Reciclagem

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EDIÇÃO 45 - ANO IX - SET / OUT / 2014 - R$ 25,00

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EDITORIAL

10 anos de história da Reciclagem Moderna.

www.revistareciclagem.com.br A Revista Reciclagem Moderna é uma publicação da ECOBRASIL Editora e Eventos Ltda. dirigida aos comerciantes (sucateiros, aparistas), geradores e processadores/consumidores dos mais diversos tipos de materiais recicláveis, consumidores de matérias-primas secundárias (recicladas), prestadores de serviços, fabricantes de equipamentos e demais pessoas-chave ligadas de forma profissional à indústria da reciclagem e de resíduos sólidos em geral.

ASSINATURAS www.revistareciclagem.com.br/assinatura

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O que pode acontecer em 10 minutos, em 10 horas ou em dez dias? Como traduzir as informações que surgem a todo tempo na TV, no rádio, no jornal e compará-las com os dados do mercado? E como extrair os principais fatos que podem ter um impacto significativo no gerenciamento das empresas? A revista Reciclagem Moderna nasceu para responder a essas e outras perguntas que envolvem o mercado de coleta, tratamento e destino de materiais recicláveis. Foi a primeira e continua sendo a única revista nacional porta-voz de sucateiros, aparistas de papel e plásticos, bem como dos geradores e compradores de matérias-primas recicláveis. É por meio da Reciclagem Moderna que vários empresários do ramo têm contato pela primeira vez com muitos dos equipamentos que vão operar em depósitos de sucatas e aparas do Brasil. A Reciclagem Moderna contribui ainda para que o empresário tenha contato com as leis nacionais e regionais que afetam diretamente suas operações.

TIRAGEM

8.300 exemplares AUDITADO DESDE A 1ª EDIÇÃO POR:

DIRETOR EXECUTIVO ADRIANO ASSI

COMERCIAL

FABIO OLIVEIRA MAYARA MALAVAZZI TONY BARBOSA

REDAÇÃO

Editor-chefe SERGIO VIEIRA | MTB 27462 redacao@revistareciclagem.com.br Repórter LEANDRO SILVA

REVISÃO

HEBE ESTER LUCAS

ARTE

A partir da Reciclagem Moderna, a EcoBrasil Editora e Eventos viu a oportunidade de abordar os temas referentes ao setor de lixo para, logo em seguida, lançar a revista Lixo Moderno (publicação encartada). A decisão da empresa aconteceu de forma simultânea à sanção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que foca os mercados de lixo e de recicláveis. Ao longo desses dez anos, as notícias publicadas nem sempre foram favoráveis ao mercado. No entanto, a Reciclagem Moderna se manteve firme no propósito de apresentar as notícias fiéis aos acontecimentos. Essa característica mostra a independência editorial da revista. Diante de muitas variáveis, é difícil imaginar como será o mercado de reciclagem no Brasil nos próximos dez anos, porém, temos uma certeza: continuaremos na batalha para ser o principal veículo de comunicação para os empresários que buscam lucro com a venda de materiais recicláveis.

JULIO ABBUD

ADMINISTRAÇÃO

Gerente administrativo/financeiro VICENTE ASSI

Boa leitura.

DISTRIBUIÇÃO

EBCT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS

ECOBRASIL EDITORA E EVENTOS LTDA. www.ecobrasil.com.br

MATRIZ / HEADQUARTERS Av. Vereador José Diniz, 3651, 11º andar, Campo Belo, São Paulo, SP, BRASIL, 04603-003 +55 11 5535.6695 atendimento@ecobrasil.com.br

Adriano Assi, Diretor executivo

ESCRITÓRIO INTERNACIONAL DE VENDAS / INTERNATIONAL SALES OFFICE 201 S Byscayne Blvd, Suite 1200 Miami, FL, USA, 33131 +1 786 300.3734 sales@ecobrasil.com.br

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da editora. As imagens não creditadas foram cedidas pelas produtoras e/ou assessorias para divulgação. As opiniões expressas em artigos assinados não são necessariamente as adotadas pela Revista Reciclagem Moderna.

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6 ÍNDICE

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Capa

10 anos de revista Reciclagem Moderna.

Retrospecto

Pool de eventos da Ecobrasil bate recorde de visitação qualificada.

EQUIPAMENTOS

CAPA - Ao completar uma década de existência, a Revista Reciclagem Moderna já publicou mais de mil reportagens sobre o setor. Ao se aprofundar de forma inédita em temas de interesse para sucateiros ou aparistas, a Reciclagem Moderna trouxe algumas inovações ao mercado nacional.

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Braços Hidráulicos

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Entrevista

Estacionário é indicado para ambientes fechados.

Britadores

Versão compacta é opção para trabalhar com RCD .

Ensacadeiras

Equipamento contribui para produtividade.

Hewerton Bartoli, presidente da Abrecon. Usinas privadas X Usinas Públicas

Especial - PNRS

Após ampla discussão em torno do tema, a PNRS deu sinais claros de esfriamento em 2014.

SETORIAL

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Alumínio

Importação avança e mercado interno permanece inalterado.

Cobre

Dólar dispara e sucateiros acreditam em bom momento.

Ferrosos

Depósitos do RS, RJ e SP notaram que houve aumento no número de multas recebidas.

Papel

Mercado volta a cair em algumas regiões.

Plásticos

Mercado apresenta cenários distintos em SP e SC.

Indicadores Dados econômicos.

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CAPA

Uma década de revista Reciclagem Moderna

10 ANOS

Independência editorial é a principal marca da RM Sergio Vieira

Antes mesmo de o alemão Johannes Gutenberg revolucionar a comunicação mundial no século XV, é bem provável que já havia alguma discussão em torno do papel da imprensa na sociedade. Além do caráter de imparcialidade, a imprensa está sujeita a uma série de questionamentos quanto à forma de apresentar fatos e notícias. É possível lançar perguntas sobre a construção de uma reportagem, ou como determinado tema foi abordado. No Brasil, antes de 2005, empresas que geram, vendem ou compram matérias-primas recicláveis faziam este exercício constante de “criar perguntas” diante das notícias que eram veiculadas em grandes veículos de comunicação. Até hoje esse hábito não mudou, afinal, pela própria característica do rádio, da TV ou de um jornal diário, muitas notícias são superficiais porque precisam ser interpretadas por um público bem diversificado. Mas, a partir de 2005, essas empresas passaram a contar com um canal exclusivo para a veiculação de notícias sobre materiais recicláveis. Nascia a revista Reciclagem Moderna, primeiro (e até hoje único) veículo de comunicação nacional específico para notícias sobre sucatas metálicas e eletrônicas, aparas de papel e de plásticos, resíduos têxteis e de construção civil, cacos de vidro, entre outros. Além de se aprofundar de forma inédita em temas de

10 Anos de História e Experiência no Mercado de Meio Ambiente

Saindo da 1ª Crise

2005

Primeiro ano da Exposucata. Retomada dos negócios e promulgação da lei que suspendeu o PIS/COFINS sobre sucatas.

Primeira Edição Nasce a Revista Reciclagem Moderna. Trazia na capa a primeira grande crise no setor de sucatas ferrosas.

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2006

Retomada do Setor

PET Bottle to Bottle

2007

Aumento de importação de sucata de alumínio. Pet Bottle to Bottle mexe com o mercado.

1º Dia do Sucateiro Mercado de Pet sai da crise de 2006. Exposucata pela primeira vez em pavilhão.

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2008

2009 Revista nas Bancas

Mercado sai novamente da crise. Exportação de sucata ferrosa ganha força. A guerra das sacolinhas.

Assinatura da Política Nacional de Residuos Sólidos. Retomada do setor de ferrosos. Aumento da procura por cobre.

2010

2011 Exportação Acelerada

Recorde de exportação de ferrosos. Nasce a Mercoapara e a Reciclaplast. Mercado de papel se recupera.


Depoimentos interesse para sucateiros ou aparistas, a Reciclagem Moderna trouxe algumas inovações ao mercado nacional. “Não erramos ao afirmar que, pela primeira vez, foi dada a oportunidade para que alguns empresários mostrassem quais são os gargalos da reciclagem no Brasil”, comenta Adriano Assi, diretor-executivo da Ecobrasil Editora e Eventos e criador da publicação. Em dez anos de existência, e em suas 44 edições bimestrais, a Reciclagem Moderna já publicou mais de mil reportagens. Somados, os trabalhos representam mais de 2.400 páginas de texto. A tiragem total da publicação desde o seu surgimento também surpreende. Com as tiragens extras, em virtude da realização dos eventos promovidos pela Ecobrasil, a Reciclagem Moderna já ultrapassou os 390 mil exemplares em circulação. Mas não é apenas de números que vive uma publicação de sucesso. A antecipação de fatos que interessam ao setor de reciclagem, a interpretação de gráficos e dados, a investigação de notícias, a linguagem utilizada e todo o trabalho gráfico envolvido para a elaboração das reportagens de cada edição estão diretamente ligados ao sucesso da Reciclagem Moderna. É difícil para a equipe da Ecobrasil falar do papel da revista Reciclagem Moderna no mercado nacional. Poderia se cometer o erro de deixar de lado a isenção que é marca registrada do veículo. Por esse motivo, foi solicitado a alguns leitores que fizessem isso pela equipe.

“É um importante veículo de comunicação para o nosso meio, além de contribuir para a atualização sistemática de tudo que ocorre no universo da reciclagem. A revista tornou-se também um excelente portal de negócios.” Rosângela Arnoni Secretária-Executiva da ANAP

_ “O melhor jornalismo sobre o setor de reciclagem completando dez anos só fortalece esse ramo, que precisa ser visto com a importância que ele tem. Parabéns!” Marcos Sampaio da Fonseca Presidente do INESFA

A revista Reciclagem Moderna se consolidou no mercado porque consegue traduzir em reportagens objetivas e pragmáticas as ações que realmente contribuem para a evolução do mercado de reciclagem. A publicação deixa de lado as atividades de puro “green washing”, que tanto permeiam as iniciativas ambientais. Complementando, o sucesso de sua atuação sempre esteve e estará ligado à neutralidade entre materiais, processos e práticas ecologicamente corretas. Auri Marçon Presidente da ABIPET

_ “A Reciclagem Moderna é um importante veículo de integração para as empresas do setor. Com artigos interessantes e objetivos, deixa a leitura agradável levando conhecimento geral para pessoas envolvidas com reciclagem. Parabéns pelos dez anos!” Antonio Neto Diretor da Assis Metais

(Belo Horizonte, MG)

_ “Há dez anos a Reciclagem Moderna vem plantando a semente da sustentabilidade.” Rodrigo Salmeron Diretor do Grupo Salmeron (Sorocaba, SP)

10 Anos da revista

Polêmica das Sacolas Sacolas plásticas são banidas e após polêmicas voltam. Nasce o dia do aparista. Primeira Expolixo.

2012

2013

Expira prazo para fechamento de lixões, estabelecido pela PNRS. Água entra em pauta com nascimento da Mercohydro.

Preparação Copa 2014 Nasce a RCD Expo. ICMS muda para sucatas de alumínio entre RJ/SP. Revista Lixo Moderno nasce como encarte.

_ “A revista vai muito além de ajudar os sucateiros e recicladores. É importante ferramenta de trabalho, onde encontramos parceiros, fornecedores e clientes. Sem contar que nos ajuda como termômetro dos mercados interno e externo.” Jaime Alexandre Gerente da Central Comércio de Sucatas (Lages, SC)

_ “Graças a essa revista, hoje nossa empresa se prepara muito mais para o que pode vir. Com ela temos mais segurança na hora de investir, pois saberemos se vai haver alta ou baixa de material.” Luiz Henrique Dal Pont, Diretor Financeiro da Nasucril Sucatas (Criciúma, SC)

2014

_ “A minha empresa tem a mesma idade da revista e completo dez anos como leitor e parceiro inseparável. A Reciclagem Moderna é uma fonte muito útil de pesquisa do mercado sucateiro. Como exemplo de informação completa, destaco a série “Exportação passo a passo”. O assunto foi abordado de forma muito didática e profissionalismo, superando as minhas expectativas. Parabéns à Reciclagem Moderna por ser uma ferramenta tão importante ao segmento sucateiro.” Roberto Carlos da Silva Sócio-Proprietário da CJ Sucatas (São Paulo, SP)

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ECOBRASIL

RETROSPECTO

Pool de Eventos ECOBRASIL BATE RECORDE DE VISITAÇÃO QUALIFICADA

Sergio Vieira

Os setores de Sucata, Papel, Plástico e RCD são representados, respectivamente, pelas marcas Exposucata, MercoApara, Reciclaplast e RCD EXPO. Juntas, as feiras trazem consigo as principais tecnologias e debates que movimentam a reciclagem profissional de resíduos. 8

