01/06/2011 - Bairros

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Bairros

Quarta-feira, 1° de junho de 2011

A VOZ DOS BAIRROS FOTOS BETTINA SCHÜNKE

Moradores do Borgo querem uma solução para o esgoto página 3

Inclusão Associação recebe conexão de internet

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Bolos A mão doce de Dona Terezinha

página 6 ARQUIVO

Um caminho diferente Para muitos, o destino final de plásticos, vidros e latas é a cesta de lixo. Mas, com a reciclagem, os objetos descartados percorrem um caminho diferente e ganham nova vida nas mãos de moradores da cidade. páginas 4 e 5

Floriano O clube que encantou os moradores do bairro Conceição

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Bairros

artigo

Editorial

Violência que assusta

O lixo continua existindo depois que o jogamos na lixeira. Não há como não produzir lixo, mas podemos diminuir essa produção. Como? Reduzindo o desperdício, reutilizando sempre que possível e separando os materiais recicláveis para a coleta seletiva. Só em Bento Gonçalves, são produzidas mais de 100 toneladas de lixo por dia! Em um mês, a cidade produz três mil toneladas! E apenas 15% desse montante é reciclado. Atualmente, a produção anual de lixo em todo o planeta é de aproximadamente 400 milhões de toneladas. O que fazer e onde colocar tanto lixo é um dos maiores desafios deste século. A cidade precisa fazer mais, muito mais, para garantir a sobrevivência do meio ambiente. A reciclagem é uma alternativa para amenizar o problema, porém, é necessário o engajamento da população. Cada indivíduo é responsável por aquilo que produz, inclusive pelo lixo. O primeiro passo é perceber que o lixo é fonte de riqueza e que para ser reciclado deve ser separado. Ele pode ser separado de diversas maneiras e a mais simples é separar o lixo orgânico do inorgânico. Esta é uma ação simples e de grande valor. Muitos saem ganhando com essa ação. Os recicladores de lixo, o meio ambiente e as futuras gerações. É importante conhecer o processo e as regras quando queremos fazer a diferença. A palavra reciclagem foi introduzida ao vocabulário internacional no final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e outras matérias-primas não renováveis estão se esgotando. Mesmo assim, o assunto parece não interessar grande parte da população. A reciclagem é mais do que separar plásticos, vidros é latas. Reciclar é economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo produtivo o que jogamos fora. É renovar a vida de produtos que demorariam anos para se desintegrarem. Para se ter uma ideia, um papel comum leva de duas a quatro semanas para ser absorvido pelo solo, latas de alumínio levam quase uma década, embalagens de plástico levam de 30 a 40 anos para serem consumidos pelo tempo e vidros mais de quatro mil anos. Todos esses produtos podem ganhar uma nova utilidade se forem corretamente descartados. Encarar de frente os problemas ambientais é essencial, pois é dele que depende a qualidade de vida da população. É preciso que as pessoas conscientizem-se de preservar o meio ambiente, pois isto sim trará inúmeras melhorias em nossa vida. Se hoje não tivermos uma postura e uma consciência ambiental, reparando os danos causados ao meio ambiente e evitando novos desastres ecológicos, a continuidade e a qualidade de vida estarão comprometidas. Este sim, seria o maior erro que a humanidade poderia cometer contra ela própria.

A sociedade está assombrada com a onda de violência. Diz-se que as causas da criminalidade têm muitas variantes: questões sociais, desemprego, distribuição de renda, fatores de ordem religiosa. Inclusive, atingindo classes mais favorecidas materialmente. Preocupada com as questões educacionais, como mãe e professora, procuro buscar respostas que ajudem a explicar certas dúvidas, para orientar a mim e àqueles que me cercam. Segundo as obras básicas “kardecistas”, não haveria necessidade de leis mais severas se a educação fosse mais atuante. E ao se falar em educação, é necessário que não se leia escola (dever do Estado), mas sim educação familiar. Como vemos nas palavras de Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo, “quantos pais são infelizes com seus filhos porque não combateram suas más tendências no princípio! Por fraqueza ou indiferença, deixaram se desenvolver neles os germes do orgulho, do egoísmo, e da tola vaidade que secam o coração; depois, mais tarde, recolheram o que semearam, se espantam e se afligem pela sua falta de respeito e ingratidão”. Hoje, nas escolas (tanto públicas como privadas), nos deparamos com crianças, na mais tenra idade, agressivas, orgulhosas, teimosas e egoístas. Não é papel da escola trabalhar a lapidação destes valores, e sim exigi-los para o bom relacionamento. Estão se invertendo os papéis. Ou melhor, transferindo-se todo o papel da família para a escola. Se como

