940 Edição 16.02.2018

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Braganรงa Paulista

Sexta

16 Fevereiro 2018

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Jornal do Meio 940 Sexta 16 • Fevereiro • 2018

Expediente

Realidade virtual Ajuda cliente a fazer compras em varejista em SP

meras espalhadas pelo ambiente filmam as expressões das pessoas ao entrar e sair da loja. As imagens são “analisadas” por algoritmos que calculam o nível médio de satisfação das pessoas de hora em hora, item que interfere na comissão dos vendedores, de idade entre 26 e 35 anos. Há ainda um sistema que mede o fluxo de clientes e os locais por quais eles mais circulam na loja, o que ajuda a descobrir os produtos que chamam mais a atenção. ESTOQUE MENOR Do início ao fim da venda, um único funcionário é responsável por fechar o negócio, na rede on-line ou na física. Iniciativas que, estima a empresa, exigem estoque 30% menor, com vendas mais rápidas na mesma proporção. Todas as informações colhidas ali, inclusive os dados dos clientes coletados quando eles acessam wi-fi, são enviadas em tempo real para 30 funcionários da Via Varejo, responsáveis pela estratégia de vendas da companhia, na sede da empresa. “De lá, eles alteram os itens expostos nas vitrines virtuais, mudam preços de acordo com a concorrência e definem quais produtos são mais adequados para

aquele ponto”, afirma Marcelo Nogueira, diretor de modelo de vendas da Via Varejo, dona do Ponto Frio e das Casas Bahia. JUNTO E MISTURADO Outras três novas unidades como a recém-inaugurada devem ser abertas em São Paulo e no Rio de Janeiro até o fim do ano, além das outras 70 “smarts”, formato de lojas menores, com estoque e custo 30% reduzido e maior integração entre as compras de forma virtual ou real. O plano é passar todas as 967 lojas das Casas Bahia e do Ponto Frio para o modelo até o fim de 2019. Além da mudança nos pontos comerciais, a Via Varejo instalou recentemente “armários inteligentes” em quatro postos de gasolina, na capital paulista, para retirada de produtos comprados pelos sites. É possível, ainda buscar as compras no balcão de 43 agências dos Correios. “Nossa intenção é que os clientes possam escolher cada vez mais como querem comprar e de que forma querem receber”, diz Nogueira. Todas as iniciativas são resultado da integração da Via Varejo com a Cnova, que reunia apenas os

E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

por TATIANA VAZ/FOLHAPRESS

É difícil imaginar qual cor de armário e tipo de geladeira ficarão melhor em uma cozinha nova. Por isso simular o ambiente com ajuda da tecnologia pode fazer a pessoa decidir -e comprar- mais rápido. Ao menos essa é a aposta da Via Varejo, que inaugurou na quinta (11) uma loja Ponto Frio, em São Paulo, com realidade virtual instalada, a primeira do tipo no país. Com o recurso, os clientes podem abrir gavetas, alterar cores e testar vários materiais de acabamento dos móveis de uma sala, por exemplo, de acordo com a disponibilidade dos itens no catálogo. Até o fim de fevereiro, outros 25 endereços da marca devem receber a novidade. Localizado no shopping Vila Olímpia, região nobre da capital paulista, o ponto é menor do que os convencionais da marca e conta com outras inovações. Logo na entrada, duas vitrines virtuais de 2,30 metros mostram produtos em tamanho real. Prateleiras digitais e interativas dividem espaço com outras reais, e descrições de celulares incluem avaliações de outros consumidores. A loja traz também novas formas de gerenciar as vendas. Nove câ-

Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919

negócios de comércio eletrônico do Grupo Pão de Açúcar. Quando anunciada, há pouco mais de um ano, as empresas previam que, juntas, teriam uma sinergia de R$ 325 milhões em 2017, valor elevado posteriormente para R$ 490 milhões.

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

Foto Marcelo Justo/Folhapress

Marcelo Nogueira, diretor de modelo de vendas da Via Varejo, usa óculos de realidade virtual.


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Tamanho de roda de bicicleta Clínica de estética Fruta pouco calórica Inferior aos demais Parceiro de Tonico

Valor atribuído a um feito Cacoete

O "A" na sigla RAF Vantajoso; rentável

O invento que foi registrado no INPI Bílis Deus romano do mar

Código do Canadá no endereço da internet

(?) Mueck, escultor hiperrealista

Substância irisada de conchas Período de referência para o IPTU

Gambá (bras.) Capital do Senegal

Tumor benigno de origem glandular Desprezo; repulsão Argila pardacenta

A guerrilha derrotada na Ofensiva do Tet

Condado no sudoeste da Inglaterra 500, em romanos Grita de dor (fig.)