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esde a sua primeira edição, a Exposucata e o pool de eventos coligados têm mantido uma característica que já é reconhecida por boa parte do setor de resíduos recicláveis: o público qualificado. Essa particularidade responde em grande parte pelas nove edições de sucesso do evento. É o único momento do setor em que as empresas expositoras conseguem medir o investimento realizado e o público visitante consegue ficar totalmente imerso nas tecnologias e questões referentes aos resíduos sólidos urbanos. “A área ambiental envolve muitos assuntos e pessoas com diversos interesses. Queremos reunir num único espaço apenas os empresários que buscam lucro com a atividade de reciclagem. Com a agregação dos temas ligados ao lixo e à água, o pool de eventos passou a atrair os administradores públicos representados pelas secretarias de meio ambiente municipais e estaduais, além das prefeituras”, resume Adriano Assi, diretor-executivo da Ecobrasil Editora e Eventos. Na edição de 2014, o pool de eventos (formado por Exposucata, Reciclaplast, MercoApara e RCD Expo), totalizou 4.500 visitantes. Outro ponto marcante da edição de 2014 foi a demonstração ao vivo de equipamentos em uma área externa. Parte do próprio pavilhão foi demolida com o uso de tesouras hidráulicas e rompedores que atuam em usinas de RCD (Resíduos de Construção e Demolição). Na parte de sucata, a dinâmica ficou por conta de equipamentos como a prensa tesoura móvel, uma tendência em médios e grandes depósitos. Os fabricantes de soluções para o setor de aparas de papel e plástico mais uma vez se fizeram presentes. Prensas enfardadeiras (contínuas e verticais), sistema de triagem ótica e caçambas roll on foram alguns dos produtos demonstrados por expositores e que simbolizam as marcas Reciclaplast e MercoApara. Mais uma vez, o pool de eventos da Ecobrasil Editora foi marcado pela realização de um congresso que, de fato, reflete a realidade dos resíduos sólidos urbanos no País. “Nunca esteve em nosso DNA convidar palestrantes que, embora trabalhem no setor de resíduos, possuam posições bem distantes da realidade. Basta olhar os temas das palestras para entender o porquê de o público qualificado estar cada vez mais presente”, observa Assi. Na parte de sucatas, o Congresso abordou o difícil dilema

que vive o Brasil. De um lado há uma clara dificuldade do País em gerar mais sucata, seja ela ferrosa, de alumínio ou de cobre; do outro lado existe uma imensa quantidade de veículos em fim de vida útil parados em pátios de Detrans, ou circulando pelas ruas, que poderiam abastecer a indústria de reciclagem. Alguns programas estaduais poderiam desatar esse nó, no entanto, não abordam a totalidade do problema. É o caso do Programa de Incentivo à Renovação da Frota de Caminhões, criado pelo Estado de São Paulo. “O programa ficou restrito à cidade de Santos. O preço do frete para o caminhoneiro não muda. Por que alguém trocaria de caminhão?”, pergunta o advogado Leonardo Palhares. Segundo ele, o Estado do Rio de Janeiro copiou esse programa, mas conseguiu piorá-lo um pouco mais. “Lá só pode receber a sucata quem faz a industrialização, ou seja, é um programa que atende apenas usinas siderúrgicas.” Outro tipo de sucata, a eletrônica, também teve destaque durante o evento. José Rocha da Silva, pesquisador do Centro de Tecnologia da Informação (CTI), explicou como a entidade trabalhou na elaboração da norma ABNT 16.156, que visa regulamentar o sistema empregado pelas empresas para processar a sucata eletrônica. “O próximo passo é pensar em um guia de implementação da norma”, adiantou. Para o setor de aparas de papel e plástico, o Congresso abordou temas que incluíram as perspectivas de mercado, exportação e saúde do trabalhador. Foi uma oportunidade para reforçar alguns assuntos que passam ao longe dos discursos do governo e de algumas entidades. “A baixa qualidade do material plástico pós-consumo é uma das barreiras que o Brasil precisa transpor”, comentou Solange Stumpf, sócia-executiva da Maxiquim Consultoria. Os resíduos de construção e demolição (RCD) também marcaram participação no Congresso. Devido à movimentação do mercado, foram abordados temas como a montagem de uma usina de RCD, a rivalidade entre plantas públicas e privadas, além das perspectivas para uso desse material em obras. “As cidades não podem se preocupar apenas com a destinação correta do RCD. É preciso pensar em quem vai consumir esse material”, alerAdriano Assi tou Pierre Ziade, vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos de Construção e Demolição (Abrecon). ►

“Nunca esteve em nosso DNA convidar palestrantes que, embora trabalhem no setor de resíduos, possuam posições bem distantes da realidade. Basta olhar os temas das palestras para entender o porquê de o público qualificado estar cada vez mais presente”

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ECOBRASIL

RETROSPECTO

rientaram Especialistas o ngeiras sobre a tr s e s a s re p m e ileiro e a o mercado bras equipamentos. e d o ã ç a rt o p im

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Junto aos eventos coligados da Ecobrasil Editora e Eventos, fabricantes estrangeiros de soluções para reciclagem, lixo e efluentes puderam conferir as características do mercado brasileiro durante o Doing Business Brazil. A ideia do evento é apresentar as oportunidades do mercado nacional em meio ambiente, assim como as leis brasileiras que regem a importação de bens de capital. Christopher Mendes, diretor da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), explicou ao público a variação de alguns impostos no País. É o caso do ICMS, que pode oscilar entre 12% e 18%, conforme o Estado de chegada da mercadoria. Ele também orientou fabricantes estrangeiros sobre os cálculos necessários que precisam ser inseridos na venda do produto para evitar prejuízos. O Doing Business Brazil também trouxe especialistas para explicar as rotinas que fazem parte do despacho aduaneiro. Em algumas situações, conhecer essas rotinas pode significar redução de custos para a empresa exportadora. “Alguns portos do Brasil trabalham com duas zonas de despacho: primária e secundária. Conforme a mercadoria, a empresa consegue melhores negociações de preço e de tempo na zona secundária”, informou Mauricio Maleski, diretor de importação e exportação da Foothold Solutions. As perspectivas de investimento do Brasil na área ambiental têm atraído fabricantes de máquinas e equipamentos de várias partes do mundo, principalmente da Europa e dos EUA.


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A edição do maior evento do Mercado de Meio Ambiente da América Latina já tem data marcada.

18 a 20 de Agosto de 2015 São Paulo - Brasil | São Paulo Expo Exhibition & Convention Center

Marque um

na agenda.

Conjunto de Feiras:

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rcdexpo.com.br

mercohydro.com.br

expolixo.com.br


Participe do evento que reúne os principais interesses do setor: - Oportunidade de negócios - Mais de 150 expositores - Congresso com palestrantes nacionais e internacionais - Presença dos mais renomados profissionais do mercado - Público comprovadamente qualificado

Realização:

Informações:

Mídias Oficiais:

Local:

+55 11 5535 6695 atendimento2014@ecobrasil.com.br ecobrasil.com.br

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BRAÇO ESTACIONÁRIO

EQUIPAMENTOS

Braço estacionário para sucatas

Equipamento é indicado para ambientes fechados. Redação

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omum em depósitos de médio e grande porte do Brasil, o braço hidráulico já foi apresentado pela Reciclagem Moderna na versão móvel e acoplado a implemento rodoviário. Além de atuar na manipulação de objetos de grande porte, pesados ou cortantes, em que o contato manual é impossível, o braço hidráulico significa maior produtividade no processo de abastecimento de prensas, caminhões ou contêineres. A versão estacionária é indicada para ambientes fechados e geralmente é instalada onde o fluxo de sucata para movimentação é constante. Em sua grande maioria, o braço estacionário é montado sobre uma base de concreto e sua adoção requer um bom estudo logístico do administrador do depósito, afinal, qualquer mudança em sua posição acarretará uma série de custos. Assim como outros equipamentos que atuam com sucata, a

construção e movimentação do braço estacionário deve ser o resultado de um estudo de engenharia. Não pode ficar sendo montado ou desmontado sem o devido conhecimento técnico. Segundo fabricantes, o pedido desse tipo de equipamento é feito por encomenda. O projeto do braço considera o espaço de trabalho disponível

(também chamado por alguns fabricantes de haste ou lança). De acordo com Nariel Josan, engenheiro mecânico da Imap, o braço é recomendável para depósitos fechados. “Locais confinados por telhado e parede não admitem uso de motor a combustível como o diesel, então o equipamento sobre implemento rodoviário precisa ser descartado”, avalia, lembrando as disposições existentes no item 1.10 da Norma Regulamentadora nº 11. Segundo ele, a versão estacionária do braço hidráulico é um investimento mais barato que o modelo móvel, ou a adaptada ao caminhão. Há um número menor de componentes, fato que reduz os custos envolvidos na operação. “O braço móvel possui dois custos envolvidos: o do próprio braço e o do caminhão.” Uma das principais diferenças entre os equipamentos disponíveis no mercado está na logística de funcio-

Dependendo da tecnologia e do porte, o braço estacionário é vendido no Brasil numa faixa entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.

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e o peso que suportará de sucata. Essas informações definem o tamanho e a estrutura do equipamento, assim como a função que será desenvolvida. A capacidade de volume de carga varia de 6 a 15 toneladas (média do Brasil), característica que influencia diretamente o comprimento do braço

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Área articulada

Área telescópica

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BRAÇO ESTACIONÁRIO

EQUIPAMENTOS

namento. A maioria funciona a partir de alimentação elétrica para a movimentação hidráulica, mas os braços podem ser telescópicos ou articulados. Se você ainda não está familiarizado com os termos, acompanhe nas fotos para entender os dois sistemas. Alguns tipos de braços possuem as duas tecnologias integradas (articulado e telescópico). Para saber o que melhor vai atender ao seu depósito, não se fixe no braço de movimentação, procure focar na necessidade da sua empresa. Como sempre acontece, cada fabricante defende o seu sistema. Analise, por exemplo: a disposição da prensa que será alimentada e a viabilidade de trocá-la de lugar; a altura necessária a que o braço vai içar a carga (qual a necessidade de um braço que consegue erguer cargas a 5 ou 6 metros se 2,5 metros são mais que suficientes para alimentar uma prensa?); o ciclo de movimento atingido pelo braço (ciclos rápidos para abastecer um caminhão podem ser interessantes, mas questionáveis se a função é alimentar uma prensa com ciclo de trabalho quatro ou cinco vezes inferior); todas as funções que o braço vai desempenhar (o que braço pode fazer enquanto aguarda o movimento completo de uma prensa?). Para depósitos com dificuldade de aproximação de caminhões próximos à área de beneficiamento da sucata, o braço com tecnologia telescópica pode ser uma boa opção. A carga pode estar distante 10 ou até 14 metros e se movimenta em uma linha horizontal. Essa distância poderá ser atingida com braços articulados de maior porte e de

longa distância, mas a logística de movimentação de carga difere um pouco. Thiago Santos Vitola, diretor comercial da Masal, informou que, comparado ao braço sobre implemento rodoviário, a versão estacionária possui manutenção mínima, pois conta apenas com motor elétrico trifásico (comum em maquinários industriais), bomba e pistões. “A única preocupação com o braço estacionário é com a lubrificação.” Sobre esse assunto, existe um detalhe importante: o braço rodoviário foi criado para realizar coletas fora do depósito, motivo pelo qual está bem mais sujeito às ações do tempo; por outro lado, a versão estacionária está constantemente em contato com o ambiente do depósito, sujeita à ação de pó agressivo. Ou seja, a lubrificação do braço pode variar muito entre uma empresa e outra e entre equipamentos. Um detalhe importante a ser observado quanto ao braço estacionário é a quantidade de horas trabalhada. É a partir dessas informações que o fabricante pode orientar a periodicidade da lubrificação e da manutenção. “Hoje, os clientes compreendem que a vida útil da máquina tende a aumentar quando se parte da prevenção”, observa Vitola. Os entrevistados recomendam atenção especial à base onde será montado o braço estacionário. O alicerce (construído com concreto) deve levar em conta o peso máximo que será içado. Um contrapeso mal projetado pode provocar trincas na base que podem comprometer a estrutura do equipamento.

Caso a empresa opere o guindaste por 40 horas semanais, é recomendável que seja feita uma lubrificação geral a cada cinco dias. Esse intervalo poderá ser menor caso o ambiente local seja muito agressivo.

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Os entrevistados recomendam atenção especial à base onde será montado o braço estacionário. O alicerce (construído com concreto) deve levar em conta o peso máximo que será içado.

Entenda o funcionamento O acionamento elétrico é responsável pela movimentação hidráulica do braço estacionário. O mesmo princípio de funcionamento está presente nas versões telescópica e articulada. Os pistões comandados pelas bombas hidráulicas são os responsáveis pela movimentação. As duas tecnologias podem trabalhar com o mesmo tipo de carga, mas é a configuração do depósito que vai determinar a tecnologia mais apropriada.

