que se funda nos quarenta mil passos, ou sejam quarenta milhas — dez léguas — que Plínio distancia esta cidade das nascentes do Ebro, sem precisar de recorrer à seguinte inscrição, cuja autenticidade põe em dúvida, dada por Tamaio ao dia 27 de Janeiro, que diz haver sido encontrada no porto dos Juliobrigenses – ubi hodie el Puerto dicitur, inter Bermeo, et oppidum Santander. Eis a inscrição: IMP. C .ES . L. SERT . SEVERI. PII . PERTIN. AUG . ARABICI. ADIABEN. PARTH . MAXIM. FIL. DIVI . M. ANTON. PII. GERM . SARM . NEP. DIVI . HADRIANI. ABNEP. DIVI . ANT . PRONEP DIVI TRAIANI PARTHIC . ET. DIVI NERVAE ADN . M. AVRELIO . ANT . AVG. TRIB. POT . VII. COSS. I . PROC . PP. NAVIG . QVI. CANTABR. NEGOT. AD. PORT . IVLIOBRIG . POSVER . DEVOT . N. M. Q. E.

Florez diz que esta pedra não merece crédito por inverter contra o costume a ordem dos Césares — «en esta fórma, Nerva, Trajano, Antonino, Hadriano y anadir al consulado año I siendo asi que en el primer consulado no se añadia numero» (10). Tendo dito do porto da Vitória que pertencia aos juliobrigenses, vejamos agora a situação desta cidade. Alguns colocam-na em Logroño (11), Valdivieso, Aguilar de Campos (12), mas sem fundamento sólido. Florez (13), baseado no texto de Plínio, que a situa perto das nascentes do Ebro, o qual, segundo aquele escritor, nasce perto de Reynosa e não em Espinosa de los Monteros, como alguns escreveram, diz que Julióbriga estava a meia légua de Reinosa e ao seu meio dia do Ebro abaixo, num alto chamado Retortillo, onde ainda perseveravam ruínas de construções antigas e haviam aparecido moedas e lápides epigráficas romanas e cinco

(9) FLOREZ — España Sagrada, tomo 24, p. 60. (10) Ibidem, p. 63 a 9. (11) ÁVILA, Fernando de — Agiologio Lusitano, ao dia 4 de Março. (12) CAMPOS, Aguilar de — O campo, liv. 1, cap. 7. (13) FLOREZ — España Sagrada, tomo 24, p. 64.

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A JULIÓBRIGA NÃO CORRESPONDE À BRAGANÇA ACTUAL DE TRÁS-OS-MONTES

3 TOMO I

terminais, nas suas imediações existentes ainda no seu tempo, que dividiam os termos Augustaes entre a Legião IV e Julióbriga, que se vê mencionada em todas as cinco lápides (14). Em Julióbriga residia o tribuno da Coorte Celtibérica, como traz a Notícia das Dignidades do Império do Ocidente (15), onde, tratando dos presídios da Galiza, diz: — Tribunus Cohortis Celtiberæ, Brigantiæ, nunc Juliobriga. — Esta locução, como adverte Florez, não denota que a Coorte Celtibérica fosse de Brigância ou que aí residisse, e agora (no tempo de Arcádio e Honório) estivesse em Julióbriga, mas que o lugar chamado antes Brigantia era já conhecido pelo nome de Julióbriga, porque, para denotar diversos lugares de residência em diferentes tempos, devia dizer: Brigantiæ, nunc Juliobriga, salvando assim a concordância (16). Morais também assim o entendeu. De onde se conclui que Julióbriga era chamada, antes da conquista dos romanos, Brigância. Já o nosso Argote interpretava da mesma maneira este texto; porém, no intuito de mostrar que a Brigância mencionada não é a da província de Trás-os-Montes, mas sim a cidade ou porto de mar Flavium Brigantium, de que adiante falamos, apontada por Ptolomeu na Galiza, recorre à interpretação violenta e oposta às regras de gramática de Hanao, nas Averiguações das Antiguidades de Cantábria, liv. I, cap. 32, que traduziu: O Tribuno da Coorte Celtibera assistia em Brigância, agora assiste em Julióbriga (17). É, porém, evidente, para quem ler a sua obra no lugar abaixo citado, que ele entendia o contexto do modo como temos dito, embora, por algo concordar com o seu modo de pensar e só neste sentido seguisse a Henao. Grutero aponta também uma inscrição lapidar, de onde a copiou Florez (18), que mostra como Julióbriga ficava na Cantábria. É como segue: C. ANNIO. L. F . QVIR. FLAVO IULIOBRIGENS EX . GENTE. CANTA BRORUM. PROVINCIA . HISPA NIA. CITERIOR

(14) Podem ver-se no mesmo FLOREZ, tomo 24, p. 65 e 66; tomo 6, p. 417; tomo 12, no «Prólogo», e tomo 15, p. 59. (15) Edição régia de Labb. Sec. LXV. (16) FLOREZ — España Sagrada, tomo 24, p. 68. (17) ARGOTE — Memórias para a História Eclesiástica do Arcebispado de Braga, tomo 1, p. 417. Idem, De Antiquitatibus Conventus Bracharaugustani, p. 172. (18) FLOREZ — España Sagrada, tomo 24, p. 68.

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A JULIÓBRIGA NÃO CORRESPONDE À BRAGANÇA ACTUAL DE TRÁS-OS-MONTES

TOMO I

OB. CAVSAS, VTILITATESQVE PUBLICAS FIDELITER. ET. CONS TANTER. DEFENSAS.

A província da Espanha Citerior dedicou esta memória a Caio Annio, natural de Julióbriga, na região cantábrica, filho de Lúcio Quirino Flavo, por ter defendido fiel e constantemente as coisas e utilidades públicas. Ptolomeu (19) também coloca Julióbriga entre as cidades mediterrâneas dos cântabros, aos 12°, 10°, de longitude e 44° de latitude. Jorge Cardoso (20), baseado no Chronicon de Juliano, nº 140, onde se lê: in Lusitania prope Bracharam, Brigantia, quæ quondam Juliobriga dicta est, vigesima tertia martii Sancti martyres Domitius, Pelagia, etc. — isto é — que na Lusitânia, em território bracarense, fica Bragança, chamada outrora Julióbriga, e nesta cidade, a 23 de Março, padeceram martírio Domício, Pelágia, etc., diz que Julióbriga ficava no território da actual cidade de Bragança, em Trás-os-Montes, reino de Portugal. Confirma tal opinião com uma lápide encontrada em 1591, em Castrelos, povoação do concelho de Bragança, quando se abriam os alicerces para uma capela, na qual se lia: SEMPRON. TVDIT. NVMORVM IX . M.

Junto dela se encontrou uma pia de pedra, cheia de moedas de ouro, de que fala o cipo, com o nome do imperador Antonino. Cardoso quer que este Semprónio seja o Procônsul Caio Semprónio Tuditano, mencionado por Tito Lívio (21) que, ferido na guerra, se recolhera à nossa cidade, como a lugar de asilo. Argote (22) tem tal localização por frívola e indigna de crédito, vistos os textos de Plínio e Plotomeu, já citados, além de que a lápide nada faz ao caso, nem fala em Julióbriga e apenas diz que ali «estão nove mil moedas de Semprónio Tuditano», (19) Hisp. Tarraconensis silus. Europa Tabala II. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 24, p. 351. (20) CARDOSO, Jorge — Agiologio Lusitano, 1652-1666, ao dia 4 de Março. Parece que Cardoso copiou estas notícias, referentes a Bragança, de Fr. Luís dos Anjos, no seu Jardim de Portugal, 1626, que traz exactamente a mesma coisa, p. 91. (21) BARROS, João de — Década IV, lib. 3. (22) ARGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 394, nos 643 e 645.

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A JULIÓBRIGA NÃO CORRESPONDE À BRAGANÇA ACTUAL DE TRÁS-OS-MONTES

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além de que este Semprónio não pode ser o Procônsul mencionado por Tito Lívio (23), que o foi na Espanha Citerior, onde morreu de feridas, recebidas em batalha; o distrito de Bragança, naquele tempo, ainda não estava ocupado pelos romanos e caía na Espanha Ulterior. Demais, o Semprónio de Castrelos viveu depois do imperador Antonino, como as moedas indicam, e o Procônsul muitos anos antes de haver imperadores. Como as coisas são! Este tesouro de Semprónio, que faria a fortuna de alguns, foi a desgraça do seu descobridor, pois, segundo Fr. Luís dos Anjos, já citado, por suspeitarem que achara maior soma de moedas ou que não indicava o local, prenderam-no, sua mulher «desapareceu e ele morreu negativo e com muita miséria na cadeia, sem se aproveitar a si, nem a outrem do dinheiro». Alega mais Jorge Cardoso uma outra lápide encontrada na igreja de Nogueira, meia légua distante de Chaves, dada originariamente por João de Barros, nas suas Antiguidades de Entre Douro e Minho, que é como segue: ÆMILIANO FLACO. L. ÆLVIS FLACUS SIGNI FER LEG . TT . AVG. CV RAVIT INSTRVENDVM VIVO VOLENTE ET PRE SENTE SACRATISSIMO SVO PATRI. DE HOC IULIOBRIGA.

que vem a dizer — que Lúcio Élio Flaco, porta-bandeira da legião segunda augusta, cuidou em levantar a seu venerável pai Emiliano Flaco, natural de Julióbriga, que nisso consentiu e esteve presente, aquela memória. Argote (24) diz que a inscrição, conforme vem em João de Barros, segundo uma cópia que lhe mandaram, é desta forma: ÆMILIANO FLACO DE HOC. C . IVRE BRIGA. L. ÆLIVS FLACVS SIGNIFER LEG TT. AVG CVRAVIT INS. TRVENDUM VIVO VOLENTE ET PRESENTE SACRATISS SVO PATRE.

(23) TITO LÍVIO, liv. 33, nº 25. (24) A RGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 291.

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e deixa entender que a lista que das inscrições de Chaves lhe mandou João de Morais e Castro também por este modo a apresentava, acrescenta que já no seu tempo, dele Argote, não existia tal lápide, que não entende a última palavra da primeira linha terminar na segunda, e que alguns que trataram desta inscrição a falsificaram, dizendo que tinha estas palavras: «de hoc Juliobriga» — e, portanto, não falando em Julióbriga, nada prova relativamente à localização desta cidade. Na Biblioteca Municipal do Porto há cinco códices das Antiguidades de Entre Douro e Minho, de João de Barros, que têm por título: Breve summa de Geographia da Comarca d’Entre Douro e Minho e Traz-os-Montes; têm respectivamente os números 192, 255, 440, 549 e 1109, nenhum é original, mas simples cópias. A inscrição em questão, conforme a apontam, concorda com a de Argote, notando-se apenas ligeiras diferenças. Dado, porém, que a inscrição fosse autêntica, não vejo razões para favorecer Bragança de preferência a Chaves, em cujas imediações a deram como existente, sendo que da nossa cidade dista passante de quinze léguas de péssimos caminhos e, conseguintemente, nada próprios para ser transportada a tão grande distância sem que vejamos motivos especiais para isso. O já citado Cardoso, no intuito de aduzir provas em ordem a demonstrar que Julióbriga é a actual Bragança, continua: «Favorece a isto Abraão Hortelio, que, no Thesouro Geographico, verbo — Brigantia — diz: nunc Julióbriga». E mostra que está na Lusitânia, tratando da palavra — Deobriga — que lhe parece estar erradamente escrita em Ptolomeu e que é a mesma Julióbriga, chamada agora Bragança, que muitos autores fazem na Lusitânia, junto a Braga, por ser então daquele arcebispado e hoje de Miranda. E Pancirolo, in Noticia Utriusque Imperii. C. 90, in Commentario, fol. 180, diz que Julióbriga é Bragança, citando Ptolomeu. E o Mappa de Portugal, que o nosso Fr. José Teixeira estampou em França, ano 1592, dando às cidades os nomes antigos, a Bragança dá Julióbriga. A isto responde Argote (25): «Primeiramente Hortelio, Pancirolo e Teixeira, por si, não têm autoridade em matéria tão antiga e nem Hortelio, nem Bercio, nem Pancirolo falam de Bragança, mas da Corunha, que se chamava também Brigancia, e a Noticia do Imperio o

(25) Ibidem, p. 394.

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que diz é, que uma cohorte, que primeiro estava de presidio na Corunha (Brigantia) se passara depois para Juliobriga». Já atrás aludimos à interpretação deste texto. Algo concorre para esta confusão o Ptolomeu (26), ao tratar da Galiza, situar entre os Callaicorum Lucensium uma cidade ou porto de mar com o nome de Flavium Brigantium entre 7°,15' de longitude e 45° de latitude, que se entende devia ficar no actual porto de mar da Corunha ou imediações, ou melhor no Padrão, e daqui e do texto já citado — Tribunus Cohortis Celtiberæ, Brigantiæ, nunc Juliobriga — se originou a obscuridade. Poderia haver nas Astúrias, onde então caía a Bragança de Trás-os-Montes, alguma cidade deste nome, mas dos textos dos geógrafos e escritores romanos por nenhum modo pode deduzir-se tal existência, e nestas coisas é o que soa sicut jacet e não o que queremos que seja. A Julióbriga de Plínio e Ptolomeu estava na Cantábria, perto das nascentes do Ebro, e não em outra parte. Portanto, não merecem crédito as notícias que os falsos chronicons nos dão, seguidas por vários escritores somenos criteriosos, aplicadas à nossa Bragança, na presunção de que foi a Julióbriga de Plínio e Ptolomeu [10]. E assim, não lhe cabe o dizer-se, como querem Cardoso (27); Julian Perez, arcipreste de Toledo, em seu falso Chronicon, a quem seguiu D. Rodrigo da Cunha, na Hist. Eccl. dos Arcebispos de Braga; Abraão Ortelio, no seu Thesouro Geographico; o autor da Benedictina Lusitana; o autor do Anno Historico; Fr. Luís dos Anjos, no Jardim de Portugal, pág. 91; João Baptista de Castro no Mappa de Portugal; P. e António Carvalho da Costa, na Corographia Portugueza; Rodrigo Mendes da Silva, na Poblacion General de España, 1645, pág. 155; Paulo Perestrelo da Câmara, no Dicc. Geograph. do Reino de Portugal e geralmente os escritores modernos, que Bragança é fundação de Brigo IV, rei de Espanha, mil oitocentos e noventa e oito anos antes de Jesus Cristo, enriquecida depois com privilégios por Júlio César, falecido quarenta e quatro anos antes do Nascimento do Redentor, e que o imperador Augusto lhe dera o título de Júlio, de onde Julióbriga, em memória de seu tio Júlio César, vindo assim a confundir-se no mesmo o do seu fundador e reedificador.

(26) Segunda Tábua da Europa, cap. 6, Hispaniæ Tarraconensis. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 15, p. 366. (27) CARDOSO, Jorge — Agiologio Lusitano, ao dia 4 de Março, p. 44.

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Não deve admirar que estes escritores, num tempo em que os processos de crítica careciam dos elementos de que esta ciência dispõe modernamente, prestassem crédito aos forjadores de tais descalabros que, como diz Camilo, «mentiram mais do que permitia a força humana» (28). É certo que, logo no tempo em que apareceram, motivaram dúvidas, mas a crítica não dispunha de elementos para discriminar a sua autenticidade. O pensar geral, a tal propósito, regulava-se, pelo que nos diz o Agiologio Lusitano (29). «Se alguem duvidar da auctoridade de Dextro, Marco Maximo, Luitprando, Juliano, Paulo Diacono Emeritense e Edacio de Lamego, por serem auctores que a cabo de tantos seculos em que viveram em nossos tempos sairam á luz, lêa a seus illustradores Bivar, Caro, Tamaio, Higuera, Ramiriz de Prado, Moreno de Vargas e Sandoval e ficará satisfeito; e muito mais se vir os innumeraveis auctores que em seu abono trazem F. João Marquez, no Defensorio Augustiniano, o Padre Quintanadueñas, nos Santos de Sevilha, que todos com grandes encomios os acreditam e seguem suas auctoridades, como testemunhos irrefragaveis. E hoje muitos prelados de Hespanha, graves e doutos, não sómente qualificam estes livros, senão que a Dextro (o principal d’elles) mandaram pôr nos archivos de suas egrejas, como fez D. Agostinho de Castro, arcebispo de Braga, D. Sancho d’Avila, bispo de Jaen, D. Prudencio de Sandoval, bispo de Tuy e D. Pedro de Castro e Quinhoñes, arcebispo de Sevilha, e outros. Demais d’isto, nesta idade hão saido varias apologias em sua defensa que com grandes louvores o acreditam e defendem». No entanto, a luz foi surgindo e um século depois dizia o célebre frade Martim Sarmiento: «Hoy pasara por um escritor idiota y chapucero el que citare testos de essos pseudo cronicones» (30). Mas, passando estas coisas assim, estando já as notícias constantes originariamente de tais fontes há mais de um século reconhecidas unanimemente como viciadas, é motivo de estranheza que ainda hoje escritores de nome façam obra por elas e as sigam!

(28) CASTELO BRANCO, Camilo — A Queda de um Anjo, p. 36. (29) CARDOSO, Jorge — Agiologio Lusitano, tomo 1, «Advertencia», p. 64 e seg. Veja-se também, sobre o assunto, ARGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 29 e seg. (30) Manuscripto de Martim Sarmiento, publicado em SEPÚLVEDA, Cristóvão Aires de Magalhães — Estradas Militares Romanas de Braga a Astorga. Lisboa, 1901, nº 81.

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Pinho Leal (31), Silva Pinto (32), Manuel António Pires, cónego da Sé de Bragança (33), Lopo (34) e até os autores do monumental Portugal — Diccionario historico, chorographico, heraldico, etc., ainda em publicação, no artigo «Bragança», seguiram a mesma errada opinião e vieram dizer-nos que Bragança se chamara antigamente Julióbriga e fora fundada por Brigo IV, rei de Espanha, etc., e que Júlio César a reedificara, etc. João Maria Baptista, em sua Chorographia Moderna do Reino de Portugal, veio também repetir a mesma notícia, guiado pela obra do P.e António Carvalho da Costa, a quem cita. Pobre Brigo, suposto IV rei de Espanha, que nunca existiu, a não ser em mentes avariadas, sendo esta palavra um nome comum, de origem provavelmente céltica, sobre cuja significação não estão acordes os filólogos! Ingente seria a sua tarefa se todas as cidades, em que entra o elemento dessa palavra, lhe devessem a fundação. Só Ptolomeu, Europæ Tabulæ II, menciona: Augustobriga, cidade dos Pelendones, na Espanha tarraconense — 1ª província. Nertobriga, cidade dos Celtiberi, na Espanha tarraconense. Arcobriga, cidade dos Celtiberi, na Espanha tarraconense. Segobriga, cidade dos Celtiberi, na Espanha tarraconense. Mirobriga, cidade dos Oretani, na Bética — 2ª província. Nertobriga, cidade dos Turdetani, na Bética. Mirobriga, cidade dos Turdetani, na Bética. Langobriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia — 3ª província. Myrobriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia. Arcobriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia. Meribriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia. Arabriga, cidade dos Lusitani, na Lusitânia. Talobriga, cidade dos Lusitani, na Lusitânia.

(31) LEAL, Pinho — Portugal Antigo e Moderno, artigo «Bragança e Santos Portuguezes», embora a responsabilidade deste último artigo, como se lê na nota, caiba ao Dr. João Maria Mergulhão Neves Cabral, natural de S. Romão de Armamar. (32) PINTO, Silva — Santos Portugueses. Lisboa, 1895, p. 148. (33) PIRES, Manuel António — Opúsculo de Considerações Históricas sobre a Edificação da Catedral de Bragança. Porto, 1883, p. 15 e 16. (34) LOPO, Albino dos Santos Pereira — Bragança e Benquerença. Lisboa, 1900, p. 40 e 49.

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A JULIÓBRIGA NÃO CORRESPONDE À BRAGANÇA ACTUAL DE TRÁS-OS-MONTES

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Cottæobriga, cidade dos Vettones, na Lusitânia. Augustobriga, cidade dos Vettones, na Lusitânia. Deobriga, cidade dos Vettones, na Lusitânia. Flaviobriga, cidade dos Antrigonum, na Espanha tarraconense — 1ª província. Julióbriga, cidade dos Cantabri, na Espanha tarraconense. Flavium Brigantium, cidade dos Callaicorum Luccubium na Espanha tarraconense. Nemetobriga, cidade dos Tiburorum, na Espanha tarraconense. Tuntobriga, cidade dos Callai Bræcarii, na Espanha tarraconense. Cœliobriga, cidade dos Cœlerinorum, na Espanha tarraconense. Como vemos, foi medonha a tarefa! Nada menos que vinte e duas cidades e todas importantes, porque os polidos escritores gregos e romanos deixavam de mencionar muitas, atenta, dizem eles, a barbaridade, aspereza e dissonância de seus nomes, que lhes irritavam os nervos. Mas ainda não é tudo; não foi só na península ibérica que o pseudo Brigo semeou cidades, o que ao bom senso repugna, atenta a extrema divisibilidade de seus povos, divergências étnicas e, enfim, impossibilidade de congraçar debaixo de uma só vontade tantos elementos heterogéneos, passou além, houve um Brigantium na Rhecia, dea Brigantia na Irlanda e outros em desvairadas partes e regiões as mais afastadas, o que tudo prova a insensatez de quem recorre a tais expedientes para nos dar o fundador da nossa Bragança. Sobre a significação do elemento — briga — ver Lopo (35), José Leite de Vasconcelos (36), acrescentando apenas que Rodrigo Mendez Silva (37) dá Brigo como palavra da língua arménia, onde significa alcaide.

(35) LOPO, Albino — Bragança e Benquerença, p. 45. (36) VASCONCELOS, J. Leite de, O Arqueólogo Português, vol. 3, p. 55 e 245. (37) MENDEZ SILVA, Rodrigo — Catalogo Real y Genealógico de España, p. 50, v.

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Santos atribuídos infundadamente a Bragança

Domício, Pelágia, Áquila, Teodósia, Epárquio e Arcádio O fundamento para atribuir a Bragança estes santos mártires estriba-se só na autoridade do arcipreste Juliano que, no seu Chronicon nº 140, diz: «In Lusitania prope Bracharam, Brigantia, quae quondam Juliobriga dicta est, vigesima tertia martii Sancti martires Domitius, Pelagia, etc.», isto é: na Lusitânia, em território bracarense, fica Bragança, chamada outrora Julióbriga (38). É de saber que, nos fins do século XV e parte do XVI, houve um furor extraordinário em forjar antiguidades, inventando-se lápides e publicando-se livros de autores dos primeiros séculos da era cristã, que davam como aparecidos então. Assim, apareceram então obras de Beroso, Caldeo, Magastenas, Persa e todas as mais que publicou João Anio Vilerviense, excepto os fragmentos do verdadeiro Beroso e de outros que estão nos antigos. Santo Atanásio de Saragoça com os mais escritos de Monte Santo de Granada. Celedónia, bispo de Braga, na vida de S. Pedro; Gregório Bético; Catálogo dos Mártires de Espanha; Lúcio Flávio Dextro; Marco Máximo; Bráulio, continuação de Máximo; Luitprando; Hamberto

(38) CARDOSO — Agiologio Lusitano ao dia 4 de Março. ANJOS, Luís dos, Fr. — O Jardim de Portugal, 1626, p. 91, tira a mesma notícia de Flávio Dextro.

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SANTOS ATRIBUÍDOS INFUNDADAMENTE A BRAGANÇA

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Hispalense; Liverato; Aulo Flaco; Dr. Servando; Dr. Pedro Segum, bispo de Orense; Heleca; Julian Perez e toda a notícia que somente consta de Lucas, Florian do Campo e Laimundo Ortega; Angelo Pacense; Aládio e outros, por Fr. Bernardo de Brito; Pedro César Augustaño, fingido por Pellicer Huerta. A Academia de História Portuguesa, por decreto do ano de 1721, deu as obras destes autores por apócrifas, sem nenhum crédito e mandou que nenhum sócio as seguisse e citasse (39). Entre os falsificadores portugueses avulta, além de Fr. Bernardo de Brito, o licenciado Gaspar Álvares de Lousada Machado, secretário do Arcebispo de Braga, D. Agostinho de Castro, o qual depois teve a seu cargo o arquivo da Torre do Tombo (40), que num e noutro cargo forjou e deturpou vários documentos. Lousada carteava-se familiarmente com outro falsário espanhol, Jerónimo Roman de la Higuera, autor do «Lucio Flavio Dextro», e ambos mancomunados se auxiliavam na obra diabólica de confirmarem reciprocamente por documentos, que diziam extraídos dos arquivos a seu cargo, as notícias dadas por um deles (41). No intuito, pois, de lisongearem as sés episcopais, seus prelados e, ao mesmo tempo, salientarem-se por notícias de antiguidade dadas em primeira mão, os falsários, pelo que toca aos santos, iam-se aos martirológios e, sempre que estes não lhes indicavam a terra da naturalidade, distribuíam-nos a seu bel prazer pela diocese que mais lhes agradava (42). Assim, relativamente aos de que nos ocupamos, o Martirologio Romano diz apenas no dia 23 de Março: «Item Coronae: SS. Martyrum Domitii, Pelagiae, Aquilae, Eparchii et Theodosiae», que padeceram martírio no ano de 300 ou 301. E, como do Martirologio não constava a sua naturalidade, veio logo o fabricador do falso Chronicon, atribuído ao arcipreste Julian Perez, a dizer: «In Lusitania prope Bracharam Brigantiae (quae quondam Juliobriga dicta est) 23 martii, Sancti Martires

(39) Veja-se sobre o assunto: Memórias da Literatura Portuguesa, Memória 1ª, p. 16 do tomo 1. BRITO, Bernardo de — Monarquia Lusitana, edição da Academia, 1806, tomo 1, em notas às p. 32, 33 e seg. V ITERBO — Elucidário, artigo «Cruz prope fine e Alcobaxa». SEPÚLVEDA — Estradas Militares Romanas de Braga a Astorga, manuscrito do Padre Martim Sarmiento, nº 79. É, enfim, doutrina corrente entre os críticos que tais autores não merecem crédito algum. (40) CARDOSO — Agiologio Lusitano, ao dia 3 de Abril. SOUSA, Luís de, Fr. — História de S. Domingos, 1ª parte, livro 1, p. 22. (41) Veja-se CARDOSO — Agiologio Lusitano, ao dia 12 de Junho, p. 656. Idem, ao dia 12 de Abril. (42) Ver FLOREZ — España Sagrada, tomo 7, p. 5, tomo 8, p. 110, tomo 23, p. 96 e 99, tomo 21, p. 15, 78, 142.

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SANTOS ATRIBUÍDOS INFUNDADAMENTE A BRAGANÇA

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Domitius, Pelagia, Aquila, Theodosia et Eparchius in Diocletiani persecutione passi» (43). Também pelos mesmos consta que S. Arcádio (martirizado aos 4 de Março do ano de 61) foi o primeiro bispo de Julióbriga, isto é, de Bragança (44), mas, como já vimos, nunca a nossa teve tal nome; portanto não lhe pertencem estes santos.

S. Galicano Ovino, S. João e Paulo É também de Julian Perez que consta originariamente a naturalidade de S. Galicano Ovino, parente de João e Paulo, de quem abaixo falaremos, todos nascidos na nossa Bragança, naquele tempo chamada Julióbriga. S. Galicano padeceu o martírio na cidade de Alexandria, durante a perseguição de Juliano Apóstata, no ano de 362 a 25 de Junho (45). S. João e Paulo, nascidos, como diz Julian, em Julióbriga, hoje Bragança em Trás-os-Montes, foram martirizados em Roma a 26 de Junho, no tempo do mesmo imperador (46). Pelas razões já alegadas não pertencem estes santos à nossa Bragaznça. De onde concluímos que a nossa Bragança, a Bragança de Trás-os-Montes, nunca foi a Julióbriga de Plínio e Ptolomeu nem o Flavium Brigantium mencionado por este último na Galiza; portanto não lhe pertencem as notícias que neste pressuposto lhe têm atribuído vários escritores baseados no Chronicon de Julian Perez e não é ela a pátria dos santos Domício, Pelágia, Áquila, Teodósia, Éparquio, Arcádio, Galicano Ovino, João e Paulo, nem foi cabeça de bispado no primeiro século da era cristã e seu prelado Santo Arcádio. Prudentemente andaram, pois, os bispos de Miranda, dos séculos XVI e XVII, evitando o prurido de novidades a que os de outras sés não escaparam em não mandar fazer no código de rezas da diocese comemoração especial de tais santos, venerando-os apenas conforme o rito comum da Igreja.

(43) CARDOSO — Agiologio Lusitano, ao dia 23 de Março. Ano Histórico, ao dia 23 de Março. (44) Idem, ao dia 4 de Março. Ano Histórico, ao dia 4 de Março. (45) CARDOSO — Agiologio Lusitano, ao dia 25 de Junho. Ano Histórico, ao dia 25 de Junho. (46) Idem ao dia 16 de Junho. Ano Histórico, ao dia 26 de Junho. Fr. Luís dos Anjos, no seu Jardim de Portugal, e João Baptista de Castro, no seu Mapa de Portugal, Fr. Diogo do Rosário, no seu Flos Sanctorum, seguem a mesma opinião relativamente à naturalidade dos nove santos que temos mencionado.

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15 TOMO I

Celióbriga e Britónia não correspondem à Bragança actual

Ignoro em que se fundam alguns autores, e mesmo de quem partiu originariamente a notícia, de que Bragança também no tempo romano se chamou Cœliobriga [11]. Carvalho da Costa (47), que escreveu em 1706, segue a já refutada opinião de que Bragança foi a Julióbriga assim dita de Brigo IV, rei de Espanha, seu fundador e Júlio César, seu reedificador, como atrás escrevemos, e mais acrescenta que os latinos lhe chamaram Celióbriga. O grande investigador Viterbo (48), em sua imortal obra o Elucidário, publicado em 1798, baseado na lápide aparecida em Castro de Avelãs DEO AERNO ORDO ZOELAR. EX VOTO .

(A Ordem dos Zœlas levantou esta memória ao deus Aerno em cumprimento de um voto), escreveu que os Zoelas da inscrição deixavam supor a existência duma povoação deste nome pelas imediações onde

(47) C OSTA , António Carvalho da — Corografia Portuguesa, tomo 1, p. 495 da 1.ª edição. (48) VITERBO , Joaquim de Santa Rosa de — Elucidário, artigo «Benquerença».

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CELIÓBRIGA E BRITÓNIA NÃO CORRESPONDEM À BRAGANÇA ACTUAL

TOMO I

apareceu a lápide, e como Briga «na primitiva língua dos espanhóis sempre significou cidade, fica natural se dissesse Zelóbriga ou Celióbriga esta cidade, ou notável povoação dos Zoelas», de onde presumiu que Bragança fora chamada antigamente Celióbriga, isto é, a Celióbriga de Ptolomeu, que, sem dúvida, tinha em vista, ao dar-nos tal etimologia, em discordância com as leis filológicas. Igual opinião seguiu o padre Cardoso em seu Dicc. Geographico (1751), e depois José Avelino Almeida no Dicc. Abreviado (1866). O nome de Zelóbriga, Celióbriga, Caelióbriga, Coelióbriga, Calióbriga, dado gratuitamente e sem fundamento algum por estes autores à nossa Bragança, merece-nos tanta consideração como Julióbriga, a que já nos referimos, e iguais motivos de estranheza os escritores modernos que o perfilharam, como Pires (49), Lopo (50) e os diversos autores das vulgarmente chamadas Folhinhas, para guia na recitação do Ofício Divino e mais liturgia da diocese de Bragança, e mesmo cadernos especiais do nosso bispado, apensos aos missais que, há quase dois séculos, que eu saiba, e talvez haja mais, vêm intitulando tais publicações para uso Diœcesis Cœliobrigensis. Recentemente, como que reconhecendo a asneira, alteraram um pouco e escreviam Diœcesis Brigantinœ vel Cœliobrigensis e por último, em 1905, pela morte do calendarista P.e João Maria Pinto da Gama, sucedendo-lhe no cargo o Dr. António Garcia Ribeiro de Vasconcelos, lente de teologia na Universidade de Coimbra, já vejo banida do Calendarium et Ordo Officii Divini Recitandi, a tal parvoiçada de dizer-se que a diocese brigantina é a mesma que a Caliobrigense. Honra seja ao sábio lente, por nos livrar duma afronta que estava constantemente arguindo a nossa insciência. Manuel António Pires, acima citado, não contente com afirmar que Bragança se chamara antigamente Julióbriga, depois Celióbriga, diz que posteriormente, desde o século VI, depois de Cristo, até ao IX (872), também tivera o nome de Britónia (51)!!! Tal dislate não merece refutação, e sejam quais forem os escritores em que se fundou para o afirmar, que teve o cuidado de não citar, apesar de asseverar que os havia, vê-se que ao perpetrar tal necedade, se obedeceu ao plano de Roman de la Higuera, Lousada e quejandos ejusdem fusforis, que mimoseavam a seu bel capricho povoados que queriam honrar com

(49) PIRES, Manuel António — Opúsculo de Considerações Históricas..., p. 15. (50) LOPO, Albino dos Santos Pereira — Bragança e Bemquerença, p. 53. (51) PIRES, Manuel António — Opúsculo..., p. 16 e 15.