"Início", em "eolítico" (?) I, rei da Grécia

Membro do Poder Legislativo municipal

Não judeu Bloco (abrev.) Objeto (?): é introduzido por preposição (Gram.) (?) Alamos, cidade onde foram testadas as primeiras bombas atômicas

(?) Wake, jogo eletrônico de ação 31

Solução V I D N P M

U R R A P A P O D E A N J O

D E V O N R O N A R O

BANCO

Apoio para o violino Cópia de documento

S A L O O S P I T E A I R N A C O A C A O D I E O O N G T O O M B A L

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Doce feito com gemas de ovos

Q A A U N R I T I QU E T E N M A E L T U N I C A C R A A O T C I RE V O S

ticipação e alegria assim como existem as festas mais ricas, mais exigentes e nada democráticas como as escolas de samba, os bailes em clubes e afins, bem como os blocos baianos que cobram verdadeiras fortunas por seus abadás e espaços exclusivos nos trios elétricos. Outra característica é o Carnaval como uma celebração, uma festa na qual a exigência da alegria é mais obrigatória que as fantasias que retratam virtualmente tudo, com cuidados, com exageros, com desleixos, desde que expressem alegria, com ou sem sentido, com ou sem críticas. É como se o país suspendesse seus problemas, outra característica, um hiato na dura e incerta realidade brasileira que levou a criação do nosso próprio início de ano, pois o ano só começa depois do Carnaval, pensamento incorporado por uma parcela significativa da nossa população. Algo insano e sem sentido num mundo globalizado e com as economias mundiais interligadas e que, no entanto, agrada quem mora por aqui. Índices gigantescos de desemprego são alcançados em algumas regiões brasileiras, nas quais a festa começa em janeiro e termina em abril, algo que não incomoda muita gente e que teve a audácia, para alguns a resistência, de criar festas carnavalescas espalhadas ao longo do ano para deixar um pouco de saudade e aumentar o desejo da festa para o próximo ano. É como se o país fosse envolvido por uma aura de festa, de alegria quase eterna, é como se nos aproximássemos do céu, aproveitando toda a permissividade do momento, do descumprimento das leis, das responsabilidades e dos entediantes compromissos. Isso tudo sem contar com o sentimento de que tudo é permitido, um alívio para a consciência dos mais ou menos religiosos que aproveitam seus dias de pecado, de exagero. Tudo muito bonito, tudo aceitável, afinal, nem só de trabalho vivem as pessoas, mas o que preocupa é o seguinte – por que nunca alcançamos nossa merecida e acalentadora Quarta-Feira de Cinzas e, com ela, não alcançamos nosso perdão e permanecemos onde estávamos antes da festa?

Órgão sen- Pessoa sorial dos parecida insetos com outra Formato da cantoneira

E D I L

Existe muita controvérsia sobre as origens do Carnaval, festa que identifica o Brasil e o diferencia de outros locais que oferecem festas com este nome, já que para alguns ele surgiu na Índia, para outros era uma festa típica da Idade Média, um momento de êxtase e de pecado em meio aos rigores medievais. Seja qual for a sua origem, algumas ideias estão ligadas ao Carnaval. Na Índia, a comemoração ruidosa e animada casava com o politeísmo colorido das festas hindus e representava, como sempre, o êxtase e o exagero, criando uma imagem do céu em plena Terra, com as fantasias que retratavam os deuses e que aproximava as pessoas de sua fé e de suas divindades adoradas. O carnaval medieval era comemorado segundo as datas cristãs, próximas as nossas datas atuais, e era, também, um momento de exagero, de pecado, de revolta consentida, como uma forma de fazer esvaziar o ódio das camadas servis frente as imposições do clero e da nobreza. Aqui, era permitido xingar as autoridades e todos os senhores incorporados na imagem jocosa e ridícula do Rei Momo, carregado pelo populacho todo sujo e corpulento. Esta figura era xingada, objetos dos mais variados eram arremessados contra ele, recebia cusparadas e até apanhava, segundo os ânimos das vilas e das estradas por ele percorridas. Um momento de desregramento, de exageros, com os pecados tolerados pela certeza da redenção, da obediência e do perdão alcançado na Quarta-Feira de Cinzas de acordo com as prescrições e o desejo do clero, ou seja, o carnaval permitia a fruição do ódio popular, canalizado em uma festa que tinha começo, meio e fim, acalmando a todos e fazendo a vida parecer menos sofrida e difícil. O que nos traz ao Brasil. Será possível definir o Carnaval em poucas palavras? A resposta é não, mas podemos identificar algumas características comuns que são partilhadas em todo o país e que nos lembra as festas citadas acima. Uma das características é a seguinte – a qual carnaval nos referimos? Sim, existem festas que são mais populares, abertas e democráticas, como os blocos de rua que não exigem nada além da pura par-

© Revistas COQUETEL

Faça saltar (a bola) (bras.) Parte da Matemática Droga que trata das sintética com alto operações numéricas potencial de adicção Vulcão do Havaí

M E T A N F E T A M I N A

por pedro marcelo galasso

www.coquetel.com.br

3/air. 4/alan. 5/devon. 6/ticaca. 7/adenoma. 8/mauna loa. 10/vietcongue.