pais não nos sentirmos responsáveis pelo ensinamento dos nossos filhos, não podemos criticar a violência na sociedade. A família é a primeira instituição que participamos e, por isso, deve repassar as coordenadas iniciais e corretas para um melhor convívio. Sem estes princípios, como poderemos viver em grupo, respeitando o semelhante, obedecendo regras, cumprindo os deveres e até mesmo reivindicar direitos? Santo Agostinho já dizia: “Pensai que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?”. Está na hora da família assumir seu papel de primeira educadora, ou seja, lapidadora destas joias, que são nossas crianças. É preciso ter a consciência da maravilhosa graça que Deus nos dá, oportunizando-nos o encaminhamento de vidas para o bem. O papel da escola é continuar a lapidação, facilitando o aprendizado de conhecimentos científicos, aprimorando os sentimentos bons trazidos do seio familiar. Família e escola devem caminhar juntas, mas nunca invertendo os papéis, para que possamos construir uma sociedade mais justa e melhor. Então, não se assombrem com a violência, busquem a PAZ, plantando a semente dos bons hábitos, valores e atitudes através do exemplo. Iara Duarte Arte educadora Escola Gen. Amaro Bittencourt

Enquete: Você faz a correta separação do lixo? fotos bettina schünke

“Com certeza. Faço há uns cinco anos. Até antes do caminhão passar”

Maria Salete Benvenute, 54 anos Borgo

“A gente separa o lixo seco do orgânico. Só não sabemos direito o que fazer com as pilhas” Fábio Meazzi, 28 anos São Francisco

“Faço toda a separação há anos. Sou professora e criei o hábito”

Aneli Guerro, 68 anos Jardim Glória

Caderno

Bairros Este caderno faz parte da edição 2725, de quarta-feira, 1 de junho de 2011, do Jornal Semanário

Edição: Bettina Schünke bairros@jornalsemanario.com.br Colaboração: Noemir Leitão reporter6@jornalsemanario.com.br Diagramação: Maiara Alvarez

Projeto Gráfico: Maiara Alvarez Supervisão: Rogério Costa Arantes Direção: Henrique Alfredo Caprara jornal.semanario@italnet.com.br

SEDE Wolsir A. Antonini, 451 Bairro Fenavinho - Bento Gonçalves, RS Fone: 54 3455-4500


Bairros Parceria

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A VOZ DOS BAIRROS

Tecnologia auxilia na integração de crianças Associação de Surdos de Bento Gonçalves ganhou acesso à internet Bettina Schünke

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abendo da importância da web como meio de interação e inclusão social, a Associação de Surdos de Bento Gonçalves (ASBG) conta, desde o dia 17 de maio, com rede de internet em sua sede, localizada no centro da cidade. Em parceria com a Italnet, a entidade está recebendo o acesso gratuitamente. Conforme explica Márcia Pessutto, coordenadora da ASBG, o serviço foi solicitado através de um ofício enviado a empresa. “A empresa nos atendeu rapidamente. As crianças estão súper felizes, porque assim elas se