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CELIÓBRIGA E BRITÓNIA NÃO CORRESPONDEM À BRAGANÇA ACTUAL

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nomes arcaicos de outros extintos, cuja situação topográfica se ignorava e dos quais etiam ruinæ perierunt, no dizer de Lucano. Ptolomeu (52), ao tratar dos povos pertencentes à chancelaria de Braga, menciona os cœlerinorum e a cidade de Cœliobriga (é esta a verdadeira grafia) por sua capital, que situa entre 6° de longitude e 42°,20' de latitude. Para a situação desta nenhuns outros esclarecimentos nos fornece este geógrafo; igual escassez se encontra nos outros. São, porém, suficientes para nos mostrar: que Julióbriga, por ele situada nos Cântabros, entre 12°,10' de longitude e 44° de latitude, nunca deve identificar-se com Cœliobriga, cidade dos cœlerinorum, que pertenciam à chancelaria de Braga, Callaici Bræcarii, por haver entre as duas cidades uma tão notável diferença de situação. Pelo modo como Ptolomeu arrumou as terras na sua obra, vemos que logo acima da foz do rio Douro, que situou entre 5°,20' de longitude e 41°,50' de latitude, a primeira terra que encontrou digna de menção foram os cœlerini com a sua cidade Cœliobriga, a qual, pelas confrontações estabelecidas à foz do rio Avi, primeiro mencionado logo acima do Douro, devia ser banhada em seu território por aquele. É por isso que Argote (53), com João de Barros em suas Antiguidades de Entre-Douro-e-Minho, disse que Celióbriga devia ficar pelas imediações de Celorico de Basto, de cujo território aponta uma lápide do imperador Adriano. Plínio também menciona os povos colœrni; cala, porém, o nome da sua cidade, limitando-se apenas a dizer que pertenciam à jurisdição de Braga. Serão diversos destes os cœlerini de Ptolomeu, ou apenas variante da mesma lição, talvez mais genuína, atenta a notícia da célebre inscrição de Chaves, que entre uma das dez cidades que menciona, aponta esta? Cardoso (54) seguiu a opinião de Barros, mas talvez inadvertidamente dá a entender que é Celorico da Beira, no bispado da Guarda; a mesma teve depois Castro (55), no que ainda assim padeceu engano, dizendo-nos que Argote cita uma inscrição lapidar, de onde isso consta, sendo que o cipo apenas prova a existência ali de civilização romana e que Castro

(52) Ptolomœi Galœcia, lib. II, cap. «Tabula secunda Europæ». In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 15, p. 369. (53) ARGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 317. Idem de Antiquitates Conventus Bracaraugustani, p. 126 e 324, nº 11. Veja-se FLOREZ — España Sagrada, tomo 21, p. 12. (54) CARDOSO — Agiologio Lusitano, ao dia 12 de Janeiro. (55) CASTRO, João Baptista de — Mapa de Portugal, parte 1ª, cap. 2, nº 31, p. 15.

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CELIÓBRIGA E BRITÓNIA NÃO CORRESPONDEM À BRAGANÇA ACTUAL

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não leu Argote, ou o fez irreflectidamente ou não percebia nada de epigrafia, como pode verificar-se vendo a inscrição que este transcreve no lugar já citado. Podem também dizer-nos que a existência da Celióbriga que levamos dita não contraria outra na actual Bragança de Trás-os-Montes. Mas para que será meter-nos em tentações com hipóteses puramente gratuitas quando os geógrafos e historiadores gregos e romanos não subministram vislumbres que fundamentem tão cerebrina concepção?! Bragança tem pergaminhos arcaicos muito autênticos que a nobilitam sem precisar de recorrer a monumentos apócrifos. Actualmente, no meio da ponte de Chaves, existe um célebre padrão com uma importantíssima inscrição, notável pelas notícias histórico-geográficas que contém, a qual tem sido copiada por quase todos os epigrafistas ibéricos e muitos estrangeiros, desde Vaseo em seu Chronicon, primeiro que dela deu notícia, até ao alemão Hübner. Aponta ela dez cidades, cabeças de outros tantos povos, entre os quais figuram os cœlerni (56), que o notável antiquário espanhol Aureliano Guerra y Orbe localiza em Ansiães, vila do distrito de Bragança (57), sem mais fundamento do que quadrar-lhe assim bem para uma divisão empírica da Espanha antiga e até com o notável equívoco de nos dar errada a etimologia de Ansiães, que deriva de velho, antigo, quando ela provém do nome próprio Ansilio Anes, seu primeiro fundador, ou que por qualquer circunstância legou o nome à terra, como se deduz do seu primeiro foral (58). De onde se vê que, embora Plínio nos fale nos povos zœlas, não podemos, visto que este autor o não diz, nem outro desse tempo, dar-lhe, como pretende Viterbo (59), uma quimérica Zelóbriga por sua cidade, no intuito de arranjar-lhe uma cerebrina etimologia tendente a enquadrar Celióbriga em Bragança e nem tal étimo «é o que mais se acomoda aos factos conhecidos», como pretende Lopo (60). De tanta divergência de opiniões concluem alguns que existiu Celióbriga, capital dos povos celerinos, na província do Minho, e Celióbriga, capital dos

(56) ARGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 303. F LOREZ — España..., tomo 4, p. 312. HÜBNER — Inscrip. Hispaniæ Latinæ, 2477. (57) Revista Arqueológica, vol. 2 (1888), p. 81 e seg., onde podem ver-se as localizações que diversos escritores dão aos cœlerni. (58) Portugaliæ Monumenta Historica. Leges et Consuetudines, p. 343. (59) VITERBO — Elucidário, artigo «Bemquerença». (60) LOPO, Albino — Bragança e Benquerença, p. 53, em nota.

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zœlas, próximo do rio Sabor, no território da actual freguesia de Castro de Avelãs (61). A opinião de que Bragança também se chamou Britónia é tão disparatada que não merece a pena refutá-la, e por isso nada diremos sobre ela. Parece que, como a sua localização é muito contestada entre os antiquários, se emitiu a opinião de a encabeçar em Bragança, mas muito estupidamente, pois restam muitos documentos que, conquanto não permitam determinar de um modo preciso o local onde assentava, bem deixam ver contudo que nunca poderia ser em Bragança (62). Adiante apresentaremos um documento pertencente à Sé de Astorga que mostra como Bragança coexistiu com Britónia passante de cem anos, sendo por isso povoados distintos [12].

(61) Portugal Dic. Historico, artigo «Celiobriga». (62) Veja-se ARGOTE — Memórias..., tomo 2, p. 682; tomo 3, p. 2. FLOREZ — España Sagrada, tomo 4, p. 174, 223 e 235.

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Origem de Bragança. Braga e Astorga (chancelarias romanas)

Vimos que Bragança não era a Julióbriga nem a Celióbriga dos geógrafos romanos e menos a Britónia dos Godos; no entanto, é grande a sua antiguidade, como mostraremos ao tratar do seu conceito como região a que dava o seu nome, certamente, porque sendo povoado principal, servia de cabeça aos povos bragançanos. Viterbo (63), a quem têm seguido vários escritores até em nossos dias, diz: «que no tempo de el-rei D. Afonso Henriques não havia povoação alguma que se chamasse Bragança, onde hoje a vemos». Baseia tal asserção na doação feita a 4 de Agosto de 1145, por D. Afonso Henriques, ao convento de Castro de Avelãs de algumas terras situadas perto da actual cidade, «pois (diz Viterbo, nomeando os seus limites, isto é, do terreno doado) entre o monte Togia e o rio Sabor, se não faz menção alguma de Bragança, que hoje se acha entre estas duas balizas». Eis o texto da doação que adiante damos na íntegra, da qual também a Benedictina Lusitana aponta um pequeno extracto. «Facio chartam donationis, et firmitudinis tibi abbati Joanni et Sancti Salvatori de Castro de hereditate mea propria, quam habeo villa Sancti Georgii, quae est in Bragantia subtus mons Togia discurrentis aquae a Salabor, et de alia villa medictatem, quam habeo in Rivo frigido de Monte

(63) VITERBO — Elucidário, artigo «Bemquerença».

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(hoje Rio Frio de Outeiro), et habet jacentiam inter flumen Maçanae, et flumen Salabor». Mas aqui não se tratou de delimitar o terreno doado aos frades, como evidentemente se vê pelo texto, mas sim de indicar os sítios onde assentavam essas vilas; isto é: S. Jorge, nas faldas do monte Togia, águas vertentes para o Sabor, e Rio Frio de Monte, entre os rios Maçãs e Sabor portanto, nada implica com a não existência de Bragança, e dizendo-nos os fragmentos do Concílio de Lugo, cuja antiguidade remonta pelo menos ao século IX, que o pagus ou aldeia de Vergância pertencia à diocese de Braga, de nenhum modo podemos assentir à opinião de Viterbo seguida por Lopo, Pinho Leal e outros, que dizem que ao tempo desta doação Bragança não existia. É certo que Viterbo parece referir-se a uma outra doação do mesmo rei ao dito convento, feita aos 4 de Janeiro de 1144, mas o seu contexto parece-nos que não favorece a sua opinião. Eis a parte respectiva que adiante damos na íntegra: «Facio chartam donationis, et textum firmitudinis de illo monasterio de Crasto cum suo cauto et cum omnibus suis terminus, et pertinentiis, qui sunt in ipso cauto, et jacet illum monasterium subtus mons Togia, et alia parte flumine Salabor ita concluditur, videlicet per marcum de Avelanis, et deinde ad marco quod vocant cauto per viam de Felmir, et per Ecclesiam Sancti Claudi de Felmir et per caput Sculcão supra Castenaria, et deinde ad marcum inter Nugaria, et flumen Manzer, et per marcum de Prato Mayor, et deinde per flumen de Areanis, aqua discurrente, et per viam usque ad marcum de Avelanis». Neste documento diz-se vagamente que o mosteiro de Castro de Avelãs ficava entre o monte Togia e o rio Sabor; e depois, tratando de precisar mais o território que lhe pertencia para que não se entendesse que toda a região entre o monte e rio era do mosteiro, diz que a sua demarcação ia do marco de Castro de Avelãs a outro no caminho de Fermil à igreja de S. Cláudio desta povoação pelo cabeço de Sculca, acima de Castanheira, ao marco situado entre Nogueira e a ribeira chamada Manzer, daí ao marco de Prado Maior e daí à ribeira de Areães até ao marco de Castro de Avelãs, onde se começou. Todo este território é ainda hoje bem conhecido pela permanência actual dos nomes antigos, e vê-se que entre ele e o termo de Bragança, que demarcaremos no lugar próprio, havia largo território que constituía o termo da nossa cidade. Por isso não é certo, como pretende Viterbo, que o território onde hoje está Bragança devesse ficar encravado no couto do mosteiro. Viterbo cita ainda, como prova da sua asserção, a carta de escambo feita a 4 de Maio de 1187 entre D. Sancho I e o mosteiro de Castro de MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Avelãs que cedeu ao rei a quinta da Benquerença, recebendo em troca a vila de S. Julião e a igreja de S. Mamede e respectivo vilar; mas desse documento, que também adiante damos na íntegra, não se pode deduzir tal, pois já dá Bragança como existente: «et omnes homines, qui ibi habitaverint (em S. Julião ou no vilar de S. Mamede) vel habitaverit, non det in civitate Bragancia portatico, nec in suo termino». Ora, se Bragança fosse fundada por D. Sancho I, ao dar-lhe o foral, no dizer de Viterbo, como este teve lugar em Junho de 1187, isto é, posteriormente à troca, não se empregaria no documento acima a expressão — in civitate Bragancia — que seria um absurdo pois, não sendo Bragança habitada, nem gozando do privilégio de cobrar direitos de barreira ou portático, para que queriam os de S. Julião e Vilar de S. Mamede ficar isentos dele?! De onde concluímos que Bragança já então existia como povoado importante, pois gozava do privilégio de cobrar direitos de portático sobre as mercadorias que aí vinham vender-se. Viterbo apoia ainda o seu modo de ver nas Inquirições de D. Afonso III. É certo que estas, ao tratarem da paróquia de Santa Maria de Serapicos dizem: «vilar de Paradinas fuit domini Regis et quod levabant inde paradam ad hominem domini Regis qui stabat in Alveliã ante quam villa de Bragancia esset populata» (64). Mas esta afirmação é o depoimento de uma testemunha que, vivendo meio século depois do foral de Bragança, podia ignorar o seu estado anterior; demais, a expressão — antes que fosse povoada — não indica nos documentos antigos que se começasse a povoar em certa época, pois também se chamavam povoadores os que iam habitar terras depois de engrandecidas com leis municipais, codificadas em foral (65) e neste sentido — antequam villa de Bragancia esset populata — virá a significar: antes que Bragança fosse habitada pelos homens que aí se acolheram atraídos pelas garantias do seu foral, o que não contraria, como levamos dito baseado em documentos, que outros habitantes aí vivessem anteriormente. Nem se concebe que fosse dado foral a uma terra despovoada completamente. Também não parece que o terreno onde assenta a actual cidade, como quer Viterbo (66), a quem têm seguido outros, se chamasse a quinta da Benquerença. Como não acreditamos na fundação de Bragança em (64) O mesmo se encontra nas Inquirições das freguesias de Santa Maria de Rívulo Frígido e Santa Eulália de Pinelo. (65) VITERBO — Elucidário, artigo «Pobradores, ferros». (66) Ibidem, artigo «Bemquerença».

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1187, mas sim que a sua população é muito anterior, e só o documento do escambo ou troca feita entre os monges de Castro de Avelãs e o rei nos fala em tal quinta, sendo que por esse mesmo documento se evidencia a coexistência da civitate Bragancia e da quinta da Benquerença, somos levados a crer que esta era realmente uma quinta, na verdadeira acepção da palavra, ou propriedade contígua a Bragança, pertencente aos frades, e como o seu território faria falta para dar mais âmbito à cidade, el-rei tratou de a obter. Pois, sendo concordes os documentos que já temos citado anteriores e posteriores a esse da troca feita em 4 de Maio de 1187, em nos falar na cidade de Bragança, e apenas um na tal Benquerença, e desaparecendo imediatamente tal denominação, que jamais volta a encontrar-se em documentos, é bem de ver que Bragança nunca foi chamada Quinta da Benquerença e só uma parte mais ou menos extensa do seu território teve esse nome, o qual nunca absorveu nem correspondeu topograficamente ao da cidade. Ainda mesmo que o documento do escambo não fizesse simultaneamente menção da cidade de Bragança e quinta da Benquerença, como coexistindo, o próprio texto o deixa entender. Eis a parte respectiva: «Ego Santius... facio cum cambium firmitudinis cum Monasterio de Castro Avelanarum, et cum abbati Menendo, et ejus conventui de hereditate, quæ accepi ab eis de Bemquerencia, quod vocant civitate Bragancia». No Museu Municipal de Bragança há um manuscrito intitulado Táboa Velha da Egreja de S. João. Nele vêm os autos de uma demanda havida pelos anos de 1644 entre o prior de Santa Maria de Bragança e o abade da Igreja de S. João, da mesma cidade, a propósito de aquele não querer deixar tocar os sinos em Sábado Santo na igreja matriz deste, sem primeiro se tangerem na daquele, e entre várias razões que alegava encontra-se a seguinte: «Que a matriz de Santa Maria era mais antiga que a mesma cidade no lugar onde hoje se encontra, porque a cidade de Bragança foi primeiro o seu assento no cabeço da cidade, onde ainda há sinais e vestígios de muros dela e ainda agora, aquele cabeço é da mesma cidade, e como se deu às freiras de Santa Clara (67), por a Câmara ser a padroeira do Mosteiro, ainda hoje rende para as freiras». Mais dizia que no local onde está a cidade fora um sardoal espesso, no qual os habitantes do cabeço vinham pastorear seus gados, e sendo por uns pastores encontrada, no espesso da mata, a imagem da Senhora,

(67) Quando tratarmos do Mosteiro do Santa Clara, falaremos nessa doação.

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que ainda hoje se conserva na matriz de Santa Maria, lhe erigiram uma capela, e, atraídos pelos milagres que a Senhora fazia, deixaram o cabeço e vieram morar para junto dela, e assim se fundou a cidade. A origem de Bragança, dada assim pelo prior, é apenas mera lenda, aliás importantíssima em arqueologia, pois mostra-nos que na actual colina da vila de Bragança houve um castro céltico ou luso-romano, porquanto todas as ermidas existentes nesses castros têm lendas idênticas. Daqui resultam fortes motivos para nos levarem a concluir que nos tempos romanos ou pré-romanos já Bragança era habitada, embora não saibamos o nome que então tinha, sendo por mera conjectura que alguns lhe dão o de pagus Brigantium ou Brigantia. Parece que a menção mais antiga da nossa cidade se encontra no fragmento do concílio de Lugo, celebrado «Tempore Suevorum, sub era 607 (ano de Cristo 569) die Calendarum Januarii, Theodomirus Princeps idem Suevorum» — o qual, declarando as igrejas ou freguesias pertencentes à diocese de Braga, lhe descreve as seguintes: Centum Celas — Petroneto. Cœtos — Equirie ad saltum. Leneios — Pannonias (68). Aquaste — Ledera. Milia — Vergancia. (Ver o que dizemos adiante em nota ao tratar deste pagus na divisão de Wamba). Ciliolis ad postam — Astiastico. Ailio — Tureco. Carandonis — Cuneco. Tavis — Clerobio. Ciliotão — Berese. Palanticio. Getanio — Getanio — Celo. Oculis — Supelegio. Cerecis — Senesquio.

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Este documento, publicado a primeira vez por Garcia de Loaysa, na sua obra sobre concílios, em 1593, conquanto até ali fosse ignorado, nem por isso o podemos considerar como forjado, pois o encontramos mencionado numa carta de Inocêncio III a D. Pedro, arcebispo de Santiago, a propósito duma demanda que teve com o de Braga pelos anos

(68) Esta e seguintes são designadas no documento debaixo da epígrafe geral de «pagi», que ARGOTE traduz por «aldeias».

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de 1499 (69), sendo que o Chronicon Iriense pelos fins do século IX já dele faz menção (70). No entanto, este fragmento do concílio de Lugo não é documento original das suas actas, pelas razões que advertem Argote (71), Florez (72) e outros, e não foi escrito no tempo dos reis suevos, nem mesmo dos godos, mas no dos reis das Astúrias e, certamente, antes dos fins do século IX, como mostramos [13]. Ao nosso propósito faz pouco a existência ou não do concílio de Lugo e a originalidade das suas actas, às quais não queremos dar maior antiguidade do que a permitida pelo Chronicon Iriense (73); embora aceitando mesmo que o documento fosse escrito no século IX e tenha apenas valor histórico, sempre é lícito afirmar que o tal «pagus» de Vergância pertenceria à diocese de Braga há muitos anos, pelo menos durante tempo tão recuado que a memória dos contemporâneos não se lembrava do contrário, pois, tratando de um facto que certamente era bem sabido, não quereria sujeitar-se a ser convencido tão facilmente de menos verídico, mentiroso mesmo, pelos conviventes; ou, pelo menos, Braga estava de facto em posse do «pagus» de Vergância, embora de direito não lhe pertencesse, como adiante mostraremos. Argote (74) inclina-se a que este fragmento seja cópia simplesmente de algum tratado histórico e não de actas de concílio, e neste caso podemos conjecturar que Vergantia existia como «pagus» desde meados do século VI. A divisão dos termos das dioceses de Espanha e suas paróquias, atribuída ao rei godo Wamba, na era de 704 (ano de Cristo 666), embora se não fizesse nesse ano, o que ao nosso propósito nada importa (75), e não possamos, segundo pretendem os críticos, recuar-lhe a sua antiguidade além do século XII, interessa muito sobre o particular de Bragança, pois no caso mais provável de ser cópia de notícias históricas antigas, ou mesmo que o não fosse, sempre mostra que, pelos anos imediatamente anteriores à fundação da monarquia portuguesa, existia o «pagus» cha-

(69) Pode ver-se essa carta em FLOREZ — España Sagrada, tomo 4, p. 274. (70) Ibidem, p. 131 e 158. (71) ARGOTE — Memórias..., tomo 2, p. 755 e 803. (72) FLOREZ — España Sagrada, tomo 4, p. 132, 158 e seg. (73) Este Chronicon menciona o concílio de Lugo. Ver F LOREZ — España Sagrada, tomo 20, pág 599. (74) ARGOTE — Memórias..., tomo 2, p. 758. (75) Veja-se, sobre o assunto, ARGOTE — Memórias..., tomo 2, p. 759 e 809. FLOREZ — España Sagrada, tomo 4, p. 185 e seg., 234, tomo 7, p. 62; tomo 14, p. 332.

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mado Bregancia, que deve ser a nossa cidade. Eis a lista das igrejas ou freguesias que essa divisão diz pertencerem à diocese de Braga: «Bracara Metropolis teneat. Centumcellas — Panoias (76). Gentismillia — Leta. Laineto — Bregancia (77). Giliolis — Astiatigo. Adoneste — Tarego. Aportis — Aunego. Aylo — Metrobio. Centendonis — Berese. Laubis — Palantusico. Cilioto — Celo. Letania — Senequumio sub uno XXX [mas não menciona as cinco que faltam, pois, como vemos, apenas dá vinte e cinco]. Ceresis. Petroneyo. Equisio ad saltum». Esta Leta, acima apontada, é a Ledera dos fragmentos do concílio de Lugo, cabeça de um distrito de que adiante falaremos, e nela cunhou moeda Witerico, rei godo, e seu sucessor Chindosvinto, de onde concluímos a sua grande importância. Embora nos queiram contestar a fé histórica que ligamos aos fragmentos do concílio de Lugo e divisão de dioceses, atribuída a Wamba, sobre notícias referentes a Bragança, a escritura pertencente à Sé de Astorga, apresentada por Florez (78), que adiante damos, permite-nos restabelecer factos da sua história de um modo positivo. Durante o reinado de D. Ramiro I (842 a 850), reuniu-se perante ele um concílio de bispos, religiosos e homens bem nascidos, para tratar dos limites da Sé de Astorga, na qual pontificava então o bispo Novídio. Neste concílio expôs Novídio a sua jurisdição diocesana sobre terras de

(76) Esta e as seguintes vêm debaixo da rúbrica de «Pagi». A RGOTE — Memórias..., p. 818, traduz «pagus» por «aldeia». Sobre esta palavra ver VITERBO — Elucidário, artigo «Egreja» e nota p. 32, edição de 1765. ARGOTE — Memórias..., tomo 2, p. 690. (77) Que este «pagus» — Bregancia — e o outro do concílio de Lugo são a actual cidade de Bragança, em Trás-os-Montes, di-lo A RGOTE — Memórias..., tomo 3, p. 328; tomo 6, p. 326, e tomo 2, p. 697. (78) FLOREZ — España Sagrada, tomo 16, p. 443.

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Zamora, Portugal e Galiza, manifestando os prejuízos e alterações resultantes da entrada e guerra dos mouros, causados à sua diocese. Sendo julgadas justas as reclamações de Novídio, foram adscritas à sua Sé as terras que antigamente lhe haviam pertencido, mas erigindo pouco depois D. Ordonho I o bispado de Septimancas, ao qual designou como área várias terras do de Leão e Astorga, ficaram sem efeito as resoluções tomadas pelo concílio. Este estado de coisas, porém, apenas se conservou durante a vida de D. Ordonho, em que houve dois bispos em Simancas — Hilderedo e Teodisclo. Morto o rei, juntaram-se em presença de D. Ramiro III e de sua tia D. Elvira, consagrada a Deus, os bispos constantes da escritura citada, e considerando que Simancas não fora outrora sede episcopal, nem era sítio conveniente para isso, extinguiram este bispado, restituindo a Leão a sua jurisdição nas terras dessa Sé desmembradas, e o mesmo relativamente a Astorga. Dessa escritura resulta que antes da entrada dos mouros pertenciam a Astorga, no território hoje do bispado de Bragança, em Portugal, «ecclesiæ quæ sunt in BREGANCIA per illum rivulum qui dicitur Tuella, et discurrit usque dum intrat in Dorio contra Zamora ad partem orientis», isto é, toda a região que fica entre o rio Tuela, nome depois mudado em Tua, até entrar no Douro, vindo, pois, a pertencer a Astorga quase todo o actual bispado de Bragança. Sobre este assunto há duas escrituras (79): uma, atrás mencionada, e outra datada de 4 das calendas de Agosto do mesmo ano, ambas firmadas pelo rei D. Ramiro, sua tia D. Elvira e bispos constantes da primeira. Por esta escritura se vê também que o conceito de região ligado a Bragança abrangia quase completamente o território hoje designado por distrito de Bragança. A escritura em que temos falado, pertencente à Sé de Astorga, foi lavrada na era de 1012 (ano de Cristo 974) embora os factos a que ela diz respeito tivessem lugar anos antes, durante o reinado de D. Ramiro I, isto é, entre 842 e 850, de onde vem que Lopo (80) e outros andaram menos avisadamente escrevendo que o concílio se convocara a pedido de Salomão, bispo de Astorga, quando é certo que este se reuniu no tempo do bispo Novídio, quase cem anos anterior àquele, e mesmo no tempo que o concílio se reduziu a documento, pontificava Gonçalo em Astorga. (79) Ibidem, tomo 16, p. 316. (80) LOPO, Albino — Bragança e Benquerença, p. 64. ARGOTE — Memórias..., tomo 3, p. 329.

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Parece que as disposições deste concílio, pelo que toca ao território de Bragança, ou nunca tiveram efeito ou foram de curta duração, pois a Bula do papa Pascoal II, de 1114, que Argote dá por extenso (Memórias, tomo II, pág. 853 e 655), assinando os limites da diocese de Braga, conforme, no dizer da Bula, os tivera no tempo dos suevos, já os marca tais que, fatalmente, grande parte, se não toda a área reclamada pelo de Astorga e indubitavelmente a região bragançana, devia tocar à de Braga. Demais, o bispo de Astorga, D. Pedro, que o foi desde 1205 a 1226, reclamou perante o papa, contra o arcebispo de Braga, as igrejas de Aliste e Bragança, possuídas por este a despeito de, pelos antigos limites, pertencerem à sua Sé, em vista do que a 29 de Março de 1206 deu Inocêncio III comissão ao deão e outros capitulares da Sé de Santiago para conhecerem do facto (81). Certamente, a reclamação não foi julgada procedente, ou não teve efeito, e se o teve foi de curta duração, pois há documentos muito próximos desta data que mostram continuar Bragança a pertencer a Braga. Florez também nada diz sobre o resultado. Argote (82), baseado nos fragmentos do concílio de Lugo, atrás analisados, diz que Bergança, ou Vergança, hoje Bragança, sempre pertenceu a Braga durante o tempo dos suevos e godos, e, portanto, que é falso haver sido de Astorga, como deixa ver a escritura desta Sé, que temos citado, à qual atribui erradamente a data de 934. Do que diz Argote (83), parece deduzir-se que de um documento citado por Morales, pertencente ao século IX, se mostra como Bragança não pertencia a Astorga, mas Morales nada diz a tal respeito (84), e apenas cita, a propósito da consagração da Igreja do Apóstolo Santiago, um documento da era de 938 (ano de Cristo 900); e para ilustrar eruditamente o facto da consagração, que teve logar «in primo die, quœ erat nonis maii», era 937 (ano de Cristo 899), transcreve do Chronicon de Sampiro a parte que menciona os bispos e dignitários assistentes a essa consagração, entre os quais figura Pelagius Breganciæ comes (Pelágio, conde de Bregância) (85).

(81) FLOREZ — España Sagrada, tomo 16, p. 227. (82) ARGOTE — Memórias..., tomo 3, p. 328. (83) Ibidem. (84) Veja-se Los cinco libros postreros de la Coronica General de España. Córdova, 1586, liv. XV, cap. XXV, fol. 171 e 173. (85) Vide esse Chronicon in FLOREZ — España Sagrada, tomo 14, p. 442. Quando tratarmos da capela de S. Sebastião, veremos que Jorge Cardoso, servindo-se deste mesmo Sampiro, dá outra data à consagração do templo de Santiago; isto procede de que os Códices de que se serviu estavam viciados.

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Mas esta parte do Chronicon de Sampiro foi intercalada por D. Pelayo, bispo de Oviedo (86); e não gozando este homem de fé alguma histórica, pelas fábulas e falsificações que introduziu em seus escritos e alheios, dando-se, de mais a mais, a circunstância de viver três séculos depois, é preciso suspendermos o nosso assenso relativamente à existência do conde de Bragança, D. Pelágio, enquanto por outra fonte mais autêntica não constar a sua veracidade. Andou, pois, Pinho Leal (87) menos avisadamente quando, dando largas à sua imaginação, escreveu a seguinte tirada, que Lopo (88) aceitou como segura: «A importância de Bragança não tinha diminuído no tempo dos godos e dos reis de Leão, visto que foi sempre governada por condes, pessoas das principais famílias das Espanhas, e que só aceitavam os governos de cidades grandes e de consideração. D. Affonso III fez conde de Bragança, pelos anos de 825, o famosíssimo e esforçado cavaleiro D. Pelayo». Para afirmar tudo isto, não há outro fundamento além do acima citado, o qual, dado mesmo que fosse verdadeiro, carecia de ser manobrado por imaginação romântica, desconveniente ao historiador, para dele extrair tais afirmações. De resto, ainda mesmo supondo que Pelágio era conde de Bragança, como é que D. Afonso III lhe daria tal dignidade em 825, se este só nasceu vinte e sete anos depois (89)?! Da existência do conde de Bragança, D. Pelayo, dada por um Códice de Sampiro, viciado pelo bispo de Oviedo, também chamado D. Pelayo, é que quase todos os escritores portugueses, que têm tratado da nossa cidade, nos apontam tal notícia, à qual não podemos assentir enquanto não constar de outras fontes mais autênticas. Demais, alguns Códices nem sequer mencionam o tal Pelágio, conde de Bragança (90). Admira, pois, que Cristóvão Aires, aliás escritor diligente, ainda nos venha fazer menção dele no ano de 877. Questão de códices (91)!

(86) FLOREZ — España Sagrada, tomo 16, p. 427 e 428. Idem, tomo 4, p. 206. (87) LEAL, Pinho — Portugal Antigo e Moderno, artigo «Bragança». V ITERBO — Elucidário, artigo «Bemquerença». (88) LOPO, Albino — Bragança e Benquerença, p. 64. (89) Ver Chronicon de Sampiro, era 904. M ARIANA — Historia General de España. Valencia, 1787, tomo 3, p. 136. Sobre o conde D. Pelayo, ver o que escrevemos ao tratar da capela de S. Sebastião. (90) FLOREZ — España Sagrada, 2ª edição, tomo 16, p. 454 e 460; Boletim de la Real Academia de la Historia, tomo 38 (1901), p. 122 e 126, onde não aparece tal conde. (91) AIRES, Cristóvão [Cristóvão Aires de Magalhães Sepúlveda] — História Orgânica e política do exército português. Lisboa, 1902, vol. 3, p. 268.

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ORIGEM DE BRAGANÇA. BRAGA E ASTORGA

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Não é fácil concordar os fragmentos do concílio de Lugo que adscrevem Vergância à Sé de Braga, com o dito na escritura de Astorga, onde Bregantia nos aparece como pertencendo a esta diocese. Podemos formular conjecturas sobre o modo como as coisas se passaram, mas não bastarão a dar-nos razão dos factos. Quando os árabes se assenhorearam da península, em 711, era Félix bispo de Braga, que, juntamente com os de outras dioceses, se retirou para as Astúrias, e não há memória que vivesse outro bispo em Braga até Argomiro, pelos anos de 899 (92), pois, embora o título não se extinguisse, os seus dignitários residiam em Oviedo. E depois, como a conquista cristã se foi operando lentamente, é natural que o bispo de Astorga, Sé que logo se restaurou, como confinante, fosse exercendo por muitos anos jurisdição espiritual sobre a região bragançana, sem que os bracarenses, por não conhecerem a área da diocese, ou por suporem que jamais dela tomariam posse, curassem em reivindicar seus direitos, de onde, apagada já a memória dos limites verdadeiros em tão grande lapso de tempo (coisa muito frequente naqueles séculos, como deixam ver os constantes litígios sobre este assunto, mesmo em períodos de relativa calmaria), se originaria o conceito de Astorga reclamar, mesmo em boa fé, um direito como tal suposto, por se basear na posse de mais de um cento de anos. Parece-nos, porém, mais provável o seguinte: Bragança, com a região a nascente do Tuela, até entrar no Douro, pertenceu, na divisão romana, à chancelaria de Astorga, e, conseguintemente, a esta diocese devia tocar, porque estas conformavam-se com aquelas, segundo já dissemos; mas, devido a razões que ignoramos, talvez à preponderância que Braga teve enquanto foi capital dos suevos, de 420 a 585, os bispos de Braga apossaram-se dela e nunca mais a largaram, a despeito dos protestos dos seus colegas de Astorga, resoluções de concílios e régias, por isso que, quando os fragmentos do concílio de Lugo e a divisão de Wamba dizem que Vergância ou Bregância sempre pertenceu a Braga, anunciam uma verdade histórica, de facto consumada talvez há muito tempo, contra o qual protesta a Escritura de Astorga [14].

(92) FLOREZ — España Sagrada, tomo 15, p. 158 e 178. AMADO, José de Sousa — História da Igreja Católica em Portugal..., tomo 2, p. 33.

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33 TOMO I

Províncias a que pertenceu o território bragançano segundo as divisões de Espanha pelos romanos

Quando os romanos entraram a contender com os cartagineses na nossa península, duzentos anos antes de Cristo, dividiram-na em Citerior, para aquém do Ebro, relativamente à Itália, e Ulterior para além, ficando aquela reservada às suas conquistas e esta aos cartagineses. Esta divisão manteve-se pouco tempo, porque, avançando a conquista romana sobre a Ulterior, regiões desta passam pelos escritores a ser designadas como pertencendo à Citerior. No entanto, a nossa região ficou sempre pertencendo àquela (93). No ano 27 antes de Cristo, fez Augusto, no sétimo ano do seu consulado, nova divisão da Espanha em três províncias: Bética, Lusitânia e Tarraconense (94). Esta, à qual o território bragançano ficou pertencendo, compreendia Catalunha, Aragão, Valença, Múrcia, grande parte de Granada, Navarra, Biscaia, Astúrias, Galiza, Entre-Douro-e-Minho, Trás-os-Montes e grande parte de Castela. De maneira que pelo Sul, em grande parte, o Douro separava a Tarraconense da Lusitânia (95).