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BRITADORES MÓVEIS

EQUIPAMENTOS

Britadores compactos para RCD Equipamento ainda procura seu espaço no mercado nacional Redação

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britagem de resíduos de construção de demolição (RCD) no Brasil, em geral, passa por dois tipos de máquinas: pelo britador fixo instalado em usinas ou pelo britador móvel, usado principalmente por empresas de demolição e construtoras. Em ambos os casos, essas máquinas trabalham com alta produção de resíduos (acima de 200 m³/h). Mas o mercado internacional oferece opções menores de máquinas para quem pensa em montar empreendimentos em cidades de pequeno porte ou planeja trabalhar com o aluguel de equipamentos para pequenas e médias construtoras. Divididos nas categorias míni e compactos, esses britadores possuem versões fixas, mas são móveis em sua grande maioria e, segundo alguns fabricantes, se encontram em rápida e crescente aplicação pelo mundo. “Com os preços de instalação de aterros subindo em todo o planeta, a procura por britadores menores, seja para aluguel ou para compra, vai crescer muito”, prevê John Bird, gerente de negócios da Red Rhino Crushers, com sede no Reino Unido. Muitos fabricantes de britadores míni e compactos ainda não estão no Brasil, mas o País começa a se tornar oportuno para algumas empresas. “Parece que as autoridades brasileiras começaram a sensibilizar-se para o assunto. Estamos estudando produzir algo a partir do Brasil”, comentou Alan Canestrari, responsável pelo departamento de vendas da Komplet, com sede na Itália. Do ponto de vista logístico, Canestrari informou que os britadores menores possuem um diferencial: podem ser distribuídos por diferentes canais (o mesmo não acontece com os britadores de alta produtividade). Nas categorias de míni e compactos, a faixa de produção varia

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entre 10 m³/h e 100 m³/h, ou seja, podem ser adaptáveis a cidades dos mais diferentes portes. “Os custos de operação de um grande britador não são baratos. Por esse motivo, acredito que versões compactas possuem um espaço muito maior no mercado. Basta ver o perfil das cidades brasileiras”, avalia Canestrari. Leonardo Miranda, especialista e consultor em RCD, faz coro com Canestrari. Os britadores compactos e mínis, divididos de forma estratégica em uma região, podem ser a resposta para resolver o descarte irregular de resíduos em cidades de até 100 mil habitantes. Contudo, a implantação desses equipamentos precisaria de um processo de adaptação num primeiro momento. “Na Europa, o que esses equipamentos esmagam de mais duro é o mármore. Fica difícil imaginar essas máquinas trabalhando com paralelepípedo, por exemplo. Precisam ser um pouco mais robustas”, observa Artur Granato, especialista em RCD. A observação de Granato é mais que justificável. Não se faz pré-seleção no Brasil dos resíduos que entram para a britagem, assim como é feito na Europa. Contaminantes são inerentes a todos os processos de reciclagem do País. Os fabricantes informaram que os britadores compactos seguiram o mesmo roteiro tecnológico das grandes máquinas, ou seja, todo o sistema foi copiado de soluções que atuam em pedreiras. Mais tarde, as empresas foram desenvolvendo os seus próprios sistemas de britagem para atuar com RCD. Uma das tendências tecnológicas deste equipamento é a incorporação do controle a distância. O objetivo é economizar tempo e reduzir posição de trabalhadores. A ideia é que o equipamento possa ser controlado de


uma pá carregadeira ou a partir de um ponto qualquer de uma planta sempre que necessário e com a menor intervenção humana possível. O ajuste rápido da granulometria do resíduo é outro objetivo dos fabricantes. De acordo com a Rhino, essa necessidade do mercado, até o momento, tem sido atendida pelos britadores do tipo mandíbula. Contudo, a empresa planeja para o próximo ano estudar o projeto de um britador de impacto de pequeno porte. Além de trabalhar com o RCD, o minibritador de impacto terá versões para trabalhar com a reciclagem de vidro. Já a empresa Komplet, em 2015, além de continuar investindo na tecnologia de esmagamento, se dedicará também a pesquisar novos formatos e posições de telas que fazem o peneiramento do RCD. Nota: nesta versão de britadores, as telas são parte integrante do equipamento; em britadores maiores, é a peneira vibratória que executa essa função.

Anuncio RMA MTB ed 45.pdf

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25/09/14

Produto Disponível É importante destacar que a bica corrida é o produto mais obtido nos britadores móveis em atuação no Brasil. E este é o mesmo produto que deverá vir das versões míni e compactas de britadores. Para a empresa que pensa em obter produtos como rachão, areia de brita, pedrisco, entre outros, o caminho mais viável é por meio de usina fixa. A diferença entre um e outro sistema está na triagem desempenhada pela peneira vibratória.

Força Motriz As máquinas compactas e mínis trabalham movidas a diesel ou a energia elétrica. As versões elétricas necessitam de alterações constantes conforme o país de destino.

MTB: a combinação perfeita entre ALTA PERFORMANCE e BAIXO CUSTO DE MANUTENÇÃO.

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ENSACADEIRAS

EQUIPAMENTOS

Equipamento que “enche o saco” Ensacadeiras são indispensáveis para aparistas que querem atingir alta produção Redação

N

a grande maioria das empresas brasileiras que operam com plástico reciclado, o material proveniente da moagem é colocado em sacos para armazenamento de forma manual. Mas a indústria de máquinas já automatizou essa ação há certo tempo. As ensacadeiras fazem o serviço que precisaria ser realizado por duas ou até três pessoas. Apesar de apresentar construção relativamente simples, a ensacadeira não conta com muitos fabricantes nacionais. Ao contrário dos moinhos, onde é possível listar meia centena de empresas brasileiras, a ensacadeira é fabricada basicamente por quatro indústrias nacionais que seguem as determinações de segurança previstas na Norma Regulamentadora 12 da ABNT. A ensacadeira é formada por um silo armazenador e uma bomba de vácuo, responsável pela entrada de ar na estrutura. A diferença de pressão força o plástico moído a en-

trar com mais rapidez pelo saco (de 20 kg, 40 kg ou 50 kg) colocado na parte de baixo. Muitos podem pensar que sem esta bomba de vácuo o material iria cair naturalmente e entrar no saco. Contudo, a forma em funil do silo (projetada para encaixar o saco) provoca o efeito “engaiolamento” e

cesso de enchimento de sacos. De acordo com informações enviadas pela empresa Kie Máquinas, as ensacadeiras foram incorporando outras tecnologias ao longo do tempo. Hoje, as versões mais avançadas do equipamento possuem válvula pneumática de abertura e balança digital conectada a um controlador programável. Esse controlador faz a interface entre a secadora e a ensacadeira. Toda vez que a balança atinge o peso programado (por exemplo, 20 kg), o controlador interrompe o envio de material para o silo. Depois que alguns fabricantes incluíram o sistema de pesagem, a ensacadeira foi rebatizada por alguns como “balança ensacadora”. Outros itens, ao longo do tempo, foram instalados na ensacadeira para melhorar o seu desempenho na linha de produção. O equipamento ganhou janela de visualização e passou a ser construído em aço inox. A adoção do inox pode estar ligada

Assim como outros equipamentos da linha de plásticos, a ensacadeira pode ser comprada isoladamente ou fazer parte de um sistema completo de envase que inclui sistema de fechamento automático.

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todo o material tende a ficar represado. A bomba evita que um funcionário seja deslocado apenas para ficar cutucando o plástico toda vez que este embola na parte de baixo do silo. Além disso, em empresas que querem atingir alta produção de reciclados, a ensacadeira acelera, e muito, o pro-

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ao fato de que a ensacadeira, embora esteja instalada logo após a secadora, pode reter certa umidade resultante do processo de lavagem. O inox ajudar a dar vida longa ao equipamento, já que praticamente não sofre oxidação provocada pela umidade. Outro item incorporado em alguns modelos de ensacadeiras foram os rodízios de movimentação. Isso aconteceu porque, dependendo da configuração da empresa, a ensacadeira não vai “servir” apenas a um equipamento. Ela pode trabalhar agregada de forma simultânea a duas ou três secadoras ou — se a empresa faz a moagem a seco de materiais — agregada a dois ou três moinhos. “Este equipamento é fundamental para empresas que fabricam matéria prima granulada. Com ele a empresa ganha precisão e rapidez no ensaque”, conclui Eduardo Trajano, gerente comercial da empresa BGM.

Foram encontradas pela Reciclagem Moderna algumas variações nas tecnologias que podem ser acopladas às ensacadeiras. A balança pesadora pode ser item de série, ou acessório.

Mercado De acordo com Rafael Rosanelli, diretor da Máquinas Premiata, de maneira geral, o mercado nacional para a venda de ensacadeiras apresentou fraco desempenho em 2014. É importante lembrar que a ensacadeira não é um equipamento que atende o setor de reciclagem com exclusividade. O mesmo equipamento faz o ensacamento do material granulado na indústria de material virgem. Logo, o fraco desempenho nas vendas está ligado ao momento, já que todo o setor de plásticos teve retração em 2014. “Até 2012, a venda desse equipamento estava interessante, depois enfraqueceu um pouco”, avalia Rosanelli.

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RCD

ENTREVISTA

As usinas públicas e privadas de RCD HEWERTON BARTOLI presidente da Abrecon

Redação

O

aproveitamento de resíduos de construção e demolição (RCD) é um dos maiores desafios da reciclagem no Brasil. Sua geração responde por até 70% dos resíduos sólidos urbanos em algumas regiões. Porém, o seu emprego ainda não representa sequer 1% das aplicações viáveis no setor de construção civil. Esse enorme potencial de emprego do material desperta interesse. Prova disso aconteceu na edição 2014 da RCD Expo — o público lotou as salas de congresso para ouvir os especialistas sobre o assunto. Um deles foi Hewerton Bartoli, presidente da Associação Brasileira para a Reciclagem de Resíduos de Construção e Demolição (Abrecon), que foi entrevistado pela equipe de redação da Reciclagem Moderna. RM: Em sua apresentação, você disse que existe uma tendência natural de as usinas privadas tomarem o lugar das usinas públicas. Por quê? Bartoli: Historicamente, as usinas públicas são muito ineficientes. Na própria revista Reciclagem Moderna já saíram notícias sobre prefeituras que tentaram montar algumas e que não vingaram. Esse empreendimento exige manutenção adequada e busca por retorno financeiro.

“Cidades de pequeno porte geram um resíduo de péssima qualidade. Também é preciso calcular o estoque de resíduos e de agregados.” RM: Há competição entre público e privado no RCD? Bartoli: As usinas públicas são criadas para atender o cidadão comum, mas há exceções. Veja o exemplo de Belo Horizonte. Lá existem usinas públicas e o mercado privado não consegue acesso. O ideal é haver uma competição saudável, mas isso muda muito conforme a região. RM: O que é competição saudável?

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Bartoli: Todas as usinas (públicas e privadas) devem cobrar para receber entulho ou entregar o resíduo já tratado. O problema é que as usinas públicas cobram muito barato na venda ou recepção do produto. RM: Mas isso não as torna economicamente inviáveis? Bartoli: Essa é uma das razões por que as usinas públicas fecham em tão pouco tempo. É uma tendência natural que as usinas privadas tomem o mercado. RM: Qual é a sua avaliação do mercado de RCD na atualidade? Bartoli: Está crescendo de forma exponencial, porém desordenada. É perceptível o interesse de empresários por esse mercado, mas é preciso ficar atento a questões como dimensão de equipamentos ou de terreno. No futuro restarão apenas as boas usinas de RCD. RM: E o que é uma “boa usina de RCD”? Bartoli: É aquela que escolheu uma cidade de médio ou grande porte para a instalação. Cidades de pequeno porte geram um resíduo de péssima qualidade. Também é preciso calcular o estoque de resíduos e de agregados. Os valores obtidos precisam ser confrontados com a capacidade de fornecimento de pedreiras próximas à usina. RM: Uma usina consegue se manter apenas com a venda do agregado? Ou é necessário partir de imediato para a fabricação de subprodutos como tubos, pisos ou blocos? Bartoli: Para uma empresa partir para um segundo estágio (fabricação de blocos, pisos etc.), o primeiro estágio tem de estar muito maduro, mas isso depende muito da região e do tipo de material que dá entrada na planta. O mais comum é que a usina venda a pedra, a areia ou a brita para quem fabrica esses artefatos. O mais importante é a cobrança na entrada e saída do material. Quem não entra por essa linha dificilmente consegue se manter no mercado.


PNRS

ESPECIAL

O esfriamento da

CNM calcula em R$ 70 bilhões os investimentos para transformar lixões em aterros Não se sabe se foi por pura pressão política, interesse de alguma entidade em particular, falta de compromisso do governo federal devido às eleições ou um pouco de cada um desses elementos combinados. O fato é que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) esfriou em 2014, justamente no ano em que os lixões deveriam estar erradicados nas cidades que quiserem receber financiamentos para o investimento na área de resíduos sólidos. ► Sergio Vieira

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PNRS

ESPECIAL

Isabela Teixeira

Ministra do Meio Ambiente

D

e acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados em 2014, o Brasil tem ainda perto de 2.810 lixões, muitos com a presença de catadores de materiais recicláveis, e menos de mil cidades entregaram o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). Nos primeiros anos de publicação da PNRS (2010) tudo levava a crer que o País daria passos largos em prol da melhoria da gestão de resíduos. Até o final de 2012 aconteceram várias reuniões em Brasília envolvendo o Ministério do Meio Ambiente, as entidades ligadas à indústria e o Comitê Orientador de Logística Reversa (comissão de funcionários dos ministérios do Meio Ambiente, Saúde, Fazenda, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Desenvolvimento Indústria e Comércio). No ano seguinte (2013), entretanto, a PNRS começou a criar dúvidas em algumas áreas. “Não está claro ainda como a PNRS pode estimular o financiamento no setor”, avalia Ariovaldo Caodaglio, presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo (Selur). O executivo reconhece que a PNRS representa um marco regulatório no setor. Mas avalia também que as prefeituras, importantes agentes para que as diretrizes da lei saiam do papel, precisam de mais amparo. Muitas prefeituras não possuem sequer técnicos especializados sobre resíduos sólidos urbanos e deslocar funcionários para elaborar o PMGIRS não foi a decisão mais acertada. Muitos planos foram cópia fiel de outros que já haviam sido entregues ao MMA. A cópia foi tão perfeita que se chegou a copiar o nome da cidade. No Estado de São Paulo, alguns planos de cidades do interior cometeram o deslize de destacar “a recolha de restos de coco na orla da praia pelo agente público”.