A Festa

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS


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Jornal do Meio 940 Sexta 16 • Fevereiro • 2018

por ANNA RANGEL/FOLHAPRESS

Assunto cercado de tabus, o consumo excessivo de álcool na velhice é um problema de saúde e social pouco abordado nas políticas públicas, hoje direcionadas aos consumidores mais jovens. Pesquisa Datafolha inédita mostra que quase um em cada dez homens idosos brasileiros (9%) bebe todos os dias, cinco vezes a média do país (2%) e o dobro do percentual de beberrões (4%). Entre as idosas, 81% não bebem, contra 57% dos idosos, o que confirma a tendência na população em geral de as mulheres serem menos expostas ao álcool que os homens (63% delas não bebem, contra 6% dos homens). O alcoolismo causa um grande impacto nos sistemas nervoso, cardiovascular, circulatório e gastrointestinal. Se a bebida for associada ao uso de cigarros ou calmantes, situação frequente entre os idosos, o estrago é ainda maior porque somam-se efeitos deletérios, segundo a psiquiatra Ana Cecília Marques, professora da Unifesp. “Há degenerações do sistema nervoso central, como as demências, danos ao sistema cardiovascular, como hipertensão arterial e os AVCs. No sistema gastrointestinal, podem surgir cânceres e hepatites com cirrose hepática. Ainda são comuns casos de diabetes alcoólica e de infecção causadas por queda do sistema imunológico.” Segundo a psiquiatra, alguns estudos apontam que a taxa de dependência de idosos a calmantes chega a 10%. “Imagina esses 9% de dependentes de álcool [da pesquisa Datafolha] somados aos dependentes de calmantes. O impacto é imprevisível. É pior do que droga na cabeça de adolescente porque a vulnerabilidade é muito maior.” Para Ana Cecília Marques, o idoso alcoólatra é um “paciente invisível”, que muitas vezes desenvolve a dependência após a aposentadoria, o divórcio ou a viuvez. O administrador Roberto N. enfrentou essa situação, tendo desenvolvido um quadro de alcoolismo após aposentar-se aos 65 anos. “Aquele que bebe desde cedo tem problemas de saúde antes, já com 40 ou 50 anos. O que começa a beber mais tarde é, em geral, solitário. Ele não busca ajuda, o álcool acaba sendo uma automedicação.” O uso do álcool também pode desencadear ou potencializar distúrbios psiquiátricos, como a depressão, muito associada aos suicídios entre os idosos. “O álcool sozinho já aumenta a taxa de suicídio. E os calmantes também. Eles dão uma falsa sensação de alívio da angústia e a pessoa vai perdendo o controle da situação.” SOLIDÃO O clínico-geral Paulo Olzon concorda que a solidão, a morte de amigos e parentes e a consequente perda de referências seja um importante desencadeador do alcoolismo na velhice. Ele argumenta, porém, que os médicos têm pouco a fazer diante da recusa do paciente em aceitar ajuda. “Os idosos dificilmente admitem o consumo excessivo de álcool, acham que têm controle sobre a bebida.” Para ele, é preciso respeitar a autonomia do paciente. “Tem idoso que fala: ‘quero comer e beber até morrer. Já sou aposentado, não estou atrapalhando ninguém e quero viver do meu jeito’. Acabou o tempo de médico exercer papel de pai.” Segundo Ana Cecília Marques, é comum o idoso ter descontrole nos níveis da pressão arterial ou da glicemia por causa da bebida e esconder isso do médico. Ela diz que, em alguns pacientes, beber uma vez por semana já traz problemas. Entre os entrevistados pela Datafolha, 35% se enquadram nessa situação. “Eles nem bebem muito porque não aguentam. Vão cair muito antes do que uma pessoa mais jovem. Se eles bebem três ou quatro doses, elas já fazem efeito de dez.” Ana Cecília diz que faltam políticas públicas voltadas para o álcool e outras drogas e, entre os idosos, a ausência é ainda maior. “Fala-se muito do consumo de álcool na adolescência, mas quase nada na velhice.” CIGARRO De acordo com o Datafolha, a taxa de fumantes é menor entre idosos (14%, contra o pico de 22% dos 35 aos 59 anos), mas a porcentagem entre idosos dos que nunca fumaram é a mais baixa (55%, contra 71% dos que têm de 16 a 24 anos). Dos brasileiros, 61% nunca fumaram, 19% fumam e 20% largaram o cigarro. Mulheres são menos expostas ao fumo que homens: 68% nunca fumaram, 16% fumam (55% e 22% para eles). Dentre mulheres idosas, 64% nunca fumaram, contra apenas 43% dos homens idosos, ou seja, a maioria dos homens idosos foi exposta ao cigarro; 39% deles largaram e 18% ainda fumam. Fumantes idosas são 11% entre as mulheres de 60+. Segundo Jaqueline Scholz, cardiologista do Programa de Tabagismo do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP), dificilmente as pessoas começam a fumar na velhice. “Normalmente, ela inicia na juventude e passa a vida toda fumando. Quando idosa, não acredita que vai conseguir parar.” De acordo com o Datafolha, pessoas menos escolarizadas fumam mais no geral, contudo, entre os idosos, são os graduados que fumam mais (18%), como é o caso do casal Rosaly e Sylvio Bocchini, que fumaram por mais de cinco décadas até abandonarem, há três anos, o vício do cigarro.

