TCC Guilherme Cambri Veiga

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO BORJA COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO JORNALISMO DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

Webdoc São Borja histórica: O web-documentário como forma de preservar a história

Autores: Andréia Poerschke Sarmanho Guilherme Cambri Veiga

Projeto experimental apresentado como requisito à conclusão do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), sob a orientação do Prof. Ms. Marco Bonito.

SÃO BORJA 2010


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ANDRÉIA POERSCHKE SARMANHO GUILHERME CAMBRI VEIGA

Webdoc São Borja histórica: O web-documentário como forma de preservar a história

Projeto experimental apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa, como requisito à obtenção do grau de bacharel em comunicação social. Orientador: Prof. Ms. Marco Bonito.

São Borja 2010


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ANDRÉIA POERSCHKE SARMANHO GUILHERME CAMBRI VEIGA

Webdoc São Borja histórica: O web-documentário como forma de preservar a história

Projeto experimental apresentado ao curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa, como requisito à obtenção do grau de bacharel em comunicação social. Área de concentração: Cibercultura

Trabalho de conclusão defendido e aprovado em: Banca examinadora:

__________________________________________________________________________ Prof. Ms. Marco Bonito Orientador (Comunicação Social – Jornalismo) – (UNIPAMPA)

__________________________________________________________________________ Prof. ______________________ (________________________) – (UNIPAMPA)

__________________________________________________________________________ Prof. _________________ (________________________) – (UNIPAMPA)


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Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo e Maira, que acompanharam de perto todos os percalços da minha trajetória acadêmica e sempre me forneceram todo o auxílio necessário. Dedico também aos meus avós, que viveram épocas importantes dessa história e foram fundamentais na construção da minha. Andréia Sarmanho Dedico este trabalho a meu pai, Milton, minha mãe, Jacinta e meu irmão, Lucas por terem me apoiado durante esses anos. Aos amigos que transformaram tempos difíceis, em momentos agradáveis e inesquecíveis. Aos professores que me ajudaram a ter experiências por mim inimagináveis. E mesmo a quem não posso agradecer aqui, levo a memória no coração. Guilherme Veiga


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AGRADECIMENTO

Agradecemos a Deus por nos dar força para superar as dificuldades durante esses quatro anos. Ao nosso orientador, Prof. Marco Bonito, por ter nos mostrado novos caminhos e ter sido nosso guia durante a realização desse trabalho. Aos nossos pais e familiares pelo apoio em todas as horas. Aos amigos, por estarem presentes nos momentos em que necessitamos de ajuda, academicamente, ou não. Aos professores, não por nos mostrarem o caminho na escuridão, mas por nos darem a luz para que achássemos por nós mesmos. Às pessoas que encontramos durante essa estrada dura e maravilhosa por nos fazerem crescer como seres humanos, profissionais, e, principalmente como cidadãos. Agradecemos também aos entrevistados, que contribuíram com suas histórias e nos deram todo o apoio necessário para sua concretização, bem como toda a comunidade são-borjense, onde sempre encontramos apoio para sua realização.


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“O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter” Claudio Abramo


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RESUMO

Este trabalho consiste num projeto experimental em comunicação que explora o gênero vídeo documental, tendo como plataforma a web. A produção do web-documentário se deu através da realização de entrevistas, com a utilização de equipamento amador, que constitui uma das características deste gênero. Também foram utilizadas pesquisa bibliográfica e documental, onde todos os materiais passaram por um processo de triagem na produção dos roteiros. O web-documentário foi então composto por sete episódios distribuídos entre quatro períodos históricos da cidade de São Borja: época missioneira, invasão paraguaia no século XIX, terra dos presidentes e contemporaneidade. Através de uma linguagem didática e também dinâmica, à medida que o usuário escolhe seus caminhos de interesse através de um formato interativo, o produto busca a preservação e difusão da história da cidade.

Palavras-chave: Web-documentário, São Borja, história.


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ABSTRACT

This work is an experimental communication project that explores the genre video documentary, and as the web platform. The production of web-documentary was made through interviews, with the use of amateur equipment, which is a characteristic of the genre. Were also used bibliographic and documental research, all materials have gone through a triage process in the production of the scripts. The web-documentary was then composed of seven episodes distributed among four historical periods of S達o Borja: missionary time, Paraguayan invasion in the XIX century, the land of presidents and contemporaneity. Through a teaching language and also dynamic, as the user chooses their path of interest through an interactive format, the product look up to the preservation and dissemination of the history of the city.

Keywords: Web-documentary, S達o Borja, history.


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 9 2. FORMATO........................................................................................................................... 11 3. TRAJETÓRIA DE PESQUISA E REALIZAÇÃO DO TCC .............................................. 14 4. DESENVOLVIMENTO....................................................................................................... 22 4.1 Descrição do produto .......................................................................................................... 22 4.2 Circulação ........................................................................................................................... 22 4.3 Equipamentos ..................................................................................................................... 22 4.4 Custos ................................................................................................................................. 23 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 23 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 25 APÊNDICES ............................................................................................................................ 27


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1. INTRODUÇÃO O tema escolhido para a realização desse trabalho é a história de São Borja, que é uma das cidades mais antigas do estado do Rio Grande do Sul, tendo sua fundação datada no final do século XVII1. A cidade, fundada por padres jesuítas espanhóis, é considerada popularmente o primeiro dos Sete Povos das Missões da Companhia de Jesus, e seu nome é uma homenagem do Padre Francisco Garcia, fundador da redução2, a Francisco de Borja e Aragão, superior geral da ordem. O município possui o título de Cidade Histórica do Rio Grande do Sul, por ter sido considerado, pela assembléia legislativa, “palco de importantes episódios da formação territorial, social e política da nacionalidade”3. Contudo, a riqueza histórica da cidade, constituída de períodos distintos, cada qual com seus respectivos marcos, não possui muitos registros que a difundam. Desta necessidade de divulgação, sobretudo através de abordagens didáticas, resulta a falta de conhecimento por parte do público em relação à história do município. A realização de um web-documentário apresenta-se como uma proposta para contribuir com a divulgação da história de São Borja, de forma didática bem como contribuir para o registro documental em vídeo desta história. A escolha de um formato que ao mesmo tempo possui características de entretenimento e, entre as mídias existentes, é a que melhor reúne poder de difusão e de interatividade, visa aumentar o interesse por parte do público, sobretudo os jovens, uma vez que divulgado na web. O trabalho divide-se em quatro períodos históricos, delimitando a produção a uma linha do tempo. A primeira parte aborda a temática missioneira (final do séc. XVII – meados do séc. XVIII), contextualizando este período e o legado ainda existente na cidade. A segunda discorre sobre a então Vila de São Borja, durante a Guerra do Paraguai (1865)4, contextualizando o conflito e o que este representou a nível local. A terceira parte do trabalho é direcionada à São Borja “Terra dos Presidentes”, focando a vida de Getúlio Vargas e João Goulart no município – onde nasceram, viveram, o que faziam – contextualizando sua vida como são-borjenses à sua representação política para o país. Por fim, a quarta parte do trabalho se concentra na história recente da cidade, englobando o desenvolvimento e as transformações decorridas da construção da ponte internacional – São Borja (BR) - Santo 1

Considera-se o ano de 1682 como data de fundação da redução de São Francisco de Borja, porém estudos recentes apontam que esta tenha surgido no ano de 1690. 2 Povoado, vilarejo. 3 Decreto nº 35.580, de 11 de outubro de 1994 da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. 4 O conflito estendeu-se do final do ano de 1864 a 1870, porém a invasão de São Borja data de maio de 1865.


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Tomé (ARG) –, a crescente industrialização da produção agrícola, responsável por mais de 50% do PIB do município e também o recente desenvolvimento da educação, através do ensino superior e técnico. Através da realização desse trabalho buscamos preservar através de uma linguagem diferenciada a história e a cultura são-borjense, trabalhando o conteúdo produzido e reunido de forma dinâmica e possibilitando fácil acesso através da publicação na internet. Desta forma, através da conseqüente divulgação de pontos turísticos que a cidade possui como legado histórico, buscamos contribuir para o debate acerca da potencialidade turística do município e também produzir um material diferenciado, que pudesse ser utilizado também por estudantes nas escolas. Neste trabalho o método de abordagem utilizado foi o método dialético, que consiste numa interpretação dinâmica da realidade e da “mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade” (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 91), uma vez que o objeto de estudo é um lugar específico com suas respectivas transformações. Já como métodos de procedimento, que compreendem as técnicas e delimitam o trabalho de modo mais restrito, foram utilizados o método histórico e o método comparativo. a) Método histórico: Conforme Lakatos (apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 91), “consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje”. b) Método comparativo: Assim como o método histórico, o método comparativo consiste na análise de diferentes objetos – de tempo, espaço, ou sociais. Conforme Marconi e Lakatos (2006), as técnicas são “um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos, a arte prática”. No decorrer do trabalho, as técnicas utilizadas foram a pesquisa bibliográfica, documental, observação e entrevista. A pesquisa bibliográfica é indispensável ao resgate dos eventos históricos que compõem a história de São Borja e também como suporte ao desenvolvimento do formato escolhido. Esse tipo de pesquisa “desenvolve-se ao longo de uma série de etapas” (GIL, 2006, p. 59), iniciando com a escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar e depois a busca mais aprofundada pelas fontes mais adequadas. A pesquisa documental passa por processo semelhante ao bibliográfico, exceto no que se relaciona a sua análise, pois provavelmente como “os documentos a serem utilizados na


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pesquisa não receberam nenhum tipo de tratamento analítico, torna-se necessária a análise de seus dados” (GIL, 2006, p. 88). No processo de observação são utilizados os sentidos para examinar aspectos da realidade. É um processo que se aplica no recorte da realidade sobre o qual o trabalho foi desenvolvido. Já a técnica da entrevista, chave do desenvolvimento do trabalho, conforme Goode e Hatt (apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 92), “consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de um certo ato social como a conversação”. As entrevistas foram gravadas após a realização de uma pré-entrevista para abordagem condizente com o foco do trabalho. Durante a realização das pré-entrevistas e entrevistas produzimos arquivos de áudio para a composição multimídia do trabalho, que é característica do formato escolhido. Também coletamos material fotográfico, documental e realizamos textos a respeito dos diversos assuntos abordados no trabalho para melhor caracterizar o formato. Em relação aos aspectos técnicos do trabalho, a produção do web-documentário foi realizada através de câmeras de vídeo semi-profissionais digitais, câmeras fotográficas digitais e players5 de música portáteis. Depois de realizado o processo de edição, obtivemos sete episódios de aproximadamente cinco minutos, com uma interface dinâmica, que conta com o suporte dos textos, imagens e áudios de apoio.