sentem mais próximas da sociedade”, disse Márcia. Através da parceria, será fornecido um serviço de banda larga via rádio, com frequência de 1Mbps de velocidade, em um contrato com duração de 24 meses, sendo prorrogado, automaticamente, a cada 12 meses. Segundo Alan Miguel, gestor corporativo de contas da Italnet, tanto o valor da mensalidade quanto o valor de instalação do serviço foram bancados pela empresa. “Existe uma prática da reciprocidade com cada cidadão da cidade. Devido ao fato de nossa empresa estar completando 15 anos de atuação, acreditamos

que temos o dever de investir na cidade, desde eventos de cunho cultural até nas instituições de cunho social, tal como a Associação dos Surdos”, destaca Miguel. Fundada em 2006, a ASBG é uma entidade que tem por finalidade promover e integrar crianças e adolescentes surdas e deficientes de audição. Desenvolvendo trabalhos de ressocialização e de busca à igualdade de condições e de direitos, a entidade atende cerca de 20 crianças e suas famílias e conta com a ajuda de empresas parceiras e associados para dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos. BETTINA SCHÜNKE

Noemir Leitão

narleitao@gmail.com

Começaram a ser construídas as calçadas na avenida Presidente Costa e Silva, no bairro Planalto. Segundo os moradores que fazem suas tradicionais caminhadas pelo local, agora haverá mais espaço com segurança, já que era preciso caminhar no meio da rua. Porém, o importante será construir em todo o prolongamento da rua, pois nos dois lados há pessoas que usufruem deste trajeto sempre pela parte da manhã e ao final da tarde, onde há um grande fluxo de veículos. Os moradores do bairro Juventude, mais precisamente da rua Luís Pedro Di Marco, querem uma solução para as lixeiras do local. O lixo orgânico fica depositado nas calçadas e nas encostas dos barrancos, bem próximos da escola. Há muito tempo que a comunidade solicita a colocação de lixeira maiores para evitar o acúmulo de lixo e a proliferação de insetos e mau cheiro nesta rua. O grupo de idosos Tia Luiza realizou na segunda-feira, o tradicional almoço comunitário no salão de festas da associação São Roque. Muitas pessoas ligadas ao trabalho social deste grupo marcaram sua presença. O grupo Tia Luiza tem a coordenação do casal Ieda Casagranda e Altair Fernandes, o popular “Feijão”, e conta com idosos de várias partes dos bairros São Roque, Aparecida, Cembranel, Zatt e Ouro Verde. As atividades do grupo ocorrem durante todo o ano. A rua Sete de Setembro, que estava tendo transtorno para os moradores e para os veículos que trafegam por este local, agora está liberada. Com a chegada da Expobento 2011, muitas pessoas poderão fazer o trajeto normalmente pelo bairro, usando a rua, que ficou intrafegável em virtude das obras de recapeamento e canalização de esgoto. Agora, não será preciso mais usar a Castello Branco para ter acesso até aos pavilhões da Fundaparque. A Secretaria Municipal de Obras e Viação, através de sua equipe de trabalho está acelerando o máximo para encerrar nesta semana estes trabalhos. Moradores do bairro Conceição querem mais segurança no local. Eles reclamam da situação na rodovia da RST 470, onde muitos usuários de drogas ficam até altas horas, com a intenção de cometer atos ilícitos nas residências da comunidade. Já foi solicitado junto a Brigada Militar uma ronda periódica para evitar esta situação desconfortável que assola os moradores e tira o sossego de todos. O problema também é registrado na saída da escola do bairro, em que a segurança é frágil para os estudantes, principalmente na parte da noite.

Crianças e adolescentes surdas ou com deficiência auditiva podem interagir usando a internet

BOTAFOGO E SANTA RITA

Inscrição para concurso é sábado Meninas que moram nos bairros Botafogo e Santa Rita poderão se inscrever no sábado, 4, para concorrer à faixa de “Rainha Comunitária”. É necessário ter entre 14 e 24 anos e morar na região. As interessadas deverão comparecer no

salão da igreja Santa Rita, das 14h30min às 16h. A escolha ocorrerá no dia 9 de julho. A selecionada concorrerá ao título municipal, junto com as demais candidatas dos outros bairros. O evento contará com animação da dupla

Ênio e Léssio e fará ainda uma homenagem aos “Amigos do bairro”, moradores que se destacaram ajudando a comunidade nos últimos dois anos. Os ingressos já podem ser comprados no valor de R$ 15 com a associação de moradores.