Em geral, explica a médica, o vínculo emocional do idoso com o cigarro é grande e a dificuldade de se livrar da dependência é maior. A maioria chega para o tratamento pelas mãos de parentes. A terapia envolve antidepressivos e medicamento antitabaco. “Quando conseguem, melhoram muito a qualidade de vida. Têm aumento da capacidade respiratória, melhoram da tosse, sentem menos cansaço, recuperam a voz”, explica a médica. Nessa fase da vida, diz ela, parar de fumar costuma ser para valer. “Muitos se sentem tão bem que questionam por que não pararam antes.” ALCOOLISMO NA APOSENTADORIA Foi numa noite quente de julho do ano passado que o administrador de empresas Roberto N., 77, diz que ter chegado “ao fundo do poço”. Ele havia saído às 11h para dar uma volta e só foi encontrado oito horas depois pelo filho caçula. Estava bêbado, desacordado na mesa de um bar, a poucos metros da sua casa, na região da avenida Paulista, em São Paulo. Com um currículo que inclui graduação em direito, MBA em administração pela FGV e passagem por importantes empresas de São Paulo, Roberto conta que só a partir daquele episódio é que percebeu a sua impotência em relação ao álcool. “Recebi um ultimato da mulher e dos filhos. ‘Roberto, ou você para de beber ou a família acaba aqui’”, lembra emocionado. Dias depois, buscou ajuda em um grupo AA (Alcoólicos Anônimos). Roberto lembra que até a aposentadoria bebia “sem grandes problemas”. “Na adolescência, era um garotão de praia. Bebia para me sentir confiante com as moças. Gostava de cuba libre, gin tônica, hi-fi”, diverte-se. Depois, já formado e bem-sucedido no mercado de trabalho, costumava beber depois do expediente ou em almoços de negócio. “Mas não bebia todos os dias. Era um pai bastante presente.” Em 1974, três anos depois de se casar e já trabalhando na área de investimentos de um banco, veio o primeiro grande trauma: quase morreu no incêndio do edifício Joelma. “Queimei muito as mãos e os pés. Vários colegas morreram”, lembra. Duas décadas depois, viria a segunda grande dor: perdeu um filho para uma doença cardíaca grave. “Não uso esses traumas para justificar o meu alcoolismo, mas eles mexeram muito comigo.” Ao se aproximar dos 60 anos, já não conseguia mais emprego. “Essa frustração, sim, me empurrou para a bebida desbragadamente.” Quando se aposentou, aos 65 anos, a dependência do álcool ficou clara. “Já não precisava esperar o fim do expediente. Comecei a beber de manhã, à tarde e à noite.” À época fez dois tratamentos, com medicamentos. “Cheguei a ficar um ano sem beber. Mas aí achava que já tinha controle e voltava a beber. Com duas cervejas e duas doses de conhaque, ‘pimba’!”. Roberto também era dependente do tabaco. Fumou da adolescência até 2014, quando descobriu um câncer de pulmão. O tumor veio a se somar a um enfisema pulmonar e a uma doença cardíaca, os três associados ao cigarro. Seis meses se passaram desde a fatídica noite de julho. Desde então, Roberto segue sóbrio. Não perde nenhuma reunião do AA. “Eu reconquistei o respeito da minha família, o meu autorrespeito. Meu maior lema é: evite o primeiro gole a cada 24 horas. É o primeiro gole que vai te levar para a desgraça. Não é o último.” APÓS OS 70, CASAL ABANDONA CIGARRO “Como o senhor vai”? Ao atender o telefone e ouvir essa pergunta a filósofa e escritora Rosaly Bocchino, 75, decidiu levar a sério um tratamento para parar de fumar. Tabagista há mais de cinco décadas, ela tinha uma lesão nas cordas vocais e uma voz muito rouca que, além de ser confundida com a de um homem no telefone, preocupava a família e os médicos. A dependência começou aos 18 anos, quando cursava faculdade de filosofia em São Paulo. “Tinha uma grande amiga que fumava e eu comecei a fumar também, sempre escondida dos meus pais.” Com o tempo, o cigarro se tornou um companheiro. “Fumava até enquanto esculpia.” Na gravidez, chegou a marcar o cigarro com vários tracinhos para fracioná-lo e se policiava para dar apenas duas tragadas quando a vontade se tornava insuportável. Depois, conseguiu parar até o fim da gestação. A mãe tentou livrá-la do vício com remédio homeopático, mas não funcionou. Mais tarde, outros dois tratamentos para o tabagismo também não deram certo. O marido, o cirurgião do aparelho digestivo Sylvio Bocchino, 79, também era fumante, porém, mais moderado. Enquanto Rosaly chegava a fumar um maço e meio de cigarro por dia, ele não passava de doze unidades. “Fumava a caminho do trabalho, na volta, depois das refeições. Fora da rotina, extrapolava mais. Mas não pensava em largar porque nunca tive nenhuma consequência para a saúde”, diz o médico. No dia em que Rosaly marcou a consulta para iniciar o derradeiro tratamento contra o tabagismo, Bocchino decidiu

