Jornal Dez #11

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27/06/12

res tentaram a façanha até hoje – e o próprio Pirlo, que marcou o penalti de forma perfeita, até já falhou uma vez num amigável contra o Barcelona. Descrever as sensações daquele penalti, mesmo sendo apenas como observador, é um mero exercício de retórica. Mas vamos tentar, neste artigo, dar-vos a nossa interpretação de como terão sido aqueles momentos. Recorde-se que a Itália já havia falhado um penalti neste final de jogo, pois Montolivo tinha já enviado a bola para fora na sua vez. A Itália estava sob pressão, pois mais um falhanço podia ditar que a Inglaterra tivesse a oportunidade de sentenciar, quase definitivamente, o jogo. Joe Hart: Confiante, o guarda-redes inglês parecia ter o Mundo a seus pés no momento da marcação das grandes penalidades. Hart tinha a máscara do vencedor, imperturbável e quase feliz. No momento em que Pirlo avança para a bola, decide lançar-se para a sua direita (é provável que um jogador dextro como Pirlo tenha mais facilidade em marcar um penalti para a sua própria esquerda). Pirlo parte para a bola, remata e Hart estica-se todo mas a bola parece demorar uma eternidade a chegar à baliza. Hart já está completamente no chão e vê, de forma impotente, a bola a chegar às redes – devagar, muito devagar, como se planasse. Andrea Pirlo: Pirlo sabia que a Inglaterra estava por cima dos acontecimentos e confidenciou mais tarde que viu “o guarda-redes muito confiante, com a cara

muito alegre e pensei em marcar o penalti assim para lhe retirar a confiança”. Acreditamos que tudo lhe deve ter passado pela cabeça, mas um jogador deste nível, com o Europeu que tem vindo a fazer, está quase obrigado a fazer o papel de herói. Pirlo avança para a bola, volta a ajeitá-la por aviso do árbitro da partida. Parte para a bola e dá um pequeno toque apenas. Num momento que também deve ter durado horas para ele próprio, vê Joe Hart a atirar-se para o lado que utiliza mais nos seus penaltis “habituais” e deve, nesse momento, ter soltado um suspiro de alívio. Sabia que podia ser o momento que mudava aquela decisão por marcação de grandes penalidades. Sabia que ia pressionar os jogadores seguintes. E, com efeito, o penalti de Pirlo mudou o desempate. A Itália ainda estava em desvantagem, mas os ingleses pareceram afectados por aquele momento de pura arte futebolística. Ashley Young, no penalti seguinte, pareceu nervoso e acabou por atirar a bola com estrondo à barra da baliza defendida por Buffon; Ashley Cole, que tão bem havia marcado o seu penalti na final da Liga dos Campeões apenas um mês antes, enviou um remate denunciadíssimo e sem convicção para uma defesa muito fácil do guarda-redes italiano. Diamanti acabou com as dúvidas ao marcar o último penalti e levou a Itália para as meias-finais. “Uma obra de arte”, disse o “La Repubblica”; “uma afonta a Sua Majestade, a Rainha Isabel II”, brincou a “Gazzetta dello Sport”. Por todo o Mundo sucederam-se


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