O SÃO PAULO - edição 3024

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo ano 59 | Edição 3024 | 22 a 28 de outubro de 2014

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Com a Palavra, o ‘Mulheres: fome, pobreza Madre Assunta será publicitário Sílvio Medeiros e tráfico humano’ beatificada no sábado Premiado com vários “Leões de Ouro” em Cannes, ele enfatiza que obras da Bienal de Artes de SP que vilipendiam a fé cristã não são artísticas. Página 15

Promovido pela Cáritas Brasileira e a CNBB, o I Seminário Internacional aconteceu em Brasília e reuniu mulheres do Brasil e do exterior Página 8

A Arquidiocese de São Paulo convida para a beatificação de Madre Assunta Marchetti, que será no sábado, 25, às 10h, na Catedral da Sé. Página 14

‘Papa do diálogo’, Paulo VI é beatificado em cerimônia no Vaticano do Sínodo dos Bispos, sobre a família. Pontífice entre 1963 e 1978, o Cardeal Giovanni Battista Montini foi primeiro sucessor de Pedro a visitar a Terra Santa e esteve nos cinco continentes sendo conhecido como o “papa do diálogo”. “Enquanto se formava uma sociedade

Arquvo pessoal

Cardeal Scherer com o Papa Francisco durante o Sínodo

secularizada e hostil, Paulo VI soube conduzir com sabedoria voltada para o futuro – e às vezes na solidão – o timão da barca de Pedro, sem perder nunca a alegria e a confiança no Senhor”, afirmou o Papa Francisco. Página 11

‘A Igreja continua a afirmar que a família é obra de Deus’ Terminou no domingo, 19, a 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano. O relatório final servirá de instrumento de trabalho a ser refletido nas dioceses e conferências episcopais em todo mundo, até outubro de 2015, quando ocorrerá a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o

tema “A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo”. Nesta edição, O SÃO PAULO inicia série com sínteses do relatório final e análises do Cardeal Scherer, arcebispo de São Paulo. “A Igreja continua a afirmar que a família é obra de Deus”, aponta Dom Odilo. Páginas 3, 12 e 13

Você conhece as propostas de governo do seu candidato?

Mês Missionário: Onde é empregada a Coleta do Dia das Missões?

Quando o assunto são as eleições presidenciais, estão em jogo os próximos quatro anos do País e a vida da população. Pensando em ajudar os eleitores, O SÃO PAULO preparou um resumo das propostas de Aécio Neves e Dilma Rousseff nas áreas de saúde, educação, segurança e economia. Afinal, são as propostas que, se executadas, proporcionarão mudanças concretas na vida das pessoas. Eleições acontecem no próximo domingo, 26, em todo o País.

Somente em 2013 o valor arrecadado ultrapassou os R$ 8 milhões. A coleta do mês missionário é realizada sempre no 3º domingo do mês de outubro e no mundo todo é destinada para as Pontifícias Obras Missionárias (POM). Os valores são divididos em enviados para a manutenção de obras em Roma e no Brasil – Obra da Propagação da Fé, Obra de São Pedro Apóstolo, Obra da Infância Missionária, Sede Nacional das POM, Animação Missionária no Brasil.

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L’Osservatore Romano

“Obrigado, nosso caro e amado Papa Paulo VI! Obrigado por seu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!”, disse o Papa Francisco, na beatificação de Paulo VI, no domingo, 19, no Vaticano, quando do encerramento da assembleia extraordinária


2 | Ponto de Vista |

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editorial

Antes tarde do que nunca As recentes e tardias decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em vetar propagandas eleitorais voltadas a denegrir e falar mal do adversário vieram tarde, mas são bemvindas. Como diz o adágio popular: “antes tarde do que nunca”. Onde prima a falta de ética e bom senso, existe mesmo a necessidade da lei e da intervenção. As medidas trouxeram um refrigério para o eleitor e forçaram os candidatos a focarem sua propaganda e fala em debate, em seus projetos de governo.

O segundo turno da eleição presidencial tem apresentado novidades paradoxais: ao mesmo tempo em que nunca se viu um País tão atento e ligado às eleições – o que representa por si, amadurecimento da população no exercício da cidadania –, as campanhas eleitorais primaram pela vergonhosa falta de informação e propostas de governo, que deram lugar a acusações, xingamentos e ao determinismo do marketing. Os candidatos parecem não ter acompanhado o avanço dos eleitores.

A falta de ética nas propagandas eleitorais traz riscos graves à democracia, entre eles, o retorno – se é que um dia foi embora - da retórica dos cínicos e sofistas em que tudo se resume à imagem. A verdade perde lugar para a aparência, a persuasão dá lugar à sedução, os fins passam a justificar todos os meios. Nesse contexto, as eleições facilmente se transformam em uma batalha entre marqueteiros e profissionais da semiologia. Os candidatos correm o risco de abrirem mão de sua per-

sonalidade e convicções e tornaremse atores a interpretar um roteiro, quando não verdadeiros fantoches, manipulados ao bel prazer dos profissionais da construção – ou desconstrução – da imagem pública. Mas o pior risco não é esse. Quando um candidato ou partido se presta a esse papel ou assume esse caminho, ele demonstra que o seu fim último não é governar a serviço do bem comum, mas sim, governar a serviço de interesses obscuros e em benefício de si mesmo.

opinião

O Sínodo, os gays e a Janela de Overton Sergio Ricciuto Conte

Roberto Zanin A “Janela de Overton” leva o nome do falecido presidente de uma organização norte-americana voltada para as agendas políticas. Joseph Overton percebeu como combater um dos grandes desafios daqueles que defendem causas inaceitáveis para a opinião pública: registrar como pensa a maioria da sociedade num dado momento sobre um determinado assunto. Quando a população é contra, a estratégia é desviar o foco do assunto em si e tratá-lo de forma oblíqua. Nesse sentido, por exemplo, há anos se trata da legalização do aborto como questão de “saúde pública”, desviando os olhos e mentes da sociedade para aquilo que realmente é: o assassinato de um ser humano indefeso no ventre da própria mãe. Ao lado da legalização do aborto, a causa gay é a que mais tem martelado suas postulações na mídia. A grande maioria da sociedade rejeita a ideia de “casamento gay”. A palavra “casamento” está arraigada no DNA mental de várias gerações na forma de um noivo e de uma noiva ao pé do altar. A Janela de Overton, nesse caso, funciona para desviar o foco da questão de fundo. Através de sofisticadas empresas de assessoria de comunicação, passa-se a martelar na mídia questões como “o amor não escolhe sexo”, ou “a possibilidade de que crianças relegadas à orfandade possam ser acolhidas por esses parceiros” e, acima de tudo, abandona-se o termo “casamento” para adotar a terminologia “união civil do mesmo sexo”, mais palatável do que a ideia de Matrimônio. Caso as Igrejas ou entidades ligadas

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à família apontem que não se pode tratar do mesmo modo a união gay e as famílias reconhecidas desde sempre como tal, a estratégia é a violenta demonização dos oponentes, com direito a vilipêndios e blasfêmias, como as que ocorrem nas paradas do orgulho gay. Não há meio-termo.

Ou se aplaude a prática ou se é homofóbico. A Janela de Overton gay marcou um golaço nas últimas semanas. O grande “frame”, o símbolo do Sínodo dos Bispos sobre a Família, foi a maneira pela qual a Igreja deve tratar os homossexuais. Dez em cada

dez meios de comunicação ao redor do planeta destacaram os parágrafos do primeiro relatório sobre o tema, elaborado após as manifestações dos prelados. Teve destaque o trecho que diz que as comunidades católicas devem acolher os homossexuais “aceitando e avaliando sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica sobre a família e o Matrimônio”. A mídia interpretou o “aceitando” quase como um dogma de que a Igreja, a partir de agora, estaria aprovando a conduta dos homossexuais, em vez de acolhê-los e ajudá-los a abandonar o pecado. Outro texto que a análise da mídia engajada distorceu é aquele que diz que há casos em que “o apoio mútuo, até o sacrifício, constitui um valioso suporte para a vida dos parceiros”. Estaria a Igreja dizendo que, em certas situações, é melhor aconselhar que parceiros do mesmo sexo que vivem juntos, continuem assim, já que se ajudam mutuamente? Claro que não. A “ducha de água fria” veio com o Relatório Final do Sínodo. Nele, a Igreja diz em linhas gerais o que já está no Catecismo: amar o pecador e odiar o pecado. Duas frases do Papa Francisco, no discurso de encerramento do Sínodo, vão nessa linha: “a Igreja não se envergonha do irmão caído e não finge que não o vê, mas se sente motivada e quase obrigada a levantá-lo e encorajá-lo a retomar o caminho” e “em nome de uma misericórdia enganadora, se enfaixam as feridas sem curá-las.”. Acolher a ovelha ferida para curá-la. O Bom Pastor faz isso. Roberto Zanin é jornalista, master em Gestão de Empresas de Comunicação e diretor da RZ.com Assessoria de Comunicação e Imprensa.

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Frutos do Sínodo

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

No domingo, 19 de outubro, o Papa Francisco encerrou a 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, com uma missa celebrada na praça de São Pedro, debaixo de um sol esplêndido. Na mesma celebração, também beatificou seu predecessor, Paulo VI, que instituiu o Sínodo em 1965, como um dos frutos do Concílio Vaticano II. Foram duas semanas de reflexões, com a participação de 191 “padres sinodais”, além de observadores, peritos e outros convidados. Após uma semana de intervenções individuais, os participantes reuniram-se em grupos para discutir uma proposta do texto final. Seguindo o tema da Assembleia – “os desafios pastorais da família no contexto da evangelização” -,

os participantes do Sínodo trataram de questões relativas ao ensinamento da Igreja sobre Matrimônio e família, da Pastoral Familiar na preparação ao casamento e no acompanhamento da vida dos casais e famílias, dos casos pastorais mais complicados, como a separação e o divórcio, as novas uniões civis após o divórcio e o acompanhamento pastoral de casais “recasados” e da sua participação na Igreja. Mas também se tratou das uniões livres, sem formalização alguma, do desinteresse crescente em relação à família e ao casamento, do serviço pastoral nos tribunais eclesiásticos, sobretudo dos pedidos de reconhecimento de nulidade matrimonial; tratou-se do acesso à confissão e à comunhão por parte daqueles que após um divórcio ou separação vivem numa nova união. Não deixou de ser tratado o desafio pastoral representado pelas uniões civis de pessoas do mesmo sexo e da sua pretensão de serem reconhecidas

Cardeal Scherer participará do III Canção Nova Abraça São Paulo

Na atividade programada para 2 de novembro, das 7h30 às 18h, no Estádio da Portuguesa de Desportos (Marginal Tietê, próximo à ponte Cruzeiro do Sul), haverá momentos de oração,

| Encontro com o Pastor | 3

adoração e reflexões. O Cardeal Scherer falará aos participantes na parte da manhã. As vagas são limitadas. Saiba detalhes em (11) 3382-9800 ou pelo e-mail eventossp@cancaonva.com.

como “família” e de terem reconhecida a sua união como um “casamento”... Olhou-se, também, com particular atenção, a questão da transmissão da vida e sua acolhida pelo casal, no seio de uma família constituída; e não podia faltar a educação, em todos os sentidos – humano, religioso e cívico -, e do papel inalienável dos pais na educação dos filhos. A pauta de assuntos foi muito ampla. E os resultados? Antes de tudo, deve-se considerar como fruto apreciável o próprio fato de a Igreja fazer uma nova reflexão sobre casamento e família. Era muito necessário, pois no contexto cultural contemporâneo, a família e o casamento são cada vez mais relegados à vida privada, onde o Estado não deve se intrometer. Grave engano, pois a família é um bem para a pessoa e a sociedade inteira. E onde ela é desamparada e até desmantelada, ela faz muita falta e o Estado assume muitos encargos a mais! O Sínodo também produziu uma bela mensagem, con-

fortadora e estimulante, que já foi divulgada, que vale a pena ler e meditar. E produziu um relatório final, com os temas de consenso já trabalhados. Esse Relatório (Relatio Synodi) ainda não é um “documento” conclusivo e o Papa Francisco determinou que ele seja, agora, enviado às conferências episcopais e submetido a um novo giro de consultas e contribuições; no ano que vem, 2015, na Assembleia Ordinária do Sínodo, o assunto voltará a ser discutido e analisado. O Sínodo dedicou especial atenção às famílias que vivem em situações de conflito e de perseguição. O Papa Francisco inovou no método do Sínodo e quer que a Igreja toda faça um “caminho sinodal”, ou seja, de busca de caminhos comuns para testemunhar as riquezas do Evangelho nas situações nem sempre fáceis do casamento e da família. O processo pode ser mais longo e demorado; mas esperase que o consenso seja mais compartilhado entre todos.

TWEETS DO CARDEAL @DomOdiloScherer 19 – “Bom domingo, dia do Senhor! Hoje, ‘dia mundial das missões’: ‘ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura’”. 17 – “Hb 13,7-9a – ‘Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade. Não vos deixeis enganar por qualquer espécie de doutrina estranha’”. 16 – “Cl 1,23 – ‘Permanecei inabaláveis e firmes na fé, sem vos afastardes da esperança que vos dá o evangelho, que foi anunciado’”. 15 – “Dia dos professores e educadores: parabéns a vocês, que realizam uma missão de altíssimo significado! Deus os abençoe e ilumine”


4 | Papa Francisco |

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‘Vivemos realmente uma experiência de Sínodo’ “Eu poderia tranquilamente dizer que – com um espírito de colegialidade e de sinodalidade – vivemos realmente uma experiência de ‘Sínodo’, um percurso solidário, um ‘caminho juntos’”. Assim afirmou o Papa Francisco no discurso proferido no encerramento dos trabalhos da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, sobre os desafios pastorais da família no contexto da evangelização, no sábado, 18. No pronunciamento, o Santo Padre agradeceu a todos os participantes do Sínodo. “Com um coração pleno de reconhecimento e de gratidão, gostaria de agradecer, junto a vós, ao Senhor que nos acompanhou e nos guiou nos dias passados, com a luz do Espírito Santo!”. De acordo com o Pontífice, o Sínodo foi “um caminho” e, como em todo caminho, houve “momentos de corrida veloz”, “momentos de cansaço”, e outros “momentos de entusiasmo e de ardor”. “Um caminho onde o mais forte sentiu o dever de ajudar o mais fraco, onde o mais esperto se apressou em servir os outros, mesmo por meio dos debates”, disse.

Francisco chamou a atenção para o que classificou como tentações humanas próprias desse processo: “querer fechar-se dentro do escrito (a letra) e não deixar-se surpreender por Deus”; “a tentação do ‘bonismo’ destrutivo, que em nome de uma misericórdia enganadora, enfaixa as feridas sem antes curá-las e medicá-las”; a tentação de “descer da cruz, para contentar as pessoas, e não permanecer ali, para realizar a vontade do Pai”; Negligenciar o depósito da fé, “considerando-se não custódios, mas proprietários ou donos” ou, por outro lado, “negligenciar a realidade utilizando uma língua minuciosa e uma linguagem polida para dizer tantas coisas e não dizer nada”. “Pessoalmente, ficaria muito preocupado e triste se não houvesse estas tentações e estas discussões animadas”, afirmou Francisco, destacando que viu e escutou “com alegria e reconhecimento”, discursos e pronunciamentos “plenos de fé, de zelo pastoral e doutrinal, de sabedoria, de franqueza, de coragem: e de paresia”, mas salientou nunca foi colocado em discussão as verdades fundamentais do sacra-

Dar a Deus o que é de Deus

mento do Matrimônio: “a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a ‘procriatividade’, ou seja, a abertura à vida”. “Esta é a Igreja, a nossa mãe!”, disse o Papa, reforçando que quando a Igreja, na variedade dos seus carismas, se expressa em comunhão, não pode errar” e acrescentou que o Espírito Santo é “o verdadeiro promotor e garantia da unidade e da harmonia na Igreja”. O Bispo de Roma também se referiu ao seu discurso no início da Assembleia, recordando que “o Sínodo se desenvolve cum Petro et sub Petro (com Pedro e sob Pedro), e a presença do Papa é garantia para todos”. Por fim, o Papa afirmou que ainda há um ano para amadurecer, “com verdadeiro discernimento espiritual, as ideias propostas e encontrar soluções concretas às tantas dificuldades e inumeráveis desafios que as famílias devem enfrentar; dar respostas aos tantos desencorajamentos que circundam e sufocam as famílias”. Leia a íntegra do discurso no site da Arquidiocese (www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/sinodo2014). (Por Fernando Geronazzo)

O Papa Francisco, na manhã do dia 19, celebrou missa de encerramento da Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos e da beatificação do Papa Paulo VI. Na homilia, ele comentou a frase de Jesus em resposta aos fariseus que lhe perguntaram se deveriam pagar imposto a César. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Ele acentuou que a resposta de Jesus é a “todos aqueles que sentem problema de consciência, sobretudo quando estão em jogo as suas conveniências, as suas riquezas, o seu prestígio, o seu poder e a sua fama”. Francisco fixou-se mais na segunda parte da frase: Dar a Deus o que é de Deus “significa reconhecer e professar diante de qualquer tipo de poder que só Deus é o Senhor do homem, e não há outro”. É uma novidade que é preciso redescobrir cada dia, “vencendo o temor diante das surpresas de Deus. “Um cristão que vive o Evangelho é ‘a novidade de Deus’ na Igreja e no mundo. Deus ama tanto esta novidade que é fermento que leveda e sal que dá sabor ‘a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante que o mundo nos propõe’. E nessa novidade está a esperança que não é fuga da realidade mas é “restituir diligentemente a Deus aquilo que lhe pertence”. L’Osservatore Romano

Sínodo: um caminhar juntos O Papa definiu os trabalhos do Sínodo “como um caminhar juntos” de “pastores e leigos de todo o mundo”, que levaram a Roma a voz das suas Igrejas particulares “para ajudar as famílias de hoje a caminharem pela estrada do Evangelho, com o olhar fixo em Jesus”. “Sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança”.