2. FORMATO Para trabalhar com a produção de um web-documentário é necessário discorrer a cerca de alguns termos inerentes à sua conceituação. Primeiramente, o termo “documentário” refere-se ao registro do considerado “não-ficção”, onde o autor trabalha com uma temática real, buscando retratar fatos de maneira natural, conforme explica o autor: “fatos que ocorrem naturalmente em frente à câmera ou que são reconstruídos com sinceridade e por necessidades devidamente justificadas. A principal característica destes filmes é o apelo à razão ou à emoção, tendo como objetivo estimular o desejo e alargar o conhecimento e compreensão humana apresentando os problemas e soluções para os mesmos, nas áreas da economia, cultura e relações humanas” (BARSAM apud GREGOLIN et al, 2002, p. 7).

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Aparelhos eletrônicos que reproduzem arquivos digitais de música.


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Sendo assim, apesar da abordagem do “real”, o tratamento dado pelo autor do documentário constitui um processo ficcional na medida em que são estruturadas por ele as impressões que se deseja transmitir com a composição do produto. Para Consuelo Lins6 (2007), as funções e potencialidades do documentário hoje são discutíveis, uma vez que o gênero quis um dia representar o real, no entanto o que foi deixado de legado pelo cinema moderno mostra que a imagem não reproduz o real. Porém, isso, segundo a autora, “não quer dizer que o documentário não possa estabelecer diferentes aproximações com o mundo, falar do real de variadas maneiras”, não deixando de considerar, contudo, o caráter “essencialmente subjetivo, parcial, precário e contingente de toda e qualquer narrativa documental” (LINS, 2007, p. 14). As transformações na forma de conceber o gênero do documentário não são isoladas, mas fazem parte de um processo. A sociedade, conforme Manuel Castells, “é que dá forma à tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as tecnologias” (2006, p. 17). O advento da internet, ou do ciberespaço – termo trabalhado por Lévy (2007, p. 17) que “especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo”, possibilitou o surgimento de novos formatos. Entre outras transformações nos processos comunicacionais, a sociedade de forma geral e, em especial, o jornalismo, “ampliou as possibilidades das estruturas narrativas, explorando características do suporte digital (...), contribuindo para o aparecimento de novos gêneros jornalísticos, como o Web Documentário” (RIBAS, 2003, p. 3). Este gênero caracteriza-se pela aplicação da multimidialidade, ao agregar textos, áudio, imagens estáticas e em movimento, e permite que o espectador assuma um papel participante na construção da narrativa. “Busca-se uma interatividade que proporcione uma linguagem não-linear, não-ordenada, e sim que atenda às expectativas de recepção do usuário, do ciberespectador7” (RENÓ, 2006, p. 6). Desta forma, é permitido que este usuário interaja, determinando o que, onde, como e quando quer assistir. Assim, não fica inerte à mensagem, como trabalhado pelo modelo

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Documentarista e autora do livro “O Documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo”, que reflete sobre as transformações do gênero à luz dos documentários do cineasta Eduardo Coutinho. 7 Termo empregado para designar o usuário no ciberespaço.


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matemático de Shannon e Weaver8, onde o emissor é detentor do poder de decisão sob o conteúdo transmitido, que é apenas aceito pelo receptor. Ao mesclar a forma de narrativa do documentário com a plataforma da internet, agregam-se ao produto os elementos que caracterizam as informações veiculadas nesse meio. No caso da hipertextualidade, são constituídas as relações entre as etapas do conteúdo, de forma que, “ao acionar os links, o sistema conduz o espectador a uma outra página que contém informações diversas e aprofundadas sobre o assunto” (GREGOLIN & TOMBA, 2002, p. 15). Como o web-documentário ainda é considerado um gênero experimental, não existe modelo pré-concebido em relação a sua estrutura. Não se trata da mera transposição do gênero já existente – documentário –, para outro meio, mas uma adaptação, gerando um novo formato. Este inova na forma de composição, podendo ser divido em episódios com ou sem linearidade específica para a exibição das respectivas partes, agregando materiais além da produção audiovisual, como complemento à narrativa desenvolvida, com igual importância, como explica Ribas (2003, p. 7):

Desmaterializados os registros, que vão desde uma matéria antiga de jornal recuperada, até depoimentos captados em vídeo e áudio, o Web Documentário organiza as informações de maneira a oferecer níveis de aprofundamento e interatividade ao receptor (...). Junto a isso, a convergência de formatos e a capacidade praticamente ilimitada de armazenamento de dados facilmente recuperáveis, conferem a distinção entre um Web Documentário e um documentário produzido para vídeo, cinema ou televisão.

Para concatenar as diferentes mídias do processo interativo de modo agradável à navegação e, ainda, agregando mais valor informativo, surge o conceito de interface. Conforme Steven Johnson, “a interface atua como uma espécie de tradutor, mediando entre as duas partes, tornando uma sensível para a outra” (2001, p. 19). Deste modo, através da utilização da interface adequada, o web-documentário torna-se mais atrativo, dialogando melhor com o usuário. Em relação à parte técnica da produção, a maior acessibilidade aos equipamentos foi um dos fatores que impulsionou o desenvolvimento de novos formatos de produção audiovisual. Com a introdução do microfone acoplado à câmera, entre outras funcionalidades, e a popularização dos aparelhos eletrônicos digitais, instaurou-se a tendência de aliar a 8

Autores da Teoria Matemática da Informação (1949), um modelo linear de comunicação, onde uma fonte passa a informação a um transmissor, que a coloca num canal (sujeito a ruído), que a leva a um receptor para que chegue a um destinatário.


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versatilidade do tamanho reduzido de modo inversamente proporcional a uma maior qualidade de captação. Mesmo assim, os aparelhos digitais mais populares, em constante processo de aperfeiçoamento, ainda deixam a desejar em termos de qualidade de captação de áudio e imagem. Renó observa que ao colocar esse material na web, a qualidade sofre ainda mais perdas, uma vez que “o áudio de materiais produzidos em extensões para a Internet costuma ser de baixa qualidade, perdidos no processo de renderização9 do material, aliado ao vídeo, também limitado pela definição de imagem” (2006, p. 39). Sendo assim, ao realizar a captação de áudio e imagem nesses dispositivos, o cuidado com a qualidade deve ser constante, já prevendo uma possível diminuição desta após a postagem do conteúdo audiovisual na web. Nessa etapa final, de publicação na web, as plataformas também interagem entre si. Todo o conteúdo final do web-documentário, seja imagem parada ou em movimento, áudio ou texto, pode ser agregado num só local, como um blog, mesmo a partir da postagem dos conteúdos em outros servidores. Assim, o blog passa a ser a interface que media todos os conteúdos que fazem parte do web-documentário conforme a proposta.

3. TRAJETÓRIA DE PESQUISA E REALIZAÇÃO DO TCC Buscamos algumas referências em produções realizadas no gênero e optamos por trabalhar com uma linguagem baseada no documentarista Eduardo Coutinho. Inicialmente a idéia era produzir acerca de temáticas do cotidiano, como ocorre em “Edifício Master”, obra do mesmo autor. No entanto, após conversas com nosso orientador e considerando que poderíamos explorar o potencial do gênero para gerar contribuições, sobretudo à comunidade onde estamos inseridos e em maior escala, a todos os que fossem por ele atraídos de alguma forma, optamos por trabalhar um aspecto local que há muito nos instigava: a falta de reconhecimento a São Borja como cidade histórica. A produção do trabalho prático teve início em junho, durante o desenvolvimento do pré-projeto que deu origem ao web-documentário proposto como trabalho de conclusão de curso. A primeira gravação foi realizada no dia 10 de junho, na palestra que marcava os 145 anos da invasão à cidade de São Borja, durante a Guerra do Paraguai. O evento, realizado no 9

“Renderização” é o termo mais utilizado para traduzir o processo representado pelo sinônimo estrangeiro “render”, que significa o tratamento digital dado no processo de edição de áudio ou vídeo para obter melhor qualidade no produto final.