Na tentativa de reduzir o problema e levar mais qualidade aos planos municipais, o MMA abriu em 2012 um curso voltado exclusivamente para o agente público. Em termos de interesse, o curso deu certo, com mais de 2 mil inscritos na primeira chamada e fila de espera de mais 700 pessoas. Os números provaram algo que o mercado em geral já sabia: o governo federal estava exigindo das prefeituras algo que muitas não têm capacidade técnica para oferecer. Para driblar a falta de corpo técnico interno para elaborar o plano de gerenciamento, algumas prefeituras lançaram mão de empresas de consultoria ambiental. Contudo, muitas prefeituras não possuem dinheiro nem para esse tipo de trabalho (que dirá investir em sistemas de coleta seletiva, ou construir destino ambientalmente adequado para rejeitos, como pede a PNRS). Nesse sentido, a situação financeira das prefeituras também foi responsável pelo esfriamento da PNRS em 2014, conforme informou a Associação Paulista das Empresas de Consultoria em Saneamento e Meio Ambiente (Apecs). Às vésperas do vencimento do prazo determinado pela PNRS para erradicar os lixões em todo o País, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) publicou um documento onde revela a situação das cidades brasileiras. O resultado não foi o que o mercado ambiental e o governo queriam ouvir. Com perguntas simples e diretas, a CNM entrevistou 2.485 cidades sobre a situação dos resíduos. Um total de 45,7% das cidades entrevistadas com até 300 mil habitantes não entregou até hoje o plano municipal de gestão. Importante destacar que outros 3 mil municípios não foram ouvidos. Na pesquisa, 807 municípios (32,5%) admitiram que

Na pesquisa, 807 municípios (32,5%) admitiram que ainda possuem lixão para destino do lixo e 153 (6,2%) não sabem responder à pergunta.

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ainda possuem lixão para destino do lixo e 153 (6,2%) não sabem responder à pergunta. Do total, apenas 184 cidades informaram que iriam conseguir encerrar seus lixões até o dia 3 de agosto de 2014 (prazo determinado pela PNRS); 125 não souberam responder e 498 admitiram que não iriam conseguir cumprir o determinado. A pesquisa também abordou os municípios com até 100 mil habitantes. Embora o assunto esteja longe de ser resolvido, o levantamento da CNM apontou alguns investimentos que foram realizados. Do Orçamento Geral da União foram liberados, via Ministério das Cidades, R$ 67,7 milhões para a elaboração de 91 planos municipais; R$ 131,6 milhões foram liberados via Funasa para assinatura de 606 convênios; e R$ 6,1 milhões foram aplicados pelo Ministério do Meio Ambiente em oito contratos entre 2011 e 2013 (nesse período, o órgão recebeu 577 propostas de cidades na área de resíduos). No período entre janeiro de 2011 e junho de 2014, o governo federal desembolsou R$ 308,6 milhões para programas relacionados à área de Resíduos Sólidos. O valor pode parecer elevado, mas se for dividido pelo número de municípios brasileiros, o resultado é pouco mais de R$ 550 mil por cidade (veja quadro). A CNM calcula em R$ 70 bilhões o investimento necessário para transformar lixões em aterros sanitários. Para que a PNRS seja cumprida e os atuais prefeitos não sejam penalizados, a CNM defende que os prazos sejam alterados. Além disso, a entidade deseja maior apoio do governo federal e pede prioridade na execução dos financiamentos destinados ao setor de resíduos. Até o momento, não existe sinalização do governo para alteração dos prazos. Durante várias entrevistas, a ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, sinalizou que é contra qualquer alteração dos prazos estabelecidos na PNRS. O problema é que as diretrizes estabelecidas na PNRS levam em consideração um cenário de 20 anos do setor de resíduos, dos quais quatro já se passaram. A PNRS não se encontra totalmente parada. Enquanto esta edição da Reciclagem Moderna estava indo para a gráfica, o MMA colocou em consulta pública dois acordos setoriais que preveem a logística reversa de emba-

lagens e lâmpadas fluorescentes. A partir das contribuições enviadas pela Internet, o MMA fará um texto final que deverá ser assinado pela indústria, por entidades de catadores (válido apenas para embalagens) e pelo poder público. Detalhe: as prefeituras é que vão assinar pelo poder público, parte que faz duras críticas ao acordo. Os rumos da PNRS dependerão muito das atitudes do governo federal a partir de 2015. Para alguns analistas, seja qual for o governante, o único cenário que não pode acontecer é reiniciar as discussões do zero. Até lá, a PNRS segue estimulada mais pela vontade de alguns promotores ligados à área ambiental do que por ações efetivas do governo federal. É o que está acontecendo por meio do TAC – Termos de Ajuste de Conduta, instrumento jurídico em que a prefeitura, ou uma empresa, aceita rever suas ações para alinhá-las de acordo com alguma lei estabelecida, no caso, a PNRS. ►

Ariovaldo Caodaglio Presidente do SELUR

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PNRS

ESPECIAL

Empresa é condenada a recolher embalagens de PET

F

ora a ação dos ministérios públicos estaduais, assuntos que estão ligados à PNRS seguem estimulados por algumas ações pontuais da sociedade civil. Foi o que aconteceu no Estado do Paraná, por meio de uma ação movida pela Associação de Defesa e Educação Ambiental contra a empresa Refrigerantes Imperial. A entidade responsabiliza a empresa por danos ambientais provocados pelo descarte irregular de garrafas PET. Na ação, que tramitou no Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), a empresa foi condenada a recolher as garrafas deixadas por consumidores em ruas, córregos e qualquer outro lugar impróprio. Além disso, foi condenada a informar procedimentos de recompra no rótulo do produto e aplicar 20% da verba publicitária em campanhas educativas. Após a apelação da empresa, o caso foi parar no STF, que manteve a decisão do tribunal paranaense. De acordo com o advogado Jean Mauricio de Silva Lobo, que representou a entidade Habitat na ação, o caso transita em julgado, isto é, ainda cabe recurso à Refrigerantes Imperial. Segundo ele, após esse processo, que gerou ampla repercussão no mercado ambiental, a 6ª Vara Cível de Curitiba-PR condenou outras empresas no setor alimentício. Um detalhe importante neste caso é que o TJPR levou em consideração a Lei Estadual de Resíduos Sólidos 12.943/99, que prevê a logística reversa de embalagens, mesmo princípio presente na PNRS.

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Município tem Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos? Sim

1280

51,6%

Não

1132

45,7%

Não Sabe Não Respondeu

67

2,7%

Total

2479

100%

Pesquisa CNM | Municípios não pesquisados: 3.005


Acordos setoriais Os acordos setoriais que preveem a logística reversa de embalagens e lâmpadas são os únicos assuntos de discussão no momento dentro da PNRS. Em tese, as empresas deverão criar sistemas para recolha desses materiais, ou seja, independentemente do serviço de limpeza pública.

Para Ariovaldo Caodaglio, presidente do Selur, está sendo criada uma incógnita no setor de resíduos, afinal, como funcionará um sistema em que nenhuma embalagem ou lâmpada passará pela coleta pública e, caso passe, como será feita a remuneração ao poder público?

Investimentos governo federal em resíduos sólidos urbanos Ano

Dotação atualizada

Despesas executadas

Valores Pagos

Total a pagar

2011

312

239

6,6

287

2012

234

76

17,1

362

2013

132

73

6,6

229

2014

84

1,1

1,1

224

total

764

397

31

1,1 ( trilhão )

Fonte: Siafi – Governo Federal (valores entre dezembro de 2011 a 30 de junho de 2014)

(valores em milhões)

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Alumínio

SETORIAL

Avança importação de alumínio Cenário da sucata permanece inalterado

N

o exato momento em que este texto estava sendo elaborado pela redação da Reciclagem Moderna, o mercado que não acompanha a mídia especializada estava recebendo, com quatro anos de atraso, a notícia de que o Brasil vai passar de exportador para importador de alumínio. A notícia foi tema de reportagem da Reciclagem Moderna há quatro anos (Ed. 20-2010). A produção de alumínio primário no Brasil não acompanha o ritmo do mercado há quase dez anos, e o que aparentemente parece ser uma boa notícia para a indústria da reciclagem pode ter algumas consequências desastrosas. O primeiro impacto é a elevação de preços da sucata de alumínio em níveis totalmente fora da realidade. Pode parecer que o depósito de sucata está lucrando mais com a situação, mas não é bem assim que a indústria age. Para quem tem contatos de vendedores internacionais, a compra de sucata no exterior por valores mais baratos força os depósitos nacionais a rever seus preços. Apenas para mostrar o impacto: de janeiro a agosto de 2014, a entrada da sucata de alumínio importada cresceu 77%. Foram quase 32 mil toneladas importadas em 2014 contra 18,4 mil toneladas no mesmo período de 2013 (veja gráfico). Outro efeito da situação no mercado é a busca cada vez mais incessante de grandes fundições pela sucata de varejo. Grandes empresas estão indo atrás do material até em locais que seriam impensáveis tempos atrás do ponto de vista financeiro. “Ainda enviamos nosso material para as fundições do Sudeste, mas eles querem abrir filiais aqui no Estado para atingir o varejo”, informou Tiago Didier, sócio-proprietário da Pará Comércio de Sucatas, com sede na capital Belém. Um trader da cidade de São Paulo, que detém clientes

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Redação

em toda a América Latina, informou que falta sucata de lata no mercado nacional. Há dois meses ele resolveu agregar a sucata de perfil no rol de produtos que vende para o exterior. Ficou surpreso quando percebeu que esse tipo de produto também está em falta. Outro impacto da situação (já mencionado pela Reciclagem Moderna) no setor de sucata diz respeito à geração de material pós-industrial. O alumínio mais caro (seja ele na forma de sucata ou lingote) obriga a indústria de transformação a repassar os preços para as grandes redes de comércio; estas, por sua vez, sabem que, raras vezes, conseguem convencer o consumidor final a comprar um produto 100% nacional no lugar do importado. Resultado: a rede de comércio vai buscar o produto importado mais barato para vender ao consumidor. A ação reduz a participação do produto nacional e paralisa as atividades da indústria, que gera menos sucata pós-industrial para a venda. É a chamada desindustrialização nacional, fato bastante evidenciado por várias entidades, mas raramente presente nos discursos das campanhas políticas. “No último mês sentimos falta de sucata, mesmo aumentando um pouco o valor do prêmio”, informou Valério Magri, diretor comercial da Texa Alumínio, com sede em Ferraz de Vasconcelos, SP. Além da falta do produto, ele observa que a tonelada do material secundário está cada vez mais cara para a compra. Na análise de Gilmar de Assumpção, diretor da Tocantins Metais, com sede em Carapicuíba, SP, os fornecedores de alumínio reduziram as vendas em 30% na região. “A concorrência na compra está muito forte. Com a escassez, piora ainda mais”, disse. Na outra ponta, a venda do material beneficiado, Gilmar disse que os clientes têm solicitado extensão no prazo para pagamentos.


Produção e LME – Se depender da situação do alumínio primário, o

atual cenário da sucata de preço alto e material represado não deverá ser alterado tão cedo. De acordo com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), a queda na produção de alumínio primário no mês de agosto foi de 37,7% em comparação com o mesmo período de 2013. No acumulado do ano (jan./ ago.), a queda na produção é de 23,2%. Durante todo o mês de setembro, a cotação da tonelada do alumínio na LME variou entre US$ 1.900 e US$ 2 mil. Na Bolsa de Xangai, a cotação do metal ficou um pouco mais acima (US$ 2.300).

Importação de lingote Como a produção de alumínio no Brasil encontra-se estagnada, a importação do alumínio em forma bruta é outro produto, além da sucata, que avança forte em 2014. A importação do produto nos primeiros oito meses do ano está quase 370% acima do registrado em 2013. E, na média, a tonelada do produto importado está US$ 100 mais barato que em 2013.

Queda na produção de alumínio primário ficou em 37,5% em agosto Período

2013

2014

2014 / 2013 ( % )

Janeiro

115,6

104,8

-9,3

Fevereiro

106,7

92,6

-13,2

Março

117,0

101,1

-13,6

Abril

110,9

90,5

-18,4

Maio

110,6

81,4

-26,4

Junho

105,2

71,9

-31,7

Julho

110,8

70,4

-36,5

Agosto

111,7

69,6

-37,7

Setembro

105,4

-

-

Outubro

105,1

-

-

Novembro

101,0

-

-

Dezembro

104,3

-

-

Janeiro-Agosto

888,5

682,3

-23,2

Total Ano

1.304,3

-

-

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Cobre

SETORIAL

DÓLAR

Alta favorece mercado

Moeda dispara e sucateiros acreditam em bom momento Leandro Silva

A

insegurança apontada pelo mercado sucateiro no início do terceiro trimestre, influenciada por oscilações negativas de preços e em parte pela Copa do Mundo, deu uma trégua. Como o dólar tem apresentado altas consecutivas no mercado brasileiro desde meados de setembro, o setor encontrou ânimo para negociar sob relativa tranquilidade. Em agosto, a moeda americana fechou o mês a R$ 2,23, mas a taxa ascendeu a partir do dia 15 do mês seguinte, quando alcançou R$ 2,33. Na virada de trimestre, primeira semana de outubro, o valor foi ainda maior, chegando a R$ 2,49. Para o diretor da Prometais, Marcelo Batista, a variação crescente animou o mercado. “Diferentemente do que passamos há alguns meses, o cenário atual mostra preços relativamente altos, o que automaticamente favorece o aumento de demanda”, avalia. Localizada em Salvador (BA), a empresa já percebe mercado movimentado, com mais procura por sucata do que em outras épocas. Este período, em geral, é esperado por empresários durante todo o ano, porque a venda de resíduos de cobre se torna mais atrativa quando os preços estão melhores. Segundo a SMF Cabos, empresa de Contagem

(MG), a maior dificuldade é vender o material, justamente por causa do valor. “Quando os preços estão baixos, seja por causa do dólar ou da LME, costumamos estocar o produto à espera de inversão”, comenta Giovanni Sciavicco, concluindo que “agora é o momento ideal para fazer negócios”. A alta beneficia também o mercado externo, que, no penúltimo trimestre, já demonstra aumento de 81% na comparação com 2013. Entre julho e

No penúltimo trimestre, as exportações aumentaram 81% na comparação com o mesmo período de 2013, o equivalente a 4,7 mil t.