Paulo VI: cristão corajoso e apóstolo incansável Sobre o Papa Paulo VI, Francisco disse ter sido ele um “cristão corajoso” e “apóstolo incansável”. “Obrigado! Obrigado, nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!” “Paulo VI soube dar a Deus o que é de Deus, dedicando toda a sua vida a este ‘dever sacro, solene e gravíssimo’: continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo”, concluiu Francisco. (por Padre Cido Pereira)


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Espiritualidade

fé e cidadania

Enviou-me para anunciar a libertação!

Doutrina Social da Igreja

Dom Sergio de Deus Borges Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

renovam no amor de Deus, pessoas que se reerguem na esperança pela certeza de que são amadas. Esse movimento de amor, de sentir-se amado, querido por Deus, não pode parar porque está terminando o mês “dito missionário” ou porque já se passou o Dia Mundial das Missões. Seria uma grave infidelidade “ao Batismo e a Jesus, o Missionário do Pai, se parássemos com a missão. A missão é dimensão essencial do ser cristão. Não é possível ser cristão e não ser missionário, porque cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus. Assim, somos vivamente convidados a continuar a missão, porque são muitos os que precisam ser libertados, precisam conhecer o amor

No domingo, 19 de outubro, celebramos o Dia Mundial das Missões, com o tema “Missão para libertar”. A celebração do Dia Mundial das Missões foi um momento muito forte para todos nós, discípulos missionários, porque nos fez recordar o grande evento do Evangelho, quando os discípulos retornaram da missão e relataram, com alegria, ao senhor Je- Seria uma grave infidelidade “ao sus como a missão realizada foi uma Batismo e a Jesus, o Missionário do missão libertadora. Um dos discípu- Pai, se parássemos com a missão. los, mais animado, disse: “Senhor, até A missão é dimensão essencial os demônios nos obedecem”. do ser cristão. Não é possível ser Pelo santo Batismo e pela Concristão e não ser missionário, firmação, somos hoje os discípulos missionários de Jesus e continuamos porque cada cristão é missionário a missão dos primeiros discípulos. na medida em que se encontrou Primeiro Jesus enviou 72; hoje so- com o amor de Deu mos milhares, milhões de homens e mulheres, crianças, adolescentes, jovens, adultos de Deus, precisam encontrar-se com a fonte do e idosos enviados em missão, que precisam retor- Amor: Jesus Cristo. nar à fonte da Missão, a Jesus, para apresentar os São João Paulo II afirmou que “A missão é, frutos da obra evangelizadora que Ele nos confiou. sem dúvida, o indicador exato da fé em Cristo e O Dia Mundial das Missões foi um desses dias no seu amor por nós: por ela, o homem de tode encontro dos discípulos missionários com Je- dos os tempos é levado a uma vida nova, animada sus: retornamos ao encontro com Ele na Eucaris- pela esperança. Ora, anunciando Cristo ressuscitia para apresentar os resultados da missão a nós tado, os cristãos apresentam Aquele que inaugura confiada. Vimos tanta coisa bonita acontecendo uma nova era da história e proclamam ao mundo por obediência ao mandato missionário de Jesus: a boa nova duma salvação integral e universal, que pessoas que reencontram o sentido da vida, jo- nela contém o penhor dum novo mundo, onde o vens e adultos que retornam à comunidade para sofrimento e a injustiça darão lugar à alegria e à um fecundo encontro com Jesus, famílias que se beleza” (PG 65).

Cônego Antônio Manzatto Quando setores de Igreja proclamam a necessária participação dos cristãos na vida política e social entra em pauta a Doutrina Social da Igreja. Importante capítulo da vida eclesial, a DSI, como é conhecida, elenca os princípios pelos quais deve ser pautada a relação da Igreja e dos católicos com a sociedade no que se refere à política, à economia e a outros temas de interesse social. Para quem acha que Igreja, religião, é apenas para cuidar do interior da vida individual de cada um, a DSI lembra as consequências sociais da fé e anima a participação dos cristãos na construção de uma sociedade mais semelhante ao proposto no Evangelho de Jesus. É fato que a DSI estabelece princípios e não soluções técnicas para os problemas da sociedade e do mundo. Isso cabe aos próprios políticos e outros atores envolvidos no processo. À Igreja cabe o papel de lembrar os princípios, inspirados em Jesus, sem os quais não se constrói uma sociedade humana e pacífica. Por isso, o Magistério da Igreja, em especial os papas, não se eximiram da tarefa de abordarem questões de sociedade a partir do horizonte de fé, próprio da vida eclesial. Interessante perceber que os princípios da DSI não são simples opiniões, mas doutrina. Por isso, se repercutem na organização social, também fazem parte do horizonte cotidiano da vida cristã, incidindo mesmo na forma de organização da vida eclesial. Assim, o princípio da dignidade humana é fundamental para a própria vivência de quem tem fé.

ASSOCIAÇÃO DAS DAMAS DA CARIDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO CNPJ/MF Nº 60.904.711/0001-12

Convocação Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária A ASSOCIAÇÃO DAS DAMAS DA CARIDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO, inscrita no CNPJ /MF sob o nº 60.904.711/0001-12, com sede na Alameda Barros, 539, no Bairro de Santa Cecília, no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, nos termos do Parágrafo Primeiro do Artigo 17 do seu Estatuto Social, por meio de sua Presidente a Srª Carmen Terezinha de Paula Ferrante, convoca as suas associadas a participar da Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária, que será realizada em 11 de novembro de 2014, às 13:00h, em primeira convocação, ou às 14:00h, em segunda convocação, na sede da Associação, para deliberar sobre a seguinte ordem do dia: 1) Ratificação da Assembleia Geral Ordinária realizada em 1º de setembro de 2014 em razão da ausência do nome da entidade na convocação publicada em jornal; 2) Recebimento da renúncia de membro suplente do Conselho Fiscal e eleição de novo membro para este cargo; 3) Recebimento da renúncia de Primeira Tesoureira e eleição de novo membro para este cargo; 4) Leitura e aprovação da Ata da reunião extraordinária da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal realizada no dia 17 de setembro de 2014, para alienação de imóveis (Rua Fradique Coutinho, 258 casas 02, 03 e 04 ou Rua Gabriel dos Santos, 388 apto 21). São Paulo, 20 de outubro de 2014 Carmen Therezinha de Paula Ferrante Presidente

Afinal, como ser cristão, afirmar a fé e proclamar o amor ao próximo se não se respeita, no cotidiano da existência, a dignidade de todas as pessoas? E a dignidade de todos significa a dos excluídos, dos que não são amigos, dos violentos e mesmo dos adversários; dos que pensam diferente e dos que foram subjugados pelas dificuldades da vida. Todos são seres humanos e merecem o reconhecimento dessa dignidade que não lhes é dada pela fé ou pela sociedade, mas pelo simples fato de serem humanos. Outro princípio importante é o do bem comum. As ações humanas, de todos os tipos, devem ser sempre realizadas não apenas em benefício próprio, mas de todos. Não apenas as ações políticas no parlamento, mas também aquelas do dia a dia no que se refere, por exemplo, ao consumo da água ou ao uso de meios de transporte. Por isso, a dimensão essencial que no Cristianismo tem a caridade, entendida não como esmola, mas como compromisso com os irmãos, especialmente os que sofrem. A solidariedade para com os pobres não é apêndice da vida cristã, é seu constitutivo fundamental. Estar no meio dos pobres não para explorá-los ou dominá-los, mas para manifestar-lhes a preferência de Deus. Todos os nossos comportamentos repercutem o que cremos. É assim também quando se pensa a vida na comunidade, e por isso rezamos para que o próximo Sínodo dos Bispos tenha bem presente esses princípios. E-mail: amanzatto@pucsp.br


6 | Fé e Vida |

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LITURGIA E VIDA 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM 26 DE OUTUBRO DE 2014

Buscando o amor ANA FLORA ANDERSON

O tema central das leituras deste domingo é a importância do amor na vida dos cristãos. Deus é sua fonte e a antífona pede que nosso coração busque essa força em Deus. A oração suplica que o Senhor aumente em nós as virtudes da fé, da esperança e do amor. A primeira leitura (Êxodo 22, 20-26) troca em miúdos o que significa amar os outros, exemplificando que na prática é tratar bem o estrangeiro e cuidar das viúvas e dos órfãos. Quando emprestamos dinheiro, não devemos cobrar juros e o pobre que mora na rua deve ser protegido. O apelo de Deus significa viver com compaixão porque Ele é misericordioso. Na segunda leitura (1 Tessalonicenses 1, 5-10), São Paulo ensina à comunidade de Tessalônica como viver no meio das tribulações. Devem começar imitando a vida de Jesus e abraçando a Palavra de Deus com alegria. Paulo admirava essa comunidade porque ela vivia a fé de tal maneira que os povos vizinhos também queriam seguir a Jesus. O Evangelho de São Mateus (22, 34-40) narra mais um encontro entre Jesus e os fariseus. Esse grupo via a religião como obediência absoluta às leis. Para pôr Jesus à prova, perguntam qual delas é a mais importante. A resposta dele é uma revelação. Acima de tudo, devemos amar a Deus de todo o coração, toda a alma e todo o entendimento. O fruto desse amor nos leva a amar o próximo, querendo o seu bem da mesma maneira como queremos o nosso.

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Quem escreveu a Bíblia? cônego Cido Pereira

Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação

O nome dela é Mídia. Mora na Vila Dalila. Ela quer saber quem escreveu a Bíblia e montou os livros? E qual critério foi usado? Mídia, a primeira coisa que você tem que colocar no seu coração é que a Bíblia é uma grande carta de amor de Deus para a humanidade. Nós dizemos com toda fé que ela é a Palavra de Deus e é mesmo. Sendo a Palavra de Deus, quem a escreveu foi Deus. Mas Deus não a escreveu pessoalmente. Ele inspirou homens e mulheres a escreverem. Essa inspiração faz com que a Bíblia seja a Palavra de Deus escrita em linguagem humana. Quando Deus inspirou os autores bíblicos, ele não anulou o estilo, a cultura, o jeito de ver a vida desses autores. Essa é uma forte razão para que nós ao lermos a Bíblia tenhamos presentes o texto, o contexto e o pretexto com que cada livro foi escrito. Caso contrário, nós corremos o risco de sermos fundamentalistas e isso é um perigo. O texto é o que temos diante dos olhos. O contexto é o tempo, a cultura, a vida do povo, as expressões próprias da língua, do uso e dos costumes da época em que o texto foi escrito. E o pretexto são as razões porque aquele livro foi escrito. Por tudo isso, minha irmã, na Bíblia, nós temos os livros proféticos, que sustentam a esperança do povo, que anunciam novos tempos, que não deixam o povo desanimar e que denunciam os desmandos, a infidelidade, os desvios do povo de Deus. Temos também os livros sapienciais, que revelam a sabedoria do povo, sabedoria aprendida da experiência de Deus e da experiência de vida do povo bíblico. E temos os livros históricos, que contam a caminhada do povo de Deus. E temos também os salmos em que se louva, se suplica, se dá glória a Deus por sua ação na vida pessoal e na comunitária. Muita coisa se pode dizer a respeito da inspiração de Deus aos autores bíblicos. Ficamos por aqui porque nosso espaço e nosso tempo são curtos. Procure ler a constituição dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina, e veja se na sua paróquia há círculos bíblicos e cursos em que você poderá se aprofundar mais no conhecimento e na vivência da Palavra de Deus.

novos santos e beatos

Santo Antônio de Sant’Anna Galvão 25 de Outubro

O brasileiro Antônio de Sant’Anna Galvão nasceu em 1739, em Guaratinguetá, São Paulo. Quando tinha 13 anos, Antônio foi enviado para estudar com os jesuítas, ao lado do irmão José, que já estava no Seminário de Belém, na Bahia. Desse modo, na sua alma estava plantada a semente da vocação religiosa. Aos 21 anos, Antônio decidiu ingressar na Ordem Franciscana, no Rio de Janeiro. Sua educação no seminário tinha sido tão esmerada que, após um ano, recebeu as ordens sacerdotais, em 1762. Uma deferência especial do Papa Clemente XII, porque Antônio ainda não tinha completado a idade exigida. Em 1768, foi nomeado pregador e confessor do Convento das Recolhidas de Santa Teresa, ouvindo e aconselhando a todos. Entre suas penitentes, encontrou Irmã Helena Maria do Sacramento, figura que exerceu papel muito importante em sua obra posterior. Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara, em Sorocaba. Lá, permaneceu 11 meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos da construção da Casa. Nesse meio tempo, Frei Galvão recebeu diversas nomeações, até a de guardião do Convento de São Francisco, em São Paulo.

Reprodução

Com a saúde enfraquecida, recebeu autorização especial para residir no Recolhimento da Luz. Durante sua última enfermidade, Frei Galvão foi morar num pequeno quarto, ajudado pelas religiosas que lhe prestavam algum alívio e conforto. Ele faleceu com fama de

santidade em 23 de dezembro de 1822. Frei Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 25 de outubro de 1998, e canonizado em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI, na cidade de São Paulo. Fonte: www.paulinas.org.br

50

anos

ONU completa 19 anos de existência Na capa da edição do O SÃO PAULO de 25 de outubro de 1964, a notícia em destaque enaltecia os 19 anos da fundação da Organização das Nações Unidas (ONU). “[os fundadores da ONU] souberam reconhecer as premissas da paz: primeiro, compreendendo que essa paz diz respeito a todos os seres humanos indistintamente e a todos os países, do que decorre o caráter quase universal da composição das Nações Unidas; e segundo, compreendendo que a paz está condicionada ao bem-estar material de todos os homens e dai se infere o vasto campo de ati-

vidades das Nações Unidas hoje em dia no desenvolvimento econômico e social e na promoção e proteção dos direitos e das liberdades individuais”, consta no jornal. O semanário arquidiocesano também rememorou um discurso de U Thant, então secretário geral da ONU, feito no começo daquele ano, em que fez projeções sobre a paz mundial. “Olhando para o futuro, alimento a esperança de que todos possamos imbuir-nos desse espírito de tolerância. No dia em que ele vier a inspirar os atos de todos os homens e de todos os países, grandes

Capa da edição de 25 de outubro de 1964

e pequenos, poderemos preservar a diversidade no mundo e garantir a segurança das gerações vindouras”.


