Jornal Dez #11

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27/06/12

TÓRIA Texto: Nuno Pereira Fotos: Getty Images

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omingo, dia um de Julho de 2012. A cidade de Kiev, capital da Ucrânia, recebia o jogo mais esperado do calendário futebolístico do Velho Continente, que parou para ver a Espanha trucidar uma Itália feita em fanicos, num jogo arbitrado por uma equipa portuguesa encabeçada pelo todo contestado Pedro Proença.

se com isso livrado de um defesa desnecessário, uma vez que a Espanha surpreendeu ao jogar sem ponta-delança, relegando Torres para o banco. Ora a estratégia da Itália nesse jogo acabou por encaixar na perfeição no sistema castelhano. É evidente que este choque tático não foi inocente, mas também não terá sido totalmente propositado. E nesta final, Prandelli Depois de ter “arrumado” a Alemanha, não soube perceber isso, e por esse poucos esperariam uma Itália tão motivo baqueou com estrondo no impotente a permitir que Espanha palco principal do olimpo europeu. replicasse o resultado mais desnivelado do Euro 2012 (4-0), que de resto tinha Desta feita, o 4-4-2 italiano partiu já aplicado à Irlanda na fase de grupos. o jogo da equipa e foi como que As duas equipas tinham-se defrontado canelone para a mesa espanhola. já na ronda inaugural do campeonato Estiveram dois centrais soltos, sem da Europa, num jogo vibrante e bem homens para fazer a marcação e dois mais espetacular do que este da laterais incapazes de dar profundidade final que acabou por ser, por vários aos corredores que, ao não disporem motivos, uma final histórica mas que sequer de extremos, amordaçaram se traduziu num jogo sem história. a Squadra numa total incapacidade ofensiva. A verdade, verdadinha desta final foi que a Itália entrou em jogo completamente É que Portugal, apesar de ter jogado equivocada. Deslumbrado e rendido com uma linha de quatro defesas, tinha às prestações da sua equipa ante em Pepe um jogador mais subido à Inglaterra e Alemanha, e talvez também procura da marcação, não se limitando ludibriado pela magnífica performance a fazer as dobras a Bruno Alves. A que Portugal conseguiu frente La Roja juntar a isso a chamada de Negredo ao nas meias-finais, Cesare Prandelli 11 facilitou as operações da defensiva terá julgado que podia discutir o jogo portuguesa nesse jogo. Não obstante, com a Espanha de igual para igual. o modelo de jogo luso é sustentado Pura ilusão. O excesso de confiança em laterais e extremos que esticam do timoneiro dos transalpinos notou- o jogo até ao limite. Ora o mesmo se logo no discurso com que fez o não se verificou nesta Itália finalista. lançamento da partida: “Quando se E Prandelli falhou redondamente em fala da Itália é preciso sempre ter todos os capítulos do jogo, não tendo cuidado” - disse. O problema aqui foi demonstrado perspicácia para corrigir que a própria Itália esqueceu-se de o posicionamento da sua equipa zelar pelas suas próprias cautelas. durante a partida, contribuindo assim para a ‘fiesta’ espanhola, porque, No jogo da fase de grupos, a Itália diga-se o que se disser, não foi só a havia optado por povoar o seu meio fúria espanhola que contribuiu para campo, jogando num esquema de esta goleada, foi também uma Itália 3-5-2. Com isto, a Itália ganhou um que se colocou num presumiu acima médio para batalhar com o futebol das suas possibilidades. de passes curtos da Espanha, tendo-


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