que iria “apenas acompanhá-la”. “A médica perguntou se eu não ia fazer também [o tratamento] e eu disse que não, que não precisava porque fumava muito pouco.” Quando a mulher saiu do consultório, a médica voltou a insistir que ele também parasse de fumar. “Decidi que faria por solidariedade [a ela]. E assim começamos os dois o tratamento, diminuindo aos poucos o consumo até que paramos de vez. Passaram-se 15 dias, um mês e lá se vão três anos sem fumar!” Bocchino diz que ainda hoje se surpreende com a facilidade com que abandonaram o cigarro. “Eu fiquei mais admirado com ela, que tinha um vício pesado.” Ambos usaram medicação. Rosaly conta que o início foi bem difícil, mas que a estratégia usada pela médica foi muito eficaz. “Ela não proibiu nada de cara. Fui diminuindo aos poucos.” Hoje, percebe os ganhos de uma vida sem tabaco. “O paladar melhorou muito, eu já não tinha mais vontade de comer. A respiração também é outra. Antes, ficava cansada, puxava o ar e não vinha. Minha habitual tosse acabou.” O casal também abandonou o hábito, muito associado ao cigarro, de tomar um drinque no final do dia. “Substituímos pela Netflix”, diverte-se Rosaly. Arte:folhapress


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Marquinha perfeita Em busca do bronzeado perfeito, mulheres aderem ao biquíni de fita isolante; médicos não aprovaram uso

por KARINA MATIAS /FOLHAPRESS

Desde que a cantora Anitta apareceu

Também é possível comprar o modelo pela internet.

usando um biquíni de fita isolante no cli-

Um fabricante de adesivos de São Paulo cobra R$

pe da música “Vai, Malandra”, o modelo

39,90 por um kit com cinco biquínis-todas as partes

ganhou repercussão nacional. A moda surgiu no

são autocolantes e vêm separadas. A Revista da

Rio de Janeiro, e o objetivo das adeptas é ficar

Hora comprou um exemplar, que foi usado pela

com a marquinha de sol perfeita-o que não seria

modelo Vanessa Perez para a foto que ilustra esta

possível como biquíni tradicional, pois ele sai do

reportagem. Ela teve dificuldades para colocar o

lugar conforme a mulher se movimenta. Para os

biquíni, já que a parte de cima ficou enrugada. “E

dermatologistas, no entanto, é um risco à saúde

ele esquenta muito no sol”, relata Vanessa. Érika

que não vale a pena (leia mais na página 35).

salienta que o material esquenta mesmo, por is-

Apesar do alerta, a laje da esteticista Érika Mar-

so, ela tem funcionários que ficam molhando as

tins, 35 anos, conhecida como Érika Bronze, no

clientes de tempos em tempos. Ela conta que usa

Realengo, subúrbio carioca, está sempre cheia

gaze umedecida nas partes íntimas e no bico dos

de mulheres em busca do seu famoso método de

seios das mulheres para evitar o contato da cola

bronzeamento. Ali, no Spa do Bronze, por R$ 70 a

nessas regiões.

sessão, ela e a sua equipe colocam a fita isolante

Em Uberlândia (MG), a esteticista Josiane Cristina

no corpo de cada cliente, passam um acelerador

Ferreira, da Clínica Bronzeamento Natural Josiane,

de bronzeado e deixam as meninas torrando em

oferece o mesmo método de Érika Bronze, mas

espreguiçadeiras por um período que vai de 40mi-

não usa mais fita isolante na cor preta. “Faço com

nutos a uma hora e 20 minutos. “Depende do tom

outras cores, porque o preto retém mais calor e já

de pele de cada uma”, explica ela.

vi cinco casos de queimaduras e feridas por causa

Érika ainda acrescenta: “Em três sessões, já é

da fita preta”, diz. Dermatologistas afirmam que

possível conseguir aquele bronzeado fluorescente”.

o problema não é a cor, mas o material da fita. Jo-

Ela conta que o uso da fita isolante não foi ideia

siane comemora o sucesso da técnica. “Já cheguei

dela e que se trata de uma prática comum nas

a atender 70 mulheres em um dia”, revela ela, que

favelas cariocas. “Como as meninas, muitas vezes,

cobra R$ 55 por sessão. A engenheira Mariângela

não têm condições de ir à praia, tomam sol na laje.