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| Pastorais | 7

ecumenismo e Diálogo Inter-religioso

Jovens dialogam pela paz Em dias em que a paz mundial encontra-se constantemente comprometida e a intolerância religiosa é uma triste realidade que assola a sociedade, o improvável se torna cada vez mais possível com o protagonismo da juventude. Nesse sentido, dezenas de jovens das três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo se reuniram na noite de sábado, 11, na Congregação Israelita Paulista (CIP) para o “Dialogando pela Paz”, bate-papo inter-religioso realizado pelo grupo Jovens pela Paz em parceria com a CIP. Os jovens demonstraram-se comprometidos e enraizados com a sua própria fé, mas abertos ao fiéis de outras crenças, dialogando sobre temas comuns das religiões. Para entrar no evento eles levaram brinquedos que serão doados a instituições indicadas pelas três comunidades religiosas pertencentes ao grupo de diálogo inter-religioso Jovens pela Paz. Para muitos jovens, este encontro foi o primeiro

Rudi Solon

Muçulmanos, cristãos e judeus participam do “Dialogando pela Paz” na Congregação Israelita Paulista

contato com outras denominações religiosas. Leia as impressões de alguns:

Judeus “Nós da juventude da CIP ficamos muito felizes em receber jovens cristãos e muçulmanos. A gente acredita que o diálogo é muito importante e é um caminho

Secretariado de Pastoral

Marco Regulatório que descriminaliza as entidades civis é apresentado Na manhã da segunda-feira, 13, os representantes das Pastorais que compõem a Coordenação Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da Arquidiocese, que tem Dom Milton Kenan Junior como bispo referencial reuniram-se ordinariamente na Cúria Metropolitana. Agnaldo Lima, da Caritas apresentou o Marco Regulatório, que tem como objetivo valorizar e descriminalizar as entidades civis, além de regulamentar a Lei 13.019/2014, que entrará em vigor a partir de 1/1, que regula as parcerias entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil. O grupo prestou homenagem à Dom Pedro Casaldáliga, grande defensor dos indígenas e dos mais pobres e fracos. As Pastorais presentes assinaram uma carta que será enviada a Dom Pedro. O encontro contou também com a presença do Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo e biólogo, pesquisador da PUC que apresentou um Projeto de Desenvolvimento Integrado promovido por teólogos. A coordenação se encontrará ordinariamente em 10/11. Colaborou Diego Monteiro

para a paz” - Ariel Covezi “Foi muito legal ver a perspectiva das outras religiões sobre assuntos que nós discutimos no judaísmo” - Alex Rutman “Nós falamos muito em conhecer o outro, mas este conhecer não é tão simples, é vivencial. E acho que o que estamos fazendo aqui é vivendo este diálogo e a paz que a

gente tanto quer para o mundo” Benny Ostronoff

Cristãos “Eu nunca tinha tido uma experiência tão legal de estar juntos com pessoas diferentes, mas com desejos tão voltados a Deus” - Paschoal Verga Neto “Eu acho que todos estavam

abertos ao diálogo. Eu não tive vergonha e fiz algumas perguntas. Eu acho que este é o caminho” - Priscila Pozzoli

Muçulmanos “O encontro foi muito bom e eu me senti muito bem. Isto é algo que abre o coração das pessoas. Se há algum estranhamento entre as comunidades eu acredito que isso se dissolve no momento em que as pessoas se encontram e veem que o outro não é tão diferente assim como nós achávamos” - Ahmad Shakir “Eu percebi nesse encontro um diálogo muito proveitoso. Eu consegui esclarecer várias dúvidas, tabus e desmentir algo que não representa a minha religião; assim como os judeus e os cristãos representaram muito bem cada um a sua religião e mostraram que, apesar da diferença religiosa, existe o repeito mútuo” - Shuaib El Boustani Colaborou Diego Monteiro

Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade

Estudantes da USP pedem mais unidade entre os grupos de oração Estudantes da USP se encontraram com Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, e com o padre Vandro Pisaneschi, coordenador do vicariato, na noite de sexta-feira, 10, no salão da Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, no Butantã. Cerca de dez grupos de oração existentes na USP, dos diversos movimentos, novas comunidades e demais organismos atuantes na Arquidiocese foram representados por jovens que explicaram sobre a realidade de cada grupo. Dom Carlos indagou os jovens a se manifestarem sobre como o Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade pode contribuir para o andamento das atividades dos grupos. Segundo a estudante Maria Isabel, o trabalho do vicariato junto aos grupos de oração da USP precisa estar alicerçado em três

pilares: “O voluntariado, haja vista que é algo que as pessoas gostam e não existe preconceito; um padre designado para administrar os sacramentos aqui na USP; e criar na Cidade Universitária um grupo de formação da doutrina para poder ajudar as pessoas a viver o seu apostolado”. Estudante de Direito e participante do grupo de católicos do Largo São Francisco, Pedro Toledo achou o encontro frutuoso e destacou a necessidade de se ter mais unidade entre os grupos de oração. “Essa união é fundamental para conseguirmos cumprir a nossa missão que é buscar a Deus no meio universitário”. Sobre a atuação da Igreja na universidade, Pedro acredita que a Igreja não é composta apenas por bispos e padres, mas também de fieis. “Se quisermos ver a atuação da Igreja na universidade, nós da universida-

de temos que olhar a nossa atuação na Igreja”. Melissa Tertuliano, estudante de letras, participa do grupo de oração Paulo Apóstolo e externou à reportagem o seu contentamento pelo encontro promovido pelo vicariato: “Eu fiquei muito feliz com a quantidade de pessoas que vieram ao encontro. Isso precisa sair daqui e continuar para fazermos uma formação conjunta”. E disse mais: “eu sentia necessidade em enxergar outros católicos e ver que temos força. Espero nesse primeiro momento mais unidade, que nos conhecemos e encontremos mais para, a partir daí, começarmos a nos articular enquanto Igreja dentro das universidades de uma maneira mais robusta; que possamos trazer mais estudantes e que eles não tenham medo de demonstrar que são católicos”.

serviço pastoral dos migrantes

Colaborou Diego Monteiro Luciney Martins/O SÃO PAULO

Comunidade peruana celebra o ‘Senhor dos Milagres’ No domingo, 19, a comunidade peruana se reuniu na Catedral da Sé para celebrar a tradicional festa do “Senhor dos Milagres”. A missa foi presidida pelo Cardeal Cláudio Hummes e concelebrada por dezenas de padres, entre eles o padre peruano Antonio Díaz – um dos organizadores da festa.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre destacou que a Catedral da Sé é a Igreja “mãe da Arquidiocese”, por isso celebrar com toda comunidade peruana essa festa “representa o desejo de estar em comunhão com a Arquidiocese de São Paulo e com seu pastor”. Na cidade de São Paulo são três grupos que celebram a festa

do Senhor dos Milagres – Santa Rosa de Lima, no bairro das Perdizes, Nossa Senhora da Paz – no Glicério, e Nossa Senhora da Consolação – na Consolação. O último foi convidado pelo próprio Cardeal Odilo Pedro Scherer, há cerca de cinco anos, para se reunir e celebrar o Senhor dos Milagres na Catedral.

Andor desce escadaria da Catedral


8 | Igreja em Missão |

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Destaques das Agências Nacionais

Nayá Fernandes nayafernandes@gmail.com

Seminário “Mulheres: fome, pobreza e tráfico humano” acontece em Brasília “Quem traz no peito essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida”. A música “Maria, Maria”, de Milton Nascimento foi entoada por mulheres brasileiras, francesas, espanholas e costa-riquenhas durante o I Seminário Internacional “Mulheres: fome, pobreza e tráfico humano”, que aconteceu em Brasília durante os dias 15 a 17. Promovido pela Cáritas em conjunto com Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM) e a entidade norte-americana Catholic Relief Services Brasileira, o evento reuniu mais de 150 pessoas no Centro Cultural de Brasília (CCB). O Seminário somou às discussões da Campanha Internacional: “Uma família humana: pão e justiça para

todos” também articulada pela Cáritas. O papel da mulher no combate à fome e no enfrentamento das situações de violação de direitos e cidadania, vivenciadas em todo o mundo foram o foco das discussões.

Com o símbolo do outubro rosa no peito, o Seminário Internacional aprofundou temas com mudança de mentalidade e emancipação das mulheres, mas também apontou o contexto do tráfico internacional de mulheres

para exploração sexual de comercial, as principais variáveis da migração de mulheres em escala mundial, as questões de gênero e as relações de dominação, a crise econômica mundial e o reordenamento internacional do Luciney Martins/O SÃO PAULO

trabalho e crescente indústria internacional do sexo. “Sinhá Secada”, obra do escritor mineiro Guimarães Rosa, foi representada e debatida com a ajuda de Diêgo Alves, comunicador da Cáritas Diocesana de Araçuaí, que refletiu com todos sobre mulheres vitimadas pelo machismo. Mulheres negras também apresentaram uma carta à Cáritas, solicitando a criação de um grupo de trabalho que institucionalize o combate ao racismo. Margarida Alves, Estamira Gomes, Irmã Dulce e Maria da Penha foram homenageadas como ícones da luta feminina na celebração final do Seminário. Elas, que tiveram seus rostos ornando o auditório do evento, foram lembradas por suas caminhadas, reforçando que as mulheres não estão sozinhas em seu curso. Fonte: Cáritas Brasileira

Religiosas querem uma maior inserção nos meios populares A sede da CRB Nacional, em Brasília, acolheu a coordenação da União das Superioras Gerais das Congregações Brasileiras (USG-CB) se reuniu, no dia 10, com o objetivo de preparar a Assembleia Geral Eletiva de 2015.

Na ocasião, a presidente, Irmã Cacilda Mendes Peixoto, falou sobre o tema da Assembleia, que aprofundará a necessidade de uma inserção mais intensa dos religiosos nos meios populares. “As nossas congregações tem suas sedes no

Brasil. A nossa realidade carece de uma inserção maior, sobretudo nos meios populares ou entre os pobres, aqueles que mais necessitam da nossa presença.” Sobre o Ano da Vida Consagrada, que será em 2015, conforme

Disponível para download subsídio para Dia Nacional da Juventude O Dia Nacional da Juventude (DNJ) foi celebrado neste domingo, 19, e retomou a reflexão da Campanha da Fraternidade deste ano, sobre tráfico humano, mas com foco no envolvimento de jovens. “Que nenhum jovem viva em contexto de escravidão, violência e morte! E que nossos jovens, em compromisso missionário pessoal e coletivo, sejam, cada vez mais, ‘sal e luz’ de vida e liberdade no meio de seus irmãos e irmãs”, disse bispo auxiliar de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, dom Eduardo Pinheiro da Silva.

Dioceses, paróquias e comunidades do Brasil comemoram a 29ª edição do evento, com a realização de diferentes atividades locais e nacionais. A fundamentação bíblica para o DNJ é: “Eis o que diz o Senhor: Praticai o direito e a justiça, e livrai o oprimido das mãos dos opressores” (Jr 22,3a) e o lema “Feitos para sermos livres, não escravos”. A preparação para o evento nacional tem início, primeiramente, nas dioceses, com a realização das Jornadas Diocesanas da Juventude (JDJ). A atividade reúne os jovens para vivência de encontros de formação e espi-

ritualidade, em vista do DNJ 2014. No mês de outubro, os jovens realizam as missões populares em suas comunidades e paróquias. O subsídio elaborado pela coordenação nacional traz sugestões de atividades para preparar o DNJ. São motivações como a promoção de fórum de debate sobre o tema, caminhada com jovens, Dia missionário, além de momentos celebrativos como missas, vigílias de oração, terço, meditação da Sagrada Escritura, procissão pelas ruas da cidade. Está disponível para download no site: www.cnbb.org.br. Fonte: CNBB

declarou o Papa Francisco, Irmã Cacilda afirmou que a União celebrará com a Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil (CRB). Naquele mesmo ano a USG completa cinquenta anos de fundação. Fonte: CRB Nacional

Reprodução


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Destaques das Agências Internacionais

| Igreja em Missão | 9 Felipe David

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Índia

Associação das famílias franciscanas condena violência contra mulheres Um apelo lançado pela Associação pede o fim da violência contra as mulheres na Índia: “lembrando com dor a terrível violência contra as mulheres no País, enquanto franciscanos da Índia, fazemos um apelo a todos os nossos institutos de instrução e de caridade para que se concentrem no bem es-

tar das jovens mulheres e adolescentes com ações concretas”. O documento é assinado pelo Padre A. J. Matthew, OFM, presidente da Associação. Os franciscanos estão presentes em 165 provincias, com escolas, universidades, instituições medicais e obras sociais. A violência contra as mulhe-

res no País atinge níveis intoleráveis: uma em cada cinco meninas é vítima de violência antes dos 15 anos, 91 mulheres são estupradas a cada dia e mais de 90% das mulheres sofrem um assédio sexual durante suas vidas. Fonte: Fides

áfrica

Epidemia de Ebola: número de casos dobra em um mês 10.000

Evolução do número de casos de Ebola nos últimos meses

8.000 6.000 4.000 2.000 0 30/05

4/07 Serra Leoa

8/08 Libéria

12/09

17/10 Guiné

O número de pessoas contaminadas pelo vírus Ebola aumentou em 96% entre os dias 10 de setembro e 10 de outubro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O total de casos já ultrapassa 9 mil desde o início da epidemia no começo deste ano. Mais da metade dos casos termina em morte. A OMS tem pedido repetidas vezes um maior engajamento no combate à epidemia por parte de toda a comunidade internacional. A missão salesiana em Serra Leoa abriu uma casa para acolher órfãos sobreviventes do vírus em Monrovia. O governo e outras organizações já identificaram quase mil crianças nessa situação, boa parte em quarentena ainda. Muitos ainda terão que enfrentar o preconceito e a discriminação da população local, que, às vezes, atribui sua sobrevivência ao uso de feitiçaria e magia negra, conforme sua cultura e religião tribais. Fontes: OMS/ Fides

Paquistão

Mãe de cinco filhos, cristã, pode ser enforcada por ‘ofender Maomé’ A Corte de Lahore rejeitou na quinta-feira, 16, o recurso contra a sentença de morte de Asia Bibi, cristã, mãe de cinco filhos. O caso remonta a 2009, quando Asia, trabalhadora rural, se ofereceu para buscar água para algumas de suas colegas durante um dia quente de trabalho.

Elas recusaram, dizendo que seria “impuro” aceitar água de quem não é muçulmano. Ofendida, Asia entrou em uma discussão com as outras mulheres, as quais, por sua vez, reclamaram para o clérigo muçulmano local. Este exigiu que Asia se convertesse ao Islã ou ele a

denunciaria à polícia. Ela se recusou, foi levada à polícia e sentenciada à morte por ter supostamente ofendido o profeta Maomé. Da prisão, Asia escreveu: “Não consigo mais suportar a visão de pessoas cheias de ódio, aplaudindo a execução de uma pobre trabalha-

dora rural. Não os vejo mais, mas ainda ouço a multidão que ovacionou o juiz, dizendo ‘Matem-na, matem-ne! Allahu Akbar’ (Deus é maior, em árabe)”. O caso ainda admite recurso para a Suprema Corte do País. Fontes: The Huffington Post/ CNA

Quênia

Bispos temem que vacina sirva para esterilizar mulheres A Conferência dos Bispos do Quênia tem pedido esclarecimentos sobre a atual campanha de vacinação contra o tétano, encabeçada pela OMS e pela Unicef. Teme-se que a vacina contenha o hormônio b-HCG, necessário para a gravidez. Quando aplicado a uma mulher não grávida, esse hormônio, combinado com o antitétano, provocaria a produção de anticorpos não apenas contra o tétano, mas também contra o próprio b-HCG. Assim, após a fecundação de um óvulo, o or-

ganismo da mulher destruiria o hormônio produzido, tornando-a permanentemente infértil. Segundo os bispos, o procedimento já foi utilizado no passado em países como Filipinas, Nicarágua e México. A suspeita dos bispos se baseia em alguns fatos preocupantes. Apenas as mulheres em idade fértil – de 14 a 49 anos – estão sendo visadas na campanha, mas não há nenhum indício de que haja uma crise especialmente nesse grupo. Mulheres mais novas e

homens são igualmente ameaçados pela doença, por que foram deixados de fora da campanha? Com tantas doenças potencialmente mortais no País, por que priorizar justamente o tétano? Além disso, a Igreja Católica é um ator importante na saúde do País, com 17 instituições de treinamento médico, 54 hospitais, 83 centros de tratamento e 311 outros pontos de atendimento. Os bispos questionam por que a Igreja não foi consultada e envolvida na prepara-

ção e implementação da campanha. Em declaração disponível em seu website, a Conferência afirmou que, embora apoie campanhas de vacinação honestas, “a santidade da vida e a dignidade da pessoa humana devem ser sempre prioridade nos serviços de saúde” e que, “na ausência dos devidos esclarecimentos, não hesitará em levantar questões morais em assuntos que afetem a vida humana”. Fontes: LifeSiteNews/ Conferência dos Bispos Católicos do Quênia