Moradores do Borgo querem uma solução na questão dos esgotos de diversas ruas. O mau cheiro e a proliferação de insetos causam desconforto para os vizinhos. De outra parte, o coordenador do local Marino dos Santos, juntamente com a liderança do bairro está preparando novidades para a comunidade. Duas ruas de acesso ao local foram reformadas e o trânsito poderá fluir normalmente para os demais pontos da cidade. Finalmente, o bairro São Roque terá sua feira ecológica. Depois de muita luta da associação dos moradores e das lideranças locais, na próxima terça-feira, 7, a praça da matriz será o local para a feira inaugural, que já conta com sete pessoas inscritas para vender seus produtos hortifrutigranjeiros. O apoio da feira ecológica é da Emater e Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Agricultura. Essa é uma boa notícia para os moradores da região de São Roque e arredores.


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Sustentabilidade

Um destino de luxo para o lixo O que você faz com a latinha, o plástico e a caixa? Vai tudo para a lata de lixo. O que parece ser o fim, é apenas o começo BETTINA SCHÜNKE

Cerca de 25 pessoas, trabalhadoras da Associação de Recicladores do bairro Jardim Glória, tiram da coleta seletiva o sustento da família. O salário, em média é de 600 reais

Bettina Schünke

C

erca de 100 toneladas de lixo são recolhidas em Bento Gonçalves diariamente. Deste, 15% são de materiais que serão reaproveitados novamente. As questões ambientais tem sido uma busca constante de conhecimento e vem fazendo parte cada vez mais da consciência de muitas pessoas. Basta um simples gesto para salvar a vida da natureza e assim contribuir para um ambiente melhor, menos poluído. Muito já foi falado sobre a importância da re-

ciclagem. Muito se sabe sobre o que reciclar, como e onde. Mas é preciso fazer mais. O lixo que chega à Associação de Recicladores do bairro Jardim Glória vira geração de trabalho e renda para os 25 moradores que lá se encontram de segunda a sábado, das 7h30min às 17h30min. Fazendo um trabalho que para muitos não é visto com bons olhos, mas que é fundamental para a vida e continuidade no planeta, Érica Rosseto, 35, presidente da cooperativa, sabe muito bem da importância do trabalho desen-

volvido no galpão. “No mundo de hoje, muitas pessoas não conhece o trabalho de uma reciclagem, e eu gosto muito do eu faço. Comecei como voluntária, ajudando a minha mãe, e hoje me orgulho de ser a presidente da entidade”, disse. Ela conta que, quando morava em Flores da Cunha, não tinha o hábito de separar o lixo. Hoje, ela separa tudo e incentiva os vizinhos. O processo dentro do galpão é simples. O lixo chega pelos caminhões da prefeitura de duas a três vezes por dia. “Quando o caminhão chega é

um tumulto só. Todos ajudam no descarregamento”, explica Érica. Depois disso, as mulheres vão para as mesas abrir as sacolas e fazer a separação dos objetos. Cada item tem seu lugar. As garrafas pets são separadas por cor e também por tipo. Alumínio de um lado, tetra pak de outro. Os três homens que lá trabalham são os encarregados de manusear a máquina da prensa e também de carregar os fardos. Depois de tudo enfardado, cada produto é vendido separadamente, por quilo. Segundo

Érica, cerca de 60 toneladas de lixo reciclado são comercializados por mês. Os trabalhadores recebem, em média, 600 reais mensais. Cristiano dos Santos tem 17 anos e trabalha na associação há 6 meses. Ele diz gostar muito do que faz e está ali por opção. Vanderléia Araudi, 36, é a mais antiga do grupo. Está no galpão há quatro anos e trabalha com muita alegria e disposição. “Sei da importância desse serviço. Eu me orgulho do que faço”, disse Vanderléia. bairros@jornalsemanario.com.br