Carvalho, 26 anos, é fã. “Ajuda a melhorar a au-

E a fita é algo barato, que todo o mundo temem

toestima e fica sensual. Meu namorado adora.”

casa. “Érika entrou no negócio sem querer. Aos 13 anos, já colocava a fita nas primas e amigas.

*

“E isso foi se espalhando para outras mulheres,

Dermatologistas não aprovam biquíni de fita iso-

quem e pediam para também colocar nelas. Daí,

lante e alertam para os riscos

eu comecei a cobrar pelo trabalho”, lembra. Aos

Tomar sol usando o biquíni de fita isolante pode

22 anos, já esteticista, ela decidiu alugar uma casa

até estar na moda, mas os dermatologistas alertam

no Realengo para oferecer o serviço de forma mais

para os perigos da prática. Segundo os profissio-

profissional.

nais, o problema não é apenas a exposição solar

Agora, depois do clipe da Anitta, vê o empreendi-

que, em geral, é maior do que a recomendada

mento alcançar uma fama que jamais imaginou.

pelos médicos (20minutos por dia) e em horário

“Eu sabia que conseguiria me manter com isso, mas

inadequado. Eles reforçam também os riscos do

nunca imaginei que fosse dar tão certo.” Hoje, ela

contato da fita diretamente como corpo. “Não é um

diz receber até caravanas de mulheres de Estados

material que deve ser utilizado na pele. Como são

como Espírito Santo e Paraná. E conta que planeja

feitos de plástico, os biquínis formam uma película

abrir franquias em outras cidades.

e impedem a transpiração”, diz a dermatologista

Além de oferecer a colocação da fita, Érika afirma

Cíntia Guedes Mendonça.

que um dos seus segredos é o acelerador que aplica

O médico e professor de dermatologia Valcinir

para o bronzeamento, uma fórmula sua que é apro-

Bedin concorda e acrescenta que o uso pode

vada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância

provocar dermatites (inflamações) de contato.

Sanitária).”Já estou há muito tempo nesse ramo,

“Essa irritação pode acontecer desde a primeira

então, fui percebendo aos poucos que o produto

vez em que a mulher colocar o biquíni e provocar

precisa bronzear, mas também proteger e hidra-

coceira, feridas, queimaduras e até bolhas”, re-

tara pele. É oque o meu acelerador oferece”, diz.

força. Ele explica também que, mesmo quem já

Fabricado em uma empresa em Goiânia, o produto

adotou o método uma vez e não teve reação, pode

é vendido por R$ 70,mas está esgotado. “Vende-

desenvolver alergia nas próximas vezes em que for

mos 2.000unidadesno final do ano e acabou o meu

tomar sol com a fita no corpo. “É o que chamamos

estoque. Estamos esperando uma nova remessa

de dermatite de contato por sensibilização, em

para o Carnaval”, revela.

que a área vai ficando mais sensível como tempo.

Comércio popular

“Ambos lembram que a cola do material também

Além da laje de Érika, o biquíni de fita isolante também

agride a pele.

já é visto no comércio popular do Rio de Janeiro e em

Há, ainda, os riscos provenientes da própria

clínicas de bronzeamento em outros Estados. Uma

exposição ao sol, como insolação, queimadura,

foto de um exemplar em um camelô de São Gonçalo,

envelhecimento e câncer de pele. “É tudo o que

no Estado fluminense, ficou famosa na internet.

não indicamos, porque é uma exposição de alta

Mas, para Érika Bronze, é preciso tomar cuidado.

intensidade, em um curto espaço de tempo”, re-

“Esses biquínis são feitos com papel contact, então,

força Bedin. Os médicos salientam que o ideal é

se a pessoa usar e suar, vão desgrudar e teremos

tomar sol antes das 10houdepois das 16h, sempre

muitos ‘nudes’ por aí”, brinca.

com protetor solar no mínimo de fator 30.

