6 Entrevista Leandro Santarossa secretário de Desenvolvimento Econômico Política
Sábado, 26 de março de 2011
“A falta de espaço nos atrapalha” TOMAZ DOS SANTOS
Tomaz dos Santos
N
o comando de uma das pastas com menor orçamento e a de menor estrutura da prefeitura de Bento Gonçalves, mas não menos importante, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Leandro Santarossa, fala sobre a valorização das empresas que estão no município, os incentivos para que elas permaneçam em Bento e se desenvolvam. Entre os principais projetos da secretaria, Santarossa destaca a formação de mão de obra qualificada, o programa Pro-Jovem, através do qual cerca de 400 jovens serão qualificados e inseridos no mercado de trabalho.
Jornal Semanário – Quais foram os principais projetos da secretaria desenvolvidos nestes primeiros dois anos de governo? Leandro Santarossa – Primeiramente tomamos conhecimento da situação. Vimos o que realmente estava sendo necessário no dia a dia, na realidade de Bento Gonçalves. Tentamos adequar algumas situações, pois percebemos que muitas ações têm vários impedimentos. Tentamos adequar para poder realizar estas ações todas do plano de governo. Chegamos a conclusão de que era fundamental garantir a manutenção das empresas que já estão. Em um segundo momento, tentar atrair novas empresas. JS – Dentro destas situações, que ações foram realizadas e que impedimentos haviam? Santarossa – O que atrapalha a expansão econômica é a falta de espaço físico. Não temos muitas áreas disponíveis em poder do município, e as que estão à disposição são particulares. Dentro da área urbana há as zonas industriais, assim como no Vale dos Vinhedos, mas lá, a atividade de indústria e comércio deve ser relacionada ao setor vinícola e turístico. O Barracão é área de preservação por causa do rio, e muitas empresas já instaladas há tempo não podem expandir, e novos empreendimentos não são permitidos. Conseguimos adequar algumas áreas em São Valentin e Tuiuty. A criação de incentivo in-
dustrial tem a dificuldade de disponibilizar verbas para comprar ou desapropriar uma área, e toda a infraestrutura. Se criarmos um distrito industrial com 30 terrenos, em questão de meses, estaremos com o mesmo problema novamente. Então, procuramos fazer com que as empresas se modernizem e não necessitem de tanto espaço. JS – Que incentivos são consedidos para as empresas e o que se pretende aprimorar? Santarossa – Com a lei existente hoje, podemos dar uma pequena ajuda em terraplanagem, subsidiando o serviço. Procuramos ajudar na agilização no processo, no tramite de documentação para liberação de projetos. Orientamos para que os empresários, antes de tudo, façam todos os estudos e solicitem a viabilidade da obra, para não investir onde não vai dar para construir. Observamos as demandas das empresas e estamos adequando para a real situação do município. Então, verificamos as maneiras para que pudéssemos ajudar. Detectamos vários incentivos que podem ser dados e não são contemplados na lei. Estamos em plena execução de uma nova lei de incentivo. Hoje, muitas empresas preferem alugar pavilhões do que investir em terrenos. É mais vantagem pagar aluguel e embutir no custo. Tentamos fazer uma lei para que proprietários de terras em áreas industriais construam pavilhões
e aluguem. Esta lei que estamos estudando contempla vários incentivos que poderiam ser concedidos, como redução do ITBI, auxílio para terraplanagem, isenção de ISSQN, auxílio no aluguel. Todos os casos serão considerados particularmente e criaremos um conselho que vai analisar os pedidos. Serão analisados o faturamento, o valor do projeto, a perspectiva de empregos gerados, a utilização de matéria-prima do município e questões ambientais. JS – Como será a criação e a função do conselho? Santarossa – Além de analisar o apoio às empresas, poderemos verificar várias outras situações, assim como auxílios para eventos, para feiras, que hoje são analisados pelo Comtur. Poderemos fazer projetos, estudos, planejamento estratégico, vamos formar este conselho com representantes de entidades para as pessoas tomarem conhecimento da real situação, para que tenhamos mais transparência. JS – Um dos problemas, hoje, é a falta de mão de obra. O que está sendo feito neste sentido? Santarossa – Temos o Pro-Jovem Trabalhador, que é capacitação profissional, visando formar 400 jovens entre 18 e 29 anos, que não estejam trabalhando. Estimamos que conseguiremos 400 jovens e colocaremos até 80% deles no mercado de trabalho. Ainda há tempo para inscrições. O Pro-Jovem é uma das maiores reali-
“O Pro-Jovem é uma das maiores realizações em termos de capacitação profissional feita em Bento pelo poder público”. zações em termo de capacitação profissional feita em Bento pelo poder público. JS – Em que áreas são oferecidos os cursos? Santarossa – Todos têm área de informática básica, mas tem áreas específicas como madeira e móveis, setor metalmecânico, turismo e transportes, que são a maior demanda por mão de obra do nosso município, pois nossa economia, basicamente, gira em cima disso. JS – A cosntrução civil está crescendo muito, e também há falta de mão de obra. O que temos neste sentido? Santarossa – Fizemos uma qualificação, juntamente com a Coordenadoria da Mulher e o Senai, de duas turmas de mulheres para trabalhar na construção civil. Foram cursos de colocação de pisos e azulejos, e outro de pin-
tura. Pela verificação do setor, as mulheres estão se saindo muito bem, pois elas têm mais cuidado no acabamento. Com certeza, a construção civil é a que mais gera trabalho e é uma mão de obra não tanto qualificada. A construção civil agrega diversas pessoas. Com isso, em Bento, não há quem não trabalhe, a não ser que não queira trabalhar, pois emprego tem para todo mundo. JS – Como o senhor vê o crescimento econômico decorrente da construção civil? Santarossa – A construção civil aquece todo o mercado, principalmente, dá condição de vida para pessoas com menor poder aquisitivo, aquece também o setor moveleiro, pois todas as pessoas vão precisar mobiliar. Isso aquece toda a economia. reporter1@jornalsemanario.com.br