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2º Regimento de Cavalaria Mecanizada João Manoel, aberto à comunidade, teve como palestrante o Coronel Vargas Souto, militar aposentado e conhecedor das estratégias usadas durante o combate e do contexto histórico que envolveu o conflito. Nesse dia, iniciamos apurações acerca de possíveis fontes e realizamos registros como recurso para pesquisa. Ainda durante a produção do pré-projeto, ocorreu a tradicional procissão de São João Batista, no dia 24 de junho, e fomos acompanhar os peregrinos durante a caminhada. Além de conversar com alguns deles para a obtenção de informações que pudessem nos guiar para a posterior produção de um dos episódios do web-documentário, referente ao período das missões em São Borja, fizemos várias filmagens que poderiam ser aproveitadas como imagens de apoio. A procissão tem como ponto de partida e de chegada a fonte de São João Batista, que, apesar de ser popular em São Boja, é de localização difícil para aqueles que não a conhecem, pois fica situada nos fundos de um conjunto de casas, no Bairro Maria do Carmo, na Rua Bompland, apenas com sinalização no pátio da casa mais a frente desse conjunto. Essa fonte constitui um dos lugares históricos pertencentes à época missioneira, e é hoje um dos poucos patrimônios, referente àquele período, em bom estado na cidade, o que se deve em grande parte aos moradores dos arredores que ajudam na sua conservação. Constatamos que o mesmo não ocorre com a outra fonte, de São Pedro, localizada no bairro Betim. O descaso com o lugar de importância histórica é visível através da falta de sinalização e sinais de vandalismo percebidos. A produção dos episódios do web-documentário começou, de fato, pelo quinto episódio, que tem como foco o ex-presidente João Goulart, popularmente conhecido como “Jango”. A não linearidade de produção ocorreu em função da produção de uma entrevista específica, num golpe de sorte e agilidade de produção. No dia 16 de agosto, constatamos que Maria Thereza Goulart, viúva de Jango, a qual reside no Rio de Janeiro, se encontrava na cidade. A ex-primeira dama era considerada uma fonte fundamental para a produção dos episódios relacionados ao ex-presidente e, ao mesmo tempo, era até então a entrevista que julgávamos de mais difícil produção pelo fato de não visitar São Borja com muita freqüência. Nesse dia, conversamos com o neto de João Goulart, Christopher Goulart, elencado como outro possível entrevistado. Levantamos alguns pontos por meio de pré-entrevista, agendando a gravação de ambas as entrevistas para o dia posterior. Por dependermos dos equipamentos da universidade para a produção, como câmeras de vídeo, e sendo elas semi-profissionais, contamos com algumas dificuldades que foram


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recorrentes durante todo o processo de filmagem: por não possuir entrada para microfones, a captação do áudio era difícil. A câmera sempre tinha que ser posicionada a cerca de 1,5m do entrevistado para que a sua fala fosse audível, por ser captada no mesmo canal do som ambiente. As duas entrevistas, com Christopher Goulart e Maria Thereza Goulart, foram feitas ao ar livre, no pátio do Memorial Casa João Goulart. Assim, houve alguns riscos que resolvemos correr e que acabaram interferindo: pessoas que intervinham nas gravações ao interagir com os entrevistados durante suas falas e uma série de ruídos que havia ao redor do local das entrevistas. Porém, felizmente, nenhuma dessas situações atrapalhou o processo de edição, pois não interferiram nas partes necessárias ao episódio, para o qual obtivemos as informações que buscávamos, especialmente sobre a convivência da ex-primeira dama com o presidente Jango e sua relação com a cidade de São Borja, objeto do nosso trabalho. O próximo entrevistado foi o Sr. Dirceu Dornelles, que freqüentou assiduamente a casa da família de João Goulart quando criança, e mais tarde, após assumir o cartório de São Borja, em 1955, se tornou o tabelião do ex-presidente, que possuía várias propriedades na cidade. A entrevista ocorreu no dia 28 de agosto, após a realização de uma pré-entrevista fundamental ao esclarecimento de alguns pontos sobre o ex-presidente, que auxiliaram na condução de todo o processo. Ao contrário das entrevistas anteriores, por ter sido feita em um local fechado, nesse caso, a residência do Sr. Dirceu, não houve nenhum problema de caráter técnico. A conversa transcorreu com tranqüilidade, sem problemas de áudio, uma vez que não fomos interrompidos por ninguém e não houve ruídos que poderiam, também, ser um problema. No dia 2 de setembro fizemos a entrevista mais surpreendente em termos de conteúdo relacionado ao ex-presidente Jango. Agendamos, por telefone, com o Sr. Luthero Fagundes, contador de João Goulart, e visitante freqüente em suas fazendas durante o exílio. Por não termos tido uma conversa prévia para saber o quanto ele poderia contribuir conosco, não sabíamos qual era a profundidade de informações que possuía; sabíamos apenas da relação próxima que ele havia tido com Jango. Durante a entrevista, Sr. Luthero Fagundes fez algumas revelações da intimidade de Jango, como seu medo de ser assassinado, e sobre as perseguições que ambos sofreram. Porém, durante uma fala importante do entrevistado, as vozes das pessoas presentes na casa passaram a atrapalhar a gravação. Assim, solicitamos que algumas partes de seu depoimento fossem refeitas e, para nossa surpresa, o entrevistado lembrou-se de alguns até então


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desconhecidos por nós, o que enriqueceu o trabalho. Também obtivemos com o entrevistado uma foto de seu acervo pessoal, onde ele se encontra junto do ex-presidente no período do exílio. No mesmo dia, entrevistamos o Sr. Viriato Vargas, sobrinho-neto do ex-presidente Getúlio Vargas, que é o tema do terceiro e quarto episódios do web-documentário. Começamos assim a produzir os episódios paralelamente, adiantando a etapa de entrevistas. O entrevistado nos concedeu um depoimento bastante pessoal, por ter convivido quando jovem com Getúlio, nas ocasiões em que o ex-presidente vinha para São Borja. Durante a realização desta entrevista, os problemas que tivemos foram relacionados a ruídos no áudio ambiente, uma vez que chovia e o entrevistado também se movimentava várias vezes e mexia em objetos na mesa, o que fazia com que o enquadramento da imagem mudasse, mas nada significativo para que fosse necessária a refilmagem. Com o Sr. Viriato também tivemos acesso a várias fotos de Getúlio Vargas, além de livros, revistas e outras fontes impressas para pesquisa. É importante ressaltar que as decupagens10 de todas as entrevistas eram feitas em intervalos de dias ou mesmo no exato dia da gravação. Isso agilizava nossa previsão do que ainda era necessário, já visualizando os pré-roteiros que foram realizados antes da produção das entrevistas, como guia para as mesmas. A última entrevista a ser utilizada nos episódios sobre Jango foi feita no dia 16 de setembro com Jacqueline Cassafuz, historiadora e responsável pelo Memorial Casa João Goulart. Sendo ela a pessoa mais acessível a prestar orientações sobre a história geral do expresidente, seu depoimento serviu como base para estruturar o roteiro, e principalmente preencher as lacunas do mesmo. A parte técnica da entrevista transcorreu sem problemas e no dia seguinte, 17 de setembro, retornamos ao Memorial Casa João Goulart para a realização de imagens de objetos, painéis e fotos que serviriam como inserts11 de imagens durante o episódio. A partir da conclusão das entrevistas para a realização do quarto e quinto episódios, referentes a Jango, teve início a produção do roteiro final o início de processo de edição. Inicialmente, estimávamos que seria possível abordar a história do ex-presidente João Goulart em um único episódio, no entanto, optamos por dividi-lo em duas partes, para que pudéssemos explorar melhor as informações obtidas. Por ser baseado num passado não muito “Decupagem” é o termo utilizado para designar o ato de transcrever o conteúdo dito nas gravações. “Insert” é o termo estrangeiro utilizado na linguagem televisiva para classificar inserções de imagens estáticas ou em movimento durante o processo de edição do material. 10 11


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distante, contamos com depoimentos de várias fontes que conviveram diretamente com o expresidente, rendendo muitas histórias interessantes e necessitando de um tempo maior para a construção dos roteiros e consecutivas revisões. Simultaneamente demos continuidade à produção do terceiro e quarto episódio do web-documentário, centrado na figura de Getúlio Vargas. No dia 20 de setembro, feriado no estado do Rio Grande do Sul, realizamos a segunda entrevista, com o Sr. Salvador Mello. Figura conhecida na cidade, trabalhou como radialista anos atrás e, aos 17 anos de idade, passou a acompanhar Getúlio Vargas em sua campanha política no ano de 1950. Além de ter conhecido pessoalmente e convivido algum tempo com o ex-presidente, o entrevistado colaborou contextualizando o período histórico e político da época abordada no episódio. Uma preocupação na realização dessa entrevista era que as comemorações do desfile farroupilha na cidade pudessem interferir no áudio, uma vez que a residência do entrevistado, onde foi feita a gravação, situava-se no centro da cidade. Contudo não houve problemas de ordem técnica e a entrevista foi realizada tranquilamente. Além do domínio do entrevistado sobre toda a trajetória política de Getúlio Vargas, sua clareza de expressão e desenvoltura resultaram numa contribuição valiosa ao trabalho. A terceira entrevista dos episódios focados no presidente Vargas, foi realizada no dia 30 de setembro, com a historiadora Mariza Fortes, no Memorial Casa João Goulart. Um problema apresentado nessa nova visita ao local foi o som ambiente. Na semana anterior havíamos estado no local, mas fomos impossibilitados de gravar a sonora com a entrevistada em função de um projeto musical que ocorre no mesmo lugar. Retornamos então no dia 30, mas também estavam ocorrendo ensaios, que em alguns momentos se tornaram audíveis nas gravações. Contudo, no processo de finalização de edição foi possível minimizar esses ruídos. Em outubro começamos a trabalhar na produção das entrevistas dos demais episódios, iniciando pelo contato com o Cel. Reinaldo Goulart Correia, apontado no 2º RC Mec. João Manoel com unanimidade para colaborar com o segundo episódio, que conta a invasão do exército paraguaio a São Borja, em 1865 durante a guerra. A entrevista foi realizada no dia 14 do mesmo mês, no museu militar, onde estão expostos vários artefatos que remontam da batalha. Muitas perguntas foram elaboradas para o entrevistado, porém, não houve necessidade de serem realizadas, pois o seu depoimento foi linear em relação aos acontecimentos e os períodos em que aconteceram. Assim, conduzir a entrevista teve pouca dificuldade, devido ao