Arte:folhapress


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Jornal do Meio 940 Sexta 16 • Fevereiro • 2018

Biografias Livros de memórias fazem vendas de biografias dispararem no país, dois anos e meio após decisão do Supremo, obras autorizadas se multiplicam nas prateleiras por MAURÍCIO MEIRELES/FOLHAPRESS

Um novo filão –antigo lá fora, mas com sucesso não tão comum no mercado brasileiro– fez o segmento de biografias dar um salto em 2017. Os livros de memórias lançados no ano passado fizeram o segmento crescer 23,4% em faturamento em relação a 2016, de acordo com dados da Nielsen Bookscan, que faz pesquisas no mercado livreiro, levantados a pedido da Folha. Em número de exemplares, a alta é de 8%. É valor muito acima da média para o total do setor livreiro. Os números ainda não foram divulgados, mas a reportagem apurou que, embora o segmento dê sinais de estar saindo da crise, o faturamento terá crescido cerca de 6% no total em 2017. As cinco biografias mais vendidas do ano foram livros de memórias –gênero muito mais comum no mercado anglo-saxão do que aqui, mas que, quando traduzido, não costumava ter o mesmo sucesso que os nacionais agora têm. A primeira foi a autobiografia de Rita Lee, da Globo Livros –a obra foi lançada no fim de 2016, mas estourou mesmo no ano passado. A participação da cantora numa das primeiras entrevistas do “Programa do Bial” –que, aliás, tem dado um espaço incomum na TV aberta para a divulgação de livros– é apontada como um dos motivos. Em segundo lugar vem “Na Minha Pele” (Companhia das Letras), de Lázaro Ramos, seguido por um eterno mais vendido, a edição em brochura do “O Diário de Anne Frank” (Record) –que também aparece em nono lugar, com a edição capa dura. Surgem na sequência “Novos Caminhos, Novas Escolhas” (Objetiva), de Abílio Diniz, e “O Livro de Jô” (Companhia das Letras), escrito pelo apresentador em parceria com Matinas Suzuki Jr. Em pesquisas sobre o mercado editorial, um crescimento tão grande, é claro, não significa necessariamente que o segmento irá para sempre de vento em popa –mas é sinal de lançamentos atípicos na comparação com 2016. “Sempre publicamos biografias com sucesso, as nacionais sobretudo. Temos realmente notado um aumento no interesse pelo gênero, mas especialmente nesses livros de memórias, o que era menos usual no Brasil”, diz Otávio Marques da Costa, publisher do grupo Companhia das Letras, que lança este ano uma autobiografia de Fernanda Montenegro. É curioso notar, contudo, que após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de liberar as biografias não autorizadas, em 2015, o que se viu não tenha sido uma enxurrada de livros do tipo –e sim os próprios personagens resolvendo contar suas histórias. No mercado anglo-saxão, as biografias não autorizadas florescem aos montes.

Há muitas cheias de histórias indecorosas e detalhes sórdidos, mas também de qualidade para lá de duvidosa. Do ponto de vista comercial e de produção, há uma vantagem prática nos livros de memórias. Enquanto biografias de mais fôlego de um Ruy Castro, um Lira Neto ou um Mário Magalhães podem demorar dez anos ou mais para ficarem prontas, uma obra de memória é concretizada mais rápido. Fiquemos em dois exemplos da Companhia das Letras. Um dos melhores lançamentos do ano passado, “Triste Visionário”, biografia de Lima Barreto escrita por Lilia Moritz Schwarcz, é fruto de dez anos de pesquisa. “O Livro de Jô”, por sua vez, ficou pronto em seis meses –entre o início das entrevistas com o apresentador e a entrega do original. Biografia autorizada “É um perfil de livro diferente do que o Brasil vinha fazendo até aqui”, diz Marcos das Veiga Pereira, um dos donos da Sextante e presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. “Quando resolvemos fazer a biografia do Renato Aragão, ele disse ‘prefiro fazer a minha biografia antes que alguém faça’”. Os títulos que se destacaram em 2017 são obras de grande qualidade, mas será importante observar nos próximos anos se a decisão do STF não produziu o efeito contrário do esperado, criando um filão de biografias autorizadas. “Nada mudou com a decisão. Claro que não era um liberou geral. Quem se sentir prejudicado por uma biografia, tem todo o direito de recorrer à Justiça. E é claro que esse direito tem que ser mantido”, diz Carlos Andreazza, editor-executivo do Grupo Record, que publicou a biografia autorizada de Hebe em 2017, a sétima mais vendida. “Do ponto de vista do editor, uma biografia autorizada é muito mais confortável. Publicar não autorizada continua sendo um tabu”, acrescenta, destacando, contudo, uma possível perda de vigor jornalístico em obras assim. À moda antiga ou na versão autorizada, o gênero é considerado um investimento seguro pelos editores. Quando o assunto é história ou política, a intuição é confirmada pelos números –títulos sobre o assunto tiveram alta de 32% nas vendas, de acordo com a Nielsen. Mas só um bom personagem não é o suficiente para fazer um best-seller. “Analisando friamente, só com o personagem não dá para saber se vai ser um sucesso. É sempre um casamento feliz entre personagem e autor. Um bom autor pode fazer um sucesso mesmo com personagem menos conhecido”, diz Lucas Telles, editor da Intrínseca, que lançou “Leonardo da Vinci”, de Walter Isaacson, a sexta mais vendida do ano passado. O QUE LER