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Divulgação

Dedicação

Exemplos que vão além da lata de lixo Moradores são belos exemplos de cidadãos que têm consciência ambiental

S Alunos do Colégio Sagrado Coração de Jesus aprendem a reciclar

Ensino

Educação ambiental é foco de entidades Para o presidente da Associação Bento-Gonçalvense de Proteção ao Ambiente Natural, Luiz Augusto Signor, reciclar é muito mais do que separar o lixo seco do orgânico. “O processo de reciclagem tem que começar no momento da compra, dentro do supermercado. Levar a menor quantidade de lixo para casa, como comprar produtos com embalagens que possam ser recicladas e utilizar a menor quantidade de sacolas plásticas já é um tipo de reciclagem”, defende Signor. A entidade conta com diversos projetos de educação ambiental, com foco principalmente em crianças e adolescentes. Um deles é o “Lixo que alimenta – amigo da terra”, destinado aos alunos de 4ª à 8ª série de escolas da cidade. Só nesse ano, a entidade já visitou mais de 10 instituições, como o Colégio Sagrado Coração de Jesus. “Passamos um filme para os estudantes e levamos uma sacola com lixo e pedimos para os próprios alunos nos ajudarem a separá-lo, assim os alunos podem ver na prática como realizar a correta separação do lixo doméstico”, disse Signor. Além disso, a entidade também dá suporte as hortas escolares, alimentando com mudas e adubo. “A sociedade precisa se reciclar. Mas estamos avançando bem. As pessoas e empresas já estão adquirindo essa consciência de que é importante reciclar. O problema é dentro de casa. Cada família deveria de ter um

‘fiscal’ para controlar o lixo”, sugere. A secretaria municipal de Meio Ambiente (Smmam) também aposta na educação ambiental. O órgão conta com 16 projetos voltados para crianças, jovens e até idosos. Um desses projetos é o Agentes Ecológicos. Trabalhando com crianças e idosos, ele visa minimizar os impactos ambientais, fazendo com que a população reconheça a importância e a necessidade da separação dos resíduos, bem como o consumo consciente, através de visitas a residências, escolas, setores públicos, empresas e comércio. “Os agentes mirins participam de atividades práticas, palestras educativas e jogos com materiais recicláveis. Já os agentes da terceira idade são os nossos fiscais voluntários da coleta seletiva”, disse Caroline Todeschini, do setor de educação ambiental da Smmam. Além disso, a secretaria conta com dez agentes focados na sensibilização, visitando os moradores em suas casas, explicando como separar, reciclar e destinar o lixo doméstico. Segundo explica o secretário adjunto Adriano Nunes, Bento Gonçalves conta com oito associações de recicladores e uma entidade que recolhe materiais eletrônicos, localizado em Faria Lemos. “Essa parceria com as cooperativas está dando muito certo. Nós ajudamos financeiramente as recicladoras e elas nos ajudam a manter a cidade limpa”, disse Nunes.

Fotos Bettina Schünke

e os moradores de Bento Gonçalves precisassem de exemplos a serem seguidos para começar a separar corretamente o lixo, não faltariam casos de pessoas e famílias inteiras que estão engajados na causa. A separação do lixo é um ato que virou rotina nas residências dos bento-gonçalvenses. Muitas famílias separam o lixo seco do orgânico e reciclam materiais para serem reaproveitados novamente. A família de dona Neiva Valente Giotto é um ótimo exemplo a ser seguido quando se trata de reciclar. Moradores do bairro Santa Rita, todos estão envolvidos e colaboram Moradores dão o exemplo de para que o lixo produzido pela que é possível reaproveitar o lixo casa tenha seu destino correto. A matriarca, de 55 anos, conta que separa os produtos de origem biológica para colocar em um tanque, nos fundos de casa. “Eu tenho dois lixos na cozinha, um para produtos secos e outro para o orgânico. As sobras de comida, como casca e vegetais, eu coloco em um tanque, que misturo com terra e com algumas minhocas, que viram adubo para a horta”, disse Neiva. Há 18 anos no bairro, Neiva explica que a consciência da