10 | Viver Bem |

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Boas notícias, por favor! Não é de hoje que o noticiário tem se tornado uma programação de horrores à população. Muitos meios de comunicação, para informar sobre o que está acontecendo no mundo, tornaram-se uma receita para a depressão! É verdade que precisamos estar informados, e vários acontecimentos não são tão animadores quanto desejaríamos: guerras, crimes, violência, corrupção, sem contar os desastres na natureza e acidentes... Desnecessário elencar o que já é muito conhecido. Daí a seguinte pergunta: Será que não está acontecendo nada de bom no mundo?! Será que não temos mais boas pessoas que gastam a vida em amor ao próximo? Não encontramos mais quem se esforce pela virtude, pela solidariedade e caridade? A resposta é clara: Sim! É evidente que ao lado de tantas misérias humanas, também convivemos com muitas coisas boas, com pessoas boas, com ações que dignificam o ser humano e o fazem exemplo a ser conhecido e seguido. Existem atitudes que colaboram para um mundo melhor, onde ao invés da insuperável tristeza, oferecemos a esperança por mudanças. A antiga frase que diz que “a notícia, a novela, só mostra o que está acontecendo no mundo, e não influencia tanto no comportamento das pessoas” é um erro absurdo! Não é necessária muita reflexão para perceber as transformações da so-

O sonho de uma bateria pequena e durável Vemos os dispositivos móveis, celulares e smartphones diminuírem de tamanho a cada dia. Nunca tivemos na palma da mão aparelhos que fizessem tantas coisas. Contudo, uma das coisas que não diminuíram de tamanho no mesmo ritmo foram as baterias. É provável que um terço da espessura e mais da metade do peso do seu aparelho seja por conta da bateria. E os problemas não são só em relação a tamanho e peso, mas também quanto ao processo de carga e descarga. Os aparelhos estão consumindo cada vez mais energia e a duração da bateria é sempre menor do que gostaríamos. E na hora de carregar então, quanta demora! O sonho de todos seria uma bateria que fosse muito pequena, durasse muito e que pudéssemos carregá-la rapidamente. Claramente um desafio para os pesquisadores. Mas há esperança. Estão sendo

testadas baterias utilizando novos materiais que permitem que sejam carregadas muito mais rapidamente. Uma empresa americana - Unu Eletronics - lançou este ano um recarregador portátil para celular. Segundo a fabricante, quando ligado na tomada, o dispositivo se carrega completamente em 15 minutos com carga suficiente para carregar um smartphone. Cientistas da Universidade de Cingapura (NTU) também estão testando uma bateria que carrega em três minutos, mas que ainda deve demorar a ser incorporada em nossos dispositivos. Então, por hora, a solução é manter o aparelho sempre carregado e desabilitar recursos como Wifi e Bluettoth, quando forem desnecessários. Se planejar ficar muito tempo circulando, a solução mesmo é utilizar baterias externas ou “ficar de olho” para encontrar uma tomada. Luiz Otávio Ugolini Vianna é engenheiro e Diretor de Tecnologia da MultConect.

Cuidar da saúde

Tecnologia

Comportamento

Sergio Ricciuto Conte

ciedade mediante o que ela se “alimenta” todos os dias. Será tão difícil acreditar que permanecer assistindo a uma programação positiva, que fomente a alegria e os bons costumes, os bons exemplos, forma melhor o cidadão do que se este ficar assistindo por dez vezes seguidas o assassinato de uma mãe de família no centro da cidade, ou revelar como os ladrões conseguiram milhões e escaparam ilesos... Sem dúvida é muito mais importante conhecermos pelo noticiário pessoas que edificam a humanidade, iniciando pelo esforço promovido no comportamento de amor no convívio familiar, de pais com filhos e entre irmãos, do que saber da morte de dezenas de pessoas por um louco do outro lado do planeta. Dar mais atenção ao que se assiste passivamente em casa a título de se estar “bem informado” é dever dos pais. Não vivemos numa bolha isolada de todos, mas não precisamos viver nos “contaminando” até que a intoxicação se torne irreversível. Enganam-se os que pensam que isso só compromete a boa formação das crianças. Adultos também são influenciados. E hoje não podemos deixar de mencionar a população de idosos, que passa a maior parte de seu tempo em frente a uma TV. Um filme de horrores à noite é pedir pesadelos ao deitar. Assistir a catástrofes continuamente é o caminho do pânico por tudo... Promover a toda a família momentos de lazer diante de uma boa programação, que favoreçam a formação; mudar o canal, quando o assunto insiste na violência descontrolada; filtrar o conteúdo pernicioso da exploração sexual mediante uma orientação adequada, são alguns exemplos que advertem da importância do papel dos pais como responsáveis principais na educação. Dr. Valdir Reginato é médico de família, professor da Escola Paulista de Medicina e terapeuta familiar.

Trombose venosa profunda Trombose venosa profunda é uma doença causada pela formação de coágulos, conhecida como trombos que obstruem parcial ou totalmente o fluxo de sangue. Sua complicação mais frequente e fatal é a embolia pulmonar. Seus sintomas são dor de moderada a forte intensidade nas pernas, edema (inchaço) e eritema (vermelhidão). Suas causas mais frequentes são: imobilização (sedentarismo, viagens prolongadas, hemiplegia), cirurgia de grande porte, pacientes em tratamento com quimioterapia, uso de anticoncepcionais, gravidez e idades acima de 40 anos. O diagnóstico pode ser feito com um exame físico detalhado e confirmado

com ultrassom. Como prevenção, recomenda-se a atividade física e a movimentação ativa e passiva (em pacientes que são acamados e ou restritos), deambulação precoce e o uso de meias elásticas com a compressão adequada. Como tratamento, existem medicações orais e injetáveis que evitam a formação de novos coágulos e para os já existentes promovem sua reabsorção. Alguns casos requerem intervenção cirúrgica. Quanto mais precoce for diagnosticado a trombose e introduzido o tratamento, maior a possibilidade de reverter o quadro e evitar suas complicações e sequelas. Dra. Cássia Regina é médica na Estratégia de Saúde da Família (PSF)

ERRAMOS Devido a um erro de digitação, na capa da edição 3023, informamos erroneamente que o Papa Paulo IV seria proclamado beato. A informação

correta, como constou na página 11 da mesma edição, é que o Papa Paulo VI seria proclamado beato em 19 de outubro.


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| Reportagem | 11

‘Corajoso cristão, incansável apóstolo’ Na conclusão do Sínodo dos Bispos, Papa Francisco beatifica Paulo VI, pontífice que liderou a Igreja entre 1963 e 1978

uma palavra tão simples, sincera e importante: Obrigado! Obrigado, nosso caro e amado Papa Paulo VI! Obrigado por seu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!”, declarou, na homilia. Francisco atribuiu a ele um grande

sofra alguma coisa pela Igreja, e fique claro que Ele, e não outro, a guia e a salva.” Segundo Francisco, “enquanto se formava uma sociedade secularizada e hostil, Paulo VI soube conduzir com sabedoria voltada para o futuro – e às vezes na solidão – o timão da L’Osservatore Romano

FILIPE DOMINGUES

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Revela-se a imagem do recém-beatificado Papa Paulo VI na praça de São Pedro, no Vaticano. Após a fórmula da beatificação dita pelo Papa Francisco, o novo “bem-aventurado” surge à multidão em uma foto grande, que pende da sacada central da basílica. Paulo VI aparece em pé, sorrindo e de braços abertos, gesto que na iconografia cristã representa a intercessão. Gesto, também, que muitos fazem ao serem acolhidos pelas massas, o que pode levar a crer que Paulo VI era um grande arrebatador de multidões. Não era. O chamado “papa do diálogo” era um homem sério e tímido. Discreto, sofreu por muito tempo em silêncio com problemas de saúde. Mas, em um mundo cada vez mais adverso à religião, entre 1963 e 1978, ouvia e estimulava diferentes vozes dentro e fora da Igreja. Falava pouco, mas escrevia muito. Abriu as portas para o diálogo com outros cristãos e outras religiões. Criticou o modo cruel como o mundo vinha se desenvolvendo. Organizou a discussão sobre o valor da vida humana. Seu pontificado ocorreu entre o de João XXIII, o “papa bom”, e o de João Paulo I, o “papa sorriso”, dois comunicadores muito populares. Mas foi por meio de seus ouvidos, seus textos e suas fortes decisões que Paulo VI conseguiu transformar a Igreja. O Papa Francisco, buscando reverter a ideia de que o legado de Paulo VI não havia ainda sido reconhecido pela Igreja, aceitou beatificá-lo no dia 19 de outubro, na missa de conclusão do Sínodo dos Bispos sobre o tema da família. “Sobre este grande Papa, este corajoso cristão, este incansável apóstolo, diante de Deus hoje só podemos dizer

exemplo de humildade e recordou o texto do diário de Paulo VI, no qual diz: “Talvez o Senhor tenha me chamado a este serviço não tanto porque eu tenha qualquer atitude, ou para que eu governe e salve a Igreja de suas presentes dificuldades, mas para que eu

barca de Pedro, sem perder nunca a alegria e a confiança no Senhor”.

Repercussão Quando foi eleito papa, o então Cardeal Giovani Battista Montini, arcebispo de Mi-

lão, escolheu para si o nome do “apóstolo missionário”. Segundo afirmou o Cardeal Roger Etchegaray à agência Catholic News Agency, Paulo VI era “um papa que parecia ser tímido, discreto, mas que, ao mesmo tempo, tinha esse zelo missionário”. “Se eu tivesse que resumir Paulo VI em dois adjetivos, diria que ele foi místico e profético”, afirmou. “Ele foi considerado um papa frio, mas foi realmente um místico. Aprofundar sua espiritualidade faria tão bem a qualquer um.” De acordo com o escritor David Gibson, em artigo para a Religion News Service, são quatro as principais características do legado de Paulo VI: a primeira, “reformador”, por ter promovido a colegialidade entre os bispos, a internacionalização da administração da Igreja e, mais do que isso, ter liderado grande parte do Concílio Vaticano II. A segunda, “um papa evangelizador”, pela essencial encíclica Evangelii Nuntiandi, de forte teor pastoral. A terceira, “um papa peregrino”, por ter sido o primeiro papa da era moderna a ter viajado para fora da Itália: visitou a Ásia, a África e a América Latina. E, quarta, ele foi um “construtor de pontes”, buscando sempre promover a unidade da Igreja e o “diálogo com o mundo”. O biógrafo Russel Shaw, membro da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, disse à agência Aleteia que Paulo VI governou a Igreja durante um período muito duro. Os anos após o Concílio Vaticano II, que foi de 1962 a 1965, foram marcados por uma forte divisão ideológica. Discutiase a questão dos métodos contraceptivos (que resultou na encíclica Humanae Vitae) e, em âmbito administrativo, viu-se várias pessoas deixarem a vida religiosa. “O vírus da dissidência se espalhou rapidamente e, com apoio da mídia, logo se impregnou”, contou Shaw. O “papa do diálogo” foi injustamente acusado por isso, pois, segundo Shaw, a divisão já existia antes dele. “Será que sua santidade foi construída e testada durante sua última e difícil década?” Com a beatificação, afirma o escritor, “aqueles que admiraram Paulo VI agora dizem: ‘Até que enfim, ele está recebendo o que merece’”.

Um dom de amor à Igreja Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Em 27 novembro de 1970, o Papa Paulo VI sofreu uma tentativa de assassinato no Aeroporto Internacional de Manila, nas Filipinas. A vestimenta manchada com o sangue do Pontífice naquela ocasião foi a relíquia apresentada aos fiéis na celebração em que foi beatificado no domingo, 19, no Vaticano. O SÃO PAULO apresenta outros episódios e curiosidades sobre a vida do novo beato.

Pioneiro Entre 4 e 6 de janeiro de 1964, Paulo VI se tornou o primeiro sucessor de Pedro

a visitar a Terra Santa, onde, num gesto de paz e busca de unidade, se encontrou com o patriarca Atenágoras, líder da Igreja Ortodoxa Grega. Aquela também foi a primeira vez que um papa viajou de avião. Ele ainda faria outras visitas apostólicas internacionais, passando pelos cinco continentes. Paulo VI também foi o primeiro papa a discursar na ONU, em 4 de outubro de 1965. Na oportunidade, o Papa disse que “fazemos também nossa a voz dos pobres, dos deserdados, dos infelizes, dos que aspiram à justiça, à dignidade de viver, à liberdade, ao bem-estar e ao progresso” e fez um apelo pela paz mundial. “Basta recordar que o sangue de milhões de homens, os sofrimentos espantosos e inumeráveis,

os inúteis massacres e as aterradoras ruínas sancionam o pacto que vos une, num juramento que deve mudar a história futura do mundo: nunca mais a guerra, nunca mais a guerra. É a paz, a paz que deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade”.

Testemunho do Cardeal Ratzinger Quatro dias após a morte de Paulo VI, o Cardeal Joseph Ratzinger, então arcebispo de Munique – anos depois Papa Bento XVI – em uma missa, enalteceu o Pontífice. “Paulo VI se deixou conduzir cada vez mais, ali onde humanamente, por si mesmo, não quereria ir... cada vez mais, o pontificado teve significado para ele deixar-se estar ligado ao outro e ser amarrado na cruz”.

Pedidos para a humanidade Pouco antes de morrer, Paulo VI manifestou: “Rogo ao Senhor que dê a graça de fazer da minha morte próxima, um dom de amor para a Igreja”, e em seu testamento fez pedidos à humanidade. “Sobre o Concílio: cuide-se de levá-lo à boa execução e proveja-se para realizá-lo fielmente as prescrições. Sobre o ecumenismo: continue-se a obra de nos aproximarmos dos irmãos separados, com muita compreensão, muita paciência e grande amor; mas sem nos afastarmos da verdadeira doutrina católica. Sobre o mundo: não se julgue que é ajudá-lo ao adotar seus pensamentos, costumes e gostos, mas sim ao conhecê-lo, amá-lo e servi-lo”. (Colaborou Francisco Borba Ribeiro).