As mais vendidas de 2017 1. “Rita Lee - Uma Autobiografia” (Globo Livros), de Rita Lee 2. “Na Minha Pele” (Companhia das Letras), de Lázaro Ramos 3. “Diário de Anne Frank” (Record), de Anne Frank 4. “Novos Caminhos, Novas Escolhas” (Objetiva), de Abílio Diniz 5. “O Livro de Jô” (Companhia das Letras), de Jô Soares e Matinas Suzuki Jr. 6. “Leonardo da Vinci” (Intrínseca), de Walter Isaacson 7. “Hebe - A Biografia” (Record), de Artur Xexéo 8. “Minha Vida de Menina” (Companhia das Letras), de Helena Morley 9. “Diário de Anne Frank” (Record), de Anne Frank (em capa dura) 10. “Histórias de Ninar Para Garotas Rebeldes” (Vergara & Riba), de Elena Favilli e Francesca Cavallo Também vale a pena

1. “Lima Barreto - Triste Visionário” (Companhia das Letras), de Lilia Moritz Schwarcz 2. “Karl Marx - Grandeza e Ilusão” (Companhia das Letras), de Gareth Stedman Jones 3. “Quelé - A Voz da Cor” (Record), de Felipe Castro, Luana Costa, Janaína Marquesini e Raquel Munhoz 4. “Ruy Guerra - A Paixão Escancarada” (Boitempo), de Vavy Pacheco Borges O que vem por aí 1. “Memórias” (Companhia das Letras, título provisório), de Fernanda Montenegro 2. “O Livro de Jô - Vol. 2” (Companhia das Letras), de Jô Soares e Matinas Suzuki Jr. 3. Biografia de Roberto Carlos (Record), de Paulo César de Araújo 4. “Silvio Santos” (Companhia das Letras, ainda sem título), de Ricardo Valladares 5. “Capanema - A Biografia” (Record), de Fábio Silvestre Cardoso 6. “Napoleão” (Zahar), de Andrew Roberts Foto: Bruno Poletti/Folhapress

A cantora Rita Lee lançou sua autobiografia no final de 2016, mas o boom de vendas aconteceu em 2017, após uma entrevista no ‘Programa do Bial’.


Jornal do Meio 940 Sexta 16 • Fevereiro • 2018

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Massa muscular

Redução de massa muscular pode virar doença em idosos, metade das pessoas com mais de 80 anos tem sarcopenia, que pode causar outros distúrbios e quedas por EMERSON VICENTE /FOLHAPRESS

A perda da massa mus-

posto a outras doenças, também

cular é inevitável no en-

faz com que aumente o perigo de

velhecimento. Segundo a

uma queda. Quanto mais idoso,

Sociedade Brasileira de Geriatria

maiores serão as consequências

e Gerontologia, a sarcopenia -o

de um tombo.

nome clínico da doença- atinge

“Ter melhor qualidade de vida,

46% da população brasileira acima

mantendo a alimentação saudá-

dos 80 anos.

vel e fazendo atividades físicas, a

“A sarcopenia é mais comum do

pessoa minimiza essa perda de

que se imagina. O mundo estudou

massa muscular”, diz Ribeiro.

muito a doença dos ossos, e não

No tratamento, dependendo

deu a devida importância à sar-

do caso, são usados suplemen-

copenia. Mas, hoje, já é encarada

tos alimentares para reforçar a

como um mal que tem que ser

musculatura. Porém, os médicos

combatido”, diz Roberto Rached,

fazem um alerta: “Esse tipo de

fisiatra do Hospital das Clínicas

suplemento pode causar uma

O problema é encarado de duas

sobrecarga renal e hepática. Se

formas. Na primária, ocorre uma

o paciente não tem contraindi-

evolução natural como envelheci-

cações, tudo bem. Mas sempre

mento da pessoa. Já a secundária

com acompanhamento médico”,

é decorrente de outras causas,

diz Rached.

como hipertensão, diabetes, sedentarismo, por exemplo.

Atividade física aumenta a reserva

“Muitas vezes você vê pessoas

Pessoas que fizeram atividade

sedentárias, que têm grande

física constante ao longo da vida,

perda de massa muscular. Al-

como um atleta, não escapam

gumas pessoas parecem gordas,

da sarcopenia. Porém, elas têm

mas quando é avaliada a massa

uma vantagem. “Quando essa

muscular, vê que ela é muito

pessoa começa a perder massa,

diminuí- da”, explica o médico

ela tem uma reserva muscular.

Paulo Cesar Ribeiro, presidente

Se mantiver uma vida saudável,

da Comissão de Equipe Multidis-

vai perder muito menos. Mas

ciplinar de Terapia Nutricional

depende do que fará na vida. Se

do Hospital Sírio-Libanês

parar, perderá massa como outra

Essa falta de massa muscular,

qualquer”, diz o médico Paulo

além de deixar o idoso mais ex-

Cesar Ribeiro.

Arte: Folhapress


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Jornal do Meio 940 Sexta 16 • Fevereiro • 2018


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