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vasto conhecimento do Cel. Reinaldo para com o assunto e sua capacidade de contá-la sem perder a linha de raciocínio. No mesmo dia, realizamos a primeira entrevista necessária ao episódio que abre o web-documentário, dedicado ao período missioneiro. Conversamos com o professor Rodrigo Maurer, da Universidade da Região da Campanha (URCAMP). A entrevista foi realizada na própria universidade, ao ar livre, requerendo alguns cuidados com a iluminação em função do horário, que já se aproximava do pôr-do-sol. O local de filmagem foi mudado várias vezes devido a esse problema, além da dificuldade de encontrar um fundo apropriado para contrastar com o entrevistado. Como esperado, em seu depoimento, o professor Rodrigo abordou muitas questões controversas em relação ao período missioneiro, que constitui a sua área de estudos como pesquisador. A visão do entrevistado era importante para o desenvolvimento do episódio, pois além do seu conhecimento básico sobre esse período, ele conduz vários estudos que contradizem muito dessa própria história, como o fato de São Borja ter sido a primeira das reduções a ser fundada, a não-existência do Cotiguaçu, local onde ficavam as viúvas e as órfãs da redução, entre outros assuntos polêmicos para o meio acadêmico. Tentamos contato diversas vezes com um entrevistado que nos era muito importante, a respeito, tanto do episódio da invasão paraguaia, quanto daquele referente ao período missioneiro. Por diversas vezes foi marcado local e data, sendo que fomos, inclusive, a sua casa sem que ele tenha aparecido. Eventualmente, pela dificuldade e pela falta de tempo, desistimos de fazer essa entrevista. No dia 20 de outubro, após termos marcado a visita alguns dias antes, fomos até a casa do Sr. Mário Hoff, historiador formado Universidade da Região da Campanha (URCAMP). Em um primeiro momento, fizemos a entrevista no pátio da casa, devido à iluminação ser melhor naquele local. Durante a gravação, por alguns momentos, o entrevistado buscou documentos que estavam ao seu lado, no chão, mostrando tais papéis para a câmera. Isso dificultou com que essas imagens fossem usadas posteriormente durante a edição. No pátio, havia pássaros que cantarolaram durante todo o tempo. Em certo momento esse som se tornou tão forte que tivemos que transferir o Sr. Hoff para dentro da casa, e terminar a entrevista lá. No dia 26 de outubro, fomos até o Instituto Federal Farroupilha, para marcar a entrevista com um professor da instituição, Alexander Machado, indicado pelo prof. Rodrigo Maurer, como um dos poucos da cidade que estudava a contemporaneidade. Porém, não o


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encontramos, mas conseguimos seu telefone, e assim marcamos a entrevista para 8 de novembro. Durante uma conversa informal em uma lanchonete da cidade, da qual conhecíamos os donos e pedíamos sugestões de entrevistados, um popular conhecido como Amiguinho entrou e começou a conversar sobre o passado recente de São Borja e nos deixou interessados para ser uma fonte sobre a contemporaneidade. Assim, marcamos para entrevista-lo para à tarde do dia seguinte, 28 de outubro. Já havíamos agendado com um morador antigo da cidade, o Sr. Teseu Sarmanho para gravarmos no mesmo dia, mas pelo horário da manhã. Porém, fomos até a sua casa como combinado e ele não se encontrava. Assim, ligamos e acabamos marcando para a tarde, depois da entrevista com Amiguinho. Morador de longa data de São Borja e radialista, conhecido pro falar o que pensa e ter opiniões fortes, João Manoel Loureiro, mais conhecido como Amiguinho, por chamar a todos de “amiguinho”. Chovia muito, por isso tivemos que fazer a entrevista dentro de casa com as janelas e portas fechadas para abafar o barulho dos pingos d’água o máximo possível. Algumas de suas falas não foram nem um pouco esperadas, porém bem recebidas, pois dava um curso diferente do que foi planejado para o episódio. Logo após nos dirigimos para a casa de Teseu Sarmanho, 71 anos, morador de São Borja durante toda a sua vida. Encontramos o mesmo problema em relação à chuva, por isso também fizemos essa entrevista dentro de sua casa. A entrevista se apresentou sem demais complicações. Logo após, tivemos que definir, durante orientação, o título do web-documentário: São Borja histórica. Também definimos o nome da nossa produtora, responsável por todo esse processo, a DeLorean Produções Audiovisuais. No dia 8 de novembro, conforme agendado nos dirigimos novamente até o Instituto Federal Farroupilha para entrevistarmos o professor Alexander Machado, para o episódio sobre a contemporaneidade da cidade. Conseguimos uma sala afastada das demais para que não houvesse ruídos externos que pudessem atrapalhar a gravação. Após a primeira resposta do entrevistado, tivemos de ligar as luzes da sala para que a iluminação fosse melhorada. No dia seguinte, 9 de novembro, fomos até a residência do historiador José Luciano Vasques, para entrevistá-lo à respeito da época missioneira da cidade. Fizemos a entrevista no lado de fora de sua casa. O tempo estava nublado e com vento, que interferiu em alguns pontos do depoimento. Além disso, durante a entrevista a luz muda radicalmente, provavelmente devido às nuvens, alterando na cor do enquadramento da filmagem.


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Com a falha em fazer contato com uma das fontes sobre o episódio referente à Guerra do Paraguai, tivemos de procurar uma alternativa. O entrevistado mais próximo com propriedade para falar sobre o assunto residia na cidade de Itaqui, distante cerca de 90 km de São Borja. Com isso, marcamos a entrevista e nos deslocamos para lá. Ataídes Assis é historiador formado na Universidade da Região da Campanha (URCAMP), e baseia suas pesquisas em São Borja e Itaqui, principalmente, sendo a Guerra do Paraguai uma dessas pesquisas. A sala onde fizemos a entrevista era pequena, e no fundo do enquadramento da filmagem sempre havia algo que atrapalhava. Acabamos fazendo-a com um computador e alguns que papéis que haviam na parede atrás do entrevistado, que pareciam que não iriam influenciar na imagem, mas depois percebemos que ela acabou por ficar “poluída” Alcebíades Paulino, acadêmico de História da Universidade da Região da Campanha, foi o terceiro e último entrevistado sobre a invasão paraguaia em São Borja. Fizemos a entrevista ao ar livre, e perto do local havia um supermercado. Com isso o movimento acontecia de forma constante, e assim, alguns sons atrapalharam a filmagem, principalmente, carros e motos. As decupagens feitas, em curto espaço de tempo após as gravações, agilizou a produção dos roteiros, que eram realizados conforme o número de entrevistas necessárias para cada episódio eram finalizadas. Foram selecionados os momentos mais importantes das conversas com cada entrevistado, e dessa forma eram delimitados os assuntos a serem abordados. Durante a edição, o roteiro era refeito constantemente, devido ao tempo, que deveria ter média de 5 minutos e geralmente tinha o tempo excedido por uma grande diferença, e, além disso, novas abordagens para determinada história que, eventualmente, surgiram. O processo de edição teve início no mês de outubro, tendo sido iniciado pelos episódios cinco e seis, referentes ao ex-presidente João Goulart. Um problema que enfrentamos nesta etapa foi em relação ao software de edição escolhido para a montagem dos episódios. Devido aos requisitos de sistema trabalhados por ele, só podíamos utilizá-lo nos computadores da universidade, específicos para trabalhos de edição áudio-visual. Os horários de funcionamento do local fizeram com que essa etapa se estendesse até meados de novembro, uma vez que seguimos paralelamente na realização das demais entrevistas. Temendo que o tempo restante não fosse suficiente para a edição dos demais episódios, optamos por utilizar um software alternativo, para continuar o processo de edição


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fora da universidade, ganhando tempo. Assim, foram construídos os episódios um, dois, três, quatro e sete, que tiveram apenas a finalização realizada no laboratório de edição da Unipampa. Encontramos dificuldades em relação aos episódios dos séculos XVII, XVIII e XIX, porque materiais como fotos eram de difícil acesso tanto materialmente, quanto de forma digital. Isso foi contornado com a utilização das filmagens feitas por nós de monumentos históricos referentes aos períodos abordados, além das trilhas sonoras que ajudam na construção de sentidos dos usuários. 4. DESENVOLVIMENTO 4.1 Descrição do produto O web-documentário “Webdoc São Borja histórica” é composto por sete episódios em vídeo, com aproximadamente cinco minutos de duração cada um. O primeiro deles aborda o período missioneiro da cidade de São Borja; o segundo a invasão paraguaia a então vila de São Borja; o terceiro e o quarto falam sobre a vida do presidente Getúlio Vargas; o quinto e o sexto sobre o ex-presidente João Goulart e o sétimo, e último, analisa São Borja na contemporaneidade. No final de cada episódio são apresentados caminhos ao usuário, que pode ter acesso rápido ao episódio anterior e/ou ao episódio seguinte, através de links inseridos no próprio vídeo. Os episódios estão publicados no YouTube, o que facilita o acesso dos usuários e possibilita que os produtos mantenham-se reunidos num mesmo canal. Para agregar todos os conteúdos numa mesma plataforma, os vídeos também foram publicados num blog, além de haver conteúdo textual, fotográfico e auditivo que complementam e tornam a produção multimídia. 4.2 Circulação Os episódios do “Webdoc São Borja histórica” estão publicados no canal da DeLorean Produções Audiovisuais no Youtube – <http://www.youtube.com/user/DeLoreanProducoes> –, podendo também ser conferidos junto aos outros materiais integrantes do trabalho no blog da produção: <http://webdocsbhistorica.blogspot.com/>. 4.3 Equipamentos


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As imagens foram captadas em filmadoras Sony Handycam HDD, em formato widescreen, fornecida pela universidade. A edição não-linear foi realizada em Sony Vegas Movie Studio 9.0 e em Adobe Premiere Pro CS5, este último fornecido pela instituição. Os áudios foram editados em Sony Sound Forge Pro 10.0 e as imagens em Adobe Photoshop CS4, sendo as fotografias realizadas com uma Sony Cyber-Shot DSC W55 7.2 Mega Pixels. 4.4 Custos Materiais Aquisição de livro Impressão do relatório (2)

Custo em reais 36,00 20,00

Transporte Viagem a Itaqui Transporte coletivo

70,00 40,00

Total

166,00

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste projeto experimental, que trabalha com várias formas de se apresentar a mensagem, fez com que tenha sido uma experiência muito válida. Durante o curso, foram explorados diferentes meios de comunicação, e a web, dentre eles, foi o que nos impulsionou a produzir pensando em diferentes formatos, com maior amplitude de difusão. A convergência de diferentes mídias para a internet possibilita o surgimento destes novos formatos, como o webdocumentário, a partir de gêneros já conhecidos, que pode constituir uma alternativa interessante e inovadora para a produção e difusão de conteúdos diferenciados. Construído a partir de uma linguagem simplificada, para um meio onde os conteúdos podem ser facilmente acessados, acreditamos que o “Webdoc São Borja histórica” atende às demandas às quais se propõe, reconstituindo a história local e a forma como ela é interpretada por aqueles que vivem nesse espaço. A partir da utilização da web como plataforma, também foi possível pensar numa maior propagação dos conteúdos produzidos, sem o estabelecimento regulador de tempo ou espaço, comuns a outros veículos.