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POR DENTRO REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

O relatório preliminar da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, divulgado pela sala de imprensa do Vaticano, no dia 11, gerou dúvidas, especulações e perplexidades dentro e fora da Igreja. Matérias publicadas em diversos meios trataram o que era apenas um instrumento de trabalho e rascunho de relatório sobre o quanto foi dito, como documento conclusivo do Sínodo, além de oferecerem a falsa impressão de que as questões relacionadas à admissão à comunhão dos “divorciados recasados” e às uniões civis entre pessoas do mesmo sexo estiveram no centro dos debates dos padres sinodais. No dia 18, foi divulgado o relatório editado e com modificações realizadas nos trabalhos dos círculos menores, que agora servirá de instrumento de trabalho para ser discutido e refletido em todas as dioceses e conferências episcopais do mundo, até outubro de 2015, quando ocorrerá, entre os dias 4 e 25, a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma, com o tema “A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo”, dando continuidade à assembleia extraordinária realizada este ano. O SÃO PAULO publicará, em três edições, os principais trechos do Relatório do Sínodo da 3ª Assembleia Geral dos Bispos,

seguido de comentário do Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e padre sinodal (leia ao lado). Nesta edição, apresentamos trechos

da primeira parte do relatório intitulado “A escuta: o contexto e os desafios sobre a família”, em que o relatório captura o diagnóstico dos principais problemas que afe-

tam a família. A subdivisão temática é de autoria da redação e coloca em evidência os assuntos tratados, seguido da citação de trechos do relatório. L’Osservatore Romano

No encerramento da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, Papa Francisco posa para foto com leigos participantes e padres sinodais

Relatio Synodi da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos: “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”. Parte I A escuta: o contexto e os desafios sobre a família Contexto sóciocultural Individualismo e crise de fé “É preciso considerar o crescente perigo representado por um individualismo exasperado que desvirtua as relações familiares e termina por considerar cada componente da família como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os próprios desejos assumidos como um absoluto. A esse fator, junta-se a crise de fé que afetou tantos católicos e que, frequentemente, está na raiz da crise dos matrimônios e da família” (N.5) Solidão, falta de emprego e impostos altos “Uma das maiores pobrezas da cultura atual é solidão, fruto da ausência de Deus na vida das pessoas e das fragilidades das relações” (N.6) “Existe uma sensação geral de impotência em relação à realidade socioeconômica que, muitas vezes, termina por esmagar as famílias. Assim é com a crescente pobreza e precariedade trabalhista, vividos como um pesadelo, ou por razão de impostos muito pesados que certamente não encorajam os jovens ao Matrimônio” (N.6)

“Frequentemente, as famílias se sentem abandonadas pelo desinteresse ou pouca atenção por parte das instituições. As consequências negativas do ponto de vista da organização social são evidentes: da crise demográfica às dificuldades educativas, do desânimo em acolher a vida nascente à sentir a presença de idosos como um fardo, até a propagação de uma deságio afetivo que termina em violência”. (N.6) “É responsabilidade do Estado criar as condições legislativas e de trabalho para garantir o futuro dos jovens e ajudá-los a realizar o seu projeto de fundar uma família”. (N. 6) Poligamia, matrimônios combinados, matrimônios mistos e de disparidade de culto “Existem contextos culturais e religiosos que impõem desafios particulares. Em algumas sociedades, existem ainda a prática da poligamia e em alguns contextos, tradicionais o costume do ‘matrimônio por etapas’. Em outros contextos permanece a prática dos matrimônios combinados. Nos países em que a presença da Igreja Católica é minoritária, são numerosos os matrimônios mistos e de disparidade de culto com todas as dificuldades que comportam no que diz respeito à ordem jurídica, ao Batismo, à educação dos filhos e ao respeito recíproco do ponto de vista da diversidade da fé. Nesses matrimônios, pode existir o perigo do

relativismo ou da indiferença, mas pode haver também a possibilidade de favorecer o espírito ecumênico e o diálogo inter-religioso”. (N.7) Crianças em novos contextos familiares “Muitas são as crianças que nascem fora do Matrimônio (...) e muitas são aquelas que crescem com apenas um dos pais ou em um contexto familiar alargado ou reconstituído. O número de divórcios é crescente e não é raro o caso de escolhas determinadas unicamente por fatores de ordem econômica. As crianças, muitas vezes, são objetos de disputa entre os pais e os filhos são as verdadeiras vítimas das dilacerações familiares”. (N.8) A dignidade da mulher “A dignidade da mulher tem ainda necessidade de ser defendida e promovida. Hoje, de fato, em muitos contextos, o ser mulher é objeto de discriminação e o dom da maternidade é mais penalizado do que apresentado como um valor. Não se pode esquecer os crescentes fenômenos de violência das quais as mulheres são vítimas, infelizmente mesmo ao interno da família e a grave e difundida mutilação genital da mulher em algumas culturas”. (N.8) Exploração sexual infantil “A exploração sexual da infância constitui, pois, uma das realidades

mais escandalosas e perversas da sociedade atual”. (N.8) Violência: guerras, terrorismo e crime organizado “Também nas sociedades afligidas pela violência, a causa da guerra, do terrorismo ou da presença do crime organizado vem de situações familiares deterioradas, sobretudo nas grandes metrópoles e em suas periferias crescem o fenômeno das crianças de rua” (N.8) A Relevância da vida afetiva Maturidade emocional e desenvolvimento afetivo “O perigo individualista e o risco de viver em chave egoísta são relevantes. O desafio da Igreja é de ajudar os casais na maturação da dimensão emocional e no desenvolvimento afetivo através da promoção do diálogo, das virtudes e da confiança no amor misericordioso de Deus. O compromisso pleno exigido no Matrimônio cristão pode ser um forte antídoto à tentação de um individualismo egoísta” (N.9) Afetividade narcisista, instável e volúvel “No mundo atual, não faltam tendências culturais que parecem impor uma afetividade sem limites da qual se deseja explorar todas as vertentes, até mesmo aquelas mais complexas. De fato, a questão da

fragilidade afetiva é de grande atualidade: uma afetividade narcisista, instável e mutável que não ajuda as pessoas a atingir uma maior maturidade”. (N.10) Pornografia e internet “Preocupa uma certa difusão da pornografia e da comercialização do corpo, favorecida pelo uso distorcido da internet e seja denunciada a situação daquelas pessoas que são obrigadas a praticar a prostituição. Nesse contexto, os casais são inseguros, existentes e custam a encontrar modos para crescer. Muitos são os que tendem a permanecer nos estágios primários da vida emocional e sexual.” (N.10) O desafio pastoral Repropor os valores do Matrimônio “A Igreja percebe a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança. É necessário mover-se a partir da convicção de que o homem vem de Deus e que, portanto, uma reflexão capaz de repropor as grandes questões sobre o significado de ser humano, possa encontrar um terreno fértil nas esperanças mais profundas da humanidade. Os grandes valores do Matrimônio e da família cristã correspondem à busca que perpassa a existência humana mesmo em um tempo marcado pelo individualismo e pelo hedonismo.” (N.11)


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DO SíNODO

Síntese final do Sínodo da Família (I) L’Osservatore Romano

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

Cardeal Scherer participa do Sínodo em Roma

Na introdução do texto de síntese da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, sobre “os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”, já aparece o desejo do Papa Francisco de que os participantes da Assembleia compartilhassem suas reflexões com franqueza e liberdade; e assim aconteceu até o final dos trabalhos, num clima sereno e fraterno. Por outro lado, também já fica claro que a assembleia sinodal não tomaria nenhuma decisão, sendo de caráter consultivo, e que as reflexões seriam articuladas, depois, com a preparação da Assembleia Ordinária do Sínodo, em outubro de 2015, cujo tema será: “vocação e missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo”. Assim, que ninguém sinta frustrações, se o Sínodo não tomou “decisões” nem modificou isso ou aquilo... O texto de síntese final está organizado em três partes, que correspondem aos passos do método ver-julgar-agir. A primeira parte trata do contexto sociocultural, econômico e pastoral em que se encontra a família atualmente. Embora se leia que o Sínodo olhou para “as luzes e sombras” que envolvem hoje a família, de fato, porém, o texto se ocupa bem mais das sombras do que das luzes. Isso é compreensível, se tivermos em conta que o tema da assembleia sinodal era “os desafios pastorais da família”... No mundo, o rosto da família apresenta uma variedade muito grande, de acordo

com as diversas culturas e as condições sociais, políticas, econômicas e religiosas. Mas há alguns traços comuns, que tento expor brevemente. 1. A família é uma realidade no mundo inteiro e não acabou, apesar dos muitos problemas e desafios. Continua o desejo de formar família, que está inscrito na natureza humana. Ela continua sendo a última reserva do que há de mais genuinamente humano e de verdadeira solidariedade, mesmo quando ao redor todas as seguranças entram em falência. 2. A família, quase em toda parte, está em crise; encontra-se fragilizada e até abandonada a si mesma, por vários fatores. 3. A pressão exacerbada de fatores econômicos e da cultura marcada pelo individualismo cria dificuldades enormes para a vivência de valores essenciais ao casamento e à família. 4. As instituições “casamento” e “família”, sobretudo nos povos de cultura ocidental, tiveram forte perda de apreço; isso manifesta-se na pouca duração dos casamentos formalizados, na legislação cada vez mais inconsistente no tocante à família e ao casamento, nas muitas uniões livres e sem formalização alguma; aumenta o número dos “singles”, que não constituem família. 5. A procriação tem pouco apreço e a natalidade caiu drasticamente; uma porcentagem significativa das crianças nascem sem uma família constituída que as acolha e dê amparo. 6. A afetividade humana, muitas vezes, é vivida de maneira narcisista e egocên-

trica, sem o estabelecimento de vínculos estáveis e profundos, ou num projeto de vida comum, como é o casamento e a família. 7. Está em expansão o fenômeno da expressão homossexual da afetividade, estimulado por uma crescente “cultura gay” e pela ideologia de gênero. Esse fenômeno, presente sobretudo nos povos de cultura ocidental, também está em expansão entre povos de cultura mais tradicional, como na África e na Ásia. 8. Observa-se uma grave confusão antropológica na cultura contemporânea, que tem efeitos profundos e desorientadores em relação ao casamento e à família. 9. A crise da família no âmbito cristão e religioso está relacionada também à perda da fé e do sentido sobrenatural da vida. A realidade da família e do casamento aparecem amplamente relegadas ao âmbito da vida privada; em tal situação, cada um se arranja como pode e como gosta. Tem-se a impressão de um campo abandonado e não mais cultivado, no qual qualquer um entra para ceifar ou pegar, e onde todo tipo de erva pode crescer à vontade... Mas a Igreja continua a afirmar que a família é obra de Deus e quer cultivar esse campo e a preservá-lo de explorações indevidas, para que continue a dar frutos bons, como é de sua natureza. De fato, a família é um bem para a pessoa e para a sociedade; pela família passa o bem da humanidade inteira, e da Igreja, em boa parte, também.

Padres sinodais falam à Igreja, em especial às famílias L’Osservatore Romano

Fernando Geronazzo

Especial para O SÃO PAULO

Em sua mensagem final, publicada sábado, 18, os padres sinodais manifestaram sua proximidade com as famílias do mundo. “Manifestamos a nossa admiração e gratidão pelo testemunho cotidiano que vocês oferecem a nós e ao mundo com a sua fidelidade, fé, esperança e amor”. Os bispos também lembraram que as respostas ao questionário enviado às dioceses do mundo em preparação para a assembleia permitiram-lhes “escutar a voz de tantas experiências familiares”. “O nosso diálogo nos dias do Sínodo nos enriqueceu reciprocamente, ajudando-nos a olhar toda a realidade viva e complexa em que as famílias vivem”. Dentre os desafios abordados, os padres sinodais citaram o “da fidelidade no amor conjugal, do enfraquecimento da fé e dos valores, do individualismo, do empobrecimento das relações, do estresse, de um alvoroço que ignora a reflexão, que também marcam a vida familiar”. Também foi lembrado o “cansaço da própria existência”. “Pensemos ao sofri-

Bispos às famílias: ‘Manifestamos admiração e gratidão pelo testemunho que vocês nos oferecem’

mento que pode aparecer em um filho portador de deficiência, em uma doença grave, na degeneração neurológica da velhice, na morte de uma pessoa querida”. Os padres sinodais chamaram a atenção para as “dificuldades econômicas causadas por sistemas perversos” e citaram casos como o do “pai ou da mãe desempregados,

impotentes diante das necessidades também primárias de suas famílias, e aos jovens que se encontram diante de dias vazios e sem expectativas, e que podem tornar-se presa dos desvios na droga e na criminalidade”. Recordaram, ainda, a multidão de famílias pobres, perseguidas e “atingidas pela brutalidade das guerras e das opressões”.

“Cristo quis que a sua Igreja fosse uma casa com a porta sempre aberta na acolhida, sem excluir ninguém”, reforçaram os participantes do Sínodo. Por outro lado, os padres sinodais destacaram a “luz” do testemunho das muitas famílias em meio a todas essas dificuldades e reconheceram que durante o caminho, “que, às vezes, é um percurso instável, com cansaços e caídas”, se tem sempre a presença e o acompanhamento de Deus, e acrescentaram que “a família se apresenta como autêntica Igreja doméstica, que se alarga à família das famílias que é a comunidade eclesial. Os cônjuges cristãos são, pois, chamados a tornarem-se mestres na fé e no amor também para os jovens casais”. “Nós, padres sinodais, vos pedimos para caminhar conosco em direção ao próximo Sínodo. Em vocês se confirma a presença da família de Jesus, Maria e José na sua modesta casa”, conclui a mensagem, invocando a intercessão da Sagrada Família de Nazaré. Leia a íntegra da mensagem no site da Arquidiocese de São Paulo (www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/ sinodo2014).


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Uma Igreja em estado permanente de missão Coleta do último domingo é destinada para a manutenção de projetos das Pontifícias Obras Missionárias Edcarlos Bispo edbsant@gmail.com

Em outubro, a Igreja volta o seu olhar, de forma mais cuidadosa, para as Missões. Viver o mês missionário, é lembrar que a “missão faz parte da natureza e identidade da Igreja e por isso é permanente. Deve acontecer todos os dias do ano e não apenas no mês de outubro. O objetivo é despertar a consciência, a vida e as vocações missionárias, bem como, no Dia Mundial das Missões, realizar uma coleta mundial para o sustento das atividades de promoção humana e de evangelização em todos os continentes”, afirma o subsídio da Campanha Missionária deste ano. A coleta do mês missionário é realizada sempre no 3º domingo do mês de outubro e no mundo todo é destinada para as Pontifícias Obras Missionárias (POM). No Brasil, de acordo com os dados da POM, publicados na Revista SIM – (Serviço de Informação Missionária), na campanha de 2013 foram arrecadados mais de R$ 8 milhões (veja os valores dos anos anteriores na tabela). Os valores são divididos e enviados para a manutenção de obras em Roma e no Brasil – Obra da Propagação da Fé, Obra de São Pedro Apóstolo, Obra da Infância Missionária, Sede Nacional das POM, Animação Missionária no Brasil (veja ao lado).

Fonte: Revista SIM

Regional/Ano CM/2009 CM/2010 CM/2011 CM/2012 CM/2013 Norte 1 172.281,91 111.831,85 133.816,95 111.362,95 149.273,56 Norte 2 96.212,08 117.337,59 174.061,01 174.825,60 202.569,49 Norte 3 - - - - 39.804,41 Nordeste 1 143.227,50 210.390,64 219.231,30 228.518,34 253.440,50 Nordeste 2 216.592,71 272.901,99 351.133,79 376.724,72 329.493,80 Nordeste 3 204.969,53 230.151,60 270.835,23 311.209,02 358.799,84 Nordeste 4 74.959,81 93.932,07 79.736,01 93.272,30 129.180,15 Nordeste 5 80.456,97 98.529,33 103.148,88 123.168,73 143.364,28 Leste 1 461.097,00 596.195,32 605.521,66 646.665,67 693.060,46 Leste 2 976.298,05 1.284.646,44 1.339.695,76 1.468.115,36 1.453.005,11 Sul 1 1.470.432,01 2.188.201,22 2.138.117,85 2.165.946,95 2.243.022,41 Sul 2 677.565,35 890.109,28 971.973,86 963.415,56 1.043.033,71 Sul 3 210.196,40 305.864,68 331.923,98 347.727,87 380.197,35 Sul 4 253.302,62 427.252,53 419.984,33 429.459,16 492.407,07 Centro-Oeste 351.944,63 425.133,53 444.804,14 480.357,15 421.566,68 Oeste 1 91.885,57 126.916,91 127.108,33 135.054,10 157.122,07 Oeste 2 116.194,55 147.362,74 153.628,26 159.047,59 151.897,87 Noroeste 105.482,57 156.846,42 145.581,18 142.308,65 141.757,07 TOTAL 5.703.099,26 7.683.604,14 8.010.302,52 8.357.179,72 8.782.995,83

Na Arquidiocese de São Paulo, somente no ano passado, foram repassados para as POM mais R$ 300 mil. Na missa do domingo, 19, o arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio Hummes, destacou que a missão “significa levar a alegria do Evangelho ao mundo. Jesus Cristo é uma alegria para nós, Deus é uma alegria para nós”.

Missão na Amazônia Ao final da celebração, Dom Cláudio conversou com a reportagem do O SÃO PAULO e destacou que “há um trabalho imenso para ser feito na Amazônia”. Presidente da Comissão para a Amazônia, o Arcebispo Emérito afirmou que é preciso que haja uma “igreja com rosto

amazônico”, como pede o próprio Papa. Os trabalhos, de acordo com o Cardeal ajudam para que as pessoas daquela região sejam protagonistas de seu desenvolvimento. De acordo com ele, a Igreja defende “que o povo de lá tem que ter uma participação maior”, principalmente no que se refere aos projetos sociais e de desenvolvimento, sejam estes desenvolvidos pelo poder público ou por empresas privadas. Sobre os recursos financeiros, Dom Claudio contou que anualmente a comissão recebe uma ajuda do Papa Francisco e que essa prática já era realizada pelo Papa Bento XVI. Porém, é preciso que haja um incentivo para um aumento, tanto de missionários como de recurso.