(93) FLOREZ — España Sagrada, tomo 1, p. 207. (94) Ibidem, tomo 24, p. 2, 3, 81. ARGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 19. (95) FLOREZ — España Sagrada, cap. 6, n.os 6, 9 e 10 do tomo 13.

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PROVÍNCIAS A QUE PERTENCEU O TERRITÓRIO BRAGANÇANO

TOMO I

No ano 331, depois de Cristo, fez Constantino Magno nova divisão à custa da província Tarraconense, que deu três: Tarraconense, Galiza e Cartaginense que, juntas às duas existentes, Bética e Lusitânia, ficaram ao todo cinco. Ainda houve outras divisões que nada fazem ao nosso propósito (96). As províncias eram divididas em chancelarias a que os romanos davam o nome de conventos jurídicos, com sedes nas mais importantes cidades de cada província, onde era administrada a justiça pelo pretor, pro-cônsul ou presidente da província. A Igreja, para a divisão eclesiástica e colocação das sés metropolitanas, seguiu a divisão civil das chancelarias romanas, e os godos, pelo geral, mantiveram esta ordem de coisas (97). O território bragançano, no tempo em que fazia parte da província Tarraconense, era compreendido debaixo da denominação geral de Gallaecia, hoje Galiza, que compreendia toda a região, desde a Foz do Douro até ao promontório Céltico ou Nério, hoje de Finis Terrae, cortando daí para as montanhas das Astúrias de onde descia, e este era o seu lado oriental, com estas até ao Douro, pelas alturas de Freixo de Espada à Cinta, que lhe servia de limite até desaguar no mar (98). Portanto, era então galego tudo o que hoje em Portugal faz parte das províncias do Minho e Trás-os-Montes, quase toda, se bem que na primitiva divisão de Espanha em Citerior e Ulterior, debaixo do conceito de Lusitânia, compreendiam os romanos larga extensão de terreno na região acima do Douro (99). É, porém, de notar que, segundo Argote (100), a quem vamos seguindo, a linha divisória da Galiza pelo oriente passava entre Chaves e Bragança em direcção a Freixo de Espada à Cinta e, portanto, Bragança e povos situados ao oriente desta linha não eram galegos mas pertenciam à chancelaria de Astorga, isto é, aos Astures Augustanos, e não aos Astures Trasmontanos que formavam os dois povos em que a chancelaria se dividia com 240.000 habitantes, isto é, pessoas livres, como traz Plínio.

(96) Ibidem, cap. XV. Viterbo, em nota ao artigo «Galliza». Sobre o estado de Espanha no tempo dos romanos vide MARIANA — Historia..., Valença, 1785, observaciones ao tomo 2, p. 417, 434, 436, 454, 459, 465 e 484, onde se encontram desenvolvidamente apontadas notícias muito interessantes. ISIDORO, Santo — Elogios de Espanha. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 6, p. 481 e 504, e tomo13, p. 73 e 454. (97) FLOREZ — España Sagrada, tomo 24, p. 2, 3, 4, 81. AIRES, Cristóvão — História... do Exército Português, vol. 2, p. 193 e na nota à p. 191, onde cita o cânone 17. (98) ARGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 30, 36, nº 54 e p. 68. FLOREZ — España Sagrada, tomo 15, p. 7 e 66, tomo 21, p. 3 e 5. (99) FLOREZ, ibidem. (100) ARGOTE — Memórias..., tomo 1, p. 66, 68, 195.

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PROVÍNCIAS A QUE PERTENCEU O TERRITÓRIO BRAGANÇANO

35 TOMO I

A demarcação da chancelaria de Braga, que tinha na sua jurisdição vinte e quatro povos ou cidades com 275.000 almas, segundo Plínio, pelo lado oriental, na parte que toca ao bispado de Bragança, era a mesma linha divisória do antigo território chamado Galiza, da província Tarraconense (101). Também é necessário ler com muita atenção os geógrafos antigos, principalmente Estrabão, porque mostram certa confusão na adscrição das regiões a esta ou àquela província, quando é certo que essa confusão está apenas na época a que se referem e, conseguintemente, na divisão predominante ao tempo. Depois, na terceira divisão acima mencionada, quando Galiza formou província sobre si, compreendeu, além do território já designado, mais as Astúrias, Leão e grande parte da Castela Velha, mas o conceito de povos galegos continuou a designar apenas os habitantes da região denominada Gallaecia na província Tarraconense, de que atrás demos as confrontações, segundo Argote, baseado nos textos dos escritores romanos. Argote, que, para estabelecer a sua divisão, teve apenas como documentos Plínio, Ptolomeu e Estrabão, os quais, falando em geral, não descem a minudências, e não viu algum outro particular por onde pudesse individualizar mais as limitações, foi, ainda assim, duma certeza pasmosa na determinação do lado oriental, que, separando a chancelaria de Braga e Astorga, passava pelo actual bispado de Bragança, pois, colocando essa linha divisória nas montanhas «orientais a Chaves» (102), vai de acordo com o que sabemos pela escritura especial de Astorga, atrás citada, que diz pertencer a Astorga quanto cabia ao oriente do rio Tuela até entrar no Douro, em Foz Tua, onze léguas abaixo de Freixo de Espada à Cinta, embora depois, esquecido do que, com tanto acerto, escrevera, enganado pelos fragmentos do concílio de Lugo, dissesse que Bergança ou Vergança sempre pertencera a Braga (103), o que não pode ser, como dos seus próprios escritos se evidencia. As limitações que inculcam Florez (104) e Sarmiento (105) não contrariam, antes vão de acordo com a de Argote, e, como já dissemos, a divisão do território destinado às sés metropolitanas obedecia mais ou

(101) Ibidem, p. 79. (102) Ibidem, p. 66. (103) Ibidem, vol. 3, p. 328. (104) FLOREZ — España Sagrada, tomo 16, p. 4, tomo 15, p. 9. (105) Manuscrito do padre Martim Sarmiento, publicado por Cristóvão Aires de Magalhães Sepúlveda. História do Exército Português, pelo mesmo Aires, em nota à p. 193.

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PROVÍNCIAS A QUE PERTENCEU O TERRITÓRIO BRAGANÇANO

TOMO I

menos à divisão das chancelarias romanas. Ainda hoje o bispado de Astorga entesta com o de Bragança e de Orense, outrora sufragâneos do de Braga, a cuja chancelaria pertencia, se não todo, pelo menos grande parte do território de uma e de outra Sé na região onde nasce o rio Tuela. Não deve causar estranheza dizer Argote que a linha oriental da Galiza, como região e não província, ia bater um pouco abaixo de Freixo de Espada à Cinta, e nós, baseados na escritura de Astorga, que nos permite precisar mais claramente a sua trajectória, colocarmos o ponto de contacto no Douro em Foz Tua, onde o Tuela ou Tua entra nesse rio, porque Argote seguiu neste ponto a Resende, e quem ler a obra deste (106) verá que coloca pelas imediações de Freixo de Espada à Cinta os vetones, povos que certamente ocupavam grande extensão de terreno, ao qual ia bater a linha divisória entre os Gallaici Braecarii, galegos brácaros, e Astúria, segundo os escritores romanos; portanto, sendo ao território dos vetones que Argote se referiu, e não a um ponto determinado, fica claro que não quis indicar Freixo de Espada à Cinta precisamente, e por isso a escritura de Astorga não contraria, antes completa e individualiza a sua opinião. Portanto, debaixo do domínio romano na península, a região bragançana pertenceu primeiro à província Ulterior, até ao ano 27 antes de Cristo; desde essa época até 330 fez parte da província Tarraconense e, desde este ano por diante, pertenceu à província de Gallicia. Os povos que ficavam no território ao ocidente do rio Tuela, nome que depois muda em Tua até entrar no Douro, em Foz Tua, pertenciam à chancelaria de Braga, isto é, eram galegos brácaros todos os povos que hoje no bispado de Bragança ficam ao ocidente do rio Tuela, nos concelhos de Vinhais e Mirandela; e eram astures-augustanos todos os habitantes dos concelhos de Bragança, Vimioso, Miranda do Douro, Mogadouro, Alfândega da Fé, Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, com os que nos concelhos acima mencionados ficavam ao oriente de Tuela [15]. Como os concelhos de Chaves e Valpaços pertenciam na íntegra aos galegos brácaros, a estes cabia o território que neles tem a diocese de Bragança.

(106) RESENDE, André de — De Antiquitatibus Lusitaniae. Coimbricae, 1790, tomo 1, p. 29 e seg.

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37 TOMO I

O território do actual bispado de Bragança durante o governo dos suevos e godos

No ano 409, os bárbaros do Norte, suevos e vândalos, invadem o império romano na península e nela os suevos estabelecem a sua monarquia com a capital em Braga. Os limites deste reino, estabelecido na antiga província de Galiza, variaram muito, sendo mais ou menos extensos, segundo a preponderância militar dos seus reis; nada fazem, porém, ao nosso propósito as suas confrontações, bastando saber-se que, enquanto durou a monarquia dos suevos, sempre a região bragançana lhes foi sujeita, como depois aos godos, quando em 585 a destruíram, incorporando no seu reino o território suevo [16]. Seria durante o domínio suevo, dada a grande preponderância de Braga como sua capital, e conseguintemente os seus bispos, que estes se apossaram do território bragançano, que pertencia a Astorga? Durante a monarquia sueva é que os bispos bracarenses tiveram maior oportunidade em realizar este engrandecimento.

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O TERRITÓRIO DO ACTUAL BISPADO DURANTE O GOVERNO DOS SUEVOS E GODOS

39 TOMO I

Bragança como região ou cabeça dos povos bragançanos e seu termo como cidade

Segundo vimos pela escritura de Astorga, na qual o bispo desta diocese reclamava, em meados do século IX, como pertencendo-lhe a região ao oriente do rio Tuela até desaguar no Douro, a que correspondia o nome geral de Bregancia, somos levados a concluir que a nossa cidade, pela sua importância, era a cabeça dos povos deste nome, numa extensão tão grande como a do seu actual distrito, tirada a estreita faixa do terreno que, nos concelhos de Vinhais e Mirandela, fica ao ocidente daquele rio. A sua limitação, pelo que diz respeito ao lado norte e nascente, seria com pouca diferença a actual, como o mesmo documento deixa ver e Herculano confirma (107). Será, talvez, aqui ocasião oportuna de corrigir uma afirmação menos exacta deste grande escritor. Diz ele que: «Desde Montalegre até Bragança nenhuns documentos nos autorizam a supor que os limites do país fossem subsequentemente alterados, devendo-se por isso crer que são os mesmos desde princípio da monarquia» (108). Mas o foral dado por el-rei D. Afonso IV, em 29 de Julho de 1325, aos «moradores das aldeias darçadigas de Tarroso de Regesende de souto chaão de verrandy de meyalde de santa comba de

(107) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, vol. 2, p. 431, nota 1. (108) Ibidem.

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BRAGANÇA COMO REGIÃO OU CABEÇA DOS POVOS BRAGANÇANOS

TOMO I

Castrellos e de mourisco e doutro Castrellos e da Veiga» (109), hoje pertencentes a Espanha, confinando com os concelhos de Chaves e Vinhais pelas alturas do seu ponto de junção, deixa ver que então pertenciam a Portugal, sofrendo, portanto, alteração aqui a raia divisória. De passo observaremos que Pinho Leal (110) diz erradamente, de onde vários outros escritores têm tirado a notícia, que o Castrelos mencionado no foral é a povoação deste nome ao poente e não longe de Bragança; é, porém, bem manifesto o erro a quem ler o foral. Se do conceito geral de região passarmos ao particular de divisão administrativa, vemos que o foral dado a Bragança por el-rei D. Sancho, em 1187, escreve: «damus etiam civitati Bragantie, et populatoribus ejus, totam Braganciam, et Lampazas» (111), de onde concluímos que, neste sentido, a nossa cidade e a região denominada Lampaças constituíam o seu território concelhio que, a julgar por um documento de 1461, adiante transcrito (112), estava dividido em quatro secções determinadas pelos sistemas orográfico e hidrográfico chamadas comarcas, mas não no sentido judicial da palavra. Tais eram:

COMARCA DE LAMPAÇAS Com estes povos: Sortes. Vale de Nogueira. Fernande. Podence. Amendoeira. Castelãos. Grijó. Morais. Lagoa. Talhas. Salsas.

Talhinhas. Izeda. Gralhós. Macedo do Mato. Vinhas. Castro Roupal. Vila Boa de Carção. Serapicos. Pinela. Quintela. Vale Benfeito.

(109) Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Livro de Foraes Antigos de Leitura Nova, fol. 153, col. 2ª. (110) LEAL, Pinho — Portugal Antigo e Moderno, artigo «Castrellos». Ver o que a este propósito escrevi na Ilustração Transmontana (1908), p. 189. (111) Uma variante escreve — Lampaxas. Sobre a situação desta região, ver HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, vol. 2, p. 431, nota 1. (112) Ver Documento nº 85.

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BRAGANÇA COMO REGIÃO OU CABEÇA DOS POVOS BRAGANÇANOS

41 TOMO I

Bagueixe. Bornes.

Vale da Porca. Gradíssimo. COMARCA DE TRÁS SABOR

Com estes povos: Parada de Infanções. Grijó. Freixedelo. Alfaião. S. Julião.

Babe. Sacoias. Baçal. Vale de Lamas.

COMARCA DE TRÁS BACEIRO Com estes povos: Fontes (113). Maçãs. Zeive. Mofreita. Dine. Moimenta. Fresulfe. Carragosa. Samil (?).

Meixedo. Rabal. Soutelo. Donai. Cova de Lua. Vilarinho. Terroso. Espinhosela. Parâmio.

COMARCA DE TRÁS MONTE Com estes povos: Castrelos. Conlelas. Nogueira. Formil. Zoio. Gondesende. Portela. Lagomar.

Alimonde. Carrazedo. Vila Boa. Ousilhão. Vilar de Peregrinos. Edrosa. Penas Juntas. Melhe.

(113) Ainda hoje se diz — Fontes Trasbaceiro, perseverando assim neste epíteto o nome da antiga divisão; igual facto se dá com Quintela distinguida pelo de Lampaças.

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BRAGANÇA COMO REGIÃO OU CABEÇA DOS POVOS BRAGANÇANOS

TOMO I

Celas. Mós. Espadanedo.

Ferreira. Martim.

Estas povoações não dão a soma das existentes no território de Bragança, apontado pelo foral; é, porém, natural que algumas deixassem de cooperar na causa, onde também não figurariam as que gozavam de liberdades, privilégios e isenções municipais, e outras, estando anexadas, seriam representadas pela cabeça principal; mas deixam ver qual era a extensão do território bragançano, debaixo do conceito de concelho. Além destas quatro regiões, em que estava dividido o território bragançano, era-lhe comum, com Miranda do Douro, a denominada «Lombo de Carvalhais», cuja existência se deduz da carta foralenga dada a Paçó de Outeiro, em 1408, que se inscreve «Pallaçoyllo de Monte de Carvalhaes»; e numa sentença dada em Gimonde, concelho de Bragança, a 25 de Novembro de 1454, pelo duque da mesma cidade, D. Afonso, vê-se que Paçó e Rio Frio, lugares do termo da vila de Outeiro, estavam situados na região denominada «Lombo de Carvalhais» (114). Como vemos, o termo da cidade de Bragança era então muito mais extenso do que hoje. A nordeste da cidade abrangia parte do território incorporado depois pelo foral de D. Manuel, dado a Outeiro em 11 de Novembro de 1514, no concelho desta vila, cujo território se formou à custa do de Bragança e Miranda. De passo, advertiremos que não parece ser D. Dinis quem fez construir as fortificações de Outeiro, como diz Pinho Leal (115), pois na Câmara de Bragança há um pergaminho, hoje depositado no Museu Municipal, passado aos 28 de Agosto de 1355, onde se vê que os moradores de Outeiro pediam a el-rei «que mandasse cercar e ffazer bila cercada no dito logo douteyro... e lhy desse termho agressado das bilas e comarca da redor» (116). Mas, sendo consultados os procuradores de Bragança e Miranda do Douro, como partes interessantes, responderam que tal pretensão não devia ser atendida, se bem que em 1438 já o seu castelo existia (117). Além disso, pelo Sul e Poente, os pequenos concelhos, hoje incorporados no de Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé e Vinhais,

(114) Ver documento nº 49. (115) LEAL, Pinho — Portugal Antigo e Moderno, artigo «Outeiro». (116) Ver documento nº 61. (117) Ver documentos nos 78 e 80.

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BRAGANÇA COMO REGIÃO OU CABEÇA DOS POVOS BRAGANÇANOS

43 TOMO I

foram sucessivamente, à maneira que iam adquirindo foros de autónomos, cerceando o território de Bragança como região concelhia. Demais, a tendência evolutiva dos princípios de emancipação, cuja alma mater eram as instituições municipais, desde as fórmulas simples de privilégios, isenções e reguengos até aos concelhos mais ou menos perfeitos, sendo a fervente aspiração da Idade Média, fazia irromper, no vasto escorço do concelho bragançano, soluções de continuidade pelo que toca a jurisdição administrativa, eriçando-a de sumidades intangíveis, e assim vemos territórios concelhios encravados no termo de Bragança [17], como: Rebordãos, em 1208. Milhão, em 1227. Vale de Prados de Milhão, em 1227. Vinhais, em 1253. Frieira, em 1282. Vila Franca, em 1286. Vale de Prados, em 1287. Ervedosa, em 1288. Gostei e Castanheira, em 1289. Rio Frio, em 1299. Palaçoilo de Monte de Carvalhais, hoje Paçó de Outeiro, em 1408. Vila Franca, Frieira, Bousende e Moimentinha, Pombares, Failde e Carocedo, Rio de Onor, Guadramil e Petisqueira obtiveram instituições municipais, mais ou menos completas, consignadas em cartas foralengas que lentamente as foram isentando da jurisdição de Bragança. Os nossos reis, durante muito tempo, não por convicções próprias ou mediato interesse dos povos, mas por razões de egoísmo especial, favoreceram o incremento das liberdades municipais para contrabalançarem a rapacidade e insolência dos grandes fidalgos e senhores, no que, sem querer, prestaram grandes serviços àquelas, levando assim o contingente do terceiro estado a cooperar, como é de justiça, na evolução da fórmula social; mas, desde que se encontraram servidos, trataram de centralizar, despótica e ingratamente, todo o poder em suas mãos, para o que influíram poderosamente as ideias da Renascença: muitos concelhos foram suprimidos a propósito ou despropósito de medidas de economia, e os que ficaram, vasquejando nas agonias da impotência, arrastam a miserável vida que vemos, mas o de Bragança ainda até hoje não atingiu a extensão territorial que lhe dera o grande D. Sancho I. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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BRAGANÇA COMO REGIÃO OU CABEÇA DOS POVOS BRAGANÇANOS

TOMO I

E, porque algo faz ao nosso propósito e dá um pequeno contingente para esclarecer uma dúvida de Herculano, que muito nos interessa para aqui, transcrevemos o seguinte do grande historiador (118): «O distrito de Ledra intestava com Bragança e pertencia a Portugal (Livro II de Afonso III, fol. 70 v.); mas onde ficava situado? Devia ser contíguo ao de Lampazas e ambos ao sudoeste de Bragança e ao nordeste de Mirandela; pelo menos este último concelho pretendia exercer aí jurisdição (Nova Malta, tomo I, § 115 ad fine). E em 1196 doava Sancho I a Fernando Fernandes a vila de Sesulfe, na terra de Lædra (Archivo Nacional, G. 3, M. 7, nº 2)». Eis o que se nos oferece dizer a tal respeito: O Tombo dos Bens do Cabido de Miranda, feito por ordem de Justiça em 1696, em sua segunda parte, confirmada em 1696, fol. 16, manuscrito existente no Arquivo do Cabido em Bragança, mais de uma vez por nós citado, tratando de marcar os limites do termo de Ervedosa, diz: «Commeçam os confins do dito termo em o marquo que chamão do Couto a donde se divide o termo de Bragança e Ledra e se achou que o dito termo d’esta villa (Ervedosa) para aquella parte do dito marquo que chamão do Couto hia em direitura ao alto do Cabbeço a que chamam dos Alagãos a donde parte o termo de Villarinho e Lamalonga e dhai direito a Escaura passando em direitura pela Borda da quinta da Argana ficando esta fora do dito termo e da Escaura direito a marra que esta no fundo daquelle Cabbo das Vinhas do logar de Fornos e dhai direito ao rio de Tuella, e dhai veia dagua assima até o direito do serro de Penas Juntas pello fio do serro e mais alto delle athe pedra da Esculqua que esta na estrada de Bragança e dhai toda a estrada abaixo, digo thoda estrada Velha abaixo athe o marquo do Couto, adonde começou esta demarcação, e nesta forma fica demarquado o termo d’esta villa na forma do foral della». Esta demarcação vai de harmonia com o foral da vila de Ervedosa, que damos nos documentos; mas quisemos transcrevê-la por fornecer alguns elementos de certo interesse onomástico. Pelo que toca ao termo da cidade, veja-se adiante os documentos n.os 60 e 77, que damos na íntegra, e principalmente o último, onde há notícias de muito interesse sobre o assunto, e outros.

(118) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, nota 1 ao vol. 2, p. 431.

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45 TOMO I

Grafia de Bragança

Enquanto à grafia do nome desta cidade vemos que os fragmentos do concílio de Lugo, que remontam pelo menos ao século IX, escrevem Vergancia; e Bregancia, a divisão dos bispados, atribuída a Wamba, que remonta pelo menos ao século XII. Bregantia é também como escreve a escritura de Astorga, feita em 974. O foral de D. Sancho, dado em 1187 [18], escreve Bragancia e Bragantia, e destas duas formas usam indistintamente os documentos latinos dos primeiros reis de Portugal, pertencentes ao convento de Castro de Avelãs, que damos adiante. As inquirições de D. Afonso III escrevem Bragancia e Blagancia [19]. Num documento de 1199, apresentado por João Pedro Ribeiro, encontra-se Brigantie. Em diversos documentos transcritos nas Memórias de Literatura Portuguesa, tomo I, págs. 181, 228 e outras, escritos entre 1500 e 1534, encontra-se o nome da nossa cidade com a variedade de Bragança, Bragamça e Braguamça. Na Crónica de D. Sebastião, por Frei Bernardo da Cruz, escrita pelos anos de 1586 e publicada em nossos dias, por Alexandre Herculano, encontra-se em diversos lugares, v. g., págs. 214, 329, 330, 332, 348, 368, 417, 419, 421 e 422, mencionada a nossa cidade com a grafia constante de Bargança. Na Monarquia Lusitana, parte V (1650) [20], também se escreve constantemente Bargança (ver principalmente o livro XVI, cap. XLV e XLVI). Parece que esta era a grafia mais constante nesse século, como se vê sobretudo nas Relações das vitórias de Rui de Figueiredo de Alarcão, nas guerras de 1641, adiante citadas. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


47 TOMO I

Subsídios para a história do distrito de Bragança

Suevos e vândalos Nada deixaram os escritores romanos, pelo menos que chegasse até nós, relativamente ao distrito de Bragança, se bem que a arqueologia mostra claramente a disseminação do povo iate rege por esta região [21]. De Políbio e Tito Lívio colhe-se que nem os fenícios nem os cartagineses entraram nela, e dos romanos foi o procônsul Décio Júnio Bruto o primeiro que conquistou todos os povos entre o Douro e Minho, empresa tão difícil e de tanta glória, que o povo romano lhe decretou as honras do triunfo e ele passou a tomar o apelido de Calaico (galego), tanto este povo era indomável e forte. Pelo princípio do século V os bárbaros do norte invadem as diversas províncias do império romano. No ano de 409, aos 13 de Outubro, uma terça-feira, memorant die, como traz Idácio (119) [22], os alanos, vândalos

(119) IDÁCIO — Chronicon, ad annum 409. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 4, p. 351. É notável o agouro com a terça-feira, que a entrada destes bárbaros assinalou tristemente. Depois, parece que, pelo decorrer dos tempos, sempre sucessos funestos se têm encarregado de lhe manter a lenda de desgraça que a cerca: a mesa grande do tribunal da Inquisição funcionava às terças e às sextas-feiras, como aponta Frei Lucas de Santa Catarina, na 4ª parte da História de S. Domingos, livro 1, cap. 34. Numa terça-feira, aos 12 de Julho de 1491, caiu de um cavalo o príncipe filho de D. João II, em Almeirim,

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SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO DISTRITO DE BRAGANÇA

TOMO I

e suevos irrompem nas Espanhas, e, no ano seguinte, Alarico, rei dos godos, entra em Roma, devastando tudo. «À terça-feira (diz o rifão popular), não cases a filha nem urdas a teia». A entrada destes bárbaros nas Espanhas ficou assinalada por extremas calamidades. No seu furor destruidor nada poupavam: vidas, fazendas, frutos, edifícios, tudo foi pasto da sua desenfreada ferocidade. Como consequência, sobreveio uma fome espantosa: os homens, obrigados pela necessidade, comiam-se uns aos outros; as mães matavam os próprios filhos para os comer; as feras, acostumadas aos cadáveres, que pelos imensos morticínios ficavam insepultos, atiravam-se aos vivos, e de tanta corrupção e miséria promanou a peste que dizimou milhares e milhares de vítimas, vindo assim a unirem-se em toda a sua potência destruidora os três maiores flagelos da humanidade: fome, peste e guerra (120).

de que logo morreu, como traz Garcia de Resende na Crónica de D. João II, cap. 132. A este propósito diz o mesmo Resende, na Miscelânia, p. 148: Era de dezeseis annos E casado de oito mezes. Perfeito entre os mundanos, Mui quisto dos castelhanos Descanço dos portuguezes. Uma triste terça-feira, Correndo uma carreira Em um cavallo, caiu; Nunca fallou, nem buliu E morreu d’esta maneira. Damião de Góis, na Crónica de D. Manuel, 2ª parte, cap. 29, diz que o conde D. Pedro Navarro, chegando a Arzila, quisera ir cometer o arraial do rei de Fez; mas, como era terça-feira, dia em que tinha agouro, assentou de só o cometer no dia seguinte. (120) IDÁCIO — Chronicon, ad annum 410. Há anos notavelmente assinalados pelas calamidades que neles tem sofrido a humanidade, fazendo-os sentir de um modo mais particular na nossa região. No ano 512 da fundação de Roma, foi a Espanha muito amargurada pela seca e falta de águas, e, consequentemente, de mantimentos. MARIANA — Historia General de España, livro 2, cap. 6. O ano de 539, depois da fundação de Roma, foi assinalado na Espanha pela falta de mantimentos e peste, que matou muita gente, sendo que, dois anos antes, a abundância de colheitas fora notável. MARIANA — Historia General..., livro 2, cap. 12 e 15. Em 386, ou pouco antes, por falta de águas em Espanha, sobreveio uma grande fome e mortandade não menor. MARIANA — Historia General..., livro 2, cap. 3. Em 469 houve grande fome. Devido à alteração das estações não se colheram frutos. IDÁCIO — Chronicon, ad annum 469. In FLORES — España Sagrada, tomo 4, p. 385.

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49 TOMO I

Durante dois anos as Espanhas ficam entregues a todos os horrores; por último, em 411, os bárbaros sossegam alguma coisa e dividem entre si a presa. Os suevos e os vândalos ficam com a Galécia, mas em 420, segundo Idácio, a quem vamos seguindo nesta narração, por ser autor coetâneo, os vândalos abandonam completamente o território aos suevos, passam para a Bética e dali em breve a África. Gonderico, e depois seu filho Genserico, foram reis dos vândalos na Galiza. Na África também pouco estáveis foram, pois S. Isidoro coloca no ano de 522 a sua destruição aos golpes de Belisário [23].

Em 680, reinando Ervígio, rei dos godos, uma cruel fome despovoou grande parte da Espanha. Chronicon Pacense, ad era 718. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 8, p. 294. O mesmo Pacense na era de 788 (ano de Cristo 750 ou 753, segundo MARIANA — Historia General de España, livros 4 e 7, p. 45), aponta outra fome espantosa que vexou Espanha. O ano de 1124 (era 1162) foi de terrífica memória pelas fomes que espalhou, e ficou por antonomásia conhecido por «ano mau». O documento nº 38 das Dissertações Cronológicas, Apêndice, de João Pedro Ribeiro, reza assim: «Facta carta..., era MCLXIII. Ista carta fuit facta uno anno post annum malum». Deve ser a esta fome que se refere o Chronicon Lusitano, in FLOREZ — «España Sagrada», tomo 14, p. 407, a qual reinou em Portugal, desde o Minho até ao Tejo, embora a era de 1160 que lhe dá não concorde exactamente (vide VITERBO — Elucidário, artigo «Ano mau».) No tempo de D. Sancho I, pelos anos de 1189, houve tão grandes invernadas e «tão desacostumadas chuvas que se perderam as novidades de pão, vinho, azeite e frutas de todo. Porque o pouco que ficava o comeu a grande multidão de bichos, que nasciam como praga do céu. Após isto sucedeu tamanha seca e quentura em tempos de outono e inverno que não podiam os homens cultivar as terras. Com estas trocas sobreveio grande peste. Na terra de Braga adoeciam homens e mulheres de doenças de tão terrível ardor e quentura que lhes parecia que lhes ardiam as entranhas e com raiva se comiam a si mesmos e morriam sem remédio algum. Além disso, houve muitos anos tanta falta de mantimentos, que muita gente morria, e os que viviam se sustentavam de ervas do campo quando as achavam». LEÃO, Duarte Nunes de — Crónica de el-rei D. Sancho I. Rui de Pina diz o mesmo. Ainda o mesmo escritor, na citada Crónica, nos diz que no ano de 1202, por causa das grandes e continuadas chuvas que sobrevieram em todos os meses daquele ano se não puderam fazer as sementeiras de que veio uma tão grande fome que, dizem, dela morrera a terça parte da gente, principalmente no reino de Galiza, onde se despovoaram muitos lugares. Vide C HAGAS , Pinheiro — História de Portugal, popular ilustrada, vol. 1, p. 490. PIMENTEL, Alberto — História do culto de Nossa Senhora em Portugal, p. 37. O Chronicon Conimbricense, ad era 1210, que se deve emendar para 1240 (ano de Cristo 1202), como advertiu Herculano, fala nesta fome. Eis como o Livro da Noa de Santa Cruz de Coimbra, in Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, livro 3, prova 10, a descreve: «Facta fuit magna fames por universum mundum, qualis non fuit ab initio, et fuit magnus plurit (sic) super omnes homines, et morte vehemens in toto orbe terrarum tam in hominibus, quam in punentis».

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TOMO I

Hermérico foi o primeiro rei dos suevos na Galiza, que não chegou a dominar completamente, e, cansado de tanto lutar, fez as pazes com os galegos, permitindo-lhes viver independentes em certa parte do território. Réquila, seu filho, que lhe sucedeu, agregou ao reino as províncias Bética e Cartaginense. Sucedeu-lhe Requiário, que foi derrotado perto de Astorga, junto ao rio Orbigo, por Teodorico II, rei dos godos; fugiu, mas foi apanhado e morto junto a um lugar chamado Portucale ou Portucalem. É para notar este lugar mencionado na Historia de Regibus Gothorum, Divi Isidori, que é o documento que agora vamos seguindo, [era 596] (121). Segundo Teófilo Braga (122), a «designação Portugal é desconhecida em todos os documentos anteriores a 1069», com cuja opinião parece estar em desacordo o texto acima [24]. Demais, Idácio (123) menciona também o Castrum Portucale. Já no primeiro concílio nacional, convocado pelos godos em 589, aparece pela primeira vez a menção da Igreja Episcopal Portucalense (124). Além disso, o Chronicon Lusitanum (125), o de Sampiro (126) e o de D. Pelaio (127), já apontam este nome. Poderá dizer-se que Portugal

Em 1333 as colheitas foram más, os cereais atingiram preços extraordinários, vendendo-se o alqueire de trigo por vinte soldos, o de milho por treze e o do centeio por dezasseis, respectivamente: 6$933, 3$983 e 4$900 réis da nossa moeda. CHAGAS, Pinheiro — História de Portugal..., vol. 1, p. 490. Em 1348 foi em Portugal o ano da «Grande peste». V ITERBO , artigo «Levadigos e Morteidade». O ano de 1569 é também chamado o de «Grande peste». GÓIS, Damião de — Crónica de D. Manuel, p. 86, descreve bem tetricamente a fome que houve no ano de 1503. Em 1556 houve fome em Portugal. CARDOSO — Agiologio Lusitano, ao dia 23 de Junho. No ano de 1574 houve geral falta de frutos em Entre-Douro-e-Minho e, no seguinte, grande fome. Vendia-se o alqueire de milho por um cruzado e quem o achava por este preço havia-o por boa ventura. SOUSA, Luís de, Fr. — Vida de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, livro IV, cap. V. Em 1594 houve em Portugal uma geral fome; despovoaram-se lugares inteiros por não terem com que se sustentar. CARDOSO — Agiologio Lusitano, ao dia 2 de Março. Em 1793 as colheitas foram escassas, não só em Portugal, mas na Europa. Houve grande fome. SORIANO — História da Guerra Civil, 1ª parte, tomo 2, p. 29. (121) FLOREZ — España Sagrada, tomo 6, p. 492 e 512. (122) BRAGA, Teófilo — Teoria da História da Literatura Portuguesa. Porto, 1896, p. 206. (123) IDÁCIO — Chronicon, ad anum 459, edição de Florez. (124) FLOREZ — España Sagrada, tomo 6, cap. 6, p. 150 e tomo 21, p. 20. É o terceiro concílio dos toledanos. (125) Ibidem, tomo 14, p. 404, ad era 1033 e 1109. (126) Ibidem, tomo 14, p. 440, ao tratar de Afonso III. (127) Ibidem, p. 471. Ver CHAGAS, Pinheiro — História de Portugal, popular ilustrada, vol. 1, p. 2, em nota.