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setembro deste ano, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, foram exportadas 4,7 mil toneladas de sucata de cobre, contra 2,6 mil toneladas em igual período do ano anterior. Para quem trabalha internacionalmente, a modalidade é interessante. “Sem dúvida, a exportação é uma opção vantajosa para tempos de dólar em alta”, avalia Sciavicco. Na outra ponta, a importação de sucata e resíduos de cobre esteve menor. Foram 3,5 mil toneladas entre

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julho e setembro de 2013 contra 2,3 mil toneladas do mesmo período em 2014. Apesar do cenário de preço positivo, algumas regiões do País apresentam baixa na demanda. Na opinião de Thiago Batista, diretor da Bobimar, com sede na capital paulista, há momentos em que é difícil encontrar compradores para o produto. De acordo com o vice-presidente da Termomecanica, Nelson Leme, a demanda abaixo do esperado é reflexo de um ano de Copa do Mundo e de eleições majoritárias. Considerada uma das maiores compradoras de sucata do País, a empresa de São Bernardo do Campo (SP) percebe limitação de investimentos governamentais no setor por causa de instabilidade política e risco de retomada da inflação. Com relação às vantagens pela alta da moeda americana, inclusive, o executivo chama a atenção para o mesmo fator político. “A flutuação do câmbio é inconsistente justamente por causa desse período que atravessamos”, alerta. O diretor da Termomecânica acredita que, após as eleições, haverá avaliação profunda da economia brasileira pelo governo com o objetivo de provocar mudanças.


Indicadores Dois indicadores do setor de cobre mostram posições opostas de desempenho. A produção de eletroeletrônicos recuou 8,9% em agosto e ameaça as encomendas do setor, segundo informações da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Em contrapartida, o setor automotivo, igualmente emblemático para o nicho de sucatas, aumentou a produção de veículos em setembro em 13,7%, na comparação com agosto.

LME Ao contrário do dólar, no balanço do terceiro trimestre, como caracteriza a Bolsa de Metais de Londres (LME), a cotação da tonelada de cobre apresentou queda. O metal iniciou o mês de julho a US$ 7,1 mil e caiu gradativamente até o final de setembro, quando chegou a US$ 6,7 mil. Na comparação com o mesmo período de 2013, a situação foi inversa. O valor do cobre começou o trimestre a US$ 6,8 mil e terminou a US$ 7,3 mil.

Fonte: LME

Desempenho da cotação de cobre (US$/ton.) 7200

7100

7000

Preço US$ por tonelada

6900

6800

6700 30 Jun 2014

30 Jul 2014

30 Ago 2014

28 Set 2014

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Ferrosos

SETORIAL

Multas por excesso de peso em eixo Empresas do RS, RJ e SP chegam a perder R$ 10 mil por mês

E

m tempos de mercado difícil e muita incerteza quanto ao próximo ano, o que uma empresa menos quer receber são contas extras para pagar. No entanto, empresas que movimentam materiais recicláveis, principalmente os depósitos de ferrosos, estão passando por essa fase. Depósitos do RS, RJ e SP notaram que houve aumento no número de multas recebidas por excesso de peso por eixo em caminhões. A notícia está pegando muito empresário de surpresa. “Nossa empresa, com 30 caminhões, estava chegando a quase R$ 9 mil por mês em multas por excesso de peso”, relembra Ricardo Sobreira, diretor jurídico da Balprensa, com sede no Estado do Rio de Janeiro. A primeira medida da empresa foi orientar os arrumadores para que alterassem o peso da carga. É que a empresa notou que boa parte de suas multas estavam relacionadas mais ao segundo eixo que forma o cavalo do caminhão. Colocando a carga mais para o fundo da caçamba, a esperança era de que o problema fosse resolvido. No entanto, o imbróglio apenas foi transferido de lugar, porque a empresa continuou a receber multas por excesso de peso, desta vez referentes ao penúltimo e último eixos. O limite de peso por eixo é regulamentado pela resolução nº 318/2009 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) — veja quadro. Mas o controle e a fiscalização ficam a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit). “Desde a década de 1980 vem se falando sobre estabelecer limites de peso por eixo. Empresas de vários setores, incluindo as de sucata de RS, SP e de outros Estados, procuram saber como se adaptar”, informou Dante Maestri, diretor geral da Bextra. O aumento do número de multas por excesso de peso por eixo tem uma explicação. Segundo informou a assessoria técnica do Dnit, com exclusividade à Reciclagem Moderna, desde 2010, a autarquia vem estudando sistemas de pesagem em movimento. Um convênio realizado com a Universidade Federal de Santa Catarina fez testes de três sistemas na cidade de Araranguá (SC). Após a análise dos resultados, a autarquia decidiu abrir processo de licitação para implantar o sistema em 16 rodovias federais em dez Estados. Com o veículo em movimento, o sistema analisa de

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Redação

forma simultânea a velocidade do veículo, peso por eixo, peso bruto, classificação (número de eixos, distância entre eixos), data/hora do evento, força em newtons por roda, deformação do pavimento e temperatura. E não é só isso. O sistema também fotografa a distância caminhões que tentam fugir dos postos de fiscalização. Em 2012, os 73 postos (fixos e móveis) de pesagem do Dnit emitiram 528 mil notificações. O Dnit informou que, no momento, os editais de licitação para a compra do sistema estão suspensos aguardando ajustes técnicos. As multas por excesso de peso por eixo, por enquanto, estão sendo emitidas a partir das balanças convencionais, ou seja, com o veículo praticamente parado e realizando o desvio para o posto ao lado da rodovia. Após a implantação do novo sistema, o número de notificações deverá aumentar. Cada posto do Dnit passará a ser chamado de Posto Integrado Automatizado de Fiscalização (Piaf). Somados aos 73 já existentes, as rodovias federais terão 119 Piafs (fixos e móveis). O motorista permanece na mesma pista onde está trafegando e é avisado pela sinalização de que está com excesso de peso. Enquanto o novo sistema não é instalado, alguns depósitos de sucata ferrosa resolveram se antecipar para cessar o recebimento de multas. “Decidimos instalar uma balança idêntica às usadas por alguns órgãos de fiscalização. Investimos R$ 40 mil num sistema que mede o peso por eixo em nossos caminhões em movimento”, informou o diretor da Balprensa. O investimento em sistema de pesagem por eixo, além de evitar multas, também economiza recursos da empresa. “Essa pesagem por eixo pode ser embarcada, isto é, ficar de forma permanente no caminhão. Assim evita-se que os eixos recebam sobrepeso em algum outro ponto fora da empresa e da balança fixa”, disse José Luiz Azevedo, diretor técnico da Flintec do Brasil. A pesagem embarcada por eixo, segundo informou Azevedo, possui outra vantagem. A empresa de reciclagem pode colocar a quantidade exata de carga por eixo permitida por lei. É que algumas empresas, com medo de levarem multa, colocam menos carga no caminhão. Por um lado elas evitam multas, mas por outro reduzem seus ganhos por viagem.


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Papel

SETORIAL

Mercado de papel volta a cair em algumas regiões Falta de mão de obra continua a prejudicar empresas Redação

O

ano de 2014 não será um dos melhores para ser lembrado pelo setor de aparas. Repetindo o que já aconteceu em anos anteriores, as quedas na demanda e de preços foram antecipadas. Segundo aparistas, as fábricas de papel estão com estoques lotados de material. Como esta é a única via de comércio para aparistas brasileiros, as empresas começam a entrar em clima de incerteza quanto à mudança de cenário em curto prazo. “Já estamos recebendo mensagens das fábricas quase em sequência num mesmo dia avisando sobre redução de preços”, informou Felipe Braganholo, diretor comercial da Aparas Sudoeste, com sede na cidade de Cascavel (PR). As aparas do tipo ondulado (papelão), material carro-chefe do mercado, foram as primeiras a sentirem a retração. “Ainda bem que não estamos focados apenas no papel. Agregamos o plástico também, que, por enquanto, mantém-se com bom fluxo de demanda”, disse o diretor, que lembrou outro problema já bastante comentado pela Reciclagem Moderna: a escassez de mão de obra no setor de reciclagem. Apesar do momento econômico delicado, muitos aparistas têm vagas para operador de empilhadeira, motorista de caminhão e ajudante de serviços gerais. Vale lembrar que essas posições são encontradas em muitos outros segmentos da indústria e do comércio, fato que contribui para a escassez dessa mão de obra na área de

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reciclagem. Na região de São Paulo, a queda nos negócios também foi antecipada. “Estávamos conseguindo colocar algo no mercado devido à falta de alguns tipos de aparas, mas no último mês o cenário se inverteu”, disse Eurico Saruhashi, gerente geral da Kaper, com sede na cidade de Guarulhos. Sobre a escassez de mão de obra, Eurico acredita que a situação reforça a tendência de que, cada vez mais, as empresas partirão para processos automatizados. “É uma questão de tempo para que essas tecnologias, já presentes em aparistas europeus, entrem com mais força no mercado nacional.” Contudo, o gerente chama a atenção para um fato importante: “Já notei muitas esteiras vazias em sistemas automáticos. Se um empresário adota essa máquina é para trabalhar com alta produção, caso contrário começa a gerar prejuízo.” Os efeitos negativos do setor de aparas também já atingiram as empresas do Nordeste. A filial da CBS Aparas, com sede em Recife (PE), percebeu uma queda na movimentação durante o mês de setembro. Apesar do momento, o empresário Carlos Ribeiro, disse que não se arrepende de ter aberto a filial pernambucana da CBS há dois anos. “Novamente o movimento caiu para todo mundo, mas existe uma dinâmica de mercado bem diferente entre São Paulo e Pernambuco.” Segundo ele, embora os produtos sejam os mesmos, bem como os insumos para o beneficiamento das aparas (diesel para caminhões, arame, fitilhos etc.), o comércio de aparas no Nordeste se diferencia do praticado no Sudeste. “São Paulo sempre será um mercado importante para qualquer tipo de negócio, mas tem muita coisa a ser explorada ainda pelo País, principalmente na área de reciclagem”, avalia.


Números do mercado – Segundo

informações da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), a expedição do produto teve alta de 1,13% no mês de agosto se for comparado com o mês anterior, e de 1,09% se a comparação for com agosto de 2013. Foram expedidas pelo setor 294,6 mil toneladas. No acumulado do ano (jan./ago.), a expedição de caixas atingiu 2,2 milhões de toneladas, uma alta de 0,37% se comparado com mesmo período de 2013. Já a produção de celulose registrou alta de 7,7% no acumulado jan./ago., informa o boletim da Indústria Brasileira de Árvores. As vendas domésticas apresentaram alta de 2,3%, enquanto que as exportações tiveram alta de 12,3%. A produção de papel teve alta de 0,2% no período e as vendas domésticas acusaram elevação de 0,3%. As exportações do produto evoluíram 2,7%, enquanto as importações recuaram 5,5%. É importante ressaltar que esses números da indústria de celulose e papel foram levantados no momento em que o dólar oscilava perto de R$ 2,20. No mês de setembro, a moeda americana chegou a ultrapassar R$ 2,40, fato que deverá impactar nas próximas análises.