Destinação dos recursos

1. Obra da Propagação da Fé (Roma): Para projetos de Catequese, evangelização, estruturas diocesanas, comunidades religiosas, obras apostólicas e sociais, meios de comunicação social, veículos ..................................................... R$ 4.918.477,66 2. Obra de São Pedro Apóstolo (Roma): Para projetos de formação e manutenção de seminaristas maiores e menores, construção, reforma de seminários e casas de formação para a vida Religiosa masculina e feminina ......................R$ 1.124.223,47 3. Obra da Infância Missionária (Roma): Para projetos materiais e de formação catequética, manutenção de creches, alimentação, educação e saúde de crianças de zero a 14 anos ...... R$ 983.695,53 4. Campanha Missionária: Reembolso de despesas com impressos gráficos, logística em transporte e mão de obra .............. R$ 526.979,75 5. Sede Nacional das POM: Para manutenção com móveis e imóveis, côngruas, salários, encargos sociais e obrigações tributárias, serviços de animação missionária, doações, viagens, serviços e taxas bancárias, alimentação, limpeza, água, luz, telefone, internet, publicações das Obras Missionárias e outros materiais de animação (SIM, globos, terços, CD’s) ................ R$ 878.299,58 6. Animação Missionária no Brasil: Projetos do Comina e dos Comires, via CNBB, Brasília (DF), em abril de 2014 ...... R$ 175.659,92 Centro Cultural Missionário (CCM), Brasília (DF), em abril de 2014 ........................ R$ 175.659,92

Madre Assunta Marchetti será beatificada sábado, 25, na Catedral Nayá Fernandes

nayafernandes@gmail.com

“Numa noite chuvosa chegaram à casa onde Madre Assunta Marchetti morava, algumas pessoas com os sapatos sujos de barro. Ela as fez trocar os sapatos, e sentou-se à mesa com elas para a comida. Depois de alguns minutos, desapareceu. Logo a encontraram limpando e lustrando os sapatos das visitas.” A história, contada pela Provincial das Missionárias Scalabrinianas no Brasil, Irmã Sandra Pinheiro, ajuda a compreender a simplicidade vivida pela Madre e a “delicadeza extrema no trato para com as pessoas”, como expressou a Religiosa. Para ela, é a capacidade de comunicação não verbal do amor que ela mais admira em Madre Assunta, que será beatificada no sábado, 25, às 10h, na Catedral da Sé. A Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas – tem como foco de sua missão o trabalho junto aos migrantes. Cada vez mais presente nos debates sociais e religiosos, sobretudo no Brasil, tem crescido o número de imigrantes

e refugiados que vêm buscar oportunidades de trabalho e vida no País. Madre Assunta veio para o Brasil cuidar dos filhos dos imigrantes dos navios e, segundo Irmã Sandra, ela foi sempre bondosa e prestativa para com todos. “O serviço aos irmãos foi vivido com prazer e alegria. Ela é, para nós, a mãe dos órfãos, companheira dos migrantes e excluídos, porque atendia a todos com dedicação total, levando sempre palavras de ânimo, conforto e esperança”. Irmã Sandra destacou também a luta pela defesa da dignidade de todos aqueles que eram obrigados a deixar sua terra por questões econômicas, de guerra e tantas outras situações que ameaçam e desterram pessoas. “Hoje, colocada como modelo de testemunho com sua beatificação, Madre Assunta nos convida a assumir suas atitudes em relação aos migrantes”, ressaltou. Para a beatificação, virão muitos peregrinos da Itália, especificamente de Camaiore, onde nasceu e viveu Madre Assunta até seus 24 anos de vida. “Mas também, teremos presença de pessoas do Paraguai, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México, Albânia, África do Sul, Moçambique, Argentina,

Bélgica, Alemanha e de diversos estados do Brasil”, explicou Irmã Sandra.

As Irmãs Scalabrinianas Presentes em 27 países do mundo, e também aqui no Brasil, as Missionárias Scalabrinianas buscam acolher os migrantes em sua diversidade, valorizá-los como protagonistas de comunhão entre os povos, assumindo as diversas pastorais que favorecem a assistência religiosa, social e cultural dos migrantes, por meio da educação e do trabalho pastoral. Preparação para a beatificação A Provincial das Missionárias Scalabrinianas explicou que as irmãs e os leigos estão se preparando com intensidade para a beatificação. “Estamos vivendo celebrações nas comunidades onde estamos inseridas, novena e tríduo em grupos de famílias, bem como a articulação com os meios de comunicação, um evento cultural com a apresentação da ‘Opereta de Madre Assunta Marchetti’ e a inauguração da ‘Casa Madre Assunta’, na Vila Prudente (rua do Orfanato, 883)”, disse Irmã Sandra.

Programação Geral

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Às 19h, Vigília de Oração na Igreja Nossa Senhora da Paz (rua do Glicério, 225, centro) Às 14h, inauguração do Monumento Madre Assunta (praça Carlos Siqueira Neto) Às 16h, Inauguração do Memorial Madre Assunta Marchetti (Vila Prudente) Às 19h, Vigília de Oração na Paróquia São Carlos Borromeu (Vila Prudente) Às 10h, Cerimônia de Beatificação na Catedral da Sé Às 16h, Momento Cultural no Colégio João XXIII (Vila Prudente) Às 8h, Missa em ação de graças na Basílica Nacional (Aparecida) Às 10h30, Encerramento festivo no Centro de Eventos (Aparecida)


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Sílvio Medeiros

Obras blasfemas da Bienal não são artísticas Arquivo pessoal

Roberto Zanin

mocrático a disposição de todos, e os cristãos, que não são cidadãos de segunda-categoria, também precisam aprender a usar sua própria voz.

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O diretor de arte e publicitário Sílvio Medeiros, profissional premiado com vários Leões de Ouro em Cannes, tem a convicção que as obras que vilipendiam a fé cristã em exposição na Bienal de SP não são artísticas, mas se aproximam mais de peças publicitárias apelativas. Ao O SÃO PAULO, Medeiros fala também sobre ética na propaganda e da participação dos cristãos na esfera pública.

O SÃO PAULO - O uso de elementos artísticos na publicidade é uma das principais características do seu trabalho. Como você define o substantivo “Arte”? Sílvio Medeiros - Eu definiria arte como uma busca de redenção humana, partindo do que a realidade tem de caótico, fragmentado e imperfeito, harmonizando-a aos ideais de perfeição encontrados na ordem, na unidade, na verdade, na bondade e na beleza.

A atual Bienal de Artes de São Paulo chocou os cristãos com algumas obras que afrontam a fé das pessoas, como uma imagem da Virgem Maria coberta de baratas e Cristo retratado como transexual. Isso pode ser considerado arte? Há quem o faça, especialmente dentro das escolas de arte-moderna, em que o culto à destruição do padrão estético clássico é mais forte. Para mim, como muitas obras aclamadas nas últimas décadas, soam a clichê, cinismo e apelação. São incapazes de criar empatia com o homem comum por sua distância da realidade. Acabam apenas sobrevivendo fora do pequeno círculo de galeristas, artistas e colecionadores quando geram escândalo, ganhando assim ampla coberta da imprensa. Por isso, estão muito mais próximos de peças publicitárias do que de arte. Dispensando as difíceis técnicas dos antigos mestres, possuem por consequência pouco valor intrínseco e dependem quase exclusivamente de um valor extrínseco que a mídia oferece como poucos. Ninguém capitaliza melhor o escândalo do que a arte moderna. O curador associado da Bienal, Benjamin Seroussi, disse que o objetivo dessas provocações é causar reflexão, já que a religião está cada vez mais presente nos dias de hoje e quer influir na política. A inclusão dessas obras na exposição trata-se de uma reação ao fato de os cristãos estarem saindo da sacristia e propondo suas ideias à sociedade?

Nem fazendo muito esforço é possível encontrar desejo de reflexão nessas peças. Essa resposta é um truque semântico e faz parte de uma estratégia maior de enquadrar o grupo de pessoas ofendidas à categoria de inimigos da liberdade e da tolerância. Só pessoas intolerantes são contra a reflexão. Mas desde quando vilipendiar uma imagem de culto é um ato de ponderação? Essas mensagens são desenhadas precisamente para violentar simbolicamente os cristãos e gerar publicidade gratuita em cima de sua natural indignação, e assim elevar os preços dessas peças no subjetivo mercado da arte. É um negócio rentável, fácil e covarde, e isso explica porque nunca “provocam reflexões”, vilipendiando a religião islâmica, em que o risco é ilimitado. Acusar o Cristianismo de ser “intolerante” ao mesmo tempo em que se ofendem cristãos e se vive numa sociedade cristã é muita contradição.

Por que a arte e a publicidade usam elementos religiosos dessa forma provocativa? Para aumentar lembrança e memorabilidade dessas criações. Quando a ética é reduzida ao puro pragmatismo, tudo vale. Se a Igreja se sente afrontada e fica quieta, é vista como omissa. Se reage, é tida como intolerante. Como ela deve agir nesse cenário? A Igreja poderia se envolver mais com o campo artístico como já o fez. Uma ideia seria a criação de fundações de apoio formativo e mesmo financeiro, às inúmeras pessoas que desejariam devotar suas vidas para o campo artís-

tico, mas que acabam abandonando o projeto por falta de escolha. Além disso, vivemos numa democracia, sob o império das leis, e todas as vezes que uma instituição se sente desrespeitada, tem o dever de reclamar seus direitos. Se não o faz, passará a mensagem de que o desrespeito foi comedido e de que está pronta para suportar ofensas maiores. Além disso, deve informar sobre os telhados a respeito da rasteira estratégia de marketing por trás dessas mostras, pois a ignorância artística fomenta esse espetáculo triste.

Você é um estudioso da opinião pública. Nesse âmbito, qual a melhor forma para expor os ideais cristãos? É preciso falar aos corações e ao intelecto, mas sabendo que vivemos numa sociedade fragmentada, com grupos e linguagens distintas entre si, em que a quantidade de ruído é imensa. Partir das premissas do bem comum e ir avançando com clareza, sem perder a identidade própria e tampouco sem esquecer com quem se fala, me parece a maneira mais positiva de se expor. E sempre, é claro, respeitando a liberdade alheia. Ao redor do mundo e no Brasil, vemos o advento de ações de opinião pública como o CitizenGO, em que, através da Internet, o cristão pode encaminhar reivindicações a empresas e governos que têm práticas contrárias à liberdade religiosa, à família, à vida? Como vê essas iniciativas? Vejo com bons olhos, pois são, na realidade, as ferramentas do jogo de-

Quais os resultados a médio e longo prazo de se atacar a religião na arte e na publicidade? A questão é complexa e precisamos ter sempre o cuidado de diferenciar manifestações justas de mero discurso de ódio e ideologia e o que se pretende de fato comunicar com tais peças. É fundamental compreender o grau de justiça contida em cada posicionamento contrário à religião antes de tecer julgamentos pré-formatados, mas, em geral, quando o ataque injustificado à fé alheia se torna banal, a tendência é que os ataques passem da esfera simbólica para a esfera verbal e, depois, para a esfera física, como se verificou em muitos casos na história. A propaganda nazista, que foi uma utilização da arte e da comunicação estatal com a finalidade de minar o imaginário coletivo acerca da dignidade dos judeus, se iniciou décadas antes do holocausto. Nenhuma grande mudança na sociedade se inicia sem antes ser germinada na esfera simbólica da arte e depois na esfera verbal da literatura. Quando esses valores se tornam parte do imaginário coletivo, o passo seguinte é concretizar as ideias previamente aceitas. Alguns segmentos de produtos, como é o caso das cervejas, sempre utilizam a mulher como objeto em seus comerciais. Por quê? A cerveja é um produto que depende muito da percepção da sua marca, e no Brasil, especialmente nos anos 90 e 2000, algumas marcas entenderam que o momento de beber cerveja era um momento de prazer, e que, portanto, o uso do erotismo fazia sentido. Mas essa linha também virou clichê e hoje existe uma forte tendência em mudar os enfoques dessas campanhas para associá-las mais a momentos de celebração e festa. O que deve fazer o consumidor que se sentir afrontado por algum comercial? Pode acionar o CONAR e pedir uma investigação ou mesmo a retirada de uma campanha do ar. Pode também organizar abaixo-assinados, boicotes e tudo o que o Estado de Direito permite. Você atua em alguma causa de forma voluntária? Ajudo no Instituto Brasileiro da Família, voltado para o desenvolvimento das famílias, desde o noivado até a fase de educação dos filhos. Vale a pena conhecer esse trabalho: http://portalibf. org.br


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Felipe David osaopaulo@uol.com.br

Cinema

Quando estudamos história, seja na escola ou na faculdade, somos frequentemente guiados por professores e autores que seguem uma “meta-história” muito simplista. Trata-se de uma tentativa de explicar tudo o que acontece por um único ou alguns poucos princípios universalmente válidos. Esse princío permitiria entender tudo o que acontece e de prever o que acontecerá no futuro. No Brasil, a “meta-história” mais influente é a marxista. Um exemplo é o livro clássico do historiador americano Leo Huberman, A História da Riqueza do Homem, utilizado nos cursos de história de várias escolas particulares no Brasil há algumas gerações. Com efeito, segundo o pensamento marxista, como se lê no início do primeiro capítulo do Manifesto do Partido Comunista, “a história de toda a sociedade até aqui é a história da luta de classes”. Um único princípio que permite explicar tudo e prever o futuro que, segundo Marx, culminaria com a revolução comunista. A idéia de generalizar e criar leis da história é tentadora porque nos dá a ilusão de entender toda a história humana com um mínimo de esforço. Por isso, são importantes as obras dos autores que não cometem esse erro e que o denunciam, como é o caso de Christopher Dawson (1889-1970), historiador católico inglês. Dois de seus principais livros, “A Formação da Cristandade” e “A Divisão da Cristandade”, estão sendo editados pela É Realizações, com data de lançamento prevista para esta semana, dia 22. A primeira “delineia o nascimento do

Idênticos

Nesta semana estreia nos cinemas o filme “Idênticos”. Trata-se de um drama musical que começa em 1936. William e Helen Hemsley formam um jovem casal lutando para sobreviver em uma pequena cidade no sul dos EUA. Inesperadamente,

Dica de Leitura

História de verdade

A vida interior simplificada e reconduzida ao seu fundamento Neste clássico da espiritualidade cristã, o leitor encontrará a grandeza da fé exposta com grande profundidade doutrinal e com as suas lógicas consequências para a vida espiritual. No entanto, não se trata de uma obra abstrata ou teórica. Pelo contrário: este livro toca o fundo da alma e desperta a vontade de tornar vida o que foi lido, de percorrer com a ajuda de Deus o itinerário da santificação cristã. FICHA TÉCNICA Editora: Cultor de livros Autor: François de Sales Pollien, Joseph Tissot 478 Páginas

mundo cristão desde as raízes judaicas e helenísticas até o colapso da cristandade medieval” e a segunda “proporciona um painel magistral dos fatores que levaram a uma das maiores rupturas da história ocidental – propulsora de mudanças sociais, culturais e políticas –, cujas consequências ainda hoje vemos entre nós” (descritivo dos livros). Para quem quer ir além dos clichês ideológicos dominantes na cultura de hoje e tentar entender realmente alguma coisa, a empreitada vale a pena.

Helen dá à luz gêmeos idênticos e eles se dão conta que não terão condições de criar os dois filhos. Então decidem dar um dos filhos a um casal estéril: um jovem pastor evangélico, Reece, e sua mulher, Louise. Com o passar dos anos, o garoto se trans-

forma em um homem com uma incrível habilidade musical e começa a se questionar sobre sua vocação, ao mesmo tempo em que seu passado escondido começa a se chocar com o seu mundo atual. Fonte: MovieGuide.org


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Seleção brasileira 100 dias após o vexame Rafael Ribeiro/CBF

O técnico mudou, as vitórias voltaram, mas as reformas extracampo ainda não aconteceram Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

Renovar o futebol brasileiro foi a retórica mais utilizada por analistas esportivos, treinadores e dirigentes após a vexatória derrota da seleção por 7 a 1 para a Alemanha, nas semifinais da Copa do Mundo 2014. Na quinta-feira, 16, passaram-se cem dias do “Mineiraço” ou “Mineiratzen” como ficou conhecida aquela partida de 8 de julho no Estádio do Mineirão. Desde então, Dunga voltou a ser técnico da seleção, que venceu os quatro jogos disputados contra Colômbia, Equador, Japão e a Argentina. Especialmente após a vitória de 2 a 0 contra “os hermanos”, a comissão técnica tem tratado como fato passado a campanha decepcionante no Mundial. “Acho que a forma como a equipe vem jogando, a postura e a maneira como os jogadores tem se imposto, é aquilo que o torcedor queria ver. Não fiz parte do trabalho da Copa do Mundo, logicamente é uma marca que fica, mas é passado”, afirmou Dunga, em coletiva de imprensa na última semana.

