Geral 11
Sábado, 26 de março de 2011
Tremor no Japão
A versão brasileira da tragédia Os impactos do fenômeno, na visão de Lincoln Nishitani, que reside no sul do país e tem familiares em Bento Gonçalves FOTOS DIVULGAÇÃO
P
Márcia Ferreira
assados 15 dias do terremoto e do tsunami que mataram mais de nove mil pessoas no Japão – pelo menos outras 13,5 mil continuam desaparecidas –, o país busca alternativas para tornar o processo de reconstrução do que sobrou mais suportável. Uma das medidas mais sérias é o racionamento de alimentos não perecíveis e de água mineral. Os vazamentos das usinas nucleares de Fukushima contaminaram a água potável e, mesmo com o anúncio de que os índices já baixaram ao ponto de não prejudicar a saúde, ninguém se atre-
ve a utilizar as torneiras. Lincoln Nishitani, 54 anos, que tem familiares residindo em Bento Gonçalves, contou com exclusividade à reportagem do Semanário que apesar de residir em Osaka, no sul do país e distante de Sendai – região nordeste, atingida pelo fenômeno –, a semana posterior ao tsunami foi complicada no Japão. Trabalhando no terminal de cargas da Japan Air Lines (JAL), no Aeroporto de Kansai, o horário de trabalho foi estendido para 13h diárias, em virtude da transferência de voos dos aeroportos de Tóquio – Narita e Haneda –, por questões de segurança. “O Mapa mostra o local do epicentro do tremor, que fica próximo às usinas nucleares de Fukushima
ARQUIVO PESSOAL
Momento em que a onda gigante, com 14 metros de altura, invadia o território. No detalhe, Lincoln Nishitani, que mora em Osaka, no Japão, e tem parentes que residem em Bento
HORA DO PLANETA
No escuro, por um mundo melhor Eveline Poncio
É desta forma que pessoas de todo o mundo deverão participar do ato simbólico promovido pela rede WWF, no qual governos, empresas e a população demonstram a sua preocupação com o aquecimento global apagando, por uma hora, as luzes.
A iniciativa, que já está em sua terceira edição, deverá ser realizada entre às 20h30min e 21h30min de hoje, 26, e reúne cada vez mais adeptos. Em 2010, mais de um bilhão de pessoas, em 4.616 cidades e 128 países, participaram da Hora do Planeta, apagando as luzes durante uma hora, e a previsão dos organizadores é de que em 2011 a mobilização se amplie ainda mais. reporter2@jornalsemanario.com.br
Japão inteiro se mobilizou para ajudar a região atingida. Vemos crianças nas portas das escolas pedindo contribuição para os desabrigados. Os artistas de TV e jogadores de beisebol ficam nas estações pedindo ajuda. Aparentemente aqui em Osaka, continua tudo normal. No aeroporto vemos turistas chegando, já que a cidade é mais próxima da China e da Coréia do Sul, e muitos turistas vêm fazer compras na região”, revela. A ajuda para os atingidos, de acordo com Nishitani, chega de muitos lugares. “Aqui no aeroporto, a JAL atende a maioria das companhias aéreas estrangeiras. Têm chegado muitos voos com alimentos e roupas da Europa e
da Ásia, para abastecer a região de Tóquio. Daqui, o material segue de caminhão”, esclarece. Nishitani diz não ter conhecimento sobre brasileiros feridos com o tsunami. A única família brasileira que residia em Onagawa, na província de Miyagi, foi resgatada no dia 12, pelo consulado do Brasil. “Logo depois ao tremor, quem tinha conhecidos na região afetada não conseguiu fazer contato por telefone. Há muitos brasileiros que trabalham em montadoras de veículos, que suspenderam as atividades de produção, e estas pessoas estão paradas, sem data para retornar ao trabalho”, conta. redacao@jornalsemanario.com.br