Desempenho celulose e papel 2013 (jan/ago)

2014 (jan/ago)

Var. ( % )

Janeiro

9.948

10.717

7,7

Fevereiro

1.142

1.168

2,3

Março

6.130

6.883

12,3

Abril

6.908

6.920

0,2% em 1.000 ton

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Plástico

SETORIAL

Mercado apresenta cenários distintos em SP e SC Falta de plásticos reciclados levanta perguntas sobre coleta seletiva Redação

A

ssim como aconteceu com as aparas de papel, a área de reciclagem de plásticos no Brasil tinha esperanças de que, após a realização da Copa do Mundo, o setor entrasse num período forte de vendas para atender à demanda da indústria. Mas não foi essa a reação do mercado. As aparas de plásticos seguem no mesmo ritmo da resina virgem: vendas em queda ou estáveis e margem de lucro apertada. “Na parte de plásticos, o quadro do início do ano não mudou, ou seja, preço baixo mas com procura pelo material reciclado. O grande problema é achar plástico pós-consumo junto a fornecedores”, informou Eduardo Vicchiatti, sócio-proprietário da empresa que leva o seu sobrenome com sede em Bragança Paulista, interior de SP. A Vicchiatti atua na fase de captação e enfardamento de plástico reciclado. Mas em outras fases da reciclagem do plástico a falta de perspectiva é a mesma. “Os indicadores mostram que o mercado está andando de lado. Não há previsão para o curto prazo”, observa Ricardo Mason, diretor da Fortymil, com sede em Itatiba, também no interior de SP, mas que atua na fase de moagem e preparação do plástico para a fase de transformação. Nem toda região do País tem notícias negativas. Em Santa Catarina, por exemplo, o mercado encontra-se

36

movimentado ao longo de 2014, segundo avaliação de Isabela Clivati, diretora de qualidade da Recbras, com sede em Blumenau. A empresa possui filial em São Paulo, Pernambuco e Paraíba. É importante destacar, porém, que a Recbras não trabalha com plástico pós-consumo. A empresa é focada apenas nas aparas pós-industriais que são retiradas de grandes empresas do setor de bebidas, alimentos e higiene. A empresa não está livre do mesmo problema comentado por Vicchiatti: a falta de matéria-prima no mercado. Quando a escassez se refere às aparas pós-industriais, o problema é totalmente aceitável, afinal, trata-se de um material limpo e muito disputado por aparistas. Mas a dificuldade em encontrar plástico pós-consumo no mercado nacional merece uma análise mais apurada. Esse fato põe em dúvida algumas informações publicadas por entidades ligadas ao setor de lixo. Desde que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi sancionada em 2010, espalhou-se pelo Brasil uma onda de que, cada vez mais, as cidades estão investindo em processos de coleta seletiva. Algumas entidades possuem, inclusive, dados estatísticos sobre o assunto. Porém, essa falta de plástico pós-consumo no mercado levanta per-

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guntas como “Para onde estão indo os plásticos triados de coleta seletiva?”, uma vez que os mesmos estão escassos na indústria. Houve mais procura por plástico reciclado do que o montante separado via coleta seletiva? Será que, de fato, houve aumento no número de cidades que investiram

No primeiro semestre, as quedas nas vendas de resinas virgens foram: 1% no PE; 2% para o PP; e 10% para o PVC. em sistemas de coleta seletiva? Mercado virgem - Durante evento na capital paulista, Luciano Guidolin, vice-presidente de poliolefinas e renováveis da Braskem, informou que o Brasil viveu um momento de demanda acelerada por resinas entre 2009 e 2013. Mas, no primeiro semestre de 2014, a situação do mercado se inverteu. A empresa registrou queda de 1% nas vendas de polietileno e de 2% nas vendas de polipropileno. A maior queda do primeiro semestre foi registrada nas vendas do PVC: –10%. A expectativa para o segundo semestre é de nova queda em todas as resinas citadas. Para 2015, o executivo acredita que a indústria vai retomar o processo de vendas perdido em 2014. O setor de resina virgem também passa por um momento de carência de fornecimento de alguns tipos de materiais. É o caso do polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). Parte da indústria já não encontra esse material para venda, motivo pelo qual o Brasil começou a importar alguns lotes do produto. De olho nessa oportunidade, a Braskem vai inaugurar uma fábrica de PEBDL em 2015 na Bahia.


Fim da Planta Após 16 meses de funcionamento na cidade de Portland, no Estado do Oregon (EUA), a planta que transformava plástico pós-consumo em petróleo fechou as portas. Segundo nota da empresa, o processo envolve o uso de grande quantidade de energia elétrica e muito trabalho manual. A planta, no entanto, poderá reabrir em 2015.

Indiana EUA Num investimento total de US$ 10 milhões, as empresas Dart Container e Plastics Recycling vão implantar duas fábricas de reciclagem no Estado de Indiana, EUA. Uma vai processar o poliestireno expandido (isopor), enquanto a outra reciclará o poliuretano.

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2014

INDICADORES

Sucata de Eletrônicos | em ton.

Jul/14

Ago/14

Desempenho Mai/14 e Jun/14

294.768

272.492

-8,0%

Fonte: Secex

Fonte: Anfavea

Licenciamento de Veículos Novos Leves Variação Jan-Ago/13

Variação Jan-Ago/14

Desempenho 2013 / 2014

299

736

40.60%

Exportação

Produção de Aço | em 10ºt Ago/14

Desempenho Mai/14 e Jun/14

Bruto

2,929.3

2,946

-0.70%

Longo

844.2

893.6

6.00%

Fonte: BC

Fonte: IABr

Jul/14

Variações do Dólar | R$/US$ Ago/14

Set/14

Desempenho Ago/14 e Set/14

R$2.26

R$2.29

1.32%

Fonte: Secex

Sucata Ferrosa | em ton. Jan-Ago/13

Jan-Ago/14

Desempenho 2013 / 2014

Exportação

276 mil

312 mil

13.00%

Importação

37,7 mil

15,3 mil

-60.00%

PR

PA

Índices Econômicos BA

Ago/14 DF

IPCA

0.25%

INPC

0.18%

GO MG

Fonte: IBGE

MS

SELIC

11.00%

INCC

0.19%

SP

SC

Sucata de Alumínio | em ton.

Fonte: Secex

Jan-Ago/13

Jan-Ago/14

Desempenho 2013 / 2014

Exportação

5.651

6.207

10.00%

Importação

18,4 mil

31,8 mil

77.00%

RS

Preço Médio do Diesel | Médio | R$/Litro

Aparas de Papel | em ton.

Fonte: Secex

Jan-Ago/13

Jan-Ago/14

Desempenho 2013 / 2014

Mai/14 e Jun/14

Jul/14 e Ago/14

BAHIA

2,170

2,160

DISTRITO FEDERAL

2,270

2,270

Exportação

22,4 mil

15,9 mil

-32.00%

GOIÁS

2,250

2,210

3 mil

22,5 mil

750.00%

MATO GROSSO DO SUL

2,310

2,400

PARANÁ

2,170

2,160

Variação Jan-Jul/13

Variação Jan-Jul/14

Desempenho 2013 / 2014

RIO DE JANEIRO

2,150

2,150

RIO GRANDE DO SUL

2,120

2,100

Exportação

120.7

118.7

-1.72%

SANTA CATARINA

2,500

2,160

Importação

360.1

383.3

6.44%

SÃO PAULO

2,430

2,110

Fonte: ANP

Fonte: Secex

Estados

Importação

Exportação de Transformados Plásticos | em 1000t

Variação Jan-Ago/13

Variação Jan-Ago/14

Desempenho 2013 / 2014

Exportação

2,4 mil

2,4 mil

0.00%

Importação

3,7 mil

2,3 mil

-35.00%

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Preço da Energia Elétrica | R$MWn Fonte: CCEE (SE/CO)

Fonte: Secex

Aparas de Plástico | em ton.

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RJ

PESADA

MÉDIA

LEVE

Horário de Pico

6h às 24h | Sem Horário de Pico

24h às 6h

681,22

674,33

618,78


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Monte sua central de triagem mecanizada de resíduos Retrospecto Expolixo mostra as novidades da área de resíduos

Brasil França Negócios pelo mundo Na área ambiental

Notas Promotores dão ultimato em Pernambuco set/out 2014 | www.revistareciclagem.com.br | revista reciclagem moderna

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LIXO MODERNO

EDITORIAL

www.revistalixomoderno.com.br A Revista Lixo Moderno é uma publicação da ECOBRASIL Editora e Eventos Ltda. dirigida aos comerciantes (sucateiros, aparistas), geradores e processadores/consumidores dos mais diversos tipos de materiais recicláveis, consumidores de matérias-primas secundárias (recicladas), prestadores de serviços, fabricantes de equipamentos e demais pessoas-chave ligadas de forma profissional à indústria da reciclagem e de resíduos sólidos em geral.

O governo nunca age, e sim, reage. Seja qual for o partido que governará o País em 2015, um fato é mais do que certo: a PNRS não poderá passar mais um ano à mercê da vontade das pessoas físicas e jurídicas que aparecem no quesito “gestão compartilhada”, ou seja, dependendo apenas da intenção de importadores, fabricantes, varejo, governo e consumidor. E, embora algumas entidades insistam em dizer que “a PNRS é mais do que cumprir acordos e prazos”, é notório que essas são as principais diretrizes da lei 12.305/10 e que podem alterar a rota de resíduos.

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Este ano, o lado político pesou para o prosseguimento da lei, mas em 2015 é preciso que as associações, ministérios públicos estaduais e empresários que realmente têm interesse em colocar a lei em prática façam uma pressão em torno do próximo governo. Como já demonstrado por meio de notícias e reportagens da Reciclagem Moderna e Lixo Moderno, tribunais de justiça já estão usando a PNRS para justificar alguns julgamentos ligados à área ambiental, mas ainda é pouco. Vários problemas ligados ao setor de resíduos dependem exclusivamente da forma de condução dos acordos setoriais e da extinção dos lixões. Sem esses instrumentos, a PNRS enfraquece em conteúdo. Para aqueles que têm interesse no andamento da lei, vale lembrar a velha máxima: “o governo nunca age, e sim, reage”. Boa leitura.

COMERCIAL

FABIO OLIVEIRA MAYARA MALAVAZZI TONY BARBOSA

REDAÇÃO

Editor-chefe SERGIO VIEIRA | MTB 27462 redacao@revistareciclagem.com.br Repórter LEANDRO SILVA

Adriano Assi, Diretor executivo

REVISÃO

HEBE ESTER LUCAS

ARTE

JULIO ABBUD

ADMINISTRAÇÃO

Gerente administrativo/financeiro VICENTE ASSI

DISTRIBUIÇÃO

EBCT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS

ECOBRASIL EDITORA E EVENTOS LTDA. www.ecobrasil.com.br

MATRIZ / HEADQUARTERS Av. Vereador José Diniz, 3651, 11º andar, Campo Belo, São Paulo, SP, BRASIL, 04603-003 +55 11 5535.6695 atendimento@ecobrasil.com.br ESCRITÓRIO INTERNACIONAL DE VENDAS / INTERNATIONAL SALES OFFICE 201 S Byscayne Blvd, Suite 1200 Miami, FL, USA, 33131 +1 786 300.3734 sales@ecobrasil.com.br

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Indice

42 Retrospectiva Expolixo 44 Matéria Capa 48 Negócios 53 Notas Mercohydro

Centrais Mecanizadas

Brasil / França

Lixo Moderno

set/out 2014 | www.revistalixo.com.br | revista lixo moderna

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LIXO MODERNO

RETROSPECTIVA

Novidades marcam Expolixo Tecnologias inovadoras se destacaram no evento Redação

A

edição de 2014 da Expolixo, feira de negócios dos setores de limpeza pública, resíduos urbanos e industriais, destacou-se pelas tecnologias. Realizado entre 19 e 21 de agosto, no Imigrantes Exhibition & Convention Center, em São Paulo, o evento apresentou ao mercado inovações para os serviços de coleta, armazenamento e transporte de lixo. Caminhões compactadores e aplicações ligadas ao equipamento foram os principais itens de interesse. Neste ano, o público pôde conferir formatos inovadores, assim como técnicas diferentes para o serviço de coleta de resíduos. A Dux Controle de Odor, empresa de Jundiaí (SP), por exemplo, apresentou um sistema de neutralização de odores específico para caminhões de lixo. De acordo com o diretor comercial, Márcio De Cól, o serviço de coleta passa a ter outra imagem para a sociedade. A venda de caminhões compactadores marcou o primeiro dia do evento. A Copac fechou 18 contratos no primeiro dia de exposição. Segundo a diretora comercial da empresa, Márcia Santos, o estande recebeu visitantes sul-americanos e até europeus. “O mercado está aquecido e deve se manter assim até o final do segundo semestre”, diz. Para o diretor-executivo da Ecobrasil Editora e Eventos, Adriano Assi, o setor de resíduos no Brasil aponta cada vez mais para a expansão. “A legislação brasileira sobre resíduos é recente, então, como não há tratamento sem tecnologia, a tendência é de crescimento constante nos próximos anos”, ressalta. Esse caminho de ascensão, aliás, é confirmado por investimentos previstos para a área,

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que podem chegar a US$ 2,8 bilhões nos próximos anos (ver nota na pág. 43). A edição deste ano da Expolixo contou ainda com área externa de demonstração de equipamentos. Foi o caso da Karcher, que expôs uma varredeira automatizada para limpeza de vias públicas. Por estar em movimento, a máquina chamou a atenção ao recolher resíduos de forma rápida e dinâmica, exibindo todo o processo, da varrição ao armazenamento de detritos. O espaço aberto foi um dos principais destaques de 2014, aproximando o público da funcionalidade real dos equipamentos.


Maior congresso do País sobre resíduos Principais especialistas do setor questionam alguns rumos da PNRS

D

urante três dias, os visitantes da edição 2014 da Expolixo tiveram a oportunidade de debater os principais temas que fazem parte da coleta, tratamento e destino dos resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados no Brasil. Palestrantes nacionais e internacionais apontaram alguns caminhos que podem reverter a má gestão do lixo no País. Richard Anthony, presidente da Zero Waste International Aliance, falou sobre como o conceito “lixo zero” está mudando a visão dos governantes em torno do RSU. “Até hoje todo mundo ficou focado em reduzir, reusar e reciclar. Essa linha de raciocínio está correta, mas é preciso ir além. É preciso redesenhar todo o processo industrial”, sinaliza. A observação de Anthony encontra exemplos de sobra no Brasil. Todos os dias a indústria coloca no mercado milhares de produtos constituídos de matérias-primas “recicláveis”, mas nem sempre os mesmos serão, de fato, “reciclados”. Apenas para ficar em alguns poucos exemplos: a garrafa de PET carregada de cola para fixar o rótulo; a embalagem que mistura plástico e alumínio em único produto e de difícil separação; aditivos que alteram a composição de plásticos; certos tipos de aparas de papel sem valor comercial, entre outros. O conceito de “lixo zero” também foi absorvido por multinacionais. Nesse caso, há dois interesses: reduzir custos com a disposição de resíduos e realizar o marketing “politicamente correto” junto aos consumidores. Apenas no Japão, segundo Anthony, um total de 2.800 empresas adotou o conceito “lixo zero”. Na área pública, uma das cidades que implantou o “lixo zero” foi San Diego, no Estado da Califórnia. Técnicos da prefeitura fizeram um reagrupamento das categorias que definem os resíduos e deram ênfase à compostagem para evitar a construção de novos aterros ou incineradores. De acordo com Ana Lúcia de Carvalho, especialista em meio ambiente da Prefeitura de San Diego, os materiais orgânicos respondem por 38,9% do RSU gerado hoje na ► cidade.