Vitorioso em quatro jogos, técnico Dunga orienta jogadores durante preparação para amistosos da seleção brasileira

Olhando o futuro com uma solução do passado Dias antes de seu primeiro jogo no retorno à seleção, Dunga, que foi técnico entre 2006 e 2010, relativizou a campanha do Brasil no Mundial. “Não é porque houve aquelas duas derrotas [Alemanha e Holanda] que temos de achar que está tudo errado. Temos de partir de uma base e os jogadores que continuaram na seleção merecem estar aqui”. Dos 23 atletas que participaram da Copa 2014, 11 foram convocados para as partidas diante da Colômbia e Equador. Já para os jogos contra Japão e Argentina, a lista de remanescentes caiu para oito. Dunga promoveu o

retorno de atletas experientes, como Kaká e Robinho, deu chance a novatos, como Phillipe Coutinho, e abriu oportunidades para outros anteriormente testados na seleção, como Diego Tardelli, que marcou os dois gols no jogo contra a Argentina. “Os jogadores que têm sido convocados são bons nomes, mas eles chegam já com a obrigação de fazer parte desse esquema montado pelo Dunga, e não acho que eles têm muita liberdade, tanto dentro quanto fora de campo”, opinou, ao O SÃO PAULO, o jornalista Arthur Franco Kleiber, 29, do Portal UOL. Para ele, nada de significativo foi feito para reformular o futebol brasileiro. “Foi

contratado um treinador com ideias atrasadas, de comportamento discutível, com o objetivo de ‘colocar ordem na casa’. A CBF não mudou absolutamente nada, seja em relação ao Campeonato Brasileiro, à organização do futebol nacional, no tratamento dado à seleção”, completou.

Seleção olímpica e categorias de base Integrar os trabalhos da seleção principal com as categorias de base também tem sido um discurso recorrente na CBF. Amistosos com as seleções Sub 21 e Sub 23 – que formarão a base da seleção olímpica de 2016 - têm acontecido com maior frequência,

Confederação Brasileira de Desportos Auáticos

Campeões Mundiais

No sábado, 18, em Hong Kong, os brasileiros Allan do Carmo, 25, e Ana Marcela Cunha, 22, tornaramse campeões da temporada 2014 da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas, no percurso de 10 quilômetros. O título de Alan no masculino foi inédito para o País, já Ana Marcela alcançou o tricampeonato (venceu também em 2010 e 2012) mundial feminino, sendo a primeira esportista a obter medalhas em todas as etapas disputadas em uma temporada.

mas isso aumentou a reclamação dos clubes que cedem atletas à seleção, pois nas datas desses jogos também há partidas dos campeonatos nacionais. A CBF tem tentado aproximação com a categoria de base dos clubes. No começo de outubro, por exemplo, antes do jogo da seleção Sub 23 contra a Bolívia, em Cuiabá (MT), o treinador Alexandre Gallo, coordenador das categorias de base da CBF, palestrou a técnicos da base de clubes do Mato Grosso. “Buscamos passar nossa experiência para os representantes dos clubes locais, mas também aprender com eles. É uma troca de informações, em que quem ganha é o futebol brasileiro”, declarou. A CBF também diz ter uma proposta de unificação da preparação física das seleções de base com os clubes. Na avaliação de José Astolphi, 84, que por 41 anos foi responsável pelo Campeonato Paulista de Futebol Dente de Leite, investir nas categorias de base não é missão apenas da CBF, mas também do Estado. “Antigamente, na final estadual do Dente de Leite, times de 35 regiões jogavam numa cidade, mas tudo isso foi diminuindo com o tempo. Antigamente, uma criança jogava 30, 40 partidas por ano. Hoje só há um trabalho feito no particular, campeonatos em que os times pagam para jogar”, lamentou. “O investimento tem que ser no desporto escolar”, enfatizou à reportagem.

AGENDA ESPORTIVA Quarta-feira (22) 19h30 – Paulista Feminino de Vôlei Pinheiros x São Bernardo (Ginásio do Pinheiros - Rua Hans Nobling, s/n° Jardim Europa). Sábado (25) 16h20 – Brasileirão de Futebol Palmeiras x Corinthians (Pacaembu) Segunda-feira (27) 20h30 – Brasileirão de Futebol São Paulo x Goiás (Morumbi)


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Brasilândia

Renata Moraes

Colaboradora de Comunicação da Região

Projeto regional vai viabilizar implantação de propostas para 2015 Juçara Terezinha Zottis

Com Dom Milton Kenan Júnior, lideranças regionais participam de reunião do CRP

O Conselho Regional de Pastoral (CRP) reuniu-se no sábado, 11, no salão da Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã, e fez encaminha-

mentos sobre o processo de planejamento de 2015. As quatro propostas assumidas na Assembleia Regional em 20 de

setembro - Família, Iniciação Cristã, Juventude e Formação - foram objetos de reflexão. Após um longo debate, os temas Família e Formação foram as duas propostas indicadas para serem apresentadas pela Região na Assembleia Arquidiocesana, em novembro. O Conselho assumiu o compromisso de elaborar um projeto regional contemplando as quatro propostas. Para isso, será criada uma equipe com padres, leigos e diáconos para pensar a metodologia e as dicas pastorais para implementação das propostas. Outros comentários como a uni-

Na Igreja, São Judas Tadeu nos convida a lutar pela Fé’ Localizada no bairro de Vila Miriam, em Pirituba, a paróquia que traz como padroeiro um dos apóstolos de Jesus, o santo das causas impossíveis, São Judas Tadeu, está em festa desde o domingo, 19, com o início da novena em honra ao seu padroeiro. Com o tema “Na Igreja, São Judas Tadeu nos convida a lutar pela Fé”, durante nove dias, os fiéis devotos participarão das celebrações a ser presididas por diferentes padres e bispos convidados. Na noite do domingo, 19, a missa teve como temática “Oferecendo a Deus o verdadeiro louvor”, e foi presidida pelo Padre Jaime Izidoro de Sena, atual pároco. Na terça-feira, 21, o presidente da

celebração foi o bispo emérito de Blumenau (SC), Dom Angélico Sândalo Bernardino; e no domingo, 26, acontecerá a missa presidida por Dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. O encerramento da festa em honra ao padroeiro será na terça-feira, 28, Dia de São Judas Tadeu, quando haverá sete missas, sendo a primeira às 7h, presidida pelo Padre Alécio Ferreira, pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, do Setor Jaraguá, além de celebrações às 9h, 11h, 14h, 16h, 18h, e a missa solene de encerramento, seguida de procissão, às 20h, que será presidida pelo Padre Jaime Izidoro de Sena.

dade regional, o compromisso com a proposta, o material e a metodologia a ser adotada foram apontados para serem retomados no próximo ano. Em 2015, o tema da Campanha da Fraternidade convocará a Igreja a olhar para as questões sociais. Para aprofundar o tema e motivar as lideranças sobre a temática, a Região Brasilândia iniciou a organização do processo, constituindo uma equipe regional. A próxima reunião do CRP acontecerá em 26 de novembro, às 9h, na Paróquia Santos Apóstolos (avenida Itaberaba, 3.907, Itaberaba). Dicler de Abreu


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Padre Antonio Francisco Ribeiro e Benigno Naveira Colaborador de comunicação da Região

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Lapa

No dia de Santa Teresa D’Ávila, a ação de graças é também pelos professores Na quarta-feira, 15, na Vila Antônio, a Comunidade Santa Teresa D’Ávila, da Paróquia São José Operário, Setor Rio Pequeno, festejou o dia de sua padroeira. A Pastoral da Comunicação da Região Lapa acompanhou a celebração eucarística, presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, Dom Julio Endi Akamine, e concelebrada pelo Padre Raimundo Ribeiro Martins, pároco. A missa, além de tratar do dia da padroeira, foi pelo Dia do Professor. Santa Teresa D’Ávila é padroeira dos professores, e assim, a celebração homenageou assim todos que trabalham na educação.

Dom Julio, na homilia, refletiu sobre o mistério do Evangelho do dia, em que Jesus fala “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai o agricultor”. O Bispo lembrou, ainda, que Santa Teresa D’Ávila era uma mulher mística, mulher de oração. Sempre em união com Jesus Cristo, tem uma transformação de mudança em sua vida e de sua comunidade carmelita, deixando uma herança espiritual, que ainda é atual para os dias de hoje. Antes da bênção final, Padre Raimundo agradeceu a presença de Dom Julio, da comunidade e pediu uma salva de palmas a Santa Teresa D’Ávila e aos professores.

Benigno Naveira

Dom Julio preside celebração em comunidade dedicada a Santa Teresa D’ Ávila, dia 15

Reconciliação: sacramento da misericórdia de Deus Aconteceu na terça-feira, 14, na sede da Cúria da Lapa, a reunião do clero para refletir sobre o Diretório dos Sacramentos da Arquidiocese de São Paulo. O convidado para orientar a reflexão foi o Padre Denilson Gerardo, professor de Direito Canônico da PUC-SP e do Instituto Teológico Pio XI (Unisal). O tema escolhido foi o sacramento da Reconciliação. Padre Denilson explicou que a Reconciliação é o sacramento da misericórdia de Deus e que misericórdia é um dado da revelação, lugar onde se realiza o encontro pascal e se faz experiência de amor do Ressuscitado. O também chamado de sacramento da

conversão, da penitência, da confissão e do perdão, envolve a remissão de pecados perante um padre (presbítero) ou bispo, que neste momento

atua em nome de Cristo, e o recebimento do perdão divino das faltas confessadas e de uma penitência (reparação de danos causados pelo pecado).

O sacramento da Reconciliação é necessário porque a nova vida da graça, recebida no Batismo, não suprime a fragilidade da natureza huPadre Antônio Francisco Ribeiro

Reunião do clero, com a participação de Dom Julio Akamine, trata sobre sacramento da Reconciliação

mana, nem a inclinação para o pecado, isto é, a concupiscência. Cristo instituiu esse sacramento para a conversão dos batizados que pelo pecado se afastam de Deus. Resumidamente, a penitência desempenha a função de perdoar os pecados do fiel, que, assim, alcança a absolvição ou o perdão de Deus. O perdão, como disse o Papa Francisco na audiência de 19 de fevereiro, não é fruto dos esforços próprios, mas é um presente, um dom do Espírito Santo, que enche a cada pessoa com a misericórdia e a graça que surge incessantemente do coração aberto de Cristo crucificado e ressuscitado.

Paróquia São Patrício forma Brigada de Incêndio Na sexta-feira, 17, a reportagem da Pastoral da Comunicação da Região acompanhou, na Paróquia São Patrício, no Setor Rio Pequeno, a realização do curso de

Prevenção e Combate a Incêndios, que foi ministrado pelo técnico de segurança do trabalho, Arnaldo de Jesus Alves. Participaram 15 agenBenigno Naveira

Leigos da São Patrício têm formação sobre combate a incêndios

tes de pastoral, formando a Brigada de Incêndio. Eles tiveram noções básicas sobre a teoria do fogo; classes de incêndios; métodos de extinção de incêndios com o manejo do extintor: com Água Pressurizada, com Gás Carbônico, Pó Químico Seco ou P.Q.S; sistemas de proteção hidrantes; abrigos e o manejo com as mangueiras; rotas de fuga; ponto de encontro; central de alarmes e primeiros socorros. A Brigada de Incêndio trata-se de um trabalho voluntário formado por funcionários ou integrantes de uma instituição, devidamen-

te treinados para atuarem na prevenção e em situações iniciais de emergência. Tem por objetivo executar ações de prevenção e, na eventualidade de um sinistro, colabora na evacuação, controle de pânico e combate de princípios de incêndios. O aspecto legal da Brigada de Incêndio consta na lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977; na Portaria nº 3.214, de 8 de julho de 1978; na Norma Regulamentadora nº 23; no Decreto Estadual 460/01 – Instrução técnica nº 17 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo e na Circular 006/92, da Su-

perintendência de Seguros Privados (SUSEP). Determina-se que todas as empresas devem possuir pessoas treinadas em evacuação da edificação por ocasião de incêndios ou qualquer outra situação de sinistro, bem como conhecimento sobre a operacionalidade dos equipamentos de combate a incêndio.

AGENDA REGIONAL Quarta-feira (22), 20h Catequese do bispo Dom Julio Endi Akamine, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa (rua Nossa Senhora da Lapa, 298, Lapa).


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Santana

Diácono Francisco Gonçalves

Colaborador de comunicação da Região

Em assembleia, Pastoral da Criança reelege coordenadora regional Site da Região Santana

Arlete Agostinho, reeleita coordenadora, em missa ao lado de Dom Sergio

AGENDA REGIONAL Sábado (25), das 8h30 às 11h30 Encontro da Cáritas com Setores Casa Verde e Imirim, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Imirim (avenida Imirim, 1.410). Sábado (1º), das 8h30 às 12h30 Encontro da Cáritas com pastorais sociais e entidades, no Centro de Formação Pastoral Santo Frei Galvão (avenida Mal. Eurico Gaspar Dutra, 1853). Inscrições preferencialmente até o dia 24, com nome completo, pastoral que participa, paróquia e o setor a que pertence, pelo e-mail caritas. resa@bol.com.br.

Visando a eleição de coordenador na Região Santana e a prestação de contas dos últimos 12 meses da atual coordenação, a Pastoral da Criança realizou, nos dias 11 e 12, na Cúria regional, sua assembleia eletiva. Participaram os coordenadores das 37 paróquias onde a Pastoral da Criança está presente. O evento também contou com a presença de Aparecida Gonçalves de Jesus, coordenadora da Pastoral na Arquidiocese de São Paulo. A assembleia iniciou-se com celebração eucarística, presidida Dom Sergio de Deus Borges, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e concelebrada pelo Padre Geremias Gomes dos Santos, assessor eclesiástico da Pastoral da Criança na Região. A celebração contou com a participação da equipe de canto da Paróquia Nossa Senhora da Anunciação. “No decorrer da assembleia, tivemos pa-

lestras sobre a ‘Importância do Brincar na 1ª Infância’, com a assessoria de Marilena Flores Martins, da IPA - Associação Brasileira pelo Direito de Brincar; Acompanhamento Nutricional, com assessoria de Tereza Anunciata Carvalho dos Santos, multiplicadora de hortas caseiras e alimentação saudável da Pastoral da Criança; Saúde e Higiene Bucal, com Elani Tokuho Kuroiwa, multiplicadora da Ação Saúde e Higiene Bucal da Pastoral da Criança; Conselho Tutelar, com assessoria de Alexandre Marciano, da Pastoral do Menor”, relatou Arlete Della Coletta Agostinho, que foi reeleita em votação e empossada como coordenadora por Dom Sergio para um mandado até 28 de fevereiro de 2017. A Pastoral da Criança, além da formação sobre sua atividade, promoveu, no dia 12, com assessoria do Padre Antonio Lima da Silva, da Paróquia São Roque, um momento de “Espiritualidade Mariana”.

Um momento para refletir o canto e a música litúrgica A Pastoral para a Liturgia da Região Santana promoveu, no dia 11, na Cúria de Santana, o encontro de formação em canto e música na liturgia, com a assessoria de Márcio de Almeida, da Comissão Episcopal de Liturgia da CNBB, para agentes de liturgia das paróquias. O encontro iniciou-se com a oração do Ofício Divino. Em seguida, os agentes estudaram a “Carta aos agentes de música litúrgica no Brasil” da CNBB, de 2008. Todos foram convidados refletir sobre os documentos nº 10 da Sacrosanctum Concilium e nº 35 da Sacramentum Caritatis. Os participantes perceberam alguns aspectos que contribuem para a grandeza

do mistério celebrado: a importância da letra na música litúrgica; a participação da assembleia no canto; cuidado com o volume dos instrumentos e microfones; cultivar uma espiritualidade litúrgica. Outro texto refletido no encontro foi o documento nº 79 da CNBB “A música litúrgica no Brasil”. Nele foram vistos pontos importantes: por exemplo, uma razão teológica, pois celebrar a ação de Deus na vida das pessoas através do canto litúrgico expressa de modo eminente a natureza própria da ação sacramental da Igreja. Por outro lado, existe uma razão cristológica: celebrar o mistério Pascal do Senhor. O canto litúrgico brota do fato que fundamen-

ta a fé cristã: o Mistério Pascal do Senhor. Ocorre também uma razão pneumatológica: cantar no Espírito, pois a oração cristã que tem sua expressão mais suave, mais bela e mais envolvente no canto litúrgico, não é somente oração para Deus, mas em Deus. Enfim, foi refletido que existe uma razão eclesiológica: cantar em comunidade, pois o cantoéatividadeessencialmentecomunitária. “Tudo isso foi sendo acolhido com significativa participação de todos, que foram convidados a realizar um laboratório prático com as orientações do assessor”, disse Padre Roberto Lacerda, que juntamente com Padre Everaldo Ribeiro, coordena a Liturgia da Região.

