Literatura no Periodo Colonial

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Literatura

Brasileira Primórdios

“E ao imenso possível oceano Ensinam estas Quimas, que aqui vês Que o mar com fim será grego ou romano: O mar sem fim é português”


Literatura Informativa Os primeiros escritos sobre o Brasil foram documentos de caráter informativo, referente á terra rica e fecunda, aos nativos estranhos, ao clima tropical, ás condições gerais da vida e ás atividades colonizadoras. DAS ÁRVORES AGRESTES DO BRASIL DE FREI VICENTE DO SALVADOR Há no Brasil grandíssimas matas de árvores agrestes, cedros, carvalhos, vinháticos, angelins e outras não conhecidas em Espanha, de madeiras fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos galeões e, o que mais é, que da casca de almas se tira estopa para se calafetarem e fazem cordas para enxárcia e amarras, do que tudo se aproveitam os que querem cá fazer navios, e se pudera aproveitar el-rei se cá os mandara fazer. Mas os índios naturais da terra as embarcações de que usam são canoas de um só pau, que lavram a fogo e a ferro; e há paus tão grandes que ficam depois de cavadas com dez palmos de boca de bordo a bordo, e tão compridas que remam a vinte remos por bandas.


Carta de Pero Vaz de Caminha Senhor: Posto que o capitão-mor desta vossa frota e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza [sobre] a nova do achamento desta vossa nova terra, que nesta navegação ora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, como eu melhor puder, ainda que - para o bem contar e falar -, o saiba fazer pior que todos. Porém, tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual, creia bem [por] certo que – para aformosentar nem afeiar - haja aqui de pôr mais que aquilo que vi e me pareceu. Aqui não darei conta a Vossa Alteza da marinhagem e singraduras do caminho, porque não o saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, senhor, do que hei-de falar, começo e digo: A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, nove de março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã-Canária. Ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três ou quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, a saber, da ilha de São Nicolau, segundo dito do piloto Pero Escolar. À noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, Vasco de Ataíde perdeu-se da frota com a sua nau, sem aí haver tempo forte nem contrário para [tal coisa] acontecer; o capitão fez suas diligências para o achar, a umas e a outras partes; e [ele] não apareceu mais.


E assim seguimos nosso caminho por esse mar de longo, até terçafeira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, quando estando obra de 660 ou 670 léguas da dita ilha, segundo os pilotos diziam, - topamos alguns sinais de terra, os quais eram: muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim outras a que também chamam rabo-de-asno. E à quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves, a que chamam fura-buxos. E nesse dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, a saber: primeiramente, de um grande monte mui alto e redondo; de outras serras mais baixas, ao sul dele; e de terrachã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal -, e à terra, a Terra da Vera Cruz. Mandou lançar o prumo: acharam 25 braças. E ao sol posto, obra de seis léguas de terra, surgimos âncoras em 19 braças. Ancoragem limpa. Ali houvemos toda aquela noite. E à quinta-feira pela manhã, fizemos vela e seguimos direto à terra. Os navios pequenos [iam] adiante, indo por 17, 16, 15, 14, 13, 12, dez e nove braças, até meia légua de terra, onde todos lançamos âncoras em direção à boca de um rio. E chegaríamos a essa ancoragem às dez horas, pouco mais ou menos. E dali houvemos vista de homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo os [homens dos] navios pequenos disseram, por chegarem primeiro.


Literatura Jesuítica Como consequência da Contrarreforma, chegam, em 1549, os primeiros jesuítas ao Brasil. Incumbidos de catequizar os índios e de instalar o ensino público no país, fundaram os primeiros colégios, que foram, durante muito tempo, a única atividade intelectual existente na colônia. Do ponto de vista estético, os jesuítas foram responsáveis pela melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, cultivaram o teatro de caráter pedagógico, inspirado em passagens bíblicas, e produziram documentos que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos. O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos jesuítas (moralizar os costumes dos brancos colonos e catequizar os índios) foi o teatro. Para isso, os jesuítas chegaram a aprender a língua tupi, utilizando-a como veículo de expressão. Os índios não eram apenas espectadores das peças teatrais, mas também atores, dançarinos e cantores. Os principais jesuítas responsáveis pela produção literária da época foram o padre Manuel da Nóbrega, o missionário Fernão Cardim e o padre José de Anchieta.

José de Anchieta (1534 - 1597)

Nascido em 1534 na ilha de Tenerife, Canárias, o padre da Companhia de Jesus veio para o Brasil em 1553 e fundou, no ano seguinte, um colégio na região da então cidade de São Paulo. Faleceu na atual cidade de Anchieta, litoral do Espírito Santo, em 1597.


A santa Inês Cordeirinha linda, Como folga¹ o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume² novo! Cordeirinha santa, De Jesus querida, Vossa santa vida O Diabo espanta. Por isso vos canta Com prazer o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo. Nossa culpa escura Fugirá depressa, Pois vossa cabeça Vem com luz tão pura. Vossa formosura Honra é do povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo.

Virginal cabeça, Pela fé cortada, Com vossa chegada Já ninguém pereça; Vinde mui depressa Ajudar o povo, Pois com vossa vinda Lhe dais lume novo. Vós sois cordeirinha De Jesus Formoso; Mas o vosso Esposo já vos fez Rainha. Também padeirinha Sois do vosso Povo, pois com vossa vinda, Lhe dais trigo novo. ¹folga: se alegra ²lume: luz

Esse poema fala do confronto entre o bem e o mal com bastante simplicidade: a chegada de Santa Inês espanta o diabo e, graças a ela, o povo revigora sua fé. A linguagem é clara, as ideias são facilmente compreensíveis e o ritmo faz com que os versos tenham musicalidade, ajudando o poeta a envolver o ouvinte e a sensibilizá-lo para sua mensagem religiosa.


Literatura do Brasil : século XVI LITERATURA INFORMATIVA - Sobre o Brasil, para os europeus; - Cartas, realatórios, documentos, mapas; - Carta de Pero Vaz. LITERATURA JESUÍTICA - Informativa em geral; - Padre Anchieta, seu teatro e poesia. TEATRO DE ANCHIETA - Mistura de elementos europeus com a realidade; - Indígena.


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