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51 TOMO I

está aqui em substituição de Lusitânia; isto, porém, não salva de confusão o texto do ilustre escritor português. Esta derrota de Riquiário abalou por completo o reino dos suevos. Os poucos que sobreviveram, retirados para as extremas partes da Galiza, elegeram Maldras por seu rei; mas em breve surge a guerra civil. Outra facção escolhe Frantano. A morte de Maldras mais aumenta a luta. Frumário e Remismundo disputam entre si o reino. Em 464, Frumário invade Chaves, a qual magni avertit excidio (128). Parece que alguns galegos gozaram sempre de certa autonomia, porque Remismundo ainda celebrou um tratado de paz com eles (129) pelos anos de 464; ou seria que com a guerra civil eles tinham levantado a cabeça? Foi no governo de Remismundo que Ajax, de nação gálata, semeou a heresia ariana no meio dos suevos que lentamente haviam abraçado o Cristianismo. As prédicas de Ajax tiveram lugar pelos anos de 464 (130), e para a sua eficácia muito concorreu Remismundo. A este seguiram-se vários reis suevos, de quem a história não aponta os nomes, e todos professaram o arianismo. Por último, reinou Teodemiro, que abraçou o Cristianismo convertido por S. Martinho, bispo de Dume, perto de Braga, juntamente com a sua nação. Miro, seu filho, sucedeu-lhe no trono, e a este seu filho Ebórico, que se viu privado da coroa pelo usurpador Andeca, sendo constrangido a tonsurar-se. Não gozou, porém, por muito tempo Andeca o reino, porque Leovigildo, rei dos godos, o venceu e privou do trono, obrigando-o igualmente a tonsurar-se, e extinguiu, incorporando-o no seu, o reino dos suevos, que havia durado por espaço de cento e setenta e sete anos (131).

(128) ISIDORO, Santo — Suevorum Historia, ad era 498. IDÁCIO — Chronicon, ad annum 460, edição de Florez. (129) Os mesmos, respectivamente, ad era 502 e ad annum 460. (130) ISIDORO, Santo — Suevorum..., ad era 502. (131) ISIDORO, Santo — Suevorum Historia, in fine. O mesmo, na História dos Godos, coloca o facto da extinção do reino dos suevos na era 606 (ano de Cristo 568), mas debaixo dessa era acumula vários factos sucedidos em diversos anos, e por isso, como se vê no Chronicon Biclarense, ad annum 585, edição de Florez, tomo 6, p. 391, foi no ano de 585 que a monarquia sueva deixou de ser.

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Godos Os godos pertenciam à horda de bárbaros que, como dissemos, no princípio do século V invadiram as províncias do império romano. Estes, segundo diz Idácio, caíram sobre a Itália, depois estabeleceram-se nas Gálias, de onde começaram a fazer incursões nas Espanhas. Já os vimos em luta com o suevo Requiário. A vitória que contra ele alcançaram deu-lhes a preponderâcia na península que, em 466, Eurico, rei dos godos, subjuga de facto pelas armas, e, em 531, elegem por rei Amalarico, na Espanha (132), onde extinguem sucessivamente a autonomia dos alanos que haviam ocupado as antigas províncias Lusitânia e Cartaginense, a dos vândalos silingos, aos quais coubera a Bética, e, por último, a dos suevos. Deve notar-se que os limites das províncias pertencentes a estes bárbaros nunca foram respeitados exactamente; vivendo em contínua luta, alargavam ou encolhiam as fronteiras à mercê das vitórias. Os suevos chegaram a dar ao seu reino, cuja capital era Braga, à custa das províncias dos outros, uma extensão enorme. Vários reis godos sucederam na Espanha, aos quais ficou sujeita a Galiza, e, por conseguinte, a região bragançana, até que, reinando Egica, deu em vida a seu filho Vitiza o reino de Galiza, mas, pela morte do doador, sucedida em 701, voltou à monarquia gótica (133). A série dos reis godos na Espanha, depois de extinta a monarquia sueva, é a seguinte: Leovigildo que, ainda ariano, perseguiu os cristãos; Recáredo, seu filho, que se converteu ao Cristianismo e com ele a nação; Liuva, Vitérico e Gundemaro; Sisebuto; Síntila; Sisenando; Quintila; Tulga; Quindasvinto e Recesvinto; Vamba; Ervígio; Egica; Vitiza e Rodrigo, em cujo reinado foi Espanha invadida pelos mouros, comandados por Tariq e Musa, lugar tenentes do wali, no ano de 711, que extinguiram a monarquia gótica (134). De Vitérico, que reinou desde 603 a 610, há moedas cunhadas em Ledra, Ledera ou Latra, da metrópole de Braga, que ficava no actual

(132) ISIDORO, Santo — Historia de Regibus Gothorum, ad era 504, 569. (133) Chronicon Pacense, ad era 736, in FLOREZ — España Sagrada, tomo 8, p. 296. MARIANA — Historia General de España, livro 6, cap. 18, edição de 1785, p. 368. Monarquia Lusitana, edição da Academia, 1806, livro 10, p. 58. (134) Chronicon Pacense, ad era 749. Chronicon Albeldense. In F LOREZ — «España Sagrada», tomo 13, p. 448.

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concelho de Mirandela (135), bem como de Tulga (640-641); igualmente as há de seu sucessor Quindasvinto (641-648) cunhadas em Calapa (ruínas entre Moimenta, no concelho de Vinhais e Qualedro, na Galiza) (136). Sarracenos, reis asturo-leoneses O domínio dos mouros na região pertencente ao distrito de Bragança deveu ser de curta duração [25], se bem que o onomástico acusa aqui a sua permanência, como em Alfajão, Arrifana, Babe, Baçal, Bagueixe, Couços, Mogadouro, Moás, Quirás, Soeira, lugares todos do distrito de Bragança, e Almansor, sítio no termo de Tinhela, deste bispado, derivados do árabe (137), e ainda outros como Guide, Atalaia, sítio no termo de Baçal, e talvez Sacoias. Na tradição popular vive muito fresca a sua memória, mas é bem conhecida a tendência do povo para conglobar, num mesmo indivíduo ou entidade étnica, factos diversos sucedidos em épocas muito afastadas. E como os sarracenos foram os últimos invasores, a lenda lança sobre eles quanto seguramente pertence aos romanos, pois ao passo que daqueles nem os escritores, nem a arqueologia, acusam vestígios alguns no distrito de Bragança, excepção feita do onomástico e da numismática, e tudo isso pouco, destes são abundantíssimos, cobrem-no numa vasta rede da qual os castro-luso-romanos ou restos claros dessa civilização representam as malhas a menos de légua umas das outras. E dizemos que deveu ser de curta duração, porque século e meio depois da invasão árabe, já vemos Ordonho I e seu filho Afonso III a povoarem as cidades que Afonso I ermara, o que indica posse relativamente pacífica, e entre elas fica a região bragançana. Demais, meio século após a conquista sarracena, já Afonso I, numa série de algaras ousadas, tala vitoriosamente enorme extensão de terreno inimigo. É verdade que, desde 976 a 1009 em que morreu, no tempo do califa Hisan II, o seu primeiro-ministro Muhammad ibn abi ’Amir teve em contínuo sobressalto os cristãos [26], pois, mandando publicar, com

(135) R ODRIGUEZ L OPEZ , Pedro — Episcopologio Asturicense. Astorga, 1906, tomo 1, p. 153, em nota. (136) Ibidem, p. 162, em nota. (137) SOUSA, João de, Fr. — Vestígios da Língua Arábica em Portugal. ARGOTE — De Antiquitatibus Conventus Bracaraugustani, p. 438, 448 e 450.

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TOMO I

todo o fanatismo de que a alma dum muçulmano é susceptível, el-djihed (guerra santa), chegou a encurralar nas Astúrias a monarquia fundada pelos descendentes de Pelágio. As vitórias deste hábil guerreiro e astucioso político grangearam-lhe o apelido porque é mais conhecido nos Chronicon de Hadjeb-al-Mansur (o ministro vitorioso), o Almansor do nosso onomástico. A gazua de Almansor estendeu-se também à Galiza, que muito teve a sofrer, mas não devemos entender, como quer o Chronicon do monge de Silos e outros, que ele destruiu e arrasou tudo. O contrário se deduz claramente desses mesmos documentos e já o constatou Herculano (138). Portanto, pouco ou nada deveu esta tormenta modificar o modo de ser da nossa vida social; as destruições mencionadas nos Chronicones referir-se-ão a alguns castelos ou povoações importantes fortificadas. À sua morte, a monarquia asturiana tornou a dilatar-se rapidamente para além do Douro. Pelos anos de 1188 a 1195 veio também combater na Espanha, contra os cristãos, o califa de Marrocos, Ya’qub al-Mansur, mas estas incursões tiveram pouca importância (139) [27], devendo ser, portanto, do outro os nomes que ficaram a vários sítios do termo em Portugal. Pelágio, da estirpe régia dos godos, após a sangrenta batalha ou batalhas em que se submergiu a monarquia de Rodrigo, retirou-se, com os poucos escapados, para as montanhas das Astúrias, onde, sendo por eles nomeado rei, deu princípio à monarquia asturo-leonesa [28], com a sua primitiva capital em Cangas de Onís, que sucessivamente foi transferida para Oviedo e Leão. Morreu em 737 (140). Fáfila, seu filho, sucedeu-lhe no reino e governou dois anos. Adefonso I, cunhado de Fáfila, reinou em seguida durante dezoito anos. Tomou aos sarracenos muitas cidades, tais como: Lucum, Tudem, Portucalem, Bracaram Metropolitanam, Viseu, Flavias, Agatam, Letesmam, Salamanticam, Zamoram, Abelam, Secobiam, Asturicam, Legionem, Saldaniam, Mabe, Amaiam, Septemancam, Ancam, Velegiam, Alabensem, Mirandam, Rebendecam, Carbonariam, Abeicam, Brunes, Cinifariam, Adefanco, Oxomam, Cluniam, Argan-

(138) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal. «Introdução», 2 e 3, p. 101 e seg. e 150 e liv. 2, p. 211, liv. 7, parte 1, p. 188 e seg. (139) Ibidem, livro 3, p. 22, 52 e 70. (140) Chronicon Albeldense. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 13, p. 450. Não é bem sabido o ano em que foi eleito rei, e até alguns duvidam da sua existência, o que nos parece sem fundamento, atentas as provas negativas em que se baseiam. MARIANA — Historia General..., quer que a sua eleição fosse em 716. Ver a nota que vem no livro VII, cap. 1, do vol. 3.

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ciafi (141) [29]. «Campos quos dicunt Gothicos usque ad flumem Dorium eremavit, et cristianorum regnum extendit.» (142). Ora, morrendo este rei em 757, segundo traz o Chronicon Sebastiani, menos de meio século depois da invasão árabe, embora tenhamos de dar a esta data o desconto devido à pouca exactidão cronológica que há nos documentos desta época, e tendo ele tomado aos sarracenos as cidades indicadas e, certamente, o distrito de Bragança, que entre elas fica encravado, achamos não ser temeridade o afirmar que o domínio sarraceno, na nossa região, foi efémero e nunca tranquilo. Daqui concluímos que o distrito de Bragança deveu, nesta época, ficar desabitado, sendo a sua população transportada para as Astúrias [30]. Alexandre Herculano (143), também baseado nos lugares dos Chronicons citados, entende que as províncias que hoje chamamos Galiza e Castela Velha, e outras regiões próximas, sucessivamente foram despovoadas meio século apenas depois da conquista sarracena, pelos reis astures, que transportaram para as suas montanhas os habitantes, e só por esta exuberância de população se explica, diz o ilustre historiador, o rápido incremento da monarquia de Oviedo. Idêntico sistema adoptou modernamente Wellington contra os franceses nos entrincheiramentos de Torres Vedras. Fruela, Aurélio, Silo, Mauregato, Veremundo, Afonso II, Ramiro ou Ranemiro, que morreu em 850, reinaram em seguida. Ordonho I, filho de Ramiro, sucedeu-lhe no trono e morreu em 866, depois de haver povoado Leão, Astorga, Tui, Amaia e muitas outras terras (144). Daqui se mostra como só no tempo deste rei é que a região bragançana deveu ficar definitivamente pertencente aos cristãos, depois de sofrer contínuas devastações, tanto como dos sarracenos, e foi repovoada, sem dúvida, com as colónias que Afonso I havia retirado para as Astúrias. Afonso III, seu filho, sucedeu-lhe a 26 de Maio de 866 e morreu em 911 (145). Povoou as cidades de Braga, Porto, Viseu, Lamego, Chaves (Flaviensis) e outras (146).

(141) Chronicon Sebastiani. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 13, p. 481. (142) Chronicon Albeldense, ibidem, nº 52. (143) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, liv. VII, parte 1, p. 179. (144) Chronicon Albeldense, in FLOREZ — «España Sagrada». (145) Chronicon Sampiri, in FLOREZ — «España Sagrada», tomo 14, p. 430. (146) Chronicon Albeldense. Chronicon Sampiri. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 14, p. 440.

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TOMO I

Garcia I, Ordonho II, que morreu em 924, Fruela II, Afonso IV, que morreu em 931, Ramiro II, que morreu em 951, Ordonho III, Sancho I, Ramiro III, Bermudo II, Afonso V, Bermudo III e Fernando I, que morreu em 1065, reinaram sucessivamente. Fernando I dividiu em sua vida o reino por seus três filhos: Afonso, que teve Leão com Astúrias; Sancho, toda a Castela, e Garcia, toda a Galiza (147). Não conservaram, porém, muito tempo entre si a paz, e Afonso, que foi o sexto na ordem cronológica dos deste nome, ficou senhor dos estados de seus irmãos. Morreu ele em 1109 e foi o pai de D. Teresa, mulher do conde D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Mariana (148) e Brito (149) dizem que já Afonso III dera em vida o senhorio da Galiza a seu filho D. Ordonho. Parece que na Galiza houve sempre um fermento de revolta contra os reis astur-leoneses, talvez o desejo da autonomia. Vários deles tiveram aí sérias dificuldades a vencer, tais como: Afonso III, Ordonho III, Sancho I, etc. (150). Amado (151) diz que Afonso IV, arrependido de ter abdicado o reino em favor de seu irmão Ramiro, pretendeu reavê-lo, resultando daqui guerra entre os dois, e que os mouros, aproveitando-se da ocasião, invadiram os estados cristãos, tomando Bragança, Lamego e Porto, estendendo-se desde o Douro até ao Tejo, pelos anos de 934. Não sabemos até que ponto seja verdadeiro este facto que não achamos mencionado nos chronicones da época. Mariana (152) diz que Ramiro teve realmente muitas guerras com os mouros, das quais sempre saiu vitorioso, e não menciona o facto apontado por Amado; porém, se realmente assim foi, logo seriam obrigados a abrir mão dessas cidades, pois o mesmo Amado diz que Alboazar Ramires, filho de Ramiro, reconquistou logo Bragança.

(147) Chronicon de D. Pelayo. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 14, p. 471. (148) MARIANA — Historia General de España, liv. 7, cap. 19, tomo 3. (149) BRITO, Bernardo de, Fr. — Monarquia Lusitana, liv. 10, p. 58. (150) Chronicon Sampiri, in FLOREZ. (151) AMADO, José de Sousa — História da Igreja Católica em Portugal, no Brasil e nas Possessões Portuguesas, tomo 2, p. 188, 195. (152) MARIANA — Historia General de España.

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Monarquia portuguesa

Proclamada a independência de Portugal em 1139 [31], com o seu primeiro rei D. Afonso Henriques, parece que a fronteira portuguesa, na parte respeitante ao distrito de Bragança, logo correu, com pouca diferença, pelas demarcações actuais. Ouçamos Herculano: «Desde Montalegre até Bragança nenhuns documentos nos autorizaram a supor que os limites do país fossem subsequentemente alterados, devendo-se por isso crer que são os mesmos desde o princípio da monarquia». Um diploma de 1130 figura Fernão Mendes, o Braganção, como governador, por Afonso Henriques, em Bragança e em Lampaças, território ao sudoeste desta cidade (153), e as particularidades coligidas por Figueiredo (154), o que tudo nos indica dilatarem-se os territórios portugueses para o ocidente de Bragança até Montenegro [32]. Do testamento de D. Fruela Ermiges (155) se vê que os distritos do norte de Trás-os-Montes eram Bragança, Montenegro e Laedra. Bragança teve foral, dado por D. Sancho I, em 1187 [33]. O de Laedra entestava com Bragança e pertencia a Portugal (156). Mas onde ficava situado? Devia ser contíguo ao de Lampaças e ambos a sudoeste

(153) RIBEIRO, João Pedro — Dissertações Cronológicas, tomo 3, parte 1, p. 99. (154) FIGUEIREDO — Nova História de Malta, tomo 1, § 115, 117. (155) Arquivo Nacional, G. 7. M. 10, nº 15. (156) Livro II de D. Afonso III, fol. 70 v.

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MONARQUIA PORTUGUESA

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de Bragança e a nordeste de Mirandela. Pelo menos este último concelho pretendia exercer aí jurisdição (157), e em 1196 doava Sancho I a Fernando Fernandes a vila de Sesulfe na terra de Laedra (158) [34]. Descendo, porém, de Bragança para o sul, achamos que a vila do Vemenoso (Vimioso), em termo de Miranda e no território do castelo de Ulgoso (Algoso), pertencia a Sancho I, em 1186 (159). No ângulo que a linha da fronteira forma para o nascente acima de Miranda, doava este príncipe, em 1211, ao mosteiro leonês de Moreruela o reguengo de Infaneis (Ifanes) (160) [35]. A Miranda dera foral Afonso Henriques, em 1136 (161) . Com os termos deste município partiam provavelmente os de Mogadouro, ao sul do qual principiava o concelho de Molas (Mós). No foral deste último concelho se lê: «et inde a parada inter vos et mugadoiro». Pelas confrontações escritas nesse diploma se conhece que o território de Mós se dilatava para o norte e parte até o Sabor, ao passo que o de Urros (Urrios) o limitava pelo sul a bem curta distância da cabeça daquele concelho, estendendo-se até à margem direita do Douro. Ainda que o foral de Urros careça de demarcações que muitas vezes se indicavam nas cartas de município, todavia, dos lugares em que se estabelecem os pontos nos quais se haviam de debater e julgar as demandas entre os habitantes de Urros e os povos limítrofes, o que sempre era na raia municipal ou mediania, se conhece que esta raia chegava ao Douro (162).

Vale de Prados de Ledra, anexa das Múrias Como vemos, Herculano não acha onde ficaria situado o concelho de Laedra. Pela semelhança dos nomes, julgamos que a sua cabeça seja a Ledera dos fragmentos do concílio de Lugo, uma e a mesma Leta da divisão de Wamba, atrás mencionadas como igrejas pertencentes à Sé de Braga; e como ainda hoje a freguesia de Carvalhais, no concelho de Mirandela, tem uma anexa chamada Vilar de Ledra, entendemos que

(157) FIGUEIREDO — Nova História de Malta, tomo 1, § 115. (158) Arquivo Nacional, G. 3, M. 7, nº 2. (159) Livro II de Afonso III, fol. 70v. (160) Ibidem, fl. 15. (161) M. 12 de F. A., nº 3, fol. 9. (162) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, nota 1 ao vol. 2, p. 131.

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por aí, ou perto, na de Fornos de Ledra, demoraria o outrora importante povoado de quem herdou o apelido distintivo. Também perto deles fica Vale de Prados de Ledra, anexo da freguesia das Múrias. Imediato a este ficaria o de Lampaças, de quem o onomástico da freguesia de Quintela de Lampaças, no concelho de Bragança, nos conserva vestígios. Ainda hoje, nos livros em que as confrarias de Bragança assentam os respectivos confrades, à parte dos que pertencem das povoações de Santa Comba e Sortes, para o sul, chamam «Ramo de Lampaças». As antigas divisões eclesiásticas, diz Sarmiento, acomodavam-se às divisões dos povos gentios. Em arcediagados para os povos maiores, e arciprestados os menores. É vulgar estar oculto no nome de um arcediagado ou arciprestado o nome de algum povo antigo (163) [36].

Divisão dos dois condados — Galiza e Portugal no tempo do conde D. Henrique (1097) [37] «A divisória entre os dois condados ou as duas Galizas, isto é, a lucense e a bracarense, não obedeceu então à ideia de conservar a mesma que os romanos demarcaram nos dois conventos jurídicos: o lucense e o bracarense. Na época dos romanos, o rio Umia, ou das Caldas (164), era o limite divisório pela costa de oeste, entre as duas Galizas, estendendo-se esta linha até ao leste horizontalmente; de modo que os povos hoje de Vigo, Tui, Pontevedra, Ribadavia, Alariz e outros do Lima pertenciam não à Galiza de hoje, à lucense, mas à Galiza bracarense. Desde o rio Bubal descia em seguida (a linha divisória) para o Castelo de Monforte de Rio Livre, e seguindo de oeste para leste até Manzalvos, formava entre este ponto e Castrelhor o vértice de um ângulo, pois que daí, torneando Bragança, descia perpendicularmente para o sul até ao Douro» (165).

(163) SEPÚLVEDA, Cristóvão Aires de Magalhães — Estradas Militares Romanas de Braga a Astorga. Segundo um manuscrito do padre Martim Sarmiento, conservado na Biblioteca da Real Academia de História de Madrid, nº 63. (164) PLÍNIO, liv. 4, cap. 20. (165) VICETO, Benito — Historia de Galicia, liv. 11, 22. AIRES, Cristóvão — História do Exército Português, vol. 3, p. 273.

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D. Sancho I Bragança cercada pelo rei de Leão. El-rei D. Afonso IX de Leão casara com D. Teresa, filha de D. Sancho I de Portugal, sua parenta em grau proibido pela igreja para a validade de tal enlace; o papa fez-lhes ver a nulidade deste matrimónio em face dos cânones, e ameaçou mesmo o reino com a excomunhão, caso não se separassem. Depois de várias hesitações, D. Teresa foi reenviada para Portugal. D. Sancho, suficientemente bronco para não perceber mesmo as razões fisiológicas de tal separação, não a levou a bem e nalgumas hostilidades cometeu contra o leonês, que motivaram o ingresso deste, em som de guerra, pela fronteira norte de Portugal, vindo cercar Bragança em 1198 ou princípio de 1199 (166). São ignoradas as circunstâncias deste cerco, que o autor da Bragança e Bemquerença coloca em Maio de 1199 e D. Sancho veio defender em pessoa. Constando este facto originária e unicamente de um documento citado por João Pedro Ribeiro (167), datado da era de 1237 (ano de Cristo 1199) «... mense maio: regnante Rege Sancio a flumine Minio usque in Ebora, et a mari Occidentale usque in Edame, eo videlicet anno quo venit occurrere Civitati Brigantie et liberavit eam ab impugnatione Regis Legionensis», não nos parece, como pretendem alguns, que o sítio de Bragança fosse precisamente em Maio de 1199, porquanto o texto em questão apenas nos autoriza a concluir que foi antes desse mês. Também em mais de um lugar das Inquirições de D. Afonso III se encontra a mesma referência, as quais dizem o seguinte, tratando da povoação de Malhadas, no concelho de Miranda do Douro: «ergo villa de malada quod audiviti dicere hominibus qui sciebant quod Rex donus Sancius senex dedit illam donno Nuno de Zamora et donno Egidio et donno Petro de Zamora tali pacto quod si veniret guerra ad braganciam aut cercum quod ipsi intrarent in blagancia et quod defenderent eam et postea blagancia fuit cercata e ipsi supradicti noluerunt intrare in ipsa villa nec defendere eam».

(166) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, liv. 3, p. 88. (167) RIBEIRO, João Pedro — Observações de Diplomática Portuguesa, parte 1, obs. 10, p. 130. Idem, Dissertações Cronológicas, tomo 3, parte 1, nº 649. Este documento pertencia ao convento de S. Martinho da Castanheira, no reino de Leão, de onde passou para o cartório da casa dos Figueiredos, em Bragança, acompanhando as propriedades que esta casa havia comprado àquele mosteiro.

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Iguais declarações fazem ao tratarem do julgado de Ulgoso (Algoso) e da freguesia de Sancti Chrestophori de Barceosa e referindo-se à de Rivulo Frigido (hoje Rio Frio de Outeiro), acentuam que o rei de Leão tomou Algoso talvez ao marchar sobre Bragança.

Reinado de D. Afonso II Algoso, Miranda, Urros, Mós, Freixo, Ledra, Lampaças e Vinhais tomadas pelo rei de Leão. — Espírito belicoso de Freixo de Espada à Cinta. D. Sancho I legou a suas filhas, em testamento, algumas terras e castelos; porém, seu filho D. Afonso II, que lhe sucedeu no reino, não esteve por tal determinação, e pretendendo esbulhar suas irmãs das terras assim doadas, invadiu-lhas. Imploram estas o auxílio do rei de Leão, que subitamente tala a fronteira norte e oriente de Portugal, assenhoreando-se dos seus castelos, desde o de Contrasta, que foi destruído, até ao de Alva, sobre o Douro, e por isso o de Melgaço, Lanhoselo, Ulgoso (Algoso), Balsemão, Freixo, Urros, Mós e Sicoto (sic, será Picote?) caíram-lhe nas mãos e tiveram de aceitar a suserania, alcaide e guarnição leonesa, bem como os distritos de Barroso, Vinhais, Montenegro, Chaves, Ledra, Lampaças, Aguiar, Panóias e Miranda [39]. Estas guerras, que duraram quase dois anos, terminaram por um tratado de paz celebrado em 1213, segundo o qual Afonso IX de Leão restituiu a Portugal os castelos tomados (168). Mas esta paz pouco sossego deveu trazer ao nosso distrito, porque desde 1220 a 1223, Martim Sanches, bastardo de D. Sancho I, que, igualmente espoliado pelo meio irmão, se acolhera à protecção de Afonso IX de Leão e lhe dera a suprema autoridade militar na fronteira de Galiza ao norte de Portugal, pretextando pequenas ofensas dos povos confinantes portugueses, invadiu o nosso território ao mesmo tempo que el-rei de Leão devastava a província de Trás-os-Montes, tomando Chaves, que só veio a entregar em 1231, reinando D. Sancho II (169). Herculano, na nota 25 ao vol. I, pág. 506, alude a um documento relativo ao ano de 1236, publicado por Brandão, do qual se deduz que um infante chamado D. Afonso se apossara de Alva nos anos atrás, que já a havia perdido, e que D. Sancho II, louvando o acto de lealdade que pratica-

(168) PINA, Rui de — Crónica de D. Afonso II, cap. 2. HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, liv. 4, p. 162. (169) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, liv. 4, p. 234; liv. 5, p. 321.

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ram os de Freixo de Espada à Cinta, lhes deu Alva por aldeia do seu termo, sendo expulsos os que nela moravam quando o infante a tomou (170). Não é bem sabido, continua Herculano, quem seja este infante que se apossou de Alva, de acordo com os seus habitantes. Brandão supôs que seria um filho de Fernando III, depois Afonso X; porém, Herculano não concorda, pois, segundo ele, pelo meado de 1236 o infante de Castela pouco mais tinha de 14 anos, e além disso, tal acto praticado pelo herdeiro da coroa indicaria guerra entre Portugal e Castela, de que não há vestígios alguns depois da concórdia do Sabugal. Assim, resta a hipótese de que fosse o infante leonês Afonso de Molina, irmão de Fernando III. Neste pressuposto escreve, pois, Herculano, que o desleixo administrativo de D. Sancho II deu aso a que D. Afonso, infante de Molina, irmão de D. Fernando III, rei de Leão, tomasse o castelo de Alva, de acordo com seus habitantes; mas foi repelido, ao que parece, pelo concelho de Freixo de Espada à Cinta, de cujo espírito belicoso nos restam claros indícios. Em castigo, Alva perdeu os seus foros de município e foi reduzida a aldeia do de Freixo de Espada à Cinta, ao qual se uniu também o castelo de Urros, que se achava deserto, provavelmente desde que no tempo de D. Afonso II ficara sujeito ao domínio leonês, e cujo território aquele belicoso concelho prometia ocupar e defender (171).

D. Afonso IV D. Afonso IV, logo que se viu senhor do reino, deu largas ao seu rancor contra seu meio irmão Afonso Sanches, bastardo de D. Dinis, e confiscou-lhe os bens; irritado o bastardo, retirou-se para Castela e acompanhado do infante D. Filipe e tropas invadiu Portugal pelos lados de Bragança em 1326, espalhando por toda a parte o incêndio e a destruição. Não se sabe ao certo o dia nem o mês em que este facto teve lugar, mas deveu ser antes de 4 de Julho [40]. Devido à intervenção da rainha Santa Isabel, os dois irmãos congraçaram-se, vindo mesmo o bastardo habitar em Portugal, onde viveu até 1329 (172).

(170) LEAL, Pinho — Portugal Antigo e Moderno, artigo «Freixo de Espada-à-Cinta», descreve no ano de 1240 a tomada de Alva. (171) HERCULANO, Alexandre — História de Portugal, liv. 5, p. 347. (172) LEÃO, Duarte Nunes de — Crónica de D. Afonso IV. CHAGAS, Pinheiro — História de Portugal, popular ilustrada, vol. 1, p. 210.

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Guerras entre D. Fernando I de Portugal e D. Henrique de Castela [41] Miranda, Outeiro, Mós, Vilarinho da Castanheira, Bragança e Vinhais tomadas pelos castelhanos. — Feito glorioso dos de Moncorvo. — Doações de Mirandela, Moncorvo, Alfândega da Fé, Bemposta, Penas Róias e Castro Vicente. Havendo o bastardo D. Henrique assassinado seu meio irmão D. Pedro, o Cruel, rei de Castela, assenhoreou-se-lhe do reino, que el-rei D. Fernando de Portugal lhe disputou, como bisneto de Sancho, o Bravo, e em 1369 invadiu a Galiza tomando a Corunha que logo abandonou, sabendo que D. Henrique vinha sobre ele, e fugiu para Portugal. Em represália, o castelhano veio sitiar Guimarães que não pôde tomar, graças à heróica defesa de seus moradores; recuando sobre a nossa província «e foi-se entom caminho de Braganza, e foia cercar e filhou-a» (173) em 1369 (174); mas a Chronica Conimbricense, lugar já citado, diz que a tomada de Bragança foi em 1370 e dois anos depois a de Miranda, no que certamente há erro, pois a esse tempo já estavam concluídas as pazes de Alcoutim que puseram termo à guerra. Além de Bragança, também caíram em poder do castelhano: Vinhais, Outeiro de Miranda (é a vila de Outeiro, cabeça do extinto concelho hoje incorporado no de Bragança) e Miranda do Douro (175). O documento que adiante aparece publicado pela primeira vez, e supomos referente a estas guerras, além de apontar também como tomadas pelos castelhanos as vilas de Mós e Vilarinho da Castanheira, respectivamente nos concelhos de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães, espécie não mencionada nos escritores, subministra elementos para ajuizarmos do modo como as coisas corriam. Diz ele: «... e que ora quando chegaram os nossos inimigos a essa comarca (Moncorvo) forom cercados e combatidos de muytas companhas dos ditos nosos imigos e lhe forom queimados gram parte dos arravaldes e termhos que avyam e lhes forom roubados os gaados e feitos outros muitos grandes dapnos,

(173) Chronica Conimbricense. In FLOREZ — «España Sagrada», tomo 23, p. 333. (174) M ARTINS , Oliveira — A Vida de Nun’Álvares: história do estabelecimento da Dinastia de Aviz. Lisboa, 1893, p. 29. C HAGAS, Pinheiro — História de Portugal, popular ilustrada, vol. 1, p. 304. (175) LOPES, Fernão — Crónica de D. Fernando, liv. I, cap. 35. LEÃO, Duarte Nunes de — Crónica de el-rei D. Fernando, edição de 1600, p. 192.

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de que ficarom muy dapnados e defendendo eles a dita vila e poendo os corpos e averes em nosso serviço ata que os ditos imigos se alçarom de sobre eles e que outro sy moos e vilarinho de castanheira que som acerca deles fezerom contra nos e contra nosso serviço o que non devyam em como sse o dito logo de vilarinho entregarom aos ditos nossos imigos sem serem combatidos, e o dito logo de moos se emprazarom e derom a refeens non seendo cercados nem combatydos non o fazendo eses lugares primeiro saber a nos seendo enprazados a tenpo que lhes podessemos acorrer» (176). É datado de 24 de Dezembro de 1381, e como castigo anexa as vilas de Mós e Vilarinho da Castanheira com seus termos ao concelho de Moncorvo. Não deixa de ter graça o facto de D. Fernando andar «mui prasmado dos povos», a sua indignação contra as supracitadas vilas e a pretensão de as ir defender ele, o poltrão, como diz Pinheiro Chagas, «que em vez de socorrer se deixava estar em Coimbra de sossego, como diz maliciosamente Fernão Lopes. Mostrou-se depois sumamente indignado contra os habitantes de Bragança e de outras povoações de Trás-os-Montes, que se tinham rendido a D. Henrique, chegando mesmo a confiscar os bens de alguns que supôs mais culpados, o povo murmurava por causa desta severidade. E como ao mesmo tempo que assim procedia, ele se deixava estar pela capital não fazendo viagens mais largas do que até Santarém ou coisa semelhante e então não havia o folhetim, nem a revista do ano, nem a sátira, nem o epigrama, nem mesmo a chansonette gaulesa cintilante de chiste e deliciosa de pico epigramático, o povo se desforrava no seu rifão que resumia tudo aquilo e Fernão Lopes nos conservou e que vai textual para lhe não tirar o pico original — ex volo vai, ex volo vem de Lisboa para Santarém — Asnos vão e asnos vêm de Lisboa para Santarém» (177). Modernamente, nas lutas constitucionais, o povo, eterno poeta, ressuscitou numa variante irónica o mesmo rifão aplicado a um grande general: Saldanha p’ra cima Saldanha p’ra baixo Mas não passa do Cartaixo.

