Peixes de Águas Interiores

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Considerando que a zona 2 consiste em uma área de transição entre ecossistemas de baixada e de corredeiras, era esperado uma alta biodiversidade no local, dada pelo somatório das espécies procedentes das diferentes seções do rio. Dentro desse raciocínio, pode-se inferir o impacto da poluição urbana sobre a ictiofauna, acompanhando-se as variações no número de espécies ao longo das unidades amostrais. Assim, observa-se no gráfico exibido na Figura 114 uma tendência ao aumento gradual no número de táxons ao longo das áreas amostradas, havendo uma redução na continuidade do processo justamente na unidade caracterizada pelas piores condições ambientais, derivadas do lançamento de efluentes urbanos. BIZERRIL (1997) ressalta que, no caso específico de Trichomycterus sp. e de N. variipictus, as maiores dimensões do canal principal podem atuar como inibidores naturais à presença de tais táxons no local. Para A. scabripinnis, a explicação mais provável é a ocorrência de um processo de extinção local causado pelo lançamento de efluentes. A despeito da descaracterização sofrida pelo sistema, ele ainda é utilizado como rota migratória por espécies de peixes. Neste processo, ocorre tanto uma migração interna, isto é, espécies residentes no rio realizam deslocamentos de jusante para montante do rio, como uma migração externa, quando espécies procedentes do Rio Paraíba do Sul ingressam no Rio Grande. A extensão da migração é apresentada na Figura 116.

Fonte: MONASA (1986)

Figura 116 - Migração das espécies de peixes no interior do Rio Grande/Dois Rios Rio Muriaé O perfil longitudinal do Rio Muriaé é apresentado na Figura 117. Na primeira representação encontram-se localizados os principais centros urbanos (Miraí, Muriaé, Patrocínio de Muriaé, Laje de Muriaé, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira) que se distribuem ao longo do gradiente lótico, bem como a UHE Miguel Pereira, uma pequena usina do tipo fio d’água. Conjugando os dados obtidos nas cartas 1:50.000 com as observações de campo, é possível reconhecer cinco unidades geoambientais distribuídas ao longo do canal principal, como representado na Figura 117. A primeira unidade representa o alto curso do Rio Muriaé, caracterizando-se por exibir pequenas dimensões (largura média = 2,0

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