Dirigida a empresários do setor de água, esgoto e efluentes, a primeira edição da MercoHydro lançou no mercado um ponto de encontro ideal para quem busca soluções para resíduos líquidos. A edição inaugural trouxe sistemas de bombas de sucção ou aeração a vácuo, que podem auxiliar tanto no desvio de fluxo de rede de esgoto como em processos de aspiração de líquidos em diversas condições, além de mecanismos de separação de detritos sólidos de efluentes. Na opinião do diretor técnico da Itubombas, Artur Lovro, investir em um estande na MercoHydro foi positivo. Segundo ele, foi a primeira vez que a empresa, do interior de SP (Itu), decidiu participar de uma feira de negócios da área de resíduos, e a experiência foi boa. “Notamos que os visitantes do evento são altamente qualificados, isto é, as propostas que recebemos têm grandes chances de se tornarem negócios reais”, avalia. Considerando os índices de saneamento básico do Brasil, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 20 milhões de residências ainda não possuem rede coletora de esgoto. Os dados mostram o quanto o País precisa se desenvolver nesse sentido, o que consequentemente amplia a capacidade de fechar negócios no setor. A primeira MercoHydro foi só o começo.

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LIXO MODERNO

RETROSPECTIVA

Entre as várias perguntas enviadas aos palestrantes, ficou clara a existência do imenso gargalo entre as diretrizes existentes na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a realidade das prefeituras. “Ninguém explicou ainda como fica o viés econômico na logística reversa”, indaga Silvia Martarello Astolpho, especialista em meio ambiente e logística reversa. Por nove anos, Silvia trabalhou no Ministério do Meio Ambiente e esteve diretamente envolvida na inserção do conceito “logística reversa” no texto final da PNRS. Reconhece que o País deu um passo importante sobre o assunto, mas vê com ressalvas algumas iniciativas realizadas por algumas cidades. “São Paulo montou um empreendimento com tecnologia de ponta para triagem de resíduos, mas ninguém apresenta como será o consumo desse material. O estímulo e todo o fluxo de materiais até a indústria precisam ser detalhados, caso contrário, corre-se o risco de criarmos um elefante branco”, observa. O modelo ideal para que o município melhore o gerenciamento do RSU e, ao mesmo tempo, atenda à PNRS esteve no centro dos debates da Expolixo. Nesse sentido, o advogado Thiago Almeida apresentou ao público como foi o processo de implantação do projeto de parceria público-privada (PPP) no estado de MG para a área de resíduos sólidos. “O trabalho não foi fácil. São 43 municípios envolvidos no projeto com uma população total de 3 milhões de habitantes. São 3 mil toneladas/dia de RSU, ou 20% do que é produzido no Estado”, disse. Para estimular a concorrência entre as empresas, o projeto foi dividido em dois lotes. O contrato de concessão é gerenciado pelo Estado, mas são as cidades que gerenciam a operação da empresa vencedora da licitação. Mas o caso de MG, infelizmente, é exceção no Brasil. Com a ausência total do Estado e da União, as prefeituras brasileiras estão tendo que resolver sozinhas o problema do lixo. E o consórcio regional tem sido apontado como a modalidade de negócio mais indicada para as cidades de pequeno e médio porte. Thilo Schmidt, consultor da Ecohaus Consult, explicou aos congressistas como a Lei dos Consórcios nº 11.107/2007 se harmoniza com Lei nº 12.305/2010, que criou a PNRS, e com a Lei de Saneamento Básico nº 11.445/2007. “Um total de 10% dos consórcios formados no Brasil está voltado para o setor de saneamento básico, meio ambiente e recursos hídricos.”

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LIXO MODERNO

CAPA

Monte sua central mecanizada de triagem Equipamentos em série chamam a atenção de gestores de resíduos Leandro Silva

C

onforme definição brasileira, o serviço de coleta, tratamento e destinação de lixo é de responsabilidade municipal. Dessa forma, prefeituras de diversas cidades têm buscado meios eficientes de cuidar dos resíduos, sobretudo depois que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determinou o fechamento de lixões, o incentivo à reciclagem e a destinação adequada de rejeitos. O interesse por linhas de equipamentos de separação e valorização de materiais, portanto, aumentou, conferindo credibilidade às centrais mecanizadas de triagem de resíduos. O modelo precursor no Brasil foi instalado na cidade de São Paulo, nas concessionárias Loga e Ecourbis. Projetado exclusivamente para seleção de resíduos secos recicláveis, isto é, papel, papelão, embalagens cartonadas, objetos ferrosos, não ferrosos e plástico, o sistema é composto por máquinas interligadas que atuam em diferentes etapas de triagem. Apesar de o sistema de separação não ser completo, como ocorre em centrais de outras partes do mundo — com admissão de resíduos orgânicos, industriais etc. —, ambas as centrais são de grande porte (250 toneladas/dia). De acordo com o representante comercial da Vauché, Carlos Sales das Neves, a eficiência do projeto depende do valor investido na planta. Responsável pela montagem da central da Ecourbis, a empresa informou que é possível projetar plantas com separações muito mais complexas. “Uma das maiores plantas está no Catar. Além de separar recicláveis, ela faz a compostagem de orgânicos e chega até a geração de energia”, compara.

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No exterior, os esquemas mais robustos são chamados de “ecoparks” e podem ter capacidade de processar 250 toneladas de resíduos/hora, isto é, 6 mil toneladas/ dia. Os custos, no entanto, podem chegar a € 20 bilhões (ou R$ 62 bilhões). Quanto mais minuciosa e complexa é a operação de triagem, maior será o número de máquinas envolvidas. O sistema configurado em São Paulo, por exemplo, é composto por rasga-saco, esteiras transportadoras, sensores balístico, ótico (2D e 3D) e magnético, cabine de triagem manual, silos automáticos e prensas enfardadeiras. Essa configuração possui capacidade para triar 250 toneladas/dia e custou R$ 30 milhões. Para o coordenador técnico da Stadler do Brasil, André Galuppo, antes de investir em central mecanizada é necessário responder: que tipo de resíduo será separado? O que é considerado rejeito? Qual a quantidade desejada de produção? É a partir das respostas que o projeto terá início. E um fator determinante, sem dúvida, é o preço. “Pequenas prefeituras não querem ou não podem investir tanto”, diz. Conforme constatou uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a falta de recursos para tratamento de resíduos, de fato, é um dos empecilhos apresentados por prefeitos como obstáculo para a aplicação da Lei 12.305/10. É importante ressaltar que São Paulo não representa a realidade do Brasil. Maior centro comercial do País, a cidade se coloca naturalmente em condição favorável para investimentos em tratamento de resíduos, seja por iniciativa pública ou privada — como é o caso das centrais, financiadas pelas concessionárias envolvidas. Essa posição econômica privilegiada faz com que o modelo de central adotado na capital paulista não seja referência exata para outras regiões. As próprias empresas Stadler e Vauché informaram que, após a experiência paulistana, esperam uma procura por sistemas menores de triagem de resíduos. Seja qual for o porte do projeto de central mecanizada, um equipamento tem se tornado fundamental: o sensor ótico que identifica os materiais por tipo e cor. “O gargalo da área de resíduos é a triagem. A tecnologia por radiação infravermelha e ar comprimido consegue segregar


os objetos de diferentes composições”, destaca Carina Arita, diretora comercial da Tomra Sorting Brasil. Dependendo do projeto, é possível determinar, por exemplo, o tipo de PET que sairá da máquina alterando apenas uma chave no painel de controle. Segundo ela, muitos gestores municipais ainda ficam surpresos com a precisão. Outro equipamento que faz parte de centrais mecanizadas, mesmo as de pequena escala, são os separadores magnéticos. Eles ajudam a melhorar a rentabilidade financeira dos empreendimentos montados, uma vez que atuam na separação de um tipo de resíduo que tem bom valor comercial no mercado: a sucata metálica. “Existem extratores suspensos que funcionam sobre esteiras de rolagem, polias ou tambores magnéticos. O magnetismo atua por baixo da esteira semelhante a um ímã”, explica Leandro Araújo, gerente de contas da Steinert Latinoamericana. Na opinião de Angelo Milani, diretor comercial da Amut Wortex, as plantas devem ser flexíveis e adaptáveis, uma vez que cada município apresenta realidade distinta. De olho no perfil brasileiro, a empresa lançou uma versão do seu equipamento para central mecanizada em versão menor que as comercializadas na Europa. Com capacidade para processar entre 100 e 500 toneladas dia, o trommel é um equipamento que rompe sacos de lixo e faz uma pré-preparação do resíduo que será triado em outra etapa (de forma manual ou automática). “É ideal para gestores que procuram um sistema básico”, avalia Milani. ►

RECOLHA TRITURE LUCRE

Seja qual for o projeto de central mecanizada que uma cidade for implantar, existe um detalhe que é fundamental: o nível de separação desejado. Uma planta pode, por exemplo, separar apenas plásticos em uma caçamba; outra pode chegar ao requinte de ter em uma caçamba apenas PET verde cristal de um lado e PET colorida translúcida do outro. Obviamente, a opção entre uma planta e outra está atrelada à capacidade de investimento.

Educação ambiental Embora as máquinas de centrais automáticas de resíduos tenham um nível tecnológico bastante avançado, é importante destacar que não fazem mágica. Boa parte das centrais automáticas é montada para “valorizar resíduos” com base em um projeto de educação ambiental montado anteriormente. Muitos sistemas não conseguem “salvar” certos materiais depois que estes estão contaminados.

Integradores Para uma central automatizada ter êxito, além de equipamentos, é necessário contar com um tipo de serviço importante: os integradores. Eles são os responsáveis por unir várias tecnologias em um mesmo ambiente. Para o mercado nacional, os integradores desempenham um papel essencial. São eles que costumam capacitar as empresas locais para que possam participar do projeto de uma central.

LindnerPOWER para trituração primária

A versatilidade de nossos equipamentos transformam seus resíduos em produtos de alta qualidade. Fazemos mais com o resíduo doméstico e volumoso, resíduo comercial e industrial, resíduo da construção, papel e papelão, núcleos de rolos, chapas, plásticos rígidos e plástico filme, filamentos, fibras, big bags, borracha, Tetra Pak, têxteis, sucata eletrônica e diversas outras aplicações.

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LIXO MODERNO

CAPA

Projeto de uma

Central Mecanizada 4 2 1

O caminhão deposita o resíduo na área destinada à recepção do material reciclável.

Os materiais são encaminhados por esteiras para as cabines de pré-seleção, onde a primeira equipe retira vidros e materiais de grande volume.

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Em seguida, seguem para o equipamento de peneiras rotativas que inicia a separação por tamanho.

COLETA SELETIVA

Materiais finos, como terra e restos de orgânicos, são enviados para o descarte no aterro. Já os maiores, como caixas de papelão, passam por controle de qualidade manual e são armazenados em baias de estocagem.

MATERIAIS MÉDIOS

PENEIRAS

VOLUMES GRANDES

MATERIAIS FINOS PARA ATERRO

VIDRO

MATERIAIS GRANDES

SALA DE CONTROLE

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Os metais ferrosos são retirados por separadores magnéticos e encaminhados para uma prensa, formando fardos de materiais metálicos.

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Os metais não-ferrosos, como o alumínio, são retirados por separadores de indução e encaminhados para baias de estocagem.

SEPARADOR MAGNÉTICO

METAIS

SEPARADOR DE INDUÇÃO

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Os plásticos são divididos por tipo ao passar pelos separadores ópticos.

SEPARADOR ÓPTICO

METAIS NÃOFERROSOS

FARDOS COMPACTADOS DE METAIS NÃO FERROSOS

Fonte: Loga/Divulgação

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Ao longo da linha, materiais que não foram detectados pelos equipamentos são separados manualmente por operadores.


Infográfico

Sistemas de pesagem embarcados para caminhões possibilitando o controle de carga por eixo: - Auxilia na distribuição da carga na carroceria; - Evita multas; Sistemas de pesagem para containers de resíduo urbano: - Otimiza seu uso com informação do momento correto para coleta;

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Os materiais de tamanho médio são enviados para um equipamento abre-sacos e seguem para a próxima etapa de separação.

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O equipamento balístico separa os materiais planos, (papéis e cartões) que seguem para controle manual. Os rodantes (embalagens e garrafas) continuam na linha de separação.

Sistemas de controle do processo de esterilização de resíduo hospitalar nas usinas. Contamos com equipe comercial e técnica especializada e capacitada para encontrar a melhor solução para seu projeto. Consulte-nos!

BALÍSTICO ABRE-SACOS

PAPÉIS

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Após passar pelos controles de qualidade presentes em todo o processo, o que não pode ser reciclado, chamado de rejeito, segue para disposição final em aterros sanitários.

CARTÕES

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Quando as baias de estocagem ficam cheias, o operador da sala de controle envia os materiais separados para uma prensa, responsável por preparar os fardos que ficarão à disposição da Prefeitura.