importância da reciclagem surgiu a muito tempo. “Não sei dizer a quanto tempo eu reciclo. Com tanta campanha e propaganda que vemos na TV é impossível não separar o lixo. Se todos fizessem assim, o mundo seria bem melhor”, finaliza. O casal Banhara, moradores do bairro Universitário, também tem essa consciência e sabe muito bem o que fazer com todo o resíduo que sobra em sua casa. Além de separar plásticos, vidros e papel Antônio, 60, e Edite, 59, reaproveitam o óleo de cozinha usado para fazer sabão. “O sabão que usamos para lavar louça e roupas é feito por nós mesmos, em casa, com o óleo que separamos. Além de ajudarmos a preservar o nosso meio ambiente também economizamos”, disse Antônio. Mas a separação não para por aí: a dupla de aposentados também reaproveita os alimentos para adubar a horta de casa, em que colhem alimentos como alface, tomate e diversas hortaliças. “Nós temos que ser responsáveis por aquilo que consumimos. É muito importante cuidar do planeta. É dar um futuro para os nossos netos”, completa Edite.

A arte que se origina do lixo O lixo é muito mais que lixo nas mãos de dona Giorgina Alves, 61. É também matéria prima. Moradora do bairro Zatt, ela sabe muito bem como reaproveitar os itens que são descartados por muitas pessoas. Garrafas de plástico, latinhas, papel, pneu, alumínio e outros objetos recebem um tratamento especial nas mãos de Giorgina. Trabalhando com reciclagem há mais de dez anos, ela transforma objetos sem uso em utilidades para toda a família. “Eu sempre tive a preocupação ambiental. A Terra pede para que nós destinemos o lixo adequadamente”, disse. Sofás de garrafa pet, pufs de caixa de leite, porta-garrafa de jornal, enfeites de latinhas são alguns dos trabalhos feitos com o reaproveitamento de material. “Quando comecei a trabalhar na associação do bairro, em 2000, eu via o lixo espalhado em todos os lugares, nas barrancas, no mato, nos bueiros. Então comecei um trabalho de conscientizaBettina Schünke ção com as crianças e assim fomos mudando o modo de agir e pensar dos moradores”, explica. A partir daí, Giorgina não parou mais. A garagem da sua casa virou o atelier, em que guarda os objetos descartados pelos vizinhos. “É possível fazer muitos objetos e aproveitar todo o lixo reciclado. Nada é descartado. O reciclado é uma ótima ferramenta. Sem muito custo e com pouca verba se consegue criar algo útil. Além disso, renova a vida daquele material que seria rejeitado”, destaca. As ideias são tiradas de revistas e cursos. A aposentada hoje ensina crianças e mulheres do bairro a reaproveitar o lixo.


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Anônimos

Os doces de Dona Terezinha Doceira de mão cheia, moradora do bairro São Francisco encanta os olhos de todos os comilões que passam pela sua cozinha Bettina Schünke

O

s quadros com os retratos dos bolos e tortas enfeitados de Terezinha Meazzi, 48, pendurados na parede, logo chamam a atenção e deixam os fregueses com água na boca quando chegam à sua cozinha. A doceira do bairro São Francisco está no ramo de confeitaria há mais de 18 anos e sua paixão por doces e pelo trabalho sempre foi visível, unindo o útil a algo que ela gostava de fazer e comer. O seu trabalho com os bolos artísticos começou após um acidente de carro, que acabou prejudicando a sua coluna. Com o repouso forçado em casa, Terezinha assistia televisão todos os dias e começou a se interessar por programas de culinária, voltados especialmente para doces. “Sempre gostei de cozinhar. Vi um programa de TV e resolvi testar a receita. Os primeiros bolos eu fiz para parentes e amigos, que foram espalhando e divulgando o

