Peixes de Águas Interiores

Page 303

pela queda nos estoques nunca é deles e sim "da poluição" muito contribuem para que a sobrepesca persista. A pior modalidade de pesca criminosa é a realizada com explosivos, que causam a morte de todos os tipos de peixes (ovos, filhotes e adultos), devido a ruptura de órgãos, em geral a bexiga natatória, o tubo digestivo e o fígado, por hemorragias internas, provocadas pelas ondas de choque. Informações obtidas no IBAMA, IEF e no Batalhão Florestal atestam que esta prática ocorre, por exemplo, na Lagoa de Araruama. Outra modalidade de pesca criminosa é a que emprega redes de malhas reduzidas, capturando peixes de todos os tamanhos, muitos dos quais são descartados mortos. Prática ilícita também é a colocação de redes fechando locais de estreitamento de rios e canais de conexão de rios com de lagoas marginais, assim como a captura a jusante de barragens. A pesca em períodos de defeso também é considerada criminosa. Não menos condenável é a pesca com utilização de venenos como o timbó ou a rotetona, que matam os peixes por asfixia. É uma prática aparentemente desconhecida no Estado do Rio de Janeiro onde, se ocorre, é em trechos muito restritos. Como já mencionado neste documento, a ocorrência de espécies exóticas é também um importante fator de pressão sobre a fauna nativa sendo, a semelhança de outros fatores, de difícil quantificação. Uma característica comum em quase todas as iniciativas de introdução de espécies exóticas no Estado é que elas careceram de qualquer embasamento técnico, tendo sido eminentemente empíricas, ou seja, na base do “vamos ver o que vai dar”, sendo muitas ilegais. Em nenhum momento foi avaliado o efeito dessas espécies sobre a ictiofauna nativa. Se a espécie exótica prolifera, não se conhece o custo ecológico embutido. Particularmente lamentável foi a atuação de universidades na promoção de introduções. NILSOON (1994) sugere que a introdução de espécies exóticas resulta nas seguintes situações • • •

Rejeição, quando não há nichos disponíveis; Encontro de nicho vago, estabelecendo-se; Erradicação de espécie(s) nativa (s) ecologicamente homólogas; Hibridação intra-específica ou inter-específica.

A introdução intencional é realizada através de peixamentos patrocinados por órgãos oficiais e por particulares. Já a casual pode decorrer devido ao rompimento de açude ou o escape de larvas, ovos e adultos por ocasião do esgotamento de tanques de piscicultura. A piscicultura é considerada o principal causa de introdução de espécies exóticas cuja tecnologia de propagação foram desenvolvidas no exterior. Isto demonstra os efeitos danosos ao país da velha submissão cultural, que dá preferência a adaptação da tecnologia estrangeira até nos ramos mais simples, ao invés de criá-la. Paradoxalmente, o Brasil é o país que detém a maior biodiversidade de peixes de água doce do planeta, mas na piscicultura predominam as espécies exóticas, até hoje amplamente difundidas pelos órgãos oficiais de pesca e extensão rural. Maiores detalhamentos quanto a este aspecto podem ser obtidos no item Espécies Introduzidas.

302


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.