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A proposta de construir episódios com duração relativamente curta dá-se, sobretudo, pela dinamicidade que a web representa, onde nada é estático e a atenção do usuário é constantemente disputada pela ilimitada quantidade de informações e fontes de entretenimento existentes. Para não limitar o conteúdo de alguns episódios em função das restrições de tempo estabelecidas, optamos por dividi-los, de forma a não omitir informações importantes à construção da narrativa, mesmo que excedessem a proposta de apresentar o tema em cinco minutos. Pelo fato de a web constituir um ambiente de livre escolha, o webdocumentário, ao oferecer todos os formatos presentes a partir da internet sob o viés do jornalismo, se torna uma fonte de pesquisa versátil. Dessa forma, o usuário escolhe a forma de recepção da mensagem, traçando o caminho que lhe interessa ou lhe agrada mais. Logo, o webdocumentário se torna um formato democrático, pois permite que o receptor desfrute da mensagem sobre determinado assunto da forma que lhe seja mais atraente. É democrático também por ser livre das amarras do profissionalismo que é imposto pelos formatos clássicos do jornalismo. Sendo um formato experimental, pode ser feito de modo semi-profissional no que diz respeito aos aparelhos necessários para sua produção. Isto ressalta sua característica de acesso facilitado, não somente em relação à recepção deste tipo de mídia, mas também de sua produção. Por não possuir originalmente qualidade técnica muito grande, é necessário que se obtenha destaque através do próprio conteúdo e do tratamento a ele dado, construindo-o de forma criativa e interessante. Acreditamos que o gênero do webdocumentário tem muito a contribuir para a difusão de conteúdos de qualidade e diferenciados na rede, uma vez que sua produção não exige muitos recursos técnicos e permite abordar qualquer temática sob diferentes ângulos, valendose da experimentação com mídias variadas. Os materiais por nós produzidos ao longo da realização do “Webdoc São Borja histórica” exemplificam esta afirmação, rendendo ainda diferentes formas de abordagem. Com base nisto, planejamos explorá-las, contribuindo, assim, para que as histórias paralelas ao conteúdo principal, por nós apresentado, também possam acrescentar informações que irão colaborar ainda mais para a contextualização dos momentos históricos abordados.


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REFERÊNCIAS

Artigos RIBAS, Beatriz. Contribuições para uma definição do conceito de Web Documentário. GJOL, 2003. Dissertações

RENÓ, Denis P. Características comunicacionais do documentarismo na Internet: estudo de caso do site Porta Curtas. São Bernardo do Campo, 2006, 142p. (Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre). Livros

CASTELLS, Manuel, CARDOSO, Gustavo. A sociedade em rede: do conhecimento à acção política. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2006. JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma a maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Ed. 34, 1993. LÉVY, Pierre. Cibercultura. 6. ed. São Paulo: Ed. 34, 2007.

LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. MARCONI, Marina, LAKATOS, Eva M. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. Monografias

GREGOLIN, Maira, SACRINI, Marcelo, TOMBA, Rodrigo Augusto. Webdocumentário: uma ferramenta pedagógica para o mundo contemporâneo. Campinas, 2002, 120p. (Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Jornalismo, PUC-Campinas – Campus I, para obtenção do título de graduação do curso de Comunicação Social Jornalismo).


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Revistas

RENÓ, Denis P. Ciberdocumentarismo: tópicos para uma nova produção audiovisual. Ciência & Cognição, 2006.


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APÊNDICES

APÊNDICE A – Roteiro do episódio 1 Logomarca da produtora. IMAGEM – Clipe de abertura episódio 1: MISSÕES PARA SEMPRE SONORA José Luciano Vasques GC: JOSÉ LUCIANO VASQUES/ historiador

00’08’’ São Francisco de Borja é, surgiu num contexto no qual tava tentando delimitar as fronteiras entre Portugal e Espanha né.

SONORA Rodrigo Maurer

00’08’’ a explicação toda dos jesuíta ela depende de duas fases: a primeira fase, ela se compreende de 1626 a 1632

GC: RODRIGO MAURER / historiador 06’09’’ em 1626 com a fundação de São Nicolau por Roque Gonzáles, no qual SONORA Luciano Vasques

06’17’’ eles tiveram que abandonar pelo fato dos Bandeirantes descerem lá de São Paulo e virem aqui pra preá o Índio pra levar pra ser vendido como escravo lá em cima.

SONORA Rodrigo Maurer

00’57’’ essas reduções vão ter que ser obrigadas a transmigrar e a segunda fase ela começa a partir de 1687.

SONORA Luciano Vasques

04’20’’ Manoel Lobo que era governador do Rio, vem e funda na Colônia de Sacramento, em 1680. 04’48’’ era um enclave português que ficava dentro de uma área que pertencia a Espanha, então era um


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04’56’’ problema pra Espanha

SONORA Rodrigo Maurer

02’15’’ a questão toda passava sim, pelo consolidação da colônia de Sacramento 02’31’’ e em contra disso tinha que encontrar uma função que barrasse esse avanço portuguêslusitano 22’00’’ a redução de São Borja ela surge na parte alta de São Borja, nas proximidades da Praça Matriz 22’11’’ E o abastecimento de água dessa redução 22’12’’ seria a fonte de São Pedro. 04’20’’ o contato tradicional como muitas vezes foi passado por muito tempo foi que tivesse acontecido pelo contato da força 04’29’’ Hoje já existem linhas teóricas que pensam esse contato com a questão de assimilação cultural 04’55’’ Ele não foi uma pessoa que teve que ser aculturada pra se adaptar ao sistema reducional, pelo contrário o sistema reducional que teve que se adaptar a cultura desse indígena.

SONORA Luciano Vasques

08’11’’ São Borja tinha uma função estratégica dentro desse contexto todo 08’16’’ Porque ele era o que ficava na beira do Uruguai aonde, por onde era escoado toda essa produção né do gado 08’25’’ a erva mate principalmente 08’28’’ que tinha um valor muito grande na época

09’20’’ os espanhóis tinham uma estrutura já muito organizada na época


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SONORA Mario Hoff GC: MARIO HOFF / historiador

09’29’’ com uma espécie de colégio, quadras de um tamanho específico, o local tinha que ser um local livre de enchente 09’40’’ de bichos

24’17’’ talvez a redução de São Borja não existisse Cotiguaçu SONORA Rodrigo Maurer

24’07’’ ou seja a casa onde ficavam as órfãs e as viúvas. 08’32’’ nenhuma redução foi projetada ao leo, todas tiveram um estudo aprofundado para saber se ali 08’40’’ poderia resultar algo positivo pro projeto coletivo.

24’47’’ a organização

SONORA Luciano Vasques

24’57’’ o principal que é o jesuíta, depois os caciques, daí assim por diante

07’10’’ cada um tendo a sua função

SONORA Rodrigo Maurer

07’12’’ dentro do projeto reducional em si, favorecia para um controle interno mais forte e rígido 07’20’’ das investidas externas

10’40’’ em 1750 através do tratado de Madri

SONORA Luciano Vasques

11’03’’ foi um ótimo negocio para os portugueses, porque eles trocam uma pequena cidadela né, 11’10’’ por uma vasta região que vai se tornar futuramente uma, uma grande potencial 11’16’’ pros portugueses.


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3’03’’ A Espanha ao assinar o tratado de Madri com Portugal deu um tiro no próprio pé, porque quem segurava a fronteira eram os jesuítas. SONORA Mario Hoff

Tirando os jesuítas e os índios, os portugueses podiam entrar à vontade até onde queriam.

12’01’’ chega uma ordem vinda de, de Espanha 12’10’’ pra eles passarem pro lado de lá do Rio Uruguai e entregassem 12’13’’tudo aquilo que era construído, só que SONORA Luciano Vasques

12’30’’ pro indígena principalmente tem certas coisas que pra eles 12’42’’ é algo sagrado aquele local onde ele nasce, onde ele cresce né, e aonde ele morre.

SONORA Rodrigo Maurer

13’06’’ mas esse indígena teve que se adaptar ao seu pior inimigo, que era o português que tinha destruído as suas reduções na primeira fase. 13’13’’ Então, ele ter que se adaptar à realidade portuguesa foi algo que ele não aceitou e daí que surge o levante missioneiro ou a guerra guaranítica como vulgarmente é conhecido. 12’19’’ São Borja foi um povo que não participou da Guerra Guaranítica. 12’35’’ optaram por não apoiar a milícia de Sepé Tiarajú.

7’52’’ os exércitos 7’54’’ tanto de Espanha quanto de Portugal, tavam acostumados com guerras porque nesse período na Europa haviam muitos conflitos também, então


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eles já estavam acostumados a guerra SONORA Luciano Vasques 9’43’’ o processo que envolveu a guerra guaranítica trouxe conseqüências graves pro projeto reducional.