(176) Está este documento em pergaminho no Arquivo de Moncorvo. (177) C HAGAS , Pinheiro — História de Portugal, popular ilustrada, vol. 1, p. 304 a 306.

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Alguém dá a entender (178) que Bragança foi tomada em 1371 ou depois, e conseguintemente as mais vilas citadas deste distrito, mas parece-nos que há equívoco, visto as pazes datarem de Março desse ano. Demais, as conquistas pelo território bragançano seguiram-se rápidas ao levantamento do sítio de Guimarães e «em mui poucos dias (como diz Fernão Lopes, e de caminho ouçamos-lhe a traça que usaram para Miranda) cá uns foram tomados por arte, outros por se não poderem defender. Assim como foi tomada Miranda que, antes que el-rei D. Henrique chegasse a ela, mudaram-se alguns seus e fingiram que eram recoveiros portugueses e que haviam mister viandas da vila por seus dinheiros, os do logar não se cotando de tal arte, deram-lhe lugar que entrassem dentro, e eles entrando tiveram logo a porta, e nisto chegaram à pressa os que iam cerca para lhes acorrer, e desta guisa houveram a villa» (179). Duarte Nunes de Leão na descrição que nos dá deste facto segue quase ipsis verbis o dizer do velho cronista (180). Referem os historiadores o pânico extraordinário que causou a entrada de D. Henrique na região portuguesa: uma verdadeira assolação [42]. Os frades, desamparando os conventos, vagueavam aflitos fugindo ao furor desenfreado da soldadesca castelhana; os moradores das aldeias abandonavam suas casas refugiando-se nas serras ou recolhendo-se «para as cercas e castelos com suas coisas e mantimentos», como aponta Duarte de Leão (181). Esta notícia do cronista mostra-nos a serventia de uma espécie de fortificações muito rudimentares que existem pelo nosso bispado, nos montes mas perto dos povoados, como a cerca de S. Vicente de Raia, concelho de Chaves, que enfileiram ao lado dos velhos Castros, das Torres, como a de Rabal, sobranceira à estrada de Bragança, das atalaias, como a da Candaira no monte de Urzelo, termo de Baçal (182), das Trincheiras como as duas, nos termos de Varge e Aveleda, no mesmo concelho de Bragança e em ponto menor, para fins de observação das Esculcas, como a de Vilartão na estrada de Vinhais para Chaves e dos vulgaríssimos fachos. Referindo-se a este pânico, diz Fernão Lopes: «e todos os montes daquela comarca (Trás-os-Montes) foram então cheios de homens, mulheres e moços, gado, e viveram na Abadia Velha, e em Ventuzelo e

(178) LOPO, Albino — Bragança e Benquerença, p. 96. (179) LOPES, Fernão — Crónica de el-rei D. Fernando, liv. I, cap. 35. (180) LEÃO, Duarte Nunes de — Crónica de el-rei D. Fernando, p. 192. Ver também, VITERBO — Elucidário, artigo «Ogano». (181) Ibidem. (182) O Arqueólogo Português, tomo 4, p. 76.

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em todas as aldeias dos montes altos, e todos os monges e abades dos mosteiros daquela comarca todos fugiram; e foi isto do mês de Agosto até Santa Maria de Setembro. E deixou el-rei D. Henrique recado (guarnição) na vila de Bragança e foi-se para Castela». Estas guerras entre D. Fernando e D. Henrique terminaram pela paz de Alcoutim, celebrada a 31 de Março de 1371, na qual se estipulava a entrega recíproca das terras tomadas e o casamento do nosso rei com D. Beatriz, filha do de Castela, o que não teve efeito e somente a primeira condição, voltando então ao domínio português Miranda e as demais vilas do nosso distrito com Bragança, governada na devoção de Castela, por um tal Garcia Alves de Osório (183). A propósito destas guerras e seus protagonistas mete o bom do Fernão Lopes na sua obra tais naturalismos de frase vermelha que excedem muito quanto a moderna musa da escola realista canta. Hajam vista os capítulos XLI e LIII do livro I da sua crónica. Na Ribeirada ou na Manteigui, de Bocage, não se diz mais desbragadamente, embora com mais malícia. Por ocasião destas guerras fez o rei D. Fernando de Portugal largas doações aos fidalgos galegos e castelhanos que para ele se voltaram, como foram no nosso distrito: Mirandela, a D. Fernando de Castro, cunhado de el-rei D. Henrique; Moncorvo, Alfândega da Fé, Bemposta, Penas Roias e Castro Vicente, a Fernando Afonso de Zamora (184).

(183) Duarte Nunes de Leão, na Crónica de el-rei D. Fernando, p. 198, diz que as pazes de Alcoutim se celebraram a 31 de Março; a mesma data lhe assina Pinheiro Chagas, na História de Portugal, popular ilustrada, tomo 1, p. 316. Parece ser esta a data verdadeira; porém, Mariana, na Historia General de España, tomo 6, p. 226 da edição de Valência, diz que tiveram lugar a 1 de Março. (184) LEÃO, Duarte Nunes de — Crónica de el-rei D. Fernando, p. 189 v.

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Guerras entre D. João I de Portugal e D. João I de Castela Vinhais, Bragança, Outeiro, Mogadouro, Alfândega da Fé, Mirandela, Lamas de Orelhão e Monforte, mantêm voz por Castela; Miranda, Moncorvo, Freixo e Vila Flor, pelo Mestre de Avis. — João Afonso Pimentel entrega Bragança. — Castelãos. — Santuário de Azinhoso. — Mancebas mundaneiras. — Alardo da Vilariça. — Marcha à conquista de Castela. — O filho do rei de Inglaterra: sua hospedagem em Castro de Avelãs. — Tratado de Babe. — Miranda é tomada à traição. — Agrochão auxilia Bragança em tempo de suas necessidades. — Besteiros do conto. Pela morte de D. Fernando, rei de Portugal, sucedida em 1383, pretenderam vários este reino e mais porfiadamente D. João I, rei de Castela, como marido de D. Beatriz, filha do nosso rei e D. João, Mestre de Avis, bastardo do rei D. Pedro, o Justiceiro. A batalha de Aljubarrota, ganha pelos portugueses em 14 de Agosto de 1385, acabou de consolidar no trono o Mestre de Avis, meses antes aclamado rei, desvanecendo por completo as pretensões do castelhano que, no ano seguinte, apenas tinha por si algumas praças ao norte de Portugal, como: Chaves, Vinhais, Bragança, Outeiro, Mogadouro, Alfândega da Fé, Mirandela, Lamas de Orelhão, Monforte de Rio Livre e Montalegre (185), devendo notar-se que mesmo no distrito de Bragança, as vilas de Miranda do Douro, Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Vila Flor se declararam pelo Mestre de Avis logo desde o princípio (186). Neste número devemos também incluir a vila de Ansiães que, por doação de el-rei D. Fernando, de 13 de Março da era de 1410 (ano de Cristo 1372), a tinha João Rodrigues Portocarreiro; mas, seguindo este o partido de Castela, os ancianenses lançaram fora o seu fronteiro e resistiram corajosamente ao próprio João Rodrigues que os veio sitiar sem os poder tomar, apesar dos muitos roubos, incêndios e morticínios que praticou. Em represália foram os de Ansiães sobre Vilarinho da Castanheira, «onde jaziam homens darmas e de pee do dito Joham Rodriguez pera o defender. E que os combaterom e entrarom per força e que os tomarom e que delles prenderom e matarom». Como recompensa, por sua carta de 12 de Junho da era de 1422 (ano de Cristo 1384), fez D. João I a Ansiães doação da vila de Vilarinho da Castanheira (fl. 15 v., do Livro I de João I). (185) L OPES , Fernão — Crónica de D. João I, parte 1, cap. 192, parte 2, cap. 64, e CHAGAS, Pinheiro — História de Portugal..., vol. 1, p. 538. (186) LOPES, Fernão — Crónica de D. Joaão I, parte 1, cap. 162.

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Dispostas, pois, as coisas no resto do reino, veio D. João, juntamente com o condestável Nuno Álvares Pereira, ao norte, em 1386, pôr sítio a Chaves, que ofereceu longa e tenaz resistência, sendo enfim tomada na primavera desse ano. «Compostas as coisas de Chaves, diz Teixeira (187), partiu logo o condestável a Castelãos (no concelho de Macedo de Cavaleiros), onde o esperava Martim Gonçalves de Carvalho, seu tio, com a gente em ordenança, e marcharam contra Bragança, governada na devoção de Castela por João Afonso Pimentel. Tocou-se dentro a rebate, cobriu-se o muro de soldados, acudiu o povo tumultuário. O condestável enviou a dizer ao governador que vinha visitá-lo e não a pelejar. Com este aviso cessou não só a perturbação e estrondo dos instrumentos marciais, senão que João Afonso Pimentel (alcaide-mor, senhor de Bragança, marido de D. Joana, irmã bastarda da rainha D. Leonor e tio da rainha D. Beatriz, mulher de el-rei de Castela) (188), querendo satisfazer a cortesia do condestável com igual urbanidade, mandou abrir as portas e, saindo a recebê-lo nos braços, lhe ofereceu para quartel a sua casa, agasalho a que se escusou por lho defenderem as instruções e o cargo. Depois de falarem no campo largo espaço, entrou o condestável a persuadir a João Afonso Pimentel que mudasse de opinião, porque os homens os fazia maiores que o esforço, o deixarem-se vencer da razão; que todas as coisas tinham seu termo, que esta que defendia, brioso ou obstinado, chegara aos últimos limites, donde já não podia passar sem culpa; que as empresas se deviam seguir enquanto deixavam à esperança algum lugar de conseguir-se, mas quando as dificuldades as iam mostrando impossíveis, crescendo cada dia sem tornar-se decrépitas, não se livrava o valor de temeridade, e a constância de porfia». O Pimentel ainda apresentou algumas razões que eram, afinal, um pretexto plausível para entregar a praça, senão com honra ao menos com inculcas de fazer valer o sacrifício, pois, poucos dias adiante, em 9 de Maio de 1386, fez menagem dela ao rei de Portugal. Oliveira Martins (189) afirma que foram inúteis as seduções para render o alcaide de Bragança. Oxalá que assim fosse, mas a este escritor falta-lhe em erudição o que lhe sobeja em viveza e elegância de estilo, e

(187) TEIXEIRA, Domingos, Fr. — Vida de D. Nuno Álvares, segundo condestável de Portugal. Lisboa, 1723. (188) LOPES, Fernão — Crónica de D. João I, parte 2, cap. 70. O senhorio de Bragança fora dado de juro e herdade, como traz Duarte Nunes de Leão na Crónica de el-rei D. Fernando, ao Pimentel, em dote, quando casou. Era a cunhada a anichar a família. (189) MARTINS, Oliveira — A Vida de Nun’Álvares..., p. 318.

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sobre o caso diz Teixeira (190): «achamos em algumas memórias, que o Pimentel se deixara ultimamente persuadir das razões do condestável; porque passados poucos dias, rendida a praça, arvorou bandeira com as Quinas de Portugal. Dos juízos de fora uns o avaliaram temor, alguns cobiça e outros necessidade». Seja o que for, aqui o patriotismo briga com a dignidade de um governador que entrega a praça que jurara defender, sem ao menos queimar em sua honra um trom! Demais, a vilania praticada por essa ocasião, alienando-lhe todas as simpatias, mostra o carácter baixo que o informava, em briga com o sentimento da generosidade peculiar aos valentes. Ouçamos Fernão Lopes: «Entretanto, João Afonso Pimentel vendo como Chaves tivera de se entregar, que o rei de Castela o não socorria, que pouco a pouco todos os lugares iam tomando voz por Portugal resolveu entregar-se e como se chegava o mês de Julho do ano de 1386 e que muitos mercadores e almocreves castelãos iam com suas mercadorias para a feira de Santiago de Galiza e por estar Bragança por Castela passavam por aqui francamente ele os hospedou e recebeu mui bem e quando voltaram com mais dinheiro do que levaram usou modo de os prender a todos, tomou-lhes as bestas e o que levavam retendo por prisioneiros aqueles que quiz e alçou voz por Portugal e veio-se para el-rei o qual não houve por bem aquilo que fizera» (191). De Bragança partiu o condestável indo com sua gente em romaria ao lugar do Azinhoso, célebre pela devota imagem da Virgem ali venerada «em que havia devoção e depois de ouvir missa, ofereceu-lhe um firmal que apodavam a gran preço» (192). Deixados, pois, pendentes das paredes deste santuário os troféus tomados aos castelhanos, quis no dia seguinte o condestável expulsar do seu exército as mancebas mundaneiras que o acompanhavam. Mas aqui ardeu Tróia! A soldadesca desenfreada amotinou-se gritando acesa... em ira que o exército se não podia conservar sem aquela... tropa! O próprio condestável declarou depois que nenhum perigo ou batalha receara tanto, nem tivera inimigos que mais lhe custassem a vencer; mas, com a sua astúcia e prestígio, sempre conseguiu sair-se bem da arriscada empresa, logrando a expulsão desejada.

(190) TEIXEIRA, Domingos, Fr. — Vida de D. Nuno Álvares... (191) LOPES, Fernão — Crónica de D. João I, parte 2, cap. 72. (192) Ibidem, cap. 70. Elucidário, artigo «Azinhoso».

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Do Azinhoso, continua Teixeira, partiram as tropas em dois corpos distintos. Foi o condestável, com a sua gente, demandar a Torre de Moncorvo, onde foram recebidos com delirante entusiasmo, por aqueles povos se verem livres das devastações dos castelhanos, que, senhores das praças de Chaves e Bragança, onde acoitavam os roubos, assolavam aquela região, obrigando frequentemente seus moradores a passarem da enchada ou fouce à espada, lança e chuço, quando não era a clássica roçadoura ou bordão de carvalho. No dia seguinte marcharam para o vale da Vilariça ou Valariça, como escreve Fernão Lopes, onde el-rei veio reunir-se, o que deve ter tido lugar pelos 15 de Maio de l386, pois desse dia e lugar data a carta de privilégios concedidos por D. João I ao Azinhoso (193), que «visitou a muitas povoações abertas daquela raia em que não encontrou mais que nas ruínas incentivos a lástima e a vinganças; consolou os moradores que se carpiam das perdas dos bens e do descanso, porque os castelhanos talando os campos, discorriam até às portas de Vila Real e Murça com absoluto domínio, por povoações abertas aonde os míseros moradores entregavam as fazendas a troco das vidas» (194). É certo, porém, relativamente ao respeito da propriedade, que ainda nessa ocasião o fértil vale experimentou grandes devastações nos pães e semeados (195), mesmo pela nossa soldadesca, a despeito das expressas determinações régias. Foi nos planos da Vilariça que teve lugar a famosa revista ou «alardo de todas as gentes que aí eram e este foi o mais formoso alardo que até ali em Portugal fôra visto. Eram 4.500 lanças e eram aí também muitos homens de pé e muita bestaria» (196). Entretanto, o nosso rei, para divertir as forças de Castela, tinha procurado interessar João de Gand, duque de Lencastre, filho de Duarte III, rei de Inglaterra, animando-lhe as pretensões que tinha ao reino de Castela por parte de sua mulher em segundas núpcias, D. Constança, filha de Pedro, o Cruel, assassinado por seu meio irmão D. Henrique, como já dissemos. D. João ofereceu auxílio ao inglês, que aceitou e veio desembarcar com tropas no porto da Corunha, na Galiza. Entrevistaram-se os dois em Ponte de Mouro, perto de Melgaço, onde estipularam as condições

(193) (194) (195) (196)

VITERBO — Elucidário, artigo «Azinhoso». TEIXEIRA, Domingos, Fr. — Vida de D. Nuno Álvares... LOPES, Fernão — Crónica de D. João I, parte 2, cap. 73. Ibidem, cap. 71.

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da aliança e também o casamento do nosso rei com D. Filipa, filha do Lencastre, que logo se celebrou na cidade do Porto, partindo entretanto o inglês, na direcção de Bragança, onde chegou em vinte dias de jornada, por meados de Março de 1387, hospedando-se no mosteiro de Castro de Avelãs. Neste rico convento beneditino, situado a menos de légua de Bragança, esperou o duque de Lencastre a chegada de D. João e do seu exército; mas o nosso rei parece que se demorou mais do que convinha e o inglês já não estava contente, mesmo porque as moléstias e a campanha da Galiza lhe tinham dizimado fortemente o seu exército. Afinal, o recém-casado sempre chegou. Têm graça as recriminações que o duque lhe fez e Fernão Lopes nos conta em estilo assaz realista. Passaram juntos o Sabor na direcção de Babe, aldeia do concelho e a dez quilómetros de Bragança, que desde então ficou célebre pelo tratado aí celebrado, em 26 de Março de 1387, entre o nosso rei e o duque, conhecido pelo nome de Tratado de Babe, no qual este desistiu de todos os direitos que pudesse vir a ter à Coroa portuguesa (197). Devia ser muito para ver a imponência de tanta gente então reunida na Lombada, nas povoações de Babe, onde D. João estava hospedado, e noutra aldeia, a meia légua distante, o inglês (198) e seus vinte mil homens, segundo Vila Franca, na sua obra Aliança Ingleza, quer fossem mesmo muito menos, como aponta Oliveira Martins, junto aos nove mil portugueses. O inglês marchava com toda a comodidade, servido por perto de mil criados em banquetes opíparos, deslumbrantes de ricas baixelas e custosas tapeçarias, que nada faziam sentir a opulência dos palácios reais (199). Com ele vinham: sua mulher e filhas D. Filipa, depois rainha de Portugal, D. Isabel, casada com João de Holanda, condestável, irmão do rei de Inglaterra, D. Catarina, depois rainha de Castela, e D. Joana, filha natural, seguidas por muitas donas e donzelas, entre as quais a célebre governante Katrina Rovet. Pelo lado de Portugal sobressaíam, além do rei, o condestável D. Nuno Álvares Pereira e o célebre arcebispo de Braga, D. Lourenço, que tanto se assinalou em Aljubarrota, distribuindo catanadas, constituindo ambos os dois olhos do monarca, como este muitas vezes dizia.

(197) Vai adiante na íntegra. (198) LOPES, Fernão — Crónica de D. João I, parte 2, cap. 94. (199) MARTINS, Oliveira — A Vida de Nun’Álvares... VILA FRANCA — D. João I e a Aliança Inglesa.

DO

CAMPO, Conde de

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Na véspera de se celebrar o tratado de Babe, assim dito da aldeia onde teve lugar, o exército aliado transpôs a fronteira portuguesa, entrando na Espanha por Alcanices. Mas, afinal, esta campanha não deu resultado algum. O inglês conseguiu apenas entregar as filhas uma, como já vimos, ao nosso rei, e outra, D. Catarina, ao rei de Castela, e assim acabou esta guerra, como as comédias, em casamento. Porquanto a 29 de Novembro de 1389 celebraram-se, entre D. João I de Portugal e D. João I de Castela, as pazes de Monção, por meio das quais se suspenderam as hostilidades durante três anos, restituindo-se reciprocamente as praças que retinham, ficando neutralizadas Miranda do Douro e Sabugal, nas mãos do Prior do Hospital. Findos os três anos foram renovadas por mais onze, mas Miranda e Sabugal voltaram à coroa portuguesa. Entretanto, morria D. João I, rei de Castela, e os espanhóis, que não se resignavam a perder assim Portugal, logo que seu filho D. Henrique chegou à maioridade, não querendo estar pelas pazes ajustadas, renovaram a guerra: invadiram Trás-os-Montes, tomando Bragança, Vinhais e Mogadouro em Dezembro de 1397, e, em 4 de Maio de 1398, tomando o nosso rei a ofensiva, entrou pela Galiza (200). Pela carta do rei de Castela, de 17 de Maio de 1398, em que é feito conde de Benavente João Afonso Pimentel, alcaide de Bragança, que daremos ao tratar da sua biografia, vê-se que esta cidade e Vinhais caíram em poder dos castelhanos, não pela força das armas, mas por nova traição do seu alcaide, que mal pode acobertar-se com o pretexto de el-rei não fazer inteira justiça no alcaide-mor de Évora, assassino da própria esposa, filha de João Afonso Pimentel. Também, segundo as cláusulas da paz de Segovia, como adiante apontamos, celebrada em 1400, Bragança e Vinhais deviam voltar para Portugal, mas pela carta régia de 16 de Março de 1403 essa transmissão não se efectuou logo, e só neste ano teria lugar (201). Em Maio de 1400 o Mestre de Alcântara sitia Miranda do Douro e toma-a. Segundo Vilas Boas (202), o alcaide de Miranda, Rui Lourenço de

(200) MARTINS, Oliveira — A Vida de Nun’Álvares..., p. 343 e 378. (201) Ver a biografia de João Afonso Pimentel. (202) VILAS BOAS — Nobiliarquia Portuguesa, p. 128.

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Távora, confiando demasiado numa carta suposta do rei D. João I, na qual lhe dizia que o não podia socorrer, entregou ingenuamente a praça, do que teve tanto sentimento, quando depois soube do engano, que se meteu frade franciscano. Por último, uns e outros, cansados duma guerra que não dava vantagens decisivas a qualquer dos litigantes, assinam a 1 de Junho de 1400 a paz de Segovia por dez anos. Segundo este tratado, Portugal restituía à Espanha as praças de Badajoz, Tuy, Salvaterra e San Martin, que lhe havia tomado, e recebia em compensação Bragança, Vinhais, Miranda do Douro, Castelo da Piconha, Penamacor, Penha Garcia, Segura e Noudar (203). Finalmente, em 31 de Outubro de 1411 foi celebrado definitivamente o tratado de aliança e paz entre as duas nações em Medina del Campo (204). Há no foral dado a Bragança por el-rei D. Manuel, em 11 de Novembro de 1514, uma cláusula que supomos deverá referir-se a lutas que porventura precederam esta queda, atrás referida, da nossa cidade em poder dos castelhanos. Toda a terra de Bragança era obrigada ao pagamento do foro de dois mil maravedis, apenas «sam escusos, diz o foral, e isentos de ho non pagar os moradores do lugar dagro chão posto que tenham beens em lugar pera ho deverem de pagar, por privillegio antiguo posse e consentimento da dita cidade e termo por serviço que em tempo de suas necesidades lhe fez». É curiosa a seguinte nota que dá Caetano de Sousa (205) sobre o modo como os besteiros do conto, que deixaram o seu nome à povoação da Paradinha dos Besteiros, anexa de Morais, no concelho de Macedo de Cavaleiros, estavam distribuídos pelo nosso distrito e bispado no tempo em que vamos, e muito especialmente porque sendo tirados dos grémios fabris ou industriais (206) algumas notícias fornecem concernentes à actividade manufactureira da nossa região.

(203) MARTINS, Oliveira — A Vida de Nun’Álvares..., p. 343, 378 e seg. (204) Ibidem. (205) SOUSA, Caetano de — História Genealógica da Casa Real Portuguesa, provas do liv. 4, prova 161, e vol. 3 das provas, p. 361. (206) S ILVA , Rebelo da — História de Portugal nos séculos XVII e XVIII, liv. VII, parte 7, cap. 1, onde podem ver-se também as diversas organizações militares que tivemos antigamente.

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Eis, segundo essa nota, os besteiros do conto que havia no nosso bispado e lugares onde residiam em tempo de D. João I: Em Monforte de Rio Livre .................... Em Lamas de Orelhão ........................... Em Mirandela ......................................... No julgado de Brevio (?) ....................... No julgado de Sesulfe ............................ Em terra de Lomba ................................ No julgado de Castelo Vinhais ............. Em Bragança ........................................... Em Vimioso ............................................ No julgado de Bem Posto ..................... Em Freixo de Espada à Cinta ............... Em Castelo de Mós ................................ Na Torre de Moncorvo ......................... No julgado de Chavri (?) ...................... No julgado de Mogadouro ................... No julgado de Alfândega ....................... Em Vila Flor ............................................ No julgado de Vilarinho ....................... No julgado de Freixiel ........................... Em Vilas (?)

X II VII II II IV XXV XXX IV II X II XX I XXV X XX XX II DC

No julgado de Ansiães ...........................

XXV

(sic) deve haver engano.

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Guerras de 1640

Aclamação de D. João IV Patriotismo dos de Sacoias; incêndio de Calabor. — Tomam os nossos Uimbra e Tamaguelos. Logo que o grito da emancipação portuguesa da suserania espanhola soou no 1º de Dezembro de 1640, tratou el-rei D. João IV de levantar fortificações em todas as províncias, nas praças que eram mais necessárias, e foi tal a emulação que os povos tomaram, que por toda a parte se levantaram fortificações, organizaram tropas, compraram cavalos e conduziram armas (207). O reino foi organizado militarmente: as províncias, divididas em comarcas, tiveram à sua frente um governador das armas e estas um sargento-mor, posto equivalente ao actual major, com dois ajudantes. As comarcas subdividiam-se em companhias, às quais estavam agregados, com o nome de Ordenanças, todos os indivíduos válidos de 15 a 70 anos. Os filhos únicos de viúvas e de lavradores, entregues à cultura das terras, e os casados, constituíam, em cada comarca, um grupo à parte com o nome de Terço auxiliar; os filhos segundos de toda a qualidade de pessoas eram os soldados pagos, ordenanças propriamente ditas.

(207) MENESES, Luís de, 3° conde da Ericeira — História de Portugal Restaurado, «ano 1641», parte 1, liv. 4, p. 215.

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GUERRAS DE 1640

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Por decreto de 1 de Agosto de 1796, os antigos Terços auxiliares passaram a chamar-se Regimentos de milícias e coronéis os seus mestres de campo. Estes regimentos constavam de dez companhias com oitenta homens cada uma, dos quais se formaram quarenta e três em todo o reino. Posteriormente, foi o seu número elevado a quarenta e oito, e pela portaria dos governadores do reino de 14 de Outubro de 1808 determinou-se que cada regimento constasse de dois batalhões com mil cento e uma praças, divididas por oito companhias e uma de granadeiros (208). Para mestre de campo de cada um dos Terços eram escolhidos os nobres e pessoas mais competentes de cada comarca, assim como os capitães para as companhias e para sargentos-mor e ajudantes os capitães e alferes mais práticos do exército com obrigação de instruir os soldados. Cumpria aos Terços auxiliares acudir às fronteiras na ocasião de guerra ofensiva ou defensiva e então venciam munições como os soldados pagos. Dissipado o perigo, recolhiam às suas casas (209). O patriótico grito da emancipação ecoou repentinamente em Trás-os-Montes, repercutido de quebrada em quebrada, sem que ficasse alguma, embora obscura, que deixasse de concorrer para a expulsão de quanto era castelhano. A lenda de se tocarem espontaneamente os sinos da igreja de Sacoias, anexo desta nossa freguesia de Baçal, concelho de Bragança (210), por ocasião do feliz grito de 1 de Dezembro de 1640, e de a rainha mandar à padroeira da igreja, Nossa Senhora da Assunção, um rico vestido de tela branca, prova, pelo menos, como vibrou unânime e forte neste bom povo o sentimento da autonomia nacional. Os trasmontanos, vivendo tão afastados da cabeça do reino e não lhe chegando governador das armas para a província tão depressa como desejavam, pediram ao da Beira que lhe indicasse provisoriamente um, o que efectivamente fez, nomeando Martim Velho da Fonseca, sargento-mor de Viana que deu logo as mais acertadas providências para a defesa da província, levantando trincheiras e guarnecendo-as com tropa.

(208) SORIANO, Luz — História da Guerra Civil em Portugal, Segunda época, Guerra da Península, vol. 1, cap. 5, p. 334. (209) MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado..., parte 1, liv. 4, p. 217. (210) LEAL, Pinho — Portugal Antigo e Moderno, artigo «Sacoias»; Santuário Mariano, tomo 5, p. 587.

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Durou, porém, pouco o seu governo, pois a 3 de Fevereiro de 1641 (211) veio por ordem régia a governar esta província Rodrigo de Figueiredo de Alarcão, que muito se distinguira por ocasião da aclamação, sendo um dos quarenta memorados fidalgos da conspiração. Continuou em Chaves e Bragança o levantamento das trincheiras, bem como nos lugares mais perigosos da raia, até Julho desse ano, em que romperam as hostilidades. Relativamente a meios de defesa, o estado da província era desgraçado, bem como o das mais do reino. O Governo espanhol havia mandado recolher às cabeças das comarcas em 1638 as armas dos particulares. As fortalezas das fronteiras estavam arruinadas, devido à culposa e perversa intenção de nos tirar todos os meios de defesa (212). Rompidas as hostilidades, juntou em breve Rodrigo de Figueiredo de Alarcão dez mil homens, que dividiu em quatro troços a fim de, por diversos pontos, entrar no reino vizinho. Entregou um deles a Baltasar Teixeira, capitão-mor de Montalegre, para que invadisse por aquele lado a Galiza; doutro troço era chefe Simão Pita da Ortigueira, que fez incursão por Monforte de Rio Livre; o terceiro entregou-o a seu irmão Henrique de Figueiredo, governador de Bragança, e com o quarto marchou ele a Monte Rei, praça de Galiza situada numa eminência sobranceira à vila de Verin, quase no extremo norte do fértil e extenso vale de Chaves. Os chefes dos dois primeiros troços, que deviam fazer convergir as suas forças para Monte Rei, entraram em treze lugares galegos, que só na promessa de prestar obediência ao rei português puderam evitar a sua ruína. Henrique de Figueiredo tomou e incendiou o lugar de Calabor, fazendo grande presa que conduziu a Bragança. O grosso das forças que convergira sobre Monte Rei, fez alto perto da vila de Verin, depois de tomar os lugares guarnecidos de Uimbra e Tamaguelos, situados nas imediações do Tâmega que, cortando a todo o comprimento o vale, lava as casas das duas vilas — Chaves e Verin. Para o tempo, a entrepresa de Monte Rei era um arrojo temerário pela pouca gente de Rodrigo de Figueiredo e de seu irmão Luís Gomes de Figueiredo, que dirigia a vanguarda; contentou-se com demorar-se três dias no local do acampamento, junto a Verin, queimando algumas

(211) Rebelo da Silva, na História de Portugal..., liv. 5, parte 5, cap. 2, p. 231, diz que foi a 3 de Janeiro. (212) Ibidem, liv. 4, parte 4, cap. 6.

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aldeias. E não tiveram a mesma sorte os frutos, já nesse tempo quase maduros, porque os povos prometeram obediência ao nosso reino, obediência que, como as rosas de Malherbe, durou apenas enquanto as tropas portuguesas estacionaram naquelas imediações. Entretanto, os galegos entraram por Monforte de Rio Livre, incendiaram seis lugares, não trepidando perante sacrilégios, violências e crueldades. Em represália, os nossos fizeram incursão no território inimigo pelo vale de Chaves e queimaram dez. No princípio, esta guerra de incursões era, especialmente na nossa província, uma perfeita razia: incêndios, roubos, morticínios sem consideração alguma, de maneira que tão desastrosa era para um lado como para o outro, sem dar vantagens decisivas, porque se pelejava sem forma, sem arte e sem disciplina, como diz o autor que nos serve de guia nestas campanhas (213). Os nossos entravam, roubavam, destruíam, incendiavam, matavam; para logo os galegos responderem no mesmo diapasão. Numa destas desforras, foi atacado o lugar de Mairos, no concelho de Chaves, que se defendeu, mas enfim houve de ceder e foi incendiado, obviando à sua completa ruína a chegada dos nossos soldados que, extinguindo o fogo e perseguindo o inimigo, lhe mataram um capitão de cavalos, um sargento-mor e quarenta soldados, sendo um deles sobrinho do marquês de Tarazona, governador das armas de Galiza. Como indemnização, entrou Luís Gomes de Figueiredo na região inimiga fronteira a Mairos, onde fez graves danos. Vieira (214) lembra-se de um roubo engenhoso que uns ladrões fizeram ao abade de Pentens, em Trás-os-Montes. Não conhecemos na província povo algum com este nome; lembra-nos não seja Pentes, hoje na Galiza, a confinar com o extinto concelho de Vilar Seco de Lomba, incorporado actualmente no de Vinhais, que por alguma das incursões desta guerra ficaria pertencendo a Portugal. E já que falamos em Vieira, vejamos o que eram essas incursões: «Nas fronteiras, diz o primoroso escritor, sucedem casos admiráveis neste particular. Está um destes (tesoureiros, depositários, almoxarifes) à la mira espreitando quando voltam as nossas facções de Castela com grandes presas de bois, cavalgaduras, porcos, carneiros e outros gados: e como os soldados vêm famintos de dinheiro mais que de alimárias, que (213) MENESES, Luís de — Portugal Restaurado e também Relação do Sucesso que Rui de Figueiredo, Fronteiro d’Arraya de tralos montes, teve na entrada que fez no Reino de Galliza, 1641. (214) VIEIRA, António, Pe. — Arte de Furtar, cap. 23.