Fernando Geronazzo

Colaborador de comunicação na Região

Com relíquia de Santa Teresa D´Ávila, fiéis festejam a padroeira Fernando Geronazzo

Colaborador de Comunicação na Região

Santa Teresa de Jesus no bairro do Itaim

A Paróquia Santa Teresa, no Itaim Bibi, celebrou a festa de sua padroeira, mística e doutora da Igreja, na quarta-feira, 15. A missa solene foi presidida por Dom Milton Kenan Júnior, bispo auxiliar da Arquidiocese, e concelebrada pelos frades da Ordem do Carmo, responsáveis pela Paróquia. No dia 18, a Paróquia também acolheu a relíquia da Padroeira, que peregrina pelo mundo nas comemorações dos 500 anos de nas-

cimento de Teresa D’Ávila, como também é conhecida. Trata-se do bastão que acompanhou a Santa, como objeto de seu uso, durante suas inúmeras fundações em toda a Espanha. Além das celebrações, a Paróquia realizou mais uma edição da Festa dos Povos, que faz parte do calendário oficial de festas do município de São Paulo, com 17 barracas temáticas que oferecem comidas típicas de vários países e regiões, como também artesanatos, brincadeiras e shows. A renda da festa foi destinada para atividades sociais da Paróquia.

Relíquia em Higienópolis O Bastão de Santa Teresa de Jesus também foi acolhido pelos frades Carmelitas Descalços e fiéis na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Higienópolis, no domingo, 19, seguindo para o Rio de Janeiro. Nascida em 28 de março de 1515, Teresa foi responsável pela reforma da milenar Ordem Carmelitana, dando origem aos Carmelitas Descalços, e por isso é tida como fundadora desse ramo da Ordem juntamente com o também espanhol São João da Cruz.


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Ipiranga

Francisco David, Gustavo Rosendo e Priscila Nuzzi Colaboradores de comunicação da Região

Carmelo do Jabaquara recebe relíquia de Santa Teresa D’Ávila No sábado, 18, as monjas carmelitas descalças do Carmelo de Santa Teresa, no Jabaquara, acolheram a relíquia de Santa Teresa D’Ávila, Doutora da Igreja e fundadora da Ordem dos Carmelitas Descalços, junto com São João da Cruz. O cajado recebido em peregrinação no convento marca o início das comemorações dos 500 anos do nascimento da Santa, que foi a primeira mulher proclamada Doutora da Igreja. A peregrinação com a relíquia saída de Ávila, na Espanha, berço de Santa Teresa, no dia 15 de outubro, chegou ao Brasil no dia 16. Após uma passagem pelo Carmelo de Santa Teresa, em Aparecida (SP), a relíquia foi

recebida em São Paulo. A missa solene foi presidida pelo Padre Jean Marie Laurier, do Instituto Notre Dame de Vie, na França e concelebrada por outros 15 padres, que participaram da celebração eucarísitca, além de religiosos e religiosas carmelitas de diversas localidades, e religiosos dos Arautos do Evangelho. Frei Cleber da Trindade, provincial da Província de São José, citou a carta do padre geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, Frei Savério Canistra. “Não podemos, apenas, conhecer, admirar ou venerar Teresa, mas precisamos imitar Teresa de Jesus nos dias de hoje em nossa sociedade, e imitá-la não é viver como ela nos mol-

Gustavo Rosendo

No Jabaquara, monjas e sacerdotes acolhem relíquia de Santa Teresa D’Ávila no sábado, 18

des do seu tempo, mas sim ter a força, a coragem e a audácia que ela nos inspira a ter para sermos bons cristãos”.

Após a missa, a relíquia foi acolhida em uma cerimônia reservada a monjas e sacerdotes.

20 mil pessoas na festa de Santa Edwiges Na quinta-feira, 16, a Paróquiasantuário Santa Edwiges, que fica na zona sul de São Paulo, celebrou a festa da “Padroeira dos Endividados”. Cerca de 20 mil fiéis participaram das celebrações, que aconteceram de hora em hora. Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal da Região Ipiranga, presidiu a missa das 15h, conhecida com a

“Missa dos Desempregados”, da qual cerca de 1.200 pessoas participaram. Na homilia, Dom José Roberto falou sobre a solidariedade. “Todos nós precisamos da ajuda dos outros. A solidariedade é uma lei universal. Basta lembrar que um par de mãos me tirou do útero de minha mãe ao nascer; outro par de mãos trocou minhas fraldas, me alimentou; ainda outro par de mãos me ensinou a ler e escrever. Hoje, outros

pares de mãos cultivam minha comida, entregam minha correspondência, coletam meu lixo. Um par de mãos cuidará de mim na velhice; e, por fim, outro par de mãos me levará de volta à terra quando eu morrer. Sem solidariedade não se vive!” A Paróquia Santa Edwiges foi fundada em 21 de abril de 1960, pelo então arcebispo de São Paulo, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta.

Em 1983, foi construído o atual templo. Em 18 de abril de 1997, o Cardeal Paulo Evaristo elevou a Paróquia à santuário, e no dia 6 de dezembro de 1998, Dom Antonio Celso de Queiroz, então bispo auxiliar de São Paulo, proferiu a consagração da Paróquia. No ano 2000, a Paróquia-santuário foi indicada para as peregrinações do ano Santo da Redenção, recebendo as insígnias dos 500 anos de evangelização das Américas.

Devoção a São Judas Tadeu atravessa gerações Até 26 de outubro, a Paróquia-santuário São Judas Tadeu realiza a novena preparatória à Festa do Padroeiro, com o tema: “Com São Judas Tadeu, oremos pelas Famílias!”. As celebrações da novena serão em dois horários: às 15h e às 19h30, na igreja nova. No ano em que Padre Zezinho (SCJ) celebra 50 anos de evangelização, o Santuário propõe como reflexão da novena e da festa sua canção “Oração pela Família”. Na Missa campal solene, às 20h, do dia 28, Padre Zezinho estará presente. Essa celebração será presidida pelo arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e concelebrada por Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga, e pelos padres da Paróquia-santuário.

História na capital paulista Fundada em 25 de Janeiro de 1940, a Paróquia São Judas Tadeu foi declarada santuário em 18 de Novembro de 1997, pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo. Há duas igrejas, lado a lado, na Avenida Jabaquara, 2.682, próximas à estação São Judas do Metrô. A “igreja antiga” destina-se ao culto do apósto-

lo e mártir São Judas Tadeu, com a imagem colocada bem visível no nicho maior, no alto do altar. Trata-se da primeira e única imagem da devoção ao santo apóstolo. A outra, conhecida como “igreja nova”, teve construção iniciada em 1963, usada provisoriamente em 1964 e terminada em 1980, se impõe por enorme crucifixo (11 metros em madeira) na parede frontal, rodeado por 12 colunas que recordam o colégio dos 12 apóstolos. O Santuário é intensamente procurado não só em outubro, mas no dia 28 de cada mês, quando é grande o número de devotos que recorrem ao Santuário, para participar das missas, realizar confissões e receber a bênção de Deus com a relíquia, pedindo e agradecendo a intercessão de São Judas Tadeu. Na relíquia há um pedaço do osso do fêmur do Apóstolo. Mais informações da Paróquia-santuário São Judas Tadeu podem ser obtidas pelos telefones (11) 35045700 ou 5072-9928 ou pelo site www.saojudas.org.br.

Arquivo Paróquia-santuário São Judas Tadeu

Ao longo das décadas, devotos de São Judas Tadeu vão às ruas para manifestação da fé Divulgação


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Assembleia das Igrejas acontece em Itaici Regional Sul 1 da CNBB

Diácono José Carlos Pascoal e Renato Papis

ESPECIAis PARA O SÃO PAULO, em Indaiatuba (SP)

A 36ª edição da Assembleia das Igrejas do Regional Sul 1 da CNBB levou ao Centro de Espiritualidade Inaciana (CEI), em Indaiatuba, Itaici (SP), entre os dias 17 e 19, cerca de 200 pessoas, entre bispos, coordenadores diocesanos de pastoral, párocos, leigos e leigas delegados de coordenação diocesana de pastoral, e outros interessados na partilha de vivências. À luz do tema “Vocação e missão dos cristãos leigos numa paróquia missionária”, a Assembleia refletiu e partilhou experiências de uma “Igreja em saída”, na expressão do Papa Francisco. Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto e vice-presidente do Regional Sul 1 da CNBB, presidiu a celebração de abertura. Na sequência, o Bispo acolheu os participantes e justificou a ausência do presidente do Regional, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, que estava no Vaticano participando da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos. Os trabalhos foram coordenados pelo secretário do Regional, Dom Tarcisio Scaramussa, bispo coadjutor de Santos. O tema da Assembleia foi apresenta-

200 pessoas participam da 36ª edição da Assembleia das Igrejas do Sul 1, entre os dias 17 e 19

do por Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar de São Paulo, que interagiu com a assembleia usando a alegoria de um rio, desde a nascente até a sua foz, para que a reflexão do tema sobre o laicato também tivesse uma caminhada do nascedouro (documentos da Igreja) até sua realização. O segundo dia de atividades teve como destaque os debates e reflexões sobre o tex-

to apresentado no primeiro dia por Dom Julio. Além disso, divididos em grupos, os participantes refletiram sobre os documentos Lumen Gentium, Apostolicam Actuositatem, Christifideles Laici, “Documento de Aparecida”, Evangelii Gaudium, “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – Doc. 94”, “Comunidade de Comunidade: uma nova paróquia

– Doc. 100”, e “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade – Doc. de Estudos 107”, direcionados à vocação e missão dos leigos na Igreja. A experiência pessoal com Jesus, a conversão pessoal e paroquial, a formação de líderes e a comunhão pastoral foram mais destacados nos grupos e na plenária. Com a presença de Dom Roque Paloschi, bispo de Roraima, a assembleia estreitou laços com o Regional Norte 1 da CNBB. Durante a noite do sábado, 18, acontece um momento Missionário Mariano, dirigido por Dom Roque, durante o qual houve a reza do Terço Missionário. O Bispo partilhou experiências da Missão e Evangelização na Amazônia e do Projeto Sul 1/Norte 1, que envia presbíteros e missionários religiosos e leigos para auxiliar na missão e no trabalho pastoral de paróquias no Regional Norte 1. No domingo, 19, último dia da Assembleia, Dom Julio Akamine fez a síntese das pistas de ação pastoral. Ele salientou que “a síntese não é um resumo, e sim para mostrar as relações entre as propostas, pois dá uma visão do conjunto. Não tem a preocupação quantitativa, de definir quantas sugestões há em cada linha de ação, mas uma projeção correta para aplicação”.


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E então, vamos falar das propostas? Edcarlos Bispo e Nayá Fernandes osaopaulo@uol.com.br

O domingo, 26, está cada dia mais próximo e com ele, a decisão do segundo turno das eleições presidenciais. Os candidatos têm veiculado, nas campanhas e nos debates eleitorais, muitas informações que podem

ajudar ou confundir os eleitores. E se ao invés de perguntar aos eleitores a intenção de voto, as pesquisas questionassem quais são as propostas do candidato, qual seria o resultado? Conhecer essas propostas é essencial para que a população possa acompanhar e também cobrar mudanças a partir do que cada candidato projetou para o País. O SÃO

PAULO preparou um resumo das propostas de Aécio Neves e Dilma Rousseff nos eixos da saúde, educação, segurança e economia. O resumo foi retirado do conteúdo disponível no site oficial dos candidatos e quem desejar pode ler os projetos na íntegra disponíveis nos endereços eletrônicos: www. aecioneves.com.br e www.dilma.com.br.

Erradicação do analfabetismo e do trabalho infantil, com garantia de permanência de toda criança na escola. Universalização da Educação Básica dos 4 aos 17 anos e grande esforço em direção à ampliação do aprendizado. Políticas de acesso, permanência, redução da distorção idade-ano de escolaridade e maior equidade. Para aqueles jovens que abandonaram a escola, será criado o programa Mutirão de Oportunidades, que concederá bolsas de um salário mínimo e acesso à qualificação profissional para que os jovens possam voltar ao ambiente escolar e concluir seus estudos.

Criar Casas de Justiça e Cidadania nas áreas mais críticas em termos de violência, nos centros urbanos; Organizar a repressão qualificada por meio de policiamento ostensivo e atividades de investigação integradas às Casas de Justiça e Cidadania; Apoiar projetos de educação e formação profissional em tempo integral nas áreas de maior vulnerabilidade em relação à segurança; Articular e integrar a Política de Segurança Pública com o Sistema Único de Assistência Social (Suas); Implantar, em parceria com estados e municípios, programas de prevenção a acidentes de trânsito.

O objetivo maior é criar no Brasil um ambiente de menos incerteza e maior segurança, que garanta de forma sustentável taxas de juros real e nominal significativamente mais baixas que as atuais. Para tanto, é necessário firmar inequívoco compromisso com o chamado tripé macro: inflação na meta, ou seja, no centro da meta, superávit primário* obtido sem artifícios contábeis e câmbio flutuante**. Uma taxa de juros normal reduzirá a pressão de apreciação na taxa de câmbio e será um forte indutor do investimento no Brasil, beneficiando todos.

Saúde Educação

Gestão de qualidade, mais investimento na saúde, superação da atual fragmentação do sistema de atenção, com a construção de redes assistenciais integradas ancoradas em uma sólida atenção primária, a partir da qualificação permanente da estratégia da saúde da família e de instrumentos integradores como o Cartão SUS, o prontuário eletrônico e eficientes centrais de regulação dos fluxos assistenciais. Paralelo a isso, deve-se estabelecer a transparência e a previsibilidade na atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Economia Segurança

Economia Segurança

Educação

Saúde

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Promover a expansão do Programa ‘Mais Médicos’; a ampliação da rede de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) destinadas ao atendimento de emergências de baixa e média gravidade; a extensão das redes de atendimento especializado, com a qualificação dos serviços hospitalares; o fortalecimento e a universalização do SAMU e a ampliação do acesso da população a medicamentos. A melhoria no atendimento e o aumento da rede de saúde exigirão uma rediscussão federativa, para evitar superposição de investimentos.

Investir fortemente na qualidade da Educação e, ao mesmo tempo, ampliar o acesso ao ensino, em todos os níveis – desde as necessárias creches até os cursos mais especializados. Cada vez mais, deverá ser ampliada a produção da Ciência, da Tecnologia e da Inovação para que o Brasil ingresse numa sociedade do conhecimento. Disponibilização gradativa de 75% dos royalties do petróleo e 50% dos excedentes em óleo do présal para a educação. Enfrentar o desafio de valorizar o professor, com melhores salários e melhor formação.

Ampliar a presença do Estado em territórios vulneráveis, por meio do incentivo à adesão dos Estados ao Programa ‘Brasil Seguro’ e ao Programa ‘Crack, é Possível Vencer’. A criação da Academia Nacional de Segurança Pública, para formação conjunta das polícias, formulação e difusão de procedimentos operacionais padronizados e formação de analistas. Fortalecer as ações de combate às organizações criminosas e à lavagem de dinheiro e as ações de controle das fronteiras. Dar continuidade ao processo da integração das instituições de segurança pública no País.

Promover o fortalecimento de uma política macroeconômica sólida, intransigente no combate à inflação e que proporcione um crescimento econômico e social robusto e sustentável, estimulado pelo aumento da taxa de investimento da economia e pela ampliação de um mercado doméstico sólido e dinâmico. Prosperidade social que seja acompanhada pela geração de oportunidades para todos, por meio dos programas de inclusão dos historicamente excluídos e da educação para elevar a formação e a qualificação científica e técnica do povo.

* Superávit primário: É o resultado positivo de todas as receitas e despesas do governo, excetuando gastos com pagamento de juros. Nas contas do governo, o chamado déficit primário ocorre quando esse resultado é negativo. ** Câmbio flutuante: O câmbio é uma operação financeira caracterizada pela troca da moeda de um país pela moeda de um outro. É o sistema em que as operações de compra e venda de moedas funcionam sem controle sistemático do governo. O valor das moedas estrangeiras flutua de acordo com a oferta e a demanda no mercado.


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