SONORA Rodrigo Maurer

11’35’’ o marco final do processo reducional como um todo dentro desse sentido coletivo foi sem duvida nenhuma 1756 11’28’’ E o Tratado de Madri vem pra justificar isso, a guerra guaranítica também. 14’39’’ São Borja comporta o único retábulo missioneiro dentro desse espaço geográfico que nós conhecemos por Missões aqui atualmente, São Borja hoje comporta um quadro da época que nenhuma dessas outras reduções possui. 16’25’’ ficou sim esses legados patrimoniais, mas que ainda de certa forma tão num processo ãh, de ser reconhecidos por parte da grande sociedade e também das pessoas que gerenciam essa localidade. 17’16’’ nós temos que começar a projetar essa cidade, talvez num sentido visionário. Pensar as Missões para sempre. Não as missões como um passado.

CRÉDITOS FINAIS


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APÊNDICE B – Roteiro do episódio 2

IMAGEM – Clipe de abertura Logomarca da produtora.

episódio 2: O Paraguai em São Borja

SONORA: Ataídes de Oliveira Assis GC: ATAÍDES DE OLIVEIRA ASSIS / historiador

SONORA: Alcebíades Paulino GC: ALCEBÍADES PAULINO / acadêmico história URCAMP

00’’30’’ o Paraguai era um país que vinha se estruturando internamente né, 00’37’’ sua indústria interna.

2’11’’ Então eles precisavam escoar a produção deles e, teoricamente, expandir. Então uma preocupação do Solano López era ter uma saída para o mar.

SONORA: Cel. Reinaldo Correia GC: 2º RC MEC João Manoel

3’30’’ Ele tinha um exército muito grande, alguns avaliam em 75 mil homens, 3’37’’ enquanto o exército brasileiro na época não tinha 15 mil, era desorganizado.

SONORA ATAÍDES

2’30’’ Então os primeiros problemas ocorridos foi o ataque dos paraguaios ao navio Marques de Olinda que se direcionava a região do mato grosso,


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SONORA REINALDO 7’00’’ Ele atacou no Mato Grosso, ele não tinha interesse lá. 7’09’’ Eles queriam era desviar a atenção do Brasil praquela área, pra atacar aqui, que o interesse deles era aqui. SONORA ATAÍDES 3’51’’ cruzando o rio Paraná 3’58’’ vindo para a região de Santo Tomé.

SONORA REINALDO 10’45’’ Na época, São Borja uma vila pequena, poucos habitantes, não estava guarnecida, 11’00’’ aqui nós tínhamos uma média de 150 homens. 20’10’’ 1º de maio então, antes da invasão, os três países firmaram o tratado da tríplice aliança. 11’33” E deu-se a invasão. 14’00’’ o João Manoel foi avisado 15’00’’ os paraguaios já começaram a subir e se encontraram mais ou menos aqui nesse sítio aonde está hoje o regimento. 15’43’’ E os paraguaios partiram pra cima. Só que aí o João Manoel 15’57’’ Botou a banda pra tocar 16’07’’ e os paraguaios acharam que aquilo fosse a vanguarda do exército brasileiro 16’22’’ Recuaram, e atravessaram o rio. 16’36’’ João Manoel então retirou todas as famílias daqui, ficou muito pouca gente,


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16’45’’ E saiu na direção do Alegrete. 17’06’’ aí dois dias depois eles realmente entraram em São Borja.

SONORA ATAÍDES

7’06’’ com a entrada então, em 12 de junho, 11’30’’ mesmo contrariando as ordens de Solano Lopez 11’35’’ Estigarribia acabou então entrando nos povoados e buscando saquear tudo que pudesse. 12’01’’ andou em torno de 6 a 7 léguas, atrás de uma coluna de são-borjenses que iam fugindo com os seus pertences, com carroções e com todos os seus bens, as suas famílias. 12’14’’ estavam tentando fugir, fugindo de São Borja, na busca de pegar esses bens, saquear esses bens.

SONORA ALCEBÍADES

18’37’’ na matriz aqui de São Borja, fizeram os soldados fazer reverências aos santos, depois saquearam toda a igreja.

SONORA ATAÍDES

10’20’’ qual é que foi a estratégia dos paraguaios ao chegar em São Borja: dividir-se em duas colunas, umas das colunas paraguaias, deveria seguir pelo lado argentino 10’27’’ e a outra coluna deveria ir pela outra margem do rio, por território brasileiro, andando, paralelamente entre elas 10’47’’ A ideia era o que, seguir elas paralelamente até chegar propriamente na região de Uruguaiana, e ali então, unir as forças e seguir então em direção ao seu objetivo final.


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SONORA REINALDO

19’15’’ conquistou a cidade, pra se organizar e passar o rio Quaraí pra ir pro Uruguai.

SONORA ALCEBÍADES 19’00’’ quando as tropas paraguaias entraram na cidade, encontraram, pô, alimento, tudo que tinha sido acumulado pela população. Porém antes de sair, antes de fugir, a população envenenou muito alimento que tinha lá. E muitos soldados paraguaios morreram envenenados

SONORA REINALDO

19’26’’ Aí foi cercado, por argentinos e uma tropa uruguaia

brasileiros,

19’43’’ Aí com a presença do imperador, o imperador veio, Dom Pedro II veio, Caxias, ali eles se renderam.

SONORA ATAÍDES

28’00’’ aceitaram o termo de rendição e acabaram então cedendo pra que esses paraguaios conseguissem então voltar para o seu país quem quisesse

SONORA REINALDO

22’34’’ a partir da Batalha Naval do Riachuelo e da rendição em Uruguaiana 21’37’’ ali, acabou a capacidade defensiva estratégica do Paraguai, porque nós destruímos a esquadra paraguaia e asseguramos a navegação no rio Uruguai.

SONORA ALCEBÍADES

28’23’’ Inclusive o Solano López, 28’26’’ ele lutou até o último momento


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28’38’’ quando foi alcançado pelas tropas brasileiras, que tinham essa missão de caçar realmente Solano López. 28’44” Resistiu, não se entregou, e foi morto

SONORA ATAÍDES

28’39’’ D. Pedro II esteve em Uruguaiana 28’49’’ porque ele queria conhecer o palco onde ocorreram as batalhas né. 28’58’’ depois chegaram em São Borja e também fizeram uma espécie de uma turnê por São Borja, né pra visualizar.

SONORA REINALDO

24’00’’ a partir do momento em que houve a rendição em Uruguaiana, 24’10’’ as famílias começaram a retornar.

SONORA ATAÍDES

20’33’’ São Borja teve que a passos lentos ir se estruturando internamente 20’50’’ Por que depois de um saque dessa forma, fica complicado essa reconstrução em tão pouco espaço de tempo.

SONORA REINALDO

CRÉDITOS FINAIS

25’00’’ São Borja começou do nada de novo em 1865. Então em setembro de 1865 a cidade renasceu.


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APÊNDICE C – Roteiro do episódio 3

Logomarca da produtora. IMAGEM – Clipe de abertura episódio 3: Getúlio Vargas, DO ITÚ PARA O CATETE SONORA Mariza Fortes GC: MARIZA FORTES / historiadora

SONORA Salvador Mello GC: SALVADOR MELLO / advogado e radialista

SONORA Mariza Fortes

02’34” Getúlio Dorneles Vargas nasceu em São Borja no dia 19 de abril de 1882.

01’11’’ tinha pendores pra vida militar e foi estudar fora de São Borja 01’56’’ seu pai, tendo interesse em que ele tirasse uma faculdade ou coisa parecida, o incentivou e ele então foi para Porto Alegre e lá se hospedou numa pensão e optou por direito.

03’51’’ em 1909 03’54’’ ele se candidata, ele se elege deputado estadual. 04’08’’ em 1910 ele casa-se com a sra. Darcy Sarmanho Vargas,

SONORA Salvador Mello

01’49’’ Voltou para São Borja. 24’50’’ Ali na General Marques, a casa ainda existe 24’03’’ ali foi que ele conheceu. Num baile de carnaval. Ele chegou e se encantou com a Darcy. 24’24’’ saiu dali dizendo que “ela será minha esposa futuramente”. Se apaixonou.

04’19’’ ele se elege novamente deputado estadual


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SONORA Mariza Fortes

e fica morando na casa, na casa do Getúlio Vargas. 04’33” mora 11 anos naquela casa, de 1911 a 1922, quando ele se elege deputado federal e vai embora, 04’43’’ Depois ele foi ministro do trabalho do governo do Washington Luis, foi 04’51’’ presidente do rio grande do sul, que na época era presidente.

SONORA Salvador Mello

3’21’’ e resolveu se candidatar à presidência da república, contrário ao interesse do Washington Luis que era o presidente. 03’38’’ Júlio Prestes, que era o candidato do governo Washington Luis, ganhou esse pleito 03’51’’ e eles então se insurgiram. Os amigos e o Getúlio se insurgiram contra a eleição do Julio Prestes, foi quando eclodiu a revolução de 1930.

SONORA Mariza Fortes

06’43’’ Que que acontece então, o Getúlio Vargas 06’46’’ o vice dele, era o João Pessoa 06’50’’ então o, matam o João Pessoa, na Paraíba e então usam essa, essa, essa morte como estopim pra dar início à revolução que colocou Getulio Vargas no poder. 07’04’’ então Getúlio Vargas entrou presidência através dessa luta armada.

na

08’32’’ Aquelas mesmas pessoas que em 1930 colocaram ele no poder, como Gois Monteiro, Eurico Gaspar Dutra, 08’49’’ foram as mesmas pessoas que em 1937 ajudaram ele a dar o golpe, né, que foi o golpe do Estado Novo 09’03’’ Né, então ele foi assim, tinham muito medo que ele se perpetuasse no poder, então os mesmos militares que ajudaram ele em outras épocas, foram os que tiraram ele do poder.