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não podem guardar, nem sustentar; e o sobredito se vê senhor dos depósitos dos pagamentos que foi atrasando, para não lhe faltar moeda nesta ocasião, atravessa tudo, resgatando-o por pouco mais de nada, sem haver quem lhe vá à mão, porque todos dependem dele, e o afagam para o terem da sua mão; e daí a quatro dias e também logo ao pé da obra, vende a oito e a dez mil réis a lavradores e a marchantes os bois que comprou a quinze tostões, quando muito, e o mesmo cômputo se faz no mais. E vem a ser o mais rico homem do reino, sem meter no trato vintém que ganhasse, nem perdesse de seus avós. Melhor fora venderem-se os tais gados aos nossos lavradores pelos preços dos soldados, para se refazerem de semelhantes presas que os inimigos nos levaram e não ficaram exaustos de criações» (215). Saque e incêndio pelos inimigos de Travancas, Argemil, S. Vicente, Cisterna, Vilarinho, Quirás, Paços, Duas Igrejas, Malhadas e Caçarelhos. Sofrem sorte idêntica mais de quarenta povoados espanhóis cujos nomes se apontam. — Sino de Travancas. — Resistência gloriosa da Moimenta. — Concentração de forças em Argozelo. — Entrepresa de Brandilhanes. Havendo os galegos saqueado e queimado os lugares de Travancas, Argemil e S. Vicente, na raia do extinto concelho de Monforte de Rio Livre, hoje de Chaves, Luís Gomes de Figueiredo, que assistia por governador em Chaves, nomeado por seu irmão Rui de Figueiredo, incumbiu o capitão Paulo Teixeira de Azevedo de responder a este desforço, como fez, marchando para o castelo de Monforte de Rio Livre, onde reuniu suas forças, marchando em seguida sobre as povoações fronteiriças inimigas, onde fez grandes presas e queimou os lugares de Flor de Rei, Enxames, Terregoso (Terroso) e mais seis outros, isto em fins de Agosto de 1641, «e por hum sino que nos levarão, trouxerão os nossos soldados dous pera a mesma igreja» (216). Em Arzadegos, povoação galega a confinar com as acima mencionadas, vive ainda a tradição, por nós ouvida, que refere que os sinos da sua igreja foram levados para Travancas. Foi neste ano ou depois, por ocasião dos sucessos de 1653? (215) VIEIRA, António — Arte de Furtar, cap. 61, dos que furtam com unhas confidentes. (216) Segunda Relaçam Verdadeira de alguns successos venturosos que teve Ruy de Figueiredo, Fronteiro mór da Villa de Chaves, na entrada que fez e ordenou em alguns lugares do Reyno de Galliza nos ultimos dias de Agosto até se recolher á dita villa: copiada de hüa carta que o dito Fronteiro enviou a S. Magestade. Lisboa, 1641.

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Tentou depois o inimigo queimar a Moimenta, no concelho de Vinhais, mas não o conseguiu devido à resistência de seus moradores. Sendo mais feliz na entrepresa da Cisterna, Vilarinho, Quirás e Paços que meteu a saque, não lhe aproveitando, porém, nada isso, por caírem sobre eles os nossos, quando se retiravam, que em desforço lhes saquearam Veiga, Varge e Brinço, ao mesmo tempo que os de Monforte lhe incendiavam Vilar de Izeu, Palheiros, Argadegos (Arçadegos) e Vilarinho da Cota (Vilarelho) (217). No termo de Arçadegos há umas ruínas, ditas de Palheiros, com vestígios ainda muito evidentes de casas, etc. É provável que sejam as da Povoação desse nome. Lugares galegos que os nossos queimaram neste ano de 1641: NO CONDADO DE MONTE REI PELA VEIGA DE CHAVES Fezes de Baixo .............................................................. Fezes de Cima .............................................................. Mandim ........................................................................ Vila Frade (só metade) ............................................... Lama Darcos (só metade) .......................................... Cambedo (só metade) ................................................ Rastoal (só metade) .................................................... Tamaguelos .................................................................. S. Cibrão ....................................................................... Uimbra, vila ................................................................. O Rosal ......................................................................... Mouraços, vila ............................................................. Tamagos ........................................................................

130 fogos 63 » 120 » 30 » 29 » 17 » 27 » 200 » 59 » 200 » 38 » 200 » 60 »

PELO LADO DE MONFORTE Vilaredo (Vilarelho) .................................................... Arsadegos ...................................................................... Palheiros ....................................................................... Vilar de Rei .................................................................. Terroso .......................................................................... Enxames ........................................................................ Vilar de Cervos ............................................................

100 fogos 150 » 60 » 54 » 40 » 80 » 40 »

(217) Ibidem.

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Alviga (A Veiga) .......................................................... S. Romão ...................................................................... A Bemposta .................................................................. O Tonho (Sonho) ....................................................... Igrejas ............................................................................ Deveza ........................................................................... Igreja ............................................................................. Butelo ............................................................................ Moimenta ..................................................................... Dona Elvira .................................................................. Vallar de Bus (Vilar de Voz) ..................................... Lamas Deste ................................................................. Sotto Dias .....................................................................

40 fogos 50 » 55 » 20 » 40 » 25 » 20 » 20 » 30 » 20 » 25 » 20 » 22 »

PELA PARTE DE VINHAIS Monsalejos (Monzalves) ............................................ Cagados (Cávados) ..................................................... Castromil de Castela ................................................... Castromil de Galiza ....................................................

54 fogos 70 » 20 » 20 (218)» (218)

A propósito destes últimos, diz a Relaçam citada: «Os de Vinhais juntos com as companhias que estão no lugar de Moimenta fizeram uma entrada onde mataram muita gente, e queimaram alguns lugares». O mesmo sistema de guerrear continuava nas fronteiras de Miranda do Douro, que tinha pelo lado contrário o marquês de Alcanices e o conde de Alva de Liste. Com o fim de aprisionarem seis peças de artilharia e algumas munições, que de Lisboa vinham para Miranda em 6 de Outubro deste ano de 1641, invadiram à frente de dois mil homens e contínuas levas de gente, que sucessivamente lhes iam chegando, os lugares de Duas Igrejas, Malhadas e Caçarelhos, onde supunham que aqueles aprestes deviam passar, segundo informações de um espia que,

(218) Terceira Relaçam do Sucesso que teve Rui de Figueiredo de Alarcão nas Fronteiras de Chaves e Montelegre e Monforte, segunda-feira, nove do mez de setembro de 641 de que he General e Fronteiro mór, tirada da carta que escreveo a Sua Magestade. Lisboa, 1641. Esta Relação aponta também os lugares da fronteira de Montalegre, que aqui não damos por não virem ao nosso propósito.

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caindo nas mãos dos nossos, pagou com a vida a ousadia. Não apreenderam o que esperavam mas os lugares foram queimados, bem como mais algumas aldeias. Pedro de Melo, capitão-mor de Miranda, vendo o seu distrito invadido por tanta gente, pediu socorro a Francisco de Sampaio, governador de Moncorvo e senhor de várias terras nessa região, que lhe mandou mil e quinhentos homens. Ao mesmo tempo, o governador das armas da província Rodrigo de Figueiredo, vendo o iminente perigo, fez convergir para ali cem infantes, do Mogadouro, nobre vila, diz o Portugal Restaurado, entre outras muitas que tem nesta província o conde de S. João, e passou ordem aos capitães-mores para que, juntando toda a gente possível, se reunissem em Argozelo a seu irmão Henrique de Figueiredo com a tropa que o acompanhava, constante de uma companhia e duas ordenanças. A concentração destas unidades tácticas em Argozelo obedecia a um plano estratégico de notável alcance, pois ao mesmo tempo que cobria os lugares de maior importância daqueles contornos, observava facilmente os movimentos do inimigo. E quando este deu mostras de caminhar no intento de surpreender a vila do Vimioso, apenas Henrique de Figueiredo viu bem definida tal resolução, fez aviso ao irmão que, partindo imediatamente naquela direcção, passou ordem a Pedro de Melo para se lhe incorporar no lugar da Especiosa. Este hábil plano de defesa desconcertou por completo os cálculos do marquês de Alcanices e do conde de Alva de Liste, que acharam por bem retirar-se; mas, no intuito de deixarem um ponto de apoio para ulteriores entradas, fortificaram o lugar de Brandilhanes, na raia, e meteram-lhe seiscentos homens de guarnição. Brandilhanes, assim preparado, constituía permanente ameaça a Miranda do Douro, mal fortificada e quase sem guarnição. Nestes termos, Rodrigo de Figueiredo resolve atacar Brandilhanes com os cinco mil homens em que entravam as forças de Mirandela, Lamas e Torre de Dona Chama. Da resolução ao acto passou-se rapidamente: as trincheiras e um reduto, obras de arte que defendiam o lugar, foram levadas à escala vista; da guarnição que o presidiava, completamente derrotada, poucos escaparam com vida, ficando cativos três capitães, três alferes, quatro sargentos e um ajudante, sendo o número dos feridos de sessenta e duzentos o dos mortos. Os capitães Henrique de Figueiredo, Gregório de Escovar, António de Almeida, Francisco Pacheco e João de Queirós muito se distinguiram. Esta vitória foi altamente considerada, e as festas com que Bragança recebeu Rui de Figueiredo, quando no dia 27 de Outubro recolheu à cidade, foram estrondosas. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Foi este o último acto de guerra no ano de 1641 na província de Trás-os-Montes, porque o inverno que se aproximava não permitia mais (219). No ano seguinte continuou Rodrigo de Figueiredo à frente do governo das armas da nossa província, que teve vários recontros com o inimigo pelos lados de Chaves. O autor que vamos seguindo (220) apenas menciona dos conterrâneos do distrito e bispado de Bragança a entrada de três companhias de Vinhais, na Galiza, que, por marcharem sem ordem nenhuma, foram derrotadas pela gente da Puebla de Sanábria. Devemos, porém, especificar as incursões de Simão Pita de Ortigueira, natural da vila de Viana, que muito se distinguiu na região bragançana juntamente com seu filho Manuel Pita. Tendo Rui de Figueiredo notícia que os galegos se fortificavam em frente da Moimenta, lugar do termo de Vinhais, e para evitar qualquer incursão por este lado, nomeou capitão-mor da Moimenta e governador das suas armas Simão Pita em 1641. A tão bom tempo o fez que, nos dias 19, 20 e 21 de Agosto desse ano, dois mil e quinhentos inimigos dos lugares das Frieiras, Ermisende e Castromil, avisados por um ferreiro da Moimenta, caíram sobre a povoação que, sem dúvida, teria sucumbido se não fosse a presteza do governador e o denodo com que se houveram os capitães Gonçalo de Morais Sarmento, António de Gamboa, Jorge de Lemos, Fernão Pimentel, António de Sá, Diogo de Prado, António de Almeida, Baltasar da Rosa e o sargento-mor Manuel Pita da Ortigueira, que, no fim de três dias de porfiada luta de pelouradas, os obrigou a retirar-se e com ele o traidor ferreiro, a quem foram confiscados os bens. A 10 de Setembro seguinte, voltou novamente o inimigo sobre a Moimenta, mas foi tão violentamente rechaçado que deixou em poder dos nossos «arroba e meia de balas raspadas, onze piques, sete mosquetes, uma sela geneta» e sete castelhanos sem vida. Ao calor deste sucesso, unindo-se os nossos com a gente de Manuel Barreto de Meneses, capitão-mor de Vinhais, no dia 16 amanheceram sobre os lugares de Mansalvos, Cadegos (Cadavos), Castromil de Castela e o bairro dos Galegos, saqueando e incendiando tudo; idêntica sorte teriam outros se o governador não tivesse de marchar rapidamente para Bragança, que

(219) MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado, parte 1, livro 6, p. 372. Quarta Relaçam verdadeira da Victoria, que o Fronteiro mór de Tras los Montes Ruy de Figueiredo de Alarcão ouve na sua fronteira, sinco legoas de Miranda, em Brandelhanes terra de Castella, em que por sua ordem se achou com elle Pedro de Mello capitão mór de Miranda, A qual mandou a sua Magestade o dito fronteiro mór assinada por sua mãao; etc. Lisboa, 1641. (220) MENESES, Luís de, ibidem.

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estava sendo ameaçada, chamado pelo capitão-mor da cidade Sebastião Perestrelo Pessoa. Aproveitando-se da sua ausência, o inimigo incendiou Moimenta. Em furor ardia Simão Pita por não responder imediatamente a esta afronta, mas as coisas de Bragança não o consentiam; e ainda depois, a 22 desse mês, teve de ir presidiar o lugar da Mofreita que, segundo aviso do fronteiro-mor Rui de Figueiredo, corria perigo. Só a 11 de Outubro seguinte pôde enfim tomar a ofensiva. Ermisende, S. Cibrão, Teixeira, Parada e Castrelinhos tiveram a sorte da Moimenta com morte de nove pessoas e quatro prisioneiros; a presa que deles se retirou montou a quatro mil cruzados. Ao mesmo tempo Manuel Barreto de Meneses infligiu igual sorte a Chagassozo (Chargaçoso) e Esculqueira (221).

Rodrigo de Figueiredo de Alarcão é substituído no Governo das armas da província de Trás-os-Montes por D. João de Sousa da Silveira, alcaide-mor de Tomar; queixas contra seus irmãos. — Incêndio e saque de Pedralva, Rio Maçanas, Lubian, Sacoias, Baçal, Oleirinhos, Meixedo, Carragosa, Rabal, França e Portelo. — Valor de um capitão de Sacoias e do pároco de França. — Riqueza do abade de Meixedo. — Volta Rodrigo de Figueiredo de Alarcão ao governo da província. — Destroem os inimigos a vila de Outeiro e saqueiam os lugares de Rio Frio e Paçô. — Audacioso golpe de mão no Porto das Areias que salva Bragança, infligindo pavorosa derrota aos inimigos. — Passa a governar as armas da província D. Jerónimo de Ataíde, conde de Atouguia. — Derrota dos nossos no vale de Chaves. — Os generais Domingos da Ponte Galego e Joane Mendes de Vasconcelos. — Saque de Paradela e derrota de Fornilos. — Entra Joane Mendes de Vasconcelos no governo das armas da província. — Despovoamento de Arzadegos: saque de Paradela e Ifanes, incêndio da vila de Távora e de mais dezanove lugares. — António Jacques de Paiva é investido no governo das armas da província de Trás-os-Montes. Em 1643 tirou el-rei o governo das armas da província de Trás-os-Montes a Rodrigo de Figueiredo de Alarcão, que foi chamado a Lisboa por causa de injustas queixas, diz o autor, que os povos fizeram contra seus irmãos. O conde da Ericeira reconhece que os irmãos de Rodrigo de Figueiredo tinham cometido excessos, mas não de tal ordem que merecesse tamanha desconsideração, sendo o seu zelo e valor assaz reconhecidos e em mais de uma ocasião demonstrados. (221) Tratado das Vitorias que alcançou Siman Pitta de Oitigueira Governador do Presídio de Moumenta, e Monfreita á ordem do Fronteiro Mór Ruy de Figueiredo de Alarcam. Lisboa, 1642.

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Para o substituir no governo da província, elegeram D. João de Sousa da Silveira, alcaide-mor de Tomar, mestre de campo no Alentejo, onde muito se distinguira. Como o seu antecessor, continuou as entradas na Galiza. Em Bragança reuniu ele oitocentos infantes e sessenta cavalos e foi atacar o lugar de Pedralva no vale de Sanábria. Eis como Almeida (222) descreve esta incursão: «Em hum domingo nove d’agosto de 1643 mandou (o governador) ajuntar todas as companhias, que na cidade e seu termo avia. Expose o Sanctissimo Sacramento no Collegio da Companhia de Jesus. Confessaram-se e comungarão muitos soldados e feita oração ao Senhor, marcharão as companhias para fora da cidade a Valdalvaro, onde ordenou que o seguissem, sem dar conta de seus intentos: e caminharão até Aveleda duas horas de noite, onde os soldados descansarão hum pouco. Aqui se proverão de polvora, morrão e ballas. Depois de descansar por espaço de duas horas continuaram o caminho: hia diante a cavallaria com nove batedores, por causa das altas matas, e urzedos, em que podia haver alguma cilada; e n’esta forma forão quatro legoas em grande silencio. Ao romper da alva chegarão a hum alto á vista do inimigo». Os moradores de Pedralva ainda tentaram defender-se num reduto que haviam construído fora do lugar, mas em breve se recolheram ao adro da igreja, que tinham fortificado; porém, de nada lhes valeu, porque com perda de quarenta mortos, dez ou doze feridos e cento e oitenta prisioneiros, foram obrigados a render-se. Os redutos foram destruídos, Pedralva saqueada e queimada, o que tudo concluído, se retiraram os nossos para Aveleda, onde jantaram e descansaram, recolhendo depois a Bragança, onde foram recebidos com «mostra de grande aplauso e alegria» (223). Neste ataque muito se distinguiram os capitães Francisco de Morais, António de Almeida e Pacheco e o capitão-mor Salvador de Melo da Silva. A 8 de Outubro de 1643, acompanhado de cento e sessenta cavaleiros e bom número de infantaria, saindo de noite de Bragança, sem comunicar a ninguém o seu intento, caiu de improviso o governador D. João de Sousa sobre a rica povoação espanhola de Rio de Maçanas que saqueou e incendiou, evitando seus moradores, na fuga, danos maiores, e tendo feito o mesmo a outra povoação vizinha, se recolheu a Bragança carregado de despojos (224). (222) VASCONCELOS, João de; ALMEIDA, Gregório de — Restauração de Portugal Prodigiosa. (223) Ibidem. MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado... (224) Ibidem.

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Aos 17 do mesmo mês de Outubro, com idêntico mistério sobre o objectivo da excursão, foi D. João de Sousa amanhecer sobre a rica povoação espanhola de Lubian, que teve destino igual às precedentes, bem como mais cinco povoações vizinhas (225). As entradas, saques e destruições de povos feitas por este governador na Galiza, foram as mais notáveis que até àquele tempo tinha havido. Estes factos referem-se principalmente às povoações galegas do vale de Chaves, onde mais de cinquenta experimentaram o gládio formidando e improviso do nosso governador. Pelo seu lado, os espanhóis não ficavam apáticos, retorquiam na mesma moeda: entrando pelos lados de Bragança queimaram alguns lugares e recolheram grande presa. Por ser curiosamente interessante a notícia que um escritor vizinho dá destas entradas, vamos apresentar a sua descrição no próprio original. O governador da Puebla de Sanábria fez reunir a sua gente no dia 26 de Novembro de 1643, no lugar de Calabor, e à meia noite desse mesmo dia se puseram em marcha pela Campiça, termo de Aveleda «el camino real de Berganza» na direcção desta cidade. «Asi, salido el sol, entramos, diz o escritor que vamos seguindo, por el camino real de Berganza á vista de la ciudad y encontrando dos cortaduras en el camino, los salvamos. Iba la gente marchando tan derecha á Berganza por su camino real, que se persuadio llevabamos lá mira á ella. Disparou tres piezas, pero aprovechó poco para que no nos acercasemos á ella, tanto que á media legua no quemasemos un lugar llamado Zacoyas (Sacoias), de donde salió un capitan llamado Magallanes y peleó tan valientemente que de siete de á caballo se defendia hasta que habiendo-nos muerto un caballo de la compania de D. Alonso de Mella, el cayo muerto de un carabinazo y dos cuchilladas en la cabeza. Pasamos adelante con pasmo de la ciudad, y casi á los muros de Berganza, les quemamos otro lugar llamado Barol (Baçal), rico y grande y que era el granero de Berganza. El pasmo en la ciudad fué grande, y mayor cuando pasamos adelante. Dimos vista haciendo alto en una eminencia (226), y formando los escuadrones que veniam en trozos, enviamos al teniente de caballos Juan Dionisio de Santiago á que con 35 caballos y una manga de mosqueteria quemase los molinos de Alberos, debajo de las murallas de

(225) Ibidem. (226) Esta eminência deve ser o Monte de Urzedo e Candaira, termo de Baçal, onde há uns vestígios de fortificação antiga chamada Atalaya. Vide O Arqueólogo Português, tomo 4, p. 76.

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Berganza. (Estes moinhos são os ditos alveiros, isto é, de trigo, junto a Bragança e não os de alguma povoação de tal nome, como parece supor-se do texto, coisa que nunca houve). Yá á este tiempo se divisaba muy bien la ciudad, sus casas y ventanas; todo era confusion y miedo, si bien nos salieron a hacer cara con 400 mosqueteros y 20 caballos que se estuvieron arrimados á su artilleria y murallas. Desde este puesto descubri á mano derecha de la ciudad, tres hermosos y grandes y no menos ricos lugares: Olleros (deve ser Oleirinhos do Sabor, hoje anexa de Meixedo), Mejedo y Rabal: Mejedo tan rico que su abadia vale 3.000 cruzados; Rabal tan rico y grande, que solo el es la bodega de Berganza. Luego se ordenó a D. Alonso de Mello que con su caballeria fuese pasando el rio Taber (Sabor) de Berganza y un puente á quemar á Oleros, que lo hizo en compania de D. Pedro de Benevides, D. Manuel de Benevides, D. Francisco Ramon y Esteban de Liñan con sus compañias: y pasando de alli toda la gente que avanzó al lugar de Mejedo, poderoso lugar que luego se entró e pegó fuego. Lo que fue de mas estima fué la casa del abad, que era el obispo de toda la tierra de Berganza (227), que en su opulencia, grandeza y regalo parecia un palacio grande de algun princepe, pues basta decir que solo volateria de pavos, gallinas, palomas y lavancos, que en su huerta, estanques y jardines tenia, participó toda la gente del ejercito, y apenas hubo soldado que no tuviesse que cenar aquella noche algo, en que se conoce que seria esta casa y lugar. Desde este puesto se descobrió una hermosa colina de viñedo, y fuénos dicho que detras de ella havia un logar mayor y aun mas rico que este, llamado Tarragosa (Carragosa). Ordené luego al alferez Juan Guerrero, de la compania de caballos de D. Diogo Pescador, que con 25 caballos fuese abrigando al escuadron volante que yá caminaba allá. Hizose asi, y aclarando el lugar la caballaria entró la infanteria y le abrasó todo. A este tiempo hubo voz que al lugar llamado Rabal, el más poderoso y rico de toda la jurisdiccion de Berganza donde se cuentan 600 pueblos, daba muestra el enemigo. A cuya voz acudiendo D. Pedro Moscoso, con su manga de mosqueteria... se huyó el enemigo á unas colinas muy altas

(227) Menos exacto. D. Joaquim Pereira Ferraz, abade de Meixedo, foi depois bispo de Bragança, mas séculos adiante: desde 1849 a 1852. Ao tempo desta guerra nem na diocese havia bispo, por Roma os não querer confirmar. O mais que o abade seria era vigário geral, arcipreste ou juiz do auditório eclesiástico de Bragança.

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y asperas e nos dejó en las manos el lugar de Rabal, tan rico de vino e lagares como grande, que a un mismo tiempo se le pegó fuego por cuatro partes, y en breve ardio como si fuese Troya. Bajamos todos à lo bajo del, donde el incendio fue tanto que no se trabajo poco en defender las municiones de las chispas del fuego, y nos vimos forzados à caminar bien apartados del por de fueras para no ser participantes de su incendio. Marchamos de aqui á un valle muy ameno, orilla de un rio, como una legua y fuimos á dar á un lugar no menos rico que este, si bien mas fuerte llamado Francia. Era como plaza de armas de su frontera; inacessible por estar coronado de tam empinadas y cortadas montañas, que los gatos apenas podran subir e bajar a el; solo tenia una entrada bien angosta ésta estaba en cortaduras, trincheiras y estacadas guarnecida; pero nuestra caballaria é infanteria de vanguardia á toda difficultad invencible, trepando por las peñas y gateando por los riscos, dieron vista al pueblo, y tal que los vecinos y demás gente que en el habia lo desampararon, retirandose á unos peñascos muy eminentes, donde nos dieron no pocas cargas, siendo su capitan su cura, preciado mas de campeon de esta frontera que de pastor de almas (228). Pero á su vista, á pesar de sus balas, fue el pueblo arrasado y abrasado, sin quedar ni aun con paredes, solas de una hermita y su iglesia, que se echó bando pena de la vida que nadie hiciese daño á ermita é iglesia, ó olhaja suya ó persona que se acogiese á ella. Acabada esta empresa fuimos dando vuelta en torno hacia nuestra raya, enderezando nuestra marcha á un valle arriba, hacia un lugar llamado Portelo pequeno, pero el más fuerte de todos por ser puerta do Portugal para Castilla y Sanabria; todo el guarnecido de inacessibles montañas y por el lado un valle que más es foso y caba que entrada, y en el trincheras, empalizadas y cortaduras. Todo se venció y se entró en el pueblo, y fue puesta en polvo y cenizas como los demas, con que á puestas del sol nos hallamos en el lugar de Calabor, nuestro, de donde salimos al amanecer, sim haber comido ni bebido en todo el dia», recolhendo-se com quinhentos mil ducados de presa, segundo o cômputo do autor que vamos seguindo, além dos danos causados (229).

(228) Não deixa de ter graça esta farpada no patriótico cura de França, por excitar à defesa dos pátrios lares seus fregueses, quando se sabe que o autor dela, comandante da tropa invasora, era também padre! Esse denodado sacerdote chamava-se João de Fontoura Carneiro, e era natural de Bragança, de uma família nobre. (229) Relacion verdadera de lo que ha sucedido en la plaza y frontera de la Puebla, en el mez de Noviembro de 1643, por el P. José Martinez, de la Compañia de Jesus, que se halló

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Entretanto, o povo ia já perdendo o entusiasmo com que começara a guerra. A gente da ordenança recusava-se a obedecer ao chamamento dos chefes, dando como pretexto que não podiam pagar décimas e fornecer tais contingentes; por isso, D. João de Sousa, para os animar, mandou que os capitães-mores elegessem nas respectivas comarcas capitães, a cada um dos quais forneceriam cinquenta mosqueteiros, com liberdade de entrarem no território inimigo quando lhe aprouvesse e dividirem entre eles as presas tomadas (230). Em 1644 continuava ainda o mesmo governador à frente da província. Entre uns e outros contendores começou a sentir-se o inconveniente do sistema de guerra dos anos anteriores, pelo que toca aos roubos e incêndios; no entanto, o lugar de Santo Estêvão, no vale e perto de Chaves, ainda neste ano foi saqueado pelas tropas da Galiza, sem que D. João o pudesse impedir, de um reduto que formou numa coluna entre aquele lugar e o de Faiões. O saque e o incêndio de Moialde, perto de Verin, serviu de desforra (231). Em 1645 mais se acentuou o espírito que vimos começar a manifestar-se no ano anterior. D. João de Sousa deixou-se de incursões em Galiza, para não dar azo a represálias, e os espanhóis tanto se compenetraram da vantagem deste sistema, que nem de um nem de outro lado houve incursão alguma (232). Em 1646 recrudesceu novamente a ferocidade da guerra na nossa província, devido a D. João de Sousa estar doente em Vila Real e à falta de gente. Os procuradores dos povos pediram nas últimas Cortes [43] que os desobrigassem de acudir às fronteiras, dando em compensação o subsídio suficiente para manter a tropa de linha, e assim lhes foi outorgado. Mas, como para o preenchimento dos contingentes era preciso tempo, os galegos aproveitaram a indecisão que resulta sempre ao seguir-se um sistema de proceder diverso, e entraram talando e saqueando os lugares da nossa província, sem que ninguém lhes fosse à mão.

presente á todo, como ingeniero mayor de estas fronteras por Su Magestad. Encontra-se no Memorial Historico Español, tomo 17, p. 395. (230) MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado..., parte 1, liv. 7, p. 6. (231) Ibidem. (232) Ibidem.

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Irromperam pelos lados de Bragança, e, além das barbaridades costumadas, trucidavam também os inermes lavradores que encontravam, sem atenderem a considerações algumas de idade ou sexo. António de Almeida Carvalhais, governador de Bragança, ainda conseguiu reunir alguma tropa que mandou em socorro do lugar de Comba de Baile (sic?), forçando o inimigo a retirar-se. Entretanto, continuava a impossibilidade do governador, por causa da doença, e como a situação se ia tornando cada vez mais crítica, voltou el-rei a nomear para o cargo de governador das armas da província de Trás-os-Montes Rodrigo de Figueiredo de Alarcão, que chegou à província em Setembro deste ano em que vamos de 1646. A necessidade de empregar meios enérgicos era palpável: os galegos, aproveitando as favoráveis circunstâncias da doença do governador e falta de gente, comandado pelos mestres de campo D. Francisco de Castro, que assistia em Puebla de Sanábria, e D. Francisco Geldres, governador de Zamora, com seis mil homens de infantaria, quatrocentos de cavalaria e três peças de artilharia, invadiram o termo da vila de Outeiro, não poupando coisa alguma das que uma soldadesca desenfreada costuma semear. Os lugares de Rio Frio e Paçó, no termo dessa vila, suportaram mais fortemente o peso das suas devastações. A mesma vila de Outeiro foi destruída, se bem que estava despovoada, tendo-se os moradores refugiado no castelo, um pouco distante numa eminência. O novo governador convoca à pressa a gente que devia pegar em armas, mas pouco efeito produzem seus chamamentos: apenas pôde congregar setecentos homens de infantaria e cento e dez de cavalaria. Manda adiante o comissário geral Achin de Tamericurt, valoroso francês que muito se distinguiu ao serviço de Portugal, para dar algum alento aos refugiados no castelo de Outeiro, junto dos muros do qual sustenta valorosa escaramuça com o inimigo. De Outeiro avançam os espanhóis sobre Bragança e vêm acampar nas margens do Sabor, no Porto das Areias, acima da Ponte de Parada, entre os termos desta povoação e da de Grijó de Parada. O perigo que corre Bragança é flagrante: mais algumas horas de marcha e a cidade, que apenas distava duas léguas, cairá em poder do inimigo! Que fazer? Gente não há e a pouca que aparece está moralmente abatida perante contrários imensamente superiores em número e ufanos pelos bons sucessos anteriores. É então que um rasgo de temeridade da parte de Rodrigo de Figueiredo salva tudo. Chama Achin de Tamericurt e diz-lhe que a salvação pende de um audacioso golpe de mão e que era preciso a MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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todo o transe cair aquela noite, como o raio da morte, sobre os castelhanos. Escolhe o valente francês cem homens de cavalaria que divide em duas colunas, de uma das quais tomou o comando e entregou o da outra a Manuel de Miranda Henriques, e com tanta prudência se houveram que à meia-noite, sem serem percebidos, deram sobre o acampamento inimigo. O sono, o inesperado do caso e as catanadas dos nossos, como de quem sabe que em aproveitar o primeiro desnorteamento está tudo, infundiram tal pavor nos invasores que mal atremavam a fugir e muito menos a defender-se; penetram até na tenda do mestre de campo D. Francisco Geldres, chegando mesmo a feri-lo, e matam-lhe os oficiais do estado-maior. Foge o inimigo confuso, deixando assim livre Bragança e povoações circunvizinhas (233). Em 1647 não houve na nossa província sucesso algum notável. As duas partes contendoras haviam aprendido às suas custas, que nada adiantavam para o desenlace final, apenas acarretavam sobre si danos enormes com o sistema seguido de incêndios e roubos. No entanto, Rodrigo de Figueiredo não descurou a sua defesa, olhando pela fortificação de Chaves e organizando dois regimentos das Tropas da ordenança com os cavalos que os lavradores mais ricos ofereciam espontaneamente. Pelos fins deste ano, com licença régia, passou a Lisboa, de onde só voltou em Maio do ano seguinte, deixando o Governo entregue a Francisco de Sampaio, governador da Torre de Moncorvo e das vilas e lugares do seu termo e homem muito competente. Para comissário geral veio Henrique de Lamorlé, capitão de cavalaria no Alentejo, para onde passou, no posto que aqui exercitava Achin de Tamericurt (234). Em 1647 continuou o mesmo sossego. Por ordem régia foram levantados neste ano na nossa província mil soldados para irem render os Terços do Alentejo. No princípio de 1649 passou o governo da província de Trás-os-Montes a D. Jerónimo de Ataíde, conde de Atouguia, varão de assinalados merecimentos, senhor nesta província de muitos vassalos,

(233) MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado, parte 1, liv. 9, p. 181. (234) Ibidem, p. 130.

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o que lhe dava decidida vantagem sobre seus antecessores, relativamente à facilidade de levantar gente. Por razões particulares, diz o autor, Rodrigo de Figueiredo havia desistido do governo que exercia. O conde de Atouguia veio logo para Chaves, mas tendo fundadas razões para supor que o inimigo tentava interprender Bragança ou Miranda, quase desprovidas de guarnição, pois aquela apenas era defendida por duzentos e cinquenta soldados propriamente ditos e esta por uma companhia, foi ele próprio atender a estas coisas de que resultou desvanecerem-se os planos dos espanhóis. Entretanto, o comissário geral da cavalaria Henrique de Lamorlé, que na ausência do conde governava Chaves, empenhou-se imprudentemente numa refrega com os galegos, quando voltava de saquear o lugar de Uimbra, mas foi completamente derrotado, a sua gente morta, incluindo o chefe, ou prisioneira, escapando pouquíssimos. E se os galegos sabem aproveitar-se da completa vantagem que obtiveram, do pânico e abatimento em que a nossa gente ficou, e caem sobre Chaves, privada de soldados e de chefe que os dirigisse, certamente a tomariam. Neste aflitivo transe alguém lembrou Joane Mendes de Vasconcelos, eterno descontente, como lhe chama Pinheiro Chagas, que gozava grande fama de hábil general, perdida mais tarde, quando governador das armas da província do Alentejo e general em chefe do exército, o qual assistia numa sua quinta a cinco léguas de Chaves. Foi chamado a toda a pressa e conseguiu conjurar o perigo. Estas notícias chegaram ao governador quando estava em Bragança; partiu imediatamente para Chaves e, restabelecendo tudo, fez ainda com bom êxito algumas sortidas na Galiza, depois de ver desvanecida a entrepresa premeditada, de Puebla de Sanábria, por se lhe demorar a ordem de Lisboa. O capitão de cavalos Domingos da Ponte Galego é nomeado comissário geral da cavalaria e governador da praça de Chaves, em substituição de Henrique de Lamorlé, morto no recontro, como já dissemos (235). Este Domingos da Ponte Galego era natural de Pontevedra na Galiza (236), mas tornou-se bragançano por aqui constituir família. Na casa que ultimamente (1906) adquiriu por compra, em Bragança,

(235) Ibidem, liv. 10, p. 305. (236) Monumento à Memória de D. António Luís da Veiga Cabral e Câmara, bispo de Bragança, árvore genealógica.

