Jornal 01/05/2014

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festa em são francisco

A Prefeitura de São Francisco de Itabapoana realiza, nesta quinta, a Festa do Trabalhador. Com início previsto para as 14h, na Praça dos Três Poderes, o evento é aberto à comunidade e vai contar com uma variedade de atrações como sorteio de brindes e show musical. Diversos setores da prefeitura estão trabalhando pelo evento que vai contar com barracas para venda de doces e salgados, profissionais para aferição de pressão arterial e outros serviços. Um trenzinho da alegria promete animar a criançada.

Campos dos Goytacazes | quinta-feira, 1º de maio 2014

antigas publicações em jornais e revistas de renome comprovam o prestígio de Lysa

RECORTES

de uma vida

Aos 95 anos de idade, a jornalista Lysa Castro tem sua vida eternizada em livro; organizada pelo escritor e amigo José Gurgel dos Santos, a biografia será lançada hoje à tarde, na AIC

fotos: patrícia bueno

Patrícia Bueno

lysa, com Gurgel na varanda da casa, folheia o livro que conta parte de sua vida

Foi nos anos 1950. A paraense Lysa Castro trabalhava na Revista Carioca, na Praça Mauá, quando viu um distinto senhor entrar na redação. — Ele disse: bom dia! Você é a Lysa Castro, não é? Muito prazer! Sou José Cândido de Carvalho — relembra. O que o autor de O Coronel e o Lobisomem queria com a jovem jornalista? Uma matéria, assinada por ela, no jornal O Estado, veículo que dirigia, em Niterói. — Ele tinha lido as minhas matérias e foi pessoalmente pedir que eu escrevesse para o seu jornal. A Revista Carioca era no 3º andar do Edifício A Noite, onde funcionava também o jornal A Noite. Saímos para tomar um café, enquanto conversávamos sobre a pauta — detalha a jornalista, hoje aos 95 anos, deixando evidente uma memória de fazer inveja. A matéria, sob o título “Será inaugurada em 1953 a dragagem do Porto de Niterói”, foi manchete em O Estado. Lysa estava lá, na foto da capa, uma façanha e tanto para a jovem jornalista que enfrentou percalços até chegar às redações. Esta passagem de sua vida está em um recorte amarelado, cuidadosamente guardado em uma pasta, mas a boa notícia é que vários outros recortes de sua trajetória estarão ao alcance dos leitores graças à publicação de “Lysa Castro — A Maior Reportagem”, biografia organizada pelo escritor José Gurgel dos Santos e que será lançada, nesta quinta, a partir das 17h, na Associação de Imprensa Campista (Rua Formosa, 460 - Centro). Na sala ampla e tranquila da casa da escritora, no bairro da Penha, Gurgel e Lysa abrem um valioso baú de lembranças ao falarem sobre a obra, de 120 páginas. José Gurgel sabia, desde o início, a responsabilidade que tinha nas mãos. — Tudo começou no Café Literário. A Lysa começou a se destacar e fui, aos poucos, conhecendo

mais sobre a sua história. Era impressionante a fidelidade com que ela contava as mesmas histórias. Isso dava credibilidade às suas palavras. E todo mundo falava que sua vida daria um livro — relembra o escritor, que organizou a primeira parte com base em gravações que colheu quando ela tinha 80 anos de idade. Gurgel chegou a pensar em romancear a história, mas já tinha em mãos um precioso registro em primeira pessoa. E como Lysa Castro sempre esteve à frente do seu tempo, deixou para trás a velha máquina de escrever. — Peguei o computador e comecei a digitar. Voltei aos dois, três anos de idade — comenta, sempre bem-humorada. NAS PÁGINAS - Na biografia, a saga da jornalista que ganhou a admiração de Roberto Marinho e causou frisson em sua época, tirando do anonimato gente como Ângela Maria e Rosita Gonzales — isso quando atuava na revista Vida Doméstica — está contada desde a infância. O leitor viaja de barco, com ela e a família, rumo ao extremo norte do país, onde o pai ajudava a demarcar as fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa. Passa por casamentos frustrados, duas fugas de navio, uma para a Ilha de Marajó, outra para o Rio de Janeiro e segue até a publicação de sua primeira entrevista, que lhe abriu portas. Também estão em pauta o prestígio que sempre teve com as celebridades da época, a paixão pela fotografia, a despedida das redações por conta da Ditadura Militar. Fala em laços de família, na união com Ênio, que durou 57 anos, e desemboca em Campos, no Café Literário, onde a jornalista deu lugar à poetisa e à cronista (ela é autora de livros e escrevia para o Monitor Campista). Algumas páginas são dedicadas a uma "fotorreportagem", onde Lysa aparece, ora ao lado de grandes estrelas, ora em autorretratos, alguns até ousados. — Quanto mais mergulhamos na história da Lysa, mais preciosidades encontramos. Espero, com a publicação deste livro, ter contribuído para perpetuar a história desta mulher maravilhosa — elogia Gurgel, já na varanda da casa, onde posou com a amiga para fotografias, sob o olhar orgulhoso de Alfredo, filho da escritora. Antes de ir embora, um lanche com direito a saborosas histórias dos tempos do jornalismo romântico. Encerrei esta matéria como quem acaba de receber uma aula sobre a profissão e entendi o porquê do título da obra. A vida de Lysa Castro, é, de fato, é a maior das reportagens.


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