05’56’’ e veio para a fazenda do Itu aqui, que fica


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SONORA Salvador Mello

em Itaqui. Chamavam-no naquela época “o solitário do Itu”. Caravanas e mais caravanas de políticos de todas as partes do Brasil vinham visitá-lo, reivindicando sempre que ele se candidatasse à presidência da república democraticamente. 06’38’’ E ele então percorreu democraticamente todos os estados brasileiros, quando eu passei a incluir a sua caravana. A apresentação dos seus comícios era eu que fazia. Quando no encerramento da campanha, foi aqui em São Borja, na frente do Banco Nacional do Comércio 07’02’’ ali nós transmitimos o comício de encerramento.

SONORA Mariza Fortes

11’41” esse retorno dele foi assim, muito, muito aplaudido pelo povo 11’48’’ tanto que ele voltou com a grande maioria de votos, porque no congresso ele praticamente, ele perdeu todo o apoio né, 12’12’’ então isso aí também foi um dos, 12’18’’ culminou com o suicídio dele porque ele perdendo esse apoio aí começou a pressão em cima dele, né.

CRÉDITOS FINAIS


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APÊNDICE D – Roteiro do episódio 4

Logomarca da produtora IMAGEM – Clipe de abertura episódio 4: Vargas, O ESTADISTA

SONORA Salvador Mello

07’34’’ tendo em vista a retumbante vitória em 1950, em janeiro partiu para o Rio de Janeiro.

GC: SALVADOR MELLO / advogado e radialista

07’48’’ já como presidente democraticamente eleito.

da

república,

08’03’’ mas dessa época ele enfrentou um problema muito grave, porque o Carlos Lacerda 08’17’’ conspirava contra ele, em todos os sentidos.

SONORA Mariza Fortes

14’56’’ foi

GC: MARIZA FORTES / historiadora

15’00’’ o atentado à rua Toneleros, né. 15’06’’ que seria pro Carlos Lacerda, que era o maior inimigo dele. 15’16’’ Que foi o Gregório Fortunato que teria contratado os capangas, né.

SONORA Salvador Mello

08’31’’ o Gregório, que era o seu chefe da casa, 08’42’’ projetou, arquitetou uma morte do Carlos Lacerda 09’03’’ foram na rua Toneleiros, numa noite escura, até por sinal, e no momento em que o Carlos Lacerda descia do carro, acompanhado, assessorado pelo major Vaz, da aeronáutica, eles


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desferiram tiros. O Lacerda foi atingido no pé. 09’39’’ E, infelizmente, uma das balas 09’43’’ atingiu o major Vaz, que caiu, morto. 10’10’’ a aeronáutica que foi atingida né 10’18’’ e atribuiu esta atitude mesquinha ao próprio Getúlio Vargas 10’29’’ Quando ele, na realidade, não tinha nada que ver com isso. 10’35’’ ele declarou “não sabia que sobre os meus pés corria um verdadeiro mar de lamas”. Mar de lamas por quê? Os elementos de sua guarda pessoal 10’55’’ tinham conspirado, traiçoeiramente. SONORA Viriato Vargas GC: VIRIATO VARGAS/ SobrinhoNeto de Getúlio Vargas

04’16’’ Inclusive o último Natal da vida dele, ele era presidente 04’40’’ tinha dezessete anos e o meu pai chegou do quartel e diz “Meu filho 04’51’’ vamos até o Itu” 04’54’’ o tio Getulio tá aí”. 5’22’’ ficamos quase toda a tarde com ele. Ele ficou naquela rede que ele gostava de sentar, fumar o charutinho dele. Era um homem de uma simplicidade, 05’49’’ já era um estadista Getúlio.

SONORA Salvador Mello 11’27’’ Então, o Lacerda continuou na campanha e o Getúlio, dada essa tremenda essa pressão, não agüentou. Porque 27 generais solicitaram que ele pedisse uma licença e ele não aceitou. Persistiu que só morto sairia do palácio. 12’33’’ então resolveu, dado a essa pressão tremenda, se dar um tiro no coração.


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12’53’’ não tinha saída mesmo. 13’00’’ Deposto em 45 e depois deposto em 50, ele achou que era demasiada humilhação. E de fato... 13’10’’ deu uma carta testamento, que seria uma cópia 13’14’’ pro Jango, que ele abrisse somente dali a uns dois dias, e acabou se suicidando. SONORA Mariza Fortes

24’00’’ Pra ti ter uma idéia, uma cunhada dele, que morava aqui em São Borja, no momento que soube da morte, morreu. 24’18’’ A comoção foi nacional, mas São Borja ficou muito sentida. Tanto que no enterro dele 24’27’’ Triplicou, né, o número de pessoas aqui em São Borja.

Vídeo Arquivo Nacional

SONORA Salvador Mello

14’23’’ Um avião duglas, trouxe o corpo. E o corpo foi carregado do aeroporto à prefeitura municipal nos ombros do pessoal, vieram a pé. Só não foi velado na igreja porque o monsenhor Patrício Petit Jean não permitiu, porque ele tinha se suicidado, então não permitiu. 14’47’’ E a visitação do pessoal era constante, não é. Saiu dali no dia 26, pro cemitério municipal.

SONORA Viriato Vargas 10’30’’ O grande legado dele foi o nacionalismo dele né, tudo pro Brasil. Trabalhava para o Brasil e pro povo, pro povo principalmente.

SONORA Salvador Mello

20’36” que a fuligem do tempo, que tudo corrói, destrói, não conseguiu no passar desses anos atingir a figura expressiva e a personalidade de


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Getúlio Vargas. Ele é tido como um ídolo, imortal. CRÉDITOS FINAIS


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APÊNDICE E – Roteiro do episódio 5

Logomarca da produtora IMAGEM – Clipe de abertura episódio 5: João Goulart, BRASÍLIA

DO

IGUARIAÇÁ

PARA

SONORA Jacqueline Cassafuz GC: JACQUELINE CASSAFUZ / historiadora e dir. Memorial Casa João Goulart

00’11’’ João Belchior Marques Goulart como era o nome completo do presidente Jango, ele nasceu na fazenda de Iguariaçá, que era um distrito de Itacurubi no interior de São Borja. 01’37’’ o Jango, ele era o sexto filho de uma família de nove irmãos 02’23’’ então ele tinha uma forte ligação familiar né, com as irmãs, com a mãe principalmente, ele tinha uma ligação de afeto muito forte com a Dona Tinoca né, como era o nome da Dona Vicentina.

GC: MARIA TEREZA GOULART / viúva de Jango

05’28’’ Ele tinha um grupo de familiares muito apegados a ele também e ele também, muito apegado à família. Depois que ele entrou na política, ele ficou um pouco afastado. Mas ele nunca deixou assim, sabe, de proteger a família,

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

05’00’’ pra São Borja ele veio efetivamente morar tinha uns 8, 9 anos de idade.

SONORA Maria Tereza

02’37’’ e essa infância do Jango foi uma infância muito feliz né, ele teve liberdade no campo tanto que depois isso ele continuou efetivamente demonstrando nessa ligação que ele tinha com os


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peões. SONORA DIRCEU DORNELLES GC: DIRCEU DORNELLES / tabelião e amigo de Jango

07’37’’ nas estradas junto com a peonada, comendo da mesma comida, apesar de ser bacharel em direito né, nunca exerceu a profissão de advogado.

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ 05’26’’ então ele vinha, como ele estudava fora, ele vinha em férias, e já depois de adulto, depois de casado com a são-borjense Maria Thereza, que casaram-se em 1955. SONORA MARIA TEREZA 00’’13’’ eu morava em frente à casa dele ali e eu vim entregar uma correspondência pra ele 00’42’’m bater aqui no portão dele, conheci o Jango aí no portão.

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ 6’35’’ através do carnaval principalmente, que ele era um grande carnavalesco, que ele também fez com que vários estereótipos fossem destruídos. Como por exemplo, a questão da presença de negros, no clube Elite que hoje é o clube Comercial, que não entravam negros

SONORA DIRCEU DORNELLES

13’05” ele pegou e quando viu tava entrando o bloco, ele na frente e, sabe, o bloco todo de atrás, (riso), ninguém se animou a atacar ele,

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ 08’17’’ tanto que uma das maiores tristezas dele enquanto presidente, era ser o presidente rico de um país pobre, né. SONORA MARIA TEREZA


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01’05’’ Olha, eu tenho assim uma recordação muito... muito feliz assim da minha época de São Borja 01’31’’ uma coisa assim “meia” rústica ainda a cidade, mas era muito legal porque a gente tinha uma turma de amigos muito grande, então a gente passeava muito, namorava bastante... SONORA DIRCEU DORNELLES 00’49’’ eu não sei exatamente a população, mas havia de ter uns 20 e poucos mil habitantes 01’22’’ À tarde tinha os barzinhos, na frente de uma das ruas da praça, da face norte da praça, então eles fechavam aquela rua, botavam mesas ali, os rapazes sentavam pra tomar uma cerveja, um refrigerante, e as moças faziam o chamado “footing”, pra lá e pra cá, caminhavam uma quadra e voltavam. SONORA MARIA TEREZA 05’58’’ Ele adorava São Borja! 06’06’’ todo o tempo que ele tinha de folga, ele queria vir pra São Borja. SONORA LUTHERO FAGUNDES GC: LUTHERO FAGUNDES / contador e amigo de Jango

05’28’’ ele tinha muitas casas na cidade, cujo patrimônio ele nunca recebia aluguéis ou qualquer recompensa pela ocupação desses imóveis. A ele não interessava, só interessava que cuidasse.

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ 22’38’’ até numa festa que foi dada 22’45’’ que foi na fazenda Itu e o Jango estava acompanhando o coronel Vicente então nessa festa SONORA CHRISTOPHER GOULART CHRISTOPHER GOULART / neto de

00’23’’ o inicio da trajetória política do Jango é em 1945 quando o presidente Vargas vem no seu


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Jango

auto-exílio no Itu, na fazenda do Itu, ele se aproxima do meu avô.

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ 23’15’’ aí perguntou pra ele “Tu vais ser político, Jango? Tu devias, pois tu falas bem.”