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na rua da Alfândega, o Ex. mo Sr. Luís Lopes, apareceu, a servir de soleira duma porta, esta lápide:

que vem a dizer: Esta caza he de António da Ponte Gallego de Figueiroa, commendador de Santa Maria (de Bragança), filho de Domingos da Ponte Gallego, general da ar... [44]. Deve ainda faltar uma carreira de letras por quebradura, que levou também a parte inferior das seis primeiras da última linha que existe. Certamente, esta lápide não pertence à casa actual, pois a não deixariam no local onde estava a servir de soleira à porta, mas provavelmente a outra sobre as ruínas da qual esta se levantou, nem mesmo os três escudos de armas que tem: dois nas esquinas da rua e outro no tecto de uma sala, concordam nos emblemas heráldicos com os apelidos da inscrição. Em 1650 os castelhanos entraram pelos lados de Miranda no lugar de Paradela, que saquearam, mas quando se iam retirando caiu sobre eles o tenente João Pinto, já em terreno espanhol, perto da povoação de Fornilhos, e desbaratou-os completamente: parte foram mortos e parte prisioneiros (237). No ano de 1651 nada houve de novo pelos nossos sítios, porque Espanha, envolvida na guerra de Catalunha, se esforçava em não divertir forças para correrias de pouca vantagem; porém, no ano seguinte de 1652, vendo-se já mais desafogada daquelas pendências, invadiram a nossa província pelos lados de Barroso, ao que o conde de Atouguia respondeu mandando entrar de Vinhais, vila de que era senhor, uma força de cavalaria e infantaria na Mesquita e Frieira, povoações de Galiza, que devastaram e saquearam. Foi neste ano de 1652 nomeado camareiro-mor de el-rei o conde de Atouguia, em substituição de seu cunhado o conde de Penaguião, enviado como nosso embaixador junto da corte de Londres.

(237) MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado, parte 1, liv. 11, p. 336.

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Ficou servindo provisoriamente o governo das armas da província de Trás-os-Montes o mestre de campo António Jacques de Paiva, que esteve poucos meses, vindo logo o efectivo Joane Mendes de Vasconcelos. «Porem em todo o decurso deste anno (1652) se não offereceu occasião digna de memoria». Assim diz o autor que vamos seguindo (238). Sem embargo, as incursões deviam continuar, pois no livro da fábrica da igreja de Arzadegos, povoação galega fronteira a Mairos, no concelho de Chaves, se lê: «Año de 1653. El año de 1668 se hicieron paces con Portugal y habiendo estado este beneficio despoblado, el mismo año de 1668 se comensó de labrar para el año de 69 con diez y seis feliegrezes». Vê-se, pois, que Arzadegos estava despovoada nesse ano. Seus moradores haviam fugido, devido, sem dúvida, às incursões dos portugueses, para Puertas Abiertas de Flor de Rei, pequena povoação anexa que outrora deve ter tido importância, pois tem fortificações, muralhas e fossos. Este facto deve ter tido lugar em 1652, pois desde o ano seguinte até 1670, nos assentos do registo paroquial se diz: «vecinos de Flor de Rey bello y naturales de Arzadegos». Demais, quando em 1669 se erigiu, na freguesia de Arzadegos, a confraria da Senhora do Rosário, nas constituições que lhe deu o padre provincial da Ordem dos Pregadores, deixou escrito «que como parte segura e unico poblado de la parroquia de Santa Eulalia (de Arzadegos) erige por altar privilegiado y especial al de la Virgem de Puertas Abiertas de Flor de Rey» (239). Até 1655, Joane Mendes de Vasconcelos governou num perfeito sossego a província de Trás-os-Montes, mas neste ano recresceu de intensidade a guerra: os castelhanos entraram por terra de Miranda em Paradela e levaram grande presa de gados que António Jacques de Paiva, mestre de campo, ao tempo em Miranda, não lhes deixou gozar, pois mandando contra eles o capitão de cavalos Fernão Pinto Bacelar, não só lha tirou mas até trouxe uma muito considerável tomada no lugar de Samil. Ao mesmo tempo, Paiva irrompia pelo território inimigo afrontando a guarnição de Carvajales, queimando a vila de Távora e dezanove lugares das imediações, de onde trouxe consideráveis despojos.

(238) Ibidem, p. 385. (239) Ao ilustrado abade de Arzadegos, D. José Garcia, agora pároco de Lubian, agradeço estes esclarecimentos.

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Entretanto, os espanhóis entravam por Ifanes em força de quinhentos homens de infantaria e cento e cinquenta de cavalaria e arrebatavam grossa presa, que não conduzem sossegadamente ao seu destino, porque caindo denodadamente sobre eles o mestre de campo, poucos deixou com vida e perseguiu os destroços desde Brandilhanes, onde se deu o recontro, até Fuenfria (240). Neste meio tempo, a 6 de Novembro de 1656, morre el-rei D. João IV e a rainha é investida na regência do reino. Este acidente traz graves complicações; os sucessos das nossas armas no Alentejo vão de mal em pior; por toda a parte se procura um homem capaz de reparar tantos danos, os parciais e amigos do governador das armas da nossa província indigitam-no como único salvador: é chamado a Lisboa, vai ao paço, a sua entrada constitui um verdadeiro triunfo, o povo, inconstante e volúvel, por toda a parte o vitoria, proclamando-o defensor do reino: é nomeado governador das armas da província do Alentejo, sucedendo-lhe em Trás-os-Montes o mestre de campo António Jacques de Paiva. Enquanto estas coisas sucediam a nossa província fornecia à do Minho, em 1657, um contingente auxiliar de mil duzentas e sessenta praças de infantaria e quatrocentas de cavalaria, governadas pelo tenente-general Domingos da Ponte Galego. O governo de António Jacques de Paiva, na província de Trás-os-Montes, durou mais de um ano sem embargo do que D. Rodrigo de Castro logo foi nomeado como sucessor a Joane Mendes de Vasconcelos, mas não veio tomar conta, demorando-se na campanha do Alentejo. Demais, este Governo era pouco convidativo, dada a carência de tropas para empresas de vulto, em razão dos socorros que a nossa província mandava à do Minho e Alentejo, o que não nos causou pequenos danos, porque os castelhanos, entrando em 1657, pelo território de Miranda, levaram rapinas grandiosas sem que Paiva pudesse desforrar-se (241).

(240) MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado, parte 1, liv. 12, p. 474. (241) Ibidem, parte 2, liv. 3, p. 189.

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Governo das armas da província de Trás-os-Montes pelo conde de Mesquitela e por Luís Álvares de Távora, conde de S. João. — Incêndio e saque de Alcanices. — D. Baltasar Pantoja, Sebastião da Veiga Cabral e Manuel da Costa Pessoa. — São derrotados os inimigos em Souto Chão, Berrande e Arçoá. — Monforte de Rio Livre. Saque de Uimbra, Tamaguelos, Mouraços, Tosal, Vilar da Foz, Orriós, Mandim e de mais de trinta lugares de que se tirou grande presa. — Chaves é atacada por Pantoja, bem como Faiões e Santo Estêvão; sua crueldade. Em 1659 o conde de Mesquitela foi nomeado governador das armas da província de Trás-os-Montes, para onde partiu logo, ainda mal convalescido da batalha de Elvas. Reparou as fortificações de algumas praças mais importantes, fez por levantar gente para ocorrer às necessidades da defesa da província e no princípio do ano de 1660 passou a Lisboa, deixando o Governo entregue ao conde de S. João, altamente estimado pelo povo trasmontano, entre o qual tinha grande prestígio pelas suas boas qualidades e senhorio de muitas vilas e lugares. A fim de vingar as anteriores ofensas dos castelhanos, atacou a vila de Alcanices, fronteira ao território de Miranda, à frente de oito mil homens de infantaria, trezentos de cavalaria e duas peças de artilharia. Tomou, saqueou e incendiou a vila, fazendo destroço enorme em seus defensores de que escaparam poucos refugiados num castelo situado no extremo da mesma vila, em posição tão eminente que o conde o não quis atacar por não trazer meios de expugnação competentes, e mesmo por não lhe querer deixar presídio. Igual sorte tiveram alguns lugares circunvizinhos. Após este sucesso, chegou a Chaves o conde de Mesquitela a tomar conta do Governo e o conde de S. João partiu para a província do Minho. Em desforço da entrada dos nossos em Alcanices, os castelhanos ainda entraram pelo território de Miranda, onde queimaram alguns lugares abertos e despovoados, por haver retirado seus moradores o governador de Miranda, André Pinto Barbosa (242). No ano de 1661 ainda continuava no Governo da nossa província o conde de Mesquitela, mas no mês de Julho passou à da Beira a ajudar João de Melo Feio contra a invasão do duque de Ossuna, deixando na sua ausência o Governo entregue ao tenente-general de cavalaria, Domingos da Ponte Galego; porém, logo que terminou a campanha do

(242) Ibidem, liv. 5, p. 302.

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Minho, voltou para esta nossa província o conde de S. João, que fez tão bastas e fortes entradas nos lugares inimigos da raia que muitos se tornaram nossos tributários. Em 1662 o conde de Mesquitela passou a governar a província do Alentejo, lugar que pouco tempo exerceu por morrer logo, ficando o Governo em Trás-os-Montes entregue ao tenente-general Domingos da Ponte Galego, e o conde de S. João Luís Álvares de Távora foi nomeado mestre de campo-general da província de Trás-os-Montes e da do Minho, que estava tendo uma importância militar pouco inferior à do Alentejo, onde era necessário combater D. Baltasar Pantoja, governador das armas da província de Guipuscoa, nomeado também das de Galiza como assistente ao arcebispo de Santiago, governador em chefe, que a invadira. Terminada gloriosamente a campanha do Minho, para a qual fora como auxiliar um corpo escolhido de tropas trasmontanas, governadas pelo sargento-mor Sebastião da Veiga Cabral, tendo como comissário geral Manuel da Costa Pessoa, pela derrota de Pantoja, se recolheu o conde de S. João à nossa província que defendeu brilhantemente das incursões inimigas e foi de tanta prudência a sua administração que quase sem dispêndio a organizou militarmente, aumentando o número dos soldados a ponto de poderem competir com os das outras em quantidade e boa disciplina. Com tão notáveis qualidades, o seu Governo produziu maravilhas: talou o país inimigo confinante que se lhe submeteu tributário. Sabendo que nos lugares de Souto Chão, Berrande e Arçoá acampava o terço do mestre de campo D. Diogo de Ense e outras companhias de infantaria, partiu de Monforte de Rio Livre a 22 de Janeiro de 1663 com setecentos soldados de cavalaria e caiu, como um raio, de improviso sobre eles, desbaratando-os completamente. Poucos escapam de mortos ou prisioneiros (243). Em 1664 as entradas que o conde de S. João, ainda governador da província trasmontana, fez no território inimigo, foram estrondosas. De Chaves, onde costumava residir, mandou uma força saquear os lugares de Uimbra, Tamaguelos, Mouraços e Tosal, situados no vale que da nossa vila se prolonga para Verin. Depois, a 18 de Outubro, com dois terços de infantaria e seiscentos homens de cavalaria marchou sobre Vilar da Voz, povoação rica, grande e fortificada, e mais enriquecida ainda por se depositarem nela as alfaias e provimentos de muitos lugares abertos. O alferes, com a gente que guarnecia o forte de Vilar da

(243) Ibidem, liv. 7, 8 e 9.

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Voz, não querendo render-se, são quase todos mortos. Marcha em seguida sobre Ornós, onde se lhe juntou alguma cavalaria de Bragança, semeia num circuito de seis léguas a destruição de todos os lugares abertos, obriga a recolher a quartéis a cavalaria de Monte Rei, que não se atreveu a fazer-lhe frente, e dá improvisadamente sobre Mandim que, com outros muitos lugares daquela região espanhola, se fez tributário d’el-rei de Portugal. Nesta empresa muito se distinguiram Manuel Pacheco de Melo, Francisco de Morais Henriques, mestres de campo; Pedro César de Meneses, general de cavalaria; António Nunes Ares, Manuel António, Francisco Carneiro Fontoura, Miguel Ferreira Morais e Francisco Carneiro Morais, capitães, não esquecendo o mestre de campo Diogo de Caldas Barbosa, que do quartel de Bragança os foi auxiliar, talando de caminho todos os lugares inimigos por onde passava. Por este lado nunca as nossas armas haviam penetrado tanto; saquearam-se mais de trinta lugares «de que se tirarão oito mil cabeças de gado miúdo, oitocentos bois, grande quantidade de patacas e dobrões e muitas fazendas» (244). Recolhe, por último, a Chaves a 22 de Outubro, deixando naqueles contornos tal fama de poderio que as suas proezas passaram à lenda. «Cala-te ladrão, diziam as mães às crianças que choravam, que lá vem o conde de S. João». Pouco depois mandou entrar pelos lados de Bragança, nos campos das Frieiras, o mestre de campo Diogo de Caldas com setecentos homens de infantaria e quatro companhias de cavalaria, comandadas pelo comissário geral Bernardino de Távora, que saqueou cinco lugares, fazendo ele o mesmo a seis numa incursão no vale de Salas. As presas que assim fazia o nosso governador no território inimigo revestiam duma grandeza épica o seu nome no conceito popular e forneciam-lhe abundantes recursos para sustento da tropa que o idolatrava, crendo-se invulnerável com tal chefe (245). No ano de 1666 o conde de S. João, que ainda continuava à frente da nossa província, marchou para Lisboa, ficando na sua ausência entregue o Governo ao mestre de campo — general Diogo de Brito Coutinho, o qual, tendo notícia que D. Baltasar Pantoja intentava invadir a nossa província pelos lados de Montalegre, incorporado com as tropas de Monte Rei, mandou retirar os gados e recolher os habitantes aos lugares centrais da província.

(244) Mercúrio Português do mês de Outubro do ano de 1664. (245) MENESES, Luís de — História de Portugal Restaurado, parte 2, liv. 9, p. 240.

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Pantoja, que queria tirar desforra das formidáveis incursões do conde de S. João nos anos anteriores, a 11 de Julho de 1666 entrou por Montalegre, destruindo e queimando e praticando as maiores violências. No dia 13 estava sobre Chaves, em cujas imediações travou renhida escaramuça, havendo de parte a parte muitos mortos e feridos, com o capitão Gaspar Vaz Teixeira, que o fez desviar da vila. Dia 14 ataca os lugares de Faiões e Santo Estêvão, povoações ricas e grandes do vale de Chaves, defendidas pelo sargento-mor de Auxiliares, António de Azevedo da Rocha, com duas companhias da Ordenança, de que eram capitães Manuel Pereira e André Correia. A resistência do sargento-mor foi nobre e digna, mas temerária, porque as povoações não tinham condições de defesa. Ao cabo de algumas horas foram entrados, feitos prisioneiros os capitães e, segundo as leis do tempo aplicadas aos contumazes, degolada a guarnição. Em Santo Estêvão havia então, e ainda hoje, um castelejo, espécie de casa-forte, como a de Santa Apolónia, nas imediações de Bragança, a ele se retirou o sargento-mor com alguns soldados e gente do povo, onde se defenderam valorosamente, vindo depois a capitular honrosamente. Devem pertencer a estas lutas aqueles engraçados epitáfios mencionados por Faria e Sousa (246). Dali, continuou Pantoja a marcha, costeando as margens do Tâmega, na direcção de Monte Rei, onde se recolheu, devastando como um furacão os campos por onde passava. Mas a poucos dias de estada em Monte Rei, marcha sobre Monforte de Rio Livre, na direcção de Vinhais, espalhando a destruição e o incêndio. A vigorosa resistência que esta nobre vila bragançana opôs ao inimigo consta da seguinte relação do Sitio de Vinhaes em 17 de Julho de 1666 pelo general Pantoja. O documento que segue existe em Vinhais, na mão do professor complementar, padre José Firmino da Silva, comissário da Ordem Terceira, distinto orador sagrado, de quem o obtive por interferência do conselheiro Abílio de Madureira Beça, professor do liceu de Bragança, de cujo distrito já foi governador civil e seu representante em cortes em cinco legislaturas. É um in-folio manuscrito, de 0,21x0,31 centímetros em papel grosseiro, já muito manchado, sem prejuízo do texto, com vinte e duas páginas inumeradas, tudo escrito, menos metade da última e duas seguintes em branco.

(246) SOUSA, Manuel de Faria e — Europa Portuguesa, tomo 2, cap. 1, nº 136.

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O seu autor, Inácio Xavier de Morais Sarmento do Mariz começa, como segue, sem título algum: «Direi hua verdadeira noticia da villa de Vinhaes e do sitio que lhe pôz o general das armas catholicas D. Balthazar de Roxas Pantoxa no Reynado do Senhor D. Afonsso sexto em que Portugal se fez tão glorioso na mais justamente defensiva e sanguinolenta guerra. O modo de como se chamava esta praça forteficada a sua situação e da forma que foi valorosamente defendida, padeceram a dysgraça de alguns escritores lhe não individoarem as circonstancias, ficando tambem a dever igoal restetuição e memoria do seu governador Estevão de Moraes Sarmento que nos annais da posteridade soube com gloriosas acções eregir melhores padrões ao seu nome para aqueles fazello, como deviam, mais eternizado nos seus escritos. Hé Vinhais hua villa na província de Tras os Montes que pella banda do norte confina o seu termo com a raia de Galiza; está situada em hum pequeno valle que nas raizes de dois montes abunda de frescas agoas, e arvoredos; os naturaes dão ao mais olivedo o nome de siradelha, e ao menor o de lovageiras ou uvagueiras, estão quazi unidos da banda do nascente e banhados pella raiz de hum piqueno ribeiro, mas premanente a que os antigos chamavão rio mento. Este ferteliza uberimos prados e ortas por grande espaço athe que no rio Tuella que fica meia legua em distancia desta villa para a vanda do sul perde o nome. He tradição constante ser antequisima esta villa a quem antigamente deram o nome de povoa rica por ter sido povoação de dois mil vezinhos entrando os cinco bairros que existem na sua circunferência e por haver nella grande copia de tiares de seda e outras fabricas e comercios com que se enriquecia: do seu primeiro nome pasou a dois secullos ao de Vinhais deribado dos grandes valles e montes que havia nas suas vezinhanças todos plantados de vinhas de que ainda ha entre os vestigios abundancia. Com bem fundadas congeturas se diz que no tempo de Brigo quarto rey de Espanha principiou a povoar-se o que faz verosimil hua pedra que se achou com estas letras etruscas e mal formadas P B que a meu ver segneficam povoação ou povoado no tempo de Brigo e move-me a dizello asim porque este rey foi o mayor povoador deste reyno e todas as suas povoações lhe punham semilhante memoria e alem disto sendo este rey o fundador de Bragança sendo tão pequena a distancia della a esta villa parece ter esta opinião hua prova quazi certa. Sabe-se que foi avitação ilustre de servos catholicos porque alem da tradição aparecerão alguas pedras com muitas letras A ✥ e V, que hoje MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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que as emtendo milhor que coando vi huma são Alpha e omiga primeira e ultima letra do Abcedario grego que os suevos e alanos (?) [45] catholicos punhão sobre as sepulturas para confesar a verdade de não ter Deus princípio nem fim e com hua cruz no meio da feição que se mostra, unese a esta verdade o que na antiquisima igreja de São Facundo se mostra que são três figuras unidas e huma com azas significando a trindade biatisima três divididas seneficando tres pesoas distintas e huma mais apartada significando hum só Deus verdadeiro como se mostra no frontespicio da dita Igreja temse por certo que depois da de Santa Maria de Bragança foi hua das primeiras na província e asim premaneceo por povoação sempre catholica no tempo dos arabes a quem eram tributarios não obstante terem alguns castellos nas suas vezinhanças de potentados a quem pagavão trebutos os catholicos. He esta Igreja cabeça da abbadia esta funda (sic) no campo entre Bayrros e villa algum dia ficava no meio da povoação, como pellos vestigios se mostra he a mesma que então hera com seu portal gotico, e o seu feitio mostra a sua antiguidade. Não faltam coriozos que investiguem ser certo pasar por esta povoação o invicto martir e soldado São Facundo no exercito do cruel actico quando pasou a Galiza adonde o glorioso santo foi prezo do cruel para triumfar com o glorioso martyrio da brutal frereza (sic) com que perseguia aos fieis de Jesus Christo, este barbaro Ático e eu me atrevera a dizer que seria o triumfo deste sobrano soldado de Christo, São Facundo nesta mesma terra ou perto della fundado em que a sua prizão foi em galiza que então compreendia este destricto, em que se não vê por estas partes nem templo dedicado a tão evicto (sic) martire, nem tão antigo e são tantos os veneficios que se contão por tradição que este invicto soldado de Jesus Christo tem feito a esta terra que contallo seria imposivel e sim me satisfaço só com contar este que a tradição comserva feito a hum mouro para mayor grandeza do senhor São Facundo, de paes a filhos he constante que andando una grande briga de mouros e catolicos no sitio por baixo donde hé hoje o convento dos frades sendo bem devatida vencerão os cristãos e vendo hum destes que fugia hum mouro da batalha a redia solta o foi segindo (sic) com a lança corria o mouro a refugiar-se na Igreja do Santo ja ferido e o christão sobre ele entrou o mouro na Igreja e o cristão ao chegar a porta se lhe pregarão na cantaria do lemear della as mãos do cavallo de sorte que hoje se vem ser as estampas das ferraduras cravadas nella, deseuce o catholico e prostrado de joelhos se omilhou e o mouro se converteo. Não me faltarião rezões para mostrar que desta villa houve mais de hum capitam famoso que melitou nas vandeiras romanas e que Caio o MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Senecio governador de Tarragona que alguns autores querem fazer de Chaves, hera desta terra mas não he o meu intento mais que dar esta abreviada noticia della. Esta hoje Vinhais reduzida a povoação de cento e quarenta vezinhos não contando os ditos Bairros e hé o mesmo numero de avitadores que no tempo da dita guerra tinha, tem noblisimas cazas e destentisimas familias que aparentadas com as de Bragança e com outras muitas não ficão emferiores as destintisimas do Reyno. Foi Senhor desta villa João Fernandez de Moraes primo com irmão de João Affonso Pimentel senhor de Bragança e primeiro conde de Benabente em Castella daquelle procedem por hua ceria de familias continuadas muitas cazas ilustres da villa e de suas vezinhanças e de outras varias partes, os maosoleos que na dita Igreja teve o dito senhor da terra posuem seus descendentes, em hum delles jas Ruy de Moraes visneto do dito João Fernandez de Moraes e tem um antigo letreiro que declara foi transmetido o senhorio desta villa a João Gonçalves de Atahide pai de D. Luiz de Atahide conde que foi de Atouguia pellas mesmas razoes que se tresmetio, senhorio de Bragança o Senhor Rey D. Manoel lhe deu foral dizendo que com bastante izenção aos descendentes de tão ilustre prozapia, hera nos primeiros tempos a sua povoação estendida para a banda do sul mas ja ha mais de dois secullos se mudou a sua situação para o poente por ser mais agradavel e menos custoza a sua comonicação seis são as Ruas que compoem as cazas de seus avitadores, Rua nova, Rua de sima-brugeira, Rua da quinta, Rua de Baixo, Plames, ou arabalde, todas ellas bem sahir a hum vistosisimo (?) Terreyro chamado arabalde a huma vanda deste esta hum chafariz que por dois canos de bronze abunda de agoa da milhor do Reyno e de boa arquitetura ornado com as quinas de Portugal, pegada a elle esta a caza da Mezecordia (sic) e o espital fundados por Duarte Rodrigues de Moraes ilustre chefe da casa de Thiozello, na outra vanda do Terreyro prencipia o convento das Religiosas Reformadas de Santa Clara que estendendo-se pella Rua nova athe findar na Crugeira faz hua rua agradavel em linha recta porque he singullar o edeficio. Antonio Ferreira e sua mulher Ilena da Novoa das nobres familias da terra forão seus primeiros fundadores e floreceo nelle sempre a virtude e a santidade o que tem bem justificado nos autenticos decumentos do seu archivo. No fim do Terreiro para o norte fica a porta principal para se entrar para a fortaleza esta mandou fazer o Senhor Rey D. Deniz (247) em hum

(247) No entanto, o foral de Vinhais, dado em 1253, já fala no seu castelo, e por isso a sua existência deve ser anterior a D. Dinis, como observou o Portugal Antigo e Moderno,

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piqueno outeyro que do nascente e do sul hé sufrivelmente elevado, a fortaleza he redonda que o circumda todo he de pedra alvenaria barro e cal, tera a sua circumferencia quinhentos e cincoenta pasos por ella se devidem sete torres de sufrivel altura duas aos lados da porta que sahe para o Terreyro a onde acava a ultima porta de três que tem em distancia de 15 pés de hua a outra com que melhor se fortalece a entrada que por esta parte he coaze plana. Da banda do sul tem outras duas torres e da mesma forma duas portas com a mesma distancia e dereitura de hua a outra, tem outra torre chamada a do sonço para o nascente, outra entre este e o sul e outra para o poente e somente as duas referidas entradas excetuando hua piquena porta falsa chamada a do sol que hoje esta tapada de pedra tem outra segunda muralha da banda de fora da primeira que lhe serve o terreno de 15 pés que entre hua e outra medêa de foço, esta segunda muralha tem quatro tenalhas ou furaois redondos em propocionada distancia das torres do muro enterior hum e outro muro são bem aterraplanados, athe os parapeitos tiverão sete ou oito peças de artilheria, as torres que antes da guerra se mandarão hir para Bragança tinha uma forte estacada e sua barbacam tem corpo de guarda, armazem e tudo o mais comcernente exceto agoa porque para ella se servirão de hua fonte nativa que ha perto da muralha exterior e defronte da dita porta falça sendo dipois governador, o ilustrisimo e bem conhecido Senhor Duarte Ferreira lhe discobrio com a sua sabedoria hum piqueno nascente dentro da fortaleza em que mandou abrir hum poço que hoje exziste com uma nativa e testemunhando o merecimento d’este eroy que athe a sua memoria a faz eterna hum alimento tera o castello dentro 20 moradores com pouca diferença com alguas cazas nobres nele esta a Igreja da Senhora dasumpção que he a freguezia sobre as portas do primeiro muro que cai ao Terreiro cabia hua piquena obra cornea que do ramal do muro distava fora dois palmos cobicos com gatos de cantaria para por entre seus extremos se defender a porta com breu e materias combustiveis, e ainda com tiros de aremeso a roda do primeiro muro ha muitas cazas exceto pello nascente que são fermosas ortas.

mas do texto do foral não se pode inferir nada com rigor sobre as fortificações, pois, como traz H ERCULANO — História de Portugal, liv. 8, parte 2, p. 160, muitas vezes, apenas se achava delineado o sítio do castelo, já se nomeava alcaide para ele, a não querermos dizer que Rui de Pina nos engana quando afirma que D. Dinis povoou e fez de novo o castelo de Vinhais, de onde depois tomaram a notícia o autor da Corografia Portuguesa, Mariz e outros.

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Desta forma se achava na guerra a praça fortificada mas tudo lhe disfigurou hum iniquo vedor geral chamado Antonio Roiz Couto que veyo mandar concertalla mas a sua má direção a poz em forma que devia ser castigado se o não disculpace a sua reconhecida ignorancia e má ideia pois por ella se vê mais decipada. Hera governador desta praça Estevão de Moraes Sarmento legitimo neto de Rodrigo de Moraes de Thiozello a quem tanto como pella coalidade ilustra o apellido de indiano pellas famosas açois que na inda (sic) obrou em defença deste Reyno achava-se com a guarnição de 50 auxiliares alguns nobres da terra e alguns paizanos por ter hido a companhia paga de João Ferreira que a guarnecia a secorrer outra província com a mais tropa, tinha Estevão de Moraes Sarmento asentado praça havia annos deixando de tomar ordens a que estava destinado para naquella conjuntura ajudar a defença do Reyno achando-se na sua caza de Thiozello foi repentinamente acometido de huma tropa de soldados castilhanos acudiu a defença de sua caza sem mais prevenção que hua espada e hua rodella e alguns criados e emquanto se retirou algua gente de caza para a capella sofreo hua descarga sem mais perigo que duas vallas na rodella desempararam-no os moços e quebrando-lhe a espada na pendencia foi cercado roubada a caza sem ficar mais que o que retirou para a capella donde não entrarão e indo prisioneiro o não puderão livrar os paizanos e lavradores por mais depreça que acudirão a secorrello do campo adonde andavão, no primeiro dia de jornada já dentro em Galiza foi entregue a hum official e dois soldados para conduzillo mas fingindo querer beber agoa em hua fonte e eles da mesma forma tirou repentinamente a espada ao official da cinta e deixando o official e outro soldado mal feridos fugio o terceiro e elle pellos montes se retirou a Portugal isto que lhes refiro tinha autenticado com Regio decumento que o que sobeja para contar-lhe a memoria. Chegado que foi o fizerão capitam mayor governador de Vinhaes com dez mil reis do soldo por mez, omito entradas que fez em Galiza e outras açois que fez na guerra porque não he o meu intento escreverlhe a vida e porque são notorias nos padrois dos seus despachos e graças que lhe fez o Sobrano. Logo que Estevão de Morais teve avizo por intelligencia que trazia de que o general castilhano vinha sitiar-lhe a praça com grande poder recolheu a dia moniçois e mantimentos bastantes para huma valorosa defença não consentio mulheres e rapazes inuteis dentro da fortaleza tomarão este espediente com as mais de suas vezinhanças o retirarse para logar seguro e juntas em numeroso escoadrão com as senhoras de mayor coalidade fizerão sua retirada para alem do rio e montanhas da MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Senhora da Serra armadas de chuços e armas de fogo escultadas por lavradores velhos e alguns çacerdotes e criados com muniçois e mantimentos e com animo de se fazerem fortes no sitio do nogueiro que he tal por natureza que a hum grande exercito podiam rezistir vinte pesoas sem perigo e nestas partes se mantiverão parte de dois dias foi este onrrado escoadrão capitaniado por D. Francisca de Morais mulher do governador e por sua irmaa D. Izabel de Morais e por sua prima F. do Bairro de Crespos que nos cavallos que tinhão seus maridos mostrarão ser briozas amazonas do nosso secullo, conto esta istoria não só pella tradição mas pella ouvir muitas vezes a Inez Salgado de Faria Feijo que morreo de cento e treze annos tendo eu nove ou dez de idade e foi ficando de pais a filhos. Nem este exemplo nem persuaçois forão bastantes a fazer sahir fora da praça donde tinha a sua caza a nobre senhora D. Maria de Morais muito proxima parenta do governador e de sua mulher hera esta senhora viuva de Julião de Morais filho de António Ferreira e da senhora D. Tiboria de Amaral natural do Tojal e seu marido da caza ilustre dos Ruibos de Espinhozo tinha hum filho chamado Pedro Ferreira e hua filha chamada Leonor recolhida no convento que dipois cazou e teve por filho Antonio de Morais Beiça (?) de Rio de fornos. Esta Senhora Maria de Morais e duas criadas forão as unicas mulheres que ficarão na fortalleza é a heroina que sendo de mais de 55 anos de idade andava pela muralha armada izortando aos soldados e atirando valorosamente com hum mosquete ao enemigo, emquanto durou a pelleja mandou abrir o seu armazem que eziste junto da muralha e o pôz patente aos soldados donde tirarão vinagre para refrescar as armas de fogo e vinho para alimento mandando-lhe guizar o comer e dandolhe continuamente doce de caixas de que estava prevenida, obrava açois dignas de eterna escrita, mas o faltar quem dese esta noticia teve a culpa. Tanto que o governador teve a gente recolhida repartida pela muralha asinallados os postos pasou o convento de Santa Clara a dar alguas instruçois a sua irmaa ou prima D. Maria de Açumpção que hera abadeça entre ellas foi que de forma nenhuma se abrise a porta da portaria que como fronteira a muralha seria defendida e que se o general lhe quizese fallar fosse pella portinhola da Igreja ao coro de baixo o governador dotado tanto de vallor como de christandade se foi a mesma igreja das religiosas e postrado diante da imagem da Senhora da graça implorou a proteção devina que só com esta se exercita o vallor e se alcança o triumpho e se consegue a gloria. Recolheose a praça adonde fez hua falla aos seus soldados tam generosa, e animada que parece a tinha premeditada pois a achei de sua letra MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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escrita e não repito agora porque não pareça adullação ou vangloria na mesma noute que foi a desasete de julho da era de 1666 apareceo o general castilhano na frente de 1700 homens reglados auxiliares ou amelicianos e servidores e immediatamente mandou investir a fortaleza por tres partes. Jugou a mosquetaria dos sitiados furiosamente contra os castelhanos mais de tres horas e com ella outros tiros de aremeço de sorte que vendo os espanhois pello fogo e pellas feridas quanto lhe hera perigozo o asalto se empararão das muitas cazas que ha junto ao muro donde ficavão mais cubertos aos tiros com que os defensores os maltratavão andava o valloroso governador pella muralha armado com hum peito de aço que debaixo do emcarnado vestido trazia com chapeo de plumas emcarnadas debaixo d’elle hum forte casco izortando os seus pondose descuberto aos tiros com hum estoque e hum bronquel para lhe dar exemplo e da mesma sorte a referida Senhora Maria de Morais izemplo singular das varonis mulheres que nunca jamais se vio nem largar o mosquete nem apartar da muralha. Pertenderão os castilhanos pella banda do Terreiro dar asalto mais furioso e para este fim conseguirão aromar a primeira porta hum petardo apezar dos tiros e das combustiveis materias que de cima lhe lançarão aromado o petardo sobre alguns mortos e dezasete feridos lhe derão fogo e levando a porta por ella pretenderão entrar rezolutos. Apenas o governador vio levada a porta e que por ella ganhão o foço e exterior muralha com perigo de lhe piquarem a segunda e aroinalla mandou abrir duas portas que emediatas se segião (sic) dizendo ó valorosos soldados portuguezes seguime que defendemos causa justa pello nosso bom Rey a Senhora da Açumpção esta comnosco não queiramos ver o seu templo ultrajado e posto na testa de trinta auxiliares acompanhado de alguns nobres de mais valor trabou com os enemigos hua briga muito ororoza e mais digna de andar emcarecida nos autores que a descreverão do que anda (248). Pelejava ao lado do governador o seu valoroso alferez Miguel Affonso pay de Inez Salgado de Mariabrandes (?) e avó dos Feijos do Bairro e o seu ajudante Francisco da Sylva com thio da may do abbade de Revelhe Manoel de Moraes Sylva com tanto valor que parecião tres lions bravos, o referido ajudante dipois de disparar sobre os castilhanos hum mosquete cheyo de vallas ou vacamarte de que cairão quatro por

(248) Quererá referir-se ao Portugal Restaurado, parte 2, liv. 9, p. 389, onde vem a descrição deste sítio de Vinhais?