meu trabalho”, disse. Fazendo bolos dos mais variados sabores, o cliente é quem escolhe como será a decoração do prato. Pode ser temas como animais, futebol, personagens infantis, artistas, princesas e heróis. Nada é impossível para Terezinha. A doceira já conquistou dois prêmios de melhor confeiteira da região, o primeiro em 2008 e o outro em 2009. Além disso, ela se aperfeiçoou fazendo cursos de culinária em Porto Alegre e em São Paulo. Trabalhando sozinha, ela conta que passa muitas horas dentro da cozinha. “É um trabalho que exige tempo e dedicação. Primeiro faço os enfeites, depois a massa. Diferente dos bolos de padaria, eles têm que ter uma consistência diferente”, explica Terezinha. Fazendo tortas para eventos de grandes empresas da cidade, ela já chegou a ter quatro encomendas por sábado É ela também quem faz os bolos de é ver a satisfação das pessoas aniversário da família. “Adoro quando recebem o bolo prono que eu faço. Minha alegria to. Mas infelizmente estou di-

BETTINA SCHÜNKE

Os bolos artísticos feitos pelas mãos de Terezinha Meazzi

minuindo o ritmo de trabalho. que eu sei”, propõe a doceira. Por isso, quero ensinar uma pessoa que queira aprender o bairros@jornalsemanario.com.br

SANTO ANTÔNIO

SANTA MARTA

Codeguin para os festeiros

Atendimento no posto de saúde começará em julho

Na noite de sexta-feira, 27 de maio, o salão paroquial da igreja Santo Antônio foi palco de mais uma edição do Jantar do Codeguin. O evento faz parte das comemorações da 133ª festa do padroeiro da cidade. Mais de 700 pessoas presti-

giaram a programação que teve como marca principal o prato típico. De acordo com o casal de festeiros responsáveis pela comissão de alimentação, Rene e Sirlei Balestro, foram preparados mais de 300 quilos de Codeguin.

NOEMIR LEITÃO

Mais de 700 pessoas prestigiaram o tradicional prato italiano

O Codeguin foi introduzido na festa na década de 70 com a vinda dos imigrantes italianos, que trouxeram na bagagem a fé, a cultura e a gastronomia. O codeguin surgiu da necessidade que os colonos tinham de aproveitar tudo que fosse possível dos animais que eram criados em suas propriedades. A matéria prima é a carne de porco. O prato é preparado após cozimento em água. É uma espécie de linguiça de carne de porco. O cardápio incluiu ainda fortaia, polenta mole, queijo, salame, saladas, vinho e sobremesas. O evento foi uma das últimas programações antes festa, no dia 13 de junho. Continua apenas a visitação da imagem do padroeiro nas localidades e haverá a trezena tradicional, distribuídas nas residências do interior da cidade.

DIVULGAÇÃO

Unidade de saúde terá capacidade para atender mais de 3 mil pessoas

Com uma área de 240,70m² a Unidade de Estratégia de Saúde da Família do bairro Santa Marta deve iniciar atendimento a partir da segunda quinzena de julho. Localizada na rua Francisco de Carli, a ESF tem capacidade para atender até 3,5 mil pessoas na sua área

de abrangência. A unidade foi apontada como demanda na assembleia do Orçamento Participativo em 2009 e contará com um médico, enfermeiro e técnicos de enfermagem. Além de estrutura física de consultórios, salas de vacinas, armazenamento e medicamentos.