SONORA CHRISTOPHER GOULART

01’35’’ E aí começou a trajetória política dele, mas sempre incentivado pelo seu inspirador, Getúlio Vargas. E que depois, no suicídio de Vargas, fica caracterizada essa herança política que ele tem de Getúlio Vargas, no momento em que o dr. Getúlio lhe entrega a carta testamento em mãos, né, pro meu avô, e logo após se suicida.

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

08’51’’ o estopim para a queda de João Goulart foi a partir então do comício da central do Brasil 10’39’’ E ali eles viram que realmente Jango não estava brincando, 10’50’’ E esse comício da central do Brasil ela representou então o ponto chave de todas as mudanças que Jango queria fazer. Então eles se preocuparam com tudo aquilo que poderia representar a continuação de João Goulart no poder, né.

CRÉDITOS FINAIS


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APÊNDICE F – Roteiro episódio 6.

Logomarca da produtora IMAGEM – Clipe de abertura

Episódio 6: Jango: O PRESIDENTE

SONORA CHRISTOPHER GOULART

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

12’50’’ o meu avô chegou em tão pouco tempo a presidência da República, em (19)47 ele tinha apenas 26 anos, isso Deputado Estadual, até ser presidente da República com 41 (anos), eu não tenho duvida que o que o conduziu dessa forma tão rápida foi o homem, foi o carisma, foi a simplicidade dele. 09’31’’ quando ele era ministro do trabalho do governo de Getúlio Vargas, ele como ministro do trabalho, ele deu 100% de aumento aos trabalhadores e Getúlio Vargas foi pressionado pra então tirar Jango, então Jango teve que ser demitido em função desse, dessa ação né, desse ato de instituir 100% de aumento do salário mínimo pro trabalhador 12’46’’ ali já começaram a ficar de olho nele, né. 12’52’’ Pelo que ele representava para o povo brasileiro.

SONORA DIRCEU DORNELLES

14’35’’ em 64, quando ele foi deposto, ele foi pro Uruguai.

SONORA MARIA TEREZA

07’39’’ ele era um homem que viveu intensamente essa política e chegou lá e ficou numa solidão tremenda, né. Proibido de tudo.

SONORA DIRCEU DORNELLES

SONORA LUTHERO FAGUNDES

06’35’’ Na época era muito difícil falar com ele porque não é, existia aquele o governo revolucionário né na época 12’20” cada vez que nós chegávamos lá, ele pedia para um de nós cozinhar, fazer a refeição. E geralmente tocava para o Luthero 12’42’’ me dei conta que ele pedia porque


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tinha medo de ser envenenado. Ele não confiava nem no mordomo dele. 01’55’’ eu descobri e me certifiquei depois que ele estava sendo ameaçado de morte.

SONORA MARIA TEREZA

08’09’’ então a gente ficava naquele impacto de não saber pra onde ir, já no final a gente já não sabia mais era muita perseguição. Mas muita mesmo! Meus filhos, eu também, todo mundo. foi realmente uma fase de muita angústia.

SONORA LUTHERO FAGUNDES

SOBE SOM: Trilha suspense

09’25’’ foi uma coisa inesperada o que aconteceu com o Dr. Jango. Inesperada no âmbito do povo, porque nós já estávamos informados, que a ditadura estava atrás dos presidentes João Goulart foi morto a mando da ditadura brasileira. 16’43’’ propuseram pra trazer o corpo e enterrar imediatamente, mas isso não foi feito. Ele veio pra Igreja, aí o povo foi todo lá e passaram a noite velando. Muita gente de São Borja e de todos os municípios aqui do Rio Grande, bastante gente mesmo! Aí foi velado o corpo e enterrado no dia seguinte. é uma história muito triste da nossa pátria. Morreu no exílio.

SONORA MARIA TEREZA

SOBE SOM: Trilha triste

09’29’’ É, ele é muito lembrado em São Borja, sim, mas eu gostaria que ele fosse tão lembrado, como é em São Borja, em outros lugares do Brasil, porque, realmente, ele é muito esquecido


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SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA CHRISTOPHER GOULART

21’22’’ pra São Borja representa um grande orgulho nós sermos berço de dois presidentes e Jango representa muito, pro homem do campo, pro político

16’51’’ Morrem os homens, mas as idéias permanecem. E no caso do meu avô não apenas as idéias, mas o carisma mesmo dele.

SONORA LUTHERO FAGUNDES 23’41” porque ele era um patriota, tão patriota que chegou à presidência da república 23’53’’ mas, o destino o deixou em meio do caminho. Ele não pôde continuar, ele não pôde fazer o que de fato ele queria e deveria ter feito. CRÉDITOS FINAIS


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APÊNDICE G – Roteiro do episódio 7

Logomarca da produtora IMAGEM – Clipe de abertura

episódio 7: CIDADE HISTÓRICA

SONORA MANOEL LOUREIRO MANOEL LOUREIRO (AMIGUINHO) / morador

SONORA TESEU SARMANHO TESEU SARMANHO / morador

1’00’’ predominava antes aqui em São Borja a pecuária 1’17’’ Aí começou a desenvolver a agricultura em São Borja, começou a deslanchar São Borja. Que antes era pacata, era o gado no campo, os fazendeiros investindo em apartamentos em Porto Alegre, por aí, aqui não se investia nada. Então desenvolveu um pouco São Borja depois quando foi desenvolvida a agricultura aqui.

4’05’’ com essa evolução da agricultura começou a aparecer novas, novos empregos né. Começaram a aparecer os beneficiamento de arroz 6’26’’ Então tudo isso aí veio trazendo o progresso né. (Arq.2) 1’25’’ Sem duvida a construção da ponte. 1’29’’ foi muito importante, foi uma luta que todo o povo de São Borja né, independentemente de partido, lutou para que viesse né essa ponte. Por que essa ponte que tem em Uruguaiana, em princípio, deveria ser feita aqui em São Borja.


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SONORA AMIGUINHO

4’43’’ Que certa feita o Dr. Getúlio Vargas, quando presidente, chegou aqui em São Borja e perguntou pro prefeito na época “o que que tá faltando pra São Borja?”, então essa rua, Júlio Tróis, Francisco Miranda, na época chamava-se “rua grande”. Entendeu? Aí “vocês querem o asfalto da rua grande ou a ponte internacional”? 5’11” uma anta, pediu o asfalto da rua grande. Aí levaram 30 ano pra conseguir a tal ponte. Mais de 30 ano pra conseguir a tal ponte.

SONORA TESEU SARMANHO

2’10’’ se nós tivéssemos construído naquela época a ponte aqui nós teríamos uma outra situação. Então sem duvida, nesses últimos tempo a ponte de São Borja, entre São Borja e San Tomé, foi muito importante, agora nós estamos colhendo os frutos né.

3’44’’ eu acho que o que muda mais a cidade ultimamente são as questões vinculadas a SONORA ALEXANDER MACHADO educação né. Se tu pegar a criação da Unipampa, ALEXANDER MACHADO / professor agora do Instituto Federal Farroupilha e também da Uergs, história IFF São Borja

SONORA TESEU SARMANHO

7’58’’ o que eu vejo é uma evolução muito grande no que diz respeito à educação com a vinda aqui desses cursos técnicos, antes eu fui professor da escola técnica Vicente Goulart, eu lecionei mais de 10 anos. 8’13’’ E era o único curso que tinha aqui em São Borja.

SONORA AMIGUINHO

8’30’’ Mas, se vê muita gente de fora aqui, barbaridade! A parte da educação tá revolucionando São Borja.


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SONORA ALEXANDER MACHADO

SONORA TESEU SARMANHO

SONORA ALEXANDER MACHADO

9’03’’ eu brincava com alguns que foram embora de São Borja e eles falavam que ele tinham vergonha ou não sabiam o que falar de São Borja, quem foi a Porto Alegre, quem foi a Caxias, quem foi a centros maiores não tinha informações pra dar de São Borja por desconhecimento e também não se sentia orgulhoso de falar que era sãoborjense.

27’36’’ A não ser aquele são-borjense que tem raízes profundas em São Borja. Mãs de um modo geral não valorizam isso aí. O jovem de um modo geral esquecem o passado, esquece o que aconteceu, até não valorizam, não é que não esqueça, não valoriza.

1’16’’ São Borja está muito atrelada à questão dos presidentes Getúlio Vargas e Jango, até pela questão do museu, enfim. E politicamente, acho que interessava mais a cidade nesses últimos períodos que se valorizasse muito mais isso. 0’31’’ E de certa forma acabam negando um pouco o passado missioneiro. Por exemplo quando eles comentam aqui em São Borja de ir para as missões, nós vamos para as missões pra ir a São Miguel, como se nós não tivéssemos missões por exemplo. Então eu acho que esse passado mais recente da questão dos presidentes acabou apagando a história missioneira.

SONORA TESEU SARMANHO

29’25’’ o turismo hoje é um dos negócios mais rentáveis que existe né. Então é importantíssimo que se desse mais importância pra isso como hoje ta sendo já explorado através do, como no caso do Getúlio Vargas, no museu Getúlio Vargas, agora com o museu João Goulart né. Então talvez por falta do próprio são-borjense ele não foi tão explorado assim.


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SONORA ALEXANDER MACHADO

CRÉDITOS FINAIS

9’27’’ Quem ta fora de São Borja reconhece São Borja como um centro histórico muito importante, quem dá aula de história fala muito de São Borja, fala de Missões, fala do Getulio, fala do Jango, fala de tantas outras coisas que começaram aqui e que partiram... Guerra do Paraguai que teve uma batalha importante em São Borja. E quem é daqui não reconhece isso ou não tem isso como uma das formas de se orgulhar da cidade. Então acho que talvez seja uma das coisas que a gente tem que fazer em São Borja é buscar resgatar esses aspectos e vincular isso à história atual, quer dizer transformar isso num potencializador desse pólo educacional que a gente espera que São Borja realmente se transforme.


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