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terra e ficaram cinco feridos arancou de hua larga espada e com ella fez marabilhas com os nobres, e os que o acompanhavão, de sorte que cada hum hera hum erculles que sobre a idra castilhana se arojava: hera o sitio vantajoso aos defensores porque alem de haver só de hua muralha a outra 25 pés de distancia e da primeira a segunda porta entre os coais se combatia desasete athe 20 paços lhe ficavão com suprioridade e a mesma multidão dos espanhois os comfundia huns a outros. Os piques dos cercados fizerão maravilhosa defença de sorte que em coaze quatro horas de briga comseguirão lançar os castilhanos fora com alguns mortos e muitos feridos que por serem os ferros dos piques muito curtos não jugarem livres pella estreiteza do sitio não fizerão maior estrago dos cercados ficarão muitos feridos, mas levemente o alferez e o ajudante entraram neste numero, ao governador lhe despedaçarão o bruquel e lhe pasarão com duas vallas e lhe quebrarão as guarniçois do estoque com os foriozos golpes nellas recebeo na pendencia e tudo asim se conserva em caza de seu terceiro neto Ignacio Xavier de Moraes Sarmento que da esta nota. Lançados os castilhanos fora os seguirão os cercados sete paços fora da porta e recolhendose a mandou logo o governador atrancar, fechadas as mais seguintes se recolherão os cercados, ficando alguns sobre a primeira muralha e os castilhanos retirando os mortos se empararão das cazas por não esperamentarem maior ruyna, a Senhora Maria de Morais sempre esteve atirando da muralha. De boa vontade ometira agora a vergonhosa fugida dos cercados se não houvera della hua certidão authentica na minha mão que podendo aparecer outra algum dia me deixe na noticia menos verdadeiro que esta a ocultou o valoroso animo do governador persuadido a que só o seu valor hera bastante para triumfar de semelhante empreça que hé a distinção que ha dos espiritos valorozos aos posilanimes parecerlhe aquelles que lhe sobeja valor para os triumfos. Hera já alto dia quando o governador adevertio que de muralha lhe tinha fugido quaze toda gente com vergonhosa infamia pois de quaze duzentos homens que entre auxiliares e paizanos havia na praça apenas ficarão 30 para deffendella, afligiose o governador como hera justo mas com notavel constancia lhe fez huma breve falla izortandoos a que morresem na defença daquelle castello que El-Rey lhe confiara que dentro delle tinha hua imagem da Immacullada Senhora da açumpção que hera a verdadeira governadora que elle hera hum soldado e companheiro delles que o imitasem todos como herão animados dos nobres que ali avia responderão que nenhum se renderia sem deixar a vida na defença sendo a Senhora Maria Morais a primeira que ezortandoos deu esta resposta. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Partio o governador com notavel acerto a pollos nos lugares mais perigosos da muralha e mandou da caza de hum homem que vendia chapeus grande quantidade e asim mesmo paos e chuços, pôs e o que tudo achou o foi dispondo em roda da muralha que parecia cercada de armas e gente e com o dito alferes mandou seis homens e outros tantos com o ajudante que sem ceçar andasem sempre a dar descargas a hua banda e outra sobre o inimigo, e entrando no templo com a senhora Maria de Morais pôs as chaves do castello na mão da Senhora da açumpção e fechando o templo se retirou com a chave d’elle para a peleja. A pouco espaço de tempo chamou o governador a Manoel Antones porteiro da Camara homem de valor e rusulução e lhe disse que pella porta falça do sol sahise oculto com huma caixa de guerra e que metido pelos montes da ladeira fose ao alto do Rozario estrada de Bragança e no alto da estrada tocase a marcha e correndo ao sitio dos vieyros tocase a degolar e que vise se dava com os fujetivos imbrinhados vezinho lhe afiase a fugida e os levase comsigo e que os fizese aparecer adonde toquace para que fosem vistos dos castilhanos e logo mandou sahir outro homem do Bairro chamado Barrabas pay de Francisco Lopes que eu conheci já velho que hera astuto e ladino e que levando hum machado como que andava no monte a lenha viese meterse aos castilhanos e que tanto que ouvise tocar a caixa lhe afirmase estava Ciradelha e as Lovagueiras cheia de gente que vinha das partes de Bragança e que estava escondida o que tudo se executou os castilhanos se tinhão retirado aos tiros para traz das cazas de José Sarmento que hoje são minhas e para as de António Sarmento que estão na quinta e são de seus netos, e com notavel imprudencia se pos hum oficial a comer a hua meza a hua ginella sobre o chafariz das cazas do governador, mas hum tiro da muralha o fez com uma valla cahir morto, dizem ser filho de Pantoxa não se bastardo. Os castilhanos que andavão por tras das cazas livrando-se da mosquetaria lhe lançarão fogo e as queimarão não obstante as vallas que sobre elles cahião (249). Tinha a abbadesa mandado hum recado ou presente ao general Pantoxa com muita subimição este lhe veyo fallar com o seu sargento mayor pella igreja porque pella portaria lhe não quiz mandar abrir as portas com o pretexto de estar fronteira das torres da muralha depois de se comprimentarem com muita cortezia lhe dise o general que lhe dese licença que queria plantar hum ou dois morteiros dos mirantes

(249) A este facto alude a inscrição que damos adiante.

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respondeulhe abbadesa estava aroinado em pontos de cahir tornou o general e dise eu eide hir vello abbadesa dise não o ha por onde sem vosa Ex.cia se expor a um grande perigo e finalmente concluirão as rezois dizendo abbadesa se vosa Ex.cia não atende aos meus rogos antes quero que a mim e a estas pobres mendicantes nos mande pasar a espada, riose o general e dice para o sargento mor vaya que en este tierra astá las monjas tienen arojo, e despedindose se retirou para o araial. A ginella grande que deita para a rua sahio huma virtuosa freira com um santo crysto nas mãos, mas hum atrevido castilhano encarando o mosquete lhe disparou pasandolhe a valla o véo da touqua só para testemunho de milagre que asim se pode chamar pella piquena distancia em ação de graças a Deus por este beneficio fazem as religiosas ainda hoje certa deprecação no coro dipois da miça. A mosquetaria de hua e outra banda não ceçava ainda que os castilhanos se puzeram em mayor distancia. Do araial que se diz ser donde hoje esta o convento de religiosos mandou o general ao sargento mayor fose dizer ao governador entregase a praça senão que o faria pasar, e a goarnição pelo rigor da guerra partio o sargento mayor pella parte da rua debaixo com hum tambor tocando a chamada e fazendo sinal se lhe respondeo do muro que chegase, dise que queria fallar ao governador respondeoselhe disese o que queria e sem mais dillação se pôs o governador no muro dizendo aqui estou fezlhe o sargento mor sua contenencia e o governador tirou o chapeo e o sargento mayor lhe deo o referido recado respondeu o governador que agradecia a Sua Ex.cia o avizo mas que lhe disese que para ganhar uma piquena pedra daquella fortaleza entregue a sua obrigação lhe havia de ainda custar mayor exzercito que o que trazia e que se sua Ex.cia se havia de dilatar e precisase de algua coiza lho mandase dizer, e se o hia vezitar que ali o esperava; partio o sargento mor com muyta cortezia e chegando ao Pantoxa deo o recado e juntamente lhe dise senhor la plaça sin mas plevencione nó legamos lá que está rodiada de gente e el governador em que não és muito grande de corpo hés ombre de boena idade e mui soldado neste tempo estava já o Barrabas do Bairro dando conta ao general e que elle andava no monte que vira vir muita gente e que vinha fugindo que os seus soldados o prenderão diselhe o general se sabia algua fonte de agoa bem fresqua perto lhe fose buscar agoa naquella caldeirinha o Barrabas diselhe que estava perto que elle hia e dandolha partio a buscalla a fonte do Bairro neste tempo entrou a soar a caixa nos montes de Ciradelha e a descubrirse alguns dos fugidos pellas fragas quando a Senhora Maria de Morais entrou a repiquar os sinos da Igreja e a mosquetaria dos poucos cercados a dar salva. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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Andavão alguns soldados castilhanos a roubar pellas cazas e como o muro das freiras hera então baixo entrarão dois castilhanos a cerca para levarem hua colcha branca estofada que hua criada da comodidade de Curopos ou Val Paço lugares vizinhos tinha deixado a enxugar. Chama-se esta moça Victoria e vendo os castilhanos hir com a colcha como hera lavradora rustica sahio a elles e a pegar della que lha deixassem e asim forcejavão o que lha não havião de levar principiarão as freiras e moças das genellas em altos gritos a moça, Victoria, Victoria, Victoria, os sinos a repiquar a caixa a tocar entrão os castilhanos a fugir para o araial gritando que vinha o poder do mundo sobre elles o Pantoxa deixou o comer ao lume e a caldeirinha de prata ao Barrabas e montando a cavallo entrarão todos a fugir, e desapareceu tudo pellas lamas de Rio de Fornos e Muymenta ficando por testemunha as cadeias de ferro portateis de feitio de serra do Pantoxa a caldeirinha donde tinha o comer que tudo hoje se conserva nesta villa. Andava hua mulher chamada Maria a gasparona de alcunha irmaa da may do Thome de Morais de Rio de Fornos nas lamas e vendo um soldado que hia muito trazeiro de mais se chegou a elle e lhe tirou a chuça e lha quebrou nas costellas dandolhe tantas que o deixou por morto e fugiu muito devagar para sua caza e Maria de Castro da rua de Baixo que foi com as mais para a parte dalem do Rio deixou a Sua porta aberta e hum Santo António em huma copeirinha a quem dise meu santo entregovos a casa e querendo os castilhanos deitarlhe fogo como a outras fizerão ajuntarão grande copia de molhos de serodio e pondolhe o fogo não pegou e veio a mulher que o achou no outro dia e teve pão para todo o ano deixo de contar alguns destes çuceços e destes que ouve por certos o principal foi logo que as chaves da fortaleza se puzerão na mão da imaculada Senhora daçumpção cuja igreja fica junto a muralha ao pé de hua gorita de pedra que he a unica da praça, se forão os castilhanos retirando para o araial protestando que virão hua senhora sobre o muro daquella parte com hum glovo na mão muito resplandecente que os cegava de tam clara formosura que só do céo podia achar-se aquella veleza na terra todos tiverão e tem por sem duvida que a porisima may de clemencia favorecera esta terra e os seus avitadores com tam reconhecido beneficio. Ó quantos favores tem feito esta puricima Senhora a esta villa porque não havendo adonde não entrasem os castilhanos neste ultimo emgreço que fizerão só a esta villa não chegarão sendo pella sua nobreza tão formosa e estando tam perto della; cada anno se lhe faz hua solene festa no seu dia elegendose para ella mordomo em ação de graças de tantos beneficios a mesma senhora perMEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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mita que nos não sejamos emgratos e alcancemos do seu Unigenito filho a sua Mizericordia. O cristianissimo governador dipois de render as graças a soberana Senhora e a Deus dispoz as cousas em boa ordem recebeo parabens dos generais e oficiaes maiores onrrandoo sua Magestade com demostrações de sua grandeza e despachos muito generosos, a Senhora Maria de Morais deo hum avito de christo para seu filho o Sargento mayor da comarqua de Bragança e que puzesse nas suas cazas hum padrão de armas de sua nobreza, o alferes e ajudante lhe deu soldos comque viverão dos seus postos e ao governador prometio por na fronteira de suas cazas hum padrão que iziste com a memoria de tão onrrada defença que escrevi sem afetação nem emcarrecimento seguindome a verdadeiros e onrradas papeis que conservo e outras noticias que alcancei de pesoas antigas e fidedignas, e algum puzer duvida ao que digo declaro que estou promto para mostrar toda a satisfação e verdade, nos requerimentos despachos e papeis do dito governador Estevão de Morais Sarmento que falesceo governando esta praça, esta sepultado no meio da capella mór das religiosas em sepultura sua com as suas armas elevantadas e letreiros donde neste e nos mais decumentos deixou eternizado o seu nome o seu valor a sua nobreza e a sua memoria. Vinhaes o primeiro de setembro de 1786 — Ignacio Xavier de Moraes Sarmento de Mariz — E eu Sebastião de Moraes Sarmento que este copiei para lembrança de quem o quizer ver. Sebastiam de Moraes Sarmento».

Como complemento, damos na página seguinte a inscrição que se encontra em duas lápides de granito ao meio da parede de uma casa do arrabalde em frente da fortaleza, já apresentada muito incorrectamente no Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal.

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Pinho Leal dá esta lição da quarta linha: «NA E. DE MDCLXVI QUANDO e como comentário diz que a «era está ilegivel mas que deve ser essa, porque o facto deu-se em 1666». Nada disso diz a lápide que nós examinamos e copiamos cuidadosamente; o ano indicado nela é o de 1669, dispondo cada um destes quatro algarismos, arábicos e não romanos, como ele os dá, em correspondência aos lados do rectângulo da lápide como acima vão indicados. Este ano indica aquele em que foram construídas as casas e não o do cerco de Vinhais. A lápide e o Portugal Restaurado trazem, na primeira linha, Estevão de Mariz; e é assim que lá está, embora o manuscrito atrás lhe dê o apelido de Morais, de que também usaria, visto ser o de seu pai, além de que na fachada da mesma casa, e perto da lápide, se vê um escudo com as armas dos Morais — a torre de prata e a amoreira. A inscrição formada por letras inclusas e conjuntas vem a dizer: PANTOXA»,

Estevão de Maris governador desta vila filho de Pedro de Moraes de Tiozelo mandou fazer estas casas avendolhas queimado Pantoxa general do exercito de Galiza com o maior que se vio nesta provincia e lhe defendeo a muralha com a gente nobre da vila e pouqua mais de grae (da grei) com perder muita levantou o sitio e queimou as casas que ficavão fora da muralha, 1669.

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Em desforços das incursões de Pantoja tomam os nossos cento e dez lugares cujos nomes se apontam, fazendo-os tributários a Portugal. Tendo notícia dos calamitosos apuros em que estava a sua província, o conde de S. João, ainda em Lisboa, e por isso Pantoja fizera a incursão tão impunemente, como o leão rugidor a quem arrebatam os filhos, voa ao lugar do perigo, e foram tantas, diz o conde da Ericeira, e tão repetidas as entradas que fez em todos os lugares, não só vizinhos à fronteira, mas naqueles que por distantes se julgavam seguros, que conseguiu naquele reino ser admiração dos homens, e foi tão grande o número dos lugares por ele sujeitos ao domínio português, que o seu subsídio alimentava a nossa cavalaria. Ao calor destas tão vantajosas entrepresas, Miguel Carlos de Távora, com o terço de Bragança, do qual era mestre de campo Duarte Teixeira, ataca o lugar da Mesquita, povoação rica, importante e guarnecida, que lhe cai nas mãos com muitos despojos e mais de quinhentos prisioneiros (250). Em 10 de Dezembro de 1667 o sargento-mor de batalha, Francisco de Távora, que na ausência do conde de S. João governava as armas da província de Trás-os-Montes, penetrou na Galiza pelo vale de Lobeira, onze léguas pelo interior, aonde nunca haviam chegado as armas portuguesas durante a guerra de aclamação, e tomou as seguintes povoações que ficaram tributárias a Portugal: Feris de Cima, Vila Maior de Gironda, São Milhão, Medeiros, São Cristóvão, Santa Vaia, Mandim, Baltar, Ninho da Guia, Vila Maior da Boutosa, São Paio da Badis, S. Lourenço de Tozende, Santiago, Rubias, São João, Rendim, Santiago de Baixo, Requiais, Vilar de Vos, Pedrosa, Bouço, Gravelos, Tijões, Gumares, Eixames, Godim, Tamagelos, Tamágos, Mourassos, Maos, Tourem, Oimbra, Rozal, Bouzeis, Moinhos, Salhariz, Nugueira, Prado, Gomar, São Fernando, Prado Novo, Fustras, Larohá, Pijeirós, Pereiro, Sabuzedo, Parada, Conclos, Moreiros, Vilela, Mosteiro, Vilar de Lebres, Moimenta, Lobos, Tres Mires, Coaledo, Vilaça, Atais, Pinados, Nuzelos, Vilar de Servos, Freiris, A Madanela, Sendim, São Martinho, Lusença, A Sezedo, Carcohá, Vila de Rey, Soutelo, Santo António, Santo Antoninho, Alvarelhos, A Babidis, Pinheiro, Infesta, Santa Valhadalimia, Rebordachá, Somis, Salharis, Lodozelo, Freixo, Fambre, Nuzedo da Pena, Escarnabois, Coais, Souto Chão, Berrande, Arsohá, Crastelos de Baixo, S. Vicente, Dona Ilvira,

(250) MENESES, Luís de — Portugal Restaurado, parte II, liv. XI, p. 387.

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TOMO I

Verguinha, Riós. Vilarinho da Toussa, A Barreira, Vilar de Flor, Tameirão, Crastelos de Monte Rey, Passos, Guiçães, Covas, Fiães, Arsadegos, Salhariz, São Salvador, Barsia e Couto (251). São estes os últimos sucessos da guerra, pois a 19 de Fevereiro de 1668 celebrou-se o tratado de paz, por meio do qual a Espanha reconhecia a legitimidade da casa de Bragança no trono português.

(251) Torre do Tombo, conselho de guerra, consultas, Maio de 1828. In SEPÚLVEDA, Cristóvão Aires de Magalhães — História Orgânica e Política do Exército Português, vol. 1 das provas, p. 478.

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115 TOMO I

Guerra da sucessão

Aniquilamento dos rendimentos de cavalaria de Trás-os-Montes e Almeida. — Miranda é tomada devido à infame traição do seu governador; em represália Alcanices, Carvajales e Puebla de Sanábria caem em poder dos nossos. — O tenente-coronel António Monteiro de Almeida livra os povos de Miranda de um opressivo tributo. — Incêndio de Meixedo e destruição de Baçal. Morrendo Carlos II, de Espanha, em 1 de Novembro de 1700, sem sucessão, deixou o trono a Filipe V, príncipe francês da casa de Anjou. As nações europeias não viram com bons olhos este engrandecimento dos Bourbons e resolveram opor-se-lhe pelas armas, secundando as pretensões do arquiduque Carlos da Áustria à Coroa espanhola. A Inglaterra, a Áustria, a Holanda e a Alemanha preparam-se para a guerra e el-rei D. Pedro, de Portugal, assina com essas potências o tratado de 16 de Maio de 1703, no qual se obrigava a fazer guerra à Espanha, e em seguida, a 27 de Dezembro do mesmo ano, o de Methuen com a Inglaterra, que fez a felicidade comercial de algumas povoações da raia seca, como Bragança, do qual diremos ao tratar desta cidade. Declarada a guerra, tratou-se dos aprestes militares: nomeiam-se governadores das armas para as províncias. Na de Trás-os-Montes teve esse cargo o segundo conde de Alvor, Bernardo Filipe Nery de Távora. Na primavera de 1709 as tropas luso-britânicas, devido a uma péssima manobra, são vencidas nos plainos de Badajoz e aí inteiramente derMEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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GUERRA DA SUCESSÃO

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rotados os regimentos de cavalaria de Trás-os-Montes e o regimento de Almeida (252). A cavalaria de Trás-os-Montes só depois, na guerra dos sete anos, é que devia ter-se reorganizado, porque em 1762, época em que Portugal nela entrou, aparece a cavalaria de Bragança, numa das cinco partes em que se dividiu o nosso exército (253). O rei de Portugal, D. Pedro, morre entretanto, mas a guerra continua. Em 1710, a 8 de Julho, o general espanhol Montenegro, marquês de Bay, apossa-se de Miranda do Douro, devido à infame traição do governador da praça, Carlos Pimentel, que lha vendeu por seis mil dobrões. Vingou esta afronta Pedro Mascarenhas, que entrou no reino de Leão e tomou Alcanices, Carvajales e Puebla de Sanábria (254). A guerra que no ano de 1711 nada deu de notável, por haver serenado, continuou a manter-se acesamente nas províncias fronteiras. Eis o que se lê em documento dessa época: «Por carta que se recebeu do sargento-mór de batalha Francisco de Távora, escrita de Bragança no primeiro do corrente (1 de Fevereiro de 1711) se sabe que entrando na praça de Miranda o brigadeiro Palomino com o seu regimento e 130 cavalos para governá-la em lugar do marquez de Dragonete, mandara notificar os logares visinhos á dita praça, para que pagassem contribuição, do que tendo noticia o dito Francisco de Tavora ordenara aos logares não contribuissem, e mandara ao tenente-coronel do regimento de cavallaria de Almeida, António Monteiro de Almeida, com setenta cavallos, para que juntos aos sessenta que estavam naquellas visinhanças, se oppozesse aos inimigos, que tinham ameaçados os ditos logares de serem queimados, se não pagassem, e com effeito no ultimo do passado sairam daquella praça 140 cavallos e 160 infantes para executar as promettidas hostilidades, de que tendo noticia o dito tenente coronel, os foi atacar com 130 cavallos, e o executou com tal valor, que derrotando os inimigos lhes tomou 12 cavalos e matou 14, e da infanteria se não salvou mais que um subrinho

(252) C HAGAS , Pinheiro — História de Portugal, popular ilustrada, vol. 6, p. 190 e 219. (253) Ibidem, vol. 7, p. 42. (254) Ibidem, p. 220, e Portugal Antigo e Moderno, artigo «Miranda do Douro».

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GUERRA DA SUCESSÃO

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do dito Palomino, e assim ficaram prisioneiros cento e dez e os mais mortos» (255). Mesmo logo depois da entrega de Miranda em 1710, a região bragançana foi talada pelo inimigo como se vê pela seguinte Provisão: «D. João por Graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves. etc. Faço saber a vós ouvidor da comarca de Bragança que fazendo-me presente em consulta da Junta dos Tres Estados o requerimento que nella fizeram os moradores do logar de Meixedo, termo dessa cidade, sobre os aliviar de pagarem decima do anno de 1710 com atenção da summa pobreza em que se acham por causa da invasão do inimigo por lhes haver queimado as suas cazas e o pão que tinham para sustento de que havia resultado andarem muitos delles pedindo esmola. Fui servido resolver em 30 de abril proximo passado havia por bem fazer mercê aos supplicantes de os aliviar de pagarem a decima que lhes foi lançada no anno passado e da dita minha resolução vos mando fazer este avizo para lhe dardes comprimento a esta provisão como nella se contém... Lisboa 21 de maio de 1711» (256). Ameaçou também sitiar Bragança o que não levou a efeito graças à vigilância do seu alcaide-mor, Lázaro de Figueiredo Sarmento (257), acampando perto, nesta minha povoação de Baçal, que muito danificou, como se vê por um requerimento de D. Maria de Figueiroa, terceira mulher de Sebastião da Veiga Cabral, avô paterno do Bispo de Bragança, D. António Luís da Veiga Cabral e Câmara, a qual faleceu na freguesia de Santa Maria de Bragança a 7 de Outubro de 1747 e deixou um filho, Francisco Xavier da Veiga Cabral, governador da vila de Chaves, pai do mesmo bispo. Pertencia a esta D. Maria a comenda de Santa Maria de Bragança à qual andavam anexos os lugares de Samil e Baçal e pretendiam obrigá-la a fazer certas obras na capela-mor deste, por conta dos frutos da comenda: alegava ela como escusa em seu requerimento: — «que o logar de Baçal que é o unico de que tem os dizimos ficou totalmente arrazado pelo inimigo estando sobre elle acampado onze dias o exercito de Castella de maneira que ainda hoje aquelles moradores que se resolveram a buscar as paredes que acharam arruinadas vivem

(255) Relaçam das Noticias que se tiverão das Provincias de Tras os Montes, e Alemtejo, e de Madrid Publicada em 14 de fevereiro (1711). Lisboa, 1711. Folheto in-4º, de 12 p. Suponho que o seu autor foi D. Francisco Xavier de Meneses, 4º conde da Ericeira. Pinheiro Chagas diz que o número de prisioneiros foi de cento e vinte homens. (256) Livro do Registo da Câmara de Bragança, fol. 322. (257) Ver este nome no capítulo sobre os Tenens de Bragança.

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GUERRA DA SUCESSÃO

TOMO I

na mais summa pobreza sem meios para se utilizarem das suas agriculturas» (258). Vejamos agora o

Cerco de Miranda em 1711 segundo a Relaçam do sitio, e Rendimento da praça de Miranda, que mandou o Mestre de Campo General D. João Manoel de Noronha, pelo coronel de infanteria Joseph de Mello, que chegou a esta Corte em 20 do corrente mez de março, publicada em 24 de março. Lisboa, 1711. 4º de 8 pag. O autor deste folheto parece ser D. Francisco Xavier de Meneses, 4º conde da Ericeira. O sítio de Miranda do Douro foi principiado aos 11 de Março de 1711. O mestre de campo, general D. João Manuel de Noronha, conde da Atalaia, comandante das tropas aquarteladas na província de Trás-os-Montes, constantes de onze regimentos de infantaria e cinco de cavalaria, fez reconhecer pelo sargento-mor da batalha Pedro Carle a praça de Miranda e os mantimentos com que podia contar no país conquistado que fez armazenar em Alcanices, Carvajales e Vimioso. Na primeira destas vilas fez juntar a cavalaria e na última a infantaria no dia 10 de Março. Ambas estas vilas distam quatro léguas de Miranda. O mestre de campo general e o sargento-mor da batalha Francisco de Távora, comandante da cavalaria, e o brigadeiro António Luís de Távora chegaram nesse dia a Alcanices e o brigadeiro Francisco da Veiga Cabral, encarregado do governo de infantaria, foi postar-se no Vimioso. No dia 11, apareceu à vista de Miranda o mestre de campo, general D. João Manoel de Noronha, onde no mesmo dia, pelas duas horas da tarde, chegou a infantaria e antes da noite o trem de artilharia, composto de cinco peças de 24, três de 16 e quatro de campanha. A noite de 11 para 12 foi gasta pelos sitiantes em estabelecer seu alojamento sobre a ribeira de Fresno, que corre junto a Miranda, e a montar uma bateria para bater o castelo.

(258) Livro do Registo da Câmara de Bragança, fol. 12 e seguintes.

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


GUERRA DA SUCESSÃO

119 TOMO I

«No dia 12 o sargento-mor de batalha Pedro Carle com cem granadeiros, o regimento de André Pires e duzentos homens por destacamento de todo o exército, foram cortar a comunicação da barca do Douro, o que seria impossível se os inimigos não fossem surpreendidos. O coronel André Pires marchou na testa de cem granadeiros, seguido de duzentos infantes, sustentado pelo sargento-mor de batalha Pedro Carle com o regimento do dito André Pires e ganharam um alto da montanha, postando-se a meio tiro de mosquete da praça. Tomados assim os postos, Pedro Carle ordenou ao coronel André Pires que marchasse com parte daquela infantaria, a atacar os inimigos numa vinha, onde mostravam querer fazer algum esforço para defender a sua comunicação; mas logo que viram que se marchava a eles, retiraram para a praça», ficando assim cortada aos inimigos a comunicação pelo rio. A noite de 12 para 13 passou-se em assestar oito peças na bateria que principiaram a jogar sobre a praça às 5 horas da manhã, desmontando logo quatro inimigos. «Os inimigos vendo que as suas peças não podiam ofender, principiaram uma bateria sobre o ramal esquerdo de uma obra corna, que cobre um lado do castelo» o que não lhe surtiu efeito, pois que o brigadeiro Tomás da Silva Teles a atacou com feliz sucesso de noite, de espada na mão, à frente de duzentos e cinquenta granadeiros à ordem do coronel Francisco de Ares, e duzentos homens de infantaria comandados pelo sargento-mor João Pissarro. Nesta entrepresa foi ferido dos nossos, numa perna, por uma bala de mosquete o capitão de granadeiros João da Costa Ferreira, que muito se distinguiu. No dia 14 bateu-se a brecha vigorosamente que estava aberta suficientemente às 8 horas da manhã do dia seguinte, o que obrigou os inimigos a tocar à chamada, mandando um tenente-coronel a pedir três dias de espera para acordarem no que deviam fazer, não foram atendidos e intimou-se-lhes dentro de meia hora a entrega de toda a guarnição como prisioneira de guerra com as respectivas honras. Os inimigos ainda mostraram alguma relutância em aceder, mas, vendo que os nossos se dispunham ao ataque geral, tocaram segunda vez à chamada. Foi à praça o brigadeiro Tomás da Silva Teles e estabeleceu com o governador dela as seguintes Capitulações com que se entregou a praça de Miranda, feitas pelo brigadeiro Thomaz da Silva Telles, e o Tenente de Rey commandante da dita praça D. António de Mendonça e Sandoval, em 15 de março de 1711: 1ª Que a praça se entregará logo que as capitulações forem aprovadas pelo mestre de campo general D. João Manuel de Noronha, comandante MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


120

GUERRA DA SUCESSÃO

TOMO I

Sargentos

Tambores

Soldados

Total

Somas ....................

Alferes

Primeiro batalhão do regimento de Palomino ........................................... Destacamento do primeiro batalhão de Burgos ........................................... Segundo corpo do mesmo regimento Destacamento do regimento de Quepuscua ................................................ Destacamento do regimento de Bacalicate ................................................... Destacamento do regimento de Lemburg .................................................... Destacamento do regimento de Lugo. Destacamento do regimento de Santiago ................................................... Cavalaria ................................................

Tenentes

Infantaria — Batalhões

Capitães

do exército, e a porta principal da dita praça será ocupada como ele determinar. 2ª Que a guarnição ficará prisioneira de guerra à discrição. 3ª Que se manifestarão todas as munições de guerra e boca, que houver na dita praça, e de todas elas se dará uma exacta relação. 4ª Que se houver algum dinheiro, ou para pagamento das tropas, ou qualquer outro efeito, se entregará prontamente. 5ª Que todos os cavalos, como as mais bestas, se entregarão da mesma sorte. Assinados nestas capitulações: Thomás da Silva Teles, D. António de Mendonça Sandoval, D. João Manuel de Noronha. Eis a lista da guarnição prisioneira:

5

8

4

12

5

229

331

1 1

1 1

1 0

1 2

2 0

062 054

068 058

0

1

1

2

0

068

072

2

1

1

4

1

091

100

1 4

1 0

0 4

2 8

1 3

066 127

071 146

4 0

0 0

5 1

7 0

2 0

172 012

190 013

18

13

17

38

14

881 1049

Oficiais maiores: O governador da praça, D. António de Mendonça Sandoval. O tenente-coronel do segundo batalhão de Burgos. O sargento-mor da praça. O tenente de fuzileiros. O alferes de fuzileiros. O ajudante do primeiro batalhão do regimento de Palomino. O comissário da artilharia. Artilheiros. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


GUERRA DA SUCESSÃO

121 TOMO I

Em seguida, D. João Manuel de Noronha tomou e demoliu Alcanices, vila espanhola, fronteira a Miranda do Douro. Estes sucessos prósperos foram de alguma maneira anuviados pelo aprisionamente do sargento-mor Domingos Teixeira de Andrade, com duzentos soldados e três peças de artilharia em Carvajales, apesar do grande valor com que resistiu por vinte e seis dias, sendo afinal obrigado a render-se (259). Esta guerra terminou pelo tratado de Utrecht, celebrado entre a Inglaterra, a Prússia, a Holanda, a Sabóia e Portugal com a França e a Espanha a 11 de Abril de 1713.

(259) CHAGAS, Pinheiro — História de Portugal, popular ilustrada, vol. 6, p. 224.

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123 TOMO I

Guerra dos Sete Anos

Horroroso desastre de Miranda, sua queda em poder dos inimigos, bem como Moncorvo, Bragança, Outeiro, Freixiel e Chaves. Episódio da rival de Brites de Almeida Em 1757 rebentou na América do Norte esta guerra entre a França e a Inglaterra, motivada aparentemente pela posse de alguns terrenos bravios, que em breve se estendeu a toda a Europa. Em 1762 a França e a Espanha pretendem obrigar Portugal a sair da neutralidade que até ali havia conservado, e como este tentava seguir um sistema contemporizador, na primavera desse ano a província de Trás-os-Montes é invadida pelas tropas espanholas comandadas pelo coronel O’Reilly à frente de mil e oitocentos homens, que pôs cerco a Miranda do Douro, a qual se defendeu por espaço de três meses, sendo tomada no dia 9 de Maio de 1762, depois das duas horas da tarde, devido a um desastre. No dia anterior, pelas sete horas e meia da tarde, devido a uma grande explosão que houve no paiol, onde arderam mais de mil e quinhentas arrobas de pólvora, arruinou-se completamente a torre de menagem e fortificações de defesa da praça, o que tornou impossível a sua resistência. Nestas ruínas pereceram cerca de quatrocentas pessoas. Não é bem averiguado se este facto foi acidental se devido à perfídia do governador do castelo, vendido aos castelhanos, que, como querem alguns, pusera fogo ao paiol fugindo em seguida para o acampamento inimigo. MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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