FARDOS DE DIFERENTES TIPOS DE PLÁSTICOS

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NEGÓCIOS

Reciclagem e Lixo

PELO MUNDO

BRASIL FRANÇA MERCADO SEIS VEZES MAIOR

QUE O BRASILEIRO

A

Sérgio Vieira

França é o segundo maior gerador de resíduos da Europa (perde apenas para a Alemanha). Os franceses geram em torno de 355 milhões de toneladas de resíduos anualmente, ou o equivalente a quase seis vezes mais que o Brasil. As informações são do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Governo da França e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não há dados precisos dos negócios da área de meio ambiente movimentados entre os dois países, mas existe uma clara intenção de absorção pelo Brasil das tecnologias francesas empregadas na área de coleta e movimentação de resíduos sólidos urbanos (RSU), bem como na área de tratamento de solo e água. O motivo é muito simples: o que se discute agora no Brasil em soluções para tratar o RSU já foi desenvolvido há 20 ou 30 anos na Europa e nos EUA. “As necessidades do mercado brasileiro são muito grandes. Há muitos desafios, como a valorização do entulho, por exemplo”, aponta Xavier Deleplanque, diretor da Arden Equipment, uma das empresas de origem francesa que se instalou no País há um ano. Segundo ele, o mercado brasileiro está repleto de oportunidades para empresas que possuem soluções inovadoras. Parte da tecnologia francesa para triar resíduos, por exemplo, já pode ser encontrada no Brasil. Metade dos equipamentos que foram instalados na segunda unidade de triagem automática implantada em São Paulo em 2014 foi importada da França. A unidade possui capacidade para triar 250 toneladas/dia de resíduos recicláveis. “O passo seguinte é ver o que conseguimos nacionalizar no Brasil”, informou Kevin Bretzner, engenheiro de projetos do Groupe Vauché. Segundo informações disponibilizadas pela Agência Francesa para o Desenvolvimento Internacional das Empresas (Ubifrance), algumas companhias interessadas na área de meio ambiente do Brasil possuem soluções completas por tipo de material (metais, plásticos, solo, ar, água etc.), outras possuem produtos para aplicações específicas (prensas de sucata, trituradores de papéis, softwares de gestão etc.). Do lado da França, as necessidades na área ambiental estão mais voltadas a atender às diretivas definidas pela União Europeia. Nesse sentido, os franceses buscam desenvolver legislações mais restritivas para reduzir a poluição do ar, da terra e da água. Além disso (e assim como já acontece no setor da agricultura da França), existe a intenção do governo em subsidiar necessidades das empresas na área de meio ambiente e desenvolver um centro inovador de estudos voltado para a reciclagem.

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Na parte de reciclagem, segundo relatório de 2013 da Federação das Empresas Francesas de Reciclagem (Federec), o volume de material coletado no país atingiu 33 milhões de toneladas (2,5% menos que no ano anterior). Assim como acontece no Brasil, a sucata ferrosa, em peso, é o carro-chefe que movimenta o setor. Do montante coletado, a sucata ferrosa responde por 37% (12 milhões de toneladas) do total arrecadado. Em volume de negócios, no entanto, a sucata não ferrosa (cobre e alumínio, por exemplo) lidera com 49% do faturamento do setor. Uma curiosidade: ao contrário do Brasil, onde o volume de plásticos reciclados é superior ao de vidro, na França, a quantidade de vidro reciclada é cinco vezes superior à de plástico. Em média, os franceses exportam 3,5 milhões de toneladas de materiais recicláveis (os metais representam 80% dos negócios, seguido pelas aparas 17% e plásticos 3%); em contrapartida a importação de reciclados é alta: 9 milhões de toneladas (dos quais: metais 71%, aparas 25% e plásticos 4%). Na parte de lixo, as informações são de 2011 do Sindicato Misto das Empresas de Tratamento de Resíduos. Em média esta via movimenta 38 milhões de toneladas de lixo, outras 45 milhões de toneladas de materiais não inertes e não perigosos são coletados de empresas, centros de arrecadação, entidades, entre outros. Todo este montante é dividido entre 574 centros de compostagem, 388 centros automáticos de triagem, 241 instalações apenas para estocar material e 129 plantas de incineração. Os resíduos agrícolas seguem por uma via específica para dez centros de produção de biogás. Este material servirá para unidades de produção de vapor, ou energia elétrica. O governo francês elaborou um plano de metas para ser implementado entre 2014 e 2020. O conjunto de medidas prevê reduzir em até 7% a quantidade de resíduos gerada pelos franceses. Está previsto a dissociação de “crescimento econômico” com “geração de resíduos”. É uma meta ambiciosa, afinal, o crescimento do PIB sempre vai representar maior consumo de produtos e, consequentemente, maior descarte de lixo. Três tipos de resíduos


foram elencados como prioritários pelo governo francês: orgânicos, resíduos perigosos e os de construção e demolição. A partir de 2009, o governo implantou taxas e encargos à população para financiar a gestão pública do lixo. Na prática, quanto mais o cidadão, ou um condomínio de casas, melhora a gestão do lixo, menor é a taxa cobrada. Informações da Agência de Meio Ambiente e Matriz Energética da França acredita que a medida incentiva cada cidadão, ou condomínio, a melhorar a disposição do lixo, incluindo sua redução. Contudo, o relatório não sabe precisar se a taxa cobrada possui impacto na redução de lixo de toda a cadeia envolvida.

Negócios em Meio Ambiente Esta Série Especial aborda as relações comerciais do Brasil com alguns países na área de meio ambiente.

Brasil

França

64

355

383 kg*

510 kg

**

(excluída a recuperação energéti)

População Total

202 milhões

65 milhões

Sucata Ferrosa Movimentada

10 milhões

12 milhões

684 mil

800 mil

Papel

3,9 milhões

5 milhões

Vidro

(em toneladas)

470 mil

11 milhões

Pneus

223 mil

454 mil

Centros de Compostagem

-

574

Rejeito incinerado que virou energia

0

13 milhões

Resíduos Gerados (em milhões de toneladas)

Geração de Lixo (kg / hab / ano)

Apenas a francesa Paprec, que segundo a empresa foi a primeira de origem privada do país, fatura 800 milhões de euros. Possui 80 plantas industriais espalhadas pela França e movimenta 5 milhões de toneladas de materiais recicláveis (papel, plástico, madeira, sucata, RCD, entre outros).

Recuperação de Resíduos

(em toneladas)

Plásticos (em toneladas)

(em toneladas)

(em toneladas)

A balança comercial total entre Brasil e França ficou negativa em US$ 3,1 bilhões em 2013. O Brasil exportou US$ 3,3 bilhões e importou US$ 6,4 bilhões.

47%

* Os números do Brasil possuem grande variação conforme a entidade de referência. ** A Revista Reciclagem Moderna se reservou o direito de não publicar números que distorçam a realidade encontrada em aterros. Fonte: Entidades brasileiras e Indústria de Reciclagem da França

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NOTAS

Promotores dão ultimato em Pernambuco Durante coletiva de imprensa, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) deu um ultimato a 147 prefeitos que não assinaram o Termo de Ajustamento Ambiental (também conhecido como Termo de Ajuste de Conduta) sobre Gestão dos Resíduos Sólidos. O MPPE quer que as cidades cumpram as Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010 e Lei Estadual 14.236/2010). O Estado de Pernambuco tem 184 municípios, ou seja, quase 80% estão fora das leis estabelecidas. Os promotores pedem que os 147 prefeitos procurem o MPPE com urgência, caso contrário, eles podem ser alvo de medidas judiciais cíveis e criminais — ação penal por crimes ambientais, que é atribuição do procurador-geral de Justiça; ação civil para impor a obrigação de reparação dos danos ambientais, e ação civil de improbidade administrativa por má gestão pública, que pode resultar na inelegibilidade do gestor. Segundo nota divulgada pela assessoria do MPPE, após evento realizado em parceria com a Associação Municipalista de Pernambuco, apenas três prefeitos foram convencidos a assinarem o TAC (totalizando 37 municípios). Vale lembrar que, em geral, após a assinatura do TAC, as prefeituras tendem a fazer investimentos para a melhoria da coleta e o destino de resíduos sólidos urbanos (acompanhe no quadro).

Municípios pernambucanos que assinaram o TAC (possibilidade

de investimentos)

Afrânio, Amaraji, Araripina, Barra de Guabiraba, Buenos Aires, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Camutanga, Carpina, Chã Grande, Condado, Cortês, Dormentes, Escada, Ferreiros, Ibimirim, Jatobá, João Alfredo, Lagoa do Carro, Lagoa Grande, Lagoa de Itaenga, Limoeiro, Orocó, Pesqueira, Petrolândia, Petrolina, Pombos, Primavera, Ribeirão, Salgadinho, São Caetano, São Lourenço da Mata, Tacaratu, Taquaritinga do Norte, Timbaúba, Trindade e Vitória de Santo Antão

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US$ 2,8 bi Este é o valor do investimento previsto para coleta e tratamento de lixo no Brasil, segundo estudo recente da entidade ISWA. O montante deve gerar oportunidades no setor nos próximos anos.

Divergência

Piauí está distante da PNRS O Piauí não tem nenhuma cidade com aterro sanitário que atenda a todos os requisitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Até a capital do estado enfrenta problemas no tratamento de resíduos. Apesar de ser a cidade que mais se aproxima das condições adequadas para a operação de aterros, com coleta regular de lixo, o tratamento do chorume em Teresina não tem sido cumprido. Em agosto, o contrato da prefeitura com a empresa que desenvolvia os serviços — Sustentare Serviços Ambientais S.A. — foi cancelado. O Tribunal de Contas do Estado identificou irregularidades no documento firmado entre as partes. Atualmente, outra empresa, a Vega, executa as atividades temporariamente. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano informou um mês antes da anulação do contrato que a Sustentare não apresentava soluções para o caso. A Lixo Moderno tentou contato com o órgão para saber se faltaram tecnologias, ou recursos, mas não recebeu retorno. Os demais municípios do estado se encontram em situação mais crítica. Cidades do interior não têm sequer o Plano de Gerenciamento de Resíduos, necessidade básica da PNRS, e solicitam mais prazo para adotar as diretrizes.

Durante evento realizado na capital paulista, o secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Rubens Rizek, afirmou que não há lixões no estado. Orgulhoso, ele ressaltou que as áreas irregulares de destinação de resíduos sólidos foram extintas antes mesmo do prazo estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para erradicação dos lixões — 02/08/2014. Contrariando o secretário, porém, fontes relataram à Lixo Moderno que lixões ainda existem em algumas cidades, como Avaré, Atibaia e Presidente Prudente, por exemplo. Além disso, é bom lembrar que em 2013 a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) identificou 29 municípios com espaços inadequados para a disposição final de resíduos.

Alternativa O problema de mobilidade urbana da cidade de São Paulo, considerado um dos principais desafios da atualidade, tem levado empresários do setor de coleta de resíduos a estudar novas possibilidades para a execução do serviço. Em função do trânsito, os caminhões perdem cada vez mais tempo no trajeto entre residências/comércios e áreas de transbordo, o que reduz a produtividade do trabalho. Para Nelson Domingues, presidente da Ecourbis, concessionária responsável pela coleta de 55% dos resíduos gerados no município, uma opção seria a mudança de atividades para os períodos da noite e madrugada. O modelo provoca impacto na folha de pagamento das empresas (devido aos adicionais noturnos), mas pode reduzir custos, uma vez que os caminhões deixam de ficar parados em engarrafamentos.

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LIXO MODERNO

Foto: Agencia Brasil / Divulgação

NOTAS

Licitação emergencial Uma licitação para a coleta de lixo na cidade de Porto Velho (RO) foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado para averiguação. Enquanto isso, a prefeitura deverá assinar um contrato emergencial com um consórcio formado por três empresas para a coleta do lixo da cidade. A atual empresa (Marquise), que presta serviço no município, vai encerrar as atividades no dia 31 de outubro. De acordo com nota divulgada pela prefeitura, o contrato emergencial tem duração de seis meses.

Investimentos Atualmente, cerca de 32% dos projetos do mundo para melhoria do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos são implantados pelos Estados Unidos. Os dados são da Climate and Clean Air Coalition, que avaliou dados de 600 cidades ao redor do mundo. O Brasil responde por 2,5%.

Logística Reversa: Quem paga a conta? Ainda não existe definição clara no Brasil de como irá funcionar o sistema de logística reversa de resíduos pós-consumo. Assim como há custos para envio de mercadorias para todo o País, os mesmos custos estão envolvidos após o uso pelo consumidor. Para a indústria em geral, a conta é bem simples: o consumidor paga a conta por meio de um valor embutido no produto. Nesse sistema estão sendo considerados apenas dois atores: a indústria, que fabrica um determinado bem e, o consumidor, que o devolve para a indústria após o uso, ou seja, não aparece a figura do município. Essa linha de raciocínio está sendo levada em conta pela Associação Brasileira dos Promotores de Meio Ambiente (Abrampa). Durante evento em São Paulo, um dos membros deixou clara a posição da entidade: “O município terá de ser ressarcido se fizer qualquer coisa para a logística reversa que seja obrigação de uma empresa”.

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População

Resíduos

0,9%

1,3%

Descompasso Um relatório da PricewaterhouseCoopers, encomendado pelas entidades ABLP e Selur e realizado em algumas cidades brasileiras, constatou que, em média, o crescimento médio da população é de 0,9% ao ano, enquanto que a geração de resíduos cresce numa proporção de 1,3% ao ano. Os dados indicam que as soluções das prefeituras para resolver o problema do lixo não podem ser pontuais. Elas precisam de planejamento para um cenário em longo prazo.


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