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ESPORTES

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Memória Esportiva

Floriano: o campeão do Conceição Time criado na década de 1960, a Sociedade Esportiva e Cultural Floriano, durou quatro décadas até ser extinto nos anos 1990 FOTOS ARQUIVO

Noemir Letião

F

undado em um bairro chamado de Juventude da Enologia, surgiu um time – consagrado nos gramados de Bento Gonçalves – chamado de Conceição. O clube criado na década de 1960 não imaginava os anos de glória que teria pela frente e a paixão que despertaria nos moradores do bairro, através do brasão da Sociedade Esportiva e Cultural Floriano. O Floriano tinha as cores azul e branco e sua camisa muito se parecia com a do Esportivo de Bento Gonçalves. O clube chegou a ter sede própria, em uma área doada pelo então prefeito da época Achilles Mincarone e depois homologada por Paulo Mincarone. Um terreno que teve uma construção com sede social, bar e salas de reuniões, além de banheiros e acomodações, que sempre recebiam os atletas e dirigentes das equipes de fora. Hoje, a atual sede deu lugar a unidade de saúde do bairro Conceição, isso devido a um acordo feito entre os dirigentes do clube, que previa uma permuta em dinheiro para que quando acabasse o Floriano, a área fosse doada novamente para o município. O grande Floriano durou até metade dos anos 1990, período que disputava jogos amistosos na cidade e no interior, além de campeonatos e torneios fora do município.

Clube Floriano durou 40 anos e conquistou, entre outros títulos, o tetracampeonato municipal, um ato histórico da época para o futebol

Títulos e consagrações Envolvido pela linha invísivel da paixão pelo clube, Darci da Silva, teve dentro de casa o exemplo do pai, Aristides Rosa da Silva - que foi patrono e presidente do clube nos primórdios – lembra com exatidão as quatro conquistas do Campeonato Municipal, a Copa Libertadores do Nordeste, uma espécie de campeonato regional. Ele guarda na memória partidas inesquecíveis de um grupo que não se entregava. “Éramos um grupo forte e tínhamos muita determinação

em tudo, jamais perdíamos quando a torcida estava conosco”, afirma. Hoje, o torcedor Darci ressalta que o Floriano encerrou suas atividades esportivas por várias questões, uma delas, foi quando os atletas passaram a receber dinheiro para atuarem “Infelizmente, tivemos que encerrar nossa equipe, já que não havia mais condições de mantermos um plantel para dois times e empolgação dos atletas para continuar jogando na cidade, mas foi um bom tempo que ficou marFloriano revelou muitos atletas que fizeram a alegria da comunidade cado”, afirma.

Atletas de ponta

Com as cores azul e branco, sua camisa se parecia com a do Esportivo

O Floriano do bairro Conceição revelou muitos atletas que fizeram a alegria da comunidade durante décadas. Como é o caso do atacante Juarez. Ele atuou inclusive no Clube Esportivo. Além dele, Pedrinho Cordeiro um dos bons meias esquerda da época que poucos viram jogar, também o consagrado Arilson.

Um outro nome de destaque no clube foi Cleci da Fonseca Rodrigues, 58, e que iniciou no time em 1971. Fonseca atuou no meio campo e também como zagueiro numa época em que o rival era o Botafogo. “Era uma verdadeira guerra atuar diante do Botafogo, pois sempre virava um clássico, já que eles

tinham um bom time e eram coniderados imbatíveis na época”, destaca Darci. Para o ex-jogador do Floriano, vencer o Botafogo era uma façanha. “No dia de clássico contra o Botafogo, a coisa increspava, mesmo assim era muito disputado e divertido, tenho saudades deste tempo”, concluiu.


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Sociais

Bairros

FOTOS DIVULGAÇÃO

Pequena amizade

As amigas Tais Eberhardt, de 5 anos, e Yasmin Silva, de 4 anos.

Vila Nova

A equipe de saúde da Unidade de Estratégia de Saúde da Família do bairro Vila Nova é composta por enfermeira, médica, técnica e auxiliar de enfermagem, secretária, higienizadora e agentes de saúde. BETTINA SCHÜNKE

Homenagem

Fé e benção

O pastor Sérgio Lauri Patzer, na inauguração do novo templo da Comunidade Evangélica Luterana Cristo, localizada no bairro Santa Helena.

As três ex-diretoras, Therezinha Bettoni, Terezinha Puerari e Ana Luiza Brandelli, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Luiz Fornasier, localizada no bairro Botafogo, foram homenageadas no aniversário da instituição.


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